Hoje Macau SociedadeTufão Hato | Mais de 20 mil árvores afectadas [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 20 mil árvores nas zonas urbanas de Macau foram afectadas pela passagem do tufão Hato, disse à Lusa uma porta-voz do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Das mais de 20 mil árvores afectadas em espaços públicos, cerca de 10 mil foram arrancadas pela força do vento, outras quatro mil sofreram danos graves, e 9,5 mil tiveram danos moderados. Entre as árvores derrubadas há cerca de 20 que são consideradas antigas. Quase duas semanas depois da passagem do tufão Hato por Macau, em 23 de Agosto, ainda não estão apurados os danos registados nas árvores em zona de montanha nas ilhas da Taipa e Coloane. Entretanto foram concluídos os trabalhos de remoção de árvores das vias públicas, tendo sido retomada a 100 por cento a circulação nas estradas, disse a fonte à agência Lusa, indicando que “a prioridade é tratar dos parques e dos jardins na cidade”, onde “ainda há muito a fazer”. Questionado sobre a existência de algum plano para substituir as árvores destruídas pela passagem do tufão Hato, o IACM afirmou que “os casos estão a ser acompanhados”, mas que, “neste período de tufões, não é também aconselhado plantar árvores”.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Pequim e Moscovo ajudam países do BRICS a ter mais voz [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hina e Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, comprometeram-se ontem a ajudar os restantes países do bloco de economias emergentes BRICS a ter um maior papel na ONU. “Reafirmamos a necessidade de uma reforma completa das Nações Unidas, incluindo do seu Conselho de Segurança”, lê-se na declaração conjunta dos líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A mesma declaração reconhece o desejo do Brasil, Índia e África do Sul de ter maior voz na ONU. “É necessário aumentar a representação dos países em desenvolvimento, para que [as Nações Unidas] possam responder adequadamente aos desafios globais”, refere. A Índia, o Brasil e outros países, como o Japão e Alemanha, reclamam o direito de serem membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, um privilégio ostentado desde o fim da Segunda Guerra Mundial por apenas cinco países: EUA, França, Reino Unido, China e Rússia. A declaração de ontem aludiu também à necessidade do diálogo em crises internacionais como na Síria, Israel e Palestina, ou no Iraque, e manifestou a oposição dos cinco países do BRICS ao uso de armas químicas. Ameaça de Trump sobre Pyongyang considerada inaceitável [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China classificou ontem de inaceitável e injusta a ameaça do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o comércio com países que fazem negócios com a Coreia do Norte. Trump escreveu no domingo na rede social Twitter que Washington está a considerar suspender o comércio com “qualquer país que faça negócios com a Coreia do Norte”. O comentário do Presidente dos Estados Unidos surgiu após Pyongyang ter realizado o seu sexto nuclear e o mais poderoso de todos até à data.“É inaceitável uma situação em que, por um lado, trabalhamos para resolver esta questão pacificamente, mas por outro lado, os nossos interesses são sujeitos a sanções e ameaças”, disse ontem Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. “Isto não é nem objectivo, nem justo”, acrescentou. A China é o maior aliado diplomático e parceiro comercial do regime de Kim Jong-un.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Fundo para apoiar activistas presos [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de cidadãos criou um fundo para apoiar 16 activistas presos em Hong Kong no mês passado, após recursos interpostos pelo Governo para rever as sentenças iniciais, informou ontem a Rádio e Televisão Pública da cidade. O fundo, independente de qualquer força política, é gerido pela antiga deputada Margaret Ng, pela cantora pop Denise Ho, e os académicos Hui Po-keung e Yiu-ming. Actualmente, o fundo conta com 2,5 milhões de dólares de Hong Kong angariados numa manifestação no mês passado. Os organizadores disseram que o fundo vai ser usado para futuros gastos com a justiça dos activistas presos e para dar 10.000 dólares de Hong Kong por mês às respectivas famílias para cobrir despesas, nomeadamente com viagens. Entre os que vão receber apoio do fundo estão Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow, líderes estudantis do ‘Occupy’, em 2014, assim como outros 13 activistas, incluindo Raphael Wong e Willis Ho, que meses antes tentaram invadir o Conselho Legislativo (Legco), num protesto contra um controverso plano de desenvolvimento nos Novos Territórios. Todos os 16 activistas foram presos em Agosto, com dias de diferença. O antigo deputado Leung Kwok-hung, mais conhecido por ‘Long Hair’ (Cabelo Comprido) estava entre os activistas que anunciaram a criação do fundo. ‘Long Hair’ disse que a consciência da sociedade é revelada pela forma como trata os seus “prisioneiros de consciência” e apelou à população para doar dinheiro e livros para os activistas presos. Faixas no campus Entretanto, faixas a pedir a independência de Hong Kong foram ontem vistas no campus da Universidade Chinesa de Hong Kong (CUHK, na sigla em inglês) na antiga colónia britânica, antes do início das aulas, segundo a imprensa local. O presidente da associação de estudantes da CUHK, Justin Au, disse que alguns activistas também colocaram uma faixa com os nomes dos ativistas presos ou daqueles que enfrentam acusações na justiça, à volta do corpo da estátua da Deusa da Democracia, localizada naquele campus universitário, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong. Justin Au comentou que queria que os estudantes se lembrassem que há pessoas de Hong Kong na prisão ou que estão “a ser reprimidos pelo governo pelas suas visões políticas” e que esperava que os estudantes se mantivessem do lado da justiça, “independentemente do preço” a pagar. Questionado sobre as faixas, que foram mais tarde retiradas, o vice-chanceler da CUHK, Joseph Sung, afirmou que os estudantes gozam de liberdade de expressão e que a direcção da universidade não vai tomar nenhuma acção contra actividades legais. Depois de presidir à sua última cerimónia de início das aulas na universidade, Sung disse esperar que os estudantes olhem de forma mais profunda para os problemas que afectam a sociedade. “Se tiverem uma opinião a expressar, devem fazê-lo de acordo com a lei e de forma pacífica”, disse. Esta não é a primeira vez que surgem faixas a pedir a independência de Hong Kong em universidades da antiga colónia britânica.
Hoje Macau EventosCamilo Pessanha, 150 anos | Marreiros “chama atenção” com instalação de arte pública [dropcap style≠’circle’]“C[/dropcap]amilo Pessanha no Ano do Galo” titula a instalação de arte pública itinerante que o macaense Carlos Marreiros prepara para “chamar a atenção” para o expoente máximo do simbolismo português, que viveu e morreu em Macau. A instalação de arte, ainda sem data para inaugurar, surge na sequência das comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha, uma iniciativa lançada pelo diretor do jornal Hoje Macau, Carlos Morais José, cujo programa, que inclui exposições de pintura e de fotografia, conferências e lançamento de livros, arrancou no dia 01 e termina na quinta-feira. A instalação, que vai ser itinerante, intitula-se “Camilo Pessanha no Ano do Galo”, porque “os 150 anos do nascimento coincidem com o Ano do Galo”, iniciado em 28 de janeiro, sob o signo daquele que figura como um dos doze animais do milenar zodíaco chinês. A “peça geométrica a sugestionar um galo” é “bastante abstrata” e nela vão estar integradas “ampliações de desenhos” da sua autoria e “também textos originais de Carlos Morais José e de Yao Jingming”, que verteu para chinês Camilo Pessanha, entre outros nomes da literatura portuguesa, de acordo com o artista plástico. Marreiros, autor nomeadamente das ilustrações de uma edição especial, em dez volumes com caixa, d’“A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, pretende com a instalação “chamar a atenção do público em geral sobre a importância de um poeta que tem tudo a ver com Macau”. “Foi Macau que [Camilo Pessanha] escolheu para se refugiar do seu amor sofrido, por causa da paixão por Ana de Castro Osório. Foi aqui que foi professor, juiz substituto, escritor, intelectual, interveniente e uma figura bastante excêntrica”, elencou o também arquiteto. Com a “preocupação” sempre presente de “comunicar com os chineses e com as outras etnias que vivem em Macau”, Carlos Marreiros pretende então levar Camilo Pessanha mais além, porque “há coisas bonitas feitas pela comunidade portuguesa, mas que ficam só entre nós”. “Toda a minha vida fiz a ponte, e o Carlos Morais José gostou muito da ideia também”, afirmou ainda, explicando que a peça vai ser itinerante, correndo três pontos de Macau, e que, em torno dela, falar-se-á de Camilo Pessanha em chinês. A instalação vai ser colocada em primeiro lugar na praça do Leal Senado, no coração da cidade, seguindo depois para o Jardim Triangular da Areia Preta, “uma das zonas mais populosas de Macau e de camadas economicamente mais débeis”, porque o objetivo passa “precisamente [por] levar a cultura ao povo”. A peça estará exposta em ambos os espaços públicos por “alguns dias” e, à sua volta, vai haver “algumas dramatizações, algumas récitas simples e a distribuição de exemplares da ‘Clepsydra’ em língua chinesa”. “É com isso que se consegue uma interatividade com o público e que o nome dele chegue mais longe”, realçou. Carlos Marreiros deu o exemplo de Luís Vaz de Camões: “Os velhos habitantes da zona [do Jardim Luís de Camões] sabem a história: ‘Era um senhor que era visto, barbudo e ia poetar no ninho das pombas’”. O macaense referia-se ao facto de o Jardim Luís de Camões ser ainda conhecido em chinês por “ninho das pombas brancas”. “Esse tipo de legado é importante e Camilo Pessanha era bom demais para o seu tempo, incompreendido no seu tempo”, pelo que “a população chinesa deve rever-se numa figura que, aliás, é tão próxima”, sublinhou. Depois do Senado e do Jardim Triangular da Areia Preta, a instalação segue para o Albergue SCM, uma organização cultural sediada no histórico bairro de S. Lázaro, presidida por Carlos Marreiros, onde ficará patente “por algum tempo”. Considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, em 07 de setembro de 1867, e morreu em Macau, em 01 de março de 1926, onde vivia desde 1894.
