Caso Sulu Sou | Presidência do hemiciclo segue opinião de Vong Hin Fai e liberta os documentos

Após 12 dias, e numa altura em que já é conhecida a decisão do pedido de suspensão de eficácia no caso de Sulu Sou, José Pereira Coutinho teve acesso à defesa apresentada pela Assembleia Legislativa. O deputado admite estar confuso sobre quem manda no hemiciclo

[dropcap]C[/dropcap]onhecida a decisão dos tribunais sobre o pedido de suspensão de eficácia de Sulu Sou, a presidência da Assembleia Legislativa entregou os documentos sobre o processo a José Pereira Coutinho. Numa decisão assinada pelo vice-presidente, Chui Sai Cheong, em nome de Ho Iat Seng, a presidência da AL seguiu a opinião de Vong Hin Fai, que tinha defendido que os deputados só deveriam ter acesso aos documentos após os casos estarem decididos.

“Enviam-se os documentos requeridos por V.ª Ex.ª, solicitando-se a atenção para o facto de os mesmos serem relativos a processo judiciais pendentes em Tribunal, sendo, por isso, adequado oque os mesmos sejam mantidos sobre reserva”, pode ler-se no documento assinado por Chui Sai Cheong, em nome de Ho Iat Seng.

José Pereira Coutinho estava desde 17 de Janeiro à espera do documentos, não tendo obtido qualquer resposta anteriormente da parte de Ho Iat Seng. Por essa razão, o deputado já tinha ameaçado recorrer aos tribunais. Ontem, mostrou-se desagradado pelo facto da resposta não ter sido assinada pelo próprio presidente da Assembleia Legislativa.

“Dirigi uma carta ao presidente do AL. Mas depois venho a saber através dos jornais que a resposta foi dada por outro colega [Vong Hin Fai], que não tem legitimidade. Devia ser o presidente [a responder], não sei quem manda e não manda na Assembleia Legislativa”, afirmou José Pereira Coutinho, ontem, em declarações ao HM.

Por outro lado, o legislador apoiado pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) considerou que Ho Iat Seng já tem a cabeça na corrida ao lugar de Chefe de Executivo.

“Isto [carta assinada por Chui Sai Cheong, significa que politicamente o presidente da Assembleia Legislativa não se quer envolver em trapalhadas, que podem afectar a eventual candidatura ao lugar do Chefe do Executivo”, considerou.

Oportunidade de redenção

José Pereira Coutinho considerou ainda que era importante que a resposta da AL ao recurso, que defende que os direitos de Sulu Sou não foram respeitados no processo de suspensão, fosse distribuída atempadamente. Por outro lado, criticou o facto do representante da AL ter sido escolhido através de ajuste directo, em vez de concurso público.

“Vamos esperar pelo recurso. Espero que os deputados sejam informados atempadamente da forma como se responde ao TSI. Devia ter sido feita a defesa por concurso público e não ajuste directo, a um escritório que foi no passado conotado com o Dr. Vong Hin Fai”, atirou José Pereira Coutinho.

A defesa da AL está a cargo de Lei Wun Kong, advogado do escritório Rato, Ling Lei & Cortés. Entre 1997 e 2015, Vong fez parte do escritório em causa, antes de sair para se lançar o seu próprio escritório.

2 Fev 2018

Caso Sulu Sou | Tribunal recusa providência cautelar do deputado

Os juízes José Cândido de Pinto, Tong Hio Fong e Lai Kin Hong rejeitaram providência cautelar interposta por Sulu Sou. Fundamentos ainda não conhecidos, mas defesa do deputado vai ponderar recurso

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância decidiu a favor da Assembleia Legislativa no processo em que a defesa de Sulu Sou pedia a interrupção da suspensão do mandato. A decisão foi anunciada ontem, no portal dos tribunais da RAEM, mas os fundamentos ainda não são conhecidos.

Em declarações ao HM, Sulu Sou apontou “não ter sentimentos” em relação à decisão do TSI e diz que uma decisão sobre um eventual recurso para o Tribunal de Última Instância só será ser tomada, após analisados os fundamentos. Só hoje, os advogados do deputado e da AL deverão ter acesso ao acórdão assinado por José Cândido de Pinto, Tong Hio Fong e Lai Kin Hong.

“Não tenho sentimentos em relação a esta decisão. O meu advogado ainda não recebeu os documentos, por isso não sabemos os detalhes. Até essa altura não podemos fazer um comentário a esta situação”, começou por dizer Sulu Sou.

“Mas devemos respeitar a independência dos tribunais. Ele não aceitaram o nosso pedido de suspensão, que é diferente do recurso. É uma decisão e temos de respeitá-la, mas claro que vamos analisar os fundamentos”, acrescentou.

Nesta altura, o deputado tem dois cenários em cima da mesa: recorre e arrisca atrasar ainda mais o processo judicial que decorre no Tribunal Judicial de Base, em que é acusado de um crime de desobediência qualificada, ou aceita a decisão, fazendo com que este processo chegue ao fim.

Em relação a esta escolha, Sulu Sou sublinhou que é muito importante que o processo criminal arranque rapidamente, para que possa voltar ao seu lugar na AL, mas que considera ser igualmente fundamental que os tribunais analisem bem toda a questão, para que não haja dúvidas semelhantes no futuro.

“Ainda não podemos dizer se vamos recorrer. Por um lado compreendemos que é muito importante que o processo judicial fique resolvido depressa, por outro lado, queremos que os tribunais esclareçam bem todas as questões ligadas a este assunto”, frisou.

O prazo para o deputado recorrer para o Tribunal de Última Instância são 10 dias a contar do prazo de notificação, que deverá ter como limite dia 15 deste mês.

Advogados sem comentários

Ontem, tanto Jorge Menezes, advogado de Sulu Sou, como Lei Wun Kong, advogado que representa a AL, ainda não tinham sido notificados pelos tribunais. Por essa razão não quiseram comentar a decisão.

“Sabemos da decisão através do portal dos tribunais mas ainda não fui notificado oficialmente, por isso não quero fazer qualquer comentário. Sei que a Assembleia Legislativa foi absolvida no pedido de suspensão de eficácia”, disse Lei Wun Kong, advogado que representa a AL, em declarações, ao HM.

A mesma postura foi adoptada por Jorge Menezes, defensor do deputado, que não quis prestar comentários face à decisão, sem ter tido acesso à mesma, o que só deve acontecer durante o dia de hoje.

Segundo uma fonte conhecedora do Direito local, que preferiu não ser identificada, a decisão do TSI poderá ter tido na origem duas hipóteses: ou os juízes decidiram não julgar a questão, por considerarem ser um acto político, ou simplesmente consideraram que os argumentos apresentados por Sulu Sou não são suficientes para darem-lhe razão.

Esta decisão não afecta o outro processo em que o TSI está a analisar se os direitos de Sulu Sou foram respeitados durante procedimentos que resultaram na suspensão do legislador, para que pudesse ser julgado no Tribunal Judicial de Base. Só depois dos casos do TSI chegarem ao fim é que o TJB vai decidir se Sulu Sou é culpado da prática do crime de desobediência qualificada, devido à manifestação contra a doação de 100 milhões de renminbi por parte da Fundação Macau à Universidade de Jinan.

2 Fev 2018

Caso Sulu Sou | Imagem de Ho Iat Seng entre as “vítimas” da suspensão do deputado

Visto como um moderado e equilibrado, o segundo mandato do actual presidente da Assembleia Legislativa está longe de ser imaculado, muito por causa da forma como não tem conseguido gerir o processo de suspensão de Sulu Sou

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o longo do primeiro mandato como presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng conseguiu construir uma imagem de credibilidade, equilíbrio e construtor de consensos, dentro dos limites da lei. Contudo, entre os danos colaterais do caso Sulu Sou está a imagem pública do líder do hemiciclo. É esta opinião das pessoas ouvidas, ontem, pelo HM.

Neste processo, o mais recente episódio, ou seja facto do presidente ignorar os pedidos do deputado José Pereira Coutinho, que pretende ter acesso às respostas enviadas pela AL ao Tribunal de Segunda Instância, é visto apenas como mais um erro, entre vários.

“A imagem que eu tinha é que ele tinha uma postura normal, de um presidente da AL. Mas este caso do Sulu Sou fez estalar a porcelana. A imagem de um presidente independente, que compreende o sistema e a separação de poderes, estalou completamente”, confessou Jorge Morbey, historiador, ao HM.

Para o também escritor, a entrada de polícias à paisana na AL é algo incompreensível, num sistema em que existe uma separação de poderes. “A actuação de polícias à paisana na AL é uma lacuna grave no conhecimento de como funciona a independência no sistema, da separação de poderes entre o poder legislativo, executivo e judicial. É uma forte falta de conhecimento de como as instituições funcionam num regime em que os poderes não se imiscuem uns nos outros”, apontou.

Suspensão foi erro original

Miguel de Senna Fernandes, antigo ex-deputado, manifestou-se surpreendido como a actuação do presidente ao longo da mais recente legislatura, que começou em Outubro. Para o advogado, a explicação para o desempenho de Ho Iat Seng está no facto de ter complicado um processo simples, ao não ter tentado impedir a suspensão de Sulu Sou.

“Ho Iat Seng foi sempre visto como um equilibrado, um homem de consensos, com quem se podia conversar, independentemente das cores políticas. Mas este ano as coisa não lhe correram bem”, começou por dizer, ao HM.

“No caso Sulu Sou, em concreto, acho que não se saiu bem. Sou da opinião que o deputado não deveria ter sido suspenso. Foi uma oportunidade de ouro perdida para que a AL se demarcasse e que fizesse valer o primado da separação de poderes”, considerou Miguel de Senna Fernandes.

O advogado admitiu também acreditar que os antecessores de Ho Iat Seng, Susana Chou e Lau Cheok Va, teriam lidado de outra forma com o processo. “Foi uma pena que o Ho Iat Seng não se fizesse valer a sua autoridade moral e do prestígio. Estou convencido que os anteriores presidentes teriam tratado a situação de outra maneira”, apontou.

Situação “desprestigiante”

Sobre os polícias à paisana a gravarem as declarações de Sulu Sou aos jornalistas, Miguel de Senna Fernandes fala de um episódio “desprestigiante”.

“Foi uma estupidez. Foi um caso que o deixou praticamente descalço e foi desprestigiante. Podem dizer o que disserem, a AL não terá nenhuma saída airosa depois de ter suspendido o deputado. Era um caso simples e a suspensão veio despoletar e dar uma visibilidade que o próprio deputado, com todo o respeito que tenho pelo Sulu Sou, não justificava”, sublinhou.

“Ho Iat Seng estava a fazer um mandato muito bom, de consensos, mas com este caso vai sair manchado disto”, acrescentou.

Por sua vez, Jorge Fão, sindicalista e ex-deputado, admite que possa ter cometido erros Ho Iat Seng, mas recusa ver uma má-intenção na actuação. Contudo, não espera boas consequências deste desempenho. “Por toda esta trapalhada, não seria de admirar que a imagem ficasse um bocado desgastada. Mas Ho Iat Seng é uma pessoa equilibrada. As situações novas [como a entrada de polícias na AL] podem ter feito com que tenha ficado um bocado atrapalhado, mas não estou a ver que por causa desta acção ou situação que tenha criado embaraço”, defendeu.

