Inundações voltam a Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Pakhar volta a inundar algumas zonas da cidade. De acordo com um comunicado da Polícia de Segurança Pública (PSP), as inundações são de diferentes níveis. Os locais afectados são o Terminal de autocarros das Portas do Cerco, a Rua da Missão de Fátima, a entrada da Ponte de Sai Van junto ao Bairro da Barra, o túnel da Praça do Lago Sai Van. Os estaleiros da estação do metro ligeiro na Barra também foram afectados por inundação junto da porta principal e no Silo Jai Alai.
Nas Ilhas, as águas subiram na Rotunda do Aeroporto, Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança, Rotunda do Istmo, no troço entre a Rotunda da Central Térmica de Coloane e Avenida do Aeroporto.
Segundo o comunicado da PSP, as inundações ligeiras que se verificaram no tabuleiro inferior da Ponte Sai Van, no sentido Taipa-Macau e junto à Avenida Panorâmica do Lago Nam Vam já diminuíram. A polícia aconselha prudência e atenção aos condutores.

27 Ago 2017

Pakhar | Tufão já atingiu terra. Sinal 3 antes das 13h.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Pakhar, que hoje levou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau a hastear o sinal 8, já tocou terra na província chinesa de Guangdong, devendo baixar para sinal 3 antes das 13:00

“A pior parte do tufão já passou. Atingiu terra. O sinal 8 continua içado um pouco mais por medida de precaução e para deixar que o conjunto do sistema do sistema do tufão se dissipe ou entre em terra”, disse à agência Lusa a porta-voz dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, Vera Varela.

Este é o segundo tufão a atingir Macau em menos de uma semana, depois de a tempestade tropical Hato ter causado dez mortos.

A passagem, na quarta-feira, do tufão Hato, o mais forte em 50 anos a atingir a cidade, levou as autoridades a hastear o sinal máximo (10), o que não sucedia desde 1999.

A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10. Os sinais são hasteados tendo em conta a proximidade da tempestade e a intensidade dos ventos.

“Devido à rápida movimentação durante o seu trajecto o tufão Pakhar já atingiu terra em Taishan, na província de Guangdong. Na passada hora atingiram-se ventos médios [nas pontes] na ordem dos 85 quilómetros horários e rajadas de vento de 110 quilómetros por hora”, afirmou Vera Varela.

Apesar de o tufão já ter tocado terra, “é possível que os ventos se façam sentir em Macau, por esse motivo vai-se manter o sinal número 8 içado por mais algumas horas”, adiantou.

“Agora parece tudo mais sereno. Aliás, consegue ser visível na rua que a chuva e o vento passaram”, afirmou.

27 Ago 2017

Jornalistas de Hong Kong impedidos de entrar em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] jornal South China Morning Post noticiou hoje que quatro jornalistas de Hong Kong foram impedidos de entrar em Macau, com as autoridades locais a confirmarem a proibição de entrada, mas sem esclarecer se eram os repórteres.

De acordo com o ‘site’ do diário da antiga colónia britânica, as autoridades de Macau justificaram a proibição de entrada por os jornalistas representarem uma ameaça à segurança interna.

Questionado esta tarde, o coordenador do Centro de Operações da Proteção Civil (COPC) de Macau afirmou: “Até este momento, não sei se essas pessoas são ou não jornalistas”.

Ma Io Kun sustentou que as autoridades “respeitam a liberdade de imprensa” e que apenas é proibida a entrada de quem pode representar uma ameaça. “O Governo e o pessoal militarizado respeitam imenso a liberdade de imprensa. Temos quase todos os dias conferências de imprensa”, disse.

“Em princípio, proibimos a entrada de pessoas que possam causar perigo à ordem pública e à ordem da sociedade. É de acordo com a lei que proibimos a entrada dessas pessoas”, afirmou o mesmo responsável.

De acordo com o ‘site’ do jornal, um fotógrafo do South China Morning Post (SCMP), dois do Apple Daily e outro do portal HK01 pretendiam fazer a cobertura das operações de limpeza que decorrem um pouco por todo o lado em Macau.

O fotógrafo do SCMP foi ‘barrado’ à entrada pelas autoridades por volta das 14h, indicou o jornal de Hong Kong, dando conta de que Felix Wong recebeu uma declaração escrita dos Serviços de Migração de Macau, referindo que “representa um risco para a estabilidade da segurança interna” da RAEM.

Tammy Tam, chefe de redação do SCMP, manifestou “profunda preocupação” por o fotógrafo ter sido detido pelas autoridades de Macau.

“Opomo-nos firmemente à detenção dos nossos jornalistas, que levam a cabo o seu dever de informar o público. Eles não representam nenhuma ameaça à segurança, a ninguém nem a nada”, afirmou.

O chefe de redação do Apple Daily, Ryan Law Wai-kwong, também lamentou o sucedido, apontando que a justificação dada pelas autoridades de Macau é “completamente ridícula” e que não vê de que forma pode a cobertura por parte dos ‘media’ constituir uma ameaça à segurança interna de Macau.

A interdição de entrada em Macau de políticos, ativistas ou jornalistas da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong acontece com alguma regularidade em momentos considerados potencialmente sensíveis, com a grande maioria dos casos a serem tornados públicos pelos próprios visados.

26 Ago 2017

Governo recebeu mais de 700 pedidos de apoio financeiro para PME

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Macau recebeu, até sexta-feira, mais de 700 pedidos de apoio para Pequenas e Médias Empresas (PME), depois de ter lançado dois planos para ajudar os negócios a recuperar dos estragos provocados pelo tufão Hato.

Até às 18h de sexta-feira, a Direção dos Serviços de Economia distribuiu dois mil boletins de candidatura aos apoios – um na forma de empréstimo, outro de abono – e recebeu “mais de 732 pedidos”, segundo um comunicado enviado na noite de sexta-feira.

Após a passagem do Hato, o mais forte tufão a atingir Macau em 50 anos, o Governo de Macau lançou uma linha de crédito, sem juros, para as PME afetadas até ao montante máximo de 600 mil patacas. Anunciou ainda um pacote de “Medidas de abono” paras as empresas “responderem às situações emergentes”, “de natureza pós-calamidade” com um limite máximo de 30 mil patacas.

