Hoje Macau Grande Plano MancheteChina-África | Fórum de cooperação decorre esta semana em Pequim Arrancou ontem o 9º Fórum de Cooperação China-África, em Pequim, com a promessa de reforço das ligações comerciais e investimento. Analistas dizem que a China irá manter predominância política no continente africano, mas Pequim rejeita a ideia de “neocolonialismo” Decorre esta semana, em Pequim, o Fórum China-África (FOCAC, na sigla em inglês), a nona edição de uma iniciativa que se realiza a cada três anos desde Outubro de 2000. Analistas ouvidos pela agência Lusa acreditam que o FOCAC deste ano será marcado pelo reforço do “alinhamento político” entre Pequim e o continente africano e por uma “maior clareza em relação à iniciativa chinesa de segurança global”. O Fórum propriamente dito decorre entre amanhã e sexta-feira, mas algumas reuniões decorreram ontem. No total, estarão em Pequim 54 representantes africanos, incluindo numerosos chefes de Estado e de Governo, assim como largas centenas de ministros sectoriais. “Todas as embaixadas em Pequim estão completamente ocupadas com o Fórum, todos os governos africanos estão ocupados. Há mais presidentes africanos a participar no FOCAC do que na Assembleia Geral da ONU, que é a maior cimeira do mundo. O FOCAC é o ponto mais importante do calendário diplomático de África”, sublinha Paul Nantulya, investigador do Africa Center for Strategic Studies (ACSS), especialista nas relações África-China. Apesar das numerosas representações de alto nível e do “reforço do prestígio” deste FOCAC em relação ao anterior, Jana de Kluiver, investigadora do Institute for Strategic Studies (ISS), em Pretória, prevê que esta primeira cimeira pós-covid não será marcada pelo aumento da “dimensão do investimentos” anunciados. Em primeiro lugar, refere, porque a China “está consciente do problema da dívida em África e da forma como a situação se apresenta a nível internacional”, e depois, porque se espera este ano mais envolvimento do sector privado, o que “coloca uma maior ênfase na rentabilidade dos projectos, o que implica projectos mais pequenos, com um retorno mais rápido”. Em contrapartida, Kluiver acredita que se irá assistir ao anúncio do investimento em projectos de energias renováveis e no aumento de projectos relacionados com o “Crescimento Verde”, assim mais investimento tecnológico, em alinhamento com os objectivos internos da China. É também apontada a importância que deverão assumir as três grandes iniciativas anunciadas pelo Presidente chinês, Xi Jinping, depois do último FOCAC de 2021, tal como a Iniciativa de Segurança Global (ISG), Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG) e Iniciativa de Civilização Global (ICG). “Um elemento importante que sairá deste FOCAC é o alinhamento político”, sublinha Nantulya. “A China está a procurar um alinhamento político mais forte com os países africanos, como parte da sua estratégia para o Sul Global, que vê como uma espécie de contrapeso ao que chama o sistema internacional dominado pelo Ocidente”, acrescenta o investigador. “Penso que teremos uma maior clareza sobre a nova ISG e a IDG, em particular. Este FOCAC será marcado pelo elemento da segurança, e na forma como Pequim tenta remodelar a ordem internacional” através destas iniciativas, afirmou Jana de Kluiver. Reforma precisa-se Nantulya sublinha que os países africanos têm reclamado uma reforma do sistema multilateral, que inclua uma representação permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas a China “não tem sido muito clara na sua posição” sobre este tema. A estas exigências, a China tem respondido com a promessa de ajudar a “ampliar a sua influência e os seus interesses a nível internacional, por exemplo, defendendo os pedidos de mais financiamento para o desenvolvimento”, acrescenta o investigador. “A China está a criar muitas organizações internacionais, muitas das quais são paralelas a organizações internacionais existentes, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, de que muitos países africanos são membros, ou o novo Banco de Desenvolvimento, que funciona no âmbito dos BRICS, e outras organizações de que os países africanos fazem parte”, ilustrou ainda. Falta posição comum Finalmente, ambos os analistas apontam falha importante que representa a falta, mais uma vez, de uma estratégia comum dos países africanos para negociações com um gigante como a China. “África não tem uma posição comum em relação à China, nem em relação a qualquer actor externo. Há certas orientações continentais que seriam altamente positivas, se os países e os seus compromissos bilaterais com a China pudessem ter em mente o quadro mais vasto do desenvolvimento do continente”, diz Kluiver. “Mas não existe uma agenda definida ou uma abordagem comum, o que prejudica os países africanos, em termos do seu poder de negociação”, acrescentou. A China dispõe de muitos recursos, especificamente em termos de desenvolvimento da conectividade, tecnologias de informação e comunicação, recursos humanos, bem como de financiamento de projectos, mas, para que pudesse realmente ser aproveitado, seria preciso que os países africanos alcançassem um “nível de coordenação” mínimo, que lhes permitisse, por exemplo, articular de forma eficaz grandes projetos como o Acordo de Comércio Livre Continental Africano e a iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, sublinha a analista sul-africana. É fundamental, sublinha Kluiver, que “exista um nível de concordância” entre os países africanos, que “garanta que estes grandes projetos estão alinhados, porque é importante desenvolver projetos de infraestruturas regionais que, em última análise, promovam o comércio intra-africano e não se limitem a reforçar as cadeias de valor e as ligações com, por exemplo, a China ou qualquer potência externa”. Predominância continental Também à Lusa o director de pesquisa da consultora Oxford Economics Africa considera que a China vai manter um papel predominante nas economias africanas, nomeadamente na reestruturação da dívida. “O FOCAC vai definir a direcção e o foco dos empréstimos, subvenções e créditos à exportação para os países africanos, e é particularmente importante nesta altura devido ao papel primordial que a China está a desempenhar nos processos de reestruturação da dívida externa de vários países africanos, como a Etiópia e a Zâmbia”, disse Jacques Nell. Para o responsável, “a China tem apoiado os países africanos em termos de alívio da dívida e reescalonamento dos pagamentos desde antes dos processos de abordagem dos credores, apresentado pelo G20, e continua a desempenhar um papel importante nos processos de reestruturação da dívida externa na sequência da pandemia de covid-19”. A elevada dívida externa dos países africanos, principalmente quando analisada em termos do rácio sobre o PIB e sobre as receitas fiscais, tem levado muitos analistas a alertar para a existência de uma crise da dívida africana. O Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defendem uma reformulação da arquitetura financeira mundial e a introdução de mecanismos de alívio ou perdão de dívida para os países sobre-endividados, que abrangem mais de metade das nações africanas. Questionado sobre a importância da China, o maior credor do continente e o maior credor externo de países como Angola, Jacques Nell respondeu que os chineses têm ajudado os países africanos, mas diz que há alguma dualidade do papel da China em África e lembra críticas por causa da confidencialidade dos contratos financeiros. Estes contratos, apontam os críticos, dão azo a especulações sobre as condições prejudiciais e fomentam a ideia de uma ‘armadilha da dívida’, em que os fluxos financeiros eram acompanhados de influência geopolítica e económica nesses países e de represálias duras em caso de incumprimento financeiro. “As cláusulas de confidencialidade introduzem alguma incerteza sobre as modalidades do alívio da dívida, especialmente porque já há vários processos de reestruturação em curso, o que demonstra a dualidade do papel da China em África – por um lado, os chineses oferecem alívio