Fórum Macau | Think Tanks discutem desenvolvimento, segurança global e vias de cooperação

Realizou-se ontem o “Fórum dos Think Tanks entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, no Fórum Macau. Sob os temas do desenvolvimento e segurança global, 18 palestrantes apontaram caminhos para a convergência entre a China e mundo lusófono, com Macau a desempenhar o papel de elo de ligação. Num contexto de convulsões geopolíticas, um naipe alargado de académicos discorreu sobre possíveis pontes, além do comércio

 

“As portas da China não vão fechar, muito pelo contrário. Vão estar cada vez mais abertas”, indicou o comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM, Liu Xianfa, no discurso de abertura do “Fórum dos Thinks Tanks entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

O evento, que decorreu ontem no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, juntou académicos chineses e dos países de língua portuguesa (PLP) sob o tema: “Com base na plataforma de Macau, impulsiona-se uma cooperação mais estreita entre a China e os Países Lusófonos nesta Era Nova”.

O responsável do Comissariado dos Negócios Estrangeiros (MNE) da China em Macau afirmou que o desenvolvimento e a segurança devem ser as duas prioridades para uma nova agenda da cooperação sino-lusófona na era pós-pandemia.

O comissário lembrou que as prioridades foram definidas pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como iniciativas globais, argumentando que é necessário “aprofundar a cooperação” com os países lusófonos nestas vertentes, de forma a “aumentar a confiança mútua, política”.

Liu Xianfa começou por destacar “a via acelerada de cooperação com os países de língua portuguesa” desde o início do século, para concluir: “Temos diferentes culturas e tradições, mas o desejo comum de seguir um caminho pacífico”.

O comissário lembrou o percurso “de sucesso” chinês, baseado no “socialismo com características chinesas”, mas também os mais de 67 mil milhões de euros que os países lusófonos garantiram em exportações para a China no primeiro semestre deste ano, dados que, defendeu, justificam um esforço futuro em dar novo fôlego à cooperação entre as duas partes.

Uma das ideias partilhadas foi a criação de “massa cinzenta” conjunta composta por think tanks dos países envolvidos, que funcionem como um sub-fórum que proporcione apoio intelectual ao Fórum Macau na concretização dos seus planos de acção.

“Acreditamos que o fórum vai criar novas ideias e aprofundar o intercâmbio e aprendizagem mútua, contribuindo para o pleno desempenho do papel de Macau como plataforma e para a elevação do nível de cooperação entre a China e PALOP sobre o desenvolvimento”, referiu Liu Xianfa.

Seguir seguro

Depois do mote dado pelo comissário do MNE em Macau ter sublinhado alguns dos sucessos e “milagres” alcançados pela República Popular da China nas últimas décadas, Xu Yingming, da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação, do Ministério do Comércio, afirmou que o desenvolvimento da China pode servir de guião para países em via de desenvolvimento para reduzir a pobreza, aumentar a vitalidade económica.

“Por razões históricas os países de língua portuguesa partilham a mesma língua e relações especiais entre si. Ao mesmo tempo, tanto a China como estes países estão em vias de desenvolvimento e enfrentam oportunidades e desafios. A China e estes países complementam-se e, nos últimos anos, o comércio entre estes países bateu recordes histórias, com diversificação das áreas de investimento”, adiantou. O académico acrescentou que a “segurança é uma garantia para a cooperação entre a China e os PLP e um pré-requisito para o desenvolvimento, prosperidade e estabilidade”.

A ideia foi partilhada por Osvaldo Mboco, decano da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UTANG – Universidade Técnica de Angola, que como a maioria dos palestrantes participou na discussão através de videoconferência. O docente sustentou que a “problemática da segurança” nos países de língua portuguesa em África mina as relações entre os Estados, sobretudo a nível económico.

Osvaldo Fernando Mboco ressalvou, por um lado, que “sem segurança dificilmente se pode alcançar o desenvolvimento”, mas recordou, por outro, que é necessário antes de mais definir o tipo de segurança que está em causa, assinalando, contudo, que, actualmente, “a grande preocupação é política ou de estabilidade política dos próprios Estados”.

O académico destacou casos como o da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e Angola, que vivem casos distintos de insegurança. Se Cabo Verde é politicamente estável, “mas sem uma economia pujante”, se na Guiné-Bissau existe “instabilidade política”, Moçambique vive “a ameaça terrorista em Cabo Delgado”, já Angola carece de segurança alimentar, fruto da recessão económica que data já de 2014, assinalou.

Um cenário que o leva a concluir que “a segurança é estruturante para qualquer tipo de desenvolvimento” e que esta “problemática (…) no continente africano põe em causa” a cooperação sino-lusófona.

Osvaldo Mboco sustentou igualmente que China e Angola têm de mudar o modelo de relações económicas, afirmando que “é preciso alterar a configuração das relações entre a China e o Estado angolano”, de forma a permitir a criação de unidades de fabrico, mais emprego e um maior volume de negócios, bem como a transferência de know-how. Contudo, avisou que, para que isso aconteça, “o Estado angolano tem de mudar o ambiente de negócios”, mais propício ao investimento estrangeiro.

Mensagem para dentro

Numa tarde em que também Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, discursou perante uma plateia de notáveis, o secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum Macau, Paulo Rodrigues Espírito Santo não deixou de colocar o dedo na ferida das políticas restritivas de combate à pandemia.

O responsável e antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe lamentou que actualmente os cidadãos da África lusófona tenham sido excluídos da lista de países a cujos nacionais é permitida a entrada no território desde o início do mês.

Paulo Espírito Santo afirmou que “a não inclusão na lista” dos países africanos lusófonos “não beneficia a cooperação”, até porque, alegou, estes Estados “têm a pandemia sob controlo”.

Recorde-se que desde 1 Setembro é permitida a entrada de cidadãos de 41 países em Macau, incluindo o Brasil, ainda que obrigados a cumprir uma quarentena. O secretário-geral Adjunto do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de São Tomé e Príncipe pediu ainda às autoridades de Macau para reverem a decisão “para se ir ao encontro da mais elementar justiça”.

“Assim, rogamos bons ofícios por parte do Governo da RAEM, no sentido do alto da sua sabedoria e elevado critério, reveja tal decisão… A plataforma não pode estar fechada em si mesma, sob pena de se tornar redutora, devendo ter a agilidade e perícia de interagir de forma mais dinâmica com os demais países e regiões vizinhos”, afirmou o responsável

O tom do discurso, contudo, foi marcado pelo sublinhar das oportunidades que têm sido abertas à comunidade lusófona, pelo menos desde o início do século, com a criação do Fórum Macau, e pela necessidade de se continuar a reforçar a cooperação e a potenciar o papel de Macau enquanto plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. É preciso continuar “a atrair novos negócios diferenciados de base lusófona e “atrair investidores lusófonos”, salientou.

Ideias para o futuro

Seguindo a linha de raciocínio do dirigente do Fórum Macau, que afirmou não ser “perceptível o cabal aproveitamento pelos empresários locais da China e dos PLP” do “enorme esforço para conceber e materializar estas estruturas” feito pelo Governo da RAEM, José Luís Sales Marques e Rui Gama sugeriram alguns caminhos.

O sub-director da Academia Sino-Lusófona da Universidade de Coimbra, destacou elementos de fomento de cooperação que vão além da balança de comércio externos e dos aspectos económicos. “Diria que a importância é maior do que a simples leitura dos dados, porque está associada à diversidade e complementaridade das economias, o potencial de especialização e vantagens competitivas que decorrem da inserção regional dos países, e do capital de conhecimento existente que está associado a este longo passado comum”, apontou o académico.

O docente destacou as parcerias nos domínios científico, tecnológico e empresarial, mobilizando actores de diferentes esferas nos sectores estratégicos que têm sido associados ao papel de Macau enquanto ela de ligação.

Podem ser criados projectos de investigação aplicada nas áreas de ciência de fronteira. “Se pensarmos na transversalidade do sector da saúde do ponto de vista das áreas científicas e o que são projectos em curso na universidade (Universidade de Coimbra) temos uma oportunidade única no que pode ser o avanço para outras áreas de futuro.

Outra da valência a explorar seria a “formação e capacitação das pessoas para responder a estas mudanças societais em curso”, no sentido de “antecipar o futuro em áreas ainda desconhecidas”.

José Sales Marques começou por apontar a recessão em que Macau está desde 2019 e o “impacto negativo para Macau”, que é extremamente elevado e para o qual contribuiu o peso do sector do jogo e a dependência quase exclusiva do turismo e do mercado chinês.

Face à evidência de que a diversificação da economia de Macau não tem sido alcançada, o presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau sublinhou a importância do investimento na investigação, desenvolvimento e fabrico de produtos de medicina tradicional chinesa, sobretudo através de investimentos realizados na zona de cooperação aprofundada de Hengqin. Área em que o académico entende que Macau tem condições para ser referência. Outras áreas dignas de aposta é o sector das finanças modernas e as indústrias culturais e do desporto.

13 Set 2022

Escolas vão ter equipas para acompanhar alunos com problemas psicológicos

As escolas de Macau vão ter neste ano lectivo equipas dedicadas ao acompanhamento de alunos com problemas psicológicos. Foram destacados quase 400 “agentes de aconselhamento” para prestar apoio psicológico a alunos cujas rotinas foram afectadas pela pandemia. Participação no deporto escolar vai exigir vacinação e testes

 

As escolas do ensino não superior de Macau vão contar a partir deste ano com grupos dedicados ao acompanhamento da saúde mental e física dos alunos, depois de dois anos lectivos fortemente condicionados pela pandemia e as restrições para a conter. Esta foi uma das novidades anunciadas no final da reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, que se realizou ontem.

O responsável da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) pelo Ensino Não Superior, Luís Gomes, destacou a importância de reforçar o apoio à saúde mental e física dos alunos depois de sucessivos anos lectivos fortemente afectados pela pandemia, que forçaram ao cancelamento de actividades escolares e desportivas, assim como às aulas em forma online e ao fim abrupto do ano lectivo. Assim sendo, o Governo criou o “Grupo de trabalho de acompanhamento da saúde mental e física dos jovens – Transportar o amor”, cujo início de actividade está previsto para este ano.

