Hoje Macau SociedadeCrimes relacionados com o Jogo subiram 16 por cento até Setembro Não há razões para preocupações, garante Wong Sio Chak. Os números indicam uma subida dos delitos ligados à principal indústria do território, mas são praticados e têm como vítimas pessoas que não são de cá [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] criminalidade relacionada com o jogo aumentou 16 por cento entre Janeiro e Setembro, comparando com os mesmos meses de 2015, com os sequestros a subirem 13,3 por cento (para 349 casos) e a usura 45 por cento, segundo dados ontem divulgados. No entanto, “registou-se um abrandamento na subida” destes crimes, realçou o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, destacando que no primeiro trimestre os sequestros – normalmente relacionados com jogadores com dívidas – tinham subido 32,8 por cento e no primeiro semestre 27,1 por cento. Também a usura (ou agiotagem) tinha crescido 55,9 por cento nos primeiros três meses do ano e 52,3 por cento no primeiro semestre. Entre Janeiro e Setembro, manteve-se, por outro lado, o padrão de os crimes relacionados com o jogo envolverem, na sua maioria, “ofendidos e suspeitos” não residentes em Macau, de a maioria dos casos ocorrer dentro dos casinos e de os processos terem sido “abertos por iniciativa própria da polícia”. “O que quer significar que a sua ocorrência não constituiu impacto na segurança da sociedade de Macau”, afirmou o secretário, que voltou a referir os três casos de sequestro que resultaram em três mortes que romperam com o padrão e saíram do espaço dos casinos, ocorridos no final de Agosto e início de Setembro, e que eram já conhecidos. Eram casos de pessoas com dívidas de jogo, sequestradas pelos credores: duas delas cometeram suicídio e uma morreu numa queda quando tentava fugir, segundo a polícia. “Embora os casos tenham sido resolvidos e não tenham trazido consequências negativas para a segurança da sociedade, não significa que não mereça a nossa atenção”, disse Wong Sio Chak, que garantiu que as autoridades de Macau “acompanham de perto” estas situações de “disputas de empréstimos para o jogo”. Factos e argumentos Por causa dos sequestros, a criminalidade violenta em Macau aumentou 8,4 por cento nos primeiros nove meses do ano, mas também aqui, sublinhou o secretário, houve um abrandamento em relação à taxa de crescimento anterior de 14,8 por cento no primeiro semestre, e crimes como homicídios ou raptos mantiveram-se sem qualquer ocorrência. No entanto, neste capítulo da criminalidade grave e violenta, duplicaram os crimes de “associação criminosa”, que passaram de 11 para 22 nos primeiros nove meses do ano, comparando com 2015. O secretário disse que estão em causa seis casos ligados à imigração ilegal, outros seis a sequestros, quatro a usura, e três a prostituição, entre outros, atribuindo este aumento “ao reforço das operações” contra estes crimes. Entre Janeiro e Setembro foram também detectados dois casos de “associação secreta” (não tinha havido nenhum no mesmo período de 2015), relacionados com imigração ilegal e prostituição, que estão ainda em investigação, afirmou. No entanto, até agora, a polícia continua a não detectar “qualquer anormalidade no comportamento de associações secretas” devido à quebra das receitas dos casinos, durante 26 meses, entre meados de 2014 e Julho deste ano, afirmou o secretário, que conclui, mais uma vez, que “o ajustamento no sector do jogo não trouxe quaisquer consequências para a situação de segurança de Macau”. A evolução da criminalidade ligada ao jogo, com o abrandamento no terceiro trimestre do ano, continua, assim, a evidenciar “as relações entre a segurança e o ajustamento” no jogo, disse ainda.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping contra isolacionismo de Donald Trump No fim de um périplo pela América Latina, o Presidente chinês promete continuar a impulsionar o livre comércio e alerta para os desafios da globalização [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] isolacionismo patente nos discursos de Donald Trump, Presidente eleito dos Estados Unidos, parece contrastar com a nova dinâmica da diplomacia chinesa, com Pequim a assumir agora a defesa do livre comércio e da globalização. Na América Latina, uma região conhecida como o “quintal” dos EUA, o Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu esta semana “impulsionar a construção de uma área de livre comércio na Ásia Pacífico e uma economia mundial aberta”. Xi terminou ontem um périplo por Equador, Peru e Chile. Em Lima, participou da cimeira dos líderes da APEC (Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico), que teve como um dos principais temas a criação de uma área de livre comércio para a região. Durante a cimeira, Xi lembrou que a globalização é “uma faca de dois gumes”, questionada por “muitas vozes” e instou a comunidade internacional a abordar seriamente estes “desafios”. No Equador, que atravessa uma recessão, o líder da China inaugurou a maior barragem hidroeléctrica do país, construída por uma firma chinesa e paga com parte dos quase oito mil milhões de dólares que Pequim emprestou ao país desde 2007. Os maiores A China tem acordos de livre comércio com Costa Rica, Chile e Peru e está a negociar novos acordos com o Uruguai e a Colômbia. Em 2015, o país asiático ultrapassou os EUA como o principal investidor externo na América Latina. O investimento directo chinês na região subiu no ano passado 67,1%, em termos homólogos, para 21,45 mil milhões de dólares, segundo dados do Ministério do Comércio da China. A estratégia de Trump para a região inclui romper com o Tratado Norte-Americano de Comércio Livre (NAFTA) e abandonar o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), para além de construir um muro na fronteira com o México. “A China insiste que a globalização é um processo irreversível, para nós e para o mundo”, diz à agência Lusa Cui Shoujun, director do centro de estudos para a América Latina da Universidade Renmin, em Pequim. “Histórica, geográfica e até politicamente, a América Latina é vista como o quintal dos EUA”, nota. “Mas agora estamos numa era global”, acrescenta. Face ao anúncio de que Trump vai retirar os EUA do TPP, vários países voltam-se para tratados alternativos, nomeadamente o Acordo Integral Económico Regional (RCEP). Esta zona de livre comércio incluiria a China, os dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Austrália, Coreia do Sul, Índia, Japão e Nova Zelândia. Esta semana, um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou que Pequim espera que as conversações para a criação do RCEP “possam produzir resultados em breve”. No ano passado, Xi anunciou que, até 2025, o comércio bilateral entre a China e a América Latina alcançará os 500.000 milhões de dólares, enquanto o investimento chinês na região atingirá os 250.000 milhões. “A China pode ajudar a América Latina a internacionalizar a sua economia”, defende Cui Shoujun. “Partilhamos das mesmas aspirações com os países da região, de que enquanto nação em desenvolvimento, não estamos devidamente representados no novo milénio”, acrescenta. Em entrevista à Lusa, o novo embaixador do Brasil em Pequim, Marcos Caramuru de Paiva, notou que a China “impõe-se naturalmente” e “força todo o mundo a adaptar-se a uma nova realidade”. “Você precisa incorporar esta realidade e tentar extrair o melhor que puder”, disse, acrescentando: “Não adianta brigar com a realidade como ela é”.
Hoje Macau China / ÁsiaEmpresa chinesa compra portal de viagens Skyscanner [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] maior agência de viagens ‘online’ da China, a Ctrip, vai comprar o Skyscanner, o site que procura e compara preços de centenas de companhias aéreas, por 1,4 mil milhões de libras. As duas empresas confirmaram ontem o negócio, que será feito quase todo em dinheiro. A Ctrip, que é detida em parte pelo motor de busca chinês Baidu, permite aos utilizadores fazer reservas pela Internet de bilhetes de avião e comboio e de hotéis. No ano passado, gerou 350 mil milhões de yuan em receitas brutas, segundo informações no site oficial da empresa. “A Ctrip é claramente a líder de mercado na China e uma empresa que nos poderá dar muito a ganhar”, afirmou em comunicado o chefe executivo da Skyscanner, Gareth Williams. A aquisição permite à Skyscanner “dar mais um passo no sentido de tornar as buscas o mais simples possível para os viajantes de todo o mundo”, acrescentou. Com sede em Edimburgo, na Escócia, a Skyscanner disponibiliza serviços semelhantes ao da Ctrip e tem 60 milhões de usuários, a maioria na Europa. O negócio permitirá à empresa manter a sua actual equipa de gestão, detalha o comunicado. O fundador e presidente executivo da Ctrip, Liang Jianzhang, afirmou que “a aquisição vai fortalecer os motores de crescimento de ambas as empresas a longo prazo” e que a Skyscanner “irá complementar” a posição da empresa chinesa “à escala global”. No relatório relativo aos resultados do terceiro trimestre, a Ctrip anunciou ainda a aquisição de “dois grandes operadores turísticos norte-americanos especializados em servir turistas chineses”, sem mencionar os nomes. Aposta exterior Vários grupos privados chineses têm investido em activos do sector turístico fora do país, à medida que a China reforça a sua posição como maior emissor mundial de turistas. O grupo Fosun, que este domingo anunciou ter investido 174,6 milhões de euros para ser o maior accionista do banco português BCP, e que detinha já em Portugal a Fidelidade e a Luz Saúde, comprou em 2015 o Cirque du Soleil e concluiu a compra do Club Med. Aquele consórcio detém também uma participação no operador turístico Thomas Cook, com sede no Reino Unido. O grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, anunciou no mês passado a compra de 25% do capital da cadeia hoteleira norte-americana Hilton. Pelas contas do Governo chinês, 120 milhões de chineses viajaram para fora da China Continental em 2015, um aumento de 19,5% face ao ano anterior.
