Hoje Macau China / ÁsiaPutin e Xi Jinping em consonância sobre Venezuela e outros temas internacionais [dropcap]O[/dropcap]s presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, apelaram hoje ao diálogo para a resolução da crise política na Venezuela e anunciaram medidas para contrariar as restrições às exportações de altas tecnologias. A declaração emitida no final de um encontro que durou várias horas entre Putin e Xi no Kremlin apela a todas as partes envolvidas no conflito venezuelano a “apoiar uma solução pacífica dos problemas no país através de um diálogo político inclusivo” e rejeitaram uma possível “intervenção militar” na Venezuela. “Seguimos atentamente o desenvolvimento dos acontecimentos na Venezuela e apelamos a todas as partes a cumprir com a Carta da ONU, assim como as normas do direito internacional e as relações entre os Estados”, acrescenta o documento. Putin e Xi, líderes de dois países que possuem importantes interesses económicos na Venezuela, expressam também a intenção de continuar a manter consultas sobre a América Latina e reforçar os contactos e acções conjuntas para aprofundar as relações com os países da região. Numa alusão à actual guerra comercial entre o gigante asiático e os Estados Unidos, a declaração russo-chinesa assinala que as duas partes se propõem “contrariar a imposição de restrições infundadas ao acesso aos mercados de produtos de tecnologia da informação com a desculpa de garantir a segurança nacional, assim como a exportação de produtos e altas tecnologias”, assinala a declaração conjunta emitida no final das negociações entre os dois estadistas. O documento também sublinha a disposição de se “oporem à ditadura política e à chantagem na cooperação comercial e económica internacional, e condenar a aspiração de alguns países de se arrogarem no direito de decidir os parâmetros da cooperação entre outros países”. Putin e Xi Jinping, acusados de promoveram a censura no universo digital, também prometem “garantir o funcionamento pacífico e seguro da Internet na base da igualdade de condições de todos os países no dito processo”. “E também contribuir para instaurar a regularização de um espaço informativo global”, acrescenta. Num contexto de fortes tensões entre a Rússia e os Estados Unidos, as trocas comerciais entre Moscovo e Pequim aumentaram 25% em 2018, para atingir um nível recorde de 108 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros), um aspecto também sublinhado no comunicado conjunto. Estes números contrastam com a actual guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, que ocorre também após Moscovo acusar Washington de competência desleal no caso do gasoduto Nordstream-2 entre a Rússia e a Alemanha, um projecto que hoje voltou a ser criticado por Washington. O líder russo enfatizou a perspectiva comum de Moscovo e Pequim sobre numerosos temas internacionais, em particular a oposição conjunta à retirada os Estados Unidos do Tratado sobre Forças nucleares de alcance intermédio (INF), um decisivo pacto sobre o controlo de armamento firmado no final da Guerra fria. Os dois presidentes consideraram que esta decisão dos EUA “corrói a estabilidade estratégica”, e também manifestaram preocupação pela crescente ameaça de uma corrida ao armamento no espaço, apelando à abolição global do envio de armamento para a órbita terrestre. Putin e Xi Jinping também enfatizaram a necessidade de preservar o acordo nuclear com o Irão, e prometeram contribuir para o avanço das conversações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte. Hoje, os dois líderes também assistiram à inauguração de uma fábrica de automóveis chinesa no sul de Mosovo, e à oferta de dois pandas ao zoo da capital russa. Após o programa moscovita, Xi Jinping, que prolonga por vários dias a sua visita à Rússia, desloca-se à antiga capital dos czares e da Revolução de Outubro, onde entre quinta e sexta-feira será convidado de honra no Fórum económico de São Petersburgo, o principal encontro empresarial da Rússia, que deverá reunir 17.000 pessoas. A economia russa tem sido duramente atingida pelas sanções europeias e norte-americanas desde 2014, na sequência da crise ucraniana e da anexação da Crimeia.
Hoje Macau China / ÁsiaParlamento tailandês elege líder do golpe de Estado de 2014 como primeiro-ministro [dropcap]O[/dropcap] parlamento da Tailândia elegeu esta quarta-feira o líder do golpe de Estado de 2014 como primeiro-ministro, reforçando o domínio militar da política desde que o país se tornou uma monarquia constitucional há quase nove décadas. O partido apoiado pelos militares que nomeou Prayuth Chan-ocha conquistou o segundo maior número de assentos na Câmara dos Representantes numa eleição geral em Março. Contudo, a escolha ficou praticamente assegurada porque o primeiro-ministro é escolhido numa votação conjunta da Câmara de Representantes (500 assentos) e do Senado (250), cujos membros foram nomeados pela junta militar liderada por Prayuth. Prayuth foi eleito para servir um segundo mandato por um voto de 500 a 244, derrotando o líder do grupo Futuro Novo, Thanathorn Juangroongruangkit. Prayuth, um ex-comandante do Exército, era o candidato do partido Palang Pracharath, apoiado pelos militares, que detém 116 assentos na Câmara, bem como de deputados de partidos menores. A nomeação de Prayuth torna-se oficial quando é endossada pelo rei Maha Vajiralongkorn. “As pessoas ainda pedem liberdades. As pessoas ainda pedem justiça”, disse Thanathorn após a votação. “Este não é o momento para perder a esperança. A esperança ainda está do nosso lado. O tempo ainda está do nosso lado. Quero agradecer a todas as 244 pessoas que amam a democracia por votarem em mim”, acrescentou. Prayuth não disputou o cargo nas eleições de março – a constituição promulgada sob a junta militar que liderou não exige que o primeiro-ministro seja eleito entre os deputados do parlamento. Leis aprovadas durante o seu mandato visaram a existência de partidos políticos estabelecidos, levantando preocupações de que a eleição não foi realizada em igualdade de condições. Os críticos também questionaram a imparcialidade da comissão eleitoral, alegando que as regras foram adulteradas após a votação para beneficiar Palang Pracharath. As novas leis eleitorais visavam especialmente o partido Pheu Thai, que liderou o Governo derrubado pelo golpe de 2014 e venceu a maioria dos assentos da Câmara em março.
Hoje Macau China / ÁsiaFMI revê em baixa crescimento da economia chinesa face à guerra comercial [dropcap]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu ontem em baixa as perspectivas de crescimento da economia chinesa, nos próximos anos, face à guerra comercial com os Estados Unidos, e encorajou Pequim a acelerar as reformas estruturais. Num relatório, o organismo estima um crescimento de 6,2 por cento, para este ano, e de 6 por cento, em 2020 – uma décima abaixo da previsão anterior. O ritmo de crescimento da economia chinesa continuará a desacelerar e fixar-se-á nos 5,5 por cento, em 2024. “A incerteza em torno das disputas comerciais permanece alta e os riscos empurram a economia para baixo”, lê-se na mesma nota. Os governos da China e Estados Unidos impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, numa disputa motivada pelas ambições de Pequim para o sector tecnológico. O vice-director do FMI, David Lipton, que integrou a delegação numa visita à China, afirmou que o crescimento “estabilizou”, durante os primeiros meses de 2019, após medidas de estímulo adoptadas pelo Governo chinês. No entanto, a incerteza gerada pelo agravamento das disputas comerciais afeta o ambiente de negócios, apontou. “As políticas de estímulo anunciadas até à data são suficientes para estabilizar o crescimento em 2019 e 2020, apesar do recente aumento das taxas nos Estados Unidos. Contudo, se as disputas comerciais se agravarem, e colocarem a estabilidade económica e financeira em risco, recomendamos alguma flexibilidade política adicional”, advertiu. O responsável citou, como exemplo, reduções fiscais adicionais para famílias com baixos rendimentos. “As nossas discussões, nas últimas duas semanas, focaram-se na agenda das autoridades para apoiar a economia, face ao aumento das tensões comerciais, enquanto [a China] continua a progredir na mudança de um crescimento de alta velocidade para um crescimento de alta qualidade”, afirmou. Sobre a guerra comercial, Lipton afirmou que “deve ser resolvida rapidamente, através de um acordo abrangente, que suporte o sistema internacional”. As previsões do Fundo apontam ainda um aumento de 2,3 por cento da inflação, em 2019, devido ao aumento dos preços dos alimentos. Boas medidas A economia da China, a segunda maior do mundo, cresceu 6,6 por cento, em 2018, ou seja, ao ritmo mais lento dos últimos 28 anos, mas o dobro da média mundial, e acima da meta oficial, definida pelo Governo chinês, de 6,5 por cento. Para este ano, o Governo chinês estabeleceu como meta um crescimento “entre 6 e 6,5 por cento”. Lipton enalteceu ainda as medidas adoptadas por Pequim para restringir o ‘boom’ no endividamento corporativo, mas voltou a recomendar ao país “maior abertura” e “outras reformas estruturais que aumentem a concorrência”, diminuindo o peso e as “garantias implícitas” das empresas estatais.
