Pequim ultrapassa Washington no número de cientistas de topo

A China ultrapassou nos últimos anos pela primeira vez os Estados Unidos em número de peritos de alto nível na área da ciência e tecnologia, de acordo com um estudo de uma instituição chinesa.

A análise, elaborada pela unidade de investigação Dongbi, incluiu dados relativos ao período entre 2020 e 2024 e revelou que o número de cientistas de topo na China aumentou, enquanto o número nos Estados Unidos diminuiu.

A equipa responsável pelo relatório recolheu uma amostra de mais de 40.000 artigos científicos altamente citados, publicados entre 2020 e 2024 em 129 revistas académicas internacionais de topo numa série de disciplinas, extraindo depois informações sobre os autores.

Wu Dengsheng, fundador da Dongbi Data e professor na faculdade de administração da Universidade de Shenzhen, disse que a análise mostrou o quanto o sector está a mudar em todo o mundo. “Nos últimos cinco anos, o panorama global do talento científico e tecnológico de alto nível sofreu profundas alterações”, afirmou Wu.

“A China e os EUA estão a dominar de forma consistente, mas com tendências diametralmente opostas”, apontou. A Academia Chinesa de Ciências, a maior organização científica do mundo, com mais de 100 institutos em toda a China, encabeçou a lista com 3.615 cientistas de topo. Este número é muito superior ao da Universidade de Harvard, com 1.683, e ao da Universidade de Stanford, com 1.208.

Mudanças visíveis

As conclusões do relatório, juntamente com os resultados de outras análises semelhantes, apontam para uma mudança na força científica entre os EUA e a China nos últimos anos.

De acordo com um relatório publicado em 2023 pelo Instituto de Informação Científica e Técnica da China, sob a tutela do Ministério da Ciência e Tecnologia, a China contribuiu com quase um terço dos artigos académicos publicados nas revistas internacionais mais influentes em 2022.

Foi a primeira vez que a China ultrapassou os EUA para assegurar a primeira posição a nível mundial. Na última edição da Nature – uma das mais antigas e prestigiadas revistas científicas – publicada a 8 de Janeiro, quase metade dos estudos incluía trabalhos de investigadores de etnia chinesa.

20 Jan 2025

Diplomacia | Trump e Xi falaram ao telefone

Antes da tomada de posse agendada para hoje, os líderes das maiores economias mundiais trocaram impressões por telefone

 

O Presidente eleito dos EUA e o líder chinês, Xi Jinping, falaram na sexta-feira ao telefone, divulgou Pequim, com Donald Trump a garantir trabalho dos dois países para “tornar o mundo mais pacífico e seguro”.

A agência noticiosa AP cita um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, enquanto a agência noticiosa Xinhua escreveu que “o Presidente chinês, Xi Jinping, manteve na sexta-feira uma conversa telefónica com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump”.

A conversa ocorreu três dias antes da tomada de posse de Trump, que confirmou na rede social ‘Truth Social’ ter falado com o líder chinês, referindo que “a chamada foi muito boa tanto para a China como para os EUA”.

Trump revelou que entre os assuntos abordados estiveram o comércio, o opiáceo fentanil e a rede social TikTok, entre outros assuntos. “O Presidente Xi e eu faremos tudo o que for possível para tornar o mundo mais pacífico e seguro”, garantiu.

Sorrisos frágeis

A relação entre Estados Unidos e a China deverá ser um dos principais focos do regresso do republicano à Casa Branca, com tensões entre as duas superpotências em áreas como o comércio, tecnologia e a ilha de Taiwan.

Trump já ameaçou impor tarifas de 60 por cento sobre todas as importações chinesas para os Estados Unidos, mas também elogiou no passado a sua relação com Xi, sugerindo ainda como Pequim poderia ajudar a mediar crises internacionais, como a guerra na Ucrânia.

Em Dezembro, Trump afirmou ao programa “Meet the Press” que tem comunicado com Xi desde que ganhou as eleições. Nessa entrevista, Trump disse ter “uma relação muito boa” com o líder chinês, garantindo que Taiwan ficou fora dessas conversas. Na segunda-feira, a China será representada na tomada de posse não por Xi, mas pelo vice-presidente Han Zheng.

Han Zheng na tomada de posse

A China anunciou sexta-feira que o líder chinês, Xi Jinping, decidiu enviar o vice-presidente, Han Zheng, para assistir à tomada de posse de Donald Trump. O presidente eleito dos Estados Unidos, que vai cumprir um segundo mandato, vai tomar posse hoje em Washington. A equipa de transição de Donald Trump anunciou em Dezembro que o republicano quebrou a tradição ao convidar o Presidente do país asiático e outros líderes mundiais para a cerimónia.

Han participa na investidura como “representante especial” de Xi Jinping, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “A China adopta os princípios do respeito mútuo, da coexistência pacífica e da cooperação vantajosa para todos ao rever e desenvolver as suas relações com os Estados Unidos”, afirmou, em comunicado, a diplomacia chinesa. “Estamos prontos a trabalhar com a nova administração norte-americana para melhorar o diálogo e a comunicação”, acrescentou.

Pequim, lê-se ainda na nota, quer “prosseguir conjuntamente relações estáveis, saudáveis e sustentáveis entre a China e os Estados Unidos e encontrar o caminho certo para que os dois países se entendam”.

20 Jan 2025

Sinopec | Maior investimento directo estrangeiro na história do Sri Lanka

O Sri Lanka anunciou ontem o maior acordo de investimento directo estrangeiro da sua história com o ‘gigante’ petrolífero chinês Sinopec, no âmbito de um projecto de refinaria.

A Sinopec comprometeu-se a investir 3,7 mil milhões de dólares para construir uma “refinaria de petróleo de última geração” na região de Hambantota, no sul do Sri Lanka, segundo o gabinete de imprensa da presidência do país insular situado no Oceano Índico.

“Durante a visita de Estado de quatro dias do Presidente Anura Kumara Dissanayake à China, o Sri Lanka deu um passo importante ao obter o maior investimento directo estrangeiro até à data”, disse a mesma fonte.

Uma “parte substancial” da produção da refinaria vai ser reservada à exportação para apoiar as receitas em divisas do Sri Lanka, acrescentou o comunicado. “Este grande investimento da China deverá apoiar o crescimento económico do Sri Lanka” e melhorar o nível de vida na região de Hambantota, afirmou a presidência.

Em Dezembro de 2017, incapaz de pagar um enorme empréstimo de Pequim, o Sri Lanka vendeu o seu porto de Hambantota, no sul da ilha, a uma empresa chinesa através de um contrato de arrendamento de 99 anos por 1,12 mil milhões de dólares.

