WhatsApp regista interrupções

 

A aplicação de mensagens instantâneas tem registado, desde terça-feira, interrupções no serviço na China, suscitando receios de que possa ser parcialmente bloqueado no país, à semelhança de várias outras ferramentas ‘online’ estrangeiras.

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante grande parte de terça-feira, o WhatsApp esteve inacessível na China, a menos que os utilizadores recorressem a uma VPN (Virtual Proxy Network), mecanismo que permite aceder à Internet através de um servidor localizado fora do país. Muitos dos utilizadores na China daquele serviço de mensagens instantâneas, que é detido pelo Facebook, são estrangeiros a residir no país, que têm assim uma alternativa ao WeChat, o serviço chinês mais utilizado no país, mas que está sujeito ao controlo e censura impostos pelas autoridades locais.

As interrupções no serviço do WhatsApp surgem num período politicamente sensível para a China. No outono, vai decorrer o congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, que se realiza de cinco em cinco anos. Na semana passada, o activista chinês e prémio Nobel da Paz de 2010 Liu Xiaobo morreu enquanto cumpria uma pena de prisão de 11 anos por subversão contra o poder do Estado.

Um estudo divulgado esta semana pela Universidade de Toronto mostra como a censura chinesa conseguiu bloquear, em tempo real, imagens de homenagens a Liu, em conversas privadas no ‘Wechat’, ilustrando a sofisticação do sistema de reconhecimento de imagens do aparelho de censura do regime. Na noite de terça-feira, já era possível enviar mensagens através do ‘WhatsApp’ na China, mas não partilhar imagens.

Um pesquisador chinês, conhecido pelo pseudónimo Charlie Smith, considerou que as autoridades optaram por bloquear todas as mensagens não escritas, precisamente porque não conseguiam fazer uma censura selectiva, como no ‘WeChat’, que pertence ao gigante chinês da internet Tencent. Como o conteúdo do WhatsApp é encriptado, “eles optaram por fazer uma censura bruta de todas as mensagens não escritas”, afirmou Smith, citado pela agência Associated Press (AP).

“Não seria de surpreender que tudo no WhatsApp fosse bloqueado, forçando os utilizadores na China a usar serviços não encriptados, censurados e monitorados, como o WeChat”, acrescentou.

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês disse na terça-feira não ter qualquer informação sobre o que se passou com o WhatsApp.

Com 1,2 mil milhões de utilizadores, o WhatsApp é um dos serviços de mensagens instantâneas mais usado no mundo. É detido pelo Facebook, que está bloqueado na China desde 2009. A plataforma digital de distribuição de vídeos Youtube, a rede de mensagens instantâneas Twitter ou o motor de busca Google também estão bloqueados na China, com Pequim a argumentar que redes sociais a operar fora do seu controlo constituem uma ameaça para a segurança nacional.

As autoridades têm também prestado crescente atenção a aplicações que utilizam mensagens encriptadas. Depois de Pequim ter lançado uma campanha contra ativistas e advogados dos Direitos Humanos no país, em 2015, o Diário do Povo, jornal oficial do PCC, apontou a aplicação ‘Telegram’ como a plataforma onde os advogados coordenavam as suas atividades. Em tribunal, os advogados foram também forçados a confessar como usavam aplicações de mensagem encriptadas para comunicar livremente com colaboradores estrangeiros. O Telegram foi, entretanto, bloqueado no país, e muitos dissidentes chineses optam agora por utilizar o WhatsApp.

20 Jul 2017

Luanda | Empresa chinesa substitui Odebrecht

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma empresa chinesa começa este mês a construir a nova marginal sudoeste de Luanda, com oito quilómetros de extensão, após o Governo ter rescindido o contrato para a mesma obra com os brasileiros da Odebrecht. Segundo uma decisão governamental, o Governo angolano escolheu o grupo China Railway 20 (CR20) para realizar a segunda fase da marginal entre a praia do Bispo e a Corimba, por 142,3 milhões de dólares (123,5 milhões de euros), aprovando em simultâneo a rescisão do contrato para a execução da mesma empreitada pela Odebrecht.

Aquela construtora está envolvida no escândalo “Lava Jato”, investigado pela Justiça do Brasil, mas o despacho assinado pelo Presidente angolano, de 12 de julho, não adianta motivos para a rescisão com a Obebrecht.

A empreitada de edificação da nova via, que se insere no Plano Diretor Metropolitano de Luanda e que permitirá descongestionar a estrada da Samba, ponto principal de entrada e saída da capital, para sul, já foi consignada à CR20 pelo Ministério da Construção, na terça-feira, devendo estar concluída dentro de 18 meses.

A obra envolve, entre outros trabalhos, a requalificação de áreas atualmente ocupadas por habitações precárias, “de modo a garantir a melhoria da circulação viária da cidade de Luanda com destaque para o acesso à região sul, bem como para o desenvolvimento urbano da região costeira ocidental”, conforme se lê no despacho assinado por José Eduardo dos Santos, autorizando a contratação.

A construção vai envolver cerca de 2.000 trabalhadores e, além de duas faixas de rodagem em cada sentido, envolverá uma área para futura criação de corredores exclusivos para transportes públicos.

Palestina | Xi reafirma solução dois estados

O presidente da China, Xi Jinping, garantiu nesta terça-feira, num encontro com o líder da Palestina, Mahmoud Abbas, o apoio de Pequim a uma solução para o conflito entre palestinianos e israelitas baseada no princípio de dois Estados. Segundo Xi, a China defende a criação de um Estado palestino independente, soberano, com território delimitado pelas fronteiras de 1967 e tendo Jerusalém Oriental como sua capital.  Após uma reunião a portas fechadas entre os dois líderes, o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Zhang Ming, disse em conversa com jornalistas que a China criará um mecanismo de diálogo trilateral e realizará um simpósio com representantes de Israel e Palestina para ajudar a resolver a histórica disputa, conforme relatou a AFP. A data do evento ainda não foi definida, mas será neste ano.

Na presença de Abbas, que está em visita oficial à China até o próximo dia 20, Xi Jinping cobrou do governo israelita o cumprimento imediato da resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, que determina que Tel Aviv suspenda o estabelecimento ilegal de assentamentos em territórios palestinos. De acordo com o presidente chinês, citado pela agência Xinhua, a China foi um dos primeiros países a apoiar a justa causa dos palestinos, reconhecendo nestes verdadeiros “amigos, parceiros e irmãos”.

 

Mau tempo atrasa voos

A aviação civil da China teve uma menor taxa de pontualidade em Junho devido ao mau tempo, declarou um funcionário na terça-feira. A taxa de pontualidade ficou em 57,23%, 11,2 pontos percentuais menor que no mesmo mês de 2016, disse Zhang Chunzhi, da Administração de Aviação Civil da China. O mau tempo causou a demora de 65,81% dos voos. Muitas regiões no país experimentaram tempestades que fecharam os aeroportos. O Aeroporto Internacional de Pequim foi afectado por fortes chuvas por oito dias, com mais de 240 voos desviados, 2,3 mil cancelados e mais de 3 mil atrasados. As tempestades também afetaram Shanghai, Guangzhou e Shenzhen. O número de voos aumentou 11,22% em termos anuais em Junho. A China não teve nenhum acidente de aviação civil no primeiro semestre.

 

Baleia Azul | Detido curador do jogo

O brasileiro Matheus Moura da Silva, de 23 anos, um dos organizadores do jogo Baleia Azul, foi detido esta terça-feira depois de ter confessado a sua influência com 30 vítimas do jogo, no Brasil. O jovem vai responder por crimes de associação criminosa, tentativa de homicídio e agressão à integridade física, de acordo com o jornal O Globo. A detenção foi feita na sequência da operação Aquarius, que pretende identificar os ‘curadores’ do jogo. As autoridades tinham mandados de buscas, que permitiram a apreensão de telemóveis e computadores do jovem, que confessou ser o responsável por fazer cumprir as tarefas do jogo. O caso continua a ser investigado para identificar outros ‘curadores’ noutros estados do Brasil.

 

Preso suspeito de atear cinco fogos

Um homem foi detido por suspeita de ter ateado cinco focos de incêndio florestal no concelho de Santa Comba Dão, distrito de Viseu, entre 08 e 11 de julho, foi hoje anunciado. A Polícia Judiciária (PJ) “procedeu à detenção de um homem, solteiro, padeiro, pela presumível prática de cinco crimes de incêndio florestal, em terrenos povoados com mato, acácias e lenha”, informa, num comunicado enviado hoje à agência Lusa, aquela força policial. O suspeito, de 51 anos de idade, “ateou os incêndios por gostar de ver os bombeiros a combater as chamas”, refere a mesma nota da Diretoria do Centro da PJ. Em 2017, a Judiciária já identificou e deteve 37 pessoas pela autoria do crime de incêndio florestal.

 

Ex-banqueiro morto com tiro no peito

O ex-banqueiro espanhol Miguel Blesa, condenado por fraude num dos casos mais mediáticos em Espanha, apareceu morto com um disparo no peito efectuado com uma espingarda de caça. A imprensa espanhola noticia que o cadáver do ex-presidente da Caja Madrid foi encontrado numa quinta na localidade de Villanueva del Rey, na província de Córdoba (sul de Espanha). O ex-banqueiro foi condenado em Março último a seis anos de prisão pelo seu envolvimento no caso dos “cartões black” que a Caja Madrid, que agora se chama Bankia, dava aos seus dirigentes e pessoas de confiança, para pagar despesas pessoais sem limite e sem declarar nada ao fisco. O tribunal considerou-o culpado de se apropriar indevidamente de património, ao gastar 436.688 euros através desse cartão de crédito especial.