Hoje Macau DesportoCampeonato mundial de Xadrez | O sábio contra o génio João Valle Roxo [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou no passado dia 11 de Novembro o campeonato mundial de xadrez em Nova Iorque, em plena Manhatan no Southsea Sport, ao lado de Wall Street e da Ponte de Brooklin. Coloca frente a frente o ucraniano naturalizado russo Sergei Karjakin e o bi-campeão mundial, o norueguês Magnus Carlsen. Karjakin tem 26 anos e sagrou-se o mais jovem Grande-Mestre da história do xadrez com 12 anos. Tal feito foi logo no ano seguinte batido por Magnus Carlsen, actualmente com 25 anos, por alguns dias de diferença. Somadas as idades de ambos os rivais (51 anos) trata-se do mais jovem campeonato do mundo até hoje. Além do título, o vencedor arrecadará cerca de um milhão de dólares. Carlsen é o nº 1 do mundo, enquanto Karjakin é o nº 9, daí que a generalidade dos aficionados veja naturalmente o norueguês como favorito. Mas um jogo não é um torneio e tudo pode acontecer. Como disse antes do jogo se iniciar um dos mais reputados comentadores, Daniel King, Grande Mestre ligado ao mais popular website xadrezístico (www.chessbase.com) : “Although on paper Carlsen is favorite, in this kind of match I don’t see the World Champion’s usual strengths coming into play. Carlsen has great physical stamina that often allows him to power through in the latter half of a tournament; Karjakin has been training hard on his physical fitness and will match the Norwegian in this regard. Carlsen is deadly at killing off the weaker players in a tournament, but there is only one opponent here. Carlsen’s nerves are strong; the same can be said about the stolid Karjakin. His calm performance in winning the Candidates was impressive. Although Carlsen has won two World Championship finals, this is the first time he is facing a player of his own generation, so to some extent he is also facing a new challenge. “ E, na verdade, ao início da segunda metade do jogo, isto é, decorridas as primeiras sete partidas das doze previstas, o resultado era um estonteante 3,5/3,5, correspondente a sete empates. Nas partidas 1 e 2 Karjakin empatou sem grande esforço, mas nas partidas 3 e 4, que duraram umas boas 7 horas cada uma, Carlsen esteve quase a conseguir alcançar a vitória. Todavia, Karjakin exibiu miraculosos recursos defendendo uma posição inferior e acabando por conseguir obter o empate. O mundo xadrezísitico, boquiaberto, não tardou a encontrar um epíteto à altura das circunstâncias, cognominando-o de Sergei “Houdini” Karjakin. Carlsen acusou psicologicamente a pressão decorrente da frustração de possivelmente ter tido “o pássaro na mão para o ver fugir” e na quinta partida esteve menos bem, tendo sido Karjakin a deixar escapar a vitória. A consequência foi que o actual campeão em título procurou dois empates balsâmicos nas partidas 6 e 7, sem que o aspirante também tenha corrido quaisquer riscos, o que produziu as duas partidas menos interessantes do match até agora. Anteontem tudo foi diferente. A oitava partida trouxe uma batalha intensa e dramática. Magnus Carlsen jogava com as brancas e queria ganhar a todo o custo. Infelizmente para ele o tiro saiu-lhe pela culatra. Após a abertura e algumas longas manobras de peças no meio jogo a partida estava equilibrada e nada parecia indicar outro resultado à vista senão mais um empate. Mas Carlsen estava disposto a tudo para evitar mais um empate. Ao 19º lance decidiu arriscar através de um movimento de Cavalo para “b5”que “convidava” Karjakin a preparar um ataque pelo seu flanco de Rei, enquanto que Carlsen lançaria o seu ataque pelo flanco de Dama, em qualquer caso, um jogo que dificilmente terminaria com um empate. Aqui, o aspirante tinha duas opções: aceitar mudar para um jogo agudo jogando 19…Dg5, recheado de possibilidades mas com alguns riscos, ou recusar esta via e continuar no caminho que tem vindo a seguir, de preferir ter que defender uma posição menos boa mas com fortes chances de empate se tal defesa for mesmo excelente. Karjakin optou pela segunda via jogando antes 19 …Bc6. Em consequência, Carlsen viu a sua posição melhorar. Mas entretanto a complexidade dos cálculos reflectia-se no relógio e chegou uma altura em que ambos os jogadores poucos minutos dispunham para realizarem vários lances a fim de atingirem o 40º lance nas duas horas de tempo regulamentar. Seguiu-se uma troca de golpes rápidos onde parecia que Carlsen melhorava cada vez mais a sua posição até que ao 35º lance este faz um duvidoso sacrifício de peão na casa “c5”. Aqui, Karjakin aceita o peão logo depois de trocar torres com 35…TxT, 36. DxT Cxc5. Agora é este último quem adquire uma pequena vantagem posicional. Porém, de novo o tempo é implacável e ao 37º lance, depois de Carlsen jogar 37. Dd6, Karjakin não vê a jogada de Dama que lhe daria uma vantagem ainda mais significativa (37…Da4) e escolhe a casa errada para a colocar jogando 37…Dd3. Imediatamente a seguir Carlsen sacrifica um Cavalo por um peão para recuperar o Cavalo na jogada seguinte com 38.Cxe6 fxe6, 39.De7 + Rg8, 40.Dxf6 a4, 41.e4 Dd7. Atingido o controle de duas horas com ambos os jogadores a terem completado 40 jogadas e dissipado o fumo da pólvora, as brancas estão ao ataque, mas as negras têm dois perigosos peões passados em “a” e “b”. A partida prosseguiu com 42.Dxg6+ Rg7, 43.De8+ Df8, 44.Dc6 Dd8, 45.f5 a3, 46.fxe6 Rg7 e concluído o 46º lance, as brancas conseguem também ter um peão passado em ”e6” e até têm um peão a mais, mas os peões “a” e “b” das negras são perigosíssimos. Nada está decidido. As brancas sacrificam o seu peão em “e” mais avançado mas capturam o peão “b” das negras, com: 47. E7 Dxe7, 48.Dxb6 Cd3. Agora, as negras têm um peão passado em “a3” e as brancas um peão passado em “e4”. Resultado imprevisível. A partida prossegue com: 49. Da5 Dc5, 50.Da6 Ce5. Todos estão à espera de um complexo final em que o mais pequeno passo em falso é a derrota. É então que acontece um momento de génio. Karjakin aproveita uma jogada das brancas ao lance 51. De6 que parecia boa, para uma resposta profunda e refinada, tão simples quão eficaz, e joga 51. h5, ameaçando jogar de seguida 52… “h4” furando as defesas do Rei branco. Carlsen sente o perigo e faz uma jogada que parecia perfeitamente normal: jogou 52.h4, evitando o tal plano de ruptura das negras. É então que Karjakin responde com uma jogada que vai chocar os largos milhões de aficionados que seguiam a partida, os comentadores e o próprio campeão mundial, movendo o seu peão de “a3” para “a2”, a uma casa de “a1” onde seria promovido a Dama selando o desfecho da partida. Mas essa casa “a2” está controlada pela Dama branca em “e6”. Que significa isto? Terá o russo endoidecido, oferecendo assim a mais-valia das negras e a partida ao seu adversário? Não, nada disso. É que se o Campeão captura o peão em “a2”, as negras têm mate em 3 lances a menos que as brancas sacrifiquem a sua Dama Cavalo das negras. Aqui, nesta posição, a ameaça é que se 53. Dxa2? As negras jogam 53….Cg4+ e o Rei branco só pode fugir para “h3”, única casa de fuga. Mas aí, segue Dg1!! , com ameaça de mate na jogada seguinte através de Dh2++. As brancas não têm um contra-ataque disponível, por exemplo através de um xeque perpétuo ao Rei negro com a sua Dama, e a sua única defesa será responder com Bf3 abrindo a fila “2” à sua Dama que, assim, pode defender a casa crítica do mate à vista, “h2”. Só que aí as negras jogam antes Cf2 + e as brancas teriam que trocar a sua Dama pelo Cavalo, para evitar xeque-Mate, o que equivaleria a uma derrota certa alguns lances mais à frente. Daí que, assim que Karjiakin jogou 52…a2, Carlsen depois de reflectir um pouco abandonou a partida. No fim do jogo o campeão mundial estava em estado de choque e não foi capaz de participar na conferência de imprensa. Quanto ao russo, sempre modesto e acessível, apesar da vitória sabe que ainda é muito cedo para celebrar o título apesar de só faltarem 4 partidas. “ é claro que estou muito contente porque tenho um ponto de vantagem, mas ainda faltam 4 partidas e Carlsen é bem capaz de recuperar. Não posso pensar em ganhar o título até que o duelo tenha terminado realmente”. Simferópol (Crimeia), 1995. Os participantes do torneio que está prestes a começar reúnem-se para votar se permitem a participação do prodigioso Sergei Karjakin, que aos cinco anos joga como os anjos mas que, porém, ainda não sabe apontar as jogadas. Decidem que sim, Sergei ganha a primeira partida e sai da sala dando piruetas acrobáticas, de que gosta quase tanto como do xadrez. Depois desta partida, Karjakin deve ter saído anteontem do Southsea Port, Fulton Market Building, como um menino com vontade de fazer piruetas. Podem acompanhar gratuitamente o jogo através do website www.chess24.com, mas as partidas começam às duas da manhã locais. Relativamente a esta partida que será sem dúvida histórica, aqui vão todos os seus lances, do princípio até ao fim: Nova Iorque, 21/11/2016 Magnus Carlsen vs Sergei Karjakin
Hoje Macau PolíticaAL | Candidatos a deputados vão ter de prestar fidelidade [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ó vai poder candidatar-se a deputado quem declarar fidelidade a Macau como Região Administrativa Especial da China e nunca tiver agido contra a Lei Básica. A notícia foi avançada ontem pela Rádio Macau e é a primeira consequência para o território da interpretação do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional sobre a questão do juramento dos deputados de Hong Kong. A decisão sem precedentes de Pequim contra os movimentos independentistas de Hong Kong motivou um aditamento a uma lei local que está a ser discutida na Assembleia Legislativa – a lei eleitoral para as legislativas. O Governo entregou ontem aos deputados uma nova versão da proposta que obriga os candidatos a assinar uma declaração de fidelidade ao regime. Chan Chak Mo, presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, explicou que têm também de provar que o compromisso é verdadeiro. “Mesmo que tenham assinado a declaração, se houver factos comprovados de que não defendem a RAEM, pode-lhes ser retirado o estatuto. Ou seja, são inelegíveis”, frisou Chan Chak Mo, em declarações transmitidas pela emissora. O deputado diz que “a comissão não tem opinião” sobre esta matéria por entender que está perante um facto constitucional, um resultado óbvio e directo da aplicação da Lei Básica. Chan Chak Mo disse ainda que nenhum dos actuais deputados corre o risco de perder o mandato ao abrigo desta obrigação.
