Hoje Macau Manchete SociedadeProstituição | Acção de cooperação policial detém 18 pessoas Uma acção policial conjunta entre Macau, Hong Kong e Guangdong levou ao desmantelamento de um grupo de controlo de prostitutas, tendo sido detidas 18 pessoas. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, oito das pessoas detidas são residentes de Macau. Foram interceptados, nesta operação conjunta, 58 prostitutas e 44 clientes. O caso remonta a Maio, quando a Polícia Judiciária (PJ) iniciou a investigação, percebendo que havia várias prostitutas a procurar clientes através do mesmo website com alegadas ligações a um grupo criminoso com membros da província de Guangdong, Macau e Hong Kong. Esta segunda-feira, teve início a operação policial conjunta, com detenções de suspeitos em várias cidades da China e nas duas regiões administrativas especiais. A PJ acredita que este grupo terá iniciado o negócio das prostitutas através do website em Janeiro deste ano, tendo sido feita publicidade a mais de 2500 prostitutas, que trouxeram um lucro de 750 mil renminbis. A PJ descreveu ainda que cada prostituta tinha de pagar ao grupo 300 renminbis para ter publicidade e, assim, atrair clientes.
Hoje Macau SociedadeZona A | Admitidas 24 propostas para melhoria de diques O Governo admitiu a totalidade das propostas, 24, submetidas ao concurso público para a “Empreitada de Melhoramento de Diques na Nova Zona A – Fase II”. A abertura das propostas decorreu no passado dia 9, embora só ontem foi divulgada. Os preços propostos de construção variaram entre mais de 91 milhões e mais de 113 milhões de patacas, com os prazos gerais de construção a variar entre os 285 e 286 dias de trabalho. A obra em causa visa elevar a altura dos diques da Zona A dos Novos Aterros “conforme o padrão de prevenção de inundações com um período de retorno de 200 anos”. Esta alteração deve-se “ao desenvolvimento urbano de Macau e o surgimento de fenómenos meteorológicos extremos”, tornando-se necessárias estas alterações de acordo com as exigências previstas no “Plano decenal de prevenção e redução de desastres em Macau (2019-2028)”. A primeira fase da obra, referente ao melhoramento do dique leste-1, e com cerca de 1100 metros de comprimento, já foi concluída em 2024. A segunda fase da obra, que inclui os diques leste-2, sul-1 e sul-2, com o comprimento global de cerca de 1550 metros, deverá ter o prazo de execução aproximado de 300 dias de trabalho.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Chan Pou Sam sugere feira nocturna para mais pernoitas Chan Pou Sam, presidente permanente honorário da Associação de Promoção de Vida Social e Bem-Estar da População de Macau, defendeu a realização no território de uma feira nocturna, em formato permanente, para atrair o maior número de turistas e, assim, aumentar o número de pernoitas. Segundo o jornal Exmoo, a ausência de uma feira nocturna é uma das razões pelas quais os turistas optam por não pernoitar mais tempo em Macau. O ex-membro do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais do Instituto para os Assuntos Municipais justificou que o Governo tem um saldo orçamental sustentável para este tipo de projectos, tendo em conta que o montante disponível na Reserva Financeira ultrapassou já as 630 mil milhões de patacas, enquanto que as receitas do jogo também aumentaram em termos anuais. Além disso, Chan Pou Sam recordou que o Governo já recuperou 93 terrenos sem ocupação, com uma área total de 720 mil metros quadrados, pelo que há espaço para realizar uma feira nocturna, enquanto o corredor e paisagens à beira-rio são também espaços que podem ser utilizados, defendeu. Há, porém, um alerta deixado por Chan Pou Sam, que entende que esta feira deve ser feita fora das zonas residenciais para não incomodar a população. O ex-conselheiro do IAM destacou que deve haver uma preparação prévia para os pedidos de licença de comerciantes, questões de protecção ambiental e higiene urbana, segurança contra incêndios ou controlo de ruído, entre outras questões.
Hoje Macau PolíticaTrabalho | Nick Lei pede defesa de trabalhadores do jogo Com vários casinos-satélites a encerrar até ao final do ano, o deputado Nick Lei apelou ao Governo para garantir que os direitos dos trabalhadores destes espaços são respeitados. O pedido foi deixado através de um comunicado, depois de o deputado ter revelado ter queixas de alguns trabalhadores. Num comunicado, o deputado citou uma queixa de um alto funcionário de um casino-satélite, que apesar de ter desempenhado funções de topo e ser responsável por todos os assuntos deste espaço apenas recebia um salário do nível de gerente. Agora, como vai ser integrado numa das concessionárias, o salário e a função a desempenhar vão ser de gerente, o que significa uma despromoção, com perda de direitos. Segundo Nick Lei, esta situação é injusta porque o funcionário desempenhou funções pelas quais nunca foi devidamente pago. O deputado considera assim que a concessionária está a lidar com o caso de forma injusta, o que mostra a falta de capacidade do Governo para supervisionar o encerramento dos casinos e garantir os direitos laborais. Além disso, Nick Lei defende que o Governo precisa de continuar a prestar atenção aos resultados do recrutamento de funcionários de casinos-satélites pelas concessionárias, não só para apoiar estes trabalhadores a transitarem para as novas posições, mas também para divulgar à população como estão a decorrer as operações de mudança.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Anunciada visitada de MNE espanhol esta semana O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, realizará uma visita oficial à China entre hoje e amanhã, a convite do homólogo chinês, Wang Yi, anunciou ontem a diplomacia chinesa. Em comunicado, a diplomacia chinesa destacou os “estreitos intercâmbios” entre Pequim e Madrid e classificou Espanha como “um importante parceiro estratégico na Europa”. O porta-voz do ministério Lin Jian expressou confiança de que a visita de Albares “contribuirá para reforçar a cooperação bilateral”, salientando que os dois países “mantêm contactos de alto nível”, com uma confiança política “em consolidação” e uma cooperação prática que “tem produzido resultados frutíferos”, promovendo “o desenvolvimento económico e o bem-estar das populações de ambos os países”. Lin recordou que este ano assinala o 20.º aniversário do estabelecimento da parceria estratégica integral entre China e Espanha, sublinhando que a deslocação do chefe da diplomacia espanhola permitirá “aprofundar o entendimento e o apoio mútuos” e “impulsionar o desenvolvimento de alto nível” da relação bilateral. Segundo o porta-voz, as reuniões de Albares com dirigentes chineses abordarão “as relações bilaterais e questões internacionais e regionais de interesse comum”. A visita de José Manuel Albares ocorre seis meses depois da deslocação do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, à China, em Abril, durante a qual se reuniu com o Presidente chinês, Xi Jinping. Nessa ocasião, Sánchez descreveu a China como um “parceiro indispensável para enfrentar os desafios globais” e defendeu o aprofundamento das relações tanto a nível bilateral como no quadro europeu. A diplomacia chinesa classificou então a visita de Sánchez como “um êxito”, que demonstrou “a determinação de ambas as partes em ampliar os seus vínculos”.
