BYD | Investimento de 13 mil ME em veículos inteligentes

A maior fabricante de veículos eléctricos do mundo, a BYD, vai investir o equivalente a cerca de 13 mil milhões de euros no desenvolvimento de carros inteligentes, informou o portal de notícias de negócios Yicai.

A notícia foi revelada esta semana pelo fundador e CEO do fabricante chinês de automóveis, Wang Chuanfu, que não referiu um prazo ou outros detalhes sobre o investimento, mas disse que, depois da electrificação, os sistemas inteligentes vão ser o próximo campo de batalha para a indústria.

Entre os 90.000 funcionários da empresa, cerca de 4.000 estão dedicados à condução inteligente, dos quais três quartos são programadores e os restantes são engenheiros de equipamento e algoritmos.

Durante um evento corporativo na terça-feira, Wang apresentou o sistema de condução inteligente da BYD, o Xuanji, que integra tecnologias relacionadas com a inteligência artificial, redes de quinta geração (5G) ou funções de painel de instrumentos inteligentes, permitindo que o veículo perceba mudanças no ambiente interior e exterior e faça ajustes em tempo real para melhorar a segurança e o conforto.

Uma das razões pelas quais as marcas chinesas estão a ganhar tracção no mercado dos eléctricos é devido ao foco em sistemas inteligentes e painéis digitais, prestando atenção a recursos como controlos de voz, reconhecimento facial, estacionamento automático e compatibilidade com telemóveis.

“A BYD, conhecida pelas suas baterias de alta qualidade, está a tentar recuperar o atraso [neste domínio] em relação a rivais nacionais como a Nio e a Xpeng. Por isso, está a investir fortemente em [sistemas] inteligentes para manter o ritmo de crescimento das vendas”, afirmou Cao Hua, parceiro da Unity Asset Management, citado pelo South China Morning Post, um jornal de Hong Kong.

No início deste mês foi anunciado que a BYD ultrapassou a Tesla como o maior vendedor mundial de carros eléctricos no quarto trimestre de 2023.

19 Jan 2024

Brasília | Ministros da China e do Brasil reúnem-se

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Mauro Vieira, estão reunidos desde ontem, em Brasília, para tratar da agenda bilateral e questões de governança global. Durante a visita serão tratados temas bilaterais, multilaterais e regionais, além da presidência brasileira do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.

A reunião entre o ministro chinês e o brasileiro também trata de temas ligados à reforma da governança global e a cooperação bilateral em comércio, investimentos e ciência, tecnologia e inovação.

Segundo o jornal China Daily, “espera-se que a visita dê continuidade ao impulso positivo do desenvolvimento da parceria estratégica abrangente China-Brasil que foi efectivamente consolidada pela visita de estado do Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China em Abril do ano passado.”

O Governo brasileiro também destacou, no comunicado, que 2024 marca o 50.º aniversário da fundação das relações diplomáticas entre os dois países.

“Os últimos 50 anos não só viram a China e o Brasil tornarem-se os maiores países em desenvolvimento nos hemisférios Oriental e Ocidental, respectivamente, mas também os testemunharam tornarem-se actores importantes na cena mundial”, avaliou o jornal chinês sobre o mesmo tema.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. No ano passado, as transações com a China foram responsáveis por cerca de 52 por cento do excedente comercial total brasileiro. O Brasil e a China estabeleceram uma Parceria Estratégica em 1993, elevada a Parceria Estratégica Global em 2012.

19 Jan 2024

Pequim quer aplicar “medidas enérgicas” em disputas comerciais com o Ocidente

O ministro chinês do Comércio, Wang Wentao, afirmou ontem que a China vai tomar “medidas resolutas para proteger firmemente os seus interesses” face a “sanções e retaliações despropositadas”, após meses de crescentes tensões comerciais com outras potências.

Em entrevista ao Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Wang afirmou que a China vai “alargar o seu leque de contramedidas” e “tomar medidas legais, tais como interpor acções junto da Organização Mundial do Comércio” para “proteger os seus direitos e interesses legítimos”.

O ministro explicou ainda que Pequim vai “fazer bom uso” da Lista de Entidades Não Confiáveis, que entrou em vigor na China em 2022 e sanciona determinadas instituições.

“A China vai impulsionar o comércio de qualidade e quantidade em cinco áreas, incluindo o comércio de bens, o comércio de serviços, o comércio digital, a cooperação internacional e a segurança comercial, como parte do seu objectivo de se tornar uma potência comercial global”, disse Wang.

No entanto, o responsável também reconheceu os “desafios e riscos” que o comércio chinês enfrenta num contexto de “turbulência e transformação global”, com “factores económicos e não económicos interligados” e um “número de eventos imprevisíveis que podem aumentar”.

Entre os desafios, mencionou a “fraqueza da economia global”, o “aumento do proteccionismo e do unilateralismo”, a “concorrência para atrair investimentos”, os “conflitos geopolíticos que afetam as cadeias de abastecimento globais” e as “alterações climáticas e catástrofes naturais”.

Para enfrentar estes desafios, o ministro disse que a pasta que dirige vai aproveitar as plataformas existentes, como os mecanismos de comunicação e diálogo com os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão, para “reduzir as diferenças e alargar as áreas de cooperação”.

Mundos divergentes

Nos últimos anos, as disputas comerciais entre a China e os países ocidentais têm-se agravado. O departamento de Comércio dos Estados Unidos incluiu várias empresas chinesas na sua lista negra de exportações, acusando-as de fornecerem apoio técnico à invasão russa da Ucrânia, e a Casa Branca proibiu as empresas de capital de risco norte-americanas de investirem em três sectores-chave da economia chinesa: semicondutores, computação quântica e inteligência artificial.

Em retaliação, Pequim anunciou recentemente restrições à exportação de gálio e germânio – metais fundamentais para o fabrico de semicondutores e dos quais a China é o maior produtor – ou de grafite, argumentando em ambos os casos que estava a tomar estas decisões por razões de “segurança nacional”.

O Fundo Monetário Internacional alertou no ano passado para os danos causados à economia global pelas restrições ao comércio e ao investimento entre os EUA e a China.

