França | Macron defende que Europa não pode ser “vassalo tecnológico” dos EUA e China

O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou terça-feira que a Europa não pode ser “vassalo” tecnológico dos Estados Unidos e da China e apelou a que os 27 aprovem uma “preferência europeia” para reforçar a soberania tecnológica.

“A Europa não quer ser cliente dos grandes empresários ou das grandes soluções oferecidas, seja pelos Estados Unidos, seja pela China. Queremos claramente conceber as nossas próprias soluções”, disse Macron, em Berlim, durante uma cimeira franco-alemã dedicada à soberania digital europeia.

Segundo Macron, trata-se “simplesmente de recusar ser um vassalo”, numa altura em que o continente perdeu terreno no sector tecnológico, sobretudo na corrida à inteligência artificial.

“Há um custo a curto prazo em não sermos vassalos, porque é preciso reinvestir”, afirmou, considerando, porém, que estas despesas são essenciais e exigem que os europeus tomem “decisões muito arrojadas”. Entre essas decisões, a defesa de uma “preferência europeia”, nomeadamente nas compras públicas, deve ser “a prioridade” para permitir que os “campeões” tecnológicos europeus se desenvolvam, defendeu o chefe de Estado francês.

“Os chineses aplicam uma exclusividade chinesa sempre que possível e os norte-americanos têm uma forte preferência norte-americana”, enquanto “somos os únicos a nunca termos uma preferência europeia, e até demonstramos, por vezes, uma certa fascinação por soluções não europeias”.

Macron instou ainda a União Europeia (UE) a libertar-se das “dependências tecnológicas em todos os níveis da cadeia de valor, das infraestruturas críticas aos dados, ao ‘cloud’ e ao ‘software’”.

“Não podem entregar a força da vossa economia aos Sete Magníficos, nem delegar todo o funcionamento da vossa democracia aos Sete Magníficos. É insuportável”, disse, referindo-se aos gigantes tecnológicos norte-americanos Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.

20 Nov 2025

‘Chips’ | Países Baixos suspendem intervenção na Nexperia

O Governo neerlandês suspendeu ontem a intervenção na Nexperia, que permitia bloquear decisões da empresa chinesa de semicondutores que ameaçassem a produção de ‘chips’ na Europa, para reduzir a tensão com a China após semanas de conflito político.

Num breve comunicado, o ministro neerlandês dos Assuntos Económicos, Vincent Karremans, explicou que, dados os progressos entre a China e os Países Baixos, este é “o momento adequado para dar um passo construtivo, suspendendo” a ordem dada ao abrigo da Lei da Disponibilidade de Bens, uma norma de 1952 que foi invocada pela primeira vez em Setembro passado.

A decisão de suspender a intervenção foi tomada “em estreita consulta com os parceiros europeus e internacionais” dos Países Baixos, disse o ministro interino. O Governo neerlandês interveio na empresa no final de Setembro, considerando que o director chinês da Nexperia, Zhang Xuezheng, poderia comprometer o abastecimento europeu.

Um dia depois, o tribunal do comércio de Amesterdão ordenou a afastamento do executivo da empresa, com sede na cidade neerlandesa de Nimega, que foi adquirida pelo conglomerado chinês Wingtech em 2019.

Pequim respondeu à intervenção holandesa com um bloqueio às exportações de ‘chips’ da principal fábrica da Nexperia na China, o que gerou incerteza no sector automóvel europeu, que passou semanas sem saber se haveria novas entregas.

O ministro holandês explicou ontem que, nos últimos dias, houve reuniões “construtivas” com as autoridades chinesas e que vê “gestos de boa vontade” nas medidas tomadas por Pequim para garantir o fluxo de ‘chips’ para a Europa e outros mercados. “Continuaremos agora um diálogo construtivo com as autoridades chinesas”, acrescentou Karremans.

A suspensão não anula a intervenção, uma vez que o Governo neerlandês mantém a opção de reactivar a medida a qualquer momento se voltar a detectar riscos para a produção europeia. Entretanto, uma delegação dos Países Baixos continua na China a negociar uma saída estável para o conflito.

20 Nov 2025

AICEP defende que Portugal tem todo o interesse na colaboração permanente com a China

Portugal tem “todo o interesse em ter uma colaboração permanente e estratégica com a China”, defendeu ontem a directora-adjunta África, Ásia e Oceânia da AICEP, Maria Manuel Branco, reiterando que é “um país prioritário nas relações internacionais”.

“Sendo a China um país prioritário nas nossas relações internacionais, é muito importante não deixarmos para trás toda a colaboração possível e, por isso, é que o país onde temos mais delegações da AICEP no mundo é a China”, disse ontem Maria Manuel Branco, num seminário sobre cooperação China-Portugal promovido pela Embaixada da China em Portugal.

Para a responsável, a “longa história que sempre uniu” ambos os países poderá “abrir um futuro bem-sucedido”, sendo que “Portugal tem todo o interesse em ter uma colaboração permanente e estratégica com a China”.

Para continuar

Maria Manuel Branco sinalizou ainda a intenção de “continuar a consolidar a relação económica e de investimento que tem vindo a crescer com parcerias estratégicas e comprometidas, em vários sectores”. Além disso, destacou que Portugal “tem capacidade, juntamente com a China, para ter áreas comuns estratégicas como energia renovável e verde, digitalização, mobilidade eléctrica, saúde e inovação tecnológica”.

O deputado do PSD Hugo Carneiro, que é presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-China, também interveio neste seminário, onde defendeu que Portugal e China querem “continuar o relacionamento estratégico para o futuro”. Hugo Carneiro salientou que, no plano económico, a China atravessa um “período de dinamismo tecnológico”, em áreas onde Portugal “pode aprender e colaborar”, defendendo que o “investimento deve ser via de dois sentidos”.

Além do investimento chinês em Portugal, o país também deve “incentivar empresas portuguesas a olhar para o mercado chinês como uma oportunidade”. O deputado social-democrata defendeu também que “Portugal possui uma vantagem estratégica com o Porto de Sines, pela localização atlântica”, sendo que este “pode ter um papel” mais forte, por exemplo na circulação de bens da China.

