DSPA | Governo não diz quando legisla oficinas em zonas residenciais

Passados quase cinco anos da consulta pública relativa à revisão do regime de condicionamento administrativo, que iria regular a actividade das oficinas de reparações de veículos, Ron Lam perguntou ao Governo quando voltaria a “ressuscitar” a iniciativa legislativa. “Não temos informações a facultar”, foi a resposta dada por Ip Kuong Lam, director dos Serviços de Protecção Ambiental.

O deputado recordou em interpelação que “as autoridades afirmaram que iam definir mais condições para a prevenção e controlo de poluição das oficinas de reparação de veículos nas zonas comunitárias”.

Das três questões colocadas por Ron Lam, o Governo apenas respondeu a uma, referindo que a DSPA tem feito “acções de inspecção”, dado pareceres técnicos e “proposto, várias vezes, que a reparação de veículos motorizados nas oficinas (que envolvem a prestação de serviços de pintura, forja e soldadura) seja obrigatoriamente realizada em estabelecimentos industriais, devendo manter-se afastada de locais susceptíveis de serem afectados, dispondo-se ainda de equipamentos eficazes para eliminar os materiais das tintas para a pintura por injecção e o seu cheiro”.

Apesar das sugestões para as oficinas que fazem pintura, forja e soldadura se mudarem para zonas industriais, quando confrontado com questões específicas, como qual a zona mais apropriada, Ip Kuong Lam voltou a afirmar que “não tem informações a facultar”.

Ron Lam lembrou que o “Plano Director Urbanístico de Macau (2020-2040)” já entrou em vigor e define o Parque Industrial Transfronteiriço da Ilha Verde, o Parque Industrial da Concórdia e o Parque Industrial de Ká-Hó, em Coloane, como zonas industriais.

O Executivo também não respondeu se iria “definir critérios de emissão de poluentes atmosféricos e normas mais rigorosas para oficinas”.

13 Jun 2022

Casa Garden | Curtas-metragens em exibição no fim-de-semana

A Casa Garden vai exibir, amanhã e domingo, 14 curtas-metragens selecionadas do New York Portuguese Short Film Festival e do Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa. As sessões começam às 17h30 e têm entrada gratuita

 

A Casa Garden irá exibir um ciclo de curtas-metragens amanhã e no domingo, com 14 películas seleccionadas do New York Portuguese Short Film Festival e do Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A iniciativa é organizada pela Fundação Oriente, o Arte Institute e a Casa de Portugal em Macau, com o apoio institucional do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, do Instituto Português do Oriente e da AICEP.

Na sessão marcada para amanhã, serão exibidas 14 obras de realizadores portugueses, que fizeram parte do New York Portuguese Short Film Festival. A sessão começa com “Paralympia”, do Coletivo Hyperion, um filme lançado no ano passado que conta a história de dois atletas paralímpicos. A película é uma espécie de ensaio histórico desportivo, recheada de emotividade, com os dois atletas a recordarem as provas em que competiram num diálogo acompanhado pelo visionamento simultâneo de imagens de arquivo.

Numa perspectiva completamente diferente e demonstrando o ecletismo do cartaz, a curta-metragem que se segue é “The Girl from Saturn”, de Gonçalo Almeida, um filme que abre portas à fantasia. A narrativa tem no epicentro Luís, um rapaz que vive em Portugal numa zona rural. Um episódio aparentemente inocente vira de pernas para o ar a vida de Luís, quando a mãe lhe pede para acompanhar uma rapariga que não conhece. A partir daí, o jovem embarca numa viagem cósmica que lhe irá marcar a vida para sempre.

A curta que se segue é “My Castle, My home”, de José Mira, uma obra com contornos autobiográficos centrada na vida atlética de um adolescente de 13 anos, Guilherme, e na forma como a prática do ténis degenera numa miríade de pesadelos e fobias. Atormentado pelo seu treinador, o jovem começa a ser aterrorizado por criaturas que têm raquetes em vez de mãos, que o perseguem ao longo dos corredores de casa. Num ambiente de terror sufocante, a casa de Guilherme transforma-se num labirinto. A única salvação é o aconchego materno.

O cartaz prossegue com a exibição de “Two Cartoonists”, de Bruno Teixeira, “Ouro Sobre Azul”, de Andreia Pereira da Silva, “The Coop” da autoria de Rita Al Cunha, “A Straight Story” de João Garcia Neto, “Her name is Carla” de Cátia Biscaia e “Still Life” de Francisca Coutinho.

Das lusófonas

No domingo, também na Casa Garden, o dia será dedicado às curtas-metragens produzidas no universo lusófono.
Piscando o olho ao imaginário dos The Beatles, será exibido “Lúcia no céu com semáforos”, uma curta-metragem com produção angolana, realizada por Ery Claver e Gretel Marín Palacio. O filme conta a história de um ser que apenas existe corporeamente, como um objecto-vivo cuja existência tem como objectivo único a satisfação das necessidades e desejos dos outros.

No ecrã, Lúcia mantém sempre um olhar distante que esconde gritos, medos e explosões, traçando uma alegoria da mulher que se cinge a um papel funcional, sem o direito a existir, viver, pensar ou exprimir o que sente.

Um dos destaques da sessão de domingo é “Tradição e Imaginação”, da realizadora guineense Vanessa Fernandes que viveu em Macau.

Nesta obra, a autora conduz o espectador até ao Benim, na África Ocidental, numa viagem marcada pelo passado de escravatura, uma memória que perdura nas memórias dos mais velhos.

Outro dos filmes do dia é “The Flight of the Manta Rays”, uma animação surrealista com produção luso-espanhola, realizada por Bruno Carnide. Uma imagem fantástica de enormes raias a voar pelos céus, passa da fantasia para a realidade, produzindo cenários de sonho.

“Sentado no sofá, imaginei uma raia, em toda a sua beleza e magnificência, que em vez de nadar nas profundezas do mar voava na imensidão dos céus. A partir daí, comecei a desenhar”, escreveu Bruno Carnide na plataforma da Mailuki Filmes, uma agência de distribuição de filmes para festivais de cinema.

No domingo serão ainda exibidos “Simpatia do Limão”, do brasileiro Miguel de Oliveira e “Dona Mónica”, do cabo-verdiano Carlos Yuri Ceuninck.

10 Jun 2022

Governo vai apresentar orçamento rectificativo

O orçamento da RAEM para 2022 será rectificado para disponibilizar recursos financeiros adequados à despesa pública, afirmou ontem o secretário para a Economia e Finanças. Para já, a estimativa das receitas do jogo para este ano não será revista, apesar de Lei Wai Nong referir que as previsões acabam por ser diferentes dos resultados concretos

 

O secretário para a Economia e Finanças revelou ontem que o orçamento da RAEM será revisto para cobrir a despesa pública mediante a injecção de recursos financeiros adicionais. Lei Wai Nong revelou o plano de revisão orçamental à margem da cerimónia de abertura da “4.ª Competição de Aptidão Profissional das empresas de turismo e lazer de Macau, 2022”, que se realizou ontem no MGM Cotai. O governante acrescentou que o Executivo está a preparar a proposta de lei para apresentar à Assembleia Legislativa, de acordo com o canal chinês da TDM.

Recorde-se que no ano passado o Governo viu-se forçado a rectificar o orçamento três vezes, recorrendo a processo legislativo de urgência.

Também a previsão das receitas do jogo para este ano, pode ser revista em baixa do valor inicial de 130 mil milhões de patacas, uma vez que as receitas do primeiro semestre não corresponderam às expectativas, apesar de Lei Wai Nong ter recusado fazer uma nova previsão.

“Na primeira metade do ano, a situação da pandemia no estrangeiro e nas regiões vizinhas agravou-se. Durante os meses de Janeiro e Fevereiro, as receitas dos casinos foram relativamente boas, mas a partir de Março a pandemia voltou a trazer incerteza. Muitas das coisas que previmos acabaram por não corresponder aos resultados concretos. Vamos tratar as previsões económicas de forma dinâmica”, afirmou.

Nos primeiros quatro meses de 2022, as receitas do jogo registaram uma quebra de mais de um terço em relação ao mesmo período do ano passado.

À espera de sol

Sem adiantar números, mas a ressalvar que o Governo irá adoptar uma postura dinâmica nas previsões económicas, Lei Wai Nong mostrou-se esperançado quanto à segunda metade do ano.

“Não vou fazer previsões, mas destaco que o segundo semestre é um período dourado para a indústria do turismo. Se a situação pandémica permitir, vamos envidar todos os esforços para alargar as origens e o número de visitantes. Mas estamos prontos para fazer uma nova avaliação”, acrescentou o governante.

O secretário para a Economia e Finanças referiu ainda que a nova lei do jogo não teve impacto nos casinos-satélite e que a decisão de manter estes espaços de jogo a operar é do foro comercial das respectivas empresas. O governante afirmou ter esperança na sobrevivência dos casinos-satélite e no contributo para a estabilidade do emprego.

9 Jun 2022

Exposição | Aguarelas de Ada Zhang dão cor à vila de Ká-Ho

A exposição “Home’s where the heart is” reúne aguarelas de Ada Zhang no espaço “Hold on to Hope Project”, na vila de Ká-Ho. A mostra que estará patente até 26 de Junho, reflecte as visões da artista que se formou depois de perder o emprego que tinha na indústria do jogo

 

“Home’s where the heart is” é o nome da exposição de Ada Zhang, que pode ser vista no espaço “Hold on to Hope Project”, que a Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) gere na vila de Ká-Ho. Porém, a mostra podia também ser um resumo dos últimos setes anos de vida da artista, desde que veio viver para Macau em 2015.

O conjunto de aguarelas, e algumas pinturas a óleo, que compõem a mostra têm como fio condutor um conceito retirado da obra do clássico poeta chinês Su Shi, nascido há quase mil anos, durante a dinastia Song. “O significado da frase que dá nome a esta exposição é a insignificância do lugar em que estamos, a localização geográfica da nossa terra natal é de menor importância. O que importa é o sítio onde nos sentimos confortáveis e em paz”, explica Ada Zhang.

Oriunda da província de Sichuan e a viver no território há cerca de sete anos, a artista revela que o conceito de “lar interior” foi algo que sempre lhe agradou e que encontrou em Macau. “É uma terra acolhedora, tranquila, que transmite o tipo de calma e boas emoções conducentes à pintura”, acrescenta.

Além das paisagens mais emblemáticas de Macau, os quadros da artista transpiram frescura e vivacidade, mas também a sobreposição de camadas de cor típicos da pintura clássica chinesa.

Oportunidade de ouro

Apesar de pintar desde criança, as voltas que a vida dá acabaram por colocar a arte numa esfera além do passatempo.
Depois de passar para licença sem vencimento e a receber metade do salário enquanto analista de dados numa concessionária de jogo, Ada Zhang passou a ter mais tempo para pintar e viu na tela uma alternativa. “Desde a infância que gosto de pintar, mas nunca pensei que poderia vir a fazê-lo a tempo inteiro. O tédio de passar metade do mês sem nada para fazer levou-me à pintura. Entrei num grupo de Facebook, fiz muitos amigos e, por vezes, pintamos juntos.”