“No total, temos 373 agentes de aconselhamento nessa equipa. Estes agentes têm de ter formação em psicologia ou serviço social. Os psicólogos experientes têm de receber formação, além de lhes ser exigidos determinados anos de experiência para poderem prestar este tipo de serviços de aconselhamento”, revelou ontem Luís Gomes.

O Chefe de Departamento do Ensino Superior adiantou que o grupo de trabalho é o culminar de esforços de várias entidades, como instituições sociais, associações de estudantes, escolas e instituições de aconselhamento. Os “agentes de aconselhamento” são também docentes e pessoal destacado por associações.

Uma das questões fundamentais será detectar alunos de alto risco. Neste capítulo, Luís Gomes afirmou que irá caber aos docentes e pessoal escolar ter atenção à como forma como os alunos agem, assim como identificar comportamentos que podem resultar de “emoções negativas”.

Luís Gomes revelou ainda que a constituição deste grupo de trabalho estava prevista para o ano passado, mas a evolução da pandemia ditou o seu atraso.

Preparados para tudo

Com o novo ano lectivo, recomeçam também as actividades recreativas e de desporto escolar, e com elas um plano de prevenção epidémica. “Como sabem, tivemos um surto em Junho. Por isso, elaborámos um plano. Felizmente estamos numa fase de abrandamento, mas não podemos baixar a guarda. A taxa de transmissão da covid-19 é muito alta e temos um plano de contingência preparado”, afirmou o responsável da DSEDJ.
De resto, as competições de desporto escolar vão ter medidas adaptadas consoante o número de estudantes envolvidos. Uma mensagem acabou por ser transversal durante a conferência de imprensa de ontem: o apelo à vacinação dos estudantes.

Para os alunos que tenham tomado duas doses da vacina, é-lhe exigido um teste de ácido nucleico feito 48 horas antes do primeiro dia de competição, com o Governo a assumir os custos. No cômputo geral, todos os alunos que participem em competições têm de fazer teste rápido antes das competições (os kits são fornecidos pela DSEDJ).

Os estudantes que não tiverem vacinação completa, duas ou mais doses, têm de pagar o teste de ácido nucleico.

Nesse aspecto, Luís Gomes referiu que apenas tem os números do ano passado quanto à taxa de vacinação. “Até Fevereiro, a taxa de vacinação na faixa etária entre 3 e 11 anos de idade era de 85 por cento e 90 por cento para alunos entre 12 e 18 anos. Só vamos ter dados mais recentes quando analisarmos as matrículas deste ano lectivo, na segunda metade de Outubro.”
Os dados sobre a taxa de vacinação não contemplam a inoculação completa, ou seja, de duas ou mais doses administradas, incluindo alunos que apenas receberam uma dose da vacina. Porém, Luís Gomes acrescentou que depois de Maio muitas crianças entre 3 e 11 anos tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19, elevando a proporção dos alunos com a vacinação completa.

Ainda assim, o chefe de departamento referiu que as medidas anti-pandémicas para participar nas competições escolares e frequentar aulas são mais flexíveis em Macau do que em Hong Kong.

9 Set 2022

Varíola dos macacos | Hong Kong regista primeira infecção

As autoridades de saúde de Hong Kong anunciaram ontem a primeira infecção de varíola dos macacos. O paciente é um residente de 30 anos que está a ser tratado em isolamento no Queen Mary Hospital. Antes de chegar a Hong Kong na segunda-feira, o indivíduo visitou o Canadá, Estados Unidos e Filipinas

 

Foi ontem anunciado a primeira infecção de varíola dos macacos em Hong Kong. Segundo as autoridades de saúde da RAEHK, o paciente é um residente de 30 anos de idade, que chegou a Hong Kong na segunda-feira directamente para quarentena no Ramada Harbour View Hotel, em Sai Ying Pun. No dia em que deu entrada no quarto para cumprir o isolamento obrigatório aparentava boa condição de saúde, apesar de já sentir dores de garganta.

No entanto, segundo as autoridades de saúde, desde o dia 30 de Agosto sentia comichões e irritação na pele, e a partir do dia 2 de Setembro que evidenciava inchaço nos gânglios linfáticos. Finalmente, a sua condição piorou na terça-feira e foi admitido no Queen Mary Hospital, onde lhe foi diagnosticada varíola dos macacos, ficando isolado a receber tratamento.

Foi ontem adiantado que antes de embarcar num voo nas Filipinas, com destino a Hong Kong, o homem esteve no Canadá e nos Estados Unidos.

O médico do Centro de Protecção de Saúde (CHP na sigla em inglês) Chuang Shuk-kwan não teve dúvidas em afirmar que o paciente fora exposto ao vírus no estrangeiro. “Com base nas datas em que os sintomas se começaram a sentir, tendo em conta o período de incubação e actividades de alto risco, suspeitamos que o paciente tenha sido infectado durante a estadia nos Estados Unidos”, afirmou o médico, citado pela emissora RTHK.

Identificação à chegada

A Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou que, com base em surtos observados em múltiplos países, os pacientes identificados como infectados por varíola dos macacos são principalmente, mas não exclusivamente, homens que têm relações sexuais com outros homens.

No entanto, a OMS realça que o vírus se propaga através do contacto próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, tais como roupa de cama. No fundo, qualquer pessoa que tenha um contacto próximo com pessoas infectadas pode apanhar o vírus independentemente da sua orientação sexual.

O dirigente do CHP, Edwin Tsui, disse que é difícil detectar casos de varíola dos macacos nas chegadas ao aeroporto.

Não foram identificados contactos próximos do doente, mas as autoridades alertaram os passageiros que viajaram no mesmo voo para Hong Kong que o homem infectado para estarem atentos ao desenvolvimento de possíveis sintomas.

8 Set 2022

Segurança nacional | Wong Sio Chak diz não ser necessário ajustar penas máximas

Rever a lei da segurança nacional não irá implicar, necessariamente, penas mais graves. Wong Sio Chak indicou que a maioria dos novos crimes terá molduras penais inferiores a 10 anos de prisão. Além disso, o governante afirmou que fazer “likes” ou partilhar conteúdo nas redes sociais não é um crime, mas pode revelar problemas ideológicos e é motivo de alerta

 

A revisão da lei relativa à defesa da segurança do Estado não irá resultar no agravamento das penas de prisão, garantiu Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, na sessão de consulta pública que decorreu no sábado e contou com a presença de mais de 200 pessoas, e ontem em comunicado.

O gabinete do secretário para a Segurança sublinhou ontem que, em relação aos “novos crimes que se pretendem acrescentar, a moldura penal da maior parte deles é inferior a uma pena de prisão de 10 anos”.

Aliás, o governante contextualiza recordando que “crimes mais graves contra a segurança do Estado, que se encontram actualmente previstos” na lei, têm molduras penais entre 10 e 25 anos.

A reacção de Wong Sio Chak surgiu um dia após o jornal Ou Mun ter feito capa sobre a sessão de consulta pública referindo que a maioria dos novos delitos penais considerados na revisão legal teria penas máximas de 10 anos. O Governo respondeu, afirmando que Wong Sio Chak “nunca referiu que a moldura penal máxima de todos os crimes” será “ajustada, de forma uniforma, para 10 anos.

Além disso, o governante acrescenta que “no documento de consulta da revisão da lei, também não existe qualquer redacção em que se proponha ajustar, de forma uniforme, a moldura penal relativa aos crimes vigentes contra a segurança do Estado”.

Em praça pública

Wong Sio Chak também mencionou a questão das actividades nas redes sociais que podem ser consideradas problemáticas à luz da defesa do Estado. Se antes o tema foi abordado com os funcionários públicos em foco, desta vez o secretário alargou o espectro, mas relativizou a situação. “Na realidade, fazer like ou partilhas nas redes sociais não é um crime, mas é um comportamento que pode revelar problemas de mentalidade e ideologia”, indicou o secretário, de acordo com o canal Macau da TDM.

Tendo em conta a dimensão de Macau e o facto de as redes sociais serem abertas e públicas, não é complicado saber quem tem posições políticas problemáticas, à luz da lei. “Macau é muito pequeno, as pessoas conhecem-se. Muitas vezes já sabemos se a pessoa pratica um acto, ou não. É muito fácil descobrir”, afirmou Wong Sio Chak, acrescentando que se for caso disso, em fase de investigação de um crime, é necessário seguir os procedimentos legais para aplicar a lei.

Porém, além da actividade nas redes sociais, o governante realçou a importância “de se conhecer bem o que é a defesa da segurança nacional”. “Se uma pessoa achar que deve encorajar ou incentivar actos contra a segurança do estado, ou se for algo que estiver na moda, isso não é um bom fenómeno. Não gostaríamos de ver as pessoas terem esta mentalidade, é um motivo de alerta. Precisamos de ter mais cautela. Não há dúvida que a sensibilização e educação vão ser as nossas principais tarefas prioritárias.”, acrescentou Wong Sio Chak.

O governante sublinhou que a defesa da segurança nacional “é não só uma responsabilidade constitucional da RAEM, mas também responsabilidade legal de toda a população chinesa, incluindo os residentes de Macau”.

Os dois lados

Outros dos temas abordados no sábado foi a questão da possibilidade de extradição. O secretário para a Segurança indicou que o Tribunal de Última Instância estipulou no passado que sem acordo de cooperação judiciária não é possível extradição. Wong Sio Chak especificou que a falta de acordo cooperação judiciária com a China tem de ser resolvida, mas que apesar de não ser possível a extradição para o Interior da China, existem outras formas de fazer sair eventuais condenados de Macau.

“Não podem ser feitas entregas, mas expulsar uma pessoa ou não deixar alguém entrar em Macau é outro assunto, é diferente da entrega ao abrigo do acordo de cooperação judiciária”. O secretário indicou que antes de ser assinado um acordo de cooperação judiciária com o Interior da China é preciso proceder à “uniformização dos princípios e critérios” legais.

