Bolinha | Kin Wa estreia-se como campeão ao derrotar Ching Fung por 1-0

[dropcap]U[/dropcap]m golo a três minutos do final do encontro permitiu ao Kin Wa sagrar-se campeão do Campeonato de Futebol de Sete, também conhecido como Bolinha, num Campo D. Bosco com muito público. O Kin Wa ganhou assim por 1-0, na sexta-feira, ao Ching Fung, orientado por João Rosa, que tinha eliminado o favorito Benfica de Macau da competição.

Foi aos 47 dos 50 minutos, numa altura em que as equipas já começavam a preparar-se para a possibilidade do jogo ser decidido na marcação das grandes penalidades, que Danilo Lins tirou Ismael Ortega da frente e entrou na área do Ching Fung. Enquadrado com a baliza, mesmo que descaído um pouco para o lado direito do ataque, o brasileiro rematou com força e a bola seguiu junto ao poste de Iu Kong Fong, que já não conseguiu evitar o golo.

O tento veio resolver um encontro que tinha sido equilibrado, com ambas as equipas a disporem de oportunidades, que poderia ter feito com que a vitória caísse para cada um dos lados.

Mas se foi a três minutos do fim que a equipa de Inácio Hui se colocou na frente, o golo até poderia chegar mais cedo. Logo no início, aos três minutos, houve queixas de uma grande penalidade, depois de Lins ter sido agarrado na área por Ortega. O árbitro mandou seguir.

Equilíbrio e oportunidades

Ainda antes do intervalo, Ronald Cabrera entrou na área do Ching Fung e assistiu Danilo. O brasileiro rodou e rematou com força, já na área, mas a bola saiu por cima da baliza defendida por Iu.

Também ao Ching Fung não faltaram oportunidades. No ataque, Arnold Mbuyu fez da velocidade um verdadeiro perigo para o Kin Wa e aos 36 minutos, já na segunda-parte, tudo poderia ter sido diferente. O africano arrancou no flanco esquerdo do ataque, entrou na área e com o guardião Fong Chi Hang pela frente, assistiu o colega Ronieli, que surgiu no poste oposto. Quando o atacante do Ching Fung se preparava para desviar para o golo, surgiu Cabrera a cortar o lance. Um corte essencial para as esperanças da equipa de Inácio Hui, e que ainda fez com que o jogador ficasse no relvado a queixar-se com dores. Contudo, o atleta conseguiu prosseguir com a partida e no final também teve direito a levantar o troféu.

Já no jogo de atribuição do terceiro lugar, que se realizou antes da final, o Benfica de Macau venceu por 2-0 o Lun Lok. O primeiro golo foi apontado Vínicio Alves, aos 2 minutos, e o segundo aos 42 minutos, por Filipe Duarte.

3 Dez 2018

Mini-maratona | Quénia somou vitórias em masculinos e femininos

Elijah Kiprono Kemboi foi o grande vencedor da maratona, depois de percorrer os 42,195 quilómetros em 2h15m18. Na meia maratona, Josphat Menjo foi o mais rápido e repetiu a vitória do ano passado

 

[dropcap]O[/dropcap] queniano Elijah Kiprono Kemboi foi o grande vencedor da 37.ª edição da Maratona de Macau, depois de ter completado os 42,195 quilómetros em 2h15m18. Também a prova para senhoras, teve como vencedora uma atleta do Quénia, neste caso Mercy Jerotich Kibarus, que demorou 2h35m16 para percorrer a distância da prova.

No que diz respeito à prova masculina, a maratona foi extremamente equilibrada, o que se reflecte nas diferenças finais. Com um top três totalmente queniano, Kemboi impôs ao compatriota Joseph Munywoki, que demorou mais 14 segundos para completar o percurso, com um tempo de 2h15m32. Munywoki repetiu a segunda posição do ano passado. Já no terceiro lugar terminou Samwel Kiptanui Maswai, a 25 segundos do primeiro classificado e a 11 do segundo.

No 13.º lugar, Chan Ip Chong foi o melhor atleta de Macau com um tempo de 2h41m55. Já o melhor atleta português presente na prova foi João Antunes, num 9.º lugar, com o tempo de 2h31m36, a pouco mais de um minuto do tempo do vencedor.

Na prova feminina, a vencedora foi a queniana Mercy Jerotich Kibarus à frente da norte-coreana Kwang Ok Ri, que completou a prova em 2h35m51, ou seja mais 35 segundos do que a vencedora. O terceiro lugar foi para a ucraniana Oleksandra Shafar, que alcançou o bronze com uma marca de 2h36m39.
A melhor atleta de Macau foi Long Hoi com um tempo de 3h02m04 e a melhor atleta portuguesa foi Vera Nunes, com uma marca de 2h42m03.

Menjo repetiu vitória

Na meia-maratona, Josphat Menjo repetiu a vitória do ano passado mas piorou o registo. O queniano completou ontem o percurso em 1h05m21, quando no ano passado apenas tinha precisado de 1h04m49. No segundo lugar ficou o compatriota Joseph Ngare, com uma marca de 1h06m01 e no lugar mais baixo do pódio terminou o português António da Rocha, com um registo de 1h07m59.

Kuan Un Iao foi o melhor atleta do território com um sexto lugar e com um registo de 1h13m45.
Na prova feminina, nova vitória do Quénia. Esther Karimi foi a vencedora com o registo de 1h14m02, à frente da compatriota Edinah Jeruto Koech, que estabeleceu a marca de 1h15m31. No lugar mais baixo do pódio ficou a portuguesa Carla Martinho com o tempo de 1h17m30.

A melhor atleta de Macau foi Wu Yangyan a mais de 15 minutos da vencedora, com um tempo de 1h31m56.

3 Dez 2018

BoBo | Corpo de urso vai ser transportado para museu em Coloane

No sábado o Jardim da Flora foi palco de um encontro de pessoas que se manifestaram contra o embalsamento de BoBo. Foram recolhidas, pelo menos, 400 assinaturas para serem entregues ao Governo, uma acção que ainda não terminou

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de ser embalsamado, o corpo do urso BoBo vai ser colocado numa casa-museu em Coloane. O projecto está definido e segundo o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares, o concurso público para o novo espaço deve ser lançado durante o primeiro trimestre do próximo ano.

No entanto, a proposta não conta com o apoio de oito associações de protecção dos direitos do animais, mas mesmo assim, o Governo está determinado a levá-la avante. Além de BoBo, outros animais embalsamados vão estar expostos neste espaço, que o Executivo espera vir a ser um centro para a promoção do conhecimento e protecção dos animais.

“O corpo do BoBo vai ser exposto num futuro museu que vamos edificar em Coloane. Temos o projecto mais ou menos feito. Estamos a tentar lançar o concurso no primeiro trimestre do próximo ano e vamos ver se fica concluído no último semestre”, disse José Tavares, citado pela TDM – Rádio Macau.

As palavras do presidente do IACM foram proferidas na sexta-feira, antes da realização de uma reunião no Jardim da Flora, antiga morada de BoBo, para reunir assinaturas contra a intenção do Governo. Questionado sobre o assunto, José Tavares mostrou determinação em levar avante a intenção do Executivo de Chui Sai On.

“Julgo que vamos manter a decisão. Foi tomada logo no início e vamos continuar com ela. Respeitamos a manifestação, é um direito civil, desde que respeite o quadro legal, e respeitamos a opinião das pessoas”, sublinhou José Tavares, em relação aos manifestantes.

400 assinaturas

No sábado, a manifestação promovida por oito associações, incluindo a Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (AAPAM, em inglês), reuniu, pelo menos, 400 assinaturas. Quando a presidente da AAPAM, Yoko Choi, falou com o HM, as contas ainda não estavam fechadas. A recolha vai prosseguir ao longo desta semana, até serem entregues todas as assinaturas na Sede do Governo.

A manifestação aconteceu entre as 16h e as 17h, no Jardim da Flora, junto da antiga habitação de BoBo. Porém, as pessoas puderam assinar o documento para ser entregue ao Governo entre as 14h e as 20h.

No final, Yoko Choi fez um balanço positivo da iniciativa: “Correu muito bem porque as pessoas quiseram falar, por sua iniciativa, das memórias que têm do BoBo. Sentimos que houve participação espontânea e algumas intervenções comoveram mesmo os presentes”, afirmou Yoko Choi, ao HM.

No entanto, a presidente da AAPAM mostrou-se pessimista na possibilidade do Governo reverter a decisão tomada. “Sabemos que o Governo não vai voltar atrás. Mas precisamos de sair e vir a público dizer que não concordamos com o que fazem e na forma como actuam sem ouvir as pessoas. Se não mostrarmos desta vez que não concordamos com o que fazem, no futuro vão continuar a agir desta forma, como se não tivessem de ouvir a população”, defendeu.

A representante da AAPAM revelou ainda que não acredita que os verdadeiros amantes dos direitos dos animais visitem o futuro museu. Não só porque Coloane é considerado um lugar demasiado longe para os residentes da Península, mas também porque ver o BoBo embalsamado “só vai contribuir para que as pessoas fiquem mais zangadas”.

3 Dez 2018

Maratona | Rosa Mota celebra 30 anos da vitória em Seul

Em 1988, a atleta estava em diferendo com a Federação Portuguesa de Atletismo e tentou participar nos Jogos Olímpicos por Macau. Na altura, Manuel Silvério tratou do processo do lado do Governo do território. Agora recorda o caso

 

[dropcap]M[/dropcap]acau não é membro do Comité Olímpico Internacional (COI) nem participa nos Jogos Olímpicos, ao contrário do que acontece em Hong Kong. Ainda no ano passado, Chui Sai On ignorou o exemplo da RAEHK, e deixou muito claro que Macau nunca vai participar nos Jogos Olímpicos, porque não é um país soberano. Todavia, a história poderia ter sido muito diferente, e o território poderia ter mesmo feito a estreia, há 30 anos, com a medalha de ouro na maratona.

Foi em Março de 1988 que a polémica começou e que a histórias de Macau e Rosa Mota se cruzaram, pela primeira vez. José Pedrosa, treinador e actual marido de Rosa Mota, decide que a atleta, uma das principais favoritas ao ouro dos Jogos Olímpicos de Seul, não ia participar no Mundial de Estrada de 15 quilómetros. Apesar da ausência da atleta, Portugal conseguiu um terceiro lugar por equipas, devido à performance das atletas Conceição Ferreira, Albertina Dias e Albertina Machado.

Contudo, a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) não gostou da atitude de Rosa Mota e abriu um inquérito à situação. Como consequência, a corredora foi castigada com a impossibilidade de se inscrever em provas internacionais e a participação nos Jogos Olímpicos de Seoul ficou mesmo em causa.

