Xi Jinping destaca relação “muito madura” com Alemanha

A chanceler alemã Angela Merkel terminou ontem aquela que foi a sua nona visita à China. O reforço da cooperação económica esteve no centro da agenda com acordos assinados entre empresas das duas nações no valor de mais de 13.000 milhões de euros

[dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as relações do país com a Alemanha estão numa fase “muito madura”, durante um encontro com a chanceler Angela Merkel, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa.
A reunião, na segunda-feira, à porta fechada, em Pequim, fez parte da visita oficial de Merkel ao país asiático iniciada no domingo e que se concluiu ontem com uma passagem por um parque industrial com investimento alemão na cidade de Shenyang, nordeste da China.
A responsável alemã reuniu-se também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com quem assistiu à assinatura de 24 acordos de cooperação, e participou num fórum empresarial, durante o qual empresas dos dois países subscreveram 96 contratos com um valor total de 13.200 milhões de euros.

Mercado e modernidade

Durante o encontro, Xi e Merkel frisaram as possibilidades de cooperação que oferecem as estratégias de modernização industrial de ambos os países, “Indústria 4.0” e “Made in China 2025”, destacou a imprensa local.
Xi referiu ainda a preocupação de Pequim em que a União Europeia cumpra com o protocolo de adesão do seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevê o reconhecimento do estatuto de economia de mercado à China antes de Dezembro de 2016.
Segundo os jornais locais, Merkel reconheceu a importância da implementação daquele acordo.
Ambos abordaram ainda outras áreas de cooperação, nomeadamente no ensino, facilitação na concessão de vistos e na medicina tradicional chinesa.
Além disso, comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para coordenar as cimeiras do G20, que este ano se realiza na cidade chinesa de Hangzhou e que a Alemanha acolherá em 2017. Esta visita de Merkel à China é a nona desde que foi eleita chanceler.
 

15 Jun 2016

China | FMI reitera alertas sobre riscos do aumento de crédito

[dropcap style=´circle´]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem para os riscos na economia chinesa, a segunda maior do mundo, devido ao rápido aumento do crédito e endividamento, que tornam o seu “futuro incerto” a médio prazo.
Num relatório apresentado ontem em Pequim, o FMI reconhece que as perspectivas imediatas do gigante asiático melhoraram, fruto de medidas de estímulo, mas que existe a necessidade de abordar os excessos de crédito e capacidade produtiva.
O número dois da instituição, David Lipton, apontou em comunicado para os “progressos desiguais” nas reformas levadas a cabo pelo Governo chinês, que resultaram em que as ameaças se mantenham.
O FMI assinalou que as perspectivas a médio prazo para a economia chinesa são afectadas pelo rápido aumento do crédito, os excessos de capacidade industrial e um sector financeiro “cada vez maior, opaco e interconectado”.
Neste sentido, o organismo destacou o forte aumento do crédito, que em 2016 está a crescer a um ritmo recorde, e aconselhou a que este seja “substancialmente diminuído”, para que se ajuste ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Soluções obrigatórias

O FMI advertiu que “é imperativo” para o país solucionar o problema de uma dívida corporativa que, “apesar de gerenciável, é alta e está a crescer rapidamente”.
A instituição com sede em Washington também instou Pequim a fortalecer a capacidade de resistência dos bancos, e das instituições financeiras no geral, aos riscos, e a incentivar ao reconhecimento de potenciais perdas.
No âmbito fiscal, o Fundo aconselhou ao aumento da responsabilidade dos governos locais nos gastos e receitas e à expansão do sistema de segurança social.
“A China encontra-se numa fase crucial no seu caminho para o desenvolvimento”, afirmou Lipton, que elogiou os avanços realizados pelo país na transição de um modelo assente nas exportações para um voltado para os serviços e com um mercado de capitais aberto.
Lipton assegurou que a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, tornou-se “mais flexível” desde as alterações introduzidas pelo banco central chinês no passado Verão e que as autoridades estão a melhorar a qualidade das suas estatísticas e a sua política de comunicação com os mercados.

15 Jun 2016

Fundador do Alibaba aposta na recolha de dados

[dropcap style=´circle´]O[/dropcap] fundador do gigante de comércio electrónico chinês Alibaba disse ontem que a sua estratégia para o futuro não passará por vender mais nos seus portais, mas sim arrecadar dados.
Dos três pilares da sua estratégia, os dados são o mais importante, explicou Jack Ma durante um discurso perante centenas de investidores e executivos da empresa, reunidos na sede, em Xixi, nos arredores de Hangzhou, na província de Zhejiang.
“Hoje em dia é possível ter um negócio com o maior rendimento [económico] do mundo”, no entanto a empresa já não é “um negócio baseado no rendimento, mas sim baseado em dados”, afirmou na sua intervenção transmitida em directo via internet o fundador de Alibaba, que em 2014 teve um entrada fulgurante na Bolsa de Nova Iorque.

Três vectores

Jack Ma sublinhou os três pilares que o grupo contempla para o seu desenvolvimento: a sua globalização (além da China, onde tem o seu negócio principal), a sua extensão às zonas rurais do país, com 700 milhões de potenciais usuários e, sobretudo, a adição de duas tecnologias que, em sua opinião, mudarão o sector.
Trata-se da computação em nuvem (com enormes servidores virtuais) e de processamento, armazenamento e análises massivas de dados das transacções e actividades operadas em linha em tempo real (“Big Data”).
Isto explica a sua estratégia de inversões desde 2014 em sectores tão díspares como as finanças, a logística, os media, o desporto e o cinema, para optar pela obtenção de dados, já que, para Ma são estes que determinam o futuro do sector.
Relativamente à extensão das zonas rurais da China, disse que Alibaba deveria concentrar-se primeiro em estender-se pelo seu próprio país, graças à telefonia móvel com acesso à Internet, antes de abordar outros mercados rurais em países prometedores, como a Índia ou a Indonésia, onde o mercado e a cultura são diferentes do da China.

15 Jun 2016

O quinto romance: feminismo, sátira ou pornografia?

Julie O´yang

[dropcap style=´circle´]金[/dropcap]瓶梅, Jin Ping Mei, ou Ameixa em Vaso Dourado (também traduzida por Lótus Dourado) é um romance chinês naturalista, composto em chinês vernáculo (dialecto Wu) durante a Dinastia Ming (1368 – 1644). Foi escrito por 蘭陵笑笑生, “O Sátiro de Lanling”, pseudónimo do autor cuja identidade permanece desconhecida. Existem algumas versões anteriores deste romance, mas apenas em forma de manuscrito; a primeira colectânea impressa data de 1610. A versão integral é composta por 100 capítulos, compreendendo um total de mais de 1000 páginas.
Jin Ping Mei é considerado o Quinto Romance Clássico, no seguimento dos Quatro Grandes Romances Clássicos compostos por As Viagens do Rei Macaco ao Ocidente, Três Reinos, Shui Hu (À Beira d’Água) e Sonho na Câmara Vermelha. A sexualidade explícita que transparece das suas páginas granjeou-lhe uma notoriedade na China, equivalente a Fanny Hill no Ocidente. Desde a sua criação, há quatro séculos atrás, que tem sido interdito na China, embora seja replicado e continue a circular clandestinamente.
Ao contrário dos quatro romances clássicos, Jin Ping Mei tem permanecido um enigma devido aos seus subterfúgios literários, que abrem as portas a interpretações menos ortodoxas.
Por exemplo, as cenas de sexo detalhadas podem ser interpretadas como uma descrição da condição da mulher na China antiga. A história de Jin Ping Mei desenvolve-se em torno de Ximen Qing, um mercador rico e libidinoso que subiu a pulso na vida e que possui várias esposas e concubinas. As suas actividades sexuais trazem a cena três tipos de mulheres:

1. Li Ping’er e Han Aijie, que fazem sexo por amor. 2. Madame Lin, que faz sexo pelo sexo. 3. Muitas outras que fazem sexo por dinheiro. Pan Jinlian, a heroína da novela, combina os três tipos. Pan desfruta do sexo, acredita no amor e não se importa de fazer uns jeitos para melhorar o seu estilo de vida. Pan Jinlian é na verdade uma personagem complexa e, talvez por isso, o autor a tenha tratado de forma negativa. Dum ponto de vista actual, Pan Jinlian poderia ser considerada uma feminista avant-la-lettre. Enquanto cronista do período Ming, o autor revela algumas intenções moralistas, comparáveis às do pintor holandês, seu contemporâneo, Jan Steen, cujas pinturas foram em grande número fábulas sobre os perigos da falta de contenção. A ideia da libertação da mulher não ocorria a ninguém na China do séc. XVII e, como tal, o autor decidiu abrir fogo sobre outro tipo de problemas sociais como a hipocrisia e a corrupção que grassavam na China daquele tempo. Faz ainda mais sentido se considerarmos o pseudónimo que escolheu, 蘭陵笑笑生, “O Sátiro de Lanling”. Enquanto romance de cariz social, Jin Ping Mei é uma sátira reveladora e eloquentemente hilariante, mas nunca perdemos de vista que a ironia é inspirada pela realidade nas suas diferentes facetas.
O Beijing Dance Theatre levou recentemente a cena um bailado inspirado nesta obra. A adaptação elevou decididamente a fasquia, tratando o erotismo da antiga China de forma surpreendente. Apresentar este trabalho, onde se exibem bailarinos nus, a audiências oriundas de uma cultura sexualmente repressora, não é pêra doce. O bailado Jin Ping Mei foi interditado pelas autoridades logo a seguir à estreia. No entanto, o encenador Wang Yuanyuan parece ter seduzido os leitores de qualidade, amantes da sensualidade, procurados e encontrados num antigo livro proibido.

15 Jun 2016

Livreiro desaparecido volta a Hong Kong

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceu misteriosamente no ano passado, Lam Wing-kee, regressou ontem à antiga colónia britânica e pediu à polícia para deixar cair a investigação relativa ao seu caso. Lam Wing-kee é um dos cinco livreiros que publicaram obras críticas de Pequim e desapareceram no final do ano passado.
Mais tarde, ficou a saber-se que todos eles, ligados à livraria Causeway Bay, estavam detidos na China e que quatro dos cinco – incluindo Lam – eram alvo de uma investigação oficial sobre a importação de livros proibidos a partir de Hong Kong.
Lam Wing-kee é o quarto livreiro que volta a Hong Kong. Os outros três voltaram pouco tempo depois a cruzar a fronteira rumo à China.
O livreiro Lam Wing-kee encontrou-se com a polícia na manhã de ontem e, à semelhança dos colegas, pediu o arquivamento do seu caso de desaparecimento e afirmou não precisar de qualquer tipo de assistência por parte da polícia ou do Governo de Hong Kong.
As autoridades da antiga colónia britânica indicaram que vão continuar a investigar o caso dos livreiros.

Histórias de desaparecidos

Entre Outubro e Dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty Current e à livraria Causeway Bay Books – que publicava e vendia livros críticos de Pequim, – desapareceram em circunstâncias misteriosas.
Gui Minhai, naturalizado sueco, desapareceu em Pattaya (Tailândia) em Outubro. Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior da China. Lee Bo, com passaporte britânico, desapareceu, em Dezembro, em Hong Kong.
Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos suspeitam terem sido feitas sob coação, ou a afirmar estar voluntariamente a colaborar com investigações policiais na China.
As autoridades chinesas acusam os livreiros de estarem envolvidos num caso de comércio de livros proibidos na China, uma actividade que alegadamente realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação.
Há dias, a filha de Gui Minhai pediu ajuda às autoridades norte-americanas para pôr termo à detenção “não oficial e ilegal” do seu pai, num apelo feito perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China.
Angela Gui disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal e que oito meses depois ainda não sabe onde o pai está, como está a ser tratado ou qual é a sua situação legal.
Os misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para deter os livreiros, o que constituiria uma violação do princípio “um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual Macau e Hong Kong, que são regiões da China com administração especial, gozam de ampla autonomia.

15 Jun 2016

Previdência | FSS quer atrair trabalhadores do privado

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]ong Kong Io, presidente do Fundo de Segurança Social (FSS) confirmou ontem que na primeira fase não obrigatória do sistema de previdência central visa atrair mais de 100 mil trabalhadores, que sejam residentes em Macau e que já possuam fundos de pensões privados. Segundo a Rádio Macau, o presidente do FSS disse que “iremos realizar uma série de actividades de sensibilização e de informação. Neste momento, o nosso objecto são os mais de cem mil trabalhadores que já têm fundos de pensões no privado fazendo a articulação para o regime central”.

14 Jun 2016

Alexandre Baptista, artista plástico: “O Homem é um bicho de difícil compreensão”

Alexandre Baptista está na RAEM para a inauguração de “Drawing is giving one’s heart” que acontece amanhã no Albergue SCM pelas 18h30. Traz consigo o tema que lhe dá mote à vida numa exposição provocadora que previa 40 trabalhos mas que devido à superstição com o número 4 passou a 38, não fosse o mau agoiro tecê-las

[dropcap]O[/dropcap] Alexandre é já um artista de sucesso e reconhecimento internacional. Como tem sido este percurso e quais os principais desafios?
Não tem sido nada fácil. Não é fácil apresentar o meu trabalho seja onde for. Nos últimos anos comecei a viver em sítios muito diferentes. Depois regresso a Portugal e resolvo ter mais um desafio. O sair constantemente da zona de conforto não é fácil. É penoso e tem imensas consequências.

Estas idas e vindas são importantes na sua criação?

São, porque é uma forma de conhecer outras realidades, outras pessoas e outras culturas. Começo a olhar para o mundo de um modo diferente e aprende-se muito com o bom e com o mau. Tenho a certeza que tudo isso acaba por ter um forte impacto no meu trabalho.

“Acho que os portugueses desperdiçaram Macau. Demos isto de mão beijada”

O seu trabalho é provocador…
Eu sempre fui muito provocador, mesmo quando não tinha razão tinha que encontrar forma de a ter.

alexandre.baptista.3_sofiamotaO que está na génese dessa vontade de provocar?
Acho que tem a haver comigo mesmo. Adoro provocar tudo. Lembro-me já na faculdade, no Porto, enquanto se tinha a ideia de que o artista é aquele que não tem cuidado nenhum com a imagem, eu ia para a escola de fato, gravata e a fumar charuto.

Tendo um trabalho marcado pela controvérsia, como tem sido a aceitação do mesmo?
Não é nada fácil. Tenho vendido, sim! Tenho exposto em vários sítios e países mas tem sido muito duro. As pessoas no início olham de lado para o meu trabalho. Por exemplo quando cheguei a Miami e comecei a correr as galerias até questionavam se aquilo era mesmo pintura. Pensavam que pela perfeição era stencil. Depois mostrava peças de pequeno formato em papel e que de facto era pintura. Não é para me gabar mas tenho consciência das minhas capacidades técnicas e das minhas limitações. Quando faço alguma coisa tenho que dominar o material para o trabalhar. Na altura tratei também de fazer umas peças em madeira e quando as viram naquele suporte ainda ficaram mais admirados. Foi aí que surgiram algumas exposições em Miami. Mas no início olhavam de lado. Em Portugal também. Lembro-me de uma vez levarem umas peças minhas para uma galeria para mostrar a um coleccionador e disseram que era colagem. As pessoas muitas vezes suspeitam mas tenho tido também alguma aceitação.

“Mesmo o que está subjacente à pintura, é desenho. Se uma pessoa não souber desenhar, não sabe fazer rigorosamente nada”

Não nos traz aqui pintura mas sim desenho. Porquê esta opção?
Para mim desenho também é pintura. Tenho uma relação muito forte com os materiais. Por exemplo, uma folha de papel, tenho que a sentir e que perceber a relação táctil. O papel tem outra coisa muito boa que é o som que o lápis ou o pincel produzem que também me toca. Depois usar um papel e partir do princípio que tenho que deixar uma grande parte deste suporte à vista é muito interessante enquanto desafio. Por outro lado tenho uma grande parte da minha obra desenvolvida só em papel. Se vejo em algum lado papéis que me interessam compro e guardo para depois os poder trabalhar.