Hoje Macau PolíticaCAEAL | Comissão espera uma campanha limpa [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] início da campanha eleitoral teve lugar à meia-noite do passado sábado. Tong Hio Fong, presidente da Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa deixou, na cerimónia de abertura oficial, alguns recados e apelou para que as listas não incorram em ilegalidades O presidente da Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) de Macau, o juiz Tong Hio Fong, afirmou esperar que campanha, que arrancou no sábado, seja “uma disputa entre cavalheiros”. “Esperamos que a campanha eleitoral das eleições para a Assembleia Legislativa seja realizada sob o princípio de ‘disputa entre cavalheiros’”, sublinhou Tong Hio Fong, no discurso da cerimónia oficial do início da campanha, que arrancou às 00:00. Nas eleições por sufrágio directo para a sexta Assembleia Legislativa, marcadas para o próximo dia 17, participam 24 listas – menos uma, após a desistência na quinta-feira da lista “Cor-de-rosa Amar a População” – compostas por um total de 186 candidatos, enquanto às por sufrágio indirecto (através das associações) apresentam-se seis listas com 15 candidatos, havendo apenas um colégio eleitoral (sector profissional) com duas listas e não apenas uma. “Solicito às listas de candidaturas e apoiantes para que durante a campanha promovam uma interacção positiva, apresentando as diversas ideologias políticas aos cidadãos de forma saudável, ordenada, diversificada, para que os eleitores, conhecendo bem os programas políticos das diversas listas, elejam o deputado que os pode representar na nova legislatura da Assembleia Legislativa”, afirmou o presidente da CAEAL. Portem-se bem Tong Hio Fong renovou ainda os apelos às listas para que cumpram a lei, advertindo que podem incorrer em corrupção eleitoral caso tentem influenciar a intenção de voto através de benefícios; bem como para que respeitem as restrições temporais no uso de veículos de propaganda sonora e de outros equipamentos. Também presente na cerimónia esteve o comissário Contra a Corrupção (CCAC), André Cheong, que disse, aos jornalistas, ter recebido 85 declarações relativas a actividades de beneficência social, previstas entre sábado e a véspera das eleições, com 127 participações de candidatos, alertando que se forem detectados actos de campanha durante as mesmas tal configura corrupção eleitoral. A linha aberta da CAEAL e do CCAC registou até, à noite de sexta-feira, um total de 84 queixas, sendo que só o CCAC recebeu 37, elevando o total de denúncias relativas a corrupção ou a irregularidades para 121. Todos os casos estão a ser acompanhados, segundo André Cheong. A cerimónia oficial do início da campanha eleitoral decorreu na Praça do Tap Seac, onde os representantes de todas as listas subiram ao palco e fizeram uma breve apresentação das respectivas candidaturas. “A CAEAL espera que os eleitores exerçam, no dia 17 de Setembro, o seu direito cívico, valorizando o seu voto, votando de acordo com a sua consciência, elegendo, com a sua inteligência, os seus representantes”, sublinhou o presidente da CAEAL. Às 00:00 de sábado os candidatos, munidos de bandeiras e balões em ambiente de festa, marcaram o arranque simbólico da campanha no mesmo local. Sete luso-descendentes participam na corrida pelo sufrágio directo, dos quais apenas um é cabeça de lista. Das listas figuram 22 actuais deputados (13 concorrem pela via directa e nove pela via indirecta). Os 201 candidatos disputam 26 lugares dos 33 lugares (14 pelo sufrágio directo e 12 pelo indirecto), estando os outros sete destinados a deputados que serão posteriormente nomeados pelo chefe do Executivo da Região Administrativa Especial. Apoios | IAS concede prestações extra de subsídios a famílias [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) anunciou ontem que vai atribuir, a partir de amanhã, uma prestação extra do subsídio regular, um apoio de que beneficiam aproximadamente quatro mil agregados familiares. A atribuição do subsídio extra tem como objectivo “ajudar essas famílias a resolver as despesas extra resultantes do novo ano lectivo e das Festividades do Bolo Lunar” ou “Chong Chao”, uma das mais importantes da cultura chinesa, que se celebra no início do próximo mês. Em comunicado, o IAS indica que a medida vai representar um encargo na ordem dos 22 milhões de patacas. São considerados como estando numa situação de carência económica pessoas ou famílias cujos rendimentos sejam inferiores ao valor do risco social – o montante mínimo de sobrevivência estipulado pelo Executivo. O valor mínimo para uma pessoa que viva sozinha é de 4.050 patacas, enquanto o máximo, para famílias com número igual ou superior a oito membros, corresponde a 18.870 patacas. Além do subsídio regular, que resulta da diferença entre o valor dos rendimentos mensais e o valor do risco social –, o IAS tem outras modalidades de apoio financeiro como subsídios especiais para quem possui necessidades específicas.
Hoje Macau SociedadeDois idosos com termo de identidade e residência por propagarem boatos [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois irmãos de Macau, de 73 e 68 anos, suspeitos de divulgarem notícias falsas sobre pessoas falecidas, depois da passagem do tufão Hato, encontram-se com termo de identidade e residência, disse à Lusa o gabinete do Procurador. Os irmãos, um homem e uma mulher, tinham sido levados para as instalações da Polícia Judiciária (PJ) no início da semana para serem interrogados acerca da divulgação, na rede social chinesa “WeChat”, de informações falsas de que cinco pessoas tinham sido encontradas mortas num parque de estacionamento na zona do Fai Chi Kei, no norte da cidade. Após o interrogatório, os suspeitos foram encaminhados para o Ministério Público. “Em 29 de Agosto de 2017, a polícia transferiu dois arguidos, suspeitos de terem divulgado uma notícia falsa de que o Governo tinha bloqueado o acesso à notícia relativa à morte de cidadãos causada pelo tufão Hato, ao Ministério Público para registar e instaurar o inquérito”, indica o esclarecimento enviado à Lusa. Segundo o gabinete do Procurador, após o interrogatório preliminar, foi aplicada aos “dois arguidos a medida de coacção de termo de residência e identidade”, encontrando-se agora o processo “a aguardar a investigação”. Na terça-feira, fonte da PJ esclareceu à agência Lusa que os dois irmãos não iniciaram o rumor, mas propagaram-no. Segundo a mesma fonte, os dois incorrem no crime de “ofensa a pessoa colectiva que exerça autoridade pública”. Entretanto, outros dois casos de alegadas notícias falsas sobre mortes foram detectados pelas autoridades. A PJ identificou duas mulheres, de 49 e 63 anos, que “terão divulgado informações de que haveria mais vítimas mortais” também no auto-silo do Fai Chi Kei. Os dois casos foram descobertos durante uma visita da PJ a casa das suspeitas, em que foram verificados os conteúdos dos telemóveis e encontradas mensagens partilhadas pelas duas mulheres nas redes sociais. Também neste caso, as mulheres são suspeitas de divulgar a informação, mas não de a ter iniciado. Turismo | Excursões estão de volta [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau voltou a receber excursões turísticas no passado sábado. As visitas em grupo tinham sido suspensas na sequência da passagem do tufão Hato. Segundo números preliminares fornecidos pelos operadores turísticos, Macau recebeu, até ontem, perto de 410 excursões turísticas da China, informou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) em comunicado. A DST, que enviou inspectores aos postos fronteiriços e aos principais pontos turísticos, disse o primeiro dia de regresso dos grupos a Macau decorreu com “normalidade”.
