Pequim com plano para reunir progenitores migrantes com filhos deixados para trás

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China está a analisar formas de reunificar milhões de famílias separadas devido à migração interna, que resultou em que mais de nove milhões de crianças cresçam longe dos pais.

Segundo o jornal oficial China Daily, o novo ministro dos Assuntos Civis, Huang Shuxian, avançou com essa proposta esta semana, durante a sua primeira reunião após suceder no cargo a Li Liguo.

Devido ao alto custo de vida nas cidades e às restrições na autorização de residência, que limitam o acesso a serviços básicos como educação e saúde pública, milhões de trabalhadores optam por deixar os filhos ao cuidado de familiares. Em muitos casos, os pais só visitam as crianças uma vez por ano.

Um censo divulgado pelo Governo na quinta-feira estima que o total de crianças “deixadas para trás” ascende a 9,02 milhões.

Quase 90% – 8,05 milhões – vive com os avôs, 3% com outros familiares e 4% permanece só – quase 400.000 crianças.

Uma das soluções propostas por Huang, segundo o China Daily, seria conceder autorização de residência (Hukou, em chinês) aos menores que migram com os pais, para que possam ir à escola nas cidades ou recorrer ao serviço nacional de saúde.

A autorização de residência ‘Hukou’ é um sistema implantado em 1958, durante o Governo de Mao Zedong, para controlar a migração massiva dentro do país e assegurar a continuidade da produção agrícola e a estabilidade social nos centros urbanos.

O ministro propôs ainda a adopção de medidas para estimular os pais a voltar a casa e o apoio aos menores que abandonaram os estudos para que voltem à escola.

Campo de fatalidades

A ocorrência de tragédias envolvendo estas crianças é frequentemente notícia na imprensa chinesa.

No ano passado, quatro irmãos, com idades entre os cinco e os 14 anos, abandonados pelos pais durante meses, morreram depois de terem ingerido pesticida em Bijie, na remota província de Guizhou.

No total, cerca de 60 milhões de chineses cresceram longe dos pais, desde as reformas económicas lançadas no país no final da década de 1970, que resultaram na transição de uma sociedade maioritariamente agrária para uma urbano-industrial, a um ritmo ímpar na História da humanidade.

14 Nov 2016

Alibaba | Mais de 91 milhões de yuan em meio dia

O “Dia dos Solteiros” proporcionou ao gigante chinês um número astronómico de vendas sustentado nas promoções de empresas de todo o mundo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] gigante do comércio electrónico chinês Alibaba facturou nas primeiras 13 horas de sexta-feira, o “Dia dos Solteiros”, 91.200 milhões de yuan, aproximando-se da marca registada na totalidade do mesmo dia, em 2015.

O “Dia dos Solteiros” gera todos os anos fortes vendas na China, devido às promoções que as empresas de comércio electrónico e os grandes armazéns lançam neste dia.

A iniciativa, celebrada a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro, foi criada em 2009 pelo fundador do Alibaba, Jack Ma.

Nos primeiros cinco minutos após a meia-noite de sexta-feira, as vendas do Alibaba atingiram os 900 milhões de euros.

Ao fim de uma hora, já iam em 4.800 milhões de euros.

“Conseguimos superar a nossa marca oito horas antes, face ao ano passado”, anunciou um mestre-de-cerimónias, num evento organizado para a ocasião na cidade de Shenzhen, sul da China.

Um ecrã gigante no local do evento dava conta da facturação das duas plataformas digitais do grupo, TMall.com e Taobao.com. Dezenas de milhares de vendedores em todo o mundo aderem a este dia.

Para todos os gostos

Este ano, mais de 11.000 marcas internacionais, entre as quais a Apple, Burberry, Disney ou Zara, fizeram promoções aos seus produtos no Taobao e Tmall.

A Gallo, a marca portuguesa de azeite, aproveitou também a data para lançar uma promoção na sua loja oficial no Tmall. Cada garrafa de 500 mililitros de azeite marcava 368 yuan (50 euros), quase 40% abaixo do preço habitual.

País mais populoso do mundo, com cerca de 18% dos habitantes na Terra, a China é responsável por quase 40% do conjunto mundial de vendas pela internet.

Pelas contas do Ministério do Comércio chinês, em 2015 o valor de vendas ‘online’ superou os quatro biliões de yuan  – mais do triplo do PIB português.

14 Nov 2016

Assessor de Trump quer ver EUA na Rota da Seda

O ex-director da CIA diz que a oposição norte-americana ao Banco Asiático de Investimento foi uma falha e espera que a Administração liderada por Trump se associe ao plano da Nova Rota da Seda lançado pela China

[dropcap style≠’circle’]U[dropcap]m assessor de Donald Trump, Presidente eleito dos Estados Unidos, afirmou sexta-feira desejar que o seu país participe na iniciativa chinesa Nova Rota da Seda, e apelou a Pequim para que contribua mais nas questões internacionais.

James Woolsey, assessor para a Segurança Nacional, Defesa e Serviços Secretos, disse também que a decisão de Barack Obama em se opor ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII) foi um erro.

“Em Washington, reconhece-se hoje que a oposição da administração Obama ao BAII foi um erro estratégico”, escreveu Woolsey, num artigo de opinião difundido pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

Fundado no início deste ano, o banco proposto por Pequim foi visto inicialmente em Washington como um concorrente ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, duas instituições sediadas nos EUA e habitualmente lideradas por norte-americanos e europeus.

Das grandes economias mundiais, apenas os EUA e o Japão ficaram de fora.

Portugal tem uma participação de cerca de 13 milhões de dólares e o Brasil é o único membro em todo o continente americano e o nono maior accionista.

Sobre a iniciativa chinesa “Uma Faixa e Uma Rota”, um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático, Woolsey diz que espera “uma resposta muito mais clara da próxima administração”.

Segundo as autoridades chinesas, aquela iniciativa vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas – cerca de 60% da população mundial – e inclui a construção de uma malha ferroviária de alta velocidade entre a China e a Europa.

Apelos e visões

O assessor de Trump apelou ainda às economias emergentes como a China, “que beneficiam muito do mercado global”, para que desempenhem um maior papel nas acções multilaterais contra o terrorismo, missões de ajuda humanitária ou operações militares para salvaguardar a paz.

O ex-director da CIA (1993 a 1995) disse que o novo Governo dos EUA “provavelmente continuará a proteger os seus aliados contra abusos da China”, afirmando que “a presença norte-americana na Ásia não é guiada por ambições territoriais”.

As duas maiores economias do mundo devem assim chegar a um “acordo tácito”, em que Pequim respeita o estado actual da região e os EUA não desafiam o sistema social e político da China.

“[O sistema chinês], mesmo que não gostemos, não temos necessariamente de fazer algo nesse sentido. Vejo a emergência de um grande acordo em que os EUA aceitam as estruturas sociais e políticas da China e se comprometem a não alterá-las, a troco de um compromisso em que a China não desafia o actual status quo da Ásia”, escreveu.

“Será um empreendimento arriscado”, reconheceu.

14 Nov 2016

Seul | Centenas de milhares protestam contra Presidente

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]entenas de milhares de pessoas saíram este sábado à rua na capital da Coreia do Sul, numa das maiores manifestações antigovernamentais da história do país, para reclamar a demissão da presidente Park Geun-Hye, envolvida num escândalo político.

A polícia, que inicialmente esperava uma multidão de 170 mil pessoas, estimou depois em 260.000 o número de manifestantes, enquanto os organizadores do protesto falam em um milhão de pessoas na rua.