Com uma atitude refrescantemente humilde, Ada Zhang confessou ao HM preocupar-se com as opiniões do público, e da forma como a sua arte é recebida. Nesse sentido, “Home’s where the heart is” podia ser o antídoto perfeito, uma vez que em pouco tempo de exibição, já foram vendidas cerca de 90 por cento das obras expostas. A artista conta que a larga maioria dos quadros foi comprada por estrangeiros. “Acho que os residentes chineses não têm o hábito de comprar arte, mas os residentes que falam português e inglês, assim como os macaenses, compram”, revela.

Clássico e contemporâneo

“É claro que, por vezes, faço questão de pintar cenários que não são populares no mercado artístico. Por exemplo, tentei retratar um grupo de pessoas a jogar às cartas. Deu-me muito trabalho, demorei semanas a completá-lo. Mas, apesar do processo de criação exaustivo, diverti-me muito a pintar e nem tenho planos para vendê-lo”, contou a artista ao HM.

“Macau é uma cidade de jogo. A imagem de pessoas a jogarem às cartas é como uma representação do microcosmo da cidade. Por isso, pintei os jogadores com um gaiola no fundo.”

Na colecção de paisagens retratadas por Ada Zhang constam “postais” incontornáveis do território, como o Templo de A-Má, as Ruínas de São Paulo e a Torre de Macau, numa espécie de abordagem moderna ao imaginário bucólico das aguarelas de George Chinnery.

A exposição “Home’s where the heart is” tem alguns trabalhos pintados a óleo, porém, as aguarelas ocupam o espaço central. Além de entender que a aguarela é mais popular, a artista acha que implica um método de criação mais divertido. Além disso, é da opinião que a aguarela permite maior progresso no domínio da técnica e “uma forma mais fiável de verificar o nível de qualidade das obras”, algo que não consegue aferir nas pinturas a óleo, uma vez que a falta de talento pode ficar camuflada pelo estilo artístico.

8 Jun 2022

Exposição | Carmen Lei exorciza demónios amorosos com poesia e pintura

A exposição “In the Name of Love” apresenta Carmen Lei ao pequeno mundo das artes de Macau. Partindo do livro de poesia, com o mesmo título, a artista lançou-se numa viagem íntima pela pintura abstracta focando o “lado negro do amor”. A mostra está patente nas Vivendas de Mong-Há até 28 de Junho

 

“Das palavras aos actos” é um bom mote para descrever o conceito base da primeira exposição de Carmen Lei e de um livro de poesia com o mesmo nome. “In the Name of Love”, o título do livro de poesia e da exposição inaugurada no sábado nas Vivendas de Mong-Há.

A mostra reúne uma série de pinturas abstractas, uma instalação de interpretação poética e um “labirinto” de painéis com poemas, que vão estar patentes até 28 de Junho.

“O amor é o tema central, não propriamente pelo lado belo das relações amorosas. Tanto nos poemas, como nas descrições dos quadros, foquei-me no lado negro do amor, na obsessão, nas traições”, contou a artista no dia da inauguração da mostra”.

A palavra está no epicentro de “In the Name of Love”, assim como a criação artística quase confessional que coloca a nu as experiências amorosas de Carmen Lei. “Inspirei-me nas minhas vivências, em amores passados, em histórias que me tocaram que fui sabendo através de amigos”, explica a artista, acrescentando que estados mais emotivos e exacerbados são os mais produtivos em termos literários.

Outro dos aspectos de “In the Name of Love” é a expressão poética em inglês, algo que reflecte o percurso profissional de Carmen Lei, professora numa escola secundária do território.

“As pessoas em Macau não têm o hábito de ler em inglês. Gostava de colmatar um pouco essa lacuna, porque ensino a língua, e partilhar a minha paixão por autores clássicos como Emily Dickinson, Oscar Wilde e William Shakespeare”, explicou ao HM no dia da inauguração da exposição.

No princípio era o verbo

O processo criativo que culminou na exposição decorreu de uma forma muito natural, segundo contou a artista. “Há muito tempo que queria fazer uma exposição. Escrevo e pinto há muitos anos, mas nunca tinha pensado em materializar tudo numa mostra pública”. A pandemia e o encerramento decorrente das restrições fronteiriças foram os derradeiros ingredientes para que “In the Name of Love” tomasse forma. “Precisamos de um bocado de cor e arte nas nossas vidas, foi também por isso que cheguei à conclusão que estava na altura certa para avançar com este projecto”, explicou.

“A partir das palavras evoquei imagens numa forma abstracta, sem relação com processos naturais, ou objectos bem definidos. O amor é também uma realidade abstracta e a poesia ajudou-me a transferir emoções para uma representação abstracta”, afirmou a artista.

De peito aberto e com histórias amorosas e encher as paredes de dois lotes das Vivendas de Mong-Há, Carmen Lei quer continuar a escrever e pintar. “Esta é a minha primeira exposição, mas tenho a certeza que não será a última”, antecipa.

6 Jun 2022

Função Pública | Salários congelados até 2023, o terceiro ano consecutivo

Os trabalhadores da Função Pública vão permanecer sem actualização de salários em 2023, devido à “incerteza na conjuntura económica”. Pereira Coutinho compreende a posição do Governo, apela à união face à crise do desemprego e revela situações “dramáticas” de funcionários públicos que garantem a estabilidade financeira de familiares

 

Os salários da Função Pública não serão aumentados em 2023, marcando o terceiro ano seguido sem actualização salarial, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial que fixa as orientações e o calendário para propostas orçamentais de serviços públicos para o próximo ano.

Assim sendo, “o valor relativo às despesas dos orçamentos” dos serviços públicos, “não deve exceder o valor das referidas despesas constante no Orçamento do ano económico de 2022”, ou seja, não existe margem de manobra para aumentar despesas com salários.

“Por existir ainda incerteza na conjuntura económica, os serviços e organismos, na elaboração das suas propostas orçamentais, devem avaliar as diversas despesas orçamentais com prudência”, justificou Ho Iat Seng.

Em simultâneo, ficam também congeladas contratações, uma vez que “o número de trabalhadores dos serviços e organismos não deve ultrapassar o número padrão de trabalhadores autorizado e o número de trabalhadores a serem recrutados também não deve exceder o número de quota de trabalhadores disponíveis das entidades tutelares”, afirma o Chefe do Executivo no despacho divulgado ontem.

De mãos dadas

“Neste momento, não há condições em Macau para propor essas medidas [de aumento de salários] e os trabalhadores da Função Pública sabem disso muito bem. Agora temos todos de remar para o mesmo lado”, afirmou ao HM o deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Na óptica do legislador, todos os esforços políticos devem ter como foco a redução da taxa de desemprego, realidade que está a originar “situações dramáticas”.

“Muitos trabalhadores da Função Pública têm familiares desempregados e os seus salários resolvem necessidades diárias, chegam mesmo a conceder empréstimos a familiares aflitos”, revelou o dirigente da ATFPM.

Com a contenção a continuar na agenda orçamental, Pereira Coutinho apela à união e ao combate ao desemprego. “Temos de dar as mãos e ver como podemos criar mais emprego”, apontou o deputado ao HM.

31 Mai 2022

PIB | Queda de 8,9% no primeiro trimestre. Investimento em obras subiu 40,6%

O Produto Interno Bruto de Macau sofreu uma quebra de 8,9 por cento no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2021. As exportações de serviços de jogos caíram mais de 25 por cento, enquanto o investimento em obras públicas subiu mais de 40 por cento

 

Durante os primeiros três meses de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau caiu 8,9 por cento, em comparação com o mesmo período de 2021, informaram as autoridades. “A desaceleração económica deveu-se ao enfraquecimento da procura global”, referiu um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

Em termos de procura externa, as exportações de serviços registaram uma queda homóloga de 4,7 por cento e as de serviços de jogos caíram 25,1 por cento, enquanto as exportações de bens cresceram 56,8 por cento e as exportações de outros serviços turísticos aumentaram 1,9 por cento.

Já “a procura interna diminuiu 1,2 por cento em termos anuais, arrastada pela descida do consumo privado”, apontou a nota, realçando que “as importações de bens subiram 29 por cento e as importações de serviços ascenderam 2,8 por cento”.

A despesa de consumo final das famílias no mercado local revelou uma queda anual de 2,2 por cento, “já que se observaram diminuições no consumo dos residentes em bens duradouros e semi-duradouros, devido às incertezas das perspectivas económicas e ao enfraquecimento do mercado de trabalho”, destacou a DSEC. “A despesa de consumo privado diminuiu 2,7 por cento em termos anuais”, acrescentou.

Antídoto de betão

Por outro lado, apontou ainda o comunicado, no primeiro trimestre do ano, a despesa de consumo final do Governo diminuiu 2 por cento face ao mesmo período do ano passado, “dada a redução das despesas efectuadas” neste período de “prevenção pandémica”, com destaque para uma diminuição de 6,9 por cento nas compras líquidas de bens e serviços e para uma subida de 1,3 por cento nas remunerações dos empregados.

O panorama no sector público seguiu o caminho oposto. Durante o período em análise, a DSEC deu conta da subida de 40,6 por cento no investimento em obras públicas em termos anuais. O resultado foi justificado pelo Governo com o aumento do investimento em obras relacionadas com a habitação social, a Quarta Ponte Macau-Taipa e o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. No capítulo do investimento público em equipamento, a subida situou-se em 242,4 por cento, em relação aos primeiros três meses de 2021.

Quanto ao sector privado, o investimento em construção privada registou uma descida anual de 19,4 por cento, em virtude do decréscimo do investimento em casinos. Todavia, cresceu 22,4 por cento o investimento em equipamento.
No trimestre em análise, o deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, registou uma subida anual de 0,3 por cento, informou a DSEC. Com Lusa

30 Mai 2022

Covid-19 | Air Macau prepara voos para trazer estudantes de Xangai

A Air Macau e a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude estão a negociar com as autoridades de Xangai uma solução para trazer de regresso os alunos de Macau que estudam na metrópole chinesa. A companhia aérea espera poder operar um voo no dia 1 de Junho

 

Cerca de duas centenas de jovens de Macau que estudam em Xangai demonstraram vontade de regressar à RAEM, desejo difícil de concretizar enquanto duram as restrições na cidade do Interior, em especial no que diz respeito aos transportes. Ontem, a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) revelou que a Air Macau tem um pré-acordo com as autoridades de Xangai para realizar voos especiais com o objectivo de trazer os jovens de volta ao território.