Colombo não pagou a sua dívida de 46 mil milhões de dólares durante um grande colapso económico em 2022. O país ficou sem divisas, o que levou à escassez de alimentos, combustível e medicamentos para a sua população. Na altura, a China era responsável por mais de metade da dívida externa total do Sri Lanka.

Na quarta-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, declarou que as relações entre a China e o Sri Lanka têm agora uma “oportunidade histórica” para desenvolver os seus laços.

16 Jan 2025

Diplomacia | Xi e príncipe Albert II do Mónaco trocam felicitações

O Presidente chinês Xi Jinping e o príncipe Albert II de Mônaco trocaram esta quinta-feira mensagens de congratulações em comemoração do 30.º aniversário do estabelecimento de laços diplomáticos entre a China e o Mónaco.

Na sua mensagem, Xi disse que os últimos 30 anos testemunharam um tremendo desenvolvimento das relações entre os dois países, caracterizado por sinceridade, cordialidade, igualdade, confiança política mútua e aprofundamento consistente de sua amizade tradicional, indica a Xinhua. Xi afirmou que atribui grande importância ao desenvolvimento dos laços bilaterais e que está disposto a trabalhar com o príncipe Albert II para promover um maior progresso nas relações bilaterais e maiores benefícios para os povos das duas nações, aproveitando o 30.º aniversário dos laços diplomáticos entre a China e Mónaco como um novo ponto de partida.

Já o príncipe Albert II afirmou que, independentemente das diferenças de tamanho, cultura e condições nacionais entre o Mónaco e a China, os dois países sempre insistiram no respeito mútuo com uma cooperação bilateral frutífera em sectores como a protecção ambiental, marinha, economia e comércio, além da cultura, entre outras áreas.

16 Jan 2025

Médio Oriente | Pequim saúda acordo de cessar-fogo em Gaza

As autoridades chinesas aplaudiram o acordo anunciado esta quarta-feira e pedem a sua aplicação efectiva e permanente

 

A China saudou ontem o acordo entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo em Gaza, apelando à sua aplicação efectiva, enquanto o Governo israelita ainda não deu luz verde final.

“A China saúda o acordo de troca entre um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza, manifestando a esperança de que este acordo seja aplicado de forma efectiva e que abra caminho a um cessar-fogo completo e permanente”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

Após mais de um ano de impasse, as negociações aceleraram-se na véspera da saída da Casa Branca do Presidente Joe Biden, que será substituído por Donald Trump, na segunda-feira.

Estas conversações culminaram na quarta-feira com a formalização de um acordo em três fases que prevê uma trégua a partir de domingo, a libertação de 33 reféns israelitas em troca de mil prisioneiros palestinianos e um aumento da ajuda humanitária.

“Esperamos sinceramente que as partes envolvidas aproveitem a oportunidade oferecida pelo cessar-fogo em Gaza para promover o abrandamento das tensões na região”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa. Pequim “continuará a prestar assistência humanitária a Gaza, enquanto trabalha activamente na reconstrução pós-conflito”, acrescentou Guo.

Água mole

Desde o início da guerra, a diplomacia chinesa tem apelado repetidamente a um cessar-fogo e à protecção dos civis. A China, que apoia a adesão da Palestina à ONU, procurou também desempenhar um papel de mediação, tendo acolhido, em Julho passado, conversações entre várias facções palestinianas, incluindo o Hamas e a Fatah.

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza seguiu-se a um ataque do Hamas, a 7 de Outubro de 2023, que causou a morte de 1.210 pessoas, na sua maioria civis.

Desde então, a resposta israelita devastou uma grande parte da Faixa de Gaza, causando a morte a pelo menos 46.707 pessoas, também maioritariamente civis, com uma alta percentagem de mulheres e crianças, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, considerados fiáveis pelas Nações Unidas.

16 Jan 2025

Indonésia | Xanana Gusmão quer negociações de fronteiras marítimas este ano

O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse ontem que pretende iniciar ainda este ano a discussão das fronteiras marítimas com a Indonésia.

“Estamos à espera de confirmação. Houve já troca de correspondência. Eles já aceitaram e nós dissemos, que se fosse possível, podia ser já em Fevereiro”, afirmou Xanana Gusmão, quando questionado pela Lusa sobre o início das negociações das fronteiras marítimas.

O primeiro-ministro explicou que indicou o mês de Fevereiro para salientar que “quanto mais rapidamente melhor”, mas que as negociações têm de começar este ano. “Quanto mais cedo resolvermos a fronteira marítima com a Indonésia, mais capacidade temos de controlar os nossos mares e não permitir mais pesca ilegal”, disse Xanana Gusmão.

Timor-Leste perde anualmente milhares de toneladas de peixe devido à pesca ilegal no país. Segundo o Gabinete das Fronteiras Marítimas e Terrestre, os líderes timorenses e indonésios iniciaram em 2015 as conversações para delimitar as fronteiras marítimas com base no direito internacional.

As reuniões técnicas preliminares entre os dois países começaram em 2018, mas foram dificultadas devido à pandemia da covid-19. A Indonésia, com mais de 17 mil ilhas, partilha fronteiras marítimas com 10 países.

16 Jan 2025

Timor-Leste | Eleições municipais poderão começar a partir de 2027

O primeiro-ministro timorense disse ontem que foi aprovado o calendário para estabelecer o poder local no país e que as eleições municipais devem realizar-se a partir de 2027, mas apenas nos municípios que estiverem preparados.

“O Conselho de Ministros aprovou ontem [quarta-feira] uma resolução que estabelece um calendário para a preparação das eleições para as autoridades locais”, afirmou Xanana Gusmão aos jornalistas no final do encontro semanal com o Presidente timorense, José Ramos-Horta.

O chefe do executivo timorense explicou que as eleições municipais não serão feitas ao mesmo tempo em todos os municípios, mas apenas naqueles que possuem “estrutura com capacidade técnica e conhecimento adequado para cumprir correctamente as regras”.

Xanana Gusmão disse que em Março vai iniciar visitas aos municípios do país para começar a fazer uma análise sobre quais estão preparados. “O Governo pretende realizar entre 2025 e 2026 uma preparação cuidadosa para que em 2027 se possa iniciar a realização das eleições para as autoridades locais em algumas localidades. Este processo vai continuar em 2028”, salientou o primeiro-ministro.

