Xi Jinping e Rex Tillerson prometem fortalecer laços entre os países

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente chinês Xi Jinping e o secretário de Estado norte-americano Rex Tillerson comprometeram-se este domingo, em Pequim, a trabalhar para fortalecer os laços entre os seus países.

Xi e Tillerson encontraram-se horas depois de a Coreia do Norte ter lançado um ‘rocket’ e quando decorrem negociações para uma cimeira no próximo mês com Xi e Donald Trump, nos Estados Unidos.

Xi disse a Tillerson que ele e Trump decidiram, num telefonema no mês passado, “fazer um esforço conjunto para desenvolver a cooperação China-Estados Unidos”. “Acreditamos que podemos garantir que a relação vai avançar de forma construtiva para uma nova era”, afirmou.

“Estou confiante que, desde que consigamos fazer isto, a relação pode certamente avançar na direcção certa”, acrescentou o Presidente chinês.

A caminho de Pequim, Tillerson visitou o Japão e a Coreia do Sul, onde declarou que Washington vai abandonar a estratégia “falhada” de paciência diplomática com Pyongyang, algo que pode desagradar à China. Na sexta-feira, Trump escreveu no Twitter que a China não está a fazer o suficiente para controlar o vizinho e aliado histórico norte-coreano.

As relações com Pequim foram também postas à prova com a instalação de um sistema de defesa antimísseis na Coreia do Sul, a que a China se opõe.

Ainda assim, Tillerson adoptou uma postura conciliatória: “Sabemos que através do diálogo chegaremos a uma melhor compreensão, que conduzirá a um reforço dos laços entre a China e os Estados Unidos e definirá o tom da nossa futura relação de cooperação”.

Alta tensão

Washington e Pequim concordaram ainda que a tensão na península coreana alcançou um nível “bastante perigoso” e comprometeram-se a fazer “todo o possível” para evitar um conflito, afirmou o secretário de Estado dos Estados unidos.

“Penso que partilhamos a opinião de que as tensões na península são agora bastante elevadas e de que as coisas alcançaram um nível bastante perigoso”, afirmou Tillerson numa conferência de imprensa depois de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi.

“Comprometemo-nos a fazer tudo o que possamos para prevenir o rebentamento de qualquer conflito”, adiantou.

Tillerson disse ainda que Washington e Pequim iriam trabalhar para ver se conseguiam convencer Pyongyang a corrigir o percurso a afastar-se do desenvolvimento das armas nucleares.

O secretário de Estado dos Estados Unidos debateu com o Governo chinês uma nova estratégia para lidar com a Coreia do Norte, naquela que é a primeira visita ao país asiático de um membro do gabinete de Trump.

Rex Tillerson chegou este sábado a Pequim proveniente da Coreia do Sul e do Japão, onde lembrou a necessidade de mudar a estratégia de Washington em relação a Pyongyang e assegurou que todas as “opções estão abertas”.

Em outras escalas desta viagem à Ásia, o secretário de Estado defendeu um novo plano para fazer frente aos avanços norte-coreanos após os seus últimos ensaios, mas não deu quaisquer detalhes.

Na sexta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson disse que uma acção militar dos Estados Unidos contra o regime de Pyongyang era “uma opção que está em cima da mesa”, após visitar a zona desmilitarizada que divide a península coreana.

“Nós não queremos que as coisas cheguem a um conflito militar”, disse Tillerson, acrescentando que se a Coreia do Norte incrementar “as ameaças”, as opções passam a ser militares.

“Se eles [Coreia do Norte] elevarem a ameaça através do programa de armamento a um nível que, acreditamos, pode obrigar a uma acção [militar], então essa opção fica em cima da mesa”, afirmou o secretário de Estado norte-americano.

20 Mar 2017

NATO | Alemanha responde a Trump: “Não há dívida nenhuma”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]penas um dia depois do encontro entre Angela Merkel e Donald Trump, os dois países já trocam acusações. O Presidente norte-americano escreveu já este domingo que a Alemanha “deve vastas somas de dinheiro” à NATO e aos EUA, e não ficou sem resposta. Poucas horas depois das declarações de Trump na rede social Twitter, a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, disse que “não há nenhuma dívida à NATO”.

Além de negar a dívida apontada por Trump, Leyen explicou que o objectivo dos membros da Aliança Atlântica de gastar 2% do PIB até 2023 em defesa não se traduzia apenas nas contribuições para a NATO. “As despesas com defesa vão também para missões de paz da ONU, nas nossas missões europeias e na nossa contribuição na luta como o terrorismo”, disse em comunicado.

De acordo com a Reuters, a despesa da Alemanha com Defesa aumentará para os 38,5 mil milhões de euros em 2018, o que representa 1,26% do PIB. E Merkel, no encontro que teve com Donald Trump, prometeu aumentar a fatia para os 2% que estão apenas previstos serem atingidos pelos estados signatários do Tratado do Atlântico Norte em 2024.

Outros comentários

A ministra alemã não foi a única a “explicar” a Donald Trump como funciona a NATO. O antigo embaixador dos EUA na NATO, Ivo Daalder, expôs os erros de interpretação do Presidente numa série de tweets. O diplomata diz que “não é assim que as coisas funcionam”, explicando que cada país decide o que paga, sendo que está acordado que o objectivo é que contribuam com 2% do PIB.

Daalder acrescenta que a Alemanha não deve nada aos EUA, porque o financiamento à NATO não é um financiamento aos Estados Unidos e cada contribuição que os países fazem não é para a segurança própria, mas para o bem comum. “Combatemos duas Guerras Mundiais na Europa e uma Guerra Fria. Manter a Europa inteira, livre e em paz é vital para os interesses dos EUA”, escreveu.

20 Mar 2017

APN | Pedida isenção de visto de 72 horas para a Ilha da Montanha

Kou Hoi In, deputado de Macau à Assembleia Popular Nacional, defende a isenção de visto por um período de 72 horas para a Ilha da Montanha, apenas para cidadãos dos PALOP e do Sudeste Asiático que viajem para Macau. Quatro deputados sugerem ainda a troca de produtos de gestão financeira com o Continente

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] objectivo é destacar a participação de Macau na política “Uma Faixa, Uma Rota”. O deputado de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) Kou Hoi In sugeriu em Pequim que se permita aos residentes dos países da língua portuguesa e do Sudeste Asiático a isenção de visto para a Ilha da Montanha por um período de 72 horas, via Macau. Kou Hoi In acredita que tal medida pode atrair mais turistas e empresários a passarem pelo território.

O deputado também sugere que, dentro do prazo de autorização de saída, os visitantes do interior da China possam, ao viajar para Macau, deslocar-se várias vezes entre a região e a Ilha da Montanha. Kou Hoi In, que é também deputado à Assembleia Legislativa de Macau, considera que a medida pode fomentar a comunicação entre Guangdong e Macau em termos de turismo.

Finanças cá e lá

Kou Hoi In defende ainda que Macau deve promover mais as vantagens do seu sector financeiro junto do interior da China, de modo a encorajar as companhias de locação financeira do Continente a investirem em Macau e a iniciarem projectos conjuntos a pensar no mercado lusófono.

O deputado aconselha que se permita em Macau a venda dos produtos da gestão financeira do Continente, e que o território leve também os seus produtos da gestão financeira para o interior da China a título experimental. Essa troca de serviços e produtos poderia gerar, na opinião do deputado, uma melhoria da qualidade do sector da gestão de activos de Macau, bem como criar condições de abertura do mercado ao interior da China, aos países do Sudeste Asiático e aos países da língua portuguesa.

