Detidos seis suspeitos do ataque contra manifestantes em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong deteve seis suspeitos de terem participado no ataque de domingo a uma estação de metropolitano, onde passageiros e manifestantes foram espancados arbitrariamente por um grupo de homens armados, foi ontem noticiado.

Os seis detidos, com idades entre os 24 e os 54 anos, foram acusados de reunião ilegal e alguns têm ligações a ‘gangues’ mafiosos na área de Yuen Long, de acordo com a imprensa local.

O ataque de domingo na estação de metro causou 45 feridos, um dos quais em estado grave.
Em conferência de imprensa, no final da segunda-feira, o superintendente de polícia Chan Tin-chu indicou que as autoridades identificaram os suspeitos através de câmaras de vigilância e de várias partilhas de vídeos nas redes sociais. Chan Tin-chu advertiu que as detenções não vão ficar por aqui.

As detenções ocorrem no meio de uma onda de críticas às forças de segurança de Hong Kong, por terem respondido demasiado tarde aos pedidos de ajuda das vítimas durante os ataques à estação de metro Yuen Long.

Pouco antes da meia-noite do domingo, dezenas de homens vestidos de branco e armados com paus e barras de metal atacaram várias pessoas na estação Yuen Long, especialmente aqueles vestidos de preto, a cor escolhida pelos manifestantes pró-democracia, que regressavam a casa após mais um protesto.

Chan indicou que a polícia “nunca permitiria qualquer ato violento”, e a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, sublinhou na segunda-feira, em conferência de imprensa, que “a violência só gera mais violência”.

A antiga colónia britânica é, há quase dois meses, palco de manifestações maciças contra as emendas à lei de extradição. Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.

Já os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

24 Jul 2019

Conselho de Segurança | Guterres afasta mudanças no sistema de veto

António Guterres defende que será difícil concretizar, a curto prazo, a reforma política da Organização das Nações Unidas, nomeadamente quanto às mudanças no sistema de veto do Conselho de Segurança, que tem a China como membro permanente. Apesar das críticas, Guterres defende que tem agido em matéria de direitos humanos

 

[dropcap]M[/dropcap]uitos dos conflitos que deflagram no mundo enfrentam um impasse institucional devido ao actual sistema de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), do qual fazem parte 15 países. Deste universo de nações, cinco são membros permanentes: China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido. Estes Estados são decisivos para avançar ou travar políticas da ONU, uma vez que têm direito de veto sobre todos os restantes membros.

Em entrevista à RTP, transmitida sexta-feira, António Guterres, secretário-geral da ONU, deixou claro que uma reforma política que altere o funcionamento do Conselho de Segurança não deverá acontecer tão cedo. “Qualquer alteração do regime do Conselho de Segurança necessita, não apenas de dois terços de votos na assembleia-geral, mas de um voto favorável dos cinco membros permanentes. Como digo, acho que é mais útil da minha parte fazer um esforço para modernizar os aspectos da ONU em que tenha uma intervenção directa do que gastar o essencial do meu esforço em coisas que não dependem de mim.”

Contactado pelo HM, Carlos Gaspar, professor de ciência política e relações internacionais da Universidade Nova de Lisboa, defendeu que uma mudança profunda depende do acordo de todos os Estados-membros. “Só é possível resolver esse impasse no caso improvável de os P5 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – estarem todos de acordo entre si para partilhar o poder que garante a sua posição cimeira na hierarquia internacional das grandes potências, o que nunca aconteceu desde a fundação da Organização das Nações Unidas. Há quem chame à comissão de reforma das Nações Unidas o ‘comité sem fim’”, apontou.

Maria Teresa Nogueira, coordenador do grupo co-China da Amnistia Internacional (AI), acredita mesmo que António Guterres “é impotente para levar a cabo uma reforma das Nações Unidas, em especial quanto aos poderes do Conselho de Segurança”.

“Nenhum dos cinco Estados com direito de veto vai abdicar desse poder, que é a capacidade de bloquear qualquer resolução que não lhes agrade”, adiantou Maria Teresa Nogueira ao HM, alertando para o facto de esse bloqueio ter consequências mais notórias em matéria de direitos humanos.

“É de notar que estes cinco estados são os maiores produtores e vendedores de armas no mundo – aqueles que deveriam ser responsáveis pela paz e segurança mundiais são os que mais contribuem para manter inúmeros conflitos mundiais com o seu cortejo de violações massivas dos direitos humanos.”

Silêncio face a Xinjiang

António Guterres entra agora na segunda fase do seu mandato como secretário-geral e, na entrevista à RTP, respondeu a todos os que o criticam de não ser suficientemente interveniente em matéria de direitos humanos.

“Não há silêncio em relação a todos os problemas onde tem havido intervenção. Na ONU há uma alta comissária para os direitos humanos e há todo um conjunto de mecanismos em relação aos direitos humanos. Eu continuo extremamente activo em todas as áreas onde isso se justifique. Por isso, não creio que essa expressão de silêncio tenha qualquer significado.”

Guterres disse ainda ser “evidente” que haja diferenças de actuação nesta matéria face aos seus antecessores, tal como Ban Kin-moon e Kofi Annan. “A situação política hoje é extremamente complexa e procurar um protagonismo que limite a minha capacidade de exercer o meu mandato, por razões de vaidade pessoal, seria uma estupidez.”

Esta segunda-feira, Kenneth Roth, director-executivo da Human Rights Watch, escreveu um artigo demolidor no jornal Público cujo título é “António Guterres, secretário-geral da ONU, desilude no plano dos direitos humanos”. E fala da pouca acção em relação ao que se passa em Xinjiang.

“Guterres continua a pisar ovos no que toca aos EUA e a outras grandes potências. A título de exemplo, o secretário-geral não quis condenar publicamente a detenção em massa de um milhão de muçulmanos turcos na China em acampamentos de “educação política”, tendo elogiado a Belt and Road Initiative [Nova Rota da Seda] de Pequim, na qual os direitos humanos não têm lugar.

As vítimas desta detenção arbitrária em massa têm motivos para se sentirem abandonadas pelo secretário-geral da ONU, bem como as vítimas de dura repressão no resto do mundo.”
Maria Teresa Nogueira acredita numa mudança da composição da Comissão de Direitos Humanos da ONU. “Os direitos humanos também têm sido postos em causa pela inclusão na Comissão de Direitos Humanos de países que manifestamente os violam. Talvez a composição dessa comissão pudesse vir a ser alterada. Não seria fácil, mas não impossível. E aí, talvez, António Guterres pudesse ter um papel a desempenhar.”

