Raquel Moz Manchete SociedadeIdosa esfaqueada encontra-se hospitalizada, o filho foi detido pela PJ [dropcap]O[/dropcap] agressor que esfaqueou a mãe de 72 anos na passada segunda-feira, num apartamento em Seac Pai Van, encontra-se detido e foi constituído arguido, anunciou ontem à tarde a Polícia Judiciária (PJ) em conferência de imprensa. O arguido, de apelido Lam, tem 40 anos de idade, é residente no território e encontra-se actualmente desempregado e solteiro. O suspeito é filho da vítima e habitava na sua casa, juntamente com a irmã e o sobrinho. A idosa tem ainda um filho mais velho, que não faz parte do agregado familiar. As averiguações das autoridades policiais, que acorreram ao local após o alerta de violência doméstica, apuraram que o perpetrador esfaqueou a mãe com uma faca de cozinha, por se ter irritado quando esta se negou a sair para comprar carne congelada. A vítima conseguiu fugir de casa, apesar dos ferimentos, levando consigo o neto de 8 anos enquanto se deslocava ao centro de saúde mais próximo para pedir ajuda. Durante o transporte para a urgência hospitalar, a vítima ainda estava consciente e apresentava ferimentos no braço esquerdo e nas costas. O ataque do filho consistiu num total de 4 facadas, cada uma com cerca de 10 cm. A idosa encontra-se actualmente no Centro Hospitalar Conde de São Januário e está em condição estável, segundo informação prestada pela PJ. A vítima vivia num apartamento do 21º andar do Edifício Ip Heng, em Coloane, com o filho (agora arguido), a filha e o neto pequeno. Os problemas familiares, segundo averiguaram as autoridades, diziam respeito a zaragatas frequentes por causa de dinheiro, que o filho alegadamente extorquia à mãe, beneficiária de apoio financeiro através de uma pensão de sobrevivência do Governo. Os agentes da PJ acreditam que a idosa era frequentemente maltratada pelo filho, situação que aparentemente se arrastava há mais de 10 anos, mas nunca pediu auxílio à polícia. Nos últimos três anos, o arguido começou a teimar que “a mãe gostava mais do seu irmão mais velho”, o que deteriorou a relação. No entanto, o arguido negou o crime e alegou que estava a dormir em casa à hora do sucedido. A contas com a Lei O arguido é acusado dos crimes de violência doméstica e detenção de arma proibida. De acordo com a Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, em vigor desde 2016, o autor do crime de ofensa grave à integridade física incorre numa pena de prisão de 2 a 8 anos, no âmbito de uma relação familiar de parentesco em linha directa. A moldura penal prevê ainda que, se os maus tratos forem cometidos em circunstâncias que revelem especial censurabilidade ou perversidade do agente, a pena agravada de prisão pode ser de 3 a 12 anos.
Raquel Moz VozesUnguentos bastam… [dropcap]Q[/dropcap]ue os interesses económicos subvertem os interesses sociais não é estranho para ninguém. O que talvez ainda seja estranho é o à-vontade com que se assumem estas posições de forma tão descarada, como o fez o ex-deputado e despudorado Ung Choi Kun. Criticar o Governo por querer oferecer melhor assistência médica à população, através dos serviços de saúde e hospitais públicos, é não perceber que existem preocupações reais de garantia do bem-estar dos residentes, por questões que vão além da bonomia e das boas-intenções de qualquer Estado. Na verdade, quanto mais se asseguram a saúde preventiva e as condições básicas dos cidadãos, menos encargos se virá a ter no futuro, sobretudo nas sociedades actuais com o envelhecimento a pesar cada vez mais na pirâmide demográfica invertida. Mas Ung acha que o Governo está a querer estragar o negócio ao sector privado. E que afrontar isso representa para quem está no ramo, não para salvar vidas, mas para embolsar milhões à custa da desgraça alheia. Depois vem a justificação estafada de que é preciso evitar excesso de despesas ao erário público. Só que nunca são demais os pedidos feitos por Ung Choi Kun de políticas públicas para apoiar o crescimento das instituições médicas privadas, que “continuam a enfrentar a perda de pacientes”. Tudo isto daria vontade de rir se não fosse péssimo. O actual presidente da Associação de Incentivar Políticas da Humanidades de Sabedoria de Macau (sic) quer talvez que os médicos públicos se limitem a receitar umas aspirinas e umas pomadas e mandem os doentes para casa. Que tal a criação e comercialização de um “Unguento” milagroso para dinamizar as receitas do negocio privado? Seria um bom exemplo de “sabedoria da humanidades” dos empresários da medicina local.
Raquel Moz EventosHong Kong | Takashi Murakami no Centro Tai Kwun até 1 de Setembro A exposição “Murakami vs. Murakami” pode ser vista no Centro de Arte Contemporânea Tai Kwun em Hong Kong. É uma oportunidade para conhecer o mundo da arte popular levada ao extremo, pelo artista japonês que forrou de monstros e mascotes as paredes e o chão da galeria [dropcap]O[/dropcap] artista japonês é hoje um fenómeno cultural de excentricidade, com exposições de grande envergadura criadas para as massas. São autênticas explosões de cores e contradições, onde as personagens têm tanto de alegre quanto de ameaçador. Flores e caveiras, monstros e bonecos de animação, a arte clássica japonesa e o design pop comercial, tudo misturado na cabeça divertida ou insana do criador. “Murakami vs. Murakami” é o título desta mostra cheia de dicotomias e contrastes, que chegou a Hong Kong no dia 1 de Junho e vai estar até 1 de Setembro, no Centro de Arte Contemporânea Tai Kwun. Ali estão vários Murakamis, que logo à entrada da exposição se apresentam ao visitante com toda a extravagância a que nos habituou, revelando o seu universo original e multifacetado. A antiga esquadra de polícia e prisão da Hollywood Road, em Central, reabilitada e inaugurada em 2018 para se tornar num complexo de galerias dedicadas às artes, foi tomada de assalto pela obra de Takashi Murakami, que ocupa todos os pisos e salões. A capacidade do artista maravilhar e confundir o espectador com cada projecto, fez dele um dos mais conhecidos autores contemporâneos da “pop art” na última década, com grandiosas exposições a solo em museus e conceituadas galerias por todo o mundo, na senda de nomes como Andy Warhol, Damien Hirst ou mesmo Jeff Koons. A Hong Kong trouxe 60 obras de pintura e escultura que representam várias fases da sua produção artística. Como é descrito pelos curadores da mostra – Gunnar B. Kvaran, director do Astrup Fearnley Museet de Oslo, Noruega, e Tobias Berger, director artístico do Centro Tai Kwun, de Hong Kong –, “Murakami vs. Murakami” apresenta as “divergências extremas na obra do artista, desde os trabalhos pós-apocalípticos em grande escala às suas flores optimistas, passando ainda pelas pinturas contemplativas Enso [motivos circulares zen e caligrafia japonesa] que oferecem visões budistas de iluminismo espiritual”. Espaço de arte imersiva O mais surpreendente é o impacto visual das enormes salas forradas a carpete e papel de parede artístico. São espaços imersivos em que os visitantes se sentem de repente presos no mundo das personagens de animação, inspiradas na manga japonesa e no animé. E não é raro encontrar nestes locais muitos jovens, fãs do “cosplay” (costume+play), que se fotografam e filmam a si mesmos, fantasiados das mascotes preferidas. Sejam as flores infantis e as caveiras, as Kakai Kiki ou os Mr. Dobs, as criações de cartoon de Murakami. Também em exibição está pela primeira vez a estátua de 4,5 metros de “The Birth Cry of a Universe” e algumas das peças icónicas de design de vestuário assinadas por Murakami, a par de vídeos e peças da sua colecção de arte privada. Até ao final do período da exposição está prevista uma programação extra, que inclui sessões educacionais, debates públicos com o artista, visitas guiadas, workshops didácticos, palestras e projecções de filmes de animé, entre outras iniciativas que podem ser pesquisadas na página web do Centro Tai Kwun. Não ficou a faltar sequer uma loja pop-up de artigos de merchandising, relacionados com as obras expostas, incluindo tapetes e papéis de parede, alguns produzidos excepcionalmente para esta mostra. O artista e a pop-art Takashi Murakami nasceu a 1 de Fevereiro de 1962 na cidade de Tóquio, no Japão. Desde pequeno que era fã de animé e manga, na tradição dos desenhos animados japoneses, sonhando vir a trabalhar na indústria da animação quando crescesse. Mas acabou por frequentar a Universidade de Artes de Tóquio, onde cursou Nihonga, técnica japonesa surgida nos anos 1900 para revigorar e modernizar o estilo da pintura tradicional. Entretanto, desiludido com a arte insular nipónica, começou a procurar outras influências e estilos contemporâneos, inspirado pelos media e pelo avanço das tecnologias. Em 1994, Murakami recebeu uma bolsa do Conselho Cultural Asiático e fez o estágio do International Studio Program, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde ficou durante um ano. Aí foi exposto à inspiração dos artistas do Ocidente e não parou mais. Já famoso no Japão, começaria a subverter convenções e a derrubar fronteiras entre as clássicas belas-artes e a moderna arte popular. Atirou-se ainda à tarefa ambiciosa de tornar a arte contemporânea em arte comercial, virada para as grandes audiências e para os seus “otaku”, fãs obsessivos de mascotes e personagens de animação. Além da pintura, escultura, desenho, animação e outros projectos artísticos, Takashi Murakami iniciou também, em 2002, uma longa colaboração artística com a marca de luxo Louis Vuitton, a convite do designer de moda Marc Jacobs. O seu trabalho passou já pelo Mori Art Museum em Tóquio, pelo Rockefeller Center em Nova Iorque, pelas Gagosian Galleries de Roma e Londres, pelo Museu Guggenheim em Bilbao, pela Galerie Emmanuel Perrotin em Paris ou pelo Palácio de Versailles.