“É um activo logístico que pode ser mais bem aproveitado”, defendeu. Carneiro salientou que Portugal e China “conhecem-se há muito tempo” e, hoje, esta relação “pode ser uma vantagem decisiva”. O presidente da AIMA, Pedro Portugal Gaspar, também marcou presença no seminário, onde sinalizou que a comunidade chinesa, que conta com cerca de 30 mil pessoas, é “histórica” e já está “enraizada em Portugal”. “Não é acabada de chegar, tem tradição em Portugal antiga o que permite capacidade de integração”, apontou o responsável.

20 Nov 2025

Nuclear | Japão admite reactivar a maior central do mundo

O Japão prepara-se retomar as operações da maior central nuclear do mundo, aguardando a decisão das autoridades locais, noticiaram ontem os meios de comunicação social japoneses.

A central nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, localizada na região centro-oeste do Japão, deve receber a aprovação do governador local para a retoma das operações, de acordo com a agência de notícias Kyodo e o jornal económico Nikkei, citando fontes não identificadas.

Hideyo Hanazumi, governador da província de Niigata, onde se situa a central, deve pronunciar-se em conferência de imprensa agendada para sexta-feira. Mesmo assim, as mesmas notícias publicadas indicaram que vão voltar a operar “apenas um dos sete reactores” de Kashiwazaki-Kariwa. Após o tsunami de 2011 e o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, o Japão desactivou todos os reactores nucleares.

Desde 2011, 14 reactores — sobretudo nas regiões oeste e sul — retomaram as operações após a implementação de normas de segurança. Se a retoma das operações em Kashiwazaki-Kariwa for aprovada, vai ser a primeira vez que uma central nuclear da Tepco, operadora de Fukushima, volta a funcionar desde o desastre de 2011.

O governo de Tóquio continua a defender a energia nuclear como fonte fiável e limpa, essencial para que o Japão atinja a neutralidade carbónica até 2050.

20 Nov 2025

Índia | Modi espera encontrar-se com Putin em Dezembro

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse terça-feira que espera receber no seu país o Presidente russo, Vladimir Putin, em Dezembro, durante uma reunião em Nova Deli com o conselheiro do líder russo Nikolai Patrushev.

“O primeiro-ministro transmitiu as suas cordiais saudações ao Presidente Putin e disse que espera recebê-lo na Índia no próximo mês”, afirmou o gabinete de Narendra Modi num comunicado. O Governo indiano também informou que Modi e Patrushev, durante a reunião, trocaram opiniões sobre o fortalecimento da cooperação marítima, incluindo novas oportunidades em conectividade, desenvolvimento de capacidades, construção naval e economia azul.

A embaixada russa em Nova Deli afirmou em comunicado que, para além do reforço da cooperação russo-indiana, nomeadamente no sector marítimo, as duas partes discutiram os preparativos para a cimeira bilateral prevista para o início de Dezembro. O encontro coincide com a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. Jaishankar, a Moscovo, onde se reuniu com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, e com Putin.

Em Agosto, a administração do Presidente do norte-americano, Donald Trump, impôs tarifas de 50 por cento sobre os produtos indianos como punição pela compra de petróleo russo pela Índia. Desde o início da guerra na Ucrânia, Nova Deli tem mantido uma posição equilibrada, evitando condenar Moscovo e aumentando significativamente as suas importações de petróleo bruto russo.

Esta posição valeu-lhe críticas de Washington, com Trump a acusar a Índia e a China na ONU de “financiar a Rússia”. Na sequência das sanções impostas por Washington, a Índia tem justificado a compra de petróleo russo com a necessidade de garantir a “segurança energética” dos seus 1,4 mil milhões de habitantes. Putin não visita a Índia desde Dezembro de 2021, quando participou numa cimeira bilateral com Modi. O seu eventual regresso poderia reforçar a aliança estratégica entre Moscovo e Nova Deli.

20 Nov 2025

Japão | Um morto em maior incêndio dos últimos 50 anos

O gigantesco incêndio deflagrou na cidade de Oita, na ilha de Kyushu, afectando quase 200 edifícios

Pelo menos uma pessoa morreu e mais de 170 edifícios ficaram queimados num incêndio de grandes proporções que deflagrou na terça-feira numa zona residencial do sudoeste do Japão, onde os bombeiros continuavam ontem a apagar as chamas.

A polícia disse ter encontrado um corpo na zona do incêndio na cidade de Oita, na ilha de Kyushu, de acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo. As autoridades estão a tentar determinar se se trata de um homem de 76 anos que vivia na zona e que desapareceu durante o incêndio.

Os bombeiros da cidade de Oita receberam uma chamada de emergência por volta das 17:45 horas locais de terça-feira de um residente da área de Saganoseki, alertando-os para um incêndio numa casa. O fogo já queimou cerca de 48.900 metros quadrados e afectou mais de 170 edifícios, forçando à retirada de cerca de 180 pessoas na noite de terça-feira para um centro comunitário, informou a emissora japonesa NHK.

Os bombeiros continuavam ontem a combater o incêndio e, embora ainda não tenha sido declarado extinto ao início da tarde, as autoridades locais disseram que não se espera mais danos do que os já registados. “O fumo está a diminuir”, disse Shogo Fujikawa, funcionário do Governo da prefeitura de Oita.

Apoio às vítimas

As autoridades locais criaram um grupo de trabalho especial para analisar a situação e as medidas a tomar, tendo solicitado a ajuda das Forças de Autodefesa para controlar a situação. Do lado do Governo central, a primeira-ministra, Sanae Takaichi, anunciou a criação de um gabinete para recolher informações sobre o sucedido e transmitiu as condolências do Executivo às pessoas afectadas.

“O Governo vai trabalhar com as autoridades locais para dar o máximo de apoio possível”, escreveu numa mensagem na rede social X. O incêndio já foi considerado o maior no país dos últimos 50 anos.

20 Nov 2025

Hong Kong | “Democracia é presente precioso” oferecido pela China

A dirigente e fundadora do Novo Partido Popular alertou para a importância do voto nas eleições legislativas de Dezembro dentro do quadro estabelecido pela Constituição chinesa ou da lei básica, que, segundo Regina Ip, é uma dádiva preciosa oferecida por Pequim

A coordenadora do Conselho Executivo de Hong Kong, Regina Ip, defendeu numa carta aberta publicada ontem que “a democracia” vigente do território é “um presente precioso concedido por Pequim” e instou a população a participar nas legislativas.

Na carta, publicada nas redes sociais na terça-feira, a fundadora do Novo Partido Popular alertou que qualquer modelo político que se desvie da Constituição chinesa ou da lei básica (mini-constituição) da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) “carecerá de viabilidade”.

