Macron defende junto de Xi Jinping forte parceria China-Europa

[dropcap]O[/dropcap]Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu esta segunda-feira perante o líder chinês, Xi Jinping, em Paris, uma “parceria Europa-China forte”, no momento em que os europeus procuram uma postura coerente face às ambições diplomáticas e económicas de Pequim.

Essa parceria deve, nomeadamente, ser articulada em torno de um “multilateralismo forte”, uma componente económica “justa e equilibrada”, disse Emmanuel Macron em declarações à imprensa.

O Presidente chinês, Xi Jinping, aterrou domingo em Paris, onde o governo francês espera convencê-lo a contribuir para uma “nova ordem internacional”, ao lado do governo alemão e da Comissão Europeia, apesar das resistências políticas ao investimento da China na Europa.

O Presidente Emmanuel Macron fez questão de receber Xi Jinping sob o Arco do Triunfo, um dos mais emblemáticos símbolos da República francesa, numa demonstração de apreço e de determinação diplomática em aproximar a Europa da China, num momento particularmente delicado das relações entre as duas potências económicas.

Por isso, o momento mais importante desta visita a França acontecerá terça-feira de manhã, quando Macron e Xi se reunirem com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, para discutir o que os líderes europeus chamam de “nova era” na ordem comercial internacional.

Xi Jinping chegou a Paris depois de uma visita a Itália, onde o governo não escondeu simpatia para com a iniciativa da “Nova Rota da Seda” – um projecto multibilionário de investimento chinês em diversos continentes.

Nas reuniões em Roma, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, repetiu várias vezes que acredita no sucesso dos novos acordos comerciais entre os dois países, em declarações que vários analistas consideraram ser “optimistas” perante o clima de reserva da Europa comunitária face ao investimento chinês na União Europeia.

A verdade é que Xi Jinping saiu de Roma com um punhado de acordos comerciais, que incluem a abertura de importantes portos europeus, como o de Génova, e deixando promessas de investimento em estruturas de comunicação com o centro da Europa.

“A Europa precisa urgentemente de uma estratégia para a China, que seja digna desse nome”, afirmou recentemente o Presidente francês, revelando que, também da sua parte, há disponibilidade para acolher investimento chinês.

Mas Macron sabe que o acolhimento ao investimento chinês não agrada ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que repetidas vezes tem alertado para a “subserviência europeia” aos interesses da China.

Na semana passada, o governo dos EUA ameaçou mesmo romper os tratados de partilha de dados entre agências de inteligência, se o governo alemão permitisse candidaturas de empresas com tecnologia chinesa nos concursos para frequências de telecomunicações 5G, como acabou por acontecer.

Por isso, a presença de Merkel e de Junker na reunião de terça-feira com Xi Jinping, no Palácio do Eliseu, ganha um valor político simbólico ainda mais relevante.

“Num mundo com gigantes como a China, a Rússia e os nossos aliados Estados Unidos, só poderemos sobreviver se estivermos unidos como uma verdadeira União Europeia”, sintetizava, na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, numa entrevista ao jornal Welt am Sonntag.

O chefe da diplomacia alemã disse ainda que “se alguns países acreditam que podem fazer bons negócios com os chineses, ficarão surpreendidos quando perceberem que ficam reféns deles”, acrescentando que “a China não é uma democracia liberal”.

26 Mar 2019

Ex-primeiro-ministro da Tailândia denunciou fraude nas eleições parlamentares

[dropcap]O[/dropcap]ex-primeiro-ministro da Tailândia Thaksin Shinawatra, derrubado em 2006 pelos militares, considerou hoje que as eleições parlamentares de domingo foram fraudulentas e marcadas por irregularidades com o objectivo de manter o exército no poder.

“Todos sabem na Tailândia, toda a comunidade internacional que observou o escrutínio sabe que houve irregularidades”, disse Shinawatra em Hong Kong, denunciando que foram “eleições fraudulentas”.

O bilionário, que fez fortuna nomeadamente nas telecomunicações, foi para o exílio em 2008 para escapar de processos judiciais que qualifica como perseguição política. No entanto, Shinawatra permanece na sombra como uma figura predominante na política tailandesa.

Os partidos próximos de Shinawatra venceram todas as eleições desde 2001, beneficiando, em especial, do apoio de populações desfavorecidas no norte e no nordeste do país.

Nas eleições de domingo, a primeira desde o golpe de 2014, “o número de votos excedeu em muito o número de eleitores em muitas províncias”, denunciou Thaksin Shinawatra.

“Se o governo é eleito num sufrágio fraudulento, como conseguirá o respeito da comunidade internacional?”, acrescentou.

Apesar de um avanço da oposição, nomeadamente do partido Pheu Thai, muito próximo de Thaksin Shinawatra, a junta militar está bem posicionada para manter o controlo do reino após a eleição.

Entretanto, o partido pró-exército, que não obteve a maioria nas eleições por si só, terá de negociar com outros partidos e o jogo de alianças será decisivo.

Durante anos, a Tailândia dividiu-se profundamente entre os movimentos pró-Shinawatra (os “vermelhos”) e uma elite conservadora alinhada pelos militares (os “amarelos”), que é uma garantia de estabilidade e protecção para a monarquia.

A comissão eleitoral da Tailândia referiu hoje que vai esperar pela contagem total dos votos para anunciar resultados oficiais nas eleições de domingo. Informações não confirmadas oficialmente referem que 92% dos votos já foram contados pela comissão.

Mais de 50 milhões de tailandeses foram chamados a votar nas primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 liderado pelo general Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro e cabeça de lista do Palang Pracharat.

Os deputados devem depois designar o novo primeiro-ministro em conjunto com a decisão dos 250 senadores que são escolhidos pela junta militar, incluindo os chefes dos chefes das Forças Armadas.

Prayut, candidato a chefe do governo, partia com vantagem porque necessita apenas de eleger 126 deputados. As eleições não foram acompanhadas por observadores internacionais.

26 Mar 2019

Qatar Airways com voos directos para Lisboa em Junho deste ano

[dropcap]A[/dropcap]Qatar Airways vai disponibilizar voos directos para Lisboa a partir de Junho de 2019, sendo a rota operada com um Boeing 787 ‘Dreamliner’ com 22 lugares na classe executiva e 232 na económica, foi hoje anunciado.

A nova rota Doha-Lisboa / Lisboa-Doha vai permitir à companhia aérea iniciar a sua “operação regular em Portugal” e consolidar a sua presença na Europa.

“Estamos muito satisfeitos em anunciar o lançamento de serviços directos para Lisboa, uma capital europeia vibrante e com uma história rica”, disse, em comunicado, o presidente executivo do grupo Qatar Airways, Akbar Al Baker.

De acordo com o responsável, esta nova rota “proporcionará aos viajantes de negócios e de lazer, acesso à extensa rede de rotas globais da Qatar Airways em mais de 160 destinos em todo o mundo”.

A companhia aérea do Qatar viaja para 160 destinos com uma frota de mais de 250 aeronaves.
Este ano, a Qatar Airways vai passar a disponibilizar uma série de novas viagens, nomeadamente, para Malta, Rabat (Marrocos), Langkawi (Malásia), Davao (Filipinas), Izmir (Turquia) e Mogadíscio (Somália), além de Portugal.

25 Mar 2019

Casa de Portugal em Macau leva jovens a várias cidades portuguesas

[dropcap]A[/dropcap]Casa de Portugal em Macau vai levar 28 jovens a várias cidades portuguesas para “proporcionar um contacto mais próximo dos estudantes de português das escolas locais com a língua e a cultura portuguesas”, disse à Lusa fonte da associação.

