Hoje Macau SociedadeAngela Leong concorda com proibição de entrada a croupiers nos casinos A deputada e administradora da Sociedade de Jogos de Macau disse ontem no hemiciclo que concorda com a vontade do Executivo em proibir os croupiers de jogarem nos casinos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, deputada e administradora-delegada da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), afirmou concordar com a proibição do acesso dos trabalhadores do sector do jogo a todos os casinos fora do horário laboral. Numa intervenção no plenário da Assembleia Legislativa (AL), a deputada eleita por sufrágio universal garantiu que a iniciativa merece todo o seu apoio e faz “votos de que sejam esclarecidos os respectivos objectivos e que a proposta de lei seja elaborada com toda a cautela, com vista à sua real e eficaz operacionalidade”. A Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos (DICJ) de Macau indicou haver um consenso quanto ao controlo do acesso dos trabalhadores do sector aos casinos fora das horas de serviço e “que se vai fazer todo o possível para apresentar a correspondente proposta de lei à AL antes do termo desta sessão”, de acordo com a deputada. “Nestes últimos anos, têm surgido, de quando em vez, notícias sobre trabalhadores de casinos viciados no jogo. Segundo vários relatórios de estudo sobre o assunto, os ‘croupiers’ são os mais expostos ao perigo da dependência”, sublinhou Angela Leong, para quem “os operadores do sector do jogo ganham bem, mas o seu trabalho é monótono, e a necessidade de fazer turnos limita as suas relações sociais”. Dinheiro nas mãos A isto “juntam-se as elevadas somas de dinheiro que lhes passam pelas mãos e a impossibilidade de atenuar o stress e de resistir à sedução do dinheiro, que os leva a apostar”, observou a deputada, apontando, por outro lado, que “também não são poucos os trabalhadores que consideram que a ordem de interdição de entrada nos casinos é uma discriminação”. Neste sentido, defendeu que “os serviços competentes devem auscultar as opiniões do sector e também as dos trabalhadores para pensarem novamente sobre como fazer a lei e conseguirem chegar a um consenso”. “O Governo deve reforçar as políticas sobre o jogo responsável, garantindo aos trabalhadores da indústria do jogo uma vida saudável, com vista a poderem contribuir, em boa forma, quer física, quer psicológica para o desenvolvimento sustentável da indústria do jogo de Macau”, sustentou Angela Leong, quarta mulher do magnata do jogo Stanley Ho. O Instituto de Acção Social (IAS) emite anualmente um relatório relativo ao “sistema de registo central dos indivíduos afectados pelo distúrbio do vício do jogo”, em que junta informação estatística sobre quem procura ajuda devido a problemas relacionados com o jogo, na tentativa de compreender hábitos e comportamentos. Em 2015, encontravam-se registadas 147 pessoas no sistema central, dos quais mais de 80% eram residentes de Macau. Aproximadamente 20% das pessoas empregadas que procuraram ajuda do Governo eram ‘croupiers’ (que trabalham em mesas de jogo dos casinos), de acordo com o documento publicado pelo IAS.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Lançada com êxito missão ao Espaço com dois astronautas Com o lançamento da nave tripulada “Longa Marcha 2F”, esta segunda-feira, a China continua a tentar aproximar-se da Europa e dos Estados Unidos nas conquistas espaciais [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou ontem com êxito a missão espacial tripulada Shenzhou-11, com dois astronautas a bordo, que deverão passar um mês no espaço, no laboratório Tiangong-2. O foguetão “Longa Marcha 2F” foi lançado sem problemas às 07:30 locais, a partir do centro de Jiuquan, na província de Gansu, no deserto de Gobi, segundo os responsáveis pela missão. Uma câmara colocada dentro da cápsula permitiu ver os dois astronautas, Jing Haipeng e Chen Dong, durante todo o lançamento e chegada à órbita terrestre. Esta é a sexta missão que a China envia para o espaço com astronautas a bordo e será a mais longa, se tudo correr como planeado. Os dois tripulantes da nave Shenzhou-11 permanecerão 33 dias em órbita. A missão anterior demorou 15 dias. Jing Haipeng, de 50 anos, faz a sua terceira viagem espacial e comanda a nave, levando consigo o estreante Chen Dong, de 37 anos. O principal objectivo da missão Shenzhou-11 é verificar o correcto funcionamento dos sistemas do laboratório Tiangong-2 e começar os preparativos para a futura estação espacial chinesa, que as autoridades de Pequim esperam ter a funcionar até 2022. Os dois astronautas farão ainda experiências científicas, que incluem projectos em colaboração com instituições académicas e outros propostos por estudantes do ensino secundário de Hong Kong sobre medicina, física espacial ou botânica. Pequim tem vindo a investir no seu programa espacial, na tentativa de acompanhar os progressos dos Estados Unidos da América e da Europa. Anunciou em Abril que quer enviar uma nave espacial “perto de 2020” para orbitar Marte, aterrar e colocar um ‘rover’ para explorar a superfície do Planeta Vermelho. Pequim vê o programa espacial como um símbolo do progresso da China e da sua emergência como potência mundial. No entanto, até agora, tem reproduzido apenas actividades em que os Estados Unidos e a União Soviética foram pioneiros há várias décadas. Parabéns presidenciais O presidente chinês Xi Jinping enviou uma mensagem de felicitações pelo lançamento bem-sucedido da nave espacial tripulada. Xi expressou enviou mensagens de parabéns a todos os investigadores e funcionários envolvidos na missão assim como aos astronautas. Pediu que os funcionários da missão garantam a boa realização das metas planeadas, encorajando-os a “abrir novos caminhos de forma constante para o programa espacial tripulado, para que o povo chinês dê maiores passos e avance mais na pesquisa do espaço, e faça novas contribuições para construir a China numa potência espacial”, relata a Xinhua. O Presidente chinês enviou a mensagem de Goa, onde participou na 8º Cimeira dos BRICS.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Comité especial debatee abdicação do imperador [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comité estabelecido pelo governo do Japão para estudar a abdicação do imperador Akihito começou ontem a deliberar opções para dar andamento à situação, que não consta na Constituição do país. O comité especial foi formado em Setembro, depois do monarca, de 82 anos, ter expressado publicamente o desejo de delegar o trono ao seu filho Naruhito antes da sua morte, devido à idade saúde delicada. O que sair do grupo de especialistas pode abrir caminho para reformar o papel da Casa Imperial, instituição submetida a uma estrita legislação que não é modificada desde 1947. O governo quer que este comité envie o mais breve possível uma série de recomendações para poder activar uma legislação especial que não requeira uma emenda da Constituição, processo que actualmente é longo e complexo demais, para cumprir os desejos de Akihito. Apesar de só a abdicação póstuma estar prevista na lei vigente de 1947, no passado metade dos 125 imperadores que ocuparam o trono puderam deixar o trono. O objectivo do governo japonês é apresentar o projecto de lei específico ao parlamento no começo de 2017, para permitir a abdicação do imperador, algo que a maioria dos cidadãos parece aprovar nas pesquisas efectuadas. A saúde do imperador Akihito ficou debilitada nos últimos anos, já que se submeteu a uma operação coronária de “by-pass” em 2012 e sofreu de cancro de próstata em 2003, e ainda teve osteoporose devido ao efeito do tratamento hormonal que lhe foi receitado.
Hoje Macau China / ÁsiaEleições de 2017 na Tailândia vão para a frente Num momento de incerteza política, a imprensa do país garante que a junta militar vai cumprir com a palavra dada. As eleições gerais que podem devolver o poder aos civis estão marcadas para o próximo ano [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] morte do rei tailandês não vai afectar a realização das eleições do próximo ano planeadas pela junta militar no poder. A garantia é dada pela imprensa do país, numa altura em que os tailandeses lamentam a morte do rei Bhumibol, que esteve sete décadas no trono. O desaparecimento do monarca, na passada semana, tem causado fortes dúvidas sobre o destino político do país. A junta militar prometeu eleições gerais para 2017, para que o poder executivo possa voltar a ser exercido por civis, mas a instabilidade gerada pela morte do rei levou a que tivesse sido colocada a possibilidade de um adiamento do sufrágio – uma hipótese que é afastada pelo Bangkok Post. “O Governo reafirmou o compromisso em relação ao roteiro para as eleições gerais agendadas para o final do próximo ano”, escreve o diário da capital. À agência Reuters, um porta-voz da junta militar declinou fazer comentários. “Esta não é a altura apropriada para discutir política”, afirmou Weerachon Sukondhapatipak. O rei Bhumibol ganhou a devoção dos tailandeses pelos esforços feitos para ajudar as zonas rurais empobrecidas, incluindo projectos de desenvolvimento do sector agrícola. Era ainda visto como uma figura consensual num país marcado por uma forte instabilidade política. A junta militar veio assegurar, logo depois da morte do rei, que a economia e o Governo vão continuar a funcionar de forma normal. “Vai tudo continuar a ser feito de acordo com o planeado”, vincou o vice-primeiro-ministro Wissanu Krea-ngam numa entrevista transmitida, no final da passada semana, pela emissora estatal de televisão. Entretanto, a Reuters conta que o Governo tem aumentado a censura aos órgãos de comunicação social estrangeiros desde a morte do rei, com destaque para a estação de televisão BBC, que sofreu várias interrupções durante o passado fim-de-semana. O chefe da diplomacia tailandesa criticou a cobertura ao desaparecimento do monarca feita pelos media estrangeiros, dizendo que as reportagens de alguns têm “natureza manipuladora e provocadora”. As autoridades declararam um ano de luto oficial pela morte do rei. O príncipe herdeiro, Vajiralongkorn, pediu para a sua coroação ser adiada até estar cumprido o período de luto. Na terça-feira da semana passada, dois dias antes da morte do rei, o Governo recebeu a proposta final para a nova Constituição do país, aprovada em Agosto num referendo e que para entrar em vigor terá de ser ratificada pelo rei do país. A junta militar, no poder desde o golpe de Estado de Maio de 2014, colocou como condição para convocar eleições e restabelecer a democracia a aprovação da nova Constituição. No domingo, a junta militar expressou lealdade ao príncipe herdeiro, para acabar com a incerteza sobre a sucessão ao trono.