20 Jul 2017

CPLP | Portugal diz que “há muito a fazer”

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s chefes da diplomacia da organização lusófona reúnem-se hoje, quinta-feira, em Brasília para a XXII reunião ordinária dos ministros da CPLP, que decorre sob presidência brasileira, sob o tema a “Agenda 2030: Avanços e Desafios”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português destacou que o encontro terá “uma agenda bastante rica”, aprovando o roteiro para aplicar a nova visão estratégica da organização, aprovada na cimeira de Brasília, em novembro passado, e que traça as linhas de atuação da CPLP para a próxima década.

Dos pontos que estarão em debate, Portugal destaca a “aproximação à sociedade civil, designadamente ao melhor uso da figura do observador consultivo” (organizações não governamentais), considerou Augusto Santos Silva.

Além disso, o ministro defendeu que “há muito trabalho a fazer para tornar a marca CPLP mais conhecida e a imagem da CPLP mais valorizada nas diferentes sociedades”.

Nesse âmbito, Santos Silva recordou duas das medidas previstas na visão estratégica defendidas por Portugal: o desenvolvimento de programas de intercâmbio académico, e a melhoria das condições de mobilidade e circulação interna à CPLP.

Portugal e Cabo Verde apresentaram aos restantes membros da organização “uma proposta concreta para a melhoria das condições de mobilidade”, lembrou.

Além disso, os governantes terão oportunidade para debater o cumprimento da Agenda 2030 – aprovada pelas Nações Unidas e que define os objetivos de desenvolvimento sustentável -, em particular “a importância que a CPLP pode ter na agenda do desenvolvimento sustentável”, destacou Santos Silva.

A presidência brasileira da CPLP, a decorrer até 2018, escolheu precisamente a Agenda 2030 como tema do seu mandato, “com rara felicidade”, comentou o ministro português.

Os nove membros da CPLP deverão ainda aprovar o Plano de Ação de Díli, para a promoção da língua portuguesa, que refere “a necessidade de apoiar a disseminação do português em contextos multilingues, com referência específica a Timor-Leste e Guiné Equatorial”, referiu ainda.

Santos Silva destacou outro “documento bastante importante”, que “estabelece o reforço da cooperação com os observadores associados”: Geórgia, Hungria, Japão, Ilhas Maurícias, Namíbia, Eslováquia, República Checa, Senegal, Turquia e Uruguai.

Destes 10 países, oito conquistaram este estatuto a partir de 2014, o que mostra que “o interesse por esta figura é crescente”, comentou.

Por fim, os governantes aprovarão também o Plano de Ação 2016-2026 para a promoção da cooperação económica e empresarial na CPLP.

A CPLP, que assinalou esta segunda-feira 21 anos de existência, é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

20 Jul 2017

Segurança | Wong Sio Chak não comenta pausa da Uber

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Segurança prefere não comentar a decisão da Uber, que esta semana anunciou uma suspensão das operações em Macau. Questionado sobre a posição adoptada pela empresa norte-americana, Wong Sio Chak não deu uma resposta directa. “A minha satisfação é quando toda a gente cumpre as leis. Essa é a minha atitude”, respondeu, citado pelo canal chinês da Rádio Macau.

O governante também não fez considerações sobre o eventual sucesso das forças policiais, que poderá ter estado na origem da marcha atrás feita pela Uber, atendendo ao elevado volume de multas que terão sido aplicadas aos condutores ao serviço da empresa. “Qualquer indivíduo que não cumpra a lei tem de sair”, limitou-se a dizer.

Nas declarações aos jornalistas, Wong Sio Chak anunciou que vai rever os mecanismos para a obtenção de vídeos captados pelos sistemas de vigilância dos edifícios privados. O objectivo é ajudar a polícia nas investigações, com benefícios para a população em geral, defendeu o secretário. O governante admite que existem problemas nesta matéria e promete que vai estudar medidas para evitar incómodos aos residentes.

O presidente da Associação de Administração de Propriedades de Macau, Paulo Tse, recordou que os vídeos em questão pertencem aos condomínios, pelo que a polícia só pode obter as gravações quando reunida a autorização dos proprietários das fracções em causa. Paulo Tse diz que os proprietários esperam que haja um mecanismo claro para a obtenção destes vídeos.

O secretário para a Segurança admite que já aconteceram situações em que foram detectadas dificuldades na recolha das gravações, garantindo então que vai analisar o problema. Wong Sio Chak não deixou, contudo, de pedir aos residentes que apoiem os trabalhos da polícia, uma vez que se pretende apenas resolver os casos em questão.

19 Jul 2017

Trabalho | Exposição oferece 4700 vagas para jovens

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o próximo fim-de-semana, 22 e 23 de Julho, realiza-se no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores a “Exposição de empregos para jovens 2017”. Participam no evento cerca de 70 empresas que disponibilizam à juventude de Macau 4700 ofertas de emprego.

O evento também fornece informações relativas a formação profissional, planeamento de carreiras, serviço de avaliação de capacidade profissional e ajuda para compreender as leis que regulam as relações laborais.

As empresas participantes na exposição são de áreas tão diversas como a aviação, telecomunicações, jogo, hotelaria, tecnologia, restauração, comércio, seguros e imobiliário. Os recrutamentos incidem sobre mais de 30 tipos diferentes de trabalho para trabalhadores a tempo inteiro e a tempo parcial.

Os candidatos vão ter oportunidade de se encontrarem directamente com pessoal das secções de recursos humanos dos empregadores e submeterem o seu pedido de emprego.

No capítulo das palestras, a exposição deste ano tem seminários sobre técnicas para entrevistas e planeamento de carreira. Além disso, os candidatos podem contar com os conhecimentos de convidados que darão conselhos especializados em técnicas de comunicação em locais de trabalho, aumento de competitividade e gestão de pressão e tempo.

O evento pretende apetrechar os jovens de Macau de conhecimentos para melhor navegarem o mercado de trabalho e desenvolverem a sua carreira profissional.

19 Jul 2017

Universidade de Macau congratula-se com admissão de alunos locais

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá concluído o processo de admissão da Universidade de Macau (UM) para o próximo ano lectivo. Em 2017/2018, o estabelecimento de ensino superior da Ilha da Montanha deverá receber 1535 alunos locais, contabilizou a UM. Numa nota à imprensa, a instituição salienta que, enquanto universidade do território, pretende atrair e contribuir para a educação dos melhores estudantes de Macau.

Do total de alunos, 394 foram admitidos através do esquema de recomendação das escolas secundárias, sendo que 59 deles eram os melhores das turmas que integravam. Todos estes jovens vão receber bolsas de estudo.

Quase 1200 estudantes que participaram no teste de admissão conjunto levado a cabo por várias instituições de ensino superior confirmaram já que vão frequentar a UM, explica ainda o comunicado. Destes, 52 vão receber também bolsas da universidade.

“A Universidade de Macau está empenhada em atrair os melhores estudantes locais e não tem poupado esforços para comunicar com as escolas secundárias e reunir ideias de como formar profissionais, para que cada vez mais alunos possam fazer o ensino superior na UM”, explica a instituição.

A UM destaca ainda que os “significativos progressos feitos no ensino e na pesquisa nos últimos anos têm atraído a atenção dos melhores alunos”, o que faz com muitos deles tenham a universidade como primeira opção.

Os estudantes agora admitidos não só conseguiram bons resultados em termos académicos, como mostraram ter capacidades noutras áreas, como o desporto, a música e a ciência. “Alguns deles ganharam prémios em competições internacionais”, congratula-se a UM. “Alguns representaram Macau em competições desportivas”, acrescenta, dando também exemplos de eventos internacionais em áreas das ciências em que os futuros estudantes foram distinguidos. “Além disso, muitos deles estão activamente envolvidos em serviços comunitários.”

19 Jul 2017

Xi Jinping pede mais abertura e melhoria do ambiente de negócios 

O presidente não se cansa de incentivar os líderes sectoriais e exige medidas concretas para melhorar o ambiente de negócios.

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China deve melhorar o seu ambiente de investimento e de mercado, acelerar a abertura ao mundo e reduzir os custos de operação, declarou na segunda-feira o presidente chinês, Xi Jinping.

O país deve “criar um ambiente de negócios estável, justo, transparente e previsível, bem como acelerar os esforços para construir uma economia aberta com o fim de promover o desenvolvimento sustentável e saudável da economia chinesa”, disse Xi numa reunião do Grupo de Liderança Central para Assuntos Financeiros e Económicos, revelou a Xinhua.

Uma meta importante da construção de uma economia aberta é estimular a melhoria das instituições e leis nacionais para obter uma eficiência e uma força competitiva maiores no mercado global, indicou o presidente.

“O investimento estrangeiro desempenhou um papel significativo no desenvolvimento económico da China ao promover uma distribuição razoável dos recursos e impulsionar as reformas orientadas ao mercado”, disse Xi. “A China deve continuar a aproveitar melhor o investimento estrangeiro para avançar com reformas estruturais do lado da oferta, actualizar a economia e atingir o nível do desenvolvimento tecnológico global”, acrescentou.

Xi pediu ainda a aceleração dos esforços para eliminar as restrições ao acesso e à propriedade de estrangeiros em sectores como os cuidados infantis, cuidado de idosos, projectos arquitectónicos, contabilidade, auditoria, comércio, logística, comércio electrónico, manufacturas e serviços.

A abordagem de “lista negra” da gestão do investimento estrangeiro, que foi adoptada em zonas de livre comércio piloto no país, deve ser expandida a toda a nação o mais cedo possível, mencionou Xi. A lista negra identifica os sectores e negócios que estão fora dos limites ou restringidos para o investimento.

Xi também pediu mais rapidez na unificação das leis e regulamentos sobre negócios nacionais e estrangeiros e na criação de novas leis fundamentais sobre o investimento estrangeiro.