O programa da terceira edição do Curso de Verão da Casa de Portugal, que se realiza entre 11 e 31 de Julho, vai ser “dividido entre aulas de português e actividades culturais e recreativas”, para os alunos, que são maioritariamente chineses, mas que conta também com jovens portugueses, explicou a associação.

Para a Casa de Portugal, este tipo de programas reforça a presença da língua e da cultura portuguesas em Macau, “uma vez que o curso é sobretudo procurado por alunos cuja língua materna não é o português”. “Notamos que existe essa vontade de investirem num maior conhecimento da língua”, sublinhou.

25 Mar 2019

Chui Sai On destaca “missão histórica” na estratégia da China

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo destacou hoje em Pequim, no Fórum de Desenvolvimento da China 2019, a “missão histórica” do território “na participação da estratégia e integração do desenvolvimento nacional”.

Chui Sai On afirmou que o projecto da Grande Baía “será o pivô na mudança do modelo de crescimento económico, esperando que esta missão de se transformar num local de inovação de excelência gere oportunidades sem precedentes para Macau”, pode ler-se num comunicado das autoridades.

A sessão “A Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau no contexto da economia global” foi presidida pelo sub-director do Centro de Investigação do Desenvolvimento do Conselho de Estado, Wang Anshun, e contou com os discursos do governador da Província de Guangdong, Ma Xingrui, e da chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam.

Chui Sai On destacou ainda “a importância do papel de Hong Kong e de Macau na reforma e abertura do país, que consiste nas vantagens destas duas regiões usufruírem do princípio ‘Um País, Dois sistemas’”.

O Chefe do Executivo defendeu que “uma defesa firme de ‘um país’ deve coordenar e equilibrar as diferenças entre os ‘dois sistemas’ e ‘três jurisdições e três regimes fiscais’”.

Por outro lado, enfatizou, “promover a construção da Grande Baía é transformar os desafios em oportunidades, destacando-se como prioridade a resolução das diferenças entre os sistemas económicos, jurídicos e administrativos”.

A delegação oficial de Macau presente na sessão integrou o chefe de gabinete do chefe do executivo, O Lam, o director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Mi Jian, o director do Gabinete de Comunicação Social, Victor Chan, a coordenadora do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Exteriores, Lei Iut Mui, e a chefe da Delegação da RAEM em Pequim, Leong Kit Chi.

25 Mar 2019

Repórteres sem Fronteiras denunciam “nova ordem mundial de comunicação” da China

[dropcap]A[/dropcap]organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alertou hoje para a ameaça à liberdade de imprensa que acarreta a “nova ordem mundial da comunicação”, criada pela China, acompanhando a crescente influência política e económica do país.

O relatório da RSF, que coincide com a visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a França, nota que Pequim trabalha há dez anos para controlar a informação além-fronteiras. A China é um dos país do mundo com menos liberdade de imprensa e mantém mais de 60 jornalistas na prisão.

Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, tem ainda investido milhares de milhões de dólares para convencer o mundo de que o país é um sucesso político e cultural.

A RSF revela que a China criou uma “máquina de propaganda” internacional, na qual tem investido “maciçamente”, e que inclui a agência noticiosa oficial Xinhua e a televisão estatal CGTN, cada uma com mais de 10.000 funcionários.

Pequim tem ainda transformado a narrativa sobre o país através da compra de participações em grupos de comunicação estrangeiros, conteúdo pago ou convites a dezenas de milhares de jornalistas de todo o mundo para visitarem a China, com todas as despesas pagas, para alterar as suas percepções sobre o país, destaca a RSF.

A Xinhua ou a televisão estatal CGTN contam já com centenas de delegações além-fronteiras e têm agressivamente procurado parcerias no exterior, visando publicar conteúdo aprovado pela Propaganda do PCC, sob o selo de órgãos de comunicação independentes.

Também a Rádio Internacional da China (CRI, na sigla em inglês, ou os jornais oficiais Diário do Povo e China Daily têm promovido visitas à China, que, nos últimos anos, trouxeram ao país asiático milhares de jornalistas estrangeiros.

Desde 2017, o China Daily gastou quase 16 milhões de dólares para publicar suplementos em jornais norte-americanos, segundo dados reportados ao abrigo da Lei de Registo de Agentes Estrangeiros, que exige que entidades que representam os interesses de outros países divulguem as suas finanças.

New York Times ou Wall Street Journal são alguns dos órgãos que publicam suplementos do China Daily, mas cujas versões electrónicas estão bloqueadas no país asiático. Em Portugal, a CRI assegura uma emissão diária através da Rádio Iris FM, sediada nos arredores de Lisboa.

A RSF afirma que Pequim não se contenta em controlar as suas redes sociais e motores de busca, como o WeChat ou o Baidu, como tem encorajado outros países a copiar os seus regulamentos.
Em 2009, a China criou o World Media Summit, que é financiado e organizado inteiramente pela Xinhua, e que se realiza em “países conhecidos pelo seu autoritarismo”, nomeadamente Rússia ou Catar.

O RSF é particularmente crítico de Xi, que “em cinco anos de feroz repressão contra jornalistas e blogueiros conseguiu impor uma visão totalitária no país, que se estende agora além-fronteiras”.
A investida de Pequim foi oficialmente lançada em 2009, após protestos pró-independência do Tibete e em defesa dos Direitos Humanos terem acompanhado a passagem da Tocha Olímpica, em várias cidades do mundo, nas vésperas dos Jogos Olímpicos em Pequim.

Numa era em que a internet destruiu o modelo de negócio da imprensa tradicional, o regime chinês anunciou um investimento equivalente a 5,8 mil milhões de euros, visando reforçar a presença global dos seus órgãos de comunicação.

25 Mar 2019

Oposição da Tailândia diz que tem maioria mas não há resultados oficiais

[dropcap]A[/dropcap]comissão eleitoral da Tailândia diz que vai esperar pela contagem total dos votos para anunciar resultados oficiais, mas o partido da oposição declarou que conseguiu eleger o maior número de deputados e que vai tentar formar governo.

As primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 realizaram-se ontem, domingo, mas a comissão eleitoral disse que só vai anunciar “ao fim do dia” de hoje os resultados relativos a 350 circunscrições no final do dia e que a contagem sobre as restantes 150 podem demorar vários dias.

O partido Pheu Thai afastado do poder na sequência do golpe militar de 2014 diz que conseguiu vencer a maioria das circunscrições e que, por isso, vai tentar formar um novo executivo.

Os resultados oficiais ainda não foram divulgados, mas fontes ligadas aos militares indicam que o partido Palang Pracharat, no poder, “conseguiu o voto popular”. Informações não confirmadas oficialmente referem que 92% dos votos já foram contados pela Comissão Eleitoral.

Os primeiros resultados preliminares não oficiais indicam que o Phalang Pacharat conseguiu 7,5 milhões de votos, seguido do Pheu Thai com sete milhões de votos e que a formação anti-militar Anakot Mai conseguiu 5,1 milhões de votos.

Oficialmente, devido ao complexo sistema eleitoral tailandês que integra circunscrições e listas partidárias, desconhece-se ainda qual dos partidos vai conseguir o maior número de lugares da Câmara Baixa do parlamento constituída por 500 deputados.

De acordo com a Constituição aprovada pelos militares, dos 500 lugares no parlamento 350 são escolhidos pelas circunscrições e os restantes 150 pelas listas dos partidos.