Raquel Moz EventosCinema | Filme nomeado para os Césares 2019 em cartaz na Cinemateca Paixão O que leva as pessoas a resistir e a seguir em frente, perante a adversidade, é eterno e intemporal. “Amanda” é uma história de família sobre as mudanças que ocorrem após um violento ataque terrorista. Nomeado para os Césares 2019, o filme está em exibição até à próxima terça na Cinemateca Paixão [dropcap]A[/dropcap] perda e a dor colectiva causada pelos ataques terroristas islâmicos em cidades europeias é o ponto de partida para este filme francês, realizado por Mikhaël Hers, que também assina o argumento a meias com Maud Ameline. “Amanda” (2018) é um drama contemporâneo sobre valores familiares, que está em exibição na Cinemateca Paixão até ao dia 30 de Julho. Trata-se de uma história normal sobre pessoas normais num país europeu normal. São os acontecimentos dolorosos que vão obrigar as personagens a amadurecer e a repensar na vida após a tragédia. Toda a gente é forçada a reagir, mas não é a raiva e a impotência que o filme explora, é antes o processo de superação e a humanidade que se manifesta através dos compromissos inevitáveis que se estabelecem entre os protagonistas. A Amanda do título é uma menina de sete anos que vive em Paris e é criada pela mãe, Sandrine, solteira e professora, com a ajuda irregular do seu irmão mais novo, David, um jovem de 20 anos, que vai trabalhando aqui e ali, a tomar conta de apartamentos e fazer tarefas de manutenção. Quando é preciso, David faz de baby-sitter à sobrinha, vai buscá-la à escola e toma conta dela. A mãe ausente de David e Sandrine é inglesa e vive em Londres, sem grande relação com os filhos. David tem o sonho de ir assistir a um jogo de ténis em Wimbledon, mas não quer saber sequer da progenitora. A vida de David muda quando a irmã é assassinada no meio de um ataque terrorista que acontece numa praça pública de Paris. A Amanda vai ter que ficar a seu cargo e ambos vão aprender a adaptar-se à nova situação. Segundo a crítica internacional, o filme é bem-intencionado, evita o cliché dos confrontos religiosos, não explora as questões políticas contra o islamismo, opta antes pela autenticidade das relações e pelo retrato honesto do quotidiano de quem tem que continuar a viver o dia-a-dia. Passagem pelo Indie O filme foi acolhido e reconhecido em diversos festivais internacionais, vencendo o prémio principal e o melhor argumento do Festival Internacional de Tóquio 2018, para Mikhaël Hers e Maud Ameline. “Amanda” foi igualmente nomeado para os Césares 2019, nas categorias de melhor actor, com Vincent Lacoste, e melhor música original, de Anton Sanko; nomeado para os Lumiere Awards 2019, como melhor filme e melhor actor; nomeado para os Laurier du Cinéma 2019 e para a Selecção Orizzonti do 75º Festival de Cinema de Veneza. O filme esteve ainda presente na competição do IndieLisboa 2019, indigitado para o Prémio Silvestre como melhor filme, que viria a ser atribuído ex-aequo a “I Do Not Care If We Go Down In History As Barbarians”, de Radu Jude, e a “M.”, de Yolande Zauberman. Mikhael Hers é já um nome habitual no Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, por onde passaram os seus três primeiros filmes: “Primrose Hill”, “Memory Lane” e “Ce Sentiment de L’Été”. Mikhaël Hers nasceu em França em 1975 e estudou produção cinematográfica em La Fémis, em Paris. Formou-se em 2004 e começou então a produzir e realizar os seus próprios filmes. Escreveu e dirigiu as médias-metragens “Charell” (2006), “Primrose Hill” (2007) e “Montparnasse” (2009), todas estreadas no Festival de Cinema de Cannes e, esta última, vencedora do Prémio Jean Vigo. “Memory Lane” (2010) é a sua primeira longa-metragem. A segunda, “Ce Sentiment de L’Été” (2015), venceu o Grande Prémio do Júri no Festival Internacional de Cinema de Bordéus, em França, e foi apresentado ainda no Festival de Roterdão, na Holanda. As sessões da Cinemateca Paixão acontecem entre hoje, dia 23, e terça-feira, de 30 de Julho, sempre às 19h30, excepto no sábado, em que a sessão é às 21h30. O filme é exibido na língua original, em francês, com legendas em chinês e inglês. A duração é de 106 minutos e os bilhetes estão disponíveis por 60 patacas na bilheteira ou na página web.
Raquel Moz PolíticaDeputados aguardam dados sobre o Fundo de Pensões prometidos para Julho [dropcap]A[/dropcap] Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa (AL) ainda aguarda as conclusões do relatório actuarial, que o Governo ficou de apresentar entre Junho e Julho de 2019, com projecções actualizadas dos activos do Fundo de Pensões, para poderem analisar a necessidade de injecções de verbas regulares e solicitar outras formas de capitalização. Na ordem do dia estão as preocupações dos funcionários públicos e aposentados, após as últimas previsões, que remontam a 2014, apontarem para a falta de cobertura para o pagamento de pensões e subsídios de sobrevivência face às receitas dos contribuintes em 2022, e para o esgotamento total dos activos em 2031. Na reunião de ontem, o presidente da Comissão, Mak Soi Kun, reafirmou que o Executivo garantiu a liquidez do Fundo para os compromissos assumidos com os aposentados e pensionistas, mas os deputados também estão à espera de respostas. “Esse relatório actuarial, segundo nos foi dito pelo Governo, estaria concluído no mês de Junho ou Julho, mas a comissão ainda não o recebeu. Esperamos que nos seja disponibilizado em breve, porque muitos trabalhadores da função pública também manifestaram a sua preocupação sobre a situação financeira do Fundo de Pensões. O Governo esclareceu que não vai haver problema, podem ficar descansados. No entanto, a Comissão está interessada em saber como é que será feita uma eventual injecção de capitais e quando, se for caso disso. Mas tudo dependerá do relatório actuarial”, comentou. O relatório, encomendado pelo Executivo a uma entidade terceira, deverá avaliar os activos do Fundo de acordo com os actuais valores de mercado, para se poder analisar a necessidade de injecções de verbas regulares e solicitar outras formas de capitalização, além da carteira de investimentos financeiros, obras de arte e propriedade imobiliária que já possui. Uma das sugestões apresentadas pela Comissão em anteriores reuniões foi a venda das obras de arte – nomeadamente, a valiosa colecção de pintura japonesa antiga – cuja valorização em três décadas foi quase nula e cujas despesas de armazenamento em segurança vão subir este ano, de mil para cinco mil patacas anuais. Sugestões de futuro Os deputados elaboraram também, no encontro de ontem, uma lista de opiniões e sugestões a entregar ao Executivo, onde solicitam que o relatório de contabilidade do Fundo de Pensões, que anualmente publica as demonstrações financeiras, “deve incluir também as respectivas anotações, para que os subscritores dos regimes de aposentação e de sobrevivência, bem como o público geral, possam conhecer a situação financeira real e concerta. Antes não vinha acompanhado de anotações e agora nós fizemos essa recomendação”, acrescentou Mak Soi Kun. O responsável pela Comissão pretende também que o Governo defina com exactidão planos viáveis para afectar verbas ao Fundo, que garantam a cobertura dos pagamentos e encargos. E pede que seja rapidamente anunciada uma calendarização para a injecção de capitais – que até aqui tem acontecido de forma irregular e consoante a necessidade – para tranquilizar os trabalhadores quanto ao futuro dos seus benefícios.
Raquel Moz SociedadeTrabalhador filipino ainda não foi compensado por acidente de trabalho Reymond Tagacay acaba de sair do hospital, após o grave acidente de trabalho que lhe amputou a perna e o deixou mais de seis meses na cama do hospital. Agora espera ser compensado pela incapacidade sofrida, mas o ‘blue card’ expira já a 10 de Agosto [dropcap]O[/dropcap] trabalhador filipino que sofreu um acidente de trabalho a 31 de Outubro de 2018, acabando por perder uma perna, saiu na semana passada do hospital e procura agora ajuda para obter uma compensação financeira por amputação física. A notícia foi avançada na sexta-feira passada pelo canal português da TDM – Teledifusão de Macau, que ouviu o pedido de apoio feito pela vítima e procurou respostas junto do empregador, sem sucesso. O Consulado das Filipinas, que até ao contacto feito pelos jornalistas não havia prestado qualquer assistência ao acidentado, já se encontra a acompanhar o caso. Reymond Tagacay tem 41 anos e trabalhava num centro de lavagem de automóveis em Macau, até ao dia em que sofreu um acidente de trabalho, ficando entalado entre dois carros e com uma perna esmagada, que o deixou amputado e hospitalizado durante mais de meio ano. Como descreveu à TDM, “eram cerca das 11h30 da manhã, estava a lavar um carro e, quando comecei a secar um Mercedes-Benz, apercebi-me que um Toyota Alphard vinha na minha direcção. Eu estava sob a máquina de lavagem e um colega meu de trabalho vinha a conduzir o carro. Quando eu me apercebi estava perto demais. Veio contra mim, arrastou-me uns cinco metros e eu caí. Fiquei quase uma hora preso no meio dos dois carros. Fiquei debaixo do carro. Senti muita dor e havia muito sangue. Então vi o meu pé, que já estava cortado”. Seis pessoas ficaram feridas, duas com gravidade, no acidente em que esteve envolvido. Uma delas sofreu uma fractura na cabeça, de que já recuperou, regressando entretanto às Filipinas. O outro sinistrado foi Reymond Tagacay, que acabou por ser amputado acima do joelho e só viria a deixar o hospital no início da semana passada. A médica que lhe deu alta, após a colocação de uma prótese artificial, aconselhou-o a voltar ao trabalho e a procurar residência perto do local de emprego, “porque em Macau, disse ela, não há ninguém para dar assistência aos deficientes físicos”. Mas o sinistrado afirmou sentir-se incapacitado para realizar as anteriores tarefas, “os carros têm de ser lavados em três minutos cada um. Como é que eu posso fazer isso?”, agora que não tem uma perna e que nem consegue caminhar com a prótese, por lhe provocar “muitas dores” e ainda não ter tido tempo de se habituar. Visto com dias contados A sua intenção é poder regressar às Filipinas, mas não consegue receber resposta da entidade patronal, nem assistência consular sobre a eventual compensação do seguro pelo acidente de trabalho. As contas hospitalares foram pagas na quase totalidade pela seguradora, que entregou o montante ao empregador, de acordo com a reportagem televisiva. Entretanto, Reymond Tagacay recebeu já o aviso da DSAL de que não irá receber os ordenados de Julho e Agosto e de que o visto de trabalho expira no dia 10 do próximo mês. O filipino precisa de um documento que declare que é incapacitado permanente e quer contactar o patrão para chegar a acordo sobre uma recompensa justa pela situação em que se encontra e pelas dificuldades futuras. Até agora, afirma que lhe foi sugerido várias vezes que assinasse papéis em chinês para encerrar o caso. Mais estranho ainda, Raymond confessou nunca ter tido acesso ao contrato de trabalho, até depois do acidente, em que veio a rubricar um novo documento onde declarava um salário mais alto do que aquele que recebia. Da parte do Consulado das Filipinas houve apenas a indicação para que tentasse resolver o problema directamente com o empregador. Só agora é que está a ser ajudado formalmente. Quando sofreu o acidente, a família veio a saber da situação pelos amigos, não tendo sido contactada pelo consulado, pela empresa ou pelo hospital. A mulher, que trabalhava como empregada doméstica em Hong Kong, teve que se mudar para Macau e procurar aqui trabalho, ficando a ganhar menos para poder acompanhá-lo. O casal tem dois filhos a estudar nas Filipinas.
Raquel Moz PolíticaLei dos TNR | Deputados querem contradições legais esclarecidas [dropcap]A[/dropcap] 3ª Comissão Permanente vai elaborar uma lista de questões para colocar ao Governo, referentes à proposta de alteração da lei sobre a contratação de TNR. A avaliação do novo texto coloca diversas dúvidas e os deputados consideram que pode haver contradições entre diplomas legais, nomeadamente quanto à imigração no território. Os deputados reuniram ontem à tarde com a assessoria jurídica da Assembleia Legislativa para a primeira reunião na especialidade da “Alteração à Lei da contratação de trabalhadores não residentes”, depois de ter sido aprovada na generalidade no passado dia 5 Julho pelo plenário. O presidente da 3ª Comissão afirmou no final do encontro que a assessoria deu o alerta para situações que carecem de definição, nomeadamente quanto à autorização de permanência dos TNR. Não fica claro se a obrigatoriedade de contratação de TNR no exterior diz respeito ao país de origem ou a outro qualquer. A questão visa evitar entradas com visto de turista, que mais tarde se transformam em pedidos de visto de trabalho. Outras dúvidas dos deputados é se o tipo de documentação actualmente exigido se mantém, a partir de quando é que um contrato se inicia, de facto, (se na assinatura com o empregador ou com a agência em caso de intermediação). “A matéria é bastante complexa, apesar de dizer respeito apenas ao artigo 4º, mas envolve outros regulamentos em vigor. Será que o Governo vai primeiro aprovar esta proposta e depois resolver as restantes que dizem respeito à imigração? Será que também vai ter que rever o regulamento administrativo nº 8/2010 [Regulamentação da Lei da contratação de trabalhadores não residentes], para ficar tudo em conformidade?”, é uma das perguntas que Vong Hin Fai e os deputados vão colocar na próxima reunião com o Executivo.