Contactos locais

Sem alternativas, o treinador da atleta, José Pedrosa, entra em contacto com o Governo de Macau. O episódio é recordado por Manuel Silvério, antigo presidente do Instituto do Desporto, e que na altura ocupava o cargo de adjunto do presidente do Conselho dos Desportos.

“Ela contactou-me através do treinador José Pedrosa e estivemos reunidos, os três. Eles viajaram até Macau para ultrapassarem o conflito com a Federação Portuguesa de Atletismo. Na altura, acreditavam que a Rosa Mota poderia participar nos Jogos Olímpicos integrada numa eventual comitiva de Macau”, recordou Manuel Silvério, em declarações ao HM.

Com o diferendo entre a FPA e Rosa Mota a subir de tom, sugiram, então, dois entraves à participação da atleta por Macau: por um lado, o território ainda não tinha formalizado a intenção de aderir ao COI, e por outro, a vontade política do Governo de Lisboa era hostil à ideia.

“Em termos de jurisdição, era possível. Mas havia um grande impedimento, que é o facto de Macau não ser membro do Comité Olímpico Internacional. Também havia uma outra questão: nos Jogos Olímpicos é o país que participa, e se a Rosa Mota fosse participar por Macau, Portugal perdia a face”, explicou.

Neste sentido, a questão acabou mesmo por ganhar uma componente política e em Portugal figuras como Mário Soares (então Presidente da República), Cavaco Silva (primeiro-ministro) e Roberto Carneiro (ministro da Educação) envolveram-se no caso.

Pressão política

A este ritmo não tardou a que a mensagem chegasse a Manuel Silvério: “Houve um grande entusiasmo com a ideia, mas tenho de lembrar que também fomos um bocado ingénuos, no sentido em que Macau tinha de obedecer a Lisboa. O Governo de Lisboa não mandava na FPA, mas acabou por ver-se ‘obrigado’ a actuar, em benefício do interesse nacional”, explicou. “Na altura o meu superior aconselhou-me, e quero deixar claro que não me obrigou, a distanciar-me do problema. Se ela corresse por Macau, Portugal levava uma bofetada”, revelou Manuel Silvério, que lidou com todo o processo. O então presidente do Conselho dos Desportos, tinha como superior Francisco Murteira Nabo, que em Macau desempenhou os cargos de secretário-adjunto para a Educação, Saúde e Assuntos Sociais e, mais tarde, o cargo de secretário-adjunto para os Assuntos Económicos.

Com o diferendo resolvido, Rosa Mota correu com as cores de Portugal e a 23 de Setembro de 1988 fez história, ao tornar-se na primeira atleta portuguesa, e única, a vencer uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Hoje, Manuel Silvério olha para todo o processo sem arrependimentos. Mesmo na altura, diz, ficou tudo resolvido.

“Ainda bem que houve um entendimento entre a atleta e a FPA. Também eu acabei por ser convidado para assistir à maratona de Seul e estava a cerca 10 metros de distância quando ela cortou a meta”, apontou. “Na altura falou-se que poderia ter sido uma medalha para Macau. Mas ainda bem que a diligência para que o Governo local não tivesse colaborado funcionou. Foi melhor assim”, acrescentou.

Atleta apadrinha corrida local

A atleta de 60 anos, que em 2016 venceu a mini-maratona de Macau, regressa ao território para apadrinhar a Maratona de Macau, que se vai correr no domingo e é organizada pelo Governo. Ontem à noite, a atleta ainda não sabia se iria fazer a mini-maratona a correr ou a andar, ao lado do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. “É um evento que faz parte do meu calendário anual e espero regressar durante muitos anos. Era bom sinal, até porque a maratona em Macau é sempre um dia de festa e é muito bom ver as ruas cheias de pessoas a fazerem desporto”, disse, ontem, Rosa Mota ao HM. A ex-maratonista actualmente não comenta assuntos não relacionados com as provas em participa.

30 Nov 2018

Portas do Cerco | Terminal de autocarros reabre a 15 de Dezembro

Mais de um ano depois, 13 carreiras vão voltar a circular e a parar no terminal das Portas do Cerco. Além disso, nos fins-de-semana e feriados os autocarros das excursões vão ficar proibidos de circular nas intermediações do terminal

 

[dropcap]O[/dropcap] terminal de autocarros das Portas do Cerco vai reabrir a 15 de Dezembro, com 13 carreiras. A revelação foi feita, ontem, pelo Director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San.

“A partir do dia 15 de Dezembro, são 24 carreiras as que vão utilizar as imediações do terminal como paragem. Depois, as carreiras que vão parar no terminal das Portas do Cerco serão 13”, disse Lam Hin San, no final de uma reunião do Conselho Consultivo de Trânsito. “Por enquanto, vão ser 13 carreiras a utilizar o terminal, que tem uma média de 170 mil passageiros por dia”, acrescentou.

Segundo as informações disponibilizadas, os autocarros número 1 (Barra – Av. Tamagnini Barbosa), 3 (Porto Exterior – Istmo F. Amaral), 10 (Barra – Av. Tamagnini Barbosa), 25 (Av. Tamagnini Barbosa – Vila de Coloane), 25B (Rua dos Currais – Rotunda Flor de Lótus), AP1 (Portas do Cerco – Aeroporto de Macau) e MT4 (Parque Sun Yat Sen – Terminal da Taipa) vão ter as Portas do Cerco como paragem inicial. Já as carreiras 17 (Jardim Camões – Centro Cultural), 27 (Ilha Verde – Areia Preta), 30 (Rua Lei Pou Chon – Taipa), 34 (R. Marginal do Canal das Hortas – Jardins do Oceano) e 51A (The Praia – Av. Vale das Borboletas). Finalmente, a carreira 3X (Praça Ferreira Amaral – Istmo Ferreira do Amaral) vai utilizar o terminal como última paragem.

Além da reabertura do trânsito no terminal das Portas do Cerco, a partir de 8 de Dezembro, nos fins-de-semana e feriados, os autocarros de turismo para as excursões ficam igualmente proibidos de circular perto do terminal, entre as 16h e as 20h. “É uma medida para aliviar a pressão do trânsito”, explicou Lam Hin San. “Passo a passo queremos fazer com que as excursões utilizem antes a fronteira da Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau”, clarificou.

Maior frequência

Por outro lado, o director da DSAT admitiu que vai pedir à empresa responsável pelos autocarros que fazem a travessia da nova ponte que aumentem a frequência. Após a abertura da ponte houve queixas sobre o número insuficiente de autocarros, o que fez inclusive com que vários turistas do Interior da China se vissem forçados a ficar por Macau, no último fim-de-semana, quando pretendiam deslocar-se para Hong Kong.

Ainda sobre a ponte, Lam Hin San explicou a existência de veículos de Hong Kong que circulam em Macau sem matrícula do território. “De acordo com a legislação em vigor, há uma matrícula electrónica. Os carros de Hong Kong apenas precisam de ter a matrícula da RAEHK e os carros de Macau também não precisam de meter a matrícula de Hong Kong”, clarificou. Contudo, o director da DSAT garantiu também que estas pessoas têm de cumprir as leis e que vão ser sancionadas como qualquer condutor em Macau.

 

Inspecções privadas

O Governo está a preparar a abertura do sector da inspecção de veículos a empresas privadas. O cenário foi avançado, ontem, por Lam Hin San, que explicou que actualmente o Executivo faz a inspecção de 100 mil veículos por ano. Com a abertura do sector, existe a expectativa de reduzir a carga do trabalho do Governo, ao mesmo tempo que se acelera o processo para os proprietários de veículos. Lam frisou ainda que é comum que em outros países e regiões sejam os privados a fazer a inspecção.

Parquímetros electrónicos

Os parquímetros do estacionamento vão passar a ter de incluir obrigatoriamente meio de pagamento electrónico. Segundo Lam Hin San, o regulamento para os parques de estacionamento vai ser alterado. Uma das mudanças em perspetiva é tornar obrigatória a possibilidade de usar meios de pagamento alternativos às moedas. Além disso, o Governo quer utilizar os terrenos recuperados, enquanto ainda aguardam pelos projectos de aproveitamento, para o estacionamento de viaturas, de forma temporária.

 

Flor de Lótus mais cara

As empresas TCM e Estrada para Veículos Ki-Kuan pediram e o Governo acedeu. A partir do próximo sábado o bilhete de autocarro para atravessar a Ponte da Flor de Lótus, no Cotai, vai aumentar para seis patacas, quando actualmente o custo é cinco. Este é o primeiro aumento desde 2016, explicado com os custos crescentes. “A DSAT procedeu à análise do pedido e verificou, relativamente ao Índice de Preços no Consumidor Geral e ao preço do gasóleo leve para veículos, aumentos de 3,3 por cento e de 6,3 por cento, respectivamente, quando comparado com o mesmo período do ano passado”, foi dito.

30 Nov 2018

CEM lança expansão da Central Térmica de Coloane

Raimundo do Rosário esteve presente na cerimónia e deixou em aberto a hipótese de subida do preço da electricidade em 2019. “Logo veremos”, respondeu quando questionado sobre o assunto

 

[dropcap]O[/dropcap] reforço da aposta na energia verde e na produção local de electricidade. É desta forma que os responsáveis da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) definiram o novo projecto de expansão da Central Térmica de Coloane, cuja cerimónia de lançamento se realizou ontem.

O custo da obra está estimado entre 2,7 mil milhões patacas e 3 mil milhões patacas e os trabalhos deverão estar finalizados em 2022.

“Depois da nova unidade de geração a gás natural estar em funcionamento, a capacidade de produção de energia local aumentará significativamente. Contribuirá para 30 por cento do consumo total de energia, enquanto a proporção pode ser aumentada para 50 por cento em caso de emergência, podendo fazer face a situação de condições meteorológicas extremas de forma mais eficaz no futuro”, disse o presidente do Conselho de Administração da CEM, Fu Jianguo, no discurso da cerimónia. “Juntamente com a terceira interligação [ao Interior da China para a importação de energia] de 220kV com a China Southern Grid, a estabilidade geral do fornecimento de energia pode ser significativamente melhorada”, acrescentou.

Mais tarde, em declarações aos jornalistas, o vice-presidente do Conselho de Administração, João Marques da Cruz, aprofundou os aspectos ecológicos. “Uma parte da actual capacidade de energia produzida utiliza tecnologias que não são as mais modernas e que têm níveis de poluição razoavelmente acentuados. Por isso, o que vamos fazer é substituir essa capacidade mais poluente, por um ciclo combinado, usando gás natural, que tem uma redução em alguns poluentes de 90 por cento, mas que na média tem uma redução de 50 por cento”, explicou.

“A ideia é antiga e corresponde a uma necessidade. Estamos perto do Cotai, com todos aqueles hotéis fantásticos e não é correcto num lugar turístico ter uma fonte poluidora”, frisou.