A responsável da AI em Lisboa defende ainda que António Guterres deveria fazer uma “defesa intransigente do edifício internacional de direitos humanos (Declaração Universal dos Direitos Humanos, Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais e Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e outros tratados internacionais) que têm sido atacados sistematicamente pela China, que afirma ‘querer construir uma comunidade com um destino comum para a Humanidade’, liderada pelo país”.

A título de exemplo, Maria Teresa Nogueira recorda a publicação, em 2013, do Documento nº 9 do Partido Comunista da China, onde foi “claramente afirmado que a promoção dos valores universais e dos direitos humanos era uma estratégia do ocidente para destruir os valores nucleares do socialismo. Além disso, a China repetidamente afirma que o sistema de direitos humanos das Nações Unidas deve ser substituído pelo conceito de ‘win-win’ em que cada país deveria adoptar os direitos humanos que melhor se adaptassem à sua circunstância”.

O PCC também defendeu que “o tipo de relação entre o povo e o Estado deve ser estabelecido pelo respectivo Governo, sem interferência externa”, frisou a responsável da AI.

Guterres não foi questionado pela RTP sobre a situação específica da China, mas teceu comentários sobre a realidade que se vive no Myanmar, nomeadamente no que diz respeito à perseguição da minoria rohingya. “As coisas tenderão a piorar antes, de eventualmente melhorarem. Há uma convenção de protecção dos refugiados e há que garantir que essa convenção é respeitada. Infelizmente, não tem sido por vários Estados, nomeadamente no mundo desenvolvido, e a nossa posição é muito clara. É preciso restabelecer a integridade do direito internacional de protecção dos refugiados.”

Relativamente à relação entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, Guterres disse “não ter dúvidas nenhumas de que os dois Estados querem um acordo”. E alerta para a necessidade de paz.

“Dificilmente o mundo suportaria mais um confronto de grande escala no Golfo, isso teria consequências extremamente graves para a segurança e para a economia mundiais. Temos mantido os nossos ofícios e contactos, mas não temos ilusões sobre a influência que a ONU possa ter a esse nível.”

24 Jul 2019

Singapura apreende várias toneladas de escamas de pangolim e marfim

[dropcap]T[/dropcap]reze toneladas de escamas de pangolim pertencentes a cerca de 2.000 desses mamíferos em perigo e quase 10 toneladas de marfim de elefante foram apreendidas na Singapura, anunciaram hoje as autoridades.

O Conselho do Parque Nacional, a Alfândega da Singapura e a Autoridade os Postos de Segurança da Imigração anunciaram hoje que esta foi a terceira maior apreensão de escamas de pangolim deste ano e a maior de marfim de elefante até à data.

Foram apreendidas precisamente 13,1 toneladas de escamas de pangolim, e também presas de quase 300 elefantes, que estavam em contentores que seriam levados para o Vietname.

A quantidade de escamas de pangolim encontradas tinha o valor de 35,7 milhões de dólares e as presas de elefante valiam 12,9 milhões de dólares.

O pangolim é o mamífero mais traficado no mundo e as suas escamas, que contêm queratina, são usadas para medicinas tradicionais.

23 Jul 2019

Morreu Li Peng, antigo primeiro-ministro chinês, aos 91 anos

[dropcap]O[/dropcap] antigo primeiro-ministro chinês Li Peng, que liderou a “ala dura” do Governo durante os protestos de Tiananmen, em 1989, morreu na noite de segunda-feira aos 91 anos, de doença não especificada, informou hoje a agência Xinhua.

Li Peng, que ocupou o cargo de primeiro-ministro da China entre 1987 e 1998, foi responsável por ordenar o exército a colocar fim aos protestos que ocupavam a praça de Tiananmen, em Pequim, com a aprovação do então Presidente, Deng Xiaoping.

Li Peng era visto como um político aguerrido, que passou duas décadas no topo da hierarquia política chinesa, antes de se aposentar em 2002, deixando um legado de crescimento económico, aliado a um autoritário controlo político.

Embora tenha ficado muito desacreditado internacionalmente com os incidentes dos protestos de Tiananmen, o seu nome ficou ligado ao ressurgimento da China, após um longo período de isolamento diplomático e económico.

“Livrando-se da situação de intimidação imperialista, humilhação e opressão, o povo chinês (…) soube levantar-se”, disse Li, em 1995, num discurso comemorativo do aniversário da revolução de 1949.

Durante os seus últimos anos no poder, Li aprovou o seu projecto de estimação: a gigantesca e controversa barragem das Três Gargantas, no Rio Yangtze, que obrigou 1,3 milhão de pessoas a deixarem o país, depois de as suas casas terem ficado submersas.

Li deixou o cargo de primeiro-ministro em 1998, tornando-se presidente do Congresso Nacional do Povo, o parlamento da China. Li aposentou-se do Comité Permanente do partido, composto por sete membros, em 2002, como parte de uma transferência do poder para uma nova geração de líderes, liderada por Hu Jintao.

Nos seus últimos anos, Li raramente aparecia em público, e geralmente era visto apenas em reuniões oficiais destinadas a mostrar unidade do regime, como aconteceu em 2007, no 80º aniversário da fundação do Exército Popular de Libertação.

23 Jul 2019

Hong Kong | Partido de Regina Ip sugere distribuição de 8 mil dólares aos residentes

[dropcap]O[/dropcap] New People’s Party, partido pró-Governo de Hong Kong que tem como presidente a deputada Regina Ip, esteve reunida com o Governo da RAEHK e sugeriu a distribuição de um cheque pecuniário aos residentes de 8 mil dólares de Hong Kong. Segundo Regina Ip, citada pela imprensa local, apesar da Guerra Comercial a região de Hong Kong está em crescimento e tem capacidade para suportar uma medida que vai custar mais de 50 mil milhões de dólares aos cofres da região vizinha.

Esta é uma medida sugerida a pensar nas eleições para os District Council, que ocorrem na RAEHK já em Novembro. Actualmente o New People’s Party tem 18 representantes nos District Council, mas o facto de ter sido um dos partidos que se envolveu no apoio à controversa Lei de Extradição poderá fazer com que saia penalizado nas próximas eleições.

Além desta medida, o partido liderado por Regina Ip sugere várias outras iniciativas que vão pensar nos cofres da RAEHK, como aumento dos apoios às Pequenas e Médias Empresas, aumento do valor do Fundo para o Desenvolvimento da Ciência ou isenções fiscais.

Nas últimas semanas o território de Hong Kong tem sido palco de várias manifestações depois de Carrie Lam ter tentado forçar a aprovação de uma lei que ia permitir a extradição para o Interior da China. No maior protesto contra a iniciativa, mais de 2 milhões de residentes de Hong Kong foram para as ruas.