19 Jan 2024

Espaço | China envia microrganismo para estudar possibilidade de vida em Marte

O programa espacial chinês deu ontem mais um passo significativo com o envio de um microrganismo terrestre para o espaço com o objectivo de explorar a possível existência de vida noutros planetas

 

A China enviou ontem para o espaço um microrganismo terrestre primitivo para estudar a sua capacidade de sobrevivência em condições semelhantes às de Marte e ajudar a resolver o mistério da possível existência de vida extraterrestre.

O microrganismo, que pertence ao grupo das arqueobactérias e se encontra em ambientes pobres em oxigénio, como os fundos marinhos, os arrozais e os estômagos dos ruminantes, foi transportado nas últimas horas pela nave de carga Tianzhou-7 para a estação espacial chinesa, onde vai ser submetido a uma experiência que o exporá a radiações cósmicas, microgravidade e temperaturas extremas.

O professor Liu Zhu, do Departamento de Ciências do Sistema Terrestre da Universidade de Tsinghua, explicou que a experiência tem como objectivo testar se este microrganismo, uma das formas de vida mais antigas da Terra e grande produtor de metano na atmosfera, pode viver num ambiente semelhante ao de Marte, noticiou ontem a televisão estatal CCTV.

De acordo com o especialista, esta experiência pode fornecer uma nova perspectiva para explorar a possível existência de vida noutros planetas, especialmente em Marte, onde a sonda norte-americana Curiosity detectou várias vezes sinais de metano de origem desconhecida.

Os cientistas especularam que este metano poderia ser o resultado do metabolismo de algum tipo de organismo extraterrestre, e que a arqueobactéria produtora de metano poderia ser uma das potenciais formas de vida em Marte ou na lua Titã de Saturno.

No entanto, as técnicas actuais não permitem a detecção de sinais de vida extraterrestre em Marte ou noutros planetas, devido ao seu elevado custo e baixa precisão. Liu propôs uma experiência de verificação inversa, ou seja, enviar o microrganismo para o espaço e testar se consegue adaptar-se e produzir metano.

“Se conseguir sobreviver e crescer num tal ambiente, então poderá provar que a vida primitiva na Terra pode existir e prosperar num ambiente extraterrestre. Isto também nos daria uma grande pista de que o metano encontrado em Marte poderia ter uma origem biológica e que essa vida poderia ser homóloga à vida na Terra”, disse.

Última sobrevivente

A estação espacial de Tiangong, que vai funcionar durante cerca de dez anos, tornar-se-á provavelmente a única estação espacial do mundo a partir de 2024, se a Estação Espacial Internacional, uma iniciativa liderada pelos Estados Unidos à qual a China está impedida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, for retirada, como previsto, este ano.

A China investiu fortemente no seu programa espacial e alcançou êxitos como a aterragem da sonda Chang’e 4 no lado mais distante da Lua – a primeira vez que tal foi conseguido – e a colocação de uma sonda em Marte, tornando-se o terceiro país a fazê-lo, depois dos Estados Unidos e da antiga União Soviética.

19 Jan 2024

Seul | Líder da oposição volta ao trabalho 15 dias após ser esfaqueado

O líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-myung, regressou ontem ao trabalho, 15 dias após ter sido esfaqueado no pescoço e ter feito uma cirurgia para reconstruir a veia jugular, informou a agência de notícias Yonhap. “Penso que o que vivi é trivial em comparação com a dor que as pessoas em todo o mundo sentem devido a dificuldades reais”, disse Lee, em declarações divulgadas pela agência sul-coreana, pouco antes de entrar na Assembleia Nacional (parlamento) do país.

Lee, de 60 anos, líder do Partido Democrático, de orientação liberal, deixou um agradecimento à polícia, aos trabalhadores de emergência e ao pessoal médico que intervieram quando foi atacado a 02 de Janeiro. “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para cumprir as responsabilidades que me foram atribuídas. Consegui regressar ao trabalho graças a todas as pessoas que me ajudaram. Muito obrigado”, acrescentou.

No dia do ataque, um homem de 67 anos, de apelido Kim, feriu Lee durante um evento em Busan, cidade a 350 quilómetros a sudeste de Seul, atingindo-o com uma faca no lado esquerdo do pescoço. Lee foi inicialmente atendido de urgência em Busan e posteriormente transportado de helicóptero para Seul, onde foi submetido a uma cirurgia para reconstruir a veia jugular.

Kim, que possui uma empresa imobiliária em Asan, a 80 quilómetros a sul de Seul, foi detido no local e admitiu à polícia ter atacado o político com intenção de matar. A polícia disse que o homem afirmou estar ressentido com a classe política sul-coreana.

18 Jan 2024

Mar Vermelho | Transportadoras japonesas evitam rota

Três das principais transportadoras marítimas do Japão confirmaram ontem à agência de notícias AFP que suspenderam o trânsito de todas as suas cargas através do Mar Vermelho, devido ao forte aumento das tensões nesta região.

A Nippon Yusen tomou esta decisão para “garantir a segurança das tripulações”, explicou à AFP um porta-voz do grupo. As companhias marítimas Mitsui OSK Lines e Kawasaki Kisen também confirmaram a decisão de evitar completamente a área.

Desde Novembro passado, os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão e que controlam grande parte do Iémen, aumentaram os ataques no Mar Vermelho contra navios que suspeitam estarem ligados a Israel. Os Huthis afirmam que estão a atacar em solidariedade aos palestinianos, que estão a sofrer com a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza desde 07 de Outubro.

As tensões no Mar Vermelho, uma estreita passagem marítima pela qual passa cerca de 12 por cento do comércio mundial, aumentaram ainda mais desde o final da semana passada com os ataques do Reino Unido e dos Estados Unidos contra os Huthis no Iémen, que responderam rapidamente às acções dos dois países ocidentais.

No último incidente, um navio grego com bandeira maltesa que transportava cereais foi atingido na terça-feira por um míssil lançado pelos Huthi na costa do Iémen, sem causar feridos, segundo uma fonte do Ministério da Marinha da Grécia.

18 Jan 2024

População chinesa diminui pelo segundo ano consecutivo

Com o número de nascimentos a diminuir, e a subida da taxa de mortalidade, após o fim da pandemia de covid-19, a população chinesa entra pelo segundo ano consecutivo numa rota descendente

 

A população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas em 2023, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes, após o fim da estratégia ‘zero casos’ de covid-19, foi ontem anunciado. O número marca, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatística (GNE), o segundo ano consecutivo de contracção, depois de a população ter caído 850.000 em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961.