Hoje Macau SociedadeAno lectivo | Maioria das escolas começou aulas no período previsto Apesar dos estragos causados pelo tufão Hato, 90 por cento das escolas começaram as aulas de acordo com o calendário previsto. A Transmac colocou mais 35 autocarros a circular nas ruas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s estragos causados pela passagem do tufão Hato por Macau acabou por não influenciar o começo do ano lectivo. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), 90 por cento das escolas começaram as aulas dentro do prazo previsto. De um total de 77 estabelecimentos de ensino, 60 indicaram à DSEJ as intenções de começarem as aulas no dia 1 de Setembro, sendo que 21 deverão começar um novo ano lectivo até ao dia 18 deste mês. Há quatro escolas que prevêem dias diferentes para a abertura das aulas. Houve apenas sete escolas que cancelaram a cerimónia de abertura das aulas, enquanto menos de dez por cento, ou seja, seis escolas, tiveram que adiar o arranque do ano lectivo. A DSEJ enviou 20 trabalhadores para inspeccionarem um total de 53 instituições de ensino e realizar uma avaliação “das condições para a abertura das aulas”, tendo sido feita também uma análise das condições de higiene e do estado das infra-estruturas após o tufão Hato. Sem hora de ponta O comunicado da DSEJ explica ainda que a “situação de trânsito registada no dia do começo das aulas foi semelhante à dos dias normais”. “Alguns alunos afirmaram que saíram de casa com a devida antecedência, e alguns até apontaram que, para um melhor domínio do tempo, escolheram deslocar-se a pé para a escola. O período de pico de trânsito, com tráfego intenso e lento perto de algumas escolas, decorreu entre as 8h00 e as 9h30 horas da manhã, mas no geral decorreu com normalidade”, explica a direcção de serviços. Entretanto, a Transmac, uma das operadoras de autocarros públicos, anunciou que colocou na estrada 35 novos veículos para responder a uma maior procura no arranque de mais um ano lectivo. IC | Património inspeccionado e livre de perigo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) já concluiu a inspecção a mais de 30 locais de património classificado, onde se incluem a Colina da Ilha Verde, a Colina da Penha, a Colina da Guia, o Largo do Lilau, a Rua da Felicidade e o Bairro de S. Lázaro, entre outros. Segundo um comunicado, “os danos nestes locais foram relativamente baixos”, estando relacionados “sobretudo com a queda de árvores e ramos”, sendo que existe “um número considerável de grandes árvores que ficaram danificadas”. “Na área perto da Casa de Retiros da Ilha Verde, existem árvores de grandes dimensões que foram derrubadas e vários ramos ficaram partidos, havendo um perigo potencial de queda”, explica o IC. Além disso, “existem árvores de grande escala na Colina da Penha desenraizadas, tendo derrubado as vedações e paredes em seu redor”. O mesmo comunicado aponta que “a maioria dos conjuntos não apresenta de momento quaisquer perigos estruturais, tendo sofrido apenas a queda de candeeiros e letreiros que causou alguns danos em cantos de paredes ou a queda de algumas telhas”. Entretanto o IC reuniu com administradores de todos os templos e igrejas “a fim de discutir em conjunto os trabalhos de seguimento após o tufão e de acelerar o apoio aos trabalhos de recuperação e de socorro de todos os itens patrimoniais”.
Hoje Macau Manchete PolíticaCAEAL | José Pedruco Achiam diz não ter feito nada de ilegal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] campanha começou e já se pode falar. José Pedruco Achiam diz não ter cometido qualquer acção fora da lei ao ter dado a entrevista ao jornal Plataforma que veio a ser retirada da edição online. Paulo Rego, director do semanário, criticou a decisão da CAEAL considerando que se trata de censura O candidato às eleições legislativas de Macau, José Pedruco Achiam, que viu a sua entrevista ao semanário Plataforma ser apagada por ordem da comissão eleitoral, garantiu que a sua lista não fez “nada de ilegal”. “Não sei porque é que aconteceu (…) Muitos leitores podem também ter a mesma [dúvida]. Não fizemos nada ilegal por isso tenho a certeza de que o nosso advogado vai lidar bem com o caso”, disse, à margem de uma conferência de imprensa para apresentar a plataforma política da já deputada Angela Leong, no dia em que começa o período de campanha. José Pedruco Achiam ocupa o lugar número 12 (o último) na lista Nova União para o Desenvolvimento de Macau, liderada pela quarta mulher do magnata do jogo Stanley Ho. O candidato não quis tecer comentários sobre o caso, frisando apenas que não prevê consequências negativas para a lista: “A nossa equipa está sempre confiante de que tudo o que fazemos é legal e esperamos conseguir os melhores resultados que merecemos”. Questionado sobre se já foi contactado pela polícia, José Pedruco Achiam disse ter sido “por isso” que o advogado “tomou conta do caso”. No passado dia 18, o macaense deu uma entrevista ao semanário bilingue (português-chinês) Plataforma Macau, em que falou sobre quais considerava serem as possibilidades de ser eleito – “mínimas” –, as preocupações em relação à cidade e os temas fortes da futura campanha, prometendo “centrar-se nos jovens e nos macaenses, para que tenham uma voz mais forte na Assembleia Legislativa e na sociedade”. Na altura, tinham já sido afixadas as listas definitivas, mas não iniciado o período de campanha, e por isso a comissão considerou que o conteúdo constituía propaganda eleitoral, não autorizada até duas semanas antes das eleições legislativas, marcadas para 17 de Setembro. A entrevista saiu em papel, mas após a ordem da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) foi retirada da Internet. Na quarta-feira, o presidente da CAEAL, o juiz Tong Hio Fong, explicou que a publicação da entrevista em causa não tem consequências para a lista, mas sim para José Pedruco Achiam: “Relativamente a esse candidato, mandámos para a PSP para tratamento subsequente. É um acto pessoal, é responsabilidade da pessoa. Pode sofrer uma pena de multa de duas mil a 10 mil patacas”. Perversa confusão Na sexta-feira, o director do Plataforma Macau, Paulo Rego, escreveu um editorial em que acusa o presidente da CAEAL de uma “perversa confusão entre jornalismo e propaganda” “Tong Hio Fong acha que, em vésperas de eleições, os políticos não devem falar aos jornais; se o fizerem que falem de futebol e do tempo”, criticou, considerando que “assim se atropela alegremente a Lei Básica, a Lei de Imprensa e o Segundo Sistema”. “Na China chama-se censura. Assumidamente, sem medo nem pruridos, por ser esse o regime que lá vigora. Aqui mascara-se a coisa com uma falsa higiene pública e de uma moral política que não cabe no espaço, no tempo e no regime que vivemos”, afirmou o director do Plataforma, que apagou a entrevista da sua página na Internet “para sinalizar o respeito pela lei, pelas instituições e por Macau”, mas prometeu lutar “contra uma decisão que não tem suporte legal. A ordem de retirada da entrevista levou a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) a emitir, na segunda-feira, um comunicado no qual repudiou a decisão, que classificou como “incompreensível”. “A AIPIM repudia esta situação, considerando incompreensível que um conteúdo jornalístico, neste caso uma entrevista, seja equiparado a propaganda. (…) A AIPIM considera que é fundamental que em todas as ocasiões e períodos, inclusive antes do início da campanha eleitoral, o exercício da liberdade de imprensa e o direito à informação sejam integralmente respeitados, incluindo a realização de entrevistas e cobertura noticiosa de acções envolvendo candidatos”, afirmou o comunicado.
Hoje Macau Manchete SociedadeHato | Quase 30 por cento do território inundado O director das Obras Públicas disse que 29 por cento do território ficou inundado com a passagem do tufão Hato. Governo tem em cima da mesa três planos para travar as águas, mas avisa que, com tempestades mais fortes, a população poderá ter de ser evacuada [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s medidas de protecção contra cheias de Macau “não resultaram” e durante o tufão Hato, o mais forte em 53 anos, 29 por cento da área da cidade ficou inundada, disse o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Li Canfeng. Apesar de Macau ter avançado com algumas obras em 2014 para evitar inundações na zona baixa do Porto Interior, e terem sido colocadas placas ou portas de protecção, “o resultado foi muito fraco e, de acordo com o nível da maré no tufão Hato, 29 por cento da área de Macau foi inundada”, explicou o responsável. Os dados ainda não são finais, já que algumas estações de medição avariaram, mas estima-se que as águas tenham subido até aos 5,5 metros no Porto Interior. “As obras que fizemos não resultaram nada. Temos de acelerar as obras para travar a maré”, afirmou Li. Até porque, comentou, durante o Hato, que atingiu a cidade no dia 23, “não houve grande precipitação (…) Se houver, como é que é?”, questionou durante uma conferência de imprensa. Macau tem actualmente uma barreira com cerca de quatro metros ao longo do Porto Interior, mas também este “dique não foi suficiente”, disse o responsável. A directora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong, veio reforçar a ideia: “Com o Hato, o ‘storm surge’ [subida no nível das águas] atingiu 5,5 metros, não era possível evitar inundações na zona”. Soluções na mesa Para combater esta situação o Governo equaciona três soluções, uma a curto prazo, duas a longo. O primeiro plano, que já estava em estudo antes da passagem do tufão, prende-se com a instalação de uma bomba de escoamento de águas pluviais, pensada para o local da ‘Ponte 23’, um dos vários cais do Porto Interior, estruturas que remontam ao tempo da administração portuguesa. Devido ao valor histórico do imóvel, o Instituto Cultural (IC) emitiu um parecer que, apesar de não se opor à construção da bomba, insta à preservação do cais, nomeadamente através da deslocação para outro local. No entanto, o porta-voz do Governo, Victor Chan, disse que está em causa “uma questão de equilíbrio entre a demolição de património e o interesse público”. O IC, informou, irá “repensar a posição sobre a demolição da ‘Ponte Cais 23’ e emitir um novo parecer, tendo em conta o interesse público”. Evacuação é hipótese Segundo o vice-presidente do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Lo Chi Kin, esta bomba de drenagem iria permitir escoar 14.550 litros de água por segundo, enquanto que sem ela só é possível escoar cerca de oito mil litros. No entanto, o mecanismo não funciona quando o nível das águas subir acima dos diques. Lo explicou ainda que o ‘Cais 23’ é o local mais indicado por não ter movimento, ao contrário dos outros portos, com frequente passagem de barcos. “A bomba para escoamento de água pode causar instabilidade e perigo para as embarcações”, disse. Em termos de planos de grande envergadura, o Governo estuda a construção de uma barragem e o aumento do dique em torno do porto. A primeira obra “evitaria a entrada da maré e inundações”, mas implica cooperação com regiões vizinhas, já que a comporta ficaria entre Macau e a cidade vizinha de Zhuhai. O projecto está ainda em estudo, mas o Governo espera poder começar a obra em 2019. Quanto ao dique, tem a vantagem de ser uma questão “interna”, mas pode “afectar o canal de navegação, transporte de mercadorias, actividades comerciais da zona, a cultura histórica e a paisagem naquela zona”, alertou Li. A ideia é aumentar o muro já existente, de cerca de quatro metros, de modo a ter entre seis e sete metros, o que poderia, por exemplo, bloquear a vista de rio. Apesar de todos estes planos, o porta-voz do Governo admite que Macau pode não vir a ter estruturas suficientes para uma tempestade particularmente forte. Nesse caso, terá um último recurso: a evacuação. “Devido às alterações climáticas, este tipo de tempestade radical pode acontecer mais vezes. Caso tudo esteja fora do controlo e não possamos responder, retiramos a população”, disse. Chui Sai On em Guangdong O Chefe do Executivo, Chui Sai On, deverá deslocar-se “muito brevemente” à província de Guangdong “para se encontrar com altos quadros para debater pormenores sobre questões ligadas aos problemas das inundações no Porto Interior”. Segundo um comunicado oficial, o Executivo, já em 2013, numa visita a Pequim, “teve encontros com responsáveis de diferentes departamentos a nível ministerial do Governo Central, fazendo uma abordagem exaustiva sobre a matéria, com o objectivo de alcançar uma solução viável” para a zona do Porto Interior.