Kou Hoi In, juntamente com Lao Ngai Leong, Lei Pui Lam e Iong Weng Ian, também deputados de Macau à APN, assinaram um documento para que a sugestão fique formalizada junto do Governo Central.

A ideia dos quatro deputados é que se possa aprofundar a indústria de locação financeira e a cooperação entre as empresas de Macau e do interior da China. Os deputados querem que, através deste regime, o território possa ser aproveitado como plataforma, de modo a favorecer o desenvolvimento do sector de locação financeira do país.

Os quatro deputados afirmam ainda que os apoios da China são preciosos e fundamentais para Macau, sendo que o sector financeiro pode tornar-se um ponto importante para o território, uma vez que a RAEM não tem uma base forte nesta área. A ligação entre o mercado chinês e outros países poderia facilitar as exportações, defendem.

Na proposta apresentada na capital, defende-se que as sociedades de locação financeira de Macau devem ter um tratamento igual ao nível dos impostos em relação às sociedades estabelecidas nas zonas de comércio livre. A ideia era, assim, implementar a isenção do imposto para as empresas de Macau que desejem iniciar negócios no Continente, reduzindo a pressão financeira e fomentando o desenvolvimento rápido da indústria de locação financeira do território.

17 Mar 2017

Legislativas | Propaganda proibida durante um mês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s candidatos às eleições legislativas estão proibidos de fazer propaganda eleitoral entre os primeiros dias de Agosto e 2 de Setembro. De acordo com a Rádio Macau, é o que resulta do calendário oficial para a constituição da próxima Assembleia Legislativa, divulgado ontem.

Apesar do que está previsto na lei, é de esperar que a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) recomende aos candidatos para não se promoverem antes do período oficial de campanha eleitoral.

Citado pela emissora em língua portuguesa, o deputado pró-democrata Ng Kuok Cheong diz que o tempo dado é curto, mas concorda com a CAEAL. “O tempo não é muito. Mas é claro que vamos seguir as regras. Se todos cumprirem, haverá igualdade de concorrência”, entende.

O período de campanha eleitoral está fixado em 14 dias: começa a 2 de Setembro e termina dois dias antes das eleições, marcadas para 17 de Setembro.

Segundo o calendário divulgado ontem, a CAEAL tem até ao dia 26 de Setembro – quase duas semanas depois das eleições – para desqualificar candidatos.

No acto eleitoral deste ano, pela primeira vez, a comissão pode impedir que um candidato seja eleito caso entenda que não é fiel a Macau enquanto Região Administrativa Especial da China.

17 Mar 2017

Estrada do Repouso | Quatro meses para demolir obras ilegais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo concluiu os trabalhos de demolição das obras ilegais situadas numa loja, e no terreno devoluto contíguo, sito na Estrada do Repouso, que tinham sido iniciadas em Novembro do ano passado. O objectivo da intervenção prende-se com a reposição do local ao que estava previsto no projecto aprovado pelas Obras Públicas. Aos infractores vai ser aplicada uma multa, assim como o pagamento das despesas inerentes ao despejo.

A demolição foi ordenada porque as obras em causa colocavam em perigo a integridade das estruturas dos edifícios adjacentes, assim como a segurança pública.

Os infractores construíram clandestinamente uma infra-estrutura composta por um suporte metálico, vidros e tapume metálico nas paredes exteriores do anexo à loja em causa. Foi ainda demolida uma parte da parede exterior do edifício de forma a criar um acesso ao terreno devoluto contíguo ao estabelecimento. A construção clandestina tinha oito metros de altura e era composta por cobertura metálica, suporte, lona e um portão rolante.

O grupo de demolição e desocupação das Obras Públicas justificou os quatro meses da intervenção com a dimensão das construções clandestinas a demolir, assim como a grande quantidade de materiais de construção nelas depositados. Outro dos factores a aumentar o tempo de intervenção foi a necessidade de reposição da parede exterior do edifício onde antes existia um vão. O terreno devoluto foi ainda vedado com rede metálica, uma vez terminada a limpeza do local.

Em resposta a este caso, o Governo alerta os cidadãos que não devem executar obras ilegais e que se compromete a combater estes casos, levando a cabo acções de fiscalização de forma contínua e periódica.

17 Mar 2017

GAES | Apoiados empréstimos abaixo das 360 mil patacas

 

Foram ontem anunciados mais detalhes sobre o plano de comparticipação de juros dos empréstimos para ensino de línguas no estrangeiro. Só serão suportados empréstimos inferiores a 360 mil patacas, sendo que 30 por cento do montante é pago quando o curso for concluído

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo avançou com mais pormenores sobre o “Plano de Apoio de Pagamento dos Juros de Crédito para a Formação Linguística de Graduados do Ensino Superior”, uma medida criada para apoiar estudantes com menos de 45 anos que estejam a aprender português, mandarim ou inglês em universidades fora de Macau.

Segundo um comunicado, apenas os empréstimos inferiores a 360 mil patacas serão tidos em conta, sendo que o prazo de pagamento dos juros será “fixado conforme a duração do curso”, ou seja, “no máximo de dois anos. Além disso, “o montante máximo de empréstimo para ser apoiado no pagamento dos juros é fixado conforme o tipo de língua e a duração de curso”, sendo que nunca pode exceder as 360 mil patacas.

O apoio a ser dado aos estudantes será monitorizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) que irá, numa primeira parte, pagar 70 por cento dos juros. “Os restantes 30 por cento serão atribuídos após a conclusão de curso e os beneficiários entregarem os respectivos documentos comprovativos”, pode ler-se. Todas as prestações do apoio serão pagas mensalmente.

O apoio financeiro irá abranger empréstimos para estudos, incluindo ainda as propinas a pagar à instituição do ensino superior, os custos de vida básicos e as despesas de transporte de ida e volta.

Datas a cumprir

O GAES explica que os residentes permanentes podem concorrer a este apoio, desde sejam titulares de “grau de licenciatura ou equiparado” e que “tenham estudado em instituições do ensino superior ou escolas secundárias de Macau por um período continuado não inferior a três anos, cumulativamente.”

Os cursos alvo de apoio por parte do Governo devem conter aulas presenciais, sendo que a sua duração não deve ser superior a dois anos. Já a duração dos cursos de Mandarim não deve ser inferior a seis meses, enquanto que, para cursos de Português ou Inglês, a duração não deve ser inferior a nove meses.

A medida será implementada a partir da próxima terça-feira em parceria com seis bancos. O objectivo é incentivar e apoiar “os residentes licenciados de Macau a frequentarem, no exterior, cursos de formação linguística” nas três línguas, de modo a “aumentar as suas capacidades linguísticas e ampliar os seus horizontes”, e também para que se possa “formar para a sociedade quadros qualificados que dominam diversas línguas, aumentando ainda mais a capacidade global de concorrência de Macau”.

17 Mar 2017

Taiwan pede à China que respeite a sua democracia 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Taiwan para os Assuntos da China Continental apelou ontem a Pequim para que respeite a democracia de Taiwan, reconheça a sua existência e não exija condições políticas prévias para os contactos bilaterais.

“Manter a paz e estabilidade no estreito da Formosa é a política estabelecida pelo governo desde que assumiu o poder, em 20 de Maio passado”, afirmou em comunicado o organismo de Taipé encarregue dos contactos com Pequim.

O comunicado surgiu em resposta ao apelo do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, para que Taipé aceite o principio “Uma só China”, visto como uma garantia de que a ilha é parte da República Popular e não uma entidade política soberana.

A nota emitida por Taipé refere ainda que a China continental deve aceitar as diferenças no desenvolvimento dos regimes políticos de cada lado do estreito de Taiwan e reconhecer e respeitar a existência da democracia e da sua opinião pública.