Apesar de não ser contemplada na revisão da lei de segurança nacional, a lei de combate ao terrorismo vai ser revista. Wong Sio Chak indicou que a evolução das “os meios para praticar actos terroristas sofreram muitas mudanças”, o que obriga o Governo a rever o diploma de combate ao terrorismo.

5 Set 2022

Tiago Bonucci Pereira: “Não tenho dúvidas em relação ao interesse de empresas portuguesas em vir para cá”

Apesar de ter sido fundada há pouco tempo, e com uma pandemia a mudar o mundo pelo meio, a Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía criou mais um elo numa amizade secular entre Portugal e China. Tiago Bonucci Pereira, um dos fundadores da associação, dá conta dos laços e interesses comuns que aproximam empresas e instituições dos dois lados do mundo na construção do projecto da Grande Baía

 

Como surgiu a ideia de criar a Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía?

Foi no Verão de 2019, numa conversa entre amigos, com o Miguel Lemos Rodrigues. Falámos sobre o assunto. A ideia era criar uma associação para fomentar a interacção entre Portugal e a China, através da Grande Baía, com Macau como canal de ligação. Discutimos o assunto, fizemos um levantamento sobre as outras associações e organizações que já existiam. A ideia, desde o princípio, foi complementar aquilo que já existia e estava estabelecido e trabalhar em colaboração com outras associações e instituições.

Tendo em conta a tenra idade da associação, quais são os vossos primeiros focos de acção?

Queremos atacar em várias vertentes, mas sem misturar as coisas. O plano empresarial, com certeza, é um dos focos de acção, mas também o plano cultural e institucional, nas muitas variedades que isto engloba tendo em conta os diferentes pontos de possível colaboração entre Portugal e China na zona da Grande Baía. O projecto da Grande Baía está muito baseado na questão da inovação, factor ao qual não é indiferente a evidência de que a província de Guangdong tem estado na linha da frente na China desde há décadas. O projecto, além da integração, é fundado na ideia de ser uma zona de inovação por excelência. Estes objectivos vão de encontro à estratégia portuguesa, por exemplo, a Indústria 4.0 e a aposta nas indústrias de valor acrescentado.

Além da vertente empresarial, existem outros pontos comuns.

Sim, claro. As questões ligadas ao mar abrem outro foco de união entre todos os países de língua portuguesa, mas também com a Grande Baía. Há trabalho académico e científico importante, ao nível da investigação, a ser feito nesta zona. Estamos a falar de trabalho encarado de uma forma muito prática. Além disso, outro aspecto muito importante para a zona da Grande Baía prende-se com as alterações climáticas. Estamos numa região de monções e as alterações climáticas vão trazer a subida das águas do mar. Em termos de recursos, isso nunca foi um problema em Guangdong, que é das províncias chinesas com mais recursos hídricos. Mas a questão do aquecimento global é importante, é uma questão fundamental. Já para não falar depois da ramificação para as áreas da energia. Portanto, existem aqui muitas possibilidades e áreas de possível colaboração.

Qual será o papel da Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía nestes domínios?

A nossa associação quer contribuir para que haja cooperação nestas áreas, mas sem misturar as coisas. Queremos que cada actividade esteja focada em determinado assunto.

Como encara as acções da associação neste curto período de vida?

É um bocado difícil fazer uma avaliação em tão pouco tempo de actividade. Falando com base apenas naquilo que fizemos até agora, a resposta tem sido positiva. Organizámos um evento em Fevereiro, em colaboração com a Fundação Rui Cunha, a Câmara de Comércio de Indústria Luso-Chinesa e a Associação Nacional de Jovens Empresários de Portugal. O evento ocorreu em simultâneo aqui em Macau e em Portugal e o feedback foi de grande entusiasmo com o projecto. Agora, tudo isto está constrangido pelas limitações que estamos a viver ao nível das viagens. Muitas pessoas, nomeadamente empresários, contactaram a nossa associação com vontade e curiosidade para vir cá explorar as possibilidades desta zona. Mas as circunstâncias impedem que isso aconteça. Aliás, temos planos nesse sentido, queremos trazer cá pessoas, mas isso, por enquanto, ainda não é viável. Mesmo com a possibilidade de fazer quarentena, isso não é realista.

Num cenário pós-pandémico, quais são os planos da associação?

Queremos trazer cá empresários portugueses e instituições, em colaboração com outras entidades e instituições congéneres como a nossa e atrair empresários da Grande Baía que queiram visitar Portugal, conhecer as empresas e instituições portuguesas. Consideramos que a cooperação institucional pode ser muito importante, nomeadamente em Macau e Hengqin. A colaboração ao nível de instituições de investigação e desenvolvimento, é uma parte muito importante do projecto e dos objectivos da associação e Cantão é líder nestas áreas. Investigação e desenvolvimento estão fortemente ligados à inovação. A cooperação institucional nestas áreas pode ser de muito interessante para explorar, até na criação de incubadoras e spin-offs, ou na promoção de colaboração de pequenas e médias empresas de Portugal e de cá. A ideia é contribuir para criar estas ligações e sinergias nesse sentido, tanto ao nível empresarial como ao nível institucional.

No contexto de relações institucionais, o que poderia ser melhorado a nível de políticas que facilitem circulação de bens e pessoas no espaço da Grande Baía? Que papel a associação pode ter, enquanto elo entre sectores decisórios?

É uma questão pertinente. Claro que não é o lugar das associações e das instituições definir estratégias possíveis para fazer face a isto. O papel que podemos ter é fornecer feedback e opiniões às instituições da Grande Baía, que estão a trabalhar isto. Esta é uma questão que faz parte do projecto. Ainda no passado mês de Maio, no 13º Congresso do Partido Comunista da província de Guangdong, isso foi um assunto discutido. Definiram-se estratégias para os próximos cinco anos na província e a questão de como estabelecer plataformas de comunicação e interacção num cenário em que temos três jurisdições diferentes é um desafio em si. Isso faz parte do projecto de integração que a Grande Baía representa. Julgo que à semelhança daquilo que tem sido a evolução institucional chinesa ao longo das últimas décadas, vai ser um processo de “tentativa e erro”, por assim dizer. Será um processo de ajuste de acordo com a forma como as coisas correrem. Mas essa é uma questão exclusivamente do âmbito das instituições chinesas. Nós estamos aqui para dar feedback e contribuir nesse sentido. A convicção existe, este projecto da Grande Baía, sendo que é um projecto com uma dimensão interna importante, também pretende atrair investimento, empresas e talentos estrangeiros. Uma das ideias do projecto é que esta região seja uma zona de interacção e inovação. Portanto, é certo e desejável da parte das instituições chinesas que venham empresas e investidores do estrangeiro, contribuam para o desenvolvimento desta região. Tudo vai passar por aí.

Como encara as possibilidades que Hengqin representa para as instituições portuguesas?

Acho que as características de Macau fazem com que a estratégia para a Ilha da Montanha ofereça uma possibilidade de cooperação muito forte, tanto ao nível técnico, como empresarial e cultural. É aí que acho que se pode estabelecer uma ponte entre a China e os países de língua portuguesa. Hengqin pode ter um papel muito importante nessa área. Temos o exemplo de Xangai, aí o papel está bem definido, enquanto plataforma para estabelecimento de uma indústria de serviços moderna, em que é clara a promoção de interacções numa zona povoada por empresas apostadas nesses sectores. Em Hengqin, as coisas parecem ainda não estar assim tão bem definidas, mas julgo que seria um bom começo apostar na cooperação institucional, na cooperação em investigação, e na colaboração ao nível dos sectores das artes e da cultura.

Qual o papel da língua portuguesa, enquanto factor agregador e cultural, para vender um pouco de Portugal na Grande Baía, e da Grande Baía em Portugal?

Há pessoas que têm feito trabalho importante nessa área, como o professor Carlos André, mas também instituições como o This Is My City, que tem feito um trabalho muito importante nessa área, a CURB também é outra instituição a desenvolver um trabalho muito importante. O papel de Macau enquanto plataforma de interacção entre a China e os países de língua portuguesa é algo que tem aparecido em sucessivos planos quinquenais da China. Portanto, não há dúvidas em relação à vontade política para que Macau desempenhe esse papel. Claro que, nesse sentido, a língua portuguesa e a interacção cultural é algo muito importante para a presença portuguesa nesta zona e algo que é bem-vindo cá. Porém, isto tem de ser trabalhado. Julgo que instituições como as que referi devem ser apoiadas, porque estão a fazer um excelente trabalho e seria fundamental fomentar a continuidade desses projectos. Todas as actividades que apontam nesse sentido de estabelecer e fortalecer laços culturais devem ser apoiadas. Outra instituição que está a fazer um papel muito importante nessa área é a associação Amigos da Nova Rota da Seda. Nós estamos a planear uma actividade conjunta em breve, daqui a uns meses.

Como classifica a presença institucional e empresarial de organizações portuguesas nas cidades da Grande Baía?

Quem poderia responder melhor a esta questão seria o Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), tanto em Macau como em Cantão. Diria que é difícil falar disso neste momento, porque claramente havia uma tendência crescente da presença de instituições e empresas portuguesas até 2020, mas nos últimos anos é um bocado difícil falar disso. Ainda assim, não tenho dúvidas em relação ao interesse de empresas portuguesas em vir para cá. É inevitável que esse interesse continue a crescer e tenho a certeza que serão muito bem-recebidas.

Como analisa a evolução do interesse das instituições portuguesas em fomentar laços com as congéneres chinesas?

Não tenho dúvidas nenhumas em relação a esse interesse, particularmente da parte das instituições portuguesas, com certeza. Recordo-me das palavras do então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na nossa conferência de apresentação que reiterou que as relações entre Portugal e China são muito boas, porque ambas as partes percebem muito bem a posição de cada uma. Percebem que têm características diferentes em termos de sistema política, etc., mas existe um respeito mútuo, que não é de agora, mas que persiste desde sempre, com relações que duram há séculos e que são para continuar. Essa proximidade tornou-se evidente face a acontecimentos recentes. Lembro-me, por exemplo, de uma polémica com o embaixador norte-americano em Portugal. Na altura, a resposta do Governo português foi clara em relação à forma como não haveria qualquer influência possível no que concerne às relações entre Portugal e a China. Noutro plano também tivemos a aquisição de 30 por cento da Mota Engil por parte da China Communications Construction Company há cerca de um ano.