Hoje Macau China / ÁsiaXiaomi | Acções caem 6% após acidente com um carro da marca As acções da tecnológica chinesa Xiaomi caíram ontem 5,71 por cento, após um acidente com um dos seus veículos eléctricos que se incendiou e provocou a morte do condutor. Segundo o portal noticioso The Paper, o condutor do modelo SU7 perdeu o controlo do veículo durante a madrugada de ontem e embateu numa avenida, na cidade de Chengdu, no centro da China, incendiando-se de imediato. Testemunhas citadas pelo mesmo meio relataram que vários transeuntes tentaram apagar o fogo e abrir as portas, chegando a partir os vidros com objectos, mas o condutor ficou preso no interior. De acordo com relatos, o automóvel circulava a uma velocidade superior a 100 quilómetros por hora no momento em que tentou desviar-se de outro carro que reduziu a marcha para virar à direita. Os bombeiros de Chengdu continuam a investigar as causas do acidente. A queda de ontem levou as acções da Xiaomi ao nível mais baixo desde Abril, quando um acidente semelhante – também envolvendo um veículo eléctrico da marca que se incendiou numa autoestrada no leste da China e causou três mortes – provocou um forte recuo no valor de mercado da empresa. Apesar disso, as acções acumulam uma valorização de 44,35 por cento desde o início do ano. Tradicionalmente associada à produção de telemóveis e dispositivos inteligentes, a Xiaomi tem apostado na diversificação do seu negócio com a entrada no competitivo sector dos veículos eléctricos, dominado na China por marcas como a BYD e a Tesla.
Hoje Macau China / ÁsiaTrocas comerciais entre Angola e China atingiram os 20,6 mil ME em 2024 Angola e China disseram ontem que atingiram uma pareceria empresarial “activa, contínua e mutuamente benéfica” destacando o volume de trocas comerciais que atingiu os 24 mil milhões de dólares em 2024. O nível da cooperação bilateral entre ambos dos países foi ontem destacado pelo presidente da Câmara de Comércio Angola – China (CAC), Luís Cupenela e pelo embaixador da China em Angola, Zhang Bin, em Luanda. De acordo a caracterização da balança de pegamento de 2023 a 2024, o volume das trocas comerciais entre Angola e China registou uma variação mínima de mais de 1 por cento de 23,8 a 24 mil milhões de dólares, mantendo o “stock” do investimento acima dos 27 mil milhões de dólares, disse o presidente da CAC. Em declarações na abertura da conferência sobre “A Influência do Setor Empresarial Chinês na Economia Nacional de Angola”, iniciativa da CAC e da TV Zimbo, que decorreu ontem em Luanda, Luís Cupenala sinalizou que aproximadamente 5 mil milhões de dólares do global do investimento chinês no país africano foram direccionados ao sector não petrolífero. “A cooperação com o gigante asiático traduz-se em benefícios e progresso mútuo, desde que saibamos com sabedoria e proficiência tirar maiores vantagens, pois a China está comprometida em buscar um desenvolvimento de alta qualidade, servindo como um pilar da estabilidade socioeconómica global”, referiu. Cupenela fez saber que mais de 500 empresas de direito angolano com capital chinês operam em Angola, “onde encontraram a sua segunda pátria e participam no quotidiano e ombro a ombro com angolanos na dinâmica económica do país”. Chama acesa Apesar das “incertezas” resultantes dos choques e instabilidade económica global, observou o presidente da CAC, a China e os empresários chineses continuam a acreditar no futuro de uma Angola comprometida com o progresso. “O nível do aprofundamento de relações de cooperação e parceria estratégica, construídas ao longo dos 42 anos, mantém a acesa a chama de contínua manutenção das trocas comerciais, dos investimentos e do benefício recíproco entre os dois países”, assinalou ainda o responsável. Zhang Bin, por sua vez, também destacou o investimento chinês em Angola e o grau de cooperação entre Luanda e Pequim referindo que nos últimos 42 anos a cooperação económica e comercial entre os dois países alcançou “progressos notáveis e levou a resultados frutíferos, visíveis e tangíveis”. O diplomata chinês assinalou a participação “activa” do seu país na reconstrução de Angola, na construção de caminhos-de-ferro, estradas, portos, aeroportos, hospitais, habitações e sistemas de distribuição de água. O comércio bilateral anual superior a 20 mil milhões de dólares bem como o stock de investimento de 27 mil milhões dólares foram igualmente enaltecidos pelo embaixador chinês, realçando ainda os investimentos nos sectores da agricultura, mineração, finanças, processamentos, parques industriais, imobiliário e serviços. “O investimento e a cooperação comercial das empresas chinesas em Angola não só criaram inúmeros postos de trabalho e receitas fiscais, como também formaram um número significativo de profissionais e técnicos qualificados, promovendo, de forma eficaz, a diversificação da economia angolana”, concluiu Zhang Bin.
Hoje Macau China / ÁsiaMulheres | Xi apela ao reforço da participação feminina na vida política Maior representatividade em cargos de poder para alcançar de facto a igualdade de género. O mote foi dado pelo Presidente chinês no seu discurso de abertura da Reunião Mundial de Líderes sobre a Mulher, em Pequim O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu ontem o reforço da participação das mulheres na política e nos processos de decisão, apelando a que os Estados “ampliem os canais” de representação feminina na governação nacional e social. “É fundamental garantir que a igualdade de género se enraíze verdadeiramente em toda a sociedade”, afirmou Xi, durante o discurso de abertura da Reunião Mundial de Líderes sobre a Mulher, que decorre em Pequim, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. O chefe de Estado chinês sublinhou que “a paz e a estabilidade são condições essenciais para o desenvolvimento integral das mulheres” e defendeu o fortalecimento dos mecanismos de combate à violência e “a todas as formas de abuso dirigidas contra elas”. Xi alertou que mais de 600 milhões de mulheres e raparigas vivem em zonas afectadas por conflitos e que uma em cada dez permanece em situação de pobreza extrema. Durante o encontro, o líder chinês anunciou uma doação de 10 milhões de dólares à ONU Mulheres, bem como uma contribuição de 100 milhões de dólares para o Fundo para o Desenvolvimento Global e a Cooperação Sul-Sul, destinada a projectos de apoio a mulheres e raparigas. Pequim vai ainda criar um centro global de formação para mulheres. Segundo a imprensa estatal chinesa, dezenas de chefes de Estado e de Governo, dirigentes parlamentares, vice-primeiros-ministros, ministros e representantes de organizações internacionais participam na reunião, organizada em parceria com as Nações Unidas, que visa impulsionar o avanço global rumo à igualdade de género. Desafios em curso A conferência decorre num contexto em que a presença feminina nos mais altos escalões da política chinesa é praticamente inexistente. Desde o XX Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, nenhuma mulher integra o Politburo, o principal órgão de decisão do país. A ausência de figuras femininas na liderança do Partido contrasta com a ampla participação das mulheres na sociedade chinesa: segundo o Banco Mundial, 62 por cento participam na força laboral. No sector empresarial, representam um quarto dos fundadores de empresas e dirigem cerca de 40 por cento das novas marcas de comércio electrónico. Apesar destes avanços, persistem desafios ligados à discriminação e à violência de género, com casos de assédio e maus-tratos que suscitaram indignação pública nos últimos anos.