Raquel Moz EventosCinema | “Raposa” de Leonor Noivo conquistou duas menções no FID Marseille 2019 O mais recente filme de Leonor Noivo, “Raposa”, acaba de ser galardoado com duas menções especiais no 30º Festival de Cinema de Marselha. A realizadora, que cresceu em Macau, reconheceu ser “uma honra” receber este prémio que dá visibilidade à doença psiquiátrica [dropcap]O[/dropcap] filme “Raposa”, realizado pela portuguesa Leonor Noivo, recebeu menções especiais em dois prémios da competição internacional do 30º Festival Internacional de Cinema Documentário de Marselha (FID Marseille), que se realizou entre 9 e 15 de Julho. O anúncio foi feito na passada segunda-feira, no final da cerimónia onde o mais recente filme da realizadora estreou. “Para mim é uma honra, [receber] um reconhecimento num festival como este, que respeito muito” e pelo qual “tenho uma grande admiração”, explicou Leonor Noivo à Lusa. Segundo a organização, este foi o único filme português na principal categoria de competição e recebeu menções especiais no Prémio Georges de Beauregard, que distingue produções documentais que testemunhem o seu próprio tempo, e no Prémio Marseille Esperance, para novos valores. O Grande Prémio do festival foi atribuído ao chileno Ignacio Agüero, com o filme “Nunca Subi El Provincia”. “Raposa” aborda um dos aspectos das doenças psiquiátricas comportamentais e foi rodado ao longo de mais de dois anos, com a estreita colaboração da actriz Patrícia Guerreiro, que assina o argumento com Leonor Noivo, e uma “equipa pequena” cuja cinematografia ficou a cargo de Vasco Saltão. A actriz e a realizadora estiveram presentes na cerimónia de prémios do FID Marseille, no passado dia 15. “Isto foi um processo e um filme que demorou algum tempo, e o resultado é também o processo em si. Íamos trocando cartas com a Patrícia e íamos construindo o filme”, acrescentou Leonor Noivo. Este “olhar pessoal” sobre uma temática para a qual quer mais atenção, “através do interior, da forma mais honesta possível e longe do preconceito de outros trabalhos”, fez de Patrícia “uma grande companheira” da produção. “Astuta e esbelta, perseguida e em fuga, ‘Raposa’ é a metáfora de uma obsessão sem fim – em cada respiração, cada gesto, cada pensamento. Marta procura no vazio do seu corpo uma maneira de chegar à sua essência interior, numa busca abstracta de um espírito livre que possa terminar na sua própria libertação”, pode ler-se na sinopse. Depois da primeira apresentação mundial em Marselha, França, o filme vai continuar no circuito dos festivais, após uma recepção “muito acolhedora” da média-metragem que cruza documentário e ficção. “Raposa” estrará só em Outubro em Portugal, foi, entretanto, anunciado. Realização à parte Leonor Noivo, que passou a infância e a adolescência em Macau, estudou Arquitectura e Fotografia em Portugal, antes de ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde se especializou em edição e realização cinematográfica. É uma das criadoras da Terratreme Filmes, que assumiu a produção e distribuição desta obra, com uma duração total de 40 minutos. A Terratreme Filmes foi criada em 2008 por João Matos, Luísa Homem, Pedro Pinho, Susana Nobre e Tiago Hespanha, além de Leonor Noivo. A produtora é responsável também pelo muito premiado filme “A Fábrica de Nada”, de 2017, que Pedro Pinho realizou, em colaboração com os restantes membros. Desde 2008, a par da realização, Leonor Noivo tem desenvolvido trabalho como produtora na coordenação e acompanhamento de projectos de ficção e de documentário. O seu primeiro filme documental, “Macau Aparte”, data de 2001. Em 2005 estreou-se na ficção com “Salitre”. “Tudo o que imagino”, o seu filme mais recente, de 2017, acompanha um grupo de amigos no bairro de Alcoitão (Cascais), no fim da adolescência. “Antecâmara”, de Jorge Cramez, filme sobre o acto de filmar, também integrava a programação, em Historie(s) de Portrait, depois de ter passado em Outubro de 2018 pelo DocLisboa. A Macau de Leonor “Macau Aparte” (Aside Macau) é um documentário de 35 minutos, realizado por Leonor Noivo em 2001, sobre o pós-1999 e o fim da soberania da Administração Portuguesa no território, quando muitos portugueses regressaram a Portugal. O filme explora o papel que Macau teve nas suas vidas, os motivos que os fizeram deixar a cidade nessa altura, e as memórias sobre o tempo em que aqui viveram? “Macau Aparte” reflecte sobre esses sentimentos e recordações, utilizando filmagens pessoais e amadoras de diversas pessoas. A fita foi produzida pela Escola Superior de Teatro e Cinema, onde Leonor Noivo se formou em realização e montagem, tendo passado pelos Encontros Internacionais de Cinema Documental da Malaposta, em Portugal, e pelo 14º IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), na Holanda, também em 2001.
Raquel Moz Manchete SociedadeAir Macau | Novo Airbus abortou viagem entre Tóquio e Macau O voo da Air Macau NX861, que fazia ontem à tarde o trajecto aéreo entre Tóquio e Macau, foi forçado a abortar a viagem e regressar à pista de onde descolou, cerca de uma hora depois, por “problemas mecânicos” no avião, confirmou ao HM a transportadora local [dropcap]A[/dropcap] aeronave A320neo da Air Macau, que partiu com um ligeiro atraso do Aeroporto Internacional de Narita, em Tóquio, às 16h33 (hora japonesa), deveria ter aterrado na pista do Aeroporto Internacional de Macau por volta das 20h05 (hora local), mas acabou por ter que regressar a Narita ao verificar dificuldades “após a descolagem”. Segundo a operadora aérea, “de forma a garantir a segurança do voo, a tripulação conseguiu reagir atempadamente e retornar ao aeroporto de Tóquio em segurança”. O NX861 voltou a tocar a pista de Narita às 17h40 (hora nipónica), depois de ter alcançado uma altitude de 25.500 pés e uma velocidade de 430 nós, enquanto procedia à queima de combustível ao largo do Monte Fuji, segundo informou um canal japonês, que recolheu dados do registo de voo na aplicação informática Flightradar 24 e junto de algumas fontes. O mesmo reportou ainda que terá havido um problema no motor direito, mas que não impediu o avião de aterrar em segurança na pista, onde já se encontravam as brigadas anti-incêndio à espera. De acordo com o comunicado da Air Macau, “as razões específicas [do incidente] ainda vão ter de ser inspeccionadas pelos engenheiros da Air Macau. Se a inspecção demorar demasiado, a companhia arranjará voos subsequentes, ou contactará outras linhas aéreas, para transportar os passageiros de regresso ao território, logo que possível”. Embora não tenha sido divulgado o número de pessoas a bordo do NX861, “uma informação que está ainda a ser recolhida pelas equipas da Air Macau”, informou ontem a adida de imprensa ao HM, Laura Quan garantiu que “os passageiros encontram-se todos em segurança no Aeroporto de Tóquio”. O comunicado acrescentou ainda que as equipas de terra do Aeroporto de Narita haviam sido já contactadas “para prestarem serviços de apoio aos passageiros afectados” e que a Air Macau ia “tratar das acomodações de hotel e outros serviços solicitados”. A aeronave que fazia o voo NX861 é uma das mais recentes aquisições da Air Macau – o novo modelo da Airbus A320neo – que foi entregue pelo fabricante europeu há menos de um mês, a 29 de Junho de 2019. Defeitos no A320neo A Airbus registou alguns problemas com este modelo de aeronave, após o incidente detectado em 2016 pela transportadora alemã Lufthansa, a primeira a operar o A320neo, que indicou demoras até 15 minutos na hora de ligar o motor. Outras dificuldades foram posteriormente reportadas e a própria EASA (Agência Europeia de Segurança da Aviação) viria a confirmar que problemas nas peças dos motores, da Pratt & Whitney, já tinham atingido 33 aeronaves. A companhia portuguesa TAP também possui três A320neo na sua frota recente, que a 2 de Março de 2019 iniciou a sua exploração comercial num voo entre Lisboa e a ilha da Madeira. Como informa a companhia bandeira na sua página electrónica, o neo “é uma versão melhorada do modelo A320”, que “possui mais espaço de carga e de cabine” e “permite uma redução de cerca de 50 por cento das emissões poluentes e de ruído, face aos valores médios da indústria”. Algumas notícias sobre dificuldades com os neos da TAP – que possui os A320, A321 e A330 – vieram a lume, mas referiam-se ao A330, modelo de longo curso, que apresentara problemas nos motores e outras limitações.