Esta é a terceira de uma série de manifestações semanais contra Park, que luta pela sua sobrevivência política.

As autoridades apelaram à calma e cerca de 25.000 polícias foram mobilizados na capital, bloqueando todos os acesso à Casa Azul, a sede da presidência em Seul.

Durante a noite, uma maré humana invadiu a avenida Gwanghwamun, empunhando velas e cantando slogans em que pediam a demissão da presidente.

Cuidado com os amigos

O escândalo que envolve Park Geun-Hye há três semanas deve-se à sua amiga Choi Soon-Sil, que está detida e acusada de fraude e abuso de poder.

Os procuradores estão a investigar alegações de que Choi, de 60 anos, usava a sua amizade com a Presidente para conseguir donativos de grandes empresas como a Samsung para fundações sem fins lucrativos que ela própria criara e usava para fins pessoais.

Choi é também acusada de interferir nos assuntos do Estado e de aceder a documentos confidenciais apesar de não ter qualquer cargo oficial ou habilitações de segurança.

Os relatos da influência nefasta de Choi sobre Park lançaram as taxas de aprovação da Presidente para cinco por cento, um mínimo histórico para um Presidente em exercício.

Na manifestação de sábado ouviram-se ainda outras críticas, desde a queda do preço do arroz até à forma como as autoridades coreanas lidaram com o naufrágio do ferry Sewol em 2014, que fez mais de 300 mortos, entre os quais 250 estudantes.

Tentando apaziguar a cólera popular, a Presidente apresentou várias desculpas, demitiu altos responsáveis e até aceitou renunciar a algumas das suas prerrogativas, mas em vão.

Park reconheceu ser responsável pelo escândalo, admitindo ter sido, por amizade, “negligente” e pouco vigilante.

No entanto, recusou ter participado, sob influência daquela a quem os media sul-coreanos chamam de “Raspoutine”, num culto religioso de inspiração xamânica.

A amiga de 40 anos da Presidente é filha de um misterioso chefe religioso, Choi Tae-Min, que se tornou no seu mentor após o homicídio da mãe em 1974.

A manifestação de sábado é a maior na Coreia do Sul desde 10 de Junho de 2008, quando uma vigília contra a decisão governamental de pôr fim à importação de carne dos EUA reuniu 80 mil pessoas, segundo a polícia, ou 700 mil, segundo a organização.

No verão de 1987, milhões de pessoas manifestaram-se durante semanas em Seul e em outras cidades até que o então governo militar cedeu a realizar eleições presidenciais livres.

14 Nov 2016

Governo recomenda 50 projectos para a Ilha da Montanha

 

 

O Governo já decidiu quais são os projectos que vão juntar-se às mais de 30 empresas que receberam luz verde para irem para Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau. Os nomes já foram recomendados a Zhuhai

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]o turismo e lazer à logística, passando pela investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, indústrias culturais e criativas, novas e altas tecnologias, saúde e bem-estar. Estas são as áreas dos 50 projectos de Macau que foram recomendados pelo Governo local ao Conselho de Gestão da Nova Zona de Hengqin, órgão que vai decidir da viabilidade e interesse de cada proposta.

Em nota à imprensa, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) recorda que, em Abril de 2014, foram recomendados outros 33 projectos de investimento na Ilha da Montanha. Deste total, 16 foram já analisados: os promotores já adquiriram terrenos. Os projectos envolvem um investimento total de mais de 80 mil milhões de patacas, estando ligados, na maioria, aos sectores do turismo e lazer, indústrias culturais e criativas, novas e altas tecnologias, investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, comércio e logística. Doze projectos já iniciaram as obras de construção para se estabelecerem no parque industrial, sendo que, nalguns casos, as instalações devem estar prontas dentro de dois anos.

Talvez mais

O IPIM e o Conselho de Gestão da Nova Zona de Hengqin agora vão promover em conjunto seminários de apresentação do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau, destinados aos promotores dos novos 50 projectos recomendados. Com a iniciativa pretende-se permitir aos participantes ficarem a conhecer os detalhes sobre as condições e regras de acesso ao parque industrial.

No comunicado, o instituto refere também que o Governo da RAEM vai manter uma estreita comunicação com o Conselho de Gestão da Nova Zona de Hengqin, recomendando novos projectos sempre que sejam benéficos para a diversificação económica de Macau e o crescimento do parque industrial. “O objectivo é estimular a participação activa de pequenas e médias empresas e jovens empreendedores de Macau na promoção da cooperação económica e comercial regional, reforçando a implementação da política ‘Um Centro, Uma Plataforma’ e favorecendo a diversificação económica adequada de Macau”, diz o IPIM.

11 Nov 2016

Hong Kong | Acção para invalidar juramentos pró-democratas

O  antigo presidente de uma associação de taxistas pede que o Tribunal Superior de Hong Kong declare nulos os juramentos de oito deputados pró-democracia

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma acção foi intentada ontem junto do Tribunal Superior de Hong Kong para invalidar os juramentos de oito deputados pró-democracia do LegCo (Conselho Legislativo, parlamento), informam os meios de comunicação social da antiga colónia britânica.

Trata-se da primeira acção do género depois de o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China – constitucionalmente o “supremo órgão do poder de Estado” – ter considerado, na segunda-feira, que dois deputados pró-independência de Hong Kong não podem repetir o juramento do cargo e tomar posse.

O pedido de revisão judicial contesta a validade dos juramentos de Leung Kwok-hung (conhecido por ‘Long Hair’, da Liga Social Democrata); Nathan Law (o mais jovem deputado, do partido Demosisto); Cheng Chung-tai (do grupo independentista Civic Passion); Raymond Chan (People Power); Chu Hoi-dick (independentista que centrou a campanha na equidade do uso das terras nas zonas rurais); e Lau Siu-lai, Edward Yiu e Shiu Ka-chun.

“Dado o seu comportamento, discurso, vestuário e adereços, estes [oito deputados] agiram em violação da interpretação” feita pelo Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, afirmou Robin Cheng Yuk-kai, antigo presidente de uma associação de taxistas, autor da acção que pede ao tribunal que declare inválidos os juramentos dos cargos e lhes retire os assentos no parlamento.

Além disso, solicita ao tribunal que analise a decisão do presidente do Legco, Andrew Leung, de ter permitido que Baggio Leung e Yau Wai-ching, do Youngspiration, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, repetissem os juramentos a 18 de Outubro, depois de os primeiros que fizeram, cinco dias antes, não terem sido aceites.

Isto porque ambos se desviaram do ‘script’, pronunciando a palavra China de uma forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas às do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

No mesmo saco

Na acção ontem apresentada é assim questionada a ‘validação’ dos juramentos de outros seis deputados, a 12 de Outubro.

O autor da acção surgiu nas notícias em 2014 quando intentou acções judiciais contra os organizadores do movimento pró-democracia ‘Occupy’ devido aos prejuízos por causa dos protestos, que tomaram conta da antiga colónia britânica.

Depois de o presidente do Legco ter decidido dar uma oportunidade aos dois deputados do Youngspiration de repetirem o juramento, o chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal.

O juiz decidiu contra o pedido do chefe do Executivo, que teria impedido a repetição dos juramentos, mas deu luz verde a uma revisão judicial, também pedida por CY Leung.

O veredicto dessa revisão judicial ainda não é conhecido, mas o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular decidiu antecipar-se, entendendo oportuno e adequado intervir para travar o separatismo na Região Administrativa Especial, ao considerar que os dois deputados “representam uma grave ameaça à soberania e segurança nacional”.

