“Os Resistentes – Retratos de Macau” #1

Sapataria Wong Lam Kei • 1946

“Os Resistentes – Retratos de Macau” de António Caetano Faria • Locanda Films • 2014


Realizador e Editor: António Caetano Faria
Produtores: Tracy Choy e Eliz L. Ilum
Câmara e Cor: Gonçalo Ferreira
Som: Bruno Oliveira
Assistente de Câmara: Nuno Cortez-Pinto
Editor Assistente: Hélder Alhada Ricardo
Sonorização e Mistura de Som: Ellison Keong
Música: Orquestra Chinesa de Macau – “Capricho Macau” de Li Binyang
17 Out 2016

Junket de Macau que fugiu com dinheiro está no Vietname

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m antigo junket de Macau, desaparecido desde 2014, depois de alegadamente ter desviado fundos dos investidores, foi encontrado no Camboja, revelou a World Gaming Magazine (WGM). De acordo com a revista especializada, a informação foi avançada pela Macau Gaming Information Association (MGIA), que indicou que o antigo angariador de grandes apostadores para os casinos foi levado para Ha Long Bay, no Vietname, onde se encontra sob ‘custódia’ de representantes dos credores.
Huang Shan é suspeito de ter protagonizado um dos golpes mais mediáticos que minou a confiança nos junkets ao ter alegadamente fugido com um valor estimado na altura em até dez mil milhões de dólares de Hong Kong. O caso ocorreu em Abril de 2014, nas vésperas da primeira queda das receitas dos casinos de Macau.
Accionista do grupo Kimren – que operava na altura salas VIP nos casinos Grand Lisboa, StarWorld, Altira e MGM – é suspeito de ter enganado os investidores oferecendo-lhes retornos mais elevados comparativamente a outros junkets. Peças fundamentais nos casinos, dada a tradicional elevada dependência do segmento VIP, os junkets têm atravessado um período conturbado provocado por diversos factores, desde o golpe de confiança infligido por uma série de desfalques às crescentes restrições de movimentos de capital da China, passando pelo abrandamento económico chinês e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim.
Embora sem o fluxo de outrora, o segmento VIP ainda gera mais de metade das receitas dos casinos de Macau, capital mundial do jogo e o único lugar na China onde os casinos são legais. As receitas do jogo, pilar da economia de Macau, estiveram em queda durante mais de dois anos, de Junho de 2014 a Agosto deste ano.

14 Out 2016

Edição deste ano da MIF tem Portugal como país parceiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano da Feira Internacional de Macau, de 20 a 22 de Outubro, tem Portugal como “país parceiro”, estando previsto um seminário para apresentar o país como “plataforma atlântica” para investimentos na Europa, foi ontem anunciado. A MIF (a sigla em Inglês por que é conhecida a feira de negócios de Macau) estreia nesta 21.ª edição a figura do “país parceiro”, que terá direito a um “pavilhão temático” na entrada do espaço, ao lado do pavilhão da “cidade parceira” (Pequim).
No total, os dois pavilhões dos parceiros terão 800 metros quadrados, “mostrando a cultura, a história e divulgando informações sobre o ambiente de investimento e a situação económica mais recentes destes dois locais, de forma a que os visitantes sintam os carismas de Portugal e de Pequim logo que entrem”, segundo divulgou num comunicado o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), a entidade que organiza a MIF.
A MIF contará ainda com uma “exposição de produtos e serviços” dos países lusófonos e um pavilhão de mostra e venda de produtos dos países de língua portuguesa.
No ano passado, Portugal teve na MIF a sua maior representação de sempre, com 120 empresas dentro de um total de 133 entidades nacionais, quase o dobro de 2014.
Este ano, a MIF conta com a participação de mais de 50 países e regiões, representados em mais de 1600 stands, segundo o comunicado de do IPIM.
Do programa da 21.ª MIF, disponível na página oficial da feira na internet, fazem ainda parte fóruns e conferências, incluindo um seminário organizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AIECP), dedicado ao tema de Portugal como “plataforma atlântica” para investir na Europa.

14 Out 2016

Pequim pode usar Base das Lajes para pesquisa científica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, admitiu que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não militares. “Temos um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas respeitamos a decisão” dos norte-americanos, disse António Costa numa entrevista difundida hoje pela agência de informação financeira Bloomberg. “A base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas”, disse António Costa.
Perante a insistência do jornalista da Bloomberg sobre a utilização da base aérea pela China, Costa admitiu: “Claro que é uma boa oportunidade para criar uma plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os parceiros, incluindo a China”. O primeiro-ministro vincou, no entanto, que “o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em cima da mesa é reutilizar a infra-estrutura para fins de pesquisa”. “Seria uma enorme pena não usar a infra-estrutura, e se não para fins militares, porque não para pesquisa científica”, questionou o chefe do Executivo no final da entrevista.

Mo man Tai

Antes, já António Costa tinha garantido que Portugal não tem qualquer problema com os investimentos chineses, que classificou de muito positivos para a economia. “Portugal tem sido sempre uma economia aberta, e o investimento chinês tem sido muito positivo, particularmente no sector financeiro, mas também na energia e noutros, por exemplo, o investimento chinês permitiu recapitalizar os nossos bancos”, disse António Costa. Sobre a banca, disse aliás que “no final do ano esperamos ultrapassar os problemas com os bancos” e ter “uma solução com crédito malparado”.
Questionado sobre se está confortável com a diversidade de áreas em que o investimento da segunda maior economia do mundo tem estado a ser feito, António Costa disse sentir-se “bastante confortável” e exemplificou que também há investimento avultado de Espanha e Angola. “Queremos uma economia aberta, queremos diversificar as fontes de investimento, e vemos isso como uma vantagem e não como uma desvantagem”, vincou o chefe do Governo.
Questionado sobre as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, Costa disse estar “confiante de que as relações centenárias entre os dois países vão permanecer fortes”.

14 Out 2016

Tailândia | Morreu o rei Bhumibol Adulyadej

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, morreu ontem aos 88 anos, anunciou o palácio real, num culminar de uma série de problemas de saúde que se arrastavam há quase um ano. “Às 15:52, morreu pacificamente no hospital Siriraj”, refere um comunicado. “A equipa médica foi inexcedível, mas a sua condição deteriorou-se”, acrescentou a nota do palácio real.
Todas as cadeias de televisão interromperam a emissão e transmitiram um anúncio especial, que começou com imagens a preto e branco do rei. Um homem, de fato e camisa pretos, leu a mesma declaração, divulgada minutos antes.
A 9 de Outubro, o palácio real tinha anunciado que o estado de saúde do monarca tailandês “não estava estabilizado” e tinha sido colocado sob respiração assistida, depois de a tensão arterial ter baixado quando estava a ser preparado para diálise e mudança de um dreno. Durante os últimos meses, o palácio real publicou regularmente comunicados sobre o estado de saúde do rei, que sofria de insuficiência renal.
Nos últimos dois anos, Bhumibol Adulyadej esteve quase sempre hospitalizado devido a infeções bacterianas, dificuldades respiratórias, problemas cardíacos e hidrocefalia – acumulação de líquido cefalorraquidiano no cérebro.

Adorado e venerado

Bhumibol Adulyadej chegou ao poder em 9 de Junho de 1946, depois da morte do irmão mais velho, o rei Ananda Mahidol, vítima de um acidente com arma de fogo, no palácio real de Banguecoque. O acidente ficou até hoje por explicar. No início do reinado, já depois da abolição da monarquia absoluta no país, em 1932, o papel do rei foi ensombrado por uma série de líderes militares fortes.
Mas com o apoio de outros membros da família real e alguns generais, Bhumibol Adulyadej fortaleceu o papel da monarquia, com uma série de visitas às províncias mais remotas e através de numerosos projectos de desenvolvimento agrícola. Apresentado como um semideus e benfeitor da nação, as suas imagens são omnipresentes no país e o culto da personalidade foi reforçado após o golpe de Estado de 22 de Maio de 2014, realizado pelos militares em nome da defesa da monarquia.
Sem qualquer prerrogativa constitucional, Bhumibol Adulyadej exerceu uma enorme autoridade moral e foi sempre visto como a única personalidade capaz de unir os tailandeses. Oficialmente, o rei está acima da política, mas Bhumibol interveio em alturas de grande tensão – 1973, 1981 e 1992 -, assistindo a numerosos golpes militares, 19 constituições e ainda mais primeiros-ministros, para encontrar soluções não-violentas em algumas crises. Alguns críticos contestaram esta versão e argumentaram que Bhumibol Adulyadej apoiou golpes militares e, por vezes, não denunciou violações dos direitos humanos.
Cada vez mais fraco e doente, o rei assistiu em Maio de 2014 a mais um golpe de Estado, que colocou no poder o general Prayuth Chan-o-cha. Três meses depois, em Agosto, o rei apoiou formalmente Prayuth no cargo de primeiro-ministro.
Nascido em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), Bhumibol Adulyadej viveu e estudou na Suíça até final da Segunda Guerra Mundial. Em 2006, recebeu do então secretário-geral da ONU Kofi Annan o primeiro prémio de mérito de Desenvolvimento Humano.
Bhumibol Adulyadej era o monarca há mais tempo no poder e venerado na Tailândia, onde é visto como uma figura unificadora no país marcado por rivalidades políticas. O herdeiro do trono da Tailândia é o príncipe Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, que tem vivido grande do tempo no estrangeiro e não tem gozado do mesmo consenso que o seu pai. Há quem preveja tempos difíceis no reino do Sião.