Hoje Macau China / ÁsiaEspanha | Comboios chineses já transportaram 500 mil contentores [dropcap]O[/dropcap]s comboios de mercadorias entre a cidade chinesa de Yiwu, leste da China, e Madrid, fizeram 600 viagens e transportaram 500.000 contentores, desde a inauguração, em 2014, como parte da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”. Citado pela agência EFE, o embaixador chinês em Espanha, Lyy Fan, explicou que aquela ligação ferroviária é um “marco importante” do gigantesco projecto de infraestruturas internacional lançado por Pequim, e que visa reforçar a conectividade entre o Sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa. Lyy destacou ainda que a China é o maior parceiro comercial de Espanha fora da União Europeia, com as trocas anuais a fixarem-se, no ano passado, em 33.700 milhões de dólares. As autoridades portuguesas querem incluir uma rota atlântica no projecto, o que permitiria ao porto de Sines ligar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá. Nesse caso, Madrid deixaria ser a ligação ao extremo ocidental, passando antes a ser Lisboa, reforçando a ligação portuguesa ao mercado chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaGraça Fonseca inicia no domingo deslocação oficial a Pequim A ministra vai inaugurar o Festival de Cultura Portuguesa na China marcado por exposições, concertos, espectáculos e encontros literários e que integra aristas como a maestrina Joana Carneiro, a soprano Elisabete Matos e os escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto, entre outros [dropcap]A[/dropcap] ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca, inicia no domingo uma visita oficial a Pequim, no âmbito do Festival Cultura Portuguesa na China, anunciou ontem o Ministério da Cultura. Num comunicado ontem divulgado, o ministério adianta que Graça Fonseca estará em Pequim entre domingo e o dia 12 de Junho. Na segunda-feira, a ministra presidirá à cerimónia do Dia de Portugal, no Beijing Concert Hall, “onde serão ouvidos o Hino Nacional e o Hino da República Popular da China”. “No programa das comemorações estão previstas as exibições de filmes sobre Portugal e sobre o Festival de Cultura Portuguesa na China, e a cerimónia encerrará com o concerto da Orquestra Sinfónica Nacional da China, dirigido pela maestrina Joana Carneiro, e com actuação da soprano Elisabete Matos”, lê-se no comunicado. Ainda na segunda-feira, Graça Fonseca irá inaugurar a exposição “Histórias da Torre do Tombo/Chapas Sínicas”, na Biblioteca Nacional de Pequim. O conjunto das Chapas Sínicas, recorda a tutela, é “um dos mais importantes documentos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa”. Na terça-feira, a ministra irá reunir-se, no Museu do Palácio Imperial, com o homólogo chinês, o ministro da Cultura e do Turismo da República Popular da China, Luo Shugang. Mais tarde, no mesmo local, estará presente na inauguração da exposição “A Evolução do Azulejo em Portugal dos séculos XVI ao XX”. Ao final da tarde de terça-feira, Graça Fonseca assistirá ao espectáculo “Quinze Bailarinos e Tempo Incerto”, da Companhia Nacional de Bailado (CNB), no Teatro Tiangiao. No último dia da visita oficial, 12 de Junho, a governante fará a intervenção de abertura do II Fórum Literário Portugal-China, no Museu Nacional da Literatura Moderna Chinesa, no qual participam os escritores portugueses Isabela Figueiredo, Bruno Vieira Amaral e José Luís Peixoto. Nessa ocasião, Graça Fonseca “pretende destacar iniciativas de promoção internacional da literatura em língua portuguesa, nomeadamente os apoios à tradução, mas também o ‘Catálogo Gram Bem Querer’ que o Ministério da Cultura, em cooperação com outras entidades, vai conceber, editar, publicar e divulgar, como uma grande mostra de literatura em língua portuguesa”. Depois de uma primeira edição em Lisboa, em Junho de 2017, o Fórum Literário vai cruzar os três autores portugueses com os chineses Lu Min, Liu Zhenyun e Xu Zechen, numa conversa que será moderada por outro escritor, Qiu Huadong, de acordo com a informação já divulgada pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. José Luís Peixoto participou igualmente na primeira edição, então ao lado de Gonçalo M. Tavares e Dulce Maria Cardoso. Programa paralelo À margem do II Fórum Literário Portugal-China, a ministra tem agendado um encontro com a presidente da Associação de Escritores da China, Tie Ning. Ainda no dia 12, Graça Fonseca irá realizar uma visita ao Distrito Artístico 798, e assistirá à entrega dos Prémios Tomás Pereira, que distinguem os melhores alunos de Língua Portuguesa, em universidades chinesas. Este ano, Portugal e China assinalam os 40 anos das relações diplomáticas e os 20 anos da retrocessão de Macau. “Na lógica de intercâmbio destas comemorações”, este ano irá realizar-se também, em Portugal, o Festival da Cultura Chinesa. O Festival de Cultura Portuguesa na China inclui a realização, ao longo do ano, de “diversos eventos culturais em domínios tão variados como a música clássica, o fado, o teatro, as artes plásticas, a dança contemporânea, o canto lírico, o cinema e a tradução de obras literárias portuguesas para mandarim”. Inaugurado em Março, na Cidade Proibida, em Pequim, com o guitarrista português Pedro Jóia, e Duan Chao, virtuosa de huqin, o Festival de Cultura Portuguesa na China.
Hoje Macau China / ÁsiaMais de cem mil manifestantes em Hong Kong recordaram massacre de Tiananmen [dropcap]M[/dropcap]ais de cem mil pessoas reuniram-se ontem em Hong Kong para uma vigília com velas, assinalando o 30.º aniversário do massacre de Tiananmen, um dos poucos locais na China onde o evento pode ser recordado. Na China continental estão proibidas todas as cerimónias que assinalem o evento de 4 de Junho 1989, em que o exército chinês matou um número indeterminado de estudantes que defendiam um movimento pró-democracia. Ontem, muitos chineses deslocaram-se até Hong Kong para recordar o massacre de Tiananmen, desfilando com velas na mão e assistindo a discursos, tirando proveito do estatuto da região sob a regra de “um país, dois sistemas”. Há 29 anos que Hong Kong assiste a vigílias que assinalam a intervenção do exército chinês na praça da Paz Celestial, mas este ano os observadores acreditam que terá sido batido o recorde de afluência de manifestantes. A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos de Hong Kong, que organizou a vigilia, indicou a presença de 180 mil pessoas, mas as autoridades policiais da cidade dizem que esse número não terá excedido as 37 mil, com vários ‘media’ internacionais a confirmarem a presença de mais de cem mil manifestantes. Muitos dos presentes compareceram em trajes de luto e com velas na mão, entoando cânticos que recordavam os momentos em que milhares de estudantes enfrentaram as forças do exército chinês. Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen acabou quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos. O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200. As autoridades chinesas defendem que a acção do Governo foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico, e que se o Exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas. Hoje, 30 anos depois, os manifestantes repetiam que “o povo não esquecerá” e diziam que se recusavam a acreditar nas mentiras, referindo-se às versões apresentadas pelo Governo de Pequim, para explicar a contestação estudantil. “Ao demonstrar o nosso apoio ao movimento estudantil, estamos também a expressar a nossa insatisfação com o regime violento da China”, disse Amy Cheung, de 20 anos, que deslocou desde o interior da China até à manifestação de Hong Kong. “Tenho medo de ficar numa lista negra e ser perseguido quando regressar”, confessou um dos manifestantes, que viajou desde a região de Chengdu (centro da China) que preferiu preservar a sua identidade. Também em Taiwan, um território reclamado pela China, decorreram hoje manifestações de memória ao “rapaz do tanque”, recordando o estudante que simbolicamente se colocou em frente de um dos tanques da Praça de Tiananmen e cuja imagem fotográfica simbolizou em todo o mundo este acontecimento.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Oposição quer legalizar casamento entre pessoas do mesmo sexo [dropcap]O[/dropcap]s principais partidos da oposição no Japão apresentaram um projecto de lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, semanas depois de Taiwan se tornar o primeiro território na Ásia a legalizar o casamento ‘gay’. O projecto, submetido na segunda-feira, provavelmente não vai longe na Dieta japonesa, o parlamento que é composto pela Câmara dos Representantes e pela Câmara dos Conselheiros, onde o Partido Liberal Democrata, no poder, apenas avançou em matéria de direitos civis de pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros), noticia o jornal The Japan Times. O projecto de lei apresentado por partidos como o Partido Democrático Constitucional do Japão e o Partido Comunista Japonês propõe que o casamento seja estabelecido com base na igualdade do casamento. A linguagem neutra seria adoptada com os termos “parte do casamento” para substituir “marido” e “mulher”, enquanto “pai e mãe” seria alterada pela designação “pais”. Um dos problemas reside no artigo 24 da Constituição, no qual se declara: “O casamento deve ser baseado apenas no consentimento mútuo de ambos os sexos e deve ser mantido através da cooperação mútua com base na igualdade de direitos entre marido e mulher”. Enquanto alguns defendem que este artigo é focado nos registos familiares e não afecta o casamento entre pessoas do mesmo sexo, os opositores sustentam que é necessária uma mudança constitucional para permitir essas uniões.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang | Irmã de Kim Jong-un aparece após notícias de afastamento As dúvidas sobre o paradeiro da irmã mais nova do líder norte-coreano parecem ter-se dissipado após a sua aparição nos “Jogos em Massa”, ao lado de Kim Jong-um. O fracasso da cimeira com Donald Trump, em Hanói, em Fevereiro, levou a uma séria de rumores sobre uma eventual purga dentro do partido no poder [dropcap]A[/dropcap] irmã mais nova do líder norte-coreano Kim Jong-un apareceu em público, lançando dúvidas sobre a especulação dos ‘media’ sobre o seu afastamento após o fracasso da cimeira com os EUA, em Fevereiro. Kim Yo-jong marcou presença junto do irmão nos icónicos “Jogos em Massa” de Pyongyang, a sua primeira aparição pública em mais de 50 dias. Os meios de comunicação social estatais da Coreia do Norte mostraram ontem Kim Yo Jong batendo palmas junto do irmão e de outras autoridades no estádio de Pyongyang, num evento que junta milhares de ginastas e dançarinos e uma multidão num espaço com capacidade para 150 mil pessoas. Os media informaram também que o oficial norte-coreano Kim Yong-chol, que alegadamente teria sido condenado a trabalhos forçados na sequência da cimeira em Hanói entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano, também compareceu ao evento. As publicações norte-coreanas já haviam mostrado imagens de Kim Yong-chol sentado na mesma fila de Kim Jong-un, durante uma apresentação musical das mulheres dos oficiais do Exército Popular da Coreia. Avisos severos O Presidente norte-americano, Donald Trump, e Kim encurtaram a cimeira de Hanói, concluída sem qualquer acordo e sem uma declaração comum, devido à impossibilidade de um entendimento em relação ao desmantelamento do programa nuclear de Pyongyang em troca de um levantamento das sanções económicas impostas ao país asiático. Desde então, o Norte realizou já dois testes de mísseis de curto alcance. Em Abril, a comissão parlamentar sobre informações sul-coreana afirmou que Kim Yong-chol tinha sido sancionado pela gestão da cimeira de Hanói, apesar de ter sido recentemente nomeado para a Comissão de Assuntos de Estado, o primeiro órgão do Estado norte-coreano, presidida pelo líder do regime e herdeiro da ‘dinastia’ Kim. As notícias sobre esta alegada purga foram publicadas depois de o Rodong Sinmun, órgão oficial do partido no poder na Coreia do Norte, ter advertido na quinta-feira que os responsáveis que cometam actos hostis ao partido ou anti-revolucionários seriam confrontados com o “julgamento severo da revolução”.