A China terminou 2023 com 1.409,67 milhões de habitantes, contra 1.411,75 milhões no final do ano anterior. A diminuição de 2,08 milhões de pessoas representa uma queda homóloga de 0,14 por cento e confirma a tendência demográfica negativa que começou em 2022 e para a qual as autoridades chinesas têm vindo a alertar há anos.

O país asiático registou 9,02 milhões de nascimentos no ano passado, em contraste com os 9,5 milhões registados em 2022 e apesar dos esforços das autoridades nacionais e locais para aumentar a taxa de natalidade.

Especialistas chineses previram em Novembro passado que o número de nascimentos na China continuaria a diminuir em 2023 pelo sétimo ano consecutivo, devido a uma queda no número de casamentos nos últimos anos e a um atraso na idade de casamento entre os jovens chineses.

Segundo dados oficiais, o número de homens ultrapassou o de mulheres, com um rácio de 104,49 homens por cada 100 mulheres: o número de homens situou-se em 720,3 milhões, enquanto o número de mulheres foi de 689,4 milhões. Os dados reflectem também um aumento do número de mortes, que passou de 10,41 milhões para 11,1 milhões.

Esforços em vão

Desde que abandonou a política do filho único, a China tem procurado encorajar as famílias a terem um segundo ou até terceiro filho, mas com pouco sucesso.

O maior custo de vida com a saúde e educação das crianças e uma mudança nas atitudes culturais que privilegia famílias menores estão entre os motivos citados para o declínio nos nascimentos. Durante o 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”.

Lin Caiyi, vice-presidente do Instituto de Investigação do Fórum de Economistas da China, alertou para o facto de uma população cada vez menor significar uma força de trabalho cada vez menor, o que “trará inevitavelmente um crescimento económico mais lento”.

O especialista, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, disse que a pressão sobre as despesas da segurança social “aumenta de ano para ano à medida que a população envelhece”.

Peng Xizhe, professor do Centro de Estudos sobre População e Política de Desenvolvimento da Universidade de Fudan, previu que a população da China “vai continuar a diminuir” nos próximos anos. Estima-se que, em 2035, haverá 400 milhões de pessoas com mais de 60 anos na China, o que representa mais de 30 por cento da população chinesa. Segundo projecções da ONU, a Índia ultrapassou a China no ano passado como o país mais populoso do mundo.

18 Jan 2024

China | Economia acelera e cresce 5,2 por cento em 2023

A economia chinesa acelerou no trimestre Outubro-Dezembro e fixou a taxa anual de crescimento em 5,2 por cento, correspondendo ao objectivo estabelecido pelo Governo chinês, segundo dados oficiais ontem divulgados. A aceleração reflecte também o efeito base de comparação face à paralisia da actividade económica no ano anterior, suscitada pela política de ‘zero casos’ de covid-19.

O PIB da China cresceu 3 por cento em 2022, uma das taxas mais baixas dos últimos 40 anos. No quarto trimestre do ano passado, a economia chinesa também cresceu 5,2 por cento, em comparação com o período homólogo. Numa base trimestral, a economia cresceu 1 por cento no quarto trimestre, abrandando em relação à expansão de 1,3 por cento registada entre Julho e Setembro.

Os funcionários do Gabinete Nacional de Estatística da China afirmaram que as medidas, incluindo “o reforço da regulação macroeconómica e os esforços redobrados para expandir a procura interna, optimizar a estrutura, aumentar a confiança e prevenir e neutralizar os riscos”, ajudaram a melhorar a dinâmica da recuperação, da oferta e da procura.

A produção industrial, que mede a actividade nos sectores indústria transformadora, minas e serviços públicos, aumentou 4,6 por cento, em 2023, em comparação com o ano anterior, enquanto as vendas a retalho de bens de consumo cresceram 7,2 por cento.

O investimento em activos fixos – despesas com equipamento industrial, construção e outros projectos de infra-estruturas para impulsionar o crescimento – subiu 3 por cento, em termos anuais, em 2023.

No entanto, os indicadores apontam para uma recuperação desigual na China. Os dados comerciais de Dezembro, divulgados no início deste mês, revelaram um ligeiro crescimento das exportações pelo segundo mês consecutivo, bem como um ligeiro aumento das importações. No entanto, os preços ao consumidor caíram pelo terceiro mês consecutivo, sinalizando a persistência de pressões deflacionistas.

Sem problemas

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou no Fórum Económico Mundial em Davos (Suíça), na terça-feira, que a China alcançou o seu objectivo económico sem recorrer a “estímulos maciços”. Li Qiang afirmou que o país tem “fundamentos bons e sólidos no seu desenvolvimento a longo prazo” e que, apesar de alguns contratempos, a tendência positiva da economia mantém-se.

O abrandamento reflecte também os esforços de Pequim para desalavancar a economia, visando reduzir riscos financeiros e construir um modelo assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.

18 Jan 2024

Fundador do grupo Fosun diz que dias de crescimento desenfreado da China acabaram

O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, disse ontem que os “dias de crescimento desenfreado [da China] já lá vão”, apontando para altos níveis de endividamento no sector privado.

“A recuperação económica, no ano passado, não foi tão rápida como se esperava. As empresas privadas ainda enfrentam enorme pressão”, descreveu Guo, fundador do Fosun Group, que detém em Portugal a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30 por cento no banco Millennium BCP e mais de 5 por cento da REN – Redes Energéticas Nacionais.

O Governo chinês deve publicar esta quarta-feira os dados relativos ao crescimento económico no ano passado. Os analistas esperam uma taxa de 5,2 por cento (ver página 10). Embora o valor exceda ligeiramente o objectivo oficial de 5 por cento, os economistas afirmam que 2024 será um ano mais difícil, prevendo que o crescimento abrandará para 4,6 por cento.

Guo Guangchang, de 56 anos, tem um património líquido calculado pela Forbes em 4 mil milhões de dólares, cerca de metade do valor que tinha há cinco anos, como resultado de uma queda no preço dos activos na China, incluindo acções e imobiliário.

“No entanto, o pior já passou. Só aqueles que conseguirem sobreviver vão poder colher mais oportunidades”, argumentou, durante uma reunião anual da Câmara de Comércio de Zhejiang, em Xangai.

