Presidente do Banco da China em Portugal revela desejo de trabalhar com bancos locais

[dropcap]O[/dropcap] presidente da sucursal do Bank of China em Portugal, Qi Xiao, disse ontem à Lusa que os objectivos do banco passam por “cooperar com os bancos locais”, à margem de um seminário organizado pela instituição, em Lisboa.

“Queremos mesmo aprofundar a cooperação com os clientes locais em conjunto com os bancos locais, quero mencionar especialmente isso, porque não desencorajamos os clientes locais a cooperar com empresas chinesas”, disse Qi Xiao à Lusa, à margem do Seminário de Comunicação e Cooperação Financeira Internacional, organizado pelo Bank of China num hotel em Lisboa, no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.

Para 2020, o objectivo do Bank of China é “trabalhar para a internacionalização do renmimbi, para os ‘panda bonds’ [emissão de dívida em moeda chinesa], e também em alguns projectos em mercados terceiros”, de acordo com o responsável.

O presidente da sucursal do Bank of China em Portugal afirmou ainda querer ser “um parceiro muito, muito próximo” dos bancos locais, e referiu que neste momento o seu maior parceiro é a Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“Durante a visita de Estado feita pelo presidente chinês Xi [Jinping] em Dezembro de 2018, acordámos um memorando com a CGD, acerca da cooperação no negócio dos renmimbi, e para desenvolver mercados terceiros, especialmente os países africanos de língua portuguesa”, explanou Qi.

Segundo o presidente do banco chinês, os seus actuais clientes estão no sector da energia (EDP e REN), no sector da água, nas infra-estruturas, e na construção de autocarros, bem como em algum imobiliário.

No entanto, e questionado sobre se o Bank of China tem uma actividade significativa no sector dos vistos ‘gold’, em que é trocada uma autorização de residência por investimento, e em que muitos cidadãos chineses têm investido, Qi Xiao referiu que o montante em causa é “muito, muito pequeno” na instituição.

3 Dez 2019

Portugal | Governo quer reforçar ligações aéreas com a China

[dropcap]O[/dropcap] Governo pretende reforçar as ligações aéreas com Pequim e alargá-las a outras cidades chinesas, afirmou ontem o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, em Lisboa, num seminário empresarial.

Classificando o restabelecimento de ligações aéreas entre Lisboa e Pequim, em 2019, como “um momento importante” e de “um grande significado político e diplomático”, o governante manifestou o desejo de reforço das ligações, durante um Seminário de Comunicação e Cooperação Financeira Internacional, organizado pelo Bank of China num hotel em Lisboa, no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.

“Queremos reforçar no futuro próximo, com outras ligações ao território chinês, e em particular da nossa capital, Lisboa, a Pequim”, disse Eurico Brilhante Dias.

Num discurso que destacou os desenvolvimentos da relação económica entre Portugal e China em 2019, o secretário de Estado referiu também o início da venda de carne de porco para o país asiático como um marco importante.

“Finalmente, podermos ter tido a possibilidade de desbloquear o famoso caso, praticamente com uma década, da exportação da carne de porco de Portugal para Pequim”, foi um dos pontos sublinhados pelo governante, que o classificou de “símbolo” da relação entre os dois países.

Eurico Brilhante Dias salientou ainda a “cooperação na área financeira, em particular no contributo que Portugal procura dar para a internacionalização da moeda chinesa”, referindo-se à emissão de 260 milhões de euros de dívida nacional em renmimbi, que classificou de “grande sucesso”.

Feito e por fazer

Numa perspectiva de futuro, o governante afirmou haver “muito que fazer” em duas dimensões diferentes, referindo-se ao setor agroalimentar e à supressão do défice, do lado português, da balança de bens.

Eurico Brilhante Dias realçou ainda “os novos protocolos firmados com os operadores de comércio electrónico da República Popular da China, como a Alibaba e a gd.com”, como um exemplo de um “esforço” feito pelo Governo com o “contributo inegável da Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal [AICEP]”.

O governante apontou ainda à cooperação com países terceiros, e referiu que o memorando de entendimento assinado aquando da visita de 2016 do primeiro-ministro, António Costa, à China, “precisa de um novo impulso”.

“Esse impulso permite, em Lisboa, que portugueses, chineses, e amigos dos países de língua portuguesa possam cooperar de forma trilateral, e essa cooperação é decisiva para podermos continuar a desenvolver a economia dos nossos países”, defendeu o secretário de Estado.

Eurico Brilhante Dias afirmou que a cooperação fomenta o relacionamento entre as economias, de forma a “ultrapassar barreiras que ultimamente se têm levantado no quadro do comércio internacional”.

3 Dez 2019

Portugal | Governo quer reforçar ligações aéreas com a China

[dropcap]O[/dropcap] Governo pretende reforçar as ligações aéreas com Pequim e alargá-las a outras cidades chinesas, afirmou ontem o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, em Lisboa, num seminário empresarial.
Classificando o restabelecimento de ligações aéreas entre Lisboa e Pequim, em 2019, como “um momento importante” e de “um grande significado político e diplomático”, o governante manifestou o desejo de reforço das ligações, durante um Seminário de Comunicação e Cooperação Financeira Internacional, organizado pelo Bank of China num hotel em Lisboa, no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”.
“Queremos reforçar no futuro próximo, com outras ligações ao território chinês, e em particular da nossa capital, Lisboa, a Pequim”, disse Eurico Brilhante Dias.
Num discurso que destacou os desenvolvimentos da relação económica entre Portugal e China em 2019, o secretário de Estado referiu também o início da venda de carne de porco para o país asiático como um marco importante.
“Finalmente, podermos ter tido a possibilidade de desbloquear o famoso caso, praticamente com uma década, da exportação da carne de porco de Portugal para Pequim”, foi um dos pontos sublinhados pelo governante, que o classificou de “símbolo” da relação entre os dois países.
Eurico Brilhante Dias salientou ainda a “cooperação na área financeira, em particular no contributo que Portugal procura dar para a internacionalização da moeda chinesa”, referindo-se à emissão de 260 milhões de euros de dívida nacional em renmimbi, que classificou de “grande sucesso”.

Feito e por fazer

Numa perspectiva de futuro, o governante afirmou haver “muito que fazer” em duas dimensões diferentes, referindo-se ao setor agroalimentar e à supressão do défice, do lado português, da balança de bens.
Eurico Brilhante Dias realçou ainda “os novos protocolos firmados com os operadores de comércio electrónico da República Popular da China, como a Alibaba e a gd.com”, como um exemplo de um “esforço” feito pelo Governo com o “contributo inegável da Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal [AICEP]”.
O governante apontou ainda à cooperação com países terceiros, e referiu que o memorando de entendimento assinado aquando da visita de 2016 do primeiro-ministro, António Costa, à China, “precisa de um novo impulso”.
“Esse impulso permite, em Lisboa, que portugueses, chineses, e amigos dos países de língua portuguesa possam cooperar de forma trilateral, e essa cooperação é decisiva para podermos continuar a desenvolver a economia dos nossos países”, defendeu o secretário de Estado.
Eurico Brilhante Dias afirmou que a cooperação fomenta o relacionamento entre as economias, de forma a “ultrapassar barreiras que ultimamente se têm levantado no quadro do comércio internacional”.