O Conselho de Ministros aprovou quarta-feira uma resolução apresentada pelo ministro da Administração Estatal, Tomás Cabral, para a execução da “Estratégia de Descentralização Administrativa e de Instalação dos Órgãos Representativos do Poder Local 2025-2028”.

A resolução estabelece planos anuais, para este ano e até 2028, que “incluem a instalação de serviços de Balcão Único em todo o território nacional, o fortalecimento institucional das autoridades municipais, a regulamentação das leis relacionadas com o poder local e a actualização da base de dados do recenseamento eleitoral”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.

16 Jan 2025

Seul | Presidente deposto recusa novo interrogatório

Depois de ser detido e de recusar responder durante horas às perguntas do interrogatório levado a cabo pelo Gabinete de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários, os advogados de Yoon Suk-yeol alegam agora que este está doente

 

O presidente deposto sul-coreano mantém o silêncio e recusou-se ontem a participar num novo interrogatório, um dia após ter sido detido na residência presidencial, anunciou o advogado de Yoon Suk-yeol.

O líder, que se tornou o primeiro chefe de Estado sul-coreano em funções a ser detido, deverá também faltar hoje a uma audiência no Tribunal Constitucional no âmbito do processo de destituição, na sequência da declaração de lei marcial, em Dezembro, escreveu a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap.

Depois de uma tentativa falhada de deter Yoon, no início do mês, o Gabinete de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários (CIO) e agentes da polícia conseguiram, na madrugada de quarta-feira, entrar na residência, num bairro nobre de Seul, onde o antigo procurador-geral se encontrava escondido há semanas.

Destituído pela Assembleia Nacional e investigado por rebelião, um crime punível com a pena de morte, Yoon foi interrogado durante horas na quarta-feira, mas manteve-se em silêncio, antes de ser transferido para um centro de detenção.

Os investigadores do CIO deveriam retomar o interrogatório onetm às 14:00 locais, mas o advogado de Yoon disse que este se encontra doente, noticiou a Yonhap.

“O presidente Yoon não está bem e explicou de forma completa a sua posição ontem [quarta-feira], pelo que já não há razão para o interrogar”, notou o advogado Yun Gap-geun à Yonhap, numa aparente referência à decisão, nesse dia, de não responder a perguntas.

As autoridades estão a tentar obter um novo mandado de detenção que permita manter Yoon sob custódia por mais de 48 horas. Os advogados do presidente deposto, por outro lado, pediram uma revisão do mandado, porque Yoon considera que agiu em conformidade com a lei e que o processo que lhe foi instaurado “é ilegal”.

Susto nacional

A detenção do líder conservador, eleito em 2022, foi saudada pela oposição. É “o primeiro passo para o regresso à ordem”, afirmou na quarta-feira Park Chan-dae, líder dos deputados do Partido Democrático, a principal força da oposição.

O presidente surpreendeu o país a 3 de Dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das “forças comunistas norte-coreanas” e de “eliminar elementos hostis ao Estado”.

No entanto, a Assembleia Nacional frustrou os planos presidenciais ao votar a favor do levantamento do estado de emergência. Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes pró-democracia, Yoon foi obrigado a revogar a decisão.

A 14 de Dezembro, o parlamento aprovou a destituição de Yoon, sendo que o Tribunal Constitucional tem até meados de Junho para confirmar ou anular a moção adoptada pelos deputados. Numa mensagem de vídeo gravada antes de as forças da ordem invadirem a residência presidencial, na quarta-feira, Yoon disse que concordou submeter-se ao interrogatório “para evitar qualquer infeliz derramamento de sangue”.

16 Jan 2025

Comércio | EUA acusados de violar regras ao vetar veículos conectados chineses

A China afirmou ontem que o veto dos Estados Unidos à importação e venda de automóveis conectados e respectivos componentes provenientes da China e da Rússia “constitui uma violação da economia de mercado” e do “princípio da concorrência leal”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, afirmou em conferência de imprensa que a decisão de Washington “não tem qualquer base factual”, classificando-a como “puro proteccionismo”.

Guo Jiakun exortou os Estados Unidos a “pôr termo à prática incorrecta de generalizar a segurança nacional e à repressão irrazoável das empresas chinesas”. “A China tomará as medidas necessárias para proteger firmemente os seus direitos e interesses legítimos”, acrescentou o porta-voz.

A Casa Branca afirmou que o Departamento de Comércio emitiu os regulamentos finais “que irão proibir a venda e importação de componentes e sistemas informáticos de veículos conectados, bem como veículos completos da China e da Rússia”.

A administração do Presidente cessante dos EUA, Joe Biden, justificou a medida porque “a presença nas cadeias de abastecimento de adversários estrangeiros” significa que os sistemas e componentes destes veículos representam uma “ameaça significativa para a maioria dos carros que circulam atualmente na estrada”. A proibição afecta igualmente os sistemas de condução autónoma.

15 Jan 2025

Alibaba | Empresas chinesas enfrentam ambiente geopolítico mais hostil das últimas décadas

O co-fundador e presidente do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba, Joe Tsai, advertiu ontem, em Hong Kong, que as empresas chinesas enfrentam o ambiente geopolítico mais adverso das últimas décadas.

“É definitivamente o ambiente geopolítico mais hostil que alguma vez enfrentámos. Como empresa chinesa, se quisermos fazer negócios nos Estados Unidos, vamos ser afectados por tudo, incluindo o agravar das taxas alfandegárias”, afirmou Tsai num fórum financeiro em Hong Kong e citado pelo jornal da região semiautónoma South China Morning Post.

Segundo o empresário, isto deve-se ao facto de os norte-americanos considerarem que os fabricantes e exportadores chineses são demasiado fortes e vendem demasiados produtos.

“Quero lembrar ao Governo dos EUA que, enquanto plataforma, vendemos também para os consumidores chineses. Todos os anos, vendemos cerca de 50 mil milhões de dólares de produtos norte-americanos aos consumidores chineses. Na verdade, estamos a ajudar a reduzir o défice comercial dos EUA”, afirmou.

Perante a situação actual, o segundo maior accionista individual da empresa – apenas atrás do fundador, Jack Ma – garantiu que os administradores das empresas chinesas devem “identificar os riscos, proteger a empresa e diferenciá-la das que são mais vulneráveis”.

Washington investigou, em 2022, o negócio de computação em nuvem da Alibaba para determinar se representava um risco para a sua segurança nacional. A empresa tecnológica é uma das muitas empresas do sector afectadas pelos controlos norte-americanos sobre a exportação de semicondutores avançados.