Hoje Macau SociedadeNg Lap Seng vai responder por mais crimes nos Estados Unidos [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]ão está fácil a vida do empresário de Macau em prisão domiciliária nos Estados Unidos. Ng Lap Seng é agora acusado de ter violado a lei norte-americana sobre práticas de corrupção no exterior. A notícia é avançada pela agência Reuters, que não dá grandes detalhes sobre os factos relacionados com a nova acusação a Ng Lap Seng. Refere-se apenas que há novos crimes que são imputados ao empresário de Macau. O milionário é um dos principais arguidos de um caso de subornos a um antigo presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, John Ashe. A agência de notícias explica que, na acusação revista que deu entrada no tribunal federal de Manhattan, Ng Lap Seng e o seu assistente, Jeff Yin, são agora também acusados de terem violado a lei sobre práticas de corrupção no exterior. A acusação acrescentou ainda crimes relacionados com evasão fiscal no processo de Jeff Yin. O assistente é acusado de ter fugido aos impostos e de ter ajudado um diplomata da República Dominicana, também envolvido no caso de corrupção, a fazer o mesmo. Ficou a saber-se ainda que Ng Lap Seng, o fundador do grupo Sun Kian Ip, com sede em Macau, era tratado por “Boss Wu”. Os advogados dos dois arguidos preferiram não fazer comentários sobre as novas acusações. Tanto Ng Lap Seng, como Jeff Yin têm dito, desde o início do processo, que são inocentes. O empresário – que foi em tempos investigado num processo de recolha de fundos durante a Administração de Bill Clinton – é um dos sete arguidos do escândalo de corrupção que envolve as Nações Unidas. O milionário de Macau é acusado de subornar John Ashe em mais de 500 mil dólares, para que o diplomata apoiasse a construção de um centro de convenções no território, um projecto da empresa de Ng Lap Seng. O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas morreu em Junho, sem ter ido a julgamento. Ng Lap Seng e Jeff Yin vão começar a ser julgados a 23 de Janeiro do próximo ano. Estão detidos há mais de um ano.
Hoje Macau China / ÁsiaProtestos em Taiwan após anúncio de encerramento de TransAsia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] anúncio de dissolução da terceira companhia aérea de Taiwan – a TransAsia – desencadeou protestos na terça-feira por parte dos seus 1.795 trabalhadores, afectando milhares de passageiros. A empresa iniciou ontem a primeira ronda de negociações com representantes sindicais, depois de uma noite de manifestações, e prometeu “cumprir com todas as suas responsabilidades”. Após o anúncio da dissolução da TransAsia, na terça-feira, os trabalhadores formaram uma nova representação sindical e protestaram junto à sede da empresa, reivindicando melhores condições do que as previstas na Lei de Trabalho para os casos de despedimento, segundo o porta-voz sindical, Pang Min-yi. A companhia aérea apresentou um plano de despedimentos, confirmou o Departamento de Trabalho de Taipé e, segundo os seus próprios dados, a sua dissolução vai afectar aproximadamente 100 mil passageiros, que deverão ser indemnizados. Após o anúncio do encerramento da transportadora devido a dificuldades financeiras, o seu presidente, Vincent Lin, explicou que a empresa registou prejuízos de 2.700 milhões de dólares de Taiwan (79,6 milhões de euros) nos primeiros dez meses do ano. “Dado que a perspectiva de futuro não é optimista, tivemos que tomar a dolorosa decisão de dissolver a empresa”, anunciou Lin em conferência de imprensa. Lin assegurou que a TransAsia dispõe de fundos e activos suficientes para pagar aos passageiros. “Esperamos assumir a nossa última responsabilidade antes de abandonar o sector da aviação de Taiwan”, frisou. A empresa tem um fundo mútuo de 1.200 milhões de dólares de Taiwan (35,4 milhões de euros) e espera canalizar metade da verba para indemnizar os funcionários pelo despedimento e compensar os passageiros, indicou o conselheiro-delegado da empresa, Liu Tung-ming. Os acidentes de 2014 e 2015 (que fizeram 91 mortos), a concorrência no sector e a diminuição do número de turistas chineses em Taiwan contribuíram para a acumulação de prejuízos. A TransAsia criou, em Dezembro de 2014, uma subsidiária de baixo custo, a V-Air, que encerrou no início do mês passado por causa dos prejuízos.
Hoje Macau China / ÁsiaJogo | Três funcionários da Crown Resorts processados [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai processar judicialmente três funcionários da empresa de jogo australiana Crown Resorts, com casinos em Macau, por angariação de apostadores chineses para jogar além-fronteiras, revelou o ministério dos Negócios Estrangeiros australiano. Em comunicado, Camberra disse ter sido oficialmente notificada sobre a detenção, no mês passado, de três funcionários da Crown. Entre os detidos, está o vice-presidente executivo Jason O’Connor, que estava encarregado de atrair grandes apostadores chineses para a Austrália, e que se encontrava na China quando foi detido. Pequim não especificou quais as acusações que os funcionários da Crown enfrentam. A publicidade a jogos de azar na China continental está proibida. Não está fácil Em Outubro, foram detidos outros 15 funcionários da Crown Resorts na China, mas a sua situação permanece desconhecida. O ministro australiano dos Negócios Estrangeiros, Julie Bishop, afirmou que funcionários consulares visitaram os detidos na terça-feira. “Estão todos de boa saúde e já representados por advogados e conseguimos prestar aconselhamento e apoio e entregar mensagens enviadas por familiares”, afirmou ontem Bishop ao canal de televisão Sky News. “É uma situação muito difícil, mas vamos continuar a dar todo o apoio e aconselhamento”, acrescentou. O responsável australiano disse que os dois países trabalham no sentido de aumentar os investimentos e o comércio e lembrou que “existe uma ampla agenda anti-corrupção, promovida pelo Presidente chinês, Xi Jinping”. “O jogo é uma das áreas afectadas”, detalhou. A Crown opera casinos em todo o mundo, incluindo em Macau, onde as receitas do jogo estiveram mais de dois anos em queda, impulsionadas, pelo menos em parte, pela campanha anti-corrupção de Xi, que afastou da cidade grandes apostadores chineses. Macau é o maior centro de jogo do mundo e a única região da China onde os casinos são legais. O jogo de azar é ilegal no resto da China e a lei do país proíbe agentes de organizar grupos com mais de dez cidadãos para jogarem além-fronteiras. Para contornar as restrições, os agentes têm promovido os destinos como sendo de lazer e não para jogar. Os três detidos encontram-se em Xangai, segundo o comunicado difundido por Camberra.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | PIB aumentou quatro por cento no terceiro trimestre A economia de Macau voltou a crescer ao fim de dois anos de contracção. O Produto Interno Bruto subiu quatro por cento entre Julho e Setembro [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ão boas notícias para os mais pessimistas em relação ao estado da economia local: no terceiro trimestre deste ano, e quando comparando com o mesmo período de 2015, a economia voltou a crescer, com o PIB a aumentar quatro por cento. “Este crescimento positivo verificou-se pela primeira vez nos últimos dois anos devido aos ressurgimentos da subida das exportações de serviços e do investimento”, destacaram os Serviços de Estatística e Censos em nota à imprensa. Neste contexto, destaque para o aumento das exportações de serviços do jogo (0,2 por cento) e outros serviços turísticos (6,5 por cento), que ainda no trimestre anterior haviam caído 9,9 por cento e seis por cento, respectivamente, em relação a igual período do ano passado. Segundo o mesmo comunicado, no terceiro trimestre deste ano, a formação bruta de capital fixo (investimento) cresceu 2,3 por cento, depois de ter caído 20 por cento nos três meses anteriores, comparando com 2015. Sorte ou azar Arrastado pela diminuição das receitas do jogo entre Junho de 2014 e Agosto deste ano, o PIB do território começou a cair no terceiro trimestre de 2014, ano em que, pela primeira vez desde a transferência da administração, a economia local diminuiu (-1,2 por cento, pelos dados oficiais revistos publicados ontem). Em 2015, o PIB caiu 21,5 por cento e nos primeiro e segundo trimestres deste ano voltou a contrair-se 12,4 por cento e sete por cento, respectivamente, na comparação homóloga com 2015, segundo os dados revistos. Com o crescimento de quatro por cento no terceiro trimestre, no conjunto dos primeiros nove meses deste ano, o PIB de Macau caiu 5,4 por cento, em relação ao mesmo período de 2015. O Fundo Monetário Internacional estimou no mês passado que o PIB de Macau iria cair 4,7 por cento este ano, uma contracção menor do que os 7,2 por cento que calculava em Abril, e que em 2017 cresça 0,2 por cento. O Governo prevê que as receitas dos casinos rondem os 200 mil milhões de patacas em 2017, na linha do estimado para este ano, e o crescimento “a um dígito” da economia. Apesar da recessão e da queda do jogo, a maior fonte das receitas públicas por causa dos impostos de 35 por cento sobre as receitas dos casinos, Macau continua a registar superavit nas contas públicas.