O chefe do Executivo de Hong Kong afirmou que vai “implementar plenamente” a interpretação de Pequim e impedir a entrada no LegCo dos dois deputados.

Milhares de pessoas – 13 mil segundo os organizadores e 8.000 de acordo com as autoridades – protestaram no domingo contra a intenção de Pequim intervir neste caso.

Um grupo entrou em confrontos com a polícia, recriando cenas que lembraram o movimento ‘Occupy’, com manifestantes a utilizarem guarda-chuvas – símbolo do protesto de 2014 – para se protegeram do gás lacrimogéneo.

Esta foi a quinta vez, desde a transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China, em 1997, que Pequim interpretou a Lei Básica da região.

11 Nov 2016

Taiwan teme proteccionismo e isolamento norte-americano

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]aiwan, bastante dependente dos Estados Unidos em segurança nacional e como segundo mercado de exportações, teme que a eleição de Donald Trump como Presidente leve a nação norte-americana ao proteccionismo e isolamento.

No campo económico há receios que a mudança nas políticas económicas sob a gestão de Trump leve a uma subida nas tarifas aduaneiras e à necessidade de as empresas mudarem as suas linhas de produção.

“Empresas de Taiwan como a Foxconn (Hon Hai Precision Industry), fabricante do iphone e iPad da Apple, podem ver-se forçadas a relocalizar as suas linhas de produção nos Estados Unidos”, disse o presidente do Instituto de Investigação Económica de Taiwan, Jeff Lin, em declarações difundidas ontem na imprensa de Taiwan.

Na segurança, Taiwan desempenha um papel importante na reorientação norte-americana em direcção à Ásia Oriental e a ilha depende dos Estados Unidos como principal fornecedor de equipamentos bélicos, que servem de dissuasão para a não invasão da China.

Um ex-ministro da Defesa Lin Chong-pin disse ontem à imprensa em Taiwan que a administração Trump vai manter a venda de armamento à ilha e vai apoiar Taiwan para desafiar a China com “a sua democracia e liberdade”, mas não ao ponto de poder desencadear um conflito bélico.

A prioridade de Trump no estreito da Formosa será “não haver conflito nem guerra”.

Perante um eventual isolamento norte-americano, a China passará a preencher esse vazio e a sua influência internacional aumentará, consideram vários especialistas.

Taiwan terá que esquecer o Acordo Transpacífico e focar os seus esforços na entrada na Associação Económica Regional Integral (RCEP, na sigla em inglês), liderada pela China, e na assinatura de acordos de livre comércio com outros países, incluindo os Estados Unidos, sugeriu Jeff Lin.

11 Nov 2016

Xi Jinping visita América Latina

O Presidente chinês estará, entre 17 e 23 deste mês, na América do Sul para dar um novo impulso às relações económicas. A viagem de Xi passa desta vez pelo Equador, Peru e Chile

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China quer elevar a cooperação económica com a América Latina para um novo patamar, durante o périplo que o Presidente chinês, Xi Jinping, iniciará pela região na próxima semana, e que inclui visitas a três países.

Entre os dias 17 e 23 de Novembro, Xi vai reunir com os seus homólogos do Equador, Peru e Chile, com quem assinará acordos de cooperação, sobretudo na área económica, visando reforçar os vínculos comerciais e de investimento.

“A relação bilateral está a ganhar novo impulso”, afirmou ontem Wang Chao, vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que a cooperação entre Pequim e a região “continuará a aprofundar-se”.

Trata-se da terceira visita de Xi Jinping à América Latina, desde ascendeu ao poder, em 2012, e será centrada nos países na costa do Oceano Pacífico, com os quais Pequim mantém uma importante relação económica e política.

“A China considera muito importante o desenvolvimento da cooperação económica e comercial com a América Latina e o Caribe”, assinalou Li Baodong, outro vice-ministro chinês.

Li destacou o potencial que existe para investir na “capacidade produtiva” da região, um térmico técnico para a indústria, numa altura em que a queda do preço das principais matérias-primas afecta os países da região.

Pequim importa sobretudo minérios e petróleo da América Latina.

Todos a ganhar

Nos últimos anos, os Governos dos países latino-americanos têm apelado a um investimento no tecido industrial e nas infra-estruturas, algo que convém à China, que procura internacionalizar as suas empresas.

“Ambas as partes são altamente complementares”, afirmou Wang.

Xi visitará primeiro o Equador, onde vai assinar acordos nas áreas de cooperação económica, cultura e judicial, revelou Wang, numa conferência de imprensa na sede do ministério dos Negócios Estrangeiros.

No Peru, além de participar na cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia Pacifico (APEC), entre os dias 19 e 20, o líder chinês realizará uma visita de Estado.

A China é o maior parceiro comercial do Peru e a primeira deslocação ao exterior do Presidente Pablo Kuczynski, após ser eleito em Julho passado, foi precisamente a Pequim.

Os acordos entre os dois países incluem os sectores da mineração, energia, infra-estruturas e financiamento.

No Chile, Xi vai reunir com a Presidente Michelle Bachelet, com quem assinará acordos nas áreas da economia, comércio e comunicações.

Estes acordos “darão um novo impulso” à relação bilateral, disse Wang.

A China tem acordos de livre comércio com o Peru e o Chile e durante o fórum da APEC, em Lima, os países vão discutir a criação de uma zona de Livre Comércio Ásia Pacífico (FTAAP, na sigla em inglês).

Wang Chao insistiu que Pequim vê “positivamente” a América Latina e o Caribe, apesar das recentes “dificuldades”, causadas pela queda dos preços das matérias-primas e fraca procura global.

As dificuldades “são temporais” e a região tem “um grande potencial de desenvolvimento. As perspectivas são boas”, disse.

11 Nov 2016

Finanças | Macau reage à quebra das principais bolsas de valores

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Autoridade Monetária e Cambial (AMCM) emitiu ontem um comunicado após a queda abrupta das principais bolsas de valores de todo o mundo, após a declaração de Donald Trump como o Presidente eleito dos Estados Unidos (ver páginas 2 e 3). Segundo um comunicado oficial, a AMCM afirma que o Governo “tem prestado sempre grande atenção à evolução económica e financeira global, bem como ao mercado monetário e financeiro de Macau, como resposta ao possível surgimento de significativas flutuações nos mercados”.

Após as notícias das quebras e desvalorizações de moeda, a AMCM “desencadeou os mecanismos de supervisão e de resposta ao incidente, de modo a reforçar a comunicação e a coordenação com as instituições financeiras locais”, tendo tomado de forma atempada “providências, caso a situação o justifique, para manter a estabilidade económica e financeira de Macau”.

A AMCM afirma que a RAEM tem “liquidez bastante para fazer face a este incidente súbito”, com uma situação financeira “estável”. “Face à sólida capacidade financeira das finanças públicas, à situação estável dos pagamentos externos, ao sistema de indexação cambial fiável e ao sistema financeiro estável, o Governo e o sistema financeiro local dispõem de capacidade suficiente para fazer face às flutuações dos mercados financeiros.”

10 Nov 2016

Receitas do grupo Macau Legend subiram no terceiro trimestre do ano

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo Macau Legend anunciou receitas de 377,6 milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, mais 1,9 por cento face ao período homólogo do ano passado

Em comunicado enviado às redacções, o grupo que opera dois casinos em Macau sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) detalha que as receitas de jogo aumentaram 12 por cento para 257,1 milhões de dólares de Hong Kong, ao passo que as não-jogo diminuíram 14,5 por cento, em termos anuais homólogos, atingindo 120,4 milhões de dólares de Hong Kong.