da dívida e fazem investimentos, o que é muito necessário, mas por outro lado os termos da maior parte dos negócios estão envoltos em secretismo, o que só por si é criticável”, conclui o analista. Sementes de discórdia Entretanto, uma análise publicada na agência Xinhua rejeita a ideia de que os investimentos chineses são uma forma de neocolonialismo. Com o título “Porque é que é absurdo acusar a China de praticar ‘neocolonialismo’ em África”, o texto cita analistas que defendem os enormes benefícios do investimento chinês em alguns países. “Ao acusar a China de fomentar a dependência africana através de investimentos maciços e de dar prioridade aos interesses chineses em detrimento das necessidades locais, o Ocidente está a tentar semear a discórdia nas relações China-África e minar a sua cooperação, tudo num esforço para proteger os interesses de alguns países ocidentais em África, afirmam os especialistas”, lê-se. A nona edição do FOCAC, com o lema “Unir as Mãos para avançar a modernização e construir uma comunidade de alto nível sino-africana com um futuro partilhado”, apresenta-se como “uma plataforma para um diálogo colectivo, unindo a China com a Comissão da União Africana e com os 53 países africanos que mantêm relações diplomáticas com a China”, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Detidas mais de 160 pessoas em rusga contra jogo ilegal As autoridades filipinas invadiram um complexo suspeito de jogos ilegais e fraudes cibernéticas numa província central e detiveram mais de 160 pessoas, a maioria chinesas e indonésias, que cometiam crimes na internet, foi ontem anunciado. A operação, realizada no sábado por mais de 100 agentes do Governo, apoiados pelos serviços secretos militares, num resort na cidade de Lapu-Lapu, fez parte da repressão contínua ordenada pelo Presidente Ferdinand Marcos Jr. contra jogos ‘online’ dirigidos sobretudo a clientes da China, onde estes jogos são proibidos. Marcos disse que a prática massiva de jogos ilegais ignorou as leis das Filipinas, com violações das normas em larga escala, além de serem cometidos outros crimes, incluindo esquemas financeiros, tráfico humano, tortura, raptos e mortes. A rusga no ´Tourist Garden Resort´, que tem 10 edifícios com piscinas, bares e restaurantes de karaoke, ocorreu depois de a Embaixada da Indonésia em Manila requisitar o resgate de oito indonésios forçados a trabalhar no sector dos jogos ‘online’, segundo a Comissão Presidencial Anticrime Organizado. Pelo menos 162 estrangeiros foram “encontrados a trabalhar em três fazendas separadas dentro do complexo”, afirmou a comissão, sem fornecer detalhes. Estes crimes incluem esquemas fraudulentos de amor, jogos e investimento, que defraudaram vítimas em grandes quantias de dinheiro, de acordo com as autoridades filipinas. A mesma fonte adiantou que 83 chineses, 70 indonésios, seis cidadãos de Myanmar, dois de Taiwan e um da Malásia vão ser enviados para Manila para enfrentarem um processo do Departamento de Imigração e possivelmente deportados, segundo a informação divulgada. O dono do complexo hoteleiro foi preso e pode enfrentar acusações criminais.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão protesta após navio chinês entrar nas suas águas O Japão apresentou sábado um protesto formal junto da China, através da embaixada no país, depois de um navio de pesquisa chinês ter entrado em águas territoriais japonesas, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês. O ministério manifestou “grande preocupação” depois de o navio ter sido avistado perto da prefeitura de Kagoshima, no sudoeste do Japão, ao início da manhã. O navio chinês, confirmado em águas territoriais às 06:00 locais, partiu pouco antes das 08:00, de acordo com o Ministério da Defesa do Japão, acrescentando que foi monitorizado por um navio e um avião militares japoneses. A divisão marítima das Forças de Auto-Defesa do Japão (Exército) enviou dois navios para monitorizar os movimentos do navio chinês. O Governo japonês transmitiu à China, por via diplomática, o seu protesto e a sua “forte preocupação” face às frequentes incursões de navios chineses nas suas águas, muitas das quais ocorrem perto das ilhas Senkaku, administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim, que lhes chama Diaoyu. Recentemente, a actividade cada vez mais assertiva da China em torno das águas e do espaço aéreo japoneses causou inquietação entre os oficiais de defesa japoneses, também preocupados com a crescente cooperação militar entre as forças aéreas chinesas e russas. Por via aérea A China tem vindo a aumentar a sua actividade em torno das águas japonesas, e na segunda-feira um avião militar chinês terá entrado brevemente no espaço aéreo do sudoeste do Japão. Foi a primeira vez que a Força de Auto-Defesa nipónica detectou um avião militar chinês no espaço aéreo do Japão. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, afirmou na terça-feira que o seu país não tem “qualquer intenção” de violar o espaço aéreo de qualquer país. A tomada de posição seguiu-se ao Japão ter protestado junto de Pequim contra essa incursão, realizada por um avião chinês Y9 em torno da costa das ilhas Danjo, um pequeno arquipélago desabitado ao largo da prefeitura de Nagasaki, no sudoeste do país, a primeira violação deste tipo no arquipélago por um avião do país vizinho. O avião permaneceu no espaço aéreo japonês durante dois minutos, entre as 11:29 e as 11:31 locais, antes de partir, informou o Ministério da Defesa num comunicado. Em reacção à intrusão, as Forças Aéreas de Auto-Defesa japonesas responderam com manobras de “scramble” “e emitindo notificações e avisos”, disse. Durante a última década, as intrusões chinesas nas Zonas de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) japonesas multiplicaram-se à medida que a assertividade militar da China na região aumentou. No entanto, a intrusão de segunda-feira foi a primeira no espaço aéreo japonês, que, ao contrário da ADIZ – cujos limites não são estabelecidos por tratado – começa a 12 milhas náuticas da costa. Os laços comerciais bilaterais entre os dois países, bem como os intercâmbios entre académicos e empresários, entre outros, continuam fortes.
Hoje Macau China / ÁsiaMoçambique | Concessionado terminal portuário a grupo chinês O Governo moçambicano concessionou por 15 anos, como parceria público-privada, a construção, operação, manutenção e gestão do Terminal Portuário de Chongoene, província de Gaza, a uma sociedade constituída pelos chineses Desheng Port e a estatal moçambicana CFM. “Havendo necessidade de estabelecer a base legal que permita a concessão, em regime de parceria público-privada, a operador privado, para construção, operação, manutenção, gestão e devolução das infra-estruturas do Terminal Portuário de Chongoene, na província de Gaza, para exploração comercial do serviço público portuário”, justifica um decreto do conselho de ministros, de 26 de Agosto, a que a Lusa teve anteontem acesso. A concessão é atribuída à Sociedade Terminal de Minérios de Chongoene SA, constituída pelas empresas Desheng Port e Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), ficando a concessionária “autorizada” a “projectar, financiar, construir, possuir, operar, gerir, reabilitar, manter, explorar comercialmente e devolver a infra-estrutura portuária do Terminal Portuário de Chongoene e todas as infraestruturas conexas e auxiliares”. “A exploração, em regime de exclusividade dentro do perímetro da concessão, da infra-estrutura portuária no Terminal Portuário de Minérios, tem como principal actividade o armazenamento e manuseamento de areias pesadas nacionais a granel”, acrescenta o decreto, apontando que o terminal “deve ter uma capacidade mínima de oito milhões de toneladas métricas por ano, para exportação de areias pesadas nacionais a granel, podendo aumentar em função da demanda”. Segundo dados oficiais anteriores, a primeira fase do investimento na construção Terminal Portuário de Chongoene está orçada em 55 milhões de dólares, sendo expectativa dos promotores potenciá-lo com as exportações de areias pesadas de Chibuto.