Preços podem aumentar

Também Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, esteve presente na cerimónia. No final, garantiu que a extensão não vai resultar em preços mais altos, mas que poderá haver outros motivos para que isso aconteça.

“Ainda não sabemos se vai haver aumentos [devido a extensão da central térmica]. Mas penso que a electricidade não vai ficar mais cara, o que não quer dizer que a energia não possa aumentar. Há muitos anos que não é aumentada”, apontou. Questionado sobre se ia haver uma aumento em 2019, deixou a dúvida no ar: “logo veremos”, respondeu.

No entanto, o Governo não está a contar com um aumento motivado pelo preço das matérias primas ou aumentos no Interior da China, causados pela guerra comercial com os EUA. “Neste momento, não vejo nuvens negras no horizonte. Mas estas coisas, como sabem, evoluem. Não é um assunto concluído. Mas neste momento não prevejo um aumento”, afirmou Raimundo do Rosário.

A cerimónia de início da extensão da nova fase da central térmica foi realizada no mesmo dia em que também se celebrou o início das operações da obra original, há 40 anos.

 

Confiança em renovação da concessão

A actual concessão da CEM termina em 2025. No entanto, a empresa está confiante que o contrato possa ser renovado por mais 15 anos. “A partir de 2025 podem acontecer duas coisas, uma é que a CEM continuar a ter a concessão, uma coisa que desejamos e que tudo faremos para que aconteça”, afirmou o vice-presidente do Conselho de Administração, João Marques da Cruz. “Se a concessão acabar, todos os activos vão ser transferidos para o novo concessionário. Mas estamos muito confiantes que a CEM vai continuar a servir Macau nos 15 anos seguintes após 2025”, acrescentou.

 

Cão não preocupa

“As pessoas podem estar descansadas. O que aconteceu foi um acidente e os acidentes, infelizmente, ocorrem. Penso que a CEM já está a tratar do assunto, já fez inclusive um comunicado e vai continuar a investigar o caso”, disse o secretário para os Transportes e Obras Públicas, sobre o cão chamado Beethoven que morreu, depois de ter entrado em contacto com um poste de um candeeiro público. “Lamento o sucedido”, frisou. Do lado da CEM, João Marques da Cruz também abordou o assunto: “O nível de incidentes na nossa rede é baixíssimo, comparado com os indicadores internacionais e compara muito bem com Hong Kong. Os acidentes podem acontecer. É lamentável, mas não devemos concluir que a nossa rede não é segura”, disse o responsável da CEM.

29 Nov 2018

Vacinação | Serviços de Saúde garantem qualidade de produtos importados

Os lotes de vacinas com problemas que chegaram a Taiwan e Hong Kong não foram importados por Macau. Os Serviços de Saúde admitem comprar produtos aos laboratórios Sanofi, mas ao contrário das vacinas que entraram em Taiwan e Hong Kong, as da RAEM foram produzidas nos EUA

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde garantem a segurança de todas as vacinas contra a gripe importadas para o território. A posição foi tomada, na terça-feira à noite, depois de ter sido revelado que tanto Taiwan como Hong Kong tinham importado vacinas com partículas brancas, impurezas, do laboratório francês Sanofi.

Segundo a informação do Governo de Macau, as vacinas que foram compradas são na sua maioria provenientes da Alemanha, do laboratório GSK. Também houve vacinas importadas de laboratórios da Sanofi, mas neste caso tiveram origem norte-americana, pelo que não há razões para qualquer preocupação ou pânico.

“Os Serviços de Saúde da Região Administrativa Especial de Macau reiteram que nunca foram importadas vacinas suspeitas de terem problemas e as vacinas usadas no território são provenientes de diferentes origens e marcas”, pode ler-se no comunicado. Foi ainda deixado o apelo para que o público “não entre em pânico nem esteja preocupado”.

De acordo com a explicação oficial, houve vacinas da marca Sanofi importadas. Contudo, o laboratório onde foram produzidas fica nos EUA, enquanto a proveniência dos lotes com problemas foi a França. A marca também é diferente: “Algumas vacinas, destinadas aos bebés e a crianças pequenas, são quadrivalentes, da marca FluQuadri, produzida nos laboratórios dos Estados Unidos da América (EUA) da empresa Sanofi com o número de lote U6256FF”, foi admitido. Porém é explicado que as vacinas com problemas têm a marca Vaxigrip e envolvem, os lotes R3J721V ou R3J72.

“Os Serviços de Saúde questionaram os fornecedores e obtiveram garantias que as vacinas disponibilizadas não foram afectadas por este incidente”, foi igualmente revelado.

Sem reacções adversas

Segundo o Governo a questão é tratada com o máximo de zelo e “além de serem escolhidas vacinas produzidas por fabricantes de renome internacional, existe um rigoroso controlo das condições de transporte e de armazenamento”.

O caso surgiu depois das autoridades de Taiwan terem detectado anomalias em vacinas, devido à existência de partículas brancas, nomeadamente impurezas. Os mesmos lotes com problemas também forma importados para Hong Kong, afectando cerca de 175 mil vacinas, cuja utilização foi suspensa. No entanto, as autoridades de Hong Kong garantem que até ao momento não foram detectadas “reacções adversas” nas pessoas vacinadas com os produtos em causa.

De acordo com os Serviços de Saúde de Macau, no âmbito do Programa de Vacinação Gratuita contra a Gripe Sazonal 2018-2019, que começou a 24 de Setembro, já foram vacinas 86.674 pessoas, o que representa um aumento de 29 por cento face ao ano passado, quando tinham sido vacinadas 67.232 pessoas. O território tem ainda em stock 63.000 doses da vacina.

29 Nov 2018

Charles Leong finaliza Campeonato Asiático de F3 no 4.º lugar

[dropcap]C[/dropcap]harles Leong terminou a primeira participação no Campeonato Asiático de Fórmula 3 num quarto lugar, a 82 pontos do vencedor. O piloto de Macau foi o melhor piloto asiático do campeonato, atrás dos britânicos Raoul Hyman e Jake Hughes, primeiro e segundo classificados, e do norte-americano Jaden Conwright.

Ao longo do ano, o piloto da Dragon Hitech GP somou seis pódios, com um segundo lugar e cinco terceiros lugares, tendo alcançado a melhor posição na primeira ronda do campeonato, disputada no Circuito Internacional de Sepang. Contudo, ao HM, o piloto admite que esperava mais da época de estreia.

“Não é o lugar em que esperava terminar o campeonato. Sinto que tive muito azar nas últimas corridas. De uma certa forma, senti que toda a minha má sorte se acumulou para me afectar, principalmente na última ronda do campeonato”, disse Charles Leong, piloto local.

“A nível de resultados foi um ano que não correspondeu às minhas expectativas, queria ter ficado melhor classificado, mas não foi possível”, acrescentou.

Charles Leong tinha chegado à última ronda do campeonato com hipótese de lutar pelo terceiro lugar. Contudo, problemas com o carro em duas das três corridas impediram-no de se aproximar de americano Jaden Conwright, não indo além de um 13.º e de um 15.º lugares. Na última corrida do fim-de-semana, acabou por chegar ao nono lugar, depois de ter arrancado do fim da grelha.

Já o americano selou a questão do lugar mais baixo do pódio com um terceiro lugar na última corrida e ainda com os oito pontos do sexto lugar, logo na primeira corrida do fim-de-semana de provas na Malásia.

Futuro em aberto

Em aberto continua ainda o futuro do piloto, que vai estar entre 6 e 9 do próximo mês a participar Taça Internacional de Macau KZ, em Coloane. Este é um facto que também se fica a dever às alterações no Campeonato Europeu de Fórmula 3, que vai integrar o campeonato GP3, mudando o nome para Campeonato Internacional de Fórmula 3.

Por este motivo há ainda uma grande incerteza entre as diferentes equipas que competem nas duas categorias: “Neste momento ainda há muita indefinição sobre o futuro da modalidade, devido às alterações na Fórmula 3, com o novo campeonato. Nem as equipas sabem muito bem o que se vai passar. Por isso estamos todos na expectativa e ainda não sei o que vai acontecer no próximo ano”, reconheceu. “Mas espero poder ir competir para a Europa”, frisou.

28 Nov 2018

Pró-democratas de Macau não temem réplica das eleições de Hong Kong e Taiwan

O afastamento dos problemas das comunidades e foco excessivo em assuntos contra Pequim são vistos no território como a principal razão para que tanto o Partido Progressista Democrático, em Taiwan, como os democratas de Hong Kong tenham sido penalizados pelos eleitorados

com Andreia Sofia Silva

 

[dropcap]N[/dropcap]o passado fim-de-semana tanto em Hong Kong como em Taiwan, as forças políticas com posições mais afastadas do Governo Central foram penalizadas nas urnas. Em Macau, os deputados e analistas ouvidos pelo HM não acreditam que a tendência se vá repetir nem que o eleitorado mais próximo dos democratas tenha a tendência para se aproximar do sector pró-sistema.

No caso de Taiwan, o Partido Progressista Democrático (DPP, na sigla inglesa) foi penalizado nas eleições municipais, com o número de câmaras controladas a cair de 13 para 6, ou seja menos sete câmaras. Desde que o DPP regressou ao Governo, em Taiwan, no ano de 2016, a presidente Tsai Ing-wen tem feito questão de não reconhecer o Consenso de 1992, ou seja quando os Governos de Taipé e Pequim se comprometeram a aceitar que só existe uma única China, apesar de haver interpretações diferentes. Ao mesmo tempo, o Kuomintang (Partido Nacionalista, em português), mais próximo de Pequim, aumentou o número de câmaras de 6 para 15, ou seja ganhou 9, com sete a serem conquistadas ao DPP e as restantes duas câmaras a independentes.

No caso de Hong Kong, nas eleições intercalares para atribuir o lugar da democrata Lau Siu-lai, expulsa do cargo de deputada por irregularidades no juramento, a vitória foi para o campo pró-Pequim. A candidata independente Chan Hoy-yan derrotou Lee Cheuk-yan, membro do Partido Trabalhista e candidato substituto da própria Lau Siu-lai, independente que foi impedida de participar nas eleições, após o Governo de Hong Kong a ter acusado de defender a autodeterminação da RAEHK.

Segundo o deputado José Pereira Coutinho, este é um cenário que muito dificilmente se vai repetir em Macau. Ao HM, o legislador apoiado pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) sustentou que as penalizações nas urnas se ficaram a dever à desvalorização das necessidades da população.

“Em Macau não acredito que haja este tipo de alterações nos eleitorados. Em qualquer parte do mundo, e sempre disse isto, um governante ou um deputado da Assembleia Legislativa tem de desempenhar as suas funções a pensar nos problemas dos cidadãos. São estas as suas funções primordiais”, começou por explicar. “Com base nas informações que recebi e através do que li nos órgãos de comunicação social, tanto em Hong Kong como em Taiwan as candidaturas pró-democratas falharam redondamente em prestar atenção aos problemas das comunidades. Foi tão simples quanto isto”, acrescentou.