Hoje Macau China / Ásia Internacional MancheteMyanmar | Centenas de rohingya fogem para o Bangladesh As Nações Unidas dizem que é a minoria mais perseguida do mundo. Até ver, a comunidade internacional pouco faz para proteger os rohingya, muçulmanos a quem o Myanmar nega a cidadania. Há centenas de novo em fuga [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um problema por resolver que, de vez em quando, salta para as agências internacionais de notícias. Depois de, nos últimos anos, centenas e centenas de rohingya terem morrido no mar, no jogo do empurra entre os países onde procuravam protecção, chegam agora informações sobre uma nova fuga, desta vez para o Bangladesh e para a China (ver texto em baixo). De acordo com informações divulgadas por organizações internacionais que trabalham na antiga Birmânia, centenas de muçulmanos da etnia mais perseguida do mundo fugiram para o Bangladesh nos últimos dias. Tentam escapar à nova onda de violência no noroeste do país, ataques que provocaram a morte a pelo menos 86 pessoas e que fizeram com que cerca de 30 mil tivessem de abandonar o local onde viviam. A Reuters conta que um funcionário da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que preferiu não ser identificado, diz ter assistido à chegada de mais de 500 pessoas: entraram no campo da instituição nas montanhas, perto da fronteira. Trabalhadores de outras agências das Nações Unidas e jornalistas da agência nos campos de refugiados da OIM confirmam o testemunho. Os funcionários da ONU não dão números concretos, mas mostram-se preocupados com o fluxo inesperado de rohingya. O banho de sangue no Myanmar é o mais grave desde que centenas de pessoas foram mortas em confrontos no estado de Rakhine, em 2012. Os acontecimentos dos últimos dias são ainda o maior teste, até agora, dos oito meses de Administração de Aung San Suu Kyi: a Nobel da Paz chegou ao poder com a promessa de resolver os problemas na região. Depois de um ataque, a 9 de Outubro, que matou nove agentes da polícia, o exército birmanês enviou homens para a zona que faz fronteira com o Bangladesh. Não se passa nada Moulavi Aziz Khan, de 60 anos, morador numa aldeia no norte de Rakhine, contou que deixou o Myanmar na semana passada, depois de os militares terem feito um cerco à casa onde vivia e a terem incendiado. “Na altura, fugi com as minhas quatro filhas e os meus três netos para uma montanha. Mais tarde, conseguimos atravessar a fronteira”, explicou. O exército e o Governo birmaneses negam as acusações dos residentes e dos grupos de direitos humanos, que alegam que há soldados que violaram mulheres rohingya, queimaram casas e mataram civis durante as operações em Rakhine. A Human Rights Watch, com sede em Nova Iorque, diz que as imagens de satélite recolhidas nos passados dias 10, 17 e 18 mostram 820 edifícios destruídos em cinco aldeias no norte de Rakhine, aumentando para 1250 o número calculado pela organização. O Governo do Myanmar tem refutado notícias anteriores que davam conta da fuga de civis da minoria étnica para o Bangladesh. Zaw Htay, porta-voz da Presidência e membro do recém-formado mecanismo de informação sobre Rakhine, diz que o Governo continua a investigar as reportagens que foram publicadas mas, até à data, diz não ter encontrado provas sobre as acusações referidas nas notícias. “Confirmámos com os militares e com a polícia se havia pessoas a fugir para o Bangladesh desde 9 de Outubro. Algumas pessoas fugiram das suas aldeias, mas foram levadas de novo por nós para o local de origem”, afirmou Zaw Htay. “Se acontecer alguma coisa desse género, vamos preocupar-nos e iremos continuar a investigar a situação. Não estamos a refutar todas as acusações… O nosso Governo investiga todas as alegações e descobre que algumas não são verdadeiras.” O exército birmanês declarou recentemente o estado de Rakhine como “zona de operações”. É lá que vivem os muçulmanos da minoria rohingya – as autoridades dizem estar a combater os insurgentes islamitas. A zona é vedada a jornalistas estrangeiros. Má sorte nascer rohingya No Myanmar vivem 1,1 milhões de rohingya: são encarados pelas autoridades do país como sendo imigrantes ilegais do Bangladesh. Nos últimos anos, na tentativa de encontrarem abrigo noutros países, têm visto ser-lhes negado refúgio por várias nações de maioria budista. O Governo birmanês não lhes dá a cidadania e têm, por isso também, grande dificuldade em viajar. De acordo com as contas das Nações Unidas, os conflitos recentes terão causado 30 mil desalojados. As operações humanitárias – que consistem na distribuição de alimentos e de dinheiro a mais de 150 mil pessoas – estão suspensas há mais de 40 dias. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) pediu ao Governo birmanês o acesso à zona de Rakhine. “A ideia é ajudá-los no local onde se encontram, de modo a que não tenham de atravessar a fronteira para o Bangladesh”, explicou à Reuters Vivian Tan, da ACNUR. “Se não conseguem apoio onde estão neste momento, vêem-se obrigados a fugir para outros países, como o Bangladesh. Apelamos também às autoridades do Bangladesh que honrem a sua longa tradição e que abram as fronteiras a estes refugiados”, rematou. HM (com agências) China recebeu três mil refugiados A informação foi divulgada pelos órgãos estatais chineses: há mais de três mil pessoas do Myanmar que fugiram dos conflitos entre o Governo e os rebeldes e que entraram na China. Algumas bombas atingiram território nacional, causando estragos, mas não há vítimas mortais a registar. Porque não é a primeira vez que Pequim assiste a confrontos na fronteira com a antiga Birmânia, o exército chinês está em alerta, sendo que o Governo Central pediu já que os dois lados do conflito resolvam o diferendo de forma pacífica. O China Daily relatava, na edição de ontem, que entre os três mil civis oriundos do Myanmar havia feridos que tinham sido levados para os hospitais da província de Yunnan, que partilha a fronteira com o Myanmar. “As autoridades chinesas responderam rapidamente e lidaram de forma apropriada com a situação”, declarou ao jornal oficial um porta-voz da embaixada chinesa no Myanmar. A televisão estatal tinha já dado conta esta semana que caíram bombas em Wanding, um importante ponto da fronteira. Já o jornal Global Times acrescentou que um edifício do Governo tinha sido ligeiramente afectado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China fala em, pelo menos, um cidadão chinês ferido. Que povo é este? São oficialmente apátridas há mais de 30 anos, apesar de estarem em Arakan – uma área que hoje faz parte do Myanmar – desde o séc. XVIII. As organizações de defesa dos direitos humanos dizem que a minoria muçulmana é altamente discriminada pelas autoridades birmanesas e as Nações Unidas confirmam: há já vários anos que os rohingya aparecem no topo da lista dos mais perseguidos. O grande problema dos rohingya começou em 1982, com o golpe de Estado do general Ne Win, que deixou de fora da União da Birmânia a minoria muçulmana que vive no estado de Rakhine. Depois de décadas de opressão e marginalização, a lei da cidadania aprovada em 1982 declarou que os rohingya são oficialmente apátridas. Povo que vivia sobretudo da agricultura, tem tido dificuldades em manter os meios de subsistência. Seguidores fiéis do Islão, os rohingya mais velhos deixam crescer a barba e as mulheres usam hijab. As organizações de defesa dos direitos humanos dizem que as tradições e hábitos da minoria étnica muçulmana têm sido ameaçados pela pressão feita pela maioria budista: a junta militar que governou o Myamar era altamente intolerante em relação aos hábitos dos rohingya, que tiveram, por exemplo, de adoptar nomes birmaneses. O facto de serem apátridas impede o acesso a uma série de serviços públicos, com destaque para a saúde e a educação: aos rohingya é impossível a frequência de uma instituição do ensino superior. As várias escolas de cariz religioso que educavam as crianças desta minoria conheceram, nos últimos anos, muitos obstáculos – de cortes no financiamento à falta de espaços –, pelo que existem poucos meios para garantir a educação básica.
Hoje Macau SociedadeViaturas | Novos centros de inspecções começam a funcionar segunda-feira Carros e motos vão passar a ser inspeccionados em dois novos centros que começam a funcionar já na próxima segunda-feira. O Governo espera aumentar as inspecções de veículos das actuais 280 para 650 [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram inaugurados ontem mas só começam a receber os primeiros carros na próxima segunda-feira. O centro de inspecções de veículos automóveis fica no Cotai e a estrutura equivalente para motociclos está localizada na Avenida 1º de Maio, na zona da Areia Preta. O centro de inspecções situado na Avenida do Comendador Ho Yin fechará portas no mesmo dia. Segundo um comunicado emitido pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), os dois centros estão equipados com 17 linhas de inspecção de veículos, sendo que o número diário de inspecções poderá passar das actuais 280 para as 650, o que vai “melhorar significativamente a eficácia dos trabalhos”. A inauguração dos dois centros tem em consideração a redução do período de inspecções dos veículos, medida que entrará em vigor em Julho do próximo ano. “Devido ao aumento de equipamentos está previsto uma subida do número de novos veículos registados e de inspecções, sendo possível responder de forma mais positiva ao aumento decorrente da execução do encurtamento da periodicidade da inspecção obrigatória dos veículos.” A DSAT promete também mais garantias de profissionalismo. “Registou-se um aumento do número total de linhas de inspecção e do número de veículos a ser inspeccionados em comparação com o número actual. Depois da entrada em funcionamento, poderá fornecer serviços de inspecção mais profissionais, em grande escala e sistemáticos.” De acordo com o Governo, o aumento da frequência de inspecções poderá contribuir para uma redução da emissão dos gases poluentes para a atmosfera. “Face ao rápido desenvolvimento social de Macau, a emissão de gases de escapes dos veículos torna-se uma das fontes da poluição de Macau. Assim sendo, o Governo deve reforçar constantemente os trabalhos de inspecções de veículos”, aponta a DSAT. Actualmente, há mais de 60 mil veículos a circular nas estradas de Macau que estão sujeitos a uma inspecção periódica. Prevê-se que, com as novas regras a adoptar para o ano que vem, esse número aumente para o dobro. Daí que o actual centro de inspecções da Avenida do Comendador Ho Yin seja “incapaz de satisfazer as necessidades, tanto em termos de funções, como de espaço”.