14 Out 2016

Bob Dylan ganha prémio Nobel da Literatura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Prémio Nobel da Literatura foi esta quinta-feira atribuído em Estocolmo a Bob Dylan. O músico norte-americano tornou-se o 113.º escritor a receber o mais cobiçado prémio literário do planeta. “Por ter criado novas formas de expressão poética no quadro da grande tradição da música americana”, foi assim que a Academia Sueca justificou a entrega do Nobel ao cantor norte-americano.
É o primeiro norte-americano a ganhar o prémio desde Toni Morrison, em 1993. Mais relevante, porém, é o facto de, depois de vários anos em que o seu nome foi avançado como possível vencedor, a atribuição do Nobel a Dylan servir como legitimação literária da canção popular, de que o cantor de Blowing in the wind é um dos maiores representantes. Não por acaso, Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, reconhecendo que a distinção de alguém cujo ofício é o das canções pode ser controverso, manifestou a esperança de a Academia não ser criticada pela escolha. “The times they are-a changing, perhaps” (“Talvez os tempos estejam a mudar”), afirmou, citando o título de uma das mais famosas canções de Dylan.
Nascido em Dulluth, no Minnesota, a 24 de Maio de 1941, Bob Dylan foi uma figura fulcral na revolução musical e cultural da década de 1960. Partindo da tradição folk, blues e country americanas, mas transportando-a para uma nova era de convulsão política e agitação social, levou a palavra, como nunca antes, para o centro da criação pop. Assinou 37 álbuns desde a estreia homónima em 1962. Fallen Angels, editado em 2016, é o último até ao momento.
Tecnicamente, esta não é a primeira vez que um músico é distinguido com o Nobel da Literatura. Em 1913, o indiano Rabindranath Tagore recebeu a distinção. Bob Dylan, porém, é o primeiro Nobel da Literatura cujo ofício se centra num campo exterior ao literário. Isso explicará não só a surpresa com que o anúncio do prémio foi recebida, mas também a polémica que se desencadeou, com várias vozes a questionarem a justiça da distinção.
Poucos terão sido mais cáusticos que o romancista escocês Irvine Welsh. “Sou fã de Dylan, mas isto é um prémio nostálgico mal amanhado, arrancado das próstatas rançosas de hippies senis e gaguejantes”, escreveu na sua conta de Twitter. Salman Rushdie não podia estar mais em desacordo. Igualmente no twitter, defendeu o prémio em três frases: “De Orfeu a Faiz, canção e poesia têm estado intimamente ligados. Dylan é o brilhante herdeiro da tradição dos bardos. Uma grande escolha”. Entre uma posição e outra, não falta naturalmente o humor. O escritor americano Jason Pinter, por exemplo, tem uma sugestão a fazer: “Se o Bob Dylan pode ganhar o Prémio Nobel da Literatura, então julgo que Stephen King dever ser eleito para o Rock’n’Roll Hall of Fame”.
O nome a que chegaram os dezoito membros da Academia Sueca foi, porém, consensual. E, apesar de inusitado na história do Nobel, estará de acordo com os critérios vagos, considera a Academia, deixados em testamento por Alfred Nobel para sua atribuição. “Na verdade, a história do prémio literário surge como uma série de tentativas de interpretar um testamento impreciso na sua formulação”, lê-se no site da Academia.
Na nota biográfica emitida pela instituição, acentua-se que as letras de Dylan “têm sido continuamente publicadas em novas edições, sob o título Lyrics. Enquanto artista, é extraordinariamente versátil; tendo estado activo enquanto pintor, actor e guionista”. A nota despede-se apontando que “a sua influência na música contemporânea é profunda, e ele é alvo de um fluxo contínuo de literatura secundária”.
Inicialmente próximo da tradição da canção de protesto de Woody Guthrie, algo aprimorado nos clubes folk extremamente politizados de Greenwich Village, Nova Iorque, Bob Dylan recusou ser preso no altar de “voz de uma geração” a que foi erguido. A sua música e as suas letras, inicialmente primorosos retratos sociais e denúncia política arrancados à história das canções da velha América e à realidade nas ruas que o envolviam, foram ganhando uma nova dimensão à medida que se virava para si próprio e procurava uma expressão indidivual em que a liberdade poética surgia torrencial, surreal, revolucionária tendo em conta o que era habitual até então na música popular urbana – exemplo magistral disso é a sua trilogia clássica da década de 1960, formada por Bringing It All Back Home (1965), Highway 61 Revisited (1965) e Blonde on Blonde (1966). O final da década traria nova inflexão de rumo, com o mergulho nas raízes e nas mitologias da música americana selado nas famosas Basement Tapes gravadas com a The Band em 1967 e editadas em 1975 ou, simbolicamente, no dueto com Johnny Cash, emGirl from the north country, que abre Nashville Skyline (1969).

14 Out 2016

Xi Jinping quer o Partido a gerir empresas estatais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da China, Xi Jinping, afirmou ontem que a liderança das empresas estatais do país cabe ao Partido Comunista Chinês (PCC), depois de o Conselho de Estado ter apelado a uma reforma no sector público.
Xi sublinhou que devem ser feitos esforços para reforçar e melhorar o controlo do partido nessas empresas, de forma a torná-las mais “fiáveis”, informou a agência oficial Xinhua.
Na segunda-feira, o executivo chinês apelou à fusão de empresas estatais, para reduzir o número de firmas que operam no mesmo sector e aumentar o seu tamanho, e à entrada de capital privado no sector público.
O gabinete apelou às firmas estatais para que incorporem a participação de privados através da transferência de ações, aumentos de capital ou novas emissões de títulos.
Numa outra directriz, o executivo ordena aos bancos do país que troquem as dívidas por títulos da empresa, nos “casos de firmas com dificuldades temporárias”, mas com “potencial a longo prazo”.
Ambos os documentos vão de encontro às recomendações de organismos como o Fundo Monetário Internacional, que visam tornar o sector estatal chinês mais rentável.
Das três empresas chinesas que surgem entre as 10 maiores companhias do mundo, na lista das “500 mais” elaborada pela revista Fortune, todas são estatais, ilustrando um sistema que a China designa como “economia de mercado socialista”. A maior de todas é a China State Grid, que em 2012 comprou 25% da REN (Redes Energéticas Nacionais).
Estes grupos são directamente tutelados pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission).

13 Out 2016

Agências de viagens portuguesas ansiosas por voos directos para a China

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considera que o início de voos directos entre a China e Portugal em Junho é “uma excelente notícia”, admitindo que há muito trabalho a fazer na adequação da oferta. “É com toda a certeza uma excelente notícia que nos deixa obviamente muito satisfeitos. E mais uma oportunidade para o turismo nacional que competirá às empresas explorar, como tenho a certeza o farão”, disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira.
O responsável admitiu também que “há, certamente, muito a fazer para adequar a oferta às especificidades do mercado chinês”, acrescentando que “este é um trabalho que se impõe”, sabendo-se que se está “a falar do primeiro mercado emissor mundial” de turistas.
Na terça-feira, o Turismo de Portugal anunciou que a ligação aérea directa da China a Portugal arranca em Junho de 2017, com três a quatro frequências por semana, de acordo com o protocolo assinado entre este organismo e o grupo HNA (Beijing Capital Airline). A HNA, accionista da companhia aérea Azul, controlada pelo empresário David Neeleman – um dos donos da TAP -, obteve autorização para lançar uma rota para Portugal no início de Junho deste ano.
O desenvolvimento da negociação da ligação directa China – Portugal é uma parceria entre três entidades portuguesas – o Turismo de Portugal, a ANA Aeroportos e a Associação Turismo de Lisboa (ATL), referiu o organismo.
O Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, considerou que “a assinatura do protocolo reforça o compromisso de ambos os países em avançar na cooperação para o crescimento dos fluxos turísticos da China para Portugal”. De acordo com o Turismo de Portugal, até Julho de 2016, e face ao mesmo período de 2015, o número de turistas chineses que visitaram Portugal cresceu 21,6%, tendo passado de 87.045 em 2015 para quase 106.000 em 2016.
A TAP deverá fazer um acordo de partilha de voos com o grupo HNA, que a partir de Junho terá a primeira ligação directa entre a China e Portugal, à semelhança do que faz com três dezenas de outras companhias.
A partilha de voos, designado ‘codeshare’, é um acordo de cooperação pelo qual uma companhia aérea transporta passageiros cujos bilhetes tenham sido emitidos por outra empresa, com o objectivo de disponibilizar aos passageiros mais destinos do que uma só companhia aérea poderia isoladamente.
Na prática, a TAP deverá vir a comercializar directamente voos para a China – nos aviões da HNA – e a companhia aérea chinesa também poderá vender voos da TAP, por exemplo, para o Brasil ou África.
No final de Setembro, David Neeleman anunciou que a TAP se preparava para lançar em cooperação com o grupo chinês HNA quatro voos directos semanais entre Lisboa e Pequim.
Nessa altura, o empresário brasileiro e norte-americano explicou que o grupo HNA só pretendia fazer dois voos semanais, mas que as conversações permitiram chegar aos quatro, revelando ter esperança que a frequência aumente no futuro. “Há 120 milhões de pessoas que viajam para fora da China todos os anos, nós só queremos 1% ou um pedaço de 1%, já seria muito bom para Portugal”, afirmou então David Neeleman.

13 Out 2016

Localistas de Hong Kong desafiam a China na primeira sessão da legislatura

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns dos novos deputados de Hong Kong manifestaram-se ontem contra a “tirania” da China ao prestarem juramento na tomada de posse no Conselho Legislativo, levando à suspensão da sessão. A primeira reunião da nova legislatura acontece após a eleição, no mês passado, de vários novos deputados que apoiam uma maior autonomia e até a independência de Hong Kong.
Antes de assumirem as funções, os deputados devem fazer um curto juramento, em que declaram que Hong Kong é uma “região administrativa especial” da China. Pelo modo como o fizeram, viram os seus juramentos recusados.
O Governo tinha alertado os deputados que arriscavam perder os assentos se não prestassem o juramento de forma adequada. Nathan Law, de 23 anos, o mais jovem deputado do hemiciclo e antigo líder dos protestos pró-democracia de 2014, fez um discurso emocionado antes de prestar juramento. “Podem acorrentar-me, podem torturar-me, podem até destruir o meu corpo, mas nunca vão conseguir prender a minha mente”, disse.
De cada vez que se referiu à China durante o juramento, Law mudou o tom de modo a tornar a palavra numa pergunta. Law, que pede a autodeterminação de Hong Kong, foi um dos principais líderes do Movimento dos Guarda-Chuvas, em 2014, que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, pedindo reformas democráticas.
Dois novos deputados pró-independência, Baggio Leung e Yau Wai-ching, adicionaram as suas palavras antes do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Leung envergou uma bandeira com as palavras “Hong Kong não é China”. Ambos prestaram depois o juramento por inteiro, em inglês, mas recusaram-se a pronunciar “China” correctamente.
O novo deputado Eddie Chu, que apoia a realização de um referendo sobre o futuro da soberania de Hong Kong, gritou: “Autodeterminação democrática! A tirania vai morrer!” após o seu juramento.
Lau Siu-lai, também antiga ativista do Movimento dos Guarda-Chuvas, leu todas as palavras do juramento a passo de caracol, fazendo com que alguns deputados pró-Pequim saíssem da sala.
O secretário do Conselho Legislativo disse a Leung, Yau e a outro deputado pró-democracia que não podia “administrar” os seus juramentos já que os tinham modificado.
A sessão foi suspensa após Law se recusar a voltar ao seu lugar, questionando o porquê de o secretário ter recusado os juramentos dos três deputados.

13 Out 2016

António Costa compara Macau a “uma enorme ponte virtual”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]primeiro-ministro de Portugal comparou Macau “a uma enorme ponte virtual” que liga a China aos países de língua oficial portuguesa de vários continentes, conferindo-lhe uma dimensão de centralidade a vários níveis. António Costa falava no final de uma cerimónia de inauguração de um laboratório de tradução automática entre as línguas portuguesa e chinesa no Instituto Politécnico de Macau, após ter passado pela Escola Portuguesa. Vários responsáveis desta instituição de Ensino Superior classificaram o laboratório automático de tradução como um passo tecnológico “decisivo” para a difusão do português entre os falantes de língua chinesa. Isto, a par da conclusão de dois volumes sobre língua portuguesa, intitulados “Português Global”, que vão ser agora publicados e distribuídos na China pela maior editora chinesa.
De acordo com o líder do executivo português, essa ponte virtual é, de facto, uma enorme ponte, que parte de Macau para Timor-Leste, que depois segue para Moçambique, para a África Ocidental, até ao Brasil, chegando finalmente a Portugal”, declarou.
No seu discurso, António Costa afirmou também que a língua “é um factor de identidade” dos povos, mas que, ao contrário de outros factores de identidade, “é também um meio de aproximação entre culturas”.

E o Coelho? Passou-se

Antes, o primeiro-ministro visitou a Escola Portuguesa de Macau, onde descerrou uma lápide alusiva à sua presença. Nas conversas com as crianças, António Costa teve duas surpresas, a última, já no final da visita, quando uma menina lhe perguntou se “o Passos Coelho” também tinha vindo àquela cerimónia. “Não, não veio”, respondeu António Costa com um sorriso.
Antes de ouvir um coro infantil cantar-lhe o hino nacional, uma criança também perguntou ao primeiro-ministro se ele era irmão do Tiago. A criança referia-se a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, que na quarta-feira vai também visitar a Escola Portuguesa de Macau. António Costa respondeu imediatamente: “Não, não sou irmão do Tiago. Sou só amigo do Tiago [Brandão Rodrigues]”.