A missiva foi publicada a pouco menos de três semanas das legislativas em Hong Kong, que se realizam em 07 de Dezembro e vão ser marcadas por maior segurança e pela ausência da oposição tradicional, dissolvida ou exilada, na decorrência da adopção da lei de segurança nacional no território.

As declarações de Ip coincidem com a publicação de um artigo, no portal ‘online’ do Gabinete de Assuntos de Hong Kong e Macau, do jornal pró-Governo Ta Kung Pao, que reproduz, na íntegra, o livro branco “Progresso democrático de Hong Kong sob o quadro de um país, dois sistemas”.

Publicado pelo Conselho de Estado em 2021, o texto reitera o objectivo de eleger o chefe do Executivo (líder do Governo de Hong Kong) e o Conselho Legislativo (parlamento) local por sufrágio universal dentro de uma “democracia com características de Hong Kong”.

Na carta, lê-se o percurso profissional de Ip desde 1975 sob a administração britânica. Antes da transferência de soberania em 1997, diz a responsável, a população não dispunha de canais reais para participação institucional. Ip lembrou que o Conselho Legislativo era presidido pelo Governador, nomeado por Londres, e composto por membros oficiais ou nomeados directamente.

A deputada afirmou que, com a chegada do último governador, Chris Patten, a oposição ganhou influência e “priorizou as posições ideológicas”, o que dificultou a gestão do primeiro chefe do Executivo, Tung Chee-hwa, diante de “um Conselho Legislativo dominado por elementos desestabilizadores”.

Ainda assim, continuou Regina Ip, Pequim atribuiu “grande importância ao desenvolvimento democrático”, mesmo após a rejeição em Hong Kong do projecto que previa sufrágio directo com pré-qualificação de candidatos.

Reiterou também o apoio ao conceito político “democracia popular ao longo de todo o processo”, introduzido por Pequim em 2019, que promove a participação contínua dos cidadãos na governação, e acrescentou que qualquer modelo fora da ordem constitucional “carece de sustentabilidade” no território.

O processo

O actual processo eleitoral em Hong Kong, implementado após a reforma aprovada pela China em 2021, reduziu a representação directa e introduziu um sistema de verificação política para garantir que os candidatos atendam aos critérios de patriotismo.

O Governo local afirma que este mecanismo fortalece a estabilidade, enquanto analistas e organizações internacionais consideram-no uma limitação ao pluralismo. Entretanto, a polícia de Hong Kong anunciou, esta semana, a detenção de três homens acusados de causar dano a propaganda eleitoral, que se somam a outros seis detidos no início deste mês.

A participação nas eleições de Hong Kong permanece baixa: 30,2 por cento nas legislativas de 2021 — a menor desde 1997 — e 27,5 por cento nas eleições municipais de 2023, em comparação com os altos índices registados em 2016 e 2019, de acordo com a agência de notícias EFE.

Exemplos do vizinho

No final de Outubro, o líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse que a cidade iria inspirar-se nas legislativas da vizinha região de Macau, em Setembro, para fazer das eleições de Dezembro “um sucesso”. Nas eleições de Setembro para o parlamento de Macau, quase 53,4 por cento dos eleitores participaram na votação, mais 11 pontos percentuais do que há cinco anos, apesar da desqualificação de duas listas, por falta de patriotismo.

O número de votos nulos ou em branco mais do que duplicou em comparação com as últimas eleições em 2021, ultrapassando 13 mil. A Comissão da Defesa da Segurança do Estado, cujo presidente é, por inerência, o chefe do Executivo de Macau, excluiu todos os 12 candidatos de duas listas, considerando-os “não defensores da Lei Básica ou não fiéis à RAEM”.

20 Nov 2025

Marisco | Pequim volta a suspender importações do Japão

A China comunicou ao Japão que vai suspender as importações de marisco, disse ontem fonte do Governo japonês à agência de notícias Kyodo, em plena escalada de tensões entre os dois países devido a Taiwan.

O Japão voltou a exportar marisco para a China em 07 de Novembro, depois de Pequim suspender parcialmente a proibição imposta aos produtos do mar japoneses em Agosto de 2023, quando o país asiático começou a libertar água tratada da central nuclear de Fukushima, danificada pelo sismo e tsunami de março de 2011.

A reintrodução da proibição, que não foi confirmada pela China, surge numa altura de tensão entre os dois países devido a declarações recentes da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre uma possível intervenção japonesa num conflito que envolva Taiwan.

As autoridades chinesas terão informado as autoridades japonesas de que a nova suspensão é uma resposta ao interesse de Pequim em fiscalizar o derrame, de acordo com pormenores publicados pela emissora pública japonesa NHK. Pequim aprovou, em Junho passado, o reinício das importações de peixe e marisco do Japão, excepto de dez das 47 prefeituras, incluindo Fukushima e Miyagi, duas das mais afectadas pelas catástrofes naturais de há 14 anos.

Tóquio congratulou-se com a notícia, apesar de ter pedido ao país vizinho que retomasse todas as exportações deste tipo, que são fundamentais para a indústria pesqueira da região nordeste do Japão, afectada pela catástrofe.

Este novo episódio surge num momento de renovada tensão entre o Japão e a China, na sequência de comentários feitos pela líder japonesa no primeiro mês de mandato, que deram origem a uma crise diplomática que já afetou sectores como turismo, educação e entretenimento, com apelos mútuos ao boicote.

20 Nov 2025

Xiaomi | Lucros mais do que duplicam até Setembro

A empresa tecnológica chinesa Xiaomi mais do que duplicou os lucros (+140 por cento) até Setembro, para 4.256 milhões de euros, e alcançou o primeiro resultado positivo nas operações de veículos eléctricos e inteligência artificial (IA). Segundo os resultados enviados ontem à Bolsa de Hong Kong, onde está cotada, nos primeiros nove meses do ano, a empresa teve receitas de 340.371 milhões de yuans, um aumento de 32,5 por cento face ao ano anterior.

Adicionalmente, entre Julho e Setembro, graças às vendas recorde de aproximadamente 109.000 veículos, os negócios de veículos eléctricos e de IA alcançaram um lucro bruto de cerca de 700 milhões de yuans. O presidente da Xiaomi, Lu Weibing, anunciou que a empresa espera entregar o seu 350.000 veículo do ano esta semana, o que significa que vai atingir o seu objectivo antes do previsto. A Xiaomi tem sido alvo de críticas por alguns acidentes mortais envolvendo os seus carros.