Hoje Macau PolíticaEnquadramento orçamental e revogação legislativa na ordem do dia da AL [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) de Macau regressa esta semana aos trabalhos apreciando a prometida proposta de lei de Enquadramento Orçamental, que prevê a apresentação de um relatório intercalar da execução. O diploma, que vai ser debatido e votado na generalidade na terça-feira, vem determinar a apresentação ao hemiciclo de um relatório intercalar de execução, até 10 de Agosto de cada ano; e do relatório da execução orçamental do PIDDA (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração), no prazo de 30 dias após o termo de cada trimestre. Quando da proposta de orçamento, que tem de ser apresentada em Novembro, constarem despesas relativas a projectos que impliquem encargos plurianuais, o Governo é também obrigado a facultar aos deputados dados adicionais, como o encargo total previsto ou estimado para cada um dos projectos, bem como as parcelas respeitantes ao do ano do orçamento em causa e, com carácter indicativo, de cada um dos anos subsequentes. A nova lei do Enquadramento Orçamental, que tem entrada em vigor prevista para 2017, vem ainda definir que o valor da dotação provisional (exclusivamente destinada a situações imprevistas) não pode exceder 3% do total das despesas orçamentadas. De acordo com a nota justificativa enviada aos deputados, o diploma tem como “ponto essencial” a “atribuição de maior transparência da operação financeira pública”. Leis que já não servem Na ordem do dia do plenário de terça-feira há ainda a apresentação e votação, também na generalidade, de uma proposta de lei de “determinação de não-vigência das leis e decretos-leis publicados no período compreendido entre os anos de 1976 e 1987”. O Governo de Macau concluiu os trabalhos de análise técnica das leis e decretos-leis (num total de 2.123 diplomas) publicados entre 1976 e 19 de Dezembro de 1999, dia da transferência do exercício de soberania de Macau de Portugal para a China, enumerando os diplomas ainda em vigor. “Existem certos diplomas que embora ainda estejam em vigor, já estão desactualizados e deixaram, na realidade, de ser aplicados ou não têm, de facto, razão de existir”, pelo que “o grupo de trabalho sugere também que sejam revogados expressamente, pretendendo-se assim dar mais um passo na simplificação do sistema normativo de Macau”, lê-se na nota justificativa. A sessão legislativa 2016/17 começa, no entanto, esta segunda-feira, com um plenário com dois pontos na ordem do dia: a apresentação do Relatório sobre a Execução do Orçamento de 2015 e do Relatório de Auditoria de Conta Geral de 2015; e do projecto de deliberação do plenário relativo à proposta do Orçamento Privativo da AL para 2017.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Da fábrica de aço a motorista da Uber [dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]iao Yu tinha uma “tigela de ferro” (expressão em chinês para emprego vitalício), numa firma do Estado, que lhe valia 4.000 yuan (quase 550 euros) por mês. No início deste ano, a sua vida mudou. “A empresa acumulava prejuízos e deixou de pagar aos trabalhadores. Demiti-me e vim para Pequim”, contou à agência Lusa o jovem chinês de 29 anos, natural da província de Hebei. “Agora, sou motorista da Uber”. Antes de partir rumo à capital, Xiao trabalhou na indústria siderúrgica, um dos sectores mais afectados pelo excesso de capacidade de produção na China. O país asiático produz mais aço do que os outros quatro gigantes do sector – Japão, Índia, EUA e Rússia – combinados. Bruxelas e Washington culpam a produção chinesa, que dizem estar “completamente descoordenada” da procura do mercado, pela queda do preço do aço, o que coloca em risco milhares de emprego na Europa e EUA. Em Fevereiro passado, Pequim anunciou que reduzirá a capacidade de produção do sector até 150 milhões de toneladas, nos próximos anos. Na indústria do carvão, alumínio ou cimento, o panorama é idêntico, e o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social da China calcula que, até 2020, só nas indústrias do aço e carvão, o país extinguirá 1,8 milhão de postos de trabalho. Mas o Governo chinês prefere falar em “transição do modelo económico” e apela a uma “visão compreensiva” da economia chinesa. “Uma visita a uma unidade da indústria pesada talvez dê a impressão de que a economia está a enfraquecer, mas numa zona tecnológica sente-se pujança económica”, argumentou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Março passado. Na prática Xiao Yu personifica esse cenário. “A trabalhar com a Uber ganho 13.000 yuan por mês. Deduzindo os gastos com gasolina, fico com 8.000 yuan “, contou. É um valor duas vezes superior ao que Xiao ganhava na fábrica de aço, justificado também pelas longas jornadas ao volante: “em média, trabalho 15 horas por dia”.”Mas é a vantagem da Uber: cria emprego para quem de outra forma não teria sustento”, explicou. A terra natal de Xiao, Handan, no interior de Hebei, foi durante décadas um importante marco da industrialização chinesa. “A cidade antiga de Handan deve rejuvenescer como a capital do aço”, proclamou o antigo líder comunista, Mao Zedong, em 1958, no início do “Grande Salto em Frente”, uma campanha que visou “acelerar a transição para o comunismo”, através da colectivização da agricultura e a mobilização da população para a produção de aço. Aquela campanha acabaria por se revelar um desastre, mas as estatais do sector siderúrgico fundadas na região ganhariam novo ímpeto décadas mais tarde, com a entrada da China na globalização. O país asiático absorveu então as indústrias “sujas” do ocidente, atraídas pela mão-de-obra barata e falta de regulamentos ambientais.Um exemplo emblemático desse processo é o alto-forno utilizado pela Handan Iron and Steel, a principal produtora de aço de Handan. Nos anos 1990, a estrutura foi desmantelada e enviada, peça por peça, desde o Vale do Ruhr, na Alemanha, onde durante o século XX foi utilizada pela ThyssenKrupp, a maior fabricante de aço germânica. Hoje, Handan é uma das cidades mais poluídas da China, com o seu céu quase sempre coberto por um espesso manto de poluição. As partículas tóxicas no ar, contudo, deixaram de ser o único problema em Handan: “Agora, é também muito difícil encontrar lá emprego”, disse Xiao. “Para quem trabalha nas indústrias do aço e mineração é cada vez mais difícil garantir sustento”, explicou. Da última vez que falou com a Lusa, Xiao tinha acabado de se mudar de Pequim para Qingdao, cidade balnear, na costa noroeste do país, que foi no passado uma concessão alemã e famosa pelo seu festival de cerveja anual. Através do Wechat (o Whatsapp chinês) o jovem enviou uma foto do mar. “Aqui, os salários não são altos, mas o céu está sempre azul. Em Pequim ou em Handan, o céu está quase sempre enegrecido”, observou.
Hoje Macau China / ÁsiaAngola | Chineses arrancam com reabilitação de barragem [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] obra de reabilitação e reforço de potência no aproveitamento hidroeléctrico no rio Luachimo, construída ainda no período colonial português na província angolana da Lunda Norte, financiada por um banco chinês, vai permitir fornecer electricidade a 186.371 famílias. O anúncio foi feito pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, de visita à província e que na quinta-feira consignou a empreitada, avaliada em 210 milhões de dólares, à empresa China Gezhouba Group Company (CGGC). A barragem data de 1958, no tempo colonial português, construída então para servir sobretudo o sector mineiro, e a obra de reforço de potência da barragem que agora arranca permitirá fornecer electricidade, dentro de três anos, à cidade do Dundo e a outras localidades vizinhas. O plano do Governo angolano para o sector eléctrico daquela província diamantífera no interior norte do país compreendia, numa primeira fase, a reabilitação e o reforço da produção de energia em Luachimo, de oito para 36 megawatts, bem como a recuperação de nove antigas subestações eléctricas do tempo colonial, paralisadas há 30 anos. Grande empreitada A Lusa noticiou em Agosto último que esta empreitada vai ser financiada em 160 milhões de euros pelo banco chinês Industrial and Commercial Bank of China (ICBC). A informação consta de um documento do Ministério das Finanças a que a Lusa teve acesso, referente à execução orçamental nos primeiros três meses de 2016, referindo com isso que já este ano foi garantido o financiamento junto do ICBC para cobrir 85 por cento do investimento necessário. A empresa portuguesa COBA foi contratada em Agosto de 2014, por 7,5 milhões de euros, para elaborar o projecto de execução, assistência técnica especial, aprovação de projectos dos equipamentos electromecânicos e eléctricos da barragem. Envolve, além da reabilitação e reforço de potência, a construção de uma segunda central, sendo justificada pelo Governo angolano face às “projecções de crescimento da procura de energia eléctrica” no país, a médio e a longo prazo, e em função disso pela “necessidade de aumento acentuado da capacidade de produção”. A obra tem uma duração prevista de 37 meses, e a também portuguesa Efacec foi contratada em 2014, por 83 milhões de dólares, pela NIARA POWER, enquanto subcontratada da companhia chinesa CGGC, responsável pela empreitada, para fornecer equipamentos geradores. Envolverá globalmente a reabilitação dos equipamentos da barragem já existente e a construção de uma nova central hidroeléctrica, que será equipada com quatro novos grupos geradores de nove megawatts cada um.
