‘Power banks’| Romoss retira 500 mil baterias por risco de fogo e suspende operações

A empresa chinesa Romoss anunciou a suspensão das operações durante seis meses, após retirar quase meio milhão de baterias portáteis (‘power banks’) do mercado, devido a vários casos de incêndio e consequente debilidade financeira.

A tecnológica vai interromper a produção e colocar grande parte dos cerca de 690 trabalhadores em suspensão temporária de funções, durante a qual receberão apenas 80 por cento do salário mínimo, o equivalente a cerca de dois mil yuan mensais. Apenas um grupo reduzido de funcionários permanecerá a tempo inteiro, para gerir o processo de recolha das baterias afetadas.

Em meados de Junho, a empresa anunciou a retirada de mais de 491 mil unidades de três modelos fabricados entre Junho de 2023 e Julho de 2024, justificando a decisão com a presença de “materiais separadores defeituosos” que poderiam causar incêndios em “condições extremas”, segundo o portal de notícias Shine.

A decisão foi tomada após diversos incidentes em campus universitários de Pequim, que levaram pelo menos 20 instituições a proibir a utilização de produtos Romoss, na sequência de testes que revelaram temperaturas de carregamento até cinco vezes superiores à média do sector.

O caso que gerou maior atenção pública ocorreu em março, quando um voo da companhia aérea Hong Kong Airlines teve de ser desviado após uma bateria portátil da marca se incendiar a bordo.

7 Jul 2025

Tarifas | Pequim critica ameaças dos Estados Unidos a países alinhados com os BRICS

A China criticou ontem a utilização de taxas alfandegárias como “instrumento de coerção e pressão”, após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ameaçado impor um imposto adicional de 10 por cento aos países que se alinhem com os BRICS.

“A cooperação entre os países BRICS é aberta, inclusiva e não visa nenhum país em particular”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao sublinhou que a China “sempre se opôs a guerras comerciais e tarifárias”, acrescentando que a imposição “arbitrária” de tarifas “não beneficia nenhum país”. A porta-voz descreveu ainda o grupo BRICS como “uma força positiva na comunidade internacional”.

No domingo, Trump escreveu na rede social Truth Social: “Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas dos BRICS deverá pagar uma tarifa adicional de 10%. Não haverá excepções a esta política.”

O grupo BRICS, actualmente composto por onze países do chamado Sul Global e liderado por China e Rússia, realizou no domingo a sua 17.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo no Rio de Janeiro, sob forte dispositivo de segurança e com as ausências do Presidente chinês, Xi Jinping, e do homólogo russo, Vladimir Putin, que participou por videoconferência.

7 Jul 2025

BRICS | Li Qiang apela a reforma da governação global

O Governo chinês quer que o grupo de países emergentes assuma a liderança das reformas globais face às mudanças sem precedentes em curso no cenário no cenário internacional

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, defendeu ontem que os países do bloco de economias emergentes BRICS devem assumir a liderança na reforma do sistema de governação global, e apelou à resolução pacífica de conflitos.

As leis e a ordem internacionais enfrentam “sérios riscos” num cenário global marcado por “mudanças sem precedentes em mais de um século” e por uma crescente ineficácia das instituições multilaterais, afirmou Li, representante da China na 17.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo do grupo.

Perante este contexto, o chefe do Governo chinês destacou o “valor contemporâneo” da visão de governação global proposta pelo Presidente chinês, Xi Jinping, ausente pela primeira vez de uma cimeira dos BRICS.

“Perante conflitos e divergências crescentes, é necessário reforçar o diálogo com base na igualdade e no respeito mútuo. E face a interesses comuns profundamente entrelaçados, é preciso procurar contributos conjuntos através da solidariedade”, afirmou Li.

O dirigente chinês apelou ao bloco de economias emergentes para que defenda a independência, demonstre sentido de responsabilidade e desempenhe um papel mais activo na construção de consensos internacionais, sublinhando a importância de agir “com base na moral e na justiça”.

Papel principal

Li considerou ainda que os países dos BRICS devem estar na “linha da frente da cooperação para o desenvolvimento”.

O governante chinês anunciou a criação este ano de um centro de investigação China – BRICS, que será dedicado às “novas forças produtivas de qualidade”, bem como um programa de bolsas para atrair talento em sectores como a indústria e as telecomunicações.

“É essencial que os nossos países promovam a inclusão, o intercâmbio e a aprendizagem mútua entre civilizações”, acrescentou. Li reiterou que a China está pronta para trabalhar com os restantes membros do grupo, no sentido de alcançar uma governação global mais justa, equitativa e eficiente.

Domingo, o primeiro de dois dias da cimeira, marcada pelas ausências de Xi Jinping e do Presidente russo, Vladimir Putin, terminou com uma declaração de 126 pontos, abordando temas como a guerra comercial desencadeada pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, a escalada de violência no Médio Oriente e a necessidade “urgente” de reformar as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.

7 Jul 2025

Myanmar | Cerca de 4.000 birmaneses fogem para a Índia

Cerca de 4.000 pessoas refugiaram-se no nordeste da Índia nos últimos quatro dias devido aos intensos combates que estão a acontecer em Myanmar (ex-Birmânia), declararam ontem as autoridades do estado indiano de Mizoram.

“Cerca de 4.000 pessoas chegaram nos últimos quatro dias”, disse um polícia indiano, sob condição de anonimato, à agência de notícias France-Presse (AFP).

Segundo esta fonte, os combates pelo controlo da região de Chin continuam entre grupos armados rivais. Estes mesmos movimentos rebeldes birmaneses são todos oponentes da junta militar que governa Myanmar. “A situação do outro lado da fronteira permanece tensa, por isso pedimos [aos refugiados] que não regressem ao local de onde vieram”, continuou o polícia.

Estes refugiados atravessaram as densas florestas que fazem fronteira entre os dois países para fugir aos combates entre grupos armados rivais da etnia Chin, disse o ministro do Interior de Mizoram, Vanlalmawia [que usa apenas um nome], à AFP.

“Muitos destes refugiados têm familiares na Índia, por isso estão em casa. Os outros estão a ser alojados em abrigos”, acrescentou Vanlalmawia.

Antes deste fluxo, o estado de Mizoram já acolhia cerca de 30.000 refugiados de Myanmar, que está em guerra civil desde que os militares regressaram ao poder em 2021.

A Índia, que tem tentado estreitar laços com as autoridades de Myanmar para conter a influência da China na região, nunca condenou explicitamente o golpe de Estado realizado pelos militares birmaneses em Fevereiro de 2021.