“A Air Macau obteve o consentimento preliminar das autoridades competentes de Xangai e irá envidar esforços para fornecer um voo especial em 1 de Junho, de forma a apoiar o regresso a Macau dos estudantes cumprindo requisitos especiais de prevenção epidémica exigidos por Macau”, indicou ontem a DSEDJ, acrescentando existirem “várias disposições técnicas operacionais em curso, e os serviços competentes e as companhias aéreas irão discuti-las e implementá-las com a maior brevidade possível”.

Os departamentos de educação, saúde e turismo do Governo da RAEM, estão em contacto com as autoridades de Xangai, Administração de Aviação Civil da China e as universidades frequentadas pelos alunos de Macau.

Desde que Xangai endureceu as medidas de controlo pandémico, a DSEDJ mantém contacto com os jovens de Macau que estudam na metrópole chinesa, assim como com as instituições de ensino que frequentam. As prioridades negociais passam por garantir que os estudantes têm opção para sair dos campus universitários, que são formulados requisitos técnicos de prevenção para operar voos e para coordenar com unidades hoteleiras as quarentenas no regresso a Macau.

O Governo garante que quando todos os pormenores estiverem acordados, os alunos serão informados sobre a forma como podem adquirir, com rapidez, os bilhetes para regressar a Macau.

Pesadelo logístico

Na terça-feira, os deputados Lam Lon Wai e Leong Sun Iok reuniram com os dirigentes da DSEDJ para aferir o andamento das negociações com Xangai e organizar o regresso dos estudantes.

Os legisladores da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) argumentaram que além da impossibilidade de reservar voos, os estudantes não têm alternativas, como apanhar um comboio de alta velocidade, transformando o regresso a Macau numa jornada impraticável. Situação que levou muitos pais a procurar a ajuda dos deputados, “na esperança de obter assistência e apoio” para o retorno dos filhos.

Lam Lon Wai e Leong Sun Iok revelaram ao director da DSEDJ, Kong Chi Meng, que os estudantes têm cumprido os directrizes das autoridades sanitárias de Xangai, mas que começam a denotar desgaste psicológico.
Kong Chi Meng adiantou que a DSEDJ contabilizou cerca de 200 estudantes em Xangai que querem regressar a Macau.

26 Mai 2022

IC | Macau celebra património cultural e natural da China a 11 e 12 de Junho

O Jardim da Fortaleza do Monte e o Museu de Macau recebem no fim-de-semana de 11 e 12 de Junho o Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China. O cartaz inclui visitas guiadas, workshops, danças e palestras com o intuito de reforçar a consciência social para a importância de preservar o património cultural e natural. As inscrições para as várias actividade abrem hoje

 

Animação, cultura e divertimento para toda a família resumem o que se pode esperar do Carnaval do Dia do Património Cultural e Natural da China, o evento de dois dias marcado para o fim-de-semana de 11 e 12 de Junho, com epicentro no Jardim da Fortaleza do Monte e no Museu de Macau, mas também com actividades noutros locais, como a Casa do Mandarim.

O calendário das festividades inclui bancas de jogos, demonstrações de confecção de biscoitos de amêndoa e doces de barba de dragão. No capítulo das artes performativas, serão apresentadas “actuações de dança do leão, dança folclórica portuguesa, bem como artes marciais de Wing Chun, artes marciais de Tai Chi Chuan e Artes Marciais de Choi Lei Fat”.

O teatro também irá sair à rua, com a apresentação de “Histórias de Património Cultural Intangível – Vendilhões”, uma peça “móvel” que retrata a cultura comercial e mercantil dos velhos bairros de Macau, misturando a tradição de contar histórias, marionetas e o espírito dos velhos teatros ambulantes.

No plano histórico, o Instituto Cultural irá organizar uma “Visita Guiada à Fortaleza do Monte” para contar o mítico episódio do tiro de canhão, disparado da fortificação, que acabou com a invasão holandesa do território há exactamente 500 anos.

Num tom menos bélico, está previsto um workshop sobre técnicas básicas de decalque e outro onde os participantes serão desafiados a pintar cartões-postais a aguarela.

Festa itinerante

Nos dois dias de celebração do património chinês, a partir das 15h, a Casa do Mandarim recebe o “Workshop de Pintura em Porcelana”, em que o ponto de partida é a exploração das características do próprio local e a forma como está adornado.

A caligrafia chinesa também estará em destaque. No dia 12 de Junho, a partir das 15h, o Auditório do Museu de Macau acolhe o seminário “Curiosidades sobre os Caracteres Chineses”, apresentado por Chong Chon Fai, responsável pela Casa da Cultura da China na Escola Secundária Pui Ching de Macau. A tarde será dedicada à “estrutura, origem e evolução dos caracteres chineses, dando a conhecer algumas histórias curiosas, demonstrando o valor e interesse dos caracteres chineses e a beleza na sua criação”.

O evento organizado pelo Instituto Cultural (IC) insere-se no “Dia do Património Cultural e Natural”, celebrado, de acordo com directivas do Conselho de Estado da República Popular da China, no segundo sábado de Junho desde 2006. A efeméride tem como objectivo “reforçar a consciência social sobre a importância do património cultural e natural e a sua preservação”.

Apesar de as actuações teatrais, visitas guiadas, workshops e seminário requererem inscrição obrigatória, devido ao número limitado de vagas, todas as actividades são gratuitas. Os interessados podem inscrever-se a partir de hoje, no site do IC, na secção “Sistema de Inscrição em Actividades”.

25 Mai 2022

Macau Legend | Consultor não achou irregularidades em negócios com Levo Chan

Um consultor independente investigou os negócios feitos entre a Macau Legend e Levo Chan e as suas empresas sem ter detectado quaisquer irregularidades. O maior accionista da Macau Legend e CEO da Tak Chun foi detido no final de Janeiro suspeito dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro

 

“Não foi identificada qualquer irregularidade.” Esta foi a conclusão de um consultor independente que analisou as operações e transacções entre Levo Chan (e as suas empresas) e o grupo Macau Legend Development Ltd. O consultor em questão foi uma empresa de contabilidade escolhida pelo grupo actualmente liderado por Melinda Chan. A informação foi anunciada numa nota enviada à bolsa de valores de Hong Kong pela Macau Legend.

Recorde-se que Levo Chan, fundador da promotora de jogo Tak Chun, foi detido pela Polícia Judiciária no passado dia 28 de Janeiro, por suspeitas dos crimes de actividades de jogo ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro, dois meses depois da detenção de Alvin Chau, presidente do Grupo Suncity.

Levo Chan é o maior accionista da Macau Legend e presidiu ao grupo proprietário do Macau Fisherman’s Wharf que operou os casinos-satélite Babylon e Legend Palace sob a concessão de jogo da SJM. Após ter sido detido, Chan abdicou das posições que ocupava na empresa.

Na nota assinada por David Chow, a Macau Legend afirma que a revisão às operações da segunda maior junket que operou em casinos do território incidiram sobre o período entre 1 de Setembro do ano passado e 31 de Janeiro de 2022.

“Apesar de existirem transacções comerciais recorrentes e não-recorrentes entre a Macau Legend e o Sr. Chan Weng Lin (Levo Chan)”, o conselho de administração da Macau Legend concluiu que o “incidente” não teve impacto significativo, nem efeito, nos negócios e operações do grupo. Sem especificar de que “incidente” se trata, subentende-se estar em causa a detenção de Levo Chan e a investigação às suas empresas promotoras de jogo.

Pratos limpos

A nota enviada na sexta-feira à bolsa de valores de Hong Kong, a dar conta do resultado da vistoria do consultor independente, culmina um processo de averiguação promovido por um comité especial da Macau Legend, que tenta colocar-se a “salvo” da investigação criminal que incide sobre a Tak Chun.

O processo começou em Março, quando a empresa proprietária da Macau Fisherman’s Wharf estabeleceu um comité especial para identificar e avaliar o impacto dos negócios das empresas de Levo Chan no grupo. Na altura, a empresa descreveu o consultor independente como “uma empresa de contabilidade com reputação internacional”.

A compra e venda de acções da empresa liderada na actualidade por Melinda Chan, ex-deputada e esposa do fundador da Macau Legend, David Chow, foi suspensa no passado dia 1 de Abril por não ter os seus resultados anuais.

24 Mai 2022

Cultura | Associação organiza jornada de um dia pela cultura indiana

No próximo dia 3 de Junho, a Associação Cultural Indiana de Macau propõe uma viagem de um dia à Índia através dos sabores, danças e cultura do país. Ao longo do dia, serão organizados workshops onde os “viajantes” podem aprender a fazer o tradicional chá com leite indiano, comida, danças, tatuagens de henna e experimentar a exuberância de Bollywood

 

Atenção aos passageiros com cartão de embarque válido, a viagem à Índia está prestes a começar. Esta é a sensação que Victor Kumar, presidente da Associação Cultural Indiana de Macau (ICAM na sigla em inglês Indian Culture Association Of Macau), pretende transmitir durante o evento “Jornada pela Índia, Vamos à Índia”, marcado para o dia 3 de Junho, das 10h30 às 20h30. A expedição será interior, conduzida através de uma série de workshops dedicados a várias facetas da cultura indiana, que terão lugar no V Studio, na Rua Norte do Patane.

“Como não podemos viajar, queremos dar a experiência de uma viagem interior pela Índia. Se não podemos lá ir, o mais aproximado será trazer a Índia para Macau”, conta ao HM Victor Kumar, um dos organizadores do evento e fundador da ICAM.

A ideia será transmitir a sensação de uma viagem real. Assim sendo, a organização da “Jornada pela Índia, Vamos à Índia” vai providenciar um cartão de embarque aos participantes e um itinerário que irá percorrer alguns dos pontos incontornáveis da cultura indiana.

O dia começa com um workshop de yoga terapêutica e ayurveda (medicina alternativa de raízes no subcontinente, muito usada na Índia e Nepal), com uma sessão entre as 10h30 e as 11h30.

A jornada continua apelando a outros sentidos, com o workshop dedicado à gastronomia indiana entre as 12h e as 13h30. Entre alguns pratos tradicionais, “os participantes vão aprender a fazer masala chai, o tradicional chá com leite indiano”, revela Victor Kumar.

Tons e sons

Depois dos aromas e paladares, a viagem prossegue pelo alucinante mundo das cores e danças indianas. A primeira “paragem” é uma aula de maquilhagem ao estilo de Bollywood, das 14h às 16h, que inclui uma sessão fotográfica com os participantes vestidos a rigor, envergando vestimentas que mostram a exuberância típica do cinema indiano.

A jornada prossegue com um workshop de tatuagens temporárias de henna, uma tinta extraída das folhas da planta com o mesmo nome, entre as 16h e as 18h. “Encontrámos duas especialistas em Macau que vão ensinar a fazer as pinturas corporais. Este tipo de ‘tatuagem’ não só é usada por motivos cerimoniais, como casamentos, mas também ajuda a arrefecer o corpo”, conta o organizador.

Das 18h às 20h30, a jornada tem como destino o movimento corporal e os ritmos contangiantes das danças tradicionais indianas e das coreografias dos filmes de Bollywood.