Hoje Macau Diário (secreto) de Pequim h | Artes, Letras e IdeiasPequim, 7 de Julho de 1978 António Graça de Abreu [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Sporting está na China. Depois de vencer o Porto por 2-1, na final da Taça de Portugal aí veio a rapaziada verde a caminho de Pequim. Trouxeram uma grande comitiva, 41 personagens entre jogadores, dois árbitros, fotógrafos, jornalistas e figuras públicas Como não há ainda relações diplomáticas, foi o PCP (m-l), único partido reconhecido pelo PC chinês, quem mexeu os cordelinhos para a concretização da viagem e, para dar sequência ao trabalho, cá estão os militantes Carlos Ricardo e Mourato Costa, meus amigos nas lides partidárias em Lisboa, com o disfarce de serem dirigentes da ADAPC (Associação Democrática de Amizade Portugal-China). O Eduíno Gomes (Vilar), secretário-geral do PCP (m-l), também é um grande sportinguista. Tudo tem funcionado quase na perfeição. Veio também o Veiga Simão, antigo ministro da Educação de Marcelo Caetano e ex-embaixador na ONU e hoje próximo do PS, como uma espécie de chefe da delegação desportiva, mas com uma missão política semi-secreta, a de entregar uma carta do nosso presidente Ramalho Eanes endereçada ao Hua Guofeng ou ao Deng Xiaoping saudando os homens mais poderosos da China e solicitando os bons ofícios de ambos para o rápido restabelecimento das relações diplomáticas. O futebol foi divertido, uma vitória de 2 a 0 sobre a selecção da China e um empate 0 a 0 com a equipa de Pequim. Os chineses já dão uns bons chutos na bola e gostei de ver o Estádio dos Operários de Pequim cheio como um ovo, eram mais de 100 mil chineses entusiasmados, a aplaudir. No fim do segundo jogo tive a sorte de regressar do estádio para o hotel Pequim — onde os jogadores e comitiva estão alojados –, viajando no autocarro juntamente com os craques verdes, o Manuel Fernandes, o Inácio, o Laranjeira, o Artur, o Jordão (que chegou de canadianas à China, por estar em recuperação de uma perna partida). O presidente João Rocha, que percebeu viver eu em Pequim, veio, em privado, fazer-me uma pergunta singular. Queria saber onde poderia comprar uns pós chineses, milagrosos, que faziam maravilhas no revigoramento sexual masculino. Não era para ele, tinha sido o pedido de um amigo. Eu até pensei que poderia ser para dar aos jogadores que assim ocupariam melhor os tempos livres. Creio que se tratava de uma mezinha explosiva elaborada a partir de corno de rinoceronte, produto caro, às vezes falsificado, de facto à venda em farmácias de medicina tradicional chinesa, mas eu não era especialista na matéria. Disse ao João Rocha para falar com os intérpretes da comitiva, eles próprios poderiam tratar da compra da droga benfazeja. Ignoro qual foi o resultado. . No estádio dos operários toda a equipa do Sporting foi recebida e cumprimentada pelo general Chen Xilian (1915-1999), um velho combatente da guerra contra o Guomindang de Chiang Kai-shek (participou na Longa Marcha!) e contra os japoneses, hoje membro do Politburo do Partido Comunista da China, comandante militar de Pequim e um dos vice-primeiros ministros. Tudo isto é sinal da importância que os chineses deram à visita do Sporting, alargando a via que conduzirá em breve ao estabelecimento das relações diplomáticas. Beidaihe, 21 de Julho de 1978 Estou na praia, de férias, com a gente das Edições em Línguas Estrangeiras, em Beidaihe, numa estância balnear duzentos quilómetros a nordeste de Pequim. A vila abre-se numa sucessão de pequenas baías no mar de Bohai — águas interiores do grande Oceano Pacífico –, aconchegadas pela natureza, as areias ao sabor de marés docemente recatadas. Na vinda, o comboio atravessou a cidade de Tangshan arrasada pelo tremor de terra em Julho de 1976. Há dois anos atrás, a China Comunista foi abalada pela morte dos seus três maiores governantes, morreram as pessoas, as inteligências sinuosas, os homens que encabeçaram o longo processo revolucionário que, em 1949, culminou com a fundação da República Popular da China. Em Janeiro de 1976 faleceu o primeiro-ministro Zhou Enlai, o companheiro sempre fiel a Mao que pôs em execução quase todas as medidas políticas que, para o bem e para o mal, modelaram a Nova China. Em Junho, chegou a hora final do marechal Zhu De (Chu Teh), o supremo comandante militar e estratega da revolução chinesa. Em Setembro, desapareceu para sempre Mao Zedong, o revolucionário determinado e implacável que levou a nau da revolução comunista a bom porto e depois, como timoneiro, foi protagonista de devastadores naufrágios. O terramoto de Tangshan, cidade situada a setenta quilómetros das praias de Beidaihe, provocou 260.000 mortos numa urbe habitada por um milhão de pessoas. 1976 foi o ano do Dragão, com convulsões na terra chinesa, centenas de milhares de mortos, o desaparecimento dos três maiores dirigentes do Partido e do Estado, tudo sinais dolorosos da chegada ao fim de uma época. A China começou a mudar. Há três dias atrás, ao passar por Tangshan, atravessei ainda um gigantesco amontoado de ruínas. O comboio caminhou ao longo de três ou quatro quilómetros entre o que haviam sido ruas, casas, armazéns e complexos industriais. Tudo devastado, destruído, paredes solitárias, escombros, estruturas retorcidas, pedras e mais pedras amontoadas no sopé das habitações de outrora. Os olhos diante da catástrofe e da morte. Chego a Beidaihe. Trouxe a minha bicicleta que viajou no furgão do comboio e me foi entregue impecavelmente protegida por tiras de cartão canelado. Sou alojado num complexo turístico destinado a quadros do Partido Comunista. Dá para comprovar — para o meu cada vez menos ingénuo espanto –, as mordomias e privilégios de que se rodeiam os homens importantes, ou tidos como tal, dentro do aparelho de Estado. Têm direito a muitos luxos, habitações confortáveis, seguranças pessoais, criados e criadas. Destinam-me um quarto espaçoso, meio espartano mas confortável e funcional, com um jardinzinho à frente, logo depois a praia de areia fina. Mergulhos nas águas tépidas do Oceano Pacífico, caminhar ao longo do recorte das baías, pelas bermas do mar, encontrar os pescadores que ao entardecer saem para a pesca e, de noite, pintalgam a superfície do oceano com as luzes fortes suspensas dos lampiões dos barcos descendo sobre a água, para chamar o peixe. Tenho bicicleta e rodas para andar. Quilómetros e quilómetros a pedalar pelas estradinhas em volta de Beidaihe, para entrar por dentro de aldeias de camponeses, por milheirais, campos de sorgo, para beber uma chávena de chá com esta gente, fotografar velhos e crianças, e continuar viagem. Subo ao pavilhão da Pomba Branca. Do alto, debruçado sobre o oceano, o sucessivo estendal das ondas, as águas avançando num rendilhado suave sobre as areias da praia, a imensidão do oceano e um poema que Mao Zedong escreveu exactamente aqui, neste torreão sobre o mar, no Verão de 1954. Traduzo: Beidaihe Cascatas de chuva nas terras do norte, ondas brancas sobem até ao céu. Os barcos de pesca, para além de Qinhuangdao, desapareceram no imenso oceano. Navegaram para qual lugar? Há mil anos, Wu, o imperador de Wei brandiu o chicote, viajou para Jieshi, a leste. Da sua viagem permanecem apenas os poemas. Hoje, o vento de Outono ainda me entristece, mas como o mundo mudou…
Hoje Macau SociedadeUM | Departamento de Português com metas ambiciosas O departamento de português da universidade de Macau apresenta através do novo director, Yao Jingming, um conjunto de medidas para pôr o Português de qualidade na ordem do dia no ensino daquela instituição [dropcap style≠’circle'”O[/dropcap] novo director do departamento de Português da Universidade de Macau, Yao Jingming, promete várias novidades, desde um centro de formação de professores, produção de material didáctico, planos de leitura a um centro de tradução. “Estamos a trabalhar muito para tentar trazer algumas mudanças ao departamento de Português”, disse à Lusa o também poeta e tradutor, que assumiu o novo cargo em meados de Agosto. A lista de projectos acaba por se revelar extensa. O académico espera em breve pôr em funcionamento um centro de ensino e formação de professores, que trabalha em parceria com o Fórum Macau e com outras faculdades da Universidade de Macau (UM). Pretende ainda uniformizar os manuais utilizados e está a trabalhar na criação, pela primeira vez, de materiais didácticos próprios. Está também na calha a criação de um centro de tradução que funcione com entidades externas à UM e vai avançar com um plano de leitura lusófona. Yao explicou que o Centro de Ensino e Formação em Língua Chinesa e Portuguesa, além de pensado para servir os alunos do departamento, pretende oferecer formação a professores de Português locais e da China. “Muitos professores são jovens, não têm experiência suficiente e, por isso, precisam de formação”, disse. O centro, que Yao espera que esteja a funcionar em 2017, será também vocacionado para o “apoio linguístico” a cursos profissionalizantes ou intensivos para alunos ou quadros de países lusófonos, quer de outras faculdades da UM, quer os ministrados pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau. Em relação aos materiais de ensino, já fez arrancar a produção de uma gramática de língua portuguesa, “tendo em conta as características dos alunos locais”, e um livro sobre cultura dos países lusófonos, sendo esta a primeira vez que o departamento o faz. Tal é “muito importante”, já que os alunos “querem ter materiais sistemáticos, correntes, para estudar passo-a-passo”. Enquanto esta produção não é finalizada, foram já uniformizados os materiais didácticos, para quebrar com o padrão de “cada um ensina à sua maneira”. Proximidade cultural Este é um dos pontos em que Yao concede que o facto de ser um chinês – o primeiro a dirigir o departamento – pode ser uma mais-valia: “Se calhar, como chinês, conheço melhor as características dos alunos, a maneira de ser deles, as dificuldades que encontram. Para nós não é uma língua fácil de aprender. Por isso estamos a fazer algumas mudanças, a uniformização de programas ou de materiais, porque assim os chineses conseguem estudar de forma mais sistemática. Tudo tem de estar claro, em vez de ‘Olha uma fotocópia, amanhã é outra fotocópia’. Isso causava alguma confusão”. Em elaboração está também um plano de leitura que “se calhar vai ser uma coisa obrigatória” e inserida na avaliação contínua. “Cada aluno tem de ler um número determinado de títulos”, explica, indicando que a lista de obras está agora a ser elaborada. Eduardo Lourenço, obrigatório Um autor que constará da lista é Eduardo Lourenço, que Yao já recomenda aos seus alunos de mestrado. “Através de qualquer livro dele vão ficar a conhecer muito mais, não só sobre a história, mas o pensamento e a maneira de ser dos portugueses”, disse. Yao propõe ainda a criação de um núcleo de tradução. A ideia surgiu no seguimento de um projecto em que está envolvido, de tradução de clássicos da literatura em chinês e português, apoiado pelo Governo central da China. As obras portuguesas, entre 16 ou 18, vão ser as primeiras a ser traduzidas, de autores como Camões, e Fernando Pessoa, mas também contemporâneos como António Lobo Antunes, Gonçalo M. Tavares e José Luís Peixoto. Numa fase posterior, serão traduzidas obras chinesas para português, um “desafio ainda maior” já que “quase não há sinólogos em Portugal que possam assumir esse trabalho de tradução”.
Hoje Macau Manchete“Os Resistentes – Retratos de Macau” #1 Sapataria Wong Lam Kei • 1946 “Os Resistentes – Retratos de Macau” de António Caetano Faria • Locanda Films • 2014 Realizador e Editor: António Caetano Faria Produtores: Tracy Choy e Eliz L. Ilum Câmara e Cor: Gonçalo Ferreira Som: Bruno Oliveira Assistente de Câmara: Nuno Cortez-Pinto Editor Assistente: Hélder Alhada Ricardo Sonorização e Mistura de Som: Ellison Keong Música: Orquestra Chinesa de Macau – “Capricho Macau” de Li Binyang
Hoje Macau SociedadeJunket de Macau que fugiu com dinheiro está no Vietname [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m antigo junket de Macau, desaparecido desde 2014, depois de alegadamente ter desviado fundos dos investidores, foi encontrado no Camboja, revelou a World Gaming Magazine (WGM). De acordo com a revista especializada, a informação foi avançada pela Macau Gaming Information Association (MGIA), que indicou que o antigo angariador de grandes apostadores para os casinos foi levado para Ha Long Bay, no Vietname, onde se encontra sob ‘custódia’ de representantes dos credores. Huang Shan é suspeito de ter protagonizado um dos golpes mais mediáticos que minou a confiança nos junkets ao ter alegadamente fugido com um valor estimado na altura em até dez mil milhões de dólares de Hong Kong. O caso ocorreu em Abril de 2014, nas vésperas da primeira queda das receitas dos casinos de Macau. Accionista do grupo Kimren – que operava na altura salas VIP nos casinos Grand Lisboa, StarWorld, Altira e MGM – é suspeito de ter enganado os investidores oferecendo-lhes retornos mais elevados comparativamente a outros junkets. Peças fundamentais nos casinos, dada a tradicional elevada dependência do segmento VIP, os junkets têm atravessado um período conturbado provocado por diversos factores, desde o golpe de confiança infligido por uma série de desfalques às crescentes restrições de movimentos de capital da China, passando pelo abrandamento económico chinês e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim. Embora sem o fluxo de outrora, o segmento VIP ainda gera mais de metade das receitas dos casinos de Macau, capital mundial do jogo e o único lugar na China onde os casinos são legais. As receitas do jogo, pilar da economia de Macau, estiveram em queda durante mais de dois anos, de Junho de 2014 a Agosto deste ano.
