IC | Fórum Internacional de Intercâmbio Civilizacional na próxima semana

Nos próximos dias 16 e 17 de Dezembro, Macau acolhe o primeiro Fórum Internacional de Intercâmbio Civilizacional. O evento de dois dias é uma iniciativa do Governo, organizada pelo Instituto Cultural (IC), com o apoio da Academia Chinesa de História da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

De acordo com o IC, o objectivo do evento é “promover o intercâmbio humanístico e cultural a nível internacional, narrar os percursos históricos da China e da RAEM, estabelecendo Macau como uma ligação relevante de alto nível do país na abertura ao exterior e uma janela importante para o intercâmbio e a aprendizagem mútua entre as civilizações chinesa e ocidental”.

Durante dois dias, representantes governamentais de vários países e regiões, organizações internacionais e especialistas nacionais e estrangeiros participam em cerca de 20 sessões temáticas dedicadas à inclusão cultural, inovação e cooperação.

A realização do fórum insere-se na estratégia apontada por Pequim para Macau reforçar o papel de promotor do intercâmbio global e “estabelecer uma plataforma académica com projecção internacional, promovendo compreensão mútua e respeito entre civilizações e sublinhando o valor do encontro cultural enquanto motor de desenvolvimento humano”.

12 Dez 2025

Nam Kwong | Políticos querem preservar legado de Ke Zheng-ping

Kou Hoi In, ex-presidente do hemiciclo, defende que o espírito de patriotismo de Ke Zheng-ping, ligado ao Partido Comunista Chinês e fundador da empresa Nam Kwong em Macau, deve ser lembrado e mantido. A ideia foi defendida na conferência que marcou o 20.º aniversário da morte desta personalidade, que era tio-avô da actual secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam.

Segundo noticiou o canal chinês da Rádio Macau, mais de cem personalidades das áreas social, política e estudantil participaram no evento. Kou Hoi In destacou ainda que Ke Zheng-ping foi uma figura altruísta, solidária para com os residentes e defensora do princípio “um país, dois sistemas”.

Segundo o novo presidente do conselho administrativo da TDM, Macau tem promovido a integração do território a nível regional e é importante formar novas gerações com os valores fundamentais do patriotismo e amor a Macau. Já Leonel Alves, advogado e membro de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, recordou que Ke Zheng-ping soube criar uma ponte de comunicação com a comunidade macaense, tendo esta recebido atenção e cuidado da parte do Governo Central.

12 Dez 2025

Conselho Executivo | Peças do Museu de Macau com protecção legal

O Conselho Executivo concluiu ontem a discussão sobre três projectos de lei, um deles relativo à “Classificação do 1.º Grupo de Bens Imóveis”, visando a protecção legal de 400 peças que integram a colecção do Museu de Macau, sob tutela do Instituto Cultural (IC).

Segundo um comunicado, os bens distribuem-se por 24 categorias, sendo “espécies arqueológicas, peças de culto, objectos religiosos, porcelanas, cerâmicas, artigos de esmalte, obras de desenho, gravuras, caligrafias ou esculturas”, entre outros.

Pretende-se, assim, assegurar “o tratamento, conservação, restauro e o armazenamento adequado dos bens móveis integrantes do património cultural, com vista a evitar a sua deterioração, desvio ou perda por causas naturais ou por intervenção humana, e promover a sua utilização em actividades de investigação, exposição e educação”.

Outro diploma analisado pelo Conselho Executivo, prende-se com a revisão do regulamento administrativo relativo à lei do enquadramento orçamental, que passa pela legalização de documentos digitais e “desmaterialização dos procedimentos em suporte papel”, já a partir do dia 1 de Janeiro. Pretende-se ainda simplificar alguns procedimentos administrativos.

Outra análise que ficou concluída, realaciona-se com a revisão de um decreto-lei de 1998, relativo ao licenciamento administrativo de determinadas actividades económicas. Haverá uma consulta pública no primeiro semestre do próximo ano para a elaboração do novo “Regime para a regulação de determinadas actividades e eventos”. Com este diploma, o Governo pretende promover a “optimização do ambiente de negócios e desenvolvimento socioeconómico de Macau”.

12 Dez 2025

Zona A | Rampa e passagem para peões vai custar pelo menos 54 milhões

Uma rampa de acesso para circulação rodoviária à Zona A dos Novos Aterros e uma passagem para peões irão custar aos cofres públicos entre “mais de 54 milhões de patacas e mais de 63 milhões de patacas”, indicou ontem a Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP).

Os valores representam as propostas mais barata e mais cara apresentadas pelas empresas candidatas ao concurso público para a “Empreitada de Construção da Extensão da Rampa da Via de Acesso A1 e de uma Passagem Pedonal para Peões”. As 17 propostas, todas admitidas, foram conhecidas ontem. A obra terá um prazo de construção de 285 dias úteis.

A obra procura aperfeiçoar as ligações entre a Zona A e a península, através da “rampa de acesso, num único sentido, na actual via de acesso A1, para facilitar o acesso directo dos veículos à Avenida da Ponte Macau, no lado leste da Zona A, pelas Avenida da Ponte da Amizade e Avenida do Nordeste, e desviar os veículos que pretendem ter acesso ao Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e os que se dirigem à Taipa pela Ponte Macau”. Além disso, será construída “uma passagem pedonal desnivelada na costa da extremidade norte da Zona A dos Novos Aterros Urbanos, a qual ligará os dois lados leste e oeste da Zona A”.

12 Dez 2025

DSAL | Feiras de emprego com 500 vagas em limpeza e restauração

Abriram hoje, às 09h, as inscrições para três sessões de emparelhamento que vão disponibilizar 496 vagas de emprego nos dias 18 e 19 de Dezembro. Os interessados têm até ao meio-dia da próxima quarta-feira para se inscreverem. A primeira sessão, marcada para a manhã da próxima quinta-feira irá oferecer oportunidades para segurança e limpeza com 282 vagas, incluindo funções como agente de segurança privada, empregado de limpeza e porteiro.

Na parte da tarde do mesmo dia, as 166 ofertas de trabalho serão para os cargos de cozinheiro, padeiro, ajudante de cozinha, chefe de limpeza, empregado de restauração e operador de caixa.