Também em ambos os casos, José Pereira Coutinho acusa as forças mais afastadas de Pequim de se concentrarem demasiado na independência, descurando o eleitorado. “As pessoas do DPP focaram-se demasiado na independência, tal como aconteceu em Hong Kong com os pró-democratas, e não prestaram a atenção devida aos assuntos sociais”, apontou. Por este motivo, o deputado ligado à ATFPM considerou “até normais” os resultados de ambas as forças políticas das regiões.

Histórias diferentes

Também Sulu Sou, o deputado mais jovem da Assembleia Legislativa e representante da Associação Novo Macau, não acredita que a tendência de penalizar pró-democratas e forças mais afastadas de Pequim chegue à RAEM.

“O campo democrático de Macau é muito mais fraco do que o campo democrata de Hong Kong, havendo uma diferença muito maior entre os resultados das forças pró-sistema e pró-democracia. São histórias e contextos sociais bastante diferentes, o que faz com que as comparações não possam ser muito directas”, começou por realçar Sulu Sou, ao HM.

Todavia, mostrou-se de acordo com o facto dos assuntos sociais terem de ser encarados como prioritários, sem se abdicar das condições que garantem o Segundo Sistema e seguindo os princípios democráticos. “Acredito que o campo democrático tem de continuar a ter em consideração tanto os assuntos sociais como os assuntos da manutenção do Segundo Sistema, indicando claramente quais são os problemas institucionais em ambos os aspectos”, defendeu o legislador. “São duas áreas muito importantes, assim como a relação que é estabelecida com o Governo Central. Mas, como democratas não podemos desvalorizar este conceito e princípio político”, sustentou.

Elitismo democrático

Após terem sido conhecidos os resultados das eleições de Taiwan, o Governo de Pequim veio a público dizer que os eleitores da Ilha Formosa não queriam o afastamento do Interior da China. No entanto, para o analista político Larry So dificilmente os resultados se podem explicar principalmente pela posição do DPP face a Pequim.

O analista também fez questão de frisar que os eleitorados de Taiwan e de Hong Kong são diferentes e que muito dificilmente podem ser comparados directamente. Contudo, reconhece que em ambos os casos a lição a retirar é a mesma.

“Por exemplo, em Taiwan como é possível que o candidato Han Kuo-yu [Kuomintang] tenha sido eleito presidente do município de Kaoshiung, um dos bastiões do DPP? Deve-se ao facto dele não ter utilizado a abordagem tradicional do Partido Nacionalista, ou seja focou-se no voto popular”, explicou o analista político. “Ele teve uma abordagem popular, que costumava ser a estratégia do DPP e que está a ser abandonada. Foi por isso que o DPP ganhou o voto popular e o poder tão depressa, depois de ser criado”, esclareceu.

Já em Hong Kong, Larry So considera que os pró-democratas estão num “bolha” político-partidária, que em muitos aspectos não respondem às prioridades das pessoas. “Os democratas estão a afastar-se cada vez mais da base popular, e focam-se cada vez mais nas lutas partidárias, dentro da arena política. Estão a afastar-se do cidadãos comum”, apontou.

O analista sustentou também que no final de contas, uma das principais razões para as pessoas votarem são os aspectos económicos. “No caso de Taiwan temos de ver que não interessa muito se as pessoas são fervorosas defensoras de uma ideologia. Se, no final, o Governo piora a situação financeira, as pessoas vão achar que simplesmente não estão a ser bem governadas. É algo que também acontece na União Europeia e nos Estados Unidos da América. A economia é fundamental, mesmo nos países democráticos, para definir o rumo de um Governo”, indicou.

Chefe do Executivo como chave

Neste momento, ainda faltam cerca de três anos para as próximas eleições legislativas, pelo que os deputados não quiseram fazer grandes previsões sobre o futuro. Porém, Ng Kuok Cheong acredita que o plano económico vai ser a principal preocupação em altura de campanha eleitoral, principalmente tendo em conta a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e a possível bolha imobiliária no outro lado da fronteira.

“Não espero consequências semelhantes para o campo pró-democrata em Macau. O próximo grande desafio a nível político é perceber o que vai acontecer à economia da China e como lidar com os impactos que vão ser sentidos em Macau, assim como nas outras regiões. É esse aspecto que vai ter um grande impacto”, frisou Ng Kuok Cheong, em declarações ao HM.

Para Larry So haverá outro factor mais importante para saber se o campo pró-democrata pode crescer, ou se vai mesmo diminuir: “Os resultados vão ser muito influenciados pelo futuro Chefe do Executivo. Se o futuro líder conseguir adoptar medidas que beneficiem a população, a base dos democratas pode estagnar ou ser reduzida. Mas se a situação actual se mantiver, se o futuro CE seguir as mesmas políticas, então acredito que o número de votantes cresça”, concluiu o analista político.

28 Nov 2018

Automobilismo | Acção regressa a Coloane entre 6 e 9 de Dezembro

Charles Leong vai defender as cores do território na Taça Internacional de Macau KZ, que fica marcada pela ausência do macaense João Afonso. Ao HM, o piloto revelou que se retirou para dedicar mais tempo à família

 

[dropcap]C[/dropcap]erca de 150 pilotos vão estar no kartódromo de Coloane, entre 6 e 9 de Dezembro, a lutar pelos títulos da diferentes classes do karting. A competição foi apresentada ontem, a Taça Internacional de Macau KZ volta a estar em destaque e a principal ausência é a do piloto local João Afonso, que se retirou.

“Esperamos um fim-de-semana com corridas fantásticas e muita competição. Principalmente no que diz respeito à Taça de Macau KZ estamos à espera de provas muito competitivas, porque há vários regressos de pilotos que não estiveram presentes no ano passado, mas que este ano vão estar”, disse Herculano Ribeiro, vice-presidente da Associação Geral-Automóvel Macau-China (AAMC).

Entre os nomes presentes vão estar pilotos de cerca de 20 países, como Itália, Reino Unido, Tailândia, Finlândia, Espanha, entre outros. O vencedor do ano passado Alessio Piccini está de regresso e encabeça o esquadrão italiano que conta ainda com Paolo de Conto, Marco Ardigo e Matteo Vigano. Também o espanhol Pedro Hiltbrand e o finlandês Simo Olavi Puhakka são nomes em destaque na edição deste ano.

Por sua vez, o território vai fazer-se representar com Charles Leong, que se estreou este ano na prova de Fórmula 3 no Circuito da Guia, e que faz um regresso esporádico ao karting. Kin On Leong, Zi Hou e Hermes Lai vão ser outros dos pilotos presentes.

“Não sei o que esperar, uma vez que já há algum tempo que não compito nos kartings. Mas as minhas expectativas são de andar junto dos pilotos da frente, embora reconheça que vou ter de me voltar a adaptar, até porque agora estou mais habituado aos Fórmula 3”, afirmou Charles Leong.

“Mas conheço muito bem a pista e pode ser essa uma das grandes vantagens para o fim-de-semana onde vou ter de competir com os melhores pilotos”, acrescentou.

Afonso ausente

O grande ausente da prova vai ser o macaense João Afonso, que depois de uma longa carreira decidiu parar, ainda no mês de Junho. Ao HM, o piloto explicou porquê: “Deixei a modalidade. Fiz a corrida em Macau em Junho deste ano e no fim considerei que era a altura de arrumar as botas, como se diz”, afirmou João Afonso.
“Acho que parei numa fase em que já não sinto tanto a falta da competição, e agora quero dedicar mais tempo à família e viajar um pouco”, acrescentou.

O piloto de Macau fez igualmente um balanço da carreira. “Foram dez anos de corridas e cheguei ao patamar que pretendia. Foram 10 títulos de Macau e três da Ásia. Acho que já chega”, afirmou em tom divertido.

27 Nov 2018

Cão morre electrocutado junto a candeeiro público

Apesar do incidente e das razões ainda estarem a ser investigadas, o Governo garante que a rede de candeeiros pública foi analisada, após o incidente, e que não há perigos para a população

 

[dropcap]U[/dropcap]m candeeiro público, junto ao Teatro D. Pedro V, causou a morte de um cão devido um uma descarga eléctrica, no domingo à noite, quando chovia. O incidente foi relatado, ao HM, por Herculano Dillon Jesus, um dos membros da família proprietária do animal.

“A empregada levou o cão da minha mãe a passear. O cão passou ao lado do candeeiro público, junto à Igreja de Santo Agostinho, e sem razão aparente começou a rosnar a e tentar mordê-la [empregada]. Felizmente ela largou-o e o cão ficou pegado ao poste”, contou Herculano Dillon Jesus. “Momentos depois a empregada telefonou-me e fui ao local. Quando cheguei, já lá estava a polícia. Ainda se falou em mexer-se no cão, mas eu avisei logo que era perigoso e que era necessário chamar a CEM”, acrescentou.

Segundo Dillon Jesus, a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) deslocou-se rapidamente ao local e cortou a electricidade no candeeiro em causa. Só nessa altura foi possível tocar no canino, de nome Beethoven.

“Foi uma situação muito perigosa. O Beethoven foi o sacrificado e as autoridades competentes têm de dar justificações sobre o que aconteceu. Isto não devia acontecer”, considerou. “Tivemos sorte porque além do Beethoven não houve mais vítimas. Mas a empregada ou a minha irmã, que também esteve no lugar, poderiam ter sido igualmente electrocutadas. Este é um sítio muito turístico e é frequente ver os visitantes a tirar fotos agarrados aos candeeiros, poderia ter acontecido com eles. Neste caso só morreu o Beethoven, mas poderíamos estar a falar de um tragédia com uma dimensão muito maior”, frisou.

O caso foi igualmente confirmado ao HM pela Polícia de Segurança Pública, que revelou ter recebido o alerta para a situação às 21h22. A área à volta do candeeiro foi depois isolada, com um perímetro de segurança, e o corpo do cão entregue ao Instituto de Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), para que a autópsia fosse realizada.

Governo confirma caso

Ao HM, o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE), garantiu que a situação está a ser resolvida e que os candeeiros públicos são seguros: “O GDSE pediu à CEM que fizesse uma investigação ao caso e que reparasse o poste tão depressa quanto possível. Foram detectadas descargas ligeiras de energia no poste do candeeiro público, de estilo clássico, e a CEM procedeu às reparações de forma imediata”, respondeu a direcção de serviços do Executivo. “Também todos os candeeiros do mesmo género foram inspeccionadores e não há outros casos de descargas”, foi acrescentado.