Hoje Macau Via do MeioFilosofia e História: Interpretando a “Era Xi Jinping” Por Jiang Shigong Jiang Shigong (强世功, nascido em 1967) é professor da Universidade de Pequim e um dos quadros mais importantes do Partido Comunista Chinês (PCC) na área da filosofia, uma figura central no pensamento que defende um caminho de desenvolvimento distinto para a China, baseado nas suas próprias tradições e realidades, em contraponto com os modelos ocidentais. Uma leitura importante para compreender o modo como a filosofia clássica é integrada na via actualmente percorrida pela liderança chinesa e onde igualmente se referem as diferenças entre o “Ocidente metafísico” e a “China histórica”. Em 18 de outubro de 2017, o 19º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês teve início sem problemas em Pequim. Alguns meios de comunicação proclamaram que o mundo havia entrado na «era chinesa», porque o facto de «o socialismo com características chinesas ter entrado numa nova era» se refere a uma nova era não apenas na China, mas no mundo em geral. Esta nova era já foi apelidada de «era Xi Jinping» por estudiosos perspicazes na China e no exterior. Se quisermos compreender a era Xi Jinping, devemos primeiro estudar seriamente o grande discurso de Xi no 19º Congresso do Partido, “Garantir uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos e lutar pelo grande sucesso do socialismo com características chinesas para uma nova era 决胜全面建成小康社会,夺取新时代中国特色社会主义伟大胜利”. Actualmente, os media estão a divulgar análises e interpretações de especialistas, com foco nos novos conceitos, pontos de vista, ideias e medidas pronunciados no discurso, na esperança de que estes entrem nas mentes, discursos e ações de todos os membros do Partido e da sociedade em geral, tornando-se o consenso político de todo o Partido e dos vários povos de toda a nação, alinhando a liderança do Partido com o povo como um agente orgânico, unificado e ativo, realizando assim os desafios estratégicos e os planos da era Xi Jinping. Por esta razão, o relatório de Xi ao Congresso do Partido é o texto central que consolida os corações do povo na nova era e pode até ser visto como uma expressão política de como o PCC responderá à sua missão histórica nos próximos trinta anos. Se quisermos compreender o relatório ao 19.º Congresso do Partido, devemos primeiro compreender o PCC. O PCC é um partido político orientado por princípios com origem no marxismo. É uma vanguarda colectiva cujo mandato histórico, revelado pelo marxismo, é perseguido com empenho e espírito de sacrifício. É um órgão de ação política altamente secular, racional e organizado. Por esta razão, a primeira missão do Partido é resolver a tensão entre a verdade filosófica e a prática histórica, unir a verdade filosófica universal do marxismo com a realidade histórica concreta da vida política da China, produzindo linhas, orientações e políticas que possam fornecer orientações concretas na prática. Este processo é aquele em que a teoria orienta a prática e a prática testa a teoria, e onde a prática permite a avaliação, melhoramento e criação da teoria. Este processo de movimento dialéctico entre teoria e prática, filosofia e história, é precisamente a «sinificação do marxismo», que criou uma longa e rica tradição intelectual. O novo pensamento do Partido só pode ser compreendido, herdado e levado adiante quando visto dentro de uma tradição que começa com o marxismo, o leninismo, o pensamento de Mao Zedong, a teoria de Deng Xiaoping, o importante pensamento das «Três Representações», o desenvolvimento científico e o pensamento de Xi Jinping para o socialismo com características chinesas na nova era, revelado no 19.º Congresso do Partido. A tradição real à qual esta teoria está ligada é a tradição filosófica chinesa criada por Confúcio, por volta de 500 a.E.C. Noções filosóficas como «estudo» e «conhecimento» devem ser integradas com ideias de «prática» e «acção» a partir de práticas concretas da vida, e somente quando «estudamos e, na altura certa, praticamos o que estudamos 学而时习之», somente com «a unidade do conhecimento e da acção 知行合一» podemos obter o verdadeiro conhecimento. Por esta razão, o povo chinês sente que a filosofia não é apenas «conhecimento», tal como entendido na tradição metafísica ocidental como teorias e investigação produzidas por académicos, mas é, em vez disso, algo que revela um mandato histórico e consolida o consenso político de todo o Partido e do povo e que, por esta razão, se torna um guia para a acção. Uma razão importante pela qual os ocidentais têm dificuldade em compreender as teorias do PCC é que a sua forma filosófica de pensar tem sido condicionada pela tradição metafísica do Ocidente. Estão habituados a um processo lógico que procede de conceito em conceito e, por isso, não conseguem compreender verdadeiramente a tradição filosófica chinesa da «unidade do pensamento e da acção». Não conseguem ligar conceitos teóricos à prática histórica concreta e não conseguem compreender as estratégias interpretativas únicas que a tradição filosófica chinesa sempre empregou. Por esta razão, se quisermos compreender a era Xi Jinping anunciada pelo seu grande relatório ao 19.º Congresso do Partido, bem como a missão histórica da era Xi Jinping e o Pensamento Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era desenvolvido para cumprir esta missão histórica, então devemos ter não só uma abordagem filosófica, mas também, e mais importante, uma abordagem histórica. Este grande relatório ao 19.º Congresso do Partido foi escrito de forma a integrar filosofia e história, ligando assim reflexões filosóficas universais à prática histórica concreta. O posicionamento histórico da era Xi Jinping: do tempo natural ao tempo político Do ponto de vista da minha investigação, o grande relatório do 19.º Congresso do Partido posiciona, na verdade, a era Xi Jinping na história de quatro maneiras. A primeira é a sua posição na história do PCC e na história da RPC. O relatório indica claramente que: «O socialismo com características chinesas entrou numa nova era, o que significa que o povo chinês, que sofreu durante muito tempo na era moderna, deu agora um grande salto, passando de se levantar 站起来, a enriquecer 富起来, a tornar-se forte 强起来.» «Levantar-se», «enriquecer» e «tornar-se forte» são formas de dividir as histórias do nosso Partido e da nossa República, referindo-se, respectivamente, à era de Mao Zedong, à era de Deng Xiaoping e à era de Xi Jinping em que estamos a entrar. Estas divisões não são as compreendidas pelos historiadores académicos, mas devem ser analisadas de um ponto de vista político. Utilizar divisões históricas para expressar o pensamento político é um método básico empregado pela filosofia tradicional chinesa. A civilização ocidental é construída sobre uma tradição filosófico-teológica de antagonismos binários, entre fenómeno e existência, vida na terra e vida no céu. Na tradição cristã, o objectivo final e o significado da existência humana vêm de Deus no céu, razão pela qual o objectivo final da luta ocidental é chegar à realização de várias versões do “fim da história”. Mas, na tradição da civilização chinesa, os reinos mundano e sobrenatural não estão estritamente separados, e ambos são absorvidos num mundo completo onde o céu e a humanidade são um só. O objectivo e o significado da vida para o povo chinês não era como chegar ao céu, mas sim como localizar um significado universal e duradouro dentro do «universo família-Estado 家国天下» historicamente existente. Por esta razão, os chineses, e especialmente os políticos, procuravam todos deixar o seu nome na história