Hoje Macau SociedadeAviação | TransAsia anuncia intenção de terminar operações Dois acidentes acabaram com a reputação de uma companhia aérea com fracos padrões de segurança, que pondera agora encerrar a actividade. Desde o mês passado que a TransAsia tinha deixado de fazer ligações a Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] notícia de que a transportadora aérea com sede em Taiwan tinha cancelado os voos programados para ontem foi conhecida logo pela manhã. Horas depois, já no final de uma reunião do conselho de administração da empresa, chegou a actualização da situação: os responsáveis pela companhia aérea decidiram dar início ao fim da actividade da TransAsia. Todos os voos foram suspensos. O fim à vista da TransAsia é um choque para os sectores da aviação e do turismo de Taiwan, bem como para o Governo da ilha. Sendo a terceira maior companhia aérea de Taipé, começou por garantir ligações entre os dois lados do Estreito. Depois, alargou as operações à região e a voos internacionais. A TransAsia voava diariamente para Macau, mas desde o mês passado que tinha deixado de oferecer o serviço. Ontem, ainda antes de anunciados os novos planos em torno da operadora, António Barros, director do Aeroporto Internacional de Macau, explicou ao HM que a empresa tinha anunciado a intenção de recomeçar as operações para o território a 1 de Dezembro. “Mas agora não sabemos mais nada. Não temos conhecimento oficial, apenas aquilo que vemos nas notícias.” Salientando que, apesar dos problemas de segurança que teve no passado, a TransAsia sempre operou normalmente em Macau, António Barros diz que a suspensão da companhia aérea não trará consequências para o aeroporto. “Há outras companhias a operar no lugar dela, não temos tido impacto. Temos uma nova companhia a operar, a Far Eastern Air Transport, que vai começar precisamente voos para Kaohsiung, no início de Dezembro. O tráfego continua a ser o mesmo.” Contas difíceis Nos seis trimestres anteriores a Setembro, a TransAsia acumulou sucessivos prejuízos. O negócio foi afectado por um acidente na ilha de Pengu, em 2014, e outro nos subúrbios de Taipé, em Fevereiro do ano passado, que causou 43 vítimas mortais. Fundada há 65 anos, a companhia aérea tinha como mercados principais a China Continental, o Sudeste Asiático e o Norte da Ásia. A suspensão dos voos anunciada ontem terá afectado cinco mil pessoas, com bilhete comprado para 84 ligações aéreas. A autoridade de aviação da ilha aplicou à empresa uma multa na ordem dos 730 mil dólares de Hong Kong. A TransAsia também pediu a suspensão da transacção de acções à bolsa de Taiwan, que aprovou a solicitação, mas penalizou a empresa por não ter organizado uma conferência de imprensa, tendo apenas enviado um comunicado. As autoridades tinham já anunciado que vão investigar a operadora por suspeitas de informação privilegiada. Na segunda-feira à tarde, o sistema de reservas da companhia aérea tinha deixado de funcionar, o que gerou especulação em torno do cancelamento de voos. A empresa começou por dizer que se tratava de um boato sem qualquer fundamento, mas acabou por admitir mais tarde que estaria um dia sem operar. A diminuição do número de turistas do Continente desde que Tsai Ing-wen assumiu a Presidência, em Maio passado, não tem ajudado ao equilíbrio financeiro da companhia.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim declara apoio à integração comercial [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China disse ontem apoiar uma maior integração na região Ásia Pacífico, após o anúncio do futuro Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai retirar o seu país do Acordo de Associação Transpacífico (TPP). O acordo, assinado a 4 de Fevereiro, depois de cinco anos de negociações, inclui os EUA, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e Vietname e abrange 40% da economia mundial. Porém, não inclui a China, tendo sido entendido por Pequim como uma forma de conter a crescente influência económica do país no Pacífico. “Estamos abertos a todos os acordos que são positivos para a integração, a facilitação do comércio, a paz e a prosperidade na Ásia Pacífico”, disse ontem o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang. O porta-voz recordou que na recente cimeira da APEC (Fórum de Cooperação Económica Ásia Pacífico) os líderes do grupo concordaram em “aprofundar a integração económica e opor-se ao proteccionismo comercial”. Geng considerou que os futuros tratados devem evitar a segmentação – numa referência à exclusão da China do TPP – e apelou a que sejam cumpridas as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), de forma a manter vigente o sistema multilateral de comércio. “Esperamos que todos os acordos se reforcem entre si, em vez de se debilitarem. Devemos evitar a segmentação dos acordos de livre comércio ou a sua politização”, insistiu. Encruzilhada O futuro Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na segunda-feira que vai retirar os EUA do Acordo de Associação Transpacífico quando chegar à Casa Branca por ser um “potencial desastre” para o país. Alguns países consideram avançar com o TPP mesmo sem a participação norte-americana, enquanto outros apontam para tratados alternativos, como o Acordo Integral Económico Regional (RCEP), que inclui a China e exclui os EUA. Geng lembrou que o RCEP não foi inicialmente proposto por Pequim, mas antes pelos dez países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que têm mantido as negociações. Pequim “espera que essas conversações possam produzir resultados em breve”, concluiu.
Hoje Macau China / Ásia InternacionalCimeira | APEC contra o proteccionismo e pelo comércio livre Na cimeira da APEC houve unanimidade contra o proteccionismo e pela abertura dos mercados, dois pontos contrários às ideias expressas por Trump na sua campanha. Os países do Pacífico acreditam que há vida além dos EUA proteccionistas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] 24ª Cúpula de Líderes do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec) terminou neste domingo em Lima com a promessa de se transformar num muro contra o proteccionismo e avançar na criação de uma área de livre-comércio que abranja todos os seus membros. A incerteza causada após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos marcou o tom e o conteúdo dos debates, e levou inclusivamente o presidente do Peru e anfitrião da reunião, Pedro Pablo Kuczynski, a falar de “um momento-chave da história económica” do mundo ao encerrar o evento, que durante o fim de semana reuniu os líderes das 21 economias do bloco. A reunião terminou com uma declaração de alerta sobre os riscos de proteccionismo e com a defesa da integração económica, que coincidiu com o documento antecipado no sábado pela Agência Efe e que transformou Trump no protagonista involuntário desta cimeira, que serviu como despedida oficial de Barack Obama da cena internacional. Nas conclusões, os líderes mostraram preocupação porque “a globalização e os seus processos de integração associados são cada vez mais questionados, contribuindo para o surgimento de tendências proteccionistas”. “Reafirmamos o nosso compromisso de manter os nossos mercados abertos e de lutar contra todas as formas de proteccionismo”, asseguraram. Assim, os líderes da Apec mostraram-se decididos a “reverter medidas proteccionistas e distorcidas que debilitam o comércio e travam o progresso e a recuperação da economia internacional”. Estas mensagens foram também repetidas até à exaustão de forma pessoal pelos líderes presentes na reunião, liderados por Obama, pelo presidente da China Xi Jinping, pelo japonês Shinzo Abe e o canadiano Justin Trudeau. Por uma área de comércio livre Além destas mensagens de ordem política, o Apec anunciou o seu desejo de avançar rumo à constituição de uma Área de Comércio Livre da Ásia Pacífico (FTAAP, em inglês) “de forma integral e sistemática”. Segundo a Declaração de Lima, divulgada no encerramento da cimeira, este compromisso será “um instrumento central para aprofundar a agenda de integração económica regional”. O FTAAP desenvolver-se-á de forma “externa e paralela” à Apec e terá como fim não só conseguir a liberalização dos mercados regionais, mas que esta seja “integral e de alta qualidade”, além de incluir os “temas de comércio e investimento de segunda geração”. Este acordo deverá ser construído em função dos acordos de comércio livre entre as economias do bloco actualmente existentes, particularmente o Acordo de Cooperação Transpacífico (TPP) e o Acordo Integral Económico Regional (RCEP), para o que os líderes pediram que permaneçam “abertos, transparentes e inclusivos”. Os trabalhos preliminares para este objectivo deverão estar prontos até 2020. Temas consensuais A declaração final da Cúpula de Líderes, de sete páginas, abordou também áreas específicas como o desenvolvimento das energias renováveis, o papel da mulher, o papel das pequenas e médias empresas, a conectividade e a luta contra o terrorismo e a corrupção. Estas posições são completamente diferentes das promessas de campanha de Donald Trump, que defendeu ante o eleitorado americano um maior proteccionismo económico para proteger os empregos nas indústrias contra a concorrência da China ou do México, países com mão-de-obra mais barata. As economias que fazem parte da Apec são Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China e Hong Kong, Estados Unidos, Indonésia, Japão, Coreia, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia, Singapura, Taiwan, Tailândia e Vietname. Estas economias representam 54% do Produto Interno Bruto (PIB) global e 50,3% das exportações mundiais, e contam com um mercado de mais de 2,8 mil milhões de pessoas, equivalente a 40% da população mundial. China pretende substituir EUA proteccionistas A China exibiu em Lima a sua ambição de assumir a liderança das negociações de comércio livre na região Ásia-Pacífico, por oposição ao projecto proteccionista do presidente americano eleito Donald Trump. Após a eleição, a relação entre a China e os Estados Unidos estão “numa encruzilhada”, advertiu o presidente chinês, Xi Jinping, à margem da cimeira da APEC. “Espero que as duas partes trabalhem juntas para se concentrar na cooperação, gerir as nossas diferenças e assegurar que a transição ocorra sem problemas e que o relacionamento continue a crescer”, acrescentou o líder chinês no início da sua última reunião bilateral com Barack Obama, que realiza na capital peruana a sua última viagem oficial ao exterior. Barack Obama lançara um apelo ao mundo, pedindo “uma chance” para seu sucessor, dando-lhe tempo. “Nós nem sempre governamos como fazemos campanha”, observou o actual ocupante da Casa Branca. Por seu lado, Xi Jinping pediu aos líderes regionais para apoiar as iniciativas chinesas para o comércio livre na região, para preencher o vazio deixado pelo provável abandono do acordo de comércio livre (TPP) pelos Estados Unidos. “Nós não vamos fechar a porta ao mundo exterior, mas abri-la ainda mais”, garantiu. “A construção de uma Área de Livre Comércio da Ásia-Pacífico (FTAAP) é uma iniciativa estratégica vital para a prosperidade a longo prazo da região. Devemo-nos ater a este projecto com firmeza”. A iniciativa chinesa alternativa é um projecto de acordo de comércio livre entre a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), Austrália, China e Índia, mas sem os Estados Unidos. Pequim defende o tratado como um passo importante na construção da zona de comércio livre da Ásia-Pacífico (FTAAP), que reuniria todos os países membros da APEC e cuja conclusão levaria anos, se um dia for concluída. “Vamos investir plenamente na globalização da economia, apoiando o comércio multilateral, com o avanço do FTAAP, trabalhando no sentido de uma rápida conclusão das negociações sobre o CJPE”, declarou Xi Jinping. A Austrália mostrou-se sensível à proposta chinesa CJPE. Mas o Japão, a outra potência regional da Ásia, é menos propensa a ceder a Pequim. O país continua, juntamente com outros, como Chile, a defender o TPP, mesmo sem os Estados Unidos. “O pacto chinês de comércio livre não vai compensar o fracasso do TPP, que representa um golpe para as perspectivas económicas da Ásia emergente”, comentou neste sábado o Capital Economics numa análise. “Os seus benefícios para a região tendem a ser muito menores”, especialmente para países como o Vietname ou a Malásia. No entanto, “a retirada dos Estados Unidos criou uma oportunidade para a China para expandir sua influência na Ásia”, acredita a Capital Economics.