A mesma posição foi assumida pela CEM, que garantiu que a situação é segura: “As luzes em Macau são seguras e vamos continuar a analisar este caso”, foi dito, ao HM. Contudo, ainda não há uma justificação oficial para a descarga. “Estamos a averiguar a situação e ainda não temos uma confirmação sobre as razões que levaram à descarga no poste. Os técnicos têm estado a averiguar o que se passou”, foi explicado, ontem.

Neste momento, ainda não é certo que a família de Herculano Dillon Jesus leve o caso para o tribunal. Contudo, o macaense deixa uma certeza: “É um cão, mas era parte da nossa família. Merece que haja justiça e a verdade é que salvou vidas”, desabafou.

27 Nov 2018

CTCC | Ávila termina em quinto, Couto foi 11.º e 13.º

[dropcap]R[/dropcap]udolfo Ávila (VW Lamando) terminou a participação no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) num 5.º lugar à geral, após ter alcançado um 10.º e um 5.º lugar nas duas provas do fim-de-semana, no Circuito Internacional de Xangai. Ao nível do construtores, o mais valorizado, a SAIC VW ficou no segundo lugar.

“A prioridade da equipa para o fim-de-semana era tentar conquistar o título de construtores e fico desapontado por não o termos conseguido. A nível pessoal, este fim-de-semana foi muito complicado porque nunca tive um carro à altura”, disse Rodolfo Ávila, piloto local, em comunicado.

Ao nível de pilotos, Ye Hong Li (KIA) foi o grande vencedor, também com a marca coreana a conquistar o títulos de construtores. André Couto também esteve presente no fim-de-semana em Xangai, ao volante de um KIA, mas não foi além do 11.º e 13.º lugares.

26 Nov 2018

Bolinha | Benfica de Macau perde nos penáltis e fica afastado do título

Em três grandes penalidades, as águias não conseguiram concretizar nenhuma e estão afastadas da final. O vencedor da Bolinha vai sair do encontro entre Ching Fung e Kin Wa

 

[dropcap]C[/dropcap]hing Fung e Kin Wa vão disputar a final do campeonato de futebol de sete, na próxima sexta-feira, após a equipa orientada por João Rosa ter derrotado o Benfica de Macau, nas grandes penalidades. Na luta pelo terceiro lugar vão estar as águias e o Lun Lok.

Na sexta-feira passada, no campo do D. Bosco, o encontro entre Ching Fung e o Benfica de Macau era o mais aguardado e com o jogo a ser decidido na lotaria dos penáltis não faltou emoção. Com o relvado encharcado, mas ainda assim em condições aceitáveis para a prática do futebol, o tempo regulamentar chegou ao fim com o marcador a indicar o resultado de 1-1.

O Ching Fung foi a primeira equipa a marcar, aos oito minutos, e o golo, que nasceu de uma falha defensiva do Benfica de Macau, foi um presságio para a noite de desinspiração que os encarnados iam ter pela frente. Num lance que se adivinhava simples, o guarda-redes Batista e o defesa Amâncio não se conseguiram entender sobre quem devia dominar a bola. Com os dois atletas das águias a hesitarem, Arnold Mbuyu não facilitou, apoderou-se do esférico e desviou para o 1-0.

Em desvantagem, não foi necessário muito para que o Benfica de Macau igualasse os acontecimentos. Foi aos 15 minutos, que Pang Chi Hang se lançou em direcção à área do adversário pela zona central. Apesar do avançado do Benfica ainda ter dois defesas à sua frente, o número 10 do Ching Fung, U Hoi Ka, optou por fazer a falta cirúrgica.

O livre foi marcado pelo próprio Pang, a meia altura. Apesar da bola não ter seguido com muita força, o esférico acaba por bater no relvado ainda à frente do guardião Iu Kong Fong, que se deixa bater.
Com erros para os dois lados, e ainda na primeira parte, o encontro chegou ao intervalo com o resultado de 1-1.

Como na segunda parte também não houve golos, o encontro teve mesmo de ser decidido através da lotaria dos penáltis.

Na marcação das grandes penalidades, Iu Kong Fong corrigiu o erro da primeira parte e defendeu os penáltis marcados por Filipe Duarte e Pang Chi Hang. Além disso contou com a bola enviada à barra por Nicholas Torrão. Do lado do Ching Fung foi necessário marcar apenas dois penáltis. Apesar de Ismael Ortega ter permitido a defesa de Batista, Mbuyu não facilitou e carimbou o apuramento da equipa para a final.

Ao fechar do pano

No outro encontro, o Kin Wa venceu o Lun Lok por 2-1 e apurou-se para a final, quando faltavam três minutos para o fim do encontro. Logo no primeiro tempo, Lam Ka Seng cabeceou, após canto, para o golo, quando o marcador indicava 27 minutos.

No segundo tempo, Joadson Barbosa empatou para o Luk Lok, 1-1, na sequência de uma grande penalidade. Contudo, a três minutos do fim da partida, o guardião do Lun Lok, Vong Ka Hou, comete um erro e derruba na área Lam Ka Him, que nem estava enquadrado com a baliza. O árbitro não teve dúvidas e apontou grande penalidade, que foi convertida por Danilo.

26 Nov 2018

Biblioteca Central | IC recusa violação de regras do concurso público

Caso resolvido. O IC diz que não há indicações de que o projecto apresentado pelo arquitecto Carlos Marreiros viole o concurso público e tem intenção de prosseguir com os trabalhos

 

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) considera que não há indícios de violação das exigências do concurso público no caso do projecto da futura Biblioteca Central. Por esta razão, os trabalhos vão prosseguir normalmente com o objectivo de tornar a obra uma realidade tão depressa quanto possível.

O projecto do atelier de Carlos Marreiros foi colocado em causa nas redes sociais, nomeadamente através de acusações de plágio do Auditório da Cidade de León, trabalho dos arquitectos Emilio Tuñón Álvarez e Luís Moreno Mansilla. Contudo, o IC questionou o arquitecto sobre o caso e ficou satisfeito com a explicação dada.

“Tendo em conta a explicação da empresa seleccionada e as opiniões do júri, o IC considera que actualmente não existe informação que possa indicar a violação dos requisitos previstos no documento do concurso público e dos termos legais”, pode ler-se num comunicado emitido pelo Instituto Cultural, escrito em chinês e que até ontem à noite ainda não tinha tradução para português. “Por isso, o IC vai dar seguimento aos trabalhos posteriores, e tenciona fazer com que a nova Biblioteca Central entre em funcionamento na data prevista”, é acrescentado.

Confrontado com a posição do IC, Carlos Marreiros destacou a rapidez da decisão, que considerou benéfica para a população.

“A posição do Governo da RAEM, através do IC, é correcta porque a população, as instituições, os membros do júri [do concurso público], a classe profissional dos arquitectos, em geral, e os projectista vencedores, em particular, merecem todo o respeito”, afirmou Carlos Marreiros, ao HM. “Por fim, ganha a verdade e a população de Macau”, acrescentou.

Elogios a Álvarez

O arquitecto macaense aproveitou igualmente para elogiar as declarações do arquitecto espanhol Emilio Tuñón Álvarez, um dos autores do Auditório da Cidade de León. Ao HM, Tuñón reagiu à possibilidade de cópia do projecto com uma citação do poeta Frederico García Lorca: “as ideias não são de ninguém… estão a flutuar no ar à espera que alguém as apanhe”. “A citação utilizada foi de uma grande elegância”, reagiu Marreiros.

Também o presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, Jonathan Wong, tinha comentado o caso ao HM, e considerou a possibilidade de ambos os autores terem tido a Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp como inspiração. Além disso, Wong explicou que o concurso público só poderia ser repetido caso existissem problemas técnicos, algo que não conseguiu descortinar. Para Carlos Marreiros, o presidente da Associação dos Arquitectos foi “correcto e justo” nas afirmações.

Resposta a Leão

Por último, Marreiros respondeu ao colega Rui Leão. O último tinha dito ao HM que “dá muito trabalho ter ideias de raiz”, e que o projecto da sua equipa era “autêntico” e que, do seu ponto de vista, era “muito mais interessante e bonito do que o [projecto] vencedor”.

Para o arquitecto macaense, Leão perdeu uma oportunidade para defender a classe de Macau. “Nem é o caso de me defender, nem o caso de defender o colega, trata-se de defender um colega de Macau perante uma acusação grave e infame, a que em qualquer momento ele, Rui Leão, ou qualquer outro projectista, podem estar sujeitos, em Macau, em qualquer parte do mundo”, começou por dizer. “A Era da informação é, afinal, a era da desinformação e das fake news [notícias falsas].

Todas as pessoas estão sujeitas a ataques cobardes, vis, abjectos sob anonimato. Esta era uma oportunidade de ouro para ele defender a classe […] mas, não. O arquitecto Rui Leão preferiu concluir que o seu colega copiou, não foi autêntico e que até não merecia ganhar, porque o seu projecto era mais interessante e bonito. E estou a citar”, frisou.

Carlos Marreiros revelou ainda que se sentiu quase vítima de um julgamento público por parte de Rui Leão. “Ele fez um quase julgamento em praça pública e com sentença. Isto é muito triste, assim prestou um péssimo serviço à classe dos arquitectos, a que ele pertence. Prestou um péssimo serviço à deontologia profissional, à criatividade, à decência e à cidadania”, afirmou. “Por aqui me fico. Mais do que tudo é meu colega, triste colega, sim, mas meu colega”, concluiu.

26 Nov 2018

Portas do Cerco congestionadas devido a elevado número de turistas

No sábado registaram-se 622 mil movimentos nas fronteiras do território, o que constitui um novo recorde para um único dia. A situação foi causada pelo limitado número de bilhetes de Zhuhai para Hong Kong, através da nova ponte, o que fez com que os turistas presos na cidade do Interior viessem antes para Macau

 

[dropcap]D[/dropcap]esde sábado que há um novo recorde de movimentos nas fronteiras de Macau, com as autoridades a registarem 622 mil movimentos de entrada e saída do território. Os números foram fornecidos pelo Governo aos órgãos de comunicação social de língua chinesa, depois do movimento anormal de entradas e saídas nesta fase do ano.

A situação levou mesmo as autoridades a implementarem medidas adicionais de controlo de multidões, à semelhança do que acontece durante o Ano Novo Chinês. No pico do maior movimento, por volta das 19h30, a fila de espera ultrapassava a zona onde se apanham táxis, ou seja era quase do comprimento da Praça das Portas do Cerco. Contudo, muito depois das 20h, as autoridades ainda mantinham as instruções a recomendar a utilização de fronteiras alternativas às Portas do Cerco.

Segundo o portal All About Macau, na origem desta situação esteve o facto de muitos turistas do Interior da China se terem dirigido para a fronteira de Zhuhai da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (HKZM), com o objectivo de se deslocarem a Hong Kong. Contudo, como em Zhuhai o número de bilhetes para os autocarros que fazem a travessia para Hong Kong é limitado, muitas pessoas acabaram por ser “obrigadas” a vir para Macau, através das Portas do Cerco, depois de ficarem retidas em Zhuhai.