 

23 Jul 2019

Sobrinho de Edmund Ho desejou que “amor de Yuen Long” se espalhe por Hong Kong

[dropcap]E[/dropcap]ric Ho, empresário e sobrinho de Edmund Ho, apelou a que a violência perpetuada pelos ‘camisas brancas’ contra os manifestantes e transeuntes que circulavam no metro de Hong Kong, na noite de domingo, se espalhasse pela cidade. Segundo o também presidente da empresa We Solutions, é preciso que o “amor” se espalhe e que seja ensinada uma lição aos camisas pretas, ou seja, aos manifestantes contra a lei de extradição.

“Espero que o amor mostrado em Yuen Long se espalhe pelas outras partes de Hong Kong. É preciso ensinar às pessoas com camisas pretas uma lição”, escreveu o sobrinho do ex-Chefe do Executivo de Macau na rede social Facebook, de acordo com o jornal Apple Daily.

Eric Ho é um empresário pró-Governo e em 2009, de acordo com um artigo da revista EastWeek integrava mesmo o Comité Municipal de Pequim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

Violência no metro

No domingo, por volta das 23h um grupo de pessoas vestidas de branco, que têm sido ligado às tríades pela imprensa de Hong Kong, atacou os manifestantes contra a lei de extradição, que vestiam de preto, transeuntes e jornalistas.

O ataque aconteceu na estação de metro de Yuen Long, já na área dos Novos Territórios. O acto do grupo de branco levou a várias críticas à polícia, que só apareceu depois de os atacantes terem fugido do local. Vários relatos e vídeos a circular online mostram alguns polícias a abandonar o local momentos antes do ataque.

Por sua vez, o chefe da polícia de Hong Kong, Stephen Lo, recusou haver qualquer tipo de tolerância para a violência pró-polícia e responsabilizou os manifestantes contra a lei de extradição pela falta de policiamento. Segundo Lo, não havia polícia no metro porque estava concentrada na zona de central, onde foi a manifestação. Lo disse ainda que as autoridades policiais fecharam as portas e recusaram as queixas dos cidadãos. As razões para encerrar a estação foram justificadas com “motivos de segurança”.

23 Jul 2019

Japão | Shinzo Abe sem votos suficientes para reforma constitucional

[dropcap]A[/dropcap] coligação política do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, venceu as eleições parciais de domingo, mas sem conseguir os dois terços necessários na câmara alta do parlamento para levar avante uma reforma constitucional, foi ontem noticiado. Dos 124 lugares que foram a votos, 71 terão sido conquistados pelo conservador Partido Liberal Democrático, de Shinzo Abe, e pelo seu aliado político, Komeito, de acordo com os resultados compilados e divulgados pelo canal público de televisão NHK.

As eleições de domingo foram convocadas para eleger metade dos parlamentares que compõem o Senado, a câmara alta do parlamento (Dieta) nipónico. A restante composição será eleita num escrutínio agendado para 2022.

Assim, e apesar de garantir a maioria naquele órgão legislativo (141 lugares num total de 245), Abe não alcançou o número de assentos necessários para poder pressionar uma revisão constitucional.

O objectivo de Abe é emendar a Constituição, adoptada após a Segunda Guerra Mundial, para alterar o carácter pacifista e também para que as forças militares, actualmente denominadas Forças de Autodefesa, tenham um papel mais activo. Esta alteração tem de ser aprovada por ambas as câmaras e submetida a referendo.

Embora na câmara baixa, Abe e os aliados assegurem dois terços dos lugares, o mesmo não acontecer na câmara alta, desde a votação deste domingo.

“A eleição para a câmara alta não foi realizada para ganharmos dois terços dos assentos, foi para manter a estabilidade”, relativizou Abe, em declarações a outra televisão nipónica.

23 Jul 2019

Bolsa de Xangai | Emissão de títulos de alta tecnologia estreia a subir 520%

O novo mercado para emissão de títulos de tecnológicas chinesas abriu ontem, em Xangai, a subir até 520 por cento, na sessão de estreia, com os investidores animados para comprar acções das primeiras 25 empresas listadas

 

[dropcap]I[/dropcap]nspirado no norte-americano NASDAQ, o STAR Market reflecte o desejo do Partido Comunista Chinês de canalizar capital privado para os seus planos de desenvolvimento, dando aos pequenos investidores chineses uma oportunidade de comprar títulos em indústrias de tecnologia que até agora se voltaram para Wall Street.

No arranque da sessão, as primeiras acções subiram até 520 por cento, face à cotação nas ofertas públicas iniciais.

Mais de 140 empresas de tecnologia e ciência em toda a China inscreveram-se para negociar as suas acções no novo mercado, que é administrado pela Bolsa de Valores de Xangai, a principal praça financeira do continente chinês.

As 25 empresas que começaram ontem a negociar já arrecadaram 37 mil milhões de yuan.
O novo mercado é o único na China com incentivos para empresas de tecnologia, incluindo acções de duas classes, o que garante aos fundadores que mantêm controlo sobre as empresas.

O novo índice é também o único na China continental que permite vendas curtas (“short selling”), prática que pretende tirar partido da queda do valor das acções: os investidores pedem acções emprestadas para as vender no mercado e, posteriormente, adquiri-las a um preço mais baixo.

O valor das acções no novo mercado pode oscilar até 30 por cento, antes de os reguladores imporem uma suspensão de 10 minutos. Nas principais praças financeiras chinesas, os títulos deixam de ser negociados durante o resto da sessão, caso subam ou desçam 10 por cento.

Capital e social

Empresas como a fabricante de módulos de células solares Anji e a fabricante de chips Montage Technology subiram até 520 por cento e 285 por cento, respectivamente, beneficiando da ausência de limites na oscilação dos preços, durante os primeiros cinco dias de negociação.

Durante a sessão da manhã, seis das 25 acções subiram mais de 200 por cento e todas as acções avançaram mais de 100 por cento.

A Star exige que as empresas listadas aloquem pelo menos metade das suas acções listadas para fundos mútuos, previdenciários ou de seguro, e limitam a negociação a investidores com um saldo de pelo menos 500.000 de yuan e dois anos de experiência a negociar em bolsa.

As bolsas de valores da China, em Xangai e Shenzhen, foram criadas no início dos anos 90 para arrecadar dinheiro para a indústria estatal, e passaram mais tarde a incluir empresas privadas, mas continuam a ser dominadas por empresas sob tutela do Governo, como a PetroChina Ltd. e a China Mobile Ltd.

Privadas como os gigantes do comércio electrónico Alibaba e JD.com, ou o motor de busca Baidu, emitiram milhares de milhões de dólares em títulos em Wall Street, numa operação inconveniente e cara para empresas mais pequenas.