Mais de 50 milhões de tailandeses foram chamados a votar nas primeiras eleições após o golpe de Estado de 2014 liderado pelo general Prayut Chan-ocha, atual primeiro-ministro e cabeça de lista do Palang Pracharat.

Os deputados devem depois designar o novo primeiro-ministro em conjunto com a decisão dos 250 senadores que são escolhidos pela junta militar, incluindo os chefes dos chefes das Forças Armadas.

Prayut, candidato a chefe do governo, partia com vantagem porque necessita apenas de eleger 126 deputados. As eleições não foram acompanhadas por observadores internacionais.

A União Europeia não foi convocada, mas decidiu envolver alguns diplomatas que acompanharam de forma incompleta a votação para recolha de informações que vão ser partilhadas a nível interno.

25 Mar 2019

Violinista Carlos Damas destaca “grande interesse” da China pela música clássica

[dropcap]O[/dropcap]violinista português Carlos Damas destacou o “grande interesse” do público chinês pela música clássica ocidental, após uma digressão com o pianista Artur Pizarro e o violoncelista Bruno Borralhinho, que incluiu Pequim e Xangai.

“É uma área que está em perfeita evolução na China”, descreveu o violinista à agência Lusa.
Nascido em 1973, em Coimbra, Carlos Damas já tocou “várias vezes” no país asiático, mas esta semana foi acompanhado por Pizarro e Borralhinho, em dois espectáculos organizados pela embaixada portuguesa em Pequim, e inseridos no ano de Portugal na China.

O trio tocou um reportório composto por obras dos compositores Franz Schubert, Felix Mendelsshon e Pyotr Tchaikovsky.

“Há um grande interesse na China pela música clássica e o mercado está a crescer imenso: há orquestras a surgir como cogumelos e conservatórios e escolas por todo o lado, com excelentes condições”, notou Damas.

O violinista português, que já viveu em Macau, lembrou ainda que é comum as famílias chinesas porem os filhos a aprender um instrumento ocidental. “É uma questão social”, disse.

Questionado sobre a alegada falta de criatividade dos músicos chineses, Carlos Damas concordou que, “no geral, são bastante mais técnicos do que musicais”, mas “é óbvio que há também alguns músicos com enorme criatividade e musicalidade”. “Há de tudo na China: é um país enorme”, realçou.

Outros eventos culturais vão realizar-se ao longo deste ano, incluindo festivais de cinema, literatura, teatro ou música, em paralelo com o ano da China em Portugal, num programa pensado pelos dois governos.

“A cultura é um instrumento fundamental para aproximar os povos, dialogar e criar emoções conjuntas”, sublinhou o embaixador português em Pequim, José Augusto Duarte.

“Este será um ano que reforçará em muito a visibilidade do grande talento dos portugueses junto da opinião publica chinesa”, afirmou.

25 Mar 2019

Prisão preventiva para jovem de 16 anos suspeito de violação

[dropcap]O[/dropcap]estudante, de 16 anos, que foi detido, na semana passada, pela suspeita de ter violado uma colega, foi colocado em prisão preventiva. Em comunicado, divulgado na sexta-feira, o Ministério Público informa que o juiz de instrução criminal decidiu aplicar a medida de coacção mais gravosa não só devido à “gravidade” e às “circunstâncias concretas do caso, nomeadamente a premeditação e a violência empregada na prática do facto ofensivo à liberdade sexual da vítima”, mas também de modo a “evitar que escape às malhas da lei e volte a praticar a conduta criminosa”.

O caso, tornado público na quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ), terá acontecido no domingo anterior, dia 16, em casa da vítima, de 17 anos, que alegadamente foi violada depois de ter recusado um pedido de namoro do rapaz. O crime de violação é punível com pena de prisão de 3 a 12 anos.

25 Mar 2019

Comunidades Portuguesas | Conselheiros reunidos com autarca de Águeda

[dropcap]O[/dropcap]s Conselheiros das Comunidades Portuguesas estiveram reunidos, no fim-de-semana, com uma comitiva liderada pelo presidente da câmara de Águeda, Jorge Almeida, que passou por Macau antes de seguir para a Austrália.

Em declarações ao HM, o autarca revelou que espera receber uma visita dos Conselheiros das Comunidades Portuguesas no próximo mês de Junho, após os contactos agora encetados que abrem caminho a futura cooperação.

“Estamos a tentar estabelecer pontos de concórdia que, com a toda a certeza, nos vão permitir desenvolver, nos próximos tempos, parcerias entre Águeda e Macau”, afirmou Jorge Almeida.

“Temos muitas empresas, pelo que, naturalmente, encontraremos pontos comuns que irão permitir essa cooperação”, complementou, destacando o tecido empresarial “diversificado” de Águeda e a actual fase de “franco desenvolvimento e expansão” que vive. “Penso que há terreno fértil para os empresários de Águeda poderem trazer os seus produtos para Macau, para estabelecerem parcerias e haver espaço em Águeda, inclusivamente, para possível investimento”, sustentou.

O presidente da câmara de Águeda falou ainda da “grande dinâmica cultural” de Águeda, aliás, um dos temas também abordados no encontro com José Pereira Coutinho e Armando de Jesus, a par com o investimento, exportações e geminação de cidades. Já Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia tem, de resto, prometida uma deslocação a Águeda no final de Maio, aproveitando a ida a Portugal, onde vai participar da reunião do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, mas tem outras ideias na calha. “Estou a ponderar a hipótese de organizar com uma empresária da província de Jiangsu uma iniciativa para levar 200 crianças, de todas as partes da China, a Águeda durante o festival que realizam em Julho [AgitÁgueda]. Seria a primeira actividade cultural entre Macau, China e a cidade de Águeda”, realçou.

25 Mar 2019

Fórum de Desenvolvimento | Chui Sai On em Pequim com líderes de Cantão

[dropcap]O[/dropcap]Chefe do Executivo, Chui Sai On, reuniu-se no sábado, em Pequim, com o secretário do Comité Municipal de Cantão do Partido Comunista Chinês, Zhang Shuofu, e com o presidente do município da mesma cidade, Wen Guohui, com os quais trocou impressões sobre as oportunidades geradas pela Grande Baía.

Segundo um comunicado oficial, no encontro, que teve lugar à margem da cerimónia de abertura do Fórum de Desenvolvimento da China 2019, Chui Sai On realçou que no âmbito da cooperação regional, Cantão foi sempre uma das prioridades de Macau, esperando que as relações entre ambas possam sair reforçadas com a estratégia nacional da Grande Baía, no campo da inovação, ciência e tecnologia, turismo, comércio e cultura, bem como ao nível dos assuntos relativos aos jovens.

Zhang Shuofu apontou, por seu turno, que Cantão dará o seu melhor para apoiar o desenvolvimento de Macau e tem intenções de, ao mesmo tempo, conceder condições preferenciais aos jovens de Macau que pretendam integrar o desenvolvimento da Grande Baía, dando-lhes assim mais oportunidades para empreendedorismo, emprego, estudo ou estágios, refere a mesma nota oficial.

25 Mar 2019

Governo estuda a possibilidade de implementar taxa turística

A Direcção dos Serviços de Turismo está a ponderar aplicar taxas turísticas a quem escolhe Macau como destino. Helena de Senna Fernandes traça como objectivo para o futuro tornar o território atractivo para os mercados internacionais com apostas em valências fora do sector do jogo

 

[dropcap]O[/dropcap]Governo de Macau está a efectuar um estudo para a possível aplicação de uma taxa turística no território, como acontece actualmente em Veneza (Itália) e no Japão, disse a directora dos Serviços de Turismo à Lusa. “Estamos a fazer um estudo de comparação em termos das taxas que estão a ser impostas, por exemplo, por Veneza, (…) e pelo Japão”, afirmou Helena de Senna Fernandes em entrevista à agência Lusa.