26 Ago 2017

Bombeiros continuam trabalhos de drenagem e buscas em três auto-silos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s bombeiros de Macau continuam hoje a fazer trabalhos de drenagem e buscas em três parques de estacionamento, depois de quatro cadáveres terem sido encontrados em auto-silos, na sequência da passagem do tufão Hato.
As buscas dos bombeiros foram motivadas por cidadãos que alertaram para a possibilidade de terem ficado presas pessoas em parques de estacionamento na sequência da passagem da pior tempestade tropical dos últimos 50 anos, que causou pelo menos dez mortos e mais de duas centenas de feridos.
Numa conferência de imprensa esta tarde, o comandante do Corpo de Bombeiros, Leong Iok Sam, explicou que dos quatro parques de estacionamento onde foram efectuadas buscas, um, na avenida Almirante Lacerda, foi drenado e ninguém foi encontrado.
Há três auto-silos ainda com água, para onde as autoridades já enviaram mergulhadores, não encontrando qualquer nova vítima até ao momento. Num deles, na rua de João de Araújo, os bombeiros foram alertados para a possibilidade de mais de dez pessoas estarem presas.
“Não conseguimos encontrar qualquer pessoa. Já fomos ao piso mais inferior e não vimos ninguém”, disse Leong, explicando que, neste momento ainda há 1,5 metros de água acumulada no local. “Já fomos ver e não há ninguém lá dentro”, frisou.
Já num parque de estacionamento na zona do Fai Chi Kei há “ainda água estagnada com dois metros”. “A drenagem é incessante, os trabalhos continuam”, disse.
Por fim, no auto-silo do mercado de São Lourenço, “os mergulhadores fizeram uma primeira busca, a água já baixou mas ainda faltam dois andares de água”, indicou o comandante, acrescentando que, até ao momento, não foram encontrados quaisquer corpos no local.
Na mesma conferência de imprensa, um representante da PSP deu conta dos trabalhos de limpeza das vias, dizendo que “90 por cento das faixas de rodagem têm condições de circulação”.
“Apelamos à população para que não faça deslocações desnecessárias”, avisou, informando que cerca de 80 semáforos continuam ainda avariados.
Quanto ao lixo, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais recolheu, desde sexta-feira, 2600 toneladas, acima das 1200 consideradas normais.
“O lixo tem de ser recolhido o mais rapidamente possível por causa do novo tufão”, disse o representante presente na conferência, referindo-se à tempestade Pakhar, que deverá sentir-se com mais intensidade em Macau no domingo.
Já o chefe do Centro de Prevenção e Controlo da Doença, Lam Cheong, disse que “até ao momento” não foi verificada “qualquer situação de propagação de doenças”, indicando que para evitar a proliferação de casos de febre de dengue foram realizadas acções de eliminação de mosquitos nalgumas zonas.

26 Ago 2017

Tufão Hato: Mais de 100 residentes afectados por cancelamento de voos já regressaram

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau recebeu 19 pedidos de assistência devido ao cancelamento dos voos de regresso por causa do tufão Hato, envolvendo 130 residentes, dos quais 106 já voltaram a ‘casa’.

Os restantes 24 residentes vão regressar hoje e na segunda-feira, indicou o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau (GGCT) em comunicado, dando conta do ponto de situação relativo aos 19 pedidos de assistência recebidos até às 12:00 (05:00 em Lisboa).

Segundo o GGCT, 29 dos 38 residentes de Macau que estavam em Banguecoque (Tailândia) já regressaram, enquanto em Danang (Vietname), onde estavam 50 pessoas em excursão, 35 voltaram durante a manhã e as restantes 15 têm regresso previsto para esta noite.

Em Fukuoka (Japão) estava um grupo com 36 residentes que regressou na sexta-feira a Macau via Coreia do Sul. No mesmo dia, regressaram também seis residentes procedentes de Kaohsiung (Taiwan).

“O GGCT continuará a seguir de perto a situação dos residentes de Macau que se encontram impossibilitados de regressar do exterior”, sublinhou.

No mesmo comunicado, o GGCT informou ainda ter contactado a família do turista do interior da China que morreu num acidente de viação durante o tufão em Macau e que “irá prestar assistência adequada, tomando em consideração o desejo dos familiares”.

26 Ago 2017

Tufão Hato: Autoridades não encontraram novos corpos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pessoal do Corpo de Bombeiros e Serviços de Alfândega anunciaram que não foram encontrados corpos no parque de estacionamento do edifício Classic Bay. Os trabalhos de drenagem e buscas foram concluídos esta tarde, por volta das 14h10.
Foram também feitas buscas no parque de estacionamento do mercado de São Lourenço, depois do Corpo de Bombeiros ter recebido “informações a relatar suspeitas de pessoas encurraladas” no local.
“Foi dada resposta imediata com pessoal e viaturas de socorro. Contactado o porteiro de serviço no dia do tufão referiu não haver pessoas encurraladas no mesmo auto-silo”, lê-se em comunicado. As acções de busca, no entanto, continuam, sendo que as autoridades prometem divulgar novos dados “o mais breve possível”.

26 Ago 2017

Tufão Hato: MGM China doa 30 milhões de patacas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s empresas MGM China e MGM Resorts, bem como a “equipa de Pansy Ho” decidiram doar 30 milhões de patacas para a recuperação dos inúmeros estragos causados pela passagem do tufão Hato pelo território, que já causou um total de dez mortos e inúmeros feridos.
Segundo um comunicado, “a distribuição do montante será decidida nos próximos dias e meses com a coordenação do Governo de Macau, tendo em conta as áreas com maior necessidade”.
Além disso, “os funcionários do MGM e as necessidades das suas famílias serão tidas em conta na alocação destes fundos”, aponta a concessionária de jogo.
Citada pelo mesmo comunicado, Pansy Ho, directora-executiva da MGM China, referiu que os funcionários da empresa têm sido “excepcionais, contribuindo com o seu tempo e esforços para enfrentar estes desafios”.
“Estamos prontos para utilizar os nossos recursos de forma a que possamos garantir uma recuperação sustentável da comunidade local”, disse ainda.

26 Ago 2017

IACM diz que limpeza das ruas é o mais urgente nas próximas horas

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) de Macau definiu a recolha do lixo como prioridade “número um” nas próximas 24 horas face à aproximação de nova tempestade tropical, lançando apelos à população para cooperar.

[dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap] higiene é, neste preciso momento, o ponto fulcral no nosso trabalho”, afirmou, na noite de sexta-feira, o presidente do IACM, José Tavares, sublinhando a importância de se “aproveitar as tais 24 horas douradas para recolher o máximo de lixo possível e desinfetar o máximo possível”, dado que a situação se vai “complicar” com a aproximação da tempestade tropical Pakhar.