“Leis, normas e políticas que não correspondam à direcção geral e ao princípio de abertura devem ser abolidas ou revistas num prazo determinado, e deve-se dar tratamento nacional a leis e políticas relativas a companhias com fundos estrangeiros depois de entrarem no mercado”, disse o presidente.

Xi pediu às megacidades, como Pequim, Xangai, Cantão e Shenzhen, que liderem a melhoria do ambiente de negócios e pediu acções para reduzir as inspecções e multas a companhias e proibir cobranças ilegais.

O presidente sublinhou a importância de proteger os direitos de propriedade intelectual (DPI), e pediu às autoridades para melhorarem as leis e regulamentos, elevarem a qualidade e eficiência das revisões de propriedade intelectual, e acelerarem a actualização institucional para a proteção dos DPIs relacionados aos sectores emergentes e novos tipos de negócios.

“As más condutas devem ser punidas mais severamente para que os infractores dos DPIs paguem um alto preço”, disse.

Ao falar sobre o sector financeiro, Xi indicou que as áreas que ajudam a proteger os direitos e interesses dos consumidores, promovem a competência ordenada e previnem os riscos financeiros, devem ser abertas com prontidão.

Xi pediu esforços para avançar na abertura da conta de capital de maneira ordenada e impulsionar com firmeza o yuan para que se torne uma moeda internacional. O mecanismo de formação da taxa de câmbio do yuan deve ser melhorado e o valor da moeda deve manter-se basicamente estável e num nível razoável e equilibrado, disse Xi.

Para manter-se ao ritmo da abertura financeira, a China precisa ter uma forte capacidade reguladora, indicou o presidente.

O mandatário pediu que os reguladores financeiros aprendam com as experiências internacionais, abordem os laços fracos e melhorem a forma de regulamentação.

Sobre o comércio exterior, Xi sublinhou a expansão de importações ao manter a estabilização de exportações, para promover a balança de pagamentos sob a conta corrente.

O presidente também exigiu medidas para que o comércio exterior se liberalize mais e seja mais conveniente e assinalou que os custos institucionais das importações devem diminuir, que a autorização de quarentena e alfândegas devem ser racionalizados, e que as queixas das companhias devem ser melhor atendidas. “As autoridades devem estudar a redução de tarifas a certos artigos de consumo e incentivar a importação de produtos especializados”, indicou Xi.

É necessário desenvolver no país um ambiente de mercado caracterizado por condições de igualdade que dê aos negócios o mesmo trato em cobrança de taxas, quarentena de importação e comercialização para dar capacidade à voz dos consumidores e do mercado, assinalou o presidente.

19 Jul 2017

China | Investimento em imobiliário desacelerou

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] investimento no desenvolvimento imobiliário continuou a desacelerar na primeira metade do ano. O mercado mostrou sinais de arrefecimento, de acordo com dados divulgados na segunda-feira.

O investimento em desenvolvimento de imóveis cresceu 8,5% anualmente no período Janeiro-Junho, menos do que o registo de 8,8% nos primeiros cinco meses, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).

As vendas de casas medidas pela área subiram 16,1% no primeiro semestre, com crescimento acima de 14,3% no período Janeiro-Maio.

O crescimento do valor das vendas de casas também acelerou para 21,5% no primeiro semestre em comparação com 18,6% registado nos primeiros cinco meses.

Houve um progresso contínuo da desvalorização no mercado imobiliário, com áreas das moradias não vendidas abaixo de 9,6% no final de Junho em comparação com um ano antes, disse o porta-voz do DNE, Xing Zhihong.

Os dados aumentam a evidência de que o boom do mercado imobiliário da China está a perder força enquanto o governo continua com medidas de arrefecimento para reprimir possíveis bolhas.

Os preços astronómicos das casas, especialmente nas principais cidades, alimentaram as preocupações de que exista uma bolha no mercado imobiliário. Desde o final de 2016, dezenas de governos locais expandiram as suas restrições sobre compras de casas e aumentaram o pagamento de entrada para uma hipoteca.

O conjunto de dados foram lançados como parte de uma série de informações económicas reveladas pelo DNE incluindo o PIB, a produção industrial e o investimento em activos fixos, que mostraram que a segunda maior economia do mundo continuou a manter um crescimento estável.

19 Jul 2017

Ursinho Pooh censurado na China

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] desenho infantil ursinho Pooh foi censurado na China, segundo a agência France Presse. O motivo? Memes comparando o presidente Xi Jinping com o personagem amado por tantas crianças. O ursinho tem aparecido no lugar do governante chinês na internet desde 2013, principalmente na rede social Weibo. Em entrevista ao Financial Times, Qiao Mu, professor assistente de comunicação na Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, afirmou: “Historicamente, duas coisas não são permitidas: organização política e ação política. Mas este ano um terceiro foi adicionado à lista: falar sobre o presidente.” A primeira brincadeira envolvendo Xi Jinping com Pooh foi uma comparação de uma imagem do governante com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A publicação colocava lado a lado a imagem de Pooh e seu colega Tigre numa posição semelhante à dos dois presidentes. A outra brincadeira veio tempos depois, quando os internautas compararam Xi Jinping e o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe aos personagens momento Pooh e outro amigo.

19 Jul 2017

Mais um deputado de Hong Kong barrado à entrada de Macau

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á mais um membro do Conselho Legislativo de Hong Kong a queixar-se das autoridades de Macau. Kwok Ka-ki, membro do pró-democrata Partido Cívico, foi impedido de entrar no sábado passado, relatava ontem a imprensa da região vizinha, que explicava que o deputado vinha ao território comemorar o aniversário de casamento.

Kwok Ka-ki vem engrossar uma lista crescente de activistas da antiga colónia britânica que são obrigados a apanhar um ferry de volta a casa sem terem entrado em Macau. Só este ano, aconteceu o mesmo aos deputados Kenneth Leung, Andrew Wan e Ray Chan. No caso de Kenneth Leung, tinha estado na China Continental alguns dias antes da tentativa frustrada de visitar a RAEM.

Ainda segundo os jornais de Hong Kong, Kwok apanhou o barco para Macau depois de ter participado numa marcha de homenagem ao dissidente Liu Xiaobo, que morreu na semana passada. De acordo com o deputado, pretendia comemorar por cá o 30.o aniversário do seu casamento.

À chegada ao Terminal Marítimo do Porto Exterior, as autoridades não o deixaram entrar. A justificação dada, explica, foi o facto de constituir uma ameaça à segurança interna da RAEM, argumento usado também nos incidentes que envolveram os seus colegas do Conselho Legislativo.

Kwok Ka-ki afiança que as suas viagens a Macau têm sempre fins recreativos, jamais tendo participado em eventos oficiais ou de outra índole. “Isto é extremamente ridículo”, considerou.

Aceitam-se explicações

“Trata-se de uma acusação muito séria. Sou deputado eleito de forma democrática. Tenho uma certa posição constitucional conforme o que está estipulado na Lei Básica. O que Macau tem estado a fazer aos deputados de Hong Kong é intolerável”, afirmou o deputado.

Kwok já pediu à Chefe do Executivo da RAEHK, Carrie Lam, que peça explicações a Macau, e que o Governo de Chui Sai On prove como é que ele e os restantes deputados barrados constituem uma ameaça interna. Perguntou ainda se o Executivo de Hong Kong tinha conhecimento de que poderia ser barrado e se o Governo de Macau tem uma “lista negra”. O deputado é do entendimento de que Carrie Lam deve levar este incidente de forma séria e defender a posição constitucional de Hong Kong.

“isto não é só acerca de mim, é uma estalada na face de Hong Kong”, vincou. “Se Carrie Lam não quiser ser vista como um C.Y. Leung 2.0, deve exigir uma resposta de Macau.”

O deputado estende os reparos a Chui Sai On, perguntando se foi Pequim que lhe pediu para impedir a entrada em Macau por causa do seu posicionamento político.

Em Maio passado, vários activistas pró-democracia tiveram de dar meia volta e regressar a Hong Kong, aquando da visita a Macau do presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional. Alguns deles tinham estado dias antes no território, sem que tivesse sido levantado qualquer problema.

O fenómeno inverso começou já a verificar-se: no final do mês passado, nas vésperas da visita do Presidente Xi Jinping, chegou a vez de activistas da Associação Novo Macau não passarem do Terminal em Sheung Wan.

18 Jul 2017

Saúde | Aumento de infecções no mês de Junho

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mês passado registou um aumento do número de casos de infecções no território, comparativamente aos registados no mês anterior e no período homólogo do ano passado. De acordo com os dados divulgados, ontem, pelos Serviços de Saúde foram declarados, em Junho, 528 casos de influenza e 736 casos de infecção por enterovírus. Os dados mostram ainda o registo de oito casos de intoxicação bacteriana, sete de parotidite e 79 de varicela. Foram ainda registados 15 casos de salmonelose. Os 47 casos de escarlatina representam uma redução de casos quando comparado com o período homólogo do ano anterior e com o mês de Maio. Por outro lado, foram ainda registados, em Junho, 40 casos de tuberculose pulmonar, representando uma redução do valor quando comparado com o período homólogo do ano anterior; cinco casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), representando um número similar ao período homólogo do ano anterior e um caso de SIDA, representando uma diminuição comparativamente ao período homólogo do ano anterior. No total, os Serviços de Saúde registaram 1475 situações em que foi efectuada a declaração obrigatória.

18 Jul 2017

China | Economia cresce 6,9% no segundo trimestre

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China, segunda maior economia do mundo, cresceu 6,9%, no segundo trimestre do ano, mais duas décimas do que no mesmo período de 2016, anunciou ontem o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. O Produto Interno Bruto (PIB) do país mantém assim o ritmo de crescimento, face ao primeiro trimestre do ano, e supera em uma décima a previsão dos analistas.

A liderança do país pretende manter a economia estável, a poucos meses de se realizar o congresso do Partido Comunista Chinês, o mais importante acontecimento da agenda política do país, que se realiza de cinco em cinco anos.