7 Jul 2025

Japão | Retiradas 50 pessoas de ilhas após 1.500 sismos 15 dias

As autoridades do Japão retiraram quase 50 residentes de um arquipélago no sudoeste do país, uma região que foi afetcada por mais de 1.500 sismos no espaço de cerca de duas semanas.

Um total de 46 residentes das ilhas de Akuseki e Kodakara, no arquipélago de Tokara, apanharam um ‘ferry’ para Kagoshima no domingo, informaram as autoridades locais. Na quinta-feira, o Japão já tinha ordenado a evacuação de Akuseki, devido à vaga de sismos, alguns atingindo magnitudes de cerca de 5 na escala de Richter.

No domingo, dois sismos de magnitude 4,9 e 5,5 atingiram a ilha de Akuseki pouco depois das 14:00, avançou a Agência Meteorológica do Japão. A agência alertou que podem ocorrer sismos de magnitude 6 na área.

Apenas cerca de 20 pessoas permanecem em Akuseki e cerca de 40 em Kodakara, que decidiram não abandonar as suas casas porque, na maioria, têm animais. O número de sismos nestas ilhas ultrapassou os 1.500 desde 21 de Junho e, embora não tenha havido danos ou feridos significativos, os residentes confessaram ter medo e dificuldades em dormir.

O arquipélago de Tokara, entre as ilhas Yakushima e Amami-Oshima, fica ao longo da Fossa de Ryukyu, onde a placa do mar das Filipinas mergulha sob a placa Euro-Asiática.

Embora a área seja conhecida pela actividade sísmica, alguns especialistas observaram que a situação recente é invulgar, uma vez que os sismos na região geralmente diminuem após picos de cerca de dez dias.

7 Jul 2025

Quinze polícias filipinos detidos por desaparecimento de apostadores de lutas de galos

Quinze polícias foram detidos e estão a ser investigados pela sua alegada responsabilidade nos raptos e possíveis assassinatos de pelo menos 34 pessoas envolvidas em lutas de galos, anunciou ontem o chefe da polícia filipina.

Os desaparecidos foram acusados de fazerem batota naquelas competições – extremamente populares no país – e, segundo um testemunho, os seus corpos foram atirados para um lago de um vulcão com a cumplicidade da polícia.

As vítimas desapareceram em 2021 e 2022, quando estavam a caminho ou a regressar de arenas de luta de galos espalhadas pela principal região de Luzon, no norte das Filipinas, incluindo na área metropolitana da capital Manila.

Os desaparecimentos não resolvidos voltaram a chamar a atenção do público depois de uma testemunha-chave ter aparecido recentemente e acusado o seu antigo empregador, um magnata do jogo, de planear os assassinatos, mandando atirar os corpos para o Lago Taal, a sul de Manila, ou queimá-los noutro local.

O chefe da polícia nacional, o general Nicolas Torre III, disse, numa conferência de imprensa realizada na semana passada, que uma testemunha-chave, sob o pseudónimo ‘Totoy’, forneceu detalhes cruciais.

Segundo a testemunha, os aficcionados e trabalhadores das lutas de galos foram estrangulados e mutilados antes de serem atirados ao lago.

Os investigadores policiais corroboraram os detalhes e as provas fornecidas pela testemunha, que serão utilizados em queixas criminais a apresentar pelo Departamento de Justiça contra os suspeitos, disse.

Vida em risco

A testemunha disse às estações de TV locais que decidiu manifestar-se porque o seu ex-empregador estaria alegadamente a ameaçar matá-lo. Segundo alegou, queria ajudar a aliviar a agonia das famílias das vítimas, que exigiam justiça pelos seus familiares desaparecidos.

“Fiquei muito chocado”, admitiu Torre, adiantando que as alegações da testemunha – que está sob protecção policial – “fortaleceu a determinação de realmente resolver isto, porque o que aconteceu foi selvagem e inaceitável”.

As queixas criminais serão apresentadas contra o influente empresário, proprietário de arenas de lutas de galos e outros negócios de jogo, mas também contra outros suspeitos, referiu o secretário de Justiça, Jesus Crispin Remulla. O empresário negou as acusações.

Remulla disse que iria pedir ao Japão que ajudasse a fornecer tecnologia para auxiliar na busca de vestígios dos restos mortais das vítimas, que ainda possam ser recuperados do fundo do Lago Taal, apesar de já terem passado cerca de quatro anos.

Passatempo cruel

Embora proibida nos Estados Unidos e noutros países ocidentais, em grande parte devido às preocupações com a crueldade contra os animais, a luta de galos tem sido um passatempo popular e um desporto de apostas em muitas partes do sudeste Asiático, incluindo nas Filipinas, mas também na América Latina e em algumas partes da Europa.

As arenas de luta de galos encontram-se em destaque em cidades rurais remotas e grandes cidades das Filipinas e atraem um grande número de aficcionados para uma indústria que se tornou uma parte vibrante da cultura local e um negócio que gera milhões em receitas estatais e proporciona milhares de empregos.

O jogo envolve colocar dois galos — com arpões afiados ou lâminas de aço presas às patas — numa batalha, muitas vezes até à morte, no meio do rugido da multidão.

Os aficcionados e trabalhadores desaparecidos das lutas de galos foram acusados de fazer batota ao tomarem medidas discretas para enfraquecer um galo ou diminuir as suas hipóteses de vitória, incluindo magoá-lo ligeiramente e depois apostar no outro galo.

7 Jul 2025

Dalai-lama | Índia mantém-se à margem de sucessão

O Governo indiano assegurou sexta-feira que irá manter-se à margem da escolha do sucessor do Dalai-lama, contrastando com a China que rejeita o processo e considera o líder espiritual tibetano um separatista da região anexada.

Num comunicado sobre o plano de sucessão do Dalai-lama, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do governo de Narendra Modi afirma que não tomará “qualquer posição” em questões de fé.

“O Governo da Índia não toma qualquer posição ou pronunciamento sobre questões relacionadas com crenças e práticas de fé e religião”, disse o porta-voz do Ministério, Randhir Jaiswal, em resposta a perguntas dos meios de comunicação social sobre o recente anúncio do líder espiritual tibetano.

O país “sempre defendeu a liberdade religiosa para todos na Índia e continuará a fazê-lo”, sublinhou. Na quinta-feira, o ministro indiano dos Assuntos das Minorias, Kiren Rijiju, afirmou aos meios de comunicação locais que a decisão caberia exclusivamente ao líder budista.