“Só então as relações entre os dois lados do estreito [de Taiwan] poderão desenvolver-se de forma construtiva”, lê-se.

Tempos difíceis

As relações entre Pequim e Taipé atravessam um período de renovadas tensões, desde a eleição da Presidente de Tsai Ing-wen, do Partido Democrata Progressista, que defende a independência do território.

Uma conversa por telefone entre Tsai e o então presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que por várias vezes disse que poderia reconsiderar a política “Uma só China”, levou ao pico das tensões.

Após essa chamada, o Governo são-tomense anunciou o corte das relações diplomáticas com Taipé e o reconhecimento da República Popular da China, numa decisão que a imprensa estatal chinesa disse tratar-se de um castigo para Tsai.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a reunificação pacífica, mas ameaça usar a força caso a ilha declare independência.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

17 Mar 2017

China e Arábia Saudita com projectos até 60.500 milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China e a Arábia Saudita acordaram ontem estudar projectos conjuntos, em diferentes áreas, num valor total de 60.500 milhões de euros, durante a vista do rei Salman bin Abdulaziz a Pequim.

O Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o monarca no Grande Palácio do Povo, numa visita em que ambos os lados estiveram acompanhados por uma larga comitiva empresarial e ministerial.

Os dois líderes presidiram à assinatura de 14 memorandos de entendimento em várias áreas, desde o comércio, energia ou cultura, que poderão resultar em projectos no valor total de 60.500 milhões de euros, segundo o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Ming.

Entre os acordos anunciados consta um memorando de entendimento entre a firma chinesa Norinco e a gigante da Arábia Saudita Aramco, a firma estatal que controla a indústria do petróleo no país.

A petroquímica Sabic e a principal refinaria da China, a Sinopec, acordaram também estudar o desenvolvimento de projectos em ambos os países.

“Xi e o rei Salman são velhos amigos. Têm uma relação muito boa”, destacou Zhang Ming.

Alianças reforçadas

A visita de três dias surge depois de Xi se ter deslocado no ano passado à Arábia Saudita, na primeira vista de Estado de um líder chinês ao Médio Oriente nos últimos sete anos.

O rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, 81 anos, aterrou na quarta-feira em Pequim, com uma comitiva composta por 1.000 pessoas, e já depois de ter estado no Japão, Malásia e Indonésia, parte de um périplo de um mês pela Ásia.

A China tem procurado aproximar-se do Médio Oriente, enquanto a Arábia Saudita reforça as suas alianças no leste asiático, face à incerteza quanto à política externa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Pequim é um dos principais clientes do petróleo dos países do Médio Oriente, mas tradicionalmente opta por uma postura de não intervenção na região.

Porém, desde que Xi ascendeu ao poder, em 2012, o país adoptou uma nova abordagem, que inclui mediar a discussão entre diferentes partes envolvidas no conflito sírio.

O Presidente chinês lançou também a iniciativa Nova Rota da Seda, um plano que visa reforçar as rotas comerciais entre a China e a Europa, através da construção de estradas e linhas ferroviárias de alta-velocidades entre as duas regiões.

“Esta visita irá impulsionar e continuar a melhorar a qualidade das nossas relações”, disse ontem Xi ao rei, no início do encontro entre os dois.

A China é, desde 2015, o principal parceiro comercial da Arábia Saudita, que durante vários anos foi o principal fornecedor de petróleo do país asiático.

É a primeira visita do monarca à China, desde que assumiu o trono, em 2015, após a morte do seu meio-irmão Abdullah.

17 Mar 2017

Filmes de Portugal e Brasil em festival de Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]“O[/dropcap] Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, de João Botelho, e “Colo”, de Teresa Villaverde, integram o Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, com os brasileiros “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Corpo Eléctrico”, de Marcelo Caetano.

Mais de 230 filmes, incluindo cinco estreias mundiais, oito internacionais e 56 asiáticas, de 65 países e territórios, vão ser exibidos durante o Festival Internacional de Cinema de Hong Kong (HKIFF, na sigla inglesa), que vai decorrer entre 11 e 25 de Abril.

O documentário “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu”, no qual o realizador João Botelho revela a admiração pela obra e a relação com o cineasta, vai ser exibido a 16 e 21 de Abril, depois de se ter estreado nas salas de cinema em Outubro, e de ter marcado presença no festival IndieLisboa e em Locarno.

O cinema sobre Manoel Oliveira, que faleceu em 2015 aos 106 anos, parece cativar o HKIFF que, na edição do ano passado, incluiu “Visita ou Memórias e Confissões”, um filme biográfico que o cineasta rodou nos anos 1980 e pediu para só ser mostrado após a sua morte.

“Colo”, de Teresa Villaverde, um filme sobre uma geração desamparada que não soube reagir à crise, que se estreou, em Fevereiro, no festival de Berlim, vai ser exibido a 13 e 19 de Abril.

A presença portuguesa completa-se com a realizadora Salomé Lamas, seleccionada para a competição de curtas-metragens do HKIFF com “Coup de Grâce”, que esteve na ‘luta’ pelo Urso de Ouro da categoria no Festival de Cinema de Berlim. Na mesma secção participa “A moça que dançou com o diabo”, do realizador brasileiro João Paulo Miranda Maria.

Na edição anterior do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong, o prémio de melhor curta-metragem foi atribuído a “Balada de um Batráquio”, de Leonor Teles.

Do Brasil, destaque para o filme “Aquarius”, que o realizador Kléber Mendonça Filho filmou com a actriz Sônia Braga sobre memória, persistência e vida na cidade, que, aliás, se estreou ontem nas salas de cinemas portuguesas.

O cinema brasileiro está ainda representado por “Corpo Eléctrico”, de Marcelo Caetano, com exibições a 13 e 24 de Abril, e por “Rifle”, a primeira longa-metragem de ficção de Davi Pretto, a 17 e 25 do próximo mês.

Na programação do HKIFF figura ainda “Porto”, longa-metragem do realizador brasileiro Gabe Klinger, rodada em 2015 e co-produzida por Portugal, e o filme “A Morte de Luís XIV”, do espanhol Albert Serra, também rodado em Portugal.

Edição de números redondos

O 41.º Festival Internacional de Cinema de Hong Kong abre com o filme “Love off the Cuff”, do cineasta de Hong Kong Pang Ho-Cheung, e encerra com a película “mon mon mon Monsters!”, do taiwanês Giddens Ko, ambos em estreia mundial.

Pang Ho-Cheung realizou “Isabella”, um filme que decorre no período da transferência de administração de Portugal para a China, em 1999, cuja banda sonora – influenciada pela música portuguesa, particularmente pelo fado – recebeu o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim em 2006.

O HKIFF vai assinalar o 20.º aniversário da transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China com um programa especial, com entrada livre, intitulado “Mudança de Paradigma: O Cinema de Hong Kong no pós-1997”, que inclui a exibição de 20 filmes considerados representativos do cinema local das últimas duas décadas.

O 10.º aniversário da morte do realizador chinês Edward Yang também não vai passar em branco, estando prevista uma retrospectiva de sete filmes, com a exibição a ser acompanhada pela presença da sua mulher, Kaili Peng, e do seu parceiro criativo de longa data, Hsiao Yeh.

Vários realizadores reputados internacionalmente vão visitar Hong Kong, como Olivier Assayas, vencedor do prémio de melhor realizador no Festival de Cannes do ano passado, que irá apresentar “Personal Shopper”, ou a realizadora polaca Agnieszka Holland, premiada em Berlim com o filme “Spoor”.

Fundado em 1976, o HKIFF é o mais antigo festival de cinema da Ásia.