Nem mesmo crispações no cenário geopolítico podem colocar entraves a esta relação.

Não acredito nisso. Claro que é óbvio que existe uma fricção entre Estados Unidos e China há alguns anos, e aconteceram algumas discussões ao nível da União Europeia, sim senhor, mas isso não beliscou as relações entre Portugal e a China. A China vai ser a maior economia do mundo provavelmente até ao final da década. Representa a vários níveis o maior mercado do mundo. Por exemplo, nas energias renováveis vão representar cerca de 40% do mercado de painéis solares até ao final da década. É um parceiro económico ao qual não existe escapatória. Mas além desta realidade, existem relações de amizade que persistem há muito tempo, não há razões nenhumas para meter isso em causa.

Como analisa o papel do Governo de Macau e das instituições neste cenário de relações entre países?

Em relação ao Fórum Macau, é uma instituição cujo espaço de manobra é definido pelos países participantes. Não me cabe a mim tecer qualquer tipo de comentário. Em relação ao Governo de Macau, também é difícil falar, porque eu não sei o que está a ser discutido em termos de projectos de colaboração, ou projectos com vista a fortalecer essas ligações. Sei, no entanto, que houve grande abertura para acolher projectos com países de língua portuguesa e com Portugal. Por exemplo, a agora Universidade Politécnica de Macau teve um papel de liderança no que concerne à língua portuguesa. Mas também temos de compreender as circunstâncias actuais, nomeadamente que o Governo tem agora em mãos vários desafios, percebo que isto não esteja no topo de agenda, neste momento, mas tenho a certeza que continua na agenda do Governo e que há abertura para dar seguimento ao projecto. É algo que está definido estrategicamente para Macau, nomeadamente o seu papel de ligação aos países de língua portuguesa. Há claramente vontade de trabalhar nisso.

Que projectos estão na calha para os próximos tempos?

Estamos a trabalhar no projecto com a Associação dos Amigos da Rota da Seda, em Portugal, temos outro projecto ainda num estado muito embrionário. Está para ser trabalhado e será lá para o final do ano. Temos mantido contacto também com a Universidade de São José, mas ainda estamos em conversações.

5 Set 2022

Guangzhou e Shenzhen com restrições após descoberta de casos locais de covid-19

A capital da província de Guangdong impôs restrições numa parte da cidade depois de terem sido detectados cinco casos positivos de covid-19. As autoridades de saúde admitiram que pessoas infectadas frequentaram locais de grande afluência. Restaurantes e estabelecimentos de diversão foram encerrados e os transportes condicionados. Shenzhen está numa situação semelhante

 

A descoberta na terça-feira de cinco casos positivos de covid-19 em Guangzhou levou as autoridades da capital de província a impôr restrições em áreas chave do distrito afectado. Estabelecimentos de entretenimento e restaurantes foram mandados encerrar até, pelo menos, sábado.

As autoridades de saúde de Guangzhou, cidade com cerca de 19 milhões de habitantes, confirmaram que as pessoas infectadas frequentaram diversos locais, alguns com grande afluência de pessoas.

“Este surto foi causado pela variante Ómicron BA.2.76. Estamos a proceder à investigação epidemiológica dia e noite. Ainda não encontrámos a fonte da infecção, mas tendo em conta a trajectória epidemiológica actual, as pessoas infectadas passaram por vários locais, incluindo sítios onde se juntaram multidões, como piscinas e mercados. Existe um risco elevado de transmissão comunitária”, afirmou a vice-directora da Comissão de Saúde de Guangzhou, Zhang Yi, citado pela agência Reuters.

O Governo municipal ordenou o encerramento no distrito afectado de todas as escolas, das creches até aos estabelecimentos de ensino secundário. De acordo com os órgãos oficiais, foram interrompidas as aulas presenciais que estavam a começar e foram retomadas as aulas online. Nas áreas afectadas foram também reduzidos os serviços de transportes públicos, nomeadamente autocarros e metropolitano.

Baía condicionada

Em Shenzhen, em pelo menos quatro distritos onde habitam cerca de 9 milhões de pessoas, foi ordenado o encerramento de espaços de entretenimento e cultura, assim como restaurantes. A cidade continua a lidar com um surto de covid-19. Na segunda-feira, foram reportados 35 novos casos, 24 dos quais por transmissão local, com 11 casos assintomáticos, de acordo com as autoridades de saúde de Shezhen.
Os distritos afectados são Futian, Luohu, Nanshan, Longgan e Yantian.

Não só foram descobertos novos casos, como foi detectada uma nova variante em Shenzhen, a BF.15, uma nova mutação da subvariante da Ómicron BA.5.2.1, confirmaram as autoridades citadas pelo China Daily.

“As mutações das variantes de covid-19 encontradas na cidade são altamente semelhantes às variantes encontradas no estrangeiro. Como tal, a possibilidade deste surto ter origem em casos importados não pode ser afastada”, afirmou Lin Hancheng, responsável da Comissão de Saúde de Shenzhen, de acordo com o China Daily.

A produção económica combinada de Shenzhen e Guangzhou atingiu no ano passado 5,89 biliões de yuan, o equivalente a cerca de metade do Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul.

A China registou 1.675 novas infecções por covid-19 transmitidas localmente na terça-feira, revelou ontem a Comissão Nacional de Saúde. A maioria dos casos foram encontrados na região do Tibete e na província de Sichuan. Com agências

1 Set 2022

Suicídio | Apesar de semestre negro, SSM dá conta de quebra trimestral

Os Serviços de Saúde (SSM) revelaram ontem que foram cometidos 19 suicídios em Macau durante o segundo trimestre desde ano, número que representou uma diminuição de 32 por cento em comparação com os primeiros três meses do ano.

Sem referir que no registo semestral 2022 está a ser um ano negro em termos de suicídios em Macau, os SSM indicam que “o aumento ou diminuição dos casos de morte por suicídio, é facilmente influenciado por factores acidentais, sendo as principais e possíveis causas do suicídio, as doenças crónicas ou físicas, doenças mentais, jogos de fortuna e azar ou problemas financeiros”.

Os serviços liderados por Alvis Lo apontam ainda a situação pandémica e a situação instável nas regiões vizinhas que “fazem com que os cidadãos inevitavelmente manifestem diferentes níveis de problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e stress mental”.

Não mencionando os efeitos das restrições de combate à pandemia impostas pelo Governo na saúde mental, amplamente estudadas a nível internacional, os SSM recomendam “que os cidadãos insistam em manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios físicos adequados, sono adequado, não fumar, diminuir o consumo de álcool e relaxamento”.

Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

24 Ago 2022

Crime caiu no 1.º semestre, abuso sexual de crianças foi excepção

A criminalidade em Macau baixou mais de 15 por cento na primeira metade do ano. A grande “nódoa” no panorama de descida de delitos foi o aumento de 70 por cento de abusos sexuais de crianças. Outro dado que salta à vista, diz respeito ao aumento para mais do dobro de suicídios, o número mais elevado de sempre nos registos estatísticos do gabinete de Wong Sio Chak

 

Durante a primeira metade deste ano, foram instaurados 4.983 inquéritos criminais pelas forças policiais, representando uma redução de 932 casos em comparação com o período homólogo de 2021, equivalente a uma redução de 15,8 por cento.

Ao longo de quase 50 páginas de dados estatísticos, é visível o reflexo na criminalidade da influência das restrições fronteiriças devido ao combate à pandemia, assim como a maior permanência das pessoas em casa e a redução de movimento nos casinos.

Porém, apesar da diminuição geral dos crimes registados na primeira metade de 2022, outra estatística fora dos delitos penais que mereceu análise das autoridades foi o aumento considerável do número de suicídios.

Entre Janeiro e final de Junho, 47 pessoas suicidaram-se na RAEM, mais do dobro dos 22 casos registados no primeiro semestre de 2021, representando um aumento de 113,6 por cento. Aliás, o primeiro semestre deste ano foi o mais negro no capítulo dos suicídios desde que a estatística é contabilizada pelo gabinete do secretário para a Segurança, em 2015.

Tendo em conta o período em análise, os anos com maior número de suicídios tinham sido 2017 e 2020, com 35 casos, bem longe dos 47 anunciados ontem.

Também as tentativas de suicídio registaram um aumento considerável face ao período homólogo de 2021, com 123 ocorrências registadas pelas autoridades, face às 99 tentativas nos primeiros seis meses do ano transacto, ultrapassando pela primeira vez a centena de casos.

Ignomínia estatística

O abuso sexual de crianças foi um dos crimes que contrariou a tendência de redução, com um total de 17 casos no primeiro semestre de 2022, face aos 10 casos registados no mesmo período do ano passado, representando um aumento de 70 por cento.

Os dados revelam a tendência de aumento do número de abusos sexuais cometidos depois de contactos em aplicações móveis de namoro, realidade que também se verificou em crimes em que as vítimas eram menores. Em resposta ao significativo aumento de abusos sexuais de crianças, o gabinete do secretário para a Segurança afirmou que na primeira metade do ano foram divulgados materiais destinados a pais e educadores para a necessidade de terem atenção ao uso da internet por crianças. Além disso, as forças de segurança destacam a organização de seminários e actividades de sensibilização em escolas sobre auto-protecção de detecção de alterações comportamentais de menores.

Menos violência

Importa referir que o abuso sexual de menores foi a excepção na categoria de criminalidade violenta, que declinou mais de 35 por cento no primeiro semestre de 2022, face ao período homólogo do ano passado, com o crime de sequestro a registar a maior redução, de 17 casos em 2021 para três este ano, representando uma descida de 82,4 por cento.

Nos primeiros seis meses do ano, diminuíram também os crimes de roubo, menos 68,8 por cento, os casos de fogo posto caíram 45,8 por cento, tráfico de droga diminuiu 28,2 por cento e o crime de violação registou menos 12,5 por cento de casos na primeira metade de 2022. Destaque também para a ocorrência de um homicídio no período em análise, face a dois no primeiro semestre de 2021.