As empresas que ainda não registaram lucros podem negociar no novo mercado se gastarem pelo menos 15 por cento das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento ou se tiverem drogas ou outras tecnologias num estágio avançado de desenvolvimento.

23 Jul 2019

Trump considera “responsável” atitude de Xi Jinping face aos protestos de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, sublinhou ontem que o seu homólogo da China, Xi Jinping, “actuou responsavelmente” nas grandes manifestações em Hong Kong contra uma proposta de lei de extradição que facilitaria o envio para Pequim de “fugitivos” refugiados.

“Julgo que o Presidente Xi da China actuou responsavelmente, muito responsavelmente. Estão a protestar há muito tempo”, disse Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca ao receber o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan.

“Sei que é uma situação muito importante para o Presidente Xi (…). Se quisesse, a China poderia parar os manifestantes”, acrescentou Trump, que adoptou um tom cauteloso face aos protestos nas ruas de Hong Kong. No domingo, dezenas de milhares de pessoas regressaram às ruas para exigir reformas.

As manifestações, que se iniciaram há sete semanas, evoluíram da contestação à lei da extradição, que permitia o envio para a China de “fugitivos” ou suspeitos de crimes refugiados no território de Hong Kong, até reivindicações mais amplas sobre a melhoria dos mecanismos democráticos da cidade, cuja soberania foi recuperada pela China em 1997 com o compromisso de manter até 2047 as estruturas erguidas pela colonização britânica.

Os críticos consideram que a lei intimidará e penalizará os críticos e dissidentes do regime chinês, enquanto os seus defensores asseguram que procura preencher um vazio legal, por não existirem fórmulas legais de extradição entre Taiwan, Hong Kong e a China continental.

No entanto, vários analistas consideram que a China está a tentar acelerar o processo de assimilação da ex-colónia britânica, um processo que regista a firme oposição de parte da população de Hong Kong.

Os EUA e a China estão envolvidos numa guerra comercial face às medidas proteccionistas impulsionadas por Trump desde a sua chegada ao poder. Em finais de Junho, Trump e Xi concordaram em estabelecer uma nova trégua na guerra comercial durante a reunião do G20 no Japão, com Washington a congelar a imposição de novas tarifas à China e a permitir que empresas norte-americanas vendam produtos da tecnologia Huawei.

No entanto, os EUA vão manter as tarifas aplicadas a produtos chineses num valor de 250 mil milhões de dólares, enquanto a China continua a manter as suas taxas a diversas importações norte-americanas por um total de 110 mil milhões de dólares.

23 Jul 2019

Beijing Capital Airlines inaugura voo Lisboa-Xian-Pequim na próxima semana

[dropcap]A[/dropcap] Beijing Capital Airlines inaugura na próxima semana a ligação entre Lisboa-Xian-Pequim, uma rota aérea que, segundo o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, resultou do esforço diplomático entre os dois países.

“A nova rota vai permitir que não só turistas, mas também empresários, investigadores, professores e estudantes universitários encontrem forma de ir de um território para o outro”, disse o governante, durante a cerimónia oficial de inauguração da rota, que decorreu hoje em Lisboa.

A nova rota, anunciada no mês passado por fonte da empresa à agência Lusa, arrancará com três frequências semanais a partir de dia 30 de Agosto e vai substituir a ligação directa entre Hangzhou, costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, suspensa em Outubro do ano passado. Será operada por aviões Airbus A330, com capacidade máxima para 440 passageiros.

Durante a cerimónia de hoje, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, destacou igualmente a importância da parceria Portugal-China, lembrando que em 2019 se celebrará o 40.º aniversário do estabelecimento oficial de ligações diplomáticas entre os dois países.

Recordou também que em 2018 Portugal recebeu mais de 315 mil turistas chineses, num crescimento médio anual nos últimos três anos de 25 por cento, o que motiva a manter uma relação “cada vez mais próxima” com a China e todos os parceiros.

Luís Araújo citou ainda os números recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a dar conta que, nos primeiros cinco meses deste ano, a China é o segundo país com maior crescimento para Portugal, de 17,1 por cento. “A existência de boas ligações aéreas é fundamental para o crescimento do número de turistas que nos visita”, defendeu.

22 Jul 2019

Hong Kong | Clube de Correspondentes protesta em silencio amanha contra acção da polícia

[dropcap]O[/dropcap] Clube de Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC na sigla inglesa) organiza amanhã, a partir das 9h30, um protesto silencioso contra a agressão de que jornalistas foram vítimas no último domingo. De acordo com um comunicado, os manifestantes irão empunhar uma faixa com a mensagem “Sim à liberdade de imprensa, não à violência contra jornalistas”.

No mesmo comunicado é referido que, de acordo com a lei vigente em Hong Kong, os jornalistas e correspondentes “tem o direito a cobrir este tipo de protestos”. “O FCC expressa uma grande preocupação sobre jornalistas que, envergando o cartão de identificação, foram alvo da polícia durante os ataques com gás lacrimogéneo e outras formas usadas para controlar a multidão durante os recentes protestos que resultaram da apresentação, por parte do Governo, da lei da extradição.”

“Condenamos o uso de qualquer força contra jornalistas durante estes protestos e exigimos uma investigação independente às alegações feitas por jornalistas e outras testemunhas do uso da força pela polícia. Exigimos também que essas investigações sejam feitas de forma minuciosa e transparente”, lê-se ainda.

Este domingo houve confrontos violentos junto ao edifício que alberga o Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong e também na zona dos Novos Territórios, na estação de metro de Yuen Long. O South China Morning Post escreveu que os ataques, levados a cabo por um grupo de pessoas de cara tapada e envergando camisolas brancas, terão sido organizados por tríades. Vários relatos apontam para uma intervenção tardia das autoridades policiais.

22 Jul 2019

Exército chinês realiza exercícios anti-terrorismo perto de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] exército chinês anunciou hoje que realizou exercícios anti-terrorismo na província de Guangdong, que faz fronteira com Hong Kong, um dia após manifestantes terem atacado o edifício do Gabinete de Ligação do Governo central em Hong Kong.

A 74.ª Brigada do Exército de Libertação Popular não refere no comunicado os protestos em Hong Kong, mas o analista militar e oficial aposentado Yue Gang disse que os exercícios mostram que as tropas estão prontas para intervir no território.

Os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do Gabinete de Ligação, no domingo, quando quase meio milhão de pessoas desfilou nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia em manifestações anteriores.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta. O emblema foi substituído por um novo em poucas horas.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, informou que o exercício, realizado na cidade de Zhanjiang, simulou uma resposta para uma onda de violência ou terrorismo.