“Talvez haja um desgaste da sua imagem, como os outros deputados também tiveram. Mas não implica que haja uma consequência que o possa prejudicar. Não é uma coisa assim tão grave”, frisou.

Corrida a Chefe do Executivo

As pessoas ouvidas pelo HM recusaram a hipótese de que o desempenho do presidente da AL se tivesse ficado a dever à saída do hemiciclo de deputados experientes como Leonel Alves ou Cheang Chi Keong. Também o facto de Ho Iat Seng ser um potencial candidato à posição de Chefe do Executivo não é encarado como explicação ou condicionamento.

“Julgo que a actuação não está relacionada com uma eventual candidatura porque é capaz de ser prematuro. Até porque isto também não é decidido a este nível”, opinou Jorge Morbey. “Se estivéssemos a caminhar realmente para um segundo sistema forte, ele ficava com condições reduzidas para se candidatar. Mas se a marcha dos acontecimentos se está a afunilar para nos aproximarmos mais do primeiro sistema, então assumo que ele tem condições para ser Chefe do Executivo de um primeiro sistema”, considerou.

Já Jorge Fão diz que a candidatura à posição do Chefe do Executivo não é um cenário muito credível: “Se ele fosse candidato acho que teria saído da AL. Caso contrário vai deixar a casa desfalcada e vai gerar novas eleições. Apesar dele ter as suas qualidades”, justificou.

O mandato do actual Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, termina em 2019, altura em que o se sucessor terá de ser escolhido. Ho Iat Seng tem negado a vontade de assumir o cargo publicamente, mas é apontado nos bastidores como um possível candidato.

Coutinho acusa Ho Iat Seng de ter sido desautorizado

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho considerou, ontem, que o deputado Vong Hin Fai desautorizou Ho Iat Seng, quando defendeu que os documentos enviados pela AL ao Tribunal de Segunda Instância, em resposta aos processos interpostos por Sulu Sou, só deve ser distribuída pelos membros da AL após o caso ser julgado.

“Temos um presidente desautorizado por um deputado, o que acontece por mais do que uma vez. Trata-se de um presidente que, por um lado, é autoritário e que, por outro, não tem autoridade”, disse Pereira Coutinho, em declarações ao HM.

Ficheiros secretos geram críticas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s pessoas ouvidas pelo HM consideram que José Pereira Coutinho tem razão quando exige aceder à resposta da AL enviada aos tribunais, no âmbito dos processos despoletados por Sulu Sou. “Tem total razão para pedir os documentos. O argumento do momento da entrega é o maior disparate e aberração. O Ho Iat Seng quando fala está a representar os deputados. A partir do momento em que a resposta é formalizada, os deputados já têm direito ao acesso ao teor dos documentos”, apontou Miguel de Senna Fernandes. “Se a resposta é em nome da AL, significa que é uma resposta em nome de todos os deputados. Portanto não faz sentido que essa resposta lhes seja ocultada, aguardando melhor oportunidade”, justificou Jorge Morbey.

Sulu Sou: Ho Iat Seng errou por falta de experiência

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Sulu Sou afirmou ao HM acreditar que os erros processuais cometidos durante o processo da sua suspensão e em que Ho Iat Seng teve um papel de destaque, se ficaram a dever à existência de uma situação nova. “Apesar dele ter uma experiência política muito grande na AL, foi a primeira vez que houve uma situação destas, pelo menos desde 1999. Compreendo que tenha cometido erros processuais, porque não tinha experiência”, disse Sulu Sou. “Em relação ao meu processo e ao papel do Sr. Ho tenho o sentimento que ele foi pressionado por outras autoridades. É apenas um sentimento. Ele é muito experiente mas acho que houve erros”, frisou. Sobre a interacção entre os dois, à porta fechada e fora das câmaras, que apenas aconteceu por duas vezes no âmbito do processo da suspensão, Sulu Sou considerou Ho Iat Seng uma pessoa “honesta”, mas que quando fala em público está “condicionado” pelos interesse que representa.

1 Fev 2018

Incêndio nos Ocean Gardens | Marido de Sónia Chan nega fuga às responsabilidades

Tam Peng Tong revelou, em entrevista ao HM, que só ficou a saber da situação de necessidade do casal português através dos jornais. Para o chefe do Gabinete do Procurador, o computador de grandes dimensões da marca Apple na casa queimada e o facto da filha do casal português estudar em Inglaterra indiciavam outra situação. Com base no relatório dos bombeiros, recusa a responsabilidade pelo incêndio, admite simpatia pela situação do casal e equaciona ajudá-los

A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e o chefe do Gabinete do Procurador da RAEM, Tam Peng Tong, são os proprietários da casa arrendada por um casal de portugueses que ardeu no dia 10 de Janeiro.

Em entrevista ao HM, Tam Peng Tong revelou que desconhecia as dificuldades atravessadas pelo casal até ao caso ter saído nos jornais, afirma que se encontrou com o casal português na manhã do incêndio e pondera apoiar a família Pereira, apesar de sublinhar que relatório do Corpo dos Bombeiros e a análise de um perito contratado pela empresa responsável pela gestão do condomínio terem concluído que o incêndio teve origem no sobreaquecimento de um router para a internet.

“Não se deu o caso do locador ter ignorado ou omitido incêndio e a sua responsabilidade”. Foi desta forma que Tam Peng Tong começou a entrevista, em que abordou o caso, com o HM.

“Eu não conhecia bem a situação financeira dos locatários. Depois do incêndio fui à casa [ardida] e verifiquei que existia um computador da marca Apple com um ecrã muito grande. Também a filha dos locatários está a estudar em Inglaterra. Por isso, não posso dizer que conhecesse muito bem a situação financeira dos locatários”, esclareceu em relação à campanha de donativos. Questionado sobre se tinha encontrado com casal português nessa altura, Tam afirmou que “sim”.

Segundo as palavras do marido de Sónia Chan, o conhecimento para a situação de Helena e Luís Pereira só foi obtido através dos jornais, na segunda-feira. Foi também nesse dia que o proprietário da fracção recebeu uma carta do casal para entrarem em contacto directo, a que acedeu.

“Só ontem [segunda-feira] é que recebi a carta dos locatários. Também foi ontem [segunda-feira] que vi as notícias [nos jornais] e fiquei estupefacto porque eu não percebo como é que o caso se desenvolveu desta maneira”, explicou.

Tam negou que alguma vez tivesse tentado evitar as suas responsabilidades como proprietário. Ontem, inclusive, deslocou-se com o casal português ao Corpo de Bombeiros para que as causas do incêndio fossem analisada novamente.

Bombeiros negam versão da tomada

No final, os bombeiros voltaram a afirmar que as conclusões apontam para o router, situado num armário junto à televisão, e não para uma das tomadas da casa, como Helena Pereira defendeu, em declarações à imprensa. Ainda no encontro de ontem, segundo o senhorio, o casal Pereira colocou a hipótese do incêndio ter começado numa das entradas para o sinal da antena da televisão, junto à tomada, onde estava situado um ar-condicionado. Porém, a conclusão dos bombeiros iliba o proprietário de responsabilidade sobre o incêndio.

“Não faço ideia porque é que os arrendatários disseram que o locador omitiu a sua responsabilidade e não interveio neste caso”, declarou. “Nós temos simpatia com as necessidades dos locatários. Caso seja necessário podemos prestar o nosso apoio. Mas é de salientar que este [apoio financeiro ao casal] não é uma responsabilidade [como senhorios] nem qualquer tipo de indemnização”, frisou.

A versão dos bombeiros contada por Tam, bate certo com a versão oficial que tinha sido avançada, ao HM, por um porta-voz da corporação, no domingo à noite.

Tam pagou as primeiras reparações

Além do relatório dos bombeiros, Tam Peng Tong disse, ao HM, que a empresa responsável pelo condomínio também contratou um engenheiro para fazer uma perícia sobre a causa do incêndio. “Foi contratado um engenheiro pela companhia de gestão daquele edifício para examinar a segurança dos circuitos de toda a casa. Os circuitos daquela casa estão seguros e funcionam bem, não há avarias”, afirmou.

“O engenheiro disse que a ficha da tomada não está completamente queimada. Depois de ter isolado aquela tomada, todas as outras tomadas funcionaram bem. A tomada não foi a causa, mas por causa do incêndio também ficou queimada”, frisou.

Apesar de ter sido acusado de não ter prestado apoio ao casal, o marido de Sónia Chan defende-se e esclarece que enviou pessoas ao local para garantir a segurança, após o incêndio.

“Para garantir a segurança das pessoas enviei um engenheiro e outros trabalhadores para removerem o ar-condicionado que se situava em cima do lugar onde ocorreu o incêndio. Fui eu que paguei as despesas de um engenheiro para fazer a inspecção e também do isolamento da tomada, mais as despesas da remoção do ar-condicionado”, contrapôs.

Tam Peng Tong mostrou-se disponível para clarificar a situação ao HM, depois de ter sido contactado por este jornal, ontem, às 15h00. No entanto, no domingo à noite, a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, tinha recusado comentar o assunto, quando foi contactada pelo HM através do seu gabinete: “são questões de foro privado”, foi a justificação avançada por um assessor.

O HM entrou em contacto com Helena Pereira para obter um contraditório às declarações de Tam Peng Tong, por volta das 19h50, mas a inquilina recusou fazer qualquer comentário nem quis esclarecer as versões contraditórias.

Posse da casa remonta a 2016

Segundo o registo predial a que o HM teve acesso, o apartamento no edifício Cattleya está na posse de Tam Peng Tong e Sónia Chan desde Outubro de 2016. Na altura em que foi comprada a casa, o casal português já viva na mesma, através de um contrato de arrendamento, que continuou em vigor, apesar da troca de proprietários.

Ao HM, Tam Peng Tong garantiu que todas as formalidades face ao contrato foram respeitas e que o mesmo foi registado junto dos Serviços de Finanças. O chefe do Gabinete do Procurador informou ainda que à excepção do ar-condicionado, a casa foi arrendada sem mais nenhum equipamento eléctrico.


Origem do fogo em tomada não implica responsabilidade do senhorio

Mesmo que, como defende o casal Pereira, a origem do incêndio estivesse na tomada eléctrica, não seria garantido que Sónia Chan e o marido tinham de accionar o seguro e assumir a responsabilidade pelos danos do incêndio.

Segundo uma fonte conhecedora do Direito local, que preferiu permanecer anónima, para haver culpado é preciso provar que “a instalação era deficiente”. Por outro lado, se a tomada era deficiente e o inquilino nada disse atempadamente torna-se “mais difícil perceber de quem é a responsabilidade pela situação e quem deverá suportar os prejuízos”.