17 Mar 2017

Antevisão da 8ª jornada da Liga de Elite | Pontos pela sobrevivência

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] oitava jornada da Liga Elite tem um calendário com jogos muito interessantes, dos quais deverão resultar confrontos bastante equilibrados e emotivos.

O destaque da análise desta jornada vai para a luta entre as equipas do final da tabela. Sporting Macau Vs Development  Team, sexta-feira às 21:00h no Estádio da Taipa – um jogo em que ambas as equipas estão proibidas de perder pontos, sob o risco de verem um adversário directo na luta pela permanência afastar-se.

Depois de ter estado três épocas consecutivas a disputar o campeonato, conseguindo manter-se entre os lugares cimeiros da tabela, o Sporting De Macau esta temporada, após uma mudança de Direcção e com o fim da ligação ao seu patrocinador das últimas quatro temporadas, esteve inclusivamente em risco de não participar no presente campeonato.

A poucos dias do começo do mesmo, foi anunciado que os leões iriam participar,  mas desta vez com uma mudança de política interna. A aposta em jovens locais passou a ser o rumo a seguir. Pode dizer-se que esta aposta tem tido resultado, visto ter-se começado a ver alguns jogadores com potencial, dos quais se destacam o avançado Tony Lopes e o lateral esquerdo Roy Fong. Após as primeiras jornadas onde a equipa defrontou equipas do top 5 da tabela onde coleccionou derrotas, que podem ser consideradas normais, mas onde igualmente mostrou uma boa imagem, excepto contra o Kei Lun. Frente a equipas do seu campeonato a história tem sido outra, com excepção da derrota no último minuto frente ao KA I, a equipa orientada por Nuno Capela tem conseguido pontuar sempre. Com isto espera-se um Sporting dominador na maior parte do jogo, visto ter jogadores mais rodados na primeira liga do que o seu oponente.  Posto isto, só um resultado se impõe: a vitória.

A equipa da associação tem vindo a subir de qualidade, tendo mesmo conquistado os 4 pontos que tem de momento nos últimos três jogos, conseguindo inclusive a vitória no último encontro frente ao Lai Chi que, como o Sporting, é um adversário directo na fuga aos últimos lugares. Por isso estará neste jogo motivada com este excelente resultado e vai querer contrariar esse favoritismo de domínio de jogo do Sporting e é sabido o quanto estes jovens gostam de jogar contra os Leões do território. Excelente jogo em perspectiva no estádio da Taipa.

Na tabela classificativa neste momento os verde e branco estão no 9º lugar com 3 pontos, a um ponto da Development Team que se situa acima da linha de água em 8º com 4 pontos. De referir que o Sporting tem neste momento um jogo a menos, devido ao caso ‘Juninho’,no qual a Associação de Futebol de Macau tirou o ponto no empate, a 1 golo, entre Lai Chi e Sporting. Até haver uma decisão sobre o caso, estas equipas ficarão sem o jogo disputado.

Jogos interessantes

No sábado, a jornada começa às 18:30h com o KA I vs Lai Chi. A equipa dos velozes terá que pontuar para tentar ganhar pontos, tanto ao Sporting como à equipa da associação, que se defrontam entre si. Não vão ter tarefa fácil, já que o KA I está a demonstrar o seu melhor futebol da época. Após o reforçar a equipa durante o campeonato e o regresso em pleno de William Carlos Gomes, o KA I tem estado em bom plano.

Às 20:30h defrontam-se CPK e Polícia. O onze de Inacio Hui quer voltar às vitórias depois da derrota frente ao Benfica e para tal terá que levar de vencido o conjunto da Polícia, uma equipa sempre complicada de bater, que conta no seu plantel com Chon Kit, guarda redes que se tem destacado mais neste início de campeonato com grandes exibições entre os postes.

Domingo.

Às 18:30h temos um Benfica Vs Kei Lun. Jogo onde o favorito será sempre o Benfica, mas atenção a esta equipa de Josi Cler. O Kei Lun possui um meio campo experiente, comandado por Silva e na frente muita fantasia, onde Taylor Gomes tem estado em evidência. No entanto, nota-se a falta de um guarda-redes que dê mais consistência defensiva. Julgo, no entanto que, com maior ou menor dificuldade, os encarnados irão resolver os problemas impostos pelo seu opositor, mas terão que jogar no mesmo nível de intensidade que a equipa do Kei Lun, logo desde o início, pois poderão ser surpreendidos.

Por último Monte Carlo Vs Cheng Fung (20:30), onde os golos aparecerão com certeza. Duas equipas que gostam de jogar ao ataque e que dispõem de grande executantes nessa fase do jogo. Destaque para Neto no Monte Carlo e Ronieli no Cheng Fung.

2017 Liga Elite

Equipas

P

V

E

D

GM

GS

DiF

Pontos

1

BENFICA

7

6

1

0

36

2

34

19

2

MONTE CARLO

7

6

0

1

22

11

11

18

3

C.P.K.

7

5

0

2

18

8

10

15

4

KEI LUN

7

4

1

2

22

13

9

13

5

CHING FUNG

7

2

4

1

12

10

2

10

6

TAK CHUN KA I

7

2

1

4

9

17

-8

7

7

POLICIA

7

2

1

4

5

14

-9

7

8

DEVELOPMENT

7

1

1

5

8

26

-18

4

9

SPORTING

6

1

0

5

5

15

-10

3

10

LAI CHI

6

0

1

5

2

23

-21

1

17 Mar 2017

Banco do Japão mantém política monetária intacta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Banco do Japão manteve ontem intacto o seu programa de flexibilização monetária, cuja meta é conseguir uma subida estável dos preços de cerca de 2% para pôr fim a uma década de deflação.

A reunião mensal do banco japonês terminou um dia depois de a Reserva Federal norte-americana ter subido as taxas de juro em 0,25 pontos percentuais pela primeira vez desde Dezembro, exercendo uma pressão nas taxas de longo prazo nos Estados Unidos e no Japão.

Ainda assim, o Banco do Japão não considerou necessário modificar o seu programa baseado na flexibilização “quantitativa e qualitativa” e no controlo da curva dos rendimentos.

O banco vai continuar a adquirir dívida soberana japonesa no valor de 80 biliões de ienes por ano para que o rendimento dos títulos japoneses a dez anos permaneça perto dos 0%.

No que toca às taxas a curto prazo, o organismo vai continuar a investir em depósitos dos bancos a uma taxa de referência de -0,1%.

As compras massivas de activos vão continuar a centrar-se na aquisição de fundos cotados e imobiliários para que a sua carteira aumente a um ritmo anual de seis biliões e 90 mil milhões de ienes (49.314 milhões e 739 milhões de euros), respectivamente.

Vai também continuar a aumentar o valor do seu portfólio no que toca a títulos corporativos a curto e longo prazo, a um ritmo anual de 2,2 e 3,2 biliões de ienes (18.083 e 26.303 milhões de euros).

Boas tendências

O Banco do Japão considera que a terceira economia mundial mantém a sua “tendência de recuperação moderada” e que o consumo, pilar do PIB nacional, se mantém sólido.

As exportações e a produção industrial estão a recuperar, indica o comunicado divulgado no final da reunião. O investimento imobiliário e público mantém-se “mais ou menos plano”, enquanto a inflação continua perto de 0%, longe da meta de 2%.

O Banco do Japão tenta desde 2013 promover a subida dos preços, mas a recente queda do preço do petróleo que reduziu os efeitos do seu programa e obrigou a adiar a data de conclusão dos seus objectivos para depois de 2018.

Ainda assim, o IPC (Índice de Preços no Consumidor) subiu em Janeiro, pela primeira vez em 13 meses, o que pode indicar uma recuperação futura dos preços.

