Mundial 2022 leva chineses a questionar se estão no mesmo planeta

O Mundial de futebol do Catar, seguido por milhões de chineses, evidenciou o contraste entre a China, que mantém a estratégia ‘zero casos’, e o resto do mundo, com internautas a questionarem, sarcasticamente, se estarão a viver noutro planeta.

“O Mundial arrancou e Pequim está em silêncio absoluto”, descreveu Jessica, uma hospedeira de bordo chinesa a residir na capital da China, num comentário difundido na rede social WeChat, durante a cerimónia de abertura do Mundial. “Sinto-me como se estivesse no fundo de um poço, a contemplar um mundo maravilhoso, com o qual não posso interagir”, acrescentou. “Qual é então o propósito de viver?”, questionou.

Nas últimas semanas, surtos de covid-19 obrigaram à imposição de novos bloqueios restritivos em Pequim, Cantão e dezenas de outras cidades menores da China.

A estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 da China inclui o bloqueio de cidades inteiras, a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020.

Isto coincide com a realização do Mundial. O evento desportivo, acompanhado por dezenas de milhões de chineses, evidenciou para muitos o contraste entre o país e o resto do mundo, dando origem ao tema #SeráQueEstamosNoMesmoPlaneta nas redes sociais chinesas.

Mundo Ideal

Muitos chineses revelaram-se perplexos com a ausência de regras de distanciamento social e adeptos sem máscaras.
Uma mensagem a questionar a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 da China foi, entretanto, removida ontem da Internet chinesa e o seu autor bloqueado, após se tornar viral.

A mensagem foi removida depois de ter recebido 100.000 visualizações, o número máximo revelado publicamente pela rede social WeChat. O autor, não identificado, levantou várias questões dirigidas à Comissão Nacional de Saúde do país, incluindo por que a China continua a impor restrições tão rígidas, quando no resto do mundo a vida retornou à normalidade.

“Observamos que o público no Mundial do Catar não usa máscaras ou é obrigado a apresentar testes com resultado negativo. Será que estas pessoas estão no mesmo planeta em que nós vivemos”, questionou a mensagem.

A mesma nota pediu às autoridades que tornem pública a taxa de mortalidade da variante Ómicron da covid-19, avaliem o custo de manter a estratégia actual ou expliquem claramente qual é a eficácia das vacinas chinesas.

A estratégia chinesa tem altos custos económicos e sociais e gera forte descontentamento social. Um surto do novo coronavírus pode resultar em bloqueios altamente restritivos, que por vezes se prolongam durante meses.
Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.231 pessoas na China devido ao novo coronavírus.

João Pimenta, Lusa

24 Nov 2022

Grande Baía | Macau vai criar dois centros tecnológicos para apoiar projectos lusófonos

O Governo de Macau anunciou ontem a criação de dois centros sino-lusófonos para apoiar a fixação de “projectos de tecnologia avançada” da lusofonia na região chinesa da Grande Baía, com a atribuição de bolsas e colaborações com universidades e empresas.

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, tinha anunciado, na semana passada, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2023, o estabelecimento de um Centro de Ciência e Tecnologia Sino-Lusófono, mas ontem, durante o debate sectorial para a área da Economia e Finanças, o Governo esclareceu que, afinal, são dois espaços.

“Um centro na Zona de Cooperação Aprofundada e outro a ser criado em Macau”, notou o director dos Serviços de Economia, Anton Tai Kin Ip, referindo-se à área de cooperação entre a província de Guangdong e Macau, em Hengqin (ilha da Montanha).

Na sessão de perguntas dos deputados, o parlamentar Kou Kam Fai questionou os membros do Governo sobre o funcionamento e as perspectivas para esses centros, até porque, disse, “muitas vezes os resultados não mostram grande eficácia, mas são sempre grandes investimentos”.

Tai Kin Ip referiu que o objetcivo final é permitir que “projectos de tecnologia avançada dos PLP [países de língua portuguesa] possam entrar para o mercado da Grande Baía”. Além disso, acrescentou o responsável, serão concedidas “bolsas e [serão feitas] articulações entre universidades e também empresas”.

Novas metas

Ainda no âmbito da cooperação sino-lusófona, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, sublinhou ontem que, em 2023, ano em que se celebra o 20.º aniversário do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), “o intercâmbio e a cooperação entre o Interior da China, Macau e os países de língua portuguesa, em termos de comércio, cultura, convenções e exposições, formação, entre outras áreas, serão elevados para um novo patamar”.

Para o ano, a administração de Macau espera também dar início aos trabalhos preparativos para a realização da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que não se realizou em 2019 devido à pandemia da covid-19.