A acumulação de pessoas para sair de Macau levou também a que as autoridades fossem questionadas com a possibilidade de uma falha no sistema informático, como aconteceu no passado, mas a PSP negou o cenário. Embora sem apontar directamente à nova ponte, as autoridades justificaram o congestionamento com o grande número de pessoas a querer atravessar a fronteira.

Só nas Portas do Cerco os movimentos foram 460 mil, ou seja quase três quartos de todos os movimentos registados. Também na fronteira da Ponte HKZM houve um recorde, só no sábado houve mais de 34 mil movimentos de entrada e saída.

Residentes surpreendidos

A enorme afluência apanhou muita gente de surpresa, mesmo os residentes que faziam o movimento oposto à maioria dos turistas, ou seja entre aqueles que atravessavam do Interior da China para Macau. Alguns residentes de Macau que passam a fronteira regularmente disseram ao Ou Mun Tin Toi que nunca tinham visto uma fila tão longa para deixar a RAEM.

Já um grupo de turistas de Hunan disse à Ou Mun Tin Toi que, por volta das 19h30, já estavam à espera há mais de uma hora e meia para atravessarem a fronteira. Apesar da longa espera para sair do território, o grupo elogiou as autoridades e defendeu que as indicações eram claras e que toda a situação era “aceitável”.

26 Nov 2018

Emilio Tuñón Álvarez cita Lorca: “As ideias não são de ninguém”

[dropcap]A[/dropcap]o HM, Emilio Tuñón Álvarez, um dos arquitectos do Auditório da Cidade de León, a par de Luís Moreno Mansilla, afirmou não estar “minimamente preocupado” com um eventual plágio. O arquitecto espanhol de 59 anos citou também o compatriota Frederico García Lorca.

“Tenho de confessar que não estou preocupado com todo este tipo de questões de cópia de trabalhos”, disse Emilio Tuñón Álvarez, ao HM. “Frederico García Lorca, o famoso poeta espanhol, costumava dizer: ‘as ideias não são de ninguém… estão a flutuar no ar à espera que alguém as apanhe’”, citou.

O também vencedor do prémio Mies van der Rohe de Arquitectura Contemporânea da União Europeia, em 2007, com o Museu de Arte Contemporânea de Castela e León, deu ainda exemplos de “edifícios bizarros”, na União Europeia e nos Estados Unidos inspirados no auditório que concebeu, nomeadamente o edifício Mission Bay Parking Structure, em São Francisco, e a Escola Burntwood, em Londres.

23 Nov 2018

Biblioteca Central | Instituto Cultural vai “avaliar” o projecto vencedor do arquitecto Carlos Marreiros

Após as dúvidas sobre o plágio, a resposta. O arquitecto enviou ontem uma carta a pedido do IC a explicar o seu projecto e a negar ter copiado o Auditório da Cidade de León

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) pediu explicações ao arquitecto Carlos Marreiros sobre o projecto da Biblioteca Central no Antigo Tribunal, devido às questões levantadas nas redes sociais de que poderia ter havido plágio do Auditório da Cidade de León. A situação foi revelada, ontem, pela presidente do Instituto Cultural Mok Ian Ian, que defendeu igualmente o resultado do concurso público.

“Estamos a estudar este caso e contactámos de imediato a empresa que ganhou o concurso público. Mas no Instituto Cultural fizemos sempre uma apreciação de forma justa, imparcial e transparente”, afirmou Mok.

A responsável pelo IC explicou também que ficou a conhecer o caso pelas redes sociais, na manhã de ontem: “Como sabem as redes sociais divulgam as informações de uma forma muita rápida. Tivemos conhecimento por esse meio e logo que ficámos a saber deste caso contactámos com a empresa adjudicada”, acrescentou.

Este foi um pedido a que o atelier de arquitectura Marreiros Arquitectos e Associados respondeu ainda ontem, como explicou Carlos Marreiros. O arquitectou marcou igualmente uma conferência de imprensa para voltar a negar as acusações, como tinha feito em declarações ao HM.

“O IC não me disse nada porque ainda é cedo [para estudarem a nossa resposta]. Mas está tudo em condições para se prosseguir com os trabalhos, e termos a adjudicação para fazer o projecto, no prazo dos 268 dias”, afirmou Marreiros.

Durante uma hora o arquitecto esteve em conversa com os jornalistas a explicar todo o seu projecto e a justificar algumas das escolhas durante a concepção.

“Sou uma pessoa que gosta de agarrar o boi de frente”, começou por justificar na sessão de clarificações. “Como se trata do concurso público da Biblioteca Central, apressei-me a esclarecer a opinião pública. Se fosse uma coisa privada não estava muito preocupado, mas tratando-se de uma obra com a importância que tem e de estar a ser paga com o Erário Público, as pessoas merecem ser informadas rapidamente”, sublinhou.

O atelier de Carlos Marreiros foi um dos nove que apresentaram propostas para o projecto da Biblioteca Central e o trabalho acabou adjudicado por um valor de 18,68 milhões de patacas, que serão pagos pelo Governo.

Línguas semelhantes

Ainda ao longo da explicação técnica, Carlos Marreiros afirmou que as linhas das janelas do seu projecto recorrem à arquitectura militar, um estilo que já havia utilizado anteriormente no Quartel de São Francisco, e que a separação entre as janelas não é feita de forma recta, como na obra dos arquitectos espanhóis Emilio Tuñón Álvarez e Luís Moreno Mansilla.

O macaense mostrou depois imagens do interior Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp (França), do arquitecto Le Corbusier, onde foi buscar inspiração para o projecto que foi a concurso.

“É uma peça muito bonita e é das coisas que nós arquitectos temos sempre em mente. E eu, particularmente, porque o Corbusier, além de ser arquitecto, engenheiro e urbanista, era pintor, poeta, escritor. Ele tinha uma mundividência que eu admiro muito”, revelou.

Foi também através da literatura que Carlos Marreiros explicou eventuais semelhanças entre o seu projecto com o dos arquitectos espanhóis: “A linguagem vocabular da arquitectura como uma forma de expressão é como uma língua, tem as suas regras, as suas construções frásicas, o seu vocabulário próprio […] E se há algumas construções frásicas que possam ter alguma sugestão de similitude, é um caso que às vezes acontece em todo o mundo, no movimento moderno e na arquitectura contemporânea”, apontou.

O arquitecto defendeu igualmente que os dois projectos não podem ser comparados só através da fachada principal: “Não se pode concluir que há cópia, plágio, simplesmente porque uma parte do discurso arquitectónico, do edifício, é relevado para se comparar com outra parte de outro edifício. É preciso, em arquitectura, ter uma análise global de todos os aspectos”, frisou.

Desconhecimento do auditório

Por outro lado, o arquitecto confessou que desconhecia o projecto do Auditório da Cidade de León, tal como os arquitectos. Marreiros explicou que só foi alertado para o trabalho em causa, após ter sido contactado, na quarta-feira à noite, pelo HM.

“Não conhecia os dois arquitectos em causa e a obra deles, de que até gostei. E muito menos conhecia este auditório de León. Por isso, nunca poderia ser uma inspiração e muito menos uma cópia ou plágio. Nem sequer conhecia o edifício”, revelou.

Ainda por último, Marreiros questionou o que tinha a ganhar em plagiar num concurso com um grande escrutínio, uma vez que está para ser construído desde 2007. “Não faz sentido pensar-se que ia plagiar num concurso público com tanta exposição, mais a mais a Biblioteca Central, que há 10 se arrasta como um pesado fardo…”, frisou. “Comecei a projectar e a construir, quando ainda estava a estudar em Lisboa. O que é que eu ganhava se começasse a plagiar aos 61 anos?”, perguntou.

Inspirações semelhantes

Após ter sido revelado o caso, o arquitecto Jonathan Wong comentou a título pessoal os dois projectos. Apesar de ser presidente da Associação dos Arquitectos, Wong fez questão de sublinhar que só comentava o caso a nível pessoal.

“Penso que ambos os projectos, do arquitecto Marreiros e dos arquitectos de León, tiveram como inspiração o mesmo autor, o arquitecto Le Corbusier e a Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp”, começou por dizer, ao HM. “Também penso que nestes casos não existe uma forma padrão para avaliar se um edifício é uma cópia ou uma inspiração directa de outro projecto”, acrescentou.

Wong admite igualmente que há semelhanças: “Talvez possa existir a percepção, quando se olha para o projecto da Biblioteca Central, que já tinha sido visto em algum lado. Até porque quando olhamos para um edifício falamos na cor e na forma. Aqui a cor é a mesma, o branco, e a forma também é semelhante, basicamente é um rectângulo horizontal”, considerou.

Em relação ao procedimentos que o IC pode adoptar, no caso de considerar que poderá haver um cópia, Jonathan Wong defende que há pouca margem de manobra. “A única forma que pode alterar os resultados do concurso é a existência de um problema técnico, que não esteja contemplado. Mas à partida parece que não há problemas neste sentido”, indicou.

Proposta autêntica

O presidente da Associação dos Arquitectos revelou ainda que não recebeu qualquer queixa por parte dos diferentes associados, face às denúncias online.

O HM ouviu ainda a opinião do arquitecto Rui Leão, um dos interessados no concurso, que não quis responder se estava a equacionar impugnar o concurso ou apresentar qualquer tipo de queixas junto do IC. Porém, apontou que o projecto que apresentou era “autêntico”.

“A única coisa que posso dizer é que fizemos uma proposta que tem um desenho autêntico, não é copiado de lado nenhum. Dá muito trabalho ter ideias de raiz, e o nosso projecto, do meu ponto de vista, é muito mais interessante e bonito do que o vencedor. É a única coisa que tenho a dizer”, disse Rui Leão, ao HM.

A proposta que Rui Leão apresentou, com o nome LBA, Arquitecto e Planeamento, tinha um valor de 16,13 milhões de patacas e um prazo de execução de 250 dias. A proposta de Carlos Marreiros tem um valor de 18,68 milhões de patacas e um prazo de 268 dias.

23 Nov 2018

Grande Prémio | Pun Weng Kun nega intenção de encobrir acidentes

O coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau garante que há indicações para que todos os acidentes sejam transmitidos, à excepção das imagens do trabalho das equipas de socorro. Pun admitiu ainda que é a comissão que define os conteúdos transmitidos

 

[dropcap]O[/dropcap] coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau (COGPM), Pun Weng Kun, nega que tenha havido qualquer intenção de esconder dos telespectadores o acidente da piloto Sophia Floersch, durante a corrida de Fórmula 3, que decorreu no domingo passado. Em declarações ao HM, o também presidente do Instituto do Desporto (ID) admite que há instruções da organização para não se filmar os trabalhos de salvamento, mas que há luz verde para mostrar os acidentes, os momentos dos impactos e repetições.