Hoje Macau China / ÁsiaIndústria | Actividade transformadora volta a contrair A actividade da indústria transformadora da China contraiu pelo quarto mês consecutivo em Agosto, de acordo com dados oficiais divulgados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (NBS) do país asiático. O índice dos gestores de compras (PMI), o indicador de referência do sector) situou-se em 49,1 pontos, menos 0,3 pontos do que no mês anterior e abaixo da previsão dos analistas, que era de 49,5. Neste indicador, uma leitura acima do limiar de 50 pontos significa um crescimento da actividade no sector, em comparação com o mês anterior, enquanto abaixo representa uma contracção. Todos os cinco sub-índices que compõem o PMI da indústria transformadora ficaram todos abaixo do limiar dos 50 pontos: produção, novas encomendas – chave para medir a procura -, reservas de matérias-primas, emprego e prazos de entrega. Zhao Qinghe, estatístico do NBS, atribuiu o “declínio do nível de prosperidade” a factores como temperaturas elevadas ou inundações em áreas que afectaram a produção em Agosto. “A produção e a procura abrandaram”, sublinhou Zhao, que destacou ainda as descidas consideráveis registadas no índice de preços de compra das principais matérias-primas e fábricas, afectadas “pela falta de procura e pelas flutuações do preço do petróleo bruto”. No entanto, o responsável apontou também dados positivos como o facto de o PMI das grandes empresas transformadoras ter continuado a expandir-se ou o aumento registado em sectores como o fabrico de produtos de alta tecnologia. O NBS também divulgou ontem o PMI que mede a actividade nos sectores dos serviços e da construção, índice que acelerou de 50,2 pontos para 50,3 pontos, permanecendo na zona de expansão, tal como no resto do ano.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Pequim critica “colisão deliberada” de barco filipino A China acusou ontem um barco filipino de causar uma “colisão deliberada” contra um navio da guarda costeira perto de um recife disputado no mar do Sul da China, após uma série de incidentes na zona. “Às 12:06, o barco filipino n.º 9701 colidiu deliberadamente com o navio chinês 5205”, disse o porta-voz da guarda costeira chinesa, Liu Dejun, citado pela televisão estatal CCTV. O incidente ocorreu durante uma patrulha nas águas que rodeiam o recife de Xianbin, conhecido nas Filipinas como Sabina, disse o porta-voz, criticando o barco filipino por uma atitude “pouco profissional e perigosa”. Este recife, localizado a 140 quilómetros a oeste da ilha filipina de Palawan e a 1.200 quilómetros da ilha chinesa de Hainan, tem sido palco de vários incidentes nos últimos dias. No domingo passado, Manila acusou navios chineses de abalroar um barco de pesca filipino e de usar canhões de água contra a embarcação perto do recife. O porta-voz Liu Dejun reiterou que “a China exerce uma soberania indiscutível” nesta área. Pequim reivindica, por razões históricas, quase todas as ilhotas do mar do Sul da China, enfrentando outros países vizinhos além das Filipinas, como o Vietname, Brunei e Malásia, com reivindicações contrárias. Desde a chegada ao poder, em 2022, do Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., Manila tem afirmado com mais firmeza as suas reivindicações de soberania sobre determinados recifes disputados, enfrentando Pequim, que não pretende ceder às exigências. Os confrontos entre os dois países multiplicaram-se nos últimos meses, também em torno do atol Second Thomas. Soldados filipinos estão aí estacionados num navio militar que foi deliberadamente encalhado por Manila, em 1999, para fazer valer as suas reivindicações de soberania. Este confronto China-Filipinas alimenta receios de um potencial conflito que poderá levar à intervenção dos Estados Unidos da América devido ao seu tratado de defesa mútua com Manila. Escalada de tensão O secretário da Defesa das Filipinas acusou na segunda-feira a China de ser “o maior perturbador” da paz no Sudeste Asiático e apelou para uma censura internacional mais forte contra Pequim. Gilberto Teodoro Jr. falava numa conferência militar internacional organizada em Manila, tendo depois acrescentando aos jornalistas que as declarações internacionais de preocupação contra as acções da China em águas disputadas e noutros locais “não eram suficientes”. O mar do Sul da China recebe cerca de 30 por cento do comércio global e abriga 12 por cento dos pesqueiros mundiais, além de possuir potenciais depósitos de petróleo e gás.
Hoje Macau EventosAntónio Chainho despede-se dos palcos aos 86 anos O guitarrista e compositor António Chainho decidiu pôr fim à carreira aos 86 anos, realizando um último espectáculo este mês, em Lisboa, uma decisão que justificou por “sentir dificuldades em tocar alguns temas”. “Comecei a sentir que estava na hora de deixar a guitarrinha, que nunca vou deixar. Quem começa a brincar com este instrumento aos 6 anos é impossível largá-lo”, disse o músico, em entrevista à agência Lusa. O espectáculo de despedida dos palcos, “Lisboa Saudade”, está marcado para 13 de Setembro. Com cerca de 60 anos de carreira, Chainho afirmou à Lusa que um dos motivos que o levou a tomar esta decisão foi quando notou problemas no dedo indicador da mão direita, “que é base para tocar”. “Nas coisas que eu aprendi com os grandes guitarristas, nas mais complicadas, aí já sinto uma certa dificuldade”, disse o autor de “Voando sobre o Alentejo”, comparando os dedos de um guitarrista às pernas dos corredores. “Eu estou a sentir agora os problemas dos quase 90 anos de idade”. A vida numa guitarra António Chainho nasceu a 27 de Janeiro de 1938 em Santiago do Cacém, e conseguiu a proeza de gravar um disco, “O Abraço da Guitarra”, depois dos 85 anos. “Não tenho conhecimento de alguém que tenha gravado depois dos 60 anos. Carlos Paredes ainda tentou gravar, e em relação aos outros guitarristas não tenho conhecimento de alguém que tenha gravado depois dos 80 anos”, disse. António Chainho recordou os primeiros passos que deu na aprendizagem da guitarra portuguesa, o seu instrumento de eleição, de objecto de brincadeira, também por influência do pai “que tinha magníficos dedos”, aliando o seu “bom ouvido musical”, escutando as melodias que ouvia na rádio, por aqueles a quem chama os seus mestres, Armandinho, Raul Nery, Jaime Santos, entre outros. O serviço militar obrigatório levou-o a Lisboa, onde contactou directamente com o meio fadista, “estreando-se” em meados de 1960, numa casa de fados na Praça do Chile, onde tocou ainda “vestido à magala” e saiu em ombros, tal o êxito alcançado. Cumpriu o serviço militar em Moçambique, e regressou, quando se deu o seu encontro com o seu conterrâneo Carlos Gonçalves (1938-2020), autor das músicas de “Lavava no Rio, Lavava” ou “Lá Vai Maria”, de autoria e criação de Amália Rodrigues. Carlos Gonçalves convenceu-o a ficar no seu lugar na casa de fados Retiro da Severa, onde permaneceu cerca de seis meses, mudando-se depois para o restaurante O Folclore, também em Lisboa, que era apoiado pelo então Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI). Iniciou uma carreira de acompanhante e, a determinada altura porque “não tinha tempo para estudar” as melodias e compor, optou por acompanhar os fadistas Carlos do Carmo e Frei Hermano da Câmara, durante mais de 20 anos, e também, “mas menos tempo”, Teresa Tarouca. Mais tarde, trabalhou com Rão Kyao, com quem fez o álbum “Pão, Azeite e Vinho” e realizou uma digressão. A lista de músicos que acompanhou e com quem gravou é vasta e inclui nomes como Maria Bethânia, Adriana Calcanhotto, Marta Dias, António Calvário, Paco de Lucia, John Williams, María Dolores Pradera, José Carreras, Jürgen Ruck, Pedro Abrunhosa, Paulo de Carvalho, Ana Bacalhau, Sara Tavares ou Rui Veloso. O músico reconheceu que sentirá saudades da carreira à qual põe termo, mas continuará “a tocar para os amigos” e a acompanhar a escola que ostenta o seu nome em Santiago do Cacém. Apontado como “um dos virtuosos da guitarra portuguesa” pela “Enciclopédia da Música em Portugal no século XX”, António Chainho foi condecorado pelo Presidente da República, em Março de 2022, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Hoje Macau EventosMAM | Exposição de Bronzes Chineses inaugurada esta sexta-feira O Museu de Arte de Macau inaugura, esta sexta-feira, a exposição “O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-Primas do Museu Nacional da China”, que pretende mostrar a beleza dos antigos artefactos feitos em bronze. O público pode ver 150 peças cedidas pelo Museu Nacional da China Os interessados pela história