No dia seguinte, 19 de Dezembro, serão oferecidos 48 postos de trabalho para cargos como gerente de turno da recepção, gerente-adjunto de restauração, chefe de serviços protocolares, chefe de restauração, cozinheiro, recepcionistas e embaixador dos serviços de restauração. As sessões de 18 de Dezembro vão decorrer no Edifício Industrial Tai Peng, no Istmo de Ferreira do Amaral, n 101 – 105 e a sessão de 19 de Dezembro está marcada para a Sala Orchid no 28.º andar do Hotel Okura.

12 Dez 2025

UPM | Estudante cria modelo de IA para novos medicamentos

Uma estudante da Universidade Politécnica de Macau desenvolveu um modelo de inteligência artificial para descobrir e optimizar fármacos, que abrem novas perspectivas clínicas em diversas áreas, das doenças oncológicas às neurodegenerativas

O trabalho de Yanan Tian, aluna do Programa de Doutoramento Conjunto entre a Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade de Coimbra (UC) e a Universidade Politécnica de Macau (UPM), promete uma nova abordagem para a concepção de fármacos com maior selectividade e eficácia clínica.

“Este trabalho propõe o modelo MMCLKin, uma estrutura baseada em métodos de inteligência artificial (IA) avançada, concebida para prever com elevada precisão e interpretabilidade a actividade e selectividade de inibidores de quinases, acelerando significativamente o processo de descoberta e optimização de novos fármacos direccionados”, explicou Yanan Tian, em comunicado da Faculdade de Ciência e Tecnologia enviado à agência Lusa.

Segundo a nota, as proteínas quinases constituem uma das classes de alvos terapêuticos mais relevantes na investigação biomédica, cujo potencial resulta do papel central que desempenham na regulação de múltiplos processos celulares, incluindo proliferação, diferenciação e morte celular. “No entanto, o desenvolvimento de inibidores altamente selectivos continua a ser um desafio, devido à forte conservação estrutural entre as quinases e ao elevado custo dos ensaios experimentais”, referiu.

Os resultados da investigação realizada sob a orientação dos professores Joel P. Arrais, do Departamento de Engenharia Informática da FCTUC, e Huanxiang Liu, da UPM, “demonstram que o modelo supera os métodos existentes na previsão da afinidade e selectividade de inibidores, mesmo em casos que envolvem estruturas desconhecidas ou quinases mutadas”.

Poder de adivinhação

De acordo com os autores do estudo, os ensaios validaram o poder predictivo do modelo, demonstrando que cinco compostos sugeridos pelo MMCLKin inibem de forma eficaz uma mutação associada a doenças neurodegenerativas, sendo quatro deles activos em concentrações nanomolares. “Estes resultados reforçam o potencial do MMCLKin como ferramenta para acelerar o desenvolvimento de terapias direccionadas, abrindo novas perspectivas para o desenho racional de fármacos com maior selectividade e eficácia clínica”, lê-se no comunicado.

Segundo os investigadores, a abordagem proposta representa um avanço na aplicação da IA à descoberta de fármacos, demonstrando como modelos computacionais de nova geração podem reproduzir ‘in silico’ processos biológicos complexos que, de forma experimental, podem demorar anos ou mesmo décadas. Esta capacidade permite a identificação rápida de candidatos terapêuticos promissores, reduzindo significativamente o tempo e o custo da investigação farmacêutica.

Para além do seu impacto imediato, abre novas direcções de investigação no campo da modelação de quinases, ao proporcionar um quadro unificado para analisar padrões estruturais, mutacionais e funcionais ao longo de toda a família de quinases humanas.

“Este tipo de abordagem pode evoluir para modelos generalistas capazes de antecipar o comportamento de novas quinases — incluindo aquelas ainda sem estrutura identificada — e apoiar o desenho racional de terapias selectivas e personalizadas em diversas áreas, desde o cancro às doenças neurodegenerativas”.

12 Dez 2025

Diplomacia | Alerta para perigos de rearmamento nipónico

As declarações provocatórias da nova primeira-ministra japonesa sobre Taiwan, aliadas à mudança de atitude nipónica em matéria de Defesa fizeram soar os alarmes no país do Meio

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China disse esta quarta-feira que a China convoca todos os países amantes da paz a protegerem-se e frustrarem quaisquer movimentos perigosos de reviver o militarismo japonês e a defenderem conjuntamente os resultados vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, conquistados com muito esforço, indica o Diário do Povo.

O porta-voz Guo Jiakun prestou as declarações numa conferência de imprensa, em resposta a uma pergunta sobre comentários recentes de alguns órgãos de media estrangeiros de que o Japão está a transformar-se de um Estado constitucionalmente pacifista numa potência militar moderna, e que o país está a tentar reviver o militarismo, o que pode ameaçar a paz e a estabilidade regionais e globais e merece vigilância.

Guo observou que, nos últimos anos, o Japão tem vindo a reformular as suas políticas de segurança e defesa, acelerando a revisão de sua constituição pacifista e violando o princípio exclusivamente orientado para a defesa. Além disso, o país removeu a proibição do exercício do direito à autodefesa colectiva, flexibilizou as restrições à exportação de armas, tentou alterar os seus três princípios não nucleares e desenvolveu a chamada “capacidade de ataque à base inimiga”.

O responsável destacou que altos funcionários japoneses chegaram a declarar que o Japão não descarta a possibilidade de possuir submarinos nucleares. “Estas medidas colocaram os países vizinhos do Japão e a comunidade internacional em estado de alerta”, afirmou Guo.

“Observamos que, após aumentar o seu orçamento de defesa em 13 anos consecutivos, o Japão agora tem o segundo maior orçamento militar entre os países ocidentais. De acordo com um think tank europeu, as receitas das cinco maiores empresas de defesa do Japão aumentaram 40 por cento anualmente em 2024”, apontou Guo.

“Para um país que se autodenomina constitucionalmente pacifista, fala em reflectir sobre seu passado bélico e afirma seguir o princípio exclusivamente orientado para a defesa, como é que o Japão justifica o seu aumento militar?”, questionou Guo.

Olhares distorcidos

O representante do MNE continuou dizendo que, na verdade, após a Segunda Guerra Mundial, o governo japonês nunca reflectiu plenamente sobre as suas guerras de agressão, muitos criminosos de guerra japoneses retornaram como figuras políticas activas e membros das Forças de Autodefesa, alguns primeiros-ministros e dignitários políticos têm insistido em visitar e prestar homenagem ao Santuário Yasukuni, onde criminosos de guerra da Classe A são honrados. Os factos históricos têm sido minimizados e encobertos em livros didáticos distorcidos, acrescentou Guo.