Hoje Macau SociedadeEdição deste ano da MIF tem Portugal como país parceiro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] edição deste ano da Feira Internacional de Macau, de 20 a 22 de Outubro, tem Portugal como “país parceiro”, estando previsto um seminário para apresentar o país como “plataforma atlântica” para investimentos na Europa, foi ontem anunciado. A MIF (a sigla em Inglês por que é conhecida a feira de negócios de Macau) estreia nesta 21.ª edição a figura do “país parceiro”, que terá direito a um “pavilhão temático” na entrada do espaço, ao lado do pavilhão da “cidade parceira” (Pequim). No total, os dois pavilhões dos parceiros terão 800 metros quadrados, “mostrando a cultura, a história e divulgando informações sobre o ambiente de investimento e a situação económica mais recentes destes dois locais, de forma a que os visitantes sintam os carismas de Portugal e de Pequim logo que entrem”, segundo divulgou num comunicado o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), a entidade que organiza a MIF. A MIF contará ainda com uma “exposição de produtos e serviços” dos países lusófonos e um pavilhão de mostra e venda de produtos dos países de língua portuguesa. No ano passado, Portugal teve na MIF a sua maior representação de sempre, com 120 empresas dentro de um total de 133 entidades nacionais, quase o dobro de 2014. Este ano, a MIF conta com a participação de mais de 50 países e regiões, representados em mais de 1600 stands, segundo o comunicado de do IPIM. Do programa da 21.ª MIF, disponível na página oficial da feira na internet, fazem ainda parte fóruns e conferências, incluindo um seminário organizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AIECP), dedicado ao tema de Portugal como “plataforma atlântica” para investir na Europa.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim pode usar Base das Lajes para pesquisa científica [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, admitiu que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não militares. “Temos um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas respeitamos a decisão” dos norte-americanos, disse António Costa numa entrevista difundida hoje pela agência de informação financeira Bloomberg. “A base nos Açores é muito importante em termos militares, mas também em termos de logística e tecnologia e pesquisa nas águas profundas e de alterações climáticas”, disse António Costa. Perante a insistência do jornalista da Bloomberg sobre a utilização da base aérea pela China, Costa admitiu: “Claro que é uma boa oportunidade para criar uma plataforma de pesquisa científica e estamos abertos a cooperação com todos os parceiros, incluindo a China”. O primeiro-ministro vincou, no entanto, que “o uso militar da base não está em cima da mesa, o que está em cima da mesa é reutilizar a infra-estrutura para fins de pesquisa”. “Seria uma enorme pena não usar a infra-estrutura, e se não para fins militares, porque não para pesquisa científica”, questionou o chefe do Executivo no final da entrevista. Mo man Tai Antes, já António Costa tinha garantido que Portugal não tem qualquer problema com os investimentos chineses, que classificou de muito positivos para a economia. “Portugal tem sido sempre uma economia aberta, e o investimento chinês tem sido muito positivo, particularmente no sector financeiro, mas também na energia e noutros, por exemplo, o investimento chinês permitiu recapitalizar os nossos bancos”, disse António Costa. Sobre a banca, disse aliás que “no final do ano esperamos ultrapassar os problemas com os bancos” e ter “uma solução com crédito malparado”. Questionado sobre se está confortável com a diversidade de áreas em que o investimento da segunda maior economia do mundo tem estado a ser feito, António Costa disse sentir-se “bastante confortável” e exemplificou que também há investimento avultado de Espanha e Angola. “Queremos uma economia aberta, queremos diversificar as fontes de investimento, e vemos isso como uma vantagem e não como uma desvantagem”, vincou o chefe do Governo. Questionado sobre as consequências da saída do Reino Unido da União Europeia, Costa disse estar “confiante de que as relações centenárias entre os dois países vão permanecer fortes”.
Hoje Macau China / Ásia MancheteTailândia | Morreu o rei Bhumibol Adulyadej [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, morreu ontem aos 88 anos, anunciou o palácio real, num culminar de uma série de problemas de saúde que se arrastavam há quase um ano. “Às 15:52, morreu pacificamente no hospital Siriraj”, refere um comunicado. “A equipa médica foi inexcedível, mas a sua condição deteriorou-se”, acrescentou a nota do palácio real. Todas as cadeias de televisão interromperam a emissão e transmitiram um anúncio especial, que começou com imagens a preto e branco do rei. Um homem, de fato e camisa pretos, leu a mesma declaração, divulgada minutos antes. A 9 de Outubro, o palácio real tinha anunciado que o estado de saúde do monarca tailandês “não estava estabilizado” e tinha sido colocado sob respiração assistida, depois de a tensão arterial ter baixado quando estava a ser preparado para diálise e mudança de um dreno. Durante os últimos meses, o palácio real publicou regularmente comunicados sobre o estado de saúde do rei, que sofria de insuficiência renal. Nos últimos dois anos, Bhumibol Adulyadej esteve quase sempre hospitalizado devido a infeções bacterianas, dificuldades respiratórias, problemas cardíacos e hidrocefalia – acumulação de líquido cefalorraquidiano no cérebro. Adorado e venerado Bhumibol Adulyadej chegou ao poder em 9 de Junho de 1946, depois da morte do irmão mais velho, o rei Ananda Mahidol, vítima de um acidente com arma de fogo, no palácio real de Banguecoque. O acidente ficou até hoje por explicar. No início do reinado, já depois da abolição da monarquia absoluta no país, em 1932, o papel do rei foi ensombrado por uma série de líderes militares fortes. Mas com o apoio de outros membros da família real e alguns generais, Bhumibol Adulyadej fortaleceu o papel da monarquia, com uma série de visitas às províncias mais remotas e através de numerosos projectos de desenvolvimento agrícola. Apresentado como um semideus e benfeitor da nação, as suas imagens são omnipresentes no país e o culto da personalidade foi reforçado após o golpe de Estado de 22 de Maio de 2014, realizado pelos militares em nome da defesa da monarquia. Sem qualquer prerrogativa constitucional, Bhumibol Adulyadej exerceu uma enorme autoridade moral e foi sempre visto como a única personalidade capaz de unir os tailandeses. Oficialmente, o rei está acima da política, mas Bhumibol interveio em alturas de grande tensão – 1973, 1981 e 1992 -, assistindo a numerosos golpes militares, 19 constituições e ainda mais primeiros-ministros, para encontrar soluções não-violentas em algumas crises. Alguns críticos contestaram esta versão e argumentaram que Bhumibol Adulyadej apoiou golpes militares e, por vezes, não denunciou violações dos direitos humanos. Cada vez mais fraco e doente, o rei assistiu em Maio de 2014 a mais um golpe de Estado, que colocou no poder o general Prayuth Chan-o-cha. Três meses depois, em Agosto, o rei apoiou formalmente Prayuth no cargo de primeiro-ministro. Nascido em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), Bhumibol Adulyadej viveu e estudou na Suíça até final da Segunda Guerra Mundial. Em 2006, recebeu do então secretário-geral da ONU Kofi Annan o primeiro prémio de mérito de Desenvolvimento Humano. Bhumibol Adulyadej era o monarca há mais tempo no poder e venerado na Tailândia, onde é visto como uma figura unificadora no país marcado por rivalidades políticas. O herdeiro do trono da Tailândia é o príncipe Maha Vajiralongkorn, de 64 anos, que tem vivido grande do tempo no estrangeiro e não tem gozado do mesmo consenso que o seu pai. Há quem preveja tempos difíceis no reino do Sião.
Hoje Macau EventosBob Dylan ganha prémio Nobel da Literatura [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Prémio Nobel da Literatura foi esta quinta-feira atribuído em Estocolmo a Bob Dylan. O músico norte-americano tornou-se o 113.º escritor a receber o mais cobiçado prémio literário do planeta. “Por ter criado novas formas de expressão poética no quadro da grande tradição da música americana”, foi assim que a Academia Sueca justificou a entrega do Nobel ao cantor norte-americano. É o primeiro norte-americano a ganhar o prémio desde Toni Morrison, em 1993. Mais relevante, porém, é o facto de, depois de vários anos em que o seu nome foi avançado como possível vencedor, a atribuição do Nobel a Dylan servir como legitimação literária da canção popular, de que o cantor de Blowing in the wind é um dos maiores representantes. Não por acaso, Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, reconhecendo que a distinção de alguém cujo ofício é o das canções pode ser controverso, manifestou a esperança de a Academia não ser criticada pela escolha. “The times they are-a changing, perhaps” (“Talvez os tempos estejam a mudar”), afirmou, citando o título de uma das mais famosas canções de Dylan. Nascido em Dulluth, no Minnesota, a 24 de Maio de 1941, Bob Dylan foi uma figura fulcral na revolução musical e cultural da década de 1960. Partindo da tradição folk, blues e country americanas, mas transportando-a para uma nova era de convulsão política e agitação social, levou a palavra, como nunca antes, para o centro da criação pop. Assinou 37 álbuns desde a estreia homónima em 1962. Fallen Angels, editado em 2016, é o último até ao momento. Tecnicamente, esta não é a primeira vez que um músico é distinguido com o Nobel da Literatura. Em 1913, o indiano Rabindranath Tagore recebeu a distinção. Bob Dylan, porém, é o primeiro Nobel da Literatura cujo ofício se centra num campo exterior ao literário. Isso explicará não só a surpresa com que o anúncio do prémio foi recebida, mas também a polémica que se desencadeou, com várias vozes a questionarem a justiça da distinção. Poucos terão sido mais cáusticos que o romancista escocês Irvine Welsh. “Sou fã de Dylan, mas isto é um prémio nostálgico mal amanhado, arrancado das próstatas rançosas de hippies senis e gaguejantes”, escreveu na sua conta de Twitter. Salman Rushdie não podia estar mais em desacordo. Igualmente no twitter, defendeu o prémio em três frases: “De Orfeu a Faiz, canção e poesia têm estado intimamente ligados. Dylan é o brilhante herdeiro da tradição dos bardos. Uma grande escolha”. Entre uma posição e outra, não falta naturalmente o humor. O escritor americano Jason Pinter, por exemplo, tem uma sugestão a fazer: “Se o Bob Dylan pode ganhar o Prémio Nobel da Literatura, então julgo que Stephen King dever ser eleito para o Rock’n’Roll Hall of Fame”. O nome a que chegaram os dezoito membros da Academia Sueca foi, porém, consensual. E, apesar de inusitado na história do Nobel, estará de acordo com os critérios vagos, considera a Academia, deixados em testamento por Alfred Nobel para sua atribuição. “Na verdade, a história do prémio literário surge como uma série de tentativas de interpretar um testamento impreciso na sua formulação”, lê-se no site da Academia. Na nota biográfica emitida pela instituição, acentua-se que as letras de Dylan “têm sido continuamente publicadas em novas edições, sob o título Lyrics. Enquanto artista, é extraordinariamente versátil; tendo estado activo enquanto pintor, actor e guionista”. A nota despede-se apontando que “a sua influência na música contemporânea é profunda, e ele é alvo de um fluxo contínuo de literatura secundária”. Inicialmente próximo da tradição da canção de protesto de Woody Guthrie, algo aprimorado nos clubes folk extremamente politizados de Greenwich Village, Nova Iorque, Bob Dylan recusou ser preso no altar de “voz de uma geração” a que foi erguido. A sua música e as suas letras, inicialmente primorosos retratos sociais e denúncia política arrancados à história das canções da velha América e à realidade nas ruas que o envolviam, foram ganhando uma nova dimensão à medida que se virava para si próprio e procurava uma expressão indidivual em que a liberdade poética surgia torrencial, surreal, revolucionária tendo em conta o que era habitual até então na música popular urbana – exemplo magistral disso é a sua trilogia clássica da década de 1960, formada por Bringing It All Back Home (1965), Highway 61 Revisited (1965) e Blonde on Blonde (1966). O final da década traria nova inflexão de rumo, com o mergulho nas raízes e nas mitologias da música americana selado nas famosas Basement Tapes gravadas com a The Band em 1967 e editadas em 1975 ou, simbolicamente, no dueto com Johnny Cash, emGirl from the north country, que abre Nashville Skyline (1969).