3 Dez 2019

Energia | Putin e Xi Jinping celebram abertura de gasoduto

[dropcap]O[/dropcap] Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, celebraram ontem o lançamento “histórico” do primeiro gasoduto que liga os dois países, durante a cerimónia de abertura daquela estrutura, designada “Força Siberiana”.

A inauguração é “um evento verdadeiramente histórico, não apenas para o mercado global de energia, mas sobretudo para mim e para si [Xi Jinping], para a Rússia e para a China”, frisou Vladimir Putin, numa videoconferência transmitida pela televisão russa. Este projecto “elevará a cooperação estratégica entre a Rússia e a China para um nível totalmente novo”, acrescentou Putin.

Com mais de 2.000 quilómetros de extensão, o gasoduto liga os depósitos do leste da Sibéria à fronteira chinesa. A longo prazo, a rede terá, no conjunto, mais de 3.000 quilómetros de extensão.

Trata-se do primeiro gasoduto a atravessar os dois países e visa saciar o imenso apetite energético da China, mas simboliza também a parceria estratégica entre Pequim e Moscovo.

“A torneira está aberta! (…) o gás entrou na China”, declarou solenemente o chefe da estatal russa Gazprom, Alexei Miller, acompanhado por dezenas de funcionários, de uniforme azul e branco, as cores da empresa.

Do lado chinês, os funcionários da estatal PetroChina, parceira da Gazprom para este projecto, apareceram na tela vestidos de vermelho. A China deve concluir a sua parte do gasoduto em 2023, com destino final em Xangai, a “capital” económica do país asiático.

“O desenvolvimento das relações sino-russas é e será uma prioridade da política externa de cada um dos nossos países”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, que se referiu a Putin como “amigo”.

“Este é um projeto histórico (…) e um exemplo de profunda integração e cooperação mutuamente benéfica”, acrescentou.

Segundo a Gazprom, quase 10.000 pessoas trabalharam neste projeto, numa escala sem precedentes desde a queda da União Soviética.

3 Dez 2019

Energia | Putin e Xi Jinping celebram abertura de gasoduto

[dropcap]O[/dropcap] Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, celebraram ontem o lançamento “histórico” do primeiro gasoduto que liga os dois países, durante a cerimónia de abertura daquela estrutura, designada “Força Siberiana”.
A inauguração é “um evento verdadeiramente histórico, não apenas para o mercado global de energia, mas sobretudo para mim e para si [Xi Jinping], para a Rússia e para a China”, frisou Vladimir Putin, numa videoconferência transmitida pela televisão russa. Este projecto “elevará a cooperação estratégica entre a Rússia e a China para um nível totalmente novo”, acrescentou Putin.
Com mais de 2.000 quilómetros de extensão, o gasoduto liga os depósitos do leste da Sibéria à fronteira chinesa. A longo prazo, a rede terá, no conjunto, mais de 3.000 quilómetros de extensão.
Trata-se do primeiro gasoduto a atravessar os dois países e visa saciar o imenso apetite energético da China, mas simboliza também a parceria estratégica entre Pequim e Moscovo.
“A torneira está aberta! (…) o gás entrou na China”, declarou solenemente o chefe da estatal russa Gazprom, Alexei Miller, acompanhado por dezenas de funcionários, de uniforme azul e branco, as cores da empresa.
Do lado chinês, os funcionários da estatal PetroChina, parceira da Gazprom para este projecto, apareceram na tela vestidos de vermelho. A China deve concluir a sua parte do gasoduto em 2023, com destino final em Xangai, a “capital” económica do país asiático.
“O desenvolvimento das relações sino-russas é e será uma prioridade da política externa de cada um dos nossos países”, disse o Presidente chinês, Xi Jinping, que se referiu a Putin como “amigo”.
“Este é um projeto histórico (…) e um exemplo de profunda integração e cooperação mutuamente benéfica”, acrescentou.
Segundo a Gazprom, quase 10.000 pessoas trabalharam neste projeto, numa escala sem precedentes desde a queda da União Soviética.

3 Dez 2019

Hong Kong | Primeiro défice orçamental desde 2003

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong vai registar este ano o seu primeiro défice orçamental em 15 anos, anunciou ontem o secretário das Finanças, numa altura de grave crise política no território e guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Paul Chan estimou que o PIB [Produto Interno Bruto] da ex-colônia britânica contraía 1,3 por cento, em 2019, o que se reflectirá no orçamento da região, que por norma regista um excedente.

O secretário atribuiu o défice para o ano fiscal 2019-2020 a uma queda na receita tributária, uma desaceleração na venda de imóveis e às ajudas anunciadas pelo Executivo local, para tentar acalmar a população.

“No final do ano fiscal, as contas da RAE estarão no vermelho”, disse Chan,. “A economia de Hong Kong atravessa momentos muito difíceis”, apontou, pedindo aos manifestantes que parem com actos violentos.
Dados divulgados na semana passada revelam que as visitas por turistas da China continental caíram 46 por cento, em Outubro, em termos homólogos.

A economia de Hong Kong também sofreu o impacto de uma prolongada guerra comercial entre a China e os EUA, já que a região é uma das plataformas de negociação entre o mercado chinês e os mercados internacionais.

O orçamento de Hong Kong não registava défice desde 2003, quando um surto de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) matou 300 pessoas na região.

3 Dez 2019

Hong Kong | Primeiro défice orçamental desde 2003

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong vai registar este ano o seu primeiro défice orçamental em 15 anos, anunciou ontem o secretário das Finanças, numa altura de grave crise política no território e guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Paul Chan estimou que o PIB [Produto Interno Bruto] da ex-colônia britânica contraía 1,3 por cento, em 2019, o que se reflectirá no orçamento da região, que por norma regista um excedente.
O secretário atribuiu o défice para o ano fiscal 2019-2020 a uma queda na receita tributária, uma desaceleração na venda de imóveis e às ajudas anunciadas pelo Executivo local, para tentar acalmar a população.
“No final do ano fiscal, as contas da RAE estarão no vermelho”, disse Chan,. “A economia de Hong Kong atravessa momentos muito difíceis”, apontou, pedindo aos manifestantes que parem com actos violentos.
Dados divulgados na semana passada revelam que as visitas por turistas da China continental caíram 46 por cento, em Outubro, em termos homólogos.
A economia de Hong Kong também sofreu o impacto de uma prolongada guerra comercial entre a China e os EUA, já que a região é uma das plataformas de negociação entre o mercado chinês e os mercados internacionais.
O orçamento de Hong Kong não registava défice desde 2003, quando um surto de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) matou 300 pessoas na região.

3 Dez 2019

Hong Kong | Navios militares norte-americanos proibidos de estacionar

A resposta de Pequim, face à legislação aprovada pela Câmara dos Representantes norte-americana e promulgada por Donald Trump de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, chegou com a interdição de estacionamento de navios e aviões militares dos EUA e a punição de ONG,s como a Human Rights Watch

 

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou ontem que proibiu navios e aeronaves militares norte-americanas de estacionar em Hong Kong, numa retaliação contra legislação aprovada por Washington que permite sancionar autoridades chinesas que violem os direitos humanos na região semiautónoma.