Raquel Moz Eventos4º Encontro de Mestres de Wushu entre 1 e 4 de Agosto O “Encontro de Mestres de Wushu 2019”, que tem vindo a crescer e a ganhar seguidores, arranca com novidades trazendo o kickboxing para o programa de actividades. A população pode ainda esperar desfiles e espectáculos de dança do Leão e do Dragão a decorrer ao ar livre pela cidade [dropcap]O[/dropcap] evento foi ontem à tarde apresentado à comunicação social, numa cerimónia no Centro de Convenções do Centro de Ciência de Macau, onde foram divulgadas as várias iniciativas enquadradas no cartaz de quatro dias, de 1 a 4 de Agosto, aberto e gratuito a toda a população e turistas, interessados em conhecer mais sobre as artes marciais chinesas. Segundo Pun Weng Kun, presidente do ID, “o Wushu é um desporto tradicional chinês, com uma longa história em Macau”. Estima-se que 10 mil pessoas o pratiquem actualmente no território, número avançado pelo responsável, que tem vindo a aumentar com a dinamização que o evento tem trazido à cidade, desde o seu início em 2016. “O Wushu é bastante acolhido pela população e, desde que temos vindo a promover este evento, tanto os residentes de Macau como os estrangeiros que aqui trabalham têm demonstrado interesse em praticar esta actividade desportiva. Acredito que este número vai continuar a aumentar”, comentou Pun Weng Kun à margem da cerimónia. As exibições apresentadas pelos mestres locais Lei Man Iam, treinador de Kung Fu e de Tai Chi de estilo Chen, e Leong Sio Nam, presidente da Associação de Qigong Tai Chi Chuan de Macau, a par dos alunos da Escola de Wushu Juvenil de Macau, deram uma ideia das diversas idades dos praticantes e das muitas correntes – físicas e mentais – que as artes marciais preconizam. As iniciativas incluem o “Suncity Grupo ICKF Campeonato Mundial de Combate – Macau”, o “Campeonato de Danças do Dragão e Leão de Uma Faixa, Uma Rota”, o “Campeonato dos Desafiadores de Sanda”, o novo “Campeonato de Kickboxing da Grande Baía”, o “Festival de Wushu de Verão”, a “Parada de Wushu e de Danças do Dragão e do Leão” e o “Espectáculo de Encerramento”. Campeonatos em cartaz O “Suncity Grupo ICKF Campeonato Mundial de Combate” vai ter lugar a 1 de Agosto no Pavilhão Polidesportivo Tap Seac, onde participam atletas de vários países e regiões – China, Brasil, EUA, Coreia, Filipinas, Argentina, Cazaquistão, Hong Kong e Macau – que vão disputar, em sete combates com diferentes categorias de peso, o Cinturão Mundial e Asiático da ICKF (International Chinese Kuoshu Federation). O “Campeonato de Kickboxing da Grande Baía” é a novidade deste ano e acontece no dia 2 de Agosto, na Praça do Tap Seac, com atletas de elite oriundos das cidades de Hong Kong, Shenzhen, Zhuhai, Cantão, Jiangmen e Macau. A participação local é composta por sete atletas e está previsto um Torneio de Exibição entre a atleta Tam Si Long (campeã do Asian Muay Thai Championship) de Macau, e a atleta Nantachat Wangpeng, ex-membro da Equipa da Tailândia. Para participar no “Campeonato de Danças do Dragão e Leão de Uma Faixa, Uma Rota”, a 3 de Agosto, foram convidadas equipas vindas do interior da China, Malásia, Singapura, Indonésia, Vietname, Tailândia, Myanmar, Hong Kong e Macau, distribuídas pelas competições de dança do Leão do Sul e do Dragão Luminoso, que vão decorrer ao início da tarde no Pavilhão. No mesmo sábado, mais tarde, é a vez do “Campeonato dos Desafiadores de Sanda” (combate semelhante ao boxe) demonstrar no Largo do Tap Seac a arte dos atletas de Macau, Anhui, Foshan e Coreia que vão disputar a modalidade. Paradas e Festivais As restantes actividades são mais de espectáculo e festa, com o “Festival Wushu de Verão” a abrir o programa dos quatro dias com sessões de palco, workshops, tendas de jogos e outras atracções, sempre na Praça do Tap Seac e no Jardim do Mercado do Iao Hon. No domingo, 4 de Agosto, último dia do encontro, haverá uma “Parada de Wushu e de Danças do Dragão e do Leão” que percorrerá às 17h o Largo do Senado, passando pelas Ruínas de São Paulo e pelo Albergue da Santa Casa da Misericórdia, antes de terminar na Praça do Tap Seac. Ao longo do trajecto, equipas locais e estrangeiras farão demonstrações de Wushu e das tradicionais Danças, interagindo com os cidadãos à sua passagem. O Espectáculo de Encerramento, às 19h de domingo no Pavilhão Polidesportivo Tap Seac, contará com a presença das diversas equipas e dos muitos mestres de artes marciais, locais e estrangeiros, especialistas nas modalidades tradicionais e convidados para integrar a cerimónia. Esta actividade é gratuita ao público, mas os interessados deverão levantar bilhetes, limitados a dois por pessoa, a partir do dia 21 de Julho naquele local. O mesmo acontece para os Campeonatos de Combate ICKF e de Kickboxing, que também se realizam no Pavilhão. O “Encontro de Mestres de Wushu 2019” é organizado em conjunto pelo Instituto do Desporto e pela associação Geral de Wushu de Macau, contando com o apoio e colaboração da Direcção dos Serviços de Turismo, do Instituto Cultural e do Fundo das Indústrias Culturais. O orçamento é de 18 milhões de patacas, a mesma verba dedicada ao evento em 2018.
Raquel Moz EventosIC | Abertas candidaturas a espectáculos para o FAM 2020 [dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) lançou ontem o convite para a entrega de propostas para espectáculos a incluir no programa do 31º Festival de Artes de Macau (FAM), que terá lugar em Maio de 2020. As associações artísticas e culturais sem fins lucrativos, registadas na Direcção dos Serviços de Identificação, ou os indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e Bilhete de Identidade de Residente válido, podem apresentar as suas candidaturas até ao dia 16 de Agosto de 2019. Os trabalhos seleccionados farão parte do cartaz de espectáculos do próximo ano, uma iniciativa que pretende “promover o desenvolvimento das artes locais e disponibilizar uma plataforma de artes performativas” que facilite o intercâmbio de grupos artísticos. Para atrair mais espectáculos criativos, com características locais, foi acrescentada a ópera cantonense às categorias já existentes, que abrangiam o teatro, a dança, os espectáculos infantis e outras artes performativas multimédia. Na avaliação das propostas, segundo informa o IC em nota de imprensa, “será dada prioridade a trabalhos centrados nas preocupações da população local, na paisagem urbana actual, em teatros interdisciplinares que alterem a relação tradicional do público com os actores, produções inspiradas no património cultural imaterial local ou nas artes performativas tradicionais chinesas”. Paralelamente, a Mostra de Espectáculos ao Ar Livre também acolherá propostas criativas. O regulamento de apresentação das propostas e o boletim de inscrição podem ser descarregados na página electrónica do IC, entidade organizadora do evento.
Raquel Moz EventosIlustrações de Vincent Cheang na Creative Macau até 24 de Agosto “Highway Stars” é o título da primeira mostra individual de Vincent Cheang. A exposição reúne ilustrações sobre música, motas, moda para motards e, sobretudo, grandes lendas do rock. Isto é, as mais recentes, porque às antigas perdeu o rasto [dropcap]F[/dropcap]oram muitos os amigos e convidados que se juntaram a Vincent Cheang na inauguração da sua primeira exposição a solo de obras de ilustração e design de moda, na galeria de arte da Creative Macau que aconteceu no passado dia 11 de Julho. “Highway Stars” é o título da mostra que revela outra faceta do artista que nos habituámos a conhecer à frente do projecto LMA – Live Music Association. As peças expostas remetem para o mundo do rock & roll, dos músicos e das bandas, das guitarras, das motas e corridas, só faltando o asfalto e o cheiro a gasolina. São 17 desenhos de ilustração cheios de adrenalina e um vídeo do ‘making of’ de alguns deles. Há ainda 5 casacos de cabedal, que fazem parte da colecção de moda da marca “Worker Playground”, criada por Vincent Cheang em 2010, outra actividade a que se dedica na área da “street fashion” masculina. Os trabalhos aqui reunidos foram criados entre 2016 e 2019, explicou Vincent ao HM, contando que há toda uma colecção em falta nesta mostra, os seus ídolos da música que foi pintando desde que frequentou o curso superior de Design Gráfico do Instituto Politécnico de Macau, nos idos anos 90. “Já nessa altura queria muito fazer uma exposição, mas era jovem e havia muita burocracia administrativa para montar um evento destes. Eu só queria desenhar e, como ninguém me ajudou a fazer a exposição, acabei por desistir”. Mas continuou a ilustrar os seus ídolos preferidos. Alguns desses quadros estão hoje no seu estúdio, mas outros acabaram por se perder. “Dessa colecção inicial faltam muitos dos meus quadros. Deixei-os na antiga Rádio Vila Verde”. Depois de mais de 20 anos a trabalhar na rádio, na altura de sair não trouxe as obras que ali tinha nas paredes e, passado este tempo todo, não faz ideia onde possam estar ou se ainda existem. “Naquela altura eu era muito novo e pensava: perdi-os, tudo bem, não há problema. Mas, depois de quase trinta anos, tenho pensado muito nisso e agora sinto a falta deles!”, justifica o artista. Se na actual mostra estão alguns dos seus ídolos musicais – porque só pinta bandas e artistas de que gosta – como Lou Reed, Kurt Cobain, Keith Flint dos Prodigy, Alice in Chains, Stone Temple Pilots ou Daft Punk, ficaram a faltar os desaparecidos Miles Davis, John Lee Hooker, o rapper Guru (da banda de hip-hop Gang Starr) ou mesmo a cantora e compositora inglesa Kate Bush. Perdidos e achados É por isso que anda há algum tempo com a ideia de criar uma instalação com o título “Lost and Found”, “para encontrar a arte que perdeu. “Se alguém souber onde estão as obras, por favor digam-me!”. No futuro talvez venha a incluir esse projecto, mas para já pode ser uma coisa interactiva. “Pode ser que as pessoas se lembrem ‘oh, eu já vi esta imagem em algum lado ou em casa de alguém’. E talvez façam posts no Facebook ou no Instagram, quem sabe?”. A exposição “Highway Star” abriu portas na quinta-feira e, até sábado, Vincent Cheang já tinha vendido seis quadros e um casaco de cabedal. O interesse despertado pelas peças levou o artista a pensar em exibir mais design e merchandising da sua marca “Worker Playground”, um nome que tem origem no antigo Campo dos Operários, localizado onde hoje se ergue o Casino Grand Lisboa. Era um local muito central onde costumava passar tempo quando era criança, daí a relação sentimental da etiqueta que então criou e que simboliza a sua inspiração na cultura de rua. Os blusões de cabedal são criações nos estilos rocker e motard, com ilustrações nas costas relacionadas com as suas paixões pela música e pelas máquinas, sejam elas motas, carros de corrida ou aviões. Uma das peças exibe, aliás, “uma pintura que fala da história da aviação de Macau. Desenhei um avião muito antigo, de 1948, que foi o primeiro avião de Macau. Chamava-se Miss Macau e tem uma história muito interessante”, contou ao HM. Gente com pinta Afinal, tudo interessa e inspira Vincent Cheang. “Há uns dias atrás comecei a ter ideias para a minha próxima exposição de arte”, revelou. Então? “Sim, já estou a planear o meu próximo projecto, gostaria de desenhar pessoas “cool” de Macau. Pessoas locais interessantes que eu quero apresentar e também conhecer. Alguns músicos, alguns artistas, talvez também alguns dos meus amigos. Podem ser fotógrafos, designers de moda, pintores, coleccionadores, corredores de carros, por exemplo”. Mas acrescenta que ainda não definiu um prazo para este projecto. “Tenho que amadurecer a ideia, antes de começar. Leva o seu tempo”. Até lá, está na altura de passar pela galeria da Creative Macau e ver as lendas do rock em “Highway Star”, título da mostra e de uma das canções dos Deep Purple, gravada em 1972. Se o dia da inauguração foi bastante concorrido, Vincent Cheang quer que a data de encerramento também o seja, no dia 24 de Agosto. E está já a planear qualquer coisa, “não sei ainda o quê”, mas vai haver festa. Reservem o dia na agenda.