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping quer o Partido a gerir empresas estatais [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da China, Xi Jinping, afirmou ontem que a liderança das empresas estatais do país cabe ao Partido Comunista Chinês (PCC), depois de o Conselho de Estado ter apelado a uma reforma no sector público. Xi sublinhou que devem ser feitos esforços para reforçar e melhorar o controlo do partido nessas empresas, de forma a torná-las mais “fiáveis”, informou a agência oficial Xinhua. Na segunda-feira, o executivo chinês apelou à fusão de empresas estatais, para reduzir o número de firmas que operam no mesmo sector e aumentar o seu tamanho, e à entrada de capital privado no sector público. O gabinete apelou às firmas estatais para que incorporem a participação de privados através da transferência de ações, aumentos de capital ou novas emissões de títulos. Numa outra directriz, o executivo ordena aos bancos do país que troquem as dívidas por títulos da empresa, nos “casos de firmas com dificuldades temporárias”, mas com “potencial a longo prazo”. Ambos os documentos vão de encontro às recomendações de organismos como o Fundo Monetário Internacional, que visam tornar o sector estatal chinês mais rentável. Das três empresas chinesas que surgem entre as 10 maiores companhias do mundo, na lista das “500 mais” elaborada pela revista Fortune, todas são estatais, ilustrando um sistema que a China designa como “economia de mercado socialista”. A maior de todas é a China State Grid, que em 2012 comprou 25% da REN (Redes Energéticas Nacionais). Estes grupos são directamente tutelados pelo governo central chinês, através de um organismo conhecido como SASAC (State-owned Assets Supervision and Administration Commission).
Hoje Macau China / ÁsiaAgências de viagens portuguesas ansiosas por voos directos para a China [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considera que o início de voos directos entre a China e Portugal em Junho é “uma excelente notícia”, admitindo que há muito trabalho a fazer na adequação da oferta. “É com toda a certeza uma excelente notícia que nos deixa obviamente muito satisfeitos. E mais uma oportunidade para o turismo nacional que competirá às empresas explorar, como tenho a certeza o farão”, disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira. O responsável admitiu também que “há, certamente, muito a fazer para adequar a oferta às especificidades do mercado chinês”, acrescentando que “este é um trabalho que se impõe”, sabendo-se que se está “a falar do primeiro mercado emissor mundial” de turistas. Na terça-feira, o Turismo de Portugal anunciou que a ligação aérea directa da China a Portugal arranca em Junho de 2017, com três a quatro frequências por semana, de acordo com o protocolo assinado entre este organismo e o grupo HNA (Beijing Capital Airline). A HNA, accionista da companhia aérea Azul, controlada pelo empresário David Neeleman – um dos donos da TAP -, obteve autorização para lançar uma rota para Portugal no início de Junho deste ano. O desenvolvimento da negociação da ligação directa China – Portugal é uma parceria entre três entidades portuguesas – o Turismo de Portugal, a ANA Aeroportos e a Associação Turismo de Lisboa (ATL), referiu o organismo. O Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, considerou que “a assinatura do protocolo reforça o compromisso de ambos os países em avançar na cooperação para o crescimento dos fluxos turísticos da China para Portugal”. De acordo com o Turismo de Portugal, até Julho de 2016, e face ao mesmo período de 2015, o número de turistas chineses que visitaram Portugal cresceu 21,6%, tendo passado de 87.045 em 2015 para quase 106.000 em 2016. A TAP deverá fazer um acordo de partilha de voos com o grupo HNA, que a partir de Junho terá a primeira ligação directa entre a China e Portugal, à semelhança do que faz com três dezenas de outras companhias. A partilha de voos, designado ‘codeshare’, é um acordo de cooperação pelo qual uma companhia aérea transporta passageiros cujos bilhetes tenham sido emitidos por outra empresa, com o objectivo de disponibilizar aos passageiros mais destinos do que uma só companhia aérea poderia isoladamente. Na prática, a TAP deverá vir a comercializar directamente voos para a China – nos aviões da HNA – e a companhia aérea chinesa também poderá vender voos da TAP, por exemplo, para o Brasil ou África. No final de Setembro, David Neeleman anunciou que a TAP se preparava para lançar em cooperação com o grupo chinês HNA quatro voos directos semanais entre Lisboa e Pequim. Nessa altura, o empresário brasileiro e norte-americano explicou que o grupo HNA só pretendia fazer dois voos semanais, mas que as conversações permitiram chegar aos quatro, revelando ter esperança que a frequência aumente no futuro. “Há 120 milhões de pessoas que viajam para fora da China todos os anos, nós só queremos 1% ou um pedaço de 1%, já seria muito bom para Portugal”, afirmou então David Neeleman.
Hoje Macau China / Ásia MancheteLocalistas de Hong Kong desafiam a China na primeira sessão da legislatura [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguns dos novos deputados de Hong Kong manifestaram-se ontem contra a “tirania” da China ao prestarem juramento na tomada de posse no Conselho Legislativo, levando à suspensão da sessão. A primeira reunião da nova legislatura acontece após a eleição, no mês passado, de vários novos deputados que apoiam uma maior autonomia e até a independência de Hong Kong. Antes de assumirem as funções, os deputados devem fazer um curto juramento, em que declaram que Hong Kong é uma “região administrativa especial” da China. Pelo modo como o fizeram, viram os seus juramentos recusados. O Governo tinha alertado os deputados que arriscavam perder os assentos se não prestassem o juramento de forma adequada. Nathan Law, de 23 anos, o mais jovem deputado do hemiciclo e antigo líder dos protestos pró-democracia de 2014, fez um discurso emocionado antes de prestar juramento. “Podem acorrentar-me, podem torturar-me, podem até destruir o meu corpo, mas nunca vão conseguir prender a minha mente”, disse. De cada vez que se referiu à China durante o juramento, Law mudou o tom de modo a tornar a palavra numa pergunta. Law, que pede a autodeterminação de Hong Kong, foi um dos principais líderes do Movimento dos Guarda-Chuvas, em 2014, que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, pedindo reformas democráticas. Dois novos deputados pró-independência, Baggio Leung e Yau Wai-ching, adicionaram as suas palavras antes do juramento, comprometendo-se a servir a “nação de Hong Kong”. Leung envergou uma bandeira com as palavras “Hong Kong não é China”. Ambos prestaram depois o juramento por inteiro, em inglês, mas recusaram-se a pronunciar “China” correctamente. O novo deputado Eddie Chu, que apoia a realização de um referendo sobre o futuro da soberania de Hong Kong, gritou: “Autodeterminação democrática! A tirania vai morrer!” após o seu juramento. Lau Siu-lai, também antiga ativista do Movimento dos Guarda-Chuvas, leu todas as palavras do juramento a passo de caracol, fazendo com que alguns deputados pró-Pequim saíssem da sala. O secretário do Conselho Legislativo disse a Leung, Yau e a outro deputado pró-democracia que não podia “administrar” os seus juramentos já que os tinham modificado. A sessão foi suspensa após Law se recusar a voltar ao seu lugar, questionando o porquê de o secretário ter recusado os juramentos dos três deputados.