Traz cá uma série de trabalhos que tem feito ao longo do tempo. Como foi a selecção do que traria a Macau?
A primeira ideia que tive para esta exposição foi a de misturar papel com outros suportes. Mas depois comecei a perceber algumas dificuldade em fazer exactamente o que queria do modo que achava mais correcto. A dada altura disse que só havia uma forma: tudo em papel. Depois o título desta exposição “Drawing is giving one´s heart” é uma espécie de mote de vida. Tenho uma relação muito forte com esta frase . O desenho para mim também é muito abrangente. Neste caso, e por exemplo em duas peças que fiz recentemente em Londres, é uma conjunção de fotografia, serigrafia e pintura sobre papel. E isso para mim é desenho. Mesmo o que está subjacente à pintura, é desenho. Se uma pessoa não souber desenhar, não sabe fazer rigorosamente nada.

Há um outro lado na sua obra que “mergulha” no ser humano. Porquê?
O Homem é muito interessante. Olho para o que se passa à nossa volta e há coisas que não entendo mesmo. A forma como reagimos e interagimos com outras pessoas às vezes são coisas tão absurdas e patéticas que me pergunto porquê? Sem qualquer conotação religiosa ou coisa do género, nós andamos aqui e vivemos o tempo que temos que viver e não percebo porque se criam tantos conflitos. Acho que viveríamos muito melhor e de consciência muito mais tranquila se não tivéssemos envolvidos em atritos. Não consigo perceber essa necessidade do Homem de criar problemas ao outro. O Homem é um bicho de difícil compreensão. Mesmo em relação a mim enquanto costumava fazer um exercício interessante em que estava atento a mim mesmo e acho que tenho vários “eus”. Parece um pouco os heterónimos de Fernando Pessoa, mas curiosamente um dos seus heterónimos era um tipo chamado Alexander Search com o qual me identifico. Há uma identificação não só do nome mas pelo facto de eu também andar sempre à procura.

Essa “fragmentação” também aparece no seu trabalho?
Sim. Por exemplo na minha pintura tenho o hábito de trabalhar em suportes separados e depois juntá-los. Cada suporte tem uma forma de trabalhar diferente e todos têm princípios distintos, mas quando os junto parecem que são unos. Também têm os meus vários “eus”. Se calhar esta vontade de me perceber também faz com que também trabalhe sobre o Homem.

Tem andado em movimento e agora está em Londres…

Agora estou “exilado” de Portugal. Estou em Londres há pouco mais de um ano e é uma espécie de exílio porque não contacto com Portugal ou com as comunidades portuguesas. Acho que para perceber melhor o meio onde estamos não há nada melhor do que conviver com as outras comunidades. A portuguesa já eu conheço. É igual em todo o lado. Depois estar longe é também pensar numa língua diferente que é sempre um exercício interessante, além do convívio com as pessoas de lá que é altamente desafiante.

Nesta procura permanente, tem algum projecto agora em mãos?
Tenho alguns projectos ambiciosos que gostava muito de colocar em prática. Um deles é muito complicado porque não é um tema fácil. Há uma peça dessa série que foi exposta em Macau em 2014 e é um trabalho que aborda a forma como vivemos a liberdade e a ausência dela. Quando somos castrados da nossa liberdade. A investigação começa em Auschwitz e vem até aos nosso dias e à sociedade contemporânea. Isto porque acho que vivemos numa sociedade extremamente hipócrita e castradora. Isso acontece nas questões raciais, religiosas que estão desde sempre associadas a guerras e a questões de modelação social, questões de género ou escolha sexual. Outro aspecto tem a haver com a imagem e ornamentação do corpo e o que isso interfere na nossa liberdade e julgamento. Este trabalho aborda todas estas questões. Dizemos que vivemos numa sociedade livre, mas não. Temos imensas regras que nos condicionam a nós e ao que dizemos. Estamos a viver num país onde se diz que a democracia está implementada mas isso é também uma pura fantochada. Para mim as pessoas devem viver a vida da forma que entenderem. Claro que reconheço que têm que existir algumas regras mas não deveremos castrar as pessoas das suas opções. Tenho um outro que tem a haver muito com a religião e a sua relação com o caos.

alexandre.baptista.5_sofiamotaComo assim?
Comecei a olhar para este conflitos todos mais recentes do médio oriente e comecei a recuar no tempo. Com a pesquisa sobressai o facto de todas as guerras que temos tido têm um princípio étnico-religioso. Acho que isso leva ao caos. Esse trabalho está todo feito, é uma instalação que está totalmente pronta na minha cabeça. É constituída por dez fotografias gigantes em que existe um altar a que chamo de “profanação do sagrado” e um espaço em que as pessoas interactivamente possam experienciar um estado caótico proporcionado pelo som que já está feito. Falta-me agora um espaço que possa acolher este projecto. Gostava de pôr estes trabalhos em prática mas, mais uma vez, não é fácil, até porque são delicados e controversos. Por outro lado também são projectos para pôr as pessoas a pensar e as pessoas cada vez mais não o querem fazer.

Tendemos para uma sociedade alienada?
Sim. É mais fácil as pessoas cada vez mais fugirem do pensar. Caminhamos para o individualismo exacerbado e pela indiferença pelos outros. Isto aliado a uma futilidade muito grande da sociedade de hoje com o culto da imagem. As pessoas só se preocupam com a imagem mesmo sem conteúdo. Não acho isso nada interessante. Não há consciência política nem de cidadania.

Em Macau sente a questão racial?
Não sinto esse confronto de forma explicita mas a comunidade chinesa e portuguesa vivem totalmente à parte uma da outra. Posso estar redondamente enganado mas para mim são dois mundos que coabitam no mesmo espaço e é só isso.

Já esteve em Macau com várias exposições. Como tem sido?
Não tenho razão de queixa de Macau. Todas as vezes que tive trabalhos aqui, vendi. Tenho ainda pessoas que sei que são seguidoras do meu trabalho e também tenho pessoas que considero minhas amigas. Em relação a Macau, a primeira coisa que penso é que “isto era nosso e porque é que não aproveitámos?”. Depois penso também que isto é muito pequeno. Quando aqui estive a primeira vez só havia o casino Lisboa e agora estão cá as operadoras americanas todas. Acho que os portugueses desperdiçaram Macau. Demos isto de mão beijada.

Que conselho dá hoje aos jovens artistas que se vêm com as dificuldades inerentes a um início de carreira?
Que façam aquilo que gostam e que não olhem para trás. Vale a pena correr riscos. Eu ainda continuo a corrê-los todos os dias. Como pessoa devo muito à pintura. Por exemplo lembro-me dos meus pais me darem dinheiro para comer na escola e eu só almoçava para poder poupar e gastar em material de pintura. Começaram aí os sacrifícios. Por outro lado o meu pai apoiava-me de uma forma estranha porque nunca dizia que o meu trabalho era bom. Mais tarde vim a saber por um tio meu que não o fazia para que eu não me acomodasse.