“Todos aqueles que seguem o Dalai-lama acreditam que a reencarnação deve ser decidida de acordo com as convenções estabelecidas e os desejos do próprio Dalai-lama. Mais ninguém tem o direito de decidir, excepto ele e as convenções vigentes”, afirmou Rijiju.

A China reiterou na quarta-feira que o sucessor do Dalai-lama deverá ser “aprovado pelo Governo central”.

“A reencarnação de figuras budistas de grande relevo, como o Dalai-lama e o Panchen Lama, deve ser determinada por sorteio através da Urna Dourada e posteriormente aprovada pelo Governo central”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning.

7 Jul 2025

Japão pronto para todos os cenários em matéria de tarifas

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou este domingo que o país está pronto a “manter-se firme” e está preparado para todos os cenários tarifários possíveis, que possam resultar das negociações comerciais com os Estados Unidos.

Em declarações no programa “Sunday News, The Prime” do canal japonês de televisão Fuji TV, o governante sublinhou a determinação de Tóquio na negociação da aplicação de direitos aduaneiros nulos – tarifa zero – no sector da indústria automóvel. Shigeru Ishiba recordou ainda que o Japão é o maior investidor directo estrangeiro nos Estados Unidos e o maior criador de emprego na maior economia do mundo.

O principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, anunciou este sábado que manteve duas reuniões telefónicas com o secretário de Estado do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, para discutir os direitos aduaneiros, numa altura em que se aproxima o prazo de 09 de Julho para imposição do aumento das taxas por Washington.

Akazawa e Lutnick falaram durante 45 minutos na quinta-feira e durante cerca de uma hora no sábado, reafirmaram as respectivas posições sobre os direitos aduaneiros dos Estados Unidos e “procederam a uma troca de pontos de vista aprofundada”, de acordo com um comunicado do secretariado do Governo japonês. As partes continuarão a coordenar-se, acrescenta no comunicado.

Cartas escritas

Os telefonemas decorreram numa altura em que uma taxa geral de 10 por cento sobre as vendas do Japão para os Estados Unidos deverá voltar a 24 por cento em 09 de Julho, caso o acordo tarifário não seja fechado.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na sexta-feira que assinou 12 cartas, que serão enviadas já esta segunda-feira, para informar os parceiros comerciais das novas taxas alfandegárias dos Estados Unidos sobre as respectivas exportações para os EUA, que começarão a ser aplicadas no próximo dia 01 de Agosto. Trump não especificou quais os países que receberão as cartas.

Para além das tarifas mais amplas, tal como acontece com outros países, o Japão também está sujeito a uma taxa de 25 por cento sobre a importação de automóveis e componentes automóvel pelos EUA e a uma tarifa de 50 por cento sobre o aço e o alumínio.

7 Jul 2025

Brasil | Petrobras procura investimento chinês

A Presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Magda Chambriard, anunciou que petrolífera brasileira está à procura de investimento chinês para ajudar a melhorar o seu transporte marítimo e infraestruturas.

Um memorando de entendimento assinado este sábado junta no mesmo desígnio as empresas chinesas Cosco, Offshore Oil Engineering Co, China State Shipbuilding Co e a China International Marine Containers Ltd., assim como as empresas brasileiras EBR, Rio Grande, Mauá, Enseada e Atlântico Sul.

A estatal Petróleo Brasileiro SA e sua subsidiária de logística Transpetro servirão como âncoras para potenciais parcerias tecnológicas e comerciais.

“Gostaríamos que os chineses fossem parceiros em estaleiros aqui”, disse Chambriard num evento com executivos brasileiros e chineses realizado no Rio de Janeiro. “Esperamos a injecção de capital chinês”.

Para além da construção de cinco plataformas flutuantes de produção, armazenamento e descarga, que será contratada até 2030, a Petrobras e a Transpetro pretendem encomendar 52 novas embarcações até 2026.

O Governo federal brasileiro quer que parte do programa de renovação da frota, no valor de 29 mil milhões de reais (4,54 mil milhões de euros), seja investida nos estaleiros locais, indo ao encontro dos planos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para impulsionar a indústria transformadora.

A indústria de construção naval do Brasil tem enfrentado dificuldades desde a eclosão em 2014 do escândalo de corrupção conhecido como Lava-Jato, que envolveu a Petrobras. No ano passado, a empresa petrolífera retomou as encomendas aos estaleiros navais brasileiros, interrompidas desde 2016.

7 Jul 2025

Cooperação | Cabo Verde quer “mais e melhor” investimento chinês

O ministro cabo-verdiano Paulo Rocha afirmou que o país quer dar seguimento às boas relações entre os dois países que já se faz sentir sobretudo ao nível das PME e fazer crescer o nível das parcerias

 

O ministro da Administração Interna de Cabo Verde disse sexta-feira à Lusa que Cabo Verde quer atrair investimento da China, que descreveu como “um dos principais parceiros” no desenvolvimento do país desde a independência.

“Nós, neste momento, já temos uma comunidade chinesa em Cabo Verde, essencialmente de pequenos e médios empresários”, afirmou Paulo Rocha em entrevista à Lusa. O ministro disse que o próximo alvo é “atrair mais e melhor investimento [chinês] em diferentes sectores”, para diversificar a economia de Cabo Verde, muito dependente do turismo.

O mar é uma prioridade e o Governo “procura parcerias” para implementar a Zona Económica Especial Marítima de São Vicente, cujo estudo foi feito com o apoio da China, recordou Rocha, durante uma passagem por Macau.

Também em Macau, em Março, o presidente da agência cabo-verdiana para o investimento externo, José Almada Dias, desafiou a empresa estatal chinesa Shaanxi Construction a aproveitar os 20 mil hectares que o país colocou ao serviço do turismo.

Paulo Rocha disse que seria “perfeitamente realista” a Cabo Verde querer atrair turistas da China e de outros países asiáticos, sublinhando a presença forte de visitantes chineses na Europa e “ainda mais longe”.

“Continuamos a fomentar investimentos neste domínio, crescem o número de hotéis em construção, o número de resorts, particularmente nas duas ilhas mais turísticas, do Sal e da Boavista”, disse o ministro.

Rocha defendeu que a China é, “, sem dúvida, um parceiro confiável” de Cabo Verde e que tem sido “essencial no processo de desenvolvimento em diferentes setores” ao longo dos 50 anos de independência.

Obras e mais obras

Cabo Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China – nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões de euros em 2016. Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde através de investimentos em obras públicas, incluindo o Estádio Nacional e a nova sede da Assembleia Nacional.

“Já nos próximos meses, iremos inaugurar uma importante maternidade na ilha de São Vicente, feita com o apoio do Governo da China, estruturante” para toda a região do Barlavento”, defendeu o ministro.

A cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China.

Alguns acabaram por ficar por terras chinesas, incluindo em Macau, e tornaram-se “verdadeiros diplomatas do (…) país, além daquilo que é a diplomacia oficial”, elogiou Rocha. A diáspora cabo-verdiana é uma enorme reserva “em termos de capital humano” e que “contribui muito mais do que com as remessas, [ao] investir no sector produtivo do país”, acrescentou o ministro.

7 Jul 2025

Tarifas | Pequim avalia pacto EUA-Vietname e promete proteger os seus interesses

O Ministério do Comércio da China manifestou ontem “firme oposição a qualquer acordo comercial alcançado à custa dos interesses da China”, reagindo ao pacto anunciado entre os Estados Unidos e o Vietname, e admitiu adoptar contramedidas.

“O que Washington designa como ‘tarifas recíprocas’ sobre os seus parceiros comerciais é uma prática unilateral de intimidação, à qual a China sempre se opôs”, afirmou o porta-voz da tutela, He Yongqian, em conferência de imprensa.

Segundo o responsável, Pequim “tomou nota da situação e está a avaliá-la”, sublinhando que a China encoraja as partes a resolverem as divergências económicas e comerciais “com base na igualdade e através do diálogo”, mas rejeita firmemente acordos que prejudiquem os seus interesses.

“Se tal situação se confirmar, a China adoptará resolutamente contramedidas e protegerá os seus legítimos direitos e interesses”, assegurou He.

Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nas redes sociais um acordo tarifário com o Vietname que reduz para 20 por cento as taxas alfandegárias impostas em Abril às importações provenientes daquele país do Sudeste Asiático, mas eleva para 40 por cento os encargos sobre mercadorias reexportadas por Hanói e originárias de terceiros países.

Washington acusa o Vietname de funcionar como plataforma de transbordo para exportações chinesas, após a transferência de diversas fábricas da China para o país vizinho, na sequência das tarifas impostas por Trump durante o seu primeiro mandato (2017-2021).

3 Jul 2025

Wang Yi exorta União Europeia a evitar a confrontação

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, advertiu ontem a sua homóloga europeia contra os riscos de confrontação, numa altura em que Pequim procura afirmar-se como um parceiro fiável, face à volatilidade dos Estados Unidos.

Durante um encontro realizado na quarta-feira, em Bruxelas, com a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, Wang Yi defendeu que a China e a UE “não devem ser vistas como adversárias pelas suas diferenças, nem procurar o confronto devido aos seus desacordos”, de acordo com um comunicado divulgado ontem pelo seu ministério.

Na véspera, Kallas defendeu que Pequim deve deixar de ameaçar a segurança europeia, apontando alegados ciberataques, interferências em processos democráticos e práticas comerciais desleais. “A Europa enfrenta vários desafios”, afirmou Wang Yi, acrescentando que nenhum deles, “no passado, presente ou futuro”, foi causado pela China.

Via alternativa

O chefe da diplomacia chinesa procurou apresentar o seu país como um contrapeso à Administração de Donald Trump, que ameaçou impor tarifas generalizadas sobre as importações europeias. “O caminho seguido pelos Estados Unidos não deve ser usado como espelho da China”, frisou Wang. “A China não é os Estados Unidos”, vincou.

Segundo o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, os dois lados abordaram ainda questões internacionais como a guerra na Ucrânia, o conflito israelo-palestiniano e o programa nuclear do Irão.

Pequim e Bruxelas devem agir com base no “respeito mútuo”, defendeu Wang Yi, apelando a uma política europeia mais “activa e pragmática” em relação à China. Wang reuniu-se também na quarta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot.

Wang disse a ambas as partes que a China e a UE devem “defender o multilateralismo e o livre comércio” e cooperar face a desafios globais como as alterações climáticas. O diplomata chinês segue agora para a Alemanha e depois para França, onde se reunirá com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, que visitou a China em Março.

Estas visitas antecedem a cimeira China – UE, que reunirá em Pequim o Presidente chinês, Xi Jinping, e vários altos responsáveis europeus.

3 Jul 2025

EUA / China | Fechado acordo que prevê envio de terras raras e de ‘software’ de design de chips

As duas nações retomaram o caminho do entendimento alcançado no mês passado em Genebra

 

Estados Unidos e China formalizaram um entendimento comercial alcançado no mês passado em Genebra, que inclui o compromisso de Pequim de retomar as exportações de minerais de terras raras, anunciou o secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick.

Segundo Lutnick, o acordo foi assinado há dois dias e consagra os termos negociados entre Washington e Pequim ao longo deste ano, após sucessivas acusações mútuas de violação de acordos anteriores. “Vão entregar-nos terras raras e, quando o fizerem, levantaremos as nossas contramedidas”, declarou, em entrevista à Bloomberg.

A Siemens AG, uma das principais fornecedoras mundiais de ‘software’ de design de semicondutores, foi libertada pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos da necessidade de solicitar licenças para operar no mercado chinês, segundo revelou a empresa alemã em comunicado.

As restrições à exportação tinham sido impostas em Maio, como parte de um pacote de medidas adoptado pelos Estados Unidos em resposta às limitações chinesas à exportação de minerais de terras raras.

A Siemens confirmou que restabeleceu o acesso total ao seu ‘software’ e tecnologia para os clientes chineses. As outras duas principais empresas mundiais no sector do ‘software’ de automação de design eletrónico (EDA, na sigla em inglês) – Cadence Design Systems Inc. e Synopsys Inc. – não responderam ainda a pedidos de comentário sobre se receberam comunicações semelhantes, segundo a agência de notícias Bloomberg. O Departamento do Comércio dos Estados Unidos também não comentou, acrescentou a agência.

As terras raras são materiais cruciais utilizados na produção de turbinas eólicas, aviões, semicondutores e tecnologia avançada. Ao abrigo do acordo comercial alcançado na semana passada, Washington comprometeu-se a autorizar o envio para a China de ‘software’ de design de chips, etano e motores a jacto, desde que Pequim cumpra a promessa de acelerar a aprovação das exportações de minerais críticos.

Um responsável da Casa Branca confirmou que os dois países concordaram com os termos necessários para aplicar o acordo de Genebra. A embaixada da China em Washington recusou comentar, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês não respondeu de imediato.

Mercados aplaudem

A assinatura do acordo gerou optimismo nos mercados: os índices accionistas asiáticos e os futuros europeus avançaram, e um índice global de ações atingiu novo máximo histórico.