através de realizações profissionais. E o objectivo dos historiadores chineses não era uma simples pesquisa de factos objectivos, como enfatizado pelos historiadores modernos, mas sim uma busca filosófica por valores universais e significado nos registos factuais. Ditos como «os Seis Clássicos são todos histórias 六经皆史» e «os clássicos e a história são um só 经史不分» confirmam esta ideia. Por esta razão, a construção da legitimidade na ordem política chinesa deve ser, em primeiro lugar, uma construção histórica. A ordem política clássica na China começou com os Três Soberanos e os Cinco Imperadores [aproximadamente no terceiro milénio a.C.] e os reinados de Yao, Shun e Yu [que governaram durante este período], e a razão pela qual aqueles que conquistaram o poder e governaram se autodenominavam «imperadores» era porque esperavam obter legitimidade política dos Três Soberanos e Cinco Imperadores enquanto trabalhavam para estabelecer um novo regime. Mas a ordem política moderna deve ser construída com base na história moderna da China desde 1840. Por esta razão, as divergências políticas na China também começam frequentemente a partir de diferenças nas narrativas históricas. Nos últimos anos, as inovações teóricas que vimos na China em áreas como a Nova História Qing, a história da Revolução Republicana, a história da República e a história do Partido contêm, em diferentes graus, exigências políticas veladas. Portanto, as periodizações aplicadas à história do Partido e à história republicana, as posições históricas atribuídas ao Partido e aos líderes nacionais e a construção da ordem política chinesa são extremamente importantes. Essas periodizações históricas constituem os princípios mais básicos da vida política chinesa no nível mais profundo. O prefácio da Constituição da China começa com uma narrativa histórica e, cada vez que há avanços teóricos ou revisões no Estatuto do Partido, isso requer alterações no prefácio da Constituição, o que, sem dúvida, sinaliza a transformação dos princípios políticos básicos nos princípios básicos da nação em termos da lei fundamental. Por esta razão, todos os relatórios ao Congresso do Partido começam com a história do Partido e a história do país. Eles discutem o desenvolvimento e as mudanças na linha, princípios e políticas do Partido, ajustando a periodização conforme necessário. Esta é a relação dialética entre herança e tradição na tradição teórica do Partido. A partir do relatório ao 14.º Congresso do Partido, foi empregado um novo estilo de periodização, baseado na política geracional 代际政治, relatando, respectivamente, as contribuições históricas feitas pela primeira geração da liderança coletiva central, com Mao como líder central do Partido, e pela segunda geração da liderança colectiva central, com Deng Xiaoping como líder central do Partido. Posteriormente, os relatórios ao 17.º e 18.º Congressos do Partido deram um passo adiante na sua discussão sobre «a primeira geração da liderança central colectiva com o camarada Mao Zedong como líder central do Partido», «a segunda geração da liderança central colectiva com o camarada Deng Xiaoping como líder central do Partido» e «a terceira geração da liderança central coletiva com o camarada Jiang Zemin como líder central do Partido». O uso dessa periodização histórica política geracional surgiu do contexto especial associado aos eventos de 1989 e foi eficaz na consolidação da autoridade do secretário do Partido, Jiang Zemin, dentro do Partido e na preservação da continuidade e estabilidade da política de Reforma e Abertura. Foi o desenvolvimento prolongado proporcionado por essa estabilidade política e normativa que permitiu à China realizar a transformação histórica da «China que se levantou» da era Mao Zedong para a «China que ficou rica» da era Deng Xiaoping. O povo chinês aceita prontamente a política geracional. Por um lado, a cultura confucionista chinesa enfatiza a hierarquia das relações entre mais velhos e mais jovens e, em grande medida, afirma os resultados políticos objectivos alcançados ao longo da passagem natural do tempo. Por esta razão, a política geracional é benéfica para a estabilidade política. Além disso, esta mudança geracional está em perfeita sintonia com a duração dos mandatos atribuídos aos líderes nacionais pela Constituição e constitui objectivamente uma situação política que exige uma mudança geracional. Mas a história da humanidade não respeita as divisões do tempo natural. A vida política, por sua própria natureza, não é natural, mas criada pelo homem, e a história é, em última análise, produzida pelos seres humanos. O tempo histórico não é absolutamente o tempo natural da física newtoniana, mas sim o tempo político criado pelas pessoas, e até mesmo a forma como periodizamos a história é um produto da política. Na verdade, é precisamente por causa dos diferentes períodos de tempo que se referem a missões e significados históricos desenvolvidos a partir de processos políticos que temos a distinção entre tempos antigos e modernos, ou perspetivas como «desde 1840», «desde 1949» e «desde o período da Reforma e Abertura». Pode-se dizer que a política geracional baseada no tempo natural não pode facilmente tornar-se a forma básica da construção do tempo político. Por exemplo, figuras ilustres da história política chinesa, como os imperadores fundadores Qinshihuang (秦始皇, r. 247-220 a.C.), Han Wudi (汉武帝, r. 141-87 a.C.), Tang Taizong (唐太宗, r. 626-649 d.C.) ou Song Taizu (宋太祖, r. 960-976 d.C.) não alcançaram o seu lugar na história devido à sua posição geracional, mas sim devido ao espaço histórico que abriram através das suas acções. Foram os seus próprios esforços políticos que criaram o tempo político, que mais tarde se tornou referência à medida que as pessoas estabeleceram divisões históricas.
Hoje Macau Eventos“Halftone 25” | Exposição de fotografia inaugurada hoje na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, a Exposição Fotográfica Colectiva “Halftone’ 25”, que reúne os trabalhos anuais de 23 artistas amadores e profissionais, membros da Halftone — Associação Fotográfica de Macau, com curadoria de Gonçalo Lobo Pinheiro e de Francisco Ricarte. A mostra colectiva revela um total de 23 obras, que vão desde a fotografia documental até à expressão artística, passando pela fotografia de paisagem, humana, de estúdio, conceptual, “street photography”, a cores ou a preto-e-branco. À semelhança dos anos anteriores, foram seleccionadas imagens, umas já conhecidas e outras inéditas, de autores como André Carvalhosa, António Mil-Homens, António Sotero, António Bessa Almeida, Cássia Schutt, Catarina Cortesão Terra, Carmen Serejo, Cristiana Figueiredo, David Lopo, Elói Scarva, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, Inela Kovacevic, Joana Freitas, João Miguel Barros, João M. Rato, João Palla Martins, Jorge Veiga Alves, José das Neves, José Sales Marques, Kuok Hou Tang, Nélson Silva e Nuno Calçada Bastos. A Halftone é uma associação cultural criada em 2021, sem fins lucrativos, com sede em Macau, que tem o objectivo de promover a fotografia contemporânea em todas as suas vertentes. Fundada de forma inclusiva e abrangente, está aberta a todos aqueles que tenham interesse na fotografia como expressão artística ou documental, independentemente da sua experiência ou da sua prática. Além de dinamizar o trabalho fotográfico dos seus associados, a Halftone tem ainda o propósito de organizar exposições, publicar uma revista, livros e monografias, organizar debates e desenvolver projectos pedagógicos e educativos. Esta exposição vai estar patente até ao dia 25 de Outubro, 2025.