O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 75,5 milhões de dólares de Hong Kong, mais 1,2 por cento em relação mesmo período de 2015.

Na mesma nota, a empresa de David Chow informa que o seu novo hotel, o Legend Palace, deve estar concluído no final do ano, devendo as operações do novo casino iniciar-se no princípio de 2017. “Parece haver alguma estabilidade em termos gerais do ambiente de negócios em Macau. Enquanto o perfil dos visitantes de Macau está claramente a mudar, nós permanecemos cautelosamente optimistas relativamente ao resto do ano e aguardamos por ver 2017”, afirma o co-presidente e CEO do grupo Macau Legend.

“Dada a actual situação em Macau, vamos aproveitar esta oportunidade para continuar a visar o ‘mix’ de produtos certo, e continuar a olhar para o crescimento do nosso negócio internacionalmente, no Laos, em Cabo Verde e em Portugal”, assinala David Chow.

Aqui e lá fora

No comunicado, o empresário refere que o projecto turístico em Cabo Verde, considerado o maior em curso no país, deve ficar pronto em 2019 e recorda que assinou, em Julho, um memorando de entendimento com a Câmara de Setúbal também relativo a um projecto de turismo, lazer e entretenimento.

Além disso, a 1 de Setembro, o grupo Macau Legend adquiriu a gestão e operação de um casino-resort no Laos, o Savan Vegas Hotel and Entertainment Complex, que tem 90 mesas de jogo, 466 slots e 472 quartos de hotel.

“O nosso desempenho global melhorou no terceiro trimestre de 2016 quando comparado com o trimestre anterior. Estamos encorajados pelo New Legend, pelas operações VIP [segmento de grandes apostadores] geridas por nós, que continuaram a registar um crescimento positivo, que deve compensar as dificuldades com que se deparam as mesas de VIP terceirizadas”, indica o mesmo comunicado.

10 Nov 2016

Hong Kong | Plenário volta a ser interrompido

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] plenário do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento) de Hong Kong foi suspenso duas vezes ontem de manhã devido a conflitos no hemiciclo, com deputados pró-democracia a tentarem impedir um colega de ser expulso da sala.

Segundo a emissora pública RTHK, o deputado do partido Democrata Ted Hui recebeu ordem de saída depois de criticar o presidente do LegCo, Andrew Leung, por não permitir discussão sobre a interpretação de Pequim à Lei Básica de Hong Kong, que concluiu que dois deputados pró-independência da região, recém-eleitos, não podem repetir o seu juramento e, portanto, ficam impedidos de ocupar os assentos que conquistaram nas urnas.

Leung começou por dar um aviso a Hui e pediu-lhe para se cingir à agenda da reunião, alerta que o democrata ignorou. Hui foi então ordenado a sair da sala, levando vários deputados da oposição a correr para o seu lugar para tentar impedir os seguranças de o tirarem do hemiciclo.

Os deputados pró-democracia acusaram os seus rivais de tentarem sabotar todo o plenário.

Mais do mesmo

A reunião foi então suspensa por uma segunda vez pouco depois de ter recomeçado, com deputados pró-democracia a entoarem ‘slogans’ exigindo que Leung saia da presidência do LegCo.

Os últimos três plenários do LegCo foram suspensos devido a episódios de caos, com um parlamento cada vez mais dividido devido ao caso dos juramentos dos novos deputados favoráveis à independência de Hong Kong.

Na segunda-feira, o Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da China considerou que dois deputados pró-independência de Hong Kong não podem repetir o juramento do cargo e tomar posse no LegCo.

A 12 de Outubro, à semelhança dos outros deputados, Baggio Leung e Yau Wai-ching, eleitos nas legislativas de 4 de Setembro, prestaram juramento, mas pronunciaram a palavra China de forma considerada ofensiva e acrescentaram palavras suas, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”.

Os juramentos não foram aceites e o presidente do LegCo decidiu dar a oportunidade aos deputados de os repetirem, no entanto, o chefe do executivo de Hong Kong, CY Leung, pediu uma intervenção urgente do tribunal. O veredicto judicial ainda não é conhecido.

Pequim em acção

Entretanto, o Comité Permanente da APN decidiu avançar com uma interpretação da Lei Básica de Hong Kong (uma miniconstituição da região), que comunicou na segunda-feira.

Um juramento que não respeite a lei de Hong Kong “deve ser considerado inválido e não pode ser repetido”, disse o Comité Permanente ANP, constitucionalmente definido como o “supremo órgão do poder de Estado” da China, numa rara interpretação da Lei Básica da ex-colónia britânica.

O chefe do Governo de Hong Kong disse que vai “implementar plenamente” a interpretação de Pequim e impedir a entrada no parlamento dos dois deputados.

CY Leung também sublinhou que Hong Kong é uma “inalienável parte do país” e que “as pessoas de Hong Kong têm o dever de defender a unidade nacional, integridade territorial e segurança, assim como a dignidade e interesses do povo chinês”.

Esta é a quinta vez desde 1997, quando Hong Kong foi entregue pelos britânicos à China, que Pequim interpreta a Lei Básica da região.

O anúncio da intervenção de Pequim neste caso gerou uma manifestação com milhares de pessoas no domingo na antiga colónia britânica.

10 Nov 2016

Pequim vende mil autocarros a Angola

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro dos Transportes de Angola, Augusto Tomás, esclareceu que a compra de “cerca de 1.000 autocarros” será feita à China e abrigo de uma linha de crédito concedida pelo Governo chinês.

De acordo com o governante, em declarações reproduzidas esta terça-feira pela comunicação social local, os autocarros começam a chegar a Angola a partir do final do ano, para servir as 18 províncias do país.

Essas entregas deverão estar concluídas “durante o primeiro semestre de 2017”, explicou.

Em paralelo, disse ainda, serão adquiridas à China, pelo Estado angolano, viaturas pesadas para transporte de carga.

Milhões a entrar

O financiamento chinês a Angola ronda já os 15 mil milhões de dólares, desde 2004, apoio que o Governo angolano pretende ver reforçado para a execução dos seus programas de desenvolvimento.

A posição foi expressa segunda-feira, em Luanda, pelo ministro e chefe da Casa Civil da Presidência da República, Manuel da Cruz Neto, na abertura do Fórum de Investimento Angola-China, em que participam mais de 450 empresários chineses.

A Lusa noticiou a 20 de Setembro que o Governo angolano vai comprar, através do Ministério dos Transportes, para vários fins, quase 4.500 viaturas, inclusive autocarros para transporte escolar para reduzir o absentismo dos alunos, num investimento público de quase 710 milhões de euros.

A informação constava de três diferentes despachos assinados pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com data de 15 de Setembro, autorizando os respectivos contratos para aquisição das viaturas, ligeiras e pesadas, que globalmente ascendem ao equivalente a 783 milhões de dólares.

O primeiro desses contratos prevê a compra à empresa ASPERBRAS de 1.500 autocarros para transporte escolar, por 383,5 milhões de dólares. A medida visa “implantar o conceito de transporte escolar com prioridade para os estudantes e reduzir os índices de absentismo nas escolas”, lê-se no respectivo despacho.

O segundo autoriza a compra à Amer-Com Corporation de 1.272 viaturas para “ampliar a oferta de serviços de transportes de passageiros e de mercadorias e apoiar a actividade produtiva”, num negócio de 191,5 milhões de dólares.