Pequim decidiu ainda punir organizações não-governamentais como a Human Rights Watch (HRW), avançou ontem a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, que voltou a considerar a rectificação da Lei dos Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong uma “grave violação do Direito internacional”.

“Em resposta, decidimos suspender a revisão de qualquer pedido por navios e aviões militares norte-americanos para estacionar em Hong Kong e aumentar as sanções sob Organizações Não Governamentais (ONG) norte-americanas que influenciam negativamente os distúrbios” na região, disse.

Além da HRW, a Fundação Nacional para a Democracia, o Instituto Nacional Democrático de Relações Internacionais, o Instituto Republicano Internacional e o Freedom House vão ser também punidos, apontou a porta-voz.

Hua disse existirem “muitos factos e evidências” que mostram que essas ONG “apoiam o movimento anti-China” em Hong Kong e “incentivam o envolvimento em actividades violentas e criminosas, e instigam actividades separatistas”.

“Eles têm responsabilidades importantes no caos vivido em Hong Kong e devem ser punidos”, apontou.
A porta-voz disse que a China pediu aos EUA que “corrijam os seus erros” e “parem de interferir” nos assuntos internos do país asiático.

“A China tomará mais medidas, se necessário, e defenderá a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong, assim como a nossa soberania nacional”, acrescentou. Hua não detalhou como serão punidas aquelas organizações.

Ofensiva americana

Na semana passada, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump promulgou a lei depois de o Congresso norte-americano ter aprovado, por esmagadora maioria, a resolução de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, que foi também aprovada no Senado.

A Câmara dos Representantes aprovou a resolução por 417 votos a favor e apenas um contra, provocando a ira de Pequim. O texto põe em causa o estatuto comercial de que beneficia actualmente a região administrativa especial chinesa e prevê sanções contra autoridades chinesas responsáveis por violações dos direitos humanos na antiga colónia britânica, como detenções arbitrárias e extrajudiciais, tortura ou confissões forçadas.

Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.

3 Dez 2019

Hong Kong | Navios militares norte-americanos proibidos de estacionar

A resposta de Pequim, face à legislação aprovada pela Câmara dos Representantes norte-americana e promulgada por Donald Trump de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, chegou com a interdição de estacionamento de navios e aviões militares dos EUA e a punição de ONG,s como a Human Rights Watch

 
[dropcap]A[/dropcap] China anunciou ontem que proibiu navios e aeronaves militares norte-americanas de estacionar em Hong Kong, numa retaliação contra legislação aprovada por Washington que permite sancionar autoridades chinesas que violem os direitos humanos na região semiautónoma.
Pequim decidiu ainda punir organizações não-governamentais como a Human Rights Watch (HRW), avançou ontem a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, que voltou a considerar a rectificação da Lei dos Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong uma “grave violação do Direito internacional”.
“Em resposta, decidimos suspender a revisão de qualquer pedido por navios e aviões militares norte-americanos para estacionar em Hong Kong e aumentar as sanções sob Organizações Não Governamentais (ONG) norte-americanas que influenciam negativamente os distúrbios” na região, disse.
Além da HRW, a Fundação Nacional para a Democracia, o Instituto Nacional Democrático de Relações Internacionais, o Instituto Republicano Internacional e o Freedom House vão ser também punidos, apontou a porta-voz.
Hua disse existirem “muitos factos e evidências” que mostram que essas ONG “apoiam o movimento anti-China” em Hong Kong e “incentivam o envolvimento em actividades violentas e criminosas, e instigam actividades separatistas”.
“Eles têm responsabilidades importantes no caos vivido em Hong Kong e devem ser punidos”, apontou.
A porta-voz disse que a China pediu aos EUA que “corrijam os seus erros” e “parem de interferir” nos assuntos internos do país asiático.
“A China tomará mais medidas, se necessário, e defenderá a prosperidade e a estabilidade em Hong Kong, assim como a nossa soberania nacional”, acrescentou. Hua não detalhou como serão punidas aquelas organizações.

Ofensiva americana

Na semana passada, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump promulgou a lei depois de o Congresso norte-americano ter aprovado, por esmagadora maioria, a resolução de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, que foi também aprovada no Senado.
A Câmara dos Representantes aprovou a resolução por 417 votos a favor e apenas um contra, provocando a ira de Pequim. O texto põe em causa o estatuto comercial de que beneficia actualmente a região administrativa especial chinesa e prevê sanções contra autoridades chinesas responsáveis por violações dos direitos humanos na antiga colónia britânica, como detenções arbitrárias e extrajudiciais, tortura ou confissões forçadas.
Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.

3 Dez 2019

ONU | Alta Comissária acusada de interferência em assuntos internos do país

[dropcap]A[/dropcap] China acusou sábado a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, de interferência “inadequada” nos seus assuntos internos, por causa da situação em Hong Kong.

A acusação surge depois de Michelle Bachelet ter apelado à realização de uma investigação sobre o eventual uso excessivo da força por parte da polícia em Hong Kong. Na coluna que escreveu sobre o assunto, no South China Morning Post, Michelle Bachelet foi “incorrecta” e “violou os objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas”, disse, em comunicado, a missão chinesa junto da ONU em Genebra.

O artigo inclui “comentários inadequados sobre a situação na Região Administrativa Especial de Hong Kong…(e) interfere nos assuntos internos da China”, de acordo com o comunicado de Pequim.

A China expressa “fortes críticas” ao escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra.
Num artigo publicado sábado, Michelle Bachelet pediu às autoridades de Hong Kong que conduzissem uma “investigação verdadeiramente independente e imparcial, por parte de um juiz, sobre os relatos de uso excessivo da força pela polícia” chinesa.

Hong Kong vive há meses uma situação de grande instabilidade, com vários protestos nas ruas contra o que é considerado como um controlo crescente por parte de Pequim das liberdades da região semi-autónoma.
Houve confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia. Os manifestantes exigem que a polícia seja responsabilizada pelas suas acções e pedem eleições completamente livres.

A China nega querer atropelar a liberdade em Hong Kong e acusa as manifestações de serem “revoluções coloridas” de inspiração estrangeira para desestabilizar o regime de Pequim.