“Não tem uma data [de conclusão], mas não queremos arrastar por muito tempo, porque também queremos apresentar este estudo para que possa ser contemplado em mais pormenor”, adiantou a responsável pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST).

“Estamos a fazer uma comparação e um tipo de pesquisa: porque foram lançados e qual o resultado”, esclareceu a directora. “Sem fazermos estes estudos não podemos dizer no que vai resultar”, acrescentou.

Sobre a hipótese de ser estabelecido um limite de visitantes, uma ideia que tem sido ciclicamente discutida em Macau dada a pressão turística, Helena de Senna Fernandes sustentou que “em termos práticos, vai haver sempre dificuldades”.

“Quem é que pode entrar e quem não pode entrar? Como é que vamos fazer esta distinção entre as pessoas sem fazer muita discriminação? Tem que haver um pensamento mais profundo sobre ambos os casos”, concluiu.

Aumento exponencial

O turismo da região cresceu 211 por cento entre 1999 e 2018, passando de 11,5 para 35,8 milhões de pessoas, segundo dados avançados pelas autoridades. Os chineses constituem a esmagadora maioria dos 35 milhões de turistas que visitaram Macau em 2018, mas o Governo pretende atrair outros mercados de turismo internacional, nomeadamente o europeu. Para tal, será necessário apostar na qualificação e passar a imagem de que o território tem mais para oferecer além da indústria do jogo.

“Nós não queremos que Macau, no futuro, seja mencionado só pela indústria do jogo”, admitiu Helena de Senna Fernandes em entrevista à Lusa. Mas “esse não é um caminho fácil”, acrescentou. “Em termos de Governo, queremos ver outras indústrias a crescer, utilizando a indústria do jogo (..), tais como convenções, indústrias criativas e a indústria da gastronomia, que estamos a desenvolver muito”, explicou.

Contudo, a responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau defendeu que “é importante continuar a investir nos mercados europeus, asiáticos e americanos (…) e ter visão mais alargada do que (…) os destinos vizinhos. E para isso é importante o mercado europeu”. “A nossa ligação à Europa é importante porque foi [com] esta nossa ligação, sobretudo com Portugal, que se conseguiu o Macau de hoje. Sem esta ligação não podíamos ter este património mundial”, frisou.

“Não quer dizer que vamos transformar de repente Macau num destino completamente internacional porque para ser destino internacional temos ainda que lutar mais e há muitas coisas para fazer”, ressalvou Helena de Senna Fernandes.

Turismo inteligente

Sobre a qualificação de profissionais na área do turismo, a directora do DST admitiu a existência de desafios a superar, mas sublinhou que as autoridades estão atentas. “Eu sei que da parte da nossa indústria já se está a dizer que há carência em várias áreas e estamos a discutir a melhor forma de formar (…) as pessoas locais”, afirmou. Por outro lado, “existindo essas carências” é preciso analisar, considerou a responsável. “Se não é possível encontrar essas pessoas em Macau, como é que podemos encontrar pessoas qualificadas”.

O tratamento de dados turísticos é outra das prioridades da Região Administrativa Especial de Macau: “o turismo inteligente faz parte do grande projecto do Governo da RAEM da cidade inteligente”, afirmou. “Estamos a apostar mais, numa primeira fase, em como podemos fazer uma previsão de turistas que vão para diferentes áreas de Macau”, sustentou.

Por isso, o DST vai “lançar já, agora no primeiro trimestre, um ‘website’ que vai dar informações aos turistas sobre a previsão dos turistas nas próximas quatro horas, 24 horas e próximos sete dias, para que as pessoas possam planear melhor as suas viagens e evitar também os fluxos maiores e concentração maior e turistas”, acrescentou.

“O ‘website’ vai dar informação sobre 20 atracções turísticas de Macau. Já testámos no Ano Novo chinês, os resultados foram bastante positivos”, adiantou, referindo-se ao teste de lançamento de três projectos, previstos para este ano, em parceria com grupo Alibaba, na área do turismo: plataforma de trocas de dados do turismo, aplicação de observação dos visitantes e aplicação do fluxo de visitantes.

25 Mar 2019

Agência Lusa realiza duas conferências em Lisboa e Macau

[dropcap]O[/dropcap]presidente do Conselho de Administração da Lusa anunciou ontem que a agência vai assinalar um “ano muito específico” das relações entre Portugal, Macau e China com duas conferências internacionais, uma em Lisboa e outra em Macau.

“Vamos assinalar este ano muito específico das relações entre Portugal, Macau e China com duas grandes conferências, uma a 16 de Abril, em Lisboa, com oradores que vão falar sobre a China actual do ponto de vista político e económico, e depois em Novembro faremos uma réplica desta conferência, desta vez em Macau, com oradores internacionais”, disse Nicolau Santos.

Na base da realização destas conferências está a concretização das duas grandes áreas de intervenção da agência de notícias: “os países de língua oficial portuguesa em África (PALOP), e depois Macau e China”, disse o presidente da Lusa.

Na explicação sobre a escolha de Macau enquanto prioridade da Lusa, Nicolau Santos lembrou que “Macau foi definida por Pequim como a plataforma chinesa para a ligação aos países de língua oficial portuguesa, em particular aos países africanos” e acrescentou que a Lusa “é a única agência estrangeira no território”. Além disso, vincou, “é incontornável para os responsáveis do Governo de Macau poderem passar as suas mensagens para fora das fronteiras estritas de Macau”.

A conferência decorre dia 16 de Abril no Centro Científico e Cultural de Macau, e conta com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, do embaixador da China em Portugal, Cai Run, e do reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, para além de uma mensagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

25 Mar 2019

Presidente chinês Xi Jinping no Mónaco para visita diplomática

[dropcap]O[/dropcap]Presidente da China, Xi Jinping, começou ontem pelo meio-dia uma visita diplomática ao Mónaco, no âmbito de um périplo europeu, transformando as ruas do principado, que ficaram desertas mas enfeitadas com símbolos e cores chinesas.

Depois de uma passagem por Roma, onde selou a entrada da Itália, com a assinatura de um memorando de entendimento “não vinculativo”, no seu projecto económico chinês “nova rota da seda”, Xi Jinping chegou ao Mónaco, uma hora depois de aterrar no aeroporto de Nice Côte D’Azur.

Trata-se da primeira vez que o Presidente do país mais populoso do mundo visita o Mónaco, o Estado mais pequeno do planeta depois do Vaticano.

O governante monegasco Alberto II foi recebido em Setembro em Pequim e forjou laços com Xi, especialmente em torno do desporto.

Não está prevista qualquer conferência de imprensa para esta visita, mas há imagens oficiais.
O programa da visita prevê um almoço com 40 convidados, no qual Xi Jiping e Alberto II vão poder discutir “questões económicas e ambientais”.

Em 2018, o Mónaco assinou um acordo com o grupo chinês Huawei para tornar o principado o primeiro país totalmente coberto em 5G para as suas comunicações móveis.

O Presidente chinês iniciou na quinta-feira um périplo pela Europa, visando “consolidar o bom momento” nas relações e reforçar alianças no comércio e assuntos internacionais, informou o Governo chinês, apesar da crescente suspeição de Washington.

A viagem de Xi Jinping decorre até 26 de Março e inclui Itália, França e Mónaco. Itália foi o primeiro país membro do G7 a integrar o projecto “nova rota da seda”, de infraestruturas marítimas e terrestres, lançado por Pequim em 2013, (ver página 13).