Hoje Macau SociedadeCrime | Há mais de casos de abuso sexual de menores Já houve mais cinco casos de abuso sexual de menores até agora do que em todo o ano de 2015. Entre Janeiro e Outubro, a Polícia Judiciária deu início a nove processos. No ano passado, tinham sido registados apenas quatro [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dados da Polícia Judiciária foram ontem avançados pela Rádio Macau, na semana em que o Governo prometeu entregar, à Assembleia Legislativa, a proposta de revisão de crimes contra a liberdade sexual. Nos primeiros 10 meses do ano, a Polícia Judiciária (PJ) deu início a nove processos em há suspeitas de abuso sexual de menores. Já no que diz respeito aos crimes sexuais em geral, os dados da PJ demonstram que, até Outubro, foram iniciados 35 processos, o que, até agora, significa menos quatro casos do que os registados nos 12 meses de 2015. Para o director da Judiciária, o número não é muito preocupante. Ainda assim, Chau Wai Kuong apela às vítimas para denunciarem eventuais abusos. “Não são muitos casos. Mas acho que é melhor que o cidadão tenha coragem para denunciar os casos à PJ. Se houver denúncia temos de actuar. Se o cidadão decidir não apoiar a PJ então isso é mau para as duas partes”, disse à emissora. Chau Wai Kuong admite que a PJ deu sugestões na fase de elaboração da proposta de revisão de crimes contra a liberdade sexual, mas não quis adiantar quais. De qualquer forma, reconhece que se a lei for aprovada irá ajudar a polícia a combater mais eficazmente os crimes sexuais. “O que vai acontecer no futuro não depende de nós, depende da Assembleia e da comunidade de Macau. Somos um órgão policial, executamos a lei, mas se tivermos um instrumento para combater esse tipo de crimes, então para nós óptimo”, disse o responsável, acrescentando que o mais importante é haver consenso. “Não cabe só à PJ dizer que sim ou não. É melhor haver um consenso social e ouvir-se a população. Nós damos a experiência profissional a esta lei.” De uma forma geral, e de acordo com a vontade da maioria expressa na consulta pública, a proposta do Governo determina que a violação em grupo passe a ser considerada uma circunstância agravante de violação e também que o constrangimento a sexo oral passe a constituir crime de violação. Todos os cidadãos inquiridos mostraram-se igualmente a favor da eliminação da diferenciação de género no crime de violação, em prol da igualdade sexual.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e EUA discutem cooperação na área da justiça [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina e Estados Unidos da América discutem desde ontem como fortalecer a cooperação em assuntos da justiça, tal como a repatriação de fugitivos, uma questão determinante para a campanha anti-corrupção lançada por Pequim. “As relações entre a China e os EUA são, sem dúvida nenhuma, umas das mais importantes no mundo”, afirmou ontem o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Liu Zhenmin, na abertura do 14.º encontro entre os dois países para a cooperação em matéria de justiça. “O cumprimento da lei e a colaboração policial são uma parte muito importante dessas relações”, acrescentou. Durante o encontro, que ocorre até hoje em Pequim, e durante as quais participam o responsável norte-americano pela segurança e luta anti-droga, William Brownfield, Liu disse esperar que “os assuntos polémicos sejam tratados de forma adequada”. O vice-ministro chinês destacou, como resultado da cooperação, o regresso à China na semana passada da fugitiva mais procurada por Pequim, Yang Xiuzhu, “com a ajuda” dos EUA. “Este tipo de apoio insere-se nos compromissos alcançados entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, em Setembro passado, durante a reunião entre os líderes dos países do G20”, disse. Liu referiu ainda que Xi “falou na semana passada com o [Presidente eleito] Donald Trump e ambos pensam que falta alargar a cooperação a todos os aspectos”. Ligações intrincadas David Rank, embaixador adjunto dos EUA, sublinhou que o encontro entre Xi e Obama, à margem da APEC, “demonstra o quão complexas são as relações, que abarcam desde a segurança à economia, alterações climáticas e reforço da lei”. “Isto inclui aumentar a cooperação na coordenação de investigações criminais, repatriações e luta contra os narcóticos”, afirmou. “Hoje estamos aqui para assegurar que os compromissos realizados entre os nossos Presidentes se levam a cabo”, acrescentou, numa altura em que o desenvolvimento futuro das relações é uma incógnita, após a vitória de Trump nas eleições. O fórum ocorre num período em que Pequim reforça a campanha “Skynet”, que visa repatriar suspeitos de corrupção que escaparam para o estrangeiro – a maioria por crimes económicos e muitos evadidos nos EUA. O mais mediático alvo da campanha é o empresário Ling Wancheng, irmão do ex-director do Comité Central do Partido Comunista Chinês e adjunto do antigo Presidente Hu Jintao, Ling Jihua, que foi condenado este ano à prisão perpétua.
Hoje Macau China / ÁsiaBirmânia | Pequim apela ao restauro da paz na fronteira Os combates entre o exército e os guerrilheiros das minorias étnicas fizeram, domingo passado, oito mortos. Uma bomba caiu em território chinês [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China apelou à Birmânia para restaurar a paz na fronteira comum e evitar uma escalada no conflito entre as forças armadas e guerrilheiros, após uma bomba ter atingido território chinês. As autoridades chinesas puseram em marcha um dispositivo de emergência e reforçaram o contingente policial junto à fronteira. Pequim “espera que todas as partes implicadas participem no diálogo e consultas e façam esforços concretos para salvaguardar a paz”, afirmou um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em comunicado difundido na noite de domingo. Os combates entre as forças birmanesas e os guerrilheiros começaram na madrugada de domingo e o tiroteio podia ser escutado na cidade chinesa de Wanding, situada na fronteira. Uma das bombas atingiu uma aldeia chinesa, sem causar vitimas. Entretanto, um hospital chinês admitiu dois civis da Birmânia que ficaram feridos e em vários locais foram preparadas instalações para receber os refugiados do conflito. Escreve ontem a imprensa estatal da Birmânia que pelo menos oito pessoas morreram no noroeste do país nos confrontos no domingo entre o exército e guerrilhas de três minorias étnicas. Segundo o jornal Global New Light of Myanmar, os confrontos foram provocados por ataques a postos militares e da polícia por parte do Exército para a Independência Kachin, Exército de Libertação Nacional Ta’ang e milicianos da minoria kokang. Um soldado, três polícias, um membro da milícia civil e três moradores morreram e 29 pessoas ficaram feridas, incluindo nove polícias, segundo o mesmo diário. Na sequência da ofensiva, várias bombas caíram do lado chinês da fronteira, onde não foram registados feridos, segundo o jornal. Acordo distante O recrudescimento da violência representa mais um golpe nos esforços da líder de facto do governo birmanês, Aung San Suu Kyi, para alcançar um acordo de paz com as guerrilhas. O governo organizou em Agosto uma conferência de paz, que reuniu 18 das 21 guerrilhas do país e terminou com uma declaração de boas intenções, mas sem grandes acordos. Os ta’ang e kokang não participaram no encontro, devido ao veto dos militares, ao contrário do que sucedeu com os kachin, que enviaram uma delegação. Os kachin, com cerca de 10.000 milicianos, enfrentam o exército desde 2011, após o fim de um cessar-fogo que durou 17 anos. Esse diálogo não deteve, contudo, a ofensiva levada a cabo na zona pelo exército birmanês, ao qual a Constituição concede amplos poderes, incluindo os ministérios da Defesa, Interior e Fronteiras, e poder de veto no parlamento. Uma maior autonomia é a principal reivindicação de quase todas as minorias étnicas da Birmânia, incluindo a chin, kachin, karen, kokang, kayah, mon, rakain, shan e wa, as quais representam mais de 30% dos 48 milhões de habitantes do país. Em Maio de 2015, durante um conflito entre as tropas da Birmânia e guerrilheiros kokang, uma bomba atingiu também território chinês, causando a morte de cinco camponeses. A Birmânia pediu desculpas e pagou compensações pelo incidente.
Hoje Macau Desporto Grande Prémio de Macau MancheteTiago Monteiro: “Tinha um ajuste de contas com Macau” Tiago Monteiro era o homem mais feliz no paddock da Corrida da Guia. O piloto portuense de 40 anos venceu uma corrida que há anos sonhava em ganhar [dropcap]Q[/dropcap]ual é o sentimento de seres o primeiro português a vencer a Corrida da Guia? Muito feliz. Um alívio grande, pois esta corrida é muito difícil e muito tensa e por isso é que gostamos muito dela. Uma pessoa sabe que acorda todos os dias com uma sensação muito estranha. Hoje de manhã acordei um bocado nervoso. Não tinha muito a perder e não era o meu campeonato mas queremos sempre tentar tudo por tudo. Uma pessoa sabe que arrisca muito aqui e acho que isso tudo, no seu conjunto, faz com que seja uma corrida muito especial. E como correram as duas corridas? Saí na terceira posição e sabia que tinha de ter um bom arranque , e a primeira corrida também foi boa, apesar de ter sido o que foi. Não foi propriamente uma corrida, com tantas bandeiras vermelhas. A segunda corrida tive um excelente arranque e toda a gente sabe que isso é a chave e também é uma das minhas especialidades no WTCC. Correu bem aqui, apesar de não conhecer bem este carro e ainda assim safei-me bem. A partir do momento que se está na liderança. Uma pessoa nunca sabe o que é que vai acontecer, há muitas bandeiras amarelas e muitas vermelhas e é melhor está na frente do que estar a ter que recuperar. A partir daí era tentar manter o máximo possível. A corrida estava muito rápida, e não sabia bem se tinha capacidade de aguentar ou não. Tentei não cometer erros, não sabia se faltavam três ou quatro voltas, já sabia que iam ser menos do que o previsto. Enfim, foi um grande alívio. Soube a vingança? Há dois anos foi uma grande tristeza a três curvas do fim ter a direcção completamente bloqueada e por isso acho que agora foi uma pequena vingança. Tinha ainda um ajuste de contas com Macau. Foi fantástico! A vitória do António Félix da Costa na corrida de ontem também me deixou muito contente. Somos muito próximos e estou muito orgulhosa e agora ainda estou mais motivado para lhe dar força na partida. Com tanto percalço na corrida, tiveste algum cuidado em especial? Estava com medo que até a cancelassem. Seria uma grande frustração , mas poderia acontecer. Estava preocupado, por exemplo, com a temperatura dos pneus, que isto de aumentar e baixar a temperatura não resulta muito bem e não sabia bem como iriam funcionar. Tinha muitas preocupações. Foi uma corrida muito tensa, mas sabe melhor ainda.