2 Dez 2019

ONU | Alta Comissária acusada de interferência em assuntos internos do país

[dropcap]A[/dropcap] China acusou sábado a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, de interferência “inadequada” nos seus assuntos internos, por causa da situação em Hong Kong.
A acusação surge depois de Michelle Bachelet ter apelado à realização de uma investigação sobre o eventual uso excessivo da força por parte da polícia em Hong Kong. Na coluna que escreveu sobre o assunto, no South China Morning Post, Michelle Bachelet foi “incorrecta” e “violou os objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas”, disse, em comunicado, a missão chinesa junto da ONU em Genebra.
O artigo inclui “comentários inadequados sobre a situação na Região Administrativa Especial de Hong Kong…(e) interfere nos assuntos internos da China”, de acordo com o comunicado de Pequim.
A China expressa “fortes críticas” ao escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra.
Num artigo publicado sábado, Michelle Bachelet pediu às autoridades de Hong Kong que conduzissem uma “investigação verdadeiramente independente e imparcial, por parte de um juiz, sobre os relatos de uso excessivo da força pela polícia” chinesa.
Hong Kong vive há meses uma situação de grande instabilidade, com vários protestos nas ruas contra o que é considerado como um controlo crescente por parte de Pequim das liberdades da região semi-autónoma.
Houve confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia. Os manifestantes exigem que a polícia seja responsabilizada pelas suas acções e pedem eleições completamente livres.
A China nega querer atropelar a liberdade em Hong Kong e acusa as manifestações de serem “revoluções coloridas” de inspiração estrangeira para desestabilizar o regime de Pequim.

2 Dez 2019

Hong Kong | Terminado bloqueio à Universidade Politécnica

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong anunciou sexta-feira o fim do bloqueio a um campus universitário, que cercou durante 12 dias para travar manifestações contra o Governo, onde diz ter encontrado milhares de bombas incendiárias e armas.

Segundo as autoridades, foram encontradas quase 4.000 bombas incendiárias deixadas pelos manifestantes, que há cerca de duas semanas entraram em confronto com a polícia de intervenção nas ruas circundantes.

A polícia cercou durante quase duas semanas a Universidade Politécnica, tendo recorrido a balas de borracha, granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água para conter os manifestantes, que responderam com bombas incendiárias de fabrico caseiro, tijolos e flechas.

Na quinta-feira, depois de centenas de detenções e do abandono do campus por alguns estudantes, cerca de 100 polícias entraram, pela primeira vez, no campus para recolher provas e remover objectos perigosos.
Em comunicado, a polícia indicou que, durante dois dias de buscas, apreendeu 3.989 bombas incendiárias, 1.339 outros objectos explosivos, 601 garrafas de líquidos corrosivos e 573 armas.

As autoridades indicaram que detiveram ao longo dos dias de cerco 810 pessoas dentro do campus e identificaram 300 outras, menores, que podem vir a ser acusados posteriormente. Outras 567 pessoas foram detidas nas imediações da universidade.

Um responsável da universidade considerou que serão necessários cinco a seis meses para reparar os danos no campus.

Novas acções

A Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de Novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em Junho.

Sexta-feira, activistas pró-democracia apelaram a uma grande manifestação no domingo e a uma greve na segunda-feira com o objectivo de perturbar os transportes públicos.

“Se o Governo comunista de Hong Kong ignorar a opinião pública, haverá cinco ou seis dias seguidos de uma eclosão generalizada… Temos que estabelecer um prazo”, pode ler-se no ‘site’ de fórum LIHKG.

A “eclosão generalizada” é o nome dado pelos manifestantes ao seu novo ‘modus operandi’ adotado em Novembro, que consiste em realizar acções de pequena escala para testar forças policiais e paralisar o tráfego.

2 Dez 2019

Hong Kong | Terminado bloqueio à Universidade Politécnica

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong anunciou sexta-feira o fim do bloqueio a um campus universitário, que cercou durante 12 dias para travar manifestações contra o Governo, onde diz ter encontrado milhares de bombas incendiárias e armas.
Segundo as autoridades, foram encontradas quase 4.000 bombas incendiárias deixadas pelos manifestantes, que há cerca de duas semanas entraram em confronto com a polícia de intervenção nas ruas circundantes.
A polícia cercou durante quase duas semanas a Universidade Politécnica, tendo recorrido a balas de borracha, granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água para conter os manifestantes, que responderam com bombas incendiárias de fabrico caseiro, tijolos e flechas.
Na quinta-feira, depois de centenas de detenções e do abandono do campus por alguns estudantes, cerca de 100 polícias entraram, pela primeira vez, no campus para recolher provas e remover objectos perigosos.
Em comunicado, a polícia indicou que, durante dois dias de buscas, apreendeu 3.989 bombas incendiárias, 1.339 outros objectos explosivos, 601 garrafas de líquidos corrosivos e 573 armas.
As autoridades indicaram que detiveram ao longo dos dias de cerco 810 pessoas dentro do campus e identificaram 300 outras, menores, que podem vir a ser acusados posteriormente. Outras 567 pessoas foram detidas nas imediações da universidade.
Um responsável da universidade considerou que serão necessários cinco a seis meses para reparar os danos no campus.

Novas acções

A Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de Novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em Junho.
Sexta-feira, activistas pró-democracia apelaram a uma grande manifestação no domingo e a uma greve na segunda-feira com o objectivo de perturbar os transportes públicos.
“Se o Governo comunista de Hong Kong ignorar a opinião pública, haverá cinco ou seis dias seguidos de uma eclosão generalizada… Temos que estabelecer um prazo”, pode ler-se no ‘site’ de fórum LIHKG.
A “eclosão generalizada” é o nome dado pelos manifestantes ao seu novo ‘modus operandi’ adotado em Novembro, que consiste em realizar acções de pequena escala para testar forças policiais e paralisar o tráfego.

2 Dez 2019

Hong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês

[dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa.

Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada.

Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong.

A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos.
O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong.
Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC.

Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido.

Sob tortura

Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido.

Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios.

Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos.

Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional.
Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram.

“A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”.

Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas.

Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.

29 Nov 2019

Hong Kong | Apresentada queixa no Reino Unido contra canal chinês

[dropcap]U[/dropcap]m ex-funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que diz ter sido torturado pela polícia chinesa à procura de informação sobre manifestantes na região apresentou ontem queixa aos reguladores do Reino Unido contra a televisão estatal chinesa.
Simon Cheng apresentou queixa à Ofcom, a reguladora do Reino Unido para transmissões de rádio e televisão, contra a China Global Television Network, ou CGTN, por violação das regras de justiça, privacidade e precisão, ao ter transmitido uma confissão sua alegadamente forçada.
Cheng alega ter sido torturado pela polícia secreta no continente chinês, para obter informações sobre os protestos antigovernamentais que há seis meses assolam Hong Kong.
A polícia chinesa admitiu que ele ficou detido durante 15 dias, em Agosto, mas não revelou os motivos.
O jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, negou que Simon Cheng tenha sido torturado, e divulgou imagens de vigilância que diz comprovarem a sua culpa e confissão voluntárias, após ter solicitado prostitutas na cidade de Shenzhen, que faz fronteira com Hong Kong.
Cheng contou este mês, pela primeira vez, a sua versão dos acontecimentos, numa entrevista à cadeia televisiva BBC.
Logo a seguir, a CGTN, o braço internacional da CCTV, transmitiu imagens da sua confissão. O canal está disponível no Reino Unido.