Startups de Macau e da China em Lisboa ainda este ano

O primeiro-ministro português, António Costa, convidou as ‘start-ups’ de Macau e de toda a China a participarem na conferência global de tecnologia Web Summit que se realizará em Lisboa em Novembro. António Costa deixou o convite no final do encontro Start-up Macau Fórum, uma iniciativa que contou com o apoio do Governo português.
No âmbito do encontro, os Governos de Macau e de Portugal assinaram um memorando de entendimento para “promover o empreendedorismo e o apoio às ‘start-ups'”, segundo o primeiro-ministro. Voltando a pegar na ideia de que Macau é, historicamente, “uma terra de pontes”, António Costa considerou que “na economia de hoje, assente no conhecimento, na criatividade e inovação, se há algo que é essencial é estabelecer pontes (…) entre o talento e a diferença”, afirmou, acrescentando que isso mesmo visou o encontro Start-up Macau.
“É esse trabalho que queremos prosseguir à escala global, acolhendo em Portugal em Novembro, e nos próximos três anos, o maior evento mundial na área da inovação e do empreendedorismo, que é o Web Summit”, acrescentou. Costa convidou as empresas de Macau e da China continental a somarem-se ao encontro de Lisboa “para se encontrarem (…) com ‘starts ups’ de todo o mundo” e assim “em conjunto contribuir para uma economia mais dinâmica, mais criativa e mais inovadora”.
A Web Summit é uma conferência global de tecnologia que decorrerá este ano em Lisboa (e nos dois anos seguintes, com possibilidade de mais dois anos), onde são aguardados mais de 50.000 participantes, de mais de 150 países, incluindo mais de 20.000 empresas, 7.000 presidentes executivos, 700 investidores e 2.000 jornalistas internacionais. Entre os oradores, estarão os fundadores e presidentes executivos das maiores empresas de tecnologia, bem como importantes personalidades das áreas de desporto, moda e música.

12 Out 2016

Secretário de Estado sublinha antiga amizade Portugal-China

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A China é incontornável neste momento a nível mundial e queremos em tudo o que pudermos ter a sua companhia”, afirma João Vasconcelos ao HM à margem da cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum, ao mesmo tempo que destaca a longevidade desta amizade: “Queremos mostrar que somos os mais antigos amigos da China na Europa e que investir em Portugal é também investir na Europa”.
O Secretário de Estado mostrou-se satisfeito com a participação de Portugal em mais um Fórum porque esta é uma ocasião “muito especial”. A justificação está no facto de ser um evento que preconiza o respeito pelo papel de Portugal no Mundo e, mais do que isso, também da língua portuguesa e da sua importância. Para João Vasconcelos, “este é também um momento único em que estão aqui uma série de países de língua portuguesa que se encontram neste espaço de diálogo com a China continental e com Macau”.
Outro aspecto a ter em conta é a própria periocidade do evento, que confere um “certo respeito” ao papel histórico de Macau nas últimas centenas de anos, enquanto interposto cultural e linguístico. Das expectativas do evento, João Vasconcelos afirma que “já foram dados passos muito importantes com a visita do primeiro-ministro António Costa a Pequim e a Xangai, de onde resultou a assinatura de vários acordos que já andavam ser negociados há vários anos entre China e Portugal”. Por outro lado, com o Fórum, existe uma intensificação da prioridade que a China está a dar aos países lusófonos, e que não se manifesta somente a nível económico, mas também a nível cultural.
“Estamos aqui todos a trabalhar para uma maior presença da língua portuguesa e para uma economia que fale português. E todos, incluem os PLP e os muitos empresários do interior da China que estão neste Fórum”, remata João Vasconcelos.

Marcelo sublinha importância “estratégica” das relações Portugal-China

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou ontem a importância das relações económicas entre Portugal e China, num momento em que o primeiro-ministro, António Costa, encontra-se em visita oficial ao país asiático.
A China, advogou Marcelo numa conferência em Lisboa, “não encontra nenhuma outra sociedade europeia” para além de Portugal “onde possa entrar” em áreas como a “energia e finanças, sectores altamente protegidos”.
“Só admira como é que a China demorou tanto tempo em perceber a vantagem comparativa geoestratégica de Portugal. E só admira como Portugal demorou tanto tempo a perceber a oportunidade chinesa”, prosseguiu o chefe de Estado.
Todavia, Marcelo advertiu: “É evidente que não há almoços grátis e estas escolhas estratégicas têm contrapartidas a prazo”.
Depois, em declarações aos jornalistas, o Presidente sublinhou o “reforço significativo” das relações entre Portugal e China “no domínio económico e financeiro”. “Vamos ver os resultados”, concretizou.

12 Out 2016

Fórum Macau | Li Keqiang com discurso importante e unificador, apresenta 18 medidas

O discurso de Li Keqiang foi marcado por metáforas que denotam a importância de Macau enquanto elo de ferro entre a China e os PLP. O Primeiro-Ministro chinês apresentou 18 medidas de Pequim para Macau e visitou a cidade

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Uma ponte intangível”, foram as palavras escolhidas pelo Primeiro Ministro da República Popular da China, Li Keqiang, para descrever a relação entre China continental, Macau e os Países de Língua Portuguesa (PLP). A metáfora deu, ontem, o mote à cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, numa comparação com a estrutura triangular concretizada pela ponte que liga Hong Kong Zhuhai e a RAEM. “Esta (a ligação invisível entre China, Macau e PLP) é uma ponte transoceânica ainda maior, porque liga línguas e culturas e por isso com um carácter único”, ilustra o chefe de estado chinês. Por outro lado, e no território, foi a Ponte da Amizade o símbolo da relação próxima sino portuguesa.
Li Keqiang, num discurso que foi para além das medidas anunciadas e que estão planeadas para os próximos três anos, não se esqueceu de ter sempre Macau e a sua história enquanto ponto de ligação entre Portugal e China. Por outro lado recorreu também à música, sendo que “fado, samba ou música tradicional chinesa, o que interessa é ligar os povos pelo coração”.

Estas línguas que nos unem

O bilinguismo da região foi exultado, não só pela sua história, como enquanto característica particular de Macau, que só rema a seu favor. É na RAEM que as línguas chinesa e portuguesa convivem quotidianamente e, como tal, é aqui que a possibilidade de investir em Macau como plataforma bilingue atinge o seu auge.
“O Governo Central apoia totalmente a cooperação entre a China e os PLP através desta grande plataforma que é a RAEM”, frisa Li Keqiang não deixando de referir que Macau deve aproveitar da melhor maneira este apoio.
O investimento na continuidade da presença das duas línguas o território é inserido numa medida maior. Num dos pontos anunciados pelo Primeiro Ministro chinês, destaca-se a intenção de concretizar uma plataforma de apoio financeiro aos países de língua portuguesa. Em Macau, esta iniciativa é dirigida precisamente ao desenvolvimento da continuidade bilingue da região, por um lado, e por outro, no aproveitamento das suas características únicas nomeadamente no facto de “ter um bom ambiente de negócios”, para promover o empreendedorismo jovem.

Apoio total

De modo a acelerar uma estrutura local capaz de concretizar os objectivos propostos, o Governo Central dará todo o apoio ao Governo RAEM, para que este último aligeire a construção da plataforma de serviços de cooperação económica e comercial entre a China e os países lusófonos, com o objectivo de promover os “Três Centros”, que se preveem integrar a estrutura do Fórum Macau.
É esta a estrutura que terá a seu cargo o assegurar de uma boa coordenação e que personifica a plataforma que a China deseja ver a funcionar em pleno. Dos Centros previstos fazem parte o Centro de Serviços Comerciais para as PME´s da China e dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa e o Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Foi com esta ideia que Li Keqiang lembrou que o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e osPLP, inaugurado também na manhã de ontem, vai concentrar a exposição de produtos alimentares e culturais, um serviço empresarial, o centro de informações, o intercâmbio económico, turístico e comercial, sendo um edifício emblemático de serviços para a cooperação entre a China, Macau e países de língua portuguesa.
Nos próximos três anos, o Governo Central irá reforçar as suas iniciativas de apoio, e são 18 as medidas que vão entrar em acção numa conjugação de esforços e vontades entre a China e PLP.

As 18 medidas e o seu alcance

1. Promover a conexão das indústrias e a cooperação da capacidade produtiva com os PLP do Fórum de Macau, estimular as empresas a construírem ou renovarem as zonas de cooperação económica e comercial nos referidos Países, para além de promover o processo da industrialização na Ásia e em África, e intensificar as cooperações nas áreas de planeamento e construção das infra-estruturas, no sentido de melhorar sua interligação.

A China compromete-se em apoiar a modernização e desenvolvimento industrial dos países mais necessitados, nomeadamente em África e Timor, garantindo igualmente prestar apoio na construção de infra-estruturas, como aliás tem feito em alguns destes países. Exemplo: Guiné-Bissau e Cabo Verde.

2. Explorar o mercado terceiro em conjunto com as empresas dos PLP do Fórum de Macau.

A China pretende atingir outros mercados, através de empresas dos PLP, como já acontece com a EDP e os investimentos realizados nos EUA, na área das energias renováveis.

3. Empréstimos no valor não inferior a 2 mil milhões de yuans aos PLP da Ásia e África, destinados a promover a conexão industrial e capacidade produtiva, bem como reforçar ainda mais cooperação na área da construção de infra-estruturas com os PLP da Asia e África.

A China propõe-se assim financiar a construção ou melhoramento de infra-estruturas nos referidos países. Presume-se um investimento destinado à formação de um tecido fabril, redes de estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos, etc..

4. Um donativo de 2 mil milhões de yuans aos PLP da Ásia e África para projectos nas áreas de agricultura, facilitação do comércio e investimento, prevenção e combate da malária, pesquisa de medicina tradicional, etc.

Para além dos empréstimos, a China pretende doar a referida soma de dinheiro para o desenvolvimento do que classifica como “qualidade de vida”, uma soma que será preferencialmente dirigida aos países mais pobres e com maior necessidade de liquidez.

5. Isentar os PLP da Ásia e África do pagamento das dívidas já vencidas provenientes de empréstimos sem juro no valor de 500 milhões de yuans.

Mais uma medida que favorece os países carenciados e a quem a China emprestara vultosas somas no passado. Estas dívidas serão, pois, perdoadas. É o caso, da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor, por exemplo.

6. Intercâmbio e a cooperação na área da Saúde com os PLP, cooperação entre hospitais, e desenvolvimento de projectos de saúde materna e infantil e diagnóstico grátis de curto prazo.

Eis uma área muito interessante para os países envolvidos, na medida em que torna possível a troca de conhecimentos e de tecnologias na área da Saúde, podendo facilitar o desenvolvimento da investigação, quer nos PLP, quer na China. Nesta área, Portugal e Brasil, por exemplo, detêm conhecimentos científicos que podem ser muito úteis às China.

7. Envio para os PLP da Ásia e África equipas médicas num total de 200 pessoas.

Uma medida de grande alcance para países onde é baixo o rácio de médicos por habitante, mas que poderá encontrar problemas se esses médicos não compreenderem o Português. É, no entanto, conhecida a existência de uma faculdade de medicina na China onde a língua portuguesa é ensinada.

8. Criação de 2000 vagas para formação, destinadas aos PLP, em diversas áreas.

Este tipo de medida, além de ser crucial para alguns, no desenvolvimento das capacidades dos seus povos, ganha uma enorme importância na medida em que coloca em contacto real cidadãos de todos estes países com a China e os chineses, proporcionando um melhor conhecimento e amizade.