Hoje Macau SociedadeMacau Legend com prejuízos no primeiro semestre [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo Macau Legend registou prejuízos de 228,6 milhões de dólares de Hong Kong nos primeiros seis meses do ano, indicou a empresa em comunicado. As perdas foram justificadas com “o aumento dos custos operacionais e a depreciação gerada pela abertura de novos casinos e hotéis, e também custos financeiros”. Nos primeiros seis meses, a Macau Legend arrecadou receitas no valor de 855,9 milhões de dólares de Hong Kong, mais 28,5 por cento que no mesmo período de 2016. As receitas de jogo subiram 34,3 por cento para 563,2 milhões de dólares de Hong Kong e as de não-jogo aumentaram 18,7 por cento para 292,7 milhões de dólares de Hong Kong. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 100,5 milhões de dólares de Hong Kong, mais 115,4 por cento. A Macau Legend opera três casinos em Macau sob a bandeira da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). Um deles, o Legend Palace Hotel, abriu em Fevereiro deste ano e contribuiu com receitas de 37,8 milhões de dólares de Hong Kong. “Apesar da ‘performance’ melhorada, a rentabilidade do grupo foi negativamente afectada por prejuízos de 228,6 milhões de dólares de Hong Kong durante o período [em causa] maioritariamente devido a aumentos nos custos operacionais e depreciação devido à abertura do Legend Palace Casino e Hotel e aumentos nos custos financeiros”, de acordo com o comunicado. O director executivo da empresa, David Chow, explicou que os trabalhos de remodelação da Doca dos Pescadores vão continuar e mostram o apoio da empresa “aos esforços do Governo de Macau para construir um centro de turismo e lazer e promover turismo diversificado em Macau”. “Vamos continuar a melhorar a experiência de compras, restauração ao ar livre e entretenimento na Doca dos Pescadores, agora que a cobertura está terminada”, afirmou. Novo acordo No mesmo comunicado, Chow deu conta do acordo com “uma terceira parte independente para se desfazer do hotel Landmark Macau”. “Espera-se que o negócio esteja concluído antes do final deste ano (…) Vai permitir ao grupo reorganizar e desenvolver novas construções e instalações para corresponder e fundir os mercados em constante mudança”, disse Chow. Saúde | Surto de gastroenterites controlado [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) emitiram ontem um comunicado onde apontam que o surto de casos de gastroenterites registados nos últimos dias está controlado. No total foram registados 247 casos até quinta-feira, 31 de Agosto. Após a passagem do tufão Hato só foram registados seis casos suspeitos de infecção colectiva devido a gastroenterite que “envolveram duas a cinco pessoas”, sendo que não existe “um aumento evidente em relação à situação habitual”. Uma das causas apontadas pelos SS prende-se com a limitação no abastecimento de água e com “condições de higiene pessoal limitadas”.
Hoje Macau China / ÁsiaONG | Viúva do Nobel Liu Xiaobo “de regresso” a Pequim [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]iu Xia, viúva do Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, que morreu em Julho, “está de regresso a Pequim”, embora sob prisão domiciliária, depois de mais de um mês “desaparecida”, de acordo com uma organização não-governamental com sede em Hong Kong. Lu Siqing, fundador do Centro de Informação para Direitos Humanos e Democracia, uma ONG com sede em Hong Kong, falou com Liu Xia ao telefone no sábado, segundo um comunicado da organização enviado ontem por fax à agência de notícias francesa AFP. Durante a conversa, de cerca de meia hora marcada por “lágrimas”, Liu Xia, de 56 anos, explicou, com uma “voz extremamente debilitada” que tem de seguir pesados tratamentos antidepressivos, segundo Lu Siqing. “Vários amigos de Liu Xia confirmaram que estava de regresso ao seu apartamento, na capital chinesa, “e que a sua casa continuava vigiada por guardas e polícias à paisana”, detalhou a ONG num outro comunicado. Liu Xia, em prisão domiciliária desde que o marido foi laureado com o Nobel da Paz em 2010, apesar de nunca ter sido acusada de qualquer crime, assistiu, em meados de Julho, ao funeral de Liu Xiaobo, segundo imagens divulgadas pelas autoridades chinesas. Contudo, familiares e amigos mais próximos não conseguiram entrar em contacto com ela durante semanas, desconhecendo igualmente onde estava a morar. Paradeiro incerto Liu Xia “foi mantida em segredo pelas autoridades chinesas em local desconhecido”, afirmou, no início de Agosto, o advogado norte-americano do casal Jared Genser, numa queixa apresentada diante da ONU. Dias depois, a viúva de Liu Xiaobo reapareceu num vídeo publicado na Internet. “Estou em convalescença no campo, fora de Pequim. Peço-vos que me dêem tempo para fazer o meu luto”, disse Liu no vídeo de um minuto publicado no YouTube. “Certamente que foi forçada pelas autoridades a fazer esse vídeo”, afirmou Hu Jia, dissidente chinês e amigo do casal. Desconhecem-se, no entanto, as circunstâncias exatas do regresso de Liu Xia a Pequim. Liu Xiaobo – que foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” por ter apelado a reformas democráticas na China – morreu de cancro, em 13 de Julho, aos 61 anos, num hospital de Liaoning, semanas depois de colocado em liberdade condicional por motivos de saúde. Foi o primeiro prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis. “Plano de urgência” após teste nuclear da Coreia do Norte [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China lançou ontem um plano de urgência para controlar os níveis de radiação ao longo da sua fronteira com a Coreia do Norte, após o sexto ensaio nuclear realizado por Pyongyang, anunciou o Ministério do Ambiente chinês. As autoridades chinesas puseram em marcha, às 03:46 locais, um « plano de urgência » para executar « medidas de controlo das radiações » nas zonas da sua fronteira do nordeste, indicou um comunicado do ministério chinês. A Coreia do Norte anunciou ter testado, com sucesso, ontem uma bomba de hidrogénio desenvolvida para ser instalada num míssil balístico intercontinental. O anúncio do “total sucesso” do teste de uma bomba de hidrogénio, conhecida como ‘bomba H’, foi feito pela pivô da televisão estatal norte-coreana, horas depois de Seul e Tóquio terem detectado uma invulgar actividade sísmica na Coreia do Norte. Segundo a KCTV, o ensaio nuclear, o sexto conduzido pelo regime de Pyongyang, foi ordenado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un. O anúncio tem lugar depois de, na noite de sábado, a agência oficial norte-coreana KCNA ter garantido que a Coreia do Norte conseguira desenvolver com êxito uma bomba de hidrogénio passível de ser instalada num míssil balístico intercontinental (ICBM). A KCNA divulgou então uma fotografia de Kim Jong-un junto a uma suposta ‘bomba H’, acompanhado por cientistas nucleares e altos oficiais do Departamento da Indústria de Munições do Partido dos Trabalhadores, apesar de, como é habitual, não ter facultado detalhes sobre o local nem a data do acontecimento.