O investimento privado caiu 0,5 por cento na China, em termos homólogos, nos primeiros 11 meses do ano passado. Uma crise de liquidez no sector imobiliário, que concentra cerca de 70 por cento da riqueza das famílias chinesas, segundo diferentes estimativas, afectou a confiança dos consumidores e pesou sobre a economia.

Guo atribuiu as dificuldades sofridas por muitas empresas privadas a estratégias baseadas em altos níveis de endividamento e acumulação de grandes volumes de activos. Este modelo é particularmente vulnerável numa altura em que Pequim tenta desalavancar a economia, visando reduzir riscos financeiros e construir um modelo assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.

Época de vendas

Nos últimos anos, o grupo Fosun acelerou a venda de activos para reforçar a liquidez e apostar em sectores estratégicos, incluindo a biociência, produtos farmacêuticos e o turismo, numa altura de pressão no mercado obrigacionista.

O conglomerado soma uma dívida de 40 mil milhões de dólares, mas a emissão de títulos tornou-se mais cara, após várias empresas chinesas terem entrado em incumprimento, incluindo a Evergrande, a segunda maior construtora da China.

Entre os activos vendidos nos últimos anos pela Fosun constam uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5 por cento do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6 por cento do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros.

No ano passado, o grupo vendeu também uma participação de 60 por cento na Nanjing Iron and Steel, depois de a ter detido durante 20 anos. “Os dias de crescimento desenfreado já lá vão. A rentabilidade no futuro só pode ser extraída a partir de indústrias com alto valor agregado, tecnologia e boa gestão”, afirmou Guo.

Guo também encorajou mais empresas chinesas a expandirem-se além-fronteiras. “Quando se consegue sobreviver no mercado doméstico, ferozmente competitivo, é provável que se consiga prosperar em quase todo o lado”, acrescentou.

17 Jan 2024

Seul vai retaliar “cem vezes mais” em caso de ataque de Pyongyang

O Presidente sul-coreano advertiu ontem Pyongyang que vai retaliar “cem vezes mais” em caso de ataque, num discurso em resposta ao líder norte-coreano que pediu que se qualifique o Sul como inimigo do país na Constituição. “Se a Coreia do Norte nos provocar, retaliaremos cem vezes mais”, disse Yoon Suk-yeol, durante uma reunião com o executivo em Seul, de acordo com o gabinete presidencial.

Algumas horas antes, os meios de comunicação norte-coreanos fizeram eco de um discurso do dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, numa sessão parlamentar de segunda-feira, em que defendeu uma revisão da Constituição para definir a Coreia do Sul como “país hostil número um”. Kim realçou ainda a necessidade de “ocupar, reprimir e reclamar” território sul-coreano em caso de guerra.

Entretanto, o dirigente da Coreia do Norte disse ontem de manhã que a mínima violação de território norte-coreano é uma “provocação de guerra”. “Se a República da Coreia [nome oficial da Coreia do Sul] violar 0,001 mm do nosso território, espaço aéreo ou mar, será considerado uma provocação de guerra”, disse Kim.

Tensão contínua

O discurso do líder norte-coreano não é apenas uma nova demonstração de hostilidade que o regime tem vindo a intensificar nas últimas semanas. É, na opinião de especialistas citados pela agência de notícias EFE, mais um marco na mudança estratégica e diplomática que Pyongyang parece ter adoptado desde o fracasso, em 2019, das negociações para a desnuclearização da península com os Estados Unidos.

Desde então, o regime tem modernizado o exército e rejeitado ofertas de diálogo, aproximando-se de Pequim e Moscovo. Por outro lado, Seul e Washington têm reforçado os mecanismos de dissuasão e cooperação militar, o que levou a península a novos níveis históricos de tensão.

17 Jan 2024

Timor-Leste | ONG adverte para aumento do tráfico humano no país

As dificuldades económicas levam os jovens timorenses a aceitar promessas de trabalho no sudeste asiático que não passam afinal de esquemas de grupos criminosos dedicados ao tráfico humano

 

A Fundação Mahein Pesquisa e Advocacia do Sector da Segurança advertiu ontem que o tráfico humano está a aumentar em Timor-Leste e recomendou uma acção concertada entre a sociedade civil e as autoridades para combater o fenómeno. “Timor-Leste enfrenta uma crise crescente: o aumento alarmante do tráfico de seres humanos afecta jovens vulneráveis que procuram segurança económica”, refere, num artigo, a organização não-governamental.

Segundo a Fundação Mahein, os jovens timorenses estão a ser atraídos com “promessas de trabalho no sudeste asiático, Europa e Médio Oriente, com um número crescente a cair nas mãos de grupos criminosos”. “Além disso, o tráfico interno também é uma realidade generalizada, mas em grande parte não é reconhecido pelo Estado e pelo público geral”, salienta a organização.

A Fundação Mahein refere que as condições socioeconómicas de Timor-Leste “incentivam” o tráfico de pessoas, nomeadamente porque a economia não cresceu “significativamente” e as oportunidades de emprego “continuam escassas”.

“Muitas pessoas carecem de educação básica e de conhecimento dos direitos e das leis, o que aumenta a sua vulnerabilidade ao tráfico e à exploração”, sublinha. O artigo alerta para a questão do “tráfico interno”, que atinge principalmente jovens mulheres dos meios rurais que vão realizar trabalho doméstico em famílias mais abastadas.

“Esta prática, embora não seja amplamente reconhecida como ‘tráfico’, reflecte uma triste realidade em que mulheres e raparigas de famílias rurais empobrecidas são enviadas para trabalhar em agregados familiares mais abastados por pouco ou nenhum salário, muitas vezes em condições altamente exploradoras e abusivas”, denuncia a organização não-governamental.

Segundo a Fundação Mahein, aquelas mulheres e raparigas são “aliciadas” com a promessa de um salário, assistência financeira e educação, mas acabam por trabalhar horas em excesso e enfrentam “abusos psicológicos, físicos e sexuais” e uma compensação financeira “inadequada”.

“Ameaçadas com graves consequências se tentarem sair, vivem em estado de semi-prisão, tal como as vítimas de outras formas de tráfico de seres humanos”, explica a organização.