Hoje Macau SociedadeSaúde | Lançado programa de rastreio do cancro colorrectal É o segundo cancro que mais mata no território. Os Serviços de Saúde apostam no diagnóstico numa fase inicial. Os testes são gratuitos e vão ser feitos por entidades privadas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau lançaram um programa de rastreio do cancro colorrectal, o segundo mais comum e mortal na região, que tem como destinatários os residentes com idades entre os 60 e os 69 anos. Os Serviços de Saúde esperam que metade do universo de elegíveis (oito mil em 16 mil) adira ao programa que cobre as despesas com os exames. O rastreio desenrola-se em duas fases: a primeira prevê um exame de sangue oculto nas fezes, ao qual seguir-se-á uma colonoscopia no caso de o resultado ser positivo, explicou o chefe do Centro de Protecção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde, Lam Chong, em conferência de imprensa. As colonoscopias não vão ser realizadas no Centro Hospitalar Conde de São Januário, mas em três unidades privadas chamadas a colaborar no programa de rastreio, de dois anos. O Governo estima gastar, por ano, nove milhões de patacas – com base na adesão esperada de oito mil residentes –, uma verba a ser distribuída pelos três hospitais privados consoante o número de exames levados a cabo, de acordo com Lam Chong. O médico-consultor do Serviço de Gastroenterologia, Ng Ka Kei, afirmou que o São Januário “não tem capacidade” ou “condições” para fazer mais exames, atendendo ao número de utentes que recebe naquela unidade. Segundo o especialista, realizam-se no hospital público dez a 15 colonoscopias por dia (número que respeita apenas aos dias úteis e que exclui os casos urgentes). De 1947 a 1956 O programa divide o período de inscrição dos destinatários em duas fases. Os nascidos nos anos ímpares (1947, 1949, 1951, 1953 e 1955) podem inscrever-se até 31 de Outubro de 2017, enquanto os dos anos pares (1948, 1950, 1952, 1954 e 1956) o poderão fazer a partir de 1 de Novembro do próximo ano e até 31 de Outubro de 2018. O intervalo etário foi definido com base na média das idades de incidência (67,5 anos) em Macau. Para serem elegíveis para o rastreio, além da idade, os residentes têm de cumprir requisitos como não terem realizado nenhuma colonoscopia nos últimos cinco anos, nem um exame de sangue oculto nas fezes nos últimos dois. O cancro do colorrectal é o segundo mais comum em Macau, a seguir ao de traqueia, brônquio e pulmões. Em 2014, pelos dados mais recentes dos Serviços de Saúde, foram registados 1598 novos casos de cancro em Macau, dos quais 253 de cancro colorrectal. O cancro colorrectal figura também como o segundo mais mortal: 101 mortes em 2014, a seguir ao de traqueia, brônquio e pulmões, com 188. Os Serviços de Saúde realizaram, no ano passado, o programa-piloto de rastreio deste tipo de cancro, abrindo mil vagas para a realização do exame de sangue oculto nas fezes: 995 residentes submeteram as amostras para o exame, que deu positivo em 107 casos, com 66 pessoas a precisarem de mais exames médicos. No final do procedimento, foram diagnosticados seis tumores malignos, três em fase avançada e outros tantos num estágio inicial.
Hoje Macau Manchete SociedadeCCAC | Dois funcionários públicos suspeitos de burla [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m casal que trabalha na Administração é acusado de ter enganado o Instituto de Habitação para conseguir comprar uma casa em Seac Pai Van. Os suspeitos não disseram que tinham um apartamento do outro lado da fronteira O caso foi descoberto porque o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) recebeu uma denúncia. Os dois funcionários públicos em causa são casados: um trabalha no Gabinete do Procurador e o outro no Instituto de Habitação (IH), a entidade que trata precisamente dos processos de atribuição de fracções construídas pelo Governo. De acordo com uma nota de imprensa do CCAC, os dois suspeitos são acusados de terem cometido os crimes de falsificação de documento e de burla de valor consideravelmente elevado, por terem omitido, durante o processo de candidatura a uma habitação económica, que detinham um apartamento em Zhuhai. O casal é ainda acusado de ter prestado dolosamente falsas declarações na apresentação de declaração de bens patrimoniais e interesses, pelo que terá cometido o crime de falsas declarações, por inexactidão dos elementos fornecidos. Os factos ocorreram em 2013. O CCAC indica que a aquisição da casa em Zhuhai tinha sido feita pouco tempo antes do processo de candidatura ao IH. “Tendo conseguido enganar o Instituto de Habitação e passar na questão da verificação do património, os cônjuges compraram finalmente uma fracção de habitação económica situada em Seac Pai Van no valor de mais de 600 mil patacas”, lê-se no comunicado. No início deste ano, o comissariado recebeu uma denúncia sore o caso e pediu ao IH que verificasse, novamente, a candidatura em questão, tendo exigido aos dois funcionários públicos a apresentação de documentos comprovativos referentes a património no exterior. “Por um lado, os dois suspeitos afirmaram fraudulentamente, na declaração apresentada ao pessoal do IH, que não tinham nenhum imóvel em Zhuhai e, por outro lado, venderam rapidamente o imóvel em Zhuhai e requereram posteriormente às autoridades competentes do registo predial [da cidade vizinha] um documento para comprovar que não possuíam nenhum imóvel para declarar ao IH”, acusa o CCAC. Além disso, continua o organismo, o casal ocultou por duas vezes o apartamento em Zhuhai aquando da apresentação das declarações de bens patrimoniais e interesses em 2013 e em 2015. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público. Promessa de IH Em reacção ao comunicado do CCAC, o Instituto de Habitação veio garantir que “está a prestar cuidada atenção” ao caso que envolve um dos seus trabalhadores e promete continuar a cooperar com a investigação. “Simultaneamente, o IH irá instaurar um processo de averiguações em relação às eventuais ilegalidades ou infracções disciplinares cometidas por este trabalhador, não pactuando com qualquer ilegalidade ou infracção disciplinar. Sempre que existam informações e provas suficientes de que alguém obteve uma habitação económica através de meios ilegais, irá ser instaurado, de imediato, o respectivo processo de acompanhamento”, diz o instituto em nota à imprensa.
Hoje Macau SociedadeNúmero de acidentes de trabalho supera vítimas na estrada Em cinco anos os números referentes aos acidentes de trabalho revelaram ser maiores do que as vítimas por acidentes de viação. Tanto os acidentes como as vítimas mortais são em maior número [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de mortos em acidentes de trabalho nos últimos cinco anos em Macau supera o de vítimas nas estradas, apesar de a taxa de sinistralidade ser menor, de acordo com dados compilados pela agência Lusa. Entre 2011 e 2015 foram registados 75.700 acidentes de viação com 78 mortos contra 35.450 acidentes de trabalho que resultaram em 99 vítimas mortais. No primeiro semestre do ano, ocorreram 7.425 acidentes de viação, mais do dobro relativamente aos 3.650 acidentes de trabalho, mas o número de vítimas mortais foi menor: quatro contra nove. Como principais causas dos acidentes de viação surgem o “excesso de velocidade” e a “não-cedência de passagem nas passadeiras e cruzamentos”, segundo os dados da PSP. Macau – com uma área de pouco mais de 30 quilómetros quadrados, uma rede rodoviária estimada em 427 quilómetros e uma população de 647.700 pessoas no fim de 2015 – contava, no final de Setembro, com 249.013 veículos em circulação, dos quais mais de metade (52,3%) eram motociclos. Algumas reservas Os dados, compilados a partir das estatísticas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Direcção dos Serviços de Assuntos Laborais (DSAL), indicam que, em média, por ano, entre 2011 e 2015, Macau registou 15 mortes nas estradas e 19 em acidentes laborais. De realçar, porém, que a DSAL faz uma ressalva relativamente às mortes causadas por acidentes de trabalho nos últimos anos por os casos estarem ainda “na fase de investigação”. Assim, das 99 mortes registadas nos últimos cinco anos em acidentes laborais, a DSAL observa que 23 (11 em 2015; cinco em 2014 e sete em 2013) “podem eventualmente estar relacionadas com o estado de saúde das vítimas”, indicando que os dados serão revistos de acordo com as sentenças proferidas pelo tribunal. O mesmo sucede no que diz respeito aos primeiros seis meses do ano, com a DSAL a indicar que o estado de saúde dos trabalhadores pode estar relacionado com sete das nove vítimas mortais contabilizadas. O número de feridos em acidentes de trabalho dos últimos cinco anos também ultrapassa o dos acidentes rodoviários. Entre 2011 e 2015 foram contabilizados 35.346 feridos em acidentes laborais, dos quais 283 ficaram permanentemente incapacitados de trabalhar, segundo dados da DSAL. Já nas estradas foram registados 26.727 feridos, dos quais 1.240 precisaram de internamento hospitalar, de acordo com a PSP. Só no primeiro semestre do ano, os acidentes de trabalho provocaram 3.614 feridos, com quatro pessoas a ficarem incapacitadas permanentemente; enquanto os sinistros nas estradas fizeram 2.272 feridos, dos quais 96 careceram de internamento hospitalar. Ontem assinalou-se o Dia Mundial em Memória das Vítimas das Estradas.