9. Criação de 2500 vagas de bolsas de estudo governamental.

Se bem entendemos esta medida, deverá destinar-se a formar gente qualificada em administração pública.

10. Ajuda aos PLP da Ásia e África na reabilitação e renovação de instalações de educação e cultura.

De facto, um dos grandes problemas destes países passa pela prestação de serviços educativos, o que depois se traduz na ausência de quadros qualificados, massa crítica e dependência do exterior.

11. Estabelecimento de um Centro Cultural da China nos vários PLP, entre outras plataformas de intercâmbio cultural.

Eis uma medida muito importante para Pequim, que tem descurado o imenso potencial da sua cultura milenar neste processo de internacionalização em curso do país. Acusada de pretender apenas matérias-primas e comércio, a China deverá obrigatoriamente divulgar a sua cultura e a sua visão do mundo, das coisas e das pessoas nos PLP, de modo a despertar interesse pela sua História, Língua e Cultura, aproximando assim as pessoas e levando-as a compreender melhor os seus valores.

12. Construção nos PLP da Ásia e de África de instalações contra desastres marítimos e mudanças climáticas, tal como o Observatório Meteorológico Marítimo.

Um apoio muito importante aos mais carenciados, no sentido de garantir a protecção das populações e garantir a emancipação dos países em relação a uma constante ajuda externa nesta área.

13. Cooperação com os PLP nas áreas de exploração da pesca marítima, protecção do meio marinho e pesquisa do ecossistema marinho.

Portugal e a China poderão colaborar intensamente nesta área, na medida em que o primeiro precisa de financiamento para o desenvolvimento da investigação e aproveitamento da sua posição estratégica; já o segundo poderá usufruir largamente da experiência acumulada pelos portugueses e da experiência dos cientistas e biólogos marítimos lusos.

14. Apoio à RAEM de modo a que se transforme numa plataforma de serviços financeiros entre a China e os PLP, a fim de fornecer o apoio financeiro para a cooperação empresarial.

Algo que Macau já deveria ter desenvolvido desde 2003, quando Pequim designou a RAEM como ponte para os PLP. O desenvolvimento deste tipo de serviços seria fulcral na diversificação económica local.

15. Criação em Macau da Confederação dos Empresários da China e dos PLP.

Mais uma instituição que se poderá revelar importante para os contactos entre os países do Fórum. O problema que surge, normalmente nestes casos, passa pela real capacidade e mérito de que é colocado à frente destes organismos. Seria muito importante que estas entidades, incluindo o próprio Fórum Macau fosse liderado por pessoas ambiciosas, activas e capazes de tomar decisões.

16. Criação em Macau de uma base de formação de profissionais bilingues em chinês e português. A China abrirá 30 vagas de educação continuada com diploma, através da formação conjunta no continente e em Macau.

Era uma das ideias lançada pelo Governo local, um Centro de Tradução de grande envergadura na RAEM. A primeira pedra está por lançar. Esta pretensão de Pequim poderá mesmo ser muito importante e melhorar a qualidade da formação nas duas línguas, para além de dotar Macau de mais um espaço de encontro de culturas e diversificação laboral.

17. Estabelecimento em Macau do Centro de Intercâmbio Cultural e do Centro de Intercâmbio sobre a Inovação e o Empreendedorismo dos Jovens entre a China e os PLP.

Mais uma iniciativa que garante a aproximação e troca de experiências, além de incentivar o comércio e a diversificação. Estes jovens constituem o futuro das relações entre a China e os PLP. O seu contacto é fulcral para a manutenção das relações seculares.

18. Estabelecimento em Macau do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os PLP, de forma a fornecer apoio nas áreas de comércio, investimento, convenções e exposições, cultura, entre outras.

É fundamental que a China e os PLP troquem experiências em áreas além da economia, como as artes, as letras, as humanidades, na medida em que estas áreas permitem um conhecimento mais profundo dos povos e uma extensa compreensão mútua. Espera-se que esta entidade se preocupe pelo apoio a acções concretas e trocas efectivas entre todos os países, incluindo a própria RAEM, onde existem valores pouco ou nada oficialmente reconhecidos.

Li Keqiang visitou uma família e vários lugares de Macau

O Primeiro-Ministro chinês tirou uns largos minutos da sua agenda oficial para passear em Macau, mas apenas algumas pessoas tiveram o privilégio de falar e até tirar fotografias com Li Keqiang. Segundo os comunicados oficiais ontem divulgados, o representante do Governo Central visitou as Ruínas de São Paulo, tendo encontrado “um ambiente de grande agitação”. Aí, local que foi vedado permitindo apenas acesso a algumas pessoas, terá conversado “de forma cordial com os cidadãos e mostrado a sua afabilidade e popularidade”.
No Museu de Macau, onde começou todo o passeio, Li Keqiang assinou o livro de visita e cruzou-se com um casal de idosos de 80 anos, o qual se mostrou “extremamente feliz com o seu encontro”. Estes disseram-lhe que nadam todos os dias, tendo o Primeiro-Ministro desejado “uma longa vida” ao casal. Mais tarde, o encontro fortuito com um grupo de cidadãos no café do museu deixou-os “em euforia”. xi jinping
Mas o passeio não se ficou por aqui. Li Keqiang fez questão de visitar uma família “onde aproveitou para ter uma conversa cordial sobre a vida quotidiana e a realidade de Macau”. A família Mak, composta por quatro pessoas, estava acompanhada também pelos avós. O seu chefe de família é, segundo o mesmo comunicado, gerente de uma empresa de software, com negócios em Zhuhai e na RAEM. A mulher é professora de informática. Aí o Primeiro-Ministro terá estado “atento a questões ligadas à habitação e profissão assim como assuntos sobre a aposentação dos mais idosos na família”.
A visita não ficaria completa sem a oferta de dois computadores portáteis e alguns avisos. “O Primeiro-Ministro também sugeriu ao casal educar as crianças de acordo com as suas aspirações e interesses, para que sejam não só o orgulho na família como também contribuam para o futuro de Macau. Antes de partir, Li Keqiang congratulou a harmonia e a longevidade familiar e desejou muito sucesso profissional”, conclui o mesmo comunicado.

PM conhece ponte em Y

O Primeiro-Ministro assistiu ontem a uma apresentação sobre a construção da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau. Li Keqiang esteve no terraço da Torre de Controlo do Edifício do Grande Prémio de Macau, onde o coordenador do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), Chau Vai Man, explicou o projecto do lado de Macau e os desenvolvimentos dos respectivos trabalhos. Na ocasião, Chau Vai Man explicou que a obra está dividida em três partes, nomeadamente, o túnel submarino, posto fronteiriço das três regiões e a ilha artificial. “Sublinhou a dimensão do edifício alfandegário e a capacidade de resposta ao movimento de pessoas entre Guangdong, Hong Kong e Macau e o Primeiro-Ministro mostrou-se muito interessado colocando várias questões sobre o projecto e aproveitado para apresentar várias opiniões”, refere um comunicado.

Li Keqiang inaugura o futuro Complexo do Fórum

Ainda não existe fisicamente, mas já foi inaugurado pelo primeiro-ministro chinês. Li Keqiang descerrou ontem a placa que mostra o arranque das obras do futuro Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa, o qual vai funcionar junto à Nam Van, em dois terrenos já reservados pelo Governo.
Segundo um comunicado oficial, Li Keqiang fez-se acompanhar do Chefe do Executivo, Chui Sai On, o qual referiu que a futura construção visa “acelerar a concretização da meta estratégica sobre a criação da plataforma”. As conferências ministeriais do fórum deverão realizar-se no novo Complexo, que também irá albergar o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviço Empresarial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Centro de Formação, o Centro de Informações, Pavilhão sobre Relações Económica, Comercial e Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa e o pavilhão de exposição alusivos ao desenvolvimento urbanístico de Macau. segundo um comunicado, as autoridades referem-se a este como sendo um “edifício emblemático” em prol de uma maior cooperação.

Segurança | Disputas entre polícias e cidadãos

Foram muitas as críticas à extrema segurança porque Macau passa nestes dias da visita de Li Keqiang a Macau, tendo sido registados alguns conflitos entre cidadãos e polícia. Um vídeo, publicado pela página de Facebook “Love Macau”, mostra alguns cidadãos que pretendiam voltar a casa serem impedidos de passar devido à suposta passagem do Primeiro-Ministro pela rua.
Um outro vídeo publicado pela publicação All About Macau, mostra que, antes da chegada do Primeiro-Ministro à Escola Kiang Peng ontem à tarde, cerca de dez espectadores, principalmente idosos, foram obrigados a entrar num mini-autocarro da PSP, depois dos seus documentos de identificação terem sido verificados pela polícia.
Os cidadãos, que queriam ver Li Keqiang, foram levados do sítio conduzidos pelas autoridades. A PSP chegou a emitir um comunicado onde pede desculpa pelos incómodos causados, até porque diversas ruas foram cortadas e diversos veículos – mesmo estacionados em locais permitidos – rebocados.

12 Out 2016

Imobiliário | Li Keqiang apela a “visão compreensiva” da bolha

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou ontem a uma “visão global e compreensiva” da dívida chinesa e do sector imobiliário do país, numa altura em que várias vozes apelam a Pequim para travar a “bolha” no sector. “Os riscos da dívida chinesa são controláveis e o rácio da dívida do Governo é relativamente baixo, comparado às outras grandes economias do mundo”, afirmou Li. “Já as dívidas dos governos locais constituem sobretudo investimentos com retorno”, acrescentou.
O responsável chinês falava na abertura da 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau.
A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Segundo um relatório difundido este mês pelo Bank for International Settlements (BIS), entre Janeiro e Março, o desvio do rácio entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu 30,1%, o nível mais alto de sempre e bem acima dos 10%, o patamar que “acarreta riscos para o sistema bancário”.
“A procura por imobiliário na China vai continuar a aumentar e o processo de urbanização avançará”, disse Li Keqiang, numa altura em que vários analistas advertem também para uma “bolha” sem paralelo no mercado imobiliário chinês. No mês passado, o Banco da China, a quarta maior instituição financeira do país, apelou a Pequim para que tome medidas que travem o aumento da “bolha” no sector imobiliário.
“São necessárias políticas macroeconómicas urgentes para conseguir um equilíbrio entre a estabilização do crescimento e pôr fim às bolhas nos activos”, assinalou o banco estatal num relatório.
Em entrevista à estação televisiva CNN, Wang Jianlin, o homem mais rico da China, lembrou também que os preços do imobiliário continuam a subir nas grandes cidades chinesas, mas que estão em queda nas restantes, onde várias habitações continuam por vender.
Li Keqiang prometeu “medidas efectivas” para promover um desenvolvimento “estável e saudável” do mercado imobiliário.
“Estamos confiantes e sentimo-nos capazes de alcançar os principais objectivos de desenvolvimento económico e social este ano, e estamos determinados a evitar riscos financeiros sistemáticos e regionais”, disse.
Li referiu ainda medidas como as reformas na administração pública e os incentivos à inovação e novas empresas para ilustrar o grande potencial da economia. “Somos totalmente capazes de manter um ritmo de crescimento económico médio alto e elevar o nosso desenvolvimento para um nível médio alto”, concluiu.
Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo do último quarto de século. Desde o início do século XXI, e até 2011, a economia chinesa cresceu sempre acima dos 8% ao ano e, em 2007, atingiu os 13%. Segunda maior economia do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global nos últimos anos.