Tanto as autoridades como as empresas chinesas estão a preparar-se para o regresso, a partir da próxima semana, do republicano Donald Trump à Casa Branca, que no primeiro mandato (2017-2021) lançou uma guerra comercial contra o país asiático e prometeu novas taxas alfandegárias de até 60 por cento sobre as importações oriundas da segunda maior economia do mundo.

15 Jan 2025

Impostas sanções a sete empresas norte-americanas por venda de armas a Taiwan

A China acrescentou ontem sete empresas norte-americanas à lista de entidades não fiáveis por terem vendido armas a Taiwan, uma medida decretada a menos de uma semana do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tomar posse.

As empresas afectadas são a Inter-Coastal Electronics, System Studies and Simulation, IronMountain Solutions, Applied Technologies Group, Axient, Anduril Industries e Maritime Tactical Systems, que serão proibidas de qualquer actividade de importação ou exportação de ou para o país asiático, informou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado.

Estas empresas não serão autorizadas a efectuar novos investimentos na China e os seus gestores estão proibidos de entrar no país.

As medidas anunciadas pelo ministério entraram ontem em vigor. O Ministério do Comércio acusou estas empresas de se envolverem na venda de armas a Taiwan “apesar da forte oposição” de Pequim, o que “prejudica seriamente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento” da China.

“As entidades estrangeiras que são honestas e cumpridoras da lei não devem estar preocupadas de todo”, afirmou o ministério, acrescentando que o “Governo chinês, como sempre, dá as boas-vindas às empresas de todo o mundo para investirem e prosperarem na China”.

Olhos no ocidente

As sanções foram anunciadas no mesmo dia em que dois veículos aéreos não tripulados militares chineses circulavam em torno de Taiwan, informou o Ministério da Defesa Nacional da ilha.

De acordo com o último relatório diário da agência, 24 aviões chineses, incluindo caças e bombardeiros, sobrevoaram as imediações de Taiwan entre terça e quarta-feira, 21 dos quais atravessaram a linha do Estreito e entraram nas regiões norte, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan, mas não penetraram no espaço aéreo de Taipé.

As autoridades da ilha estão a acompanhar de perto a política da administração norte-americana em relação à China após 20 de Janeiro.

Apesar de ter reforçado a assistência militar a Taipé no seu primeiro mandato, Donald Trump teceu várias críticas a Taiwan durante a sua última campanha eleitoral, garantindo que a ilha “roubou” a indústria norte-americana de semicondutores e que deveria pagar a Washington pela sua defesa.

15 Jan 2025

UE | António Costa fala com Xi Jinping sobre questões comerciais e económicas

Em conversa telefónica, o presidente do Conselho Europeu e o líder chinês abordaram as relações comerciais e económicas entre a União Europeia e a China, numa tentativa de melhorar a cooperação entre os dois lados

 

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, alertou na terça-feira o Presidente da China, Xi Jinping, que é necessário “rebalancear os desequilíbrios comerciais e económicos existentes” entre Pequim e o bloco comunitário.

Numa conversa telefónica com Xi Jinping, ambos concordaram que a “cooperação é preferível à competição”, segundo fonte europeia. Costa e Xi disseram que é necessário encontrar uma resolução com “benefícios mútuos” para a disputa sobre os veículos eléctricos.

A Comissão Europeia decidiu colocar impostos adicionais sobre os veículos eléctricos chineses, depois de uma investigação feita pelo próprio executivo comunitário concluir que Pequim estava a ajudar as empresas, levando a que o preço destes automóveis fosse mais baixo do que deveria ser. A decisão foi encarada com anti-concorrencial.

O presidente do Conselho Europeu disse ao Presidente da China que é importante “trabalhar em conjunto para resolver os problemas globais, em particular as alterações climáticas”. Os dois concordaram que uma cooperação mais estreita entre Pequim e os 27 países da União “era um sinal positivo para a paz mundial”. A divergência entre os dois polos surgiu em relação à Ucrânia, que em Fevereiro de 2022 foi alvo de uma invasão russa.

Durante a conversa, António Costa alertou que nenhum país devia auxiliar a Rússia no conflito, muito menos ajudar Moscovo a contornar as restrições impostas pela União Europeia (UE). Xi Jinping lembrou que a Rússia é um antigo aliado de Pequim, mas disse que era necessário alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia.

Novos desafios

Para este ano está também prevista uma cimeira UE – China, por ocasião do 50.º aniversário das relações diplomáticas entre o bloco comunitário e Pequim. Ainda não há data concreta para a realização da cimeira.

A última cimeira foi em Dezembro de 2023, em Pequim, e foi a primeira reunião presencial desde 2019. A pandemia de covid-19 impediu a concretização de outros encontros presenciais.

Já na altura o então presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que, em conjunto com Xi Jinping, o bloco dos 27 e Pequim tinham concordado em respeitar o direito internacional e cooperar para resolver os desafios globais.

Paz duradoura

O presidente do Conselho Europeu alertou o Presidente da China que a paz na Ucrânia tem de ser “compreensiva, justa e duradoura” ao anunciar uma cimeira em Bruxelas para abordar as relações entre Pequim e o bloco comunitário.

“Expressei que a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia ameaça a paz global. E enfatizei a necessidade de uma paz compreensiva, justa e duradoura”, escreveu António Costa, na rede social X, na tarde de terça-feira. Depois de uma conversa telefónica com o Presidente da China, Xi Jinping, António Costa anunciou também uma cimeira em Bruxelas este ano, ainda sem uma data concreta.

15 Jan 2025

WAPCo fica responsável pela segurança das instalações petrolíferas em África

O Níger e a empresa chinesa WAPCo assinaram na terça-feira, em Niamey, acordos de “segurança das operações” e das “instalações petrolíferas”, que incluem o gigantesco oleoduto que transporta petróleo bruto para o vizinho Benim.

“Os acordos-quadro e de aplicação com a WAPCo (West African Oil Pipeline Company) relativos à segurança das operações e das instalações petrolíferas foram assinados numa cerimónia presidida pelo secretário-geral do Ministério da Defesa do Níger, o brigadeiro-general Sani Kaché, e por um representante da WAPCo”, declarou o ministério em comunicado.

O ministério anunciou um compromisso mútuo, sem dar mais pormenores. De acordo com o Ministério do Petróleo do Níger, a China propôs recentemente a utilização de drones para monitorizar o oleoduto de 2.000 quilómetros que transporta petróleo bruto de Agadem, no nordeste do Níger, para o porto beninense de Sèmè-Kpodji.

Desde o ano passado, o oleoduto tem sido alvo de uma série de ataques nos dois países que atravessa.