Sob tortura

Cheng, que trabalhava numa câmara do comércio e investimento para atrair investimentos chineses para a Escócia, estava a regressar a Hong Kong, de uma viagem de negócios à China continental, quando foi detido.
Na queixa de 14 páginas, tornada ontem pública, Cheng diz que foi transportado entre centros de detenção e salas de interrogatório, mantido encapuzado e algemado, e que foi preso a uma cadeira tigre, um assento de metal que prende os braços e pernas, durante os interrogatórios.
Alega ainda ter sido algemado na posição de águia durante horas e forçado a assumir posições de stress por longos períodos.
Cheng diz que concordou em confessar o crime menor de solicitar prostituição para evitar um tratamento mais severo e uma sentença pesada por acusações de ameaça à segurança nacional.
Disse ainda que os polícias repetiram várias vezes as filmagens da confissão feita com base num roteiro que lhe deram.
“A CGTN sabia muito bem que a gravação que usou na sua transmissão foi extraída sob extrema pressão e angústia”, acusou Cheng, acrescentando que a emissora disse falsamente que ele foi a julgamento, quando, na verdade, foi mantido sob “detenção administrativa extrajudicial”.
Cheng é o terceiro caso de queixa às autoridades regulatórias no Reino Unido contra a televisão estatal chinesa, por transmissão de confissões forçadas.
Peter Humphrey, um consultor britânico, que esteve dois anos preso na China, apresentou também queixa à Ofcom, assim como Angela Gui, cujo pai livreiro desapareceu na Tailândia e apareceu depois na China sob detenção. O Ofcom, que pode emitir multas ou revogar licenças de transmissão, está a avaliar os dois casos.

29 Nov 2019

China volta a convocar embaixador dos EUA para contestar lei sobre Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês convocou hoje novamente o embaixador norte-americano em Pequim para protestar contra a ratificação pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, de uma lei sobre direitos humanos que permite a Washington sancionar autoridades chinesas.

O vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Le Yucheng disse ao embaixador norte-americano, Terry Branstad, que a medida constitui uma “grave interferência nos assuntos internos da China e uma grave violação do direito internacional”, segundo um comunicado emitido pelo ministério.

Le considerou a Lei dos Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong um ato “totalmente hegemónico”, e pediu aos EUA que não implementem a normativa, a fim de evitar maiores danos nas relações bilaterais.

Já na terça-feira, o Governo chinês tinha convocado o embaixador dos Estados Unidos em Pequim para contestar a aprovação da mesma lei pelo Congresso norte-americano.

Segundo um comunicado divulgado então pelo ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, o executivo exigia que os Estados Unidos “corrigissem imediatamente os seus erros” e “parassem de interferir nos assuntos de Hong Kong”, que a China considera “exclusivamente internos”.

A China tem acusado repetidamente os EUA e outros países ocidentais de orquestrarem as manifestações pró-democracia que há seis meses assolam Hong Kong.

Num comunicado emitido mais cedo, o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros advertiu Washington com retaliações, mas sem avançar detalhes, e garantiu que todas as pessoas em Hong Kong e na China continental se opõem àquela Lei.

“Trata-se de uma grave interferência nos assuntos de Hong Kong, que são assuntos internos da China, e uma grave violação do direito internacional e das normas básicas que regem as relações internacionais”, lê-se na mesma nota.

Não é claro se a decisão de Trump pode atrapalhar as negociações comerciais com Pequim. Os dois países negoceiam há meses um acordo que ponha fim a uma prolongada guerra comercial.

Trump promulgou a lei depois de o Congresso dos Estados Unidos ter aprovado, na semana passada, por esmagadora maioria, a resolução de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, que foi também aprovada no Senado.

A Câmara dos Representantes aprovou a resolução por 417 votos a favor e apenas um contra, provocando a ira de Pequim.

“Eu assinei este projecto [de lei] por respeito ao Presidente [chinês] Xi [Jinping], à China e ao povo de Hong Kong”, disse Trump num comunicado.

“O documento está a ser promulgado na esperança de que os líderes e representantes da China e de Hong Kong sejam capazes de resolver amigavelmente as suas diferenças, alcançando a paz e a prosperidade a longo prazo para todos”, apontou.

O texto põe em causa o estatuto comercial de que beneficia atualmente a região administrativa especial chinesa e prevê sanções contra autoridades chinesas responsáveis por violações dos direitos humanos na antiga colónia britânica, como detenções arbitrárias e extrajudiciais, tortura ou confissões forçadas.

Hong Kong é há seis meses palco de manifestações, iniciadas por um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.

Os protestos têm assumido contornos cada vez mais violentos, com atos de vandalismo e confrontos com as forças de segurança.

A diplomacia chinesa acusou Washington de apoiar “abertamente criminosos violentos que destruíram instalações, incendiaram e agrediram civis inocentes, abalaram o Estado de direito e ameaçaram a ordem social”.

“A natureza flagrante e maliciosa das intenções [norte-americanas] é totalmente clara. O seu objectivo é minar a estabilidade e a prosperidade de Hong Kong, sabotar a fórmula um país, dois sistemas’ e perturbar os esforços da nação chinesa em concretizar o seu grande rejuvenescimento”, acusou.

28 Nov 2019

EUA ultrapassados em número de missões diplomáticas pela China

[dropcap]A[/dropcap] China ultrapassou, pela primeira vez, os Estados Unidos como o país com mais missões diplomáticas, segundo um estudo ontem publicado que revela crescentes ambições globais de Pequim, numa altura em que Washington segue uma agenda isolacionista.

Segundo o instituto australiano Lowy Institute, o rápido aumento de postos da diplomacia chinesa continuou em 2019, devido à abertura de representações em países que abdicaram de relações diplomáticas com Taiwan e passaram a reconhecer Pequim como o único Governo de toda a China.

“Com 276 representações em todo o mundo, a China excedeu pela primeira vez os Estados Unidos”, revelou o Índice Global de Diplomacia bienal.

Os números são um indicador das mudanças geopolíticas ocorridas nos últimos anos, à medida que o país adopta uma política externa mais assertiva e os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio ou migração.

A diplomacia norte-americana “entrou num período de incerteza” devido às restrições de orçamento impostas por Trump e às dificuldades em manter os diplomatas de carreira, segundo o Instituto Lowy.

Prémio de consolação

Os Estados Unidos não abriram novos postos e foram forçados a fechar o consulado em São Petersburgo, após as expulsões de diplomatas, no seguimento do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido.

Ainda assim, continuam a ser o país que hospeda mais embaixadas ou consulados: um total de 342 missões diplomáticas, contra 256 na China.

O domínio de Pequim continuou a expandir-se com a abertura de novas missões no Burkina Faso, República Dominicana, El Salvador, Gâmbia e São Tomé e Príncipe, todos antigos aliados diplomáticos de Taipé.

O relatório revelou ainda que, apesar do seu compromisso com o desenvolvimento de uma “Grã-Bretanha global”, após a saída da União Europeia, o Reino Unido caiu para o 11.º lugar, atrás da Itália, Espanha e Brasil.

28 Nov 2019

China | Metas de redução de emissões de carbono atingidas antes do previsto

[dropcap]P[/dropcap]equim anunciou ontem que cumpriu, antes do previsto, a sua meta de redução das emissões de carbono para 2020, à medida que o país reduz a dependência de energias fósseis e investe em energias renováveis.