Por último, o terceiro despacho autoriza igualmente o Ministério dos Transportes a comprar também à Amer-Com Corporation 1.700 viaturas, por 208,3 milhões de dólares, “para concluir o plano de reposição e distribuição dos meios que foram destruídos pela acção da guerra e que se encontravam ao serviço do Estado”.

Esta última compra visa, nomeadamente, apoiar a actividade agrícola, piscatória, pecuária, desenvolvimento rural, actividade produtiva e o comércio local, ao nível dos municípios e comunas do país.

10 Nov 2016

Zona B | Au Kan Sam quer tribunais e edifícios da Administração em Nam Van

 

 

É um erro transferir a Assembleia Legislativa para a zona B dos novos aterros, diz Au Kam San. Numa interpelação ao Chefe do Executivo, o deputado defende que, em vez de se transferir o que já existe em Nam Van, há que construir o que falta nos muitos terrenos vazios naquela área

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á uns anos seria difícil imaginar um discurso com este teor: Au Kam San foi à gaveta da memória recuperar declarações de Susana Chow para tentar convencer o Governo a pensar bem no que vai fazer da zona B dos novos aterros. O pró-democrata recorda que, mal a hipótese foi aventada, a antiga presidente da Assembleia Legislativa alertou para o erro que será transferir de local o edifício que alberga o órgão legislativo. O deputado concorda com a posição de Chow e deixa a ideia agora por escrito, numa interpelação ao Executivo em que faz uma proposta alternativa para a área de edifícios da Administração e do sector judicial.

“Há dez anos que existe este plano para a zona B. Já não será o mais adequado”, começa por escrever, lembrando que, desde que foi anunciado, já foi objecto de contestação por diversas vezes. Para a zona B dos aterros está pensada a concentração de vários serviços públicos: Au Kam San entende que esse mesmo conceito pode ser transferido para Nam Van, onde se encontra já a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Segunda Instância e o Tribunal de Última Instância.

Lusófonos também

O deputado considera que a falta de espaço dos dois tribunais é uma questão que poderá ser facilmente ultrapassada. Quanto à Assembleia, o edifício foi construído recentemente, sublinha, pelo que é de preservar. As restantes entidades que precisam de casa nova – como o Comissariado contra a Corrupção e o Comissariado da Auditoria – poderiam vir a ocupar um dos vários terrenos vazios no local, que “estão por aproveitar há 20 anos”.

Na interpelação escrita, o deputado salienta ainda que está planeada, para aquela zona da cidade, a construção de um centro de negócios China-lusofonia, um plano que se poderá manter, porque espaço não falta. “É mais razoável construir tudo em Nam Van”, insiste, acusando o Governo de estar a projectar a zona B sem ter em consideração as desvantagens da transferência dos órgãos que já têm instalações apropriadas. A rematar a missiva, Au Kam San pergunta ao Governo se a opção que apresenta poderá ser objecto de reflexão.

9 Nov 2016

Compra de votos incluída na lei de branqueamento de capitais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] compra e venda de votos vai entrar para a lista de crimes ligados à lavagem de dinheiro, independentemente da gravidade dos casos. A intenção do Governo – de que deu ontem conta a Rádio Macau – está incluída na proposta de revisão da lei contra o branqueamento de capitais, aprovada na passada semana pelo pelo Conselho Executivo e já foi admitida para votação na Assembleia Legislativa (AL).

O diploma deu entrada na AL apenas três semanas depois do procurador da RAEM, Ip Son Sang, ter dado conta da alta taxa de arquivamento dos casos relacionados com lavagem de dinheiro e defendido alterações à lei, em vigor há dez anos.

A mudança é de fundo, passando a haver uma relação de causa/efeito entre a lavagem de dinheiro e todos os crimes de corrupção previstos em Macau. Actualmente, só os crimes punidos com mais de três anos de prisão são considerados crimes que permitem a acusação de lavagem de dinheiro.

O Governo pretende deixar claro que a compra e venda de votos será sempre considerado um crime precedente do crime de branqueamento de capitais. O mesmo vale para todos actos de corrupção relacionados com a eleição do Chefe do Executivo e até mesmo para o recenseamento eleitoral, esclarece a emissora.

Na lista, entram também os crimes de exploração de prostituição e crimes relacionados com contrabando e direitos de autor. Mas a proposta vai mais longe e estabelece, por exemplo, que quem abrir contas bancárias ou fizer transferências para esconder a origem criminosa do dinheiro ou proteger o autor do crime está a cometer o crime de branqueamento de capitais.

A proposta do Governo fixa ainda que uma pessoa não precisa ser condenada por corrupção para um tribunal dar como provado que lavou dinheiro. O diploma obriga ainda os bancos a comunicarem movimentos suspeitos no prazo de 24 horas. Um juiz passará também a ter poderes para suspender a movimentação das contas e decidir qual a autoridade que fica a controlar estas contas.

De acordo com o Governo, estas alterações surgem no sentido de dar “resposta às deficiências identificadas” durante a avaliação efectuada pelo Grupo Ásia-Pacífico contra o Branqueamento de Capitais (APG).

9 Nov 2016

Fundo Indústrias Culturais | Maioria dos candidatos de fora

Das 45 candidaturas recebidas este ano, apenas 17 foram aprovadas para obter financiamento por parte do Fundo das Indústrias Culturais. Para o organismo, este é um apoio secundário que visa essencialmente a promoção da marca “Macau”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Fundo das Indústrias Culturais de Macau (FIC) apoiou, até Outubro deste ano, uma pequena parte das candidaturas que recebeu, com um montante total de 28 milhões de patacas, concedidos a 17 projectos na área das indústrias culturais.

A informação foi dada a conhecer ontem pelo organismo que, em conferência de imprensa, anunciou a recepção de 45 candidaturas ao apoio financeiro para a criação de projectos na área das indústrias culturais – um dos sectores em que o Governo tem apostado no âmbito da diversificação económica. Dos projectos recebidos foram aprovados 17, sendo que 13 deles correspondem a candidaturas de novas empresas.

Os representantes do FIC, fundo criado em 2013, fizeram ainda o balanço dos apoios dados entre 2014 e o ano corrente. No total, o organismo recebeu cerca de 400 candidaturas, sendo que apenas 113 viram os seus projectos aprovados. O montante disponibilizado até à data foi de 138 milhões de patacas, em que 100 milhões foram atribuídos na modalidade de subsídio a fundo perdido e 40 milhões como empréstimos sem juros.

Os projectos dividem-se em plataformas de serviços em que nove empresas foram apoiadas com 50 milhões de patacas, e projectos comerciais que contam com 104 entidades, apoiadas num total de 88 milhões de patacas.

As áreas de destaque para ajuda ao financiamento são o design em que a marca “Macau” é de relevo. Por outro lado, são ainda tidas em consideração as plataformas que tenham como missão a divulgação e distribuição dos produtos locais. Segundo os dados ontem divulgados, 42 por cento dos projectos aprovados são dirigidos ao design, seguindo-se a área de “digital media”, com 27 por cento.

Rejeitados por inviabilidade

Davina Chu, membro do conselho de administração do FIC, justificou a taxa de rejeição com a inviabilidade comercial de parte das candidaturas: “Às vezes faltam noções sobre o desenvolvimento do mercado, os planos de evolução não estão em ordem, para um projecto comercial é preciso ponderar vários elementos”.