Lutnick indicou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, pretende concluir, até 09 de Julho, uma série de dez acordos comerciais com os principais parceiros dos EUA. “Vamos fechar os dez acordos principais, organizá-los por categorias, e os restantes países alinharão depois disso”, explicou.

Embora não tenha especificado quais os países envolvidos, Trump sugeriu ontem que os EUA estão perto de um entendimento com a Índia. O principal negociador japonês, Ryosei Akazawa, também tem reuniões agendadas na capital norte-americana, tendo reiterado que o Japão “não pode aceitar” tarifas de 25 por cento sobre automóveis.

Trump já afirmou que, na ausência de acordos até 09 de Julho, enviará “cartas” a cada país com os termos propostos, aplicando tarifas unilaterais – as chamadas “tarifas recíprocas”, que poderão atingir até 50 por cento. A maioria dessas medidas foi anunciada a 02 de Abril, mas suspensa por 90 dias para permitir negociações.

O alcance real dos acordos permanece incerto, dado que pactos comerciais geralmente requerem anos de negociações. Um acordo anterior com o Reino Unido, por exemplo, continua com questões pendentes, incluindo tarifas sobre metais importados.

De fora

O acordo agora alcançado com a China não aborda temas mais sensíveis, como o tráfico de fentanil ou o acesso pleno das empresas norte-americanas ao mercado chinês.

A primeira ronda de negociações, em Genebra, resultou numa redução de tarifas por ambas as partes, mas foi rapidamente seguida de acusações mútuas de incumprimento. Após novas conversações em Londres este mês, os negociadores anunciaram um entendimento, sujeito à aprovação de Trump e do Presidente chinês, Xi Jinping.

Segundo Lutnick, o levantamento das contramedidas dos EUA depende da chegada efectiva das terras raras. Esta semana, o Departamento do Comércio norte-americano já autorizou o carregamento de etano com destino à China, embora o seu desembarque continue condicionado a autorização específica.

3 Jul 2025

Timor-Leste | PR condecora embaixadora de Portugal

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, condecorou ontem com o colar da Ordem de Timor-Leste a embaixadora de Portugal em Díli, Manuela Bairos, e o embaixador da União Europeia, Marc Friedrich, que vão cessar funções no país.

“O embaixador Friedrich e a embaixadora Bairos foram verdadeiros parceiros no percurso da nossa nação rumo à prosperidade e ao reconhecimento internacional”, afirmou o Presidente, citado num comunicado.

O chefe de Estado salientou também o “empenho inabalável” dos embaixadores no “reforço das relações bilaterais e a sua genuína dedicação ao bem-estar do povo timorense, que representam o espírito da cooperação internacional essencial ao desenvolvimento” da democracia no país.

A Ordem de Timor-Leste visa reconhecer o mérito e a dedicação de nacionais ou estrangeiros que tenham contribuído para o bem do país, dos timorenses ou da humanidade.

“Para mim, para Portugal, foi uma honra receber esta distinção. Estive em Timor-Leste com muita alegria, um privilégio ter servido o meu país em Timor-Leste”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia a embaixadora de Portugal, que esteve envolvida no apoio português a Timor-Leste desde a crise humanitária de 1999.

O embaixador da União Europeia destacou que termina o mandato com satisfação, salientando que a relação entre a organização e Timor-Leste foi reforçada.

3 Jul 2025

Timor-Leste | FMI prevê crescimento económico de 3,9% em 2025

As previsões do Fundo Monetário Internacional mantêm a antiga colónia portuguesa no rumo do desenvolvimento e aconselham o jovem país a investir mais nos sectores das infraestruturas, saúde e educação

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que prevê um crescimento económico de 3,9 por cento para este ano em Timor-Leste e insistiu que o Governo deve dar prioridade a despesas de qualidade nos sectores das infraestruturas, saúde e educação.

“Espera-se que o crescimento se mantenha robusto, situando-se em 3,9 por cento em 2025, sustentado pela expansão fiscal e pelo forte crescimento do crédito, prevendo-se uma desaceleração para 3,3 por cento em 2026”, afirmou, em comunicado, Carrière-Swallow, que liderou a equipa do FMI, que terminou ontem uma visita ao país.

A equipa chegou ao país em 19 de Junho para realizar discussões ao abrigo do Artigo IV de 2025. “A inflação, que tinha caído acentuadamente no ano passado devido à descida dos preços globais dos alimentos e da energia, deverá aumentar moderadamente com a subida dos preços internacionais dos alimentos”, disse Carrière-Swallow. O FMI prevê que a inflação se situe em 0,9 por cento este ano e aumente para 1,8 por cento em 2026.

A organização financeira, que realizou encontros com as autoridades timorenses, sector privados, parceiros de desenvolvimento e sociedade civil, considera também que o Orçamento do Estado para 2026 deve dar prioridade a “despesas de qualidade nas áreas das infraestruturas físicas e de capital humano, incluindo a saúde e educação, ao mesmo tempo que controla os gastos recorrentes”.

“O Governo está, com razão, centrado na identificação de medidas para conter a massa salarial do sector público, que tem crescido acentuadamente nos últimos anos, e na implementação de um Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) a partir de Janeiro de 2027”, salienta Carrière-Swallow.

Reformar, é preciso

O FMI recomenda reformas estruturais e orçamentais a 10 anos para permitir que o Governo timorense apoie o desenvolvimento do sector privado através da redução gradual dos défices orçamentais para preservar a sustentabilidade da dívida.

“Para 2026, as reformas que propomos seriam compatíveis com um envelope de despesa de cerca de 1,85 mil milhões de dólares para o Governo central”, pode ler-se no comunicado. No comunicado, o FMI felicita o Governo pelos “progressos contínuos nas reformas do sector financeiro” ao nível da legislação, “cuja implementação apoiará o desenvolvimento do sector privado”.

“Recomendamos ainda a aceleração da emissão de títulos de propriedade e o estabelecimento de um sistema nacional de identificação digital, reformas cruciais para melhorar o acesso ao crédito, diversificar o sector privado e aumentar a eficiência da despesa pública”, acrescenta o FMI.

Despesa fixa

O Governo timorense fixou esta semana a despesa para o Orçamento Geral do Estado de 2026 em 1,85 mil milhões de dólares, uma redução significativa em relação ao de 2025. No final do ano passado, o parlamento timorense aprovou a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2025 no valor de 2,6 mil milhões de dólares.

As previsões do Governo timorense apontam para um crescimento económico de 2,7 por cento em 2026 e de 4,3 por cento para este ano. Em relação à inflação, as previsões do Ministério das Finanças indicam que continuará a trajectória descendente em 2025, prevendo-se que atinja 1,8 por cento, e que estabilize em 2 por cento aos longo dos próximos cinco anos.