“As forças de direita japonesas reflectiram sobre o passado da guerra. No entanto, não reflectiram sobre os crimes de guerra do Japão, mas sobre a razão pelo qual o Japão foi derrotado”, notou Guo. O porta-voz do MNE afirmou que o acerto de contas com o militarismo japonês nunca foi concluído. Em vez disso, as pessoas verão uma tendência crescente de ressurgimento do militarismo.

É imperativo que a comunidade internacional lembre ao Japão que a Declaração de Potsdam, nos artigos 6, 7, 9 e 11, afirmava que o militarismo japonês e o seu terreno fértil devem ser eliminados para sempre, pois insistimos que uma nova ordem de paz, segurança e justiça será impossível até que haja provas convincentes de que o poder do Japão de travar guerras foi destruído política e legalmente e que as ideias belicosas foram fundamentalmente eliminadas, afirmou Guo.

O representante salientou ainda que a Proclamação de Potsdam também exige que o Japão seja completamente desarmado e não mantenha indústrias que lhe permitam rearmar-se para a guerra, e que está prometido no Instrumento de Rendição do Japão que o país cumprirá fielmente as disposições da Proclamação de Potsdam.

Esses instrumentos com efeito jurídico sob a lei internacional e reconhecidos pelo Japão esclareceram as suas obrigações internacionais como país derrotado, constituem a importante pedra angular da ordem internacional do pós-guerra e servem como pré-requisito político e jurídico para o retorno do Japão à comunidade internacional, observou o porta-voz.

“A tentativa do Japão de se ‘remilitarizar’ através do fortalecimento acelerado de suas forças armadas só fará com que o mundo volte a questionar para onde o Japão está a caminhar e exija outro acerto de contas com os seus crimes de guerra. A China apela a todos os países amantes da paz a protegerem-se e frustrarem quaisquer movimentos perigosos de reviver militarismo japonês e a defenderem conjuntamente os resultados vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, conquistados com muito esforço”, indicou Guo.

12 Dez 2025

Timor-Leste e Brasil assinam acordo para formação de professores de português

O Governo timorense e o Brasil assinaram quarta-feira um projecto de formação para professores de língua portuguesa em Timor-Leste, para reforçar as competências linguísticas, comunicativas e didático-pedagógicas dos docentes.

“O Projecto de Formação de Professores de Língua Portuguesa do 3.º Ciclo do Ensino Básico, que hoje formalizámos através da assinatura de um ajuste complementar e de um documento de projecto, nasce de um compromisso profundo: garantir que todos os nossos professores disponham de competências linguísticas, comunicativas, didático-pedagógicas e metodológicas necessárias para assegurar o sucesso da implementação do novo currículo nacional, que entrou em vigor no ano lectivo de 2025”, afirmou Dulce de Jesus.

A ministra da Educação timorense falava no âmbito da cerimónia de assinatura do programa de formação, que terá a duração de quatro anos (2025 a 2028). O projecto abrangerá um total de 644 professores de Língua Portuguesa do 3.º Ciclo do Ensino Básico, directamente envolvidos no processo de ensino e aprendizagem dos jovens timorenses.

“Para melhorar esse processo, contaremos com o apoio técnico de 17 professores-coordenadores brasileiros, que trabalharão em regime de docência conjunta, e de 81 professores timorenses, que actuarão como professores multiplicadores, garantindo assim a sustentabilidade e continuidade da formação no futuro”, explicou a ministra timorense.

O projecto inclui também a produção de novos materiais didácticos para os 7.º, 8.º e 9.º anos, a criação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e o estabelecimento, no Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEPE), de um Núcleo de Formação de Professores de Português, que funcionará como estrutura permanente de apoio técnico e pedagógico.

“Todos compreendemos que se trata de um investimento estratégico e ambicioso. Um investimento que vai além da simples formação de docentes e que representa a construção de um modelo sustentável para o futuro da formação e da educação em Timor-Leste”, acrescentou Dulce de Jesus.

Em expansão

O embaixador do Brasil em Timor-Leste, Ricardo José Leal, afirmou que o Governo brasileiro está comprometido em continuar a colaborar com Timor-Leste, especialmente na promoção e difusão da língua portuguesa. “A formação de professores tem como objectivo capacitar os docentes e expandir o uso da língua portuguesa, sobretudo no ensino básico”, declarou o diplomata brasileiro.

O projecto conta com apoio do Governo brasileiro através da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Universidade de Campinas (UNICAMP), que têm prestado apoio técnico e científico consistente para melhorar o sistema educativo em Timor-Leste.

12 Dez 2025

FMI | Revisto em alta crescimento da China para 5% em 2025

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu ontem em alta a previsão de crescimento da economia chinesa para 2025, de 4,8 por cento para 5 por cento, citando os estímulos económicos lançados por Pequim e a trégua comercial com os Estados Unidos.

A actualização consta da avaliação anual da economia chinesa, divulgada ontem, que eleva também a projecção de crescimento para 2026, de 4,2 por cento para 4,5 por cento. A missão do FMI, liderada por Sonali Jain-Chandra, destacou a “notável resiliência” da economia chinesa, apesar de “múltiplas perturbações nos últimos anos”.

Ainda assim, alertou para desequilíbrios persistentes, como o prolongado ajustamento do sector imobiliário, o impacto nas finanças locais e a fraca confiança dos consumidores, que resultaram em baixa procura interna e pressões deflaccionistas. Para 2025, o FMI prevê uma inflação média de 0 por cento, com uma recuperação moderada para 0,8 por cento no próximo ano.

A missão alertou ainda para os riscos de médio prazo, como o envelhecimento da população, o abrandamento da produtividade e os elevados níveis de dívida.

Apesar da competitividade externa beneficiada pela desvalorização real do yuan, o FMI considera que as exportações já não podem sustentar sozinhas o crescimento. O FMI recomenda uma transição mais célere para um modelo de crescimento baseado no consumo, através da redução da elevada taxa de poupança das famílias, maior flexibilidade cambial, reforço dos sistemas de protecção social e resposta à crise imobiliária.

Reformas no mercado de trabalho para reduzir o desemprego jovem e reestruturação da dívida dos governos locais através de mecanismos de insolvência são outras das propostas avançadas.