A receita com produtos eléctricos e de IA quase triplicou (+199,2 por cento) no terceiro trimestre, atingindo aproximadamente 29 mil milhões de yuans, um crescimento que contrasta fortemente com o de 1,6 por cento dos ‘smartphones’ e outros dispositivos, que, no entanto, ainda representam três quartos da receita total.

Lu Weibing alertou que o aumento do custo dos ‘chips’ pode ter um impacto negativo nos lucros dos fabricantes de telemóveis e previu aumentos de preços — como parte da transição dos seus produtos para um segmento ‘premium’ — para compensar esta queda.

20 Nov 2025

Reino Unido | Pequim nega acusações de espionagem a parlamentares britânicos

Um porta-voz da embaixada da China em Londres classificou terça-feira acusações das autoridades britânicas de espionagem a parlamentares por Pequim como “pura invenção” e constituem “calúnias maliciosas”.

“Estas afirmações por parte do Reino Unido são pura invenção e calúnias maliciosas. Condenamos veementemente estas manobras desprezíveis por parte do Reino Unido”, afirmou o porta-voz, numa declaração publicada na página de Internet da embaixada. “Exortamos o Reino Unido a cessar imediatamente esta farsa de falsas acusações e auto-engrandecimento, e a deixar de seguir o caminho errado de comprometer as relações entre a China e o Reino Unido”, acrescentou.

O Governo britânico revelou terça-feira que a China está a tentar “recrutar e cultivar indivíduos com acesso a informações confidenciais sobre o parlamento e o Governo britânicos”.

Numa declaração terça-feira aos deputados, o secretário de Estado do Interior, Dan Jarvis, indicou que o risco foi identificado pelo serviço de segurança nacional MI5, que emitiu um “aviso de espionagem” por agentes chineses a membros e funcionários do parlamento.

20 Nov 2025

Hong Kong | Homem detido por suspeitas de sedição e apelo a boicote eleitoral

O detido, que publicava mensagens de ódio ao regime desde 2024, terá incitado outras pessoas a não votar

A polícia de Hong Kong anunciou a detenção de um homem suspeito de sedição e de apelo ao voto nulo ou ao boicote das eleições para o parlamento local, marcadas para 07 de Dezembro.

Num comunicado, o Departamento de Segurança Nacional (NSD, na sigla em inglês) da Polícia de Hong Kong disse que o homem de 68 anos foi detido na terça-feira e “permanece sob custódia para diligências adicionais”. O detido é suspeito de “publicar conscientemente materiais com intenção sediciosa”, crime punido pela lei da segurança nacional, imposta por Pequim em 2020.

O NSD acrescentou que o homem terá também cometido o crime de “incitar outra pessoa a não votar ou a votar de forma inválida, através de actividades públicas durante o período eleitoral”. A investigação revelou que o detido terá “publicado repetidamente” nas redes sociais mensagens, “com conteúdos que incitavam ao ódio contra o Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong, o poder judicial e as forças de segurança”.

De acordo com o portal de notícias Hong Kong Free Press, o superintendente Chan On-ming, do NSD, disse numa conferência de imprensa que o suspeito tinha vindo a publicar este tipo de mensagens desde Setembro de 2024. O crime de sedição é punido com uma pena máxima de sete anos de prisão, enquanto o apelo ao voto nulo ou ao boicote eleitoral pode acarretar uma pena de até três anos de prisão e uma multa de 200 mil dólares de Hong Kong.

Outras detenções

Na sexta-feira passada, a Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC, na sigla em inglês) de Hong Kong já tinha anunciado a detenção de três pessoas, entre 55 e 66 anos, por alegadamente apelarem ao voto nulo ou ao boicote das eleições para o Conselho Legislativo.

A ICAC recordou que, desde a revisão da lei eleitoral, em 2021, 12 pessoas foram condenadas por “publicamente, incitar os eleitores a não votar, votar em branco ou nulo”, um crime punido com pena de prisão até três anos. De acordo com a imprensa local, a polícia de Hong Kong já deteve este ano 18 pessoas por crimes eleitorais, com oito já acusadas.

No final de Outubro, o secretário para a Segurança de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, recordou que apelar ao voto em branco nas eleições pode constituir um crime. Chris Tang lembrou as declarações do antigo deputado Ted Hui Chi-fung, que descreveu a votação como “uma farsa, totalmente alheia à opinião pública”, que “merece ser boicotada”, devido à exclusão da oposição pró-democracia.

Ted Hui fugiu para a Dinamarca em Dezembro de 2020 e em Agosto passado recebeu asilo na Austrália, depois de ser acusado de crimes contra a segurança nacional em Hong Kong.

20 Nov 2025

China / Japão | Pequim reitera protesto por comentário sobre Taiwan

A China declarou ontem que reiterou os “fortes protestos” a um diplomata japonês, de visita a Pequim, a propósito de declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre Taiwan. Masaaki Kanai, um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão para a região da Ásia-Pacífico, encontrou-se com o director-geral do Departamento de Assuntos Asiáticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Liu Jinsong.

“Durante as consultas, o lado chinês reiterou os seus fortes protestos ao lado japonês em relação às declarações erradas sobre a China feitas pela primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, durante uma conferência de imprensa regular.

Em 07 de Novembro, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou que um ataque a Taiwan poderia justificar a intervenção das Forças de Autodefesa do Japão. Em resposta, a China chamou o embaixador japonês em Pequim alertando-o que o preço a pagar seria “doloroso”. O Ministério da Defesa da China defendeu ainda que as declarações de Takaichi foram “extremamente perigosas” e uma “grave interferência” nos assuntos internos chineses.

A tensão aumentou no dia seguinte, depois de o cônsul chinês em Osaka, Xue Jian, o cônsul-geral da China em Osaka, Xue Jian, defender num ‘post’ na rede social X, que, entretanto, apagou, que o melhor seria “cortar essa cabeça suja sem a menor hesitação”, sem especificar a quem se referia exactamente, mas citando um artigo de imprensa que relatava as declarações da governante japonesa.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês emitiu um alerta, na sexta-feira, no qual desaconselha as viagens para o Japão devido à deterioração do ambiente de segurança. Um aviso replicado, no domingo, pelas autoridades das duas regiões semiautónomas chinesas de Macau e Hong Kong.