Carências legais

Para a Fundação Mahein, uma das principais barreiras de combate ao tráfico humano é a falta de aplicação da lei. “A PNTL [Polícia Nacional de Timor-Leste] carece de recursos humanos, financeiros e técnicos necessários para detectar e prevenir eficazmente as actividades de tráfico. Além disso, o Governo ainda não reconheceu o tráfico de seres humanos como uma questão prioritária”, refere no artigo, divulgado para incentivar o debate interno sobre a questão.

Para minimizar o fenómeno, quer interno, quer externo, a organização defende igualmente uma “abordagem integrada e multifacetada”, incluindo o reforço das capacidades da Unidade das Pessoas Vulneráveis da polícia timorense.

Ao mesmo tempo, a Fundação Mahein defende que é preciso aumentar os esforços para educar e sensibilizar o público sobre o tráfico de seres humanos.

“Ao abordar os desafios enfrentados pelas autoridades responsáveis pela aplicação da lei, prestando apoio às vítimas e iniciando debates públicos, podemos trabalhar no sentido de erradicar esta grave violação dos direitos humanos e garantir um futuro mais seguro para os seus cidadãos mais vulneráveis”, conclui a organização.

17 Jan 2024

Ano Novo Lunar | Previstas 9 mil milhões de viagens durante férias

A China espera cerca de nove mil milhões de viagens durante o período conhecido como “chunyun”, a maior migração anual do mundo, que ocorre todos os anos antes, durante e depois do feriado do Ano Novo Lunar. Em 2024, o feriado calha entre 10 e 17 de fevereiro.

Também conhecido como Festival da Primavera e um momento de reunião e celebração para as famílias chinesas, o “chunyun” deste ano decorrerá entre 26 de Janeiro e 5 de Março, um período para o qual se espera uma elevada procura de transportes. De acordo com o calendário lunar tradicional, a China acolherá o Ano do Dragão a 10 de Fevereiro, deixando para trás o Ano do Coelho.

Embora as férias decorram oficialmente entre 10 e 17 de Fevereiro, muitos trabalhadores migrantes tiram férias antes e depois do período festivo para visitarem os seus familiares. Durante os 40 dias do “chunyun” deste ano, são esperadas 1,8 mil milhões de viagens comerciais por via ferroviária, rodoviária, marítima e aérea, disse ontem o Vice-Ministro dos Transportes, Li Yang, em conferência de imprensa. Para além deste número, são esperadas mais 7,2 mil milhões de viagens por transporte privado, acrescentou.

17 Jan 2024

Vendas de automóveis chineses à Rússia quase triplicaram em 2023

As vendas de automóveis chineses para a Rússia aumentaram 2,8 vezes, em 2023, em termos homólogos, informou o portal de notícias chinês Yicai, que cita dados da câmara de comércio da Associação Europeia de Negócios.

Os números da agência mostram três marcas chinesas (Haval, Chery e Geely) entre os cinco principais vendedores de veículos na Rússia, todas registando aumentos de vendas superiores a 200 por cento em 2023, embora o líder da tabela seja o fabricante local Lada, que aumentou as vendas em 87 por cento em termos anuais.

No total, as empresas chinesas venderam mais de 458.000 veículos no país vizinho no ano que acaba de terminar, representando quase metade da quota de mercado (49 por cento). De acordo com o relatório recentemente publicado pela associação, sete modelos chineses (Haval Jolion, Chery Tiggo 7 Pro, Omoda C5, Geely Coolray, Chery Tiggo 4 Pro, Chery Tiggo 8 Pro e Geely Atlas Pro) encontram-se entre os dez mais vendidos.

Prevê-se que as vendas de veículos chineses na Rússia continuem a aumentar este ano, com a Changan, Haval e Chery a quererem atingir um total de quase 600.000 unidades, de acordo com analistas da divisão automóvel do banco russo Okritie Bank, citados pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Licença para entrar

Em Julho de 2023, a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis (CAAM) já tinha assinalado que a Rússia se tornou o maior importador mundial de veículos fabricados no gigante asiático.

“A saída das marcas de automóveis ocidentais do mercado russo deixou um nicho que as empresas chinesas foram capazes de preencher. Este facto, combinado com a crescente competitividade dos veículos chineses, fez com que a Rússia registasse um aumento das importações de veículos chineses”, explicou o secretário-geral da CAAM.

No total, cerca de 30 marcas chinesas foram oficialmente exportadas para a Rússia, enquanto entre 15 e 17 entraram no mercado russo através das chamadas “importações paralelas”, uma prática reconhecida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e permitida em alguns países que envolve a importação de produtos legalmente fabricados no estrangeiro, mas sem a autorização do detentor de uma marca registada ou patente.

A China terminou 2023 como o mais provável líder mundial de exportação de veículos, vendendo cerca de 5,26 milhões de unidades no valor de 102 mil milhões de dólares, ultrapassando o Japão.

17 Jan 2024

Taiwan | Xi defende necessidade de “conquistar os corações” dos taiwaneses

O Presidente chinês apelou a esforços para “conquistar os corações” de Hong Kong, Macau e Taiwan, depois de o Partido Democrático Progressista, representado por William Lai Ching-te, ter mantido o poder em Taiwan.

Num artigo publicado ontem, Xi Jinping apelou também ao “reforço das forças patrióticas e da reunificação” em Taiwan, informou a agência de notícias oficial Xinhua. Xi sublinhou a necessidade de direccionar o Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), para “mobilizar apoios” e “desenvolver e melhorar o sistema político da China”.

A Frente Unida procura reunir as forças sociais que apoiam o PCC e a sua liderança, tanto na China como no estrangeiro. O líder chinês apelou à “oposição aos actos separatistas” que apoiam a “independência de Taiwan” e à “promoção da reunificação completa da pátria”. Xi sublinhou ainda a importância de “promover o sentido de comunidade da nação chinesa entre os diferentes grupos étnicos”.

17 Jan 2024

Governo apresenta medidas para desenvolver economia para idosos

O Governo chinês publicou ontem várias medidas para desenvolver a economia relacionada com a população idosa, face ao rápido envelhecimento da sociedade chinesa.