Hoje Macau China / ÁsiaTiananmen | Aniversário do massacre marcado por críticas da comunidade internacional Fez ontem 30 anos que a violência manchou de sangue os protestos na Praça Tiananmen, em Pequim. A data foi recordada um pouco por todo o mundo com inúmeras críticas da comunidade internacional, entre as quais da União Europeia e dos Estados Unidos. Em plena guerra comercial, a China acusou Washington de se intrometer “de forma grosseira” nos assuntos internos do país [dropcap]O[/dropcap] dia que a China tenta esconder ou, pelo menos, apagar da memória colectiva foi ontem celebrado, mas a comunidade internacional não deixou passar em branco o dia em que o regime de Pequim respondeu com violência extrema aos protestos que pediram abertura democrática, liberdade de imprensa e responsabilização do poder político. Ontem assinalou-se o trigésimo aniversário do massacre de Tiananmen. As críticas vieram de vários quadrantes, mas a que mais terá enfurecido o Governo Central foi a de Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, e que foram proferidas numa altura em que os dois países se defrontam numa guerra comercial sem fim à vista. Pompeo recordou os “heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen” para exigir reformas políticas, e pediu a Pequim que publique um balanço dos mortos e dos desaparecidos. O secretário de Estado afirmou que, “nas décadas que se seguiram, os EUA esperavam que a integração da China na comunidade internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante”. “Essas esperanças desapareceram”, frisou. “O Estado chinês de um partido único não tolera qualquer dissidência e viola os direitos humanos sempre que é do seu interesse”, apontou, em comunicado. Entretanto, a China reagiu, acusando Mike Pompeo de se intrometer na política interna chinesa e apresentou uma queixa formal aos Estados Unidos na sequência das declarações prestadas. “Alguns nos Estados Unidos estão muito acostumados a criticar os outros, e sob o pretexto da democracia e dos Direitos Humanos interferem nos assuntos internos de outros países, enquanto fecham os olhos aos seus próprios problemas”, afirmou em conferência de imprensa o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Além disso, um porta-voz chinês afirmou, num comunicado difundido ‘online’ pela embaixada chinesa em Washington, que a declaração de Pompeo “interfere grosseiramente” nos assuntos internos da China e é “uma afronta ao povo chinês e uma grave violação do direito internacional”. UE exige libertações As críticas à postura de Pequim vieram também da União Europeia (UE), com quem a China tem intensas relações comerciais, que pretende reforçar através da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Para a UE, o que aconteceu em Tiananmen foram “protestos pacíficos pela democracia”, lamentando o silêncio das autoridades chinesas sobre os acontecimentos de 1989. Em comunicado, a Alta Representante da UE para a Política Externa sublinha que “os números exactos daqueles que morreram e foram detidos em 4 de Junho (de 1989) e na repressão que se seguiu nunca foram confirmados e poderão nunca vir a ser conhecidos”, lamentando que, ainda hoje, Pequim não reconheça os acontecimentos de há 30 anos. “O reconhecimento desses eventos e dos mortos, detidos ou desaparecidos em ligação com os protestos de Tiananmen é importante para as gerações futuras e para a memória colectiva”, sustenta Federica Mogherini no comunicado ontem divulgado em Bruxelas. Mogherini aponta que “a UE espera a libertação imediata dos defensores dos direitos humanos e advogados detidos ou condenados por ligações a esses eventos ou às suas actividades em defesa do estado de direito e democracia, incluindo Huang Qi, Gao Zhisheng, Ge Jueping, o pastor Wang Yi, Xu Lin e Chen Jiahong”. “Continuamos hoje a assistir a uma repressão da liberdade de expressão e de associação e da liberdade de imprensa na China”, observa a chefe de diplomacia europeia. Lembrando que “os direitos humanos são universais, indivisíveis e interdependentes” e que “as leis e padrões internacionais contemplam o respeito das liberdades fundamentais”, a Alta Representante termina advertindo que o compromisso com os direitos humanos “é e continuará a ser um pilar fundamental” da parceria estratégica UE-China. Taiwan idem aspas Os 30 anos do massacre de Tiananmen foram lembrados em Macau e Hong Kong, sendo que Taiwan criticou directamente o posicionamento da China sobre esta matéria. A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, acusou ontem a República Popular da China de querer “continuar a esconder a verdade” sobre o massacre de Tiananmen, criticando o silêncio das autoridades comunistas e da imprensa oficial. “Para um país ser civilizado, ou não, depende da forma como o Governo trata as pessoas e como encara os erros do passado”, afirma Tsai numa mensagem divulgada através da rede social Facebook. A publicação é acompanhada de uma ilustração de uma vigília com a legenda: “A liberdade é como o ar, só podes sentir a sua existência quando não podes respirar. Não te esqueças do 4 de Junho”, a data do massacre ocorrido em 1989. Tsai critica também a decisão das autoridades de Hong Kong por não permitir a entrada de um sobrevivente do massacre, Feng Condge, que vive exilado e que pretendia participar na vigília que assinala os trinta anos sobre os acontecimentos. Segundo a chefe de Estado de Taiwan, o regime de Pequim está a aumentar o controlo e influência sobre a antiga colónia britânica. Tsai Ing-Wen recordou também as recentes declarações do ministro da Defesa de Pequim, Wei Fanghe, que afirmou que a actuação das autoridades no sentido de dispersar as manifestações de 1989 foi “correcta”. “Isto não mostra apenas que o Governo (da República Popular da China) não quis reflectir sobre os erros cometidos naquele ano, mas também que quer continuar a esconder a verdade. Creio que as pessoas, em todo o mundo, que querem liberdade e democracia não podem estar de acordo com a forma como Pequim enfrenta o assunto”, lamentou a chefe de Estado de Taiwan. Tsai dirigiu-se aos cidadãos da República Popular da China, incluindo os habitantes de Hong Kong “que amam a liberdade” afirmando que Taiwan vai continuar firme em relação aos princípios da democracia e da liberdade”. “Apesar das infiltrações, enquanto eu for Presidente, Taiwan jamais vai ceder às pressões”, afirma no mesmo texto. China diz que está imune Entretanto, um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) sugeriu ontem que a sangrenta repressão do movimento pró-democracia de Tiananmen tornou a China “imune” à agitação política, numa rara referência sobre os eventos ocorridos há trinta anos. Em editorial, o Global Times considera que o “incidente” é um “evento histórico esquecido”, face ao espectacular desenvolvimento económico do país. “Desde aquele incidente, a China tornou-se a segunda maior economia do mundo, com acelerada melhoria dos padrões de vida”, defendeu o jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC. Trata-se de uma referência rara na imprensa chinesa sobre os acontecimentos, mas sublinha a posição oficial do partido. As autoridades defendem que a acção do Governo foi necessária para abrir caminho ao crescimento económico e que, se o Exército não interviesse, “a China mergulharia no caos”, como aconteceu em outros países socialistas. “O incidente de Tiananmen aumentou a imunidade da China contra qualquer agitação política no futuro, como uma vacina à sociedade chinesa”, defendeu o jornal, cujo editorial não foi incluído na versão em chinês e só foi publicado na versão impressa. Iniciado por estudantes da Universidade de Pequim, o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen acabou quando os tanques do exército foram enviados para pôr fim a sete semanas de protestos. O número exacto de pessoas mortas continua a ser segredo de Estado, mas as “Mães de Tiananmen”, associação não-governamental constituída por mulheres que perderam os filhos naquela altura, já identificaram mais de 200. Numa conferência em Singapura, o ministro chinês da Defesa, Wei Fenghe, apontou também, no domingo, que as autoridades fizeram a “decisão correcta” quando enviaram o exército para disparar contra estudantes desarmados, que pediam reformas políticas.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan critica Pequim por continuar a esconder a verdade sobre Tiananmen [dropcap]A[/dropcap] presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, acusou hoje a República Popular da China de querer “continuar a esconder a verdade” sobre o massacre de Tiananmen, que se assinala hoje, criticando o silêncio das autoridades comunistas e da imprensa oficial. “Para um país ser civilizado, ou não, depende da forma como o governo trata as pessoas e como encara os erros do passado”, afirma Tsai numa mensagem divulgada hoje através da rede social Facebook. A publicação é acompanhada de uma ilustração de uma vigília com a legenda: “A liberdade é como o ar, só podes sentir a sua existência quando não podes respirar. Não te esqueças do 04 de Junho”, a data do massacre ocorrido em 1989. Tsai critica também a decisão das autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong por não permitir a entrada de um sobrevivente do massacre, Feng Condge, que vive exilado e que pretendia participar na vigilia que assinala os trinta anos sobre os acontecimentos. Segundo a chefe de Estado de Taiwan, o regime de Pequim está a aumentar o controlo e influência sobre a antiga colónia britânica. Tsai Ing-Wen recordou também as recentes declarações do ministro da Defesa de Pequim, Wei Fanghe, que afirmou que a actuação das autoridades no sentido de dispersar as manifestações de 1989 foi “correcta”. “Isto não mostra apenas que o governo (da República Popular da China) não quis reflectir sobre os erros cometidos naquele ano, mas também que quer continuar a esconder a verdade. Creio que as pessoas, em todo o mundo, que querem liberdade e democracia não podem estar de acordo com a forma como Pequim enfrenta o assunto”, lamentou a chefe de Estado de Taiwan. Tsai dirigiu-se aos cidadãos da República Popular da China, incluindo os habitantes de Hong Kong “que amam a liberdade” afirmando que Taiwan vai continuar firme em relação aos princípios da democracia e da liberdade”. “Apesar das infiltrações, enquanto eu for presidente, Taiwan jamais vai ceder às pressões”, afirma no mesmo texto. O governo da República Popular da China enfrenta hoje uma das datas mais dolorosas da história do país, fugindo a responsabilidades, negando os factos e criminalizando as vítimas da repressão que pôs fim às manifestações estudantis em 1989. Em Maio e Junho de 1989 centenas de milhares de estudantes e trabalhadores manifestaram-se na praça Tiananmen, no centro de Pequim, exigindo reformas políticas. O número exacto de vítimas da repressão militar continua desconhecido apesar dos grupos de direitos humanos indicarem “milhares de mortos”.