11 Dez 2025

UE | Nova meta para reduzir 90% de poluentes até 2040

Os eurodeputados e países da União Europeia (UE) chegaram ontem a um acordo sobre uma meta para reduzir 90 por cento das emissões poluentes até 2040, com vista à neutralidade carbónica em 2050, prevendo-se, porém, novas formas de flexibilidade.

“Os colegisladores acordaram numa meta de redução de 90 por cento das emissões de gases com efeito de estufa até 2040, face aos níveis de 1990, com o objectivo de alcançar a neutralidade climática da UE até 2050”, é anunciado em comunicado divulgado em Bruxelas.

Depois de várias horas de negociações, o Parlamento Europeu e o Conselho chegaram assim, esta madrugada, a um acordo político provisório (que terá de ser confirmado por ambos) sobre uma emenda à Lei do Clima da UE, estabelecendo uma nova meta intermédia e vinculativa para 2040, a de reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em 90 por cento em comparação com os níveis de 1990.

Ainda assim, eurodeputados e países concordaram em introduzir novas formas de flexibilidade para cumprir a meta de 2040, “acreditando que a transição verde e a competitividade europeia devem avançar lado a lado”, segundo refere a nota.

Em análise

Em concreto, a partir de 2036, até cinco pontos percentuais da redução de emissões (mais dois do que a proposta inicial da Comissão) poderão advir de créditos internacionais de carbono de elevada qualidade, compatíveis com o Acordo de Paris. No caso de Portugal, por exemplo, isto significa que projectos sustentáveis em países como os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) possam contar para a meta portuguesa.

“Graças à insistência do Parlamento, foram integradas salvaguardas adicionais, incluindo a proibição de financiar projectos em países parceiros que contrariem os interesses estratégicos da União”, assinala a assembleia europeia. Cabe à Comissão Europeia analisar diferentes opções para o papel dos créditos internacionais na futura legislação climática da UE para alcançar a meta de 2040.

Além disso, o executivo comunitário avaliará os progressos a cada dois anos, considerando os dados científicos mais recentes, os avanços tecnológicos e a competitividade internacional da UE.

“A revisão analisará a situação das remoções líquidas a nível europeu, comparando-a com o necessário para cumprir a meta de 2040, bem como eventuais dificuldades de implementação e o potencial para reforçar a competitividade industrial da UE. Serão também consideradas as tendências nos preços da energia e respectivos impactos em empresas e famílias”, de acordo com o Parlamento Europeu.

Tal permitirá a Bruxelas modificar a meta de 2040 ou adoptar medidas adicionais para reforçar o quadro de apoio, por exemplo para proteger a competitividade, a prosperidade e a estabilidade social da UE.

O Parlamento votará agora o acordo informal e o Conselho terá igualmente de o aprovar, com o texto a entrar em vigor 20 dias após a sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia. A Lei Europeia do Clima torna juridicamente vinculativo o esforço de cada país para reduzir as suas emissões poluentes.

11 Dez 2025

Timor-Leste | Cancelados acordos com Banco Asiático de Desenvolvimento

O Governo timorense decidiu ontem cancelar três acordos de financiamento com o Banco Asiático de Desenvolvimento, incluindo o referente ao projecto de expansão do aeroporto Nicolau Lobato, assinado em 2021.

O executivo timorense justificou a decisão “na sequência de uma análise aprofundada aos diversos projectos financiados por empréstimos, que voltou a evidenciar a existência de iniciativas ainda por iniciar ou com níveis de execução muito reduzidos”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Além do acordo de financiamento para expansão do aeroporto, no valor de 85 milhões de dólares o Governo decidiu cancelar também os financiamentos para os projectos “Power Distribuition Modernization”, assinado em Dezembro de 2021, no valor de 35 milhões de dólares, e para “Dili West Water Supply”, assinado em 2022, no valor de 50 milhões de dólares.

Neste contexto, determinados acordos de financiamento actualmente em vigor deixam de ser necessários”, salientou o Governo timorense. Na reunião, o Governo aprovou também a assinatura de um acordo de empréstimo, com componente de subvenção, com o Banco Asiático de Desenvolvimento para financiar o projecto de “Melhoria de Estradas Nacionais”, fase 1.

“Este projecto tem como objectivo modernizar cerca de 42 quilómetros de estradas importantes na rede rodoviária nacional, introduzindo infraestruturas de adaptação climática de pequena escala em seis sucos [conjuntos de aldeias] propensos a inundações e secas”, explicou o Governo. O projecto inclui também a reabilitação de três pontes localizadas entre Baucau e Lautém, no leste do país.

11 Dez 2025

Seul | Protesto após incursão de aviões militares de Pequim e Moscovo

Seul anunciou ontem ter apresentado um “forte protesto diplomático” às autoridades russas e chinesas, após a passagem de aviões militares de Pequim e Moscovo pela zona de identificação de defesa aérea sul-coreana. O protesto foi apresentado aos adidos da defesa de ambos os países na capital sul-coreana, de acordo com o Ministério da Defesa.

“As nossas forças armadas continuarão a responder activamente às actividades de aeronaves de países vizinhos dentro [da zona de identificação de defesa aérea da Coreia do Sul], em conformidade com o direito internacional”, sublinhou o responsável pelos assuntos internacionais daquele ministério, Lee Kwang-suk.

A Coreia do Sul disse na terça-feira que enviou caças em resposta à entrada de sete aeronaves militares russas e duas chinesas na zona de defesa aérea do país. Esta zona é uma área maior do que espaço aéreo e que um país controla por razões de segurança, embora este conceito não esteja definido por nenhum tratado internacional.

Nenhuma das aeronaves militares russas e chinesas violou o espaço aéreo sul-coreano, de acordo com o Estado-Maior Conjunto em Seul. Pequim e Moscovo evocaram exercícios militares conjuntos que, de acordo com o Ministério da Defesa russo, envolveram “bombardeiros estratégicos”.

11 Dez 2025

Camboja/Tailândia | Mais de meio milhão de pessoas deslocadas

Os conflitos fronteiriços entre os dois países do Sudeste Asiático ameaçam a segurança dos habitantes da zona fronteiriça. Milhares de pessoas de ambos os lados foram retiradas de casa e levadas para abrigos

Mais de meio milhão de pessoas foram retiradas das regiões fronteiriças entre a Tailândia e o Camboja desde o recomeço dos confrontos, no domingo, entre os vizinhos do Sudeste Asiático, anunciaram ontem as autoridades dos dois países.