3 Jul 2025

Alibaba lança ofertas de 6,5 MME para estimular consumo

A plataforma de comércio electrónico da tecnológica chinesa Alibaba anunciou ontem que vai disponibilizar 7 mil milhões de dólares em ofertas para determinados produtos, numa tentativa de estimular o consumo interno.

O Taobao, plataforma lançada pela Alibaba em 2003 e líder do comércio electrónico na China, indicou, num comunicado divulgado através da rede social WeChat, que os 50 mil milhões de yuan serão atribuídos “directamente a consumidores e comerciantes”, ao longo de um período de 12 meses, com início marcado para ontem.

As medidas de incentivo, focadas sobretudo na funcionalidade de “compras relâmpago” da aplicação, incluirão “envelopes vermelhos” – versão digital dos tradicionais presentes monetários -, descontos em produtos, entregas gratuitas e reduções nas comissões cobradas aos vendedores.

Segundo a empresa, as ofertas visam “proporcionar aos consumidores experiências e serviços preferenciais e mais convenientes, estimulando ainda mais a vitalidade do consumo”.

Combate em curso

A decisão surge num momento em que Pequim tenta contrariar as pressões deflacionistas que ameaçam travar o crescimento económico, num cenário já marcado por uma prolongada crise no sector imobiliário, queda nas exportações e consumo interno em desaceleração.

Desde o ano passado, as autoridades chinesas têm implementado várias medidas para impulsionar a procura interna, incluindo cortes nas taxas de juro, estímulos ao sector imobiliário e incentivos à compra de automóveis e electrodomésticos.

Os resultados, no entanto, têm sido mistos: embora as vendas a retalho – principal indicador do consumo privado – tenham registado uma aceleração em Maio, os preços de venda no sector imobiliário continuaram a cair nesse mesmo período.

Na terça-feira, o Presidente chinês, Xi Jinping, apelou a esforços para “promover a construção de um mercado nacional unificado”, durante uma reunião de alto nível sobre política económica, segundo noticiou a agência noticiosa oficial Xinhua.

Durante o encontro, os dirigentes chineses defenderam ainda uma melhor regulação da “concorrência desordenada baseada em preços baixos” entre empresas.

“Num momento em que a economia chinesa enfrenta pressões deflacionistas e um mercado de trabalho frágil, o Governo procura responder a esses desafios pelo lado da oferta”, comentou o presidente da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, após a reunião. “A prioridade parece ser evitar a concorrência excessiva”, acrescentou.

3 Jul 2025

Li Qiang no Brasil para participar na cimeira dos BRICS

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, é esperado no sábado no Brasil para participar na cimeira dos BRICS, antes de realizar uma visita oficial ao Egipto, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Por convite, o primeiro-ministro do Conselho de Estado, Li Qiang, participará na 17.ª Cimeira dos BRICS, no Rio de Janeiro, entre 05 e 08 de Julho”, afirmou uma porta-voz da diplomacia chinesa, citada num comunicado.

A mesma fonte acrescentou que Li Qiang se deslocará depois ao Egipto, onde realizará uma visita oficial entre0 9 e 10 de Julho, a convite do primeiro-ministro egípcio. Trata-se da primeira vez que o Presidente chinês, Xi Jinping, falta a uma cimeira de líderes do bloco de economias emergentes BRICS, desde que chegou ao poder, em 2013.

Fontes chinesas citadas pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post referiram que o facto de Xi e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, terem mantido encontros frequentes no último ano pesou na decisão.

Os dois líderes reuniram-se durante a cimeira do G20 no Brasil, em Novembro passado, antes de uma visita de Estado de Xi a Brasília. Poucos meses depois, Lula deslocou-se a Pequim para uma reunião com países da América Latina e Caraíbas. Xi raramente visita o mesmo país dois anos consecutivos, com excepção da Rússia.

A ausência de Xi poderá fragilizar os esforços de Pequim para reforçar a influência global da China através do grupo BRICS e construir uma alternativa à ordem internacional liderada pelos Estados Unidos.

A crescer

A cimeira poderia ainda proporcionar ao líder chinês um primeiro encontro com responsáveis do Irão desde o início da guerra com Israel, após Teerão ter aderido ao bloco em 2024. Sob a liderança chinesa, o grupo BRICS duplicou de tamanho no ano passado, passando a integrar nove membros com a entrada dos Emirados Árabes Unidos, Irão, Egipto e Etiópia, que se juntaram ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Lula é considerado um dos parceiros mais próximos de Xi no plano internacional, a par do Presidente russo, Vladimir Putin.

Em aberto, está a possibilidade de Xi Jinping participar na conferência do clima das Nações Unidas, que se realizará no Brasil no final deste ano, embora Pequim ainda não tenha confirmado a deslocação.

3 Jul 2025

Independências | China saúda Cabo Verde e destaca solidez da relação bilateral

Pequim saudou a antiga colónia portuguesa pelo desenvolvimento alcançado nos últimos 50 anos e mostrou-se aberta a continuar a desenvolver laços de cooperação com o país africano

 

A China saudou hoje os 50 anos da independência de Cabo Verde, destacou a solidez da relação bilateral e afirmou estar disponível para reforçar a cooperação em áreas como infraestruturas, educação e saúde.

Em resposta escrita enviada à agência Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês felicitou o arquipélago pelo aniversário, que se assinala sábado, e afirmou que o país africano “alcançou importantes progressos no seu desenvolvimento nacional”, desejando que continue a “avançar firmemente no caminho da revitalização”.

Na nota, refere-se que as relações entre os dois países têm sido marcadas por “confiança política mútua” e resultados “frutíferos” em múltiplos domínios, numa parceria que ambos os governos consideram estratégica.

“A China está disposta a trabalhar com Cabo Verde para aprofundar a cooperação pragmática e aplicar os consensos alcançados no âmbito da Cimeira de Pequim do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC)”, indicou o ministério.

Nas últimas décadas, a China consolidou a sua presença em Cabo Verde através de investimentos em obras públicas, cooperação técnica e atribuição de bolsas de estudo. Entre os projectos financiados por Pequim contam-se o Estádio Nacional e a nova sede da Assembleia Nacional.

Bons parceiros

Em declarações anteriores ao semanário Expresso das Ilhas, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano Rui Figueiredo Soares descreveu a China como “um parceiro seguro e de primeira linha para o desenvolvimento de Cabo Verde”.