A última sabotagem ocorreu sábado, no Níger, perto de Mounstéka, por assaltantes que depois “se retiraram para sul, em direcção à Nigéria”, segundo o mais recente boletim de operações do exército nigerino, que não dá pormenores sobre os danos.

Dedo apontado

No início de Dezembro, no Benim, três soldados responsáveis pela vigilância do oleoduto foram mortos em Malanville num ataque de “homens armados”.

O primeiro ataque contra o gasoduto foi reivindicado em Junho de 2024, na região de Zinder, por um grupo armado que exigia o regresso ao poder de Mohamed Bazoum, o Presidente derrubado em julho de 2023 pelo actual regime militar.

Posteriormente, a China National Petroleum Corporation (CNPC), uma empresa petrolífera estatal chinesa da qual a WAPCo é uma filial, suspendeu os seus projectos de construção em Agadem. No comunicado de imprensa do Ministério da Defesa, o Níger afirma também que “concluiu com êxito a venda do seu petróleo bruto” pelo Benim em 2024.

As relações entre este país governado por uma junta militar e o Benim têm sido tumultuosas. O Níger mantém a sua fronteira com o Benim fechada e acusou-o várias vezes de servir de base de retaguarda para “terroristas” e de procurar desestabilizar o país.

Este petróleo é essencial para as economias dos dois países, que trabalham com a CNPC. A China extrai petróleo do Níger desde 2011.

15 Jan 2025

Arqueologia | Destilação de bebidas alcoólicas tem mais de 3000 anos

A descoberta de um líquido num recipiente de bronze da Dinastia Shang, nas Ruínas de Daxinzhuang, permitiu aos investigadores detectar a presença de etanol, identificando o conteúdo como licor destilado

 

Uma equipa de investigadores chineses confirmou que a produção de bebidas destiladas no país remonta ao final da Dinastia Shang (1600 a.C.-1046 a.C.), o que antecipa a origem conhecida desta tecnologia em mais de mil anos.

A conclusão surge de uma análise a um líquido encontrado num recipiente de bronze descoberto em 2010 nas Ruínas de Daxinzhuang, em Jinan, capital da província de Shandong, no leste da China, adiantou na terça-feira a agência de notícias estatal Xinhua.

O recipiente, selado pela ferrugem há mais de uma década, foi recentemente aberto a estudos. Uma amostra do líquido foi analisada no Laboratório Conjunto Internacional para Investigação Arqueológica Ambiental e Social da Universidade de Shandong, onde foi confirmada a presença de etanol, identificando o conteúdo como licor destilado.

Esta descoberta destaca-se por ser a mais antiga do género no contexto chinês. De acordo com Wu Meng, investigador associado do laboratório que liderou o estudo, o vinho de fruta e o vinho de arroz produzidos por fermentação sem destilação contêm açúcar e proteína, bem como etanol.

“No entanto, o líquido encontrado desta vez não contém açúcar nem proteína, confirmando que se trata de uma bebida destilada”, explicou Wu. O especialista salientou ainda que “a origem do licor destilado na China sempre foi um tema importante no estudo da história da ciência, tecnologia e cultura do vinho no país”.

Para além do valor arqueológico, esta descoberta destaca o avanço tecnológico e cultural da Dinastia Shang, também conhecida pelos seus contributos para a metalurgia e a escrita.

Os investigadores enfatizaram a relevância destas descobertas para a compreensão da evolução histórica da ciência, tecnologia e cultura do vinho na China.

Paraíso arqueólogo

As Ruínas de Daxinzhuang, onde a descoberta foi feita, são um local importante para o estudo da civilização Shang, com múltiplas descobertas que lançam luz sobre a sua complexa organização social e económica.

No final de 2023, outra equipa de arqueólogos encontrou uma garrafa com mais de 7000 anos no sítio de Peiligang, na província de Henan, a mais antiga do género na China, ligada à cultura Yangshao, conhecida pelo seu desenvolvimento inicial no curso médio do Rio Amarelo.

Os especialistas sugerem que a garrafa pode ter sido utilizada para fermentar bebidas, o que fornece provas do conhecimento das técnicas de fermentação naquela época e enriquece o estudo da origem da civilização agrícola chinesa.

15 Jan 2025

Índia | Detidos 49 homens acusados de abusar sexualmente de adolescente

A polícia indiana deteve 49 homens suspeitos de abusar sexualmente de uma adolescente ao longo de vários anos no sul do país, declarou ontem a polícia local.

A jovem vítima pertence à comunidade dalit, anteriormente conhecida como “intocáveis”, que são particularmente alvo de violência sexual num país que regista uma elevada taxa de crimes contra as mulheres.

A vítima, agora com 18 anos e cuja identidade não foi revelada, disse que foi abusada sexualmente desde os 13 anos por cerca de 60 homens, no estado de Kerala.

Um total de “49 pessoas foram detidas”, confirmou Nandakumar S., um oficial responsável da polícia no distrito de Pathanamthitta, no sul de Kerala. Os homens detidos eram conhecidos da vítima, incluindo vizinhos e amigos da família.

“A família, no entanto, não estava consciente do pesadelo [vivido] pela sua filha”, disse à agência de notícias AFP Rajeev N., advogado que dirige o comité distrital de protecção de menores. A jovem “está a ser mantida afastada dos meios de comunicação e só a polícia a visita para registar as suas declarações”, acrescentou Rajeev N.

O jornal Indian Express noticiou esta semana que um dos acusados teria chantageado a vítima com um vídeo que tinha gravado das “suas relações sexuais”. Após esta chantagem, vários dos seus amigos agrediram a jovem sexualmente. De acordo com a investigação, a vítima foi violada colectivamente pelo menos cinco vezes, incluindo uma vez num hospital local.

Cerca de 90 violações foram registadas todos os dias em 2022 no país mais populoso do mundo, com 1,4 mil milhões de pessoas, mas muitas agressões deste tipo ainda não são denunciadas. Esta semana, um tribunal da cidade de Calcutá deverá dar o seu veredicto contra um homem acusado de violar e matar uma médica de 31 anos em Agosto.

A descoberta do seu corpo ensanguentado num hospital público em Calcutá desencadeou uma grande comoção em todo o país, incluindo greves de equipas médicas e grandes manifestações contra a violência contra as mulheres no país.

15 Jan 2025

Timor-Leste | Novo presidente da federação de futebol quer reactivar campeonato

O empresário timorense e recém-eleito presidente da Federação de Futebol de Timor-Leste (FFTL), Nilton Gusmão, disse ontem à Lusa que pretende reactivar o campeonato nacional, parado há mais de três anos.