“Mais de 400 mil pessoas foram deslocadas para abrigos”, declarou em conferência de imprensa o porta-voz do Ministério da Defesa da Tailândia, Surasant Kongsiri, após um primeiro balanço do Governo que referia 180 mil deslocados tailandeses. “Os civis tiveram de ser retirados em massa, devido ao que avaliámos como uma ameaça iminente à sua segurança”, acrescentou o responsável.

Do lado cambojano, “20.105 famílias, num total de 101.229 pessoas, foram retiradas para abrigos e casas de familiares em cinco províncias”, de acordo com o porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata. Os dois países acusam-se mutuamente de terem desencadeado o recomeço das hostilidades, que causaram até agora pelo menos 11 mortos: sete civis cambojanos e quatro soldados tailandeses, de acordo com os últimos balanços das autoridades.

Disputas antigas

O Camboja e a Tailândia, que há muito disputam partes do território ao longo da fronteira, já se tinham enfrentado em Julho. Cinco dias de combates, em terra e ar, causaram 43 mortos e obrigaram à retirada de cerca de 300 mil pessoas. O conflito baseia-se em disputas antigas sobre o traçado de certas partes da fronteira de mais de 800 quilómetros de extensão, que remonta à colonização francesa.

As duas partes assinaram em 26 de Outubro um acordo de cessar-fogo, sob a égide do Presidente norte-americano, Donald Trump, mas o acordo foi entretanto suspenso. O chefe de Estado disse esta terça-feira que pensa “fazer uma chamada” e “acabar com a guerra”.

Num discurso, durante um comício com apoiantes na Pensilvânia (nordeste), esta terça-feira, Trump enumerou vários conflitos nos quais se envolveu, incluindo este entre Banguecoque e Phnom Penh e depois anunciou: “Amanhã [hoje], tenho de fazer uma chamada e acho que eles vão resolver a situação”. “Quem mais poderia dizer: ‘vou fazer uma chamada e acabar com uma guerra entre dois países muito poderosos?'”, questionou.

11 Dez 2025

Taiwan | Pequim condena proibição da rede social Red Note e fala em acto “arbitrário”

A proibição temporária da rede social Xiaohongshu (red note) em Taiwan constitui um ato “antidemocrático” e “arbitrário”, que “obstrui a liberdade” e “despreza a democracia”, acusou ontem um porta-voz do Governo chinês. Em conferência de imprensa, Chen Binhua, do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, afirmou que a decisão revela o “medo” e a “insegurança” das autoridades do Partido Democrático Progressista (PDP), actualmente no poder em Taiwan.

“Através do Xiaohongshu, os jovens taiwaneses tomam contacto com a realidade da China continental e interagem de forma cordial com os utilizadores do continente, o que tem feito ruir a ‘câmara de isolamento informativo’, criada deliberadamente pelo PDP, e as suas calúnias contra o continente”, afirmou o porta-voz.

Chen sublinhou que, segundo dados divulgados por órgãos de comunicação taiwaneses, o Facebook esteve envolvido em quase 60 mil casos de fraude na ilha no ano passado – “muito acima” dos incidentes atribuídos ao Xiaohongshu. “Portanto, o que as autoridades do PDP chamam de ‘antifraude’ é, na verdade, ‘antidemocracia’. Este comportamento arbitrário obstrui a liberdade e priva brutalmente os taiwaneses, sobretudo os jovens, do direito à informação e de usar livremente as redes sociais”, disse.

“O que semeia injustiça colherá a sua ruína: as acções desenfreadas do PDP acabarão por fazê-los provar o seu próprio fruto amargo. As suas medidas retrógradas não conseguirão travar a tendência dos jovens taiwaneses para conhecer o continente e interagir com os compatriotas do outro lado do estreito”, acrescentou.

As declarações surgem depois de o Ministério do Interior de Taiwan ter anunciado na semana passada o bloqueio durante um ano da plataforma Xiaohongshu – conhecida como o “Instagram chinês” – por motivos de cibersegurança e alegadas ligações a esquemas de fraude. A aplicação conta com mais de três milhões de utilizadores em Taiwan.

11 Dez 2025

Medicina | Decretado fim de dispositivos com mercúrio a partir de 2026

A China vai deixar de produzir termómetros e aparelhos de medição da pressão arterial com mercúrio a partir de 01 de Janeiro de 2026, por razões de segurança, dando assim seguimento a uma medida anunciada em 2020.

A elevada toxicidade do mercúrio e a fragilidade dos dispositivos que utilizam este elemento – o único metal líquido à temperatura ambiente – estiveram na origem da decisão, segundo destacou a Administração Nacional de Produtos Médicos. Em doses elevadas, o mercúrio e os seus compostos podem ser fatais ou provocar danos neurológicos. A nível ambiental, é particularmente nocivo para os ecossistemas aquáticos, com maior capacidade de contaminação da água, do solo e do ar.

Maior produtor mundial de mercúrio, com cerca de mil toneladas métricas em 2024, a China fabrica anualmente perto de 120 milhões de termómetros tradicionais à base deste metal, embora a produção esteja em declínio face à crescente adopção de medidores digitais ou por infravermelhos.

O país asiático é signatário da Convenção de Minamata sobre o Mercúrio, adoptada no Japão em 2013, que tem como objectivo eliminar o uso deste elemento na indústria médica até 2030. Outros países e regiões já avançaram com proibições semelhantes nas últimas décadas, incluindo a União Europeia, que baniu a utilização de termómetros e dispositivos médicos com mercúrio em 2009.

11 Dez 2025

JPMorgan | Previstas subidas de quase 20% nas bolsas da China e Hong Kong em 2026

As previsões da instituição norte-americana reforçam o optimismo dos investidores para o ano que se avizinha

As acções da China e de Hong Kong poderão registar ganhos próximos de 20 por cento em 2026, impulsionadas por um crescimento global resiliente, recuperação dos lucros e menor concorrência, prevê o banco de investimento JPMorgan.

A instituição financeira norte-americana estima que o índice MSCI China suba cerca de 18 por cento até ao final do próximo ano, enquanto o CSI 300, que agrega as maiores empresas cotadas nas praças financeiras da China continental (Xangai e Shenzhen), deverá valorizar 12 por cento.