A contestação nas ruas, que dura há sete semanas, foi iniciada contra um projecto de lei que permitiria extradição para o continente chinês. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e são agora contra o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

22 Jul 2019

Ataque ao Gabinete de Ligação em Hong Kong é insulto ao povo chinês, diz representante

[dropcap]O[/dropcap] representante do governo de Pequim em Hong Kong condenou hoje o ataque ao edifício do Gabinete de Ligação na região vizinha, no domingo, afirmando que os manifestantes insultaram “todo o povo chinês”.

“Estas (acções) prejudicaram gravemente o espírito de Estado de Direito ao qual Hong Kong está profundamente ligado (…) e ofenderam seriamente todo o povo chinês, incluindo os sete milhões de compatriotas de Hong Kong”, afirmou Wang Zhimin, chefe do Gabinete de Ligação de Pequim, aos jornalistas.

Num comentário difundido na primeira página, e intitulado “O Governo central não pode ser desafiado”, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, considerou as acções dos manifestantes “intoleráveis”.

Os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do gabinete, no domingo, quando quase meio milhão de pessoas desfilou nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta. O emblema foi substituído por um novo em poucas horas.

Mais tarde, num novo desenvolvimento no movimento, os manifestantes que tentavam voltar para casa foram atacados dentro de uma estação de metro, por assaltantes que pareciam ter como alvo manifestantes pró-democracia.

Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas e 22 permanecem hospitalizadas, incluindo um homem em estado grave. Outras 14 pessoas ficaram feridas quando a polícia usou gás lacrimogéneo para expulsar os manifestantes no centro de Hong Kong. A polícia disse que os manifestantes atiraram tijolos e bombas de gasolina e atacaram a sede da polícia.

A contestação nas ruas, que dura há sete semanas, foi iniciada contra um projecto de lei que permitiria extradição para o continente chinês. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

22 Jul 2019

Quase meio milhão de pessoas em protesto nas ruas de Hong Kong

[dropcap]Q[/dropcap]uase meio milhão de pessoas desfilaram ontem nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia, indicou o movimento que organizou o protesto.

O número de 430 mil manifestantes foi avançado pela Frente Cívica de Direitos Humanos na aplicação de mensagens instantâneas Telegram, naquele que foi a terceira grande manifestação promovida pelo movimento. A primeira, a 9 de Junho, terá juntado um milhão de pessoas. A segunda, a 16 de Junho, dois milhões, números que foram sempre contestados pelas autoridades de Hong Kong, que apontaram sempre para uma adesão mais reduzida.

A informação foi divulgada poucos minutos depois da polícia de Hong Kong ter avisado que se prepara para agir sobre algumas centenas de manifestantes que ocuparam zonas centrais da cidade em protesto contra as emendas da lei da extradição “devido à escalada de violência”.

“Os participantes da manifestação pública devem tomar o transporte público e partir o mais rápido possível”, avisou a polícia na sua página na rede social Facebook.

As forças de segurança querem dispersar os manifestantes que, depois de participarem na marcha durante a tarde de hoje, se dirigiram ao edifício do gabinete de ligação de Pequim no território, bloquearam várias ruas e ocuparam acessos ao quartel general da polícia e ao parlamento.

“Esta tarde, depois de participantes de uma manifestação pública chegarem a Wan Chai, alguns prosseguiram, bloqueando estradas, vandalizando carros e paredes dos edifícios. Em face da escalada da violência, a polícia conduzirá uma acção para desimpedir” a área, pode ler-se na mesma publicação da polícia de Hong Kong.

A polícia apelou ainda à população para evitar deslocar-se para o palco dos protestos ou áreas adjacentes e que residentes e trabalhadores garantam a sua segurança pessoal e fiquem atentos às informações da polícia.

Apesar das manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da antiga colónia britânica. Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra um projecto de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos. Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

22 Jul 2019

Projecções à boca das urnas no Japão dão vitória à coligação do primeiro-ministro Shinzo Abe

[dropcap]A[/dropcap]s primeiras projecções à boca das urnas apontam que a coligação política do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, terá assegurado a maioria dos assentos parlamentares que estavam em jogo nas eleições legislativas parciais realizadas ontem no país.
Shinzo Abe já reagiu às projecções, afirmando que os dados reflectem um mandato público para as políticas do seu Governo.

“Acredito que o povo escolheu a estabilidade política, exortando-nos a seguir as nossas políticas e a realizar a diplomacia para proteger os interesses nacionais do Japão”, afirmou o político.

As eleições foram convocadas para eleger metade dos parlamentares que compõem o Senado, a câmara alta do Parlamento (Dieta) nipónico. A restante composição será eleita num escrutínio agendado para 2022.

Dos 124 lugares que foram ontem a votos, 63 terão sido conquistados pelo conservador Partido Liberal Democrático, de Shinzo Abe, e pelo seu aliado político, Komeito, segundo as primeiras projecções divulgadas pela agência noticiosa Kyodo e pelo diário Asahi.

Tal resultado irá permitir à coligação governamental ocupar 130 dos 245 lugares que compõem o Senado nipónico e assim revalidar a sua ampla maioria neste órgão legislativo, segundo outra projecção avançada pela estação estatal japonesa NHK.

Os resultados oficiais finais serão anunciados hoje, segundo as agências internacionais. As eleições estavam a ser encaradas como um barómetro do apoio público ao Governo de Shinzo Abe, que está no poder há seis anos e meio e está prestes a tornar-se num dos líderes políticos japoneses há mais tempo no executivo.

Um novo aumento do imposto sobre o consumo, previsto para Outubro próximo, a reforma do artigo pacifista da Constituição japonesa, com o intuito de dar mais poderes ao exército nipónico, e a sustentabilidade do sistema nacional de pensões, foram alguns dos assuntos que dominaram a campanha eleitoral.

22 Jul 2019

Hong Kong | Polícia avisa pelo Facebook que vai agir sobre manifestantes

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong avisou que se preparava para agir sobre os manifestantes que ocuparam ontem zonas centrais da cidade em protesto contra as emendas da lei da extradição “devido à escalada de violência”. “Os participantes da manifestação pública devem tomar o transporte público e partir o mais rápido possível”, avisou a polícia na sua página na rede social Facebook.

As forças de segurança queriam dispersar os manifestantes que, depois de participarem numa marcha que juntou dezenas de milhares durante a tarde de ontem, se dirigiram ao edifício do gabinete de ligação de Pequim no território, bloquearam várias ruas e ocuparam acessos ao quartel general da polícia e ao parlamento.

“Esta tarde, depois de participantes de uma manifestação pública chegarem a Wan Chai, alguns prosseguiram, bloqueando estradas, vandalizando carros e paredes dos edifícios. Em face da escalada da violência, a polícia conduzirá uma acção para desimpedir” a área, pode ler-se na mesma publicação da polícia de Hong Kong.