A mesma fonte deixa um aviso às pessoas que arrendam casas “O inquilino deve fazer um uso prudente do locado, daquilo que lhe é confiado. Uma coisa é o desgaste normal decorrente do uso, de uma utilização prudente e razoável, outra são os danos resultantes da incúria, do desleixo, da falta de limpeza/manutenção do esquentador, das ligações do gás, do exaustor (susceptível de provocar incêndios) ou da falta de cuidado daquilo que foi confiado pelo senhorio ao inquilino”, sublinhou. “Se houver problemas no locado, o inquilino tem obrigação de comunicá-los para que se sobrevier um problema o senhorio tenha sido avisado e seja chamado a assumir as suas responsabilidades”, recordou.

Casa de Portugal não verificou contas do casal

Até ao fim-de-semana a campanha de recolha de fundos para o casal Pereira organizada pela Casa de Portugal amealhou cerca de 50 mil patacas. A informação foi avançada, ontem, por Amélia António, presidente da instituição, ao HM. A advogada confirmou ainda que a campanha foi iniciada sem ter havido uma análise às contas de Luís e Helena Pereira, apesar de viverem há cerca de 25 anos em Macau, a mulher do casal ser funcionária no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, e, segundo Tam Peng Tong, a filha estudar no exterior.

“Foram pessoas próximas deles que nos contactaram a relatar que a situação do casal era bastante complicada. Quando falei com eles, confirmaram que economicamente não tinham margem para esta situação”, afirmou a presidente da Casa de Portugal. “Alguma vez íamos fazer uma investigação às pessoas? Há provas do incêndio, estão em casa dos amigos porque não têm outro sítio enquanto esperam que as coisas se resolva”, justificou.

Amélia António admitiu também que estava ciente que a secretária para a Administração e Justiça era uma das proprietárias da casa, mas defendeu a decisão de não se revelar a identidade: “Não quisemos fazer uma guerra política”, justificou.

31 Jan 2018

Futebol | Consulado apresentou equipa com 22 atletas mas a porta está aberta para reforços

A formação do Consulado de Portugal fez ontem a apresentação para este ano. O embaixador e capitão Vítor Sereno garante que mesmo que tenha de sair a meio da temporada, que as bases para terminar a época estão estabelecidas

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Consulado de Portugal em Macau e Hong Kong apresentou ontem a formação com que vai atacar a nova temporada do futebol de Macau. Neste momento, o plantel ainda está em aberto, mas conta com 22 atletas, 19 portugueses e 3 brasileiros.

Entre as principais novidades em termos do plantel, destacam-se as saídas de Alex Irimbeira, atacante que foi um dos atletas mais influentes na temporada passada, e do guarda-redes Juninho, que se mudou para o Ching Fung, da primeira divisão. Por outro lado, regressa para orientar a equipa José Rocha Diniz. O treinador veterano regressa a um lugar que já tinha ocupado em 2016, na época em que o Consulado subiu da 3.ª para a 2.ª Divisão, em que se encontra actualmente.

A apresentação foi feita pelo próprio embaixador e capitão de equipa, Vítor Sereno, que garantiu que mesmo que ele abandone Macau a meio da época, que estão reunidas as condições para que a equipa técnica e os atletas terminem a temporada.

“Este projecto está assegurado até ao final da época, não fazia sentido se não fosse assim. Mesmo sem mim, tenho 23 fervorosos irmãos que vão dar tudo para defender estas cores”, disse Vítor Sereno, embaixador, quando confrontado com a questão.

Vítor Sereno deixou ainda elogios a todos os que constituem o plantel esta temporada, e sublinhou o fair-play da equipa. “Aos nossos colegas desta família desportiva, um grupo coeso, uma família unida constituída por 19 portugueses e 3 brasileiros. Têm um espírito competitivo e um fair play é inigualável”, frisou.

Vítor Sereno fez igualmente questão de apontar os méritos deste projecto, que diz contar com a autorização e apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e mostrou-se orgulhoso dos convites recebidos pela equipa para disputar competições em outras jurisdições.

“Os convites das autoridades de Hengqin, Cantão, Hainan, Filipinas, Camboja, entre outras, mostram a dimensão que este projecto diplomático alcançou”, disse.

A equipa volta a contar com os patrocinadores do ano passado, nomeadamente a SuperBock, EDP e CESL Asia.

Fazer o melhor

Por sua vez, o treinador José Rocha Diniz recusou estabelecer qualquer objectivo para a época, justificando esta posição com o facto do futebol ser “imprevisível”. No entanto, garantiu que nem a pinhões gosta de perder.

Ao mesmo tempo, aproveitou a conferência de imprensa para deixar explicar a razão de ter aceitado o convite e deixou um primeiro aviso aos atletas: “Não se pode dizer que não a uma pessoa que tem dado tanto à comunidade portuguesa. Isto é também um alerta para os jogadores. Não se pode dizer que não a este homem [Vítor Sereno]”, disse.

O novo treinador do Consulado elogiou também a qualidade dos atletas: “Esta equipa ainda está em aberto, mas tem jogadores com muito talento. Resta saber se eu, como treinador, vou conseguir tirar de cada um o talento que eles têm. Há jogadores muito interessantes”, apontou.

José Rocha Diniz afirmou também que apesar das diferenças de idades todos os atletas começam do mesmo ponto de partida, e que para ele “são todos iguais”.

Ainda não há data prevista para o arranque da 2.ª Divisão, mas deverá acontecer depois do Ano Novo Chinês.

30 Jan 2018

IC | Cecília Tse pede demissão. Alexis Tam sugere nome de Mok Ian Ian para a presidência

Foi nomeada, esteve de baixa médica e acabou por abandonar mesmo o cargo. O Instituto Cultural volta a ficar sem presidente depois de Cecília Tse ter pedido a sua demissão ao secretário Alexis Tam por motivos de doença. Mok Ian Ian foi o nome sugerido ao Chefe do Executivo

 

[dropcap style≠‘circle’]É[/dropcap] mais uma reviravolta na presidência do Instituto Cultural (IC). Cecília Tse foi nomeada pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, para assumir a liderança do IC depois da saída de Leung Hio Ming. Contudo, Cecília Tse pouco tempo ficou no cargo: semanas depois de tomar posse meteu baixa médica, tendo apresentado ontem a sua demissão por motivos de doença.

O HM não conseguiu confirmar de que patologia sofre Cecília Tse, mas sabe que a ex-presidente do IC vai fazer os tratamentos médicos em Hong Kong. Horas depois do anúncio da sua saída, foi emitido um comunicado onde o secretário disse aceitar a demissão e esperar “rápidas melhoras” de Cecília Tse.

No mesmo comunicado foi também adiantado que Alexis Tam sugeriu a Chui Sai On, Chefe do Executivo, o nome de Mok Ian Ian para ser a nova presidente do IC.

Licenciada em jornalismo internacional pela Universidade de Jinan, Mok Ian Ian é mestre e doutorada em ciência do teatro chinês pela Universidade de Nanjing. Tendo começado por trabalhar no Gabinete de Comunicação Social (GCS) em 1994, Mok Ian Ian acabaria por ser transferida para o IC em 2000. Desde de Abril do ano passado que vinha exercendo funções de técnica especialista no GCS.

“O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura considera que Mok Ian Ian possui a competência profissional e as aptidões necessárias para assumir o cargo de presidente do IC devido à sua experiência na Administração Pública e conhecimento sobre o desenvolvimento artístico e cultural local”, revela o mesmo comunicado.

 

Gestão acima de tudo

Confrontado com a notícia, o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro mostrou-se surpreendido com a demissão de Cecília Tse, pois, na sua opinião, a sua nomeação “tinha sido uma boa escolha” por parte do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

O arquitecto espera que a pessoa que venha a suceder a Cecília Tse tenha, sobretudo, boas capacidades de gestão. “Para já não estou a ver uma alternativa, pelo menos dentro do IC. Mas nos recursos humanos do Governo haverá certamente pessoas para essa posição”, adiantou ao HM. Francisco Vizeu Pinheiro não quis comentar a possível nomeação de Mok Ian Ian por não conhecer o seu trabalho.

“É uma posição de gestão do que ser especialista na matéria. O IC precisa não tanto de um especialista em cultura mas de alguém que ponha alguma ordem no sistema de gestão do pessoal e nas suas funções, pelo menos por algum tempo.”

Francisco Vizeu Pinheiro destaca como necessidades mais prementes a reorganização da estrutura orgânica, “que cresceu muito desde os seus princípios”.

“O IC é muito diferente de outros departamentos do Governo”, referiu Francisco Vizeu Pinheiro, que defende uma aposta na resolução de problemas como a contratação de recursos humanos a tempo parcial, bem como a “falta de arqueólogos e a organização de arquivos e bibliotecas”.

 

Olhar o centro histórico

A arquitecta Maria José de Freitas deposita esperanças na vice-presidência do IC para lidar com o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, actualmente em consulta pública, bem como o processo de classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun.

“Espero que o novo presidente consiga levar a cabo as tarefas que o IC tem em mãos, designadamente as que estão relacionadas com a gestão do centro histórico e a classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun. São tarefas complexas, que têm a ver com toda a história de Macau e do seu património para o futuro. Isso tem bastante relevância e o próximo presidente deve estar habilitado e com os consultores e assessores que lhe permitam tomar a decisão certa, na hora certa”, apontou.

A arquitecta lembra que é importante que “não se demore mais tempo com a conclusão do plano de gestão, porque o centro histórico está classificado desde 2005”. “Tem havido uma grande pressão da UNESCO para que seja entregue o plano de gestão, e esta mudança [saída de Cecília Tse] agora vem introduzir algum atraso [no processo]. Mas também creio que há pessoas dentro do IC que estão capacitadas [para lidar com esse processo]”, rematou.

Quando tomou posse, a 20 de Dezembro do ano passado, Cecília Tse prometeu controlar a contratação externa de pessoas, uma polémica que foi tornada pública depois do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ter lançado um relatório sobre o assunto.

“O IC já tem um número muito grande de trabalhadores em comparação com outros departamento, mais de 800 pessoas, salvo erro. Preciso de algum tempo para fazer um levantamento e saber exactamente o que faz falta e o que não faz”, revelou Cecília Tse na cerimónia de tomada de posse. Resta ver o que fará o novo nome apontado por Alexis Tam.

30 Jan 2018

Angela Leong é a deputada com mais património

A mulher de Stanley Ho declarou ser proprietária em nome individual de 11 prédios com fins comerciais, 100 casas ou apartamentos, 71 estacionamentos e 56 escritórios. Vong Hin Fai também é um dos principais proprietários, com 16 casas, 28 estacionamentos, 19 lojas e um escritório.

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]ngela Leong é a deputada que detém mais património a nível do imobiliário, de acordo com as 33 declarações de rendimentos apresentadas pelos deputados. A quarta mulher de Stanley Ho é proprietária de nada menos do que 11 prédios, com fins comerciais, 100 casas ou apartamentos, 71 estacionamentos e 56 escritórios, 26 lojas, sete lotes de terrenos, três fracções industriais e um campo de golfe.

A directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau não revelou onde estão localizados os imóveis em causa, mas a acreditar no seu historial de investimento, pelo menos no território, em Hong Kong e no Interior da China, parte dos bem devem estar situados.