Hoje Macau China / ÁsiaMichel Temer em Xiamen para participar na cimeira do BRICS [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente do Brasil, Michel Temer, chegou ontem à cidade de Xiamen, no sudeste da China, para participar na cimeira do bloco de grandes economias emergentes BRICS, que decorre até à próxima terça-feira. O avião presidencial brasileiro aterrou pouco antes das 13:00 no aeroporto de Xiamen, onde Michel Temer foi recebido com ramos de flores e honras militares antes de se dirigir à sede da cimeira do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Michel Temer vai reunir-se com os Presidentes da China, Xi Jinping, da Rússia, Vladimir Putin, e da África do Sul, Jacob Zuma, e com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para debater novas formas de cooperação no seio do bloco criado há uma década. Antes de chegar a Xiamen, Michel Temer realizou uma visita de Estado de dois dias a Pequim, onde esteve reunido com o seu homólogo chinês e testemunhou a assinatura de uma série de acordos, com destaque para uma futura linha de crédito de 3.000 milhões de dólares, entre o Banco de Desenvolvimento da China e o seu congénere brasileiro, o BNDES. Participação alargada Os acordos firmados preveem ainda a construção de infraestruturas no Brasil por empresas chinesas, como a construção da linha ferroviária Bamin-Fiol-Porto do Sul ou a rede de transmissão de energia em alta tensão entre Xingu, no estado de Mato Grosso, e o Rio de Janeiro, pela State Grid, a accionista chinesa da REN. Destaque ainda para a construção de um terminal no Porto de São Luís, pela China Communication and Construction, no valor de 589 milhões de euros, e a participação chinesa na planta nuclear Angra III. Os acordos de cooperação abrangem também coprodução cinematográfica, futebol, proteção de investimento, saúde, comércio electrónico e facilitação de vistos para negócios e turismo. O montante global dos acordos não foi anunciado, mas fontes diplomáticas brasileiras avançaram aos jornalistas que pode ascender a 10.000 milhões de dólares. O principal objectivo da visita de Michel Temer à China, a segunda que realiza desde que assumiu a presidência do Brasil, passa por captar investidores chineses para o mais ambicioso projecto de privatizações do país em duas décadas.
Hoje Macau EventosCamilo Pessanha, 150 anos | Sílvia Patrício expõe no edifício do antigo tribunal [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] artista plástica Sílvia Patrício expõe desde sexta-feira, em Macau, um retrato e oito desenhos em tinta-da-china sobre Camilo Pessanha, após ‘mergulhar’ na obra do autor português que descreve como “uma polpa concentrada cheia de qualidade”. Nascida em França, em 1974, Sílvia Patrício integra o lote de mais de 20 artistas participantes numa exposição de artes plásticas e de fotografia, que vai ser inaugurada esta tarde no antigo tribunal de Macau, no âmbito das comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha. “Primeiro fiz uma pesquisa. Eu não conhecia assim tão bem a obra dele. Curioso que em Portugal há muita gente que conhece o nome – por aquilo que me apercebi – mas não conhece a obra, porque a obra dele também não é muito grande”, disse à agência Lusa. “A obra dele é concentrada, é como se fosse uma polpa, não tem quantidade, mas tem qualidade. O que ele escreve é muito bonito”, acrescentou. Considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra a 07 de setembro de 1867 e morreu em Macau a 01 de março de 1926, cidade onde viveu desde 1894. Sílvia Patrício realizou o trabalho sobre Camilo Pessanha depois de ter criado as telas oficiais da canonização dos dois pastorinhos, com os retratos de Jacinta e Francisco Marto, que desde maio figuram na fachada da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima. Quadro de Sílvia Patrício O convite para a exposição sobre Camilo Pessanha em Macau partiu de Carlos Morais José, diretor do jornal Hoje Macau, aquando de uma visita da artista portuguesa ao território este ano. “O Carlos [Morais José] sabia que eu faço retrato, e achou interessante que fosse um retrato [do Camilo Pessanha]. (…) E eu também achei que fazia sentido, pelo menos passar pelo retrato em primeiro lugar”, explicou. A pesquisa sobre a vida e obra de Camilo Pessanha levaram Sílvia Patrício ao Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, e ao Museu do Oriente em Lisboa, contactando com objetos pessoais do autor. Alguns desses objetos surgem no retrato do autor português, no qual Sílvia Patrício quis representar a vida do escritor. “Apesar de o meu retrato ser um retrato em que tento englobar a essência, a vida das pessoas – no fundo como se fazia noutras épocas em que ainda não existia a fotografia, em que a pessoa queria ser representada no mundo dela, que podia ser fantasia ou realidade – aquilo que eu tento fazer é [representar] a realidade”, afirmou. No retrato, Camilo Pessanha surge vestido com um fato branco, de olhar distante e mãos apoiadas numa bengala, ao lado de um cão, ambos sentados junto a uma mesa, com um biombo como pano de fundo. No quadro, a mesa está ornamentada com a imagem de uma águia – em referência à figura feminina que fez parte do universo do autor português, mais conhecida por ”Águia de Prata” – e por um ramo com papoilas e girassóis –, em que uma fotografia a preto e branco da sua “eterna paixão” Ana de Castro Osório aparece retratada no ‘olho’ de um girassol. “Não se vê imediatamente [no retrato], mas [Ana de Castro Osório] foi muito importante na vida dele, se calhar na forma da desgraça, porque nunca foi correspondido. É trágico”, disse a artista plástica. “Não acho que ele [Camilo Pessanha] tenha sido propriamente feliz, acho que viveu sempre numa melancolia muito grande, e o facto de também gostar de ópio, se calhar também o debilitou mais. Daí as papoilas [no retrato]”, observou. Já para abordar a obra de Camilo Pessanha, Sílvia Patrício inspirou-se em poemas como “Crepuscular”, “Vida”; “Paisagens de Inverno”, “Rosas de Inverno”, “Fonógrafo”, “Canção da Partida” e “Caminho”. “A poesia dele tem muita referência às flores, isso também está presente no retrato. Depois, para os outros trabalhos, em tinta-da-china, recortei pedaços de um livro e fiz os desenhos que tinham a ver com alguns poemas que escolhi”, explicou.
Hoje Macau SociedadeMeteorologia | Macau com sinal 1 de tempestade com possibilidade de subir [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem içado o sinal 1 de tempestade, o mais baixo da escala, sendo possível que se esteja a aproximar de Macau a terceira intempérie no espaço de oito dias, segundo informação dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG). O sinal foi içado ontem às 19h, quando a tempestade se encontrava a cerca de 620 quilómetros de Macau, encaminhando-se para a costa leste da província chinesa de Guangdong. Foi também emitido aviso de trovoada, sendo que o sinal 1 deve manter-se ao longo do dia. Numa conferência de imprensa ontem à tarde, a directora substituta dos SMG, Florence Leong, disse que os seus serviços prevêem “que na noite de amanhã haverá uma grande possibilidade de içar o sinal número 3”. A representante dos serviços meteorológicos acrescentou ainda que “na madrugada de domingo, haverá a possibilidade de se içar o sinal 8”, indicou. Segundo a responsável dos SMG, poderá haver “ligeiras inundações” na zona do Porto Interior no próximo no domingo, quando é esperada maré alta até 2,7 metros. Pode estar eminente, apesar de ainda não ser certo, a aproximação de um novo tufão de Macau, depois da passagem devastadora do Hato e passados quatro dias do Pakhar.