O Conselho de Estado (Executivo) publicou um documento que se centra em quatro aspectos: resolver os problemas urgentes dos idosos, expandir a oferta de produtos para esta faixa etária, cultivar sectores potenciais e reforçar o apoio financeiro a estas indústrias. De acordo com o ministério dos Assuntos Civis, existem cerca de 280 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país, ou seja, 19,8 por cento da população total.

O documento sublinha a necessidade de apostar na inovação dos produtos destinados aos idosos, no desenvolvimento de novas formas de cuidados inteligentes, na indústria da reabilitação e dos dispositivos de assistência e na indústria antienvelhecimento.

O mesmo documento incentiva o desenvolvimento de alimentos saudáveis e soluções médicas especiais que se adaptem à forma como os idosos comem e mastigam ou o fabrico de veículos “que cumpram as normas técnicas e facilitem o transporte sem barreiras para os idosos”.

O Conselho de Estado também prioriza os “dispositivos inteligentes” para cuidados domiciliários e promove a utilização de robots para cuidar dos idosos, realizar tarefas domésticas e evitar que os idosos se percam.

As autoridades chinesas apelam também ao reforço da investigação e da aplicação da tecnologia genética, da medicina regenerativa e dos lasers no domínio do tratamento do envelhecimento. O documento salienta ainda que a oferta de produtos financeiros para os idosos deve ser aumentada e que os produtos de pensões e de seguros comerciais para os reformados devem ser diversificados.

Desafios e tecnologia

Hu Zuxiang, director do Gabinete de Desenvolvimento Populacional do Departamento de Previsão Económica do Centro Nacional de Informação, disse aos meios de comunicação locais que a tecnologia é a “primeira força motriz para o desenvolvimento da economia relacionada com as pessoas com mais de 60 anos”.

O Governo chinês apelou a “projectos para melhorar a adaptabilidade digital dos idosos”, numa altura em que cada vez mais serviços na China são realizados através de pagamentos móveis ou através da rede social local Wechat. Estima-se que, em 2035, haverá mais de 400 milhões de pessoas com mais de 60 anos no país asiático, o que representa mais de 30 por cento da população da China.

As autoridades alertaram para o facto de o envelhecimento da população colocar vários desafios à prestação de serviços públicos e à sustentabilidade da segurança social. A China encerrou o ano passado com 1.411,75 milhões de habitantes, tendo registado 9,56 milhões de nascimentos e 10,41 milhões de mortes.

17 Jan 2024

Fórum Económico Mundial | Li Qiang estima crescimento do PIB chinês de 5,2 por cento em 2023

O primeiro-ministro chinês discursou em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial. Segundo Li Qiang, a economia chinesa mantém-se sólida e saudável. O responsável apelou também ao reforço do multilateralismo

 

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, estimou ontem, durante o Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), que a economia da China cresceu 5,2 por cento, em 2023, acima da meta das autoridades de 5,0%. Os números oficiais do PIB vão ser divulgados esta quarta-feira. As previsões dos analistas apontam para um aumento de 0,1% face ao trimestre anterior e de 5,3%, em termos homólogos, no último trimestre do ano.

Durante um discurso em Davos sobre o estado e perspectivas da economia chinesa, Li disse que, após décadas de desenvolvimento, a China estabeleceu uma base “sólida e saudável” e que, “tal como uma pessoa saudável, tem um sistema imunitário forte e sólido”.

Li Qiang apelou a um maior multilateralismo e ao “reforço da coordenação política e macroeconómica” para evitar um contexto de crise, em que haja “decisões” que fragilizem a economia mundial. O primeiro-ministro chinês afirmou que a “falta de confiança aumenta o risco para o crescimento global e para a paz mundial” e apelou à sua “reconstrução”. Li Qiang afirmou que “é essencial pôr de lado os preconceitos e ultrapassar as diferenças”.

“A China mostrou ao mundo inteiro que é um país que merece confiança”, afirmou, apelando a uma maior liberalização do comércio internacional e a mais intercâmbios tecnológicos, uma área em que apelou a que não se bloqueie o desenvolvimento de alguns países. Numa referência velada aos Estados Unidos, Li sublinhou ainda que “a China nunca se retira das organizações, nem pede aos outros países que escolham um lado”.

Outros apelos

O político chinês apelou ainda a uma maior “cooperação no desenvolvimento verde” como frente comum contra as alterações climáticas e a uma maior colaboração Norte-Sul e Sul-Sul para alcançar “uma economia global mais inclusiva”.

Questionado sobre a inteligência artificial (IA), Li reconheceu as “oportunidades” que esta tecnologia apresenta para “impulsionar a revolução industrial e científica”, mas também alertou para os “riscos para a segurança e a ética”. “A China acredita que a tecnologia deve servir o bem comum da humanidade”, afirmou, apelando a um “trabalho coordenado”. “Não deve haver divisões ou confrontos”, disse.

17 Jan 2024

Pyongyang confirma lançamento de míssil balístico

A Coreia do Norte anunciou ontem que lançou um míssil balístico de alcance intermédio com combustível sólido, confirmando as declarações avançadas no domingo por Seul e Tóquio. O lançamento ocorre alguns dias após Pyongyang ter realizado exercícios de artilharia com munições reais.

O disparo do míssil no domingo, que Pyongyang disse estar equipado com uma ogiva hipersónica, destinava-se a “verificar as capacidades de deslocação e de manobrabilidade”, bem como “a fiabilidade do novo motor de combustível sólido”, explicou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disse no domingo, em comunicado, que o Norte “disparou um míssil balístico não identificado em direcção ao Mar do Leste”, referindo-se a uma área também conhecida como Mar do Japão.

O Ministério da Defesa do Japão disse ter detectado um possível lançamento de um míssil balístico de curto alcance, que terá caído fora da zona económica especial do país. Este é o primeiro lançamento de um míssil por parte de Pyongyang desde que testou o míssil balístico intercontinental de combustível sólido Hwasong-18, a arma mais avançada do Norte, em 18 de Dezembro.

O Hwasong-18 foi projectado para atacar o território continental dos Estados Unidos. Após Pyongyang realizar, na semana passada, exercícios de artilharia em torno da fronteira marítima ocidental com o Sul durante três dias, Seul realizou exercícios de tiro semelhantes na mesma área.

A subir de tom

Nos últimos dias, a Coreia do Norte tem intensificado a retórica bélica. Na semana passada, o líder Kim Jong-un descreveu o Sul como o “principal inimigo” e ameaçou aniquilar o país vizinho se fosse provocado.