Hoje Macau PolíticaAntónio Costa compara Macau a “uma enorme ponte virtual” [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]primeiro-ministro de Portugal comparou Macau “a uma enorme ponte virtual” que liga a China aos países de língua oficial portuguesa de vários continentes, conferindo-lhe uma dimensão de centralidade a vários níveis. António Costa falava no final de uma cerimónia de inauguração de um laboratório de tradução automática entre as línguas portuguesa e chinesa no Instituto Politécnico de Macau, após ter passado pela Escola Portuguesa. Vários responsáveis desta instituição de Ensino Superior classificaram o laboratório automático de tradução como um passo tecnológico “decisivo” para a difusão do português entre os falantes de língua chinesa. Isto, a par da conclusão de dois volumes sobre língua portuguesa, intitulados “Português Global”, que vão ser agora publicados e distribuídos na China pela maior editora chinesa. De acordo com o líder do executivo português, essa ponte virtual é, de facto, uma enorme ponte, que parte de Macau para Timor-Leste, que depois segue para Moçambique, para a África Ocidental, até ao Brasil, chegando finalmente a Portugal”, declarou. No seu discurso, António Costa afirmou também que a língua “é um factor de identidade” dos povos, mas que, ao contrário de outros factores de identidade, “é também um meio de aproximação entre culturas”. E o Coelho? Passou-se Antes, o primeiro-ministro visitou a Escola Portuguesa de Macau, onde descerrou uma lápide alusiva à sua presença. Nas conversas com as crianças, António Costa teve duas surpresas, a última, já no final da visita, quando uma menina lhe perguntou se “o Passos Coelho” também tinha vindo àquela cerimónia. “Não, não veio”, respondeu António Costa com um sorriso. Antes de ouvir um coro infantil cantar-lhe o hino nacional, uma criança também perguntou ao primeiro-ministro se ele era irmão do Tiago. A criança referia-se a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, que na quarta-feira vai também visitar a Escola Portuguesa de Macau. António Costa respondeu imediatamente: “Não, não sou irmão do Tiago. Sou só amigo do Tiago [Brandão Rodrigues]”. Startups de Macau e da China em Lisboa ainda este ano O primeiro-ministro português, António Costa, convidou as ‘start-ups’ de Macau e de toda a China a participarem na conferência global de tecnologia Web Summit que se realizará em Lisboa em Novembro. António Costa deixou o convite no final do encontro Start-up Macau Fórum, uma iniciativa que contou com o apoio do Governo português. No âmbito do encontro, os Governos de Macau e de Portugal assinaram um memorando de entendimento para “promover o empreendedorismo e o apoio às ‘start-ups'”, segundo o primeiro-ministro. Voltando a pegar na ideia de que Macau é, historicamente, “uma terra de pontes”, António Costa considerou que “na economia de hoje, assente no conhecimento, na criatividade e inovação, se há algo que é essencial é estabelecer pontes (…) entre o talento e a diferença”, afirmou, acrescentando que isso mesmo visou o encontro Start-up Macau. “É esse trabalho que queremos prosseguir à escala global, acolhendo em Portugal em Novembro, e nos próximos três anos, o maior evento mundial na área da inovação e do empreendedorismo, que é o Web Summit”, acrescentou. Costa convidou as empresas de Macau e da China continental a somarem-se ao encontro de Lisboa “para se encontrarem (…) com ‘starts ups’ de todo o mundo” e assim “em conjunto contribuir para uma economia mais dinâmica, mais criativa e mais inovadora”. A Web Summit é uma conferência global de tecnologia que decorrerá este ano em Lisboa (e nos dois anos seguintes, com possibilidade de mais dois anos), onde são aguardados mais de 50.000 participantes, de mais de 150 países, incluindo mais de 20.000 empresas, 7.000 presidentes executivos, 700 investidores e 2.000 jornalistas internacionais. Entre os oradores, estarão os fundadores e presidentes executivos das maiores empresas de tecnologia, bem como importantes personalidades das áreas de desporto, moda e música.
Hoje Macau PolíticaSecretário de Estado sublinha antiga amizade Portugal-China [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]A China é incontornável neste momento a nível mundial e queremos em tudo o que pudermos ter a sua companhia”, afirma João Vasconcelos ao HM à margem da cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum, ao mesmo tempo que destaca a longevidade desta amizade: “Queremos mostrar que somos os mais antigos amigos da China na Europa e que investir em Portugal é também investir na Europa”. O Secretário de Estado mostrou-se satisfeito com a participação de Portugal em mais um Fórum porque esta é uma ocasião “muito especial”. A justificação está no facto de ser um evento que preconiza o respeito pelo papel de Portugal no Mundo e, mais do que isso, também da língua portuguesa e da sua importância. Para João Vasconcelos, “este é também um momento único em que estão aqui uma série de países de língua portuguesa que se encontram neste espaço de diálogo com a China continental e com Macau”. Outro aspecto a ter em conta é a própria periocidade do evento, que confere um “certo respeito” ao papel histórico de Macau nas últimas centenas de anos, enquanto interposto cultural e linguístico. Das expectativas do evento, João Vasconcelos afirma que “já foram dados passos muito importantes com a visita do primeiro-ministro António Costa a Pequim e a Xangai, de onde resultou a assinatura de vários acordos que já andavam ser negociados há vários anos entre China e Portugal”. Por outro lado, com o Fórum, existe uma intensificação da prioridade que a China está a dar aos países lusófonos, e que não se manifesta somente a nível económico, mas também a nível cultural. “Estamos aqui todos a trabalhar para uma maior presença da língua portuguesa e para uma economia que fale português. E todos, incluem os PLP e os muitos empresários do interior da China que estão neste Fórum”, remata João Vasconcelos. Marcelo sublinha importância “estratégica” das relações Portugal-China O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou ontem a importância das relações económicas entre Portugal e China, num momento em que o primeiro-ministro, António Costa, encontra-se em visita oficial ao país asiático. A China, advogou Marcelo numa conferência em Lisboa, “não encontra nenhuma outra sociedade europeia” para além de Portugal “onde possa entrar” em áreas como a “energia e finanças, sectores altamente protegidos”. “Só admira como é que a China demorou tanto tempo em perceber a vantagem comparativa geoestratégica de Portugal. E só admira como Portugal demorou tanto tempo a perceber a oportunidade chinesa”, prosseguiu o chefe de Estado. Todavia, Marcelo advertiu: “É evidente que não há almoços grátis e estas escolhas estratégicas têm contrapartidas a prazo”. Depois, em declarações aos jornalistas, o Presidente sublinhou o “reforço significativo” das relações entre Portugal e China “no domínio económico e financeiro”. “Vamos ver os resultados”, concretizou.
Hoje Macau Manchete PolíticaFórum Macau | Li Keqiang com discurso importante e unificador, apresenta 18 medidas O discurso de Li Keqiang foi marcado por metáforas que denotam a importância de Macau enquanto elo de ferro entre a China e os PLP. O Primeiro-Ministro chinês apresentou 18 medidas de Pequim para Macau e visitou a cidade [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Uma ponte intangível”, foram as palavras escolhidas pelo Primeiro Ministro da República Popular da China, Li Keqiang, para descrever a relação entre China continental, Macau e os Países de Língua Portuguesa (PLP). A metáfora deu, ontem, o mote à cerimónia de abertura da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, numa comparação com a estrutura triangular concretizada pela ponte que liga Hong Kong Zhuhai e a RAEM. “Esta (a ligação invisível entre China, Macau e PLP) é uma ponte transoceânica ainda maior, porque liga línguas e culturas e por isso com um carácter único”, ilustra o chefe de estado chinês. Por outro lado, e no território, foi a Ponte da Amizade o símbolo da relação próxima sino portuguesa. Li Keqiang, num discurso que foi para além das medidas anunciadas e que estão planeadas para os próximos três anos, não se esqueceu de ter sempre Macau e a sua história enquanto ponto de ligação entre Portugal e China. Por outro lado recorreu também à música, sendo que “fado, samba ou música tradicional chinesa, o que interessa é ligar os povos pelo coração”. Estas línguas que nos unem O bilinguismo da região foi exultado, não só pela sua história, como enquanto característica particular de Macau, que só rema a seu favor. É na RAEM que as línguas chinesa e portuguesa convivem quotidianamente e, como tal, é aqui que a possibilidade de investir em Macau como plataforma bilingue atinge o seu auge. “O Governo Central apoia totalmente a cooperação entre a China e os PLP através desta grande plataforma que é a RAEM”, frisa Li Keqiang não deixando de referir que Macau deve aproveitar da melhor maneira este apoio. O investimento na continuidade da presença das duas línguas o território é inserido numa medida maior. Num dos pontos anunciados pelo Primeiro Ministro chinês, destaca-se a intenção de concretizar uma plataforma de apoio financeiro aos países de língua portuguesa. Em Macau, esta iniciativa é dirigida precisamente ao desenvolvimento da continuidade bilingue da região, por um lado, e por outro, no aproveitamento das suas características únicas nomeadamente no facto de “ter um bom ambiente de negócios”, para promover o empreendedorismo jovem. Apoio total De modo a acelerar uma estrutura local capaz de concretizar os objectivos propostos, o Governo Central dará todo o apoio ao Governo RAEM, para que este último aligeire a construção da plataforma de serviços de cooperação económica e comercial entre a China e os países lusófonos, com o objectivo de promover os “Três Centros”, que se preveem integrar a estrutura do Fórum Macau. É esta a estrutura que terá a seu cargo o assegurar de uma boa coordenação e que personifica a plataforma que a China deseja ver a funcionar em pleno. Dos Centros previstos fazem parte o Centro de Serviços Comerciais para as PME´s da China e dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa e o Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Foi com esta ideia que Li Keqiang lembrou que o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e osPLP, inaugurado também na manhã de ontem, vai concentrar a exposição de produtos alimentares e culturais, um serviço empresarial, o centro de informações, o intercâmbio económico, turístico e comercial, sendo um edifício emblemático de serviços para a cooperação entre a China, Macau e países de língua portuguesa. Nos próximos três anos, o Governo Central irá reforçar as suas iniciativas de apoio, e são 18 as medidas que vão entrar em acção numa conjugação de esforços e vontades entre a China e PLP. As 18 medidas e o seu alcance 1. Promover a conexão das indústrias e a cooperação da capacidade produtiva com os PLP do Fórum de Macau, estimular as empresas a construírem ou renovarem as zonas de cooperação económica e comercial nos referidos Países, para além de promover o processo da industrialização na Ásia e em África, e intensificar as cooperações nas áreas de planeamento e construção das infra-estruturas, no sentido de melhorar sua interligação. A China compromete-se em apoiar a modernização e desenvolvimento industrial dos países mais necessitados, nomeadamente em África e Timor, garantindo igualmente prestar apoio na construção de infra-estruturas, como aliás tem feito em alguns destes países. Exemplo: Guiné-Bissau e Cabo Verde. 2. Explorar o mercado terceiro em conjunto com as empresas dos PLP do Fórum de Macau. A China pretende atingir outros mercados, através de empresas dos PLP, como já acontece com a EDP e os investimentos realizados nos EUA, na área das energias renováveis. 