A representante do FIC esclarece ainda que “há projectos que foram inicialmente rejeitados e que, após reelaboração por parte dos candidatos baseados nas apreciações dadas, quando voltaram a ser apresentados já apresentaram as características necessárias para que fossem aprovados”. Davina Chu salienta igualmente que “não há limite no que respeita às áreas que possam ser aprovadas” e que “originalidade, criatividade e viabilidade do plano de desenvolvimento do projecto são os principais elementos de avaliação pelo júri que decide a concessão do apoio do FIC”.

A responsável salienta também que “o papel principal não é o apoio do Governo, e que este só dá uma pequena parte para que o projecto possa ser viabilizado”.

A maioria dos empresários candidatos tem entre 30 e 40 anos e equipas até dez pessoas. Muitos destes negócios são “pequenas lojas em bairros comunitários, que oferecem rendas mais baixas e, como tal, mais competitivas”, destacou Leong Heng Teng, presidente do conselho de administração do FIC. A atenção prestada aos bairros é ainda justificada enquanto medida de reabilitação destas zonas.

O FIC tem um orçamento anual de 200 milhões de patacas e “não tem de ser gasto na totalidade”, remata Davina Chu.

9 Nov 2016

Assuntos de Tráfego estão a estudar concepção do terminal de autocarros

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] questão ainda está a ser analisada, mas a promessa fica feita: a Praça de Ferreira do Amaral vai ter um terminal de correspondência de autocarros com melhor “ambiente de trabalho para os condutores de autocarros e de espera para os passageiros”. Os trabalhos preparatórios para a concepção do terminal já foram iniciados, mas “não se dispõe da respectiva calendarização”.

É assim que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) responde a Ella Lei. Em Julho deste ano, a deputada tinha escrito ao Governo sobre a rotunda por onde passam muitos dos autocarros que servem a península e as ilhas, e onde aguardam diariamente por transporte milhares de pessoas. À chuva ou ao sol, as várias paragens de autocarros da rotunda não dispõem de locais onde os utentes dos autocarros possam esperar, sendo que, nas horas de maior afluência de passageiros, a situação é, frequentes vezes, caótica.

Na volta do correio, a DSAT começa por dizer que “tem dado grande importância ao ambiente das paragens dos autocarros, procedendo ao aperfeiçoamento das mesmas”, para depois dar conta dos planos concretos para a Ferreira do Amaral. Quando o projecto agora em concepção for colocado em prática, vão ser instalados toldos e reordenadas as vias do terminal. Lê-se ainda na resposta que vai ser feito “o aperfeiçoamento da plataforma de espera e o melhoramento das condições de circulação”.

“A DSAT tem em consideração a criação de instalações complementares na referida plataforma, de forma a melhorar o ambiente de espera de autocarros e formação das filas de espera”, escrevem também os serviços. “Por outro lado, foi solicitado às operadoras de autocarros o destacamento de pessoal nas horas de ponta, de forma a prestar apoio aos passageiros na entrada dos autocarros e manter a ordem na zona de espera.”

9 Nov 2016

Banca | Lucros do BNU cresceram nove por cento até Setembro

 

 

O BNU em Macau obteve lucros de 47,4 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Feitas as contas, são mais nove por cento do que no mesmo período ao ano passado

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s números foram dados à Agência Lusa pelo presidente executivo do Banco Nacional Ultramarino (BNU): os lucros da entidade bancária chegaram aos 47,4 milhões de euros entre Janeiro e Setembro deste ano. Pedro Cardoso destacou que este resultado líquido segue “a senda dos anos anteriores, com aumento do volume de negócios” do BNU, que pertence ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Segundo os dados que revelou à agência de notícias portuguesa – que são publicados hoje em Boletim Oficial –, o volume de negócios cresceu 13,7 por cento no acumulado do ano até ao final de Setembro, em comparação com o período homólogo do ano passado, para 8,8 mil milhões de euros.

O número de clientes aumentou cinco por cento em termos anuais, para um total de quase 222 mil, perto de um terço da população da cidade, e os empréstimos subiram 2,9 por cento, menos que no passado, tendo o banco já registado crescimento de crédito a dois dígitos. O contexto da economia local, em que as receitas do sector do jogo desceram durante mais de dois anos, justifica esta situação, explicou.

“Nos últimos anos, os ‘drivers’ de crescimento foram as PME [Pequenas e Médias Empresas], mas com o [panorama do] mercado [de Macau] tem havido menos procura e teve algum impacto”, disse. No entanto, com a retoma do crescimento das receitas desde Agosto, Pedro Cardoso nota já “alguma melhoria, um aumento da produção de crédito hipotecário”. “São sinais positivos”, destaca ainda.

As despesas do BNU subiram três por cento em relação aos primeiros nove meses de 2015, um aumento que, ainda assim, acrescenta o responsável, é menor que o dos proveitos, que subiram 10,4 por cento. O rácio de custos face aos proveitos (‘cost to income’) subiu ligeiramente, de 29,26 por cento até Setembro de 2015 para 29,84 por cento até Setembro deste ano.

Na Montanha em breve

Em relação à sucursal que o BNU anunciou abrir ainda este ano na Ilha da Montanha, em Zhuhai, Pedro Cardoso disse estar praticamente terminada: “Temos a agência pronta para abrir, toda equipada, temos as normas e procedimentos prontos, temos as autorizações do Governo de Macau. Contamos fazer uma ‘soft opening’ em Dezembro e abertura formal no início do ano”.

Os resultados do BNU de Macau representaram 43 por cento da actividade internacional da CGD em 2015 e a instituição está entre os três maiores bancos portugueses ou com participações de bancos portugueses no estrangeiro, em termos de resultados e activos.

9 Nov 2016

Britânico declarado culpado do homicídio de duas mulheres em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] britânico Rurik Jutting, ex-funcionário do banco Merryl Linch, foi hoje declarado culpado do homicídio de duas mulheres em Hong Kong em 2014.

Os nove elementos do júri do tribunal de Hong Kong que julgou o caso foram unânimes em considerar Rurik Jutting, de 31 anos, culpado da morte de duas mulheres indonésias.

Rurik Jutting incorre agora numa pena que pode chegar à prisão perpétua.

No início do julgamento, a 24 de outubro, o britânico declarou-se culpado do homicídio involuntário das duas mulheres encontradas no seu apartamento em Hong Kong, mas alegou “responsabilidade diminuída”.

Seneng Mujiasih e Sumarti Ningsih, ambas na casa dos 20 anos de idade, foram encontradas mortas no apartamento de Jutting na madrugada de 01 de novembro de 2014, após o próprio chamar a polícia.

Jutting foi considerado apto para ser julgado, após avaliação psiquiátrica.

Os investigadores encontraram Seneng Mujiasih nua, na sala, com ferimentos de arma branca nas pernas e nádegas. O corpo em decomposição de Sumarti Ningsih foi encontrado horas mais tarde dentro de uma mala na varanda.

Durante o julgamento, o tribunal mostrou ao júri vídeos em que Rurik Jutting tortura e admite ter matado uma das duas mulheres.

O júri assistiu a cerca de 20 minutos de imagens do telemóvel de Jutting, em que este ataca Sumarti Ningsih, de 23 anos.

Segundo a acusação, a mulher foi torturada durante três dias depois de ter entrado no apartamento de luxo de Jutting a 25 de outubro de 2014, após o britânico lhe ter oferecido dinheiro em troca de sexo.

A acusação mostrou depois uma série de vídeos em que Jutting fala para a câmara após matar Ningsih.

“Há cerca de cinco minutos matei, assassinei esta mulher”, diz.

“Tomei muita cocaína. Torturei-a muito”, acrescenta.