A nova tempestade tropical deve atingir Macau no domingo, sem que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) afastem a possibilidade de içar o sinal 8 (numa escala máxima de 10) quatro dias após a passagem do tufão Hato que provocou dez mortos e mais de 240 feridos, segundo o mais recente balanço.

“Se a higiene e limpeza não estiverem bem feitas, o novo tufão que vier só vai disseminar mais a contaminação, por isso, o nosso objetivo neste presente momento é recolha de lixo e fazer o melhor possível”, insistiu.

Só na quinta-feira foram recolhidas 1.500 toneladas de lixo, “mais 700 do que é o normal”, enfatizou José Tavares que falava numa conferência de imprensa que juntou, entre outros, a Proteção Civil.

As dificuldades relacionadas com o processamento do lixo verificam-se em toda a linha — da recolha, ao transporte até ao tratamento.

Não obstante as “tarefas constantes” e os “reforços” — nomeadamente de centenas de voluntários ou dos militares da Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo chinês que participaram em trabalhos de resposta à catástrofe — José Tavares observou que “é preciso uma certa cooperação por parte do público”.

“Sem essa cooperação a nossa tarefa torna-se muito mais difícil, portanto, esta nova ideia que lançamos agora de manter 40 pontos diferentes de recolha de lixo é para facilitar”, realçou o presidente do IACM, após o anúncio na conferência de imprensa dessa medida.

Assim, as pessoas saberão onde colocar o lixo, sendo que nessas zonas estarão ainda “alguns contentores com rodas para facilitar o transporte”, ou seja, a pessoa pode empurrar o contentor até junto da sua casa/loja, por exemplo, depositar o lixo no interior, e conduzi-lo de volta ao local definido como um desses novos “pontos”.

“O que estamos a ver agora é que há uma propagação de lixo. Porquê? Porque as pessoas apenas despejam para a rua”, salientou José Tavares, descrevendo o cenário registado nomeadamente no Porto Interior, uma das zonas afetadas pelas inundações, onde os produtos que ficaram molhados foram atirados para a rua “sem qualquer critério”.

Neste sentido, o presidente do IACM apelou à população para cooperar de modo a que se possa “restabelecer a normalidade”.

26 Ago 2017

Tufão: DSAMA diz que “grande parte da cidade” voltou a ter água canalizada

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços dos Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) afirma em comunicado que “grande parte da cidade” recuperou o abastecimento de água, com a excepção de “alguns locais e edifícios altos devido à falta de pressão ou falha da bomba de água”.

“A fim de garantir o abastecimento aos residentes e reduzir a necessidade de retirar das bocas de incêndio, o Governo de Guangdong disponibiliza ao Governo da RAEM viaturas de abastecimento temporário de água, prevendo que cheguem esta tarde às várias zonas afectadas e assim prestar apoio à população”, lê-se ainda no comunicado.

A DSAMA aponta ainda que, de momento, “não se prevê qualquer medida de suspensão de abastecimento de água em toda a cidade e a qualidade da mesma corresponde às normas de segurança exigidas.”

É ainda referido que “os cidadãos não devem acreditar em rumores infundados”.

26 Ago 2017

Tufão Pakhar | Içado sinal 1 de nova tempestade 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] sinal 1 de tempestade, o mais baixo numa escala de 10, foi esta manhã içado em Macau, devido à aproximação do tufão Pakhar, três dias após o Hato ter feito dez mortos.

De acordo com a página dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), o sinal foi içado às 11:30, localizando-se nessa altura a cerca de 780 quilómetros de Macau. A tempestade encaminhava-se para a costa oeste da província de Guangdong.

A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10.

Hoje, a Direção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte emitiu um comunicado apelando aos cidadãos para que procedam “com a maior brevidade possível à reparação das janelas danificadas e a consolidação das instalações exteriores na fachada, de modo a evitar mais estragos no interior das casas devido a ação da chuva e do vento, e eliminar os riscos subjacentes”.

Na sexta-feira, quando já se previa a chegada do Pakhar, os SMG explicaram à Lusa que a tempestade deve passar próxima de Macau às 12:00 (05:00 em Lisboa) de domingo.

Previam-se “altas possibilidades de ser içado sinal superior” ao 1, mas a subida até ao 8 era ainda improvável, apesar de não descartada.

“Devido à incerteza da trajetória e força da tempestade tropical não está descartada” essa hipótese”, caso o tufão “se desvie mais para oeste, ou seja, para próximo de Macau”, ressalvou na altura a porta-voz dos SMG, Vera Varela.

O Pahkar deve ‘tocar’ terra entre Zhanjiang (na província vizinha de Guangdong) e Macau.

As autoridades alertam para riscos de inundação e aceleraram a recolha do muito lixo disperso pelas ruas devido ao impacto do tufão Hato, que atingiu a cidade na quarta-feira e deixou um rasto de destruição.

Na quinta-feira o Governo anunciou que o diretor dos SMG apresentou demissão. O seu serviço tem sido alvo de duras críticas devido ao ‘timing’ do hastear dos sinais de tufão, que, consoante a intensidade, permitem ativar uma série de medidas, como encerramento de escolas e serviços públicos.

Na sexta-feira, a substituta de Fong, Florence Leong, indicou que “a possibilidade de se içar o sinal 03 no domingo é de 70%”.

Leong disse considerar ser necessário melhorar a prevenção e a comunicação nos alertas à população, mas sem alterar o funcionamento deste departamento.

“Vamos rever o mecanismo e melhorar os nossos trabalhos de previsões”, relativamente à nova tempestade tropical Pakhar.

 

26 Ago 2017

Abastecimento de água normalizado daqui a “um ou dois dias”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Macau Water acaba de emitir um comunicado onde aponta que “o reabastecimento de água em Macau [deverá] voltar à normalidade dentro de um ou dois dias”.

“Após a reparação das instalações afectadas da Estação de Tratamento de Águas da Ilha Verde, uma bomba de água voltou a falhar. Contudo, aquela Estação já se encontra em condições mínimas de voltar a entrar em funcionamento, ou seja, o reabastecimento de água deverá voltar, de forma gradual, à normalidade. Porém, é necessário tempo para estabilizar a pressão de água.”

Foi feita a instalação de oito postos de abastecimento de água de emergência, que estão situados nos seguintes locais:

  1. Beco do Padre António Roliz
  2. Rotunda de Carlos da Maia
  3. Zona entre a Avenida de Horta e Costa e a Rua de Manuel de Arriaga
  4. Zona entre a Travessa da Barca e a Rua de Manuel de Arriaga
  5. Entrada principal do Edifício Mong Sin, bloco 1, na Avenida de Venceslau de Morais
  6. Junto ao McDonald’s do Fai Chi Kei
  7. Junto à passagem superior para peões do One Oasis Cotai South de Seac Pai Van
  8. Entre os blocos 1 e 2 do Supreme Flower City.