Hoje Macau SociedadeTufão | Jornalistas instruídos a escrever notícias positivas O Governo está a ser acusado de pressionar vários meios de comunicação social para escreverem notícias positivas sobre as consequências do tufão Hato. Vítor Chan, porta-voz do Executivo, diz que não há interferências [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma associação de jornalistas de Macau, na maioria chineses, recebeu denúncias de que cinco meios de comunicação instruíram os repórteres para apresentarem uma cobertura positiva do trabalho das autoridades, na sequência da passagem do tufão Hato. Fonte da Associação de Jornalistas de Macau (AJM) disse à Lusa que estas instruções chegaram em diferentes graus de intensidade, vindas das chefias, a pelo menos cinco meios de comunicação, que não identificou. “Nalguns ‘media’ foi muito directo, disseram que não podiam criticar o Chefe do Executivo ou os trabalhos de recuperação. Noutros foi mais suave, o editor tentou persuadir os jornalistas a serem mais harmoniosos” na cobertura, disse, apontando como exemplo pedidos de entrevistas a “pessoas pró-sistema” ou a voluntários “sobre o seu bom trabalho”. “Outra instrução foi de que a proporção de peças positivas aumentasse”, acrescentou a mesma fonte, que pediu para não ser identificada. Num comunicado em chinês a AJM indicou ter sido pedido aos jornalistas para fazerem trabalhos que incidissem “mais sobre pessoas boas e boas acções, espalhando activamente energia positiva pela sociedade, e diminuindo [as notícias] que responsabilizam o Governo, especialmente os cargos mais elevados”. A AJM condenou esta tentativa de “enganar o público e distorcer a profissão de jornalista”. Vindas de cima A associação disse acreditar que estas orientações tenham vindo do Governo, “porque instruções semelhantes surgiram antes”, por exemplo, em polémicas que envolveram a Fundação Macau. Confrontado com esta questão ontem, durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Governo, Victor Chan, afirmou que o Executivo não interfere nos órgãos de comunicação social (OCS). “Apenas prestamos apoio. Quanto ao seu funcionamento [dos OCS] não temos conhecimento, não temos interferido nem conhecemos”, disse. Segundo a fonte da associação, o Governo “estava ocupado com os trabalhos de recuperação e não teve tempo para controlar os ‘media’. Mas após o segundo tufão ficaram preocupados que a fúria dos cidadãos fosse prejudicar Chui Sai On [Chefe do Executivo], por isso tentaram dar instruções”. “Sabemos que os recursos são limitados, e se dão prioridade às histórias positivas, há menos espaço para as negativas. Estamos preocupados com a autocensura, há muitos jornalistas jovens que têm menos experiência e é mais provável que sigam as ordens dos editores”, comentou a mesma fonte. Depois de pelo menos um jornal chinês publicar um editorial dizendo que não recebeu qualquer instrução, a AJM frisou que não pretende passar a mensagem de que todos foram alvo de tal pressão. “Mas [achamos que] há provas suficientes que alguém quer controlar a opinião pública”, sublinhou.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreias | Pequim denuncia “papel destrutivo” de “alguns países” [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, principal aliado diplomático da Coreia do Norte, denunciou ontem o “papel destrutivo” de “alguns países”, que sabotam os esforços das negociações para resolver a questão na península coreana, referindo-se aos apelos por mais sanções. “É lamentável que alguns países ignorem consecutivamente os apelos ao diálogo e apenas falem em mais sanções, enquanto a China e outros estão a promover um diálogo pacífico”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. “Face ao deteriorar da situação, [estes países] evitam as suas responsabilidades, e as suas acções e discursos constituem um papel destrutivo e não construtivo”, afirmou Hua, em conferência de imprensa. A porta-voz da diplomacia chinesa lembrou que a crise nuclear na Coreia do Norte “não se trata de um filme ou de um jogo de computador, mas de uma situação real, com impactos para a paz na região”. “Trata-se de um problema grave e importante”, afirmou Hua Chunying, apelando às várias partes para que adoptem uma “atitude responsável”. O Conselho de Segurança da ONU, do qual a China é membro permanente, condenou na terça-feira o último lançamento de um míssil norte-coreano, que sobrevoou o Japão. O grupo composto por 15 países não referiu, no entanto, a possibilidade de reforçar as sanções contra o regime de Kim Jong-un. No entanto, o Japão disse já esperar que o Conselho de Segurança aprove uma nova “resolução forte” contra o país. O Reino Unido apelou também a novas sanções internacionais, incluindo que China e Rússia repatriem à Coreia do Norte os trabalhadores norte-coreanos nos seus territórios, uma fonte de receitas significativa para o Governo de Pyongyang. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quarta-feira que a solução para a Coreia do Norte não passa por negociações. Acções e diálogos A sétima ronda de sanções internacionais, adoptada no início de Agosto pelo Conselho de Segurança da ONU, visa reduzir em mil milhões de dólares as receitas do país com as exportações de carvão, ferro, minério de ferro e pesca, um valor equivalente a um terço do conjunto das exportações. Segundo fontes diplomáticas, as Nações Unidas estudam outras sanções, nomeadamente no sector do petróleo – a China é o principal fornecedor de crude do país. O gigante asiático continua, no entanto, a defender uma “solução pacífica” e a retoma das “Conversações a Seis” (as duas Coreias, Estados Unidos, China, Rússia e Japão), interrompidas desde 2009. Pequim defende também a suspensão dos testes atómicos e com misseis de Pyongyang, em troca do fim dos exercícios militares conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul na península coreana.
Hoje Macau Internacional MancheteAngola | João Lourenço quer reformas ao estilo Deng Xiaoping Os resultados ainda não são oficiais mas os números apontam para a uma maioria do MPLA. João Lourenço já se prepara para suceder a José Eduardo dos Santos e adianta que vai seguir uma política de reformas semelhantes às de Deng Xiaoping [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] general João Lourenço, que segundo os resultados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) será o próximo Presidente de Angola, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos, promete ser reformador, ao estilo Deng Xiaoping. Numa entrevista concedida em Madrid, para onde viajou logo após as eleições gerais angolanas de 23 de agosto, João Lourenço rejeitou a classificação que lhe tem sido colocada, de “Gorbachev angolano”, por suceder à prolongada liderança de José Eduardo dos Santos. “Reformador? Vamos trabalhar para isso, mas certamente não Gorbachev, Deng Xiaoping, sim”, afirmou João Lourenço, militar formado na União Soviética e que agora se prepara para ascender ao poder em Angola, questionado na capital espanhola pela agência EFE. Deng Xiaoping foi secretário-geral do Partido Comunista Chinês e líder político da República Popular da China entre 1978 e 1992, tendo criado o designado socialismo de mercado, regime vigente na China moderna e que posteriormente foi adaptado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para aquele país. Mudança de cara No partido, João Lourenço mantém-se como vice-presidente, cabendo a liderança a José Eduardo dos Santos, que pode continuar a ditar a política no país. “Está claro que o MPLA vai influenciar as políticas do Governo porque é o partido mais votado, tem 61% dos votos, não é justo pensar que o MPLA não vai conduzir as políticas do novo Governo. Então quem seria? O partido menos votado? Sem dúvida que o novo Governo vai seguir o ideal do MPLA porque é o partido em que o povo confiou”, afirmou Lourenço. Tal como na campanha eleitoral, João Lourenço relativiza a convivência com José Eduardo dos Santos como presidente do MPLA: “O Presidente Dos Santos é uma personalidade muito respeitada, tanto dentro do partido como por um conjunto da sociedade e não é anormal que o presidente do partido no poder não seja ele próprio o Presidente da República. Apenas para citar um caso, Donald Trump é o Presidente dos Estados Unidos mas não do Partido Republicano”, afirmou. Diversificações “Diversificar a economia é fundamental e indispensável para sobreviver, é imprescindível abrir a nossa economia e esquecermos um pouco o petróleo. O nosso país, Angola, pode sobreviver, tem mais recursos além do petróleo”, afirmou João Lourenço. Desde logo, garante que serão criados incentivos à agro-indústria em Angola, para potenciar as vastas terras aráveis e água disponíveis, afirmando que o país pode vir a ser “uma grande potência agrícola, do tipo do Brasil”. A privatização de empresas públicas que não sejam lucrativas e representem um “peso morto para o Estado” mantém-se como prioridade de João Lourenço: “Quais? Não posso dizer, isso é o que vamos estudar, caso a caso, e será feito pelo novo executivo”. Na mesma entrevista, João Lourenço assume o objectivo de “preservar e usar” as “conquistas” dos antecessores, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, ambos do MPLA. “Vou usar as nossas conquistas, a independência, a soberania, a paz, a reconciliação, e concentrar-me no desenvolvimento da economia. Angola tem recursos enormes e as condições necessárias para criar um ambiente de negócios que incentiva os investidores a virem para o nosso país”, concluiu. Resultados satisfatórios O candidato do MPLA às eleições gerais angolanas, que segundo os resultados provisórios da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) será o novo Presidente de Angola, considera que os resultados eleitorais “foram bons”, apesar da quebra da votação. Os dados provisórios divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana apontam o MPLA como vencedor das eleições gerais, com 61% dos votos, e a eleição de João Lourenço como novo Presidente da República, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos. O MPLA perdeu 25 deputados na Assembleia Nacional angolana nas eleições gerais de quarta-feira, de acordo com os dados provisórios anunciados pela CNE – que são contestados pela oposição, com ameaça de impugnação -, quando estão escrutinados 9.221.963 votos (98,98% do total). O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) lidera a contagem nacional, com 4.115.302 votos (61,05%), o que corresponde a 150 deputados (maioria qualificada) e à eleição de João Lourenço para Presidente da República. Nas eleições gerais de 2012, a última às quais concorreu como cabeça-de-lista do MPLA José Eduardo dos Santos, Presidente da República desde 1979, que decorreram nos mesmos moldes, o MPLA arrecadou 4.135.503 votos, equivalente a 71,80% da votação e 175 deputados, o que na altura já representou menos 16 mandatos. No plano oposto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), liderada por Isaías Samakuva, sobe para 1.800.860 votos e 26,72% do total, com 51 deputados, quando nas eleições gerais de 2012 conquistou 1.074.565 votos (18,7% do total) e 32 deputados à Assembleia Nacional. Os resultados oficiais só serão divulgados depois de 6 de Setembro. Partidos da oposição não