Hoje Macau EventosFIMM | Thomas Hampson interpreta Mahler esta semana no CCM Esta quinta-feira, dia 16, actua em Macau o mundialmente reconhecido barítono Thomas Hampson, que interpretará temas de Gustav Mahler para mais um concerto integrado na 37.ª edição do Festival Internacional de Música de Macau. “Thomas Hampton Canta Mahler” conta ainda com o pianista alemão Wolfgang Rieger É mais um momento alto do cartaz da 37ª edição do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM): esta quinta-feira, 16 de Outubro, sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) aquele que é considerado um dos grandes barítonos a nível mundial, Thomas Hampson, protagonista do concerto “Thomas Hampton Canta Mahler”. A acompanhá-lo, a partir das 20h, estará o pianista alemão Wolfgang Rieger. Trata-se de um espectáculo dedicado aos “lieder” [conjunto de composições] de Gustav Mahler, regente e compositor nascido em 1860, na Boémia, e tido como um dos grandes nomes do período romântico da música clássica. Os “lieder” incluem o ciclo de canções “Des Knaben Wunderhorn (A Trompa Mágica do Jovem)”, composto e revisto entre 1892 e 1901; e ainda o ciclo de canções antigas “Lieder und Gesänge aus der Jugendzeit”, composto entre 1880 e 1889, “iluminando a intrincada poesia e as complexas paisagens psicológicas que definem a arte de Mahler”. Além disso, o programa do concerto “oferece uma viagem temática pelos cenários ‘Wunderhorn’ e ‘Lieder und Gesänge’ de Mahler”, composições “agrupadas em três capítulos – ‘Fábulas e Parábolas’, ‘Humoresques e Baladas’ e ‘Baladas e Alegorias'”, e que “traçam uma progressão do encanto pastoral e da sátira à profundidade existencial e ao anseio metafísico”. Desta forma, “o público terá ainda a oportunidade de experienciar uma mistura da sabedoria de vida e estimada musicalidade através do som da sua voz aos 70 anos”, descreve uma nota do Instituto Cultural (IC). Estudo e prémios O percurso do barítono está repleto de distinções. O IC descreve que “Thomas Hampson dedicou décadas à execução, à comunicação e ao estudo académico da arte de Mahler, conquistando a reputação de ‘cantor-erudito'”. Além disso, “obteve múltiplos doutoramentos honoris causa e recebeu numerosos prémios internacionais, incluindo o Prémio Grammy, o Prémio Edison, ou o ‘Grand Prix du Disque'”. Thomas Hampson recebeu também “inúmeras honras internacionais pela sua singular arte e liderança cultural, reflectindo plenamente o seu ilustre estatuto no círculo da música clássica”, possuindo um repertório “composto por mais de 80 papéis, e com uma discografia a incluir mais de 170 álbuns”. Thomas Hampton é ainda professor honorário de Filosofia na Universidade de Heidelberg e membro honorário da Royal Academy of Music de Londres. Possui o prestigiado título de “Kammersänger da Wiener Staatsoper” e foi nomeado “Comandante da Ordem das Artes e das Letras” pela República Francesa. É ainda co-fundador e director artístico da Lied Academy Heidelberg e, em 2003, fundou a Hampsong Foundation, através da qual utiliza a arte da canção para promover o diálogo e a compreensão interculturais. Parceria feliz Outro dos músicos que sobe ao palco do CCM, Wolfram Rieger, é um distinto pianista alemão, sendo reconhecido pela sua interpretação de “Lied”. Aperfeiçoou a sua arte aulas com Elisabeth Schwarzkopf, Hans Hotter e Dietrich Fischer-Dieskau. Após concluir os estudos, Rieger começou a leccionar na Escola Superior de Música de Munique, onde fundou em 1991 a sua própria classe de Lieder para cantores e pianistas. É Professor de “Lied” na Escola Superior de Música Hanns Eisler de Berlim desde 1998, e dá masterclasses em todo o mundo. Muito requisitado como parceiro de recitais e músico de câmara, Rieger actua em salas de renome como o Wigmore Hall, o Carnegie Hall, o Konzerthaus de Viena e em festivais como a Schubertiade de Feldkirch e Salzburgo. Entre os seus colaboradores destacam-se Thomas Hampson, Thomas Quasthoff, Brigitte Fassbaender e Matthias Goerne. As suas reconhecidas gravações valeram-lhe distinções como a Medalha Hugo Wolf e a Medalha da Associação Franz Schubert de Barcelona. Os preços dos bilhetes para este recital variam entre 150 e 400 patacas.
Hoje Macau PolíticaDSAJ | Serviços digitais de notariado lançados Foram ontem lançados serviços digitais de notariado pela Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), num processo que será faseado. Segundo um comunicado, os serviços dizem respeito a quatro áreas, nomeadamente escrituras, averbamentos, pedidos online de serviços do notariado e disponibilização da plataforma electrónica para pedido de registo a usar pelos notários privados. Ontem, o 2.º Cartório Notarial fez o lançamento do serviço de escrituras electrónicas, alargando-se esse serviço ao primeiro cartório, ao Cartório Notarial das Ilhas e aos notários privados. Segundo a DSAJ, este serviço “permite a recolha, por via electrónica, das assinaturas de todos os outorgantes, nas quais será colocada a assinatura electrónica qualificada do notário” a fim de prevenir “a viciação de documentos e assegurar a autenticidade dos mesmos”. Também ontem, foi lançado o serviço de averbamento electrónico “que se aplica a todas as escrituras electrónicas e em papel, desde que as respectivas imagens digitais tenham sido arquivadas no Sistema do Notariado”. No próximo mês de Dezembro, os cartórios notariais passam a aceitar pedidos online de serviços de notariado, sendo que os residentes podem recorrer à plataforma da Conta Única de Macau para pedir serviços relativos às escrituras de compra e venda, ou de constituição de hipoteca de imóvel, procurações e documentos autenticados (termos de autenticação). A DSAJ disponibiliza ainda uma plataforma online para que notários privados possam tratar dos pedidos de registo predial e comercial.
Hoje Macau Sociedade929 Challenge | Mais de 400 equipas chinesas e lusófonas O ‘bootcamp’ que decorre ‘online’ do 929 Challenge em Macau começou ontem, tendo atraído mais de 400 equipas e ’startups’ chinesas e dos países lusófonos, uma subida de mais de 25 por cento em comparação com 2024, sublinhou a organização. A última edição da competição para ‘startups’ chinesas e dos países de língua portuguesa tinha registado um máximo, com mais de 1.600 participantes em mais de 320 equipas. “Este interesse crescente reflecte o reforço das ligações entre os países de língua portuguesa e os ecossistemas de inovação da China, um progresso que estamos gratos por testemunhar através da colaboração contínua e da aprendizagem partilhada entre regiões”, sublinhou a organização, na rede social Instagram. Desde ontem e durante duas semanas, as 402 equipas inscritas na quinta edição vão participar todos os dias, num ‘bootcamp’ ‘online’ das 19:00 às 21:00. Até 11 de Outubro, as equipas terão uma série de palestras, sessões de mentoria e ‘workshops’ “concebidos para ajudar as equipas a moldar, validar e fortalecer modelos de negócio sustentáveis”. Os melhores 16 planos – oito de empresas e oito de universitários – terão 10 minutos para convencer o júri da 929 Challenge e potenciais investidores na final, em 30 de Novembro. A quinta edição do 929 Challenge em Macau incluir o prémio ‘Future Builders’ (Criadores do Futuro), para a melhor ‘startup’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste. Parceiros e projectos Em Junho, durante a apresentação da competição, Marco Duarte Rizzolio, cofundador da 929 Challenge, disse à Lusa que o prémio foi criado para encorajar os participantes dos países lusófonos menos desenvolvidos. Em 2024, o 929 Challenge não recebeu quaisquer projectos de Timor-Leste ou de São Tomé e Príncipe. A ‘startup’ portuguesa Iplexmed, que desenvolve dispositivos de diagnóstico genético rápido, venceu a edição do ano passado, enquanto a também portuguesa NS2, que fornece soluções inteligentes para monitorizar a qualidade da água para uma aquicultura sustentável, ficou em terceiro. Bruno Ferreira, cofundador da Iplexmed, será um dos mentores do ‘bootcamp’ deste ano. A única vez que uma equipa dos PALOP e de Timor-Leste chegou aos finalistas foi logo na primeira edição, lançada em 2021, em plena pandemia de covid-19, então apenas direccionada a estudantes universitários. Um projecto da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau para instalar painéis solares na região de Gabu, no leste do país, ficou em segundo lugar. “No final, quem ganha muitas vezes são equipas que têm já produtos maduros, serviços maduros”, explicou Rizzolio. Este ano a competição tem novos parceiros, incluindo a StartupPorto, a Cabo Verde Digital e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique. O concurso é coorganizado pelo Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) e por várias instituições da região administrativa especial chinesa, incluindo todas as universidades locais.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | Pequim saúda libertação de reféns israelitas em Gaza A China saudou ontem a libertação de reféns israelitas pelo grupo islamita palestiniano Hamas, o primeiro passo do plano do Presidente norte-americano, Donald Trump, para pôr fim a dois anos de guerra em Gaza. “A China saúda e apoia todos os esforços que conduzam à restauração da paz e ao alívio da crise humanitária” na Faixa de Gaza, disse o porta-voz dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, numa conferência de imprensa diária. “A prioridade é o estabelecimento de um cessar-fogo abrangente e duradouro o mais rapidamente possível”, acrescentou, reiterando a posição de princípio da China a favor de uma solução de dois Estados. O Hamas libertou ontem os últimos 20 reféns israelitas mantidos na Faixa de Gaza. As autoridades israelitas anunciaram o regresso dos primeiros sete reféns sobreviventes antes das 10:00. Segundo a emissora pública israelita, o outro grupo de 13 reféns foi entregue, como acordado, à Cruz Vermelha Internacional no sul da Faixa de Gaza e que devem ser entregues ao Exército israelita “em breve”.