14 Jun 2016

Xi Jinping e líderes mundiais enviam condolências aos EUA por ataque em discoteca

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Presidentes da China e de Israel e o primeiro-ministro do Japão condenaram ontem o massacre de domingo numa discoteca da cidade Orlando, nos EUA, e enviaram condolências ao chefe de Estado norte-americano, Barack Obama.
O Presidente chinês, Xi Jinping, enviou as suas condolências ao povo norte-americano, numa mensagem dirigida a Obama, informou ontem o Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista da China.
As autoridades chinesas permanecem em estreito contacto com as congéneres norte-americanas, à espera de confirmar a identidade de todas as vítimas, clientes de uma discoteca ‘gay’, destacou a imprensa oficial.
Também o Presidente israelita, Reuven Rivlin, lamentou ontem o massacre e apresentou condolências ao seu homólogo norte-americano.
“Este ataque contra a comunidade LGTB [lésbicas, gays, bissexuais e transgénero] de Orlando é tão cobarde como aberrante”, considerou, numa declaração dirigida a Obama, na qual expressou a solidariedade do povo israelita.
Rivlin enviou os seus pêsames às famílias das vítimas e disse esperar “uma rápida recuperação dos feridos”.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, condenou igualmente o ataque e manifestou a sua solidariedade para com os Estados Unidos “neste momento difícil”.
“O terrorismo é um desafio contra os valores partilhados pelo Japão e Estados Unidos. Vamos continuar a trabalhar na luta contra o terrorismo em conjunto com a comunidade internacional”, disse Shinzo Abe, numa mensagem dirigida a Obama.
Shinzo Abe mostrou-se “profundamente comovido e indignado” com o massacre.
Na noite de sábado para domingo, um norte-americano identificado como Omar Mir Seddique Mateen, de origem afegã, entrou na discoteca Pulse, em Orlando (Florida) e abriu fogo contra os clientes, causando 50 mortos e 53 feridos.
O tiroteio está a ser investigado pelas autoridades norte-americanas como um acto de terrorismo.

14 Jun 2016

Rejeitado pedido de Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong

O antigo Presidente da Formosa viu o seu pedido de participar numa cerimónia de entrega de prémios de editores em Hong Kong recusado pelas autoridades taiwanesas. Em causa estarão matérias relacionadas com a segurança nacional, dizem

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s autoridades de Taiwan rejeitaram um pedido do antigo Presidente Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong com o objectivo de participar num jantar de entrega de prémios da Sociedade de Editores na Ásia.
Segundo o jornal South China Morning Post, o gabinete presidencial da ilha apresentou vários motivos para esta rejeição, incluindo o facto de Ma ter deixado o cargo muito recentemente, de o pedido não ter sido feito com a antecedência necessária, a “sensibilidade” de Hong Kong e a falta de cooperação em matérias de segurança com o território.
O gabinete presidencial sugeriu que Ma participasse através de videoconferência.
O ex-Presidente desejava participar num jantar na quarta-feira, onde deveria discursar sobre as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan e na Ásia Oriental.
No entanto, no domingo, o porta-voz presidencial, Alex Huang, disse não ser apropriado que Ma visite Hong Kong nesta altura.
“Como Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e completou os procedimentos” necessários, disse Huang.
Segundo o porta-voz, não há precedentes de colaboração entre os gabinetes de segurança de Hong Kong e Taiwan, o que significa que é “difícil controlar os riscos”.
De acordo com a lei de protecção de informação classificada de segurança nacional, antigos dirigentes do Governo com acesso a informação classificada ficam sujeitos a restrições nas viagens durante os três anos após a sua saída.

Aplausos e lamentos

Ma deixou o cargo a 20 de Maio após o Kuomintang perder as eleições presidenciais para Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático.
Ma é o primeiro ex-presidente a pedir autorização para sair de Taiwan desde que a lei foi introduzida, em 2003. Se o pedido fosse autorizado, seria o primeiro ex-líder de Taiwan a visitar Hong Kong desde 1949.
O gabinete de Ma reagiu com insatisfação, indicando que a decisão revela “não só desrespeito pelo antigo líder, mas prejudica também a imagem democrática de Taiwan perante o mundo”.
Por outro lado, a decisão foi aplaudida pelo campo pró-independência e pelos deputados do Partido Progressista Democrático, que disseram que Ma planeava promover o “consenso de 1992” e o princípio de “uma China”.
O “consenso” diz respeito a uma reunião em Hong Kong, em 1992, onde Pequim e Taipé acordaram que há apenas “uma China”, mas em que cada lado tem a sua interpretação do que “China” significa.
No seu discurso de tomada de posse, Tsai não reconheceu o “consenso de 1992”, levando Pequim a questionar o seu compromisso em manter o ‘status quo’ entre os dois lados do Estreito.
O Partido Nacionalista, de oposição em Taiwan e mais próximo de Pequim, criticou a decisão, que apelidou de “supressiva”, dizendo que nada fazia para apoiar a “reconciliação interna de Taiwan e a harmonia social”.

14 Jun 2016

Cinema | China poderá ser em 2017 o maior mercado mundial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] venda de bilhetes de cinema na China pode atingir, em 2017, os 10.300 milhões de dólares, superando pela primeira vez as dos Estados Unidos, actualmente o maior mercado mundial, prevê um relatório da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).

O relatório ontem publicado, aponta para um crescimento anual do sector cinematográfico na China, de quase 20%, registando ainda uma ampla margem de crescimento, podendo as receitas ultrapassar os 15.000 milhões de dólares no final desta década.

Segundo o estudo de mercado, cerca de um terço das receitas de bilheteira mundiais virá das salas chinesas, já que a PwC, segundo a agência noticiosa Efe, calcula que o sector cresça em termos mundiais, até 2020, cerca de 49.300 milhões de dólares.

Segundo o mesmo estudo os retornos publicitários na indústria cinematográfica chinesa poderão ultrapassar, em 2020, os 161 milhões de dólares.

O cinema chinês cresceu, paralelamente, ao desenvolvimento do gigante do imobiliário e do entretenimento, Wanda Group, que é actualmente a maior cadeia de salas de cinema no mundo, depois de ter adquirido, em 2012, a sua principal rival norte-americana.

14 Jun 2016

China | Investimento em activos fixos subiu 9,6% em cinco meses

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] investimento chinês em activos fixos aumentou 9,6% nos primeiros cinco meses do ano, comparativamente ao mesmo período de 2015, revelou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês.
Trata-se de um aumento inferior ao previsto pelos economistas numa pesquisa feita pela agência noticiosa Bloomberg News e do ritmo de crescimento mais baixo desde 2000.
O investimento em activos fixos é um indicador chave para medir a despesa do Governo em infra-estruturas no “gigante” asiático.
Os dados surgem depois de no primeiro trimestre do ano o crédito concedido pelos bancos chineses ter atingido um valor recorde, numa tentativa de estimular a segunda maior economia do mundo.
Em 2015, a economia da China cresceu 6,9%, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos.
Já a produção nas fábricas registou um crescimento homólogo de seis por cento em Maio, enquanto as vendas a retalho avançaram 10%.

Sob pressão

“A economia nacional continuou a registar uma tendência estável e progressiva, que se regista desde o início do ano”, afirmou Sheng Laiyun, porta-voz do GNE.
“Mas temos de estar atentos ao ambiente internacional, que permanece complicado e difícil, enquanto ajustes estruturais domésticos duros estão a ser feitos e a economia continua sobre pressão negativa”, acrescentou.
O avanço do investimento privado também abrandou para 3,9% nos primeiros cinco meses do ano.
“O abrandamento no investimento privado mostra também que o motor intrínseco do crescimento económico da China continua por fortalecer”, comentou Sheng.
O porta-voz justificou os dados com as dificuldades das empresas privadas em obter crédito, excesso da capacidade industrial e o acesso limitado do capital privado em alguns sectores.
“Neste momento, o crescimento é estável”, disse.