O workshop de dança de fusão indiana será dado por uma profissional que estudou dança clássica da Índia e que, vestida a rigor, irá revelar alguns dos truques básicos e passos fundamentais.

Para fechar em beleza, a jornada termina com uma sessão de danças de Bollywood. “Será uma actividade muito divertida para casais”, prevê Victor Kumar, que acrescenta que serão expostos livros sobre vários aspectos da cultura indiana, com algumas obras traduzidas para chinês, incluindo filosofia, yoga, arte e história da Índia.

Com mais de uma década em Macau, a ICAM tem marcado presença em actividades organizados pela Direcção dos Serviços de Turismo, Instituto Cultural, com participações em eventos como o Festival de Artes de Macau e a Parada Internacional de Macau.

Para participar na jornada à Índia, é necessário fazer inscrição na página de Facebook da associação, fundamental para a emissão do cartão de embarque. Cada sessão irá custar 200 patacas, mas o preço da viagem completa, com direito a participar em todas as actividades custa 600 patacas.

23 Mai 2022

Reportagem | Em directo de Hengqin

A pandemia, a popularização do comércio online e o panorama laboral de Macau foram os ingredientes principais para o nascimento da Base em Directo Macau & Hengqin. As condições e facilidades oferecidas na Ilha da Montanha foram o tónico essencial para um negócio pioneiro de vendas onlines que apresenta em directo no TikTok produtos, marcas e as características únicas de Macau

 

Quem cresceu na era das televendas irá reconhecer o padrão. Caras bonitas, movimento e produtos fantásticos à distância de um chamada. O velho conceito renasceu na Era das redes sociais e o TikTok é um dos canais preferenciais para vender e anunciar produtos, lojas, negócios e conceitos.

Foi com este espírito pioneiro de modernidade que nasceu a Base em Directo Macau & Hengqin, o equivalente cibernético a uma produtora de conteúdos audiovisuais dedicada ao comércio electrónico. Window Lei, residente de Macau, foi o homem que abriu a “janela” de oportunidade e que fundou no ano passado a produtora que opera hoje a todo o vapor num edifício comercial logo à entrada em Hengqin.

Saindo da retaguarda expectante em que, na óptica de Lei, se encontra a larga maioria dos jovens de Macau, o empresário decidiu assumir o risco e começar um negócio em plena pandemia, ainda para mais numa área nova. “As pessoas em Macau têm medo de arriscar, temem a ousadia de começar algo do zero, não têm espírito pioneiro. Preferem ficar numa posição segura a observar o que se passa”, conta Window Lei.

Entediado pela passividade e ciente dos novos tempos de preponderância da internet, em particular das vendas online através de canais em redes sociais, o tempo para agir tornou-se cada vez mais urgente.

Hoje em dia, a Base em Directo Macau & Hengqin dá trabalho a mais de meia centena de pessoas, entre apresentadores de conteúdos e pessoal técnico de produção. O método de negócio é relativamente simples. Um apresentador enérgico à frente da câmara a mediar uma relação instantânea entre consumidor e o produto.

Através de transmissão em directo no canal de TikTok da empresa, ou da publicação de vídeos previamente gravados, é vendida online, num formato moderno, divertido e informal, uma vasta panóplia de artigos: roupa, produtos de beleza, bebidas como sake e whisky, produtos secos.

São também vendidos serviços, como fotografias de casamento, produtos turísticos, mas também são divulgadas lojas e marcas de Macau através de vídeos que procuram a “viralidade”.

“Temos cerca de 40 apresentadores, cada um com a sua especialidade. Por exemplo, Wonton é o responsável pela divulgação de lojas nossas clientes e a Sosou dedica-se mais a comida vegetariana e à gastronomia de Macau e Zhuhai. Fazemos também curtas-metragens, ou pequenos sketches de comédia para publicitar lojas e restaurantes que queiram apelar à clientela chinesa. Também fazemos pequenos jogos com os espectadores, música ao vivo, dança ou partilha de histórias.

Montanha vizinha

A localização não foi uma questão que tenha tirado o sono a Window Lei. Aliás, o tempo que demora a chegar ao trabalho, localizado perto do posto fronteiriço da Ilha da Montanha, não se compara ao tormento diário vivido no trânsito de Macau. “Hengqin fica logo aqui ao lado. Para quem tem matrícula para entrar em Hengqin, como eu, é muito mais rápido do que os normais percursos entre a Taipa e Península de Macau. Só preciso de 10 a 15 minutos”, conta o empresário.

Niki Cheong, uma das apresentadoras que usa a base, dá conta da fluidez e conveniência da localização dos estúdios. “Sinto-me em casa. O ambiente de trabalho em Hengqin é melhor do que em Macau. Atravessar a fronteira não implica qualquer drama, é um processo rápido e conveniente, e acaba por ser mais rápido do que ir trabalhar para a Península de Macau”, confessa.

Além da proximidade e da aliciante perspectiva de penetrar no imenso mercado nacional, as condições oferecidas do outro lado da fronteira foram demasiado tentadoras para Window Lei resistir.

“Hengqin acrescenta dimensão a Macau, tem terra, espaço para crescer. A nossa base também precisa de muito espaço, para conseguirmos operar tantas salas de transmissão. Nunca iria encontrar em Macau um local que me oferecesse estas condições por uma renda tão pequena”, conta.

Uma questão que começou por preocupar Lei, e que se revelou uma surpresa, foi a facilidade no recrutaento de quadros qualificados em Macau. Nesse aspecto, as políticas de apoio e incentivo ao empreendedorismo do Governo de Hengqin foram uma alavanca fundamental. Mas, a ideia de que seria muito mais fácil recrutar apresentadores do Interior, onde o comércio electrónico através das redes sociais é um fenómeno bastante disseminado, foi derrotada pela realidade. “Acabámos por contar com cerca de 30 apresentadores de Macau, mais ou menos três quartos do pessoal recrutado. Quando começámos, não pensei sequer atingir metade das vagas”, revela ainda surpreendido.

A tempestade perfeita

Apesar de também recrutar apresentadores de Zhuhai, Foshan e de outros locais dentro da Grande Baía, esses não chegam à uma dezena. Window Lei interpreta o grande interesse demonstrado pelos jovens de Macau neste tipo de negócio precisamente por ser uma novidade, mas, també devido ao panorama económico nascido da pandemia.

“O desemprego em Macau passou a ser uma preocupação, um problema social. De repente, profissionais que trabalhavam em casinos, ou em relações públicas em salas de jogo VIP, perderam o emprego. Estas pessoas estavam habituadas à qualidade de vida que essa indústria lhes proporcionava. O comércio online pode ser uma saída.”

Entre os apresentadores que trabalham na base, há quem tenha remunerações entre 30 mil e 40 mil renminbis por mês. Normalmente, os salários base situam-se entre 8 mil e 10 mil renminbis, “mas se forem trabalhadores dedicados, ultrapassam estes valores iniciais muito facilmente”. “Que trabalhos em Macau podem oferecer estes salários?”, questiona Window Lei.

Na base de transmissões, o tamanho do ordenado depende das horas de trabalho, mas a dedicação é um derradeiro critério para atingir o sucesso. Niki Cheong é a prova viva desse princípio. Durante os tempos de universidade, a residente de Macau de 38 anos, trabalhou como modelo e apresentadora, sempre como free-lancer. Nos últimos quatro anos passou a trabalhar como apresentadora de produtos.

Hoje em dia, as suas áreas de especialidade são convenções, feiras comerciais, exposições, actividades organizadas por casinos e pelo Governo. Neste domínio, a pandemia representou uma oportunidade para Niki Cheong. “Nos últimos anos, devido ao combate à pandemia, estes eventos passaram essencialmente para o online. Então, tenho feito muitas horas de transmissão de vendas online, e promoção de produtos e marcas, em especial na Feira de Produtos de Marca da Província de Guangdong e na Feira Internacional de Macau”, revela.

Durante estes eventos, Niki faz transmissões em directo, quebrando a barreira física imposta pelas restrições sanitárias. “Como as pessoas não conseguem participar fisicamente nas feiras e convenções, não podem experimentar os produtos, nem comprá-los no local, eu faço a ponte entre a procura e a oferta, através da cooperação com plataformas de comércio electrónico (como a Hello Macau). Vendo de tudo um pouco. Frutas, marisco, brinquedos, roupa. Durante os dias de Ano Novo Chinês deste ano, acumulei vendas que chegaram aos seis dígitos de facturação. Foi um excelente resultado, consegui vender mais de 500 unidades de um produto.”

Vestir a camisola

Antes de se dedicar às vendas através de plataformas online, Niki Cheong acumulou experiência na área do entretenimento também no mundo cibernético para empresas de Hong Kong e Taiwan, através de aplicações como a UpLive. Esta aplicação permite a transmissão em directo de vídeos filmados com o telefone. O sofware é particularmente apropriado para as vendas online, uma vez que vem munido de um protocolo único blockchain que permite aos utilizadores a possibilidade de enviar presentes virtuais aos criadores de conteúdos, que depois podem ser trocados por dinheiro.

Enquanto não está em directo, Niki divide-se em múltiplas tarefas invisíveis aos consumidores, com muitas horas de produção e preparação. “Por exemplo, quando trabalhava na Hello Macau e tinha uma transmissão próxima, esses directos duravam perto de três horas, normalmente entre as 19h e as 22h”, o horário nobre para os programas de comércio electrónico. “Geralmente, precisamos de chegar ao local à tarde, ou seja, por volta das 15h, para termos tempo de preparação. Dessa forma podemos fazer um vídeo para pré-visualização, uma espécie de teaser, um aperitivo que apresentasse a transmissão que iríamos fazer mais tarde. Lá para as 18h, começávamos a preparar a sala, ou espaço, para fazer o streaming, com a disposição correcta dos produtos e a organização da ordem a seguir durante a transmissão, revela a apresentadora.

No fim das transmissões, o costume ditava a revisão do que fora transmitido, o que em termos práticos significa sair do trabalho por volta da meia-noite, um horário laboral bem diferente do padrão das 09h às 17h.

Por outro lado, os apresentadores a tempo interno, podem trabalhar toda a semana, ou seja, da segunda-feira a domingo, revela Niki Cheong.

O tempo é agora

Como tudo na vida, o timming é determinante para o sucesso de negócios que se lançam à aventura em sectores empresariais novos. Window Lei tem essa noção. “Se não aprendermos depressa e bem, facilmente seremos substituídos por alguém com um melhor produto, melhor apresentação”, indica. Com o advento do 5G, aliado à popularizão dos meios de pagamento através do telefone e à pandemia que “formatou” o consumo para o comércio electrónico, esta é a Era ideal para este tipo de plataformas de vendas online.

“Este sector poderá ser a tendência dominante no mundo do comércio na nova época que começou quase sem darmos conta. Por isso, trouxemos para Macau um pouco desta indústria que tem estado em franco desenvolvimento no Interior”, contextualiza Window Lei.