Angela Leong herda do título de Chan Meng Kam, que deixou a AL para se dedicar a tempo inteiro aos negócios do jogo, área onde tem estado a expandir o número de casinos que controla. Em 2013, Chan Meng Kam declarava ser proprietário de 239 lojas, 53 casos, 28 escritórios e 87 lugares de estacionamento.

Face a 2013, altura em que tinha preenchido a última declaração de rendimentos para a AL, o património da deputada aumentou consideravelmente. Nesse ano, a mulher do magnata Stanley Ho possuía um prédio, 38 fracções habitacionais, 11 estacionamentos e duas lojas.

No cômputo geral os membros da Assembleia Legislativa, juntos, são proprietários de 12 prédios, 220 casas ou apartamentos, 156 estacionamentos, 77 lojas e 65 escritórios. Apenas Au Kam Sam, Ella Lei, Sulu Sou e Lei Chan U declaram não ser proprietários de qualquer imóvel.

 

O prédio de Vitor Cheung

No que diz respeito ao controlo de edifícios inteiros, atrás de Angela Leong surge Vitor Cheung Lup Kwan, que declarou ser proprietário de um prédio. Mais nenhum deputado admitiu ter em ser detentor de um edifícios em nome individual. No prédio em causa o membro da Assembleia Legislativa de 79 anos tem 41 escritórios e uma loja. Além disso declarou possuir 7 casas ou apartamentos, 3 armazéns, 2 lojas e 1 estacionamento.

No que diz respeito à habitação, logo atrás de Angela Leong, surge o deputado Vong Hin Fai, que esteve em destaque nas últimas semanas devido à polémica proposta de resolução, vista como muitos como um ataque à separação de poderes.

O especialista em Direito declara ser o detentor de 16 casas, entre residências próprias e casas para investimento. Vong tem 12 residências em Macau, 3 no Interior da China e ainda 1 em Hong Kong.

Ainda ao nível da habitação, no terceiro lugar surge o representante do clã Ma, Ma Chi Seng, que está na Assembleia Legislativa devido à nomeação do Chefe do Executivo, Chui Sai On. Apesar de ainda não ter 40 anos de idade, Ma Chi Seng é proprietário de 13 casas e apartamentos em Macau.

Segundo as declarações de rendimentos, o único outro deputado com uma dezes de habitações em seu nome é o empresário Chan Chak Mo, um dos membros mais veteranos da Assembleia Legislativa. O deputado, que foi uma das vozes que mais se opuseram ao limite do aumento das rendas, declarou ser proprietário de uma casa em Macau, outra em Hong Kong e ainda de 8 casas do outro lado da fronteira, em Zhuhai.

 

Vong Hin Fai em destaque

Quando se analisam os números declarados pelos deputados, Vong Hin Fai consta sempre entre os principais proprietários. Além das 16 casas, o advogado é igualmente proprietário de 28 lugares de estacionamento. À excepção de Angela Leong, este é o número mais elevado. Em terceiro lugar surge o número dois de Mak Soi Kun, Zheng Anting. Também na lista dos deputados com um dezena de parques de estacionamento surge Ma Chi Seng, precisamente com 10 parques, em Macau.

Quando se olha para os proprietários das lojas, o cenário não é muito diferente dos cenários anteriores, com Leong em primeiro lugar com 26 lojas. Depois, Vong Hin Fai surge em destaque como o segundo maior detentor de lojas. O advogado tem 19 lojas e é seguido pelo empresário e sucessor de Chan Meng Kam, Si Ka Lon, que tem 11 lojas. Finalmente no topo do quatro maiores proprietários surge outro deputado eleito pela via directa, Zheng Anting, com 10 unidades.

 

 

Mito do crescimento económico para os mais novos

Entre o discurso dos deputados da Assembleia Legislativa são constantes os elogios ao crescimento económico da RAEM desde o Retorno à Pátria. No entanto, um olhar mais atento aos bens declarados pelos deputados com menos de 40 anos mostra que as gerações mais novas estão a ficar de fora do crescimento. A excepção é mesmo Ma Chi Seng, membro da família Ma, que completa 40 anos ao longo de 2018.

Foto D.R.

Na corrente legislatura os deputados que ainda têm menos de 40 anos são: Ella Lei, Wong Kit Cheng, ambas com 36 anos, Song Pek Kei, com 32 anos, e Sulu Sou, com 26.

Em relação a Ella Lei, ligada a Federação das Associações dos Operários de Macau, a deputado declarou não ser proprietária de qualquer imóvel. O mesmo aconteceu com o deputado Sulu Sou, que se encontra suspendo dos trabalhos.

Por sua vez, Song Pek Kei é a deputada jovem que se encontra em melhor posição a nível das declarações de rendimentos. A legisladora da lista do empresário Chan Meng Kam tem nos bens declarados uma casa. Já Wong Kit Cheng, da Associação Geral das Mulheres também tem uma casa, mas é detida a meias com o marido.

Quanto à excepção, Ma Chi Seng é proprietário de 13 casas e 10 estacionamentos no território.

 

 

Clã Chui declara 11 casas

No total, os membros da família Chui presentes na Assembleia Legislativa apenas declararam ter em seu nome, ao nível do imobiliário, 11 casas, cinco escritórios e quatro estacionamentos. Chui Sai Cheong, irmão do Chefe do Executivo, é o que apresenta um património maior com oito casas, cinco escritórios e quatro estacionamentos. Por sua vez, José Chui Sai Peng escreveu que só tem em seu nome três casas.

Nas declarações apenas consta o património que é directamente detido pelos deputados. Ou seja, se o deputado tiver uma empresa que é detentora de 20 imóveis, esses não têm de ser declarados. O deputado apenas precisa de identificar as empresas que controla, o montante do capital social e a participação nas mesmas.

No que diz respeito a Chui Sai Cheong, o deputado é proprietário de participações em 18 empresas, que segundo o capital social declarado, podem ser avaliadas em 2,4 milhões de patacas.

Por sua vez, o deputado Chui Sai Peng, declarou ter participações em 12 empresas, cujo valor, segundo o capital social, é de 894 mil patacas.

 

30 Jan 2018

Morte de criança levou 4 mil pessoas aos centros de saúde

No dia seguinte à morte de uma criança devido a gripe, 4 mil pessoas apressaram-se a ir aos centros de saúde para serem vacinadas. Das 14 mil doses disponíveis, restam cinco mil. A partir de hoje a vacinação passa a ser feita por marcação

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] morte de uma criança de quatro anos por complicações relacionadas com gripe originou uma corrida aos centros de saúde e, na sexta-feira, cerca de 4.000 pessoas apresentaram-se para levar a vacina. Um número 10 vezes superior ao normal, que levou o Governo a tomar medidas e a tornar as consultas para vacinação por marcação.

A nova situação foi apresentada ontem, durante uma conferência de imprensa no Centro Hospitalar Conde São Januário, que contou com a presença de Lei Chin Ion, director do Serviços de Saúde de Macau.

“No dia 26 de Janeiro [após a morte da criança], 4.000 utentes deslocaram-se aos centros de saúde para levarem a vacinação. Nos dias anteriores, a média diária de utentes era de 400. Houve um aumento de dez vezes no número de utentes por dia, uma situação que coloca em causa o funcionamento dos centros de saúde”, disse Lei Chin Ion.

“Vamos alterar a nossa estratégia e as pessoas vão passar a precisar de fazer marcações prévias para a vacinação. As pessoas com menos de cinco anos vão ter prioridade no acesso às vacinas, assim como as pessoas com doenças crónicas e idosas. Queremos garantir que os grupos de risco têm prioridade”, frisou.

A vacinação é grátis para os residentes de Macau, todos os estudantes no território, assim como para não-residentes que trabalhem em lares de idosos. Os restantes não-residentes têm de pagar entre 50 e 80 patacas pela vacina, mais custos relacionados com a consulta.

Por outro lado, o director dos Serviços de Saúde reconheceu que nos próximos dias, devido à descida das temperaturas, que pode haver um aumento no número de casos de gripe, em queda desde 21 de Janeiro, e apelou à prevenção.

Quanto às doses de vacinas disponíveis, estão agora em stock cerca de 5 mil, quando na quinta-feira havia 14 mil doses disponíveis. No entanto, Lei Chin Ion garante que já estão fechados contratos com os fornecedores e que 40 mil doses vão chegar a Macau nos próximos dias.

 

Novas medidas nas escolas

Também o funcionamento das escolas vai sofrer alterações. O chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde, Lam Chong, explicou que em certas condições em que sejam detectados casos de gripe, as aulas vão ser suspensas.

Nos casos em que se registe morte de um aluno ou uma criança for internada com recurso a ventilação e a taxa de vacinação na turma em causa for inferior a 50 por cento, as aulas são suspensas durante sete dias. O mesmo acontece se nesta situação 30 por cento dos alunos do mesmo ano escolar apresentarem os sintomas de gripe.

Quando houver morte ou internamento em estado crítico de dois alunos até então saudáveis no espaço de 15 dias, também as aulas vão ser suspensas durante sete dias.

Segundo os dados apresentados, 48 por cento dos alunos com menos de 5 anos estão vacinados, número que sobe para 75 por cento nas escolas do ensino primário e que é de 60 por cento no ensino secundário.

 

Recusa de vacinas

Todos os anos, em Macau, são registados entre 10 e 20 casos de pais que recusam ter as crianças vacinadas de acordo com o programa de vacinação gratuito. No entanto, Lei Chin Ion alertou a população para a importância da vacinação e para o facto das pessoas que não estão vacinadas poderem ser impedidas de se inscreverem nas escolas ou serem aceites em certos postos de trabalho.

 

 

Irmã da vítima de 4 anos recuperada

A irmã da vítima de quatro anos que faleceu na quinta-feira devido a complicações relacionadas com gripe está a recuperar e teve, ontem, alta hospitalar. A irmã de dois anos da vítima chegou a apresentar pneumonia, mas a sua condição melhorou, o que fez com que pudesse ser enviada para casa.

 

Alexis Tam visitou Centro de Saúde

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, visitaram ontem de manhã o Centro de Saúde da Areia Preta. Segundo o director dos SSM os utentes da Areia Preta elogiaram a capacidade de resposta do Governo perante a gripe. Por sua vez, Lei Chin Ion, na conferência de imprensa à tarde, admitiu estar na fase final de recuperação de uma gripe e comprometeu-se a ir levar a vacina quando estiver totalmente bom.

29 Jan 2018

Liga de Elite | Chao Pak Kei goleou Hang Sai por 14-0

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]mbalada por Danilo a equipa do C.P.K. está a ter um início de temporada arrasador e à segunda jornada soma duas vitórias e 26 golos marcados. Só o goleador brasileiro já conta com 12 golos na conta pessoal

O Chao Pak Kei está a ter um arranque de campeonato fulgurante e na sexta-feira bateu o recém-promovido Hang Sai por 14-0, no Estádio de Macau. No encontro para a segunda jornada, o ataque Danilo voltou a estar em destaque apontado sete golos, depois de já ter apontado outros cinco, na primeira jornada, diante do Lai Chi.