12 Out 2016

Síria | Pequim e Moscovo cerram fileiras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lguns aspectos da cooperação russo-chinesa na Síria podem ser discutidos pelos líderes dos dois países nas margens da cimeira do BRICS em Goa (Índia), afirmam especialistas russos. A recente declaração do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Baodong, sobre o facto dos dois países terem o mesmo ponto de vista a propósito da situação no Afeganistão e na Síria, levantou a “lebre”.
A 10 de Outubro, em Pequim, o diplomata declarou que o presidente chinês Xi Jinping tem planos de realizar um encontro com o seu homólogo russo Vladimir Putin à margem da cimeira do BRICS, durante a qual os dois políticos devem discutir os temas mais importantes da agenda internacional e regional.
Li Baodong destacou também que, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China e a Rússia já coordenam as suas posições em questões globais e regionais. Assim, na semana passada, a China votou no Conselho de Segurança duas resoluções sobre a Síria contra o projecto francês, e esse projecto não foi adoptado porque a Rússia usou o seu direito de veto.
Logo após considerar o projecto francês, o Conselho deveria votar no projecto proposto pelo lado russo. Em 9 de Outubro, o documento foi enviado para ser analisado pelo enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura. O documento estava relacionado com a retirada dos militantes da Frente al-Nusra de Alepo e com os acordos entre a Rússia e os EUA sobre a Síria. A China apoiou o projecto russo, juntamente com a Venezuela e Egipto, que representa no Conselho de Segurança o Médio Oriente e o Norte de África. Mas a proposta russa não recebeu o número necessário de votos e não foi adoptada, facto que levou o representante permanente da China na ONU, Liu Jieyi, a mostrar-se desapontado.

Posições unânimes e coordenadas

O director do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Pequim, Jia Lieying, disse que a Rússia e a China defendem uma posição coordenada na ONU relativamente à Síria. “O que vemos agora é apenas a continuação da tendência para a apresentação de posições unânimes. A China e Rússia opõem-se de forma unânime à queda do poder político no país, trabalham para garantir que os problemas internos sejam resolvidos, no que diz respeito à situação nesse país e que não haja interferência nos assuntos de qualquer país sob pretexto da defesa dos direitos humanos”, disse o especialista. Ele considera também que o trabalho conjunto russo-chinês ajudará a resolver a crise síria.
Os observadores da situação política na região também chamam a atenção para o facto da China reforçar o seu papel na regularização do problema sírio. O especialista em Médio Oriente Stanislav Tarasov referiu a esse respeito as informações divulgadas pelos media ocidental de que na Síria já estão presentes conselheiros militares chineses: “Claramente, está a ser realizada uma comparação, conciliação e coordenação de acções relativamente à Síria entre a Rússia e a China. Os representantes dos dois países agem em conjunto no Conselho de Segurança da ONU, sem mencionar os diferentes fóruns”, disse.
Tarasov sublinha que os projectos russo-chineses têm a ver com a manutenção da integridade territorial da Síria e, caso isso seja feito, a experiência poderá ser aproveitada noutros países da região como o Iraque, Iémen, Líbia e Afeganistão. Tarasov pensa que a coordenação de posições entre os dois países permite agir na arena internacional de forma mais decisiva.
O especialista russo em questões militares Vladimir Evseev afirma que o líder chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin discutirão entre 15 e 16 de Outubro em Goa os pormenores dos passos conjuntos na Síria. “A China tem interesses multifacetados na Síria. Em primeiro lugar, o reinício da exploração do petróleo, que antes da guerra foi controlada de forma significativa pelo lado chinês. Segundo, é a obtenção de experiência militar. A Síria, de facto, é o único lugar em que a China pode treinar e obter experiência de combate, tanto relativamente à força aérea como às tropas terrestres e sobretudo às forças especiais”, disse. Os interesses chineses na região também incluem o fato de o país se posicionar como centro global de poder, destacou também o especialista russo.

12 Out 2016

“Slow Tune”, Livraria | Jeff e Emily, proprietários

Fica perto do Consulado de Portugal e promete oferecer mais do que livros, apesar de ser à volta das palavras que se faz este negócio. Jeff e Emily contam como decidiram apostar no mundo das letras, com um pouco de artes à mistura

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]odemos concordar que Macau é um território que anda a um ritmo muito rápido, sendo certo que são necessários sítios onde possamos gastar o tempo de uma maneira mais lenta. A livraria “Slow Tune”, localizada na Rua do Pato, atrás do Consulado-geral de Portugal em Macau, talvez seja um desses lugares, onde é possível ler livros enquanto se bebe um café ou chá num final de tarde, ou mesmo aos fins-de-semana.
“Gostamos muito de ler livros e quando viajamos para diferentes sítios gostamos muito de passear em livrarias, porque há livros específicos que só se vendem em determinados sítios. E essa é a melhor forma para conhecer as culturas locais”, disse ao HM Emily, esposa de Jeff. Os dois são proprietários da “Slow Tune”. ocios3hm
Por considerarem que Macau não tem uma livraria tão confortável como aquelas que visitaram por esse mundo fora, decidiram criar um espaço semelhante por cá. Mas nem só de literatura se faz esta livraria, que também abrange áreas como a arte, sociedade, cultura, educação ou psicologia.
May, outra das sócias do projecto, disse ao HM que a livraria faz por ter os livros que são difíceis de encontrar no território, para além de desejar partilhar os livros que gosta com os clientes. A “Slow Tune” procura ainda vender e comprar livros em segunda mão.

Sessões diferentes

A livraria tem um espaço reservado para a venda das tradicionais canetas-tinteiros, um dos muitos produtos criativos ali disponíveis. “Conhecemos este tipo de produtos na internet e achámos muito atractivos. Estabelecemos então contacto com os fornecedores porque queremos promover este conceito em Macau”, referiu May. ocios9hm
A loja, de cor branca e azul, até passa despercebida num lugar tradicional onde nem sempre andam muitas pessoas, mas foi aí que os seus proprietários descobriram uma renda mais comportável para os seus bolsos. Estar numa rua mais movimentada seria impossível, mas ainda assim Jeff, Emily e May consideram que a freguesia de São Lázaro é uma zona agradável para ter uma livraria.
Ao fundo situam-se várias mesas e cadeiras onde as pessoas podem ler os livros que escolhem para aquele momento ou mesmo para levar para casa. “Ler livros é um momento individual e num ambiente tão povoado como o de Macau não é fácil encontrar concentração para ler um livro, já que há muitas coisas a causar distracção. Esperamos oferecer esse ambiente ideal para a leitura de livros. Muitos clientes até compram canetas e gostam de praticar a caligrafia aqui. Acredito que essa é uma forma de acalmar o espírito e aproveitar o tempo livre”, adiantou Emily.
Para quem já tem demasiados livros em casa e não quer comprar mais, a “Slow Tune” permite a leitura dessas obras. Para Emily, é uma forma de proteger o meio ambiente, mas considera que vai demorar tempo até que as pessoas se habituem a este novo modelo.
Tanto Jeff, como Emily e May têm os seus trabalhos fora da livraria, pois consideram “impossível” manter o negócio como um trabalho a tempo inteiro. O dono da “Slow Tune”, contudo, não é um novato na arte de abrir negócios, pois já teve uma experiência com uma empresa criada entre Hong Kong e Macau há alguns anos.

Balanço positivo

Inaugurada há dois meses, a livraria tem gerado comentários positivos e tem recebido muitos clientes. “Às vezes os clientes entram na livraria e dizem o que gostam e até sugerem aquilo que pode ser feito de melhor. O intercâmbio com os clientes é interessante, mesmo que não possamos satisfazer todos os seus pedidos”, acrescentou May.
Por se tratar de um espaço onde o tempo passa devagar, a “Slow Tune” tem três gatos, os quais são aceites por quem lá passa e que já são as mascotes do negócio. Os gatos são adoptados e já estavam com Jeff antes deste abrir a livraria.
Para o futuro, a “Slow Tune” pretende realizar workshops de caligrafia, algo que partiu da ideia de vários clientes que gostaram das canetas-tinteiro. “Antes só escrevia quando fazia os trabalhos de casa na escola, mas depois cresci e percebi que o objectivo da escrita é bem diferente. Quem gosta de praticar caligrafia e quer escrever bem palavras e frases pode participar”, rematou Emily.

12 Out 2016

O ensino de português para as Comunidades | A propina

* por Pedro Rupio
luso-descendente nascido na Bélgica, Conselheiro das Comunidades Portuguesas

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á precisamente dois anos, o Partido Comunista Português apresentava uma iniciativa legislativa que visava revogar a propina no Ensino de Português no Estrangeiro (EPE). Esse projecto de lei mereceu o apoio do Partido Socialista, do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista os Verdes na anterior legislatura. Mas não foi o suficiente para garantir a maioria parlamentar e o projecto de lei foi chumbado.
Essa iniciativa visava acabar com uma das medidas mais duras que algum dia se implementou nas Comunidades Portuguesas. A implementação da propina, pelo então Secretário de Estado das Comunidades José Cesário, criou uma nova discriminação entre portugueses de Portugal, que não pagam propina, e portugueses residentes no estrangeiro. E no espaço de um único ano lectivo, observou-se uma redução de 20% do número de alunos na rede do EPE, passando de 54.083 a
45.220. Curiosamente, os alunos estrangeiros não pagam propina.
E assim se reforçou ainda mais a ideia de que há portugueses de primeira e portugueses de segunda
e que estes últimos são tratados de pior forma que os estrangeiros.
Ou talvez não? O PCP voltou a apresentar nesta nova legislatura o projecto de lei n°267/XIII/1.ª “Revoga a propina do Ensino de Português no Estrangeiro”. Se contar com o mesmo apoio parlamentar da última legislatura, o único direito constitucional dirigido aos portugueses residentes no estrangeiro – manter uma ligação com a língua e cultura de origem – será plenamente restabelecido. Haja confiança.

Ensino de português língua estrangeira ou língua materna?

Mas além da propina que veio violentar umas das prerrogativas mais preciosas dos portugueses residentes no estrangeiro, os sucessivos Governos dos últimos 15 anos têm apostado na extinção do ensino de português dirigido às Comunidades. Essa nova estratégia política focaliza-se numa mudança de modelo perfeitamente resumida pelo actual Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas José Luís Carneiro num artigo de opinião quando falou da “necessidade de trabalharmos numa transição gradual do ensino enquanto língua de origem para uma oferta integrada do português”.
Por outras palavras, pretende-se apostar cada vez mais no ensino de português língua estrangeira, dirigido exclusivamente a estrangeiros, em detrimento do ensino de português como língua materna.

Nunca percebi o porquê de tais políticas públicas serem promovidas por um Secretário de Estado das “Comunidades Portuguesas” e não por um Secretário de Estado dos “estrangeiros que querem aprender português”. São objectivos totalmente diferentes, os públicos-alvo são diferentes. Mas teima-se em confundir essas matérias desde que a tutela do ensino de português no estrangeiro passou do Ministério da Educação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros – Instituto Camões: tudo para os estrangeiros, nada pelos nossos.
Será mais benéfico para Portugal implementar tais políticas? Será mais rentável investir num estrangeiro que num português? Terão essas medidas mais retorno para Portugal a médio-longo prazo? Certo é que os nossos compatriotas residentes no estrangeiro irão afastar-se cada vez mais da língua portuguesa e consequentemente, de Portugal. E todo o potencial existente que faz hoje dos portugueses residentes no estrangeiro verdadeiros aliados de Portugal nas áreas económica, cultural, científica ou ainda política, irá desaparecer irremediavelmente.