A península de Macau continua a ser a área mais afetada, mas a agência Lusa também confirmou a existência de casas sem água na Taipa e em Coloane.

A origem do problema na península está na estação de tratamento de águas da Ilha Verde. Fonte da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) disse à Lusa esta manhã que, apesar de a estrutura ter sido reparada na noite de quinta-feira, estima-se que entre 10 a 15% da população não tenha água, ressalvando que se trata de um número pouco preciso.

A mesma fonte alertou para a elevada probabilidade de o abastecimento total só ser conseguido no sábado. “Se tivermos sorte há uma oportunidade de ficar solucionado à meia-noite. [Mas] não há garantias para hoje”, disse.

A dificuldade em determinar quantas pessoas estão ainda com os canos a seco prende-se com o volume reduzido de água que está a ser fornecido. Assim, há prédios já com água, mas a falta de pressão impede-a de chegar aos andares mais elevados, disse a mesma fonte.

Duas das três estações de tratamento de água voltaram a funcionar pelas 19:00 no dia do tufão, mas a estação da Ilha Verde, que abastece mais de metade da península de Macau, ficou danificada e apenas na quinta-feira à noite foi reparada.

As reparações das duas bombas de água da estação permitiram que se recomeçasse “parcialmente o abastecimento de água, com várias zonas da cidade a recuperar gradualmente”, de acordo com um comunicado enviado esta manhã pelo Centro de Proteção Civil.

Luz ainda a meio gás

Em termos de fornecimento de energia, a Companhia de Eletricidade de Macau (CEM) informou que às 10:00 de hoje 5.500 de clientes estavam ainda sem luz, 2,2% do total, nas zonas da Almeida Ribeiro, Fai Chi Kei e Ilha Verde.

“Como 36 postos de transformação foram seriamente danificados pelas inundações, vai ser necessário mais tempo para substituir as instalações. Estamos a colocar todos os nossos esforços de modo a completar a reparação ainda hoje”, de acordo com um comunicado da empresa.

Esta manhã, o Centro de Proteção Civil disse que continua a acompanhar os técnicos das companhias da água, electricidade e telecomunicações que procedem a trabalhos de recuperação dos respectivos serviços.

25 Ago 2017

Tufão Hato: IC vai analisar quase duas dezenas de monumentos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tufão Hato também causou estragos em alguns monumentos, tal como a Fortaleza da Guia, incluindo a capela e as galerias subterrâneas, o edifício da Rua das Estalagens dedicado a Sun Yat-sen, a Casa de Penhores na avenida Almeida Ribeiro ou o Centro Ecuménico Kun Iam, entre outros.

Outros locais como o Armazém do Boi, que já sofria com a antiguidade das instalações, também foram afectados. No total, foram quase duas dezenas a ser danificados. Segundo o IC, estes espaços vão fechar portas por tempo indeterminado, sendo que “os detalhes da reabertura dos locais acima referidos será anunciada posteriormente”.

Será “executada uma fiscalização e recuperação mais aprofundadas, sendo as mesmas reabertas o mais breve possível após a conclusão dos devidos trabalhos”.

Hoje estão abertos ao público locais como a Casa do Mandarim, a Casa de Lou Kau, as Ruínas de São Paulo ou o Museu de Arte de Macau, entre outros espaços. “O Conservatório de Macau e as três escolas reentrarão em funcionamento normal”, sendo que “o Teatro Dom Pedro V abre ao público mas de forma limitada”, aponta o IC.

O organismo vai ainda retirar “objectos indesejáveis” da Academia Jao Tsung-I e do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau, pelo que estes espaços vão fechar portas hoje e amanhã.

Bibliotecas danificadas

As bibliotecas públicas estiveram ontem fechadas ao público devido à “realização de trabalhos de inspecção em detalhe e limpeza”, sendo que a “maioria” abre hoje portas. “Devido à influência do tufão, as bibliotecas do Patane, Mercado Vermelho, de Coloane e a biblioteca itinerante estão seriamente danificadas, sendo as suas datas de reabertura serão anunciadas posteriormente”, informa o IC.

Encontram-se ainda encerradas ao público as bibliotecas localizadas nos parques, como é o caso das bibliotecas do Jardim Comendador Ho Yin, de Wong Ieng Kuan no Parque Dr. Sun Yat Sen e biblioteca de Wong Ieng Kuan no Jardim Luís de Camões. Os parques em questão também se encontram encerrados.

25 Ago 2017

Pequim |  Investigação de Trump é ataque ao sistema de comércio mundial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Ministério do Comércio chinês criticou ontem a decisão dos Estados Unidos de lançar uma investigação sobre as práticas da China na área da “propriedade intelectual”, que considerou um ataque ao sistema de comércio mundial.

Várias associações comerciais enalteceram a ordem do Presidente norte-americano, Donald Trump, para averiguar se Pequim exige indevidamente que as empresas estrangeiras transfiram tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

O representante do Comércio Externo dos EUA anunciou esta semana formalmente a investigação.

A acção emprega inapropriadamente a lei norte-americana e significa a “destruição do sistema de comércio internacional existente”, disse Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio chinês.

“Estamos profundamente insatisfeitos com esta prática unilateral e proteccionista e tomaremos todas as medidas necessárias para defender firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, disse.

Regras do jogo

Pequim exige que fabricantes de automóveis e empresas estrangeiras na China estabeleçam parcerias com firmas locais, normalmente grupos estatais.

As entidades estrangeiras têm frequentemente que partilhar tecnologia com parceiros que talvez se venham a tornar concorrentes.

Mais de 20% das 100 empresas norte-americanas que responderam a um inquérito do Conselho Comercial Estados Unidos-China, uma associação industrial, afirmaram ter sido pedida a transferência de tecnologia, nos últimos três anos, em troca de acesso ao mercado da segunda maior economia mundial.

Em Abril, Trump disse que iria pôr de lado disputas sobre o acesso ao mercado e política cambial, enquanto Washington e Pequim trabalharem juntos para persuadir a Coreia do Norte a desistir do programa nuclear.

Nas últimas semanas, a administração norte-americana voltou a adoptar uma posição mais dura em relação às questões comerciais.

Em 2016, Pequim registou um excedente de 347 mil milhões de dólares no comércio com Washington. Trump culpa frequentemente a China pelo défice comercial norte-americano, apontando práticas de concorrência desleal de Pequim.