Apesar do Hang Sai ter entrado na partida com a motivação extra de uma surpreendente vitória na primeira jornada, por 1-0, diante do Monte Carlo, as aspirações de repetirem um resultado que se pudessem considerar positivo terminaram rapidamente.
O primeiro golo surgiu logo aos 4 minutos, num canto, batido por Diego Patriota. Após a marcação da bola parada, o brasileiro conseguiu tirar um segundo cruzamento, após o ressalto, sendo que a bola sofreu dois desvios de atacantes do C.P.K. antes de seguir em direcção à baliza do Hang Sai. Lok Ka On ainda conseguiu defender à primeira, mas Danilo chegou mais rápido do que a defesa contrária ao ressalto e encostou para o 1-0.

Novamente aos 9 minutos chegou outro golo. O lateral Choi Chan In cruzou longo para a área, onde surgiu Ronald Cabrera que desviou para a baliza e fez o 2-0. O C.P.K. contou com a ajuda de Lok Ka On, que saiu fora do tempo e abriu o caminho para o golo.

Antes do intervalo, o C.P.K. ainda marcou mais cinco tentos, desta feita por Danilo, que marcou mais três, aos 11’, 28’ e 33’, e Ho Ka Seng, que bisou com golos aos 38’ e 40’.

Com 7-0, o encontro chegou ao intervalo resolvido, com o segundo tempo a servir para cumprir o calendário. Mesmo assim o C.P.K. não deixou de procurar dilatar a vantagem.

Na segunda parte, os restantes 7 golos foram apontados por Bruno Nogueira, 47’, Diego Patriota, 63’ e 79’ e Adilson, 78’. Danilo também fez o gosto ao pé com nada menos do que três golos, aos 71’, 80’ e 82’.

C.P.K. e águias na frente

Com este resultado, águias e C.P.K. lideram a Liga de Elite com 6 pontos, cada, depois dos encarnados terem ganho ao Lai Chi por 5-0, com cinco golos de Nicholas Torrão.

No terceiro lugar está o Ching Fung que empatou 0-0, no Sábado, no Canídromo, com o Ka I. A equipa de João Rosas soma quatro pontos. Já o Ka I, orientado por Josecler, tem um ponto em duas jornadas, após a derrotas com o Benfica.

No restantes jogos, o Sporting goleou os Serviços de Alfândega por 5-0 e o Monte Carlo bateu a Polícia por 2-1.

Na luta pelos dois lugares de descida estão o Lai Chi e os Serviços de Alfândega, com 0 pontos, cada.

 

29 Jan 2018

Steve Wynn acusado de abusar empregada

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]teve Wynn pagou 7,5 milhões de dólares americanos a uma empregada, depois de ter obrigado a mulher a manter relações sexuais. O magnata nega qualquer abuso e diz que as acusações estão a ser instigadas pela ex-mulher, com quem tem um diferendo jurídico.

O presidente da operadora de jogo Wynn Resorts, Steve Wynn, está no centro do último escândalo de abusos sexuais nos Estados Unidos, após ter pago 7,5 milhões de dólares norte-americanos a uma funcionária, por tê-la obrigado a ter relações sexuais. Segundo o Wall Street Journal, que noticiou o caso, o magnata terá obrigado várias massagistas a actos sexuais, em alguns casos a troco de gorjetas de 1000 dólares.

Apesar do desmentido de Steve Wynn e das acusações de que as informações foram colocadas a circular pela ex-mulher Elaine Wynn, com quem tem um diferendo nos tribunais, o caso está a atingir a imagem do magnata e as acções da empresa.

Depois das revelações, Wynn apresentou a demissão da função de responsável financeiro do Partido Republicado norte-americano. Um pedido que foi aceite pela líder do partido, Ronna McDaniel. Por outro lado, após a publicação da história, na sexta-feira, as acções da operadora na Bolsa de Nova Iorque caíram mais de 10 por cento.

O episódio que levou ao pagamento dos 7,5 milhões aconteceu em 2005, de acordo com a publicação norte-americana. Nessa altura, Steve Wynn recebeu no seu salão pessoal tratamentos de uma manicure. No entanto, um dia, quando abandonou as instalações, a mulher vinha a chorar e contou a vários empregados no local que tinha sido obrigada por Wynn a manter relações sexuais. Apesar de ter dito que não o desejava e que era casada, o magnata continuou a insistir, até que a mulher se deitou na marquesa e tirou as roupas.

O Wall Street Journal refere existirem dezenas de relatos de ex-empregadas que prestavam serviços de massagens no escritório de Steve Wynn e que de uma forma ou de outra, acabaram por ser vítimas de avanços indesejáveis e de uma conduta sexual inapropriada. Refere a publicação, que as massagistas em causa fazia tudo para não estarem sozinhas com o magnata durante as massagens. Em alguns casos chegavam a fingir estarem ocupadas com outros serviços, em outros pediam a outras pessoas que fingissem ser suas assistentes e as acompanhassem durante as massagens, para evitarem avanços.

Wynn nega acusações

Em resposta às questões do jornal, Steve Wynn negou ter alguma vez cometido qualquer tipo de abusos: “A ideia de que eu possa ter cometido qualquer abuso contra uma mulher é absurda”, respondeu o magnata.

Depois, passou ao ataque contra a ex-mulher, Elaine Wynn, que pretende reverter um contrato assinado com o magnata, em que a ex-esposa se comprometeu após o divórcio a não vender as acções na companhia. O julgamento do diferendo entre o ex-casal vai começar na Primavera.

“Estamos num mundo em que as pessoas podem fazer alegações, mesmo que não sejam verdadeiras, e que o visado tem duas opções: fica coberto por um clima de publicidade ofensiva ou vai para tribunal em casos que se arrastam durante vários anos. É deplorável que alguém se possam ver envolvido numa situação destas”, considerou.

“Estas acusações têm sido instigadas pelo trabalho continuo da minha ex-mulher Elaine Wynn, com quem estou envolvido num terrível e lamacento processo judicial, em que ela pretende alterar os termos do nosso divórcio”, acrescentou.

No processo que decorre em tribunal, Elaine Wynn está tentar obter autorização para vender as acções que detém na Wynn Resorts, avaliadas em 1,9 mil milhões de dólares norte-americanos. Segundo os termos do divórcio do casal, Elaine está impedida de proceder à vendas dessas acções.

 

29 Jan 2018

Hospital nega adiamento de operação mas admite ajustamento de período

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário negou que tenha existido um adiamento da data da operação do residente que denunciou ter estado mais de 30 horas à espera de uma intervenção a uma perna partida. No entanto a unidade hospitalar admite que houve um ajustamento no “período para a intervenção cirúrgica do paciente”.

De acordo com o título do comunicado em que foi visada a denuncia do residente de 50 anos, relatada ontem pelo HM, o “CHCSJ não adiou a data de operação cirúrgica”.

Contudo, no comunicado percebe-se que pelo menos a hora da intervenção teve de ser alterada: “o bloco operatório previsto para a operação foi necessário para socorrer um outro doente que estava em estado clínico considerado crítico, uma situação urgente, pelo que o período para a intervenção cirúrgica do paciente em questão teve necessariamente de ser ajustado”, é explicado.

A versão dos SSM confirma a informação avançado por Fernando Nunes, que admitiu não poder ser operado imediatamente, devido à medicação que toma para o coração: “Nestes casos os pacientes estão sujeitos a medicamentos anticoagulantes que podem aumentar o risco de, durante uma cirurgia, ocorrer uma hemorragia. Os pacientes, nestas condições, com fracturas e que necessitem de uma intervenção cirúrgica, necessitam de suspender a medicação anticoagulante durante cinco dias.  Este prazo terminou terça-feira, 23 de Janeiro”, é clarificado.

Sobre o facto do doente, que foi operado ontem à tarde, sofrer de hiperglicemia, os SSM explicam que a nutrição foi “garantida médico, tendo sido suplementarmente sido prescrita medicação adequada como tratamento de apoio”.

26 Jan 2018

Sporting de Macau | Sócio vai propor encerramento de contas no BNU

Um associado do Sporting de Macau vai sugerir o encerramento de todas as contas do clube no BNU, após a instituição bancária ter rejeitado, pelo segundo ano consecutivo, apoiar os leões locais

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Sporting Clube de Macau tem uma Assembleia Geral Extraordinária agendada para 31 de Janeiro, às 18h30, no Consulado Geral de Portugal em Macau, e um dos sócios vai propor o encerramento das contas do clube no BNU. A sugestão vai ser apresentada por José Reis, que apesar de estar envolvido nas operações do clube, faz a proposta a título pessoal. Em causa está o facto do banco ter rejeitado, pelo segundo ano consecutivo, prestar qualquer apoio financeiro ao clube.

“Após dois anos sucessivos de evidente desinvestimento na responsabilidade social por parte do BNU, nesta conjuntura de envio para Portugal de remessas de dinheiro e com os cortes já assumidos em marketing, publicidade, entre outros, como sócio entendo que já não há motivos para manter o BNU na nossa lista de parceiros privilegiados”, afirmou José Reis, ontem, ao HM.

“Simbolicamente, na minha perspectiva, como repúdio perante esta atitude do BNU vou propor que o Sporting Clube de Macau retire as suas contas bancárias do banco. É uma medida simbólica na medida em que os nossos saltos não têm dimensão para criar qualquer mossa”, acrescentou.

Da parte de José Reis existe algum incompreensão face à atitude do BNU, no sentido em que houve uma recusa total na prestação de qualquer tipo de apoio, sem ter havido um esforço para negociar os montantes.

“Não houve qualquer abertura para apoiar o clube. Houve uma resposta basicamente a dizer que não têm dinheiro e portanto que não nos vão apoiar, apesar de reconhecerem a importância da responsabilidade social”, revelou.

Gesto de boa-fé

O associado mostrou-se igualmente desiludido uma vez que o clube, num gesto de boa-fé, actuou ao longo da época passada com o logótipo do banco nas camisolas, apesar de não ter havido um acordo de patrocínio.

“Houve uma demonstração de boa-fé quando, no ano passado, nos foi recusado o patrocínio e nos foi dito que falaríamos novamente em 2018. Pessoalmente considerei a atitude do Sporting correcta, em continuar a dar exposição a uma instituição que era um parceiro privilegiado. Mas o BNU não ficou minimamente sensibilizado com essa atitude”, contou José Reis.

“Compreendo que tenham instruções superiores da Caixa Geral de Depósitos, e todos sabemos que provavelmente não é uma decisão autónoma do BNU, de cortar radicalmente neste género de despesas, mas o relacionamento tem sido com eles e não com a CGD”, frisou sobre o destinatário da medida.

Contudo, José Reis admite que a maioria dos sócios possa ter uma opinião contrária à proposta apresentada: “Se a proposta não contar com o apoio dos sócios, tudo bem. É um cenário que está em aberto e não tenho problemas com isso”, frisou.

Além deste tópico, que deverá ser um dos últimos pontos da agenda da Assembleia Geral, os associados vão ainda discutir o relatório de gestão e contas, avaliar a situação da Comissão de Gestão e discutir soluções de gestão a curto e médio prazo.