14 Jun 2016

Comemorações 10 de Junho | Chui Sai On elogiou comunidade portuguesa

Não haja dúvidas: a comunidade portuguesa, residente em Macau, deve ser mesmo muito especial. Por um lado, o nosso “contributo activo” é importante para a RAEM, segundo Chui Sai On. Por outro, somos “insubstituíveis” para o futuro de Portugal, segundo o secretário de Estado, Jorge Gomes. Os habituais discursos do 10 de Junho, na residência consular, reafirmaram o costume, mas desta vez, ainda foram mais longe. Ele é muita responsabilidade…

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] chefe do Executivo de Macau referiu nas cerimónias do 10 de Junho que as relações entre Portugal e Macau “têm vindo a ser concretizadas com sucesso” em áreas como a Justiça e sublinhou o contributo da comunidade portuguesa para o desenvolvimento da região. No âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Chui Sai On começou por agradecer a camisola da selecção portuguesa de futebol com o número 8 – o número da sorte – e o seu nome em português [Fernando], que, momentos antes, lhe foi entregue pelo cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong.
“As relações entre Portugal e Macau são de longa data e, desde o estabelecimento da Região Administrativa Especial têm vindo a ser concretizadas com sucesso, em especial nas áreas do comércio, turismo, educação e saúde”, disse. “Também na área da Justiça, a cooperação entre Portugal e Macau saiu consolidada e reforçada, com as recentes visitas da senhora Procuradora-Geral da República Portuguesa e do senhor presidente do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal”, observou.
O chefe do Executivo reconheceu “o contributo activo dos portugueses e dos macaenses (…) para a construção e desenvolvimento da região”. Também referiu que, hoje em dia, Macau tem “a relevante missão de elo de ligação nas relações culturais e comerciais entre a China e Portugal e também entre a China e os países de língua portuguesa”. Neste âmbito, invocou a preparação em curso, “com o forte apoio do governo central, da quinta edição da conferência ministerial no âmbito do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. “Estamos convictos de que, apoiando-se na estratégia nacional de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e, tirando partido destas singularidades, Macau continuará a fomentar e reforçar as suas relações na cooperação com os países de língua portuguesa”, afirmou.

Os insubstituíveis

O secretário de Estado da Administração Interna disse que comemorar este dia em Macau tem “uma carga emocional” por se celebrar “uma relação histórica de cinco séculos entre Portugal e a China, de admiração e de respeito mútuo” Jorge Gomes disse que em Macau “verifica-se o empenhamento em manter uma matriz portuguesa, facto que bem simboliza o sucesso da transição”.
“As informações que nos chegam, designadamente das autoridades portuguesas e do Executivo de Macau, comprovam que aqui os portugueses não são apenas bem-vindos. Mais do que isso são vistos como um pilar essencial desta comunidade empreendedora e virada para o futuro”, acrescentou. Por outro lado disse que “esta comunidade tem um papel insubstituível no futuro de Portugal. A distância não diminuiu em nada esse papel”.
Da relação entre Portugal e Macau salientou o Acordo Quadro da Cooperação em matéria de segurança pública interna, que se tem traduzido na realização de actividades conjuntas pelas forças de segurança, nomeadamente na área da formação, afirmando haver condições para o reforço desta cooperação bilateral.
Jorge Gomes falou ainda do plano de reformas que está a ser realizado pelo governo português e descreveu Portugal como um país de oportunidades de investimento e recordou a participação de investidores chineses nos processos de privatização de empresas portuguesas, e a internacionalização de outras que têm identificado negócios com a China. “Fora da Europa, não podemos esquecer: a China é um dos principais parceiros comerciais de Portugal”, salientou. Além disso, destacou a cooperação multilateral, desejando “os maiores sucessos” para a próxima reunião ministerial do Fórum Macau a realizar em Macau no final deste ano.

O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, afirmou que “não gostaria que, quando se chegar a 2049 [data até à qual é garantido o funcionamento do princípio ‘Um país, dois sistemas’], exista a possibilidade de Portugal ser apenas lembrado por aqui ter deixado um conjunto de edifícios que são património histórico da humanidade”. Referindo o contributo da comunidade para o desenvolvimento de Macau, Vítor Sereno referiu a importância da vinda de mais quadros especializados de Portugal para a região. “Queremos estar na primeira linha de apoio, com mais professores de todos os graus de ensino, com mais médicos, com mais enfermeiros, com mais engenheiros, com mais técnicos especialistas”, disse.

Presidente da República: “Foi sempre o povo a lutar por Portugal quando elites falharam”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que foi o povo português, “sempre o povo”, quem assumiu o papel determinante quando o país foi posto à prova, lutando por ele, mesmo quando as elites falharam. No discurso das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Terreiro do Paço, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa fez o elogio do povo português, “o povo armado e não armado”, que, “nos momentos de crise, quando a pátria é posta à prova”, assumiu o “papel determinante”. “Foi o povo quem, nos momentos de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas elites – ou melhor, as que como tal se julgavam – nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropéis luzidios, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos”, afirmou.
“Portugal é o seu povo, que não vacila, não trai, não se conforma, não desiste”, declarou. “Aqui em Lisboa, seguro de estar a interpretar a vontade popular, condecoro militares cujo pundonor e percurso no passado ou no presente são exemplo para todos nós”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso que antecedeu a condecoração de seis militares, três no ativo e três outros que combateram na Guerra Colonial.
No elogio ao povo, Marcelo Rebelo de Sousa percorreu vários momentos da história de Portugal, desde a fundação, passando pelas perdas e recuperação da independência, às invasões estrangeiras do século XIX e o 25 de Abril. “Esse mesmo povo que hoje é garante do nosso desenvolvimento económico, da justiça social na reconfiguração de Portugal como país de economia europeia, de raiz multicultural, expressão da língua portuguesa, plataforma entre continentes, culturas e civilizações, é esse povo que hoje queremos celebrar”, afirmou. Numa intervenção curta (durou cerca de nove minutos), de tom mobilizador, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se também ao simbolismo do lugar em que decorreram esta primeira parte das cerimónias, o Terreiro do Paço. “Podemos dizer que devemos aos acontecimentos ocorridos neste espaço o que somos hoje e o que fomos sendo desde o século XV”, afirmou, referindo-se a vários acontecimentos, culminando no terramoto de 1755. “Foi aqui também que demos prova de que somos capazes, novamente a partir do nada, planeamos, reconstruímos, reerguemo-nos, Lisboa renasceu e a esta praça tornou-se uma das mais belas da Europa. Mostrámos ao mundo de então de que fibra somos feitos e do que somos capazes”. “Hoje, em 10 de Junho de 2016, desta mesma praça, que é símbolo maior do nosso imaginário colectivo, partimos, uma vez mais, rumo ao futuro. Somos portugueses, como sempre, triunfaremos”, concluiu.

13 Jun 2016

Zona Norte | Condóminos em pé de guerra

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o passado sábado, os proprietários de dois edifícios habitacionais na zona Norte entraram em conflito com as respectivas empresas de gestão de condomínios, motivando mesmo a chamada da polícia. Segundo o Jornal do Cidadão, a Associação dos Condomínios do Pou Fai Garden acusa a empresa gestora do edifício de administração deficiente ao permitir o uso ilegal da sala de armazenagem de lixo para alojamento e disso receber renda. A situação dura desde há mais de sete anos. Além disso, lê-se ainda, vende os lugares de estacionamento sem isso comunicar à comissão de condóminos. Os proprietários, junto com um advogado seu representante, pediam a saída da empresa da gestão do condomínio, mas esta terá recusado. A discussão subsequente originou a chamada a da policia ao local. Sem responder às perguntas dos média, a empresa gestora esclareceu apenas que vai tratar do assunto através do seu advogado. No mesmo dia, na Areia Preta, no Edifício Hoi Pan, os proprietários colocaram cartazes na porta do prédio, criticando uma associação de serviços sociais que terá ajudado a criar uma nova comissão de condomínios, sem que antes tenha tentado obter o acordo da maioria dos proprietários.