Além do reforço das trocas económicas e comerciais entre a China e os parceiros lusófonos, Macau planeia “promover a construção da plataforma de prestação de serviços financeiros” entre os dois lados e de um “centro de regulação das transações em RMB [renminbi, moeda chinesa] para os países de língua portuguesa”, disse Lei Wai Fong.

Ainda segundo o secretário, a região administrativa especial chinesa quer “incentivar bancos de Macau a providenciarem incessantemente serviços de financiamento transfronteiriço aos países lusófonos, alargando as acções promocionais sobre os produtos e serviços denominados em RMB”.

Após um ano de “provações redobradas”, na sequência da pandemia de covid-19, Lei Wai Nong notou que “o eixo principal” da acção governativa para a pasta que lidera consiste em acelerar a recuperação económica e promover a “diversificação adequada” do território.

24 Nov 2022

FRC | “Equinox Jam + Jazz Young Good Men” ao vivo no sábado

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta no sábado, a partir das 21h, a tradicional noite de jazz com a actuação dos Equinox Jam e Jazz Young Good Men. Em comunicado, a fundação indica que esta será a última sessão do ano da “Saturday Night Jazz” na Galeria da FRC.

Os Equinox Jam vão apresentar um repertório repleto de sonoridades que vão variar entre o blues e a música latina. A recém-formada banda é composta pelo saxofonista Ricardo Porto, o guitarrista Adonis K Lee, o pianista Joviz Lee, o baixista Mars Lei e o baterista Roy Tai.

Para fechar as noites de jazz de 2022 na FRC, o público será prendado com a actuação da banda Jazz Young Good Men, liderada por Ao Fai no trompete, com Chio Song Meng na guitarra, Joviz Lee no baixo e Meng Fai Che na bateria. A banda juntou-se recentemente ao jovem e talentoso pianista Thomas Catalão, com quem irá interpretar influências japonesas de bebop e músicas de Miles Davis.

A Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), co-organizadora do evento desde 2014, orienta e ensaia regularmente grupos formados por amantes do jazz, que exploram diversos estilos dentro deste género musical, no âmbito de projectos vocacionados para a juventude local e para o intercâmbio regional de talentos. A entrada é livre, mas sujeita às recomendações de saúde implementadas pelas autoridades locais.

24 Nov 2022

Zhengzhou | Confrontos violentos irrompem em fábrica de iPhones

Protestos violentos irromperam ontem na maior fábrica de iPhone do mundo, situada no centro da China, numa altura em que as autoridades tentam conter um surto de covid-19 e manter a produção, antes do período natalício.

Vídeos difundidos pelos trabalhadores da fábrica, situada na cidade de Zhengzhou, província de Henan, mostram funcionários em confrontos com agentes da polícia armados com cassetetes e vestidos com fatos de protecção brancos. As imagens mostram polícias a espancar trabalhadores, entre os quais alguns surgem a sangrar da cabeça e outros a coxear.

A política de tolerância zero à covid-19 da China constitui um desafio para a administração da fábrica detida pelo grupo taiwanês Foxconn, que emprega, num período normal, mais de 200.000 trabalhadores nos subúrbios de Zhengzhou. A empresa confirmou, em comunicado, que ocorreram confrontos violentos nas instalações.

O grupo, que monta produtos electrónicos para muitas marcas internacionais, incluindo a norte-americana Apple, referiu que os trabalhadores reclamaram devido a questões salariais e más condições de trabalho.

A fábrica registou um aumento de casos de covid-19, nas últimas semanas, impondo um sistema de trabalho em ‘circuito fechado’. Isto significa que os trabalhadores estão proibidos de sair das instalações.

Problemas ocorridos na fábrica, no início deste mês, levaram a Apple a rever as datas para a entrega do iPhone 14 de última geração e a emitir um raro aviso aos investidores sobre os atrasos.

Trabalhadores da fábrica da Foxconn disseram que os protestos começaram depois de a empresa ter negado o pagamento de bónus prometidos. Os vídeos mostram trabalhadores a virar carretas, a entrar nos escritórios da fábrica e a destruir uma cabine onde se fazem testes de detecção da covid-19.

24 Nov 2022

UE | Borrell defende relações com Pequim sem dependência excessiva

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, defendeu ontem a necessidade de falar com a China para acautelar os interesses europeus, mas alertou para os perigos de uma excessiva dependência do país asiático.

“Precisamos de falar, precisamos de trabalhar, precisamos de comerciar e negociar com a China”, disse Borrell na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), que decorreu na cidade francesa de Estrasburgo até ontem.