Especialistas dizem que Kim provavelmente aumentará ainda mais a tensão ao testar novos mísseis para tentar influenciar os resultados das eleições parlamentares da Coreia do Sul, em Abril, e das eleições presidenciais dos EUA em Novembro.

Numa importante reunião do partido único norte-coreano, no final de dezembro, Kim prometeu expandir o arsenal nuclear de Pyongyang e lançar satélites espiões adicionais para fazer face ao que chamou de movimentos de confronto liderados pelos EUA.

16 Jan 2024

Coreia do Norte | Ministra faz visita de três dias à Rússia

Choe Son-hui vai estar três dias em Moscovo numa visita que, embora não tenham sido adiantados detalhes, pressupõe dar seguimento à cooperação militar acordada entre os dois países aquando do encontro entre Putin e Kim Jong-un em Setembro passado

 

A ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana partiu no domingo para uma visita de três dias à Rússia, numa altura em que a comunidade internacional condena a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo utilizar na Ucrânia.

“Uma delegação governamental da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país], liderada pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son-hui, partiu no domingo para uma visita oficial à Federação Russa a convite do ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov”, informou ontem a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.

Embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia e a agência de notícias russaTASS tenham confirmado a visita de Choe entre 15 e 17 de Janeiro, não forneceram mais detalhes. Lavrov visitou a Coreia do Norte em Outubro, por ocasião do 75.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países.

A visita de Choe surge depois de terem sido reveladas novas provas de que a Coreia do Norte e a Rússia concordaram em cooperar militarmente durante uma cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente russo, Vladimir Putin, em Setembro, e que inclui a transferência de armas de Pyongyang para Moscovo, em violação das sanções impostas pela ONU ao país asiático.

Últimos disparos

Na semana passada, a Casa Branca disse que a Rússia disparou recentemente mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia, somando-se aos já utilizados nos ataques de 30 de Dezembro e 02 de Janeiro. Mas Pyongyang e Moscovo negam esta transferência de armamento.

Em troca, acredita-se que o regime de Kim Jong-un recebeu assistência técnica russa no lançamento do primeiro satélite de reconhecimento militar em novembro passado. A Coreia do Sul estima que o número de contentores – carregados com mísseis balísticos, lançadores e centenas de milhares de munições de artilharia – transferidos desde o Verão pela Coreia do Norte para a Rússia ultrapassa agora os 5.000.

16 Jan 2024

Israel | Egipto e China apelam a cessar-fogo e à criação do Estado da Palestina

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Egipto e da China apelaram domingo conjuntamente a um cessar-fogo no centésimo dia da guerra em Gaza e à criação de um “Estado da Palestina” que seja membro de pleno direito da ONU.

Numa conferência de imprensa conjunta, no início de uma viagem a África, Wang Yi afirmou que, tal como o homólogo egípcio, Sameh Choukri, são a favor de “um Estado da Palestina independente e soberano dentro das fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital”.

Já num comunicado conjunto, os dois chefes da diplomacia apelaram também para o “fim da violência e dos combates” e ainda à realização de “uma cimeira internacional de paz para encontrar uma solução justa, global e duradoura para a questão palestiniana”.

Para tal, acrescentaram, deve pôr-se termo à “ocupação” israelita e criar-se um Estado da Palestina “independente e com continuidade territorial”, apesar de os palestinianos viverem atualmente sob dois governos rivais e paralelos.

A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), do Presidente Mahmoud Abbas, detém partes da Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, enquanto o Hamas – em guerra com Israel desde o seu ataque a solo israelita a 07 de Outubro de 2023 – controla a Faixa de Gaza. A China mantém boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há várias décadas e considera que a Palestina é um Estado. Pequim tem defendido tradicionalmente a solução de dois Estados.

16 Jan 2024

Taiwan | Pequim condena encontro de William Lai com antigos funcionários dos EUA

A China condenou ontem o encontro entre o líder eleito de Taiwan, William Lai, com uma delegação de antigos funcionários norte-americanos que visitaram a ilha após as eleições de sábado passado.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, afirmou em conferência de imprensa que as eleições em Taiwan “são um assunto interno da China” e que o Governo chinês “se opõe firmemente a qualquer contacto oficial entre os Estados Unidos e Taiwan”, bem como a “qualquer interferência dos EUA” nos assuntos da ilha. Mao exortou os EUA a reconhecerem “a complexidade e a sensibilidade” da questão de Taiwan e a “respeitarem fielmente o princípio ‘Uma só China’”.

A porta-voz pediu ainda a Washington que actue com “prudência e cautela” nas questões relacionadas com Taiwan, “para não prejudicar de forma alguma o princípio ‘Uma só China’” e “para não enviar quaisquer sinais errados às forças separatistas” de Taiwan.

Lai, também líder do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, reuniu-se com o antigo conselheiro de segurança nacional Stephen Hadley (2001-2009) e o antigo vice-secretário de Estado James Steinberg (2009-2017) na sede do partido, informou ontem a agência oficial da ilha, CNA.

16 Jan 2024

Acidente | Sobe para 13 número de mortos em explosão numa mina

O número de mortos na sequência da explosão de uma mina de carvão ocorrida na sexta-feira na província de Henan, no centro da China, subiu para 13, informou ontem a imprensa local. O número de mortos aumentou em três relativamente ao número anterior, que era de dez.

A explosão ocorreu numa mina na cidade de Pingdingshan devido à concentração de gás e carvão numa conduta de ventilação, de acordo com a investigação preliminar.

Na altura do incidente, 425 pessoas trabalhavam na mina. As equipas de busca continuam a trabalhar para resgatar os trabalhadores ainda presos no local, informou a agência de notícias oficial Xinhua. As autoridades abriram um inquérito e detiveram os responsáveis pela mina, propriedade da Pingdingshan Tianan Coal Mining.

Em Dezembro passado, um acidente numa mina de carvão na cidade de Jixi, na província de Heilongjiang, no nordeste da China, matou 12 pessoas. No final de Novembro do ano passado, um total de onze trabalhadores morreram num acidente numa mina de carvão também em Heilongjiang.