Crimes em linha

Um dos delitos mais representativos da crise económica vivida em Macau é a “burla a pretexto de apoio na procura de emprego/pedido de documentação”, que registou nos primeiros seis meses deste ano 32 casos, um aumento de 11 por cento face ao ano anterior.

Se as burlas em casinos diminuíram 70 por cento no primeiro semestre de 2022, as praticadas por telefone aumentaram 19 por cento. Nesta categoria, o esquema mais utilizado foi “fazer-se passar por funcionário dos órgãos governamentais”, com 23 casos que representaram uma subida de 15 por cento.

Porém, o grande volume de burlas foi praticado online, delitos que totalizaram 296 casos no primeiro semestre deste ano, face a 244 no período homólogo de 2021, que se traduziu num aumento de 52 por cento. As burlas mais frequentes e com maior crescimento foram “armadilhas de serviços pornográficos (+ 20 por cento) e compras online (+ 20 por cento).

Curiosamente, apesar destes números, as burlas através de subtracção de dados de cartões de crédito foram dos crimes que mais caíram no primeiro semestre deste ano, com o registo de 55 casos, face aos 540 do ano passado, uma diminuição de 485 por cento.

Com as restrições fronteiriças e a debandada de trabalhadores não-residentes, os crimes de aliciamento, auxílio, acolhimento e emprego de imigrantes ilegais quase duplicaram (97 por cento), de 125 casos no primeiro semestre de 2021, para 222 casos nos primeiros seis meses deste ano.

Os delitos de excesso de permanência no território também registaram aumentos consideráveis durante o primeiro semestre deste ano.

24 Ago 2022

Sábado com maior fluxo de visitantes desde fim de quarentena

No sábado entraram em Macau mais de 17 mil pessoas, o maior fluxo registado nas fronteiras desde que terminou a obrigação de fazer quarentena no regresso ao Interior da China. Longe, vão ainda os tempos de mais de 100 mil entradas diárias, registadas antes da pandemia

 

Macau recebeu mais de 17 mil visitantes no sábado, o número mais elevado desde que a China levantou a quarentena obrigatória a pessoas vindas da região, anunciou ontem a Direcção dos Serviços de Turismo (DST).
Num comunicado, a DST sublinhou que a média diária de visitantes ficou perto de 11.700 entre 12 e 18 de Agosto, mais 56 por cento do que na semana anterior e muito acima da média registada em Julho (315 turistas).

O número de visitantes em Macau caiu em Julho 98,8 por cento em termos anuais, devido ao surto de covid-19 que atingiu o território a partir de 18 de Junho. Durante o surto, os turistas que viessem a Macau teriam de se submeter a quarentena obrigatória no regresso à China continental, medida que foi levantada em 3 de Agosto.

Ainda assim, o fluxo de entradas diárias registado em Fevereiro deste ano foi de mais do dobro do verificado no passado sábado. No dia 25 de Fevereiro entraram em Macau 33.208 visitantes, quantidade que marcava o quarto dia do ano com maior afluência nas fronteiras do território.

A comparação com níveis anteriores à pandemia ainda é mais avassaladora. No dia de maior movimento da Semana Dourada de 2019, dia 5 de Outubro, entraram em Macau mais de 163 mil pessoas, quase dez vezes mais das entradas verificadas no sábado.

Na altura, a DST anunciava que durante toda a Semana Dourada haviam atravessado a fronteira para Macau mais de 980 mil pessoas. Deste universo, 798 mil visitantes eram oriundos do Interior da China.

Manter a chama

No final deste mês, vai ser “lançada uma caravana promocional itinerante ‘Sentir Macau, Sem Limites’” em nove cidades da província vizinha de Guangdong e, para o início de Setembro, “está prevista a realização de uma acção de grande envergadura intitulada ‘Semana de Macau em Qingdao, Shandong’”.

Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram que estão a apostar no uso de plataformas ‘online’, redes sociais, ‘sites’ de comércio electrónico e agências de viagens para manter a “marca” turística do território viva no mercado chinês. Com Lusa

22 Ago 2022

MGM China | Injecção de 4,8 mil milhões na MGM Grand Paradise

A MGM China vai transferir 4,8 mil milhões de patacas para subsidiária MGM Grand Paradise para cumprir os requisitos mínimos de capital do concurso público para renovar a concessão de jogo. Se a concessionária for uma das escolhidas, Pansy Ho será a directora executiva

 

Enquanto a corrida à renovação das licenças de jogo prossegue, as candidatas afinam detalhes corporativos para cumprir os requisitos do concurso público e as imposições da nova lei do jogo. O exemplo mais recente foi a injecção da MGM China na concessionária MGM Grand Paradise de 4,8 mil milhões de patacas para que fique habilitada a concorrer à nova licença de jogo. Desta forma, a MGM Grand Paradise cumpre o requisito de ter, pelo menos, 5 mil milhões de patacas de capital social.

De acordo com o documento submetido à Bolsa de Valores de Hong Kong que dá conta da injecção bilionária, Pansy Ho vai passar a deter 15 por cento do capital da empresa e ocupará o cargo de directora executiva na eventualidade da renovação da concessão.

A filha de Stanley Ho irá receber anualmente 730 mil acções de Classe B da empresa, assim como uma remuneração de 8 milhões de dólares norte-americanos por ano. Além disso, com base na performance financeira da empresa, Pansy Ho poderá receber como “incentivo” 95 milhões de dólares no final da concessão, indicou ontem a agência financeira Bloomberg.

O reforço da posição accionista de Pansy Ho na empresa também decorre da nova lei do jogo, que obriga o director executivo, um residente permanente da RAEM, a deter pelo menos 15 por cento do capital da empresa. Recorde-se que a lei anterior impunha 10 por cento do capital da concessionária.

Paradigma em mudança

No final da operação na Bolsa de Valores de Hong Kong, a MGM China irá deter quase 85 por cento do capital da subsidiária do grupo que opera em Macau, e a mesma percentagem nos direitos de voto. A empresa-mãe, MGM Resorts International vai passar a deter 0,4 por cento do capital da MGM China, uma considerável redução dos actuais 10 por cento, indicou a empresa em comunicado.

As alterações na estrutura accionista da empresa tiveram reflexo imediato no valor das acções que subiram ontem 1 por cento na bolsa da região vizinha.

A MGM China anunciou no início do mês um prejuízo de 382,4 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) no segundo trimestre de 2022. Em igual período de 2021, a MGM China tinha apresentado um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado positivo de 116 milhões de HKD, de acordo com um comunicado citado pela agência Lusa.

No primeiro trimestre de 2022, a empresa, com dois casinos em Macau, registou ainda um lucro líquido de 45,7 milhões de HKD. No segundo trimestre, a MGM China registou receitas no valor de 1,1 mil milhões de HKD, menos 53,5 por cento comparativamente com o mesmo período do ano passado. Com agências

22 Ago 2022

Ensino | Governo promete aposta na formação em inglês

“Em articulação com o posicionamento do desenvolvimento da RAEM enquanto ‘um centro, uma plataforma e uma base’, foi definido como objectivo o reforço da capacidade dos alunos de se expressarem em mandarim, português e inglês”, afirmou na sexta-feira Elsie Ao Ieong na Assembleia Legislativa.

A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura reiterou que o Executivo “incentiva as escolas a elevarem a capacidade dos alunos em inglês ou desenvolveram actividades educativas nessa língua”. Em resposta a interpelação oral de Wang Sai Man, a governante indicou que 15 unidades escolares utilizam o inglês como língua veicular, “envolvendo cerca de 13.400 alunos, correspondentes a cerca de 15 por cento do total de alunos da educação regular”.

Além disso, Elsie Ao Ieong afirmou que os currículos têm sido aperfeiçoados, ao mesmo tempo que foram organizados programas de estudo de línguas no exterior, actividade de Verão em inglês e visitas de intercâmbio.

A aposta no ensino de línguas, em particular o inglês, faz parte da estratégia de transformar Macau “num Centro Mundial de Turismo e Lazer, promovendo o desenvolvimento da diversificação adequada da economia”.

A governante sublinhou ainda “no que respeita à publicação de informações do Governo”, ao abrigo da Lei Básica, “as línguas chinesa e portuguesa são línguas oficiais da RAEM, sendo a produção e a publicação de leis feitas em ambas as línguas”.

21 Ago 2022

AL | Lei Wai Nong pede cautela na decisão de comprar casa

Na segunda sessão plenária de respostas a interpelações orais, o secretário para a Economia e Finanças apelou à prudência de quem pondera comprar casa. O risco de agravamento da crise económica e o impacto no mercado imobiliário foram factores enumerados por Lei Wai Nong

 

Antes de comprar casa pense duas vezes. Foi esta a mensagem que o secretário para a Economia e Finanças deixou na sessão de sexta-feira de respostas a interpelações orais na Assembleia Legislativa.

“Tendo em atenção que os bancos centrais mundiais têm vindo a tomar medidas de contracção nas políticas monetárias, as pressões de subida das taxas de juros de empréstimos hipotecários dos bancos locais estão a aumentar de forma significativa”, indicou Lei Wai Nong, em resposta à interpelação do deputado Ip Sio Kai, que também é vice-director da sucursal de Macau do Banco da China.

O governante acrescentou que na primeira metade de 2022, foram registados 3.867 pedidos de suspensão de pagamento de créditos bancários através do mecanismo de “pagamento apenas de juros, sem amortização do capital”, proporcionado pelos bancos. O cancelamento de amortizações implicou um movimento de 32,24 mil milhões de patacas.

Lei Wai Nong concluiu que esta realidade evidencia “que uma parte significativa dos clientes com empréstimos se encontra a sofrer pressões financeiras, verificando que a recessão emergente pela epidemia contribuiu a redução dos rendimentos dos residentes, sendo as pressões financeiras sentidas por parte das famílias, que necessitam de pagar as prestações de empréstimos mais salientes”.

Aliada à crise que reduziu rendimentos privados, “as medidas prudenciais no que respeita às directivas de empréstimos hipotecários” levaram à subida das prestações mensais, razões que reforçam o pedido de prudência dos residentes na decisão de comprar uma casa.