Hoje Macau China / ÁsiaChina apela a estudantes para avaliarem riscos antes de irem estudar para EUA [dropcap]A[/dropcap] China apelou ontem aos estudantes para que “reforcem a sua avaliação dos riscos” antes de decidirem ir estudar para os Estados Unidos, na sequência de recentes restrições e recusa de vistos a cidadãos chineses. O ministério chinês da Educação pediu, em comunicado ontem divulgado, aos estudantes que “pensem bem na necessidade de tomar precauções e fazer preparativos adequados” antes de irem para os Estados Unidos. O apelo surge num contexto de guerra comercial entre Pequim e Washington e de crescente desconfiança dos EUA face à entrada de estudantes e investigadores chineses. No mês passado, os republicanos apresentaram ao Congresso um projecto de lei para impedir a obtenção de um visto de estudante para entrada no país a qualquer pessoa ligada ao exército chinês, o que suscitou de imediato protestos da China. O ministério chinês da Educação denunciou ainda várias dificuldades colocadas pelos Estados Unidos perante a apresentação de um pedido de visa, como o aumento do tempo de processamento, a redução do prazo de validade e o aumento do número de recusas. “Isto afecta todos os chineses que estudam nos Estados Unidos e também os que aí terminaram com sucesso os seus estudos”, refere o ministério no seu site. A proposta de lei apresentada ao Congresso pede a Washington que estabeleça uma lista de instituições científicas e de engenharia ligadas ao exército chinês cujos empregados ou investigadores patrocinados não podem obter visa de estudante ou investigador. O jornal norte-americano The New York Times já tinha avançado, em Abril, que as autoridades americanas tinham começado a recusar acesso ao país a alguns chineses suspeitos de terem ligações aos serviços de informações do seu país. Cerca de 360 mil chineses estão actualmente a estudar nos Estados Unidos, de acordo com estatísticas citadas em Março pela agência oficial de notícias chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaNova Deli vai criar transportes públicos gratuitos para mulheres [dropcap]A[/dropcap] cidade de Nova Deli vai criar transportes públicos gratuitos para as mulheres como forma de reforçar a segurança, depois de uma violação colectiva a bordo de um autocarro, em 2012, que provocou a indignação internacional. A medida será criada nos próximos dois ou três meses, anunciaram ontem as autoridades da capital da Índia, adiantando que estes transportes gratuitos deverão servir cerca de 850 mil mulheres. O custo estimado desta medida é de 115 milhões de dólares (102 milhões de euros) por ano, explicou o representante das autoridades locais Arvind Kejriwal, em conferência de imprensa, acrescentando que o objectivo é melhorar a segurança das mulheres, mas também reduzir a poluição do ar. A segurança das mulheres na capital será ainda reforçada com a instalação, até ao final do ano, de 150 mil câmaras de videovigilância em Nova Deli, adiantou Arvind Kejriwal. “As mulheres poderão deslocar-se gratuitamente [em transportes colectivos) e de uma forma em que se sentirão seguras”, defendeu. Com cerca de 20 milhões de habitantes, Nova Deli é uma das cidades mais poluídas do mundo, de acordo com dados das Nações Unidas. A rede de transportes públicos da cidade é pouco eficiente e a duplicação das tarifas de metro nos últimos meses obrigou muitas pessoas a passarem a deslocar-se a pé. Arvind Kejriwal é o líder do pequeno partido Aam Aadmi (AAP), que ganhou as eleições locais em 2015 com promessas de água potável gratuita, electricidade subsidiada e oferecer acesso a serviços de saúde e melhor educação aos pobres. O responsável também prometeu melhorar a segurança das mulheres, depois de uma violação colectiva de uma estudante seis homens, num autocarro, e que levou à morte da jovem. O assunto ganhou um grande mediatismo internacional e mostrou ao mundo a vulnerabilidade das mulheres na Índia. Em 2016, foram registadas 40 mil agressões sexuais na Índia, mas o número real deverá ser muito mais elevado, já que ainda se mantém a tradição de esconder este tipo de crime.
Hoje Macau China / ÁsiaMike Pompeo diz que esperanças de abertura na China “desapareceram” 30 anos após Tiananmen [dropcap]O[/dropcap] chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse ontem que as esperanças de uma abertura na China “desapareceram” 30 anos após a repressão sangrenta dos protestos pró-democracia na Praça Tiananmen. “Nas décadas que se seguiram (aos acontecimentos ocorridos em Junho de 1989), os Estados Unidos esperavam que a integração da China na comunidade internacional levasse a uma sociedade mais aberta e tolerante. Essas esperanças desapareceram”, afirmou o secretário de Estado norte-americano, citado num comunicado. “O Estado chinês de um partido único não tolera qualquer dissidência e viola os direitos humanos sempre que é do seu interesse”, prosseguiu. Na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, os tanques do exército chinês irromperam pela Praça Tiananmen e acabaram com sete semanas de protestos pró-democracia, liderados por estudantes. Os protestos ganharam força durante maio de 1989, pouco após a morte do líder reformista Hu Yaobang, que dividiu a hierarquia do Partido Comunista (PCC) em facções. Na véspera da efeméride, Mike Pompeo declarou que quer homenagear os “heróis do povo chinês que se levantaram corajosamente há 30 anos na Praça Tiananmen” para exigir os seus direitos, bem como pediu às autoridades de Pequim para publicarem um balanço dos mortos e dos desaparecidos, algo que nunca fizeram. A repressão sangrenta destes protestos, que poderá ter feito centenas ou até mesmo mais de mil mortos, continua a ser um assunto tabu na China.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas devolvem mais de 25 toneladas de lixo electrónico a Hong Kong [dropcap]A[/dropcap]s Filipinas devolveram ontem a Hong Kong um contentor com mais de 25.600 quilos de acessórios electrónicos que chegou ao país em Janeiro, três dias depois de terem devolvido ao Canadá 69 contentores de lixo. Os contentores que foram devolvidos ao Canadá tinham sido importados ilegalmente há seis anos. O lixo electrónico regressou ontem à sua origem depois de Hong Kong concordar em receber de volta o contentor, anunciou uma fonte da alfândega das Filipinas. O contentor chegou ao porto de Misamis Oriental no dia 2 de Janeiro e tinha a classificação de “acessórios electrónicos”, mas quando as autoridades da alfândega o vistoriaram na semana passada, encontraram restos de computadores e outros dispositivos electrónicos partidos. Paralelamente à devolução dos resíduos, a deputada de Misamis Oriental, Juliette Uy, apresentou hoje uma proposta de lei na Câmara de Deputados que proíbe o comércio internacional de lixo electrónica, cujo fenómeno foi baptizado como “colonialismo tóxico” porque parte dos países ricos para os países pobres. “Nós temos muito do nosso próprio lixo. Quanto mais produzirmos, mais curto e poluído será o nosso futuro. Não precisamos de importar mais lixo”, acrescentou Uy. No mesmo porto estão depositados nove contentores provenientes da Austrália, que chegaram há duas semanas e 6.500 toneladas de detritos enviados pela Coreia do Sul à espera de serem devolvidos ao país, cujo governo já se comprometeu a tratar do retorno. Depois de vários protestos diplomáticos, o governo filipino conseguiu que o Canadá levasse de volta 69 contentores, de um total de 103 que foram exportados ilegalmente pela empresa Chronic Plastics entre 2013 e 2014 para os portos do país asiático. Para pressionar o Canadá, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte ameaçou com uma guerra diplomática e chamou para consultas o embaixador e cônsules naquele país, além de retirar parte do pessoal diplomático de Otava e proibiu viagens oficiais de detentores de altos cargos àquele país. A Malásia anunciou na semana passada que irá devolver 3.000 toneladas de resíduos a países como os EUA, China, Austrália ou Japão, depois de ter devolvido a Espanha, em abril, cinco contentores de lixo. Depois de receber mais de 7 milhões de toneladas de lixo em 2017, segundo a ONU, a China proibiu em 2018 a importação de lixo, que foi desviado para países do sudoeste asiático como as Filipinas, Malásia e Indonésia.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping na Rússia para acertar estratégias com Putin Na visita de três dias a Moscovo o Presidente chinês deverá abordar com o seu homólogo russo temas como a crise venezuelana, a Coreia do Norte ou a guerra comercial com os Estados Unidos. Em cima da mesa estarão também a assinatura de acordos no âmbito das áreas da agricultura, finanças e ciência e tecnologia [dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, realiza esta semana uma visita à Rússia, onde participará no 23º Fórum Económico Internacional e acertará estratégias com o seu grande parceiro internacional Vladimir Putin, face às crescentes tensões com os EUA. Xi e Putin “vão actualizar e fortalecer as relações”, num momento em que a situação internacional apresenta “mudanças sem precedentes no espaço de um século” e sofre “grande impacto do unilateralismo”, disse ontem o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Zhang Hanhui, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. Sem referir a guerra comercial entre a China e os EUA, Zhang sublinhou que as relações entre Pequim e Moscovo são cada vez mais “maduras, estáveis e fortes” e serão reforçadas nesta visita de três dias para a qual Xi Jinping parte na quarta-feira. “Esta visita consolidará a base política das relações sino-russas, reafirmará o seu apoio mútuo em questões que envolvem as respectivas preocupações fundamentais e assegurará que as relações não serão afectadas