As minas de carvão – o material a partir do qual a China produz cerca de 60 por cento da sua energia – continuam a registar uma elevada taxa de acidentes no país asiático, embora o número de acidentes mortais tenha diminuído significativamente nos últimos anos.

16 Jan 2024

Pequim “aprecia” a decisão de Nauru de cortar laços com Taiwan

A China manifestou ontem o seu “apreço” pela decisão do governo de Nauru, uma pequena nação insular do Pacífico Sul, de cortar relações diplomáticas com Taiwan e reconhecer a República Popular da China.

“Como país soberano e independente, Nauru declarou o seu reconhecimento do princípio ‘Uma só China’, cortou as suas chamadas relações diplomáticas com as autoridades de Taiwan e manifestou a sua disponibilidade para retomar as relações diplomáticas com a China”, afirmou o ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. “A China aprecia e saúda a decisão do governo de Nauru”, acrescentou o comunicado do ministério.

O Governo chinês disse estar pronto para “abrir um novo capítulo” nas relações entre os dois países, agora que Nauru se tornou a mais recente nação da Oceânia a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.

O Governo de Nauru sublinhou ontem, numa breve declaração, que o país reconhece o princípio de ‘Uma só China’ e pretende reatar relações diplomáticas plenas com Pequim. A nação insular argumentou que a mudança de política é um primeiro passo para “promover o desenvolvimento” da pequena república oceânica.

16 Jan 2024

Corrupção | Ex-director executivo do gigante bancário chinês Everbright detido

A campanha anti-corrupção, contra ‘tigres’ (altos quadros) e ‘moscas’ (funcionários públicos) lançada por Xi Jinping aquando da sua chegada ao poder, em 2012, continua a fazer vítimas

 

Um antigo chefe do gigante bancário estatal chinês Everbright foi formalmente colocado sob prisão por suspeitas de corrupção, informaram ontem as autoridades. Após a conclusão de uma investigação preliminar, a Procuradoria Popular Suprema anunciou, em comunicado, que ordenou a detenção de Tang Shuangning, antigo presidente do conselho de administração do grupo, “nos últimos dias”.

A agência anti-corrupção do Partido Comunista Chinês (PCC) já tinha anunciado a sua expulsão do partido no início de Janeiro, acusando-o de uma longa lista de irregularidades, incluindo a importação de livros políticos não autorizados para a China. A agência acusou-o também de “abandonar as suas funções”, de se aproveitar do cargo para promover as suas obras de caligrafia, de utilizar fundos públicos para viajar e de aceitar vários presentes e subornos.

Acusado de “se entregar a uma vida de prazer e conforto”, Tang Shuangning também “falhou na prevenção e resolução de riscos financeiros, violando assim a linha organizacional do PCC”, afirmou a mesma fonte. O sucessor de Tang como director do Grupo Everbright, Li Xiaopeng, foi detido no mês passado por acusações de corrupção.

Sem tréguas

Desde que chegou ao poder em 2012, o Presidente chinês, Xi Jinping, lançou uma vasta campanha anti-corrupção contra funcionários públicos (“moscas”) e gestores de empresas estatais (“tigres”). O sector financeiro está cada vez mais na mira da agência nacional anti-corrupção e dos tribunais.

No mês passado, um antigo director do banco central chinês, Sun Guofeng, foi condenado a mais de 16 anos de prisão e acusado de divulgar informações em troca de subornos de 21 milhões de yuan.

Em Novembro, Sun Deshun, antigo presidente de um dos principais bancos estatais chineses, o Citic Bank, foi condenado a prisão perpétua por ter recebido ilegalmente bens num valor estimado em 980 milhões de yuan, durante um período de 16 anos. Também em Novembro, o PCC anunciou a abertura de uma investigação por corrupção contra Zhang Hongli, um antigo alto funcionário de um dos maiores bancos do país, o ICBC (Banco Industrial e Comercial da China).

16 Jan 2024

Índia encontra destroços que podem ser de avião desaparecido em 2016

O Ministério da Defesa indiano anunciou sexta-feira que foram encontrados destroços de um avião no mar provavelmente de uma aeronave do Exército indiano que desapareceu em 2016 com 29 pessoas a bordo.

“Esta descoberta no provável local do acidente, sem qualquer outro registo de aeronave desaparecida na mesma área, indica que os destroços provavelmente pertencem ao An-32 da IAF (Força Aérea Indiana)” que caiu em Julho de 2016 na baía de Bengala, informou o Ministério, num comunicado.

O Antonov An-32, de fabrico russo, que descolou de uma base perto de Chennai, no sudeste da Índia, com destino às ilhas Andaman e Nicobar, desapareceu 15 minutos depois do último contacto com a torre de controlo, em Julho de 2016.

As principais operações de busca realizadas na época não conseguiram encontrar o seu rasto. Sexta-feira, o Ministério da Defesa da Índia disse que um ‘drone’ de alto mar que sondava o fundo do oceano na Baía de Bengala encontrou destroços do avião acidentado a uma profundidade de 3.400 metros, a cerca de 140 milhas náuticas (310 quilómetros) de distância.

As aeronaves An-32 podem voar quatro horas sem necessidade de reabastecimento e são os aviões de transporte mais utilizados pela Força Aérea Indiana, mas sofreram inúmeros acidentes e falhas técnicas. Antes do desastre de 2016, um dos piores acidentes envolvendo um An-32, ocorreu em 1999: uma aeronave caiu perto do aeroporto de Nova Deli com 20 pessoas a bordo.

Em queda

Em 2016, uma fonte da IAF disse que os dados do radar do avião desaparecido mostraram que este tinha feito uma curva acentuada à esquerda antes de perder altitude rapidamente. O chefe das Forças Armadas da Índia, general Bipin Rawat, foi morto em 2021 juntamente com outras 12 pessoas quando o seu helicóptero Mi-17 de fabrico russo caiu no estado de Tamil Nadu.

No ano seguinte, dois pilotos morreram quando o seu caça MiG-21 da era soviética caiu durante uma incursão de treino no Rajastão. Em 2023, um Sukhoi Su-30 russo e um Mirage 2000 francês colidiram no ar durante exercícios a sul de Nova Deli e um dos pilotos morreu. A Força Aérea tem vindo a renovar a sua frota, parte da qual ainda data da década de 1960.

15 Jan 2024