Minhotas à moda de Cantão

Um dos trunfos em termos de diversidade que Macau apresenta no contexto nacional e da Grande Baía é a presença da cultura portuguesa no território. Imaginário que é convertido em renminbis.

Apesar de não serem vendidos produtos lusos, a presença de apresentadoras trajando roupas tradicionais enquanto vendem sake ou durante vídeos promocionais a restaurantes de gastronomia cantonense tornou-se numa imagem de marca diferente de tudo o que se vê nas redes sociais chinesas.

Niki Cheong conhece bem os lenços e saias rodadas dos trajes típicos portugueses e destaca a forma como o colorido “exotismo” luso capta a atenção dos consumidores. “As pessoas ficam muito curiosas quando aparecemos trajadas de minhotas. Depois explicamos que são roupas tradicionais de Portugal, que reflectem e se adequam aos diferentes períodos de produção agrícola”, conta. Para muitos, esta é a porta de entrada para a cultura portuguesa e para as características únicas de Macau.

“Seria óptimo se pudessemos exportar a cultura portuguesa a partir de Hengqin para o mercado da Grande Baía. Queremos mostrar ao público do Interior da China que Macau é um lugar muito especial onde se pode sentir a cultura portuguesa”, explica a apresentadora.

No próximo mês de Julho, a Next Vila, um espaço relvado com esplanada e café que pertence ao universo da Base em Directo Macau & Hengqin, será palco de um dia dedicado a esta visão do que é a cultura portuguesa. Serão disponibilizados trajes típicos, o vira minhota irá convidar à dança e serão vendidos galos de Barcelos.

Este tipo de actividades insere-se perfeitamente numa tendência crescente que leva turistas chineses a fazerem sessões de fotografia usando trajes típicos da região onde se encontram. Algo bastante popular no Interior da China.

“As clientes querem vestir o que é típico, o que representa a cultura. A ideia surgiu porque Macau é uma cidade sino-portuguesa, mas não tem lugares para arrendar os trajes, por isso entrámos em contacto com alfaiates portugueses que fizeram estes trajes”, revela a apresentadora.

As super-estrelas do e-comércio

O mercado chinês do comércio online e dos streamers que vendem produtos tem dimensões que ultrapassam muitos PIBs de alguns países desenvolvidos. Assim sendo, é natural que alguns apresentadores cheguem a um estatuto de celebridade e fama que lhe vale milhões.

Viya é uma das streamers mais populares, uma celebridade que caiu em desgraça depois de lhe ser aplicada uma multa equivalente a 210 milhões de dólares norte-americanos por evasão fiscal. O absurdo valor da multa é revelador do total património daquela que é conhecida como a rainha das transmissões em directo no TikTok.

Com apenas 34 anos, Viya, cujo nome verdadeiro é Huang Wei, atingiu o estatuto de bilionária, com os meios de comunicação chineses a avaliar o seu património líquido em mais de 1,25 mil milhões de dólares, o que a colocou entre as 500 personalidades mais ricas da China.

Com mais de 100 milhões de seguidores nas redes sociais, Viya é conhecida como a cara da indústria do comércio online, vendendo praticamente tudo na sua plataforma, incluindo cosméticos, electrodomésticos, alimentos, vestuário, casas e carros.

Em Abril de 2020, a celebridade vendeu a oportunidade de particpar no lançamento de um foguete comercial, experiência que foi comprada por 5,6 milhões de dólares.

Durante o recente festival de compras do Dia dos Solteiros na China, Viya terá vendido produtos no valor total de 8,5 mil milhões de yuan.

Depois do escândalo de fuga aos impostos, a streamer desapareceu apesar de ter pedido publicamente desculpas pelo sucedido. Ainda assim, as suas plataformas online, incluindo a ligação livestream no Taobao e a sua conta Weibo, foram removidas.

Monarca dos cosméticos

Austin Li Jiaqi, conhecido na China como o “Rei dos Batons”, ganhou a alcunha depois de experimentar 380 batons durante uma transmissão em directo que durou sete horas. No mundo das celebridades do comércio online, Li Jiaqi é o maior rival de Viya, com 40 milhões de seguidores no TikTok. O seu slogan, “Oh meu Deus, compra!” tornou-se num chavão repetido vezes sem conta, aplicado às mais variadas circunstâncias.

Antes de emergir como uma das maiores estrelas chinesas da especialidade, Li trabalhou como consultor de beleza numa loja L’Oreal na cidade de Nanchang.

Durante o recente evento de compras do Dia dos Solteiros de Alibaba 2021, Li terá vendido no primeiro dia uma quantia espantosa de 1,9 mil milhões de dólares em mercadorias, contando com 250 milhões de espectadores na sua transmissão em directo.

20 Mai 2022

Hospital das Ilhas | Acordo com Kiang Wu reforça formação de enfermeiros

O Instituto de Enfermagem Kiang Wu vai ser integrado no Edifício Pedagógico de Enfermagem do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas com o objectivo de melhorar as “condições e recursos para a formação de quadros na área profissional de enfermagem”.

A cerimónia de assinatura do protocolo de utilização do edifício realizou-se no passado dia 12 de Maio, através de um comunicado divulgado em chinês no dia seguinte e disponibilizado ontem em português.

O protocolo foi assinado por Kong Chi Meng, director dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e pelo presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu, Lau Veng Seng.

O Governo afirma que o Edifício Pedagógico de Enfermagem do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas terá como missão “optimizar as instalações e os equipamentos destinados ao ensino de enfermagem e criar condições para elevar ainda mais a sua qualidade”.

Por sua vez, o representante máximo do Instituto de Enfermagem Kiang Wu deu conta do “acréscimo gradual” do número de alunos matriculados.

19 Mai 2022

Segurança Nacional | Exposição visitada por mais de 58 mil pessoas

A “Exposição sobre a Educação da Segurança Nacional”, que encerrou no domingo, recebeu mais de 58 mil visitantes, incluindo membros de associações cívicas, organizações juvenis, escolas e grupos de funcionários públicos e de empresas privadas. Segundo o Gabinete de Comunicação Social (GCS), o website temático sobre a exposição atraiu mais de 380 mil visualizações.

O evento, co-organizado pelo Governo da RAEM e o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, reuniu “mais de 420 imagens e vários vídeos, apresentando o desenvolvimento e a segurança nacional, a perspectiva geral da segurança nacional, a forma como foram enfrentadas mudanças inéditas nos últimos 100 anos, e a pandemia deste século”.

Foram também exibidos elementos com o intuito de retratar “os resultados obtidos com a promoção da segurança nacional na nova Era, assim como as medidas implementadas e os resultados alcançados pelo Governo da RAEM no âmbito da defesa da segurança nacional e do progresso do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Esta foi a quinta edição da “Exposição sobre a Educação da Segurança Nacional”, que se realiza desde 2018 “sempre com sucesso”, remata o GCS.

17 Mai 2022

Covid-19 | À medida que o nível de emergência é aliviado, Xangai reabre gradualmente

Xangai começou esta semana a transitar aos poucos da resposta de emergência aos surtos de covid-19 que afectaram a cidade para uma fase de “controlo normalizado” da propagação da doença. Enquanto o comércio reabre portas gradualmente, as autoridades apontam a regresso à normalidade para o início de Junho. Até lá, escolas, transportes e negócios regressam ao activo de forma progressiva

 

Aos poucos, a normalidade regressa a Xangai. Esta foi a principal mensagem deixada pela número dois das autoridades municipais, Zong Ming, numa conferência de imprensa convocada para divulgar a entrada da cidade num novo capítulo da luta contra a pandemia.

Depois de mais de um mês e meio de confinamentos e paralisia, foi ontem anunciado que dos 16 distritos de Xangai, 15 conseguiram eliminar novas cadeias de transmissão do novo tipo de coronavírus fora das áreas de quarentena.

De acordo com o China Daily, o número de pessoas que vive nas “áreas de gestão fechada” desceu para perto de um milhão, contabilidade realçada por Zong Ming e que levou a responsável a afirmar taxativamente que “pandemia foi efectivamente controlada”.

Para já, a cidade vai transitar gradualmente da situação de resposta de emergência para aquilo a que as autoridades referem como uma fase de “controlo normalizado” da propagação da pandemia.

O alívio das restrições terá um primeiro impacto ao nível do comércio. Assim sendo, centros comerciais, armazéns e outlets, supermercados, lojas de conveniência, farmácias e serviços de restauração retomaram actividade com portas abertas “de forma gradual e ordenada”, descreve o China Daily. A vice-presidente do município frisou que desde ontem Xangai irá promover o reinício faseado dos negócios comerciais e mercados.

Apesar da novidade, a reabertura do grande centro financeiro chinês irá respeitar rigorosos princípios para evitar o retorno da subida de infecções. Como tal, as reaberturas serão “ordenadas, com fluxo limitado de consumidores, controlo eficaz e gestão classificada”, enquanto se implementam medidas de prevenção e controlo pandémicos, afirmaram os responsáveis do Governo municipal.

Não descurando detalhes, todos os locais de venda a retalho serão obrigados a reservar canais de entrada e saída de pessoas, a limitar o fluxo de clientes e a fornecer serviços para fazer encomendas online, mas também entregas presencialmente. O consumo dentro dos estabelecimentos será limitado.

Também os restaurantes e cabeleireiros irão retomar actividade progressivamente. Numa primeira fase, os estabelecimentos de venda de comidas e bebidas vão passar a aceitar encomendas também presencialmente, mantendo-se, para já, apenas a entrega de produtos takeaway. Já os cabeleireiro terão de respeitar um limite do número de clientes.

“Acreditamos que à medida que a situação epidémica melhora, a retoma dos negócios e mercados dará passos maiores e serão reabertos mais pontos de venda comerciais”, perspectivou ontem Chen Tong, outro responsável do Governo municipal citado pelo China Daily.

Multiplicação de balcões

O número de lojas e estabelecimentos comerciais que operam na cidade subiu do ponto mais baixo de 1.400 durante todo o encerramento da cidade para 10.625 registados ontem, com 5 milhões de entregas a serem concluídas diariamente. Gu Jun, director da Comissão de Comércio de Xangai, disse que quase 1.200, ou três quartos, do total de pontos de venda dos 12 grandes supermercados da cidade reabriram. Ao todo, 183 estão a funcionar offline e os restantes recebem encomendas online.

Mais de 2.200, ou um terço, das principais cadeias de lojas de conveniência da cidade retomaram também a actividade. Destes, mais de 670 abriram ontem portas ao público.

Por outro lado, as autoridades afirmaram que quase dois terços das mais importantes empresas estrangeiras retomaram operações. Estas empresas estão elencadas numa lista que as categoriza segundo a importância estratégica que desempenham, com 142 companhias à cabeça de sectores tão diversos como comércio de mercadorias, comércio de serviços, sedes de empresas de capitais estrangeiros e serviços portuários.