Acesso restrito

O deputado e presidente da Associação de Bancos de Macau indicou que desde o início da pandemia, “as transacções no mercado imobiliário de Macau caíram dez vezes”. Ip Sio Kai recordou ainda que segundo os dados dos Serviços de Finanças, no ano passado, foram vendidas 5970 habitações, “menos 6,6 por cento em termos anuais e o número mais baixo dos últimos anos”.

Como tal, pediu ao Governo que aligeirasse o acesso ao crédito imobiliário, tal como restrições “aos preços e à idade dos residentes para a primeira aquisição”. Proposta que Lei Wai Nong rejeitou.

O secretário sublinhou ser preciso “garantir as necessidades essenciais dos residentes em relação à aquisição de imóveis para habitação, de modo a evitar a ocorrência de quaisquer situações de não correspondência entre os preços dos bens imóveis com os rendimentos e o poder de compra dos residentes em geral”. Lei Wai Nong destacou que a cautela na altura de contrair empréstimo é uma salvaguarda para a “segurança e a estabilidade do valor dos bens dos residentes compradores de habitação e do sistema financeiro local”.

21 Ago 2022

Imobiliário | Menos 12,4% de casas vendidas no 2.º trimestre

Durante o segundo trimestre deste ano, foram transaccionadas 1.232 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 6,64 mil milhões de patacas, valor total que representou quedas de 12,4 por cento e 9 por cento, respectivamente, face ao trimestre anterior.

Os dados revelados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, são baseados no imposto de selo cobrado.

No cômputo geral, foram vendidos no período em análise 793 apartamentos (menos 33 em relação ao primeiro trimestre do ano), por um valor global de 4,85 mil milhões de patacas, uma descida de 13 por cento.

A maior quebra de vendas foi registada no segmento das fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção, que caiu 20 por cento, para um valor de 197 milhões de patacas, negócios que renderam menos 30,8 por cento em relação ao trimestre anterior.

As transacções de fracções habitacionais em prédios já construídos não sofreram tanto, a venda de 761 apartamentos (menos 3,2 por cento em termos trimestrais), pelo valor de 4,65 mil milhões de patacas (menos 12,1 por cento).

Em relação ao preço do metro quadrado, apenas na Taipa se registou um ligeiro crescimento, de 0,9 por cento, para 93.387 patacas. O metro quadrado das fracções autónomas habitacionais na Península de Macau fixou-se em 93.791 patacas e em Coloane em 107.042 patacas, valores que representam quebras de 2,1 por cento e 8,6 por cento, respectivamente.

17 Ago 2022

Aeroporto | Novas medidas para reduzir espera antes de quarentena

Depois de inúmeras críticas ao longo período de espera entre a chegada ao aeroporto de Macau e a entrada nos hotéis de quarentena ou no Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane, as autoridades de saúde anunciaram ontem medidas para reduzir a demora.

Em declarações ao programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, Lam Chong anunciou que desde ontem passou a funcionar um posto móvel num autocarro para fazer testes de ácido nucleico logo à saída do avião.

O responsável do Centro de Prevenção e Controlo da Doença não especificou se o teste seria feito antes ou depois da desinfecção da bagagem, nem comentou aspectos de segurança relacionados com o espaço exíguo onde será realizada a testagem. Lam Chong afirmou aos microfones da emissora pública que a medida permite que as amostras recolhidas cheguem mais depressa ao laboratório de análise.

Além disso, as pessoas vão seguindo para os hotéis de quarentena à medida que os resultados vão sendo conhecidos, ao contrário do que acontecia até então, com os passageiros a aguardarem os resultados globais. Como por vezes é preciso fazer contra-análises, em particular em casos que levantem dúvidas se são ou não positivos, o processo de entrada nos hotéis de quarentena era atrasado consideravelmente.

17 Ago 2022

Tesouro | Tai Wa Hou culpa TNR de caso positivo e realça papel da DST

Tai Wa Hou apontou responsabilidades aos funcionários dos hotéis de quarentena por infecções nas instalações, dois dias depois de um segurança do Hotel Tesouro ter testado positivo. Lam Chong, do centro de coordenação, enalteceu o trabalho do Governo durante o surto e deu conta de elogios de especialistas do Interior

 

“Os casos positivos resultaram do não cumprimento das normas de gestão pelos funcionários dos hotéis de quarentena.” Foi assim que o médico Tai Wa Hou comentou indirectamente a descoberta de um caso positivo de covid-19 relativo a um segurança do Hotel Tesouro, que obrigou à extensão das quarentenas por cinco dias para quem se preparava para sair.

Aos microfones do programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o médico e membro da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, afirmou que os hotéis designados para cumprir quarentena não são instalações médicas e que é preciso cumprir com rigor as orientações emanadas pelos Serviços de Saúde.

Tai Wa Hou sublinhou que as unidades hoteleiras operam sob supervisão da Direcção dos Serviços de Turismo, que tem um mecanismo de fiscalização permanente para acompanhar o rigor com que os trabalhos são executados. “Se um funcionário não cumprir as instruções de gestão e, por exemplo, retirar o equipamento protector, pode facilmente ser infectado”, afirmou o médico, realçando a necessidade de melhorar a gestão e continuar a apostar na formação, sobretudo, de funcionários de limpeza e segurança.

Palmadas nas costas

Durante o programa, o coordenador do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Chong, avaliou o trabalho das autoridades de saúde de forma positiva, realçando que o Governo fez tudo para minorar na população o impacto das medidas de combate ao surto que foi descoberto a meio de Junho.

Com o objectivo de conseguir zero casos de infecção, Lam Chong destacou que o período de confinamento parcial não fechou a cidade totalmente, abordagem que foi inclusivamente elogiada por especialistas do Interior da China que terão aprendido com os métodos usados pelas autoridades de Macau.

Recorde-se que durante 12 dias, a população só pôde sair à rua para comprar bens essenciais ou participar nos testes em massa, caso contrário poderia responder penalmente pela prática de crimes. Todas as actividades comerciais não essenciais, incluindo os casinos, foram encerradas e quem foi apanhado na rua pela polícia teve de apresentar uma justificação e usar máscara do tipo KN95.

Tai Wa Hou argumentou que para o trabalho de prevenção pandémico é essencial flexibilidade para adequar as respostas às situações reais. Além disso, o médico destacou a colaboração da população e a articulação entre todos os departamentos públicos e associações como chave para o sucesso.

17 Ago 2022

Hotel Tesouro | Quarentena alargada e incerteza deixam residentes desolados

Depois da identificação de um caso positivo de covid-19 num trabalhador do Hotel Tesouro, quem se preparava para sair de quarentena nesse dia ficou a perceber a razão que levou à extensão do isolamento até ao próximo sábado. Incredulidade e desalento passaram a ser os sentimentos dominantes. Uma residente destacou ao HM a falta de responsabilização das autoridades

 

Enquanto aguardavam o muito esperado aviso para descer e fazer check-out depois de cumprida a quarentena obrigatória para entrar em Macau, os “hóspedes” de dois pisos do Hotel Tesouro tiveram uma desagradável surpresa.

“Atendi a chamada de um número anónimo, pensando que me iriam dizer para descer para fazer check-out. Atendi o telefone toda animada, porque estava a 40 minutos de sair daqui. Quando me disseram que ‘infelizmente teria de ficar até dia 20’ vi tudo a desabar à minha frente e não acreditei no que se estava a passar.” É desta forma que Sofia Mota resume o choque que sofreu ao saber que teria de ficar mais cinco dias em quarentena, meio dia depois do anúncio de que um trabalhador do Hotel Tesouro teria testado positivo.

Na segunda-feira, poucos minutos antes das 23h, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciava que um trabalhador (de 24 anos de idade, do sexo masculino, trabalhador não-residente) teria testado positivo e que as “pessoas que se encontram em observação médica neste hotel, necessitam de prolongar o período de observação médica até 20 de Agosto”.

Uma residente de apelido Chen, contou ao HM que lhe disseram na fatídica chamada que haveria muitos casos positivos no piso onde cumpria quarentena com o seu filho e que, essa seria a razão para ficar mais cinco dias de quarentena, sem colocar em risco da comunidade devido à possibilidade de estar ainda a decorrer o período de incubação do vírus.

“Mais tarde, vimos nas notícias que a razão era o teste positivo do trabalhador do hotel. Mentiram-nos, quiseram-nos culpar desta situação. Esta situação de falta de responsabilização é ridícula”.

Bomba emocional

No meio das mensagens contraditórias, Chen perdeu um pouco a paciência e perguntou às autoridades se o hotel estava ou não em condições para garantir a segurança dos hóspedes na eventualidade de se verificarem casos positivos entre “isolados” ou mesmo trabalhadores.

“Quando um trabalhador de um hotel de quarentena é infectado, o Governo devia assumir a responsabilidade, mas não o fizeram. Se pedissem desculpa, em vez de mentirem, teria sido mais fácil”, acrescentou a residente.

A incerteza e as políticas preventivas são os maiores receios da residente, que confessa não temer as consequências de saúde de contrair o vírus, mas sim as implicações restritivas, como ser enviada para o hospital.

“Se me disserem que vou sair, de certeza, no dia 20 estaria muito bem com esse compromisso. Mas se existem mesmo muitos casos positivos no meu piso, temo que se repita o que aconteceu no Parisian, onde foram precisos cinco dias com testes negativos para todas as pessoas saírem da quarentena”.

Sofia Mota tem mantido contacto com outros “companheiros de quarentena” que se viram obrigados fazer mais cinco dias de isolamento e revela que o “sentimento geral é de desolação”. Além da obrigatoriedade de ficar no hotel quando se preparavam para sair, a falta de informação e de racionalidade são factores de destabilização emocional.

“Isto dá cabo de nós emocionalmente, e a nível pessoal, todos temos uma vida, temos de trabalhar. Quando chegamos estamos preparados para a possibilidade de testar positivo, principalmente depois da espera para darmos entrada no hotel. A situação no aeroporto foi a que mais me assustou”, conta.