No próximo congresso, o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá coordenar a remodelação do Comité Central do Politburo, a cúpula do poder na China, numa altura em que analistas ocidentais admitem que este ficará no poder além do período previsto de dez anos.

Nos últimos meses, os principais índices da economia chinesa têm apresentado resultados positivos. Analistas previram, no entanto, um abrandamento, à medida que Pequim torna mais difícil o crédito, visando travar o aumento do endividamento das empresas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a economia chinesa mantenha, em 2017, o ritmo de crescimento atingido no ano passado, de 6,7%, estimulado pelo investimento público.

No segundo trimestre do ano, o consumo interno e as exportações aceleraram, compensando o abrandamento do crescimento no sector secundário, imobiliário e outros ativos fixos.

O sector retalhista cresceu 10,4%, na primeira metade do ano. As exportações e importações aceleraram entre maio e junho. O investimento, que continua a ser o principal motor da economia chinesa, cresceu 8,6%, entre janeiro e junho.

Desde a crise financeira global de 2008, a China tem recorrido ao crédito para estimular o crescimento económico. No total, a dívida não-governamental cresceu do equivalente a 170% do PIB, em 2007, para 260%, no ano passado, um valor considerado bastante alto para um país em desenvolvimento.

Em Maio passado, a agência de notação financeira Moody’s baixou a classificação da dívida chinesa a longo prazo e o FMI urgiu Pequim a controlar o crescimento da dívida.

Os reguladores chineses apontaram a redução dos riscos no sistema financeiro do país como uma prioridade para este ano. Os bancos foram incitados a controlar de perto várias empresas que fazem investimentos além-fronteiras, para ter a certeza de que conseguem respeitar os seus compromissos.

No relatório do Governo apresentado este ano à Assembleia Nacional Popular, o legislativo chinês, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, defendeu que um crescimento económico de 6,5% para este ano “é alcançável”, confiando que os vários riscos para a economia podem ser atenuados.

18 Jul 2017

Seul propõe diálogo a Pyongyang, Japão constrói abrigos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Sul propôs iniciar conversações com a Coreia do Norte com o objetivo de diminuir as tensões na península depois do ensaio de um míssil intercontinental por Pyongyang. “Propomos a realização de uma reunião que vise pôr termo às atividades hostis que fazem subir as tensões ao longo da fronteira terrestre”, declarou o Ministério sul-coreano da Defesa através de um comunicado, citado ontem pela agência France Press.

Esta oferta de diálogo é a primeira desde a chegada ao poder em maio do Presidente sul coreano, Moon Jae-In, visto como mais aberto às negociações do que o seu antecessor. A Cruz Vermelha propôs, pelo seu lado, um encontro entre as famílias coreanas separadas desde a guerra de 1950-1953.

O Ministério sul-coreano da Defesa propôs que o encontro se realizasse esta sexta-feira em Panmunjom, a “cidade das tréguas”, na fronteira entre as duas Coreias. A Cruz Vermelha sugeriu que o encontro entre as famílias se realizasse no mesmo local no próximo dia 1 de Agosto.

O encontro proposto pelo ministério seria a primeira reunião oficial das duas Coreias desde Dezembro de 2015. A presidente anterior, Park Geun- Hye, recusou novas conversações até que Pyongyang desse mostras concretas de iniciar um processo de desnuclearização.

Já a Cruz Vermelha fez saber que espera uma “resposta positiva” da Coreia do Norte, que lhe permita organizar em outubro uma série de reuniões de famílias, e que, a acontecerem, seriam as primeiras em dois anos.

Milhões de pessoas foram separadas durante a Guerra da Coreia, que levou à divisão da península. A maior parte dos membros das famílias divididas morreram entretanto, sem que tivessem podido voltar a ver-se. O conflito terminou com um armistício, em vez de um tratado de paz, e as duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, mantendo-se a interdição das comunicações transfronteiriças, cartas ou mesmo telefonemas entre os dois lados.

Japoneses constroem abrigos nucleares

Entretanto, os cada vez mais frequentes lançamentos de mísseis norte-coreanos estão a colocar o Japão sob alerta, obrigando o país a reavivar as medidas de segurança tomadas durante a Segunda Guerra Mundial, com os ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki. Em todo o país, estão a ser construídos abrigos comuns para proteger os japoneses de possíveis ataques do regime de Pyongyang e as vendas de máscaras de gás dispararam nos últimos meses.

É a preparação para o pior. Nas televisões, um anúncio de 30 segundos dá uma série de advertências do Governo à população, implorando-lhes que, em caso de um ataque, procurem abrigo em edifícios resistentes ou em caves subterrâneas, que estão a ser construídas em todo o Japão. Aos civis é recomendado que se afastem das janelas e se escondam debaixo de objetos fortes e sólidos, como mesas ou bancadas de cozinhas, para evitar maiores danos.

Seiichiro Nishimoto, que nos últimos dois meses construiu mais de uma dúzia de abrigos em várias províncias japonesas, conta ao jornal britânico ‘The Guardian’ que a sua empresa, sediada em Osaka, viu o seu negócio aumentar exponencialmente nos últimos anos graças aos receios de uma nova investida norte-coreana.

“A maioria dos nossos clientes estão preocupados com a possibilidade de vir a acontecer um novo ataque norte-coreano”, afirma Seiichiro Nishimoto. “Eu acho que deveríamos ter abrigos em todo o Japão. As pessoas reclamam do custo, mas os mais pequenos não são tão caras como um carro familiar”.

Nove cidades do país já realizaram exercícios de evacuação em escolas, prédios e empresas para preparar a população para os procedimentos a adotar em caso de um eventual ataque. As autoridades japonesas acreditam que um míssil norte-coreano demoraria cerca de 10 minutos a atravessar o mar do Japão e aterrar no país.

Yoshihiko Kurotori, que preparou um abrigo em casa para prevenir as consequências devastadoras dos tsunamis, que são um fenómeno com elevado risco de ocorrência na zona, conta que os 1,8 milhões de ienes (cerca de 1,3 milhão de patacas) que investiu no abrigo subterrâneo para prevenir os desastres causados por uma calamidade natural, vai ser agora de extremo benefício para prevenir uma catástrofe com mão humana.

Por outro lado, alguns críticos acusaram o primeiro-ministro conservador do Japão, Shinzo Abe, de explorar os medos da população face aos avanços nucleares da Coreia do Norte para justificar os gastos recorde com a defesa e os polémicos planos para rever a constituição “pacifista” do Japão.

18 Jul 2017

DSAL decretou 20 suspensões em estaleiros de obras

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) realizou, no Sábado, visitas de inspecção a 557 estaleiros de obras no território e outros locais de trabalho. Na área da construção civil foram inspeccionados 74 estaleiros, tendo sido emitidos “20 ordens de suspensão total ou parcial dos trabalhos”, aponta um comunicado. A DSAL atribuiu ainda 66 recomendações aos empreiteiros, a fim destes realizarem melhorias.

Além disso, “foram aplicadas sanções relativamente a 57 situações não seguras, envolvendo trabalhos em altura, riscos eléctricos e falta de medidas de protecção colectiva, e outros”.

Alguns estaleiros foram inspeccionados “detalhadamente”, sendo que, “quando foi detectada a possibilidade de existirem situações de perigo, a DSAL deu imediatamente recomendações para melhoramento e conselhos aos empreiteiros, aos encarregados de segurança e aos trabalhadores”. “Quando foram encontradas situações de risco potencialmente graves, a DSAL aplicou imediatamente sanções e emitiu ordem de suspensão dos trabalhos”, acrescenta ainda o documento.

Os trabalhos de fiscalização e inspecção foram efectuados por 40 trabalhadores da DSAL, incluindo o seu director, Wong Chi Hong, que se dividiram por 12 grupos.

Segundo o mesmo comunicado, “a DSAL vai continuar a inspeccionar todos os estaleiros de construção e incita todos os empreiteiros a fazer a supervisão da segurança dos estaleiros para garantir que os trabalhadores têm condições seguras durante a execução dos trabalhos”.

17 Jul 2017

Liu Xiaobo | Corpo cremado e cinzas atiradas ao mar

Os admiradores de Liu Xiaobo não terão um local onde lhe prestar homenagem. As suas cinzas foram atiradas ao mar. A família agradeceu ao Governo pela sua “humanidade”. Ai Weiwei considerou a cerimónia “repugnante” e “uma violação do respeito devido aos mortos”.

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] corpo Liu Xiaobo foi cremado numa “cerimónia simples”, em que compareceram família e amigos, e as cinzas atiradas ao mar neste sábado, horas depois da cremação. Foi o seu irmão mais velho, Liu Xiaoguang, que fez este anúncio durante uma conferência de imprensa organizada pelas autoridades, que controlaram de perto o funeral.

Liu Xiaobo foi cremado “conforme a vontade dos membros de sua família”, anunciaram as autoridades. O governo chinês divulgou fotos mostrando a viúva, a poetisa Liu Xia, ao lado de seu irmão e do irmão de Liu Xiaobo, rodeados de amigos, diante de corpo do dissidente cercado de flores brancas.

A dispersão das cinzas do Nobel da Paz implica que ele não terá sepultura onde parentes, amigos e admiradores possam prestar homenagem. “As autoridades temem que se alguém tão emblemático como Liu Xiaobo tiver um túmulo, transformar-se-á em local de peregrinação para os seus simpatizantes”, declarou à AFP Ye Du, dissidente ligado à família.

O artista e dissidente chinês Ai Weiwei, que vive em Berlim, tuitou uma foto do funeral, definindo a cerimónia como “repugnante” e “uma violação do respeito devido aos mortos”.