Hoje Macau EventosVídeo | Festival experimental com edição dedicada a Portugal O EXiM 2016 olha para Portugal. O evento selecciona, em cada edição, um país ou região para poder mostrar o que de melhor na área do vídeo por lá se faz. Este ano traz de Portugal o vídeo experimental, com destaque para o trabalho feito no feminino [dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] “um festival diferente”, classifica José Drummond, um dos curadores, a par com Bianca Lei, de mais uma edição do festival dedicado ao vídeo experimental, o EXiM 2016. “É um festival diferente no sentido em que não tem candidaturas e os filmes projectados são uma escolha. É ainda um evento que tem como alvo o que se faz a nível experimental, como indica o próprio nome”, explica ao HM. Tem a direcção de Bianca Lei, que nesta edição divide com José Drummond a curadoria. “As projecções de Macau ficaram a cargo da Bianca Lei e eu com as de Portugal.” Na origem da iniciativa está a ideia de que cada ano seja dedicado a um país que irá dividir a participação com Macau. Esta edição é dedicada a Portugal. O critério de escolha das apresentações que vão acontecer no Armazém do Boi é essencialmente a diversidade. “Em vez de fazer três screenings semelhantes, a nossa aposta de imediato foi em ter uma sessão mais variada e ter uma maior diversidade de práticas, que pudesse, de alguma forma, fazer um bocadinho o panorama do que se tem feito nos últimos cinco ou dez anos com artistas realmente diferentes ou a trabalharem o vídeo de uma forma diferente”, explica José Drummond. A título de exemplo, o curador refere os trabalhos de Rui Calçada Bastos, José Carlos Teixeira, Bruno Campo e Carla Carreira e António Júlio Duarte. O evento é marcado, após a sessão de abertura de sexta-feira que junta artistas locais e portugueses, por uma aposta no trabalho feito no feminino, com as projecções de Tatiana Macedo e de Mariana Viegas. A razão é, segundo o curador, a necessidade de dar mais espaço a que os trabalhos feitos por mulheres sejam apresentados. “Tenho insistido muito em que, de algum modo, a presença feminina se destaque, de modo a poder dar contextos associados a esse mundo que é particular”, explica. José Drummond considera que “as mulheres têm de ter mais espaço”. “Ainda não é suficiente porque, além do modo e sensibilidade de abordagem das mulheres ser especial, essas coisas têm de começar a ter a mesma presença e balanço também no vídeo para podermos ser mais justos”, diz. Ao falar das escolhas que fez, em particular para a edição de 2016 do EXiM, o curador explica “Mariana Viegas está a viver na Dinamarca e Tatiana Macedo tem estado numa residência em Berlim. Enquanto ponto de ligação é o facto de serem ambas artistas portuguesas que não estão no seu país”. Além da mulher As duas artistas partilham ainda o facto de terem trabalhado anteriormente em fotografia. Mas, no que respeita ao vídeo, apresentam abordagens nada semelhantes, apesar de nenhuma das duas se centrar na questão do género ou de assuntos relacionadas. “São trabalhos diferentes e o que acho curioso é que, no trabalho delas, não há uma tentação do feminino no sentido em que as artistas não demonstram preocupações mais directamente ligadas ao mundo das mulheres: a maternidade, por exemplo. No caso destas autoras isso não acontece, sendo que a sensibilidade feminina está lá.” Para Drummond, “quando se vê um trabalho feito por uma mulher, percebe-se isso mesmo”. Mariana Viegas, segundo Drummond, já na sua obra fotográfica mostra uma paixão muito intensa de contraste entre ruínas e seres vivos. “O trabalho dela estabelece essa relação entre um espaço em geral de ruínas e a continuação de uma outra qualquer existência. Sem que se note que seja forçado, há um olhar sobre a morte, sobre uma ideia qualquer de um apocalipse que, mesmo assim, deixará que continue a existência.” No entanto, “esta é uma leitura pessoal e feita no vazio”, salvaguarda o curador. O trabalho da Tatiana Macedo aparece como um trabalho “muito interessante” que pega no título de uma canção do Leonard Cohen – “Seems So Long Ago, Nancy”. É um vídeo de 45 minutos, é uma visão, sobre um museu em especial, o Tate Gallery, e é feito a partir do olhar dos seguranças e funcionários do espaço. “O protagonista não é o público ou as obras, mas sim as pessoas que trabalham no museu, aquelas pessoas que estão ali chateadas num canto, sentadas numa cadeira. É um trabalho com uma poética muito interessante na forma como aborda temas como o tédio e o vazio, é uma visão depurada do que é um museu a partir da perspectiva dessas pessoas.” A experiência As projecções encerram no serão de domingo com o trabalho de José Maçãs de Carvalho, que também faz a transição da fotografia para o vídeo, embora o trabalho que tem vido a desenvolver seja essencialmente marcado pelo carácter experimental. “Na fotografia de José Maçãs de Carvalho existe sempre um lado conceptual muito forte, enquanto no vídeo há uma tentativa de experimentar caminhos que o vídeo proporciona.” O autor tem várias pequenas peças em que apresenta coisas diferentes de como trabalhar este meio e, “ao longo da sua carreira, foi apontando caminhos diversos de como o fazer”. Programa EXiM 2016- Portugal and Macao Experimental Video Festival Local: Armazém do Boi | 25, 26 e 27 de Novembro Sexta-feira 19h – Artistas: Natercia Chang Sio Weng, Joein Leong, Ella Lei, Yves Etienne Sonolet, Ray Chu, Carla Cabanas, Nuno Cera Sábado 16h – Trabalhos de Tatiana Macedo e Mariana Viegas 19h – Trabalhos de Ray Sun Ruey Horng, Lei Cheok Mei, Ieong Kun Ieng , Suki Chan , Ivy Choeng , Fish Leong Ka Ian, Sam Kin Hang, Jack Yau, William Kwok, Napx, Leong Hou Un, Paula Lo, Natercia Chang Sio Weng e Ray Chu Domingo 16h – Trabalhos de Nuno Cera, Bruno Ramos, José Carlos Teixeira, António Júlio Duarte, Carla Cabanas & Rui Calçada Bastos 19h – Trabalhos de José Maçãs de Carvalho
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Denunciadas cargas incompletas de petróleo de Angola Quase 90% dos carregamentos de petróleo provenientes do poço angolano de Saturno que chegaram a Huangdao, norte da China, nos primeiros dez meses do ano tinham peso a menos, noticiou a imprensa local [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo o maior jornal da província de Shandong, o Qi Lu Wan Bao, 45 dos 51 carregamentos provenientes de Saturno traziam menos carga do que o acordado, estando a perda para os compradores estimada em 2,21 milhões de dólares. No total, as encomendas oriundas daquele poço de águas ultra-profundas, situado no bloco 31, costa norte de Angola, apresentaram um défice de 7.690 toneladas, destaca o jornal, que cita a alfândega de Huangdao. No caso em que os carregamentos apresentaram maior irregularidade, o valor em falta ascende a 0,5% do total. A mesma fonte justifica o défice com a “densidade do petróleo acima do normal” e o “carregamento insuficiente no porto de carga”, estimando a perda para os compradores em 2,21 milhões de dólares. Situada na província de Shandong, a ilha de Huangdao é sede de uma das principais refinarias do gigante estatal Sinopec no norte da China, e extremo de um dos oleodutos que fornece o nordeste chinês. No pódio Entre Janeiro e Outubro, Huangdao recebeu 3,6 milhões de toneladas de petróleo oriundos de Saturno, o que coloca o poço angolano entre o terceiro maior fornecedor, a seguir a Meery16, na Venezuela, e ESPO, na Rússia. As autoridades recomendaram aos importadores chineses que, ao assinar o contrato de compra com o fornecedor angolano, devem identificar claramente o método de pesagem e realizar uma inspecção no porto de carga. O bloco 31 tem o petróleo mais barato produzido em Angola e já rendeu em receitas para o Estado, entre Janeiro e Setembro, 57.104 milhões de kwanzas (321 milhões de euros), segundo dados do Ministério das Finanças de Angola. É explorado por um consórcio que integra a BP (26,67% do capital), a Statoil (13,33%), a Sonangol Sinopec International (15%) e a estatal angolana Sonangol (45%), que é também operadora do bloco. Em Julho passado, Angola ultrapassou a Arábia Saudita e a Rússia e tornou-se no principal fornecedor de petróleo da China, segundo dados das Alfândegas chinesas. Em Agosto e Setembro, o país africano manteve aquela posição.
Hoje Macau China / ÁsiaChina |Investimento directo no exterior aumentou 53,3% Serviços e consumo são agora os sectores mais solicitados pelos chineses para aplicar capital. Os investimentos além-fronteiras chegaram a 162 países e regiões [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s empresas chinesas investiram 145,96 mil milhões de dólares no exterior, entre Janeiro e Outubro, um aumento de 53,3%, face ao mesmo período de 2015, consolidando a posição da China como investidor externo. O valor supera o investimento directo estrangeiro na China, que nos primeiros dez meses do ano aumentou 4,2%, em termos homólogos, fixando-se nos 90.500 milhões de euros. Os dados do Ministério do Comércio chinês detalham que, em Outubro, o investimento feito pela China além-fronteiras subiu 48,4%, face ao mesmo mês de 2015, para 11,74 mil milhões dólares. Pequim tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica. Os investimentos chineses chegaram a 162 países e regiões, tendo beneficiado sobretudo Hong Kong, os países do sudeste asiático e da União Europeia, Austrália, Estados Unidos da América, Rússia e Japão. Os EUA registaram a maior subida, com o capital chinês no país a registar um aumento de 173,9%, nos primeiros dez meses do ano. Mudança de rumo A tendência do investimento chinês tem-se também alterado nos últimos anos, com crescente preponderância do sector dos serviços e do consumo. Os números oficiais demonstram que, nos primeiros dez meses do ano, a maioria do montante de investimento chinês fora do país se dirigiu para os serviços comerciais, retalho e manufactura. “Anteriormente dominado por grandes empresas estatais que procuravam ferro e cobre, o investimento chinês agora inclui conglomerados do sector privado que compram estúdios de cinema nos EUA e casas de moda na Europa, assim como empresas apoiadas pelo Estado a adquirir firmas no sector da tecnologia”, notou o banco HSBC em comunicado. A China é a segunda economia mundial, a seguir aos EUA, e a maior potência comercial. Nos últimos anos, Portugal tornou-se um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, num montante que já ultrapassou os 10.000 milhões de euros, segundo fontes portuguesas.