Segundo um relatório publicado ontem pelo ministério chinês da Ecologia e do Meio Ambiente, as emissões de CO2 da China por unidade do PIB [Produto Interno Bruto] caíram 4 por cento, no ano passado, em relação ao ano anterior, e 45,8 por cento, face a 2005.

O vice-ministro Zhao Yingmin considerou que aquele resultado “foi conquistado com muito esforço, através do trabalho de promoção da economia verde e de baixa emissão de carbono”.

Embora se tenha tornado mais eficiente, a China quase triplicou as suas emissões, entre 2000 e 2018, à medida que a economia do país cresceu a um ritmo acelerado.

A China continua a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, mas tornou-se também o mercado líder em painéis solares, turbinas eólicas e veículos eléctricos, e o maior fabricante mundial de painéis solares.

Segundo Zhao Yingmin, 14,3 por cento da energia consumida actualmente na China advém de fontes não fósseis. “Continuamos a enfrentar desafios no desenvolvimento da nossa economia, a melhorar o nível de vida da população, a reduzir a pobreza e a limpar o nosso meio ambiente”, apontou Zhao.

O vice-ministro garantiu que a China continuará a respeitar os seus compromissos de redução das emissões de carbono, estipulados no Acordo de Paris para as alterações climáticas.

Face ao recuo dos Estados Unidos no combate ao aquecimento global, que incluiu a retirada do Acordo de Paris, a China tem assumido a liderança nesta matéria, parte da sua ambição em ter maior preponderância em questões globais.

O país asiático, que é o maior emissor de gases poluentes do mundo, prometeu atingir o pico nas emissões de dióxido de carbono até 2030 e imediatamente reduzir a intensidade total do carbono entre 60 por cento e 65 por cento, face ao nível de 2005.

28 Nov 2019

China | Metas de redução de emissões de carbono atingidas antes do previsto

[dropcap]P[/dropcap]equim anunciou ontem que cumpriu, antes do previsto, a sua meta de redução das emissões de carbono para 2020, à medida que o país reduz a dependência de energias fósseis e investe em energias renováveis.
Segundo um relatório publicado ontem pelo ministério chinês da Ecologia e do Meio Ambiente, as emissões de CO2 da China por unidade do PIB [Produto Interno Bruto] caíram 4 por cento, no ano passado, em relação ao ano anterior, e 45,8 por cento, face a 2005.
O vice-ministro Zhao Yingmin considerou que aquele resultado “foi conquistado com muito esforço, através do trabalho de promoção da economia verde e de baixa emissão de carbono”.
Embora se tenha tornado mais eficiente, a China quase triplicou as suas emissões, entre 2000 e 2018, à medida que a economia do país cresceu a um ritmo acelerado.
A China continua a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, mas tornou-se também o mercado líder em painéis solares, turbinas eólicas e veículos eléctricos, e o maior fabricante mundial de painéis solares.
Segundo Zhao Yingmin, 14,3 por cento da energia consumida actualmente na China advém de fontes não fósseis. “Continuamos a enfrentar desafios no desenvolvimento da nossa economia, a melhorar o nível de vida da população, a reduzir a pobreza e a limpar o nosso meio ambiente”, apontou Zhao.
O vice-ministro garantiu que a China continuará a respeitar os seus compromissos de redução das emissões de carbono, estipulados no Acordo de Paris para as alterações climáticas.
Face ao recuo dos Estados Unidos no combate ao aquecimento global, que incluiu a retirada do Acordo de Paris, a China tem assumido a liderança nesta matéria, parte da sua ambição em ter maior preponderância em questões globais.
O país asiático, que é o maior emissor de gases poluentes do mundo, prometeu atingir o pico nas emissões de dióxido de carbono até 2030 e imediatamente reduzir a intensidade total do carbono entre 60 por cento e 65 por cento, face ao nível de 2005.

28 Nov 2019

Indústria na China | Lucros caem quase 10 por cento em Outubro

[dropcap]O[/dropcap]s lucros da indústria na China caíram 9,9 por cento, em Outubro, em termos homólogos, reflectindo a queda nos preços de fábrica e desaceleração na produção e vendas, numa altura de disputas comerciais com os Estados Unidos.

Segundo dados publicados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas chinês (GNE), os lucros ascenderam a 427.560 milhões de yuan, no mês passado. A queda em Outubro é superior à registada em Setembro, de 5,3 por cento, também em termos homólogos.

Para este indicador, as estatísticas chinesas consideram apenas empresas industriais com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan. No conjunto dos dez primeiros meses do ano, os lucros fixaram-se em 5,02 biliões de yuan, 2,9 por cento a menos do que no mesmo período de 2018.

Entre os 41 sectores analisados, 30 registaram um aumento dos lucros, incluindo no sector da produção e fornecimento de aquecimento ou fabrico de máquinas e equipamentos eléctricos.

Os onze restantes registaram uma quebra nos lucros, incluindo a indústria do petróleo, carvão e outros combustíveis, ou a fundição e laminação de metais ferruginosos.

A abrandar

O estatístico GNE Zhu Hong destacou que as empresas com melhor desempenho entre Janeiro e Outubro foram as que se dedicam ao fabrico de alta tecnologia, “indústrias estratégicas emergentes” ou fabrico de equipamentos.

As estatísticas chinesas revelaram ainda que o índice de endividamento das empresas industriais, em relação aos seus activos, se fixou, em Outubro, em 56,8 por cento, ou seja, uma redução de 0,5 por cento, em termos homólogos.

A economia chinesa cresceu 6 por cento, no terceiro trimestre do ano, o ritmo mais lento em quase três décadas, e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, admitiu já que vai ser “muito difícil” que a economia da China continue a crescer 6 por cento ou mais, devido à sua dimensão e ao “aumento do proteccionismo e do unilateralismo”.

Analistas prevêem que a economia chinesa registe um declínio acentuado, reflectindo as disputas comerciais com os Estados Unidos. A ascensão ao poder de Donald Trump nos EUA ditou o espoletar de uma guerra comercial, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um.

A liderança norte-americana teme perder o domínio industrial global, à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

28 Nov 2019

Alibaba | Acções sobem 8% em na bolsa de Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]s acções do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba subiram ontem mais de 8 por cento, na estreia na Bolsa de Valores de Hong Kong, cidade que atravessa uma das suas piores crises políticas de sempre.

A meio da tarde de ontem na China, as ações do Alibaba estavam a ser negociadas a 190,45 dólares de Hong Kong. O preço de oferta inicial fixou-se em 176 dólares de Hong Kong. O grupo, fundado pelo homem mais rico da China, Jack Ma, entrou para a História em 2014, quando realizou a maior oferta pública inicial de acções de sempre em Wall Street, mas escolheu agora Hong Kong para arrecadar fundos e impulsionar o seu desenvolvimento global.

A oferta de 500 milhões de novas acções realizada ontem arrecadou mais de 11 mil milhões de dólares – a maior entrada na bolsa de Hong Kong desde 2010 e um impulso raro para a cidade após meses de crise política.