3. Empréstimos no valor não inferior a 2 mil milhões de yuans aos PLP da Ásia e África, destinados a promover a conexão industrial e capacidade produtiva, bem como reforçar ainda mais cooperação na área da construção de infra-estruturas com os PLP da Asia e África. A China propõe-se assim financiar a construção ou melhoramento de infra-estruturas nos referidos países. Presume-se um investimento destinado à formação de um tecido fabril, redes de estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos, etc.. 4. Um donativo de 2 mil milhões de yuans aos PLP da Ásia e África para projectos nas áreas de agricultura, facilitação do comércio e investimento, prevenção e combate da malária, pesquisa de medicina tradicional, etc. Para além dos empréstimos, a China pretende doar a referida soma de dinheiro para o desenvolvimento do que classifica como “qualidade de vida”, uma soma que será preferencialmente dirigida aos países mais pobres e com maior necessidade de liquidez. 5. Isentar os PLP da Ásia e África do pagamento das dívidas já vencidas provenientes de empréstimos sem juro no valor de 500 milhões de yuans. Mais uma medida que favorece os países carenciados e a quem a China emprestara vultosas somas no passado. Estas dívidas serão, pois, perdoadas. É o caso, da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor, por exemplo. 6. Intercâmbio e a cooperação na área da Saúde com os PLP, cooperação entre hospitais, e desenvolvimento de projectos de saúde materna e infantil e diagnóstico grátis de curto prazo. Eis uma área muito interessante para os países envolvidos, na medida em que torna possível a troca de conhecimentos e de tecnologias na área da Saúde, podendo facilitar o desenvolvimento da investigação, quer nos PLP, quer na China. Nesta área, Portugal e Brasil, por exemplo, detêm conhecimentos científicos que podem ser muito úteis às China. 7. Envio para os PLP da Ásia e África equipas médicas num total de 200 pessoas. Uma medida de grande alcance para países onde é baixo o rácio de médicos por habitante, mas que poderá encontrar problemas se esses médicos não compreenderem o Português. É, no entanto, conhecida a existência de uma faculdade de medicina na China onde a língua portuguesa é ensinada. 8. Criação de 2000 vagas para formação, destinadas aos PLP, em diversas áreas. Este tipo de medida, além de ser crucial para alguns, no desenvolvimento das capacidades dos seus povos, ganha uma enorme importância na medida em que coloca em contacto real cidadãos de todos estes países com a China e os chineses, proporcionando um melhor conhecimento e amizade. 9. Criação de 2500 vagas de bolsas de estudo governamental. Se bem entendemos esta medida, deverá destinar-se a formar gente qualificada em administração pública. 10. Ajuda aos PLP da Ásia e África na reabilitação e renovação de instalações de educação e cultura. De facto, um dos grandes problemas destes países passa pela prestação de serviços educativos, o que depois se traduz na ausência de quadros qualificados, massa crítica e dependência do exterior. 11. Estabelecimento de um Centro Cultural da China nos vários PLP, entre outras plataformas de intercâmbio cultural. Eis uma medida muito importante para Pequim, que tem descurado o imenso potencial da sua cultura milenar neste processo de internacionalização em curso do país. Acusada de pretender apenas matérias-primas e comércio, a China deverá obrigatoriamente divulgar a sua cultura e a sua visão do mundo, das coisas e das pessoas nos PLP, de modo a despertar interesse pela sua História, Língua e Cultura, aproximando assim as pessoas e levando-as a compreender melhor os seus valores. 12. Construção nos PLP da Ásia e de África de instalações contra desastres marítimos e mudanças climáticas, tal como o Observatório Meteorológico Marítimo. Um apoio muito importante aos mais carenciados, no sentido de garantir a protecção das populações e garantir a emancipação dos países em relação a uma constante ajuda externa nesta área. 13. Cooperação com os PLP nas áreas de exploração da pesca marítima, protecção do meio marinho e pesquisa do ecossistema marinho. Portugal e a China poderão colaborar intensamente nesta área, na medida em que o primeiro precisa de financiamento para o desenvolvimento da investigação e aproveitamento da sua posição estratégica; já o segundo poderá usufruir largamente da experiência acumulada pelos portugueses e da experiência dos cientistas e biólogos marítimos lusos. 14. Apoio à RAEM de modo a que se transforme numa plataforma de serviços financeiros entre a China e os PLP, a fim de fornecer o apoio financeiro para a cooperação empresarial. Algo que Macau já deveria ter desenvolvido desde 2003, quando Pequim designou a RAEM como ponte para os PLP. O desenvolvimento deste tipo de serviços seria fulcral na diversificação económica local. 15. Criação em Macau da Confederação dos Empresários da China e dos PLP. Mais uma instituição que se poderá revelar importante para os contactos entre os países do Fórum. O problema que surge, normalmente nestes casos, passa pela real capacidade e mérito de que é colocado à frente destes organismos. Seria muito importante que estas entidades, incluindo o próprio Fórum Macau fosse liderado por pessoas ambiciosas, activas e capazes de tomar decisões. 16. Criação em Macau de uma base de formação de profissionais bilingues em chinês e português. A China abrirá 30 vagas de educação continuada com diploma, através da formação conjunta no continente e em Macau. Era uma das ideias lançada pelo Governo local, um Centro de Tradução de grande envergadura na RAEM. A primeira pedra está por lançar. Esta pretensão de Pequim poderá mesmo ser muito importante e melhorar a qualidade da formação nas duas línguas, para além de dotar Macau de mais um espaço de encontro de culturas e diversificação laboral. 17. Estabelecimento em Macau do Centro de Intercâmbio Cultural e do Centro de Intercâmbio sobre a Inovação e o Empreendedorismo dos Jovens entre a China e os PLP. Mais uma iniciativa que garante a aproximação e troca de experiências, além de incentivar o comércio e a diversificação. Estes jovens constituem o futuro das relações entre a China e os PLP. O seu contacto é fulcral para a manutenção das relações seculares. 18. Estabelecimento em Macau do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os PLP, de forma a fornecer apoio nas áreas de comércio, investimento, convenções e exposições, cultura, entre outras. É fundamental que a China e os PLP troquem experiências em áreas além da economia, como as artes, as letras, as humanidades, na medida em que estas áreas permitem um conhecimento mais profundo dos povos e uma extensa compreensão mútua. Espera-se que esta entidade se preocupe pelo apoio a acções concretas e trocas efectivas entre todos os países, incluindo a própria RAEM, onde existem valores pouco ou nada oficialmente reconhecidos. Li Keqiang visitou uma família e vários lugares de Macau O Primeiro-Ministro chinês tirou uns largos minutos da sua agenda oficial para passear em Macau, mas apenas algumas pessoas tiveram o privilégio de falar e até tirar fotografias com Li Keqiang. Segundo os comunicados oficiais ontem divulgados, o representante do Governo Central visitou as Ruínas de São Paulo, tendo encontrado “um ambiente de grande agitação”. Aí, local que foi vedado permitindo apenas acesso a algumas pessoas, terá conversado “de forma cordial com os cidadãos e mostrado a sua afabilidade e popularidade”. No Museu de Macau, onde começou todo o passeio, Li Keqiang assinou o livro de visita e cruzou-se com um casal de idosos de 80 anos, o qual se mostrou “extremamente feliz com o seu encontro”. Estes disseram-lhe que nadam todos os dias, tendo o Primeiro-Ministro desejado “uma longa vida” ao casal. Mais tarde, o encontro fortuito com um grupo de cidadãos no café do museu deixou-os “em euforia”. Mas o passeio não se ficou por aqui. Li Keqiang fez questão de visitar uma família “onde aproveitou para ter uma conversa cordial sobre a vida quotidiana e a realidade de Macau”. A família Mak, composta por quatro pessoas, estava acompanhada também pelos avós. O seu chefe de família é, segundo o mesmo comunicado, gerente de uma empresa de software, com negócios em Zhuhai e na RAEM. A mulher é professora de informática. Aí o Primeiro-Ministro terá estado “atento a questões ligadas à habitação e profissão assim como assuntos sobre a aposentação dos mais idosos na família”. A visita não ficaria completa sem a oferta de dois computadores portáteis e alguns avisos. “O Primeiro-Ministro também sugeriu ao casal educar as crianças de acordo com as suas aspirações e interesses, para que sejam não só o orgulho na família como também contribuam para o futuro de Macau. Antes de partir, Li Keqiang congratulou a harmonia e a longevidade familiar e desejou muito sucesso profissional”, conclui o mesmo comunicado. PM conhece ponte em Y O Primeiro-Ministro assistiu ontem a uma apresentação sobre a construção da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau. Li Keqiang esteve no terraço da Torre de Controlo do Edifício do Grande Prémio de Macau, onde o coordenador do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), Chau Vai Man, explicou o projecto do lado de Macau e os desenvolvimentos dos respectivos trabalhos. Na ocasião, Chau Vai Man explicou que a obra está dividida em três partes, nomeadamente, o túnel submarino, posto fronteiriço das três regiões e a ilha artificial. “Sublinhou a dimensão do edifício alfandegário e a capacidade de resposta ao movimento de pessoas entre Guangdong, Hong Kong e Macau e o Primeiro-Ministro mostrou-se muito interessado colocando várias questões sobre o projecto e aproveitado para apresentar várias opiniões”, refere um comunicado. Li Keqiang inaugura o futuro Complexo do Fórum Ainda não existe fisicamente, mas já foi inaugurado pelo primeiro-ministro chinês. Li Keqiang descerrou ontem a placa que mostra o arranque das obras do futuro Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa, o qual vai funcionar junto à Nam Van, em dois terrenos já reservados pelo Governo. Segundo um comunicado oficial, Li Keqiang fez-se acompanhar do Chefe do Executivo, Chui Sai On, o qual referiu que a futura construção visa “acelerar a concretização da meta estratégica sobre a criação da plataforma”. As conferências ministeriais do fórum deverão realizar-se no novo Complexo, que também irá albergar o Centro de Exposição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa, o Centro de Serviço Empresarial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o Centro de Formação, o Centro de Informações, Pavilhão sobre Relações Económica, Comercial e Cultural entre a China e os Países de Língua Portuguesa e o pavilhão de exposição alusivos ao desenvolvimento urbanístico de Macau. segundo um comunicado, as autoridades referem-se a este como sendo um “edifício emblemático” em prol de uma maior cooperação. Segurança | Disputas entre polícias e cidadãos Foram muitas as críticas à extrema segurança porque Macau passa nestes dias da visita de Li Keqiang a Macau, tendo sido registados alguns conflitos entre cidadãos e polícia. Um vídeo, publicado pela página de Facebook “Love Macau”, mostra alguns cidadãos que pretendiam voltar a casa serem impedidos de passar devido à suposta passagem do Primeiro-Ministro pela rua. Um outro vídeo publicado pela publicação All About Macau, mostra que, antes da chegada do Primeiro-Ministro à Escola Kiang Peng ontem à tarde, cerca de dez espectadores, principalmente idosos, foram obrigados a entrar num mini-autocarro da PSP, depois dos seus documentos de identificação terem sido verificados pela polícia. Os cidadãos, que queriam ver Li Keqiang, foram levados do sítio conduzidos pelas autoridades. A PSP chegou a emitir um comunicado onde pede desculpa pelos incómodos causados, até porque diversas ruas foram cortadas e diversos veículos – mesmo estacionados em locais permitidos – rebocados.