Mas Liu Xiaoguang defendeu esta opção, defendeu o sistema socialista e agradeceu às autoridades pela sua humanidade e colaboração. “Tudo reflecte a vantagem do sistema socialista” e que “os principais especialistas do país e do exterior se reuniram para o tratamento de Liu Xiaobo”, disse Liu. “Em nome dos outros membros da família Liu Xia e Liu Xiaobo, gostaria de agradecer cada vez mais o cuidado humanista do Partido e do governo”, concluiu Liu Xiaoguang.

Não é possível verificar a sinceridade destas palavras, pois as autoridades têm exercido desde o início do drama um severo controlo das informações vinculadas a Liu e pessoas próximas. A imprensa não pôde fazer perguntas ao irmão do dissidente ao final da declaração.

O professor Markus M. Buachler, da Universidade alemã de Heidelberg, e o professor Joseph M. Herman do US MD Anderson Cancer Center, foram convidados para assistir ao tratamento. Liu Yunpeng, médico assistente de Liu Xiaobo, disse que o hospital fez todo o possível para tratar o paciente, incluindo 25 consultas conjuntas do hospital, cinco consultas conjuntas envolvendo especialistas chineses e uma que envolveu especialistas internacionais.

Liu Xiaobo morreu aos 61 anos, depois de ter passado mais de oito na prisão, condenado por subversão pelo seu trabalho como ativista pelos direitos humanos e por reformas na República Popular da China. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis.

Após a sua morte, os olhares voltam-se para a sua esposa, Liu Xia, em prisão domiciliar desde 2010. A ex-poetisa e fotógrafa foi autorizada a visitar seu marido no hospital antes de seu falecimento, mas seus contactos com o mundo exterior são muito restritos. “Até onde sei, Liu Xia é livre”, afirmou Zhang Qingyang, dirigente da municipalidade de Shenyang, sem dar mais detalhes. Essa declaração foi questionada por pessoas próximas, que continuam sem ter contacto com Liu Xia.

Em Hong Kong, milhares de pessoas fizeram uma manifestação com velas na mão para prestar homenagem a Liu.

Desde a chegada ao poder do presidente Xi Jinping, no final de 2012, a repressão política na China aumentou. Além de reprimir defensores dos direitos Humanos, o governo também perseguiu seus advogados, prendendo dezenas de juristas e militantes.

 

Pequim considera entrega do Nobel a Liu uma blasfémia

Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) disse que Liu Xiaobo era um peão do Ocidente, cujo legado desaparecerá em breve. Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC, afirmou que Liu teve uma “vida trágica”, porque tentou confrontar a sociedade chinesa com apoio de fora. O Global Times considerou que os últimos dias de Liu foram “politizados por forças estrangeiras”, que usaram a doença de Liu para “promoverem a sua imagem e demonizarem a China”.

A questão dos direitos humanos é uma fonte de persistente tensão entre o Governo chinês e os país europeus e Estados Unidos, que tendem a enfatizar a importância das liberdades políticas individuais. Para as autoridades chinesas, “o direito ao desenvolvimento é o mais importante dos direitos humanos” e o “papel dirigente” do Partido Comunista, no poder desde 1949, é “um principio cardial”.

“Na história da China, nenhum dos heróis foi delegado pelo Ocidente. A posição e valor de alguém na História será decidida pelos seus esforços e persistência para o desenvolvimento do país”, concluiu o jornal.

Por seu lado, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang afirmou que a atribuição do Nobel da Paz em 2010 a Liu Xiaobo, foi uma blasfémia. “Atribuir a distinção a tal pessoa contraria o propósito deste prémio. O Nobel da Paz foi blasfemado”, acusou em conferência de imprensa.

Vários países criticaram Pequim pela morte do dissidente, depois de se terem oferecido para dar tratamento médico a Liu. Geng revelou que Pequim protestou junto dos Estados Unidos e do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, pelos “comentários irresponsáveis” sobre a morte do dissidente.

Por isso, a China disse também que enviou protestos diplomáticos a vários países, entre os quais os Estados Unidos, por “comentários irresponsáveis” sobre o caso de Liu Xiaobo. “Apresentámos protestos a alguns países para mostrar o nosso descontentamento”, afirmou Geng Shuang.

Geng detalhou que entre os destinatários dos protestos constam os EUA e o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein. França e Alemanha também figuram da lista.

O porta-voz chinês condenou os países que criticaram a forma como a China lidou com Liu, considerando que as críticas “têm fins ulteriores” e “não têm base nenhuma”, constituído uma “interferência” nos assuntos internos do país.

Entretanto, Taiwan também não ficou sem uma resposta directa. Um porta-voz de Pequim disse que “os ataques arbitrários repetidos do Partido Progressista Democrático (PPD) de Taiwan e de sua líder contra a parte continental são comportamentos perigosos”, refere a Xinhua.

“As autoridades de Taiwan e o PPD fizeram comentários imprudentes sobre o sistema político da parte continental depois da morte de Liu Xiaobo causada por um cancro”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado.

Ma referiu ainda que Liu foi condenado por violar a lei chinesa. Após o diagnóstico de cancro no fígado, os departamentos e instituições médicas da China fizeram todos os esforços para tratar Liu humanamente conforme a lei, insistiu.

Ma disse que o PPD e a sua líder deixaram cair o véu de “manter a actual situação”, atacaram repetidamente a parte continental e agravaram os conflitos através do Estreito, tentando recuar nas relações, provocando para tensão e turbulência.

“Este tipo de comportamento é muito perigoso”, explicou Ma. “Manipulação política, mudança do enfoque e enganar as pessoas não terão sucesso”, concluiu Ma.

17 Jul 2017

Liu Xiaobo | Novo Macau homenageou activista e prémio Nobel

Foram poucos os que participaram na vigília de sexta-feira promovida pela Associação Novo Macau, que homenageou o prémio Nobel da Paz chinês Liu Xiaobo, falecido com cancro. Nas ruas sentiu-se a tristeza e lembrou-se a liberdade

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]risteza e indignação juntaram na sexta-feira dezenas de pessoas no largo do Leal Senado para uma homenagem ao activista chinês Liu Xiaobo, que morreu na quinta-feira de cancro, sob custódia das autoridades chinesas, após oito anos de prisão.

“Ele estava a lutar pela democracia na China, pelo seu povo, e foi isto que recebeu em troca. Uma pessoa que não é violenta, que usa a sua vida para lutar pelo que acredita, recebeu isto”, disse à agência Lusa Mee Fong, de 58 anos, de Hong Kong, referindo-se ao seu encarceramento e impedimento de sair da China para procurar assistência médica para o cancro no fígado.

Sentimento semelhante foi manifestando por Ching, de 39 anos: “Juntei-me à vigília porque respeito muito Liu, as suas acções, que são muito pacíficas. Concordo com o que ele queria fazer”.

Ching, que vive em Macau mas é de Taiwan, diz ter muito presente o papel do Nobel da Paz durante os protestos de Tiananmen, onde negociou a libertação de centenas ou milhares de estudantes. Mas foi a continuação do seu trabalho de promoção dos valores democráticos que veio cimentar o seu respeito.

“A continuação das suas acções por tantos anos, sob tanta pressão do Governo, é algo muito raro. O Governo (chinês) não pareceu disposto a dar-lhe assistência médica adequada. Ele venceu o Prémio Nobel da Paz e acho que devia ter sido muito mais bem tratado”, disse.

A vigília foi convocada pela Associação Novo Macau, a maior organização pró-democracia do território, que fez um minuto de silêncio às 17:35, hora a que as autoridades disseram que Liu Xiaobo morreu.

Fotos a preto e branco

A associação colocou uma fotografia a preto e branco de Liu, junto a uma cadeira onde repousava o “Carta 08”, o seu manifesto democrático, assinado por centenas de intelectuais, que lhe valeu uma condenação a 11 anos de prisão por subversão. Um painel branco compunha a instalação, onde as pessoas podiam deixar mensagens. Em inglês podia ler-se “Mourning for Liu Xiaobo” (“De luto por Liu Xiaobo”).

Izzie, de 25 anos, não conseguiu convencer os amigos a participar, mas fez questão de ir. “Acho que temos de vir aqui e dizer ao Governo que fazer isto não é bom, não é justo”, disse.

Apesar de considerar que Macau “tem algum espaço livre” para divulgar a luta de Liu Xiaobo, Izzie disse que “muito poucas pessoas sabem o que lhe aconteceu” e que a maioria “apenas aproveita Macau e não quer saber nada sobre política”.

Sentada num banco, atenta aos discursos da Novo Macau, uma residente com “mais de 50 anos”, hesitou em falar, mas acabou por aceitar sob anonimato. “Fiquei muito triste, dói aqui”, disse, apontando para o coração.

“Só queria estar aqui, homenageá-lo, lembrá-lo por ter lutado pela liberdade de falar”, afirmou, emocionada.

Sobre a fraca adesão à vigília, admitiu que “as pessoas de Macau não querem fazer as coisas muito abertamente, é um sítio muito pequeno, toda a gente tem medo de perder o emprego”.

Questionada sobre se também não sente medo, respondeu: “Também tenho, mas não muito porque já tenho idade para não me preocupar. Mas estou satisfeita porque trabalho numa escola e falámos sobre isto com estudantes e professores. É uma escola católica e rezámos pela alma dele. Algumas pessoas ainda têm coração”.

Ai a liberdade

O presidente da Associação Novo Macau explicou que a iniciativa foi organizada para exigir “democracia e liberdade, em Macau e na China”.

Apesar de não ter juntado muitas pessoas, a vigília atraiu atenção, já que, localizada junto à igreja de São Domingos, perto a principal praça de Macau, é local de passagem frequente, tanto de residentes como de turistas.

“Acho que muitas pessoas, especialmente os turistas da China, podem não saber da notícia. Somos uma região administrativa especial, temos liberdade de expressão e de imprensa, queremos levar essa liberdade aos chineses e partilhar a história de Liu”, afirmou.