Raquel Moz Manchete PolíticaChan Chak Mo diz que empregadas domésticas insatisfeitas podem ir para a Arábia Saudita Domésticas e deficientes continuam excluídos da proposta de lei, o que pode parecer discriminação se o texto não for redigido com “uma terminologia mais feliz”, de acordo com Chan Chak Mo. O deputado concorda com a exclusão, porque os trabalhadores domésticos têm sempre a opção de irem trabalhar para outro lado [dropcap]N[/dropcap]a primeira discussão na especialidade da proposta de lei sobre o “salário mínimo”, a questão da exclusão dos trabalhadores domésticos e com deficiência voltou a ser abordada, mas não suscitou oposição entre os deputados, anunciou Chan Chak Mo. O presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, incumbida de analisar o diploma na especialidade, diz não lhe parecer “que esse seja um problema”, tanto para os deficientes, que já recebem outros subsídios, como para os empregados domésticos, que se não estiverem de acordo com as condições, podem ir procurar trabalho noutros países. “Se quiserem podem ir para a Arábia Saudita, porque dominam o inglês”, justificou. Face à questão se conseguiria viver com 4 mil patacas, Chan Chak Mo não mostrou rodeios. “Está a perguntar-me a mim essa questão, com o meu nível de vida? Eu muitas vezes pago por uma refeição 10 mil patacas! Para uma pessoa vulgar não sei se 4 mil patacas chegam ou não. Mas um trabalhador doméstico o que pretende é ganhar a sua vida. E se entender que esse montante não é suficiente, para conseguir sustentar a sua família que está nas Filipinas ou na Indonésia, então porque é que veio para cá?”, comentou Chan Chak Mo. A questão do art.º 2, sobre as excepções à aplicação do diploma, foi abordada quando a assessoria jurídica considerou que o texto da lei poderia ser interpretado como “discriminação” entre trabalhadores. “A meu ver, não vai haver problema. Claro que podemos ainda optimizar a redacção” com “uma terminologia mais feliz”. Os membros da comissão “também não se opõem. Além disso, pretendemos aprovar esta proposta de lei o mais rápido possível”, indicou o deputado. E deu o exemplo do território vizinho, que “tem quase 300 mil trabalhadores domésticos, e também não foram incluídos na lei do salário mínimo de Hong Kong”, até porque “uma vez incluídos [na lei], o empregador tem que pagar as horas extra”, acrescentou. Para o deputado, a esta situação acresce o facto de a maioria não ser residente, e de fazerem as suas refeições e até pernoitarem na casa dos empregadores, como alegou. Na nota justificativa da proposta de lei, o Governo indicava que o salário mínimo serve para proporcionar a todos os trabalhadores uma protecção salarial básica. No caso da exclusão dos trabalhadores com deficiência, o presidente da Comissão lembrou que, durante a consulta pública, “até os assistentes sociais entenderam que, uma vez incluídos, poderia ser mais difícil arranjarem emprego. E poderia também reduzir a vontade dos patrões em contratar essas pessoas”. Daí a criação de subsídios. A solução para garantir aos deficientes o direito ao salário mínimo teria que passar pela criação, no futuro, de um sistema de avaliação de produtividade destes trabalhadores, segundo a resposta que o Governo deu à comissão. “O que nós temos em Macau é a classificação do grau de invalidez das pessoas, para poderem usufruir de assistência médica gratuita. Mas em Hong Kong existe esse tipo de mecanismo, até mesmo em Taiwan, na Austrália e nos Estados Unidos”. Revisão chata, não? O Art.º 9 da proposta, sobre a revisão bienal desta lei, foi outro ponto de demorado debate. “Muitos deputados falaram sobre este artigo, que diz que a primeira revisão do valor do salário mínimo ocorre dois anos após a entrada em vigor da presente lei. E, posteriormente, uma vez em cada dois anos. Parece um pouco chato, não é?”, comentou Chan Chak Mo. “Há pessoas que concordam, há pessoas que não. Será que pode ser mais simples? Ou será que se pode delegar essa revisão da lei, para ser feita através de um regulamento administrativo ou de uma entidade própria, como uma comissão?”, defendeu. Alguns deputados entendem que já existe esse mecanismo, que é o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), mas na hipótese de haver consenso entre as partes sobre as actualizações do salário mínimo, evitar-se-ia a última etapa de voltar à Assembleia Legislativa, a cada biénio, para votação. Trabalhar na Arábia Saudita? O relatório de 2019 da Human Rights Watch revelou que os trabalhadores migrantes na Arábia Saudita – que são 12 milhões de pessoas, mais de 80 por cento da força laboral no sector privado – têm reportado abusos e exploração por parte dos patrões, sponsors dos vistos de permanência, cujo consentimento escrito é obrigatório para poderem mudar de empregador ou mesmo deixar o país. Há casos de confisco de passaportes, retenção de salários, e trabalho forçado. Os trabalhadores domésticos, na maioria mulheres, sofrem ainda mais abusos, incluindo excesso de trabalho, confinamento forçado, não pagamento de salários, privação alimentar, abusos psicológicos, físicos e sexuais, sem que as autoridades questionem os patrões.
Raquel Moz EventosArmazém do Boi mostra cartazes de artista francesa Se quisesse manifestar-se neste momento através de palavras escritas num cartaz, o que teria para dizer sobre o mundo? Foi a proposta lançada por Delphine Richer, a artista que assina a exposição “Insight”, patente no Armazém do Boi até 18 de Agosto [dropcap]I[/dropcap]nsight” é a exposição individual de Delphine Richer, artista residente do Armazém do Boi, que está patente na galeria da Rua do Volong até ao dia 18 de Agosto. Trata-se de uma tentativa de reunir visões, introspecções, pensamentos ou impressões em relação ao que nos preocupa no mundo, seja lá o que for. “Nós podemos sentir que o mundo é instável com tantos desafios à nossa volta, o que para artista francesa Delphine Richer parece inspirar pensamentos e questões que ela colocou em “Insight”. Neste mundo globalizado, conseguimos aceder de forma instantânea a toda a informação do planeta, através da internet e das redes sociais. As nossas ideias são atravessadas e fundidas neste mundo digital, onde informação objectiva e “fake news” se cruzam e misturam quase numa só”, contextualiza o curador da exposição. Como refere a artista, “num mundo com um incrível poder de comunicação, combinado com uma notável poluição mediática, nós vivemos aprisionados dentro de um volátil e violento tufão de informação”. Delphine Richer é uma artista visual francesa que tem trabalhado com performances visuais, instalações, vídeos, fotografia e som, em diversos media. A própria revela, na sua página web, que “o meu trabalho é principalmente contextual”, e que as situações que se propõe desenvolver “são frequentemente as intrigas, os pretextos que desencadeiam a acção, a mudança, o jogo, a comunicação”. “Insight” é uma exposição de intervenção, de demonstração e de comunicação através da arte, com frases diversas em placas, prontas para pegar e ir empunhar numa qualquer manifestação. A artista recolheu as suas palavras de ordem recorrendo a entrevistas feitas pessoalmente, por email e pelas redes sociais. A questão colocada foi: “Se pegasse agora num cartaz para ir mostrar num espaço público ou numa manifestação, qual seria para si a mais importante mensagem em 2019 que gostaria de lá ver escrita?”. O resultado é uma colecção de slogans sobre causas e preocupações que ilustram a actual paisagem social, que o público poderá comparar com a sua própria opinião face à pergunta original, segundo refere a nota de imprensa da organização. “Utilizando uma linguagem humana, a exposição “Insight” apresenta o interesse de Delphine Richer pelas preocupações sociais e políticas” que actualmente mobilizam cada indivíduo, “que a artista calmamente foi destacando para criar uma visão global”. Cartazes para todos Ao longo da sua residência artística, que teve um mês de duração, Delphine Richer auscultou as vozes da comunidade local, procurando entender melhor a especificidade de Macau, mas abriu também o âmbito da sua consulta às redes sociais e a toda a população interessada em participar, de diferentes culturas e origens geográficas. “A exposição começou com cerca de cem placas e slogans, mas é um projecto em andamento, porque a artista continua a acrescentar as ideias e sugestões das pessoas que visitam a exposição”, explicou ao HM o responsável pelo Armazém do Boi (Ox Warehouse), Oscar Ho. Nos cartazes e placas podem ser lidas frases como: “Bouge Toi Pour Ta Planete!”, “Justicia y voz para todos los seres vivos invisibilizados”, “Vive L’Europe Ecologique et Sociale”, “Think Less” ou “I fight for my home. I have to”. Mas há mais palavras de ordem para conhecer, e outras ainda por criar, até ao final da mostra que termina em meados de Agosto. A cerimónia de inauguração, que aconteceu no dia 3 de Julho, contou com a participação do vice-presidente do Instituto Cultural (IC), Chan Kai Chon, e com o representante do Centro da UNESCO em Macau, Kuok Wai Kei, como convidados de honra.
Raquel Moz SociedadeIC | Feira do Livro com pouca afluência e algumas desistências Indicações escassas até ao salão da feira, pouca afluência de público, livros só para decorar stands e editoras a abandonar o local antes do final do evento, são algumas falhas apontadas à 2ª edição da Feira Internacional do Livro de Macau, que ainda não ganhou massa crítica entre os leitores [dropcap]A[/dropcap] Feira Internacional do Livro de Macau 2019 não parece ter conquistado ainda o seu espaço no território, a avaliar pela fraca adesão de público que, entre os dias 4 e 7 de Julho, visitou os pavilhões das editoras no Hotel Venetian Macau no Cotai. As indicações e informação local sobre o evento, inserido no “2º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura Entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, não eram adequadas ou suficientes, mesmo para quem se deslocou de propósito àquela unidade hoteleira e ali teve que procurar pelo respectivo salão de exposições. As reacções entre os visitantes que por lá passaram foi de alguma decepção, como testemunhou o HM em diferentes dias, fim-de-semana incluído, e também a imprensa local em língua chinesa. Uma das principais críticas foi a quantidade de títulos dispostos nas estantes e mesas de apoio apenas para decoração, contendo no verso a indicação de “Not For Sale”, que indica que as obras não estavam à venda. Quando inquiridos pelo público sobre as cópias disponíveis, os vendedores ou não sabiam responder ou confirmavam que tais títulos não se encontravam de facto à venda. Mesmo em relação aos livros de gastronomia, o tema desta edição, houve quem viesse de mãos a abanar para casa, porque diversos livros em exposição não existiam em stock, assim explicaram os responsáveis pelos stands. Em diversos casos foram aceites encomendas, quando os vendedores sabiam como informar ou sugerir essa possibilidade, o que nem sempre aconteceu. Apesar das ofertas e descontos, o jornal Ou Mun de domingo publicava o comentário de um visitante que confessou que “estava interessado num livro, mas disseram-me que precisava de comprar a série completa”, não vendendo o mesmo em separado. “Espero que esta regra seja ajustada ao tipo de evento, para aumentar o meu desejo de consumir ali livros”, frisou. Outros visitantes abordados pelo jornal em língua chinesa referiram que o número de stands no local era grande, mas “os livros e o preço não eram muito atractivos”. O jornal Ou Mun, que nas suas páginas saudou a iniciativa, acabou por revelar nas entrevistas feitas “in loco” algum descontentamento por parte dos interessados. Um dos visitantes comentou que não havia muitas pessoas no evento e “sugeriu aos organizadores iniciativas para fortalecer a promoção e publicidade da feira, implementando mais meios de transporte, como shuttles especiais para levar os residentes para o local de evento, e a introdução de melhores ofertas” para atrair leitores e, assim, “evitar o desperdício dos recursos públicos”. Esta iniciativa custou ao Governo de Macau quatro milhões de patacas, de acordo com a informação dos organizadores por altura da sua apresentação, e foi co-organizado pelo Instituto Cultural e pela Companhia Nacional de Importação e Exportação de Publicações da China. Má sinalização Desperdício parecem ter sido os cartazes de divulgação do evento, que estão por toda a cidade, mas quase não existiram no interior do Venetian. De tempos a tempos, as caixas retro-iluminadas com o poster do Festival de Artes e Cultura davam conta do evento, mas sem uma seta a indicar a Feira do Livro ou um representante a dar orientações. O maior cartaz, do tamanho de uma parede, encontrava-se colocado num acesso improvável e quase sem visibilidade, nas costas de uma fila de cadeiras onde turistas descansavam, alheios a qualquer promoção. Na entrada traseira, por onde chegam as camionetas turísticas e os shuttles dos casinos, não havia divulgação ou orientação para a zona dos pavilhões de eventos e salões de conferências, oportunidade perdida num local que atrai milhares de pessoas diariamente. A área de exposição, com 3 mil metros quadrados, também acabou por parecer demasiado grande para o fraco fluxo de visitantes que procuraram o pavilhão da feira. Ausência da “Presença” A editora Presença, uma das muitas anunciadas em representação dos países de língua portuguesa – Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau –, já no sábado à tarde se encontrava ausente do espaço expositivo. Sem ninguém a tomar conta do stand, os livros que ainda se encontravam nas prateleiras não correspondiam a qualquer título do seu catálogo, eram sim clássicos de literatura inglesa da editora “Penguin”. Outras editoras estavam também já a embalar o seu acervo em caixotes, a um dia do fim da Feira do Livro. Contactado pelo HM sobre os resultados do evento, o Instituto Cultural respondeu que “a Feira Internacional do Livro durou quatro dias, atraindo mais de 12,000 visitantes e mais de 250 profissionais participantes da indústria editorial e de gastronomia de todo o mundo” e “terminou com grande êxito em 7 de Julho”. “O número total de livros expostos excedeu os 10 mil, cerca de 40 por cento dos quais foram vendidos, sendo que as vendas no local e a intenção de encomenda atingiram mais de 300 mil patacas”, revelou ainda a entidade organizadora. “A Feira do Livro, com o tema “Apreciar e Saborear Macau”, criou com sucesso um intercâmbio literário sino-português, utilizando os livros como meio de reunir amigos e alcançando os resultados desejados”.