“A minha principal missão será focar-me na reactivação da nossa liga de futebol, que está parada há mais de três anos. A nossa liga precisa de ser reestruturada e revitalizada para garantir que o futebol em Timor-Leste tenha a energia, a organização e o dinamismo necessários para crescer e conquistar o seu lugar de destaque”, disse Nilton Gusmão.

O empresário foi eleito no sábado presidente da Federação de Futebol de Timor-Leste, substituindo no cargo o actual chefe das Forças Armadas timorense, Falur Rate Laek, que assumiu o cargo interinamente.

O novo presidente reconheceu que a FFTL precisa de realizar o campeonato para formar uma selecção nacional, que possa contribuir para o desenvolvimento do futebol timorense. “É importante começar a organizar a liga”, incluindo a criação de uma estrutura definitiva, explicou Nilton Gusmão.

O presidente reconheceu que a Liga Futebol de Timor-Leste está a um nível “muito fraco” e que durante o seu mandato pretende também apostar na formação dos jogadores, salientando a importância do apoio do Governo para o desenvolvimento do futebol.

15 Jan 2025

Seul | Yoon mantém-se em silêncio sob custódia policial

O líder deposto da Coreia do Sul foi finalmente detido, após uma primeira tentativa falhada. Yoon Suk-yeol exerce o direito de se manter em silêncio

 

O presidente deposto da Coreia do Sul Yoon Suk-yeol detido ontem para prestar declarações sobre a imposição de lei marcial em Dezembro, optou por manter-se em silêncio, afirmaram os investigadores.

Yoon, o primeiro chefe de Estado sul-coreano em exercício a ser detido, está “a exercer o seu direito de permanecer em silêncio”, disse à imprensa um responsável do Gabinete de Investigação da Corrupção (CIO).

A equipa que está a investigar Yoon executou o mandado de detenção contra o presidente às 10:33, declarou pouco depois o CIO, em comunicado.

Após uma primeira tentativa falhada de deter Yoon, no início de Janeiro, agentes do CIO e da polícia chegaram ontem em grande número, antes de amanhecer, à residência presidencial, num bairro nobre de Seul, onde o antigo procurador permanecia sem sair há semanas.

Numa mensagem de vídeo gravada antes de as forças da ordem invadirem a residência presidencial esta manhã, Yoon disse que concordou submeter-se ao interrogatório “para evitar qualquer infeliz derramamento de sangue”. “Decidi responder ao Gabinete de Investigação de Corrupção”, anunciou Yoon, acrescentando que não reconhece a legalidade da investigação.

Caso único

O presidente deposto, que está a ser investigado por rebelião, na sequência da declaração de lei marcial em 03 de Dezembro, é o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser detido.

Suspenso pelos deputados e objecto de investigação por rebelião, o líder conservador tem-se recusado desde o início a prestar declarações sobre a imposição da lei marcial, o que levou os procuradores a emitirem um mandado de detenção.

Yoon pode permanecer sob custódia policial durante 48 horas, ao abrigo do actual mandado. Os investigadores terão de solicitar um novo mandado para prolongar a detenção.

O presidente surpreendeu o país em 03 de Dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das “forças comunistas norte-coreanas” e de “eliminar elementos hostis ao Estado”.

No entanto, a Assembleia Nacional frustrou os planos presidenciais ao votar a favor do levantamento do estado de emergência. Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes pró-democracia, Yoon foi obrigado a revogar a decisão.

Em 03 de Janeiro, os serviços de segurança presidencial, responsáveis pela proteção do chefe de Estado, bloquearam uma primeira tentativa do COI de executar o mandado de detenção. Na segunda incursão, ontem, as autoridades avisaram que deteriam qualquer pessoa que impedisse a detenção.

15 Jan 2025

UE necessita de dois milhões de peritos em tecnologia até 2050

O presidente da Academia Europeia de Ciências, o português Rodrigo Martins, disse à Lusa que a UE vai precisar de formar ou atrair mais dois milhões de especialistas em novas tecnologias emergentes até 2050.

“Nós [a União Europeia (UE)] vamos precisar de talentos para estas novas tecnologias emergentes”, disse Martins, um especialista em nanotecnologia e microelectrónica.

O investigador recordou que o bloco europeu implementou desde 2023 várias agendas, incluindo na promoção dos semicondutores e na criação de uma cadeia de abastecimento sustentável e viável de materiais considerados vitais, como o lítio.

Em Setembro de 2023, entrou em vigor o regulamento europeu para impulsionar o setor dos semicondutores, o qual visa garantir a segurança do aprovisionamento e reforçar o investimento, num apoio de 3,3 mil milhões de euros em fundos comunitários.

Um dos principais âmbitos da nova lei europeia visa a transferência de conhecimentos dos laboratórios para as fábricas, colmatando o fosso entre a investigação e a inovação e as actividades industriais e promovendo a exploração industrial de tecnologias inovadoras pelas empresas europeias.

Semicondutores são a designação corrente para os circuitos integrados que permitem que os dispositivos eletrónicos – sejam telemóveis, micro-ondas ou elevadores – processem, armazenem e transmitam dados.

“Precisamos, no mínimo, de cerca de 300 mil novas pessoas nestas áreas, até 2030, e até 2050, mais dois milhões”, disse Martins. “E nós não temos essas pessoas. Onde é que as vamos encontrar? É na China, não estou a ver outra hipótese”, referiu o investigador em Macau.

A tal ponte

Para Martins, que lidera a Academia Europeia de Ciências desde 2018, “a ideia é ver se se faz uma melhor aproximação e talvez Macau seja a melhor ponte para se ligar a China com a Europa”. “Directamente é muito difícil”, lamentou o investigador, numa referência às tensões geopolíticas e comerciais entre Pequim e a União Europeia.

Martins falava à margem de uma conferência na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, onde discursou sobre materiais impressos sustentáveis para aplicação em electrónica. Na mesma conferência também falou a mulher, a antiga ministra portuguesa da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato (2022-2024). O casal é conhecido por ter inventado em 2008, com colegas, o chamado “papel electrónico”, o primeiro transístor feito de papel.

15 Jan 2025

Filipinas queixam-se de acções de Pequim no Mar do Sul

Um responsável pela segurança das Filipinas disse ontem que Pequim está a empurrar o seu país “contra a parede”, no disputado Mar do Sul da China, e avisou que “todas as opções estão em cima da mesa” para Manila.