Na segunda linha de prioridade, o director da Comissão do Comércio de Xangai, Gu Jun, revelou estarem 562 empresas que antecipam também o recomeço de actividade.

“Estamos também a estabelecer um mecanismo de diálogo regular com os consulados e associações empresariais estrangeiras em Xangai para reforçar a interpretação das políticas, de modo a procurar compreender, apoiar e estabilizar as expectativas do seu desenvolvimento”, afirmou ontem Gu Jun.

Ir de A para B

Quanto a datas, a reabertura de Xangai irá respeitar determinados períodos-chave. A primeira fase, que começou ontem e irá prolongar-se até sábado, tem como prioridades continuar a reduzir o número de novas infecções, prevenir recaídas e diminuir o número de pessoas circunscritas às áreas de gestão fechada.

Se a situação de melhoria não sofrer qualquer revés, a segunda da reabertura decorrerá entre 22 e 31 de Maio.
A partir de 1 de Junho, “os residentes localizados em zonas com restrições serão autorizados a abandonar as suas comunidades de uma forma ordenada, mas a mobilidade será limitada. Toda a cidade manterá um baixo nível de actividades sociais na primeira fase”, revelou ontem Zong Ming.

A reposição da normalidade irá sentir-se em todos os aspectos da vida da cidade. As aulas nas escolas serão retomadas de forma faseada, começando com turmas do 9º, 11º e 12º ano do ensino secundário, disse a autoridade da cidade.

Um dos sinais de mudança verificou-se ontem, com o retorno da circulação de táxis e carros particulares nas estradas das regiões suburbanas, incluindo nos distritos de Jinshan e Fengxian, bem como algumas áreas de baixo risco em Pudong. As autoridades estão também a planear aumentar gradualmente o número de comboios que partem e chegam a Xangai. Os voos domésticos com destino à cidade também serão retomados nas próximas semanas.

O retorno do funcionamento dos transportes públicos, como autocarros e metro, está marcado para o próximo domingo. Os utentes dos transportes, ou pessoas que acedam a serviços públicos devem apresentar um relatório de teste de ácido nucleico negativo feito nas últimas 48 horas.

Primavera para esquecer

As notícias sobre a reabertura da cidade surgem numa altura em que o número de casos de infecções de covid-19 em Xaigai tem vindo a diminuir, com 1.369 novos casos positivos anunciados ontem, contra mais de 25 mil no final do mês passado. Segundo as autoridades locais, todos os casos positivos foram encontrados em pessoas que se encontravam em quarentena e ou confinamento.

No sábado passado, Xangai contabilizava 286 doentes em estado grave e 67 em estado crítico. Além disso, as autoridades da cidade reportaram três mortes resultados da infecção do novo tipo de coronavírus. As vítimas mortais tinham uma idade média de 75 anos e todos sofriam alegadamente de doenças graves subjacentes, factor que contribuiu para as suas mortes.

Um surto de covid-19 levou as autoridades chinesas a impor, no final de Março, um confinamento da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes.

Nos canais noticiosos e redes sociais foram sendo divulgados casos de moradores que ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena.

O Governo chinês continua a implementar uma estratégia de ‘tolerância zero’ à doença, que inclui o isolamento dos casos positivos e o bloqueio de cidades. O Presidente Xi Jinping defendeu, no início de Maio, que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai “vão resistir ao teste do tempo” e prometeu combater qualquer tentativa de “distorcer, questionar e desafiar” a política de ‘zero covid’. Com agências

17 Mai 2022

MP | Prisão preventiva para suspeitos de burla com “dinheiro para treino”

O Juiz de Instrução Crimina decretou a medida de prisão preventiva a um homem e uma mulher suspeitos burla no valor de 160 mil renminbis usando “notas de treino” num esquema de troca de dinheiro.

A medida foi anunciada pelo Ministério Público na passada sexta-feira, depois de as autoridades policiais terem descoberto que os suspeitos, oriundos do Interior da China, estariam a usar “notas de treino” num negócio de troca ilegal de moeda. O magistrado justificou a aplicação de prisão preventiva por entender verificar-se “perigo de fuga de Macau”, assim como a possibilidade de “continuação da prática de actividade criminosa da mesma natureza, da perturbação da ordem processual e da ordem pública”.

Tendo em conta o montante envolvido, os suspeitos arriscam uma pena de prisão de até 10 anos, moldura pena aplicada ao crime de burla de valor consideravelmente elevado.

Segundo o Ministério Público, “os dois arguidos, a pretexto de troca de dinheiro, realizaram um negócio com a vítima com exemplares de notas com a impressão de ‘nota para treino’”, resultando num prejuízo superior a 160 mil renminbis.

No período compreendido entre Abril e Maio do corrente ano, foi aplicada a medida de coacção de prisão preventiva a oito arguidos pela prática de burla com “notas de treino”.

16 Mai 2022

CCPPC | Wang Yang quer que patriotas de Macau melhorem competências políticas

O secretário-geral do Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês considera que as qualificações políticas dos patriotas de Macau e Hong Kong precisam ser reforçadas. Na sociedade civil e nos sectores profissionais, os conselheiros sugeriram o aumento da participação de pessoas com forte sentido patriótico

 

A melhoria das capacidades, recursos e qualificações políticas dos patriotas de Macau e Hong Kong foi o principal tópico na agenda da reunião de sexta-feira da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). O secretário-geral do Comité Permanente do principal órgão consultivo nacional, Wang Yang, destacou a urgente prioridade de “reforçar as competências dos patriotas que amam a pátria, Hong Kong e Macau”, enquanto factor determinante para a implementação dos princípios de “patriotas a governar” as regiões administrativas e especiais.

Citado pela agência Xinhua, Wang Yang reforçou a necessidade de união entre patriotas e de potenciar as suas capacidades, “incluindo o reforço da consciência política, o estabelecimento de laços estreitos com o povo e a competência para resolver os problemas da população”. Segundo o dirigente, estes são os caminhos para a boa governação das regiões administrativas especiais, assegurando a implementação correcta do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Durante a sessão, os conselheiros congratularam-se pela eleição de John Lee enquanto sexto Chefe do Executivo de Hong Kong, depois de conseguir “a esmagadora maioria dos votos”, e demonstraram confiança num futuro estável, próspero e harmonioso para a região vizinha. O ex-secretário para a Segurança de Hong Kong foi eleito no passado dia 8 de Maio, com 99 por cento de votos dos cerca de 1500 membros do comité eleitoral, numa corrida onde foi o único candidato.

Força em números

Uma das ideias veiculadas durante a sessão, foi a possibilidade de aumentar o número de participantes na CCPPC oriundos de Macau e Hong Kong, ao mesmo tempo que se reforça a educação patriótica da juventude das regiões administrativas especiais.

No capítulo governativo, os membros do CCPPC concordaram que a prioridade máxima deve ser o aumento da integridade política e das competências para bem governar.

Em relação à sociedade civil, os conselheiros sugeriram o reforço das posições políticas de organizações de cariz social, assim como dos sectores profissionais que devem “expandir a reserva de pessoas que amem o país, Hong Kong e Macau”.

Em declarações ao jornal Ou Mun, Liu Chak Wan, um dos representantes da RAEM na CCPPC, afirmou que o Governo de Macau tem de reforçar o reconhecimento popular dado ao Partido Comunista Chinês, “conduzindo todos os sectores sociais no apoio sincero ao papel de liderança do partido”.

16 Mai 2022

Galaxy | Receitas do primeiro trimestre caem quase 20%

A Galaxy Entertainment Group registou quebras de receitas de 19,5 por cento durante o primeiro trimestre de 2022, em relação aos primeiros três meses do ano passado. Apesar dos resultados, o CEO do grupo encarou a intensificação do movimento de visitantes durante os feriados deste mês como um sinal de retoma

 

Os primeiros três meses de 2022 foram particularmente penalizadores para a indústria do jogo. Os resultados do primeiro trimestre do ano da Galaxy Entertainment Group, apresentados ontem à bolsa de valores de Hong Kong, atestam a tendência negativa.

A concessionária registou 575 milhões de dólares de Hong Kong (HKD) de ganhos antes de amortizações, depreciações, juros e impostos (EBITDA), resultado que representa um declínio de 33,1 por cento em relação ao período homólogo de 2021, e uma quebra de 44,9 por cento em relação ao trimestre anterior.

As receitas dos primeiros três meses de 2022 totalizaram 4,1 mil milhões de HKD, menos 19,5 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2021 e menos 13,7 por cento em relação ao quarto trimestre de 2021.

Durante o período em análise, as receitas líquidas apuradas no jogo caíram 24,8 por cento em termos anuais, para 2,9 mil milhões de HKD. A quebra em termos trimestrais ficou-se pelos 10,9 por cento.

Ainda assim, o CEO do grupo, Lui Che Woo, destacou sinais de retoma do sector no comunicado enviado à bolsa e aos accionistas da Galaxy.

“Embora tenhamos experimentado um aumento modesto nas visitas durante os feriados de Maio, reconhecemos que ainda se mantém muito abaixo dos níveis pré-pandémicos”, começou por contextualizar. Porém, Lui Che Woo sublinhou a importância da maior actividade nos resorts integrados do grupo, incluindo nas unidades hoteleiras e restaurantes. “Acreditamos ser um bom presságio para a futura recuperação de Macau, na medida em que assinala um aumento da procura reprimida em relação ao lazer, turismo e viagens”, apontou.

Tempos que se avizinham

Apesar dos resultados desanimadores, o líder da Galaxy salienta a solidez contabilística do grupo empresarial, mesmo durante um “período desafiante”, reportando um saldo líquido de tesouraria de 24,5 mil milhões de dólares norte-americanos. Motivo pelo qual o CEO da Galaxy Entertainment Group reitera a continuidade dos investimentos da Galaxy “no futuro de Macau”.

Lui Che Woo destacou também o retorno recebido pelos accionistas, enquanto factor que comprova a solidez financeira do grupo. “Temos o prazer de informar que pagámos os dividendos especiais previamente anunciados de $0,30 por acção a 29 de Abril de 2022. Isto atesta a nossa confiança a longo prazo em Macau, a nossa força financeira e o potencial de ganhos futuros enquanto navegamos por mares afectados por ventos pandémicos”, afirmou.

O optimismo do CEO da Galaxy não é ilimitado, reconhecendo que potenciais novos surtos de covid-19 “podem ter impacto no desempenho financeiro” do grupo.

Em relação ao processo de renovação das licenças de jogo, Lui Che Woo afirmou que o grupo solicitou a extensão da concessão até 31 de Dezembro deste ano. Além disso, o director reitera que a Galaxy “continua a apoiar o processo regulamentar em Macau, incluindo as iniciativas legislativas relacionadas com o sector do jogo”.