e cultura da China podem desfrutar, a partir de sexta-feira, de uma nova exposição que lhes apresenta os antigos artefactos feitos em bronze no país nos tempos do Império. É inaugurada, a partir das 18h de sexta-feira, no Museu de Arte de Macau (MAM), a mostra “O Esplendor dos Bronzes Chineses: Obras-primas do Museu Nacional da China”, que dará a conhecer mais de 150 artefactos de bronze antigos da colecção do Museu Nacional da China. Incluem-se, segundo um comunicado do Instituto Cultural, 28 artefactos nacionais “de primeira classe”, nomeadamente o “Nao”, instrumento musical chinês, feito em bronze e com o padrão de elefante, ou o “Yan – Zuo Ce Ban”, um vaporizador feito em bronze também, ou o “Gui – Liu Nian Diao Sheng”, um recipiente ritual para os alimentos, tal como o “Gui – Shi You”. Segundo a mesma nota, “os artefactos de bronze antigos que fazem parte do património cultural mais significativos da China têm um papel crucial na história da arte mundial com as suas múltiplas categorias, formas únicas, padrões elegantes, inscrições diversas e técnicas complexas de fundição e modelagem”. Estas peças eram designadas por “Jin” ou “Jijin” na China antiga, tratando-se de “artefactos de bronze que estiveram quase sempre associados ao alvor da civilização, tratando-se da prova mais representativa da origem, desenvolvimento e prosperidade da civilização chinesa”. Bronze ao quadrado O IC descreve que a iniciativa “é a maior e mais excepcional exposição de bronze antigo alguma vez realizada em Macau”. O público pode ver as peças distribuídas por cinco secções, nomeadamente “Arte Visual dos Artefactos de Bronze, Decoração e Padrões, Inscrição e Caligrafia, Perícia Técnica na Produção de Artefactos de Bronze e Ferrugem e Corrosão”. Para o IC, o público terá acesso a uma “exposição intrigante, onde se poderá ver uma panóplia de artefactos de múltiplas épocas, várias categorias e formas, alguns dos quais serão exibidos pela primeira vez fora do continente”. Haverá ainda o complemento de experiências multimédia interactivas, que serão “educativas e de fácil compreensão”, proporcionando aos espectadores “a oportunidade de compreender melhor o desenvolvimento da antiga civilização chinesa, bem como as ricas conotações e as características essenciais da cultura chinesa”. No sábado, terá lugar uma palestra e um workshop sobre a temática dos bronzes antigos na China. Trata-se da “Palestra Dedicada à Exposição dos Artefactos de Bronze: Características Estruturais e do Significado Cultural do ‘Padrão Tigre Devorador de Homem’ Surgido nas Dinastias Shang e Zhou”. O orador será Zhai Shengli, vice-director do Departamento de Exposições e investigador do Museu Nacional da China, sendo analisada “uma selecção de artefactos com este padrão do Museu Nacional da China e as descobertas de estudos relevantes”. O workshop sobre artefactos chineses antigos feitos em bronze será ministrado por Hao Shuangjun, educadora do Departamento de Educação Social do Museu Nacional da China, destinando-se a crianças dos sete aos dez anos. Estes irão aprender mais sobre “o processo de fundição do bronze, orientando-os no processo de criação de caldeirões de bronze em miniatura”. As inscrições para estas actividades podem ser feitas na plataforma da Conta Única de Macau até esta quarta-feira, dia 4. A exposição no MAM pode ser visitada até ao dia 10 de Novembro.
Hoje Macau SociedadeCancro da mama | Metade das mulheres não sabe identificar doença Cerca de 55 por cento das inquiridas num estudo realizado pela Associação de Feliz Paraíso admitiu não conhecer os métodos de detecção precoce do cancro de mama. Os resultados do estudo que contou com a participação de 1289 mulheres com mais de 18 anos foram apresentados no sábado, numa conferência de imprensa. Face ao apurado, a Associação de Feliz Paraíso apelou ao Governo para realizar mais acções de promoção sobre a doença. Ao mesmo tempo, foi pedido aos residentes que se mantenham atentos e recorram ao rastreio gratuito dos Serviços de Saúde, para que a doença possa ser prevenida ou combatida numa fase inicial, quando as hipóteses de sucesso são maiores. Os resultados também mostram que 45 por cento das inquiridas conseguiu identificar alguns métodos de detecção precoce. No entanto, apenas 26 por cento das mulheres estava ciente de que um exame de Raio-X pode indicar o estado de saúde da mama.
Hoje Macau SociedadeMelco | Perdas de 325,1 milhões mas melhores resultados Nos primeiros seis meses do ano, a Melco International Development apresentou perdas de 325,1 milhões de dólares de Hong Kong, de acordo com um comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong. Para o grupo que controla os casinos City of Dreams e Studio City os resultados demonstram uma melhoria em comparação com o período homólogo, quando as perdas atingiram os 787,4 milhões de dólares de Hong Kong. “Ao longo da primeira metade de 2024, as melhorias do ambiente de negócios continuaram a desenvolver-se, apoiadas pelas iniciativas estratégicas do grupo que visaram a expansão das receitas, aumento dos lucros e promoção de um crescimento sustentado”, declarou Lawrence Ho, presidente do grupo e filho do falecido Stanley Ho, no comunicado com o anúncio dos resultados. “Como parte do nosso compromisso em oferecer experiências sem paralelo aos nossos clientes em Macau, foram realizados investimentos significantes nos nossos recursos humanos e na melhoria das instalações”, foi acrescentado. Em relação a Macau, Lawrence Ho destacou também que desde Junho que o Studio City passou a disponibilizar salas de cinema, naquela que era uma ambição antiga do resort que tem como tema o cinema e que na inauguração contou com a participação do realizador Martin Scorcese e dos actores Robert De Niro e Leonardo DiCaprio. Além das operações em Macau, a Melco explora casinos nas Filipinas, em Chipre e tem planos para se expandir para o Sri Lanka, onde deverá começar a explorar o casino City of Dreams Sri Lanka até ao final de Setembro.
Hoje Macau Manchete SociedadeJogo | Receitas de Agosto com aumento de 14,8% No oitavo mês do ano, as receitas do jogo aproximaram-se dos 20 mil milhões de patacas, naquele que foi o segundo registo mais alto desde o início ano. No entanto, as receitas estão ainda a 81,4 por cento do montante pré-pandemia As receitas do jogo subiram 14,8 por cento em Agosto, em comparação com o mesmo mês de 2023, foi anunciado ontem. Os casinos arrecadaram cerca de 19,8 mil milhões de patacas em Agosto, de acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Apesar da recuperação em termos anuais, as receitas dos casinos em Agosto representaram ainda apenas 81,4 por cento do montante contabilizado em igual mês de 2019 (24,3 mil milhões de patacas), antes do início da pandemia. Apesar da diferença, o montante de Agosto foi o segundo mais alto deste ano, apenas ultrapassado pelo valor de Maio, quando as receitas chegaram aos 20,2 mil milhões de patacas. Nos primeiros oito meses de 2024, o sector do jogo em Macau arrecadou um total de 152,1 mil milhões de patacas, mais um terço do que no mesmo período do ano passado. Este valor representa 76,7 por cento do acumulado em igual período de 2019. Com a retoma do jogo, a economia de Macau cresceu 15,7 por cento no primeiro semestre de 2024, em comparação com igual período do ano passado, de acordo com dados oficiais. O produto interno bruto (PIB) de Macau atingiu 204,3 mil milhões de patacas entre Janeiro e Junho, adiantou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) em 23 de Agosto. O benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos aumentou 39,9 por cento em termos anuais na primeira metade de 2024, enquanto dos outros serviços turísticos subiu 2,8 por cento, sublinhou a DSEC, em comunicado. Multiplica por quatro Macau fechou o ano passado com receitas totais de jogo de 183,1 mil milhões de patacas, quatro vezes mais do que em 2022. Um valor que ultrapassou o previsto no orçamento de Macau para 2023, que era de 130 mil milhões de patacas. Ainda assim, de acordo com os dados do regulador do jogo, a receita acumulada em 2023 representou 62,6 por cento do montante registado no mesmo período de 2019. Desde o início do ano, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio a Macau, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China, que, estando em excursões, podem também, no prazo de sete dias, viajar várias vezes entre Hengqin e Macau, através do Posto Fronteiriço de Hengqin. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a um total de 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau.