O início das imagens mostra um breve vislumbre do corpo de Ningsih deitada no chão do chuveiro.

“Sinto-me um pouco triste porque ela era boa pessoa, mas não me sinto culpado”, afirma para a câmara.

9 Nov 2016

Um em cada mil chineses é milionário

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] República Popular da China tem 1,34 milhões de milionários, segundo uma unidade de investigação com sede em Xangai, o que pressupõe que um em cada mil chineses tem mais de um milhão de dólares.

De acordo com a análise da Hurun Report Inc, até Maio deste ano houve mais 130.000 chineses que se tornaram milionários, um aumento de 10,7%, face ao mesmo período do ano passado.

Segunda maior economia do planeta, a seguir aos Estados Unidos da América, a China é também o país mais populoso, com 1.368 milhões de habitantes – cerca de 18% da humanidade.

No total, 0,1% da população chinesa, ou um em cada mil chineses, tem mais de um milhão de dólares.

A Hurun, considerada a Forbes chinesa, estima ainda que existam agora 89.000 de bilionários no país, mais 11.000 do que em 2015.

Guangdong, no sul da China, é a província que concentra mais milionários – cerca de 240.000 – destronando Pequim.

Mais de metade dos chineses com uma fortuna superior a um milhão de euros vive nas províncias de Guangdong e Zhejiang, no sul e leste do país, respectivamente, e nos municípios de Pequim e Xangai.

Já Pequim é a cidade com mais milionários ‘per capita’, com um em cada 100 residentes na capital chinesa a possuir mais de um milhão de dólares.

Activos de fora

A Hurun destaca ainda que os milionários chineses preferem investir além-fronteiras, principalmente em divisas estrangeiras.

O yuan, a moeda chinesa, caiu 9%, desde Agosto de 2015, levando muitos investidores chineses a procurar activos denominados em dólares ou euros.

A China representa 10% da riqueza mundial e desde o início do século o Produto Interno Bruto (PIB) chinês quintuplicou.

Apesar de a Constituição continuar a definir o país como “um Estado socialista liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário camponesa”, o fosso social mantém-se acima do “nível alarmante” definido pela ONU.

Segundo os critérios do Banco Mundial, cerca de 200 milhões de chineses vivem na pobreza.

9 Nov 2016

Pequim faz “esforços constantes” para melhorar relações com o Vaticano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem realizar “esforços constantes” para melhorar as relações com o Vaticano e que quer alcançar “novos resultados”, numa altura em que ambas as partes estarão a negociar um acordo sobre a ordenação dos bispos.

“Estamos sinceramente dispostos a melhorar as nossas relações e fazemos esforços constantes nesse sentido”, disse ontem Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa em Pequim.

Segundo páginas na Internet de informação ligada à igreja católica, a Santa Sé e Pequim estão a negociar um acordo que prevê que o papa reconheça quatro dos oito bispos da Associação Patriótica dos Católicos Chineses, que anteriormente recusou consagrar.

Aquele organismo estatal é o único reconhecido pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e todos os seus bispos são nomeados pelo Governo, sendo independente do Vaticano.

A China e a Santa Sé não têm relações diplomáticas desde 1951 e uma das maiores divergências entre ambos os lados reside precisamente na nomeação dos bispos.

Lu Kang assegurou que “existem canais de comunicação (com o Vaticano) nesse sentido” e que Pequim gostaria de cooperar com a Santa Sé para “impulsionar os laços bilaterais e alcançar novos resultados”.

Caminho papal

Oficialmente, o número de cristãos na China continental rondará os 24 milhões, o que não chega a dois por cento da população.

A Academia Chinesa de Ciências Sociais estima que haja cerca de 130 milhões de cristãos ligados às chamadas “igrejas clandestinas”, aquelas que se mantêm aliadas ao Vaticano.

Desde que foi eleito, em 2013, o papa Francisco tem procurado uma reconciliação com a República Popular da China, tendo já assumido o desejo de visitar o país, o que seria um acontecimento inédito.

Nos últimos meses, ambas as partes manifestaram a sua vontade em melhorar as relações e Pequim apelou por várias vezes ao Vaticano para que dê “passos concretos”.

O Governo chinês exige ainda que a Santa Sé rompa os laços diplomáticos que mantém com Taiwan e que não interfira nos assuntos internos do país.

9 Nov 2016

Fórum | Angola pede capital e tecnologia à China

Quase 500 empresários chineses estiveram reunidos em Luanda, durante um Fórum de Investimento, onde terão sido assinados acordos estimados em mais de 1,2 mil milhões de dólares

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro da Economia de Angola reiterou ontem, em Luanda, o desejo angolano de contar com o capital e recursos intelectuais, de gestão e tecnológicos da China, para promover o desenvolvimento nacional.

Abraão Gourgel discursou ontem no encerramento do Fórum de Investimento Angola-China, que durante dois dias reuniu, em Luanda, mais de 450 empresários chineses, tendo resultado na assinatura de acordos de intenção e tramitação de projectos de investimentos privados, avaliados em mais de 1,2 mil milhões de dólares.

Prioridades definidas

O ministro afirmou que as infra-estruturas continuam a ser as prioridades do Governo de Angola, que conta com uma maior participação do sector privado, inclusive o de estrangeiro, sob certas condições e com as garantias adequadas.

Segundo Abraão Gourgel, os sectores do agro-negócio, da indústria, da geologia e minas, comércio externo e turismo dispõem também de oportunidades de investimento com taxas de retorno diferenciadas e grande potencial de crescimento.

“O Estado angolano continuará, para esse efeito, a assegurar as necessárias garantias jurídicas aos investidores privados, bem como a implementar os quadros reguladores adequados à protecção dos interesses nacionais”, referiu o ministro.

O titular da pasta da economia de Angola frisou que o Governo tem desenvolvido todos os esforços para mitigar as vulnerabilidades provocadas pela baixa do preço do petróleo no mercado internacional, com reformas estruturais “para abraçar um modelo de desenvolvimento assente nas forças endógenas do país”.

Para Abraão Gourgel, o fórum permitiu dar início a um novo momento das relações económicas e empresariais bilaterais entre Angola e a China, o “momento do investimento directo privado chinês em Angola”.

“Os números do evento são claros e expressivos, podemos estar em presença do maior evento empresarial a nível bilateral entre os dois Estados, o que traduz bem a vontade e o interesse do sector privado chinês em participar de forma activa e conjuntamente com o empresariado angolano no processo de desenvolvimento económico e social do nosso país”, frisou.

O fórum é ainda, segundo Abraão Gourgel, a demonstração da abertura do Estado angolano ao investimento privado externo e do suporte institucional e político que Angola concede à construção de parcerias empresariais mutuamente vantajosas.

9 Nov 2016

CPCS | Dois membros saíram a meio da reunião de ontem

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois representantes do patronato no Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) bateram ontem com a porta a meio de uma reunião, que serviu para debater as compensações dadas aos empregados nas situações em que os feriados coincidem com as folgas e feriados, bem como a implementação do salário mínimo.

Segundo a imprensa chinesa, a saída de António Chui Yuk Lam deveu-se ao facto deste considerar que o Governo não informou o CPCS quanto à subida dos montantes para o Fundo de Segurança Social para 90 patacas, defendendo que o Executivo “não está a respeitar o funcionamento do Conselho”. Wang Sai Meng, outro representante dos patrões, também bateu com a porta. Este aumento foi decretado pelo Chefe do Executivo.