17 Ago 2022

Governo assina acordos com o China Media Group – CCTV

O Governo da RAEM assinou na segunda-feira múltiplos acordos de cooperação com o China Media Group, o gigante conglomerado de media estatal a que pertencem a CCTV, CNR, CGTN e CRI.

A cerimónia de assinatura dos protocolos, realizada em videoconferência, contou com a participação de vários membros do Executivo, o director do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, o vice-ministro do departamento de propaganda do comité central do Partido Comunista Chinês, entre outros altos dignitários.

Ho Iat Seng destacou a “sólida cooperação existente” entre o Executivo de Macau e o China Media Group na produção de conteúdos que mostrem “o ambiente da cidade única, que é Macau”, onde se pode testemunhar “a fusão da cultura oriental e ocidental.” O Chefe do Executivo mostrou-se esperançado que os acordos estabelecidos revelem “a imagem e paisagem cultural distinta e rica de Macau, consolidando a base para a construção de “um centro, uma plataforma e uma base” para a RAEM, bem como para “contar bem a história da China ao exterior e mostre a implementação bem-sucedida de ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau”.

Voz de Pequim

Por outro lado, o presidente do China Media Group, Shen Haixiong, recordou que “o Presidente Xi Jinping se preocupa sempre com os residentes de Macau e presta atenção à prosperidade de Macau”. O dirigente comprometeu-se em “desempenhar em pleno o papel de difundir a voz principal em Hong Kong e Macau, bem como a transmitir bem a voz do Governo Central e contar bem história de Macau com efeitos positivos”.

Destacando que o acordo irá aprofundar a integração da RAEM na conjuntura nacional, “sublinhou que a pátria é boa, e que Macau vai ficar cada vez melhor”. Um dos acordos foi assinado com a TDM, representada pela presidente da Comissão Executiva da TDM – Teledifusão de Macau, S.A., Lo Song Man, para o acesso a conteúdos do canal desportivo CCTV-5.

17 Ago 2022

Banca | Actividade internacional caiu no 2.º trimestre

A quota de aplicações financeiras nos mercados internacionais, no activo total do sistema bancário de Macau, decresceu de 86 por cento, taxa registada no final de Março de 2022 para 85,5 por cento, taxa reportada ao final de Junho de 2022, indicou ontem a Autoridade Monetária de Macau. De acordo com as estatísticas publicadas ontem, as responsabilidades internacionais no passivo total do sistema bancário desceram de 83,6 por cento, registado no final de Março de 2022 para 83,3 por cento.

No que toca às transacções bancárias internacionais a pataca continua longe de ser a unidade principal, ocupando no final de Junho deste ano uma quota de 0,8 por cento e 0,7 por cento, respectivamente, no total do activo e no total do passivo financeiro internacional.

A moeda com maior quota no activo internacional foi o dólar norte-americano, com 44 por cento, seguido do dólar de Hong Kong, com 32,7 por cento, e o renminbi com 18,7 por cento. Em relação ao total da responsabilidade internacional, o dólar de Hong Kong representava 37,4 por cento, a moeda norte-americana 37,6 por cento e o renminbi 21,6 por cento.

No final de Junho deste ano, o total dos activos internacionais do sector bancário de Macau decresceu 3,6 por cento relativamente ao trimestre anterior, atingindo 2.206,0 mil milhões de patacas.

16 Ago 2022

DST | Excursões locais retomaram ontem com mil inscritos

As excursões locais, designadas como “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau”, voltaram ontem a organizar roteiros. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), até ontem mais de mil residentes estavam inscritos nos roteiros e mais 10 mil registados para “desfrutar da experiência de estadia em hotéis”.

Para marcar o retorno do programa, as excursões de ontem incluíram visitas à Vila de Nossa Senhora em Ká-Hó, a uma das oito novas paisagens de Macau – a Vila de Pescadores de Coloane – entre outros pontos turísticos, indicou a DST.

Em relação aos roteiros que incluem refeições em restaurantes foram encontradas soluções para separar os participantes em mesas pequenas da restante clientela, especificam os Serviços.

Quanto aos roteiros sem refeições incluídas, os guias turísticos vão distribuir pelos participantes “um cartão de refeição no valor de 100 patacas, a fim de facilitar a tomada de refeições separadamente”.

Recorde-se que a duração do programa de excursões locais deste ano estava prevista para o período entre 29 de Janeiro e 31 de Agosto, acabando por ser suspenso em meados de Junho devido ao surto que assolou Macau desde o início da pandemia.

Com o regresso das inscrições, no início de Agosto, foram vendidos 3.848 pacotes para estadia em hotel (de 6 a 14 de Agosto), envolvendo 10.832 hóspedes. Em relação às inscrições em excursões locais, entre 8 e 14 de Agosto, registaram-se 1.158 inscrições.

16 Ago 2022

Fornecedores sugerem cartão de consumo de 15 mil

A Associação da União dos Fornecedores defende mais uma ronda de cartão de consumo de 15 mil patacas, assim como medidas de alívio, destinadas às PME, para pagar rendas e salários. Um académico da UM considera que uma parte do valor do cartão deve usado exclusivamente em negócios que pouco beneficiaram com outras rondas

 

Tendo em conta o lançamento de um novo pacote de medidas de apoio à economia, no valor global de 10 mil milhões de patacas, a Associação da União dos Fornecedores de Macau apresentou uma lista de sugestões ao Governo, onde se destaca uma nova ronda de cartão de consumo no valor de 15 mil patacas.

Exceptuando a medida de incentivo ao consumo, a associação apontou alguns caminhos para atenuar a pressão sobre as pequenas e médias empresas (PME). Num comunicado, citado pelo jornal Ou Mun, a instituição que representa os fornecedores do território sugeriu ao Executivo que isente de impostos os proprietários que reduzam rendas de PME e que sejam criados subsídios para ajudar a pagar despesas com rendas e salários.

Quanto a estes últimos apoios, foi sugerida a criação de um subsídio que suporte o pagamento de metade da renda e despesas com salários de PME durante um período de três meses.

No caso de um proprietário reduzir para metade a renda de uma loja, o Governo poderia devolver a contribuição predial urbana de 2021, bem como isentar a contribuição predial urbana e taxa de arrendamento de 2022, exemplificou a associação.

Foco onde interessa

O professor Lei Chun Kwok, da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, entende que as medidas de apoio económico devem ser dirigidas ao grupos demográficos e sectores empresariais menos beneficiados nas rondas anteriores.

Em declarações ao jornal Ou Mun, o académico defendeu que deveria ser dada mais atenção a grupos sociais como reformados e donas de casa.

Lei Chun Kwok argumenta que, independentemente de se tratar de uma nova ronda de cartão do consumo ou cheque pecuniário, as redes de supermercados e grandes superfícies não devem continuar a ser os maiores beneficiários dos apoios públicos.

Como tal, indica que o Executivo deve dividir em duas partes o valor do cartão do consumo, com uma fracção a ser usada em todos os estabelecimentos comerciais e uma segunda parte com uso exclusivo nos sectores económicos, zonas e lojas mais afectadas pela pandemia. Quer pela natureza do negócio, quer pela área geográfica mais afectada com a demarcação das zonas vermelhas e amarelas durante o surto.

Quanto ao panorama geral económico, Lei Chun Kwok prevê o aumento da taxa de desemprego e que o Governo deve manter alguma sobriedade nas medidas de apoio a pensar na população que perdeu o emprego. O lançamento de apoios às empresas para impedir despedimentos é uma das sugestões do académico.

16 Ago 2022

FRC acolhe “Exposição de Banda Desenhada e Animação de Macau” até sábado

A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura amanhã, a partir das 18h30, uma mostra que reúne trabalhos dos membros da Associação de Intercâmbio Cultural de Banda Desenhada e Animação de Macau 2002, em exibição até ao próximo sábado. A organização indica que não haverá lugar a cerimónia de abertura, uma vez que já ocorreu no passado dia 16 de Julho.

A mostra colectiva é composta por cerca de 30 trabalhos criados por oito artistas de banda desenhada, cartoon e animação. Seis dos artistas representados neste projecto são locais e amadores, que se dedicam de alma e coração ao género. Outros dois, são profissionais de Hong Kong e do Japão.

Vincent Ho é um dos artistas de Macau, com o background em cinema, que se dedica há muitos anos à banda desenhada e está neste momento concentrado no seu primeiro trabalho pessoal, denominado “Cruel Angel”.

Outro dos participantes na mostra, é Wing Mo, um ilustrador iniciante que começou por explorar diferentes técnicas de pintura e explora agora o universo da mixed media. Por sua vez, Greymon Chan é o autor de “Bony Guy”, uma personagem popular e amplamente divulgada nas redes sociais, cujos subprodutos estão em plena promoção.

Z é desenhadora de manga desde 2012 e conhecida pelo seu trabalho mais recente, “Inumanos”, embora continue a explorar novas técnicas e temas de pintura.

Nasu define-se como «50 por cento artista, 50 por cento beringela» e concentra a sua arte em ilustrações e personagens no estilo kawaii, hoje pintando sobretudo com aquarela e iPad.

ST é outro dos membros da associação que organiza a mostra a ser inaugurada amanhã. O criador teve grande sucesso no mercado infantil de banda-desenhada com o seu primeiro trabalho, “The Caterpillar Family”, passando a publicar regularmente cartoons no jornal diário Vakio. O mais recente projecto de ilustração foi “Super Awakening” e hoje, além de continuar a explorar diferentes estilos, é também professor de ilustração.

Os profissionais

Leung Wai Ka é cartoonista profissional em Hong Kong e foi editor-chefe de projectos como “Eternal Dragon Slayer”, “The Legend of Black Panther”, e tantos outros. Depois de se tornar um criador independente, co-editou “Extinction Game” com Beyen Dai, produziu ilustrações e storyboard para a série de TV “The Detective”, coordenou a banda-desenhada de “Black Comics”, ilustrou o capítulo africano do “Jogo de Extinção” e está agora a trabalhar no novo projecto “One Hundred Spirits, One Kind of Man”.