Sulu Sou disse não tomar a liberdade de Macau como garantida. “Perdê-la é muito fácil, preocupo-me com isso. Lutamos por um bocadinho de democracia em Macau e é muito difícil. Perder a liberdade de expressão, de imprensa, a liberdade de não ter medo, é muito fácil”, afirmou.

“Ontem os chineses souberam que Liu morreu e quatro deputados do campo pró-democracia (foram afastados em Hong Kong). Preocupamo-nos que a liberdade se esteja a perder muito rapidamente. É muito triste”, comentou, referindo-se à decisão de um tribunal de Hong Kong de afastar do cargo quatro deputados eleitos pela população.

Liu Xiaobo morreu aos 61 anos, na província de Liaoning, onde estava hospitalizado. Foi o primeiro Prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938 num hospital quando estava detido pelos nazis.

17 Jul 2017

Tabaco | Alterações à lei aprovadas na especialidade. Salas de fumo continuam

O diploma inicial previa o fim do fumo nos casinos, mas a oposição das operadoras obrigou o Governo a recuar. Alguns deputados torceram o nariz às salas de fumo nos casinos, que vão ter de obedecer a novas regras, mas de nada lhes adiantou. A nova lei entra em vigor no início do próximo ano

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Legislativa (AL) aprovou as alterações à lei de prevenção e controlo do tabagismo, com o Governo a recuar na intenção inicial da proibição total do fumo nos casinos. As modificações ao diploma, debatido agora na especialidade, foram todas aprovadas.

A lei prevê a proibição de fumar em todos os recintos fechados à excepção dos casinos, onde serão criadas salas para fumadores. “A sala é uma boa medida e os requisitos que vamos exigir [para a sua construção] são muito rigorosos. Vamos exigir ventilação permanente e uma maior área entre salas de fumadores e zona de jogo”, disse o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, sublinhando que o Governo está a cumprir o estabelecido na convenção-quadro para o controlo do tabaco da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A cada três anos, o Governo vai avaliar e efectuar um relatório sobre os trabalhos de controlo do tabagismo, indicou. “Só há duas excepções para as salas de fumadores: aeroportos e casinos. Em todos os outros locais é proibido”, garantiu.

O secretário explicou aos deputados que as seis operadoras de jogo concordaram com “a necessidade de criar salas para fumadores com requisitos muito rigorosos”.

A lei vai entrar em vigor em Janeiro do próximo ano, mas 29 dos 44 casinos existentes já pediram as normas para a construção das salas de fumadores. “Os casinos podem criar as salas antes da data [de entrada em vigor da lei] e as seis operadoras concordaram com esta proposta de lei”, afirmou o secretário.

A deputada Ella Lei – que, durante o processo de análise na especialidade, se mostrou descontente com as cedências do Executivo ao sector do jogo – afirmou que “não apoia, nem concorda com a decisão do Governo”.

“Os casinos são os únicos recintos fechados que permitem fumadores, em violação da convenção-quadro da OMS e em prejuízo dos trabalhadores. Só a proibição total do fumo em recintos fechados protege a saúde das pessoas. As salas de fumo são tóxicas. A obrigação do empregador e do Governo é proteger a saúde dos funcionários”, disse.

O deputado Chan Iek Lap defendeu uma compensação pecuniária para os trabalhadores dos casinos obrigados a conviver com o fumo.

A proposta inicial de revisão da lei do tabaco apresentada pelo Governo proibia totalmente o fumo em casinos, universidades e paragens de autocarros, e impedia a exibição de maços para venda.

O regime de prevenção e controlo do tabagismo foi aprovado pela AL em 2011, passando a ser proibido fumar na maior parte dos recintos fechados.

Prédios antigos em debate

Os deputados aprovaram ainda a realização de um debate sobre a degradação dos prédios com mais de 30 anos e a necessidade de legislação sobre vistorias regulares, apresentado pelo parlamentar eleito por via directa Mak Soi Kun. O debate vai realizar-se ainda de 15 de Agosto, data em que termina a legislatura.

A AL rejeitou um recurso interposto pelo deputado José Pereira Coutinho relativo à proteção da reserva natural de Coloane, por considerar ser necessária a autorização prévia de Chui Sai On. O presidente da AL, Ho Iat Seng, afirmou tratar-se de um projecto de lei que vai afectar a política de terras do Governo, sendo por isso necessária a autorização prévia do Chefe do Executivo.

Os deputados rejeitaram ainda um outro projecto de Pereira Coutinho para promoção, sensibilização e divulgação dos tratados de Direitos Humanos e Convenções da Organização Internacional do Trabalho.

17 Jul 2017

Fórum Macau | Os objectivos do novo delegado de Cabo Verde

Nuno Furtado é o novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau. Antes de partir para o território confessou que é necessário captar investimento por parte das empresas cabo-verdianas, com o foco no mercado chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau quer as empresas cabo-verdianas focadas nas potencialidades do mercado chinês e não apenas no fundo de financiamento da organização, apostando, em simultâneo, na captação de investimentos para o arquipélago.

“A internacionalização das empresas cabo-verdianas para este mercado ainda é muito incipiente. O nosso empresariado está muito interessado no fundo de financiamento. É importante não vermos o fundo somente como um alvo, mas conhecer o mercado chinês e o que o mercado chinês pode dar a Cabo Verde em termos de serviços, de produtos e até de conhecimento (kow-how)”, disse Nuno Furtado, em entrevista à agência Lusa, a poucos dias de partir para Macau.

Formado em política internacional pela Universidade do Povo, de Pequim, Nuno Furtado, assume a partir de 1 de Agosto o lugar de delegado de Cabo Verde no Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), substituindo no cargo Mário Vicente.

Nuno Furtado, que assumirá a função de “elo de ligação” entre o Fórum Macau e o Governo de Cabo Verde, será igualmente o representante da agência cabo-verdiana de promoção de investimentos, a Cabo Verde Trade Invest.

“Queremos ter um intercâmbio muito fluente em termos comerciais e empresariais e apostar fortemente na captação de investimentos via Cabo Verde Trade Invest”, disse, adiantando que as novas orientações do Governo apontam para a internacionalização das empresas e captação de investimento chinês para Cabo Verde.

Missão de três anos

Nuno Furtado, que terá uma missão de três anos, traça como objectivo a promoção da entrada de empresas cabo-verdianas no mercado chinês e a captação de investimentos chineses para o arquipélago.

“O objectivo é ver empresas cabo-verdianas a penetrar no mercado chinês. Queremos que os nossos empresários tenham acesso ao mercado chinês e ao mesmo tempo gostaria de ver em Cabo Verde algumas empresas chinesas a investirem forte, principalmente no sector da economia marítima e agricultura”, afirmou.

O Governo da China vai apoiar Cabo Verde na criação da Zona Económica Exclusiva de São Vicente, projecto que Nuno Furtado acredita irá arrastar um conjunto de investimentos.

Ainda assim, o novo delegado de Cabo Verde no Fórum Macau adiantou que, pelas primeiras impressões, está a ver “algum receio” dos empresários chineses em investirem em Cabo Verde por causa da dimensão do mercado.

Por isso, entende que a sua missão passa também por convencer os empresários chineses que Cabo Verde pode ter, enquanto plataforma de entrada no continente africano, um papel semelhante ao que Macau tem para a China.

“Temos que potencializar Cabo Verde como plataforma para fazer com que o capital chinês entre aqui e ao mesmo tempo penetre na Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO). E aqui falamos de um mercado de 300 milhões de pessoas”, sublinhou.

Sobre o fundo de financiamento, Nuno Furtado assinala a exigência na elaboração dos projectos e o valor relativamente elevado dos investimentos admitidos.

“Alguns empresários cabo-verdianos têm lá projectos, mas nunca tiveram ‘feedback’ e, normalmente, isso acontece porque os montantes envolvidos são muito baixos. É preciso que os empresários cabo-verdianos comecem a pensar um pouco mais em grande em termos de projectos de investimento”, disse.

Cabo Verde muda o seu delegado no Fórum Macau pouco tempo depois de ter acolhido, na cidade da Praia, o Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial da China e dos Países de Língua Portuguesa, ocasião em que foram assinados vários protocolos entre Cabo Verde e a China.

“São esses protocolos que devem ser acompanhados para materialização de acções concretas”, considerou.

Nuno Furtado, 41 anos, fluente em mandarim, é formado em política internacional pela universidade do Povo em Pequim, China, e antes de ser nomeado delegado para o Fórum Macau era conselheiro do presidente da Assembleia Nacional de Cabo Verde para a área da diplomacia.

17 Jul 2017

Ho Chio Meng condenado a 21 anos de prisão efectiva

Pôde ele bem. O antigo procurador não foi o primeiro da história judicial da RAEM a ser condenado em primeira instância sem possibilidade de apelo. Mas agora, que não tem a hipótese de ver revista a pena de 21 anos que lhe foi aplicada, invocou o direito a recurso. Foi tarde demais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-procurador Ho Chio Meng foi condenado na sexta-feira a 21 anos de prisão por vários crimes, incluindo burla qualificada, branqueamento de capitais agravado e promoção ou fundação de associação criminosa, em autoria ou co-autoria.

Ho Chio Meng, que liderou o Ministério Público (MP) entre 1999 e 2014, conheceu a decisão do colectivo de juízes do Tribunal de Última Instância (TUI), liderado por Sam Hou Fai, sete meses depois do início do julgamento, a 9 de Dezembro de 2016.

No final da sentença lida pela juíza Song Man Lei, durante quase duas horas, Ho Chio Meng gritou de braço no ar que era inocente, que não tinha recebido dinheiro indevidamente e que queria ter direito a recurso.