aceitam resultados Com a vitória anunciada de João Lourenço nas eleições gerais de Angola, os dois principais partidos da oposião não se conformam. A UNITA afirmou que apenas três comissões provinciais eleitorais (CPE) respeitaram até ao momento a lei, sobre o apuramento dos resultados das eleições gerais angolanas de 23 de Agosto, garantindo que vai recorrer para o Tribunal Constitucional. Segundo um comunicado do secretariado executivo da comissão política da UNITA enviado à Lusa, aquele partido refere que apenas as CPE de Cabinda, Uíge e Zaire “respeitaram a lei”, no que toca ao recurso à “totalidade das actas das operações emitidas em todas as mesas de voto”, de cada província, para o respectivo apuramento provincial, que antecede o escrutínio nacional, conforme prevê a lei eleitoral. Além destas três províncias, o partido do “galo negro” refere que o mesmo procedimento está agora em curso também nas províncias do Bié, Huíla e Cuanza Sul, enquanto as CPE do Cunene, Namibe, Cuando Cubango, Huambo, Lunda Sul, Lunda Norte, Moxico e Luanda “continuam a trilhar os caminhos da violação da lei, em obediência a ordens obscuras”. A UNITA afirma ainda que “findo o prazo legal e a persistir a vontade de violar a lei”, vai avançar junto do Tribunal Constitucional com “a competente acção judicial”, de forma a “obrigar as CPE incumpridoras a pautarem a sua acção ao que a lei prescreve”. O partido já avançou anteriormente com uma reclamação junto da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) por terem sido “produzidos e anunciados resultados provisórios fora do previsto na Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais”, os quais colocam o MPLA como vencedor da votação, com 61% dos votos, e elegendo João Lourenço como novo Presidente da República. Coligação insatisfeita A coligação angolana CASA-CE condenou também a ameaça da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de abrir processos disciplinares aos comissários representantes de partidos da oposição que se demarcaram dos resultados provisórios das eleições divulgados por aquele órgão eleitoral. Em comunicado, o Conselho Presidencial da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), a terceira força política do país, refere que tem estado a acompanhar “com minúcia” todo o processo de escrutínio e apuramento provincial dos resultados eleitorais. Nos últimos dias, vários comissários da CNE e dos seus órgãos provinciais têm assumido uma posição de distanciamento dos resultados provisórios divulgados pelos órgãos centrais, por alegarem violar a lei, com supostas ilegalidades ao processo de escrutínio. A porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, disse no final do plenário de quarta-feira que o órgão eleitoral angolano vai instaurar um inquérito para analisar o comportamento de alguns comissários nacionais e provinciais, que têm assumido “uma conduta desviante” dos princípios reitores do órgão eleitoral. No seu comunicado, enviado à Lusa, a CASA-CE manifesta solidariedade com todos os mandatários e comissários afectos ao processo eleitoral, condenando e repudiando “com veemência” a ameaça da CNE, de promover processos disciplinares contra os membros do órgão eleitoral. A CASA-CE classifica a conduta daqueles comissários como sendo “patriótica e exemplar” na salvaguarda dos preceitos democráticos, denunciando “irregularidades verificadas na divulgação dos falsos resultados eleitorais provisórios”. Esta coligação de seis partidos diz ter sido feito o escrutínio e concluído o apuramento provincial nas províncias de Cabinda e Uíge, cujos resultados foram aceites pela CASA-CE. O Conselho Presidencial da CASA-CE apelou à CNE a conduzir com rigor e imparcialidade o processo eleitoral e para instarem os seus órgãos provinciais a realizarem o escrutínio e apuramento provincial de acordo com a lei. O apelo vai igualmente para os angolanos no sentido de se “manterem firmes, vigilantes e serenos e que não se deixem intimidar pelos comunicados intimidatórios e atentatórios à estabilidade e harmonia sociais, divulgados pelos órgãos de comunicação social públicos e alguns privados”.
Hoje Macau Manchete PolíticaTufão Hato | Governo reúne com FAOM e assume insuficiências Num encontro com a Federação das Associações dos Operários de Macau, o Governo admitiu a existência de insuficiências na resposta a catástrofes naturais. Pessoal da protecção civil pediu mais meios e melhor coordenação [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma semana depois do tufão que fez disparar o alarme sobre a segurança e a capacidade de resposta do território a desastres naturais, o Governo reuniu com a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para discutir “a revisão e a melhoria do mecanismo de resposta às grandes calamidades”, sem esquecer “a capacidade de gestão do Governo”. No encontro estiveram presentes os secretários Sónia Chan, da Administração e Justiça, e Lionel Leong, da Economia e Finanças. Segundo um comunicado, Sónia Chan admitiu que “existem imperfeições no mecanismo de resposta a graves desastres”, incluindo “insuficiências na gestão de riscos no Governo”. Lionel Leong foi confrontado com várias questões relacionadas com os trabalhadores do sector do jogo, tal como a sua segurança e a gestão das empresas. O secretário “afirmou que todas estas matérias têm vindo a ser alvo de um acompanhamento estrito por parte da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais”. Além disso, as “empresas são exortadas a tratar dos casos de forma humana e com uma programação adequada”. Lionel Leong garantiu, contudo, que o Governo “irá rever o mecanismo supracitado e o regime da sua coordenação, assim como melhorar a alocação do pessoal e a distribuição de bens materiais para evitar o esbanjamento dos recursos”. Já os representantes da FAOM deixaram alertas sobre “problemas relacionados com a construção urbana”, sobretudo ao nível das infra-estruturas, “o sistema de impermeabilização”, o funcionamento do serviço de protecção civil ou o pagamento de indemnizações aos trabalhadores em épocas de tufão. Pedidos mais meios Na terça-feira o Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve reunido, juntamente com o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, com o pessoal do centro de operações de protecção civil e bombeiros. No discurso que proferiu, o Chefe do Executivo salientou “o altruísmo de todas as corporações” e que este tufão “veio mostrar as dificuldades nos trabalhos de rescaldo devido à destruição de infra-estruturas”. A matéria em causa levou o Governo a “estudar a forma como poderá melhorar e aperfeiçoar toda a situação”. Chui Sai On disse ainda que o Executivo “vai continuar a optimizar o mecanismo de previsão meteorológica, de alerta e o mecanismo de divulgação de informações relacionadas com calamidades”, sendo também necessário “rever e aperfeiçoar o mecanismo da estrutura da protecção civil”. No encontro, os agentes dos Serviços de Polícia Unitários apontaram que o Governo “tem de melhorar as suas infra-estruturas e optimizar o mecanismo de divulgação de informações de tufão”. O pessoal dos Serviços de Alfândega disse ser “indispensável melhorar o equipamento actual dos mergulhadores”. Também os agentes da PSP defenderam “a necessidade de reforçar e optimizar os equipamentos, nomeadamente do pessoal em turnos durante o período de tufão”. Os bombeiros apontaram que a recolha de informações e os recursos “devem ser uniformizados”. Deve ainda ser “efectuada uma boa distribuição de recursos humanos e materiais pelo trabalho, tendo por base as necessidades e prioridades para elevar a eficácia”. Foi ainda lembrada a necessidade de rever o regime do pessoal militarizado.
Hoje Macau PolíticaTufão Hato | Kaifong e Associação de Moradores reúnem com Governo [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e forma a responder às sequências do tufão Hato, Leong Heng Kao, Presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Ng Siu Lai, Presidente do Conselho e os representantes dos “kaifong” reuniram com o Lionel Leong, Raimundo do Rosário e o Comandante-Geral dos Serviços de Polícia Unitários, Ma Io Kun. Em cima da mesa esteve a recolha de opiniões quanto aos trabalhos de recuperação e ao mecanismo de resposta a grandes catástrofes. Os representantes associativos manifestaram a opinião de que o Executivo não se deve fechar às opiniões dos vários sectores da sociedade de forma a melhorar a resposta em caso de ocorrência de tufões. Uma das críticas apresentadas pelos representantes do moradores e kaifong prendeu-se com a realização de um plano de reordenamento integrado da zona ribeirinha do Porto Interior. Foi também sugerido o melhoramento das infra-estruturas de abastecimento de água, electricidade e telecomunicações assim como das medidas de emergência. Além disso, os representantes do Governo ouviram sugestões quanto a mecanismos de evacuação de grupos vulneráveis e prestação de cuidados centralizados, a optimização das instalações do centro de prevenção de catástrofes das ilhas. Outras das sugestões apresentadas pelos dirigentes associativos foi a criação de um mecanismo governamental e civis de coordenação de resgate e o melhoramento do sistema de alerta para tufão e inundações. Foi também pedida uma solução para os veículos que ficaram danificados em parques de estacionamento e a simplificação dos procedimentos na atribuição de verbas de apoio e empréstimos às pessoas afectadas. De acordo com o Governo, as sugestões serão submetidas à Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento.
Hoje Macau Manchete SociedadePorto Interior | Obras para travar águas no Porto Interior só em 2019 [dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]onçalo Cheong, subdirector dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), disse ontem no programa do canal chinês da Rádio Macau que só no final do próximo ano é que deverão estar concluídos os trabalhos relativos à construção de uma barreira de protecção no canal na zona do Porto Interior, que fica entre Macau e Zhuhai. “Já iniciámos os trabalhos da terceira fase, incluindo a sondagem do canal, os estudos especializados, por exemplo, e o estudo de impacto ambiental”, sendo que a previsão, nesta altura, aponta para que a conclusão ocorra “no fim do ano que vem”, disse à rádio. Gonçalo Cheong não conseguiu estimar o orçamento para este projecto, mas adiantou que as obras possam arrancar em 2019. Os estudos foram iniciados em 2015 e, segundo Gonçalo Cheong, “a primeira fase do estudo de viabilidade foi concluída em Julho de 2016” e a segunda, que abrange “a zona toda, incluindo Macau, Zhuhai e Zhongshan”, foi terminada em Março deste ano. O relatório da segunda fase “já foi submetido a Pequim para recolha de opiniões”, conforme já tinha sido avançado pelo porta-voz do Governo, Victor Chan, em conferência de imprensa. O responsável da DSSOPT explicou ainda que, em 2011, foram feitas obras para aumentar a altura dos muros ao longo do Porto Interior, algo que ficou concluído em 2015. Contudo, não foi suficiente, dada a dimensão do tufão Hato. À margem do programa de rádio, Gonçalo Cheong garantiu que está a ser ponderada a instalação de infra-estruturas junto à entrada dos parques de estacionamento, para travar a entrada da água.