 

Liga de Elite: Nicholas Torrão 5, Lai Chi 0

O Benfica de Macau goleou ontem o Lai Chi por 5-0, em jogo referente à 2.ª Jornada da Liga de Elite. O encontro teve lugar no Estádio de Macau e o avançado das águias Nicholas Torrão teve em destaque ao apontar cinco golos. O primeiro chegou ainda na primeira parte, logo aos 5 minutos. Os restantes foram apontados no tempo complementar, aos 49, 52, 68 e 72 minutos. Com este resultado, o Benfica lidera a Liga de Elite com 6 pontos, mas com mais um jogo. Por sua vez, o Lai Chi está no último lugar, com 0 pontos, depois de também ter sido goleado na primeira jornada, desta feita pelo C.P.K., por 12-0.

26 Jan 2018

Menina morre após ter sido mandada para casa duas vezes no Kiang Wu

Uma criança de quatro morreu ontem devido a complicações criadas por uma gripe. Antes de ser internada, a menina tinha ido ao Hospital Kiang Wu duas vezes, sendo enviada para casa. O Governo e a unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram cumpridos

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma criança com quatro anos morreu ontem no Hospital Kiang Wu, onde estava em estado crítico desde terça-feira, devido a uma falha renal, originada por complicações causadas por gripe. Apesar da menina ter sido levada ao hospital por duas vezes, antes de ser internada, o governo e a direcção da unidade hospitalar garantem que todos os procedimentos da Organização Mundial de Saúde foram seguidos neste caso.

A criança de quatro anos e três meses, que não tinha sido vacinada contra a gripe sazonal, foi pela primeira vez ao hospital a 19 de Janeiro, com febre e tosse. Nessa altura, fez um teste rápido de despistagem de gripe, que deu negativo, e foi enviada para casa, para descansar e tomar medicação.

Um dia depois, na terça-feira, regressou, com sintomas semelhantes, ou seja com tosse e febre. Nesta segunda visita ao Kiang Wu não lhe foi feito o teste de despistagem da gripe. Porém os médicos reforçaram a medicação da criança e enviaram-na novamente para casa.

“O médico que viu a menina registou os sintomas de febre e tosse, que são frequentes nas crianças. Mas as gripes precisam de tempo para se curarem. Foi prestada toda a atenção necessária pelos médicos, que aumentaram e ajustaram a medicação na segunda consulta” afirmou Li Peng Bin, vice-director do Departamento de Administração Médica do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa, sobre o facto da menina não ter sido logo internada.

Em relação a não ter sido feito um teste de despistagem de gripe na segunda visita, a explicação foi dada por Kuok Cheong U, director do Centro Hospitalar Conde de São Januário: “Os procedimentos seguidos respeitaram as orientações da Organização Mundial de Saúde. A despistagem também tem limitações, não é 100 por cento eficaz, nem é a despistagem que define o tipo de tratamento a adoptar. É por isso que a OMS não obriga a que seja feita nas suas orientações”, clarificou.

Urgência e morte

Já na terça-feira a vítima foi internada, após ter dado entrada no hospital durante a tarde, com febre baixa e aceleramentos cardíacos. Nesse dia foram feitas análises e um raio-X que mostraram a existência de uma pneumonia, através de uma infecção por pneumococo, e gripe do tipo H3N2. Esta infecção fez com que o estado da criança se agravasse, com o surgimento de vómitos, tosse sangrenta e sinais de hemorragia digestiva, acabando por ser levada para a Unidade dos Cuidados Intensivos, onde foi ligada a um ventilador mecânico.

Na madrugada do dia seguinte, e apesar dos tratamentos com Tamiflu, por volta das três da manhã, a criança desmaiou e alguns órgãos começaram a falhar. Ontem, por volta das 13h00, a vítima acabaria mesmo por morrer devido a uma falha renal associada ao síndrome de hemolítico-urémica. Na origem deste síndrome, que se caracteriza por insuficiência renal, destruição de glóbulos vermelhos e plaquetas, esteve a pneumonia que infectou a vítima devido à gripe.

Também a irmã da vítima, de dois anos, foi diagnosticada com pneumonia, mas está a ser acompanhada pelo Hospital Kiang Wu. A sua condição é estável. À família da vítima foi prestado apoio psicológico, por parte do governo.


Apelo à vacinação

Lam Chong, chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença Serviços de Saúde, apelou ontem aos pais para que vacinem as crianças. Durante a conferência de imprensa de ontem, o responsável revelou que 30 por cento das crianças nos jardins-de-infância e escolas primárias não tinham sido vacinadas e pediu aos pais para vacinem tão depressa quanto possível os seus filhos.

26 Jan 2018

Caso Sulu Sou | Mesa da AL teme que hemiciclo perda a confiança do público

A defesa do deputado acusa a resposta da Assembleia Legislativa à providência cautelar de considerar a população da RAEM “incapaz de compreender valores elementares de uma sociedade democrática”

 

[dropcap style≠’circle’]“U[/dropcap]ma perspectiva paternalista e infantilizante, que desrespeita a população da RAEM, tratando-a como incapaz de compreender valores elementares de uma sociedade democrática”. Foi esta a resposta da defesa de Sulu Sou qualificou a argumentação da Mesa da Assembleia Legislativa, para que o Tribunal de Segunda Instância rejeite a providência cautelar do deputado suspenso.

O HM teve acesso à resposta da defesa de Sulu Sou, que se insurge contra o ponto de vista da Mesa da AL, que sustenta que o pedido para suspender a eficácia da suspensão deve ser rejeitado para “passar uma mensagem ao público que os Deputados não estão foram da alçada da justiça”. Este é um dos vários argumentos da AL contra o regresso temporário de Sulu Sou ao hemiciclo.

A defesa do deputado contrapõe que o regresso “não constitui grave prejuízo do interesse público” e que o argumento da Mesa da AL “pressupõe o facto de que um deputado que não seja suspenso fica fora da alçada da justiça”. “Tal é falso”, destaca a resposta elaborada por Jorge Menezes e entregue no dia 19 de Janeiro, perante contestação formal da AL face à providência cautelar.

Ai a confiança…

Ao TSI, a Mesa da AL – constituída por Ho Iat Seng, Chui Sai Cheong, Kou Hoi In, e Chan Hon – mostrou igualmente temer a perda “confiança da população nas instituições e na AL”, no caso da suspensão de Sulu Sou ser interrompida até que haja uma decisão final face à validade da mesma.

Contudo, o advogado de defesa acusa a AL de ser responsável por essa eventual consequência: “a falta de confiança na AL parece ter resultado do processo ilegal de suspensão do Deputado […] bem como da proposta de Resolução, que visava resolver, em favor da AL, um processo judicial em que a AL é parte, numa aparente tentativa de interferência com a independência dos tribunais”, é apontado no documento.

Diz ainda a defesa, que o argumento “parece pretender atirar responsabilidades pelas consequências das ilegalidades cometidas pela AL para o colo dos tribunais que viessem a declarar as ilegalidades cometidas”.

Regresso do interesse público

Por outro lado, o documento a que o HM teve acesso sublinha que o interesse público ficava melhor defendido com o regresso de Sulu Sou, pelo facto de haver “mais um Deputado” a “trabalhar para a RAEM no processo legislativo e de fiscalização do Governo”, “haver número ímpar de deputados”, a AL “funcionar com o número de deputados previstos na lei” e pelo ainda porque os “milhares de eleitores que votaram no Deputado” teria “representação parlamentar” e “a voz que elegeram para representar os interesses da RAEM”.

A defesa acaba a sua resposta à contestação da AL a considerar a opinião apresentada pelo hemiciclo não apresenta “fundamentação” que sustente a recusa da providência cautelar.

Sulu Sou viu o seu mandato suspenso na Assembleia Legislativa, para poder ser julgado pela prática do crime de desobediência qualificada. No entanto, como o deputado considera que processo de suspensão não respeitou os seus direitos fundamentais, interpôs recurso contra a decisão e uma providência cautelar, que lhe permitiria regressar ao hemiciclo enquanto o recurso é decidido.

26 Jan 2018

Hospital | Utente esteve mais de 30 horas à espera de operação

Paciente teve de interromper medicação para o coração e ficar em jejum, apesar de sofrer de hiperglicemia, para poder ser operado a uma perna partida, mas mesmo assim teve de aguardar mais de 30 horas para ser levado para o bloco operatório

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pesar de ter parado de tomar medicação necessária para o coração por ter de ser operado a uma perna partida, sofrer de hiperglicemia e estar sem comer, Fernando Nunes esteve mais de 30 horas à espera para ser operado no Hospital Conde São Januário. A situação foi denunciada pelo residente de 50 anos, ao HM, ontem à tarde, numa altura em que ainda não sabia quando ia ser operado.
Na quinta-feira passada, Fernando Nunes dirigia-se para o trabalho de bicicleta, quando na Avenida Comercial de Macau a porta de um carro mal estacionado o atingiu. Como consequência o residente acabou com uma perna partida e foi transportado para o Hospital Conde São Januário.

“Quando cheguei ao hospital o médico disse-me que era preciso ser operado imediatamente. Mas como tive há 10 anos um problema no coração preciso de tomar comprimidos, o que impediu que a operação fosse feita imediatamente”, contou Fernando Nunes.

Além da medicação para o coração, que deixou de ser tomada, o paciente teve de aguardar de cinco dias, por indicação dos médicos, para que passasse o efeito dos comprimidos. Só depois poderia ser operado. Por outro lado, nas horas antes da cirurgia, que ficou agendada para terça-feira, teve de deixar de comer, apesar de sofrer de hiperglicemia. Por essa altura, começou a receber soro.

“Quando chegou ao quinto dia de espera, a médica disse-me: amanhã [terça-feira] vamos operá-lo. Não disse que era uma possibilidade e que poderia dar-se o caso de não ser feita. Foi informado como se aquilo fosse mesmo acontecer”, recordou.

“Depois ontem [terça], vieram limpar-me a preparar-me para a operação. Só que às 18h00 disseram-me que não me iam operar, porque tinham surgido outros casos mais urgentes. Eu respondi que ia esperar. Até que às 23h00, finalmente, uma enfermeira disse-me que já não ia ser operado. Nessa altura fiquei algo desorientado”, admitiu.

Ao HM, Fernando Nunes fez questão de sublinhar que compreende que haja casos mais urgentes do que o seu. Porém, destaca que a sua condição também exige cuidados: “Eu estou a soro por isso não estou com fome. Mas tenho hiperglicemia e não convém estar muito tempo sem comer. É uma agravante, e há outra que são os problemas do coração. Eu preciso dos medicamentos e já estou há mais de seis dias sem tomá-los. São problemas que deveriam ser tidos em conta”, apontou.

Falta de recursos

Internado há mais de seis dias nas urgências, Fernando Nunes explica a demora com a falta de recursos, até porque considera que tem sido bem tratado pelos funcionários do hospital público.

“Eu sinto que não é um problema de má vontade humana. Eu tenho sido bem tratado. É devido à falta de recursos, acredito que não haja médicos disponíveis ou blocos operatórios”, justificou, o paciente que chegou a trabalhar no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no serviço de ortopedia.