13 Jun 2016

Polytec perde lucros e culpa Governo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo a Rádio Macau, a empresa Polytec contava ter um lucro de, pelo menos, 19 mil milhões de dólares de Hong Kong com o empreendimento Pearl Horizon. O valor foi avançado pela construtora ao Tribunal de Segunda Instância (TSI) e que alega que os elevados prejuízos são devido à decisão do Governo de recuperar os terrenos onde estava a ser construída a obra. Através da justiça, a Polytec está a tentar reverter a declaração do Chefe do Executivo que deu por terminada a concessão dos lotes, ao fim de 25 anos sem aproveitamento. A acção principal ainda decorre, mas a empresa perdeu já duas batalhas.
Ainda na quarta-feira, o TSI indeferiu uma providência cautelar e já em Fevereiro, o Tribunal Administrativo tinha rejeitado a primeira acção da empresa que tenta estender o prazo de concessão do terreno por mais cinco anos. A Polytec apresentou recurso para o TSI mas novamente sem sucesso. A decisão foi tomada por um colectivo do TSI presidido pelo juiz José Cândido de Pinho.
A caducidade da concessão do terreno foi declarada em Janeiro deste ano pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário
O colectivo de juízes reconhece que os prejuízos para empresa são elevados, mas diz que os danos podem ser recuperados através de indemnização, caso a construtora acabe por ganhar o recurso que contesta a caducidade da concessão.
No acórdão que indeferiu a providência cautelar publicado na passada sexta-feira, é ainda tornado público que a Polytec fez um investimento directo de 3,6 mil milhões de patacas no projecto Pearl Horizon. A empresa celebrou ainda cerca de três mil contratos promessa de compra e venda de apartamentos e concedeu créditos no valor de 90 milhões de patacas aos compradores. Há ainda um acordo de co-investimento com a New Bedford Properties Limited, que financiou parte do projecto em troca de uma percentagem dos lucros da venda de fracções.

13 Jun 2016

Educação | Novas creches na Ilha da Montanha e em Macau

O Governo prometeu e parece estar a cumprir. Até ao próximo ano cinco novas creches vão abrir portas, uma na Ilha na Montanha e as restantes em Macau. Ao todo, mais de 1400 crianças poderão usufruir do serviço

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Obra das Mães vai abrir uma nova creche no campus da Universidade de Macau, junto à rotunda depois da saída do túnel. A informação foi avançada por Tang Kit Fong, chefe do Departamento de Estudos e Planeamento do Instituto das Acções Sociais (IAS), ao Jornal Ou Mun, que informou que o espaço será ocupado de forma gratuita, mas que o custo de construção será assumido pelos IAS e pela Obra das Mães conjuntamente. Depois de aberto, este espaço será uma das maiores creches de Macau, com capacidade até 200 crianças.
Para já, explica a publicação, a Obra das Mães ainda está a tratar dos trabalhos preliminares, incluindo pormenores logísticos como o transporte das crianças, o aumento da proficiência e o número dos professores e funcionários.
Tang Kit Fong diz acreditar que a nova creche na UM poderá facilitar a vida aos residentes, nomeadamente aos funcionários da universidade, que poderão colocar os seus filhos naquela creche.
Van Iat Kio, presidente da Obra das Mães, espera que o novo espaço possa entrar em funcionamento no fim do ano ou no início do próximo, e que possa aliviar a falta de quotas de estudantes nos creches em Macau.
Depois da anúncio da notícia, alguns funcionários da UM afirmaram, à imprensa local, que iriam inscrever os seus filhos se for necessário. Há também manifestos de interesse por parte do alguns residentes da zona da Taipa.

Trabalho em conjunto

Para facilitar a vida quotidiana de mais de 1,500 funcionários e professores, e dos 3,400 estudantes a frequentar a UM – e a viver naquela zona – já foram instalados serviços como restaurantes, centros comerciais, livrarias, bancos, farmácias, supermercados, entre outros.
Enfrentando a necessidade de acolhimento de crianças dos que moram no campus, o IAS e a UM chegaram ao consenso na atribuição dos trabalhos à Obra das Mães, que conta com uma experiência de mais de quarenta anos de gestão de creches.
“Considerando a vasta experiência acumulada ao longo de mais de 40 anos pela Obra das Mães na gestão de creches, o que é demonstrada pela boa qualidade de serviços prestados pelas suas três creches, o IAS convidou especialmente a referida associação para criar a referida creche, por forma a poder proporcionar serviços de qualidade às crianças que a irão frequentar”, indicou o Governo, em comunicado. O IAS vai ainda lançar um projecto de investigação com a Faculdade de Educação relativamente ao ensino infantil.

13 Jun 2016

Turismo | Promover a estada de turistas é a solução para Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s conclusões parecem ser simples. Durante a segunda sessão da consulta pública sobre o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau, no sábado passado, os participantes chegaram a um consenso. Se Macau se quer tornar no Centro Mundial de Turismo e Lazer precisa de atrair os turistas e mantê-los cá, pelo menos mais tempo que o até agora registado. Segundo os últimos dados apresentados pelo Governo, os turistas permaneceram no território, em média, 2,1 dias e os excursionistas 0,2 dias.
Os presentes na sessão sugeriram que os preços dos hotéis devem diminuir para que mais turistas fiquem. É também necessário aumentar a qualidade do serviços dos mesmo e adicionar facilidades e serviços aos turistas de faixas etárias diferentes, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos.

Mais que jogo

Um representante da Associação de Promoção de Guia de Turismo de Macau afirmou que a grande massa de turista, provenientes do interior da China, só conhece o Jogo em Macau, desconhecendo a cultura ocidental e oriental patente no território. O participante sugeriu que os Serviços de Turismo devem, quando estão a fazer promoção de Macau, aprofundar melhor a história e a cultura. Só assim, diz, os turistas irão perceber que existe um outro lado de Macau.
Ma Yong, director da Faculdade do Turismo Internacional e Gestão da Universidade da Cidade de Macau e especialista em Planeamento de Turismo diz que esta mistura cultural do território não está bem explorada pelo Governo. “Passar pelos bairros e visitar os museus são visitas muito superficiais, ” afirmou, explicando que muitos países já inventaram produtos, ou serviços, que promovem o envolvimento dos turistas. Por exemplo, apontou, há equipamentos que podem, aproveitando as novas tecnologias, contar as histórias do monumentos de uma forma moderna e interactiva. Enquanto se está a valorizar o património está também a promover-se uma maior estada por cá, apontou.
Até ontem, a consulta pública do Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau recolheu um total de 167 sugestões dos cidadãos. Para já, os assuntos predominantes nas sessões são os produtos turísticos, a qualidades dos serviços e o desenvolvimento do turismo.

13 Jun 2016

Justa Nobre e José Bengaló, chefs de cozinha: “É uma profissão de amor”

Justa Nobre e José Bengaló são os chefs portugueses que puseram mãos na cozinha do Clube Militar em mais uma quinzena gastronómica. Pela segunda vez na RAEM e em final de mais uma iniciativa de sucesso salientam os reencontros e o interesse pelas suas criações das receitas da terra

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e regresso a Macau, a convite do Clube Militar, a dupla de Chefs Justa Nobre e José Bengaló mostram do que melhor se faz na cozinha portuguesa numa iniciativa bianual dedicada à gastronomia lusa. Paralelamente à mesma sai uma nova ementa composta pelos pratos com mais sucesso para acompanhar os mais saudosos e apreciadores dos sabores de Portugal.
Começaram ambos a cozinhar desde pequenos. Justa Nobre lembra a paixão pela cozinha “desde o berço” diz ao HM. “Desde pequena sempre adorei tachos e panelas. Vinha das escola e a primeira coisa que fazia era destapar as panelas e provar a comida” para dizer à mãe o que faltava. Para ela, “cozinhar ou brincar era igual”. Aos 21 anos sai de Trás os Montes para chefiar um restaurante em Lisboa e não mais largou o sucesso. Autodidacta, considera-se “muito intuitiva para a cozinha.” Apesar de criar pratos mais dentro da gastronomia portuguesa, nomeadamente transmontana, a sua terra natal, desfruta da mesma forma pelo amor à criação de novos pratos. josé bengaló
Por seu lado José Bengaló partilha o amor pela confecção de pratos, principalmente de peixe. Nascido em Cascais, na altura terra saloia esteve sempre em contacto com o mar e a ligação à cozinha vem desde pequeno. “Sempre gostei de comer e sempre me fui interessando pelas cozinhas”. Na origem do interesse esteve também a família, neto de dono de restaurante e filho de alentejanos e dos pitéus locais. Depois vieram as viagens pela Europa para a apanha da fruta e vindimas e com isso o interesse por outros sabores. Refere que “acabei por me interessar por isto, mas foi no Sul de França onde estive antes de cumprir serviço militar que o amor se revelou”. Mais tarde fez parte da equipa que abriu a Escola de Hotelaria do Estoril. Para ambos “cozinhar é um estado de espírito que vem de dentro” sem esquecer as técnicas e a mão, salienta o cozinheiro, enquanto Justa Nobre adianta ainda a importância do gostar de comer” porque só assim se entende o paladar dos outros também. .