O director executivo da Bolsa de Valores de Hong Kong, Charles Li, elogiou a empresa pela decisão em optar por Hong Kong.

“Estou muito agradecido por o Alibaba, depois de cinco anos longe, finalmente ter voltado a casa. Também estou grato pela escolha ter sido feita apesar das dificuldades e desafios que Hong Kong enfrenta”, apontou, em comunicado.

O código de acções da empresa é 9988, um homónimo em chinês para “prosperidade eterna”.
Os líderes chineses procuram incentivar os gigantes tecnológicos a serem cotados mais perto de Pequim, após o Alibaba ou o gigante da internet Baidu terem escolhido Wall Street.

A Bolsa de Hong Kong mudou as suas regras nos últimos anos para permitir que uma empresa seja cotada em dois lugares diferentes.

No topo do mundo

Fundado em 1999, o grupo Alibaba aproveitou ao máximo o ‘boom’ do comércio electrónico na China: as suas várias plataformas de comércio ‘online’ contam hoje com 785 milhões de utilizadores mensais no país asiático.

Nos próximos cinco anos, o grupo pretende alcançar mil milhões de consumidores na China – o país mais populoso do mundo, com cerca 1.400 milhões de habitantes. Até 2036, a meta do grupo é chegar aos 2.000 milhões de consumidores em todo o mundo.

Este mês, o grupo registou um novo valor recorde de vendas no maior festival de compras do mundo, o “Dia dos Solteiros”, celebrado na China a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro.

No total, as plataformas do grupo facturaram 35 mil milhões de dólares no espaço de 24 horas, um aumento de 26 por cento, em relação ao ano passado.

No conjunto, 200.000 marcas, incluindo cerveja ou vinhos portugueses, aderiram à iniciativa este ano, oferecendo descontos nos seus produtos.

“À medida que o mundo se converte numa economia digital (…), a globalização é o futuro do grupo Alibaba”, disse o presidente executivo (CEO) do grupo, Daniel Zhang, na sua carta aos investidores.

27 Nov 2019

Media | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático 

É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial

 

[dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições.

“As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas.

O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis.

O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente.

Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou.

Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo.

A culpa é do Governo

A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”.

O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”.

O caso do Myanmar

O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país.

“Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório.

A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”.

“A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório.

Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ.

“Inimigos de Estado”

No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ.

A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista.

Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”.

A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório.

Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”.

Por fazer

Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer.

“Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento.

Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”.

“Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.

27 Nov 2019

Media | Relatório da FIJ fala de mais insegurança e impunidade no sudeste asiático 

É cada vez mais difícil fazer jornalismo em países como o Cambodja, Tailândia, Filipinas ou Myanmar, entre outros. O mais recente relatório da Federação Internacional de Jornalistas relata um aumento das ameaças sentidas pelos jornalistas e insegurança no trabalho. Os profissionais de media sentem uma enorme impunidade e a culpa é do Governo, das leis e do sistema judicial

 
[dropcap]M[/dropcap]anter vivo e de boa saúde o chamado quarto poder na zona do sudeste asiático parece uma tarefa cada vez mais difícil. O relatório da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), recentemente divulgado, dá conta de uma situação muito negativa em países como o Cambodja, Indonésia, Tailândia, Myanmar, Timor-Leste, Filipinas e Malásia no que diz respeito à segurança na profissão de jornalista e à sua protecção pela via das leis e das instituições.
“As maiores ameaças no sudeste asiático são a prisão ou detenção por parte das autoridades e, em segundo lugar, ataques tendo como alvo os jornalistas”, lê-se no relatório. De frisar que a maior parte dos inquiridos, 41 por cento, disse ter entre 26 e 35 anos, sendo que 57 por cento são jornalistas.
O relatório dá conta que, no Cambodja, as maiores ameaças são a prisão ou detenção por parte das autoridades, enquanto que na Indonésia e no Myanmar são os alvos ao trabalho jornalístico. Na Malásia o sector dos media sofre com baixos salários e más condições de trabalho, tal como em Timor-Leste, enquanto que nas Filipinas ocorrem casos de assédio online, ataques no local de trabalho, reprimendas ou despedimentos e alvos ao trabalho jornalístico. Na Tailândia são comuns os ataques cibernéticos através de plataformas móveis.
O inquérito realizado pela FIJ permitiu concluir que 61 por cento dos jornalistas disse que o seu trabalho lhes trouxe preocupações ao nível da segurança nos últimos 12 meses, enquanto que 25 por cento dos repórteres assumiu ter tido experiências negativas relacionadas com o seu trabalho. Por sua vez, 24 por cento dos jornalistas disse ter sido ameaçado pessoalmente.
Por entre factores económicos e políticos, as empresas e os seus profissionais sofrem por diversos motivos. De todos os entrevistados pela FIJ, 37 por cento afirmou que a situação dos media no seu país não melhorou ou manteve-se inalterada no último ano em termos de impunidade. As razões citadas pela falta de desenvolvimentos nesta área prendem-se com a propriedade dos media, as políticas governamentais e as leis. A título de exemplo, no Cambodja metade dos jornalistas disse que a situação dos profissionais está em franco declínio, com figuras políticas ou políticas governamentais a serem os principais responsáveis pela situação. No geral, mais de 30 por cento dos inquiridos afirmaram que, no sudeste asiático, a situação dos media não melhorou.
Contudo, nem todos os resultados são maus. No caso de Timor-Leste, 37 por cento dos jornalistas disse sentir que a situação dos media melhorou devido às políticas governamentais, à ética jornalística e ao profissionalismo.

A culpa é do Governo

A FIJ traça também o cenário do grau de impunidade que existe nestes países no que diz respeito a casos de ataques ou insegurança. Resultados mostram que nos países do sudeste asiático a impunidade está numa média de 7,2 pontos, de zero a dez, sendo que dez representa o nível extremamente mau. “Um terço dos inquiridos, 33 por cento, disse que os esforços do Governo para providenciar protecção suficiente para os seus jornalistas piorou”, lê-se no documento, enquanto que “os inquiridos no Myanmar e Timor-Leste afirmaram que os esforços feitos pelos seus Governos são aceitáveis”.
O relatório da FIJ dá também conta que “as quatro influências negativas mais predominantes para o clima de impunidade no sudeste asiático estão relacionadas com a liderança política, Governo, sistema judicial e ética jornalística”. Enquanto isso, “os jornalistas de países como o Cambodja, Indonésia, Malásia e Tailândia identificaram os seus Governos como os principais responsáveis pela impunidade”.