O MSCI Hong Kong poderá avançar até 18 por cento apoiado por uma recuperação gradual nos fluxos de capital e no sentimento em relação ao sector imobiliário.

“Os lucros estão a dar-nos confiança”, afirmou Wendy Liu, estratega para acções chinesas do JPMorgan, durante uma conferência com jornalistas. Liu sublinhou que os mercados chineses atravessam uma fase de recuperação de lucros, após uma queda entre 2021 e meados de 2024, que afastou investidores e empurrou as avaliações para mínimos de vários anos.

A estratega apontou como factor determinante o abrandamento da guerra de preços no comércio electrónico e na logística, que este ano disfarçou a melhoria dos lucros subjacentes e penalizou o desempenho do MSCI China.

Liu destacou também o impacto da campanha de Pequim contra a “involução” – termo utilizado para descrever a concorrência excessiva e o aumento da capacidade produtiva –, que deverá favorecer a expansão das margens, sobretudo nas energias renováveis e sector transformador avançado. “É uma mudança estrutural, que pode marcar a próxima década, levando à consolidação e a retornos mais fortes sobre o capital”, afirmou.

A crescer

O JPMorgan mantém ainda uma posição optimista em relação a equipamento ligado à inteligência artificial e sistemas de armazenamento de energia, beneficiando do aumento dos investimentos em centros de dados. A procura por baterias e componentes solares para alimentar essas infraestruturas poderá crescer mais depressa do que o investimento em tecnologia no geral, segundo Liu.

O consumo interno continua a ser o tema “mais debatido”, com as famílias a manterem uma postura cautelosa, apesar do aumento da poupança e da redução da dívida, apontou a analista. A possibilidade de nova escalada nas tensões sino-americanas ou de um reacender da guerra de preços entre plataformas logísticas são riscos a ter em conta, advertiu.

Mas Liu descreveu o panorama como “optimista”, com os investidores a revelarem maior disciplina do que em anteriores ciclos de valorização. “Estamos a meio de uma fase de expansão do crescimento, e os lucros estão com bom aspecto”, resumiu.

No caso de Hong Kong, Liu disse que o desempenho do mercado continua fortemente correlacionado com os fluxos de capital, influenciando os activos financeiros, o imobiliário residencial e o consumo discricionário.

11 Dez 2025

Gonçalo Lobo Pinheiro apresenta último volume do livro “O que foi, não volta a ser…”

O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro apresenta, no próximo dia 16 de Dezembro, a partir das 18h30, o segundo e último volume do projecto “O que foi, não volta a ser…”. O evento decorre na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC). O lançamento do livro será acompanhado por uma exposição com 20 imagens, que fica patente até ao dia 10 de Janeiro do próximo ano.

Segundo um comunicado divulgado pelo próprio fotojornalista, antigo editor do HM, “o segundo volume deste livro continua a ser um encontro entre o passado e o presente”, destacando-se que “a ideia [por detrás do projecto] não é pioneira no mundo, mas acaba por ser em Macau”.

“Tal como no primeiro livro, durante pouco mais de um ano fui recolhendo imagens antigas do território, a preto e branco ou sépia, com diferentes formatos. Adquiri em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Algumas imagens também me foram emprestadas”, referiu o autor, acrescentando que nesta última edição, há uma fotografia captada no século XIX, no Cemitério Protestante.

“Macau mudou muito nos últimos anos. As fotografias antigas atestam isso. E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. É um trabalho difícil. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser…”, notou ainda.

“Cidade de encontros”

Com um prefácio escrito pelo escritor e professor português Henrique Levy, que foi residente em Macau nos anos de 1980, o livro, com design de Carlos Canhita e chancela da Ipsis Verbis, contém 40 fotografias, distribuídas em 80 páginas.

“O que foi não volta a ser mostra-nos Macau como uma cidade de encontros, de fusões culturais e de convivência entre mundos que se entrelaçam. Aqui, a herança portuguesa coabita com a tradição chinesa e com múltiplas influências asiáticas”, destaca Gonçalo Lobo Pinheiro.

O autor deste projecto acrescenta também que “o território, por força das suas gentes, e mais do que pela arquitectura, torna-se palco de gestos humanos, moldura de histórias diárias, testemunho silencioso das interações que definem a cidade”, sendo que espaços como “igrejas, templos ancestrais, arcos de pedra e praças revelam-se como arenas poéticas onde o humano se ilumina na sua dimensão ética e estética”.

O livro custa 250 patacas, podendo ser adquirido em algumas das livrarias de Macau ou online, através do site do autor em www.goncalolobopinheiro.com.

No mesmo dia, será lançada a linha de tábuas de skate com a chancela da Exit Macau, dedicada ao primeiro volume deste projecto, destacando as Ruínas de São Paulo, o Largo do Senado e o Templo de A-Má, com um exemplar de cada tábua exposta na galeria da Fundação Rui Cunha.

11 Dez 2025

Sonny Lo espera que elenco patriótico da Assembleia Legislativa seja construtivo

O comentador político Sonny Lo Shiu-Hing aponta como desafios do Governo para 2026 a execução de políticas traçadas com vista à diversificação económica, acrescentando que, da parte na nova Assembleia Legislativa (AL), se esperam “patriotas construtivos”.

A captação de quadros qualificados em Macau serve vários – e antigos – desígnios dos sucessivos governos locais: a diversificação da economia, profundamente dependente das receitas provenientes dos casinos, e a elevação da capacidade inovadora e da competitividade do território.

Sonny Lo, analista que acompanha as questões de Hong Kong e Macau, refere que as Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2026 não explicam como se projecta a “política populacional” com a importação de quadros qualificados. “Por política populacional, refiro-me à projecção populacional nos próximos três a cinco anos e como a projecção populacional deve evoluir de acordo com a necessidade de importação de talentos da China continental”, comenta.

É necessário, além disso, “sintonizar projecção populacional, procura do mercado por talentos e importação de quadros qualificados da China continental”, defende Lo, salientando que “aqui parece haver uma lacuna que o Governo precisa de resolver”. “As instituições de ensino superior, que formam muitos estudantes, precisam de estudar se os graduados das universidades e escolas secundárias estão a atender às exigências do mercado na sociedade de Macau”, reflecte.