Casas cheias

Desde a primeira vez que a dupla conta com um forte interesse pela iniciativa. A chef lembra que “tivemos muita adesão tanto de portuguesas como chineses”. Agora, e dada a casa cheia com carácter permanente, justifica que “as pessoas estavam com saudades nossas e quiseram regressar, temos aqui pessoas que vêm cá todos os dias almoçar e jantar.” Sendo que por parte dos criadores de pratos há o cuidado de trazer sempre receitas diferentes.
Apesar de algumas limitações relativas a “um ou outro ingrediente”, nomeadamente de peixe, “têm sempre o bacalhau”. Para Justa Nobre “quando temos bom bacalhau e bom azeite está meio caminho andado”.
Já o chef salienta a cuidado com a qualidade que sente por parte do Clube Militar.
Justa Nobre e José Bengaló apesar de terem os seus restaurantes independentes, “há muitos anos que trabalham juntos e que são amigos” sendo esta mais uma oportunidade de cada um fazer as suas criações e depois, juntos, chegarem a um consenso: “não faz sentido estar a cozinhar em pratos separados, é em conjunto! Assim é que se faz bem!”remata a cozinheira.

Novo cardápio

Depois de 15 dias de degustação é o feedback dos clientes que lança os nomes para a nova ementa do Clube. Tendo em conta os pratos mais apreciados é feito o novo menu sendo que o resultado deste ano já anuncia a integração da canja de amêijoas, da sopa de crustáceos folhada ou o cesto de sapateira e, claro, o bacalhau com couve e grão, entre outros. No entanto, “o importante é que eu e a Justa deixemos este cunho de como fazer as receitas portuguesas”.
Aliado a este legado está a formação da equipa permanente da casa em que “eles têm que aprender a fazer correctamente os nossos pratos” adianta Justa. Salienta ainda a mais valia de conhecimentos bem como o dinamismo do cardápio. Da equipa à qual dão formação, há quem conte já com 20 anos de casa. Para os chefs “é de fácil formação e constituída por elementos que gostam de aprender e que pela humildade dá gosto ensinar.” O Festival Gastronómico vai dando esta aprendizagem com os chefs que vai convidando e os que ficam “já entendem os pormenores que fazem realçar os nossos sabores”, conclui José Bengaló.
Da cozinha de Macau, são ambos fãs: “Uma cozinha rica cheia de cor e de sabor” afirma a cozinheira.
Levam consigo a familiaridade e os reencontros . Bengaló gosta também de “ ver os amigos que já não via há trinta anos e é uma oportunidade de avivar memórias”, salientado que sente uma grande ligação entre Portugal e Macau. “É bom que Portugal ainda tenha deixado alguma coisa e que continue a manter uma boa presença em Macau”. Por outro lado refere com espanto “o crescimento assustador” que regista neste últimos quatro anos. Justa Nobre também reencontra na RAEM amigos e vai “ganhando outros e também clientes.” Ao mesmos tempo, vem sempre gente nova e “é sempre bom conversar com outros portugueses” enquanto que “a respeito dos chineses e macaenses são pessoas muito simpáticas, sempre com um sorriso para nós” . Remata ainda que se sente em casa nestas idas e vindas que vão gerando laços.

13 Jun 2016

IIM | Prémio Identidade para Casa de Macau em Portugal

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Casa de Macau em Portugal foi a vencedora da edição deste ano do Prémio Identidade. Segundo o Instituto Internacional de Macau (IIM) a condecoração tem em conta a “contribuição, ao longo de 50 anos, para a promoção e divulgação da cultura macaense em Portugal, para o reforço dos laços de amizade e solidariedade entre os seus membros e para o desenvolvimento de relações entre as comunidades macaenses espalhadas pelo mundo.”A entrega do troféu tem lugar durante a sessão cultural do Encontro das Comunidades Macaenses organizada pelo IIM a 30 de Novembro. O Prémio Identidade foi instituído em 2003 visa galardoar pessoas ou instituições que, de forma continuada, hajam contribuído para o reforço e valorização da identidade macaense. Entre os contemplados em edições anteriores estão figuras como Monsenhor Manuel Teixeira, Henrique de Senna Fernandes, a Diocese de Macau, a Santa Casa da Misericórdia, a Universidade de Macau, a Escola Portuguesa de Macau e outras instituições locais e do exterior, ligadas à diáspora macaense.

13 Jun 2016

Pequim e União Europeia em diálogo estratégico de alto nível

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China e a União Europeia (UE) realizaram neste final de semana a sexta ronda do diálogo estratégico de alto nível. Na ocasião ambos os lados comprometeram-se a aprofundar as relações em diversas áreas.
A China vê a UE como um parceiro estratégico integral de benefício mútuo disse Yang Jiechi, Conselheiro de Estado chinês, sublinhando que o aprofundamento das relações sino-europeias vão, não apenas ao encontro à procura económica e social, mas também levam à paz e estabilidade global e à recuperação económica.
Os dois lados concordaram em implementar o consenso alcançado na 17ª Conferência China-UE realizada em Junho do ano passado que busca fortalecer a sinergia entre estratégias de desenvolvimento e aprofundar a cooperação nas áreas de comércio, infra-estruturas, conectividade, direito e facilitação do intercâmbio de pessoas, disse Yang.

Mais vitalidade

As partes acordaram ainda acelerar as negociações nos investimentos bilaterais e injectar um novo vigor na cooperação em segurança política, inovação tecnológica, economia marítima, tecnologia oceânica e turismo cultural, sublinhou o conselheiro.
A UE e a China vão fortalecer a coordenação e assegurar o sucesso da 18ª Conferência China-EU que se realizará em Pequim no próximo mês. Da mesma forma, ambas as partes concordaram em desenvolver esforços conjuntos para que a reunião do G20 gere resultados positivos.
Para Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança, os dois lados estabeleceram cooperações frutíferas em várias áreas, gerando benefícios práticos para os dois lados. Para a representante, o fortalecimento do diálogo China-UE gera resultados positivos e ajuda a solucionar questões regionais importantes.
Na ocasião, Yang afirmou ainda que a China quer avançar na cooperação com a Bélgica nas áreas de microelectrónica, aeroespacial, energia nuclear, medicina biológica e protecção ambiental.

13 Jun 2016

China |FMI alerta para riscos de escalada da dívida empresarial

Segundo David Lipton, subdirector executivo do FMI, a dívida empresarial chinesa, aproximadamente 145% do PIB, é muito preocupante. As empresas públicas, com 55% da dívida, são as principais causadoras, estando muitas, diz, “já ligadas à máquina”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] crescimento da dívida empresarial é um problema sério que tem vindo a agravar-se na China e que precisa ser combatido se Pequim quiser evitar um risco sistémico para o país e para a economia global, alertou David Lipton, primeiro subdirector executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Enquanto a dívida total da China, de 225% do Produto Interno Bruto (PIB), não é particularmente alta para os padrões globais, a dívida empresarial é de aproximadamente 145% do PIB, alta sob qualquer perspectiva, avalia o FMI.
“A escalada da dívida empresarial é um problema chave na economia chinesa”, afirmou Lipton durante uma conferência na cidade chinesa de Shenzhen no sábado. “A dívida empresarial permanece um problema sério e crescente o qual deve ser endereçado imediatamente com um compromisso de reformas”, concluiu.
A experiência de países que viram uma elevação massiva da dívida no passado mostra a necessidade de agir rapidamente e lidar de forma eficaz tanto com credores como devedores, disse Lipton. O especialista considerou que é preciso atacar problemas de administração no sector bancário os quais levam ao surgimento desta queståo.