por qualquer mudança na situação internacional”, acrescentou. Especialistas prevêem que Pequim e Moscovo continuarão a traçar estratégias comuns, sobre a Venezuela ou Coreia do Norte, enquanto a guerra comercial com Washington se agrava. No entanto, Putin poderá também tentar explorar as disputas comerciais entre Pequim e Washington para melhorar a capacidade de manobra da Rússia nas relações com os dois países. Da agenda A Xinhua avançou que os dois chefes de Estado deverão assinar documentos de cooperação em áreas como agricultura, finanças, ciência e tecnologia e comércio electrónico. Os dois Presidentes devem ainda discutir projectos de infraestrutura, como a ponte que ligará Heihe, cidade fronteiriça da província chinesa de Heilongjiang, com a cidade russa vizinha de Blagoveshchensk, permitindo triplicar o volume actual de carga naquela área. Xi participará ainda num evento para celebrar o 70º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas e no 23º Fórum Económico Internacional, em São Petersburgo, onde apresentará ideias para o “desenvolvimento sustentável, a defesa do multilateralismo e a melhoria da governação global para o desenvolvimento e a prosperidade”, segundo a Xinhua. A cooperação militar entre os dois países tem também aumentado, com intercâmbios de alto nível entre as forças armadas, para marcar o 70º aniversário das relações, e que incluirão “formação em combate real e outras competências militares”, segundo o porta-voz do ministério chinês da Defesa Wu Qian. As marinhas dos dois países conduziram um exercício naval conjunto, no início de Maio, em Qingdao, na província de Shandong, leste da China, destinada a preparar para “combate real” e reforçar a “capacidade de comando conjunto e resposta a ameaças à segurança marítima”.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaChina foi tópico de debate nas reuniões do Grupo Bilderberg Terminou este domingo mais um encontro anual do Grupo Bilderberg, que aconteceu em Montreaux, na Suíça. A China foi tópico de debate, mas não esteve representada. Dois jornalistas que escreveram sobre Bilderberg defendem mais transparência e falam no crescente interesse que a China desperta no grupo que junta figuras de topo da política e dos interesses económicos [dropcap]C[/dropcap]riado em 1954 no rescaldo da II Guerra Mundial, o Grupo Bilderberg mantém-se até aos dias de hoje como sempre foi: secreto, fechado e exclusivo a algumas personalidades das mais altas esferas económicas e políticas que recebem convites para ali debaterem os mais diversos assuntos da actualidade. Este ano, a 67.ª reunião abordou o assunto da China, a par de temas como “Uma Ordem Estável e Estratégica”, “Mudanças Climáticas e Sustentabilidade” e “O Futuro do Capitalismo”, num total de 11 temas. A China tem sido, aliás, objecto de discussão nos últimos anos, apesar da falta de representatividade no campo político e empresarial. Houve apenas uma excepção, em meados de 2011 e 2012, com o convite ao vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo embaixador no Reino Unido e Austrália, Fu Ying. Do lado português, estiveram presentes, este ano, personalidades como Durão Barroso, presidente da Goldman Sachs e ex-presidente da Comissão Europeia, Estela Barbot, membro do conselho de administração da REN, onde a China tem investimentos, e Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. No Grupo Bilderberg o secretismo é quase uma imagem de marca. Como tal, no comunicado de imprensa disponível no website oficial não existem quaisquer informações adicionais sobre a reunião, que decorreu entre quinta-feira e domingo. “Os Encontros de Bilderberg constituem um fórum para discussões informais sobre grandes temas. As reuniões acontecem de acordo com a Regra Chatham House, que determina que os Estados participantes são livres para usarem a informação que recebem, mas não podem revelar a identidade ou a afiliação dos participantes”, pode ler-se. O mesmo comunicado determina ainda que “devido à natureza privada dos encontros, os participantes participam de forma individual e não na sua posição oficial, e não estão sujeitos às convenções do seu cargo ou a posições pré-acordadas. Desta forma, eles podem ter tempo para ouvir, reflectir e reunir ideias”. Além disso, no Grupo Bilderberg “não há uma agenda detalhada, não há proposta de resoluções, não são feitas votações e não há declarações políticas emitidas”. O facto de Estela Barbot, da REN, ter sido convidada este ano, é algo que não deve ser ignorado, devido ao facto da energia ser um sector estratégico para os chineses, de acordo com os autores ouvidos pelo HM. “Naturalmente, que isso pode estar na cabeça deles (do grupo Bilderberg)”, referiu Rui Pedro Antunes, jornalista e autor do livro “Os Planos de Bilderberg para Portugal”. “A questão da energia é muito importante para Bilderberg e para a maior parte das empresas, pois estão a tentar combater a influência chinesa na Europa, e na REN os chineses ganharam posição de destaque. Também já foram convidados responsáveis da EDP”, exemplificou. Já Frederico Duarte Carvalho, também jornalista e autor do livro “O Governo Bilderberg” lembrou que a energia é um sector estratégico e importantíssimo para todos nós. “Não sei o suficiente, as minhas análises são mais políticas do que económicas, mas sei o suficiente para afirmar de que há aqui algo que não é transparente, e que isso preocupa”. Atenção sínica Rui Pedro Antunes dá conta do interesse crescente que a China tem gerado no seio do grupo nos últimos anos. “Das muitas temáticas que essas personalidades têm discutido, a China tem sido uma das preocupações principais, tal como a Rússia, embora a China tenha uma importância maior”, defendeu ao HM. Isso deve-se ao facto do país “ter ganho um poder que antes não tinha, sobretudo a nível económico, e passou a ser importante abordar a forma como lidar com a China, sobretudo a nível militar, pois o país tem uma dimensão que a Europa e os Estados Unidos não têm”, acrescentou. O facto de serem feitos convites a personalidades chinesas depende muito do estado das relações diplomáticas no momento, e nesta altura a China e os Estados Unidos enfrentam uma guerra comercial sem fim à vista. “Na altura (aquando da participação de Fu Ying), as relações estavam muito boas e foi feito o convite. Creio que as relações entre a China e a Europa não estão propriamente más, mas (no seio do grupo Bilderberg) acaba por haver muita influência norte-americana e da família Rockefeller”, alertou Rui Pedro Antunes. O jornalista denota que, “neste momento, a China será sempre um assunto principal de debate, tendo em conta as ligações com os EUA”. Para Frederico Duarte Carvalho está na altura de a China estar mais atenta ao que se discute no seio deste grupo. “Quando estão a falar da China, falam de algo que está ausente, e por isso não se pensa nos interesses da pessoa ausente. Isso não contribui para a paz no mundo, seja ela política ou económica. Só lamento que num mundo tão globalizado, como é o de hoje, se ache que continua a fazer sentido conversar só sobre dois polos, quando a China é um interlocutor cada vez mais presente a nível internacional. A melhor forma de combater a China é inclui-la nas conversações.” O jornalista, que escreveu vários livros de investigação, pensa que a China “tem de ter algum cuidado político e muita diplomacia para resolver estas questões”. “O primeiro passo é estar atento, questionar se faz sentido continuar a usar as mesmas tácticas do pós-II Guerra Mundial, com esses encontros de secretismo e reuniões de grandes CEOs sem considerar outras realidades. A China deve manter-se informada e diplomática para não ser usada como bode expiatório numa crise que venha a ser criada contra ela”, frisou. Esta crise pode acontecer, aos olhos de Frederico Duarte Carvalho, caso falhe a introdução da rede 5G na Europa. “Fala-se na questão das redes 5G e do perigo da espionagem chinesa. Temo que a China, de repente, possa vir a ser uma espécie de bode expiatório do falhanço da não inovação das outras potências, e que historicamente sabemos que são bélicas, mais do que a China. A China tem uma outra estratégica, ligada à celebre paciência do chinês.” Transparência, precisa-se Rui Pedro Antunes assume uma posição diferente de Frederico Duarte Carvalho pois, para ele, Bilderberg não governa o mundo. Ainda assim, ambos concordam que há falta de transparência no grupo. “A partir do momento em que há representantes políticos fechados numa sala com empresários e representantes de multinacionais é uma coisa opaca que não deveria existir”, disse Rui Pedro Antunes. “Cada vez mais luta-se para que os cidadãos tenham acesso ao que se passa numa reunião governamental ou parlamentar, cada vez se sabe mais sobre regimes que nem são democráticos, e continua a existir uma reunião de Bilderberg à porta fechada, sem saber muito bem o que por lá se discute. Isto não é bom para a democracia e para o mundo em geral, e deveria existir mais transparência”, defendeu. Para Rui Pedro Antunes, jornalista no jornal online Observador, “Bilderberg não governa o mundo, mas tem muitos lobbies de governação, políticos e financeiros, e se houvesse maior transparência as pessoas saberiam o que acontece”. Frederico Duarte Carvalho acredita que o facto de a China não estar representada “acaba por ser um bastião de liberdade”. Contudo, “quando aceitar estar lá dentro de acordo com as regras, estará o mundo inteiro a conspirar contra o resto do mundo e seremos todos escravos”. “Enquanto estiver fora será um polo para exigir os seus direitos de forma livre e transparente. Se a China quiser ser o país do povo, não pode estar no Bilderberg. Senão aceita as regras do mercado e torna-se um inimigo do povo”, rematou o jornalista.