Com este projecto, Pequim tenciona impulsionar o seu comércio com o Ocidente, apesar das reticências por parte da União Europeia.

25 Mar 2019

Tailândia vota quase cinco anos depois do exército ter tomado o poder

[dropcap]A[/dropcap]s mesas de voto abriram ontem de manhã na Tailândia para as eleições no Parlamento, o qual permanecerá, contudo, condicionado pelos militares independentemente do veredicto das urnas, quase cinco anos após o exército ter tomado o poder.

Cerca de 51 milhões de tailandeses, em aproximadamente 90.000 escolas em todo o país que começaram a funcionar às 8:00, são chamados a votar nas eleições que foram adiadas meia dúzia de vezes pela junta militar desde que assumiu o poder em Maio de 2014, quando os generais justificaram o golpe como forma de acabar com a corrupção e a instabilidade política após meses de protestos de rua.

Entretanto, a convocação das eleições, adiada várias vezes, aconteceu após uma reforma legal completa para restringir a margem de manobra dos Governos eleitos e fortalecer a interferência militar na vida política do país.

Estas eleições servem para avaliar o apoio ou a rejeição popular à junta militar e ao primeiro-ministro, o general Prayut Chan-ocha, que aspira a renovar o cargo, desta vez com a legitimidade das urnas.

O regime militar foi marcado pela intolerância em relação a qualquer forma de dissidência, o que levou centenas de pessoas às prisões.

Jogo das cadeiras

Neste sufrágio estão disputa 500 lugares na Câmara dos Deputados, dos quais 350 serão eleitos pelos círculos eleitorais, e outros 150 por listas de partidos, por um período de quatro anos.

Os deputados serão responsáveis pela nomeação do novo primeiro-ministro numa votação conjunta com os 250 senadores, que são escolhidos a dedo pela junta militar e incluirá os chefes das forças armadas.

Prayut, proposto como candidato a chefe de Governo pelo partido Phalang Pracharat, parte com vantagem para estender o seu mandato, uma vez que só precisa do apoio de 126 deputados eleitos.

A Comissão Eleitoral também colocou em prática novas regras que prejudicam os principais partidos, com regulamentos destinados a prejudicar as possibilidades do clã Shinawatra, cujas plataformas políticas venceram em todas as eleições desde 2001.

Thaksin Shinawatra e sua irmã Yingluck, cujos Governos foram depostos pelos militares em dois golpes, vivem no exílio para evitar a justiça tailandesa e são considerados inimigos pelos adeptos da monarquia e pelo comando militar.

Para ir às urnas, os Shinawatra dividiram o apoio político entre quatro formações, algumas delas novas. O Pheu Thai, que formou o último Governo democrático, é o principal partido dessa facção, que desta vez decidiu participar dividida em quatro formações para evitar a nova regra que limita o número de lugares por partido.

Acto falhado

Numa tentativa de surpreender os militares, o partido Thai Raksa Chart, uma das formações ligadas a Thaksin Shinawatra, propôs a candidatura de Ubolratana Mahidol, irmã mais velha do actual rei da Tailândia.

A candidatura não sobreviveu um dia, já que o monarca Vajiralongkorn declarou publicamente a candidatura da irmã como “inapropriada” e “contra o sistema constitucional”.

A Comissão Eleitoral apresentou uma queixa ao Tribunal Constitucional, que finalmente dissolveu o Thai Raksa Chart duas semanas antes das eleições.

O beneficiário desta situação poderá ser o Anakot Mai, partido recém-formado e liderado pelo empresário Thanathorn Juangroongruangkit, cujo sucesso entre os jovens eleitores e a sua proposta para reduzir o orçamento militar o colocou na mira dos militares.

Os Democratas, outro partido na corrida eleitoral, é tradicionalmente preferido pelas elites de Banguecoque, a mesma que apoiou o golpe, mas cujo líder, o ex-primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, anunciou a sua oposição à continuação de Prayut no cargo de primeiro-ministro.

As eleições serão as primeiras após a morte do rei Bhumibol, que morreu em Outubro 2016, após 70 anos de reinado.

25 Mar 2019

Fórmula E | Penalizações encurtam liderança de Félix da Costa

[dropcap]A[/dropcap]penalização sofrida pelo suíço Sébastien Buemi (Nissan), já após a corrida de Fórmula E de sábado na China, deixou a liderança do português António Félix da Costa (BMW) presa por apenas um ponto.

O piloto de Cascais reassumiu sábado a liderança do campeonato de Fórmula E depois de ter terminado a sexta prova, disputada na cidade chinesa de Sanya, em terceiro lugar.

Félix da Costa terminou a 3,268 segundos do vencedor, o francês Jean-Eric Vergne (DS), que foi o sexto piloto diferente a ganhar uma prova esta temporada em igual número de provas disputadas.

No entanto, Buemi sofreu dez segundos de penalização depois de ter sido considerado responsável pela colisão que deixou o brasileiro Lucas di Grassi (Audi) fora de prova na penúltima volta. Isso fez com que o piloto suíço caísse do sexto para o oitavo posto na prova.

Assim, Félix da Costa mantém os 62 pontos no campeonato, mas tem agora o belga Jerôme D’Ambrosio (Mahindra) logo atrás, com 61.

O britânico Oliver Rowland (Nissan) foi o segundo, depois de um duelo intenso com Félix da Costa que quase terminava em colisão, mas cuja investigação posterior considerou que se tratou de um “incidente de corrida”.

Este foi o terceiro pódio da temporada para António Félix da Costa, depois da vitória na abertura, na Arábia Saudita, e do segundo lugar no México.

O campeonato segue, agora, para a Europa, com Roma a acolher a sétima jornada do campeonato, no dia 13 de Abril.

25 Mar 2019

Sub-23 | Macau sofre duas goleadas e diz adeus ao Asiático da Tailândia

Comandados por Iong Cho Ieng surpreenderam na primeira parte diante do Japão, mas no segundo tempo o descalabro foi total. A derrota de ontem confirmou diante do Myanmar foi a confirmação do adeus ao Asiático

 

[dropcap]C[/dropcap]om duas derrotas em outras tantas partidas no Myanmar, a selecção sub-23 de Macau ficou de fora na fase de qualificação para o Campeonato Asiático do escalão. A competição realiza-se no próximo ano na Tailândia.

A disputar o Grupo I da fase de qualificação, a selecção local foi goleada por 4-0, no Estádio Thuwunna, pelo Myanmar, que está a disputar o apuramento em casa. Mas já antes disso, na sexta-feira, a formação de Macau tinha sido massacrada pelo Japão por 8-0.

Com a selecção nipónica a ter levado de vencida, ontem, Timor-Leste, o Myanmar entrou em campo a saber que precisava de marcar pelo menos sete golos, sem sofrer, para igualar os nipónicos ao nível da diferença de golos. Caso conseguisse, poderia empatar com o Japão no encontro de amanhã, que vai decidir a equipa quem se apura directamente. A outra vai ficar dependente de ser um dos melhores segundos lugares.

Com este espírito, os birmaneses não facilitaram e adiantaram-se no marcador logo aos dois minutos, através de um canto. O defesa Ye Min Thu cabeceou na área, num lance quase a papel-químico do primeiro golo sofrido contra o Japão. A situação ficou mais complicada aos 19 minutos, com o 2-0, marcado por Win Naing Tun, de penálti. A partir deste momento o jogo acabou.