“Ou marcam a data da cirurgia ou libertem-me para ir para outro hospital. Nem me operam, nem me deixam sair. Isto mostra que há falta de recursos, mas como não querem assumir isso, não me mandam para outro hospital”, acrescentou.

O HM contactou os Serviços de Saúde de Macau em relação a este caso, mas até ontem à noite não tinha recebido uma posição oficial do Governo.

25 Jan 2018

Terras | Empresa questiona imparcialidade do ex-funcionário Raimundo do Rosário

O actual secretário para os Transportes e Obras Públicas trabalhou, no passado, para uma empresa que teve de obrigar a despejar um terreno na Taipa. A companhia Socipré quis aproveitar esse facto para contestar a decisão em tribunal, porém, os juízes consideraram que o secretário actuou com rectidão e isenção

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade Fomento Predial Socipré questionou a imparcialidade de Raimundo do Rosário na ordem de despejo que foi entregue à empresa, para abandonar um terreno cuja concessão foi declarada caduca. Entendeu a Socipré que como o secretário tinha trabalhado, enquanto engenheiro, para a própria Socipré e para Fábrica de Artigos de Vestuários Estilo, antiga ocupante da terra, que não deveria ter sido ele a assinar a ordem de despejo porque não era imparcial.

No entanto, o Tribunal de Segunda Instância não aceitou o argumento, apesar de Rosário ter estado envolvido no desenvolvimento do projecto para aquelas terras, e vai obrigar mesmo a empresa a proceder à ordem de despejo de um terreno cuja concessão foi declarada caducada.

“A recorrente [Socipré] nunca oferece prova convincente que demonstre o impedimento ou a suspeição, ou ponha em dúvida a rectidão e isenção do Exmo. Senhor Secretário para os Transportes e Obras Públicas, e é sem dúvida que os seus pareceres não projectam efeito vinculativo às decisões do Chefe do Executivo no que respeite a declarar ou não a caducidade”, argumento o tribunal.

“Ponderando tudo isto, temos por indiscutíveis a isenção, a lealdade e a fidelidade ao interesse público do Exmo. Senhor STOP bem como do Exmo. Senhor Chefe do Executivo, pelo que não se descortina in casu a violação do princípio da imparcialidade”, explica.

De acordo com duas decisões do Tribunal de Segunda Instância, reveladas ontem, as empresas Chap Mei – Artigos de Porcelana e de Aço Inoxidável e Outros Metais (Macau) e a Socipré vão ter de desocupar dois terrenos, após terem perdido os respectivos recursos que tinham interposto. As companhias queriam evitar as ordens de despejo dos dois terrenos até que houvesse uma decisão final sobre a decisão do Governo que considerou as concessões caducadas, à luza da nova lei de terras.

Argumentos sem força

Segundo o tribunal, as empresas não tiveram razão quando evocam a ausência de uma audiência prévia para evitar o despejo nem quando argumentaram que o secretário para os Transportes e Obras Públicas não tinha competências para tomar a decisão. Entenderam os juízes que houve audiências no âmbito das decisões originais que declararam a caducidade das concessões – casos contestados em outros processos – e que o Chefe do Executivo delegou as competências necessárias em Raimundo do Rosário, para que este assinasse as ordens de despejo.

Também os argumentos de falta de fundamentação e de “desrazoabilidade” da medida, apresentados exclusivamente pela Chap Mei não convenceram os juízes.

O terreno em causa da da Chap Mei tem uma área de 2.637m2, fica situado na ilha da Taipa, na Zona de Aterro do Pac-On e é designado por lote V2. Já o terreno da Sociedade Fomento Predial Socipré tem uma área de 3.177m2, está localizado na ilha da Taipa, na Avenida Kwong Tung e é designado por lote BT8.

25 Jan 2018

Jogo | Lucros da Wynn quase que triplicaram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s lucros da Wynn Macau, referentes apenas às operações no território, quase que triplicaram no último trimestre do ano passado, atingido o valor de 179,2 milhões de dólares norte-americanos. O montante representa um crescimento de 284 por cento, face aos 46,6 milhões acumulados nos últimos três meses de 2016. Os números foram avançados pela Wynn Macau, ontem, num comunicado à Bolsa de Hong Kong.

Em relação aos resultados do último trimestre do ano passado da empresa-mãe, a Wynn Resorts, o montante arrecadado foi de 491,7 milhões de dólares, o que representa um crescimento superior a 300 milhões, face ao valor de 113,8 milhões arrecadado nos três últimos meses de 2016.

Foi por esta razão que Steve Wynn se mostrou muito optimista face ao futuro de Macau, durante a apresentação dos resultados: “Um dos absurdos modernos deve-se ao facto das pessoas ficarem todos os meses à espera dos dados da DICJ [Direcção de Inspecção de Coordenação de Jogo] para depois começarem a jogar com as acções, como se estivessem no casino”, começou por explicar o magnata, aos analistas.

“Se há algo de positivo que posso dizer às pessoas que querem investir nas acções dos casinos é que não, repito, que não, apostem contra Macau. É atirar dinheiro fora”, acrescentou.

Por outro lado, Steve revelou que neste momento a companhia já está a trabalhar no projecto para o desenvolvimento da segunda fase do Wynn Cotai. O magnata confirmou que o projecto vai ter mesas de jogo, mas quer que o principal foco esteja no desenvolvimento de hotéis personalizados com um grande elemento de fantasia. Porém, não adiantou mais pormenores sobre o projecto.

24 Jan 2018

Tribunal anula despedimento de funcionário dos Serviços de Alfândega

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) anulou o despedimento promovido pelo Secretário para a Segurança de um verificador dos Serviços de Alfândega acusado da prática de exploração da prostituição. O colectivo de juízes, composto por Tong Hio Fong, Lai Kin Hong e Fong Man Chong, considerou que o despedimento foi feito sem que houvesse o cuidado de provar a culpa do funcionário envolvido.

O verificador dos SA foi despedido em Novembro de 2016, após ter sido acusado de um crime da prática de exploração de prostituição. Enquanto o julgamento decorre na primeira instância dos tribunais, o Secretário para a Segurança tomou a decisão de avançar para o despedimento imediato, no âmbito de um processo disciplinar interno.

No entanto, segundo o TSI, não houve o cuidado de investigar internamente se o agente tinha realmente cometido o crime. Pode ler-se no acórdão revelado, ontem, que as provas para o despedimento se limitaram a um interrogatório ao funcionário – que optou por não responder à maioria das perguntas – à acusação do Ministério Público, que ainda decorre no Tribunal Judicial de Base, e a um recorte de jornal.

“Analisando o conteúdo do processo disciplinar instaurado contra o recorrente [funcionário demitido], somos a entender que efectivamente não foram realizadas diligências probatórias pertinentes para comprovar a responsabilidade disciplinar do mesmo”, consta no acórdão.

“Em processo disciplinar, à semelhança do que sucede no processo penal, não cabe ao arguido provar a sua ‘inocência’, mas sim compete ao titular do poder disciplinar o ónus da prova dos factos constitutivos. Não logrando cumprir tal ónus, outra solução não resta senão julgar procedente o recurso contencioso”, é considerado.

Ainda assim, o tribunal realça que a Administração pode avançar para o despedimento do funcionário em causa, se o julgamento ditar que é culpado, ou se internamente forem apuradas provas suficientes para tal.

24 Jan 2018

Patuá | Estudo destaca influências do hokkien e cantonense no crioulo local

Apesar de muitas vezes serem desvalorizadas as influências do hokkien e do cantonense no patuá são também estas que dão ao crioulo local características únicas e o separam, em parte, do kristang, de Malaca. A conclusão faz parte de um artigo do académico Giorgio Arcodia

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lgumas construções frásicas do patuá como a utilização do verbo “chomá”, que significar “chamar” em português, mostram que em certos aspectos o crioulo local está mais próximo do hokkien e cantonense do que do malaio-português, a grande base do patuá. A conclusão é do académico Giorgio Arcodia, num artigo publicado na revista Language Ecology com o título “Sobre as Influências Chinesas no Macaense”.

Ao HM, o italiano, que é especialista no estudo do chinês, justificou o trabalho com o facto de se tratar de uma área do patuá pouco explorada e no futuro espera continuar a desenvolver mais artigos do género.

“Acho que a influência do chinês tem sido, de certa forma, ignorada no estudo do patuá porque até ao artigo publicado por Umberto Ansaldo e Stephen Matthews [A origem da reduplicação no Macaense, de 2004] nenhum especialista em linguística chinesa tinha focado este crioulo. Isto fez com que facilmente tenham sido ignorados sinais subtis da influência chinesa”, começou por dizer Giorgio Arcodia, ao HM.

“A maior parte dos trabalhos sobre o patuá assume que a língua era, na sua essência, extremamente próxima do kristang de Malaca. Isto é verdade, mas o próprio kristang também esteve sujeito a influências chinesas, através do hokkien, assim como também os falantes de patuá estiveram em contacto muito próximo com os falantes das outras línguas chinesas durante séculos”, apontou o professor da Universidade de Milão-Biccoca, para explicar as influências no crioulo de Macau.

O hokkien é um grupo de dialectos com origem no sul da província de Fujian, que a comunidade académica acreditar ser muito falado em Macau, quando os portugueses se estabeleceram no território. Por sua vez, o cantonês é o principal meio de comunicação ainda hoje em Macau. Por estas razões, acredita Arcodia, dificilmente o patuá conseguiria evitar estas influencias.

Apaixonado pelo patuá

Nascido em Milão, Girogio Acordia estudou em Bolonha, Pavia, Pequim e Taipé na área da linguística. Especialista em Linguística Chinesa, a curiosidade e interesse pelo patuá surgiu em 2008, em Amesterdão, quando assistiu a uma aula com Umberto Ansaldo, também ele um académico abordou em alguns trabalhos o patuá. Foi devido esse interesse que em 2011 esteve em Macau, onde se apaixonou pela cultura macaense.

“Só estive em Macau um vez, em 2011, para tentar saber mais sobre o patuá: fiquei surpreendido porque só ouvi falar inglês, cantonense e mandarim. Nessa altura, ainda achava que o macaense era uma língua falada, ou pelo menos usada na escrita”, recorda.

“Tive também a oportunidade de ir à biblioteca para recolher um amostra enorme do trabalho de José dos Santos Ferreira (Adé), e foi nessa altura ao ler as suas histórias, os registos sobre a gramática do patuá e os artigos existentes que comecei a aprender mais sobre a língua. Apaixonei-me literalmente pela língua e pela cultura macaense”, acrescentou.

Durante a visita de 2011, Arcadio teve ainda um encontro com Mário Pinharanda Nunes, da Universidade de Macau, que partilhou parte dos seus registos com o italiano.

Em relação ao futuro, o académico admite o regresso de Macau com o objectivo de entrevistar membros do grupo de teatro Dóci Papiaçam di Macau.