Este facto gerou um comunicado por parte do Governo, que disse estar “atento” à questão. “O CPCS sempre teve um papel de plataforma para o Governo, para ouvir as opiniões das partes empregadora e trabalhadora, de modo a permitir que o Governo possa funcionar adequadamente na implementação das políticas e medidas sócio-laborais, favorecendo o desenvolvimento da sociedade de Macau.”

Além disso, o Governo afirma dar “imenso respeito às opiniões das duas partes, continuando o CPCS como plataforma, empenhando-se em melhorar o seu papel de plataforma de comunicação, a fim de diminuir as divergências entre as duas partes. O Governo vai empenhar-se na realização de um bom trabalho de comunicação para convocar de novo uma reunião o mais breve possível”.

8 Nov 2016

Saúde | São Januário fez primeiro transplante de um órgão em Macau

 

 

Está feito o primeiro transplante de um órgão em Macau. No território ainda não há, no entanto, uma base de dadores. Os órgãos têm de ser da família

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]conteceu no domingo, com o apoio de uma equipa da China: “No dia 6 de Novembro, com a colaboração de equipas médicas do Centro Hospitalar Conde de São Januário e do primeiro hospital filiado da Universidade Sun Yat-sen, foi concluído o primeiro transplante renal num corpo vivo”, anunciou o director dos Serviços de Saúde de Macau, Lei Chin Ion, em conferência de imprensa.

O transplante foi proposto pela família, com o rim da irmã mais velha, de 54 anos, a ser transplantado para a irmã mais nova, de 39. A cirurgia foi considerada um sucesso e, não havendo complicações, ambas devem ter alto dentro de dez dias. “Tem um significado histórico para o desenvolvimento médico de Macau”, disse He Xian Shun, subdirector do hospital filiado da Universidade Sun Yat-sen.

A partir de agora passa a ser possível realizar em Macau transplantes de rins quando o próprio paciente apresenta um possível dador, que tem de ser seu familiar, com distância até três gerações. No entanto, ainda não é possível receber o órgão de um estranho, apesar de já terem sido fixados, em Abril, os critérios para a definição da morte cerebral, necessários para esse procedimento.

O registo de dadores após a morte está previsto na lei desde 1996, mas ainda não foi elaborada uma base de dados. Segundo os Serviços de Saúde, ao contrário do que se passa em Portugal, os potenciais dadores terão de manifestar intenção de o ser.

“Vamos fazer divulgação sobre a assinatura do cartão de doação de órgãos, para que quando houver um acidente possam doar”, disse Lei Chin Ion, sem avançar com uma calendarização. Segundo o director dos Serviços de Saúde, há entre dez a 15 pessoas por ano aptas a doar órgãos na região, vítimas de, por exemplo, acidentes de viação. “Mas teriam de assinar uma autorização”, ressalvou.

Na lista nacional

A partir de agora, os doentes de Macau passam também a integrar a lista da China Continental, ou seja, podem receber órgãos de todo o país e, quando o sistema estiver regulamentado, os residentes na região podem também doar. “Lutámos para entrar nesta lista de espera. O número de dadores viáveis em Macau é muito baixo, cerca de 15” por ano, explicou. No entanto, os doentes de Macau têm prioridade para receber os órgãos de Macau, passando para a China se não forem compatíveis, esclareceu.

O primeiro transplante foi renal “porque a técnica é consolidada e a taxa de sobrevivência alta”, explicou ainda Lei Chin Ion, indicando que “existem muitos doentes com disfunção renal em Macau”. Mais de 600 realizam hemodiálise, ainda que nem todos possam receber um novo rim.

A equipa médica de Macau que participou nesta cirurgia recebeu formação em Zhongshan, no hospital filiado da Universidade Sun Yat-sen, que vai continuar a formar médicos de Macau neste sentido. Questionado sobre se algum cirurgião de Macau está apto a realizar a operação sozinho, Kuok Cheong U, director do São Januário, disse que “a capacidade dos médicos ainda não é muito madura e o importante é a segurança dos pacientes”. “Penso que todos os médicos especialistas têm vontade de receber esta qualificação”, indicou.

Para poderem liderar autonomamente um transplante, os médicos de Macau têm de ter participado em pelo menos 50 transplantes de rim e sido um dos cirurgiões em pelo menos 20, acrescentou o director do hospital. No futuro, os Serviços de Saúde esperam poder avançar para transplantes de fígado.

Quanto ao custo da operação, sem indicar o valor total, Kuok Cheong U afirmou que o transplante de rim “não faz parte da cobertura de cuidados gratuitos”, mas se o paciente “for muito pobre pode pedir redução dos custos médicos”.

8 Nov 2016

Plano que permite actuação de artistas nas vias públicas em vigor

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s artistas de rua vão poder actuar em Macau sem serem detidos ao abrigo de um programa experimental do Instituto Cultural (IC) que arrancou ontem, mas que os circunscreve a três dias por semana e a três lugares.

O programa experimental – que decorre até 31 de Janeiro – prevê que, desde ontem, os artistas de rua (locais e/ou estrangeiros) possam pedir um cartão de ‘busker’ para actuar na cidade, mas restringe as actuações às sextas-feiras, sábados e domingos, e a três pontos (Anim’Arte Nam Van, Casas-Museu da Taipa e Jardim da Fortaleza do Monte).

De acordo com o regulamento do programa, nos lugares definidos, os artistas têm de observar os respectivos horários de funcionamento – das 10h às 21h, à excepção do Jardim da Fortaleza do Monte, que encerra às 18h – e apenas podem utilizar um dos pontos definidos por um período máximo de duas horas.

São três os tipos de actuações possíveis: artes performativas, artes visuais e demonstrações de artesanato. Os artistas de rua poderão regressar ao mesmo local de actuação, mas com um intervalo de, pelo menos, quatro horas.

Há ainda outros requisitos como, por exemplo, que “as actuações não podem envolver publicidade comercial (incluindo a publicidade a instituições de qualquer tipo), religiosa ou a actividades políticas”, nem “envolver animais, excepto cães-guias para pessoas com necessidades especiais”.

O cartão ‘busker’ pode ser solicitado através da Internet, mas o requerente tem depois de efectuar o registo pessoalmente num balcão num dos três pontos autorizados.

Cartão em vez de esquadra

O projeto-piloto, anunciado como uma forma de “proporcionar uma plataforma de actuação às artes e artistas”, surge na sequência de uma série de detenções em Macau. De acordo com dados da PSP, divulgados pela Rádio Macau, sete artistas de rua foram detidos em 2015 e pelo menos dois este ano. A polícia invocou, então, a necessidade de uma licença para actuações na rua que, contudo, nenhum serviço público de Macau tinha competências para emitir.

Em declarações à agência Lusa, no final do mês passado, o chefe de departamento de desenvolvimento das artes do espectáculo do IC, Kent Iong Chi Kin, sublinhou que o programa constitui “um primeiro passo” e foi beber inspiração a outros países e cidades, citando referências retiradas da Austrália e de Londres. “Após o período experimental de três meses iremos verificar os resultados. Se forem bons, vamos abrir novos pontos” de actuação, disse.

Kent Iong Chi Kin apontou ainda que o tratamento das formalidades é “simples”. “Por exemplo, no máximo de três dias úteis podemos emitir esse cartão”, afirmou, prometendo que o IC irá “fazer o melhor possível para facilitar os artistas”, ao ser questionado sobre se o processo não é demasiado demorado. Já para que os que vêm de fora tomem conhecimento do projeto-piloto, Kent Iong Chi Kin disse que vão ser feitas acções de divulgação e publicidade, “através de diferentes vias”.

8 Nov 2016