19 Nov 2025

Médio Oriente | Pequim justifica abstenção sobre resolução na ONU com imprecisões

O Governo chinês justificou ontem a sua decisão de se abster na votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza com imprecisões relacionadas com os direitos políticos da Palestina.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, apontou que o plano de paz dos Estados Unidos “é vago em questões-chave relacionadas com os acordos pós-guerra” e “não reflecte suficientemente princípios importantes como a governação palestiniana e a solução de dois Estados”. Foi essa a razão pela qual decidiu abster-se numa votação em que a Rússia também se absteve, frisou.

Da mesma forma, o porta-voz aproveitou a oportunidade para sublinhar que a China apoiará o Conselho de Segurança em qualquer iniciativa que promova um cessar-fogo duradouro e alivie a crise humanitária, defendendo também uma “abordagem construtiva e responsável” a esta questão e reiterando o seu apoio à “causa justa do povo palestiniano” na sua luta pelos seus “direitos legítimos”.

O chamado Plano Abrangente para Acabar com o Conflito em Gaza inclui, na sua lista de 20 pontos, a criação de um Conselho de Paz a ser presidido pelo próprio Donald Trump, que terá a palavra final sobre assuntos relacionados com a governação da Faixa de Gaza, administrada por tecnocratas palestinianos.

O plano prevê ainda a criação de uma Força Internacional de Estabilização com 20.000 soldados para facilitar o progresso rumo às próximas fases do plano, que culmina na retirada das forças israelitas de Gaza e na possível criação de um Estado palestiniano, algo a que Israel se opõe firmemente.

O Hamas já rejeitou esta resolução do Conselho de Segurança, considerando que não vai ao encontro das exigências políticas e humanitárias do povo palestiniano, enquanto a Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmud Abbas, manifestou a sua satisfação pela votação e exigiu a implementação “imediata” da resolução.

19 Nov 2025

Hong Kong | Proibida importação de carne do distrito do Porto devido à gripe aviária

A região de Hong Kong proibiu ontem a importação de carne de ave e derivados, incluindo ovos, do distrito do Porto, na sequência da detecção de casos de gripe aviária.

O Centro para a Segurança Alimentar (CFS, na sigla em inglês) de Hong Kong sublinhou, em comunicado, que a decisão foi tomada “para proteger a saúde pública”, na sequência de uma notificação da Organização Mundial de Saúde Animal. De acordo com dados oficiais citados no comunicado, o território não importou carne de ave ou derivados de Portugal nos primeiros nove meses de 2025.

O CFS disse já ter contactado as autoridades portuguesas e que vai acompanhar “de perto” a situação e as informações emitidas pela Organização Mundial de Saúde Animal. “Serão tomadas as medidas adequadas em resposta ao desenvolvimento da situação”, referiu.

O CFS também proibiu ontem, pelo mesmo motivo, a importação de carne de ave e derivados de várias regiões da Alemanha, Países Baixos, Estados Unidos, França e Dinamarca. Na quinta-feira, a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) portuguesa determinou o confinamento de aves domésticas em 95 zonas de 14 distritos identificadas como de alto risco para a gripe aviária.

“As aves de capoeira e aves em cativeiro detidas em estabelecimentos, incluindo detenções caseiras, localizadas nas freguesias incluídas na lista das zonas de alto risco para a gripe aviária deverão ser confinadas aos respetivos alojamentos de modo a impedir o seu contacto com aves selvagens”, indicou a DGAV, num edital.

Em causa estão os distritos do Porto, Lisboa, Braga, Viana do Castelo, Aveiro, Leiria, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Évora, Beja, Portalegre e Faro.

O número total de focos detectados este ano em Portugal está em 31, tendo os mais recentes sido detectados numa exposição de aves em cativeiro, situada no distrito de Aveiro, concelho e freguesia de Oliveira do Bairro, e num estabelecimento de aves em cativeiro, no distrito de Santarém.

19 Nov 2025

Comércio | China e Alemanha querem “reforçar a coordenação macroeconómica”

Numa reunião de alto nível em Pequim, as duas nações deram um novo impulso às relações bi-laterais e deram um sinal claro para ultrapassar os recentes atritos comerciais

A China e a Alemanha comprometeram-se a “reforçar a coordenação macroeconómica”, “ampliar a abertura recíproca dos seus mercados” e “defender o sistema multilateral de comércio” durante uma reunião bilateral em Pequim co-presidida por altos representantes de ambos os países.

Estas questões fazem parte do que foi acordado na segunda-feira durante a quarta edição do Diálogo Financeiro de Alto Nível entre a China e a Alemanha, realizado em Pequim e liderado pelo vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e pelo ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil.

Numa declaração conjunta divulgada após a reunião, ambos os Governos reiteraram que este mecanismo é uma “plataforma essencial” para abordar questões estratégicas em matéria fiscal e financeira, e asseguraram que continuarão a utilizá-lo para “favorecer a recuperação económica mundial, a estabilidade financeira global e o desenvolvimento sustentável”.

A China e a Alemanha sublinharam a “importância central” de um comércio internacional baseado em regras e expressaram a sua rejeição ao unilateralismo e ao proteccionismo.

Também defenderam o papel do G20 como o principal fórum de cooperação económica e comprometeram-se a implementar os consensos alcançados nas cúpulas do grupo, especialmente em áreas como a coordenação de políticas macroeconómicas ou a reforma das instituições financeiras internacionais.

Avanços e compromissos

Ambas as partes manifestaram apoio ao sistema comercial multilateral com a Organização Mundial do Comércio (OMC) como núcleo, e enfatizaram a necessidade de avançar na reforma da instituição para garantir um ambiente “aberto, justo, transparente, inclusivo e não discriminatório”.

A declaração inclui compromissos adicionais em questões como a gestão da dívida de países de baixo e médio rendimento, o reforço da cooperação com o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, o combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, e a melhoria da transparência financeira.

O diálogo ocorreu num contexto marcado por atritos comerciais e diplomáticos entre a China e a Alemanha, que chegou a adiar uma visita à China do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Johann Wadephul, embora já a tenha reactivado. Nas últimas semanas, Berlim também expressou preocupação com as restrições chinesas à exportação de componentes-chave para o fabrico de semicondutores, que afectaram empresas como a Volkswagen.

19 Nov 2025

Tarifas | Índia compra aos EUA 10% das importações de gás liquefeito

A Índia anunciou ontem que assinou um contrato com os Estados Unidos para o fornecimento do equivalente a 10 por cento das importações actuais de gás liquefeito de petróleo (GLP), com o objectivo de diversificar as fontes de hidrocarbonetos.