Em prisão preventiva desde Fevereiro do ano passado, depois de ter sido detido por suspeita de corrupção na adjudicação de obras e serviços no exercício das funções no MP, Ho Chio Meng estava acusado de mais de 1500 crimes, incluindo burla, abuso de poder, branqueamento de capitais e promoção ou fundação de associação criminosa, em autoria ou co-autoria com outros nove arguidos, que estão a ser julgados no Tribunal Judicial de Base.

“Em cúmulo jurídico, vai o arguido condenado na pena única de 21 anos de prisão”, indica o acórdão do TUI. Ho Chio Meng foi condenado por 11 tipos de crimes: peculato e peculato de uso, burla simples, burla qualificada de valor elevado, burla qualificada de valor consideravelmente elevado, destruição de objectos colocados sob o poder público, promoção ou fundação de associação criminosa, participação económica em negócio, branqueamento de capitais agravado, inexactidão dos elementos da declaração de rendimentos e riqueza injustificada.

De acordo com o acórdão, 24 dos crimes de que o antigo procurador estava acusado prescreveram, incluindo um dos crimes de burla qualificada de valor consideravelmente elevado, três dos crimes de burla simples e 20 dos crimes de abuso de poder.

O colectivo de juízes decidiu também absolver Ho Chio Meng de dois crimes de burla simples, de um dos crimes de abuso de poder e de sete dos crimes de branqueamento de capitais agravado.

Além da pena de prisão, Ho Chio Meng foi ainda condenado a pagar sozinho ao gabinete do procurador uma indemnização de 18,4 milhões de patacas. O tribunal condenou ainda o ex-procurador a pagar sozinho ou com outros arguidos, num caso conexo, mais de 57,5 milhões de patacas, acrescidos de juros até à data do pagamento integral.

Foram declarados perdidos a favor do território um total de 1,2 milhões de patacas em benefícios ilegais, assim como o património possuído pelo arguido e mulher no valor de 12,1 milhões de patacas. O dinheiro apreendido nos autos, no montante de 331 mil dólares de Hong Kong, foi igualmente declarado perdido a favor de Macau.

Impossibilidades e outros percalços

O TUI é a única instância que, em Macau, é chamada a decidir sobre processos que envolvem titulares ou ex-titulares de cargos públicos. Daí Ho Chio Meng não ter direito a recurso, apesar de ter sido julgado em primeira instância.

Esta característica do sistema judicial tem sido criticada por diversos sectores. O caso de Ho Chio Meng é o segundo a confrontar o sistema com esta questão. O primeiro foi o do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, detido há mais de dez anos, a 6 de Dezembro de 2006.

Apesar de essa impossibilidade de recurso ter sido contestada na sequência do caso Ao Man Long, e não obstante os apelos para ser alterada a Lei de Bases da Organização Judiciária, o cenário repetiu-se, dado que a prometida revisão da lei se encontra “em curso” há anos.

O caso do ex-procurador fez também renascer o debate em Macau em torno do estatuto dos magistrados e da falta de um instrumento de fiscalização da sua actividade.

O julgamento de Ho Chio Meng começou a 9 de Dezembro do ano passado, depois de a primeira audiência ter sido adiada na sequência de um requerimento apresentado pela defesa do ex-procurador que pedia o afastamento do presidente do TUI, Sam Hou Fai, onde foi julgado. O pedido foi recusado pelo tribunal.

O caso ficou marcado pela desistência do processo do primeiro advogado de defesa de Ho Chio Meng, Leong Weng Pun, que abandonou o caso em Março, dizendo que o tribunal não tratava a defesa e acusação de forma igualitária.

Nascido em Macau em 1955, Ho Chio Meng assumiu aos 44 anos o cargo de procurador do Ministério Público de Macau, a 20 de dezembro de 1999, aquando da transferência de administração, depois de ter sido adjunto do Alto Comissariado Contra a Corrupção e Ilegalidade Administrativa.

Em 2009, chegou a ser apontado como o possível sucessor de Edmund Ho. No início desse ano, a chamada ala jovem do Partido Comunista Chinês demonstrou inequivocamente o seu apoio ao então procurador da RAEM, ao publicar, na sua revista, um artigo longo sobre Ho Chio Meng e as características que faziam dele o melhor candidato a Chefe do Executivo.

 

O sol e o desinfectante

O Ministério Público (MP) não tardou a reagir à condenação do seu antigo líder. Pouco antes das 19h de sexta-feira, emitiu um comunicado em que defendeu que a condenação a 21 anos de prisão “é justa e imparcial”.

“O julgamento do processo criminal respeitante ao ex-procurador Ho Chio Meng foi levado a cabo pelo Tribunal de Última Instância (TUI) nos termos da lei processual, e o MP respeita a decisão desse processo que, tal como outras decisões proferidas pelo TUI, é justa e imparcial”, anunciou o Gabinete do Procurador.

Na mesma nota, o Gabinete do Procurador recorre a metáforas para falar do caso. “Sendo a luz do sol o melhor desinfectante, o MP, que é um órgão judiciário, executa as funções de procuradoria de acordo com os princípios da legalidade e da objectividade, pelo que, partindo do princípio fundamental de que as pessoas são iguais perante a lei, o MP, no caso de Ho Chio Meng, deduziu a respectiva acusação e submeteu o caso ao julgamento do TUI, de acordo com a lei”, refere o comunicado.

Também acrescenta que, “com o fim do julgamento do caso de ex-procurador no Tribunal de Última Instância, o Ministério Público vai continuar a reforçar a gestão do instituto interno, executando rigorosamente as suas funções de procuradoria relativas à fiscalização da aplicação da lei, definidas na Lei Básica” de Macau.

 

A desilusão da defesa

A advogada de Ho Chio Meng disse estar “desiludida” com os 21 anos de prisão e com o tipo de crimes a que foi condenado o seu cliente, discordando da punição por associação criminosa e branqueamento de capitais.

“Temos primeiro de ver a sentença, os fundamentos, para podermos ver o que é que podemos fazer, mas com certeza ficamos um bocado desiludidos não só pela pena única que foi aplicada, mas também pelos crimes a que foi condenado”, disse Oriana Pun aos jornalistas à saída do tribunal. “Sempre defendemos que não há associação criminosa e também não houve o branqueamento de capitais”, acrescentou.

Oriana Pun pronunciou-se ainda sobre a questão da impossibilidade de apelo, ao dizer que qualquer pessoa deve ter direito a recurso. “Acho que o problema do recurso, tal como antes já tinha sido suscitado, é um problema do nosso sistema judiciário (…). [No entanto], é um direito básico em qualquer parte do mundo. Para nós, uma decisão sem recurso não é uma decisão última”, disse.

Apesar da impossibilidade legal de recurso, a advogada disse que a equipa de defesa tem “algumas ideias”, sem especificar quais. “Temos algumas ideias, mas também temos de estudar. Temos de ver qual é a pretensão do nosso cliente, só depois é que podemos dizer”, afirmou.

17 Jul 2017

Fotógrafo de Macau participa em acção solidária sobre incêndios de Pedrógão Grande

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau, é um dos nomes que participa com imagens suas na acção “Uma Imagem Solidária”, que consiste na entrega de um donativo aos bombeiros em troca de imagens captadas pelas lentes de fotojornalistas e outros fotógrafos profissionais. A iniciativa decorre esta semana no Museu das Telecomunicações, em Lisboa. António Falcão, fotógrafo que viveu em Macau, também é um dos participantes.

As imagens captadas por quase 200 fotojornalistas e outros fotógrafos profissionais podem ser vistas e trocadas por donativos, por um valor mínimo de 20 euros (184 patacas), na quarta-feira, a partir das 18h00, e na quinta-feira, a partir das 10h00, disse à agência Lusa o mentor da iniciativa, o fotojornalista António Cotrim.

O que começou por ser uma acção de fotojornalistas, sob o lema “o melhor de cada um de nós para o melhor de todos nós”, estendeu-se a outros profissionais da fotografia, “que se mostraram interessados em participar”, contou o fotojornalista da agência Lusa.

“Nesta altura de solidariedade não deve haver barreiras entre fotógrafos com e sem carteira de jornalista, deve haver união”, referiu o fotojornalista.

As imagens, de tema livre, serão impressas no formato 30x40cm. Algumas fotografias, adiantou António Cotrim, chegaram de Macau, da China, da Alemanha, de França e do Brasil.

Na página da iniciativa na rede social Facebook já foram sendo divulgadas algumas das imagens que estarão disponíveis para venda por um valor mínimo “simbólico, que não paga o trabalho de quem fotografou, que tenta ir ao encontro do maior número de participantes”.

Dois grandes incêndios começaram no dia 17 de Junho em Pedrógão Grande e Góis, tendo o primeiro provocado 64 mortos e mais de 200 feridos. Foram extintos uma semana depois.

Estes fogos terão afectado aproximadamente 500 habitações, 169 de primeira habitação, 205 de segunda e 117 já devolutas. Quase 50 empresas foram também afectadas, assim como os empregos de 372 pessoas.

Os prejuízos directos dos incêndios ascendem a 193,3 milhões de euros, estimando-se em 303,5 milhões o investimento em medidas de prevenção e relançamento da economia.

17 Jul 2017

Hong Kong | Pró-democratas acusam governo de “declarar guerra”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Partido Democrático de Hong Kong acusou o governo de “declarar guerra” aos pró-democratas e à população, após a desqualificação de mais quatro deputados pela forma como prestaram juramento no parlamento daquela região chinesa, segundo a imprensa local.

Citado pela RTHK, o presidente do Partido Democrático, Wu Chi-wai, disse que os direitos dos deputados de expressarem as suas visões no Conselho Legislativo (LegCo ou parlamento) podem ser restritos, uma vez que o ‘filibuster’ (bloqueio parlamentar) está agora mais restringido depois de os deputados pró democratas terem perdido o seu direito de veto.