Hoje Macau PolíticaEconomia | Excedente da balança de pagamentos aumentou quase seis vezes A balança de pagamentos de Macau registou um excedente de 136,7 mil milhões de patacas no ano passado, quase seis vezes mais do que em 2022, anunciou na sexta-feira o regulador financeiro. Num comunicado, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) atribuiu a subida do excedente “ao acréscimo das exportações de serviços turísticos”, incluindo o benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos. A região, capital mundial do jogo e o único local na China onde o jogo em casino é legal, tinha registado em 2022 um excedente de 22,9 mil milhões de patacas. As exportações de serviços quase triplicaram no ano passado, enquanto as importações de serviços subiram 35,6 por cento, fazendo com que o excedente na balança de serviços mais que triplicasse, para 263,4 mil milhões de patacas. O território, cuja economia depende do turismo e jogo, cancelou em Janeiro de 2023 todas as medidas de prevenção e contenção da covid-19, depois de quase três anos de rigorosas restrições impostas pela política ‘zero covid’, que também vigorou na China. Visitantes quadruplicaram Em resultado, o número de visitantes quadruplicou em 2023 para 28,2 milhões, uma subida replicada pelas receitas da indústria dos casinos, que atingiram 183,1 mil milhões de patacas. A balança comercial registou um défice de 98,7 mil milhões de patacas, mais 26,2 por cento do que em 2022, graças a um aumento de 2,3 por cento nas importações de mercadorias. Quanto à balança de rendimentos, referente aos investimentos no estrangeiro, registou um défice de 4,5 mil milhões de patacas, em comparação com um excedente de 37,8 mil milhões de patacas, no ano anterior. A balança de transferências teve também um saldo negativo de 23,6 mil milhões de patacas em 2023, duas vezes e meia maior do que no ano anterior. A balança de pagamentos reflecte os pagamentos e receitas do comércio exterior de bens, serviços, rendimentos e transferências, sendo considerada um dos mais amplos indicadores comerciais.
Hoje Macau Manchete PolíticaCantão | Residentes estrangeiros de Macau autorizados a conduzir Desde ontem, que os residentes estrangeiros que possuam um veículo registado em seu nome podem requerer uma autorização para conduzir na província de Guangdong. O anúncio foi feito na sexta-feira pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego Os residentes permanentes estrangeiros de Macau e Hong Kong podem, desde ontem, requerer uma autorização para conduzir veículos das regiões na vizinha província de Guangdong, anunciaram as autoridades na sexta-feira A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) de Macau indicou que estes residentes, incluindo membros da comunidade portuguesa, podem apresentar o pedido a partir de 1 de Setembro. Para isso, terão de deter uma autorização válida para entrar no Interior da China e serem proprietários de um veículo motorizado registado em seu nome, referiu a DSAT, num comunicado. Em 1 de Julho, a Administração Nacional de Imigração (NIA, na sigla em inglês) chinesa anunciou que os residentes permanentes estrangeiros de Macau e Hong Kong poderiam, a partir de 10 de Julho, requerer uma autorização para entrar no Interior, válida por um máximo de cinco anos. A medida abrange membros da comunidade portuguesa que sejam residentes permanentes em Macau e que, até então, estavam obrigados a pedir um visto para viajar até ao outro lado da fronteira. O objectivo é “facilitar ainda mais os intercâmbios entre a população chinesa do continente e a população de Hong Kong e Macau, e ajudar Hong Kong e Macau a integrarem-se melhor no desenvolvimento nacional global”, disse na altura a NIA. Turismo e investimento A autorização contempla cidadãos não chineses “que se deslocam à China continental para fins de curto prazo, tais como investimento, visita a familiares, turismo, negócios, seminários e intercâmbios”. Ao longo dos cinco anos, o requerente “pode deslocar-se ao interior da China várias vezes, não podendo cada estadia exceder 90 dias”, acrescentou a NIA. O titular desta autorização não pode trabalhar, estudar ou participar em actividades de cobertura de notícias, referiu a mesma nota. A permissão é emitida na forma de um cartão electrónico, com fotografia e os dados do titular. Até 14 de Agosto, a agência de viagens estatal chinesa China Travel Service (CTS) tinha finalizado 1.400 processos, tendo recebido ainda mais de dois mil pedidos de marcações ‘online’, segundo a TDM. De acordo com a televisão pública de Macau, a CTS tinha já emitido 160 autorizações, incluindo 32 para residentes com nacionalidade portuguesa. A NIA recebeu, até 10 de Agosto, mais de 20 mil pedidos de residentes permanentes estrangeiros de Macau e Hong Kong, avançou a televisão estatal chinesa CCTV. De acordo com os resultados finais do Censos 2021, viviam em Macau mais de 2.200 pessoas que nasceram em Portugal. A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado Geral de Portugal apontava para mais de 100 mil portadores de passaporte português entre os residentes em Macau e em Hong Kong.