13 Mai 2022

FIC | Detectadas anomalias e falta de fiscalização em financiamentos

O Comissariado da Auditoria aponta falta de fiscalização e anomalias na atribuição de verbas através do Fundo das Indústrias Culturais. O relatório, divulgado ontem, indica terem sido encontradas “situações flagrantes de transacções com partes relacionadas”, envolvendo quase 24 milhões de patacas

Com Lusa 

O Comissariado da Auditoria (CA) emitiu ontem um relatório muito pouco abonatório em relação à forma como o Fundo das Indústrias Culturais (FIC) atribui os financiamentos. Após elencar uma série de anomalias, o regulador coloca mesmo em questão a capacidade do FIC para atingir os objectivos a que se propõe.

“Para que o dinheiro público, que é limitado, seja apropriadamente utilizado para alcançar as políticas e objectivos definidos, é necessária uma boa e activa gestão”, aponta o CA.

Ao longo da auditoria, foram detectadas anomalias nos apoios durante o período entre 2013 e 2020, envolvendo perto de 40 milhões de patacas, nem todos com o mesmo grau de gravidade. A entidade fiscalizadora indica que “em nove projectos [foram detectadas] situações flagrantes de transacções com partes relacionadas”, envolvendo um total de 23,8 milhões de patacas.

No relatório é referido “que o Fundo das Indústrias Culturais [FIC] nunca chegou a tomar medidas quanto aos casos de conflitos de interesses nesse tipo de transações”. Aliás, a entidade liderada por Ho Veng On concluiu que “muitos dos problemas e sinais evidentes foram ignorados pelo FIC” e que isso “demonstra que a atitude passiva do organismo auditado foi a principal causa dos problemas detectados”.

Milhões e milhões

O CA revela que começou por analisar o mecanismo de verificação das despesas com vista a examinar a gestão efectuada pelo FIC. “Relativamente ao mecanismo de fiscalização estabelecido, constataram-se deficiências em certos procedimentos, e que o FIC, para além de não a ter corrigido atempadamente, deixou a situação piorar”.

A entidade fiscalizadora detectou também anomalias quanto à legalidade de despesas no arrendamento, o que resultou no “desperdício do dinheiro público aplicado pelo FIC”, explicitando que os “apoios financeiros destinados a rendas custaram ao erário público quase 15,8 milhões patacas”.

O relatório analisou a atribuição de apoios a 316 projectos entre Outubro de 2013 e Junho de 2020, no valor total de 517,9 milhões de patacas.

13 Mai 2022

Turismo | Mais de 10% da população aderiu às excursões locais

Desde o início do programa de roteiros turísticos locais deste ano até à passada terça-feira, mais de 72 mil residentes inscreveram-se nos passeios locais. Os pacotes de estadia em hotéis foram os mais procurados, seguidos dos roteiros com itinerários escolhidos pelos próprios participantes

 

Até à passada terça-feira, o programa de excursões locais “Passeios, gastronomia e estadia para residentes de Macau” deste ano somava 72.767 inscrições de residentes, entre os quais 31.999 aderiram às excursões locais, enquanto 40.768 optaram por pacotes hoteleiros. Recorde-se que os primeiros passeios do programa de 2022 começaram no final de Janeiro, oferecendo 35 roteiros.

Entre as excursões locais, o programa mais procurado foi “Sentir Macau Ao Seu Estilo”, um roteiro em que os próprios participantes escolhem o itinerário, totalizando 10.318 pessoas inscritas. No segundo lugar do pódio ficou o roteiro “Experienciar a beleza de Coloane”, com 9.352 pessoas inscritas, enquanto as viagens marítimas foram a terceira oferta mais popular, com 5.795 inscrições. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em quarto e quinto lugar, em termos de popularidade e adesão, ficam os roteiros “Explorar a cultura de Macau Património Mundial” e “Os segredos do Grande Prémio de Macau”.

Em relação à oferta deste ano, a DST destaca o sucesso dos roteiros com programa de escolha própria, enquanto produto turístico que “permite mais flexibilidade”, mas que, ainda assim, 90 por cento dos programas abrange visitas a locais como “Vila de Nossa Senhora de Ká-Hó, uma das oito novas paisagens de Macau – a Vila de Pescadores de Coloane, a Universidade de Macau, entre outros”.

Sector em crise

A DST sublinha que este mês foi adicionado o roteiro temático de drones, que conta com a presença de um “fotógrafo profissional para acompanhar os grupos e partilhar técnicas de captação de imagens nocturnas”, assim como passeios que incluem contacto com póneis e divertimento num parque aquático.

Além de reapresentar Macau à sua população, o programa procura apoiar a indústria turística, congregando o trabalho de 167 agências de viagens, 481 guias turísticos, 629 motoristas de autocarros turísticos e 70 estabelecimentos hoteleiros.

Ao mesmo tempo, “promove o aumento da procura interna e o consumo nos bairros comunitários, contribuindo para a recuperação gradual dos sectores relacionados com o turismo”, aponta a DST.

12 Mai 2022

Chuvas mais fortes do ano fecham escolas de Macau e Zhuhai

Todas as escolas de Macau, até ao ensino superior, vão estar encerradas hoje devido às previsões meteorológicas que apontam para a ocorrência nos próximos dias das mais fortes chuvadas do ano. As autoridades de Zhuhai tomaram uma posição semelhante, cancelando também as aulas.

A informação foi divulgada ontem ao final da tarde, pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), depois de uma reunião com a Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG).

A DSEDJ indicou ainda que as instituições de ensino superior vão permanecer abertas, mas seguindo regulamentações específicas para responder às condições atmosféricas. Os estabelecimentos do parque escolar não superior receberam instruções da DSEDJ para permanecerem com portas abertas para garantir a segurança dos alunos que não ficaram em casa.

Quem anda à chuva

A costa meridional da China está sob a influência de um vale depressionário que, em conjugação com uma corrente de ar húmido vinda de sudoeste, poderá originar ventos fortes, tempo instável e possibilidade de chuva intensa.

Assim sendo, o resto da semana será marcado por aguaceiros fortes e trovoadas. A chuva forte deve manter-se até o fim-de-semana. Posteriormente, o tempo na região será afectado por uma monção de nordeste, que irá fazer com que as temperaturas desçam.

A previsão meteorológica foi mote para uma reunião online entre os quatros serviços meteorológicos da região, os SMG, o Central Meteorological Observatory of China Meteorological Administration, o Guangdong Meteorological Service e o Hong Kong Observatory.

A direcção liderada por Leong Weng Kun sublinhou ainda que “o aquecimento global tem conduzido a condições meteorológicas extremas mais frequentes do que antes, e Macau teve no ano passado, três registos extremos”.

Face às previsões de aguaceiros fortes e contínuos para os próximos dias, os SMG garantem estar a acompanhar a evolução das condições meteorológicas, ressalvando que “existem incertezas na previsão temporal e espacial sobre a ocorrência de chuva intensa”. Face ao cenário, os SMG aconselham a população a tomar medidas contra inundações com antecedência e prestar atenção às últimas informações meteorológicas dos SMG.

11 Mai 2022

Cinemateca Paixão | Festival celebra a importância da composição musical na sétima arte

A partir de 20 de Maio, a Cinemateca Paixão apresenta o festival “Sinfonia da Música no Cinema”. Até meados de Junho, serão exibidos 26 filmes fortemente marcados por bandas sonoras, assim como películas centradas nas vidas e obras de compositores e músicos

 

A aliança entre áudio e imagem é um dos elementos mágicos que transporta o cinema para uma dimensão pluralmente artística com profundo alcance emocional. Esta ideia é um dos principais elementos que estão na génese do ciclo “Sinfonia da Música no Cinema”, em exibição na Cinemateca Paixão entre 20 de Maio e 17 de Junho.

No cartaz, que reúne 26 películas, contam-se alguns clássicos intemporais como “Sunrise: A Song of Two Humans” do mestre Murnau, “French Cancan” de Jean Renoir, “Cabaret” que catapultou Liza Minelli para o estrelato e “The Docks of New York”, do cineasta Josef von Sternberg. O ciclo de filmes inclui obras como “Buena Vista Social Club”, que tem marcado presença assídua no ecrã da Cinemateca Paixão, “Searching for Sugar Man” e dois filmes onde a música de Ryuichi Sakamoto está em destaque. Porém, “Ryuichi Sakamoto: async at the Park Avenue Armory” e “Ryuichi Sakamoto: CODA” têm lotação esgotada, seguindo a tradicional rapidez com que os bilhetes da Cinemateca Paixão são vendidos.

O festival “Sinfonia da Música no Cinema” arranca a 20 de Maio (sexta-feira), com a exibição de dois filmes: “Icarus. The Legend of Mietek Kosz”, de autoria do realizador polaco Maciej Pieprzyca, e “Cabaret” de Bob Fosse. As sessões estão marcadas para as 19h e 21h30 e o filme polaco será o primeiro a passar na tela da Travessa da Paixão.

“Icarus. The Legend of Mietek Kosz”, que estreou em Outubro de 2019, é um filme biográfico que retrata a vida e carreira de Mieczysław Kosz, um pianista cego excepcionalmente dotado que no final dos anos 1960 foi a grande revelação no panorama do jazz polaco e europeu. Quem falhar a primeira sessão, terá a oportunidade de ver “Icarus. The Legend of Mietek Kosz” no dia 9 de Junho, às 19h.

A fechar a sessão inaugural, a Cinemateca Paixão apresenta “Cabaret”, o musical que catapultou Liza Minelli para o estrelato. O filme, realizado por Bob Fosse e com Michael York e Joel Grey no elenco, marcou a primeira performance musical de Minelli no grande ecrã.

O filme mereceu amplo reconhecimento do público e da crítica, principalmente da Academia de Hollywood, arrebatando o maior número de óscares atribuídos a uma película que não venceu a categoria de melhor filme.

Minelli venceu o óscar de melhor actriz, Grey foi distinguido como melhor actor secundário, Bob Fosse levou para casa a estatueta de melhor realizador. Pelo caminho, “Cabaret” ainda ganhou os óscares para melhor fotografia, direcção artística, sonoplastia, banda sonora, entre outros. Além da sessão inaugural no dia 20 de Maio, “Cabaret” será exibido a 29 de Maio, às 21h30.

As outras pautas

O cartaz inclui ainda clássicos com “Sunrise: A Song of Two Humans”, um filme de 1927 de F. W. Murnau (exibido a 28 de Maio, às 19h), “French Cancan”, marco dos musicais europeus de autoria de Jean Renoir e lançado em 1955 (exibido na cinemateca a 22 de Maio às 21h30 e 2 de Junho às 19h e “The Docks of New York”, de Josef von Sternberg, lançado em 1928 e apresentado a 3 de Junho às 19h. A Cinemateca Paixão irá exibir a versão colorida deste clássico do cinema mudo, que ainda assim estabelece uma ligação ao submundo dos cabarets e outros locais de reputação duvidosa onde as mais inovadoras correntes musicais floresciam.