Há várias décadas que as empresas estrangeiras acusam empresas chinesas de pirataria e roubo de tecnologia.

Pequim está a lançar um plano designado “Made in China 2025”, para transformar o país numa potência tecnológica, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, incluindo inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

25 Ago 2017

O naufrágio em Camilo Pessanha, Parte I

Revista da Faculdade de Letras Línguas e Literaturas, II Série, vol. XXIII, Porto, 2006 [2008], pp. 221-232

Ângela Carvalho

angela.cf.carvalho@gmail.com

[dropcap style≠’circle’]“[P[/dropcap]ara Schopenhauer] É certo que aquilo que o es- pectador vê é o próprio passado, na medida em que pôde tornar-se espectador e aprender a gostar da «sabedoria» da situação que se alheou da vida. Porém, o que ele vê encontra-se também no futuro à sua frente enquanto inevitabilidade que emerge da vida que é um mar cheio de recifes e remoinhos. Ele evita-os com cuidado e pru dência, embora saiba que é justamente o sucesso de todo o esforço e arte de abrir caminho que o leva ao ponto em que o seu naufrágio é inevitável. Ele sabe que assim, com cada passo, ele aproxima-se do maior, total, inevi- tável e irremediável naufrágio, que navega exactamente em direcção a ele, em direcção à morte. Esta não é só o objectivo final da fadiga, ela é pior que todos os recifes que conseguimos evitar.

Hans Blumenberg, Naufrágio com

Espectador (1979: 84-5)

* Trabalho realizado no âmbito da disciplina “Temas de Literatura Portuguesa”, do Curso de Especialização em Ensino do Português Língua Estrangeira (ano lectivo de 2006/2007), sob a orientação do Prof. Doutor Pedro Eiras.

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Considerando a produção poética de Camilo Pessanha e reflectin do, em particular, sobre a mecânica do naufrágio enquanto evasão, este artigo apresenta um conjunto de hipóteses e, em alguns casos, conclusões sobre o tema. Utilizei como corpus de análise a Clepsydra na edição de António Barahona. Optei por esta edição, uma vez que respeita a de 1920, sobre a qual Camilo Pessanha se expressou do seguinte modo à sua editora Ana de Castro Osório: “não quero deixar de agradecer-lhe, penhoradissimo, a publicação da esquecida Clep sydra e os cuidados da disposição (que é como eu proprio o faria) e da ortographia.” (1921: 83).

Porque só poderá existir naufrágio onde haja viagem marítima, começo por considerar que a vida é apresentada enquanto viagem no “Soneto de Gelo” (1887: 94-5), desde que aceitemos que, na primeira estrofe, “berço” possa ser entendido como “barco”. Para essa interpre- tação abona o facto de encontrarmos ao longo do poema vocábulos que se relacionam com o tópico do marítimo (“farol”, “batel”, “lenho” e “afundir”). Esta metáfora já tinha sido dada a lume anteriormente, sendo que “na visão de Pascal [, a] metáfora do embarque contém a sugestão de que a vida significa que se está já no mar alto, onde, para além de salvação ou declínio, não há qualquer solução, não há qualquer reserva” (Blumenberg, 1979: 33). À semelhança de Pascal, também para Pessanha não há “salvação”, sendo o naufrágio a única realidade. Para o poeta, o naufrágio tanto pode ser desejado como indesejado, sendo ainda visto como simples inevitabilidade, como tentarei explicitar de seguida.

No poema “Ao meu coração um peso de ferro” (1893: 50-1), a morte por afogamento surge como desejável nos três últimos versos

  • Ð (“E um lenço bordado… Esse hei-de o levar,/ Que é para o molhar na água salgada/ No dia em que enm deixar de chorar…”) , podendo até ser entendida como um projecto suicida. Essa ideia está presente já na primeira estrofe e nos vv. 7-8 da mesma composição poética:

Ao meu coração um peso de ferro Eu hei-de prender na volta do mar. Ao meu coração um peso de ferro…

Lançá-lo ao mar.

(…)

Marujos, erguei o cofre pesado, Lançai-o ao mar.

O desejo de morte equivale a um desejo de anulação, nomeada- mente das “penas do amor” que acompanham o sujeito poético no seu exílio. Embora em nenhum momento do poema seja dito que o enunciador está a vivenciar uma experiência de exílio, podemos adi vinhá-lo com base na circunstância de o sujeito poético realizar uma viagem marítima e levar consigo as “penas do amor”. De acordo com o enunciador, o que distingue o exilado dos outros seres humanos é o facto de para aqueles as “penas do amor” serem nefastas, notando-se em alguns versos de Pessanha um mau presságio quanto às conse- quências que essas penas podem trazer: “Quem vai embarcar, que vai degredado…/ As penas do amor não queira levar…” (vv. 5-6). Nisto apoio a convicção de que o enunciador se encontra discursivamente em contexto de exílio, pois no caso do sujeito de “Ao meu coração um peso de ferro” percebemos que são precisamente essas penas que o conduzem ao desejo de morte – uma morte como evasão, como fuga à dor e à existência.

Esta ideia é corroborada por duas passagens de cartas de Camilo Pessanha. A primeira é endereçada a Alberto Osório de Castro: “Sabe que eu tambem ando por esses mares fóra sempre a escolher o melhor logar da minha sepultura?// No fundo do mar?” (s/d: 48). A outra foi dirigida a Carlos Amaro e escrita a bordo do navio que levou o poeta de regresso a Macau em 1909:

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Sabe o que eu agora desejaria? Não chegar ao meu sítio nunca… Ir assim, a bordo de um navio, sem destino. Veja como o destino varia. Nos últimos dias de Lisboa, o terror que verdadeiramente me oprimia era este mar morto da viagem, entre dois abismos tão distantes um do outro, e no fundo de cada um dos quais a minha alma perpetuamente agoniza (cit. in Lencastre, 1984: 114).

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É o que Barbara Spaggiari já tinha observado, referindo que “Deste modo, nas suas poesias, ora deseja vaguear para sempre no mar sem uma meta, ora anseia, pelo contrário, por um naufrágio” (1982: 35). Nos anteriores períodos epistolares, vemos também reafirmada a ideia de que o sujeito de enunciação se encontra em exílio permanente.

A morte figurada como indesejada está patente no “Soneto de Gelo”, onde o sujeito poético declara abertamente querer um “resto de batel”, um “lenho” que lhe permita não se “afundir”. Estas tábuas de salvação aparecem-nos como metáfora da fé, ausente porque de- sejada, inatingida porque procurada:

Ingénuo sonhador – as crenças d’oiro Não as vás derruir, deixa o destino Levar-te no teu berço de bambino, Porque podes perder esse tesoiro.