“Ficou a sensação a quem assistiu à prova pela televisão que houve intenção de esconder as imagens do acidente. Mas nunca nos passou pela cabeça esconder os acidentes”, afirmou Pun Weng Kun, ontem, ao HM.

O responsável pela prova explicou que existem instruções para não se mostrar os trabalhos de salvamento porque as imagens podem ferir susceptibilidades e também para proteger a imagem dos pilotos. Pun contou ainda que estas instruções foram tomadas em consenso com a Federação Internacional do Automóvel (FIA), mas que a decisão coube à COGPM. Segundo o coordenador do COGPM, a maior parte dos pilotos e as famílias também estão de acordo com que não se mostrem os momentos de salvamento.

“Há um consenso há vários anos. Quando ocorre este tipo de acidentes existe a possibilidade de haver imagens que podem ferir as susceptibilidades dos telespectadores. A COGPM considera que se devem proteger os mais sensíveis”, afirmou. “Não nos passou pela cabeça esconder as imagens dos acidentes, até porque hoje em dia sabemos que as pessoas que estão nas bancadas têm os telemóveis e conseguem gravar e divulgar o que se passa”, justificou.

Por outro lado, Pun Weng Kun diz que quando aconteceu o acidente com a piloto alemã que a total prioridade da COGPM estava focada em garantir que a jovem era salva o mais depressa possível e não em controlar as imagens: “Honestamente quando ocorre um acidente deste tipo, no centro de controlo a nossa maior preocupação é garantir que as equipas de salvamento chegam ao local o mais depressa possível”, defendeu.

Efeito surpresa

Em relação ao facto de durante a corrida de Fórmula 3 nunca terem sido mostradas imagens do impacto, nem repetições, Pun diz acreditar que até o operador ficou surpreendido. “Talvez por ter sido um acidente com uma dimensão que já não se verificava há vários anos, ninguém conseguiu reagir a tempo. Mas a verdade é que no sábado os acidentes foram transmitidos, todos”, vincou.

No sábado a corrida de motociclos foi interrompida algumas voltas mais cedo depois de um acidente entre os concorrentes Ben Wylie e Phillip Crowe. A transmissão televisiva apenas mostrou as motos dos pilotos no chão.

O coordenador do COGPM diz que tal ficou a dever-se ao facto das câmaras terem tendência para acompanhar os pilotos da frente. “Temos que perceber que as imagens também estão mais focadas na frente da corrida e que pode acontecer os operadores não captarem esses momentos, porque são pilotos que vêm mais atrás. Mas posso garantir que não há instruções para que os operadores não transmitam as imagens dos acidentes”, realçou. “Agora pode acontecer que a certa altura os operadores não consigam filmar todos os momentos dos acidentes”, concluiu.

Pun Weng Kun afirmou também que se no futuro houver acidentes, o que disse não desejar, que vão continuar a ser transmitidas as imagens, como aconteceu até aqui.

22 Nov 2018

Grande Prémio | Son Pek Kei sugere dias de feriado

[dropcap]A[/dropcap] legisladora Song Pek Kei defendeu ontem a necessidade de se criarem feriados durante os dias do Grande Prémio, com o objectivo de afastar os inconvenientes para a população da realização do evento.

“Na minha opinião, se no futuro se conseguir realizar o Grande Prémio e, ao mesmo tempo, reduzir as inconveniências para a população, será uma vantagem para o Governo, residentes e amantes da actividade”, frisou a deputada.

“Sugiro o aumento dos feriados para gozar durante o Grande Prémio, incentivando os cidadãos a participarem nas actividades relacionadas com a competição”, afirmou. “Com a introdução desses feriados, pode resolver-se o problema das deslocações dos cidadãos e aliviar o trânsito, isto é, matam-se dois coelhos duma cajadada só”, acrescentou.

22 Nov 2018

Deputado Wu Chou Kit queixa-se de pouca participação de empresas locais nas grandes obras

[dropcap]O[/dropcap] deputado Wu Chou Kit considera que as empresas locais estão a ser afastadas, devido à sua dimensão, das grandes obras em Macau e pede ao Governo para ajudar o sector. O pedido foi feito pelo legislador nomeado pelo Chefe do Executivo, ontem, na Assembleia Legislativa (AL), antes da ordem do dia.

“Em resultado da abertura do mercado do jogo e da realização de grandes empreendimentos, diversas empresas do Interior da China e estrangeiras vieram investir e construir em Macau”, começou por dizer Wu. “Mas as empresas de construção civil de Macau, devido à sua pequena dimensão e falta de experiência, não têm conseguido participar nos grandes empreendimentos de construção, uma vez que, em termos de dimensão, se têm mantido como ‘micro-empresas’”, considerou.

Wu recordou também que no passado o Chefe do Executivo tinha prometido que seriam implementadas medidas para promover a cooperação entre empresas do exterior e locais, com o objectivo de desenvolver o sector do território. Ao mesmo tempo, seriam igualmente tomadas medidas para que os profissionais de Macau tivessem oportunidades para aprender e participar nas grande obras.

Contudo, o deputado diz que a construção civil local considera que as medidas ainda estão por ser adoptadas: “As empresas e profissionais locais da construção civil anseiam pela implementação das referidas políticas, porque através da colaboração e da prática é que conseguem aprender novas técnicas para servir Macau”, vincou.

Por outro lado, o legislador indicou que se obtiverem experiência nas grandes obras, as empresas locais vão poder participar “nos projectos de construção de Zhuhai e de Hengqin, e até nos empreendimentos da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Bomba-relógio

Também o deputado e construtor Mak Soi Kun abordou a situação das obras, nomeadamente a necessidade de avançar com a renovação urbana. O legislador criticou ainda as construções antigas, devido à falta de qualidade.

“Os prédios com mais de 30 anos, tendo em conta o passar do tempo e os materiais e as técnicas de construção de pouca qualidade daquela época, apresentam uma qualidade muito inferior aos que existem actualmente, por isso, facilmente há infiltrações de água, desprendimento de betão e problemas estruturais”, defendeu o empreiteiro. “Se estes prédios não forem reparados atempadamente, poderão tornar-se em ruínas, transformando-se numa bomba-relógio na sociedade”, alertou.

Mak sugeriu assim que sejam tomadas medidas como a inspecção obrigatória dos edifícios com mais de 30 anos e que seja alterada a lei para que os trabalhos de renovação nos prédios sejam facilitados, quando precisam da aprovação do condomínio.

22 Nov 2018

Orçamento 2019 | Governo vai trabalhar em lei para empresas de capitais públicos

[dropcap]O[/dropcap] Governo quer criar uma lei para regular as empresas de capitais públicos e os trabalhos deverão arrancar durante o próximo ano, revelou ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, na Assembleia Legislativa, justificando a medida com a necessidade de aumentar a transparência na utilização das verbas públicas.

“Creio que no curto prazo vamos elaborar orientações internas para melhorar a situação financeira e o grau de transparência da utilização dos dinheiros públicos. Ainda em 2019 temos de começar a ver como vamos legislar uma lei para as empresas de capitais públicos”, afirmou Lionel Leong, durante o debate da proposta de Lei do Orçamento para 2019, aprovada na generalidade, por unanimidade.

O assunto tinha sido trazido para a discussão por deputados como Agnes Lam e Zheng Anting, que se mostraram interessados na fiscalização das empresas de capitais públicos. Contudo, Lionel Leong garantiu que companhias como Macau Investimento e Desenvolvimento, que investe num parque de Medicina Tradicional Chinesa na Ilha da Montanha, têm a sua contabilidade analisada por auditorias independentes por uma questão de transparência.

Segundo a proposta de orçamento, o Governo prevê ficar 19,04 mil milhões de patacas mais rico, no final do próximo ano, dado que estima que as receitas globais ascendam a 122,3 mil milhões de patacas (+13,3 por cento) e que as despesas atinjam 103,3 mil milhões de patacas (+2,2 por cento). Leong prometeu ainda “manter o montante das despesas abaixo da receitas”, uma exigência da Lei Básica, e apenas “gastar o necessário”.

Mais 1158 trabalhadores

Outro dos pontos discutidos foi o aumento no número de funcionários públicos contratados. Ella Lei tentou obter explicações para a razão de haver um aumento em cerca de 1158 trabalhadores. Segundo a deputada, os Serviços de Alfândega e a Polícia Judiciária, assim como o sector da saúde, serão os principais responsáveis pelo aumento.

Também José Pereira Coutinho abordou o assunto da contratação e questionou o facto do Comissariado Contra a Corrupção necessitar de mais 60 funcionários.

Na resposta, Lionel Leong explicou que as contratações são avaliadas por si, depois de ouvir os Serviços de Administração e Função Pública e que é sempre tida em conta a capacidade dos serviços para suportarem as despesas com o aumento dos trabalhadores. Por outro lado, o secretário para a Economia e Finanças deu uma prova de confiança aos colegas: “Acredito que os meus colegas são responsáveis”.

22 Nov 2018

Feriados | Deputados dos Operários juntam-se a protesto no domingo

Os dois deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau eleitos por sufrágio universal voltaram ontem a atacar o Governo na Assembleia Legislativa devido à polémica selecção de feriados no âmbito das mexidas à lei laboral e, no próximo domingo, saem à rua em protesto

Com Vítor Ng

 

[dropcap]A[/dropcap] luta continua. Após o ataque concertado, há uma semana, por parte de toda a bancada dos Operários contra o Governo devido à polémica em torno da transferência de gozo de feriados obrigatórios, Ella Lei e Leong Sun Iok voltaram ontem à carga durante o período de intervenções antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa (AL) e, no próximo domingo, juntam-se a um protesto no Jardim Vasco da Gama, confirmou o HM junto de um dos deputados.

No centro da polémica figura a chamada proposta “três em quatro” no âmbito das mexidas à lei laboral, à luz da qual três de quatro feriados obrigatórios podem ser gozados em dias de feriados não obrigatórios. A saber: Fraternidade Universal (1 de Janeiro), Cheng Ming (Dia dos Finados), dia seguinte ao Chong Chao (Bolo Lunar) e Chong Yeong (Culto dos Antepassados). Uma medida que a ala laboral recusa por entender que as garantias mínimas dos trabalhadores saem beliscadas.

Nas intervenções de ontem a tónica de ambos foi para as consequências que o nó górdio da selecção de feriados acarreta. “O Governo apresentou a proposta da ‘escolha de três em quatro’ e juntou-a a outras que já reúnem consenso social, caso da sobreposição de feriados e da licença de paternidade remunerada”, apontou Leong Sun Iok. “Esta medida atrasou significativamente o processo legislativo, desiludiu a parte laboral e não cumpre o compromisso assumido pelo Chefe do Executivo”, realçou.