Raquel Moz EventosNove obras do Mestre Wu Guanzhong até 30 de Julho no Grand Lisboa [dropcap]A[/dropcap] exposição “Unbroken Kite String – Relação entre o Concreto e o Abstracto – Tributo a Wu Guanzhong no 100º Aniversário do seu Nascimento” é a proposta da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) para o mês de Julho no Hotel Grand Lisboa, que decorre no âmbito da iniciativa “Arte Macau”. O centenário do Mestre Wu Guanzhong foi o mote para a apresentação de nove obras emblemáticas na sua carreira, que soube conciliar a tradicional aguarela oriental com a técnica de pintura a óleo ocidental. Tendo passado por França para estudar pintura na primeira metade do século XX, ficou conhecido pela capacidade de fundir elementos artísticos e estéticos das culturas chinesa e europeia, sem reproduzir cada uma delas, mas “reinterpretando e integrando-as na sua sabedoria e visão poética da arte”, segundo a nota de imprensa da curadoria do evento. “Ao longo da sua vida, os temas da pintura de Wu Guanzhong’s estiveram sempre ligados à sua terra natal, Jiangnan, cujas impressões foi colhendo e registando de forma recorrente”. “A Pair of Swallows” é um desses exemplos e era também a sua tela preferida, criada em 1988. A imagem que reproduz um par de andorinhas ao longe foi, por esta razão, escolhida como a pintura de destaque desta mostra, estando exposta logo à entrada do átrio do Grand Lisboa. As restantes oito obras podem ser vistas no 7º piso, no salão Peach Blossom, onde estão expostas as telas “Hibiscuses”, “Flower Basket After Song Masters”, “Lion Grove Garden”, “The Three Gorges of the Yangtze River”, “Sunrise in Mount. Huang”, “Mount. Yulong”, “Spring Shoots Among Bamboos” e “Lotus”, que traduzem a sua preferência pela natureza e pela força e exuberância da primavera. Pintura Moderna Nascido em 1919 na província chinesa de Jiangsu, o aclamado artista formou-se no National Art College de Hangzhou em 1942, seguindo para Paris em 1947 para estudar na Escola Superior de Belas Artes. Regressou à China em 1950 para ensinar em diversas instituições universitárias, com destaque para a Academia de Belas Artes da China Central e a Universidade de Tsinghua, onde partilhou a sua visão contemporânea da arte. É hoje considerado o pai da pintura moderna chinesa, tendo falecido em 2010 na cidade de Pequim. A exposição “Tributo a Wu Guangzhong” estará patente só até ao dia 30 de Julho no Grand Lisboa. Esta é a segunda série de mostras agendada pela SJM, que começou por exibir em Junho “Coin du Jardin by Paul Gauguin” e estreará, durante o mês de Agosto, “Visions of Chinese Tradition – Chinese Lacquer works and Art in Motion – Video Art from Portugal”.
Raquel Moz EventosMúsica | Jordan Rakei dá concerto em Hong Kong a 31 de Agosto [dropcap]O[/dropcap] jovem cantor e compositor neo-zelandês Jordan Rakei vem a Hong Kong para um concerto único, a 31 de Julho, no TTN, integrado na sua maior tournée mundial até à data. Com três álbuns editados – “Cloak” em 2016, “Wallflower” em 2017, e “Origin” já em 2019 – o multi-instrumentalista, vocalista e produtor captou cedo a atenção da indústria musical internacional, com a sua música intemporal de influência soul, jazz e hip-hop. Jordan Rakei, que viveu grande parte da sua vida em Brisbane, Austrália, mudou-se para Londres, Inglaterra, em 2015, onde tem desenvolvido a sua carreira e participado nos maiores festivais e eventos musicais do mundo. Com uma longa lista de temas disponíveis na plataforma musical Spotify, o seu segundo LP foi nomeado para Melhor Álbum do Ano, em 2017, pelos Prémios de Música Australianos. O espectáculo em Hong Kong é uma segunda oportunidade para ver o artista ao vivo, depois da “performance fora de série” que fez na vizinha cidade em 2018, de acordo com a imprensa da especialidade. Os bilhetes custam 350 HK dólares e podem ser adquiridos online a partir de amanhã, dia 10 de Julho.
Raquel Moz EventosPoesia | Livro de António Mil-Homens lançado amanhã na FRC O livro de poesia “Universália” saiu da gaveta de António Duarte Mil-Homens e vai estar amanhã à tarde na Fundação Rui Cunha, com apresentação de Sara Augusto e Carlos Morais José [dropcap]U[/dropcap]niversália” é o título do segundo livro de poemas de António Duarte Mil-Homens, que é lançado amanhã, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha. Depois de uma primeira obra editada em Macau em 2010, “Vida ou Morte duma Esperança Anunciada”, o autor volta a abrir a gaveta onde guarda estes e muitos outros esboços para partilhar estados de espírito e emoções com os leitores. “Sem ter em atenção a cronologia da escrita, porque tenho projectos mais antigos, resolvi pegar neste ‘Universália’ que, como todos os outros, tem por base sentimentos, emoções, estímulos exteriores”, que surgiram “na quase totalidade dos casos, como eu costumo frisar, de jorro e na forma acabada”, sob a forma de 45 poemas em meia centena de páginas. António Mil-Homens, conhecido fotógrafo local, desde a adolescência que se aventura pelo universo da poesia, uma espécie de compulsão “como se eu tivesse qualquer coisa a borbulhar cá dentro, que tem que saltar para fora. E quando salta é assim, de fio a pavio”, explicou ao HM. O seu repositório é extenso e os poemas podem acontecer a qualquer momento, “de repente tenho necessidade de agarrar num papel, posso já estar deitado, ou posso acordar no meio da noite”, e vai somando estados de espírito, que se agrupam e começam a fazer sentido no seu conjunto. “É assim que as coisas me saem e é assim que tenho escrito. Também é assim que, além destes dois livros publicados, tenho mais seis prontos a serem editados. E outros em progresso. Primeiro no papel – “que continua a ser o meu modo privilegiado de escrita” –, depois passados para computador, organizados em pastas já com título. “Universália” foi o livro que substituiu o projecto que o autor tinha pensado publicar para o Festival Rota das Letras de 2019, o “Poemografia de Macau” – que reúne poesia e fotografia – que, por razões diversas, não iria ser exequível até ao passado mês de Março. “A coisa arrastou-se e, quando eu percebi que não ia dar tempo para ser editado, disse: então vai sair mais um da gaveta!”. Assim surgiu o “Universália”, após um contacto feito com o editor responsável da Temas Originais, editora de Coimbra, “com quem nos últimos dois anos tenho participado em colectâneas”. O livro foi impresso “logo com a condição de que viriam 100 exemplares para Macau, por via postal, a tempo do Rota das Letras, onde teoricamente seria apresentado” e “está claro que foi pago do meu bolso, porque infelizmente é assim que a maior parte das edições funcionam”. É um “livro fininho, porque foi logo tido em consideração o peso do correio aéreo”, justificou o autor. Uma capa especial O desenho da capa é produzido digitalmente e “é uma das muitas obras de um amigo meu que era completamente genial, em qualquer área pela qual se interessasse, mas que neste momento, já lá vão 17 anos de doença, não é mais do que um vegetal”, dor que António Mil-Homens continua a sentir de cada vez que o visita em Portugal. “Numa fase já adiantada da doença, ele interessou-se pelos fractais e pelo 3D”, de que resultou este desenho gráfico de computador, em tons de azul escuro e prata, utilizado pelo autor. “Eu já tinha agarrado nesta imagem e decidido há muito tempo que seria a capa do Universália”. E conta porquê. “Eu vejo isto como um corpo celeste, com uma certa complexidade, e vejo o fundo como aquilo que conseguimos observar com a ajuda de um telescópio: vejo nebulosas. E o que de imediato me surgiu foi: universo, Universália. Achei que a imagem se adequava perfeitamente”. Livros a caminho “Universália” chegou de Coimbra a tempo do Festival Rota das Letras, em Março de 2019, mas acabou por não ter lançamento oficial, o que acontece amanhã na Fundação Rui Cunha, com apresentação da professora Sara Augusto e do jornalista e escritor Carlos Morais José. Em Lisboa irá acontecer também um lançamento formal do “Universália”, em meados de Setembro, integrado no UnityGate 2019, “que é uma plataforma cultural em que eu participo desde 2013, normalmente com fotografia”, mas que este ano passa a ter pela primeira vez uma participação escrita do autor. A UnityGate, que organiza diversos eventos culturais, trará algumas dessas iniciativas também a Macau no mês de Outubro. Entretanto, segundo António Mil-Homens, o “Poemografia de Macau” irá ser finalmente publicado pelo Instituto Cultural, ainda este ano, em edição trilingue (português, chinês e inglês).