Hoje Macau Manchete PolíticaMacau | Dança folclórica portuguesa inscrita como Património Cultural Intangível Macau anunciou ontem a inscrição de 12 manifestações, incluindo a dança folclórica portuguesa e os pastéis de nata locais, inspirados pelo pastel português, na Lista do Património Cultural Intangível da região semiautónoma chinesa. A inscrição foi confirmada num despacho, assinado pela secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, com data de 26 de Setembro, mas que só foi hoje publicado no Boletim Oficial de Macau. A Lista do Património Cultural Intangível do território passa a incluir também a confecção de massas Jook-Sing (uma rara especialidade feita com ovos de pato), biscoitos de amêndoa, bolos de casamento tradicional chinês e pastéis de nata. Os pastéis de nata de Macau, inspirados pelo pastel português, foram inventados por um britânico radicado na cidade, Andrew Stow (1955-2006). A lista inclui ainda a crença e costumes de Tou Tei (o deus chinês da Terra), o festival e a regata de barcos-dragão, a dança do dragão, a dança do leão, o Festival da Primavera (que inclui o Ano Novo Lunar) e a arte marcial Tai Chi.
Hoje Macau SociedadeAlfândega | 21 pessoas detidas por circular livros com pornografia Os Serviços de Alfândega de Gongbei dizem ter detido 21 pessoas em dois anos por terem feito circular 25.299 exemplares de livros considerados “obscenos”, ou seja, com conteúdos pornográficos. Segundo um comunicado das autoridades, foram realizadas, durante este período de tempo, três rondas de operação no combate a este tipo de crime, sendo que a primeira acção do género realizou-se a 13 de Março de 2023. Nessa altura, foi interceptado um condutor transfronteiriço que tentava entrar em Macau através do Posto Fronteiriço de Hengqin com 86 livros no carro. Mais tarde, a polícia anti-contrabando conseguiu descobrir o empregador deste homem. Percebeu-se que o condutor transfronteiriço já tinha conseguido transportar 894 livros “obscenos” para o Interior da China. Posteriormente, foi descoberto outro grupo a realizar este tipo de contrabando, com redes em Zhuhai e Foshan, e que tinha ligação a este empregador. O grupo foi desmantelado pelas autoridades em Junho de 2023. Por sua vez, em Agosto do ano passado foi descoberto mais um homem que manteve contactos estreitos com este grupo, tendo sido também detido. Nessa altura, foi também desmantelado outro grupo que fazia circular livros “obscenos” por via marítima. Contrabando | 18 casos nas últimas duas semanas Os Serviços de Alfândega (SA) dizem ter descoberto, nas últimas duas semanas, 18 casos de contrabando nos Postos Fronteiriços das Portas do Cerco e da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau, isto entre os dias 26 de Setembro e 9 de Outubro. Segundo um comunicado dos SA, foram descobertos 991 telemóveis antigos, 9,16 quilos de alimentos não declarados, nove garrafas de licor chinês, 6006 gramas de charutos e 68 produtos cosméticos por contrabandistas interceptados. Os SA informaram ainda que os contrabandistas são residentes de Macau, Hong Kong e Interior da China, tendo sido acusados com base na Lei do Comércio Externo.
Hoje Macau PolíticaMulheres | Tina Ho fala em “período dourado” A presidente permanente da Associação Geral das Mulheres, Tina Ho, considera que os assuntos relacionados com as mulheres, em Macau, têm hoje uma crescente importância, atravessando um “período dourado” graças ao princípio de um país, dois sistemas e ao apoio concedido pelo Governo Central desde o retorno do território à China. Esta ideia surge num comunicado divulgado pela Associação Geral das Mulheres no âmbito da realização da reunião de “Líderes Globais sobre Mulheres”, que começou ontem e termina hoje, e onde participou Tina Ho. No evento, esta dirigente destacou o facto de ter visto avanços na mudança em torno dos assuntos sobre mulheres nos últimos 30 anos, tendo concluído que as mulheres de Macau estão hoje mais activas em diversas áreas, actuando com mais confiança e de forma independente. Desta forma, Tina Ho considera que, actualmente, as mulheres em Macau são “forças importantes para impulsionar a prosperidade e o progresso da RAEM”.
Hoje Macau PolíticaEmpresas | Internacionalização encarada como oportunidade O secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa considerou ontem que a campanha de subsídios até 107 mil euros para a internacionalização de empresas em Macau é “uma grande oportunidade para lojas portuguesas”. “É uma grande oportunidade para lojas portuguesas que pretendam internacionalizar-se na Ásia; Macau é uma montra para a China e um local onde os turistas procuram entretenimento e compras”, disse Bernardo Mendia, acrescentando que “uma boa experiência em Macau é um passo seguro para entrar depois na China”. Em declarações à Lusa, na véspera da apresentação do programa que vai entrar em vigor em Novembro, Bernardo Mendia explicou que o apoio até um milhão de patacas, cerca de 107 mil euros, atribuído pelas autoridades chinesas, serve para as empresas internacionais que queiram expandir a sua presença para Macau, mediante certas condições, que no caso das marcas portuguesas e espanholas são atenuadas. “Se as empresas forem de países de língua portuguesa ou espanhola, os requisitos do regulamento são menos apertados, bastando que seja recomendada por uma câmara de comércio”, disse o empresário, salientando que, apesar de o objectivo das autoridades ser atrair marcas de renome mundial para Macau, no caso das empresas portuguesas e espanholas “o critério para obter o subsídio é mais fácil de cumprir”. Além disso, sublinhou, “em Macau existem bancos portugueses, serviços jurídicos, contabilistas e demais prestadores de serviços profissionais essenciais à internacionalização das marcas portugueses”. A iniciativa será apresentada hoje em Lisboa e, depois, também no Porto, Madrid e Barcelona durante esta semana, contando com a presença de responsáveis do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento (IPIM).