O acordo surge depois do Presidente norte-americano, Donald Trump, ter imposto, em Agosto, uma sobretaxa de 50 por cento sobre todos os produtos indianos que entrem nos Estados Unidos, em retaliação às compras de petróleo russo por Nova Deli. O inquilino da Casa Branca repete desde Agosto que o primeiro-ministro indiano Narendra Modi concordou em renunciar às compras de petróleo russo, uma afirmação que Nova Deli nunca confirmou.

A Índia e os Estados Unidos negociam há vários meses um acordo de livre comércio, mas as discussões esbarram, nomeadamente, na abertura do mercado agrícola indiano aos produtores norte-americanos. O ministro indiano do Petróleo e Gás Natural, Hardeep Singh Puri, anunciou agora que o seu país decidiu comprar aos Estados Unidos 2,2 milhões de toneladas de GPL por ano, “uma novidade para o mercado indiano”.

No âmbito dos esforços envidados para fornecer à população indiana abastecimento seguro e barato de GPL, intensificámos a diversificação das nossas fontes de importação”, explicou o ministro num comunicado.

No mês passado, a empresa petrolífera semipública indiana HPCL-Mittal Energy anunciou a suspensão das compras de crude russo. Por outro lado, o grupo privado Reliance Industries anunciou que estava a reavaliar a política de compras, à luz das sanções americanas.

Quinta maior economia do mundo, a Índia continua a apresentar números de crescimento impressionantes — 7,8 por cento em termos homólogos nos três meses de Abril a Junho deste ano — impulsionados pelo aumento das despesas públicas e da confiança dos consumidores.

18 Nov 2025

Coreia do Sul | Propostas conversações ao Norte para evitar incidentes na fronteira

A Coreia do Sul propôs ontem conversações à Coreia do Norte para estabelecer um traçado claro da linha de demarcação militar fronteiriça e evitar incidentes entre os dois exércitos, anunciou o Governo sul-coreano.

A proposta foi feita pelo exército da Coreia do Sul “para evitar confrontos acidentais e reduzir a tensão militar”, justificou o vice-ministro da Defesa sul-coreano, Kim Hong-cheol, numa conferência de imprensa em Seul. Kim afirmou que soldados norte-coreanos atravessaram repetidamente a linha militar para o lado sul da Zona Desmilitarizada “enquanto construíam estradas tácticas e colocavam vedações e minas”.

As tropas sul-coreanas emitiram avisos por rádio e dispararam tiros de aviso para forçar os norte-coreanos a recuar para o seu lado, disse Kim, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP). O vice-ministro referiu que as recentes incursões se devem “à perda de numerosos marcos da linha de demarcação”.

Os marcos foram instalados ao abrigo do Acordo de Armistício de 1953, que permitiu um cessar-fogo na Guerra da Coreia, iniciada em 1950. A linha de demarcação situa-se no interior da Zona Desmilitarizada, uma zona tampão de quatro quilómetros de largura que se estende por 250 quilómetros através da península coreana, na Ásia oriental.

O armistício pôs fim à guerra de 1950-53, mas Seul e Pyongyang ainda estão tecnicamente em guerra, devido à ausência de um tratado de paz.

18 Nov 2025

Bangladesh | Ex-PM condenada à morte pela repressão dos protestos de 2024

Um tribunal do Bangladesh condenou ontem a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina à morte por ter ordenado a repressão violenta dos protestos que levaram à sua deposição no Verão de 2024.

“Todos os elementos (…) que constituem crimes contra a humanidade estão presentes. Nós decidimos impor apenas uma sentença: a pena de morte”, declarou o juiz Golam Mortuza Mozumder, do tribunal de Daca. Sheikh Hasina, que fugiu para a Índia em Agosto de 2024, estava a ser julgada à revelia desde Junho por um tribunal da capital do Bangladesh.

No final do julgamento, os juízes consideraram-na culpada de crimes contra a humanidade – incluindo o incitamento ao assassínio e de ordenar mortes -, de acordo com a sentença. Hasina sempre negou as acusações das autoridades judiciais do Bangladesh. Em Julho e Agosto de 2024, os protestos antigovernamentais que a obrigaram a fugir do país, após quinze anos no poder, fizeram pelo menos 1.400 mortos, segundo as Nações Unidas, a maioria civis.

Num país já sob intensa tensão política e com as eleições parlamentares marcadas para daqui a três meses, esta decisão estava a ser muito aguardada. A polícia da capital foi colocada em alerta máximo e um grande número de agentes foram mobilizados para a zona em redor do tribunal e em todos os pontos-chave da cidade, observaram os jornalistas da agência de notícias AFP.

“Esperamos que o tribunal aja com prudência e sabedoria, que seja feita justiça e que esta decisão marque o fim dos crimes contra a humanidade e sirva de exemplo”, declarou o procurador responsável pelo caso, Tajul Islam, na semana passada. O responsável da acusação tinha pedido no mês passado que Sheikh Hasina fosse condenada à morte.

Contraponto

Sheikh Hasina pronunciou-se em Outubro a vários órgãos de imprensa estrangeiros, incluindo a AFP, para rejeitar todas as acusações contra si, que considerou infundadas. As gravações apresentadas pela procuradoria, sugerindo que esta teria autorizado o uso de “armas letais” contra os manifestantes, foram “tiradas do contexto”, afirmou a ex-primeira-ministra.

“Um veredicto de culpada já está predeterminado, infelizmente”, referiu Hasina, argumentando que “este é claramente um processo com motivações políticas”. Os problemas legais de Sheikh Hasina não terminam com este julgamento. É também alvo de inúmeras denúncias sobre vários assassinatos e raptos ao longo dos seus mandatos, pelos seus adversários políticos e organizações não-governamentais (ONG).

Uma comissão de inquérito estimou recentemente que o Governo da primeira-ministra ordenou o desaparecimento de mais de 250 membros da oposição. Após vencer as eleições parlamentares no início de 2024, consideradas fraudulentas, o partido Hasina, a Liga Awami, foi agora banido pelo actual Governo interino do Bangladesh liderado pelo Prémio Nobel da Paz, Muhammad Yunus.

Na oposição durante o Governo de Hasina, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP, na sigla em inglês) é considerado o favorito nas próximas eleições.