Hoje Macau Manchete SociedadeTurismo | Registadas mais entradas em Agosto do que em 2019 Macau recebeu em Agosto mais visitantes do que no mesmo mês de 2019, pela primeira vez desde o fim da pandemia de covid–19, anunciaram ontem os Serviços de Turismo. Num comunicado, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau indicou que, de acordo com dados provisórios, quase 3,7 milhões de visitantes chegaram ao território em Agosto, mais 40 mil do que em igual período de 2019. A DST sublinhou que o mês passado terminou com uma média de 118 mil entradas de turistas por dia e um pico de quase 167 mil visitantes, atingido em 24 de Agosto. Já em Agosto de 2023, o pico foi de 151 mil turistas. Macau recebeu nos últimos dois meses, Julho e Agosto, quase 6,7 milhões de visitantes, um número que representa 93,4 por cento do valor registado no mesmo período de 2019, referiu o comunicado. A DST destacou ainda que entre 1 de Julho e 31 de Agosto cerca de 336 mil visitantes internacionais passaram pela cidade, mais 29,8 por cento do que em igual período do ano passado.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Tufão mais forte do ano faz pelo menos três mortos O tufão Shanshan, com rajadas que podem atingir 200 quilómetros por hora, já fez três vítimas mortais e quase 30 feridos no sul do arquipélago O tufão mais forte do ano atingiu ontem o sul do Japão, trazendo chuvas torrenciais e ventos fortes que causaram pelo menos três mortes e 28 feridos no arquipélago, disseram autoridades locais. Antes da chegada do tufão Shanshan, as fortes chuvas já tinham provocado, na noite de terça-feira, um deslizamento de terras que soterrou uma casa em Gamagori, no centro do Japão, matando três pessoas da mesma família e ferindo outras duas, de acordo com o departamento de gestão de catástrofes da cidade costeira. As autoridades do departamento de Miyazaki disseram à agência de notícias France-Presse que foram registados 26 feridos – incluindo dez causados por um tornado – e mais de 150 edifícios danificados. A maioria dos ferimentos foi causada por janelas partidas ou queda de objectos devido a ventos fortes. Na ilha de Amami, no sul, por onde já passou o tufão, uma pessoa ficou ferida após ser levada por uma rajada de vento enquanto andava de moto, informou a Agência de Gestão de Incêndios e Desastres japonesa. O Shanshan atingiu a costa por volta das 08:00 perto de Satsumasendai, no sul de Kyushu, a segunda maior ilha do país, onde vivem 12,5 milhões de pessoas. A Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês) previu que podem cair até 60 centímetros de chuva em 24 horas em Kyushu e emitiu o nível de alerta mais elevado devido a ventos fortes e ondas altas. O porta-voz do Governo, Yoshimasa Hayashi, sublinhou que eram “esperados ventos violentos, ondas altas e tempestades de uma magnitude nunca antes sentida por muitas pessoas”. As autoridades aconselharam mais de 56 mil pessoas a procurar abrigo em centros comunitários e outras instalações públicas. Velocidade furiosa O tufão Shanshan estava a deslocar-se para norte a 15 quilómetros por hora com ventos sustentados de 144 quilómetros por hora e rajadas que podem atingir 200 quilómetros por hora, disse a JMA. A aproximação da tempestade tropical levou a Toyota a suspender a produção nas 28 linhas de produção das 14 fábricas japonesas da gigante automóvel e das suas filiais pelo menos até ao final do dia de ontem. A Japan Airlines cancelou mais de 300 voos, enquanto a concorrente ANA anunciou o cancelamento de mais de 250 voos até sexta-feira. As linhas de alta velocidade Shinkansen e alguns serviços ferroviários locais foram suspensos. Os serviços postais e de entrega foram suspensos em Kyushu e prevê-se que os supermercados e outras lojas também fechem. A operadora de serviços públicos de Kyushu disse que 254.610 casas estavam sem energia na ilha. De acordo com um estudo publicado em Julho, os furacões na região estão a formar-se mais perto da costa do que no passado, intensificando-se mais rapidamente e permanecendo mais tempo sobre terra, em consequência das alterações climáticas.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor/25 anos | Presidente condecora oito jornalistas portugueses José Ramos-Horta homenageou os jornalistas da Lusa, SIC, RTP e Rádio Renascença que, segundo o líder timorense, fizeram com que a voz do povo fosse ouvida em Portugal e no mundo O Presidente timorense condecorou ontem oito jornalistas portugueses, no âmbito das comemorações dos 25 anos do referendo pela independência, destacando o seu contributo para que a voz do povo de Timor-Leste fosse ouvida no mundo. No decreto presidencial da condecoração, José Ramos-Horta refere que os jornalistas “foram capazes de divulgar ao mundo a resistência e o sofrimento do povo de Timor-Leste e a sua vontade de autodeterminação”. “Os jornalistas portugueses contribuíram para que a voz do povo timorense fosse ouvida em Portugal e em todo o mundo” e “captaram a história de um povo que queria a liberdade e que, na sequência dos resultados do referendo, necessitava de uma intervenção internacional imediata para estabelecer a paz e a segurança”, disse o Presidente. Foram condecorados Paulo Nogueira, Pedro Sousa Pereira e Fernando Peixeiro, da agência Lusa, Pedro Miguel Duarte Costa e Silvestre Bento Rodrigues, da SIC, António Pedro Valador, da RTP, e Pedro Manuel Mesquita e José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença. Os jornalistas foram condecorados com o Grau Medalha da Ordem de Timor-Leste, “que visa distinguir personalidades nacionais e internacionais que serviram a nação timorense em prol do reforço da ordem social e cujas acções contribuíram de modo significativo para a paz e estabilidade nacional”. A força da resistência Em declarações aos jornalistas após a cerimónia, que decorreu no Palácio Presidencial Nicolau Lobato, em Díli, José Ramos Pinheiro referiu que a resistência timorense foi “algo muito especial e muito diferente” que “se foi impondo à realidade”. “Não foi a agenda internacional que impôs esta situação, foi a situação descoberta por poucos jornalistas […] que impuseram a situação à agenda internacional”, disse o antigo director de informação e actual gerente do Grupo Renascença Multimédia. Para José Ramos Pinheiro, esta distinção “é uma forma de o jornalismo ser associado àquilo que é o sucesso de um caso como este que, como disse o secretário-geral das Nações Unidas, talvez já não fosse possível nos dias de hoje”. Por seu lado, Paulo Nogueira destacou que a Lusa só fez o seu trabalho e que “os heróis aqui são os timorenses”. “Nós, na Lusa, só fizemos o nosso trabalho, os timorenses é que lutaram, eles é que tiveram coragem para resistir durante 24 anos numa situação de grande ameaça e de grande violência para dizerem que queriam ser independentes”, sublinhou. Sobre a evolução de Timor-Leste em 25 anos, o jornalista da Lusa referiu que “um país não se constrói de um dia para o outro”, mas, tendo em conta que “começou praticamente do chão pela destruição das infraestruturas após o referendo”, “as diferenças são imensas”. “Este é o país que os timorenses querem e por isto lutaram, para serem livres, para serem independentes, para escolherem o seu caminho. É isso que eles estão a fazer e, portanto, está tudo bem”, disse Paulo Nogueira. Em 30 de Agosto de 1999, apesar da violência perpetrada pelas milícias que apoiavam a integração, 344.580 das 446.666 pessoas registadas escolheram a independência do país e consequentemente o fim da ocupação da Indonésia, que invadiu Timor-Leste em 07 de Dezembro de 1975. Com o resultado do referendo, a Indonésia abandonou Timor-Leste, com as milícias pró-indonésias a deixarem um rasto de horror e violência, tendo entrado a autoridade de transição das Nações Unidas, que geriu o país até à restauração da independência, em 20 de maio de 2002.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Biden desejoso de falar com Xi nas próximas semanas O Presidente dos EUA, Joe Biden, está desejoso de conversar com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, nas próximas semanas, disse ontem o enviado dos EUA, Jake Sullivan, aos jornalistas. “O Presidente Biden aguarda com expectativa a oportunidade de voltar a falar consigo nas próximas semanas”, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca ao Presidente chinês durante uma reunião em Pequim. Na quarta-feira, a Casa Branca anunciou que o Presidente dos EUA e o seu homólogo chinês deverão conversar telefonicamente nas próximas semanas, depois de trabalhos de preparação diplomáticos, anunciou ontem a Casa Branca. Ontem, o Presidente chinês recebeu o conselheiro de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, a quem transmitiu que o empenho da China em manter relações “estáveis, saudáveis e sustentáveis” com os Estados Unidos mantém-se como “uma prioridade”. “O empenho da China em manter relações estáveis, saudáveis e sustentáveis com os Estados Unidos continua a ser uma prioridade. Esperamos que os Estados Unidos trabalhem na mesma direcção que a China”, acrescentou o chefe de Estado. “A China e os Estados Unidos devem ser responsáveis perante a história e uma fonte de estabilidade para a paz mundial”, afirmou Xi Jinping, segundo uma breve declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Sullivan, que efectua a primeira visita à China de um conselheiro de segurança dos EUA em oito anos, encontrou-se com o principal diplomata chinês, Wang Yi, nos últimos dias, em conversações descritas como “construtivas”, nas quais houve críticas mútuas.
Hoje Macau China / ÁsiaHK | UE critica condenação de dois jornalistas A União Europeia (UE) criticou ontem a condenação de dois jornalistas independentes em Hong Kong, considerando que é “mais um sinal do enfraquecimento da liberdade da imprensa” no território administrativo chinês. Em comunicado, a porta-voz do Serviço de Ação Externa da UE Nabila Massarali condenou a decisão judicial aplicada a Chung Pui-kuen e Lam Shiu-tung, dois antigos editores do agora encerrado Stand News, um órgão de comunicação social independente que pertencia ao grupo Best Pencil (Hong Kong) Limited, também encerrado. Os dois jornalistas foram considerados culpados dos crimes de conspiração para produzir e publicar material que incita à sedição. Nabila Massarali também criticou o processo que conduziu à condenação, já que o julgamento durou 57 dias, em vez dos habituais 20.