Num debate sobre as relações UE-China, Borrell lembrou que os líderes europeus confirmaram, em Outubro, a política face a Pequim e concordaram na necessidade de haver unidade “em todos os aspectos” do relacionamento com o país asiático.

“Sem unidade, perderemos tanto a credibilidade como a influência, tanto em relação à China como a nível global”, disse.

O também vice-presidente da Comissão Europeia alertou, no entanto, que a dependência da UE da China não se pode tornar uma vulnerabilidade, como aconteceu com a Rússia no campo energético.

Borrell disse que oito em cada dez painéis solares importados pela Europa são de fabrico chinês e que a UE troca diariamente bens no valor de 2.000 milhões de dólares com a China.

“A nossa dependência da China em relação à transição verde pode ser tão importante no futuro como tem sido hoje a nossa dependência dos combustíveis fósseis da Rússia”, disse. Borrell reconheceu que a China é um país que gera opiniões divergentes, como no PE, sobretudo em matéria de direitos humanos.

Defendeu, por isso, ser necessário “obter uma síntese de diferentes pontos de vista e manter uma forte unidade”.
O líder da diplomacia europeia disse ainda que a atenção da UE em relação à China não diminuiu com a guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou há nove meses.

Apesar de a China ainda não ter condenado a guerra, Borrell disse que o país asiático “estabeleceu linhas vermelhas claras” sobre o uso de armas nucleares e está “cada vez mais preocupado com as consequências globais” do conflito.

24 Nov 2022

Covid-19 | Menos de 30% dos idosos em Pequim com dose de reforço

A relutância dos mais velhos em se vacinarem justifica, segundo as autoridades, a manutenção da estratégia de zero casos. Os idosos, por sua vez, não sentem necessidade de se vacinarem devido ao baixo número de casos

 

Menos de 30 por cento das pessoas com mais de 80 anos em Pequim receberam uma dose de reforço da vacina contra a covid-19, afirmaram ontem as autoridades locais, numa altura em que a capital chinesa enfrenta novo surto.

Dois pacientes internados em estado grave, de 52 e 89 anos, estão entre os que não receberam a terceira dose, explicou o vice-director do Centro de Controlo de Doenças da cidade, Liu Xiaofeng, citado pela imprensa local.
Liu observou a proporção baixa de pessoas com mais de 60 anos que receberam uma dose de reforço e instou os residentes idosos a vacinarem-se o “mais rápido possível”.

Pequim tem mais de 21 milhões de habitantes, cerca de 600.000 dos quais têm idade superior a 80 anos, considerada a faixa etária com mais risco de sofrer doença grave ou morte pelo coronavírus SARS-CoV-2. O actual surto na capital da China fez mais de 3.000 infectados e três mortos. Foram os primeiros óbitos por covid-19 registados no país em seis meses.

Os habitantes de Pequim têm de fazer testes PCR a cada 48 horas, já que a entrada em locais públicos exige a apresentação de um resultado negativo. A baixa taxa de vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas também um dos mais relutantes em se vacinar, é apontada pelas autoridades como um dos motivos para manter a actual estratégia, que contrasta com o resto do mundo.

Em expansão

O país asiático enfrenta actualmente um dos maiores surtos de covid-19 desde o início da pandemia, com surtos activos em quase todas as províncias.

Segundo dados oficiais difundidos este mês, 86 por cento dos chineses com mais de 60 anos receberam o esquema vacinal completo, embora a percentagem diminua no grupo com mais de 80 anos (65,7 por cento). A proporção de idosos com mais de 80 anos que recebeu a dose de reforço, a nível nacional, é de 40 por cento.

Os idosos chineses não sentem urgência em vacinar-se, já que o número de casos permanece relativamente baixo devido às restritivas medidas de prevenção epidémica vigentes no país. A estratégia chinesa inclui o bloqueio de cidades inteiras, a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020.

Estas medidas têm um alto custo económico e social e são fonte de forte descontentamento popular, gerando por vezes confrontos violentos entre moradores e funcionários de saúde.

O país asiático relatou quase 30.000 novos casos, entre terça e quarta-feira. Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.231 pessoas na China devido ao novo coronavírus.

24 Nov 2022

Trânsito | Coutinho quer semáforos inteligentes

O deputado José Pereira Coutinho considera necessário instalar semáforos inteligentes nas estradas de Macau, para ajudar o a descongestionar o trânsito. O tema foi assunto de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador, que entende que este tipo de equipamentos pode contribuir para a segurança nas estradas do território.