Hiroshi Kanatani é um consagrado cartoonista japonês, cujos trabalhos incluem Shonen Sunday, ilustrações encomendadas de Godzilla para a Toho Studios, contributos para o Famous Monsters of Filmland e a Monster Attack Team, e a colaboração com Clint Eastwood e o espólio de Bruce Lee. A sua paixão por monstros e heróis levou-o desenvolver projectos em Hong Kong, Taiwan e na América. Hoje é membro da Japan Manga Association e 2019 marcou a sua segunda aparição no San Diego Comic Fest.

14 Ago 2022

10 Fantasia | Embrace the Rainbow – “An Emotional Outlook” até 28 de Setembro

As exposições estão de regresso ao espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM, sob a batuta organizadora da Ark-Association of Macau Art. Até 28 de Setembro, está em exibição Embrace the Rainbow – “An Emotional Outlook”, que reúne trabalhos de U Weng Kam, Cheong Un Mei entre pinturas a óleo e composições mistas

 

Depois de as nuvens se dissiparem, os primeiros raios de sol no céu artístico de Macau voltam a brilhar. É com essa filosofia de retorno que a Ark-Association of Macau Art retoma o ciclo de exposições no segundo andar do espaço 10 Fantasia, ao lado do Albergue SCM, aberto ao público todos os dias, excepto à segunda-feira, das 11h às 18h.

Ontem, foi inaugurada a 4.ª e penúltima edição do ciclo Embrace the Rainbow, intitulado “An Emotional Outlook”, que reúne trabalhos das artistas U Weng Kam e Cheong Un Mei.

Segundo a Ark-Association of Macau Art, a exposição que estará patente no espaço 10 Fantasia até ao dia 28 de Setembro representa a saída de um período negro em direcção a um horizonte colorido. “Depois da neblina surge o sol, e o arco-íris vem sempre depois da tempestade. O título desta série de exposições gira em torno das ideias de esperança e recuperação. O que nos aconteceu durante a pandemia? O que merece a nossa gratidão? O que nos inspirou?”, questiona a associação.

A organização da mostra realça a importância da arte no reajuste de mentalidades e no reforço da confiança e esperança. A estética e a expressão artística são instrumentos para encontrar paz interior, num mundo ditado por distâncias sociais e restrições de toda a ordem.

Na apresentação da peça de U Weng Kam, é referido o aspecto permanente da existência de arcos-íris, apesar da presença ou não de seres humanos. “Animais e plantas que povoam o planeta vão continuar a viver, partilhando os recursos da Terra em harmonia contínua. Talvez um arco-íris não tenha significado para eles, porque é apenas um fenómeno físico”, teoriza a artista.

U Weng Kam acrescenta que a sua expressividade artística é impregnada por elementos existencialistas, que procura questionar a posição do ser humano e das sociedades organizadas, e a forma como a pandemia veio baralhar tudo.

Raízes no território

U Weng Kam é mestrada em pintura a óleo e educação artística pelo Instituto Politécnico de Macau. Além da criação artística, lecciona em centros de educação no território.

No que à inspiração diz respeito, U Weng Kam entende que a arte vai muito além da apreciação do que é belo, passa também pela interacção entre artista e público, na busca de espaços de reflexão, exploração, alívio e entendimento sobre as realidades sociais e pessoais.

Cheong Un Mei teve um percurso semelhante à sua companheira de exposição, também passando pela formação em artes visuais no Instituto Politécnico de Macau, hoje em dia designado como Universidade Politécnica de Macau.

Apesar de não se dedicar exclusivamente a uma forma de expressão artística, Cheong Un Mei tem predilecção pela arte conceptual e interactiva, em particular em peças tridimensionais e escultura que provoquem reacções.

A Ark-Association of Macau Art irá organizar mais uma exposição depois de “An Emotional Outlook” para completar o ciclo de mostras que pretendem apresentar a criatividade e a esperança depois da pandemia.

14 Ago 2022

Hengqin | Comissão de gestão discute orçamento e planos de investimento

Durante a terceira reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada, os governos de Macau e Guangdong apreciaram o orçamento e planos de investimento. Foi ainda vincada a aposta no sistema dos “quatro conjuntos” relativos ao comércio, construção, gestão e partilha

 

Realizou-se na sexta-feira na Ilha da Montanha a terceira reunião da Comissão de Gestão da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, presidida pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng e o governador da província de Guangdong, Wang Weizhong.

Entre os principais pontos da agenda estiveram a apreciação do relatório de actividades, o orçamento e o plano de investimentos e foi ainda negociado o plano de actividades para a próxima fase.

Segundo o Gabinete de Comunicação Social, Ho Iat Seng sublinhou a necessidade de actuar em conformidade com os objectivos fundadores do projecto de integração. “O Presidente Xi Jinping reiterou, várias vezes, que o propósito inicial da construção de Hengqin é promover a diversificação adequada da economia de Macau”, indicou o Chefe do Executivo. Porém, Ho Iat Seng confessou que “existe ainda uma ligeira discrepância entre a Zona de Cooperação e outras zonas desenvolvidas”.

Quanto a atrair investidores e capitais, os governos das duas regiões reforçaram ser “imprescindível uma perspectiva focada na promoção, considerando Hengqin como um conjunto, baseada nas necessidades de Macau e na escassez verificada em Hengqin”. No capítulo dos recursos humanos, a política é semelhante, com a introdução de quadros qualificados seguindo a compatibilidade das necessidades dos quatro grandes sectores programados para a zona de cooperação.

Ho Iat Seng defendeu ainda o cumprimento rigoroso das exigências previstas no “novo sistema de desenvolvimento baseado nos “quatro conjuntos”, ou seja, o comércio conjunto, construção conjunta, gestão conjunta e partilha conjunta”. O Chefe do Executivo de Macau enalteceu o sistema, realçando-o como “a principal vantagem da zona de cooperação e, por outro lado, uma enorme reforma, sem precedentes, no contexto da política de ‘Um País, Dois Sistemas’”.

Ontem hoje e amanhã

O Chefe do Executivo realçou o trabalho feito na primeira metade de 2022 com a “introdução de benefícios fiscais, designadamente do imposto complementar, destinadas aos contribuintes singulares e às empresas”, para atrair os “quadros qualificados e empresas de excelência de Macau, de dentro e fora do Interior da China”. Até ao fim do ano, Ho Iat Seng indicou que o caminho deverá ser trilhado rumo “à construção de área de cooperação financeira”.

O governador da província de Guangdong, Wang Weizhong, sublinhou que “a construção da Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin constitui uma grande decisão, tomada, planeada e promovida pessoalmente pelo Presidente Xi Jinping”.

Referindo que os trabalhos de construção da zona aprofundada decorrem a “bom ritmo”, Wang Weizhong “afirmou que é indispensável pôr em prática o espírito de abertura e desenvolvimento de Hengqin, proposto pelo Secretário-Geral Xi Jinping”, assim como “promover a diversificação adequada da economia de Macau.”

O dirigente da província de Guangdong destacou a necessidade de apostar nos grandes projectos para “para acelerar a construção das instalações de fiscalização e operações alfandegárias de controlo da ‘segunda linha’”.

Estas infra-estruturas são requisitos para “aproveitar a estação Norte de Hengqin da extensão da linha Cantão-Zhuhai de Intercity Railway e o sistema ferroviário interurbano Cantão-Zhuhai e o Metro Ligeiro de Macau”.
Wang Weizhong sublinhou ainda a necessidade de “promover a coexistência das populações e das mentalidades” de ambos os lados da fronteira, assim como “consolidar a articulação com o ambiente de emprego, os serviços públicos prestados, o sistema de segurança social, as infraestruturas e a internet”.

14 Ago 2022

PME | Incumprimento nos empréstimos cresceu um terço

Um terço dos empréstimos contraídos por pequenas e médias empresas ficou por pagar na primeira metade do ano, em comparação com o semestre anterior. Os dados emitidos ontem pela Autoridade Monetária de Macau revelam um cenário preocupante para a economia do território

 

O incumprimento das pequenas e médias empresas (PME) de Macau no pagamento de empréstimos nos primeiros seis meses do ano aumentou 32 por cento em comparação com o semestre anterior, segundo dados oficiais ontem divulgados. Em termos anuais, os empréstimos que não foram pagos cresceram 25,2 por cento em relação aos primeiros seis meses de 2021.

No total, o valor dos empréstimos não pagos até Junho atingiu 690,7 milhões de patacas, indicou a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) em comunicado.

Na mesma nota, destaca-se que decresceu o montante dos novos créditos aprovado às PME pelos bancos de Macau até Junho, tanto em relação ao semestre anterior (-37,5 por cento) como em comparação com o primeiro semestre de 2021 (-61 por cento). O total dos novos créditos aprovados foi de 7,6 mil milhões de patacas.

A AMCM revelou ainda que o rácio de garantia (que indica a proporção de limite de crédito com activos corpóreos prometidos) ficou-se pelos 68,7 por cento, correspondendo a uma descida de 2,8 pontos percentuais, quando comparado com os últimos dados e a uma descida de 10,2 pontos percentuais relativamente ao período homólogo de 2021.

Usar a moeda

Até 30 de Junho deste ano, o balanço utilizado dos empréstimos concedidos às PME atingiu 84,5 mil milhões de patacas, valor que representou um decréscimo de 9,5 por cento, comparado com o final de 2021.

Quando a análise é feita segundo o uso económico, em comparação com o período final de 2021, os empréstimos concedidos às PME aos sectores dos “transporte, armazéns e comunicações” aumentaram 5,0 por cento, enquanto que aos sectores do “comércio por grosso e a retalho” e “construção e obras públicas” registaram decréscimos de 23,1 por cento e 6,9 por cento, respectivamente.

Recorde-se que o Governo anunciou há um mês e meio uma série de medidas de apoio à economia, no valor de dez mil milhões de patacas, incluindo a atribuição de um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas a operadores de espaços comerciais. O montante do subsídio foi calculado com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021, sendo necessários lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021.

Além dos apoios directos, foram também abertas linhas de crédito bonificado, forçando o Executivo de Ho Iat Seng a recorrer à Reserva Financeira. Com Lusa

11 Ago 2022