Tens na crença um farol. Nem o procuras, Mas bem o vês luzir sobre o infinito!…

E o homem que pensou, – foi um precito, Buscando a luz em vão – sempre às escuras.

(Pessanha, 1887: 94-5, vv. 1-8)

Este poema apresenta uma dicotomia entre a busca activa da fé e a quietude dos que já a possuem. No que diz respeito à primeira, conduzirá à perda de valiosas crenças, no caso de estas já existirem, ou à condenação ao não alcance das mesmas, no caso de estas ainda o existirem. A acção amaldiçoa também o homem que ousou pensar,

“buscando a luz em vão – sempre às escuras”. Este sujeito, que deseja a fé que não tem, está condenado a naufragar, embora faça tudo para o evitar. A quietude dos que já possuem a fé é apresentada como única solução para não “perder esse tesoiro”. O “ingénuo sonhador” deverá unicamente deixar-se levar pelo destino, vida fora, se não quiser perder o farol que luz sobre o infinito. O “ingénuo sonhador” não procura essa luz e é por isso mesmo que a vê luzir.

No poema “Singra o navio. Sob a água clara” (1899: 32-3), o nau- frágio surge como a constatação de um facto, analisado consciente e metodicamente, revelando-se como uma inevitabilidade. O sujeito poético distancia-se desde o início da imagem que observa: “– Impe cável figura peregrina,/ A distância sem fim que nos separa!” (vv. 3-4). Essa “impecável figura peregrinaestá “[funda], sob água plana(v. 8), a uma “distância sem fim que [os] separa”, o que está de acordo com a observação de Ester Lemos, segundo a qual “O olhar de Pessanha não parece abranger a realidade em superfície, considerá-la de cima. O mar, de que tanto se fala na «Clepsidra», raramente é olhado na extensão: mais fácil é perscrutar-se-lhe o fundo.” (1956: 25).

Esta ideia de olhar em profundidade surgenos também no poema “Chorai arcadas” (1900: 60-1), na terceira estrofe: “Se se debruçam,/ Que sorvedouro!…” (vv. 14-5). Chegamos assim a uma outra ideia, a de sorvedouro, de abismo, causa de todo o naufrágio e consequente ruína. Em “Singra o navio. Sob a água clara” esta profundidade de abismo é sondada, reconstruída, comparada. Devemos todavia recordar a advertência final do sujeito poético – “Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas” (1916: 72-3) –, como se nesse último poema quisesse extinguir algum vestígio de esperança que pudesse ter deixado em textos anteriores: “Abortos que pendeis as frontes cor de cidra, (…)// Cessai de cogitar, o abysmo não sondeis.// (…) Adormecei. Não sus- pireis. Não respireis.” (vv. 6; 10; 15). É a afirmação taxativa da ânsia de aniquilamento, já enunciada na composição poética com que abre

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Clepsydra e em que se manifesta claramente o desejo de evasão, si- lenciosa, por anulação: “Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!/ No chão sumir-se, como faz um verme…” (1916: 9; vv. 3-4). Também no poema “Ao meu coração um peso de ferro” essa ideia tinha já sido anunciada, ainda que de forma mais atenuada. No fundo, trata-se da- quilo a que Barbara Spaggiari se referiu nestes termos: O passado está

«povoado de saudades», o futuro escorre lentamente «para o oceano do Aniquilamento». Tal condição existencial do homem não pode ser senão imutável” (1982: 45).

A imagem observada, encerrada na profundidade da sepultura marítima, é uma imagem de ruínas da vivência humana (“Seixinhos da mais alva porcelana”) (v. 5), ruínas do mundo natural (“Conchinhas tenuemente cor de rosa”) (v. 6), que – à força da análise consciente do sujeito poético (“E a vista sonda, reconstrui, compara”) (v. 9) – se reve lam uma imagem ilusória: – Ó fúlgida visão, linda mentira!(v.11). O sujeito poético desfaz o seu engano e com ele faz a macabra descoberta de que anal estava perante vestígios humanos. A sua percepção traiuo inicialmente, levandoo a confundir o corde-rosa das unhinhascom o das “conchinhas” e a brancura dos “dentinhoscom a dos “seixinhos”. Mas loia realmente traído a sua percepção ou estamos perante uma ars inveniendi [arte da invenção](Benjamin, 1928: 194) por parte do sujeito poético? Vai também nesse sentido aquilo que Óscar Lopes refere em “Pessanha, o Quebrar dos Espelhos”:

Pessanha sabe, de um saber técnico, operativo, oficinal, de poeta, que a poesia não se limita a exprimir uma realidade pre- viamente definida; pelo contrário, opõe-se às estruturas do senso comum, convidandonos a um salto em direcção a novas estruturas de compreensão e valor. (1970: 130)

(continua)

25 Ago 2017

Lionel Leong | Bens essenciais não vão faltar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças de Macau assegurou ontem que os bens essenciais não vão faltar no território, na sequência da passagem do tufão Hato que causou pelo menos nove mortos, 594 incidentes e 244 feridos.

Lionel Leong Vai Tac, que falava aos jornalistas à chegada de uma deslocação oficial a Pequim, sublinhou que a Direcção dos Serviços de Economia vai realizar ações de fiscalização para “garantir o abastecimento dos bens essenciais para a vida quotidiana da população e a estabilidade dos preços” de alimentos e combustíveis.

Para isto, o responsável disse que o Ministério do Comércio chinês comprometeu-se a garantir “o abastecimento estável a Macau” dos bens essenciais à vida da população, num encontro na quarta-feira.

Leong Vai Tac manifestou “profundo pesar” pelas vítimas do Hato e solidariedade com os familiares e a população em geral, destacando a necessidade de a vida em Macau regressar “à normalidade” o mais depressa possível.

O secretário lembrou que a direção dos serviços de Economia, a direção dos serviços de Finanças, a Autoridade Monetária de Macau, o Conselho de Consumidores, a direção dos serviços para os Assuntos Laborais, a direção de Inspecção e Coordenação de Jogos, o Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, entre outros departamentos, vão efetuar “avaliações sobre o impacto provocado pelo tufão”.

Cada um destes departamentos accionou “trabalhos relacionados, tais como lançamento de várias medidas de apoio, acompanhamento dos assuntos de indemnizações pelo seguro, investigação dos preços dos produtos, inspecção às acções desenvolvidas em torno da segurança e saúde ocupacional”, reiterou.