17 Mar 2017

Kim Jong-Nam | ADN dos filhos ajuda a confirmar identidade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades da Malásia utilizaram o ADN do filho de Kim Jong-Nam, residente em Macau, para confirmar a identidade do corpo do meio-irmão do líder da Coreia do Norte, disse hoje o vice-primeiro-ministro da Malásia.

Os investigadores “confirmaram a identidade do corpo de Kim Jong-Nam, através da análise de ADN obtida ao filho”, da vítima, disse, Ahmad Zahid Hamidi.

O vice-primeiro-ministro da Malásia não divulgou mais informações sobre as investigações que decorrem em Kuala Lumpur.

O filho de Kim Jong-Nam, de 21 anos, e a família vivem na Região Administrativa Especial de Macau, na China.

Segundo a AFP a família exilada em Macau, receia novos ataques.

Kim Jong-Nam morreu depois de ter sido atingido na cara com veneno, supostamente agente VX, no momento em que se encontrava no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, no dia 13 de fevereiro.

A Coreia do Sul já responsabilizou o regime de Pyongyang pelo crime mas a Coreia do Norte rejeitou as acusações e nunca chegou a confirmar de forma oficial a identidade da vítima que no dia do ataque estava na posse de um passaporte com o nome de Kim Chol.

Na sexta-feira, a Malásia confirmou oficialmente a identidade do corpo mas ainda não tinha especificado o processo de obtenção do ADN.

O caso está a deteriorar as relações diplomáticas entre Kuala Lumpur e Pyongyang.

O regime norte-coreano já afirmou que a investigação que decorre na Malásia pretende denegrir Pyongyang insistindo que se tratou de um ataque cardíaco.

Até ao momento, duas mulheres, uma de nacionalidade vietnamita e a outra indonésia, foram presas na sequência do crime.

16 Mar 2017

APN | Deputados de Macau pedem mais funcionários nas fronteiras

Os deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional solicitaram ao Governo Central mais inspectores nas fronteiras de acesso a Zhuhai. Com a entrada em funcionamento da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e do novo posto fronteiriço entre Guangdong e o território, os acessos vão sofrer alterações e a medida tem como fim não causar transtornos

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s fronteiras com o Continente e os respectivos acessos voltaram a ser um dos tópicos abordados pelos deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN). Oito deputados sugeriram ao Governo Central o aumento de inspectores na fronteira de Zhuhai, uma ideia que vem na sequência da construção da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

A entrada em funcionamento da infra-estrutura está prevista para o final do ano e as obras do novo acesso fronteiriço entre Guangdong e Macau decorrem a rápida velocidade, pelo que é necessário respostas imediatas, defende a representação do território nas reuniões que decorrem na capital chinesa.

De acordo com o Jornal do Cidadão, os representantes locais consideram que, num futuro muito próximo, Zhuhai vai enfrentar falta de recursos humanos para o controlo das fronteiras que dão acesso a Macau.

Para os representantes locais em Pequim, o aumento do controlo e de pessoal na fronteira não será fácil. A razão, apontam, está no facto de que, em 2014, as entidades responsáveis pelo controlo fronteiriço procederam a um ajustamento de recursos.

Apesar de admitirem as dificuldades num novo reajuste, dadas as necessidades emergentes, sublinham que, caso o processo não aconteça, o funcionamento das ligações entre Macau e Zhuhai vai ser fortemente afectado. “É complicado fazer um novo ajustamento do pessoal para satisfazer as necessidades das novas fronteiras mas, se tal não acontecer, o seu funcionamento vai sofrer um grande impacto”, lê-se no órgão de comunicação social.

Os deputados não deixam, no entanto, de fazer sugestões. Para o efeito, referem a urgência em dar início a um processo de recrutamento e formação de profissionais por parte dos departamentos responsáveis, sendo que o Governo Central pode recorrer a funcionários de outros organismos, de modo a que sejam dispensados para ajudar no bom funcionamento da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e do novo acesso fronteiriço Guangdong-Macau.

Outra opção apontada por Lionel Leong (secretário para a Economia e Finanças), Kou Hoi In, Chui Sai Peng (deputados à Assembleia Legislativa de Macau), Paula Ling (advogada) e Lok Po (presidente do jornal Ou Mun) vai no sentido de adoptar, a título experimental, o modelo de acesso admitido para a Ilha da Montanha.

No entanto, a maior dificuldade actual deste modelo assenta nas diferenças entre a legislação de Macau e da China Continental, pelo que será necessário proceder a arranjos nos respectivos regimes jurídicos.

O incentivo à formação de profissionais nas áreas da ciência e tecnologia também foi alvo de debate nas reuniões de Pequim. José Chui Sai Peng, que desempenha funções como engenheiro civil, considera que a escassez de peritos nas referidas áreas está na origem dos atrasos na investigação local e afecta a criação de empresas por parte dos jovens. Para ultrapassar o problema, o deputado sugere que o Governo Central facilite a entrada de profissionais da China Continental, de modo a dar apoio e formação aos residentes.

16 Mar 2017

Lai Chi Vun | Demolição dos estaleiros origina protesto junto do Instituto Cultural

Duas associações protestaram ontem junto ao Instituto Cultural para exigir que o Governo avalie os estaleiros de Lai Chi Vun do ponto de vista histórico e para que mantenha as estruturas que ainda não foram abaixo. É ainda exigida a intervenção do CCAC

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de uma semana depois da demolição de dois estaleiros em Lai Chi Vun, duas associações resolveram adoptar outro método de contestação e resolveram protestar junto das instalações do Instituto Cultural (IC). Na praça do Tap Seac estiveram representadas a Nova Associação dos Trabalhadores da Indústria de Jogo de Macau, presidida por Cheng Lok Sun, e a Associação Sonho Macau. O ambientalista Joe Chan também se juntou à iniciativa.

O objectivo do protesto foi solicitar às autoridades a preservação dos estaleiros de Lai Chi Vun, tendo sido pedido que comecem os trabalhos de avaliação do local como património cultural imóvel. Foi ainda exigido que os responsáveis do Governo divulguem o resultado da avaliação e o futuro planeamento dos estaleiros.

Em comunicado, as associações apontam que os estaleiros de Lai Chi Vun são um sinal de que existiu em Macau uma indústria naval, devendo, por essa razão, ser considerado património. Os responsáveis lembram ainda que a concepção dos estaleiros nunca foi feita por arquitectos profissionais, por isso são peças únicas em Macau e possuem um valor importante.

Há uma saída

Para Cheng Lok Sun, existem alternativas para os estaleiros que não passam pela sua demolição, discordando da opção do Executivo. A recuperação pode ser feita com recurso à tecnologia existente, acredita.

Citando a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, o presidente da associação defende que o IC deve ser responsável pelo processo de Lai Chi Vun, pois cabe a esta entidade olhar para os lugares com maior necessidade de preservação. No entanto, o responsável pela Nova Associação dos Trabalhadores da Indústria de Jogo de Macau critica o facto de o IC ter permitido que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes tenha começado a demolir o que resta dos antigos estaleiros.

“As autoridades deveriam ter iniciado o processo de avaliação há muito tempo. Se isso tivesse acontecido, os estaleiros não teriam sido demolidos”, apontou.

CCAC para que te quero

Cheng Lok Sun defende ainda que o Comissariado Contra a Corrupção deve iniciar uma investigação sobre o caso. “Criticamos o Governo por causa dos actos de corrupção e benefícios que possam ocorrer no caso de Lai Chi Vun e, por isso, achamos que o processo deve ser investigado.”

O presidente da associação espera ainda que haja mais deputados que possam representar as vozes dos cidadãos nas próximas eleições, o que poderia contribuir para uma preservação da povoação e dos estaleiros.