A mesma informação foi prestada na aplicação de mensagens instantâneas Telegram da organização dos protestos, a Frente Cívica de Direitos Humanos, na qual se indica também que as forças anti-motim já se posicionaram no terreno.

A polícia apelou ainda à população para evitar deslocar-se para o palco dos protestos ou áreas adjacentes e que residentes e trabalhadores garantam a sua segurança pessoal e fiquem atentos às informações da polícia.

Centenas de manifestantes que protestam em Hong Kong contra as emendas à lei da extradição posicionaram-se junto ao quartel general da polícia e parlamento, seguindo também para o edifício de ligação do Governo central da China no território, ignorando ordens das forças de segurança.

Os organizadores do protesto, que juntou centenas de milhares de pessoas, permaneceram “no fim do percurso que foi definido por razões de segurança, e apenas um pequeno grupo com menos de 30 pessoas, como permite a lei, se deslocou até ao tribunal de última instância, em Central”, disse à Lusa a porta-voz do movimento que promoveu a manifestação, Bonnie Leung.

Os restantes manifestantes simplesmente prosseguiram a marcha e ocuparam locais que foram já palco de violentos confrontos com a polícia desde meados de Junho.

À cautela, tendo em conta a invasão do parlamento a 1 de Julho e o cerco ao quartel-general da polícia a 12 e 16 de Junho, as forças de segurança ergueram enormes barreiras de água junto para tentar evitar que os manifestantes ganhem posição junto desses dois locais.

22 Jul 2019

Hong Kong | Manifestantes atacados por “camisas brancas”

[dropcap]O[/dropcap]s manifestantes que regressavam a casa por volta das 23h00 pela estação de metro de Yuen Long foram atacados por vários homens vestidos com t-shirts brancas, numa acção que está a ser associada às tríades de Hong Kong pela imprensa da RAEHK.

Segundo as informações publicadas pelo portal Stand News, entre os atacados estava um deputado pró-democrata e uma mulher também terá igualmente sido vista a sangrar abundantemente na casa-de-banho. Vários vídeos a circular mostram igualmente pessoas a chorar e aos gritos dentro do metro enquanto, os membros da tríades, vestidos de branco, a cor de apoio à polícia de Hong Kong, atacam à bastonada as vítimas.

Um rapaz chega mesmo a implorar de joelho aos tríades que parem a acção, mas acabou por ser agredido no local.

Várias queixas online e apontam que a polícia de Hong Kong demorou vários minutos de chegar ao local, após ter recebido os alertas. Mesmo nos momentos dos ataques não era visível um único polícia.

Quando as autoridades chegaram ao local, já os alegados membros das tríades tinham fugido. A chegada das autoridades contribuiu apenas para fazer aumentar a tensão e os agentes tiveram de deixar o local sob gritos de acusação de serem corruptos e apenas protegerem as tríades.

Quase uma hora depois do ataque começou a circular um video, e algumas fotos, que mostra o deputado Junius Ho. pró-Governo, a cumprimentar vários homens vestidos de branco, sendo que alguns ainda aparentam ter as canas de bambu utilizadas para os ataques.

21 Jul 2019

Estudo aponta ligação entre Huawei e espionagem chinesa com base em currículos vazados

[dropcap]U[/dropcap]m académico norte-americano, que foi despedido no ano passado de uma prestigiada universidade chinesa, disse à Lusa ter provas de um relacionamento “institucional” entre o grupo de telecomunicações Huawei e os serviços de inteligência chineses.

Christopher Balding identificou funcionários da Huawei simultaneamente empregados pelas forças armadas chinesas, ou que trabalharam anteriormente em projectos de monitoramento e ‘hacking’ de telecomunicações, e outros que descrevem o seu trabalho no grupo de tecnologia como estando ligado ao Ministério de Segurança do Estado da China.

O professor na Universidade Fulbright do Vietname, em conjunto com pesquisadores na unidade de investigação norte-americana Henry Jackson Society, tiveram acesso a cerca de 25.000 currículos de funcionários da Huawei, vazados da base de dados de recrutadores chineses.

“Encontramos casos em que funcionários [da Huawei] referem essencialmente que operam para os serviços de inteligência chineses ou que, ao mesmo tempo, fazem pesquisa na Huawei e estão empregados no Exército de Libertação Popular”, descreveu Balding à agência Lusa.

O norte-americano admite que é comum em todo o mundo empresas tecnológicas contratarem antigos militares, mas que, no caso da Huawei, há funcionários que cooperam directamente com o Estado na colecta de dados por aparentes “motivos políticos”. “Muitos currículos referem estas operações como fruto de uma relação quase institucionalizada”, apontou.

Os resultados preliminares da pesquisa, que se vai desenvolver ao longo dos próximos meses, surge numa altura de intenso debate na Europa, incluindo em Portugal, sobre se a Huawei deve ser incluída na construção de infraestruturas para redes de Quinta Geração (5G), a Internet do futuro. Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e Japão restringiram já a participação da empresa nos seus mercados.

As conclusões do estudo não podem ser confirmadas independentemente, já que Balding não compartilhou a base de dados publicamente, descrevendo em termos concretos apenas três perfis, de forma a proteger as identidades dos indivíduos.

O académico afirma que os dados e resultados da pesquisa foram compartilhados com pesquisadores, governos e políticos de “confiança” e que está disposto a responder a questões em particular.

Em comunicado, a Huawei disse que, após uma investigação preliminar, “não detectou nenhum desses supostos” currículos de funcionários da Huawei. A empresa afirmou ainda que encoraja estudos profissionais e com base em factos. “Esperamos que, no futuro, os trabalhos de investigação contenham menos conjecturas ao formular conclusões”, acrescentou.

A desconfiança sobre a Huawei é alimentada, em parte, por o seu fundador, Ren Zhengfei, ser um ex-engenheiro do exército chinês, e por uma lei aprovada em 2017, que obriga as grandes empresas chinesas a cooperarem com os serviços de inteligência do país.

A empresa nega qualquer ligação aos serviços de inteligência e às forças armadas chinesas.
“A Huawei mente”, diz Christopher Balding. “Eles já foram apanhados a mentir tantas vezes que perderam a credibilidade”, acrescenta.

Christopher Balding leccionou, durante nove anos e até ao ano passado, na filial em Shenzhen, sul da China, da Escola de Negócios HSBC, da Universidade de Pequim.

No entanto, a instituição não lhe renovou o contrato, apontando fraco desempenho académico.
Meses antes Balding tinha lançado um abaixo-assinado ‘online’ para que a universidade britânica de Cambridge repusesse mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu portal oficial na China a pedido das autoridades chinesas.