Leong Vai Tac lembrou as medidas já apresentadas pelo Governo para ajudar as micro, pequenas e médias empresas (PME) afetadas pelo tufão, vendedores ambulantes e titulares de veículos comerciais e trabalhadores por conta própria.

O Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC) lançou dois tipos de programas: o “Plano de apoio especial às PME afectadas pelo tufão Hato”, através do qual oferece um empréstimo sem juros no montante máximo de 600 mil patacas e as “Medidas de Abono” que garantem uma verba cujo limite é de 30 mil patacas, para responder a situações de emergência.

Os dois planos referidos tem um valor total de 2,6 mil milhões de patacas.

O secretário acrescentou que os casinos forçados a suspender as operações devido à falta de água e electricidade “também serão apoiados”, situação cujo acompanhamento cabe à direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos.

“Neste momento, a prioridade é ajudar a população a regressar à normalidade o mais breve possível”, frisou.

25 Ago 2017

Tufão Hato: Exército chinês ajuda na limpeza das ruas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês vai participar nos trabalhos de resposta à catástrofe causada pela passagem do tufão Hato, uma medida inédita desde a transferência de soberania, em 1999. 

“A partir de hoje, a Guarnição em Macau, em conjugação de esforços com o Governo e a população, prestará apoio nos diversos trabalhos construtivos e de socorro”, informa o gabinete do porta-voz do Executivo em comunicado.

O tufão Hato, que atingiu Macau na quarta-feira e foi o pior dos últimos 50 anos, fez nove mortos e 244 feridos, segundo o balanço oficial mais recente, divulgado hoje.

O tufão levou o chefe do Executivo, Chui Sai On, na quinta-feira a pedir desculpas à população, reconhecendo que as medidas tomadas não foram suficientes.

Em comunicado, o gabinete do porta-voz do Governo indica que Pequim “autorizou o auxílio da Guarnição em Macau nas acções de socorro em período pós-catástrofe”.

Ao abrigo da Lei do Estacionamento de Tropas na Região Administrativa Especial de Macau, o Governo “pode, quando necessário, pedir ao Governo Popular Central o auxílio da Guarnição em Macau, para manter a ordem pública ou acorrer a calamidades”.

Os militares da Guarnição do Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP) estão a realizar trabalhos de limpeza em pelo menos duas zonas da cidade, uma na península de Macau e outra na ilha da Taipa.

25 Ago 2017

Protecção Civil garante não haver pessoas retidas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] comandante Centro de Operações de Protecção Civil (COPC), Leong Iok Sam, afirmou terem já terminado os trabalhos de socorro e salvamento no edifício Classic Bay, estando a decorrer nos parques de estacionamento subterrâneos em outros três edifícios. “Até ao momento, não encontraram ninguém ali retido”, aponta um comunicado.

O director do Corpo de Policia de Segurança Pública (CPSP), Leong Man Cheong, afirmou que todos postos fronteiriços já se encontram a funcionar e que o trânsito nas principais artérias da cidade já circula praticamente dentro da normalidade, desde esta manhã.

Leong Iok Sam revelou que, conforme a informação recolhida até às 16h30, o COPC recebeu 432 relatórios de incidentes, relacionados com queda de reboco, reclamos, toldos e janelas em iminência de queda, andaimes de bambu, e ainda de cabos eléctricos e árvores,. Houve 47 casos de inundações e 75 casos de pessoas que ficaram retidas em elevadores. A passagem do tufão por Macau provocou mais de 244 feridos, oito mortos, um dos quais num acidente de viação, sendo que as restantes foram vítimas do tufão e inundações.

O mesmo comunicado aponta que o CPSP tem trabalhado 24 sob 24 horas “no sentido de remover todos os objectos”. PSP, bombeiros e IACM “estão a dividir tarefas com o objectivo de acelerar a remoção dos mesmos o mais rápido possível”.

O responsável do CPSP afirmou ainda que “várias associações de construção e empresas tomaram a iniciativa de conceder equipamentos de remoção de objectos de grande porte, por forma a apoiar as autoridades na limpeza dos objectos que estão obstruir as ruas”.

Leong Man Cheong disse ainda que “vários semáforos continuam a não estar a funcionar dentro da normalidade, tendo sido mobilizado mais pessoal, nas ruas principais, para ajudar na sinalização”. Foram destacados agentes para “manter a ordem pública na cidade”, sobretudo nas zonas onde ainda falta água e luz. Estão a ser realizadas operações de salvamento em vários parques de estacionamento.

25 Ago 2017

Tufão Hato: Desaparecidos 40 gatos da ANIMA

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uarenta gatos desapareceram das instalações da Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) na sequência da passagem do tufão Hato, que fez oito mortos, disse à Lusa o presidente da organização.

Segundo as estimativas da Anima, aproximadamente 80 gatos tinham fugido das instalações, na ilha de Coloane, na quarta-feira, na sequência da passagem do tufão, o mais forte em 50 anos, calculando-se agora que cerca de 40 continuavam desaparecidos.

“O número total é 290 e temos 250” agora, disse à Lusa o presidente da Anima, Albano Martins, a partir de Portugal, por volta das 09:00.

A queda de árvores de grande porte nas instalações da Anima colocou os animais “em risco”, mas não houve qualquer acidente, disse Albano Martins, dando conta de que também houve cães que escaparam, depois de uma vedação se ter partido, mas que regressaram.

24 Ago 2017

Tufão Hato: DST não detectou especulação nos preços dos hotéis

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) emitiu ontem um comunicado onde aponta que, até ao momento, não foram registados casos de especulação nos preços dos quartos de hotel, apesar dos vários relatos que existem nas redes sociais nesse sentido.

A entidade, dirigida por Helena de Senna Fernandes, “não detectou até ao momento estabelecimentos hoteleiros a praticar preços mais elevados do que os reportados à DST pelos hotéis e pensões”. Contudo, a DST “detecto alguns portais de reservas de quarto online com subidas de preços”.

“A DST irá continuar a verificar os preços dos quartos praticados pelos hotéis e caso detecte infracções, sancionará de acordo com os regulamentos”, lê-se ainda.

Do total de 64 hotéis, classificados de três a cinco estrelas, há ainda seis estabelecimentos que não têm água nem luz, sendo que oito hotéis estiveram incontactáveis.

“Devido à maior parte das pensões estar localizadas nas zonas mais afectadas pela passagem do tufão, a maior parte não tem abastecimento de água ou de electricidade.”