Wu Chi-wai advertiu que o princípio “Um país, dois sistemas” poderá ser adversamente afectado, afirmando que os governos de Pequim e de Hong Kong podem fazer o que quiserem agora.

O partido Demosisto também reagiu à decisão do tribunal, afirmando que milhares de eleitores viram as suas escolhas “roubadas”. Em comunicado, o partido que viu desqualificado o mais jovem deputado alguma vez eleito em Hong Kong – Nathan Law – disse que a perda de assento no LegCo por seis deputados até à data privou mais de 180 mil eleitores da sua voz. O Demosisto condenou o que classificou de “manifesta interferência do Governo de Pequim para prejudicar o poder da legislatura de Hong Kong através da reinterpretação da Lei Básica”. Além disso, o Demosisto disse que agora estava mais do que o determinado para lutar pela democracia e sufrágio universal e que iria apoiar a decisão de recorrer contra a decisão do tribunal.

Por sua vez, o desqualificado Nathan Law, um dos membros do Demosisto e líder estudantil dos protestos pró democracia em 2014, agradeceu aos eleitores que votaram nele. O também pró democrata James To disse que os quatro desqualificados “continuam a ser os que foram escolhidos pela população”. Outro deputado da ala pró-democrata, Raymond Chan, eleito pelo partido People Power, disse que os residentes de Hong Kong, incluindo aqueles que não votaram nestes quatro deputados desqualificados, não vão concordar com o uso pelo governo dos tribunais como “ferramenta” para alterar os resultados eleitorais.

A deputada pró democrata Claudia Mo, que acabou em lágrimas num encontro com a imprensa, disse que a acção do governo era “calculada”, afirmando que o executivo queria garantir que o campo pró democrata não vai ganhar nas próximas eleições intercalares todos os assentos que perdeu até à data.

O desqualificado Leung Kwok-hung disse que os quatro deputados afetados pela decisão do tribunal têm a intenção de recorrer da sentença. Foram dadas duas semanas aos quatro deputados desqualificados hoje para abandonarem os respetivos gabinetes no LegCo.

O LegCo é composto por 70 lugares, mas apenas 35 resultam de candidaturas apresentadas individualmente por cidadãos e do voto directo de 3,77 milhões de eleitores, em cinco círculos eleitorais definidos por áreas geográficas.

17 Jul 2017

Hong Kong | Mais quatro deputados pró-democracia perdem assentos

Agora não têm voz. Os ditos pró-democratas, que modificaram ou troçaram do juramento no Legco, ficam de fora por decisão do tribunal.

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uatro deputados pró-democracia de Hong Kong perderam os seus assentos, ficando sem poder de veto no Conselho Legislativo (parlamento), segundo decisão do tribunal perante um processo instaurado pelo Governo. Os deputados Leung Kwok-hung (conhecido como “Long Hair”), Nathan Law, Lau Siu-lai e Edward Yiu perderam a sua batalha na justiça, depois de o anterior Governo ter pedido a sua desqualificação, avança o jornal South China Morning Post (SCMP).

A decisão do tribunal de última instância tem enorme impacto na capacidade de negociação do bloco democrata no Conselho Legislativo (LegCo) de Hong Kong. Com Leung, Law e Lau – todos eleitos pela via directa, ou seja, pela população – desqualificados, o chamado campo pró-democrata perdeu a capacidade de bloquear alterações legislativas apresentadas pelo campo pró-governo.

Este cenário pode dar ao campo pró-Pequim a oportunidade de mudar as regras do órgão legislativo, impedindo os seus rivais de recorrer ao “filibuster” (bloqueio parlamentar) em leis controversas, salienta o jornal.

A desqualificação é válida desde 12 de Outubro de 2016, quando tomaram posse. A batalha judicial foi gerada a partir de acontecimentos na tomada de posse. Numa acção judicial anterior, a administração conseguiu afastar os deputados pró-independência Sixtus Baggio Leung e Yau Wai-ching (do grupo político Youngspiration), por terem proferido palavras, durante o seu juramento, consideradas anti-China.

O caso destes dois deputados fez com que Pequim fizesse uma interpretação da Lei Básica (mini-Constituição), sobrepondo-se a uma decisão do tribunal de Hong Kong.

O processo judicial cujo desfecho foi hoje conhecido foi iniciado pelo anterior chefe do executivo, Leung Chun-ying, e pelo secretário da Justiça, Rimsky Yuen Kwok-keung, em Dezembro, depois do afastamento de Yau e Sixtus Leung.

Os advogados do Governo argumentaram que estes quatro deputados não prestaram o juramento de 12 de outubro de forma solene, sincera e total.

Yiu e Law foram acusados de adicionar palavras aos seus juramentos, com Law a alterar o tom ao dizer a palavra “República”, em “República Popular da China”, como se estivesse a fazer uma pergunta. Yiu inseriu uma frase no seu juramento: “Vou defender a justiça processual em Hong Kong, lutar por sufrágio universal genuíno e servir o desenvolvimento sustentável da cidade”.

Lau leu cada palavra com seis segundos de intervalo, o que advogado Johnny Mok Shiu-luen disse que dividiu o seu juramento em “90 estranhas unidades linguísticas desprovidas de qualquer coerência”, de acordo com o SCMP.

Segundo o advogado, Leung Kwok-hung minou a solenidade da cerimónia ao entoar slogans, vestindo uma t-shirt com a frase “desobediência civil” e tornando o seu juramento numa “performance teatral”, e usando um chapéu-de-chuva amarelo, símbolo do movimento Occupy Central, além de rasgar uma cópia da controversa proposta de reforma política apresentada por Pequim em 2014.

17 Jul 2017

Accionista da TAP adquire 51% do operador do Aeroporto do Rio de Janeiro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul, adquiriu a maioria do operador do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, informou ontem o portal de informação económica Caixin.

O negócio, avaliado em 108 milhões de yuans foi realizado entre a Hainan HNA Infrastructure Investment Group, subsidiária do conglomerado chinês, e o grupo brasileiro de engenharia Odebrecht. A HNA passa assim a deter 51% dos direitos de controlo do aeroporto, enquanto que a restante participação é detida pelo grupo de Singapura Changi Airport.

O grupo chinês compromete-se também a investir 2.160 milhões de yuans, para pagar os direitos de licença da infra-estrutura.

Ambas as operações necessitam da aprovação de organismos sectoriais e das autoridades anti-monopólio da China e do Brasil.

Nos últimos três anos, o grupo HNA investiu mais de 40.000 milhões de dólares em aquisições e investimentos além-fronteiras, convertendo-se num dos maiores investidores internacionais da China.

O grupo tem ainda importantes participações em firmas como Hilton Hotels, Swissport ou Deutsche Bank.

A empresa detém indirectamente cerca de 20% do capital da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway.

Uma das suas subsidiárias, a Capital Airlines, inaugura este mês o primeiro voo direito entre a China e Portugal.

O aeroporto internacional do Rio de Janeiro é o segundo mais movimentado do Brasil, com 17 milhões de passageiros no ano passado.

17 Jul 2017

Xi Jinping anuncia comité para regulação financeira

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente chinês Xi Jinping anunciou neste sábado a criação de um comité para coordenar a regulação financeira da China. A decisão foi dada durante uma reunião de dois dias, que procurou estabelecer uma ampla estrutura para tornar o sistema regulatório do país mais coeso.

Xi disse que o novo grupo, chamado Comité Estatal de Desenvolvimento e Estabilidade Financeira, será formado para garantir que os reguladores financeiros possam trabalhar melhor juntos.

Num comunicado oficial divulgado na conclusão da reunião, no final deste sábado, o presidente chinês disse que o papel do banco central na prevenção do risco sistémico será fortalecido.

Nenhum detalhe foi dado sobre a composição do comité. De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, uma opção é que o grupo seja colocado dentro do Banco Popular da China e chefiado pelo seu director. Detalhes ainda estão a ser definidos, disseram.

“Uma melhor coordenação regulatória significa melhor partilha de informações entre os diferentes reguladores”, explicou uma das pessoas. “O Banco Central, em particular, precisa recolher informações abrangentes de outros reguladores em tempo útil ao mesmo tempo em que forma a política monetária e decide sobre outros cursos de acção”.

Durante anos, o Banco Central da China e os reguladores que supervisionam os sectores bancário, de valores mobiliários e de seguros geralmente agiram de forma isolada, às vezes até mesmo com objectivos contraditórios. Isso levou a erros que exacerbaram uma forte venda de acções em meados de 2015 e levantou dúvidas sobre a administração da economia chinesa.

O plano apresentado pelo presidente Xi representa uma versão muito menos radical do que o anteriormente imaginado por algumas autoridades e conselheiros do governo, que defendiam a fiscalização centralizadora, colocando toda a regulamentação sob o banco central. Essa proposta, de acordo com autoridades chinesas, encontrou forte oposição de grupos que poderiam ser forçados a ceder poder.

Resta saber se o novo comité fará a diferença. Nos últimos anos, a China já criou um mecanismo de coordenação financeira com a presença de dirigentes de todos os órgãos reguladores. Mas esse mecanismo não conseguiu melhorar a coordenação de forma significativa, de acordo com autoridades. “As pessoas apenas se reúnem uma vez por mês, principalmente para o almoço”, disse uma autoridade com conhecimento do mecanismo.

A reunião de dois dias concluída neste sábado, denominada Conferência Nacional de Trabalho Financeiro, é realizada de cinco em cinco anos.

Tradicionalmente, é presidida pelo primeiro-ministro. Desta vez, foi Xi quem fez o discurso principal e sentou-se no centro do palco, que também contou com a presença do primeiro-ministro Li Keqiang e de várias outras autoridades, indicando ainda que Xi consolidou o controlo dos assuntos económicos nas suas mãos.

17 Jul 2017