Com a mentalidade do costume, no segundo tempo Macau focou-se em defender e no segundo tempo cedeu mais dois golos, número mesmo assim superior às vezes que entrou na área adversária. Win Naing Tun, que bisou, e Lwin Moe Aung foram os autores dos golos que fizeram o 3-0 e 4-0, respectivamente.

Ligeira surpresa

Na sexta-feira, já Macau havia sofrido outra goleada por 8-0, desta feita diante do Japão, num encontro que seria sempre complicado. Contudo, o jogo até trouxe uma certa surpresa.

Com Macau a alinhar em 4-4-2, com U Wai Chon na baliza, Cheng Ka Chon, Ng Wa Seng, Un Kuong Fue Xiao Rongrui, na defesa, Ng Wa Keng, Cheong Hoi San, Wan Tin Iao, Carlos Choi, no meio-campo e Lei Chan Tou e Leong Hou In no ataque, a formação conseguiu aguentar 50 minutos sem sofrer qualquer golos.

Apesar do sufoco permanente, os comandados de Iong Cho Ieng acabariam mesmo por ceder num pontapé de canto. Foi o avançado nipónico Ayase Ueda, que desatou o encontro. Na marcação da bola parada, Ueda conseguiu saltar entre Wan Tin Iao e Un Kuong Fu e fez o 1-0, ao cabecear à entrada na pequena-área. O guardião U Wai Chong pouco mais pode fazer do que acompanhar a bola com os olhos.

25 Mar 2019

“Nova rota da seda” | Itália assina memorando de entendimento

Apesar do desagrado manifestado pelos Estados Unidos e pelas maiores potências europeias, o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, assinaram, em Roma, um acordo “não vinculativo” que torna a Itália no primeiro país do grupo G7 a participar no projecto “nova rota da seda”, desenvolvido por Pequim

 

[dropcap]O[/dropcap]s Governos italiano e chinês assinaram sábado um memorando de entendimento “não vinculativo” para selar a entrada de Itália na “nova rota da seda”, apesar das preocupações de Bruxelas e Washington.

A Itália é o primeiro país membro do G7 a integrar este projecto faraónico de infraestruturas marítimas e terrestres lançado por Pequim em 2013. Com este projecto, Pequim tenciona impulsionar o seu comércio com o Ocidente, apesar das reticências por parte da União Europeia.

O memorando de entendimento articula-se em 29 acordos em áreas como infraestruturas e energia e foram assinados em Roma, na presença do Presidente chinês, Xi Jinping, e do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, na Vila Madama de Roma.

Itália abre-se, assim, à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um programa lançado pela China para se ligar às economias ocidentais na Europa, Médio Oriente e África, que vê nos portos italianos o ponto de chegada ideal para difundir os seus produtos e investimentos.

Itália torna-se assim o primeiro país do G7, o grupo das sete democracias mais industrializadas do planeta, a apoiar este projecto. Tal é conseguido através de um memorando de entendimento que não cria vínculos jurídicos, e que aquele país europeu vê como uma lista de intenções, um “acordo programático”, como defendeu nos últimos dias o primeiro-ministro Giuseppe Conte, face aos receios suscitados.

Maus olhados

Em concreto, os Estados Unidos e importantes membros da União Europeia, como a França ou a Alemanha, vêem com certa desconfiança o projecto chinês, que suspeitam que possa vir a aumentar a influência da potência asiática no continente.

Na Europa, assinaram acordos deste tipo países como Malta, Portugal, Bulgária, Croácia, República Checa, Hungria, Grécia, Estónia, Letónia, Lituânia, Eslováquia e Eslovénia, mas a Itália é o primeiro país do G7 a fazê-lo.

Nos termos do memorando de entendimento para a “Nova Rota da Seda”, Itália e China ractificaram 29 acordos entre as suas empresas para aumentar a cooperação em sectores como o das infraestruturas, da energia, da cultura e do turismo.

25 Mar 2019

Corrida tecnológica ao 5G conta com participantes de todo o mundo

Entre suspeitas de espionagem, com a gigante chinesa Huawei a ser a principal visada, a corrida tecnológica joga-se um pouco por todo o mundo, com os Estados Unidos, o Japão, a Coreia do Sul e a China a assumirem a liderança no desenvolvimento da rede de quinta geração

 

[dropcap]A[/dropcap]rede móvel de quinta geração (5G) está a ser desenvolvida em vários países do mundo, estando os asiáticos e os Estados Unidos mais bem posicionados para vencer a ‘corrida’ tecnológica, que tem sido marcada pelas suspeitas de espionagem chinesa.

Nesta ‘corrida’ está também a União Europeia (UE), com os Estados-membros a darem passos para que o 5G seja disponibilizado, de forma comercial, em pelo menos uma cidade por país até 2020 e para que haja uma cobertura mais abrangente até 2025.

Ainda assim, os avanços são maiores fora da UE, já que “os Estados Unidos, o Japão, a Coreia do Sul e a China são os principais países em termos de desenvolvimento” desta tecnologia, admite o Observatório Europeu para o 5G no seu relatório de acompanhamento mais recente, datado de final do ano passado.

Além de monitorizar o que está a ser feito na União, este observatório criado pela Comissão Europeia acompanha a aposta no resto do mundo, indicando no relatório, a que a agência Lusa teve acesso, que “os Estados Unidos são um país muito avançado no 5G”, sendo esperado em breve que as operadoras AT&T ou Verizon o comercializem, após testes no ano passado.

Também a China está “a experimentar o 5G”, prevendo o seu lançamento comercial em 2020 através da China Unicom e da China Telecom, segundo o documento.

Antes, para o segundo semestre deste ano, é apontada a comercialização do 5G na Coreia do Sul, país que chegou a testar esta tecnologia numa zona limitada dos jogos olímpicos de Inverno, em Fevereiro do ano passado, na região de PyeongChang.

No próximo ano, esta oferta comercial deverá chegar ao Japão, com “os operadores japoneses a pretenderem lançar o 5G a tempo de acolher os jogos olímpicos e paraolímpicos de Verão em Agosto de 2020”, segundo o relatório.

“Além destes países e da UE, outros estão a planear desenvolvimentos no 5G, como a Índia, a Austrália, o Canadá, a África do Sul e os países do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e a Arábia Saudita”, aponta o mesmo documento do Observatório Europeu.

No caso da Índia, o lançamento comercial só é estimado para 2022. Entre os restantes, “o Qatar e os Emirados Árabes Unido reivindicam ter sido os primeiros a lançar o 5G”. Porém, “sem qualquer dispositivo 5G disponível até ao momento [nestes dois países], parece ter sido mais uma ‘luz verde’ para a infraestrutura do que um lançamento comercial completo”, observa o relatório.

Alvo a abater

No que toca aos principais fabricantes de equipamentos 5G, o documento aponta a Ericsson, a Huawei, a Nokia, a Samsung e a ZTE, alguns dos quais podem vir a ser lançados ainda este ano.

É, contudo, a chinesa Huawei que está no cerne da polémica, estando acusada de 13 crimes por procuradores norte-americanos, incluindo fraude bancária e espionagem industrial.

O Congresso dos Estados Unidos chegou, inclusive, a proibir agências governamentais de comprarem produtos da Huawei, ao abrigo da Lei de Autorização de Defesa Nacional, por considerar que a empresa serve a espionagem chinesa.

Ao mesmo tempo, o país tem pressionado vários outros, incluindo Portugal, a excluírem a Huawei na construção de infraestruturas para redes de 5G.