18 Nov 2025

Seul | Detectados sinais de tortura em estudante morto no Camboja

O Serviço de Medicina Legal da Coreia do Sul identificou sinais de tortura no cadáver de um estudante universitário que morreu no Camboja, em Agosto, e apontou para um traumatismo forte.

Seul está a levar a cabo uma campanha contra as ciberburlas e outros crimes através da Internet e o excesso de tempo passado a interagir com ecrãs digitais por parte da população em geral. Segundo o jornal Korea Herald, a vítima de 22 anos foi identificada com o nome Park e o seu corpo encontrado em 08 de Agosto, na província cambojana de Kampot, cerca de três semanas, após partir da Coreia do Sul.

A polícia do Camboja indicou na altura que havia hematomas e feridas consistentes com maus-tratos continuados e que três cidadãos chineses foram acusados da morte do sul-coreano, estando outros dois suspeitos foragidos.

Este caso desencadeou a campanha nacional da Coreia do Sul contra o cibercrime galopante em países como Camboja e Myanmar (antiga Birmânia), uma vez que os serviços de informações e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país relataram diversos casos de sequestro relacionados com o fenómeno.

Em Outubro, as autoridades sul-coreanas proibiram os seus cidadãos de viajar para as cidades cambojanas Bavet e Kampot, no sul daquele país, e lançaram um aviso para a evacuação da província Sihanoukville. No olho do furacão, está o conglomerado empresarial Prince Group, sediado em Phnom Penh, e seu presidente, Chen Zhi, sancionado pelos governos do Reino Unido e dos Estados Unidos da América por suspeita de manobrar uma rede de crimes daquele tipo.

O Prince Group detém participações, de maior ou menor escala, em mais de 30 países, e há suspeitas das autoridades daqueles estados de haver prática de tráfico humano, com recurso a instalações semelhantes a prisões, no Camboja, para executar crimes informáticos industriais, através da Internet.

18 Nov 2025

Japão | Mobilizada Força Aérea após avistamento de drone

As tensões entre o Governo nipónico e as autoridades chinesas aumentam na sequência das palavras proferidas pela primeira-ministra japonesa, violentamente repudiadas pelo cônsul chinês no território

O Japão anunciou ontem a mobilização da sua Força Aérea após ter detectado um drone, alegadamente de origem chinesa, na zona entre a ilha japonesa de Yonaguni e Taiwan, quando está a aumentar a tensão entre Tóquio e Pequim.

“No sábado, 15 de Novembro, foi confirmado que um veículo aéreo não tripulado, alegadamente de origem chinesa, sobrevoou a zona entre a ilha de Yonaguni [a ilha mais ocidental do Japão, no arquipélago das Ryukyu] e Taiwan. Em resposta, foram mobilizados caças (…) da Força Aérea de Autodefesa do Japão”, declarou o Ministério da Defesa japonês na rede social X. Em 07 de Novembro, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou que um ataque a Taiwan poderia justificar a intervenção das Forças de Autodefesa do Japão.

Em resposta, a China chamou o embaixador japonês em Pequim alertando-o que o preço a pagar seria “doloroso”. O Ministério da Defesa da China defendeu ainda que as declarações de Takaichi foram “extremamente perigosas” e uma “grave interferência” nos assuntos internos chineses.

A tensão aumentou depois de o cônsul chinês em Osaka, Xue Jian, o cônsul-geral da China em Osaka, Xue Jian, defender num ‘post’ na rede social X, que, entretanto, apagou, que o melhor seria “cortar essa cabeça suja sem a menor hesitação”, sem especificar a quem se referia exactamente, mas citando um artigo de imprensa que relatava as declarações da governante japonesa.

Ontem, o líder de Taiwan pediu à China que “exerça moderação” e “demonstre a conduta de uma grande potência”, numa altura de tensões entre Pequim e Tóquio devido ao estatuto da ilha. William Lai Ching-te enfatizou que os recentes ataques da China contra o Japão “estão a afectar gravemente a paz e a estabilidade no Indo-Pacífico”, em declarações citadas pela agência de notícias pública taiwanesa CNA.

Manobras em curso

A China proibiu a navegação em parte do mar Amarelo, desde ontem até quarta-feira, para realizar exercícios militares, anunciou a Administração de Segurança Marítima (MSA, na sigla em inglês). O aviso da MSA, difundido no sábado pela comunicação social, referiu que vão ser realizados exercícios com munições reais no centro do mar Amarelo, que fica localizado entre a China e a península coreana.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês emitiu também um alerta, na sexta-feira, no qual desaconselha as viagens para o Japão devido à deterioração do ambiente de segurança. Um aviso replicado, no sábado, pelas autoridades das duas regiões semiautónomas chinesas de Macau e Hong Kong.

As principais companhias aéreas chinesas anunciaram, também no sábado, o reembolso total dos voos com destino ao Japão, após o apelo do Governo. O Japão enviou ontem um diplomata à China para abordar as recentes tensões em relação a Taiwan, avançou a agência de notícias japonesa Kyodo, citando fontes governamentais. O dirigente do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês vai reunir-se com as autoridades chinesas hoje, acrescentou a Kyodo.

18 Nov 2025

Washington espera concluir acordo com Pequim até fim de Novembro

O secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, disse no domingo que “espera” que o acordo entre os Estados Unidos e a China sobre as exportações de terras raras possa ficar formalmente concluído em dez dias.

“Ainda não finalizámos o acordo”, mas “esperamos fazê-lo até ao Dia de Acção de Graças”, ou seja, 27 de Novembro, declarou Bessent na cadeia televisiva Fox News. O responsável da administração norte-americano pela pasta da Economia também se disse “convencido” de que “a China cumprirá os seus compromissos”, mas caso contrário, advertiu, Washington dispõe de “muitos mecanismos” para retaliar.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, reuniram-se no final de Outubro para atenuar o conflito comercial entre as duas maiores potências económicas do mundo. Na sequência desta reunião, Pequim aceitou suspender, por um ano, restrições adicionais impostas algumas semanas antes às exportações de terras raras, que contêm os metais cruciais para o sector tecnológico mundial.

Acerto de contas

Essas terras são extraídas em vários países, incluindo os Estados Unidos, mas a China detém quase um monopólio no processamento destas matérias para as tornar utilizáveis na indústria.

Segundo Scott Bessent, o acordo sino-americano prevê que as terras raras “circulem livremente como antes de 4 de Abril”, data em que Pequim tinha imposto várias restrições à exportação em resposta às tarifas alfandegárias decretadas pela administração de Donald Trump.