Mais de 130 dizem não

Ia ontem com 134 assinaturas a petição “Não à Demolição dos Estaleiros de Lai Chi Vun”, uma iniciativa que está a decorrer através de uma plataforma online que pretende travar a destruição das estruturas em Coloane. Os mentores do abaixo-assinado defendem que os estaleiros “representam a memória de uma indústria naval que em Macau teve grande importância, sobretudo numa época em que o território dependia quase exclusivamente das vias marítimas”. Este conjunto construído “constitui uma forma de património arquitectónico que, sendo construído pelos próprios carpinteiros, valida uma identidade cultural própria”, refere-se ainda. Os subscritores propõem a manutenção das estruturas de madeira dos estaleiros e a sua recuperação para instalação de actividades ligadas à cultura, de áreas museológicas a artesanato, passando por ateliers artístico-pedagógicos e zonas lúdicas.

16 Mar 2017

Habitação | Vendas triplicaram em Fevereiro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s transacções de imóveis destinados a habitação em Macau triplicaram em Fevereiro, em termos anuais homólogos, acompanhadas por um aumento do preço médio do metro quadrado, indicam dados oficiais ontem divulgados.

Segundo os dados disponibilizados no portal dos Serviços de Finanças – respeitantes às fracções autónomas destinadas à habitação declaradas para liquidação do imposto de selo por transmissão de bens –, foram transaccionadas 546 casas no mês passado, mais 203 por cento ou o triplo comparativamente às 268 do mesmo mês de 2016.

O preço médio por metro quadrado também aumentou em termos anuais homólogos – passando de 73.733 para 88.440 patacas. Das três áreas de Macau, a península foi onde se verificou o maior número de transacções (427), com um preço médio de metro quadrado de 81.752 patacas.

Já na ilha da Taipa foram vendidas 84 fracções autónomas, com o preço médio por metro quadrado de 94.726 patacas, enquanto em Coloane se transaccionaram 35 com o preço médio por metro quadrado de 139.374 patacas – um aumento de 150 por cento em termos anuais homólogos.

Face a Janeiro, diminuiu tanto o número de transacções (menos 99) como o preço médio por metro quadrado (menos 1287 patacas).

16 Mar 2017

Li Keqiang diz que Pequim não quer guerra comercial com Washington

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse ontem que os líderes chineses não querem travar uma guerra comercial com os Estados Unidos da América e manifestou optimismo numa melhoria das relações.

“Não desejamos uma guerra comercial entre os dois países. Isso não tornará as nossas trocas comerciais mais justas”, disse Li, na conferência de imprensa de encerramento da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, afirmando que as duas potências devem “defender interesses estratégicos”.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu subir os impostos sobre as importações oriundas da China, visando retaliar o que considera serem práticas comerciais injustas de Pequim.

As afirmações do líder norte-americano suscitaram preocupações em relação a uma resposta por parte da China, que poderia destabilizar uma das relações comerciais mais importantes do mundo.

“Independentemente dos choques que esta relação sofra, a China espera que continue a avançar na direcção certa”, afirmou Li Keqiang que revelou ainda que funcionários dos dois países estão a discutir um encontro entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping.

O primeiro-ministro da China reafirmou o compromisso de Pequim com o comércio livre, numa reacção à postura proteccionista de Trump e em contraste com as denúncias de que a China permanece o país mais fechado entre as principais economias do mundo.

A China vai abrir mais os seus mercados, apesar das “fricções no comércio e investimento”, disse Li.

“Damos as boas-vindas aos nossos parceiros para partilhar connosco as oportunidades criadas pelo desenvolvimento da China”, afirmou.

16 Mar 2017

China | Redução de poluição pode evitar três milhões de mortes prematuras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China pode evitar três milhões de mortes prematuras em cada ano, se reduzir a poluição atmosférica para o nível recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo um estudo publicado ontem na The British Medical Journal (BMJ).

O estudo foi realizado por investigadores chineses, que estudaram os efeitos da poluição atmosférica sobre as mortes registadas em 38 grandes cidades do país, que têm uma população de 200 milhões de pessoas no total, entre Janeiro de 2010 e Junho de 2013.

Durante este período, a concentração diária de partículas finas PM10, emitidas sobretudo pelo tráfego rodoviário, sistemas de aquecimento e agricultura) atingiu, em média os 92,9 microgramas (µg) por metro cúbico (m3) nas 38 cidades, com um máximo de 136 µg/m3 em Urumqi, situada no noroeste, e um mínimo de 66,9 µg/m3 em Qinhuangdao, 300 quilómetros a leste de Pequim.

A OMS recomenda que o valor médio anual seja reduzido para os 20µg/m3, quando, na realidade, mais de 80% das pessoas que vivem nas cidades, à escala mundial, estão expostas a níveis de poluição que ultrapassam este limite.

As partículas PM10 (cujo diâmetro é inferior a 10 microns) são particularmente perigosas, porque podem alojar-se nas vias respiratórias.

Ao estudarem as 350 mil mortes ocorridas nas 38 cidades entre 2010 e 2013, os investigadores, dirigidos por Zhou Maigeng, do Centro de Controlo de Doenças de Pequim, descobriram que uma subida da concentração em PM10 de 10µg/m3 estava associada a um aumento do número diário de mortes na ordem dos 0,44%.

Mais expostos

A exposição às PM10 revelou-se particularmente mais nefasta para as mulheres e os adultos com mais de 60 anos, segundo o estudo.

Teve também um impacto mais importante sobre as doenças cardiovasculares, com um aumento das mortes em 0,62% por cada aumento das PM10 em 10µg/m3, enquanto nas outras patologias a subida foi só de 0,26%.

Os investigadores chegaram ao número de três milhões de mortes prematuras que se poderiam evitar cada ano na China fazendo um “cálculo básico”, baseado designadamente numa população chinesa de 1,33 mil milhões de habitantes.

Mas sublinharam que este número está subestimado, “porque o efeito da poluição atmosférica pode ser mais importante nas zonas rurais (que não fruam estudadas) e porque as PM10 têm um efeito sobretudo no longo prazo”.

16 Mar 2017

Filipinas | Vice-presidente ataca campanha contra as drogas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]  vice-presidente das Filipinas exortou ontem os cidadãos do seu país a “desafiarem as gritantes violações dos seus direitos”, numa referência crítica à violenta campanha do Presidente Duterte contra as drogas, considerada “criminosa” por várias organizações.

Numa declaração em vídeo a ser mostrada num fórum da ONU, Leni Robredo disse que o problema das drogas ilegais nas Filipinas não se pode resolver “só com balas”. O discurso de Robredo constitui uma das mais fortes críticas ao Presidente Duterte, que repetidamente atacou o fórum de direitos humanos.

No discurso ao fórum da ONU sobre mortes extrajudiciais, em Viena, Robredo cita queixas específicas sobre abusos, incluindo a forma como familiares de suspeitos traficantes e consumidores de droga têm sido ameaçados quando a polícia não consegue encontrar os alvos principais.

Robredo recorda que mais de 7.000 pessoas foram assassinadas em “execuções sumárias” em nome da guerra contra as drogas lançada por Duterte após ser eleito Presidente no Verão passado.

Nas Filipinas, o vice-presidente é eleito numa eleição separada da presidencial e Robredo pertence a um partido político diferente do de Duterte.

Relações difíceis

Robredo é um dos poucos políticos de topo nas Filipinas que se tem manifestado contra a campanha de execuções em nome da luta contra as drogas promovida pelo Presidente.

A relação entre ambos os políticos é muito difícil e Duterte não convida a vice-presidente para as reuniões do seu gabinete.