Um grande navio da guarda costeira chinesa patrulhou ontem o disputado recife de Scarborough e navegou a seguir em direcção à costa noroeste das Filipinas, chegando a aproximar-se 77 milhas náuticas, disseram as autoridades filipinas, em conferência de imprensa.

“A presença do navio em águas filipinas (…) a 77 milhas náuticas da nossa costa, é inaceitável e, por conseguinte, deve ser retirado imediatamente pelo Governo chinês”, disse Jonathan Malaya, director-geral adjunto do Conselho de Segurança Nacional, na conferência de imprensa, juntamente com altos funcionários militares e da guarda costeira.

“Estão a empurrar-nos contra a parede”, disse Malaya sobre a China.

Dois navios da guarda costeira filipina, apoiados por um pequeno avião de vigilância, ordenaram repetidamente ao navio da guarda costeira chinesa de 165 metros que se retirasse da zona económica exclusiva das Filipinas, uma extensão de água de 200 milhas náuticas, disse o Comodoro Jay Tarriela, da guarda costeira filipina.

“O que estamos a fazer é, hora a hora e dia a dia, desafiar a presença ilegal da guarda costeira chinesa para que a comunidade internacional saiba que não vamos permitir que a China normalize a sua presença ilegal”, disse.

Não houve comentários imediatos das autoridades chinesas. No passado, as autoridades chinesas acusaram repetidamente as Filipinas e outros Estados rivais, incluindo o Vietname e a Malásia, de invadirem o que dizem ser águas territoriais chinesas “incontestadas”.

A escaldar

Sob a presidência de Ferdinand Marcos Jr., que tomou posse em meados de 2022, as Filipinas defenderam assertivamente os seus interesses territoriais no Mar do Sul da China, uma importante via comercial.

Este facto tem levado as forças filipinas a confrontos frequentes com a guarda costeira e a marinha da China, e tem provocado receios de que um conflito armado de maiores dimensões possa atrair os Estados Unidos, o aliado de longa data das Filipinas e rival regional da China.

A China cercou o recife de Scarborough com a sua guarda costeira e outros navios após um tenso impasse territorial com as Filipinas em 2012. As Filipinas responderam com um processo contra a China no tribunal internacional de Haia, em 2013.

O painel de arbitragem em Haia invalidou as reivindicações expansivas da China na passagem marítima movimentada ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982.

A China rejeitou a decisão da arbitragem de 2016 e continua a desafiá-la abertamente. Após a arbitragem, a China advertiu as Filipinas de que não deveriam iniciar outro processo judicial num fórum internacional, preferindo negociações bilaterais.

Os dois países têm também discutido os seus conflitos territoriais no âmbito de um mecanismo de consulta bilateral para evitar uma escalada das disputas. A próxima ronda de conversações será organizada pela China, disse o funcionário.

15 Jan 2025

Mar do Japão | Coreia do Norte dispara projéctil não identificado

A Coreia do Norte disparou ontem um projéctil não identificado para o mar do Japão, declarou o exército sul-coreano, uma semana depois de Pyongyang anunciar ter testado um novo “míssil hipersónico”.

“A Coreia do Norte lançou um projéctil não identificado na direcção do mar do Leste”, indicou o Estado-Maior sul-coreano, que tem uma designação própria para o mar do Japão. O lançamento ocorre uma semana depois de Pyongyang ter disparado o que o líder norte-coreano Kim Jong-un descreveu como “míssil balístico hipersónico de alcance intermédio” destinado a dissuadir “todos os rivais” do país na região do Pacífico.

O teste teve lugar durante uma visita à Coreia do Sul do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e foi o primeiro de Pyongyang desde que o presidente eleito norte-americano, Donald Trump, venceu as eleições presidenciais, em Novembro.

A Coreia do Sul, aliado dos Estados Unidos, mantém uma relação tensa com a Coreia do Norte, contra a qual continua tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou num armistício e não num tratado de paz.

Em Novembro, a Coreia do Norte testou o que alegou ser o novo míssil balístico intercontinental (ICBM) de combustível sólido, o mais avançado do arsenal do país asiático, que possui armamento nuclear. Em resposta, o exército sul-coreano disparou também um míssil balístico.

Washington acusou Pyongyang de receber apoio russo em troca do envio de tropas para combater na Ucrânia, mas nem Pyongyang nem Moscovo confirmaram oficialmente que forças norte-coreanas combatem pela Rússia em solo ucraniano.

15 Jan 2025

Timor-Leste | Parlamento pede investigação a bala que atingiu residência de ex-presidente

O parlamento timorense pediu ontem ao Governo para investigar o incidente com uma bala perdida, que atingiu no último dia de 2024 a residência do ex-presidente Francisco Guterres Lú Olo.

“O Governo tem toda a responsabilidade, principalmente o Serviço Nacional de Inteligência, de fazer uma investigação profunda ao caso”, disse a deputada do Partido de Libertação Popular (PLP), Maria Angelina Sarmento.

Em 31 de Dezembro, o ex-chefe de Estado e presidente da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) denunciou uma “aparente intenção de o assassinar”, depois de uma bala ter atingido uma mesa na sua residência.

A Polícia Nacional de Timor-Leste esclareceu que o projéctil de nove milímetros foi disparado para o ar por uma arma ainda por identificar. A polícia disse também que o caso foi entregue ao Ministério Público e pediu às pessoas para informarem as autoridades caso tenham alguma informação.

A deputada Maria Angelina Sarmento salientou também que aquele tipo de acidente pode “criar pânico na sociedade” em relação à segurança do país.

“Embora tenha sido apenas um incidente, ainda não sabemos a verdade dos factos. Para não criar pânico na sociedade, o Governo, juntamente com as entidades relevantes tem toda a responsabilidade de investigar e divulgar o resultado da investigação”, disse a deputada do PLP.

Para o deputado e secretário-geral do Partido Democrático (PD), é preciso esclarecer de onde veio a “ameaça”, sem fazer mais comentários.

A Fretilin, através do deputado Joaquim dos Santos Boraluli, lembrou que apenas duas instituições, nomeadamente as forças armadas e de segurança, podem utilizar armas e que a polícia deve vigiar o seu uso no território nacional.

“Penso que há algumas deficiências no trabalho de segurança. O Governo tem de rever as regras de licença de uso e porte de armas”, disse o deputado, salientando que o disparo pode ter sido “descuido”, mas também “intencional”.