21 Jul 2019

Dezenas de milhares de manifestantes nas ruas de Hong Kong

[dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de manifestantes saíram hoje à rua em Hong Kong, para mais um protesto contra as emendas à lei da extradição, já suspensas, e o Governo da cidade.

A marcha arrancou pelas 15h30, no parque Vitória, e vai terminar no parque infantil de Southorn, em Wan Chai, em vez do local inicialmente previsto junto ao Tribunal de última instância, em Central.

O percurso da marcha foi reduzido por questões de segurança, tal como exigiu a polícia, e depois de a organização do protesto, a Frente Cívica de Direitos Humanos, ter perdido na véspera um recurso.

A Frente, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos, organizou duas marchas pacíficas maciças, a 9 e a 16 de Junho, que juntaram cerca de um milhão e de dois milhões de pessoas, respectivamente, de acordo com os organizadores.

Apesar das manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da antiga colónia britânica. Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra um projecto de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos. Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Os defensores da lei argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.

Já os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

21 Jul 2019

Residentes de Hong Kong equacionam viver em Portugal para fugir à erosão da liberdade, escreve SCMP

[dropcap]P[/dropcap]ortugal é visto cada vez mais como porta de entrada na Europa para residentes de Hong Kong que pensam em emigrar, preocupados com a erosão de liberdades, noticiou hoje o jornal South China Morning Post (SCMP).

Na reportagem, alguns residentes da ex-colónia britânica, agora administrada pela China, afirmam estar a pensar em obter a nacionalidade portuguesa, via ligações familiares em Macau ou através da concretização de investimentos.

Alguns estiveram entre as 50 pessoas que marcaram presença numa sessão que se realizou este mês em Hong Kong na qual se deu informação sobre como migrar para Portugal por meio da realização de investimentos, organizada por uma agência de consultadoria na área de migração.

“Alguns foram tentados pelo programa ‘Vistos Gold’, que oferece àqueles que fazem investimento autorizações de residência, que podem levar à obtenção de cidadania após cinco anos – abrindo a aporta a um total de 28 nações europeias”, pode ler-se no SCMP.

Em resposta ao jornal, um porta-voz do Consulado geral de Portugal em Macau e Hong Kong limitou-se a dizer era habitual receberem cerca de 120 pedidos mensais de nacionalidade, sem indicar quantos deles eram de residentes de Hong Kong.

A maioria das pessoas explicou que uma das justificações para procurar a emigração tem a ver com a crescente perda de liberdades no território que, há mais de um mês é marcado por manifestações maciças contra emendas a uma lei que permitiria extraditar suspeitos de crimes para o interior da China.

21 Jul 2019

Japão | Suspeito de incêndio que matou 33 pessoas gritou “vocês vão morrer”

[dropcap]O[/dropcap] suspeito do incêndio que devastou um estúdio de animação em Quioto e matou pelo menos 33 pessoas gritou “vocês vão morrer” e derramou um líquido inflamável, estando agora sob vigilância policial.

De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), o oficial do departamento de bombeiros de Quioto, Kazuhiro Hayashi, confirmou as 33 mortes e acrescentou que outras 36 pessoas ficaram feridas, 10 das quais estão em estado grave.

Hayashi disse que os bombeiros encontraram o maior número de vítimas no último andar do prédio de três andares, incluindo alguns que estavam nas escadas que levavam ao telhado. Dois dos mortos foram encontrados no primeiro andar, 11 no segundo andar e 20 no terceiro andar.

De acordo com a imprensa japonesa, o suposto incendiário é um homem de 41 anos, que também ficou ferido no incêndio e hospitalizado.

Os meios de comunicação japoneses relataram que o suspeito teria ateado fogo na porta da frente, forçando as pessoas a encontrarem outras saídas e retardando a sua fuga.

Este incêndio foi o mais mortífero desde 2001, quando um outro incêndio matou 44 pessoas no distrito de entretenimento de Kabukicho, em Tóquio.

Segundo a agência de notícias Efe, fontes policiais disseram que o suspeito já admitiu a culpa nos acontecimentos.

“Testemunhas disseram que ouviram explosões no primeiro andar da Kyoto Animation e viram fumo”, segundo os bombeiros.

“Ouvi duas explosões altas”, disse um homem no canal público japonês NHK. “Ele (o suspeito de atear o incêndio) disse: vocês vão morrer”, de acordo com outro testemunho.

O incêndio aparentemente começou por volta das 9h30 da manhã de Macau, neste edifício, onde são produzidas séries de animação de televisão de sucesso. Cerca de 35 camiões de bombeiros e outros veículos foram enviados para o local.

A Kyoto Animation é uma empresa que produz desenhos animados, cria personagens, projecta e vende produtos derivados de sua série de ‘manga’ (um tipo de banda desenhada com origem no Japão), incluindo Munto, Lucky Star, Melancolia de Haruhi Suzumiya e K-On!

A empresa, que também inclui uma escola de animação, tem dois prédios de estúdios (incluindo um que foi incendiado) e está sediada em Quioto, no centro-sul do Japão. A companhia tem cerca de 160 funcionários.

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, lamentou ontem as vítimas do incêndio em Quioto. “Eu expresso minhas condolências (…) e rezo pela mais rápida recuperação possível daqueles que ficaram feridos”, escreveu Abe numa mensagem publicada no Twitter.

19 Jul 2019

Filipinas castiga polícias por morte de suspeitos em operações anti-droga

[dropcap]O[/dropcap] Governo filipino anunciou ontem que mais de 2.000 polícias foram demitidos e milhares castigados no âmbito de investigações sobre a morte de suspeitos de tráfico de droga, criticando os media por não se focarem nas coisas positivas.

De acordo com a responsável pelas comunicações da presidência das Filipinas, 14.724 polícias foram investigados pelo possível envolvimento na morte de suspeitos durante operações contra o tráfico de droga realizadas entre Julho de 2016 e Abril do ano passado.

Mais de metade dos polícias investigados, ou seja, 7.867 agentes, receberam punições administrativas, enquanto 2.367 foram demitidos, afirmou Marie Rafael Banaag numa conferência de imprensa ontem realizada em Manila.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, declarou guerra ao tráfico de narcóticos quando foi eleito em 2016, tendo sido realizadas muitas operações policiais desde então, nas quais morreram milhares de suspeitos.

Criticando os meios de comunicação social e os grupos activistas dos direitos humanos por se focarem apenas nas mortes de suspeitos, o subsecretário do Comité Presidencial para os Direitos Humanos, Severo Caturra, adiantou, na conferência de imprensa, que a guerra contra as drogas levou a que quase meio milhão de viciados (421.724) que se entregaram às autoridades se tenham reabilitado. “Em vez de se concentrarem nas coisas positivas que estamos a fazer, focam-se nos detalhes sangrentos”, afirmou.