Raquel Moz PolíticaDeputados visitaram construção do novo posto fronteiriço na Ilha Verde [dropcap]O[/dropcap]s deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas visitaram ontem de manhã o estaleiro das obras do novo posto fronteiriço de Qingmao, na Ilha Verde, antes de reunirem para um ponto da situação com o secretário para os Transportes e Obras Públicas na Assembleia Legislativa. Raimundo do Rosário afirmou ter havido um atraso com a colocação das fundações, naquela zona de fronteira, por causa da confluência de condutas subterrâneas de abastecimento de água e energia eléctrica do continente para o território. “Estamos à espera que essas infra-estruturas sejam desviadas, para podermos concluir essa parte do acesso. Mas temos tempo”, referiu. Entretanto, as autoridades chinesas só entregaram o projecto para o edifício Norte (fronteira de Zhuhai) no passado dia 28 de Junho, o que não deverá atrasar a conclusão global da obra, informou o secretário para os Transportes e Obras Públicas, por ser mais pequeno do que o edifício Sul (fronteira de Macau). O projecto, adjudicado à Guangdong Nam Yue Group Corporation e previsto para o final de 2020, tem praticamente concluídas as fundações dos dois edifícios e do corredor de ligação entre eles. A construção do edifício Sul, que deverá ter 22 andares, foi iniciada em Abril passado e conta já com dois pisos colocados. O edifício Norte tem previstos 12 andares de altura e deverá levar cerca de dois meses a ser analisado e adjudicado, antes do início da construção. O orçamento é de 1500 milhões de patacas para a construção do edifício Sul e de 900 milhões para a construção do corredor de ligação ao edifício Norte, este da responsabilidade de Zhuhai. Lugar para transportes Os deputados sugeriram também ao Governo a cedência de terrenos contíguos aos postos fronteiriços terrestres, para resolver a questão da mobilidade e dos transportes em relação ao excessivo fluxo de visitantes. A presidente da Comissão, Ella Lei, informou no final da reunião que os deputados apontaram o terreno triangular onde funcionava o centro de inspecções de automóveis, ainda desaproveitado, entre a Av. General Castelo Branco e o Posto de Qingmao, para garantir espaço para a tomada e largada de passageiros, bem como o estacionamento de autocarros de turismo e shuttles dos casinos. A Comissão insistiu na utilização deste terreno, mesmo que a título provisório, para desviar a concentração de visitantes e grupos de turistas das Portas do Cerco. Outros terrenos sugeridos foram o do aquartelamento da Unidade Táctica de Intervenção da Polícia (UTIP), que passou para Coloane, e o da Rua dos Currais, perto do Canal dos Patos, para reorganizar o trânsito rodoviário naquela zona de grande densidade populacional. O Governo anunciou ainda que vai abrir concurso público no próximo dia 8 de Agosto para a concepção e construção de uma passagem superior para peões, que permita o acesso por ponte aérea ao Posto Sul de Qingmao a partir do bairro da Ilha Verde e do referido terreno triangular.
Raquel Moz EventosDupla de criativos publicou “O Pequeno Livro Amarelo” com frases de Xi Uma dupla de criativos publicou um livro com centenas de frases do Presidente Xi Jinping. Conhecer melhor a forma como pensa o actual líder chinês foi a intenção criativa e – “algo absurda” – de Julie O’yand e Fernando Eloy [dropcap]H[/dropcap]á um pequeno livro amarelo, à venda na internet, que reúne 300 citações do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, proferidas ao longo do seu mandato, iniciado em 2013. É uma obra de reflexão, entretenimento e alguma subversão, num estilo de leitura simples e atractivo, assinado pela jornalista e argumentista chinesa Julie O’yang e pelo jornalista e documentarista português Fernando Eloy. “The Little Yellow Book” foi lançado em Fevereiro de 2019, por altura das comemorações do Ano Novo Chinês, quase um ano após o Congresso Nacional aprovar, com 2958 votos a favor, a deliberação de remover a limitação do termo de mandato presidencial, em Março de 2018, que antes era de dez anos no total. O actual líder, no final do seu primeiro mandato de cinco anos, passou a ter o poder de conduzir, por tempo indefinido, os destinos da grande China. “A ideia de fazer este livro começou quando Xi Jinping tomou a decisão de retirar o limite ao termo da sua presidência, podendo permanecer para a vida no lugar. Esse foi para nós um momento de viragem e tivemos vontade de questionar pessoalmente o Presidente da China. Isso tornou-se um livro”, revelaram os autores ao HM. A pergunta que Julie O’yang e Fernando Eloy quiseram colocar foi, antes de mais, quais as ideias essenciais que o Presidente Xi tinha para o desenvolvimento da nação. Qual o seu sonho para fazer o país avançar. Foi assim que começaram a coligir as suas frases e aforismos, para uma análise e divulgação dos princípios defendidos por Xi Jinping, à semelhança de um certo livro vermelho de propaganda, escrito por Mao Tse Tung em meados do século XX. “O “Pequeno Livro Amarelo” espelha o seu famoso antecessor e segue o mesmo formato, com o mesmo padrão de narrativa. O “Pequeno Livro Vermelho” é o livro com mais tiragens no mundo, depois da Bíblia, sendo uma obra de propaganda que se tornou num ícone da China. O nosso não é um trabalho de propaganda, mas uma aproximação ao tradicional gosto chinês de coligir citações de sábios anciãos, incluindo o Confúcio e o ex-líder Mao. Sentimos que isso irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, com os pensamentos de Xi. E quisemos abordar todas as suas considerações sobre a China”, afirmaram. Integridade e ironia A publicação, assumidamente uma “proposta de arte política, com um ângulo de certo modo absurdo”, foi um processo criativo de “comunicação com base na honestidade”, que pretende “convidar os leitores a questionarem” o que se está a passar no mundo. “O Presidente Donald Trump prometeu atacar este país sobre o qual poucas certezas se têm. E, enquanto isso, o domínio da China sobre o futuro global das nações tem estado em grande evidência, com a democracia ocidental em processo de autofagia a corroer-se por dentro”. “A ambição do Partido Comunista Chinês tem sabido explorar bem o espectáculo desta crise política auto-infligida. E neste contexto actual globalizado, existe naturalmente ironia. A relevância e a integridade são coisas que nos interessam”, comentaram O’yang e Eloy, que dedicam este livro a “todos os leigos que têm curiosidade em saber algo mais sobre a China contemporânea. Sentimos que esta leitura devia ser uma espécie de viagem rápida e abrangente”. Nesta versão não censurada, e não autorizada pelo próprio, os autores organizam as declarações de Xi Jinping em 23 capítulos sobre diversos temas pertinentes, como o “Sonho Chinês”, “Partido Comunista”, “Confucionismo”, “Meu País, Meu Povo”, “Um País, Dois Sistemas”, “Lei e Virtude”, “Liberdade de Expressão e Direitos Humanos”, “Corrupção e Disciplina”, “Internet e Dados”, “Media”, as “Relações Internacionais”, a “Guerra Comercial”, “Uma Faixa, Uma Rota”, e até a “Revolução da Casa de Banho” em que o Governo “tudo fará para solucionar os problemas que afectam a qualidade de vida das massas”, entre tantos outros temas, estando reservado um capítulo extra para considerações finais e um poema do grande Xi. “Like” para os autores A curadoria das frases do livro é da responsabilidade de O’yang, com edição e design de Eloy. Julie O’yang é uma ex-capitã do Exército de Libertação Chinês que se tornou autora, artista, empresária e argumentista, tendo procurado exílio na Europa durante os anos 1990, onde trabalha e reside, desenvolvendo projectos como jornalista e criadora de conteúdos de rádio e televisão na Holanda e Dinamarca. Fernando Eloy nasceu em Lisboa e iniciou a sua carreira profissional como jornalista e DJ nas rádios pirata dos anos 1980, tornando-se produtor de eventos e jornalista free-lancer para vários órgãos de comunicação. Veio para Macau em 2001, onde tem realizado documentários, produzido filmes promocionais e criado conteúdos para canais e aplicações online. Ambos foram colunistas do jornal Hoje Macau. O livro tem 180 páginas e encontra-se à venda na Internet, em diversos formatos electrónicos, para Kindle, Kobo, iBooks e Google Play, por cerca de 8 dólares americanos, ou quase 65 patacas. “Quem no mundo não ama um bom líder?” é uma das frases proferidas pelo homem que “gostaria de pressionar o botão do “Like” a favor do grandioso povo chinês”. Há outras 298 para conhecer.
Raquel Moz VozesOverbooking cultural [dropcap]É[/dropcap] injusto reclamar de barriga cheia. Mas ainda é mais injusto ter demasiados eventos culturais e artísticos a convergirem nas mesmas datas da agenda, onde já existiam outros eventos culturais e artísticos previamente marcados. É frequente dar-se o caso de “overbooking” no meu calendário electrónico. E não há nada a fazer, não é possível desdobrar-me para conseguir estar em lugares vários ao mesmo tempo. Vem isto a propósito de muita festa e festival que se faz por cá. Não pretendo com isto que acabem, nem que se feche a torneira da cultura, até porque de pão e circo vivemos todos nós e eu gosto. Felizmente, muitos acontecimentos esgotam e, de certa maneira, fica o problema resolvido. Só que depois venho a saber que muitas filas permaneceram vazias durante os espectáculos, concertos, peças de teatro, projecções de filme, e tenho vontade de torpedear todos os quadradinhos que vi trancados nas bilheteiras online, como se fossem uma batalha naval imaginária, em que os porta-aviões e os submarinos que não se dignaram aparecer deviam acabar como destroços cobertos de verdete no fundo do oceano. É claro que ninguém tem culpa – além dos que se baldam aos eventos, mas que decerto terão o seu atestado de internamento hospital, que respeito e compreendo –, muito menos os organizadores que já muito fazem para permitir que os lugares vagos possam ser, de última hora, preenchidos por aqueles que arriscam a sua sorte à porta dos eventos. Considero isso um dever cívico das organizações, que aplaudo, só que à distância. Porque não sou dessas pessoas que tenta ir quando tudo parece já perdido. E depois fico com pena.
Raquel Moz SociedadeAssociação das Mulheres pede mais educação sexual para crianças A Associação Geral das Mulheres de Macau reagiu ontem à notícia de dois casos de violação de menores e pediu ao Governo que aposte na educação sexual das crianças de forma a prevenir mais casos de violência sexual [dropcap]A[/dropcap] coordenadora do Centro de Apoio à Família “Alegria em Abundância”, Chu Oi Lei, da Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), expressou ontem, em declarações ao Jornal do Cidadão, a sua preocupação com os casos de abuso sexual recentemente ocorridos. A responsável espera que o Governo aumente no futuro a divulgação e promoção da educação sexual, criticando igualmente os pais, que devem prestar mais atenção aos filhos e ensiná-los a desenvolver uma consciência de auto-protecção. Chu Oi Lei acredita que o abuso sexual causa danos irreversíveis às crianças e tem um profundo impacto no desenvolvimento mental. A mesma mencionou que a Associação tem uma série de cursos de educação sexual para crianças e para pais, com vista a reforçar a consciencialização destes para o perigo. Mas o Governo deverá realizar mais acções de sensibilização, destinadas a crianças, jovens e pais de diferentes idades, informando como se deve proceder para pedir auxílio e para garantir a auto-protecção quando existirem situações de violência, defende a coordenadora. Resto a dirigente associativa defende que cabe às autoridades públicas assegurar mais serviços sociais de acompanhamento às vítimas. A representante da AGMM recordava ontem a recente notícia de dois casos sucessivos de abuso sexual, envolvendo meninas de seis anos de idade: um com uma criança que, à chegada da escola, utilizou a casa de banho do escritório de administração do edifício onde habitava, tendo sido violada por um trabalhador de limpeza não residente; outro com uma criança que foi abusada pelo próprio pai, encontrando-se este desempregado e, alegadamente, embriagado. De acordo com a Polícia Judiciária (PJ), no ano passado, houve um total de 33 casos de violação sexual envolvendo menores de 16 anos de idade, número que está a aumentar. Além disso, acredita-se que o local de abuso sexual infantil tem quase sempre incidência em ambientes com os quais os menores estão familiarizados. A maioria dos criminosos também são familiares ou conhecidos, o que dificulta o estado de alerta por parte das crianças. Suspeitos já detidos A Polícia Judiciária comunicou, esta segunda-feira, a ocorrência dos dois casos de violação, actualmente sob investigação. O primeiro caso foi o da criança abusada pelo pai enquanto dormia, após uma denúncia da progenitora na última sexta-feira, em resultado do relato da filha que revelou sentir dores e acabou por confessar o sucedido. Segundo o jornal em língua inglesa, The Macau Post Daily, a vítima foi conduzida pelas autoridades ao hospital, para fazer um exame médico, revelando a existência de provas físicas de violação sexual. O pai da menina, ao tomar conhecimento da denúncia, tentou fugir do território pelas Portas do Cerco ao final do dia, mas acabou por ser interceptado pela PJ. O indivíduo foi, entretanto, transferido para o Ministério Público, onde aguarda investigação, devendo enfrentar uma acusação de violação, que pode ir de 3 a 12 anos segundo o Código Penal de Macau, com pena agravada já que a vítima tem menos de 16 anos e é descendente em linha directa do agressor. Entretanto, a Polícia Judiciária deteve também, este domingo, um trabalhador não-residente acusado de abusar sexualmente de outra criança de seis anos, na casa de banho de um prédio onde esta habitava e aquele prestava serviços de limpeza. O infractor, oriundo da China, trabalhava ilegalmente desde Março de 2017 no território. A vítima, que à chegada da escola procurou de urgência a casa-de-banho da portaria do prédio, acabou por ser agredida num momento em que o porteiro se ausentou do local e o infractor aproveitou para arrombar a porta. A criança tentou defender-se em vão do atacante, segundo a PJ, mas só viria a revelar o sucedido aos pais no domingo à tarde, que imediatamente denunciaram o caso às autoridades. O suspeito foi entregue ao Ministério Público, e está a aguardar investigação, podendo vir a cumprir pena de prisão de 16 anos.