Hoje Macau SociedadeTransacções suspeitas nos casinos caem 9,5 por cento até Setembro O número de transacções suspeitas registadas nos casinos caiu 9,5 por cento nos primeiros nove meses de 2025, em comparação com igual período do ano passado, de acordo com dados oficiais. O Gabinete de Informação Financeira (GIF) referiu que as seis operadoras de casinos submeteram, no total, 2.751 participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo. Num comunicado divulgado na quinta-feira, o GIF apontou “a diminuição do número de participações de transacções suspeitas reportadas pelo sector do jogo” até Setembro como a principal razão para uma queda de 8,9 por cento no número total. Entre Janeiro e Setembro, o gabinete recebeu 4.118 participações, sendo que 73,3 por cento vieram das concessionárias de casinos, enquanto 21 por cento vieram de bancos e seguradoras e 5,7 por cento de outras instituições e entidades. Os sectores referenciados, incluindo lojas de penhores, joalharias, imobiliárias e casas de leilões, são obrigados a comunicar às autoridades qualquer transacção igual ou superior a 500 mil patacas. Em 2024, o GIF tinha recebido 5.245 participações, sendo que a maioria veio dos casinos do território: 3.837, mais 11,8 por cento do que no ano anterior e um novo recorde. Todos de acordo Segundo o relatório anual do GIF, Macau era o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais (GAFI) que cumpria “todos os 40 padrões internacionais” sobre a prevenção da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massa. O gabinete assinou acordos para a troca de informação com 33 países e territórios, incluindo a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária de Portugal, em 2008, a Unidade de Informação Financeira do Banco Central de Timor-Leste, em 2018, e, em 2019, o Conselho de Controlo de Actividades Financeiras do Brasil e a Unidade de Informação Financeira de Cabo Verde. Em Julho, o GIF disse que tinha ultimado os procedimentos para assinar, também com Angola, um acordo de troca de informações para prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição em massa. O gabinete disse que o acordo esteve na mesa num encontro com representantes da Unidade de Informação Financeira da República de Angola, à margem da reunião do Grupo Egmont entre 6 e 11 de Julho, no Luxemburgo. O Grupo Egmont é uma organização internacional de luta contra a lavagem de dinheiro, que reúne 181 unidades de informação de todo o mundo.
Hoje Macau PolíticaMacau | Contas públicas com prejuízo em Setembro As contas públicas de Macau revelam que a região perdeu 57,4 milhões de patacas em Setembro, após uma revisão do orçamento para reforçar os apoios sociais. De acordo com dados publicados ‘online’ pela Direção dos Serviços de Finanças (DSF), o território registou nos primeiros nove meses do ano um excedente nas contas públicas de 14,8 mil milhões de patacas. No entanto, este valor representa uma queda de 0,39 por cento em comparação com o final de Agosto, quando Macau tinha um excedente de 14,9 mil milhões de patacas. Ainda assim, o excedente entre Janeiro e Setembro foi 3 por cento maior do que no mesmo período do ano passado e já é mais do dobro do que a previsão inicial do Governo para todo o ano de 2025: 6,83 mil milhões de patacas. Macau fechou 2024 com um excedente de 15,8 mil milhões de patacas, mais do dobro do registado no ano anterior. O prejuízo registado em Setembro deveu-se às despesas públicas, que aumentaram 18,6 por cento em apenas um mês, atingindo 68,2 mil milhões de patacas. A principal razão para esta subida foram os gastos em apoios e subsídios sociais, que cresceram praticamente um quarto (24,9 por cento) em comparação com Agosto, para 38,7 mil milhões de patacas. No início de Julho, o parlamento de Macau aprovou uma proposta do Governo para aumentar em 2,86 mil milhões de patacas nas despesas previstas no orçamento, para reforçar os apoios sociais. A revisão inclui a criação de um subsídio, no valor total de 54 mil patacas, para as crianças até aos três anos, numa tentativa de elevar a mais baixa natalidade do mundo. Também os gastos com o Plano de Investimentos e Despesas da Administração subiram 11,9 por cento em comparação com Agosto, para 12,3 mil milhões de patacas. O aumento da despesa foi equilibrado pela receita corrente de Macau, que subiu 1,6 por cento nos primeiros nove meses do ano, para 82,6 mil milhões de patacas. A principal razão para o aumento foi um acréscimo de 6 por cento, para 70,4 mil milhões de patacas, nas receitas dos impostos sobre o jogo – que representam 85,2 por cento do total. As seis operadoras de jogo da cidade pagam um imposto directo de 35 por cento sobre as receitas do jogo, 2,3 por cento destinado ao Fundo de Segurança Social de Macau e ao desenvolvimento urbano e turístico, e 1,6 por cento entregue à Fundação Macau para fins culturais, educacionais, científicos, académicos e filantrópicos. As receitas totais dos casinos de Macau atingiram 181,3 mil milhões de patacas nos primeiros nove meses do ano, mais 7,1 por cento do que no mesmo período de 2024.
Hoje Macau China / ÁsiaCidade japonesa desafia habitantes a limitar uso de smartphones a duas horas diárias A cidade de Nagoya lançou uma directiva que pede aos residentes que limitem o uso de smartphones a duas horas diárias, numa medida que, embora não resulte em multa, tem como objectivo promover uma relação mais saudável com os ecrãs. Masafumi Kouki, presidente da câmara desta localidade, explicou à agência France-Presse (AFP) que se preocupava há vários meses com os “efeitos negativos do uso excessivo de smartphones, particularmente o declínio acentuado da comunicação humana directa”. “Mesmo nos comboios, todos ficam a olhar para os telemóveis, já ninguém fala com os outros. Queria criar uma oportunidade para os nossos moradores reflectirem”, confidenciou durante uma entrevista. Uma “lei local” sobre o uso adequado de telemóveis, computadores portáteis e tablets foi aprovada pela câmara municipal por 12 votos a 7, antes de entrar em vigor na semana passada — aplicando-se tanto a adultos como a crianças. Neste subúrbio de Nagoya, uma metrópole industrial no centro do Japão, o objectivo não é impor penalizações por exceder o limite, mas sim incentivar a auto-regulação. Quando a lei foi proposta pela primeira vez, “a oposição foi quase unânime” na cidade, mas muitos cidadãos mudaram de ideias quando souberam que o “limite diário” não inclui o tempo de trabalho ou de estudo e que é uma recomendação, diz o autarca. Não o suficiente para convencer todos os cerca de 68 mil habitantes de Toyoake. “Hoje em dia, fazemos tudo — estudo, entretenimento, comunicação — com um único smartphone”, defendeu Shutaro Kihara, um estudante de Direito de 22 anos, que considera a regulamentação “bastante inútil ou ineficaz” para os jovens. A vereadora Mariko Fujie, de 50 anos, votou contra, considerado que, embora o uso excessivo de smartphones seja um problema social que merece ser abordado, tem “fortes reservas quanto à ideia de regular o tempo livre das pessoas através de um decreto”. O aluno da escola primária Ikka Ito, que joga videojogos perto de uma estação de comboios local, diz que usa o telemóvel quatro a cinco horas por dia. “Comecei a reduzir voluntariamente o meu tempo de ecrã desde o anúncio”, sem que os pais o solicitassem, garantiu. Bons sonos Com o objectivo de melhorar o sono, o projecto de lei recomenda que os alunos do ensino básico evitem os ecrãs após as 21:00, enquanto os alunos do ensino básico e mais velhos são encorajados a desligá-los após as 22:00. Investigações revelaram que os japoneses dormem menos do que as pessoas de outros países desenvolvidos, muitas vezes devido às longas jornadas de trabalho. Estudos mostram também que, além de interferir com o sono, que pode afectar a saúde mental, o uso intensivo das redes sociais está associado à solidão, depressão e ansiedade. O presidente da câmara tem dois filhos, de 10 e 7 anos, que não têm smartphone, embora o mais velho por vezes peça emprestado o da mãe, e a sua família evita agora os ecrãs durante as refeições.