A empresa tem rejeitado alegações sobre a segurança da sua tecnologia 5G, insistindo que não tem “portas traseiras” para aceder e controlar qualquer dispositivo, sem o conhecimento do utilizador.

A Huawei informou ainda que vai processar o Governo dos Estados Unidos por ter proibido a compra dos equipamentos de telecomunicações pelos serviços públicos.

Entretanto, em meados deste mês, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Nato), Jens Stoltenberg, disse estar a ponderar eventuais acções contra a Huawei, tendo em conta as preocupações de segurança.

Também nessa altura, o Parlamento Europeu mostrou-se preocupado com a ameaça tecnológica chinesa na UE, instando a Comissão Europeia a agir perante possíveis acessos ilegais a dados em equipamentos móveis de 5G.

Já esta semana, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, pediu aos países da UE que garantam livre concorrência para as empresas chinesas, e denunciou tentativas de “afundar” grupos como a Huawei por motivos de segurança.

25 Mar 2019

“Arte Macau” arranca com duas exposições a 12 de Abril

[dropcap]É[/dropcap]já em Abril que serão inauguradas duas exposições incluídas na iniciativa “Arte Macau”, e que terão o Renascimento em Itália, a implantação da República Popular da China e a transferência de soberania de Macau como pano de fundo.

A exposição “Desenhos da Renascença Italiana do British Museum” estará patente entre 12 de Abril e 30 de Junho e irá apresentar 52 desenhos originais de 42 mestres da Renascença italiana, como Mantegna, Correggio, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Titian, Raphael e Rosso Fiorentino, e explora a importância do desenho no processo criativo dos artistas entre 1470 e 1580.

Este ano assinala-se o 500.º aniversário da morte de Leonardo da Vinci e a exposição inaugura em Abril que coincide com o aniversário do nascimento do grande mestre renascentista (15 de Abril de 1452). Além disso, e pela primeira vez em Macau, a exposição proporcionará uma experiência táctil aos espectadores com deficiências visuais através da impressão 3D e tecnologia relevante, promovendo uma experiência cultural universal.

A política chinesa merece destaque com a exposição “Beleza na Nova Era”, que marca não só os 70 anos da RPC como os 20 anos do regresso de Macau à China.

Esta mostra estará patente entre os dias 4 de Maio e 28 de Julho, tendo sido seleccionadas cerca de 90 obras a partir do acervo do Museu Nacional de Arte da China. Será mostrado o trabalho de mestres modernos e contemporâneos como Qi Baishi, Zhang Daqian, Xu Beihong, Liu Haisu, Lin Fengmian, Fu Baoshi e Li Keran, entre outros, permitindo uma visão abrangente do desenvolvimento da arte chinesa nos últimos cem anos.

Evento transversal

A iniciativa “Arte Macau” irá decorrer durante cinco meses, entre Junho e Outubro, e conta com a participação de operadoras de estâncias turísticas, hotéis integrados e consulados estrangeiros que são convidados a acolher exposições de arte simultaneamente.

O objectivo deste evento, afirma o Instituto Cultural, é “criar uma atmosfera cultural por toda a cidade e transformá-la numa galeria de arte, espalhando um irresistível ambiente artístico em todos os seus cantos”. O principal local de exposições será o Museu de Arte de Macau, podendo decorrer eventos noutros locais.

“Arte Macau” também pretende levar ao público “concertos de grande escala” protagonizados pela Orquestra de Macau e pela Orquestra Chinesa de Macau, além de estar prevista a realização da Exposição de Artes Visuais das Instituições do Ensino Superior de Macau, do Festival Juvenil Internacional de Música, do Festival Juvenil Internacional de Dança e o Festival Juvenil Internacional de Teatro.

O objectivo destas iniciativas é o de “tornar a cidade numa plataforma de intercâmbio cultural e artístico de nível mundial e de partilhar com longo e memorável Verão artístico com todos os residentes e turistas”.

25 Mar 2019

FAM | Dança e teatro protagonizam primeiros espectáculos da 30ª edição

A trigésima edição do Festival de Artes de Macau acontece entre os dias 3 de Maio e 2 de Junho e já há alguns nomes em cartaz. De Portugal chega o Teatro do Eléctrico com a peça Karl Valentin Kabarett, enquanto que de Pequim a comédia ganha forma com o espectáculo O Sr. Ma e o Filho, da BJAMC Drama

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano em que o Festival de Artes de Macau (FAM) celebra 30 anos de existência, o Instituto Cultural (IC) decidiu criar um cartaz que homenageia os clássicos. Com o tema “um tributo aos clássicos”, o programa pretende mostrar ao público um “leque de espectáculos de diferentes estilos e programa do Festival Extra e convidando o público a apreciar os clássicos”.

Os primeiros nomes já são conhecidos e trazem dança contemporânea e teatro. Vertikal é o espectáculo de dança que marca a abertura do FAM no dia 3 de Maio. Trata-se de uma co-produção de Mourad Merzouki, um conceituado coreógrafo francês, e da CCN Créteil & Val-de-Marne / Cie Käfig, considerada “uma das principais companhias de dança hip-hop de renome mundial”.

De acordo com o IC, podemos esperar uma performance em que “dez dançarinos deslizam no ar por cordas, libertando-se dos limites da gravidade para criar elementos coreográficos e produzir sequências de hip-hop únicas e contemporâneas”. O público poderá ver o espectáculo também no dia 4 de Maio, no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM).

No dia 12 de Maio é apresentado Rain, um espectáculo de dança que resulta da colaboração entre o músico contemporâneo Steve Reich, a coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker e a sua companhia de dança Rosas.

Anne Teresa, considerada pioneira no mundo da dança, traz Rain novamente a palco 18 anos depois, mostrando ao público uma dança pura e música minimalista. “Impelidos pelos tons pulsantes de Steve Reich, nove bailarinos percorrem o palco com agilidade, dançando variações infinitas de liberdade física e precisão geométrica, com uma leveza de tirar o fôlego”, descreve o IC.

Rain é também composto por “figuras matemáticas, a repetição sustentada, a ocupação geométrica do espaço, a arte da variação contínua”. “Tudo o que gradualmente se tornou a assinatura da coreógrafa, é levado ao extremo em Rain”, acrescenta o IC.

Senta-te e ri

Além da dança estão também agendadas duas peças de teatro. Uma delas irá evocar aquele que foi considerado o “Charlie Chaplin da Alemanha”, Karl Valentin, e será levada a cena pela companhia portuguesa Teatro do Eléctrico. Karl Valentin Kabarett acontece a 24 de Maio no grande auditório do CCM e “cruza várias peças curtas por ele escritas com canções populares alemãs do início do século XX, cantadas ao vivo em alemão por 11 actores e um cantor lírico, acompanhados por uma orquestra de dez músicos”. Karl Valentin Kabarett revela o “constante complexo de inferioridade” das personagens de Karl Valentin e está carregado de ironia, música, dança e teatro. A encenação desta peça está a cargo de Ricardo Neves-Neves, também fundador do Teatro do Eléctrico.

De Pequim chega também outra comédia, intitulada “O Sr. Ma e o Filho”, da companhia BJAMC. Trata-se de uma adaptação do romance de Lao She para comemorar o 120º aniversário do seu nascimento, e é uma peça que revela o intercâmbio entre a cultura chinesa e a cultura ocidental, imbuída dos reflexos da sagacidade de Pequim e do humor inglês.