Hoje Macau BrevesImobiliário | Li Keqiang apela a “visão compreensiva” da bolha [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, apelou ontem a uma “visão global e compreensiva” da dívida chinesa e do sector imobiliário do país, numa altura em que várias vozes apelam a Pequim para travar a “bolha” no sector. “Os riscos da dívida chinesa são controláveis e o rácio da dívida do Governo é relativamente baixo, comparado às outras grandes economias do mundo”, afirmou Li. “Já as dívidas dos governos locais constituem sobretudo investimentos com retorno”, acrescentou. O responsável chinês falava na abertura da 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau. A dívida da China tem aumentado à medida que Pequim tornou o crédito mais barato e acessível, num esforço para incentivar o crescimento económico. Segundo um relatório difundido este mês pelo Bank for International Settlements (BIS), entre Janeiro e Março, o desvio do rácio entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu 30,1%, o nível mais alto de sempre e bem acima dos 10%, o patamar que “acarreta riscos para o sistema bancário”. “A procura por imobiliário na China vai continuar a aumentar e o processo de urbanização avançará”, disse Li Keqiang, numa altura em que vários analistas advertem também para uma “bolha” sem paralelo no mercado imobiliário chinês. No mês passado, o Banco da China, a quarta maior instituição financeira do país, apelou a Pequim para que tome medidas que travem o aumento da “bolha” no sector imobiliário. “São necessárias políticas macroeconómicas urgentes para conseguir um equilíbrio entre a estabilização do crescimento e pôr fim às bolhas nos activos”, assinalou o banco estatal num relatório. Em entrevista à estação televisiva CNN, Wang Jianlin, o homem mais rico da China, lembrou também que os preços do imobiliário continuam a subir nas grandes cidades chinesas, mas que estão em queda nas restantes, onde várias habitações continuam por vender. Li Keqiang prometeu “medidas efectivas” para promover um desenvolvimento “estável e saudável” do mercado imobiliário. “Estamos confiantes e sentimo-nos capazes de alcançar os principais objectivos de desenvolvimento económico e social este ano, e estamos determinados a evitar riscos financeiros sistemáticos e regionais”, disse. Li referiu ainda medidas como as reformas na administração pública e os incentivos à inovação e novas empresas para ilustrar o grande potencial da economia. “Somos totalmente capazes de manter um ritmo de crescimento económico médio alto e elevar o nosso desenvolvimento para um nível médio alto”, concluiu. Em 2015, a economia chinesa cresceu 6,9%, o ritmo mais baixo do último quarto de século. Desde o início do século XXI, e até 2011, a economia chinesa cresceu sempre acima dos 8% ao ano e, em 2007, atingiu os 13%. Segunda maior economia do mundo, logo a seguir aos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global nos últimos anos.
Hoje Macau China / ÁsiaSíria | Pequim e Moscovo cerram fileiras [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lguns aspectos da cooperação russo-chinesa na Síria podem ser discutidos pelos líderes dos dois países nas margens da cimeira do BRICS em Goa (Índia), afirmam especialistas russos. A recente declaração do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Li Baodong, sobre o facto dos dois países terem o mesmo ponto de vista a propósito da situação no Afeganistão e na Síria, levantou a “lebre”. A 10 de Outubro, em Pequim, o diplomata declarou que o presidente chinês Xi Jinping tem planos de realizar um encontro com o seu homólogo russo Vladimir Putin à margem da cimeira do BRICS, durante a qual os dois políticos devem discutir os temas mais importantes da agenda internacional e regional. Li Baodong destacou também que, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China e a Rússia já coordenam as suas posições em questões globais e regionais. Assim, na semana passada, a China votou no Conselho de Segurança duas resoluções sobre a Síria contra o projecto francês, e esse projecto não foi adoptado porque a Rússia usou o seu direito de veto. Logo após considerar o projecto francês, o Conselho deveria votar no projecto proposto pelo lado russo. Em 9 de Outubro, o documento foi enviado para ser analisado pelo enviado especial da ONU à Síria, Staffan de Mistura. O documento estava relacionado com a retirada dos militantes da Frente al-Nusra de Alepo e com os acordos entre a Rússia e os EUA sobre a Síria. A China apoiou o projecto russo, juntamente com a Venezuela e Egipto, que representa no Conselho de Segurança o Médio Oriente e o Norte de África. Mas a proposta russa não recebeu o número necessário de votos e não foi adoptada, facto que levou o representante permanente da China na ONU, Liu Jieyi, a mostrar-se desapontado. Posições unânimes e coordenadas O director do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Pequim, Jia Lieying, disse que a Rússia e a China defendem uma posição coordenada na ONU relativamente à Síria. “O que vemos agora é apenas a continuação da tendência para a apresentação de posições unânimes. A China e Rússia opõem-se de forma unânime à queda do poder político no país, trabalham para garantir que os problemas internos sejam resolvidos, no que diz respeito à situação nesse país e que não haja interferência nos assuntos de qualquer país sob pretexto da defesa dos direitos humanos”, disse o especialista. Ele considera também que o trabalho conjunto russo-chinês ajudará a resolver a crise síria. Os observadores da situação política na região também chamam a atenção para o facto da China reforçar o seu papel na regularização do problema sírio. O especialista em Médio Oriente Stanislav Tarasov referiu a esse respeito as informações divulgadas pelos media ocidental de que na Síria já estão presentes conselheiros militares chineses: “Claramente, está a ser realizada uma comparação, conciliação e coordenação de acções relativamente à Síria entre a Rússia e a China. Os representantes dos dois países agem em conjunto no Conselho de Segurança da ONU, sem mencionar os diferentes fóruns”, disse. Tarasov sublinha que os projectos russo-chineses têm a ver com a manutenção da integridade territorial da Síria e, caso isso seja feito, a experiência poderá ser aproveitada noutros países da região como o Iraque, Iémen, Líbia e Afeganistão. Tarasov pensa que a coordenação de posições entre os dois países permite agir na arena internacional de forma mais decisiva. O especialista russo em questões militares Vladimir Evseev afirma que o líder chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin discutirão entre 15 e 16 de Outubro em Goa os pormenores dos passos conjuntos na Síria. “A China tem interesses multifacetados na Síria. Em primeiro lugar, o reinício da exploração do petróleo, que antes da guerra foi controlada de forma significativa pelo lado chinês. Segundo, é a obtenção de experiência militar. A Síria, de facto, é o único lugar em que a China pode treinar e obter experiência de combate, tanto relativamente à força aérea como às tropas terrestres e sobretudo às forças especiais”, disse. Os interesses chineses na região também incluem o fato de o país se posicionar como centro global de poder, destacou também o especialista russo.
Hoje Macau Ócios & Negócios Pessoas“Slow Tune”, Livraria | Jeff e Emily, proprietários Fica perto do Consulado de Portugal e promete oferecer mais do que livros, apesar de ser à volta das palavras que se faz este negócio. Jeff e Emily contam como decidiram apostar no mundo das letras, com um pouco de artes à mistura [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]odemos concordar que Macau é um território que anda a um ritmo muito rápido, sendo certo que são necessários sítios onde possamos gastar o tempo de uma maneira mais lenta. A livraria “Slow Tune”, localizada na Rua do Pato, atrás do Consulado-geral de Portugal em Macau, talvez seja um desses lugares, onde é possível ler livros enquanto se bebe um café ou chá num final de tarde, ou mesmo aos fins-de-semana. “Gostamos muito de ler livros e quando viajamos para diferentes sítios gostamos muito de passear em livrarias, porque há livros específicos que só se vendem em determinados sítios. E essa é a melhor forma para conhecer as culturas locais”, disse ao HM Emily, esposa de Jeff. Os dois são proprietários da “Slow Tune”. Por considerarem que Macau não tem uma livraria tão confortável como aquelas que visitaram por esse mundo fora, decidiram criar um espaço semelhante por cá. Mas nem só de literatura se faz esta livraria, que também abrange áreas como a arte, sociedade, cultura, educação ou psicologia. May, outra das sócias do projecto, disse ao HM que a livraria faz por ter os livros que são difíceis de encontrar no território, para além de desejar partilhar os livros que gosta com os clientes. A “Slow Tune” procura ainda vender e comprar livros em segunda mão. Sessões diferentes A livraria tem um espaço reservado para a venda das tradicionais canetas-tinteiros, um dos muitos produtos criativos ali disponíveis. “Conhecemos este tipo de produtos na internet e achámos muito atractivos. Estabelecemos então contacto com os fornecedores porque queremos promover este conceito em Macau”, referiu May. A loja, de cor branca e azul, até passa despercebida num lugar tradicional onde nem sempre andam muitas pessoas, mas foi aí que os seus proprietários descobriram uma renda mais comportável para os seus bolsos. Estar numa rua mais movimentada seria impossível, mas ainda assim Jeff, Emily e May consideram que a freguesia de São Lázaro é uma zona agradável para ter uma livraria. Ao fundo situam-se várias mesas e cadeiras onde as pessoas podem ler os livros que escolhem para aquele momento ou mesmo para levar para casa. “Ler livros é um momento individual e num ambiente tão povoado como o de Macau não é fácil encontrar concentração para ler um livro, já que há muitas coisas a causar distracção. Esperamos oferecer esse ambiente ideal para a leitura de livros. Muitos clientes até compram canetas e gostam de praticar a caligrafia aqui. Acredito que essa é uma forma de acalmar o espírito e aproveitar o tempo livre”, adiantou Emily. Para quem já tem demasiados livros em casa e não quer comprar mais, a “Slow Tune” permite a leitura dessas obras. Para Emily, é uma forma de proteger o meio ambiente, mas considera que vai demorar tempo até que as pessoas se habituem a este novo modelo. Tanto Jeff, como Emily e May têm os seus trabalhos fora da livraria, pois consideram “impossível” manter o negócio como um trabalho a tempo inteiro. O dono da “Slow Tune”, contudo, não é um novato na arte de abrir negócios, pois já teve uma experiência com uma empresa criada entre Hong Kong e Macau há alguns anos. Balanço positivo Inaugurada há dois meses, a livraria tem gerado comentários positivos e tem recebido muitos clientes. “Às vezes os clientes entram na livraria e dizem o que gostam e até sugerem aquilo que pode ser feito de melhor. O intercâmbio com os clientes é interessante, mesmo que não possamos satisfazer todos os seus pedidos”, acrescentou May. Por se tratar de um espaço onde o tempo passa devagar, a “Slow Tune” tem três gatos, os quais são aceites por quem lá passa e que já são as mascotes do negócio. Os gatos são adoptados e já estavam com Jeff antes deste abrir a livraria. Para o futuro, a “Slow Tune” pretende realizar workshops de caligrafia, algo que partiu da ideia de vários clientes que gostaram das canetas-tinteiro. “Antes só escrevia quando fazia os trabalhos de casa na escola, mas depois cresci e percebi que o objectivo da escrita é bem diferente. Quem gosta de praticar caligrafia e quer escrever bem palavras e frases pode participar”, rematou Emily.