Hoje Macau China / ÁsiaChina fecha uma zona do Mar do Sul para treino militar [dropcap]A[/dropcap] Administração chinesa anunciou o encerramento, entre hoje e terça-feira, de uma zona do Mar do Sul da China para realização de treinos militares. A Administração de Segurança Marítima da China informou que os exercícios serão hoje realizados durante todo o dia, decorrendo ainda durante meio dia na terça-feira, numa área próxima às ilhas Paracel. A China reivindica todo o Mar do Sul da China como seu território, opondo-se fortemente à actividade naval na área por outros países. Outros cinco governos têm reivindicações sobrepostas, sobretudo relativas às ilhas Spratly, a Leste. Esta faixa do Mar do Sul da China é rica em áreas de pesca, representando anualmente cerca de cinco triliões de dólares norte-americanos em comércio. Recentemente, a zona tem tido uma forte presença chinesa, uma forma de pressão da China para fazer reconhecer as suas pretensões. Pequim construiu, inclusive, ilhas artificiais para poder estar mais presente no local.
Hoje Macau China / ÁsiaChina adoptou “política correcta” na repressão à manifestação na Praça Tiananmen em 1989 [dropcap]A[/dropcap] repressão de 1989 à manifestação na Praça Tiananmen em Pequim foi a política correta a ser adoptada, disse hoje o ministro da Defesa chinês. “Este incidente foi uma turbulência política e o Governo central tomou medidas para acabar com essa turbulência, o que foi a política correta”, disse o general Wei Fenghe durante um discurso num fórum de segurança em Singapura. Perante uma plateia que integrava ministros da Defesa, altos militares e especialistas, o general Wei perguntou por que razão a comunidade internacional mantém a afirmação de que a China “não lidou com o incidente adequadamente”. “Estes 30 anos provaram que a China viveu grandes mudanças”, disse ele, acrescentando que, graças à acção do governo, “a China desfrutou de estabilidade e desenvolvimento”. Há 30 anos, Pequim foi o epicentro dos protestos encabeçados por estudantes, tendo sido mortos centenas, se não mais de mil manifestantes na Praça Tiananmen em 4 de Junho de 1989.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim responde a Washington com criação de lista negra de empresas estrangeiras [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês vai criar a sua própria lista negra de empresas estrangeiras “não fiáveis”, anunciou o Ministério do Comércio, em plena rivalidade comercial e tecnológica com os Estados Unidos. Este anúncio surge depois de o gigante das telecomunicações chinês Huawei ter sido colocado em meados deste mês por Washington numa lista de empresas suspeitas às quais as entidades norte-americanas não podem vender equipamentos tecnológicos. A Huawei, que depende dos ‘chips’ electrónicos de fabrico norte-americano para equipar os seus telemóveis, foi assim severamente atingida na sua própria existência, referem analistas citados pela AFP. A medida anunciada esta sexta-feira por Pequim aparece como uma resposta à ofensiva da administração Trump contra a Huawei. “As empresas, organizações e particulares estrangeiros que não obedecerem às regras do mercado, que se afastam do espírito de um contrato, que impõem embargos ou param de fornecer empresas chinesas por razões não comerciais e danificam gravemente os seus interesses e direitos legítimos serão colocados numa lista de entidades não confiáveis”, disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng. Esta nova medida é anunciada na véspera da entrada em vigor de novas taxas aduaneiras punitivas na China sobre produtos norte-americanos, quase um ano depois do início das hostilidades comerciais desencadeadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Hoje Macau China / Ásia MancheteEmissão de dívida portuguesa em moeda chinesa “foi um sucesso”, diz ex-presidente do IGCP [dropcap]O[/dropcap] ex-presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública João Moreira Rato sublinha que “Portugal foi precursor em termos de emissões soberanas em ‘panda bonds’” e considera que “a operação foi um sucesso”. “É uma iniciativa positiva ir procurar novas bases de investidores da forma o mais segura possível e com os menores riscos possíveis”, afirmou João Moreira Rato, em declarações à agência Lusa. “Acho que esta operação, principalmente, representa para Portugal uma opção de entrar num mercado que no futuro pode ser muito representativo, mas que nesta fase ainda está numa fase de desenvolvimento insipiente”, acrescenta o ex-presidente do IGCP. Para João Moreira Rato, “o que se espera é que, tendo sido um dos primeiros a entrar e acumulando alguma experiência neste mercado, Portugal fique bem colocado no futuro para ter acesso a uma outra base de investidores, que é uma base de investidores com um potencial enorme”. Embora apontando a componente “política” da operação, que deve ser inserida no “contexto das relações bilaterais entre Portugal e a China”, João Moreira Rato considera que esta aposta numa “base de investidores novas pode ser importante no futuro” e constituiu uma “justificação técnica” para a opção pelas ‘Panda Bonds’. Quanto ao risco associado à operação, o ex-presidente do IGCP admite que “a cobertura pode ser difícil”, mas não a considera “arriscada demais”: “Penso que o IGCP há de ter acautelado os riscos e esse, provavelmente, foi um dos factores que levou a que a operação fosse mais pequena”, referiu. “[A operação] pode fazer sentido do ponto de vista financeiro, em termos de explorar novas bases de clientes. Agora o que se pode é questionar se não haveria outras bases de clientes que também deveriam ser pensadas e que poderiam ser mais baratas, mas isso são escolhas que depois têm de se fazer”, disse à Lusa. “Tenho a certeza que a escolha está bem fundamentada tecnicamente pelo IGCP, a partir daí é uma escolha mais política do Ministério das Finanças entre a opção A, B ou C”, acrescentou. Portugal colocou ontem dois mil milhões de renmimbi (260 milhões de euros) em ‘Panda Bonds’ a três anos com juros anuais de 4,09%, anunciou em comunicado o tesouro português. Segundo um comunicado divulgado na página da Internet do IGCP, a procura dos investidores pelos títulos “foi forte”, 3,165 vezes o montante colocado, tendo permitido rever em baixa a taxa de juro para 4,09%. Em 27 de maio, o IGCP tinha anunciado que iria colocar dois mil milhões de renmimbi (260 milhões de euros) em ‘Panda Bonds’ a três anos com a taxa de juro a variar entre 3,90% e 4,5%. Esta operação de ‘Panda Bonds’ foi a primeira emissão em moeda chinesa de um país da zona euro e a terceira de um país europeu. Com esta operação Portugal acedeu ao terceiro maior mercado de obrigações do mundo, refere ainda o IGCP. A emissão realizada pelo IGCP só avançou depois de Portugal ter tido ‘luz verde’ das autoridades chinesas para emitir títulos de dívida em moeda chinesa – as chamadas ‘Panda Bonds’. “Um sinal económico” A emissão de dívida feita por Portugal em moeda chinesa é um sinal “mais económico do que político”, disse à agência Lusa Carla Fernandes, do Instituto Português de Relações Internacionais da Nova. A investigadora do IPRI-Nova disse que a aproximação entre Portugal e China é algo que já está a acontecer “há muito tempo” e tem-se estreitado depois da visita do presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, no ano passado. Carla Fernandes recordou que, durante esta visita, foram assinados vários protocolos, incluindo um para a emissão das ‘Panda Bonds’, que hoje foi concretizada. Mais recentemente, foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que visitou a China, recordou a investigadora, salientando que as boas relações entre os dois países tiveram a sua prova principal na transferência “muito pacífica” da soberania de Macau para a China. Carla Fernandes deu ainda conta de que entre os países europeus “Portugal está no grupo” dos que contam com melhores relações com a China, tendo também a conta as ligações históricas entre os dois países ao longo de vários séculos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina acusa Estados Unidos de “terrorismo económico” [dropcap]A[/dropcap] China declarou hoje que a guerra comercial bilateral iniciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, com taxas alfandegárias punitivas e sanções contra empresas chinesas, é “terrorismo económico”. “Somos contra a guerra comercial, mas não temos medo dela”, declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Hanhui, em conferência de imprensa. “Opomo-nos firmemente a este recurso sistemático às sanções comerciais, às taxas alfandegárias e ao proteccionismo. Esta instigação premeditada de um conflito comercial é terrorismo económico, chauvinismo económico e assédio económico em estado puro”, advertiu. A declaração do responsável chinês surgiu no momento em que a China se mostra progressivamente mais ofensiva perante aquilo que considerou serem pressões intoleráveis de Washington. A guerra comercial entre as duas potências intensificou-se desde que Washington aumentou, no início deste mês, as taxas alfandegárias punitivas