 

Lamento por Carlos Coelho

Ao HM, Giorgio Arcodia considerou que os próximos tempo vão ser um grande desafio para a recolha de material que permita no futuro estudar o patuá, pelo facto da língua estar cada vez menos presente. Nesse sentido, o italiano lamentou a morte do macaense Carlos Coelho: “Era uma das últimas pessoas que falava a língua desde a infância”, apontou.

24 Jan 2018

CPPCC | Grande Baía deverá ser um dos principais tópicos das reuniões em Cantão

A primeira Sessão do 12.º Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês começou ontem. Ao HM, o membro da comitiva de Macau Harry Lai explicou que vai propor a criação de um mecanismo integrado de prevenção das consequências de desastres naturais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira Sessão do 12.º Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC) de Cantão arrancou ontem com os discursos de Li Xi, secretário do Comité do Partido da Província de Guangdong, e Wang Rong, presidente do CPPCC. Entre os 35 representantes de Macau está Harry Lai, proprietário da empresa de construção Lai Si, que admitiu ao HM ir sugerir a implementação de medidas integradas de resposta a desastres naturais entre Guangdong, Hong Kong e Macau.

“Uma das propostas que vou apresentar durante as reuniões de trabalho foca a necessidade de implementar medidas de prevenção para Guangdong, Hong Kong e Macau, no âmbito das infra-estruturas e desenvolvimento da Grande Baía”, afirmou o membro da comitiva de Macau.

Esta é uma proposta que Harry Lai admite ter sido motiva pela passagem do tufão Hato e pela forma como o território foi auxiliado pelo Interior da China, sublinhando que era importante criar um sistema de auxílio entre as regiões para as catástrofes.

Também a Grande Baía é um assunto que o representante da delegação de Macau prevê que esteja em destaque na agenda das reuniões: “Estou à espera que as sugestões foquem essencialmente o projecto da Grande Baía e a forma como Macau pode aproveitar as oportunidades que vão ser criadas”, apontou.

O empresário considerou igualmente que é importante que se discuta como o projecto pode resultar no desenvolvimento económico de Macau, na criação de melhores condições para o turismo e na ligação entre o território e as outras cidades envolvidas no projecto.

Este ano marca igualmente o início do 12.º CPPCC, o que significa a entrada de novas caras para o órgão consultivo. Entre os membros de Macau, uma das novidades é a entrada do arquitecto Ben Leong. Estas são alterações que Harry Lay espera que produzam resultados positivos.

“Anteriormente já fazia parte do CPPCC e por isso vou trabalhar com este órgão por mais cinco anos. O meu desejo é que todos os membros de Macau consigam contribuir de forma positiva para que o território seja bem representado e com melhores resultados, se possível”, desejou.

Harry Lai é igualmente vice-presidente da Associação de Construtores de Macau e da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau.

Seguir as política nacionais

No discurso da cerimónia de abertura do evento, Li Xi, secretário do Comité do Partido da Província de Guangdong, sublinhou a necessidade de todos os membros se comprometerem com a implementação das medidas do Governo Central, liderado por Xi Jinping. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, as políticas nacionais devem ser utilizadas para reforçar o trabalho do comité.

Por sua vez, o presidente do CPPCC, Wang Rong, apresentou o relatório dos trabalhos elaborados ao longo dos últimos cinco anos, pelo 11.º Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

Wang Rong elogiou igualmente o papel dos membros do comité, cujo desempenho considerou uma importante forma para manter a prosperidade e estabilidade nas regiões de Hong Kong e Macau.

24 Jan 2018

Agente promete estar atento a atletas de Macau

O canadiano Graham Heydorn é o responsável pela empresa de intermediação de jogadores 10 Management, que assinou uma parceria com o Sporting de Macau para colocar três jogadores no território. Ao HM, reconheceu esperar com o acordo catapultar atletas para ligas mais desenvolvidas, como a chinesa, coreana, japonesa e mesmo tailandesa

 

 

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]orque decidiu fazer esta parceria com o Sporting de Macau, numa liga que está longe de ser das mais desenvolvidas?

GH: É o facto da liga não estar totalmente desenvolvida que a torna interessante. Macau é um local cheio de oportunidades para os jogadores e o Sporting de Macau é o clube ideal, é muito organizado e, ao longo do processo das negociações, foi sempre muito profissional.

 

Não está Macau longe de ser o local ideal para promover os atletas?

Não considero isso. Aqui, os jogadores podem ser reconhecidos e facilmente despertar a atenção de ligas mais profissionais, como no Interior da China, Japão, Coreia do Sul ou mesmo de clubes da Tailândia. Também não há nada que impeça os jogadores que se destaquem em Macau de se mudarem para os escalões inferiores da Europa. Macau é um bom local de adaptação para os atletas que querem fazer uma carreira na Ásia.

 

Mas existe mesmo essa visibilidade nesta liga?

O que eu aprendi nesta área é que tudo é possível, desde que o jogadores tenham qualidade. É possível darem o salto para a China, Coreia do Sul e Japão. No entanto, temos pensar passo a passo, não é fácil para um atleta que está a começar alcançar tudo de um dia para o outro. O salto pode acontecer para as ligas secundarias desses países.

 

Qual é a duração da parceria com o Sporting de Macau?

No mínimo dois anos, mas vai ser tudo feito passo a passo. Dois anos é um prazo que nos parece razoável para no final fazer um balanço rigoroso. Antes disso não faz sentido porque estes acordos precisam de tempo para crescer e desenvolver-se. Vamos começar por colocar três jogadores, mas no futuro queremos colocar mais.

 

A parceria é uma forma da 10 Management entrar no mercado asiático?

Não, até porque já temos uma parceria na China, que nos permite acompanhar os jogadores na Ásia. Representamos jogadores no Interior da China, mas por vezes as regras limitam aquilo que queremos fazer porque há um limite no número de estrangeiros que podem ser inscritos. Nesse sentido, colocar jogadores em Macau é um bom início para se adaptarem à cultura, linguagem e comida. São aspectos essenciais para jogadores que querem fazer carreira na Ásia.

 

Faltam agentes de jogadores em Macau que possam promover o jogador local em mercados mais profissionais?

Sim e por isso vamos estar atentos aos jogadores locais. Há exemplos em todo o mundo de jogadores de ligas mais pequenas ou clubes de menor dimensão que conseguem dar o salto, contra todas expectativas, e acabar nas grandes ligas. Não há razões para que um jogador talentoso que passe por Macau não chegue a uma grande liga. Contudo reconheço que quanto mais alto é o nível da liga, maior é a probabilidade disso acontecer.

 

Quantos jogadores representa?

Nesta altura entre 40 e 50 jogadores. São atletas que estão a jogar em Portugal, França, Inglaterra, Espanha, República Checa, entre outros. Em todos estes países temos jogadores nas principais ligas.

 

Entre os jogadores que representa está Jean Michael Seri do Nice, que tem sido associado a grandes clubes como Manchester United ou Chelsea. Em que situação está uma futura transferência?

Ainda durante o mercado de Inverno ou no próximo Verão acredito que vai ser transferido. No último Verão o Barcelona apresentou uma proposta de 40 milhões de euros por ele, mas o Nice rejeitou.

 

 

Aposta em África

O recrutamento de atletas em África é uma das principais apostas da 10 Management, que nos últimos anos tem feito esses atletas entrarem na Europa principalmente através das ligas portuguesa e espanhola. O FC Porto tem sido um dos clubes mais utilizados por Graham Heydorn que já fez passar pela cidade invicta Christian Atsu, agora no Newcastle, Jean Michael Seri, que está no Nice, e Chidozie Awaziem. O último jogador representa o Nantes de França, por empréstimo do FC Porto.

23 Jan 2018

Obras de Vítor Cheung Lap Kwan dependem de silêncio público

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado e empresário Vítor Cheung Lup Kwan espera concluir a construção de uma marina junto ao hotel Pousada Marina Infante até Novembro de 2021, altura em que termina o prazo de aproveitamento do terreno.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o projecto foi explicado, ontem, em conferência de imprensa, mas o deputado sublinhou que é necessário que a opinião pública não levante ondas, para que os trabalhos possam começar tão depressa quanto possível. “Apesar de ainda não termos começado o trabalho, acredito que existe a possibilidade das obras serem concluídas antes do fim do prazo de aproveitamento”, disse Vitor Cheung Lup Kwan, ontem. Contudo, o deputado não deixou de considerar que em Macau são vários os projectos abortados devido às opiniões da população, que fazem com que o Governo não permita avançar com a velocidade desejada.

Por sua vez, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, afirmou desconhecer os detalhes do projecto em causa, remetendo explicações para o Director das Obras Públicas, mas garantiu que na zona vão ser construídas 2 mil habitações sociais: “Quando tomei posse estavam previstos 4.600 fogos de habitação pública. Cerca de 2.000 fogos são na Taipa Este e outros 2.000 nesse sítio perto da Pousada”, começou por dizer. “Sobre a parcela de terreno nessa zona que foi revertida para o Governo, o que posso dizer é que vai ser destinada para estas 2.000 unidades de habitação pública”, acrescentou.

23 Jan 2018

Caso Sulu Sou: AL diz que vai cumprir lei

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m assunto que “está a ser tratado pelos Advogados contratados pela Assembleia Legislativa” no “estrito cumprimento da lei e do seu Regimento”. É desta forma que o órgão liderado por Ho Iat Seng respondeu ao HM, perante o facto dos deputados ainda não terem tido acesso à carta enviada pelo causídico da AL ao Tribunal de Segunda Instância, no âmbito da providência cautelar interposta pela defesa de Sulu Sou. O HM tentou saber junto da secretaria da AL quando é que o documento seria partilhada com os deputados, mas não houve uma resposta à questão. O alerta para a situação tinha sido dado pelo deputado José Pereira Coutinho, que ainda ontem não tinha recebido o documento.

23 Jan 2018

Raimundo do Rosário | Suspensão para garantir descanso de condutores de autocarros

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]aimundo do Rosário explicou a suspensão temporária dos condutores de autocarros a tempo parcial com a necessidade de garantir o descanso deste tipo de motoristas.

Segundo a informação fornecida pelo secretário para o Transporte e Obras Públicas, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) está em negociações com as operadoras de transportes público para encontrar um regime que garanta que estes motoristas tiveram horas de descanso suficientes, antes de conduzirem os autocarros.

“Esta suspensão serve para dar um espaço à DSAT e as três concessionárias para encontrarem uma solução que garanta ao motoristas um repouso adequado e uma formação adequada. Entendemos que é necessário conhecer melhor estes motoristas a tempo parcial, porque muitas vezes quando conduzem, não sabemos se antes tiveram descanso apropriado”, disse Raimundo do Rosário.

Em causa está o receio que os condutores se sentam para guiar, depois de terem feito longos turnos em outros empregos.

“Como são pessoas que só fazem umas horas, precisamos que as concessionárias nos garantam que eles tiveram um repouso apropriado e que têm uma formação adequada. Conduzir um autocarro não é o mesmo que conduzir uma outra viatura pesada, porque são veículos que transportam muitos passageiros”, explicou.

A suspensão entrou em efeito depois de um acidente com um autocarro da Nova Era, que resultou na morte de um peão, que atravessava a passadeira.

23 Jan 2018