O “cancro” do sector público

Uma característica definidora da situação da China são as companhias estatais, as quais, segundo os cálculos do FMI, são responsáveis por 55% da dívida empresarial mas produzem apenas 22% do ganho económico.
Num ambiente de desaceleração do crescimento económico, a queda nos lucros e a subida do endividamento limitam a capacidade das empresas de pagar a fornecedores e liquidar dívidas. Lipton destacou que isto leva ao não cumprimento de obrigações com os bancos, à inadimplência. Para o homem do FMI, uma “estimativa conservadora” seria a de que o nível de inadimplência da dívida empresarial chegue até aos 7% do PIB chinês.
“O ‘boom’ do crédito do ano passado apenas aumenta o problema”, declarou Lipton. Na sua avaliação, muitas empresas públicas já estão “ligadas à máquina de respiração artificial”.

Melhorar a gestão

A conversão de dívida em acções pode ter um papel na redução do endividamento, mas os bancos precisam de estar preparados para conduzirem uma triagem e terem autoridade para discernir entre as companhias que podem ser salvas e as que devem falir, disse ainda. Lipton também questionou a proposta do governo chinês de fundir companhias estatais fortes com empresas frágeis. Para o representante do FMI, isto não só não resolve o problema como mina a rentabilidade das boas companhias.
“A lição que a China precisa de interiorizar se quiser evitar um ciclo de expansão de crédito, inadimplência e reestruturação é melhorar a gestão empresarial”, afirmou Lipton que defendeu ainda o fortalecimento da lei e de sistemas de transparência e pediu o fim dos subsídios para empresas com ligações ao governo.

13 Jun 2016

China | Leite em pó sujeito a regras duras

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] órgão de supervisão de segurança alimentar da China emitiu um regulamento, que entrará em vigor a partir do dia 1 de Outubro deste ano, para realizar uma fiscalização rigorosa sobre o leite em pó para bebés. Os produtores nacionais e estrangeiros devem registar-se e obter a autorização da Administração Geral da Supervisão de Alimentos e Medicamentos se quiserem vender na China.
No caso do uso de matérias-primas estrangeiras, devem especificar o lugar ou país e frases vagas como “leite importado”, “proveniente de pastos estrangeiros” ou “matérias-primas importadas” serão proibidas, de acordo com o Regulamento de Registo da Fórmula para Bebés divulgado na quarta-feira. Além disso, passará a ser proibido incluir afirmações, tais como “bom para o cérebro”, “melhora a imunidade” ou ” protege o intestino” em instruções ou embalagem, aponta ainda o regulamento.
O leite em pó para bebés é uma questão sensível na China, após uma série de escândalos desde 2008, quando foi descoberta melamina nos produtos da marca chinesa Sanlu. Em Abril, a polícia prendeu nove pessoas envolvidas na produção e venda de leite em pó infantil falso sob as marcas “Similac” e “Beingmate”. Cerca de mil latas cheias, mais de 20 mil vazias e 65 mil marcas falsificadas foram apreendidas. Em 2015, a China produziu 700 mil toneladas de leite em pó infantil, 65% das vendas anuais do produto no país.

13 Jun 2016

Contestado protesto do Japão a aproximação de vaso de guerra

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Ministério da Defesa da China contestou o protesto formal do Japão devido à recente incursão de uma fragata militar chinesa perto das águas das disputadas ilhas Diaoyu conforme informava ontem o jornal oficial China Daily.
“As Diaoyu e as suas ilhas adjacentes são parte do território chinês e a navegação de navios de guerra na sua jurisdição é razoável e legítima”, assinalou a instituição militar em resposta aos protestos oficiais de Tóquio.
A fragata ficou a cerca de 38 quilómetros das ilhas Diaoyu na madrugada de quinta-feira, mantendo-se nessas águas durante aproximadamente uma hora antes de regressar à costa chinesa.
Imediatamente depois de o navio ter sido avistado pelo contratorpedeiro japonês Setogiri, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros nipónico, Alitaka Saiki, convocou o embaixador chinês em Tóquio, para lhe transmitir um protesto oficial.
Navios da guarda costeira chinesa navegaram nos últimos anos com frequência pela zona, mas esta foi a primeira vez que uma incursão envolveu um barco militar.
O Ministério da Defesa japonês também informou que foi detectada a presença de três navios militares russos numa área contígua às Diaoyu precisamente no momento em que o barco chinês navegava na zona.

Histórias e discórdias

A disputa territorial entre a China e o Japão em torno das Diaoyu tem décadas, mas agravou-se em Setembro de 2012, depois de Tóquio ter anunciado a compra de três dos cinco ilhotes do pequeno arquipélago, de apenas sete quilómetros quadrados, administrado, de facto, pelo Governo japonês.
O arquipélago desabitado, mas potencialmente rico em recursos minerais, fica no Mar da China Oriental, a cerca de 120 milhas náuticas de Taiwan, que também reclama a sua soberania, e a 200 milhas náuticas de Okinawa, no extremo sul do Japão.

13 Jun 2016

Duterte garante não apoiar execuções extrajudiciais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, não apoia execuções extrajudiciais, disse ontem o seu porta-voz, em resposta a críticas de responsáveis e organismos das Nações Unidas.
“O Presidente eleito não apoiou – não pode – e nunca vai apoiar execuções extrajudiciais, que são contrárias à lei”, disse Salvador Panelo. O porta-voz acrescentou que Duterte “não tolera” o assassínio de “jornalistas ou quaisquer outros cidadãos”. Salvador Panelo considerou que os responsáveis das Nações Unidas, incluindo o secretário-geral, Ban Ki-moon, estavam mal informados quando condenaram Duterte por, aparentemente, tolerar o homicídio de jornalistas e apoiar as execuções extrajudiciais.
Num discurso em Nova Iorque na quarta-feira, Ban Ki-moon disse estar “extremamente perturbado” com as observações de Duterte, em especial, com os seus comentários para justificar o assassínio de jornalistas. Duterte, de 71 anos, venceu as eleições presidenciais em Maio, tendo seduzido o eleitorado com um discurso em torno de dois problemas centrais no país, a criminalidade e a pobreza, o primeiro dos quais prometeu resolver matando milhares de criminosos. Na semana passada, afirmou que os repórteres, “só porque são jornalistas, não estão isentos de serem assassinados”, citando o caso de Jun Pala, assassinado em 2003.
“Não quero diminuir a sua memória, mas ele era um filho da mãe podre. Mereceu”, afirmou. Sete repórteres foram assassinados nas Filipinas em 2015, segundo a Federação Internacional de Jornalistas, que no seu último relatório refere ser este país asiático o segundo com mais jornalistas assassinados desde 1990, a seguir ao Iraque.

13 Jun 2016

Empréstimos para habitação caem em Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s novos empréstimos bancários concedidos em Macau para compra de casa diminuíram em Abril 4,7%, em relação ao mês anterior, e caíram 35,1% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais ontem conhecidos.
O valor dos novos empréstimos para habitação chegou aos 2,8 mil milhões de patacas, em Abril, relevou a Autoridade Monetária de Macau. Os novos empréstimos tinham terminado 2015 com um crescimento em Dezembro, após meses de queda. No entanto, desde o início do ano voltaram a cair: em Janeiro, o valor foi 35,8% inferior ao de Dezembro e menos 16,2% na comparação homóloga (quando comparado com Janeiro de 2015). Em Fevereiro caíram 29,5% em relação a Janeiro e 57,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em Março subiram 31,4% em relação a Fevereiro, mas caíram 39,9% em comparação com Março de 2015. Também o preço médio do metro quadrado das casas em Macau tem caído, tendo a diminuição sido de 13% no conjunto do ano passado, comparando com o ano anterior, segundo dados dos serviços de estatística do território. Em Março, o preço médio do metro quadrado das casas caiu para 72.741 patacas, menos 20,6% que no mesmo mês do ano passado. Já o número de transacções aumentou exponencialmente, com 591 casas vendidas em Março, mais 44% em comparação com 2015 e mais 120% em relação a Fevereiro deste ano.

13 Jun 2016