12 Out 2016

Fórum Macau | Cabo Verde destaca investimento de David Chow

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]discurso do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva, foi marcado por palavras de humildade e gratidão. Se, por um lado, Cabo Verde é “um pequeno país que sabe que para compensar os constrangimentos da pequenez do mercado interno, tem que ser confiável, eficiente, dotado de capital humano de excelência e orientado para o mercado externo”; por outro, o investimento chinês é bem vindo, reconhecido e já começou com o mais recente projecto de construção de um empreendimento hoteleiro com casino de David Chow.
“Neste sentido, permitam-me uma especial referencia ao investidor David Chow que acreditou, persistiu e investiu no maior projecto turístico em curso em Cabo Verde: o complexo Gamboa Djeu Resort na cidade da Praia”, refere o chefe do Governo.
Em reacção à referência de Correia e Silva, David Chow disse ao HM que “infelizmente na tradução que lhe foi dada a saber este referência não foi citada”. No entanto, não deixa de expressar gratidão mútua na medida em que viu o seu projecto de investimento naquele país ser “muito bem recebido”.
Para David Chow, Cabo Verde tem muitas características a seu favor, desde a abertura do seu povo, às paisagens e localização estratégica. Por outro lado, o arquipélago está em movimento para abraçar o investimento do novo empreendimento. Actualmente, já há uma turma universitária de alunos locais a prepararem-se para o futuro e a fazer, em Macau, a licenciatura em gestão de jogo.
Antecipando a ida de consumidores e turistas da China para Cabo Verde, também há cada vez mais cabo-verdianos no território a estudar mandarim. “Até eu estou agora a aprender mandarim”, continua David Chow, ao mesmo tempo que explica que o bilinguismo é muito importante e que para acompanhar o crescimento da China é necessário saber a sua língua.
A considerar também, para o empresário, é a língua portuguesa presente em Macau e que tem que ser também tida em conta nesta aposta em novos mercados. “Cabo Verde tem tudo para poder vir a ser uma lenda do turismo”, remata David Chow.

Angola | Empresários precisam de “acções de divulgação”

O ministro de Economia de Angola, Abranhão Gourgel, pediu “acções de divulgação” junto dos empresários da plataforma criada em Macau para incentivar a cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. “Reconhecemos a necessidade de adoptar acções para a divulgação da iniciativa ‘uma plataforma, três centros’ no seio da comunidade empresarial dos PLP a fim de incrementar o nível de cooperação comercial entre a China e os países que falam português”, afirmou, em Macau, na cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum Macau. Para Abranhão Gourgel, que chefiou a delegação de Angola enviada a esta reunião, o Fórum Macau é já “um importante mecanismo de cooperação económica e comercial entre a China e os PLP, aproveitando as potencialidades e vantagens dos países participantes”.

Brasil | Governo golpista quer “acções concretas”

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Brasil, Marcos Pereira, instou a China e os países de língua portuguesa a transformarem intenções em acções concretas. “Não percamos a oportunidade de transformar intenções em acções concretas. Este é, portanto, o momento de engajamento de todos nós, espero podermos criar condições que possibilitem mais comércio, mais investimento entre nós, assim como mais cooperação entre todos os nossos países, gerando emprego e renda [receita]”, disse. Marcos Pereira lançou o apelo após destacar a assinatura do plano de acção 2017-2019, saído da conferência, e do memorando de entendimento com a China no sector de serviços, o primeiro documento assinado entre o Brasil e o seu principal parceiro comercial depois da confirmação do governo golpista de Michel Temer. Marcos Pereira dedicou a grande parte da sua intervenção ao “momento especial”, pós-golpe, que o Brasil atravessa: “Temos consciência do tamanho e do peso da responsabilidade que nós carregamos mas também estou convicto de que o momento é de esperança e de retomada da confiança no Brasil. O caminho que temos pela frente é desafiador, mas conforta saber que o pior já passou”. “Superamos a crise política e estamo-nos esforçando para fazer a roda da economia girar”, disse o ministro, defendendo que, em pouco mais de cinco meses, o presidente golpista, tem demonstrado um compromisso “notório e corajoso com as medidas necessárias à criação de um ambiente económico mais favorável aos negócios”.

Guiné-Bissau | Remediar impacto negativo da crise política

O primeiro-ministro guineense reconheceu que a situação política e social na Guiné-Bissau tem dificultado a concretização de projectos de cooperação com a China e outros países lusófonos, mas defendeu também “ajustamentos” nestas relações. “Embora o ambiente sociopolítico difícil do meu país não tenha favorecido a implementação das nossas políticas de desenvolvimento, assim como dos compromisso por nós assumidos, o Governo da Guiné-Bissau sempre soube reconhecer a importância do Fórum Macau”, disse Baciro Djá. “Não deixamos porém de realçar as necessidades de ajustamento, face a novas realidades do mundo”, acrescentou ainda, manifestando a disponibilidade da Guiné-Bissau para uma maior abertura, de forma a serem consolidados “os ganhos até aqui conseguidos”.

Moçambique | À espera de um “novo ímpeto”

O primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, afirmou acreditar que a futura Confederação dos Empresários da China e dos Países de Língua Portuguesa vai dar “um novo ímpeto” às relações sino-lusófonas. O estabelecimento da Confederação dos Empresários da China e dos Países de Língua Portuguesa, cujo secretariado vai ficar em Macau, foi uma das medidas anunciadas ontem pelo primeiro-ministro da China, Li Keqiang, durante a V Conferência Ministerial do Fórum Macau. “Os resultados alcançados neste Fórum encorajam-nos a continuar focalizados nas áreas que contribuem para o desenvolvimento económico do nosso país, sendo deveras crucial a contribuição activa do sector empresarial neste processo”, destacou Carlos Agostinho do Rosário, manifestando a sua “convicção” de que a criação da confederação de empresários dará “um novo ímpeto” à interacção entre os homens e mulheres de negócios da China e dos países de língua portuguesa.

Timor-Leste | “Pronto” para acolher investimentos

O ministro da Agricultura e Pescas de Timor-Leste afirmou que o país está “pronto” para acolher e facilitar investimentos dos membros do Fórum Macau. “Participamos nesta quinta conferência [ministerial] do Fórum de Macau com a mensagem de que Timor-Leste está pronto para acolher e facilitar investimentos de todos os países membros deste Fórum. Estamos prontos para apoiar e facilitar negócios de todas as regiões onde estamos inseridos tanto com a ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático], como com os demais países do Pacífico Sul”, afirmou Estanislau da Silva, durante o seu discurso, na cerimónia inaugural. O Fórum Macau constitui “um espaço sublime de convergência de vontades e articulação de vias para o aprofundamento e reforço de relações económicas e comerciais entre os nove países da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] e a China, tendo Macau como plataforma da dinâmica empresarial que desejamos incrementar”, defendeu, disponibilizando-se para “apoiar e ajudar a reforçar a posição de Macau como plataforma económica e comercial entre a nossa Comunidade e a China”. “Perfilham já importantes projectos cuja construção terá início dentro em breve e muito gostaríamos de poder contar, também, com projectos da China e dos Países de Língua Portuguesa”, disse o ministro da Agricultura e Pescas.

12 Out 2016

China elege embaixadores para Marte

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex-jogador da Liga norte-americana de basquetebol (NBA) Yao Ming e outras dez celebridades chinesas foram eleitas “embaixadores em Marte” pelo programa espacial chinês, que quer enviar uma nave tripulada àquele planeta no verão de 2020.
Segundo a agência oficial Xinhua, além de Yao, que jogava nos Houston Rockets, os outros famosos chineses, escolhidos para promover as ambições espaciais do país asiático, incluem a treinadora da equipa nacional de voleibol feminino Lang Ping ou o compositor Tan Dun.
É a primeira vez que a China escolhe caras conhecidas para representar o seu programa espacial, dois meses depois de ter anunciado que planeia enviar uma primeira nave não tripulada a Marte, no verão de 2020.
A Xinhua destacou que a escolha destes “embaixadores” para o programa espacial chinês – que leva a cabo missões na Lua e está a desenvolver uma estação espacial permanente – incentivarão os jovens a estudar ciência e tecnologia e promoverá a imagem da China.
Em agosto passado, o país asiático lançou o primeiro satélite de telecomunicação quântica do mundo e, no início do ano, anunciou que, em 2018, quer tornar-se o primeiro país a aterrar uma sonda no lado mais afastado da Lua.
Pequim está a investir milhares de milhões no programa espacial, para acompanhar os programas norte-americanos e europeus, mas já foi suplantado na corrida a Marte pela vizinha Índia, que colocou uma sonda na órbita do “planeta vermelho” em Setembro de 2014. A primeira missão chinesa a Marte partirá da base espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, extremo sul do país.

11 Out 2016

Fórum Macau | Começa hoje a conferência com “mais alto nível de sempre”

Nada menos que cinco primeiros-ministros estarão na V Conferência Ministerial do Fórum Macau, o que para Xu Yingzhen, secretária-geral, faz dela o encontro com “mais alto nível de sempre”

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]hoje a cerimónia inaugural da quinta edição da conferência ministerial do Fórum Macau, onde se irá decidir as medidas a adoptar nos próximos três anos em matéria de cooperação económica entre a China e os países falantes de português. O facto desta edição do Fórum, que decorre até quinta-feira, contar com cinco primeiros-ministros, incluindo de Portugal, significa, para Xu Yingzhen, que a V Conferência Ministerial é a que tem “mais alto nível” de sempre.
“Significa que o Fórum está a obter cada vez mais importância dos países que o integram”, considerou Xu Yingzhen, que falou, na sexta-feira, à margem da reunião de “funcionários de alto nível” dos países que fazem parte do Fórum Macau. A reunião visou preparar os trabalhos da quinta conferência ministerial do fórum, antes da chegada a Macau dos representantes políticos que vão chefiar as delegações de cada país.
Xu Yingzhen disse que o plano de acção para 2017-2019 foi discutido na reunião de hoje, mas não deu detalhes sobre o conteúdo, por ainda não estar fechado e depender da aprovação dos ministros e primeiros-ministros. Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e China estarão representados pelos respectivos primeiros-ministros na conferência de 11 e 12 de Outubro. Já Angola, Brasil e Timor-Leste estarão representados por ministros.
As acções a adoptar para os próximos três anos deverão abranger as áreas de cooperação a nível governamental, das trocas comerciais e do investimento, como até agora, mas haverá ainda uma tentativa de abrir a novos campos, relacionados com o mar, por exemplo.
Xu Yingzhen considerou que após mais de uma década de funcionamento do Fórum Macau as relações entre a China e os países de língua portuguesa têm já uma “base sólida” e que o objectivo agora é consolidar a cooperação, procurando “as vantagens” de cada país e apoiar, por exemplo, a capacidade produtiva de alguns deles.
A abertura da quinta conferência ministerial do Fórum Macau deverá contar com a presença de cerca de mil pessoas, sendo que 500 jornalistas estão registados para a cobertura do evento. Serão assinados vários memorandos de entendimento e cooperação, mas os detalhes não foram, até agora, divulgados pela secretária-geral.
A semana passada Xu Yingzhen afirmou que o futuro da cooperação entre a China e os países lusófonos passa por uma aposta maior no investimento e no incremento das parcerias com privados. Isto num momento de abrandamento no que toca ao comércio entre a China e os países lusófonos, que caiu 25,75% no ano passado.