Na mensagem agora divulgada, Robredo denuncia também que a pena de morte poderá regressar em breve às Filipinas, algo que considerou “um erro grave” porque viola as normas internacionais da ONU.

Robredo conclui pedindo a Duterte que empreenda uma “guerra contra a pobreza” e não contra os consumidores de droga.

Duterte tem sido alvo de críticas da comunidade internacional e de organizações humanitárias, que o acusam de, na sua operação para limpar os bairros das drogas, cometeram-se milhares de execuções extrajudiciais de traficantes e toxicodependentes.

Num relatório divulgado no final de Janeiro, a Amnistia Internacional revelou que a polícia filipina, sob ordens directas do Presidente Rodrigo Duterte, tem vindo a assassinar cidadãos pobres com a desculpa de que está numa luta contra as drogas, forjando provas e chegando a contratar assassinos.

“Agindo de acordo com instruções do mais alto nível do governo, a polícia das Filipinas matou e pagou a outros para matar milhares de alegados envolvidos em crimes com drogas, numa onda de execuções extrajudiciais que podem constituir crimes contra a Humanidade”, indicou a Amnistia Internacional no relatório “Se é pobre, é morto: Execuções Extrajudiciais nas Filipinas”.

16 Mar 2017

Governo vai financiar estágios na UNESCO

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai financiar, pela primeira vez, até dez residentes permanentes que pretendam realizar estágios proporcionados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), foi ontem anunciado.

As inscrições para o projeto de estágios, organizado pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos, Fundação Macau e Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, abrem na quarta-feira e terminam a 13 de abril.

O projeto, a ser realizado pela primeira vez pelo Governo, “visa habilitar os jovens de Macau a realizarem estágios nas organizações internacionais, com vista a ampliar a sua visão e promover o seu crescimento profissional através da aprendizagem em contexto real de trabalho”, explica um comunicado oficial.

O programa prevê a atribuição, anual, de um apoio financeiro a um máximo de dez residentes permanentes (nascidos em Macau ou a viver no território há pelo menos sete anos).

As áreas funcionais dos estágios abrangem Ciências Sociais e Humanas; Ciência, Tecnologia e Inovação; Recursos Humanos; Comunicação e Património Cultural, sendo os locais dos estágios distribuídos nos Camarões, Moçambique e Peru, refere a mesma nota.

São elegíveis os residentes permanentes com qualificações profissionais ao nível do ensino superior exigidas pelas vagas de estágio (licenciatura ou grau académico mais elevado) dos anos letivos 2015/2016 ou 2016/2017 e correspondente capacidade linguística.

O estágio tem uma duração máxima de 12 meses, prevalecendo a notificação de admissão da UNESCO.

O Governo de Macau irá conceder aos estagiários admitidos um subsídio de transporte, seguro e um apoio mensal para subsistência no valor de 12.000 patacas (1.400 euros).

Os resultados relativos aos candidatos admitidos aos estágios vão ser publicados no final de junho.

15 Mar 2017

Pequim | Associação quer eleição directa dos representantes de Macau

A Associação Poder do Povo entrega hoje no Gabinete de Ligação do Governo Central uma carta em que defende o sufrágio directo para a eleição dos representantes de Macau junto da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. É ainda pedida a abertura das fronteiras durante 24 horas

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]alam de falta de representação e pedem, por isso, uma mudança. A carta que a Associação Poder do Povo vai hoje entregar junto do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, endereçada a Zhang Dejiang, exige mudanças profundas na forma como os deputados por Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) e delegados da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) são escolhidos.

Na visão da associação, os representantes da RAEM nestes órgãos não representam a população chinesa de Macau, pelo facto de não terem sido eleitos directamente pelos residentes. A Poder do Povo alerta ainda para o facto de não se saber como é que foi realizada a eleição dos representantes.

A entidade fala ainda do exemplo do interior da China, que elegeu representantes oriundos das classes baixas para a APN, que foram escolhidos por cidadãos que vivem em aldeias. Assim, a Poder do Povo acredita que também os locais devem ter o direito de votar nos seus representantes.

Cheong Weng Fat, vice-presidente da Poder do Povo, defendeu ao HM que há uma falta de representatividade. “Os deputados expressam as suas vozes mas não representam as vozes dos cidadãos. Muitos dizem que desconhecem notícias sobre a APN ou o CCPPC, pelo que esperamos que um dia se possa eleger estes representantes através do sistema ‘uma pessoa, um voto’”, explicou.

Em comunicado, a Poder do Povo afirma que a população do Continente dá importância à APN e à CCPPC, pelo facto de ter expectativas de uma representatividade das suas preocupações e anseios, e também para que haja uma maior fiscalização dos trabalhos do Governo.

Fronteiras a toda a hora

A carta da Poder do Povo surge numa altura em que os deputados da APN estão reunidos em Pequim. A representar Macau estão oito deputados, incluindo o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. São eleitos por um colégio eleitoral.

A associação pede, por isso, que se instalem vários postos no território para recolha de opiniões, para que sejam entregues junto dos governantes em Pequim.

A Poder do Povo pede ainda que seja disponibilizado o acesso de 24 horas na fronteira das Portas do Cerco, uma medida que poderia facilitar a vida das pessoas que circulam com frequência entre Macau e a China.

15 Mar 2017

Lionel Leong | Lei laboral deverá ser revista daqui a um ano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, disse em Pequim, à margem das reuniões da Assembleia Popular Nacional (APN), que a lei das relações do trabalho deverá “avançar para o processo legislativo” já no primeiro trimestre de 2018. A notícia é avançada pela Rádio Macau, que explica ainda que ainda este ano deverá ser organizada uma consulta pública junto da população sobre o assunto.

Em Pequim, onde Lionel Leong se encontra na qualidade de deputado de Macau à APN, o secretário referiu que o Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS) tem vindo a discutir a revisão do diploma, no que diz respeito à implementação da licença de paternidade remunerada.

A deputada Ella Lei já entregou um pedido ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, para apresentar junto do hemiciclo uma proposta de alteração da actual lei. O objectivo é incluir também no novo diploma a regulamentação da sobreposição de dias de férias com feriados. “Sugerimos que, quando aconteça uma sobreposição, as férias possam ser compensadas e gozadas nos restantes dias de trabalho.” A deputada, que representa a Federação das Associações dos Operários de Macau, defende ainda a implementação de cinco dias de licença de paternidade.

15 Mar 2017

Taiwan | Ex-Presidente acusado de fuga de informação secreta

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-presidente de Taiwan Ma Ying-jeou (2008-16), próximo da China, foi ontem acusado formalmente de cumplicidade em fuga de informação confidencial num caso de escutas telefónicas em 2013.

O caso das escutas desencadeou divisões dentro do Partido Kuomintang (KMT), então no Governo, entre Ma – que o dirigia – e o presidente do parlamento da altura, Wang Jing-pyng, próximo do independentista Partido Democrata Progressista (PDP).

Durante o seu mandato, Ma promoveu uma aproximação à China que levou à assinatura de 23 acordos entre Taipé e Pequim, bem como a uma histórica reunião com o Presidente chinês, Xi Jinping, em Singapura, em Novembro de 2015.

Ma, que há muito tinha diferenças políticas com Wang, foi informado pelo então procurador-geral Huang Shih-ming sobre um alegado uso indevido de influência, descoberto em conversas entre Wang e o porta-voz do PDP, na altura na oposição, Ker Chien-ming, sobre um caso contra este último.

Huang, que foi condenado a 15 meses de prisão por divulgar informação confidencial, reconheceu no julgamento que tinha comunicado ao então Presidente detalhes sobre a investigação a Ker e Wang, a 31 de Agosto de 2013, e disse ter informado o primeiro-ministro Jiang Yi-hua quatro dias depois, por ordem de Ma.