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang | Revelado míssil “mais poderoso” do país em desfile O desfile militar levado a cabo na capital da Coreia do Norte para celebrar os 80 anos do Partido dos Trabalhadores não contou com a presença de Xi Jinping e de Vladimir Putin A Coreia do Norte apresentou o “mais poderoso sistema de armas nucleares estratégicas” do país num desfile militar em Pyongyang para assinalar o 80.º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, informou sábado a agência noticiosa estatal. “Quando o míssil balístico intercontinental Hwasong-20, o mais poderoso sistema de armas nucleares estratégicas da Coreia do Norte, entrou na praça, o entusiasmo do público atingiu o auge”, indicou a KCNA sobre o desfile de sexta-feira à noite, que contou com a presença do líder Kim Jong-un. Trata-se da primeira aparição pública deste míssil, que alguns especialistas dizem que poderá ter várias ogivas, permitindo atacar múltiplos alvos em simultâneo e ultrapassar sistemas antimíssil. Embora o Hwasong-20 procure aumentar o alcance e a capacidade de destruição dos antecessores, ainda não foi testado, pelo que as capacidades operacionais deste não podem ser confirmadas. O evento contou com a presença do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e do vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev. No entanto, não estiveram presentes o Presidente da China, Xi Jinping, e o homólogo russo, Vladimir Putin, apesar das especulações de que Pyongyang os teria convidado. Kim Jong-un presidiu ao desfile a partir da tribuna central da Praça Kim Il-sung, onde, durante um discurso, sublinhou que as forças armadas norte-coreanas devem “evoluir continuamente para uma força invencível” que elimine qualquer ameaça, ainda de acordo com a KCNA, citada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap. Kim não mencionou Seul ou Washington no discurso, limitando-se a referir a luta contra a hegemonia de uma forma geral. Sinais de força Recentemente, a Casa Branca deixou em aberto a possibilidade de negociações com Pyongyang sem condições prévias, o que parece dar a entender que a questão da desnuclearização poderia ser retirada das conversações iniciais, de acordo com as exigências norte-coreanas. Seul, por seu lado, tem continuado a enviar sinais de abertura ao diálogo, que o regime norte-coreano continua a ignorar. Medvedev afirmou que as unidades norte-coreanas enviadas para Kursk, para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia, marcharam no desfile, como citado pela agência de notícias russa TASS. Mísseis hipersónicos, mísseis de cruzeiro estratégicos de longo alcance, sistemas antiaéreos, tanques de nova geração Chonma-20 e lançadores múltiplos também foram exibidos durante o desfile, segundo a KCNA.
Hoje Macau China / ÁsiaChina defende novo controlo com impacto “muito limitado” no abastecimento O Ministério do Comércio da China defendeu ontem a legitimidade das novas restrições impostas esta semana à exportação de terras raras, assegurando que o impacto nas cadeias de abastecimento vai ser “muito limitado”. As medidas são “uma acção legítima do Governo chinês para afinar o sistema de controlo das exportações em conformidade com as leis e os regulamentos”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio em comunicado. “Os controlos de exportação da China não são proibições de exportação e serão concedidas licenças para pedidos elegíveis”, disse o porta-voz, acrescentando que Pequim informou antecipadamente os parceiros comerciais das medidas, “através de mecanismos de diálogo bilateral”. “As empresas não devem estar preocupadas”, sublinhou o porta-voz. Pequim argumentou mais uma vez que as restrições têm como objectivo impedir que as terras raras e respectivos produtos de transformação sejam utilizados para produzir artigos militares ou de defesa, a fim de “defender a paz mundial, a estabilidade regional e cumprir as suas obrigações internacionais em matéria de não proliferação”. O ministério indicou que a China avaliou exaustivamente o impacto potencial das novas restrições nas cadeias industriais e de abastecimento e que este “é muito limitado”. Novas tarifas As autoridades chinesas anunciaram, na quinta-feira, uma nova ronda de restrições à exportação de terras raras, essenciais para o fabrico de tecnologia avançada, e acrescentaram cinco novos metais à lista de produtos controlados. A China, que controla mais de 70 por cento da produção mundial e quase 90 por cento da transformação deste material estratégico, impôs restrições à exportação como moeda de troca desde que os Estados Unidos iniciaram a guerra tarifária, em Abril, embora tenha recentemente flexibilizado as medidas, no âmbito da trégua comercial entre as duas potências. As terras raras têm sido um ponto de fricção nas recentes negociações comerciais sino-americanas, com Washington a acusar Pequim de atrasar deliberadamente a aprovação de licenças de exportação. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na sexta-feira a imposição de uma sobretaxa de 100 por cento a importações da China, a partir de Novembro, em resposta a medidas comerciais “extremamente hostis” de Pequim. A partir de 01 de Novembro – ou até antes, “dependendo de quaisquer ações ou alterações futuras tomadas pela China” – os Estados Unidos imporão “uma tarifa de 100 por cento à China, além de qualquer tarifa que estejam actualmente a pagar”, afirmou Trump na rede social Truth. Também no início do próximo mês, adiantou o republicano, Washington imporá controlos de exportação para Pequim sobre “todo e qualquer software crítico”. O anúncio de Donald Trump é um exemplo típico de ‘dois pesos, duas medidas'”, reagiu a China. O Ministério do Comércio chinês considerou que as acções de Washington “prejudicam gravemente os interesses da China e minam (…) o clima das discussões económicas e comerciais entre as duas partes”. “Ameaçar constantemente com direitos aduaneiros elevados não é a abordagem correcta para cooperar com a China”, acrescentou o ministério, em comunicado. As novas medidas surgem pouco antes da reunião dos líderes da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC, na sigle em inglês) na Coreia do Sul, onde se esperava um possível encontro entre os presidentes dos dois países, mas que foi agora posto em causa.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Manila e Pequim trocam acusações por colisão entre barcos As autoridades filipinas acusaram ontem um navio chinês de ter “deliberadamente” colidido com uma embarcação de Manila perto de uma ilha disputada no Mar do Sul da China, enquanto Pequim culpou as Filipinas por serem “totalmente responsáveis” pela colisão. Os incidentes marítimos sino-filipinos são muito frequentes nestas águas que a China reivindica na sua quase totalidade. Segundo Manila, um navio da guarda costeira chinesa disparou primeiro com um “canhão de água” ontem de manhã contra o BRP Datu Pagbuaya, um navio pertencente a uma agência dependente do Ministério da Agricultura filipino. Apenas três minutos depois […], o mesmo navio colidiu deliberadamente com a popa do barco filipino, causando “danos menores”, sem feridos, segundo um comunicado das autoridades filipinas. A Guarda Costeira filipina especificou que o incidente ocorreu perto da ilha de Thitu, no arquipélago de Spratleys, denunciando “assédio agressivo e ameaças directas” por parte dos barcos chineses. Três navios da agência de pesca filipina estavam a distribuir ajuda aos pescadores na zona, acrescentaram. Por sua vez, a guarda costeira chinesa acusou as Filipinas de serem “totalmente responsáveis” pela colisão. O incidente ocorreu perto de Sandy Cay, quando um navio do Governo filipino “ignorou repetidamente os avisos da parte chinesa e se aproximou perigosamente do navio 21559 da guarda costeira chinesa”, disse um porta-voz da guarda costeira chinesa, Liu Dejun. “Toda a responsabilidade recai sobre a parte filipina”, acrescentou. Fotos e vídeos divulgados pela guarda costeira filipina mostram um navio da guarda costeira chinesa, com um canhão de água activado, a seguir um navio filipino.