Chega de trocar cartões

Fernando Ilhéu diz que é tempo do Fórum Macau fazer mais
“O Fórum Macau pode fazer mais: perdeu muito tempo na parte de encenação e de eventos, de trocar cartões, e é preciso passar à fase de conhecimento mais profundo das vantagens e desvantagens que estes países [de língua portuguesa] têm, e o que podem ter de projectos de desenvolvimento e onde é que a China pode entrar”, disse à Lusa a professora do Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa.
A coordenadora do ChinaLogus – Business Knowledge & Relationship with China, Fernanda Ilhéu, considerou que o Fórum Macau “pode fazer mais” e que esta entidade precisa “de menos evento e mais conhecimento”. O relacionamento entre a China e os países de língua portuguesa, potenciado pelo Fórum Macau, “tem de ser visto não só numa perspectiva meramente comercial, mas numa perspectiva de longo prazo e de investimentos em projectos de desenvolvimento”, vincou a professora.
“O Fórum Macau tem de entrar na parte da investigação, promoção do conhecimento e maior ligação ao mundo empresarial”, disse Fernanda Ilhéu. Esta defende que o Fórum Macau precisa de “menos evento e mais conhecimento”.

Startups | Secretário de Estado quer “reactivar” papel de Macau

João Vasconcelos, Secretário de Estado da Indústria de Portugal, referiu, segundo a Rádio Macau, que Macau deve ver reforçado o seu papel de plataforma entre a China e Portugal, onde as startups podem ter um papel fundamental. “Macau deveria reforçar o seu papel de entreposto entre a China e Portugal, entre a Europa e a Ásia. Decidimos faze-lo através da nova economia, a economia do futuro. Este é o primeiro de vários eventos que queremos realizar. Começámos pelas startups, pelas jovens empresas de base tecnológica e científica, porque são uma oportunidade para os governos de Portugal e da República Popular da China”, afirmou João Vasconcelos.
O Fórum Macau Startup, que conta com a presença do primeiro-ministro português António Costa, decorre esta quarta-feira. Este evento “honra a história que Portugal tem com a China e a história de Macau”, defendeu João Vasconcelos. “É um evento que vem provar novamente o papel fundamental que Macau pode ter na relação entre os dois povos. Acho que é um papel que está a merecer ser reactivado, também nesta nova economia, do mundo tecnológico e científico”.

Portugal | Um parceiro para a África e América Latina

O embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, defendeu a “grande vantagem” do Fórum Macau, como uma forma de transmitir aos chineses a ideia de que Portugal pode ser um parceiro na América Latina e África. “O Fórum Macau tem para mim a grande vantagem de reforçar a narrativa que nós transmitimos aos chineses, de que temos um relacionamento privilegiado com as geografias onde se fala português”, disse Torres-Pereira à Lusa.
“Quando lidam connosco, não estão apenas a lidar com Portugal e com o território europeu. Podemos ser parceiros de empresas chinesas em projectos na América Latina ou em África”, acrescentou. O diplomata citou a cooperação entre a EDP e a China Three Gorges (CTG), como “exemplo de sucesso” da parceria luso-chinesa em países terceiros. A CTG tornou-se, entretanto, a segunda maior geradora de energia com capital privado no Brasil e tem projectos conjuntos com a EDP em vários países da Europa. “Isto reforça a nossa atractividade para os chineses”, explicou o embaixador português.

Moçambique | Consulado de Macau lança portal

O Consulado-Geral da República de Moçambique na RAEM lançou ontem uma página da internet. Em www.mozconsulate-macau.org.mo pode encontrar informação relacionada com a emissão de documentos, nomeadamente vistos, e com as principais leis do país, indica um comunicado do Consulado. O portal incluiu ainda informação económica e imagens fotográficas de Moçambique. O lançamento do portal coincide com a presença em Macau do Primeiro-Ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, que chefia a delegação de Moçambique para o Fórum Macau.
“O portal pretende dar resposta às crescentes exigências que resultam da dinâmica geral da cooperação com a China e em particular com a RAEM enquanto plataforma para a cooperação económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no que diz respeito à dinamização das actividades comerciais, de investimento e no âmbito cultural”, pode ler-se no comunicado, que acrescenta que “Moçambique dispõe de recursos importantes que podem agregar o interesse das entidades chinesas e de Macau”. “Queremos convidar o sector empresarial de Macau e da China em geral a investir em Moçambique podendo para esse efeito contar com a colaboração do Consulado Geral de Moçambique.”

Cabo Verde | O tempo das parcerias

Depois de mais de quatro décadas de “cooperação clássica” com a China, Cabo Verde procura alterar o paradigma de relacionamento e apostar em parcerias empresariais para captar mais investimento privado chinês para o arquipélago. Será essa a abordagem que a delegação cabo-verdiana, liderada pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, levará para a V Conferência Ministerial do Fórum Macau. O ministro da Economia de Cabo Verde, José Gonçalves, explicou aos jornalistas, na cidade da Praia, que a delegação vai procurar fazer avançar alguns projectos sobre os quais existem já memorandos de entendimento com a China, apostando numa abordagem que privilegie as parcerias empresariais. “Começamos a passar daquela relação, que já foi muito importante e bem consolidada, a nível de cooperação e agora vamos para parcerias”, disse José Gonçalves.
“É uma abordagem não só com a China mas também com outros países. Cabo Verde chegou a um patamar ao ser graduado a país de rendimento médio e é expectável, da parte dos parceiros, que venha a assumir essas responsabilidades de parcerias mais a nível empresarial do que da cooperação clássica”, sublinhou o ministro. Um dos projectos que Cabo Verde pretende impulsionar durante a conferência é o programa “Cidade Segura”, uma parceria a desenvolver com a empresa de comunicações Huawei, e que visa dotar a Praia, São Vicente, Sal e Boavista com sistemas de telecomunicações e videovigilância com vista ao reforço da segurança. José Gonçalves explicou que o memorando de entendimento sobre o programa foi assinado em Setembro, durante uma visita à China, e que o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha irá começar agora a programação das “actividades nesta área para chegar a um acordo de financiamento”.
De acordo com o ministro, o programa “Cidade Segura”, cujo investimento estimado não foi avançado, visa em especial a vertente do turismo. “É muito importante que os turistas venham a Cabo Verde com a expectativa de ter um destino seguro. Vamos ter que investir e proteger o nosso destino”, sublinhou. Cabo Verde irá ainda procurar dar um impulso a projectos na área das alfândegas, pescas e crédito às pequenas e médias empresas. A delegação de 12 empresários cabo-verdianos que integram a missão irá apostar no estabelecimento de parcerias com empresas congéneres da China e dos restantes países do espaço lusófono presentes no Fórum.

Guiné-Bissau | Perspectivas “positivas”

As relações entre a Guiné-Bissau e a China estão de boa saúde e “as perspectivas são positivas”, antecipou o ministro das Obras Públicas guineense à agência Lusa, antes de partir para uma conferência ministerial do Fórum Macau. Ao mesmo tempo que mantém abertura total à iniciativa chinesa, o governo da Guiné-Bissau vai procurar recursos para construir 145 quilómetros de estradas alcatroadas na região sul, “o celeiro do país”, referiu Malam Banjai.
O executivo leva ainda em carteira, no domínio das acessibilidades, um projecto para construção de uma ponte sobre o rio Cacheu até à cidade de Farim (norte do país) e a extensão da avenida do aeroporto de Bissau até Safim (arredores da capital) — obra cuja execução pela China poderá ser anunciada em breve, acrescentou. Outros projectos dizem respeito à construção de mil fogos de habitação social, 500 na capital e o resto espalhado pelo país, além de se procurarem parcerias com a China no âmbito da reforma dos sectores da defesa e segurança, indicou ainda o governante.
A China foi um dos primeiros aliados da luta guineense pela independência, na década de 1960, e já tem uma extensa lista de obras públicas realizadas no país, pelo que as empresas chinesas gozam de uma “abertura total” em solo guineense, ajustada caso a caso, referiu Malam Banjai. “A abertura é natural para com o governo e empresas chinesas, no sentido de uma parceria mutuamente vantajosa” com o Estado guineense. “Têm portas abertas para eleger os sectores de intervenção e nessa altura negoceiam-se as modalidades para se levar os projectos à prática”, acrescentou.
Intervenções em sectores como o abate de madeira ou pescas “devem ser regulamentados” com especial atenção por serem “património de todo o povo”, destacou, realçando sempre a dívida de gratidão da Guiné-Bissau. Quando um país é aliado desde a luta pela independência, “isso não se paga com fosfato, madeira ou pescas”, disse Malam Banjai, afirmando que a “cooperação com a China é algo que não tem preço e é histórico”.
Entre as principais obras da China na Guiné-Bissau encontram-se o edifício da Assembleia Nacional Popular, o Estádio Nacional de futebol e atletismo, o Hospital Militar de Bissau, a Escola Nacional de Saúde, o Palácio do Governo e o Palácio da Justiça, inaugurado este ano.

11 Out 2016

Alibaba anuncia parceria com empresa de Steven Spielberg

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]bilionário chinês Jack Ma, fundador do gigante de comércio electrónico Alibaba, anunciou ontem uma parceria com o realizador Steven Spielberg, para a produção e distribuição de filmes, na mais recente investida chinesa em Hollywood. A Alibaba Pictures, uma subsidiária do grupo Alibaba, comprou uma posição minoritária na Amblin Partners, empresa de criação de conteúdo para cinema, que inclui os estúdios DreamWorks e é detida por Spielberg. O negócio permitirá às empresas co-financiar e co-produzir filmes para as audiências chinesa e estrangeira, detalhou o Alibaba em comunicado. A subsidiária do Alibaba terá também um lugar no conselho de administração da Amblin. Os valores do negócio não foram revelados.
Numa conferência de imprensa em Pequim, este domingo, Spielberg disse que a parceria vai permitir “trazer mais da China para os Estados Unidos da América e levar mais dos EUA para a China”, refere o comunicado. Jack Ma observou que, apesar dos EUA e China “terem diferenças culturais”, a empresa vai “focar em histórias humanas e servir de ponte entre os dois países”.
A parceria permitirá à Amblin colocar os seus filmes nas plataformas ‘online’ de transmissão de vídeo do grupo Alibaba, como o Youku Toudu, o Youtube chinês.
Trata-se do mais recente negócio com capital chinês em Hollywood, num fluxo iniciado pelo grupo Wanda. Em 2012, o Wanda adquiriu a empresa norte-americana AMC Entertainment, proprietária da segunda maior cadeia de cinemas dos EUA e da britânica Odeon & UCI Cinemas, presente no mercado português, onde é o segundo maior distribuidor.
No início do ano, anunciou a compra da Legendary Entertainment, produtora de filmes como “Jurassic World” e “Godzilla”, por 3.500 milhões de dólares.
A importação de filmes, na China, é monopólio do Estado e está sujeita a cotas. Normalmente, o país mais populoso do mundo importa apenas 34 filmes por ano, a maioria dos quais norte-americanos. Para contornar aquela restrição, os estúdios de Hollywood têm procurado parcerias com empresas locais. “Existe muito dinheiro chinês a entrar em Hollywood e muita gente propõe-nos parcerias”, disse a presidente do Alibaba Pictures, numa entrevista publicada no site da empresa.
As salas de cinema na China bateram, em 2015, um novo recorde ao superar 40.000 milhões de yuans, um aumento superior a 48%, em comparação com o ano anterior.