Após a fuga de informação para a imprensa sobre o possível recurso a influência indevida, Ma fez os possíveis para que o KMT expulsasse Wang, lhe retirasse o assento parlamentar e o cargo de presidente do parlamento, mas um recurso de Wang bloqueou legalmente as intenções do KMT.

Divisões e fracassos

O caso afectou a unidade do partido, e juntamente com o Movimento dos Girassóis de 2014 – protagonizado por estudantes e movimentos sociais preocupados com a aproximação à China – levou à derrota eleitoral do KMT nas eleições municipais de 2015 e nas presidenciais e legislativas de 2016.

O deputado do PDP Ker Chien-ming apresentou uma queixa contra Ma em 2013 acusando o então Presidente de ceder informação sobre uma investigação criminal em curso.

Ker afirmou que Ma divulgou informação obtida pelo então procurador-geral. No entanto, o ex-Presidente defendeu sempre que é inocente e os seus advogados negam que o procurador tenha recebido instruções presidenciais para divulgar informação confidencial sobre essas conversas.

15 Mar 2017

Japão adverte contra proteccionismo dias antes da reunião do G20

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro das Finanças do Japão, Taro Aso, manifestou ontem preocupação com o proteccionismo económico e afirmou que a economia global deve manter-se aberta, dias antes da reunião de ministros das Finanças do G20 desta semana.

Taro Aso disse que a economia de um país não pode manter-se sozinha, e sublinhou que “não há dúvida de que foram feitos esforços para alcançar uma sociedade aberta”, segundo declarações citadas pela agência Kyodo.

“É inevitável que tudo se torne mais global”, disse o ministro após uma reunião do governo japonês.

Espera-se que a próxima reunião dos ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20, que vai decorrer na cidade alemã de Baden-Baden a 17 e 18 de Março, dê atenção especial às medidas proteccionistas do Presidente norte-americano, Donald Trump.

Durante o encontro, Aso vai reunir com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que por sua vez poderá criticar a desvalorização do iene, que favorece os exportadores japoneses.

Donald Trump já acusou o Japão de desvalorizar a sua moeda para tornar as suas exportações mais competitivas.

Os ministros das Finanças na União Europeia (UE) acordaram recentemente uma posição comum nesta reunião, e reafirmaram o seu compromisso com a abertura dos mercados.

Aso disse ontem também que a reunião vai focar-se nos impostos internacionais e a desregulação financeira.

“Vamos explicar [a situação] da economia japonesa, mas também necessitamos de [outros] pontos de vista”, afirmou.

15 Mar 2017

Rota das Letras | Deusa d’África fala de Moçambique, da guerra e da paz

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] escritora e activista cultural moçambicana Deusa d’África, que está em Macau a participar no festival literário Rota das Letras, sonha com “um país que seja homem”. A “guerra” só deve ser feita por causas justas, como a literatura.

Aos 28 anos, Deusa d’África é autora de “Ao Encontro da Vida ou da Morte” (poesia), “A Voz das Minhas Entranhas” (poesia) e “Equidade no Reino Celestial” (romance).

Nasceu Dércia Sara Feliciano, no sul de Moçambique, na província de Gaza. Anos mais tarde, trocou o nome de baptismo por o de uma das personagens que criou em “Equidade no Reino Celestial”.

“A minha mãe decidiu que eu devia ser Dércia Sara Feliciano. (…) E o nome que eu escolhi para mim é Deusa d’África. E ela aceita este nome, tanto que quando me acorda (…) ela diz: ‘Deusa, hora de ir ao trabalho’. E no meu local de trabalho dizem que não gostam do nome Dércia, porque Dércia é difícil. Então Deusa é mais simpático”, explicou durante uma palestra no Rota das Letras.

Deusa d’África é mestre em Contabilidade e Auditoria, lecciona na Universidade Pedagógica e na Universidade Politécnica, e é gestora financeira do projecto Global Fund – Malária em Moçambique.

É a partir de Xai-Xai, capital de Gaza, a cerca de 200 quilómetros de Maputo, que reflecte sobre o país que “cresceu economicamente”, mas que enfrenta “muitos desafios”.

“Há muitos elementos que envolvem o crescimento de um país, dos quais ainda necessitamos como um povo, para que o país possa se erguer e possa se tornar aquilo que nós sonhamos, que é um país que seja homem, um homem competitivo diante dos outros homens, que são os países”, disse Deusa d’África em entrevista à Lusa.

A autora refere-se, em concreto, à necessidade de criar “um ambiente de paz e de tranquilidade” para que o povo moçambicano possa “crescer, viver e sonhar”, num ambiente de paz que não fique “à mercê da vontade dos homens”.

A paz em Moçambique tem estado sob permanente ameaça nos últimos anos, devido a clivagens entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Entre 2013 e finais de 2016, o país foi assolado por acções de violência opondo as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e o braço armado da Renamo, no âmbito da contestação do processo eleitoral de 2014 pelo principal partido da oposição.

A mais recente trégua entre as duas partes foi anunciada no passado dia 3, com a duração de 60 dias. “Felizmente temos esta informação, esta trégua (…) vai-se prolongando uma semana, duas, um mês. São notícias boas, mas não é o que nós sonhamos como moçambicanos”, disse.

Sem paz, “não podemos estudar, as crianças não podem crescer, não podem tornar-se os homens do futuro, os presidentes de amanhã, os ministros de amanhã diante desta situação”, acrescentou, reflectindo a propósito do conflito que considera “um problema de vaidade humana”.

Das festas aos funerais

Deusa d’África desenha as suas próprias roupas e sonha com um desfile de moda, entre tantos projectos que lhe faltam fazer.

Além da escrita – que lhe permite ser homem, mulher, criança e às vezes até seres inanimados –, Deusa d’África acumula o papel de activista cultural, nomeadamente através da associação Xitende, fundada em 1996 e da qual é coordenadora-geral.

A autora diz-se activista “pela sociedade inteira”, que luta pela “justiça social” e em prol da produção literária num país onde, diz, “se lê menos” e faltam políticas de promoção da leitura.

“Sou um contraste. Tudo muito estranho, mas vem do berço. (…) A minha família sempre foi ligada às artes, especificamente literatura, música, e eu não podia ser diferente dos meus”, afirmou.

“Com cinco anos de idade, na primeira classe, eu já dizia poesia. Em todos os casamentos no bairro, todas as festas de aniversário, tinha de estar lá a dizer um poema. Hoje em dia sou convidada até em cerimónias fúnebres. Dizem que quando eu digo um poema até se esquecem que estão num ambiente triste, viajam no além”, contou.

Deusa d’África não vê limites quando toca à dinamização cultural. Por exemplo, entre outras “actividades absurdas”, organizou uma marcha pelo livro por ocasião de uma celebração do Dia Mundial do Livro, a 23 de Abril.

Para a autora, o livro e a poesia “são uma forma de resistência, uma forma de combate, uma forma de fazer a guerra”.

Uma guerra contra? “Uma guerra é uma guerra. O importante é que a guerra tenha causas”. “O problema dos homens é que eles fazem guerras sem nenhum motivo. E o que nós temos que aprender, diz até Adolfo Hitler no livro ‘A Minha Luta’, é aprender a fazer uma guerra tendo uma causa justa”, disse. “E neste caso específico, a causa é a literatura, a promoção da nossa literatura, ao promover a literatura estamos a promover a própria existência da humanidade. Uma causa mais do que suficiente para que a gente lute por ela”, acrescentou.

15 Mar 2017