A cooperação estende-se à área da educação, com mais de uma dezena de bolsas atribuídas anualmente pelo Governo chinês. Desde 2010, centenas de estudantes cabo-verdianos frequentaram instituições de ensino superior na China, em áreas como engenharia, medicina, turismo e relações internacionais.

“Cheguei com 17 anos e senti-me logo em casa”, contou Hélder Fernandes, cabo-verdiano natural da ilha de Santiago, que estudou Engenharia Informática na ilha tropical de Hainan, no sul da China, onde abriu, entretanto, um restaurante.

No plano diplomático, Cabo Verde tem reiterado o seu apoio ao princípio “Uma Só China”, reconhecendo Pequim como o único Governo legítimo do país, em detrimento de Taipé. Em contrapartida, Cabo Verde beneficiou de múltiplos perdões de dívida por parte da China – nomeadamente cerca de 1,18 milhões de euros em 2007 e mais 1,39 milhões de euros em 2016 – e recebeu apoio técnico nas áreas da agricultura, pescas e saúde, incluindo envio de equipas médicas e projetos nos portos de pesca.

Através do FOCAC, Cabo Verde tem também procurado reforçar o acesso a financiamento e apoio técnico externo, com vista ao cumprimento dos objectivos traçados no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável.

3 Jul 2025

HK | Jimmy Lai em solitária há mais de quatro anos

O Governo de Hong Kong garantiu que Jimmy Lai Chee-ying, fundador do jornal pró-democracia Apple Daily, pediu para ficar em regime de solitária, desde que foi detido, há quatro anos e meio.

“O acordo para o afastamento de Lai Chee-ying da associação com outras PIC [sigla em inglês para pessoas sob custódia] foi feito a seu próprio pedido”, disseram as autoridades da região semiautónoma chinesa.

Num comunicado divulgado na segunda-feira à noite, o Governo de Hong Kong não revelou as razões apresentadas para sustentar o pedido da defesa de Jimmy Lai, que não foi autorizado a escolher os seus advogados de defesa.

Mas as autoridades recordaram que “o representante legal” do empresário “esclareceu ainda publicamente que ele está a receber o tratamento e cuidados adequados na prisão”.

Uma advogada irlandesa que representa Jimmy Lai, Caoilfhionn Gallagher, disse, porém, ao jornal canadiano “The Globe and Mail” na segunda-feira estar muito preocupada com a saúde do empresário, de 77 anos, que sofre de diabetes. O Governo de Hong Kong disse que o Departamento de Serviços Correcionais (CSD, na sigla em inglês) “está empenhado em garantir que o ambiente de custódia é seguro, protegido, humano, apropriado e saudável”.

Lai está detido desde o final de 2020 sob a acusação de conluio, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta pelo Governo Central chinês.

2 Jul 2025

Tailândia | Tribunal Constitucional suspende PM

O Tribunal Constitucional da Tailândia suspendeu ontem a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra até à conclusão de um processo judicial, iniciado após a divulgação de uma chamada telefónica com um antigo líder cambojano.

De acordo com um comunicado, os juízes votaram unanimemente para aceitar uma petição, apresentada por cerca de 30 senadores conservadores, que acusam Shinawatra de “grave violação ética”.

Em meados de Junho, foi divulgada uma conversa com o ex-primeiro-ministro do Camboja e actual presidente do Senado, Hun Sen, em que Paetongtarn Shinawatra questionava o papel de um alto comandante do exército tailandês, no contexto de um conflito fronteiriço entre os dois países.

Os juízes aprovaram também, por sete votos a favor e dois contra, a suspensão de Shinawatra, que vigorará “até à decisão [final] do Tribunal Constitucional”, o que poderá demorar várias semanas ou mesmo meses, segundo o comunicado. “Aceito a decisão do tribunal”, disse ontem a primeira-ministra aos jornalistas, em frente ao Palácio do Governo, em Banguecoque.

“Quero reafirmar que sempre foi minha intenção agir no melhor interesse do meu país”, acrescentou Paetongtarn Shinawatra. O vice-primeiro-ministro Suriya Jungrungruangkit deverá tornar-se o primeiro-ministro interino, embora não haja ainda qualquer confirmação oficial.

Estabilidade em causa

A China manifestou ontem a esperança de que a Tailândia consiga manter a “estabilidade”, na sequência da decisão do Tribunal Constitucional. “Como vizinho amigo, esperamos que a Tailândia mantenha a sua estabilidade e desenvolvimento”, afirmou Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa.

Em 24 de Junho, o rei Maha Vajiralongkorn ratificou uma remodelação ministerial, após o partido Bhumjaithai ter abandonado a coligação governamental, devido à chamada telefónica. A remodelação resultou no afastamento do Governo do antigo vice-primeiro-ministro e ministro do Interior Anutin Charvirakul, líder do Bhumjaithai.

No dia seguinte, o partido anunciou que iria apresentar uma moção de censura contra a primeira-ministra no Parlamento, em 03 de Julho. Shinawatra enfrenta também investigações por uma alegada violação de ética por parte da agência anticorrupção da Tailândia, cuja decisão também pode levar à sua destituição.

No sábado, milhares de manifestantes juntaram-se na capital da Tailândia para exigir a renúncia da primeira-ministra. Cerca de quatro mil manifestantes, segundo a agência de notícias France Press, encheram as ruas de Banquecoque, agitando bandeiras tailandesas e aplaudindo discursos, intercalados com gritos de indignação.

Também ontem, arrancou num tribunal da capital da Tailândia o julgamento de Thaksin Shinawatra, antigo primeiro-ministro e pai de Paetongtarn Shinawatra, acusado de difamar a monarquia.

1 Jul 2025

Moeda | Analistas projectam subida do yuan face ao dólar

O optimismo do mercado em relação à moeda chinesa continua a aumentar, com analistas a projectarem uma valorização do yuan face ao dólar norte-americano, impulsionada pelas crescentes preocupações com a sustentabilidade da dívida norte-americana.

O Banco Popular da China (banco central) fixou ontem a taxa de referência diária em 7,1534 yuans por dólar, uma valorização face à taxa de segunda-feira, de 7,1656, e o nível mais forte desde o início de Novembro.

Em junho, o yuan transaccionado no mercado interno (onshore) valorizou-se 0,41 por cento face ao dólar, acumulando ganhos de 1,2 por cento no segundo trimestre e 1,86 por cento no primeiro semestre do ano.

“Comparando com o final de Abril, os clientes no mercado interno estão menos pessimistas em relação às perspectivas de crescimento da China a curto prazo, uma vez que os dados macroeconómicos têm sido mais resistentes do que o inicialmente temido, apesar da divergência significativa entre as exportações e a procura doméstica”, escreveu o analista do banco de investimento Goldman Sachs, Lisheng Wang, num relatório divulgado no domingo.