sobre produtos chineses. Donald Trump reforçou também a pressão sobre o gigante das telecomunicações chinês Huawei, “número dois” mundial dos ‘smartphones’ e líder planetário das redes móveis de quinta geração (5G). Em nome da segurança dos Estados Unidos, uma lei proíbe desde o ano passado as administrações federais de comprarem equipamentos e serviços do grupo, ou de trabalharem com empresas terceiras que sejam clientes da Huawei. A administração de Trump proibiu também as empresas norte-americanas de venderem tecnologia à Huawei, colocando em risco o aprovisionamento crucial para o gigante chinês de componentes electrónicos produzidos nos Estados Unidos. “O unilateralisno e o assédio crescem e afectam gravemente as relações internacionais e os princípios fundamentais”, sublinhou Zhang Hanhui. “Este conflito comercial terá igualmente um impacto negativo importante sobre o desenvolvimento e o relançamento da economia mundial”, advertiu o responsável chinês. Perante o ataque de Trump, meios de comunicação social e responsáveis políticos chineses lançaram a ameaça de reduções nas exportações de terras raras para os Estados Unidos, o que poderá vir a privar as empresas norte-americanas de um recurso essencial para as tecnologias de ponta. A China assegura mais de 90% da produção mundial deste conjunto de 17 metais, indispensáveis no fabrico de ‘smartphones’, ecrãs plasma, veículos eléctricos, mas também de armamento.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaPortugal realizou primeira emissão de dívida em moeda chinesa Portugal começou ontem a emitir dívida no valor de dois mil milhões de renmimbis. A operação, intitulada “Obrigações Panda”, deverá implicar nova venda de dívida, com o mesmo montante, em 2020. Economistas falam numa tentativa da China de internacionalização da sua moeda [dropcap]A[/dropcap] operação tem o nome do mais famoso animal chinês e é inédita para um país europeu. Portugal fez ontem uma emissão de dívida em moeda chinesa no valor de dois mil milhões de renmimbi (260 milhões de euros), com uma maturidade a três anos. As “Obrigações Panda” (Panda Bonds) prevêem, de acordo com o jornal Expresso, que em 2020 se fará nova emissão de dívida com o mesmo valor. Ainda assim, esta operação representa um pequeno montante, tendo em conta que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) vai emitir, este ano, obrigações no valor de quase 16 mil milhões de euros, a maioria na moeda europeia. Com esta colocação, Portugal será o primeiro país da zona euro a emitir dívida em renmimbi. Na semana passada, quando confirmou a realização da operação, o secretário de Estado das Finanças afirmou que “o ‘pricing’ só será fechado no dia da operação, mas antecipa-se que seja superior ao equivalente em euros”. Ricardo Mourinho Félix adiantou que “é o custo de entrada num novo mercado”. Também a presidente da IGCP, Cristina Casalinho, já disse que a emissão de ‘Panda Bonds’ surgiu como “uma oportunidade” para Portugal continuar a alargar a base de investidores. “Hoje em dia dependemos crucialmente da base de investidores que temos e o que sabemos é que investidores que compram por exemplo em dívida alemã não investem em dívidas com níveis de risco mais elevado. Se a China pode surgir como uma alternativa de continuar no esforço de alargamento da base de investidores, é importante”, afirmou ainda a presidente do IGCP quando, na semana passada foi questionada sobre a operação. Na ocasião, a presidente do IGCP disse que a operação demorou dois anos a ser negociada e que acredita que, apesar de ter uma taxa de juro associada “significativamente” mais elevada, compensará no longo prazo. Entretanto, Mário Centeno, ministro português das Finanças, declarou ao canal de televisão CNBC que a colocação das “Obrigações Panda” a três anos em renminbis é “um passo positivo na gestão da dívida externa portuguesa no médio prazo”, disse. Segundo a Global Capital, esta operação no mercado obrigacionista interbancário chinês dirige-se a investidores institucionais tanto a nível onshore como offshore, incluindo o uso da plataforma Bond Connect, lançada em 2017, que permite a investidores adquirirem obrigações tanto no mercado da China como de Hong Kong. Por cá, Lionel Leung congratulou-se com a iniciativa lusa incentivando o reforço do papel de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de língua portuguesa seja reforçado. “Fui, ainda, informado que Portugal será o primeiro país da zona Euro a concretizar a emissão de obrigações Panda denominadas em RMB no Interior da China. Esta circunstância, além de nos encorajar a continuar a envidar os maiores esforços nos nossos trabalhos, fomentando o papel de Macau enquanto plataforma de prestação de serviços entre a China e os países de língua portuguesa é também, bastante significativa”, disse o secretário para a Economia e Finanças durante a conferência sobre a promoção da cooperação entre instituições bancárias de Macau e dos países de língua portuguesa, que decorreu ontem na RAEM. Em prol da internacionalização Para o economista Albano Martins, ao permitir que Portugal faça emissão de dívida na sua moeda é mais um passo para a internacionalização do renmimbi. “À China interessa que isto aconteça porque faz circular moeda chinesa e fá-la tornar-se mais global. O renmimbi é uma moeda que está em constante depreciação”, defendeu ao HM. Esta quarta-feira foi divulgado um relatório por parte do Departamento do Tesouro norte-americano que pede à China que evite a contínua desvalorização da sua moeda, mantendo o gigante asiático na lista de economias que merecem atenção por más práticas de câmbio. O Tesouro norte-americano apontou que continua a ter “preocupações significativas” sobre as práticas monetárias chinesas, particularmente à luz do “desalinhamento e desvalorização ” do renminbi (nome oficial do yuan, a moeda nacional chinesa) em relação ao dólar. “A China deve fazer um esforço conjunto para melhorar a transparência das suas operações e taxas de câmbio”, lê-se no documento. A moeda chinesa desvalorizou 8 por cento em relação ao dólar, no ano passado, representando um superavit comercial bilateral “extremamente grande e crescente” que, segundo o documento, cifrou-se 419.000 milhões de dólares em 2018. José Morgado, economista, falou ao HM precisamente dos riscos cambiais para o Euro com a emissão de dívida em renmimbis. Tais operações “acarretam sempre um risco quando os países não têm resultados na moeda em que se endividam”. “Quando Portugal tem financiamento numa moeda diferente, a questão que se põe é se, na altura do financiamento, tem receitas nessa moeda ou não. Se não tem, deve fazer a troca na moeda cambial e terá de comprar a moeda que necessita. Aí pode haver um risco, porque se a moeda que está a comprar for mais cara, pode ter um custo superior.” Ainda assim, Morgado acredita que este é mais um passo dado pelo Governo Central em prol da internacionalização da sua moeda. “Para que o renmimbi se internacionalize é necessário que haja mais negócios nessa moeda. A China, de modo a não estar dependente das moedas tradicionais e mais internacionais, como o dólar e o Euro, está cada vez mais a tentar fomentar os negócios na moeda chinesa.” Tal “é importante em termos estratégicos para a economia chinesa, porque lhe dá uma posição geopolítica estratégica relativamente à moeda. Além disso, as empresas chinesas, que possuem negócios em renmimbis, não tem riscos cambiais associados por realizarem negócios noutras moedas”, acrescentou José Morgado. Zona Euro “frágil” Apesar de Portugal ser o único país da União Europeia (UE) a emitir dívida na moeda chinesa, cinco Estados-membros, nomeadamente a Alemanha, Bélgica, França, Irlanda e Itália colocaram, na semana passada, um total de 35 mil milhões de euros em títulos de médio e longo prazo através de leilões e operações organizadas por sindicatos bancários. Pagaram juros mais baixos em todas as emissões e registaram uma procura muito elevada nas operações sindicadas que chegou a mais de 70 mil milhões de euros. O mercado pareceu funcionar apesar dos avisos feitos a semana passada pelo Banco Central Europeu (BCE), que disse que a economia da zona Euro está “frágil”, escreveu o Expresso. Esta quarta-feira o Euro registou um valor mais baixo face ao dólar americano, numa altura em que se mantém a tensão entre Estados Unidos e China e os investidores procuram divisas consideradas refúgio, como o iene e o franco suíço. O Euro valia, no final da tarde de quarta-feira, 1,1134 dólares, abaixo dos 1,1165 a que negociava na terça-feira quase à mesma hora. O conflito entre Estados Unidos e China, que começou com a imposição de novas taxas alfandegárias, agravou-se depois da recente decisão do Governo norte-americano de colocar o grupo chinês de telecomunicações Huawei numa ‘lista negra’, invocando argumentos de segurança nacional. O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou no Japão que os Estados Unidos “não estão prontos” para concluir um acordo com a China, mas também disse que existem “muito boas hipóteses” de isso acontecer em breve.