Ella Lei bateu na mesma tecla: “Afinal, qual é o objectivo de se legislar esta proposta em pacote com as restantes alterações à lei? É para obrigar a parte laboral a optar entre duas propostas? Ou seja, aceitar a ‘escolha de três em quatro’ imposta pelo Governo ou abandonar a compensação para os feriados sobrepostos e a licença de paternidade?”

Concertação a 5 de Dezembro

Aos jornalistas, na AL, enquanto decorriam as intervenções antes da ordem do dia, o secretário para Economia e Finanças, Lionel Leong, insistiu que espera que as partes cheguem a acordo, apostando as fichas na reunião do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), convocada para o próximo dia 5 de Dezembro. “Esperemos que através da reunião, convocada para apresentarem as suas preocupações e opiniões, possam chegar a consenso o mais breve possível”, afirmou.

Lionel Leong realçou que tem mantido o diálogo com ambas as partes – laboral e patronal – e insistiu – em linha com a garantia dada na semana passada pelo Chefe do Executivo – que os direitos adquiridos dos trabalhadores não vão ser prejudicados. “Todo o trabalho prestado nos dias seleccionados de entre os feriados públicos será pago conforme o estipulado na lei, isto é a triplicar”, reiterou. Já sobre a possibilidade de tal condicionar a escolha dos trabalhadores – face à sua capacidade negocial perante os patrões –, Lionel Leong respondeu com uma pergunta: “Obviamente que ambas as partes têm opiniões diferentes. Como podemos minimizar as divergências?”

O secretário para a Economia e Finanças abriu, porém, a porta à possibilidade de separar a selecção dos feriados das restantes seis alterações à Lei das Relações de Trabalho, de modo a que os pontos consensuais – como a licença de paternidade remunerada possam seguir primeiro para a AL – se as duas partes se entenderem a respeito no seio do CPCS.

Com efeito, antes da reunião do CPCS, os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok vão juntar-se a um protesto, a ter lugar no domingo no Jardim Vasco da Gama, convocado nas redes sociais por um grupo denominado de aliança dos trabalhadores que estão contra a selecção de feriados. A informação foi confirmada por Leong Sun Iok ao HM: “Recebemos um convite do organizador e vamos participar porque a reivindicação é igual à nossa”.

22 Nov 2018

Carlos Marreiros nega ter copiado edifício no projecto da futura biblioteca

[dropcap]O[/dropcap] arquitecto Carlos Marreiros nega ter copiado o Auditório da Cidade de León na elaboração do projecto da futura biblioteca de Macau, que vai ser construída no edifício do Antigo Tribunal. Ontem surgiram várias publicações em diferentes grupos de conversa nas redes sociais, nas línguas chinesa e portuguesa, a comparar os dois projectos e houve mesmo alguns utilizadores a avançar a possibilidade de plágio.

Em declarações ao HM, o arquitecto negou haver qualquer cópia e admitiu não ter conhecimento do edifício que fica situado em Espanha. “Não sei que edifício é este. Eu posso ir investigar e mais tarde falar […] Uma coisa posso dizer para já: estou de consciência tranquila. Não imitámos edifício nenhum quando fizemos o projecto”, disse Carlos Marreiros. “Quem me conhece sabe que sou uma pessoa extremamente afirmativa, independente, criativa e original para não fazer uma coisa destas. Por amor de Deus!”, acrescentou.

Em termos geométricos, na “composição do bloco de cima” da nova biblioteca, Carlos Marreiros foi buscar inspiração à Capela de Notre Dame du Haut em Ronchamp (França), do arquitecto Le Corbusier. Uma obra que, explicou, se destaca por ter “uma parede muito espessa, com muitas janelas, com muitos buracos e os vãos com aquelas inclinações”.

O Auditório da Cidade de León foi inaugurado em 2002 e teve como arquitectos os espanhóis Luís Moreno Mansilla, já falecido, e Emilio Tuñon Álvarez. Em 2003 foi galardoado com o Prémio de Arquitectura Espanhola e foi finalista do Prémio Mies van der Rohe de Arquitectura Contemporânea da União Europeia. Este último foi um prémio que Siza Vieira conquistou em 1988, com a sede do Banco Borges e Irmão, em Rio Ave.

O ateliê do arquitecto Carlos Marreiros foi o escolhido para desenhar a nova biblioteca central de Macau, que vai ocupar o edifício do Antigo Tribunal (na Avenida da Praia Grande) e a ex-sede da Polícia Judiciária (na Rua Central).

Por este projecto, o arquitecto vai receber 18,68 milhões de patacas e terá um prazo de execução de sensivelmente nove meses. A futura biblioteca, de 11 andares e 45 metros de altura, vai ter capacidade para acolher até um milhão de livros, oferecendo 1.125 lugares sentados nos espaços dedicados à leitura. Estão também previstos espaços lúdicos, como um anfiteatro, sala de exposições e um café, com aproximadamente 800 lugares.

22 Nov 2018

Memória | Urso Bobo morreu aos 35 anos e vai ser embalsamado

Era para ter terminado no prato de um restaurante, mas quis o destino que fosse salvo e colocado no Jardim da Flora. Ao longo de mais de 30 anos, o urso Bobo foi uma das principais atracções dos passeios de domingo para várias gerações. Mas ontem, com 35 anos, foi declarado morto devido à degradação da sua saúde

 

[dropcap]O[/dropcap] urso Bobo morreu ontem de manhã, depois de quase 35 anos a viver no Jardim da Flora, onde era a principal atracção para as crianças. Na segunda-feira à noite o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já tinha emitido um comunicado a alertar para a degradação de saúde do animal, que já mal conseguia comer, e ontem confirmou a sua morte, que ocorreu por volta das 11h00.

“O nosso urso-asiático Bobo morreu esta manhã [ontem] às 11h00 e tal. O urso-asiático normalmente vive 30 anos, mas o nosso morreu com 35”, disse Isabel Jorge, administradora do Conselho de Administração do IACM. “Nos últimos dias a situação de saúde dele piorou e ficou mais fraco. Os nossos tratadores e veterinários acompanharam de perto a situação, mas esta manhã faleceu”, acrescentou.

Em cima da mesa está agora a possibilidade de Bobo ser embalsamado, numa medida para sublinhar a importância das espécies em vias de extinção. O urso-preto asiático é uma espécie considerada vulnerável, a categoria menos grave das espécies ameaçadas.

“Queremos continuar com o trabalho da protecção e conservação dos animais, e em princípio o corpo do nosso urso vai ser embalsamado. Depois vamos colocá-lo num jardim, mas ainda não sabemos qual”, explicou a responsável.

Em relação ao Jardim da Flora, o espaço vai continuar a receber animais, mas de pequeno porte. Segundo Isabel Jorge entre as espécies consideradas para continuar a levar as crianças ao jardim está o porquinho-da-índia.

Muito bem acolhido

Foi em 1984, segundo os registos do IACM, que o urso Bobo foi salvo. Na altura, o ursinho tinha menos de um ano e estava numa pequena jaula, à porta de um restaurante, na Rua da Felicidade. Harald Bruening, director do jornal Macau Post Daily, deu o alerta às autoridades.

“Nos meados dos anos 80, estava com um grupo de jornalistas, o ex-director do Va Kio, Chiu Iu Nang, e Adam Lee, que na altura era o correspondente no South China Morning Post. Estávamos a passar na Rua da Felicidade e a certa altura vimos uma concentração de pessoas à frente de um restaurante, porque estava ao pé da porta uma jaula muito pequena com um ursinho bebé”, recordou Bruening, ao HM. “Era uma atracção, mas todos sabíamos que o destino dele ia ser a cozinha. Por isso, e devido às condições em que estava a ser mantido, havia muita gente chocada”, relatou.

Como o alemão domina a língua portuguesa, na altura Chiu e Adam pediram-lhe para falar com as forças de segurança locais. Foi o que Bruening fez, embora o que se seguiu não tivesse sido simples. Isto porque em 1984 não havia uma lei de protecção dos animais, e Bobo só pode ser apreendido devido ao facto do restaurante não ter licença para importar animais daquele género.

“Falei com as forças de segurança, que me explicaram que não podiam fazer nada. Só que no mesmo dia prometeram-me que iam falar com o Leal Senado. Depois disso, não houve novidades nos dias seguintes, mas mais tarde o ursinho foi colocado no Jardim da Flora”, contou. “Se bem me recordo, o animal pode ser apreendido pelo IACM porque o restaurante não tinha licença de importação”, recordou.

Foi também no Jardim da Flora que o pequeno urso ganhou o nome de Bobo. Era esta a forma de tratamento das crianças que o visitavam e que com o tempo foi adoptada.

Jaula maior e companheira

Com o passar dos anos, as condições para o urso Bobo melhoraram, principalmente em 2000. Além de um espaço maior, com um lago para nadar, o urso recebeu igualmente uma companheira vinda do Interior da China. O casal nunca procriou e a fêmea acabaria por morrer após alguns anos, devido a dificuldades em adaptar-se às condições do clima de Macau.

Agora, com 35 anos, foi a vez do urso-negro asiático morrer, numa altura em que já muito raramente aparecia no exterior da sua jaula. A partir de hoje, o IACM vai manter uma zona junto à jaula de Bobo para que as pessoas façam as suas despedidas. Já ontem tinham sido instaladas flores brancas junto à estátua de Bobo.
Após ter sido revelada a morte do urso, o HM ouviu alguns residentes que se encontravam no Jardim da Flora. “Quando era nova via sempre o Bobo, agora como tenho uma filha também costumava levá-la de vez em quando para o ver”, disse Cheang, funcionária, com cerca de 30 anos, de uma loja de roupa à entrada do jardim, ao HM. “Não posso dizer que tenha um sentimento muito especial em relação ao Bobo, mas claro que lamento a sua morte. Também acho que a população costumava visitá-lo, mas não se pode dizer que o apreciasse verdadeiramente”, acrescentou.

Para Lei, moradora local com 50 anos, o urso Bobo está muito presente no imaginário de Macau. “É verdade que ele nos últimos tempos já não aparecia muito do lado de fora da jaula. Mas muita gente fazia questão de visitá-lo, quando passavam no jardim. Acho que faz parte da memória das pessoas que vivem em Macau”, considerou.

Opinião semelhante foi partilhada pelo jovem Wong, com cerca de 30 anos: “É uma notícia triste. O Bobo faz parte das memórias de infância das pessoas que cresceram em Macau. Ele acompanhou o crescimento de várias gerações e eu não fui excepção”, contou, ao HM. “Quando era pequeno vinha sempre aqui para visitá-lo e por isso hoje sinto-me triste com esta notícia”, finalizou.

21 Nov 2018