11 Out 2016

Carros ‘Made in China’ invadem mercado americano

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de uma vida a comprar carros produzidos nos Estados Unidos, em Agosto, Greg Shafer saiu de uma loja de Columbus, no Estado de Ohio, ao volante de um Buick Envision. O seu novo veículo, de US$ 40 mil, é um dos primeiros modelos produzidos na China a ser vendido nos EUA. Shafer, de 53 anos, achou que a origem do carro desportivo não era um problema porque “quando o diriges e experimentas todos os recursos, está longe de parecer um automóvel chinês”.
A crescente dependência da indústria automobilística dos EUA de fábricas mexicanas tornou-se num tópico importante na campanha presidencial deste ano. Enquanto isso, clientes como Shafer dão um impulso à estratégia da General Motors Co. de produzir carros na China. A maior montadora dos EUA em vendas começou a oferecer o Buick Envision chinês nas suas revendedoras da América do Norte no fim do primeiro semestre, importando um número relativamente pequeno de veículos para impulsionar a marca Buick. Agora, os revendedores estão a pedir mais carros porque dizem que a maioria dos seus clientes não se importa com o local em que eles são fabricados.
“Tem tido muito pouca rejeição”, diz Chris Haydocy, sócio da concessionária Haydocy Buick GMC, onde Shafer comprou seu novo automóvel. “A maioria das pessoas reconhece que o mundo agora é plano.”
Escolher modelos importados da Ásia, como Coreia do Sul e Japão, já é uma rotina para compradores de automóveis nos EUA, e muito do desdém inicial a esses produtos desapareceu à medida que os veículos importados se tornaram a norma. Os planos da Ford Motor Co. de investir US$ 1,6 mil milhões numa nova fábrica de carros no México tornou-se um símbolo da exportação de empregos da indústria americana nos debates eleitorais. A participação do México na produção da América do Norte dobrou nos últimos 10 anos, para 20%, com a maior parte da produção destinada aos EUA.
O rótulo “made in China” é novo para as montadoras americanas e traz receios em relação à qualidade. Carros com mau acabamento e componentes ultrapassados foram exibidos pelas montadoras chinesas em salões de automóveis nos EUA durante anos, mas nunca foram disponibilizados para venda.
A crescente reputação da China de fabricar produtos de consumo de alta qualidade como o iPhone, da Apple Inc., tornou mais aceitável para os consumidores americanos a ideia de carros feitos no país, diz Michael Dunne, consultor de estratégia e investimentos da Dunne Automotive Ltd., de Hong Kong.
A decisão da GM de importar o Envision, revelada no ano passado, irritou os trabalhadores das montadoras nos EUA. O sindicato do sector considerou-a “uma bofetada na cara dos contribuintes americanos”, que apoiaram financeiramente a GM no resgate do governo ao sector automóvel.
A GM afirmou que a estratégia faz sentido porque a linha de produção americana do Buick, que é uma das principais marcas em vendas na China, não conseguiu responder à procura nos EUA quando os preços baixos da gasolina tornaram os carros desportivos atraentes de novo para os americanos. Com ampla capacidade para produzir o Envision na fábrica da província chinesa de Shandong, os executivos decidiram fabricar dezenas de milhares de unidades lá e enviá-las para os EUA.
“Esta é a vantagem de ter uma forte presença nos dois maiores mercados do mundo”, diz o director da GM na América do Norte, Alan Batey. “Não teríamos como fazer isto [nos EUA] se a China não tivesse produzido o veículo.”
A Volvo Car Corp., de propriedade da chinesa Zhejiang Geely Holding Group, começou a enviar, no ano passado, um pequeno número do sedã S60 fabricados na China para os EUA.
No mercado americano, a Buick mal se posiciona entre as 20 principais marcas de carro em volume de vendas. A marca é robusta na China, contudo, onde suas vendas anuais são quatro vezes maiores que nos EUA e mais que o dobro do volume vendido pela Chevrolet no país.
O Envision é produzido pela Shanghai GM, joint-venture com a SAIC Motor Corp., mas foi projectado e desenvolvido pela GM numa fábrica perto de Detroit. O Envision tornou-se rapidamente num dos principais modelos da Buick na China, à medida que os compradores passram dos sedãs e das carrinhas para os carros desportivos. A GM vendeu cerca de 150 mil Envisions no ano passado — o primeiro ano completo da marca no mercado — e deve ultrapassar 200 mil este ano. A GM está a vender mais de 1500 Envisions por mês nos EUA hoje.

11 Out 2016

Novas medidas para facilitar investimento privado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo chinês anunciou no domingo novas medidas para facilitar o investimento privado, que será incentivado em sectores como a saúde, educação, cultura e desporto.
As medidas foram adoptadas na reunião do Conselho de Estado (Governo) de sábado, presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang, e de cujas conclusões informa o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista chinês.
Segundo o jornal, Li disse que a China tem de simplificar os procedimentos para pôr em marcha novos projectos de investimento. Por outro lado, afirmou que serão incentivados os investimentos privados, que caíram este ano, e que serão adoptadas medidas para criar um ambiente de negócios mais igualitário para empresas nacionais e estrangeiras, dando continuidade a uma reforma legislativa aprovada no mês passado e que eliminou parcialmente a obrigatoriedade da análise e aprovação administrativa prévia para o estabelecimento de empresas não chinesas no país.
O Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular da China aprovou também alterações a quatro leis que regulam a entrada de investimento estrangeiro no país e que facilitam o processo em determinadas áreas de negócio.
Segundo os cálculos das autoridades chinesas, estas mudanças eliminam cerca de 95% dos procedimentos administrativos que eram necessários até agora, embora organizações empresariais como a Câmara de Comércio da União Europeia tenham considerado que foram pouco ambiciosas.
O Conselho de Estado anunciou, por outro lado, que serão proibidos os projectos novos para sectores afectados pelo problema da sobrecapacidade de produção, como o do carvão, aço e alumínio.
Nos oito primeiros meses do ano, o investimento directo estrangeiro na China aumentou 4,5% comparando com o mesmo período de 2015, segundo números oficiais, que são muito inferiores aos de anos passados. Nos mesmos meses, o investimento de empresas chinesas noutros países cresceu 53,3%.

11 Out 2016

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]sai Ing-wen, a Presidente taiwanesa, procura alcançar a paz com a China continental, mas age com cautela. A dirigente não quer perder o apoio nacional mostrando-se demasiado pró-Pequim. Segundo a República Popular da China (RPC), para as conversações prosseguirem é necessário que Taiwan se afirme como sendo parte do país.
“Os dois lados do estreito [estreito de Taiwan, que separa os dois países], deveriam sentar-se e falar, o mais cedo possível”, afirmou Tsai durante o seu discurso nas celebrações do Dia Nacional taiwanês, celebrado a 10 de Outubro. “Tudo pode ser incluído na discussão, desde que conduza ao desenvolvimento da paz entre os Estados e ao bem-estar dos cidadãos de ambos os lados.” Os presidentes taiwaneses costumam utilizar o discurso do Dia Nacional para afirmar a sua posição e visão relativas às relações com a China.
Pequim, que luta pela união das duas Chinas (RPC e Taiwan) não confia no Partido Progressista Democrático de Taiwan (partido pelo qual Tsai foi eleita em Maio deste ano), pois essa força política é conhecida por defender a independência da ilha. Mas a Presidente recém-eleita afirma defender relações estáveis, consistentes e previsíveis entre os países.
Tsai Ing-wen seleccionou, na semana passada, um político pró-China para representar Taiwan numa reunião da APEC (sigla em inglês da Cooperação Económica da Ásia-Pacífico), que se realizará no próximo mês no Peru.

11 Out 2016

Empresa de Macau assina memorando para adquirir 30% da Global Media

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa de Macau KNJ Investment Limited vai passar a controlar 30% da Global Media através de uma injecção de capital de 17,5 milhões de euros, tornando-se o maior acionista do grupo, disse ontem o mediador das negociações, Paulo Rego.

O acordo será assinado em Macau, no dia 12, durante a 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau, e espera-se que o contrato seja assinado “lá para Março”, indicou Paulo Rego.

Para esse efeito, desloca-se a Macau o presidente do Conselho de Administração da Global Media, Daniel Proença de Carvalho, “que vem mandatado por todos os accionistas para assinar o chamado memorando de entendimento” que “sela as principais orientações” do que será fechado no próximo ano.

“Não temos datas marcadas. Nestas coisas o importante é que os processos decorram até ao fim, cumpram todos os seus objectivos, mas estimo que seja natural que tudo possa estar concluído lá para Março”, disse Paulo Rego.

A KNJ vai fazer uma injecção de capital de 17,5 milhões de euros, passando a controlar 30% do grupo de ‘media’, o que implica também a redução das participações atuais dos empresários António Mosquito e Joaquim Oliveira (27,5% cada um), de Luís Montez (15%), do Banco Comercial Português (15%) e do Novo Banco (15%).

Segundo notícias recentes publicadas pela imprensa, António Mosquito e Joaquim Oliveira devem reduzir as suas participações para 20% e Luís Montez, Banco Comercial Português e Novo Banco para 10%. Esta injecção de capital vai também reflectir-se na nomeação de membros para o conselho de administração e a comissão executiva.

Internacionalização para a lusofonia

Segundo Paulo Rego, a nova “parceria” terá dois grandes focos: a “modernização tecnológica e os novos modelos de negócios digitais, [através da] migração do chamado jornalismo em papel para os novos modelos online”, e a “internacionalização do grupo para os mercados de língua portuguesa”.

Macau, não só pela origem do investimento mas também devido ao seu desígnio como plataforma entre a China e os países lusófonos, “é uma extensão natural” dessa internacionalização, explicou.

A Global Media divulgou entretanto um comunicado em que confirma a operação, sublinhando que “visa a internacionalização para os países lusófonos”. “Esta parceria permite promover a actuação da Global Media nos mercados de Macau, Angola, Moçambique e Brasil e implementar processos tecnológicos inovadores, incluindo a criação de uma plataforma física em Macau”, lê-se no comunicado.

De acordo com o mediador das negociações, a entrada de capital da KNJ vai permitir aumentar a capacidade de crescimento. “Há um claríssimo objetivo de crescimento. O aumento de capital significa que estamos todos convencidos que seremos capazes de criar valor para o grupo. Além da lógica de dividendos, há uma clara aposta na valorização do grupo, no crescimento da sua importância, no crescimento da sua geografia, na sua capacidade de abarcar os novos modelos de negócio”, afirmou.

KNJ diversifica activos

Para a KNJ, que não tinha até agora nenhum investimento em ‘media’, a entrada na Global Media faz parte de uma estratégia de “diversificação da carteira de activos”, através de “investimentos em sectores diferentes do imobiliário, onde a KNJ está mais focada”, que sejam “internacionalizáveis e possam ser relevantes no mundo da língua portuguesa”.

A Macau KNJ Investment Limited é liderada pelo empresário Kevin King Lun Ho e, segundo o registo comercial, foi fundada em 2012, dedicando-se ao investimento imobiliário, médico e de saúde, bem como à restauração.

Kevin Ho é sobrinho do antigo chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, e director do banco Tai Fung, entre outros investimentos.

O grupo Global Media é dono do Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, do desportivo O Jogo, do site Dinheiro Vivo, das revistas Volta ao Mundo e Evasões, além de marcar presença no Açoriano Oriental, Jornal do Fundão e Diário de Notícias da Madeira, entre outros.

A Global Media detém também duas gráficas, a Naveprinter, no Porto, e a participada Empresa Gráfica Funchalense, em Lisboa. O Grupo faz ainda parte da estrutura accionista da agência Lusa e das cooperativas VisaPress e Notícias Portugal.

11 Out 2016