A história acontece à volta do Sr. Ma, que sonha um dia vir a ser mandarim. Devido à morte do seu irmão, o Sr. Ma vai para Londres com o seu filho para assumir a gerência de uma loja de antiguidades por ele deixada, tornando-se num modesto comerciante. Pai e filho ficam hospedados em casa da Sra. Wedderburn. Com o passar do tempo, vai-se desenrolando uma história de amor satírica e agridoce. O “Sr. Ma e o Filho” é apresentado nos dias 25 e 26 de Maio no grande auditório do CCM.

O cartaz provisório do FAM encerra com o espectáculo de ópera cantonense “A Alma de Macau”, que celebra o décimo aniversário da ópera cantonense inscrita na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Esta produção de ópera cantonense foi adaptada pelo dramaturgo Li Xinhua a partir de uma peça original de um autor de Macau e contará com a interpretação de actores de Macau e da Trupe de Ópera Cantonense de Foshan, dando vida à épica história de Macau.

25 Mar 2019

CAECE | Propostas para eleger colégio eleitoral entregues até 7 de Maio

[dropcap]E[/dropcap]stá decretado o prazo de 7 de Maio para a entrega de propostas de participação, por parte de pessoas colectivas, nas eleições para compor o colégio eleitoral que irá eleger o próximo Chefe do Executivo. O sufrágio para a composição do colégio eleitoral tem lugar no próximo dia 16 de Junho. De acordo com um comunicado da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CAECE), os documentos para esse efeito estão disponíveis para levantamento junto dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP).

Os eleitores de pessoas colectivas com capacidade para votar que pretendam exercer o direito de um número máximo de 22 votos conferido por lei, podem, desde o passado dia 4 de Fevereiro, escolher entre os membros dos órgãos de direcção ou de administração que estejam em exercício, um número máximo de 22 votantes que observem o disposto nos regulamentos. Até 7 de Maio deve ser entregue a relação dos votantes nos SAFP juntamente com a “Declaração de Aceitação do Exercício do Direito de Voto em Representação da Pessoa Colectiva”.

Antes da entrega da proposta de candidatura será necessário submeter nos SAFP os dados de identificação do representante que assina o boletim antes do dia 23 de Abril.

25 Mar 2019

Europa | Divisões internas impedem definição de política comum para a China

[dropcap]O[/dropcap] antigo secretário de Estado português dos Assuntos Europeus Bruno Maçães considerou ontem que a Europa é “incapaz” de desenvolver uma política comum para a China, numa altura em que Pequim avança com as suas ambições geoestratégicas.

“É quase impossível para a União Europeia (UE) ter uma política comum para a China”, afirmou Maçães, durante a apresentação do seu livro “Belt and Road: A Chinese World Order” (Faixa e Rota: Uma Ordem Mundial Chinesa), em Pequim.

Lembrando que o sul da Europa se sente injustiçado por “regras parciais” da UE, o ex-secretário de Estado, actualmente consultor e a residir na capital chinesa, disse que é “muito tentador” para aqueles países usar a China para contrabalançar o poder da Alemanha.

“Não comprem essa ideia de que todos na Europa são europeus a pensar no continente: temos rivalidades históricas prontas a serem reabertas e revistas”, apontou.

Bruno Maçães falava nas vésperas da realização de uma cimeira do Conselho Europeu, que visa rever a política para a China, cuja rápida modernização e ascensão no espaço internacional têm suscitado preocupações entre as potências ocidentais.

No espaço de uma década, enquanto as economias europeias estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Acompanhando este desenvolvimento, Pequim passou a assumir o desejo de aproximar o país do centro da governação dos assuntos globais, abdicando do “perfil discreto” na política externa chinesa, que vigorou durante décadas, e de competir nos sectores de alto valor agregado.

Expansão em curso

Nas vésperas da cimeira desta semana, Bruxelas produziu um documento sem precedentes, que classifica a China como “rival económico” e “adversário sistémico”, que “promove modelos alternativos de governação”, e apelou a acções conjuntas para lidar com os desafios tecnológicos e económicos colocados pela China.

Mas, apesar dos protestos de vários parceiros europeus, o Presidente chinês, Xi Jinping, iniciou ontem um périplo pelo continente que deverá ser dominado pela adesão da Itália ao projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que materializa esta nova vocação internacionalista de Pequim.

Bancos e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele gigantesco plano de infraestruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas e linhas ferroviárias ao longo do sudeste asiático, Ásia Central, África e Europa.

Portugal é, até à data, um dos poucos países da UE a apoiar formalmente o projecto. As autoridades portuguesas querem incluir uma rota atlântica no projecto chinês, o que permitiria ao porto de Sines ligar as rotas do Extremo Oriente ao oceano Atlântico, beneficiando do alargamento do canal do Panamá.

O objectivo é “redesenhar o mapa da economia mundial” de forma a “colocar a China no centro”, repondo a “visão antiga do país sobre si mesmo, como nação universal”, descreveu Maçães, classificando o projecto chinês como “muito ambicioso” e um desafio à ordem mundial definida pelo Ocidente.

Com condições

O ex-secretário de Estado considerou ainda que aquela iniciativa é a resposta “certa” do país asiático para ultrapassar a “armadilha do rendimento média”, reorganizando as cadeias de distribuição globais para competir no sector tecnológico e atingir um alto nível de desenvolvimento.

“Se queres focar na produção de alta tecnologia, precisas que outros países te forneçam componentes com baixo valor agregado ou produtos agrícolas (…) ou garantir a tua segurança energética”, descreveu.

Maçães considerou que, através da concessão de crédito, a China passou a ter “muito poder” para guiar o processo de evolução de outros países na direcção que lhe interessa.

“Se quiseres abrir uma fábrica no Paquistão que se adeque aos interesses da China, tens acesso a linhas de financiamento”, explicou. “Mas se quiseres abrir uma fábrica que não se encaixa nas prioridades chinesas, o crédito está indisponível”, notou.

22 Mar 2019

Filipinas | Ex-governantes apresentam queixa contra Xi Jinping no TPI

[dropcap]D[/dropcap]Ex-funcionários do Governo filipino e um grupo de pescadores apresentaram queixa no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o Presidente chinês, Xi Jinping, por crimes contra a humanidade e danos ambientais no mar da China Meridional.

A acção, que solicita a abertura de um exame preliminar contra o Presidente chinês, foi apresentada em Haia, Holanda, na sexta-feira, indicou ontem a imprensa filipina, que publicou algumas páginas do documento.

O ex-secretário dos Negócios Estrangeiros filipino Albert del Rosario e a antiga procuradora no combate à corrupção Conchita Carpio Morales assinaram essa queixa juntamente com um grupo de pescadores afectados pelas actividades da China nessas águas.

Os requerentes acusam Xi Jinping e outros funcionários chineses de cometerem “crimes que implicam um dano ambiental massivo, quase permanente e devastador em vários países”, uma vez que a China ocupou várias ilhotas e recifes, cuja posse é disputada por vários países da região.

Os antigos funcionários do Governo filipino e os pescadores alegam que os danos ambientais começaram quando o Governo de Xi Jinping empreendeu “um plano sistemático para tomar o mar da China Meridional”, de grande importância geo-estratégica, através do qual circula 30 por cento do comércio global e abriga 12 por cento  da pesca mundial, além de possíveis depósitos de gás e petróleo.

Os signatários da acção alegam que o TPI tem jurisdição sobre o caso uma vez que “os crimes” da China ocorreram quando Manila ainda era membro do tribunal.

Em 17 de Março de 2018, o Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, retirou o país do tratado que dá jurisdição ao TPI para investigar acções criminais no seu território – com a medida a ser efectiva a partir da mesma data do ano seguinte. A saída foi oficializada no passado domingo.

22 Mar 2019