Hoje Macau China / ÁsiaCO2 | China corta emissão em 3 mil milhões de toneladas na última década A China reduziu a emissão de CO2 em 3 mil milhões de toneladas na última década, num esforço para promover o consumo verde, assinala ontem um livro branco. A economia de energia da China nos últimos dez anos foi equivalente a cerca de 1,4 mil milhões de toneladas de carvão, já que a sua reestruturação e actualização industriais e tecnologias de redução de carbono aumentaram muito a eficiência energética, segundo o livro branco intitulado “Transição Energética da China” emitido pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado, indica o diário do Povo. Controlar tanto o volume como a intensidade do uso de energia tornou-se uma medida institucional crucial do país, diz o documento. A China intensificou os esforços para melhorar a conservação e a eficiência energéticas em sectores-chave, desde a produção industrial até à construção e ao transporte. Na última década, o consumo de energia por unidade de valor agregado das empresas industriais com receita anual de 20 milhões de yuans, ou mais, caiu mais de 36 por cento. O consumo energético abrangente por unidade de produto no aço, alumínio electrolítico, cimento e vidro diminuiu em mais de 9 por cento em média. Em 2023, o valor total da produção da indústria de serviços de conservação energética ultrapassou 500 mil milhões de yuans, o dobro de 2013. Em transição Como a China atravessa o maior processo de urbanização do mundo, o país implementou padrões mais altos de eficiência energética para novos edifícios e está a avançar estavelmente no reequipamento dos edifícios existentes para economia energética, acrescenta a publicação estatal. Até ao final de 2023, a área de piso dos edifícios com eficiência energética ultrapassou 32,68 mil milhões de metros quadrados, representando mais de 64 por cento do total dos edifícios urbanos, um aumento de quase 30 pontos percentuais em relação a 2013. Edifícios com consumo de energia ultrabaixo ou quase zero ultrapassaram 43,7 milhões de metros quadrados. No final de 2023, a China tinha mais de 20,4 milhões de veículos de nova energia e quase 8,6 milhões de instalações de carregamento e mais de 450 estações de abastecimento de hidrogénio em todo o país. O consumo energético abrangente por unidade de carga para o transporte ferroviário em 2023 caiu cerca de 19 por cento face a 2013. O país também promoveu activamente modelos verdes de consumo de energia, com esforços para incentivar o consumo de energia renovável, promover a electrificação e a transição de baixo carbono do consumo final de energia e adoptar modos de vida verdes e de baixo carbono. Tanto os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 como os Jogos Asiáticos de Hangzhou 2023 utilizaram 100 por cento de electricidade verde, indica o livro branco.
Hoje Macau EventosColoane | Galeria Hold On to Hope recebe exposição de fotografia A Halftone – Associação Fotográfica de Macau associou-se ao projecto Hold On to Hope para apresentar, em Coloane, uma nova exposição de fotografia intitulada “Pequeno Formato”. A inauguração acontece este domingo na Galeria Hold On to Hope, às 16h, na Aldeia de Nossa Senhora de Ká-Hó, em Coloane, e ficará patente até 29 de Setembro. Segundo um comunicado da organização, esta exposição inclui trabalhos de fotografia de “onze dos talentosos membros da Halftone”, nomeadamente Elói Scarva, Francisco Ricarte, Gonçalo Lobo Pinheiro, Joana Freitas, João Palla, José Sales Marques, Lurdes de Sousa, Nelson Silva, Ricardo Meireles, Rusty Fox e Sara Augusto. Tratam-se de pessoas com ou sem experiência na fotografia que, muitas vezes, além das suas profissões, gostam de captar imagens e momentos com a sua máquina. A organização do evento denota que “embora o espaço disponível na galeria possa ser limitado, esta exposição prova que a arte impactante pode prosperar mesmo em formatos compactos”. “Cada fotografia exposta foi cuidadosamente elaborada para maximizar o impacto artístico dentro das dimensões da parede. Através desta exposição, a Halftone visa não apenas celebrar o espírito criativo dos seus fotógrafos, mas também apoiar o importante trabalho da Associação ARTM, à qual será doada uma parte dos lucros”. A ARTM – Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau é a associação que gere a Hold On to Hope. Com esta exposição, convida-se o público a “descobrir o poder da fotografia compacta e contemplativa, contribuindo para uma causa filantrópica significativa”.
Hoje Macau SociedadeFundo Educativo | Renovações arrancam segunda-feira Decorre entre segunda-feira, 2 de Setembro, e o dia 29 desse mês o prazo para a renovação de bolsas atribuídas pelo Fundo Educativo para o ano lectivo de 2024/2025. Assim, os beneficiários do “Plano de financiamento das bolsas de estudo para o ensino superior”, “Plano de bolsas de mérito para a frequência das melhores instituições de ensino superior no ranking mundial” e “Plano de pagamento dos juros ao crédito para os estudos” devem apresentar a respectiva documentação necessária, sendo que os beneficiários do regime escolar especial, ou seja, que não iniciem as aulas entre Julho e Outubro, devem apresentar o requerimento até 31 de Março de 2025. O processo pode ser feito na secção “Programa de bolsas de estudo para o ensino superior” no website da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, ou ainda na plataforma da Conta Única de Macau. Caso os estudantes tenham feito alterações nos cursos frequentados, seja a mudança de instituição ou a suspensão dos estudos, por exemplo, devem apresentar os requerimentos até ao último dia útil de Novembro “imediatamente seguinte à ocorrência do facto”. Além disso, para os beneficiários do regime escolar especial, devem apresentar o requerimento até ao último dia útil de Março imediatamente seguinte à ocorrência do facto.
Hoje Macau PolíticaAssociações | Secretário português lamenta fraca adesão de jovens O secretário de Estado José Cesário lamentou ontem o fraco envolvimento de jovens no movimento associativo das várias comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. “Também senti [em Macau] que é muito importante encontrarmos forma de despertar, de mobilizar alguns novos quadros, particularmente lusodescendentes e mais jovens, que se possam envolver na vida comunitária”, disse o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que finalizou ontem uma visita de três dias ao território. A dificuldade em atrair as camadas mais jovens para participarem na vida da comunidade, explicou o secretário de Estado, prende-se com “uma diferença de postura, em termos culturais, das novas gerações em relação ao associativismo”. “Por exemplo, nós temos fluxos migratórios por muitos países hoje onde não há uma única estrutura associativa. São comunidades que primam pelo individualismo e por outras formas de aproximação uns com os outros, que não são as tradicionais”, indicou. No caso de Macau, o responsável, que ocupa pela quarta vez o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, traça um cenário optimista, com “mais gente, mais nova”, nas instituições que contactou durante a visita. No entanto, há que repensar o futuro das estruturas da comunidade, declarou, considerando este um “problema de fundo” transversal a todas as geografias onde está estabelecida a emigração portuguesa.