Caturra defendeu que a brutal guerra contra as drogas – que provocou uma investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU e um exame preliminar do Tribunal Internacional de Justiça – é um “mecanismo de direitos humanos para proteger as vidas das vítimas das drogas e, em especial, as das crianças. “Concentram-se nos assassinatos de criminosos, mas não no número de vítimas desses criminosos”, sublinhou.

Cartura também negou que o número de mortos nas operações policiais seja superior a 27.000, número apontado pela ONU e por organizações de defesa dos direitos humanos, a quem acusou de manipular os números e incluir na contabilização os “homicídios ainda sob investigação” não associados a drogas.

Os números ontem divulgados pelo Governo referem que, entre 1 de Julho de 2016 e 30 de Abril de 2019, morreram 5.435 pessoas em operações antidroga. No entanto, a Polícia Nacional filipina admitiu ontem que o número ultrapassa as 6.700 pessoas.

O subsecretário do Comité Presidencial considerou ainda que a resolução aprovada na semana passada pelo Conselho de Direitos Humanos de investigar as Filipinas é um documento “politicamente motivado” e apoiado por países europeus que “não entendem que o problema com drogas nas Filipinas é totalmente diferente do deles”.

Nos últimos dias, diferentes vozes da administração de Rodrigo Duterte – incluindo o próprio Presidente – sugeriram a possibilidade de abandonar o Conselho de Direitos Humanos ou mesmo cortar relações diplomáticas com a Islândia, país que propôs a resolução.

19 Jul 2019

‘Uma Faixa, Uma Rota’ | Decretada tolerância zero à corrupção

As autoridades chinesas decretaram ontem “tolerância zero” para casos de corrupção envolvendo empresas nacionais nas infra-estruturas construídas no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, mas não avançaram com os resultados da sua fiscalização

 

[dropcap]O[/dropcap] director-geral do departamento de Cooperação Internacional da Comissão Central de Inspecção e Disciplina – órgão máximo anti-corrupção do Partido Comunista da China (PCC) – considerou ser “impossível” realizar inspecções em “todos os milhares de projectos” incluídos no gigante plano de infra-estruturas internacional lançado por Pequim. “É do seu interesse e do interesse do país que sejam íntegros e respeitem a lei”, disse La Yifan aos jornalistas, em Pequim. “Devem respeitar as regras dos países onde operam”, acrescentou.

Em Dezembro de 2017, o órgão anti-corrupção arrancou com um programa piloto na ligação ferroviária China-Laos, um dos projectos mais importante da iniciativa, “para se certificar de que decorria de forma limpa”. Em cooperação com as autoridades anti-corrupção do Laos, realizam-se duas inspecções anuais, passando por “todos os detalhes”, para assegurar transparência, o que permitiu “pôr fim às más práticas”, assegurou o responsável.

La considerou aquele programa um “guia para outros megaprojetos” e expressou confiança no seu efeito “dissuasivo”. No entanto, admite que há muito trabalho a fazer: “Não se pode excluir que continuará a haver práticas contrárias à lei noutros projectos. Isso tem a ver com a natureza humana”, justificou. “Mas a nossa mensagem é um aviso: não importa quão alta é a sua posição ou as suas relações. Iremos atrás dos responsáveis. Vamos ter tolerância zero”, disse.

Em ceara alheia

Como a jurisdição da China não ultrapassa as suas empresas e cidadãos, La sonha com “uma rede global de órgãos que garantam o cumprimento da lei e da luta contra a corrupção nos países que participam” na iniciativa.

O director do Banco Mundial para a China, Martin Reiser, disse que a maioria das empresas chinesas com quem a agência tem trabalhado “têm feito um excelente trabalho”, enquanto o vice-presidente do Conselho Nacional de Supervisão, – órgão anti-corrupção estatal -, Li Shulei, disse que a campanha anti-corrupção produziu resultados “notáveis”.

Bancos e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele gigantesco plano de infra-estruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

19 Jul 2019

Hong Kong | Onda de protestos com impacto no turismo

A onda de protestos em Hong Kong está a afectar o turismo na antiga colónia britânica, com especialistas a destacarem sobretudo o impacto no tráfego aéreo e nas receitas hoteleiras, noticiou ontem a imprensa local

 

[dropcap]D[/dropcap]e acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP), o número de reservas de viagens provenientes de países asiáticos para o território caiu 5,4 por cento no último mês, quando Hong Kong foi palco de manifestações maciças contra emendas à lei da extradição.

O SCMP baseou-se em dados recolhidos entre 16 de Junho e 13 de Julho pela organização ForwardKeys, que analisa diariamente 14 milhões de transacções de reservas de viagens.

Na quarta-feira, o Governo da Nova Zelândia exortou os cidadãos a seguirem com atenção as notícias sobre futuros protestos na região administrativa especial chinesa, dando conta de “confrontos violentos”, escreveu o diário de Hong Kong.

Para o deputado de Hong Kong Yiu Si-wing, citado pelo diário de Hong Kong, o impacto dos protestos na indústria do turismo “é evidente”, justificando com números esta afirmação.

Segundo Yiu, que é também director da agência de turismo chinesa China Travel Service, o crescimento médio de turistas nos primeiros seis meses do ano foi de 13 por cento, mas em Junho desceu para 8 por cento e nos primeiros dias de Julho caiu 4 por cento. “Se os conflitos continuarem, a taxa de crescimento continuará a baixar no segundo semestre do ano”, disse o membro do Conselho Legislativo [LegCo, parlamento local].

No entanto, o parlamentar atribuiu a desaceleração aos confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia e não aos protestos em si: “Hong Kong tem centenas de protestos pacíficos todos os anos. Foram os conflitos e o derramamento de sangue que deixaram os turistas inseguros e preocupados em viajar para a cidade”, frisou.

Efeitos colaterais

O sector hoteleiro, por sua vez, informou que a taxa média de ocupação desceu entre 3 por cento e 5 por cento em Junho, comparativamente a igual período de 2018, enquanto as receitas globais desceram 10 por cento.

A Chefe do Executivo, Carrie Lam, afirmou já que a proposta de emendas à lei, que permitiriam a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições com as quais não existem acordos prévios, como é o caso da China, “estava morta”.

No entanto, uma nova grande manifestação contra esta lei e a violência policial está agendada para domingo, disse à Lusa a porta-voz do movimento que tem liderado os maciços protestos no território, Bonnie Leung. Os líderes dos protestos exigem que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da proposta de alteração à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Lam.

19 Jul 2019