No âmbito do acordo anunciado no final de Outubro, Washington vai reduzir de 57 por cento para 47 por cento as tarifas alfandegárias aplicadas aos produtos chineses que entram no mercado americano. A China comprometeu-se também a comprar 12 milhões de toneladas de soja aos Estados Unidos até ao final do ano, e 25 milhões por ano depois disso.

18 Nov 2025

Hong Kong | Detidas 15 pessoas suspeitas de branquear quase 130 milhões de euros

O alegado grupo criminoso fazia empréstimos avultados através de uma empresa legítima criada para o efeito. A operação resultou ainda na apreensão de relógios e outros produtos de luxo, além de grandes quantidades de dinheiro vivo

A polícia de Hong Kong deteve 15 pessoas suspeitas de pertencerem a um grupo que terá branqueado 1,16 mil milhões de dólares de Hong Kong (128,6 milhões de euros) provenientes de actividades criminosas. De acordo com a imprensa da região semiautónoma chinesa, a polícia anunciou que cinco dos detidos – três homens e duas mulheres – foram já acusados de branqueamento de capitais e terão sido ontem presentes a tribunal.

Os restantes suspeitos, sete homens e três mulheres com idades entre 27 e 62 anos, permanecem detidos, acrescentou a polícia, no domingo à noite.

Uma investigação identificou um alegado grupo criminoso que terá usado 21 contas bancárias pessoais e três contas de empresas para branquear 1,16 mil milhões de dólares de Hong Kong desde 2016. O grupo criou uma empresa financeira, aparentemente legítima, dedicada à concessão de empréstimos de elevado valor, mas cujas operações eram alegadamente usadas para a lavagem de dinheiro.

As detenções aconteceram numa operação lançada na quinta-feira, na qual a polícia também apreendeu relógios, joias e bolsas de luxo, documentos bancários e 24,7 milhões de dólares de Hong Kong em dinheiro. Mais tarde, a polícia congelou aproximadamente 1,6 milhões de dólares de Hong Kong, alegadamente provenientes de actividades criminosas, em contas bancárias pertencentes a três dos detidos.

Jogo abaixo

A operação decorreu em quatro diferentes locais de Hong Kong, onde a polícia suspeitava que decorriam actividades ilegais de jogos de fortuna e azar. A vizinha região de Macau, a capital mundial do jogo, é o único local na China onde o jogo em casino é legal.

Em Hong Kong apenas são legais as apostas em corridas de cavalos e em jogos de futebol, todas operadas pela mesma empresa, o Hong Kong Jockey Club (HKJC), em regime de monopólio. O parlamento do território aprovou em 11 de Setembro a legalização das apostas em jogos de basquetebol, que tem como um dos objectivos desviar fundos do mercado ilegal para circuitos controlados, segundo o Governo local.

O HKJC disse que deve começar a aceitar apostas em jogos de basquetebol em Setembro de 2026, início da próxima época da NBA, a liga masculina norte-americana de basquetebol.

18 Nov 2025

Redes sociais | Sancionadas mais de 11.000 contas por uso indevido de IA

A China sancionou mais de 11.000 contas nas redes sociais por utilizarem ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para substituir celebridades em vídeos e transmissões com fins publicitários, informou sexta-feira o regulador chinês.

A Administração do Ciberespaço da China (CAC, sigla em inglês) revelou que alguns perfis utilizaram ferramentas de IA para recriar a imagem de figuras públicas em transmissões ao vivo, vídeos curtos e outros formatos, com o objectivo de divulgar mensagens comerciais que poderiam ser interpretadas como autênticas.

Segundo as autoridades, estas acções constituem falsificação de informação e “prejudicam gravemente o ecossistema digital”. Em comunicado, a CAC menciona exemplos de conteúdos eliminados, como imitações de celebridades difundidas ao vivo para promover produtos, que acumularam um número significativo de interacções antes de serem retiradas.

O regulador explica que durante a operação desenvolvida nas últimas semanas, as plataformas eliminaram mais de 8.700 publicações consideradas irregulares e agiram contra mais de 11.000 contas que usavam a aparência de personalidades conhecidas sem autorização.

Nos últimos meses, os reguladores chineses realizaram várias campanhas para identificar o “uso indevido” de IA, um sector em grande desenvolvimento na China nos últimos meses. No ano passado, o Ministério da Ciência e Tecnologia da China emitiu directrizes que proíbem o uso de IA generativa para a criação directa de declarações em documentos de investigações científicas.

Várias empresas de tecnologia chinesas, como a Baidu ou a Alibaba, apresentaram nos últimos meses serviços baseados em IA, embora tenham surgido dúvidas sobre a aplicação deste tipo de tecnologia no país asiático devido à forte restrição imposta pelas autoridades.

17 Nov 2025

Filipinas | Milhares em manifestação de três dias contra a corrupção

Milhares de filipinos reuniram-se ontem em Manila para iniciar uma manifestação de três dias anticorrupção, enquanto a Justiça investiga um alegado desvio de milhões de dólares destinados a infraestruturas inexistentes ou defeituosas para responder a desastres.

Milhares de cidadãos das Filipinas aguardavam ontem, debaixo de chuva, para o início da manifestação que começa três dias depois de o Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., ter garantido, em declarações à televisão, que os principais responsáveis pela corrupção estariam na prisão antes do Natal.

Segundo as autoridades citadas pela agência de notícias EFE, cerca de 314 mil pessoas aderiram à Marcha pela Transparência e uma Melhor Democracia, uma manifestação que se deve prolongar até amanhã, convocada pelo grupo cristão Igreja Ni Cristo (INC), uma influente comunidade centenária.

O protesto, que contou com a presença de seguidores da INC de várias regiões do arquipélago filipino, ocorre enquanto várias equipas de resgate continuam a procurar mais de 120 pessoas desaparecidas após a passagem de dois tufões que afectaram mais de cinco milhões de pessoas este mês, e que provocaram até ao momento 250 mortos.

As reivindicações anticorrupção foram objecto de mobilizações naquele país asiático e provocaram a queda dos líderes das duas câmaras do Congresso filipino. De acordo com estimativas do executivo, os projectos “fantasmas” de controlo de inundações teriam causado prejuízos ao erário público de 1.771 milhões de euros só nos últimos dois anos.

17 Nov 2025