15 Jan 2025

Xiaohongshu | EUA impulsionam ‘app’ chinesa face ao bloqueio do TikTok

A rede social chinesa Xiaohongshu passou a constar no topo da lista das aplicações mais descarregadas pelos utilizadores da Apple nos Estados Unidos, perante a iminência do bloqueio do TikTok no país, previsto para 19 de Janeiro.

Na plataforma, a chegada de utilizadores estrangeiros foi saudada com a referência “refugiados do TikTok”. O portal de notícias local Sina cita alguns utilizadores norte-americanos que se dizem indignados com o iminente encerramento do TikTok, referindo que escolheram o Xiaohongshu precisamente por terem ouvido dizer que é semelhante àquela plataforma de partilha de vídeos curtos.

Depois de a rede social chinesa ter chegado ao topo da tabela da Apple, a influenciadora Jen Hamilton, com quase quatro milhões de seguidores, carregou um vídeo no TikTok em que se apresenta em chinês e outro em que afirma, a rir: “É impossível subestimar o quão pouco me importa que os chineses tenham os meus dados. (…) Não me importo”.

Vale a pena notar que o actual número dois na tabela de descarregamentos dos iPhone é o Lemon8, o concorrente do Xiaohongshu desenvolvido pela empresa-mãe do TikTok, a empresa tecnológica chinesa ByteDance.

O Xiaohongshu (“pequeno livro vermelho” em mandarim, conhecido como RedNote em inglês) estreou-se em 2013 como uma aplicação de avaliação de compras e evoluiu para uma mistura de Instagram e Pinterest, centrando-se em funcionalidades como apresentações de fotografias, recomendações dos utilizadores e comércio electrónico.

Depois de ganhar força entre os jovens chineses durante a pandemia, a rede social tem agora 300 milhões de utilizadores activos mensais, 79 por cento dos quais são mulheres.

O sucesso do Xiaohongshu atraiu investidores como os gigantes digitais chineses Tencent e Alibaba, o que fez com que a empresa fosse avaliada em cerca de 17 mil milhões de dólares.

15 Jan 2025

China responde a Biden que ambos países devem tratar-se como iguais

Pequim defendeu ontem que a China e os Estados Unidos “devem tratar-se como iguais”, depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter afirmado na véspera que a economia chinesa nunca ultrapassará a do seu país.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Guo Jiakun, disse em conferência de imprensa que “nos últimos quatro anos, as relações bilaterais passaram por altos e baixos, mas a estabilidade geral foi alcançada”.

Guo afirmou que “o diálogo e a cooperação foram seguidos entre os dois países, mais de 20 novos mecanismos de comunicação foram restaurados e construídos, e foram alcançados resultados em algumas áreas sob a liderança dos dois chefes de Estado”.

“A China sempre aderiu aos seus princípios, protegeu resolutamente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento, e tomou medidas enérgicas para responder ao mau comportamento dos EUA”, acrescentou o porta-voz.

Guo sublinhou ainda a importância de ambos os países “serem fiéis às palavras e aos actos, tratarem-se mutuamente como iguais, não desafiarem as linhas vermelhas, empenharem-se num maior diálogo e cooperação, corresponderem às expectativas das pessoas e mostrarem o seu papel de grandes potências”. Washington “deve avançar na mesma direçcão” que a China, disse.

Últimas previsões

Biden, que passará o poder ao republicano Donald Trump a 20 de Janeiro, previu na segunda-feira que a economia da China “nunca” ultrapassará a dos Estados Unidos.

“Muitos especialistas previram que era inevitável que a economia da China ultrapassasse a nossa. De acordo com as últimas previsões, eles nunca nos ultrapassarão”, disse Biden, que manteve a guerra comercial com Pequim que Trump iniciou no seu primeiro mandato.

O republicano vai recuperar a presidência depois de ter prometido na sua campanha eleitoral impor novas taxas alfandegárias sobre as importações chinesas.

15 Jan 2025

TikTok | Venda a Elon Musk para evitar encerramento nos EUA é “pura ficção”

A ByteDance rejeita a possibilidade adiantada pela agência Bloomberg nas vésperas de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos se pronunciar sobre o encerramento da plataforma de vídeos

 

O TikTok, propriedade da empresa chinesa ByteDance, classificou ontem como “pura ficção” a possibilidade de a plataforma de partilha de vídeos curtos ser vendida a Elon Musk, caso o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decrete o seu encerramento.

“Não se pode esperar que façamos comentários sobre algo que é pura ficção”, reagiu a empresa, num comentário citado pela agência de notícias Efe.

A reacção surge após a agência Bloomberg ter avançado que as autoridades chinesas estão a avaliar como “possível opção” a aquisição das operações do TikTok nos EUA pelo magnata norte-americano Elon Musk, dono da rede social X, e que fará parte da administração de Donald Trump.

Esta possibilidade surge, segundo a Bloomberg, que cita fontes próximas do processo, se o TikTok não conseguir contornar a sua proibição nos EUA, enquanto se aguarda uma decisão do Supremo Tribunal sobre a manutenção de uma lei que pode encerrar a rede social no país se a ‘app’ não se separar da sua casa-mãe, a ByteDance, até 19 de Janeiro, como estipula a norma.

O regulamento, aprovado pelo Congresso norte-americano em Abril passado, dava à chinesa ByteDance nove meses para encontrar um investidor de um país que não fosse considerado “adversário” dos Estados Unidos.

Os legisladores norte-americanos justificaram a decisão argumentando que a plataforma representa uma ameaça para a segurança nacional devido à possibilidade de o Governo chinês ter acesso aos dados dos utilizadores. A China criticou repetidamente “a repressão” dos EUA ao TikTok, afirmando que se trata de “uma táctica de intimidação” que acabará por “sair pela culatra” aos EUA.

De oito a 80

O encerramento do TikTok nos EUA pode ocorrer apenas um dia antes do regresso de Trump ao cargo, a 20 de Janeiro.

Enquanto no primeiro mandato o republicano tentou proibir a rede social, desta vez pediu ao Supremo Tribunal dos EUA que impedisse a entrada em vigor da lei até à tomada de posse, depois de ter prometido na campanha que iria “salvar o TikTok”.

Musk, que se tornou um dos aliados mais próximos de Trump, tem interesses significativos na China, onde está localizada a principal base de produção global da sua empresa Tesla. O magnata já defendeu, em Abril passado, que “o TikTok não deve ser proibido nos EUA”. “Fazê-lo iria contra a liberdade de expressão, e não é isso que os EUA defendem”, disse.

O Estado chinês tem acções de classe preferenciais na ByteDance que lhe dá direito de veto sobre qualquer decisão.

15 Jan 2025