Hoje Macau SociedadeCSR | Recolhidas 11 mil toneladas de lixo numa semana [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 11 mil toneladas de lixo foram recolhidas em Macau desde a passagem do tufão Hato, há uma semana, disse à Lusa a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR). “Até terça-feira (entre os dias 23 e 29 de agosto), a CSR recolheu um total de 11.299,78 toneladas de lixo”, afirmou a empresa numa resposta escrita. A média diária de resíduos na cidade é de aproximadamente 800 toneladas, segundo a empresa. Entretanto, foram criados 40 novos pontos de recolha de lixo na cidade. “A CSR tem cerca de 700 trabalhadores e eles ainda não tiveram folga desde o tufão. Além disso, alugámos mais veículos e recrutámos pessoal adicional depois do tufão”, disse a empresa. “Actualmente, todas as áreas inundadas estão a ser limpas, especialmente as do Porto Interior”, acrescentou a CSR. Sobre o tratamento a dar aos resíduos após a recolha, a CSR respondeu que “o lixo doméstico que pode ser queimado é entregue no incinerador, caso contrário vai para o aterro”.
Hoje Macau EventosJorge Barreto Xavier expõe no Albergue SCM [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se “A mão, escrevendo sobre o olhar” e é o nome da exposição que o Albergue SCM inaugura na próxima quarta-feira, dia 6. Trata-se de uma mostra de fotografias do antigo secretário de Estado da Cultura do Governo português entre 2012 e 2015. Segundo um comunicado, a exposição terá um total de 72 fotografias, tendo curadoria do artista e também fotógrafo Ben Leong. As imagens estão organizadas em três grupos, intitulados “O código da fronteira”, “O código da estrada” e “O código do sentido”. “Cada conjunto de imagens propõe um código, um conjunto de símbolos. E cada imagem tem o poder de ser conjugada com as outras ou de ser lida sozinha, citando o autor”, explica o Albergue. Apesar de ter começado a fotografar na juventude, só em Dezembro do ano passado é que Jorge Barreto Xavier fez a sua primeira exposição individual na galeria de arte do Maquinez Palace, em Pangim, Goa, na Índia. Homem de várias artes Fora da política Jorge Barreto Xavier tem tido uma actividade artística intensa e polivalente. Em Maio deste ano lançou “Alexandria”, o seu primeiro livro de contos, tendo também “vários livros publicados sobre política cultural e gestão das artes”. É ainda professor de políticas públicas da cultura e de gestão de indústrias criativas no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa. Antes de ter desempenhado o cargo de secretário de Estado, Barreto Xavier foi Director-Geral das Artes em Portugal entre 2008 e 2010. Fundou e dirigiu várias organizações culturais privadas, como o Clube Português de Artes e Ideias, que presidiu de 1986 a 2002 ou o Lugar Comum- Centro de Experimentação Artística, que dirigiu entre 1997 e 2001. O fotógrafo foi ainda consultor de várias organizações culturais, entre as quais a Agência Europeia para a Cultura (EACEA), Copenhaga, Capital Europeia da Cultura, Inteligence on Culture (Londres), Centro Cultural de Belém e Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) ou Fundação de Serralves (Porto). A exposição no Albergue SCM estará patente até 28 de Setembro deste ano na galeria A2, tendo entrada gratuita.
Hoje Macau China / ÁsiaHimalaias | Pequim diz esperar que Nova Deli tenha aprendido uma lição [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, disse ontem esperar que a Índia tenha “aprendido a lição”, após meses de um impasse entre as tropas chinesas e indianas num território disputado nos Himalaias. Os comentários de Wang surgem nas vésperas da nona cimeira do bloco de grandes economias emergentes BRICS, onde os presidentes dos dois países se vão reunir. Na segunda-feira, Pequim e Nova Deli concordaram em retirar as suas tropas do planalto de Doklam, um território disputado entre a China e o Butão – aliado da Índia – no sul do Tibete. “Esperamos que o outro lado aprenda a lição com este incidente e evite que se repita. Esperamos que, através dos esforços de ambos os lados, mantenhamos relações saudáveis e estáveis”, afirmou. Nenhum dos lados avançou detalhes sobre como foi resolvido o impasse e a China disse que pode retomar a construção da estrada que deu início à disputa, depois de as tropas indianas terem avançado para travar a construção. Cimeira tranquila A resolução parece servir para prevenir que o mais grave confronto entre dois países vizinhos e potências nucleares das últimas décadas perturbe a cimeira dos BRICS, que contará com a presença do Presidente chinês, Xi Jinping, e do Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi. Os líderes da Rússia, Brasil e África do Sul vão também participar da nona cimeira do BRICS. Índia e China afirmaram que as suas tropas vão continuar a patrulhar a área de Doklam, como faziam antes do início do impasse. Doklam, ou Donglang, em chinês, é reclamado pelo reino do Butão, um aliado de Nova Deli, mas Pequim diz que pertence à China, com base num tratado de 1890, assinado com o Reino Unido. Butão e China participaram de várias rondas de diálogo, mas nunca resolveram a disputa. China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.
Hoje Macau China / ÁsiaASEAN pede à Birmânia que proteja civis em Rakhine [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) pediram ontem ao Governo da Birmânia acções imediatas para proteger os civis afectados pelos confrontos registados no estado de Rakhine, no oeste do país. “A prioridade é o dever de proteger os civis. Todas as partes devem tomar medidas urgentes para proteger todos os indivíduos afectados pela violência, independentemente da sua origem étnica ou cidadania”, declarou a deputada indonésia Eva Kusuma Sundari, num comunicado dos Parlamentares da ASEAN pelos Direitos Humanos (APHR, na sigla em inglês). Desde sexta-feira, pelo menos 110 pessoas morreram durante a violência desencadeada pela onda de ataques reivindicados por rebeldes muçulmanos ‘rohingya’ contra postos oficiais em Rakhine. Um milhar de rebeldes armados com facas, machetes e outras armas artesanais participaram nos ataques perpetrados contra vários objetivos do município de Maungdaw, perto da fronteira com o Bangladesh. O Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), grupo ao qual é atribuído o ataque a três esquadras em 9 de Outubro de 2016 que deixou nove agentes mortos e desencadeou uma repressão das forças de segurança, reivindicou a acção. Os rebeldes, que qualificam o governo de “opressivo” e o exército de “brutal”, denunciaram o “bombardeamento indiscriminado” contra civis e abusos como violação de mulheres, saque de propriedades e ainda sacrifício de animais domésticos. As autoridades birmanesas qualificaram os membros do grupo de “extremistas terroristas” e sustentaram que são os responsáveis de assassínios e a queima de casas. “Não se trata de política, trata-se da responsabilidade mais fundamental de salvaguardar a vida humana, uma obrigação do direito internacional humanitária”, sublinhou Eva Kusuma Sundari. Encurralados Milhares de pessoas da etnia ‘rohingya’ tentaram procurar amparo no Bangladesh, mas as autoridades do país vizinho continuam a impedir que os deslocados cruzem a fronteira. “O Governo do Bangladesh deve permitir o refúgio dos ‘rohingya’ e acabar com as expulsões que deixam os civis vulneráveis ao perigo”, afirmou o deputado filipino Teddy Baguilat, ao reclamar dos países da região uma intervenção mais ativa para prevenir um massacre idêntico ao que sofreu o Camboja. Baguilat fazia referência aos 1,7 milhões de pessoas que morreram entre 1975 e 1979 durante o regime dos Khmers Vermelhos no Camboja devido a trabalhos forçados, doenças, fome e purgas políticas. “Está na hora de agirmos, caso contrário poderemos ter outro Camboja no pátio atrás da nossa casa”, insistiu o parlamentar malaio Charles Santiago, que preside à APHR. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estimou na terça-feira que “mais de três mil” ‘rohingya’ poderão ter entrado no Bangladesh desde sexta. O Governo de Daca resiste a aceitar novos refugiados e as forças de segurança colocadas nas margens do rio Naf, fronteira natural entre o Bangladesh e a Birmânia, expulsaram nos últimos dias pelo menos 511 ‘rohingya’. Mais de um milhão de ‘rohingya’ vivem em Rakhine, onde sofrem uma crescente discriminação desde o surto de violência sectária que provocou, em 2012, pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil membros daquela comunidade confinados em 67 campos de deslocados, onde enfrentam diversas privações, nomeadamente de movimentos. Os ‘rohingya’ são uma minoria apátrida considerada pela ONU uma das mais perseguidas do planeta.