O caso do Myanmar

O Myanmar tem as suas especificidades no que à situação dos media diz respeito. Mais de 20 por cento dos jornalistas ouvidos pela FIJ dizem fazer a cobertura de assuntos relacionados com os direitos humanos. A Presidente do país, Aung San Suu Kyi, ganhou um Nobel da Paz, mas nem isso fez mudar o panorama de falta de liberdade em que vive o país.
“Com eleições marcadas para 2020, a líder Aung San Suu Kyi não mostrou que a política vai prestar atenção à difícil situação dos media no Myanmar. Apesar da libertação, em Maio, dos dois jornalistas da Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, depois de uma intensa pressão internacional, os media apenas encontraram restrições e obstáculos no último ano”, refere o relatório.
A FIJ defende que o Myanmar, antiga Birmânia, “falhou na criação de um ambiente propício a que os media consigam prosperar, enquanto que o sistema judicial é usado de forma agressiva como arma para prevenir a fiscalização do Governo”.
“A confiança do público nos media está no nível mais baixo numa altura crítica em que as redes sociais estão a emergir na esfera pública, criando um ambiente de divisões e conflitos. Enquanto isso, os media locais enfrentam dificuldades para sobreviver devido à falta de modelos de negócio viáveis”, acrescenta o relatório.
Para a FIJ, a detenção dos dois repórteres da Reuters, que investigavam a situação da minoria rohingya, “representa o teste decisivo para a situação da liberdade de imprensa no Myanmar”. A sua prisão mostra que “o clima de medo e os sinais de alerta dos dois jornalistas da Reuters sem dúvida que contribuem para um ambiente de auto-censura”, acrescenta a FIJ.

“Inimigos de Estado”

No caso das Filipinas, país presidido por Rodrigo Duterte, a situação está longe de ser a ideal. “Não existem dúvidas de que as Filipinas continuam a ser um dos países mais perigosos do mundo para a prática da profissão de jornalista”, diz a FIJ.
A situação de extrema violência contra repórteres foi tema de uma reportagem do canal televisivo Al Jazeera, a 10 de Outubro deste ano, intitulada “A Nova Guerra de Duterte”, e que versava sobre mortes extra-judiciais na ilha de Negros, zona central do país, desde 2018. O relatório da FIJ dá conta que o Governo tem vindo a usar as suas forças de segurança para associar os jornalistas ao movimento comunista.
Exemplo disso foi o facto de, na reportagem da Al Jazeera, ter sido ouvido o Major General Antonio Parlade Jr., chefe das relações civis-militares, que negou envolvimentos com as mortes, apesar de “muitos familiares das vítimas suspeitarem de que as mortes foram levadas a cabo pelas forças de Estado”. Antonio Parlade Jr. afirmou que os relatórios referidos na reportagem não são credíveis porque “os media, especialmente os mais convencionais, estão dominados pelos quadros do Partido Comunista das Filipinas, na imprensa escrita e mesmo na televisão”.
A FIJ frisa que não foram apresentadas provas destas alegações, pelo que “foi feita uma acusação sem fundamento contra os jornalistas filipinos”. “Mas muito antes das declarações de Parlade, já existiam sinais de que as organizações de jornalistas ou repórteres mais críticas estavam na mira das forças de segurança estatais”, acrescenta o relatório.
Outro caso referido diz respeito à detenção da jornalista Maria Ressa, CEO do website informativo Rappler, devido à sua cobertura sobre a guerra travada por Duterte contra traficantes e consumidores de droga. A jornalista, que foi distinguida pela revista Time, foi libertada após pagar caução. O caso levou a uma reacção por parte dos EUA, que apelaram ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”.

Por fazer

Num capítulo com o título “Novo País, Velhos Desafios”, a FIJ retrata Timor-Leste como um país que está numa situação ligeiramente mais favorável face aos seus parceiros na zona do sudeste asiático mas que, ainda assim, há muito para fazer.
“Durante o bloqueio para a restauração da independência, a liderança de então comprometeu-se com a garantia de liberdade de expressão e media livres. Em 2019, o país marcou 20 anos desde que houve o referendo pela independência em relação à Indonésia, depois de 24 anos de ocupação, que traçou um novo caminho para a indústria dos media”, recorda o documento.
Actualmente existem, de acordo com dados de 2017, 50 organizações de media em Timor-Leste, incluindo cinco jornais diários. Apesar do dinamismo do sector, “muitos desafios necessitam de ser superados e muito mais precisa de ser feito para garantir uma genuína liberdade de imprensa em Timor-Leste”. Dois inquéritos realizados no país mostram que 63 por cento dos jornalistas disseram que a situação dos media “melhorou significativamente” nos últimos 12 meses, mas “os baixos salários e as más condições de trabalho são considerados como grandes ameaças à liberdade de imprensa”. Isto de acordo com 41 por cento dos inquiridos, sendo que 20 por cento disse que existem ataques ao jornalismo. Os esforços do Governo “são aceitáveis”, mas é “necessária uma melhoria”.
“Um dos principais problemas que os jornalistas de Timor-Leste continuam a enfrentar é a falta de acesso a informações cruciais ou documentos”, uma vez que o Governo “detém um monopólio de informação e regularmente recusa providenciar documentos aos media”. Grande parte dessa informação está relacionada com empresas que participaram em concursos públicos para projectos promovidos pelo Governo e que fogem ao escrutínio dos media.

27 Nov 2019

Hong Kong | Apenas uma pessoa encontrada em revista à Universidade Politécnica

[dropcap]O[/dropcap]s responsáveis da Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU) declararam hoje que revistaram todo o campus e encontraram apenas uma pessoa ainda entrincheirada, um possível sinal para o fim de dez dias seguidos de cerco ao local.

“Procurámos sistematicamente todo o campus e encontrámos apenas um manifestante no prédio da associação de estudantes”, afirmou à imprensa o vice-presidente da universidade, Wai Ping-kong.

A universidade, localizada na Península de Kowloon, foi palco em 16 e 17 de novembro do mais longo confronto entre polícias e manifestantes radicais desde o início da mobilização pró-democracia em junho.

Centenas de manifestantes deixaram depois a PolyU. Uma grande maioria rendeu-se antes de ser detida pela polícia, enquanto outros conseguiram escapar por meio de cordas ou pelos esgotos. Dezenas de outras pessoas escolheram esconder-se no campus, que foi cercado pela polícia.

De acordo com o vice-presidente da universidade, a única pessoa que ainda está no campus hoje é uma jovem, com mais de 18 anos, que não é estudante da PolyU. Recusando-se a dar mais detalhes, Wai Ping-kong disse que tentou convencê-la a sair.

Sem saber quantos manifestantes ainda estavam entrincheirados, a universidade enviou hoje de manhã equipas para procurá-los. Uma vez revistadas, as portas dos quartos foram seladas.

Questionado sobre uma possível intervenção policial para evacuar o campus, Wai disse que não recebeu nenhuma informação sobre o assunto. Por seu lado, a polícia não quis comentar o assunto.

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, já havia apelado hoje, durante a sua conferência de imprensa semanal, aos manifestantes radicais entrincheirados na PolyU que se rendessem pacificamente à polícia.

Na semana passada, Carrie Lam prometeu que os manifestantes menores de idade que fossem detidos pela polícia não seriam processados, mas seriam iniciadas investigações contra os adultos.

A mobilização começou em junho contra um projeto de lei autorizando a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental.

O texto foi retirado em setembro, mas desde então as exigências aumentaram e os confrontos entre a polícia e os manifestantes tornaram-se cada vez mais violentos.

26 Nov 2019