Raquel Moz EventosFotografia | Exposição de João Miguel Barros na quinta-feira no Albergue O fotógrafo João Miguel Barros inaugura esta quinta-feira a exposição “Wisdom” no Albergue. Ali estarão dispostas 39 fotografias a preto e branco sobre o quotidiano de uma comunidade na cidade velha de Acra, no Gana, onde treina o pugilista profissional Emmanuel Danso [dropcap]J[/dropcap]oão Miguel Barros é o autor da mostra fotográfica que vai estar patente no Albergue SCM a partir de quinta-feira às 18h30, iniciativa que encerra as festividades de “Junho, Mês de Portugal” no território. A exposição “Wisdom” apresenta 39 fotografias em grande escala, a preto e branco, sobre o pugilista Emmanuel Danso, em Acra, no Gana. Durante um mês, até 4 de Agosto, as instalações do Albergue vão ser transformadas numa recriação do espaço Wisdom, em Acra, constituído por duas edificações – um grande casarão e um pátio – onde funcionam uma escola preparatória (Wisdom Preparatory Academy) e um ginásio de treinos ao ar livre (Wisdom Gym), numa parte antiga da capital. As duas galerias e o pátio do Albergue vão, assim, poder contar melhor a história da vida de Emmanuel Danso, que todos os dias treina na academia ao final da tarde. “Durante o dia, esta propriedade serve de escola preparatória para alunos de todas as idades. Por sua vez, a escola confina com um pátio que serve de recreio às muitas crianças que vivem em casas velhas daquela zona da cidade”, lê-se no material de apresentação, quando a exposição passou pelo Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, entre Fevereiro e Agosto de 2018. “João Miguel Barros rapidamente se deixou levar pela energia do microcosmos que é Wisdom, pela sua alegria genuína, no estado mais puro. Aquilo que começou por ser um projecto de fotografia sobre Emmanuel Danso, uma boa história para desvendar os mistérios dos bastidores do pugilismo, tornou-se algo muito mais profundo, uma peça muito mais abrangente sobre a comunidade e as pessoas”, descrevia à época a directora artística do Museu Colecção Berardo, Rita Lougares. E porquê a história de Emmanuel Danso? É o próprio fotógrafo, advogado de profissão, que explica como chegou ao protagonista do seu conto através da imagem. “Em Outubro de 2017 tive oportunidade de fazer fotografias de um combate de boxe que houve em Macau, em que estava em causa um título intercontinental do International Boxing Federation (IBF)”. Durante o combate, “o Danso lutou contra um chinês [Fanlong Meng], que foi quem ganhou. Então eu escolhi aquele que perdeu, e propus-me ir a Acra, fazer um conjunto de fotografias dos treinos e da vida dele”, revelou João Miguel Barros ao HM. O pátio em Acra As imagens do combate foram incluídas num dos capítulos da exposição “Photo-Metragens”, que o artista levou em Fevereiro de 2018 ao CCB, em Portugal, e que esteve em Abril de 2019 nas Oficinas Navais, em Macau. “Eu faço aqui um parêntesis para dizer que não percebo as regras do boxe, nem gosto de boxe”, mas resulta bem em termos de imagem e interessou-lhe conhecer o dia-a-dia do pugilista e dos treinos no contexto do seu país. Foi assim que contactou o agente de Emmanuel Danso e, em Julho de 2018, aterrou no Gana. “Construí uma narrativa diferente daquela que eu inicialmente tinha pensado, que era muito baseada no boxe e nos detalhes daquele combate”. O pugilista treinava diariamente “às 6h30 da manhã num pavilhão do Estado Nacional e às 17h30 da tarde num pátio na cidade velha de Acra, contíguo a um edifício grande onde funciona uma escola. Esse conjunto chama-se Wisdom”, conta o fotógrafo, que fez uma visita rápida ao lugar, mas foi percebendo que aquele “pátio é um microcosmos de vida humana absolutamente notável”. O grupo de Danso treina ali, “no meio de uma vivência familiar, porque à volta do pátio existem várias famílias, que vivem em construções informais com poucas condições, e onde muitas crianças brincam”. Da segunda vez que esteve em Acra, em Novembro de 2018, sentiu o potencial da vivência em torno do casarão e do pátio, também utilizado pelas crianças da escola, com cerca de 150 alunos, que começam a ensaiar os gestos dos mais velhos. Teve então a “oportunidade de fazer fotografias com muito mais tempo”. A série de imagens sobre a escola fazem parte de um portefólio que, este ano, já ganhou dois prémios internacionais. O pátio no Albergue Entretanto, o convite do arquitecto Carlos Marreiros para expor no Albergue, “que, obviamente, aceitei com honra, porque acho que é um espaço muito interessante para exposições”, deu a João Miguel Barros a ideia de organizar todas essas imagens de uma forma especial. “Ocorreu-me que aquele espaço poderia ser utilizado na projecção do que era Acra e o Wisdom”. A mostra será feita nas duas galerias: a pequena com 12 fotos sobre a escola, cuja porta dá para o pátio, tanto lá como cá, e a grande com as restantes 27 fotos, dos treinos de Danso e os amigos, as famílias e as crianças ao redor. São 39 fotografias em grandes dimensões, com 90X72 centímetros, mais uma extra no pátio, “onde vai haver um telão muito grande, com cerca de 5 metros, uma imagem que não está na exposição, mas que mostra o conjunto do edifício e do pátio, para quem entra no Albergue ficar a perceber qual é a geografia do lugar”. O projecto do fotógrafo não deverá ficar por aqui, já que pretende vir também a conhecer um dos ídolos de Emmanuel Danso – e de todos os ganeses –, o primeiro e único campeão mundial de boxe, David Kotei (ou D.K. Poison, como ficou conhecido), que arrecadou o título há 44 anos atrás. No próximo mês de Setembro haverá um grande combate, de celebração ao antigo pugilista, onde conta estar presente. Também, nessa altura, espera poder passar pelo espaço do Wisdom e dedicar-se à captura de mais imagens das famílias que ali habitam.
Raquel Moz Manchete SociedadeIIM | Irmãos Marreiros ganham Prémio Identidade por “obra de reconhecida qualidade” Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto, são os vencedores da edição deste ano do Prémio Identidade 2019 do Instituto Internacional de Macau, por serem “duas personalidades bem conhecidas de Macau” e “dois casos de sucesso”. Carlos Marreiros diz que a distinção é o mote para continuarem a fazer um bom trabalho [dropcap]O[/dropcap] Instituto Internacional de Macau (IIM) decidiu atribuir este ano o Prémio Identidade aos irmãos Vítor Marreiros, designer, e Carlos Marreiros, arquitecto. De acordo com um comunicado do próprio IIM, a distinção justifica-se com o facto de os dois irmãos serem “indiscutivelmente dois grandes talentos de Macau e duas notáveis histórias de sucesso, como inspirados criadores, artistas consumados e profissionais respeitados, com obra de reconhecida qualidade realizada e, ambos, com significativa projecção no exterior, o que tem prestigiado Macau, sua terra natal, além-fronteiras”. O facto de já terem trabalhado juntos em inúmeros projectos faz com que se enquadrem “perfeitamente no espírito do galardão que lhes foi agora atribuído”. O prémio será entregue no próximo Encontro das Comunidades Macaenses, que se realiza no território na última semana de Novembro deste ano. Em declarações ao HM, Carlos Marreiros mostrou-se satisfeito por ser um dos nomes escolhidos. “Há tanto anos que tenho trabalhado de forma desinteressada para a formação da identidade macaense que naturalmente fico feliz e contente por ser recipiente deste prémio. É uma honra. Claro que não trabalhamos para prémios, mas quando somos distinguidos aceitamos e vemos isso como um incentivo para continuar a trabalhar, mais e ainda melhor.” Carlos Marreiros destaca o facto de ter ganho o prémio com o irmão, “um grande designer e artista”. “Fizemos trabalhos em conjunto nos últimos 35 anos e vamos continuar a ter projectos. Poder receber esse prémio juntamente com os nossos irmãos macaenses que estão cá em Macau é um sinal de alegria. Vamos recebe-lo com humildade e sabemos que doravante ainda temos de nos esforçar para trabalhar melhor”, frisou. O HM tentou chegar à fala com Vítor Marreiros, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto. Provas dadas Carlos Alberto dos Santos Marreiros é arquitecto, urbanista, artista plástico e gestor cultural, com formação superior obtida em Macau, Portugal, Alemanha e Suécia. Além de arquitecto muito conceituado, com cerca de duzentas obras concebidas em Macau, Hong Kong, China, Portugal e Austrália, e de docente universitário e orador em conferências internacionais, desempenhou cargos em organismos públicos e da sociedade civil, entre os quais os de presidente do Instituto Cultural de Macau (1989-1992). Preside, actualmente, ao Albergue SCM, e é igualmente curador da Fundação Macau, membro do Conselho Consultivo da Cultura, do Conselho do Ambiente e do Conselho para as Indústrias Criativas da RAEM e presidente honorário da Associação de Engenharia e Construção de Macau. O IIM recorda que, como artista plástico, protagonizou mais de duas dezenas de exposições individuais e participou em mais de cinquenta colectivas em várias partes do mundo. Nesse aspecto, impossível não mencionar que foi o artista escolhido para representar Macau na 55.ª Exposição Internacional de Arte de Veneza, em 2013. Victor Hugo dos Santos Marreiros é considerado um dos melhores designers de Macau, tendo-se notabilizado no ramo do design gráfico e como artista, com trabalhos de elevado mérito, muitos dos quais reflectindo a identidade cultural de Macau, que contribuiu para valorizar enormemente, descreve o IIM. Foi director artístico do Instituto Cultural, bem como da Revista de Cultura do mesmo organismo e da TDM – Teledifusão de Macau, além de fundador do Círculo dos Amigos da Cultura, da MARR Design e da Victor Hugo Design e membro da Associação de Design de Macau. Participou em exposições e eventos culturais realizados em vários países.