Um total de 329 excursões chegaram ontem ao território, quando as ruas estavam ainda cheias de árvores caídas e sem um sistema de transportes normalizado. A DST alerta que “alguns itinerários poderão sofrer alterações devido ao impacto a vários níveis resultante da passagem do tufão”.

Até ao momento registaram-se 11 casos “referentes a inquéritos, queixas e sugestões relativas a itinerários turísticos, serviço de táxis e autocarros, de devolução de bilhetes de espectáculo, serviços de agências de viagem e hotéis”. Nenhuma das queixas se referiu aos preços dos quartos de hotel.

24 Ago 2017

Tufão Hato: Caixas de electricidade danificadas no Fai Chi Kei e Porto Interior

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Companhia de Electricidade de Macau (CEM) explica que tem vindo a normalizar o fornecimento de energia nas últimas horas. No entanto, “nas zonas do Porto Interior e Fai Chi Kei, devido aos danos causados pelas inundações, que danificaram as caixas de electricidade, a CEM irá trabalhar para retomar o abastecimento prevendo uma recuperação progressiva”.

Não há, por enquanto, novas informações sobre o assunto.

Entretanto o Instituto de Acção Social (IAS) garante estar atento à “situação de vida de alguns grupos sociais vulneráveis que se deparam com o corte de fornecimento de electricidade e de água”, tendo sido accionado o mecanismo de resposta a situações de crise.

O IAS afirma que “será intermitente a recuperação do fornecimento de água e de electricidade para os equipamentos sociais” como o Complexo de Serviços de Apoio à Juventude e Família “Pou Tai”, na Taipa, o espaço Fonte da Esperança, também na Taipa, o Lar de Estrela da Esperança do Sheng Kung Hui, a Casa de Petisco “Sam Meng Chi”, a Casa do Arco-Íris Esplendoroso, na Areia Preta, o Centro de Santa Lúcia, na Estrada de Nossa Senhora de Ká-Hó, Coloane.

Há também falhas de fornecimento de água e luz no Lar São Luís Gonzaga e no Centro de Santa Margarita, ambos na Taipa.

“O IAS está a empenhar-se na coordenação com as instituições particulares de serviços sociais, de forma a que estas enviem os respectivos trabalhadores ao domicílio dos grupos sociais vulneráveis com necessidades urgentes, prestando-lhes a respectiva assistência”, afirma ainda.

24 Ago 2017

Tufão Hato: Aulas na EPM começam a 6 de Setembro, apesar dos estragos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] vice-presidente da Escola Portuguesa de Macau disse hoje à agência Lusa que as aulas vão começar, conforme previsto, a 6 de setembro, apesar da destruição causada na quarta-feira pela passagem do tufão Hato.

Este foi o tufão mais forte dos últimos 50 anos a atingir Macau, tendo causado oito mortos no território, segundo o mais recente balanço das autoridades, hoje divulgado.

“[O ano letivo] vai começar no dia 6 de setembro, porque nós vamos conseguir preparar tudo para que [as aulas] se iniciem nesse dia”, afirmou Zélia Baptista.

“Os alunos podem não ter todas as comodidades que costumavam ter. Por exemplo, os jardins vão ficar vedados, mas tanto as salas de aula como os pátios de recreio vão ficar operacionais “, sublinhou.

A vice-presidente admitiu que “poderá não haver cantina” no arranque das aulas, mas garantiu que, a confirmar-se, essa situação “será comunicada atempadamente aos pais “.

A cantina, explicou, “ficou toda estilhaçada e neste momento está a ser difícil arranjar operários para trabalhar a esse nível, principalmente por causa dos vidros”, que ficaram destruídos com o tufão, afirmou.

Zélia Baptista observou que ainda não é possível quantificar os estragos, que “foram avultados”, em termos monetários.

“Temos na parte exterior da escola dois jardins que estavam vedados por muros. Os muros caíram e agora a escola está desprotegida. Qualquer pessoa pode entrar, portanto, essa é uma das nossas prioridades: tapar o local onde estavam os muros para dar privacidade e segurança à escola e posteriormente repor tudo o que lá estava”, disse.

De forma a manter a data do arranque do ano letivo, é preciso “libertar primeiro a escola dos destroços” e depois criar condições nas salas de aula para que “estejam operacionais no dia 06”.

“E isso é possível porque não houve muita destruição nas salas. A sala de música e uma das salas de informática é que estão um pouco mais danificadas”, observou.

Zélia Baptista deixou ainda uma palavra de agradecimento aos pais e alunos que se mostraram solidários com a escola e “manifestaram disponibilidade para ajudar no que for necessário”.

No entanto, disse que a escola ainda não recorreu a essa ajuda, porque primeiro era necessário retirar o entulho.

Na Escola Portuguesa, o tufão destruiu dois muros exteriores que estavam a delimitar dois jardins, incluindo um onde o artista português Vhils criou um mural no final de maio.

Quase todas as árvores nos pátios da escola foram arrancadas pelo vento, e duas, que apresentam risco de queda, têm de ser cortadas, para garantir a segurança dos alunos, segundo Zélia Baptista.

O rasto de destruição inclui estragos nos ares condicionados e sistemas de ventilação, muitas janelas e algumas portas partidas, sobretudo na ala mais nova das instalações, junto ao hotel Grand Lisboa, acrescentou.

24 Ago 2017

Tufão Hato: Ligações marítimas restabelecidas, mas com limitações

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s ligações marítimas a partir de Macau foram restabelecidas hoje, ainda com serviços limitados, devido aos danos em dois terminais, causados pelo tufão Hato, o mais forte dos últimos 50 anos a atingir o território.

“A situação é muito má, as instalações estão quase todas danificadas. Desde ontem à tarde [quarta-feira] começámos a reparação e conseguimos hoje de manhã dois lugares de atracação para recuperar a navegação”, disse Susana Wong, diretora dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA, antiga Capitania).

No terminal do Porto Exterior, em Macau, as ligações foram restabelecidas pelas 07:00 (00:00 em Lisboa) e no terminal da Taipa pelas 10:15.

No entanto, as ligações são “limitadas”. “Os pontões de atracação têm de ser bem verificados antes de começarem a funcionar novamente. Penso que tem de ser gradualmente”, explicou.

Hoje, o Centro de Operações de Proteção Civil (COPC) informou também que a última das três fronteiras terrestres que se mantinha fechada, o Posto Fronteiriço da Flor de Lótus, no Cotai [faixa de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane], reabriu às 14:00.

As autoridades informaram ainda que dois centros de ação social foram fechados para se procederem a ações de reparação urgente e de arrumação.

24 Ago 2017