Nesse sentido, Sonny Lo lembra a concepção, pelas autoridades, do modelo ‘1+4’ como resposta à necessidade de diversificação económica, “focado em quatro áreas principais de desenvolvimento”: indústria de saúde e bem-estar, indústria de finanças modernas, indústria de tecnologia de ponta e, por fim, a indústria de convenções, exposições e comércio, cultura e desporto.

Política plana

Outro desafio para 2026, indica o comentador político, passa por agilizar a integração do território na Zona de Cooperação Aprofundada Macau-Guandong, em Hengqin, e atrair “investimentos concretos” para esta área económica especial, particularmente “a construção prevista dos polos universitários”.

No palco político, o comentador admite que o reforço da legislação da segurança nacional em 2026, anunciado pelas autoridades nas LAG, “não é surpreendente”. Em “tempo oportuno”, anunciou o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, vai iniciar-se “a elaboração da lei sobre a Comissão de Defesa da Segurança do Estado” [CDSE] de Macau.

Sobre o trabalho da AL em 2026, Sonny Lo indica que os deputados “têm de demonstrar o seu papel como patriotas construtivos”, no sentido de que “têm de propor sugestões concretas ao Governo para melhorar vários aspectos políticos, vários projectos de lei, várias legislações”, refere.

11 Dez 2025

TDM | Kou Hoi In no conselho de administração

O antigo deputado e presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, será o novo presidente do conselho de administração da TDM – Teledifusão de Macau, tendo iniciado funções, de forma oficial, ontem.

Segundo o despacho publicado em Boletim Oficial (BO), este cargo será ocupado pelo período de um ano, sendo que outras figuras, nomeadamente o advogado e deputado Vong Hin Fai, ou Casimiro Pinto, que esteve no Fórum Macau, na qualidade de secretário-geral adjunto do secretariado permanente, por indicação da RAEM, também estão neste conselho.

Cristina Ho Hoi Leng e Lee Chong Cheng, antigo deputado, fazem ainda parte deste organismo, tal como Lo Song Man, que será vice-presidente. Foram também nomeados Un Weng Kuai, Vong Wai Hung e Cheang Kong Pou.

11 Dez 2025

Tabaco | Mais proibições na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção

Já são conhecidos os locais onde as proibições de fumar podem apertar. Lam Chong, chefe do Gabinete para a Prevenção e o Controlo do Tabagismo e do Alcoolismo dos Serviços de Saúde (SS), disse ontem no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, que a Alameda Dr. Carlos D’Assumpção poderá ter uma zona de proibição de fumar nos dois lados do passeio.

O responsável apontou que haverá um período experimental em que os SS não vão aplicar punições, fazendo antes trabalho de sensibilização e recolha de opiniões da sociedade. Lam Chong confessou que é difícil criar cabines ou zonas de fumadores pelo facto de as ruas de Macau serem estreitas, pelo que é necessário fazer demarcações nas ruas e criar novas zonas de proibição do fumo.

Além disso, Lam Chong considera que os trabalhos de controlo do tabagismo são eficazes, verificando-se a redução do fumo em grupos de pessoas com mais de 15 anos, de 16,9 por cento em 2011, para 11,6 por cento em 2023.

11 Dez 2025

Europa | Merz considera inaceitáveis pontos da geostratégia de Trump

O chefe do governo federal alemão, Friedrich Merz, declarou ontem que há certos pontos inaceitáveis no documento sobre Defesa e geostratégia da Administração norte-americana liderada por Donald Trump, na perspectiva europeia. “Não vejo qualquer necessidade de os americanos quererem salvar a Democracia na Europa”, disse, em visita à Renânia-Palatinado (estado a sudoeste), que alberga várias bases militares dos Estados Unidos da América (EUA).

Num documento estratégico sobre segurança nacional dos EUA, divulgado na passada semana, lê-se um alerta para o perigo de “extinção civilizacional” da Europa, caso se mantenham as “tendências actuais”, “Se as tendências actuais continuarem, o continente [Europa] vai ficar irreconhecível dentro de 20 anos ou menos”, lê-se no documento de 33 páginas, no qual é defendida a “restauração da supremacia” dos EUA na América Latina.

Trump, no prefácio, resume: “pomos a América em primeiro lugar em tudo o que fazemos”. “É mais do que plausível que, em poucas décadas, no máximo, os membros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, na sigla inglesa) se tornem predominantemente não europeus”, escreveu, acrescentando que “é legítimo questionar se eles perceberão o seu lugar no Mundo ou sua aliança com os EUA, da mesma forma que aqueles que assinaram a carta da organização”.

A Casa Branca lamenta decisões europeias que “minam a liberdade política e a soberania, as políticas migratórias que estão a transformar o continente [Europa] e a criar tensões, assim como a censura à liberdade de expressão e a repressão à oposição política, a queda nas taxas de natalidade e a perda de identidades nacionais (…)”.

Washington manifesta desejo de que “a Europa permaneça europeia, recupere sua autoconfiança civilizacional e abandone sua obsessão infrutífera com o sufoco regulatório”.

10 Dez 2025

Tailândia e Camboja | Templos e fronteira cenário de combates

O conflito actual entre a Tailândia e o Camboja resulta de uma disputa histórica pela fronteira estabelecida há mais de um século, quando a França ocupava a então Indochina, e pela soberania de templos hindus.

Os exércitos dos dois países, que já registaram confrontos violentos em Julho, lutam desde domingo pelo controlo de áreas onde se situam edifícios religiosos do século XI, altura em que a região era controlada pelo Império Khmer (802-1431). A Tailândia disse que registou a morte de quatro soldados desde domingo, e o Camboja de oito civis.

Outrora ruínas esquecidas e cobertas pela vegetação, o domínio sobre os locais de culto reacendeu os sentimentos nacionalistas, segundo a agência de notícias espanhola EFE. O exército tailandês deu conta de confrontos na terça-feira em redor dos templos de Ta Kwai, também conhecido como Ta Krabei, e Ta Muen Thom.

Situam-se ambos perto da linha divisória entre a província tailandesa de Surin e a cambojana de Oddar Meanchey. De escasso valor estratégico militar, o domínio sobre estes centros religiosos tornou-se um assunto de elevado peso patriótico.

“Embora nenhum dos países deseje uma guerra em larga escala, ambos consideram que os templos em disputa e o território circundante são importantes para a história e identidade nacional”, disse o especialista em Sudeste Asiático Tom Pepinsky, da Universidade Cornell.