Hoje Macau China / ÁsiaMalásia vai continuar a usar equipamentos Huawei, diz Primeiro-ministro [dropcap]A[/dropcap] Malásia vai continuar a usar os equipamentos do gigante das telecomunicações chinês Huawei “tanto quanto possível”, anunciou hoje o primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad. A “Huawei tem um enorme avanço, mesmo sobre a tecnologia norte-americana” e “o Ocidente” deve aceitar o domínio crescente das nações asiáticas, considerou o dirigente de 93 anos, por ocasião de um fórum económico em Tóquio. A empresa chinesa tem meios de investigação e de desenvolvimento “bem mais importantes que toda a Malásia”, disse. “Por isso, vamos tentar usar a tecnologia [da Huawei] tanto quanto possível”, acrescentou. Em vez de ameaçar os rivais, “os Estados Unidos devem aceitar a concorrência. Algumas vezes a China sairá vitoriosa, outras vezes serão os Estados Unidos”, disse o governante malaio. Em plena guerra comercial contra Pequim, a administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, proibiu recentemente as empresas dos Estados Unidos de venderem tecnologia à Huawei, “número dois” mundial dos ‘smartphones’, o que coloca em risco o aprovisionamento crucial para o gigante chinês de componentes electrónicos produzidos nos EUA. Washington suspeita, sem até agora ter apresentado quaisquer provas, que a Huawei permite aos serviços de informações chineses de utilizar o seu material para espiar as comunicações nas redes móveis mundiais. “Sim, talvez espiem. Mas o que há exactamente para espiar na Malásia? Somos um livro aberto”, afirmou Mahathir Mohamad. “Todos sabem que, se um país nos quiser invadir (…), nós não resistiremos, seria uma perda de tempo”, concluiu. Em Abril passado, o Governo da Malásia anunciou que vai retomar um projecto de ligação ferroviária, de 668 quilómetros de comprimento, que liga a costa ocidental da Malásia aos estados rurais orientais, numa ligação essencial à iniciativa chinesa de construção de infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”. O acordo foi alcançado depois de o construtor chinês ter baixado os custos, sendo agora de 44 mil milhões de ringgits, uma descida de um terço em relação ao custo inicial de 65,5 mil milhões de ringgits. Em Agosto de 2018, Mahathir Mohamad cancelou também a construção de dois oleodutos, financiados pela China e avaliados em milhares de milhões de dólares, no final de uma visita oficial a Pequim, onde esperava renegociar os termos dos contratos, apoiados por bancos estatais chineses.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaChina | Futebol assume importante papel geoestratégico Dois investigadores da Universidade de Aveiro analisam o plano chinês para o desenvolvimento do futebol e falam da possibilidade de, no futuro, o investimento de grandes empresas chinesas em clubes, tanto na China como na Europa, poder diminuir. Sem ter o mesmo posicionamento dos Jogos Olímpicos e sem os mesmos recursos das equipas de topo, o futebol na China assume cada vez mais uma importância geoestratégica na Europa, defendem Emanuel Leite Júnior e Carlos Rodrigues [dropcap]É[/dropcap] certo que na China os chineses não jogam futebol nem tem por hábito ir aos estádios, mas a verdade é que esta prática desportiva é cada vez mais popular no país. Xi Jinping tem um plano para o desenvolvimento do futebol na China, no entanto, este projecto enfrenta diversos desafios, como notam os investigadores da Universidade de Aveiro (UA), Emanuel Leite Júnior e Carlos Rodrigues, num trabalho de investigação intitulado “The Chinese plan for football development: a perspective from innovation theory”, recentemente publicado. Os autores notam que o futebol conseguiu ter um verdadeiro impacto na sociedade nos últimos anos, apesar de, em termos de resultados, nunca ter conseguido atingir a mesma dimensão que os Jogos Olímpicos de 2008, quando a China ganhou inúmeras medalhas de ouro. Mesmo sem resultados, o futebol tornou-se uma arma geoestratégica. “A China não tem as condições gerais para estar na competição de elite do futebol, que é o desporto mais popular do planeta e, nesse sentido, a única coisa que pode esperar é aproximar-se do elevado potencial (do futebol) enquanto meio de soft power”, escrevem os autores. Acrescentam que “o futebol na China tem ainda falta de recursos para que possa ser minimamente competitivo a nível internacional”. Apesar de as equipas de futebol chinesas não estarem no mesmo patamar que as equipas europeias, por exemplo, a verdade é que a China se faz notar através dos elevados investimentos que têm sido feitos por parte de empresas em equipas de futebol de toda a Europa, incluindo de Portugal. Segundo os autores, assim que o plano de desenvolvimento do futebol, pensado para um período entre 2016 e 2050, foi lançado, empresas de grande dimensão da China como os grupos Alibaba, Dalian Wanda, Jiangsu e Fosun “começaram a fazer investimentos significativos nos mercados interno e externo de futebol”, sendo que “o desenvolvimento do mercado interno de futebol ganhou especial atenção, devido à contratação de jogadores estrangeiros, que envolveu elevados valores de transacção e salários”. “A Liga Chinesa de Futebol começou a estar debaixo dos holofotes”, apontam os investigadores. Contudo, “está longe de ser claro que estes desenvolvimentos correspondem ao sonho de Xi Jinping de participar no campeonato mundial de futebol”. Citando outros autores, Leite Júnior e Carlos Rodrigues salientam que a participação de grupos privados no investimento do futebol faz parte de uma estratégia governamental. “O Governo deixou de intervir directamente no mercado desportivo, limitando a sua acção a linhas orientadores e ao apoio ao desenvolvimento do sector, enquanto promove uma estrutura que permite estabelecer uma estrutura competitiva no mercado.” Ao autorizar que o futebol se desenvolva com o apoio de privados, dentro da ordem do sistema capitalista, o Governo não deixa de assumir “um papel educacional” para que possa alterar “comportamentos e hábitos, a fim de garantir o poder de transformação necessário para destruir barreiras que estão profundamente enraizadas na cultura chinesa”. Os autores acreditam também que “mais do que recursos e capacidade financeira, a capacidade para materializar esta mudança em termos de comportamentos e hábitos, ao nível da prática e do consumo do futebol, é o maior desafio e o único em termos da inovação social”. Investimento pode diminuir Depois de anos a investir em clubes europeus de topo, cujos investimentos atingiram os 168 milhões de dólares americanos em 2015, mais do que os custos totais suportados pela Confederação Asiática de Futebol, o cenário pode alterar-se nos próximos anos. “É previsível que esta onda frenética de investimento chinês deverá diminuir, apesar de ter existido uma especulação sobre a possibilidade de jogadores de topo como Rooney ou Diego Costa irem para a China”, escreveram os académicos. Mesmo que este investimento venha a diminuir, os autores garantem que o cenário geopolítico do futebol já se alterou por completo. “Estas operações, tal como esperado, tiveram uma enorme repercussão na Europa. O investimento chinês no futebol trouxe um aumento a uma significativa deslocação da centralidade de poder, além de ter alterado a geopolítica do desporto.” Maior ambição Apesar do plano para o desenvolvimento do futebol na China ter sido implementado em 2016, a verdade é que, de acordo com o Diário do Povo, o mesmo plano passou a ser mais ambicioso a partir de 2017, quando se definiram objectivos concretos a atingir nos anos de 2020, 2030 e 2050. Neste sentido, daqui a dois anos as autoridades chinesas prevêem que o país tenha cerca de 20 mil escolas de futebol e 70 mil campos para a prática da actividade, além de que as escolas primárias e secundárias devem incluir no seu plano de estudos 30 a 50 minutos de treino de futebol. Em 2030 o número de escolas deverá passar para as 50 mil, além de que “a equipa masculina chinesa deverá ser uma das melhores da Ásia e a selecção feminina deve atingir o nível mundial”. Até 2050 a China pretende que a selecção masculina participe não só em campeonatos mundiais como passe a figurar no ranking 20 da FIFA. O país deve, ainda, organizar o campeonato do mundo de futebol e, inclusivamente, ser vencedor de uma edição. “A fim de atingir objectivos tão ambiciosos, além de outras medidas, o plano de desenvolvimento do futebol estabelece que a Associação Chinesa de Futebol deve organizar e gerir o desenvolvimento do futebol em todo o país, de uma forma viável e sustentável, garantindo ainda um ambiente competitivo e justo”, apontam os autores. Além disso, é exigido aos clubes que adoptem formas modernas de gestão, estando prevista a participação do sector privado nesse processo. Esta mudança de planos está relacionada com os sonhos de Xi Jinping de elevar o futebol chinês a outro patamar. “A China pôs em prática o seu ousado projecto de futebol não apenas porque o Presidente pretende ver a equipa nacional entrar na elite mundial do futebol, como pretende tirar vantagem deste popular desporto como um instrumento que promova o crescimento do desporto em toda a nação e contribuir para o desenvolvimento da economia, sociedade e cultura”, lê-se. Sobre o futuro, e apesar de considerarem “difícil” prever o que vai acontecer, os autores deste trabalho de investigação acreditam que as autoridades chinesas “vão continuar a lutar pela implementação do plano a fim de atingir o objectivo de um crescimento ‘saudável e estável’ não apenas do futebol, mas de todo o mercado desportivo”. “Isso, incluindo novos recursos financeiros, como é o caso dos que são obtidos com os novos impostos sobre o valor das transferências de jogadores. Ficou estabelecido que esses montantes servirão para apoiar o desenvolvimento de escolas de formação para novos jogadores, tal como a promoção da comunidade futebolística e o fomento de iniciativas de caridade ligadas a este desporto”, concluem os autores.