Hoje Macau Manchete PolíticaPortugal | Cesário admite falhas nas relações com luso-descendentes O secretário para as Comunidades Portuguesas deixou ontem o território depois de uma visita de três dias, e reconheceu que o país tem “feito muito, muito, muito pouco” pelas comunidades luso-descentes na Ásia. Segundo José Cesário, Macau pode ter um papel decisivo para mudar esta realidade O secretário para as Comunidades Portuguesas, José Cesário, declarou ontem que Portugal não tem feito “praticamente nada” na relação com algumas comunidades de luso-descendentes da Ásia e defendeu que Macau pode ajudar a estabelecer esses contactos. Malaca (Malásia), Sri Lanka, Goa, Damão e Diu (Índia), Myanmar (antiga Birmânia), Japão ou Tailândia são alguns dos exemplos de países ou regiões com comunidades de luso-descendentes que Portugal, de acordo com José Cesário, não tem conseguido alcançar. Pela Ásia, “há diversíssimas comunidades e com as quais Portugal, verdadeiramente, tem feito muito, muito, muito pouco”, disse o responsável aos jornalistas em Macau, onde se encontrou até ontem numa visita de três dias. “Em termos institucionais, praticamente nada. Há um estudioso ou outro, um académico ou outro, um investigador ou outro, um jornalista ou outro, que de vez em quando e tal faz um artigo, um trabalho, uma coisa. Agora, não há uma continuidade de trabalho”, reforçou. José Cesário recorreu a Malaca, para exemplificar como algumas destas “comunidades isoladas” preservam tradições antiquíssimas “sem a mínima atenção e incentivo”. “Eu visito o bairro português, o ‘settlement’, como se diz, encontro lá o [luso-descendente] Papa Joe a tocar, a cantar o Malhão em português, e eles dançam, e têm os trajes folclóricos, e têm o galo de Barcelos (…). Ninguém fala português, mas isso é normal, aqui [em Macau] também. Mas fazem aquilo tudo de acordo com a tradição de há centenas de anos, sem o mínimo acompanhamento”, reforçou. Ponte de Macau Para chegar a estas comunidades e colocá-las em rede, com Portugal e entre elas, Cesário defendeu que, do lado do Estado, é necessário “encontrar uma entidade” que consiga estabelecer uma “relação desejavelmente continuada” e fazer “um trabalho a prazo”. Depois, do lado da sociedade civil, sugeriu o secretário de Estado, o trabalho pode partir de entidades “disponíveis para trabalhar com o Estado na realização de alguns projectos em concreto”. Neste sentido, Macau pode ser o “melhor local” para realizar este projecto, considerou, referindo ter abordado “este facto que preocupa” com algumas pessoas, nomeadamente responsáveis do Instituto Internacional de Macau, da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses e da Fundação Oriente. “O que eu disse a algumas pessoas foi para pensarem em algumas actividades que possamos fazer com eles, e ver se conseguimos agora, nestes próximos meses, no contexto dos apoios que nós normalmente concedemos ao movimento associativo (…), se conseguimos encontrar algumas actividades que se dirijam especificamente a esta comunidade”, indicou. José Cesário notou também que há comunidades com as quais é mais complicado trabalhar, notando, por exemplo, ser “muito mais difícil identificar” a comunidade luso-descendente em Myanmar, país que é palco de um conflito armado. A Associação Internacional dos Luso-descendentes (AILD) tem denunciado, nos últimos anos, “o genocídio” em curso de milhares de luso-descendentes católicos (bayingyis) em Myanmar, que se tem traduzido em destruição, mortes e refugiados. De acordo com o director-geral para a Ásia/Pacífico da AILD, Joaquim Magalhães de Castro, a comunidade de luso-descendentes em Myanmar existe há mais de 400 anos, resultando de casamentos feitos entre locais e portugueses, muitos deles mercenários. José Cesário encara Macau como o “melhor local” para realizar actividades de ligação com a comunidade luso-descendente.
Hoje Macau Grande PlanoTimor/25 anos: Uma “história bonita” conseguida com dificuldade e falta de apoio, diz Durão Barroso Por Isabel Marisa Serafim, da agência Lusa O antigo primeiro-ministro português Durão Barroso disse hoje que Timor-Leste é uma “belíssima história”, que assegurou a “restauração do direito internacional”, recordando com emoção dificuldades no percurso até ao referendo, que se assinala sexta-feira, que levou à independência. “Uma belíssima história ou uma história muito bonita”, afirmou o também presidente da Aliança Global para as Vacinas e Imunização, questionado pela Lusa sobre os 25 anos de realização do referendo em Timor-Leste, em cujas celebrações, esta semana, participa. Durão Barroso salientou que é com “enorme emoção” que recorda o percurso, com dificuldades e pressões, em que “Portugal teve um papel de liderança, que assegurou a restauração do direito internacional, permitiu o exercício da autodeterminação do povo timorense e que em paz foi possível estabelecer o primeiro país soberano do século XXI”. Em 1992, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Durão Barroso iniciou conversações formais com a Indonésia, tendo participado em quatro rondas de negociações. Os dois países acabariam por assinar a 05 de maio de 1999, sob os auspícios das Nações Unidas, três acordos, nomeadamente sobre a questão de Timor-Leste, outro sobre a modalidade da consulta popular e um terceiro sobre segurança. Os acordos foram assinados por Jaime Gama, na altura chefe da diplomacia portuguesa, pelo seu homólogo indonésio, Ali Alatas, e por Kofi Annan, antigo secretário-geral da ONU. Mas, salientou Durão Barroso, foi também um “percurso em que muita gente não acreditou, porque parecia irrealista”. “Nas relações internacionais há os chamados realistas ou os ‘realpolitik’, que dizem que só vai acontecer aquilo que é realista esperar, e de facto não parecia muito realista”, disse. Durão Barroso recordou que na altura Timor-Leste era ocupado pela Indonésia, o “maior país muçulmano do mundo” e esteve “durante muito tempo quase ignorado”, havia desconhecimento e “muita gente julgava que era daqueles casos que era melhor ficarem no arquivo da história”. Questionado sobre as dificuldades diplomáticas enfrentadas por Portugal na defesa da causa de Timor-Leste, o antigo primeiro-ministro disse que muita gente não queria sequer ouvir falar do assunto, por um lado, e, por outro lado, “havia muitos interesses”. “É preciso não esquecer que a Indonésia é um dos mais importantes países desta região e é o maior país da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático] um grupo com o qual há imenso interesse, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos e também na China, em desenvolver relações”, explicou. Durão Barroso disse que em várias reuniões entre a União Europeia e a ASEAN responsáveis políticos de vários países lhe pediam para não levantar a questão de Timor-Leste. “Faziam pressão sobre mim para não levantar a questão, mas obviamente que levantava, nomeadamente na ótica dos direitos humanos”, afirmou. O antigo primeiro-ministro recordou também que o massacre do cemitério de Santa Cruz contribuiu para dar visibilidade à questão de Timor-Leste e que depois “com algum trabalho, nomeadamente com a resistência timorense, com os seus representantes no exterior, foram definindo uma estratégia”. “Por exemplo, na estratégia, como ministro dos Negócios Estrangeiro, escrevi ao Comité Nobel a propor as personalidades timorenses para receberem o Prémio Nobel da Paz” por causa da visibilidade internacional, salientou. O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, e o antigo bispo da diocese de Díli Dom Carlos Ximenes Belo receberam o prémio Nobel da Paz em 1996. Durão Barroso destacou também o apoio dos Países de Língua Oficial Portuguesa e de Espanha, por “razões de boa vizinhança e de amizade com Portugal, mas não era um verdadeiro apoiou à causa de Timor-Leste”. “Para ser muito sincero, já tenho distância suficiente para dizer (que) na Europa praticamente ninguém nos apoiou. O único país que verdadeiramente nos apoiou na União Europeia foi a Irlanda, porque dá muito valor à questão da autodeterminação”, afirmou. “Há causas pelas quais vale a pena lutar e neste caso foi uma das causas em que a justiça ganhou, acho que é motivo de uma grande alegria”, concluiu. A 30 de agosto de 1999, 344.580 das 446.666 pessoas registadas (433.576 em Timor-Leste e 13.090 nos centros no estrangeiro) escolheram a independência do país e consequentemente o fim da ocupação da Indonésia (a Indonésia invadiu Timor-Leste a 07 de dezembro de 1975), apesar da violência perpetrada pelas milícias que apoiavam a integração.