Num plano mais contemporâneo, destaque para “Maria By Callas”, um documentário de 2017 da autoria do realizador Tom Volf sobre a vida e obra da diva da ópera. O filme começa com uma série de entrevistas inéditas a Maria Callas, três anos antes de falecer, abordando a vida da diva desde a infância humilde em Nova Iorque até ao estrelato global. “Maria By Callas” será apresentado a 8 de Junho às 21h.

Vidas na pauta

A categoria dos filmes biográficos com epicentro na música é reforçada no festival “Sinfonia da Música no Cinema” com a exibição de “Buena Vista Social Club”, no dia 10 de Junho pelas 19h, um documentário que traça uma viagem pela música cubana conduzida pela inconfundível lente de Win Wenders.

Seguindo a toada de documentários musicais, a Cinemateca Paixão irá exibir a 24 de Maio (às 19h) “Searching for Sugar Man”, filme que se tornou num fenómeno internacional de popularidade. O documentário do sueco Malik Bendjelloul centra-se em torno da figura e obra de Sixto Rodriguez, um músico norte-americano que ganhou notoriedade no final dos anos 70 até aos anos 90 do século passado em países como África do Sul, Austrália, Botswana, Nova Zelândia e Zimbabwe.

Relativamente obscuro no seu próprio país, Rodriguez alimentou uma legião de fãs fieis nos locais mais improváveis. O documentário segue a aventura de dois fãs sul-africanos que tentam encontrar Sugar Man Rodriguez de forma a desmistificar um rumor que dava o cantor como morto. O resultado é uma obra com uma forte componente emocional que volta a apresentar ao mundo a música de um autor que passou a carreira num paradoxo: desconhecido na sua própria terra e idolatrado nalguns pontos do globo.

O cartaz do ciclo inclui ainda filmes como “Inside Llewyn Davis” dos irmãos Cohen (26 de Maio às 19h, e 5 e 15 de Junho às 21h), “Our Little Sister” do japonês Hirokazu Koreeda (exibido numa sessão única às 19h do dia 7 de Junho), “8 Femmes” de François Ozon (25 de Maio às 21h30 e 12 de Junho às 19h) e “Ulysses’ Gaze”, do grego Theo Angelopoulos exibido a 4 de Junho às 19h. Os bilhetes para este ciclo custam 60 patacas.

11 Mai 2022

Cultura | Novo complexo de edifícios culturais “atraca” no coração de Liwan

Um mega complexo cultural está a tomar forma no distrito de Liwan, no coração de Guangzhou. O centro irá incluir o Museu de Artes de Guangdong, o Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong. O novo complexo deverá abrir portas em 2023

 

A vida cultural de Guangzhou terá um novo foco no histórico distrito de Liwan, com a construção na zona da Lagoa do Cisne Branco de um polivalente complexo cultural que irá reunir três grandes estruturas: Museu de Artes de Guangdong, Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong.

Ainda sem data oficial para entrar em funcionamento, estima-se que o complexo cultural, que junta três edifícios num espaço agregador, abra as portas ao público no próximo ano. Segundo o Executivo de Guangzhou, após a conclusão das obras de construção, e assim que estiver pronto, o complexo irá ter uma oferta significativa de eventos e exposições com entrada gratuita.

A escala alargada do projecto permite integrar exposições, entretenimento e pedagogia, numa área vasta capaz de acomodar mais de 2,5 milhões de pessoas por ano, indicam as autoridades.

Com um total de 138 mil metros quadrados, mais de 40 mil metros quadrados no subterrâneo, a divisão do espaço privilegia o Museu de Artes de Guangdong (que ocupará 65,140 metros quadrados. O Centro de Exposições da Herança Cultural e Imaterial de Guangdong e o Centro de Literatura de Guangdong vão ter 26 mil e 17,3 mil metros quadrados respectivamente.

Navegações futuras

O megaprojecto, também conhecido por “Três Museus em Um”, é estratégico em termos de política cultural da província vizinha. Criado por He Jingtang, da Academia Chinesa de Engenharia. A estrutura tem a forma de um navio a vapor, como se estivesse ancorado na margem do Rio das Pérolas.

O percurso cénico na lateral do edifício é arqueado em forma de ponte, uma referência que liga a regional cultura arquitectónica Lingnan ao resto do mundo. Ao anoitecer, iluminam-se as luzes do pavilhão da Roda Gigante e as salas de vidro nas fachadas dos três pavilhões como que reflectem o céu nocturno, revelando mais um detalhe da intricada obra arquitectónica.

O principal elemento é, como o tamanho indica, o Museu de Arte de Guangdong, cuja operação irá ficar assente em seis vectores: colecções, investigação, exposições, educação, intercâmbios culturais e serviços. Além disso, irá também conceber uma variedade de espaços de arte com vários temas, oferecendo uma vasta gama de diversões culturais e serviços.

Quanto ao Centro de Exposições do Património Cultural e Imaterial de Guangdong terá como finalidade a preservação, protecção, herança, exposição e exibição de obras literárias, investigação sobre património cultural intangível e intercâmbios culturais. Terá também como missão recolher, preservar, estudar e exibir preciosas relíquias culturais do património cultural intangível de Guangdong.

Já o Centro de Literatura de Guangdong será o ponto agregador de obras literárias originárias da área da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau, assim como de obras “nascidas” ao longo da Rota da Seda, segundo as autoridades da capital da província.

24 Abr 2022

Gastronomia | Dos dumplings às carpas, as iguarias de Zhaoqing são tesouros a descobrir

Além das paisagens naturais e da história milenar, Zhaoqing é conhecido regionalmente pelas peculiaridades com que prenda o bom garfo que se preze. Petiscos de rua, como os guozheng, carpas e pequenos camarões de água doce e as aromáticas sementes de zhaoshi tornam a mesa da cidade num destino de aguçar o apetite

 

Fazer o melhor com o que há. Um lema aproximado do “desenrascanço” português, que fez da gastronomia portuguesa, e mediterrânea, um fenómeno de intuitivo equilíbrio nutritivo e criatividade. Zhaoqing é uma cidade que pega nessa máxima, potenciando à mesa o que a natureza lhe oferece, e que não é pouco.

Apesar dos planos políticos a 15 anos implementados pelas autoridades, que levaram ao crescimento das indústrias têxtil, alimentação, mobiliário, materiais de construção, produtos metálicos e equipamentos para casa, a aposta na agricultura que explora de forma ecológica produtos típicos da região tem dado frutos económicos.

O resultado prova-se à mesa, atracção que capta muitos turistas chineses à cidade dos Sete Penhascos da Estrela, uma das atracções mais conhecidas da cidade mais a ocidente da Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau.

A cultura gastronómica de Zhaoqing é o resultado de um processo natural, que o Governo local aproveitou com políticas de apoio ao trabalho e à subsistência do segmento da população mais carenciada economicamente. Mesmo durante a pandemia, o sector da produção agrícola registou crescimentos trimestrais na ordem dos 7 por cento para valores perto de 4 mil milhões de yuan, enquanto a indústria pesqueira cresceu 17 por cento em 2020, ganhos trimestrais a pouco menos de 2,5 mil milhões de yuan.

Além de dar emprego a quase 90 mil dos cidadãos mais pobres da prefeitura, o sector agrícola tem sido um dos focos de atenção a nível político, com a aposta do Governo local na promoção activa dos produtos típicos de Zhaoqing em canais de comércio online e em feiras de negócios.

Um snack de peso

O mais conhecido petisco de Zhaoqing é a versão local dos tradicionais bolinhos de arroz glutinoso Guozheng, como é chamado na região, iguaria que atrai muitos turistas. O petisco pode ser mais ou menos substancial, conforme o apetite, com os dumplings a chegar a atingir 1 quilograma de peso.

Os recheios incluem 10 ingredientes como carne de porco, camarão seco, cogumelos, ostras secas e ovo salgado. O recheio é coberto por arroz glutinoso e embrulhado em folhas vegetais num formato piramidal e, de seguida, cozido durante, pelo menos, oito horas até os ingredientes formarem uma massa homogénea.

Este tipo de bolinhos de arroz marca presença habitual um pouco por toda a China durante as celebrações do Festival do Barco do Dragão em Maio. Porém, em Zhaoqing o guozheng é uma das oferendas familiares durante o Ano Novo Lunar, mas os bolinhos são vendidos na cidade, e em lojas online, durante o ano todo.

Espinhas e carne

Outro dos ex-libris da gastronomia de Zhaoqing é a carpa Gaoyao Maixi, um peixe oleoso de água doce cultivado na região de uma forma bastante original. O processo de cultivo da carpa está intimamente ligado à produção de arroz, que é cultivado durante a Primavera. Após a colheita do arroz em Maio, as cabeças de arroz são deixadas no campo e cobertas de água, formando uma espécie de tanque. É neste ambiente natural e rico nutritivamente, repleto de minerais e livre de poluição, que a carpa Gaoyao Maixi é cultivada.

A carpa de Zhaoqing foi historicamente apreciada pela realeza chinesa, com particular destaque para a predilecção da Imperatriz Dowager Cixi (1835-1908) da dinastia Qing (1644 a 1911), que consta ter sido uma fã incondicional do peixe.

Existem várias formas para cozinhar esta carpa, mas os locais elegeram o tofu, carne de porco e um pouco de sal são os principais ingredientes que acompanham a carpa num guisado.

No capítulo da carne, a cabra da montanha Qiaotou é outras das especificidades de Zhaoqin e um dos produtos de destaque do condado de Huaiji. Os habitantes da zona montanhosa criam há séculos esta espécie de cabra, retirando o melhor do bem proporcionado corpo do animal. A carne da cabra de Qiaotou tem côr vermelha, é macia e tem um elevado valor nutritivo, e foi reconhecida com a entrada, em 2015, para o “Guangdong Famous, Special and New Agricultural Products Catalogue”.

O reino vegetal

Um dos locais a visitar em Zhaoqing é a montanha Dinghu, um paraíso natural onde não faltam quedas-de-água e um cenário natural que convida à contemplação e o descanso. O shangsu é um dos trunfos gastronómicos do distrito, sendo categorizado como “a mais alta qualidade de prato de legumes da montanha Dinghu”.

Segundo o folclore local, o prato de vegetais foi idealizado há vários séculos por um velho monge do templo budista Qingyun, outro dos pontos de interesse da zona montanhosa. O shangsu resulta do somatório de fungos brancos, vários tipos diferentes de cogumelos, rebentos de bambu e um mistura de vários vegetais regados por água de nascente.

Finalmente, destaque para a zhao shi, a semente de uma espécie de lírios que podem ser encontrados nos lagos e lagoas de Zhaoqing. Reza a lenda que a semente da flor começou a ser usada por um sacerdote taoista para tratar maleitas que afectavam os mais novos. Além das valias medicinais, a semente oleosa é um dos ingredientes essenciais de uma sopa tradicional, que também leva carne de porco. A zhao shi é também muito procurada por ter alegadamente propriedades anti-envelhecimento.

23 Abr 2022