Os investidores estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade da dívida pública dos EUA, antecipando uma desvalorização do dólar devido à diminuição da confiança na governação do país, às políticas fiscais expansionistas e ao aumento dos custos de financiamento a longo prazo, acrescentou Wang.

O banco de investimento norte-americano prevê que o yuan continue a fortalecer-se, baixando da barreira dos 7 por cada dólar nos próximos seis meses. Wang destacou que o sentimento no mercado interno está a melhorar, com expectativas de que as negociações China-EUA ajudem a sustentar as exportações chinesas no segundo semestre.

Embora as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses continuem a pressionar as exportações, a taxa de câmbio do yuan dependerá sobretudo do apoio político interno – especialmente ao consumo – e dos avanços nas negociações comerciais entre a China e os EUA, concluiu o banco de investimento.

1 Jul 2025

Pequim sanciona ex-legislador filipino que defendeu reivindicações no mar do Sul

A China impôs ontem sanções a um ex-deputado filipino por posições consideradas “antichinesas”, incluindo a autoria de projectos de lei que demarcavam as reivindicações territoriais das Filipinas no disputado mar do Sul da China.

Francis Tolentino, que acaba de terminar o seu mandato como líder da maioria no Senado filipino, está proibido de entrar na China, bem como nos territórios de Hong Kong e Macau, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

“Há algum tempo, alguns políticos antichineses nas Filipinas têm adoptado uma série de palavras e acções maliciosas sobre questões relacionadas com a China, visando servir os seus próprios interesses egoístas, o que prejudicou os interesses da China e minou as relações entre a China e as Filipinas”, apontou o ministério, em comunicado. “O Governo chinês está determinado a defender a sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento”, acrescentou.

Numa declaração difundida ontem, Tolentino disse que “continuará a lutar – pelo que pertence por direito à nação” filipina, acrescentando que encarava a sanção como uma medalha de honra e que nenhuma potência estrangeira poderia silenciá-lo.

Disputas marítimas

Tolentino é autor de dois projectos de lei que demarcam as reivindicações das Filipinas no disputado mar do Sul da China. As duas leis, denominadas Lei das Zonas Marítimas das Filipinas e Lei das Rotas Marítimas Arquipelágicas das Filipinas, foram promulgadas em Novembro passado. As leis reafirmaram a extensão dos territórios marítimos do país no mar do Sul da China e o direito aos recursos dessas áreas.

As leis foram rapidamente condenadas e rejeitadas pela China, que reivindica praticamente todo o mar do Sul da China. “Quaisquer objecções da China devem ser respondidas com uma defesa inabalável dos nossos direitos soberanos e adesão aos resultados legais da arbitragem”, disse Tolentino na altura.

Tolentino também acusou a China de planear interferir nas eleições intercalares de Maio nas Filipinas e lançou uma investigação sobre alegada espionagem chinesa quando ainda era senador. As Filipinas e a China têm estado envolvidas em confrontos verbais e físicos sobre as respectivas reivindicações na região.

1 Jul 2025

Tianwen-2 | Captadas novas imagens da Terra e Lua a 590.000 quilómetros

A operação da Tianwen-2 deverá durar mais de uma década e destina-se a trazer amostras de um asteroide para a Terra, além da exploração de um cometa, situado entre Marte e Júpiter

 

A Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) divulgou ontem novas imagens da Terra e da Lua captadas pela sonda Tianwen-2, incluindo fotografias tiradas a 590.000 quilómetros de distância. “Depois de transmitidas para a Terra, as imagens foram processadas e produzidas por investigadores científicos”, anunciou a agência espacial chinesa no seu portal oficial.

A Tianwen-2, encontra-se há 32 dias em órbita, estando agora a mais de 12 milhões de quilómetros da Terra, com todos os sistemas a funcionar normalmente. Esta missão representa um marco importante para o programa espacial chinês, sendo a primeira destinada a recolher amostras de um asteroide e trazê-las para a Terra.

A ambiciosa operação, com duração prevista de mais de uma década, incluirá também a exploração do cometa 311P, situado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. A primeira fase da missão concentrar-se-á no asteroide 2016HO3, conhecido como 469219 Kamo’oalewa, considerado um quase – satélite terrestre devido à sua órbita próxima da Terra e em torno do Sol.

Plano de viagem

Segundo o plano estabelecido, a sonda deverá demorar cerca de um ano a alcançar o seu primeiro destino. Após a chegada, realizará manobras de aproximação e permanecerá em órbita do asteroide para identificar a zona mais adequada para recolha de amostras. Uma vez concluída esta operação, a nave regressará às proximidades da Terra, onde uma cápsula separada deverá trazer as amostras para estudo no final de 2027, antes de a sonda prosseguir viagem em direcção ao cometa 311P, localizado a cerca de 300 milhões de quilómetros do nosso planeta.

Este projecto enquadra-se no ambicioso programa espacial chinês, que já alcançou feitos notáveis como o pouso da sonda Chang’e 4 na face oculta da Lua – uma primazia mundial – e a chegada a Marte, tornando a China no terceiro país a conseguir esta proeza, após a antiga União Soviética e os Estados Unidos.

1 Jul 2025

Índia | Dalai-lama reafirma continuidade

O líder espiritual tibetano dalai-lama reafirmou ontem a continuidade da sua instituição, numa das declarações mais claras até à data sobre a intenção de garantir um sucessor, a seis dias do seu 90.º aniversário.

Perante centenas de fiéis e monges reunidos no templo principal de McLeod Ganj, no norte da Índia, o líder espiritual tibetano e Prémio Nobel da Paz comprometeu-se a “servir a humanidade” não apenas pessoalmente, mas através da entidade que representa, numa referência velada à continuidade da linhagem espiritual.

A declaração do líder tibetano ocorreu durante um Tenshug, uma elaborada cerimónia de oferenda de longa vida organizada este ano pela comunidade da província de Dhomey. Usando o tradicional chapéu amarelo cerimonial de Pandita, o Dalai Lama recebeu, durante cerca de duas horas, oferendas de uma longa procissão de devotos que rezavam pela sua longevidade.

Com 89 anos, o Dalai Lama vive exilado na Índia desde 1959, ano em que fugiu do Tibete após uma revolta falhada contra a ocupação chinesa. Desde então, lidera a administração tibetana no exílio, a partir da cidade indiana de Dharamshala, defendendo a autonomia do Tibete e a preservação da sua cultura.

1 Jul 2025