“A política interna em ambos os países exacerba estas tensões”, afirmou o cientista político norte-americano da universidade nova-iorquina, num comentário enviado à EFE.

10 Dez 2025

Fitch prevê que crescimento económico de Macau desacelere para 4% em 2026

A agência de notação financeira Fitch previu que o crescimento da economia de Macau irá desacelerar para 4 por cento em 2026, porque as condições económicas mais fracas” irão “pesar cada vez mais sobre os turistas chineses”.

Num relatório divulgado ontem, a instituição disse acreditar que o Produto Interno Bruto (PIB) da região irá crescer 4,6 por cento, uma revisão em baixa da previsão de 6,9 por cento feita em Março. De acordo com dados oficiais, o PIB de Macau aumentou 8,8 por cento em 2024, sobretudo devido ao benefício económico das apostas feitas por visitantes nos casinos da cidade, que aumentou 21,8 por cento.

Nos primeiros 11 meses de 2025, o sector do jogo registou receitas de 226,5 mil milhões de patacas, mais 8,6 por cento do que no mesmo período do ano passado. A Fitch prevê que os casinos de Macau fechem o ano com as receitas a atingirem cerca de 88 por cento do nível registado em 2019, antes da crise económica causada pela pandemia de covid-19.

“Esperamos que o turismo de jogo continue a impulsionar o crescimento económico, embora a um ritmo mais lento, porque as condições económicas mais fracas da China continental pesarão cada vez mais sobre os turistas chineses”, alertou a agência. Ainda assim, a Fitch acredita que a cautela dos visitantes será “compensada em parte por políticas de vistos favoráveis, investimentos contínuos em sectores não relacionados com o jogo e melhorias nas infraestruturas turísticas”.

A instituição sublinhou que as Linhas de Ação Governativa de Macau para 2026, apresentadas em Novembro, destacaram a diversificação da economia e o “reforço da cooperação” para desenvolver a vizinha zona especial de Hengqin (ilha da Montanha). A Fitch diz que, graças aos impostos sobre os casinos, Macau continuará a ter um excedente orçamental em 2026 e sublinhou que a reserva financeira já chega para cobrir seis anos de despesas.

De acordo com dados oficiais, no final de Setembro a reserva tinha activos no valor de 658,7 mil milhões de patacas, o nível mais elevado desde há mais de quatro anos. Nos primeiros 10 meses de 2024, os impostos sobre os casinos de Macau representaram 83,3 por cento do total das receitas públicas.

Outras previsões

No mesmo relatório, a Fitch prevê que a economia da vizinha região semiautónoma de Hong Kong cresça 2,8 por cento em 2026, abaixo da previsão de 3,1 por cento para o actual ano, apesar da retoma nos serviços financeiros. A instituição prevê ainda que a economia da China continental cresça 4,1 por cento em 2026, uma desaceleração face aos 4,8 por cento estimados para este ano, devido à fraca procura interna e pressões deflacionárias.

Para Taiwan, a agência prevê um crescimento económico de 2,5 por cento em 2026, depois de uma forte expansão de 6,1 por cento este ano, impulsionada sobretudo pela elevada procura global por semicondutores usados em aplicações de inteligência artificial e novas tecnologias.

10 Dez 2025

Sismo no Japão faz pelo menos 30 feridos

O forte sismo que atingiu na noite de segunda-feira o norte do Japão, onde foram registadas ondas de tsunami de 70 centímetros, causou pelo menos 30 feridos, informou ontem a primeira-ministra, Sanae Takaichi.

A agência meteorológica japonesa (JMA) alertou a população que este terramoto de magnitude 7,5 na escola de Richter – inicialmente estimado em 7,6 – que ocorreu no mar ao largo da região norte de Aomori, às 23:15 locais, poderia ser seguido por outros tremores nos próximos dias.

“Ouçam as informações da JMA e das autoridades locais durante toda a semana, verifiquem se os vossos móveis estão bem fixados (…) e estejam prontos para a retirada se sentirem um tremor”, disse Takaichi. Entre os feridos está uma pessoa gravemente atingida na ilha de Hokkaido, a mais setentrional do arquipélago, de acordo com a Agência Japonesa de Gestão de Incêndios e Catástrofes, que recomendou a retirada de 28.000 pessoas. Imagens ao vivo mostram fragmentos de vidro partido espalhados pelas estradas ou objectos no chão das lojas.

Cerca de 2.700 residências ficaram sem electricidade em Aomori, entre as quais três dezenas continuavam sem energia ontem ao final da manhã, enquanto o Inverno se instala. A JMA emitiu inicialmente um alerta de tsunami, mencionando ondas que poderiam atingir três metros e pedindo a milhares de habitantes da região mais próxima do epicentro que se abrigassem.

A circulação dos comboios de alta velocidade Shinkansen foi suspensa em algumas zonas, enquanto se verifica o estado das vias. Por sua vez, a companhia Tohoku Electric Power informou que não foram detectadas anomalias nas duas centrais nucleares mais próximas do epicentro, a de Higashidori, em Aomori, e a de Onagawa, na região de Miyagi.

Memórias trágicas

A região tem ainda bem presente as consequências do terramoto de magnitude 9 em Março de 2011, que provocou um tsunami, causando cerca de 18.500 mortos ou desaparecidos. A catástrofe também provocou a fusão de três dos reactores da central nuclear de Fukushima, o pior desastre deste tipo desde a catástrofe de Chernobyl, em Abril de 1986.

O Japão está localizado na junção de quatro placas tectónicas, no “Anel de Fogo” do Pacífico. O país apresenta uma das maiores actividades sísmicas do mundo. O arquipélago de 125 milhões de habitantes regista cerca de 1.500 terramotos por ano. A maioria é fraca, embora os danos possam variar de acordo com a localização e profundidade dos sismos.

Em Janeiro, um grupo de especialistas governamentais aumentou ligeiramente a probabilidade de um grande tremor na fossa de Nankai, ao largo do Japão, nos próximos trinta anos, elevando-a para entre 75 por cento a 82 por cento. O Governo do Japão publicou uma nova estimativa em mMrço, indicando que um “mega-terramoto” e o tsunami que pode seguir-se poderem causar até 298.000 mortes e danos que podem atingir dois biliões de dólares.

10 Dez 2025