Por outro lado, o deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau está preocupado com as pessoas que andam nas vias públicas distraídas, prestando atenção apenas ao telemóvel e quer saber se o Executivo vai instalar nas passadeiras sistemas de alerta sonoros. “Irá ser a equacionada a instalação de um tipo de semáforos no chão para os utilizadores que andam agarrados aos telemóveis enquanto transitam nas estradas?”, questionou.

24 Nov 2022

As poderosas mergulhadoras de Ataúro, vencedoras em corrida de barcos tradicionais

Reportagem de António Sampaio, da Agência Lusa

O suor escorre pelo rosto de Prisca de Araújo, 52 anos, pescadora em apneia de Bikele, em Ataúro, enquanto ergue os remos com que acaba de vencer a pequena corrida de ‘beiros’, os barcos tradicionais timorenses.

A seu lado, também com os rostos ofegantes e suados, remos de madeira toscos erguidos nas mãos, estão as duas companheiras de equipa, Querima Soares, 37, e Mariana de Araújo, 48 anos, esta última a única a quem não se vê o sorriso triunfante, eventualmente escondido atrás da máscara.

“Somos todas família, pescadoras de Bikele”, explica a ‘chefe de equipa’, vencedora entre seis grupos de mulheres na primeira prova das “Corridas de Barcos”, primeiro evento desportivo do Festival de Música e Cultura em Ataúro que decorre esta semana na ilha a norte de Díli.

Na costa os principais líderes do país, incluindo o Presidente da República, José Ramos-Horta – que deu a ‘largada’ acenando uma bandeira preta e branca – aplaudem a vitória da curta regata, uma viagem rápida de ida e volta, da praia até ao início da barreira de coral.

Praticamente ninguém prestou atenção à corrida dos homens, logo a seguir, preferindo – atletas e VIP – vir para a sombra do tosco mercado ao lado do cais de Beloi, para beber uns cocos abertos na hora.

“Hoje foi a primeira vez que algumas delas remaram, por isso andavam aos ziguezagues. Normalmente são mergulhadoras. Juntaram-se hoje para esta corrida”, explica à Lusa José Ramos-Horta, a quem coube a iniciativa do festival, evento a que se juntou depois o Governo.

Quatro dias com competições, concursos e várias atividades, que começou na segunda-feira de uma forma inovadora, com embaixadores acreditados em Díli, em trajes tradicionais, a liderar delegações de todos os municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).

“É uma forma de trazer entretenimento para esta ilha que está perto de Díli, mas está muito isolada. Vem pouca gente cá e até vem mais estrangeiros residentes em Díli que dão alguma animação e animação económica à ilha”, nota o chefe de Estado.

“Pretende-se que haja mais turismo doméstico, que os timorenses venham a Ataúro e a outros locais. Novembro não é o mês ideal, é época das chuvas, mas para o ano vamos fazer em julho ou agosto. Se calhar até conseguiremos reanimar a corrida de iates entre Darwin e Díli, que existiu no tempo português”, disse.

Normalmente, em Ataúro, a divisão de tarefas no mar não é como foi hoje, para esta pequena corrida no mar cristalino da maior atração turística de Timor-Leste.

Normalmente, nos ‘beiros’, quem rema são os homens, deixando às mulheres, as poderosas ‘wawata topu’ de Ataúro a outra tarefa: a de mergulhar em apneia, arpão na mão, para pescar.

Wawata Topu é o termo no dialeto rasua que descreve mulheres mergulhadoras, as sereias de Ataúro, que se lançam dos pequenos beiros, a vários metros de profundidade, para pescar.

Nas mãos levam um arpão tosco, de madeira, ferro e borracha e na face os óculos de mergulho tradicionais, feitos de madeira ou bambu esculpido e duas lentes de plástico ou, tradicionalmente, de vidro de garrafa.

Mergulham vestidas e descem tranquilamente vários metros, flutuando junto a corais que são considerados dos mais biodiversos do mundo e que, claramente, são o principal atrativo turístico de Timor-Leste.

A corrida de hoje de manhã – sob o sol forte e perante dezenas de personalidades que viajaram de Díli especialmente para o Festival – é um dos vários eventos programados para estes dias.

Fora do programa oficial, mas eventualmente mais importante para o futuro mais imediato da ilha, está a decisão do Governo realizar um Conselho de Ministros em Ataúro, que se transformou este ano em município.

“É a primeira e provavelmente a última vez. O programa do festival inclui uma quarta-feira e optámos por reunir o Governo, como normalmente, aqui”, explica o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, à Lusa. José Ramos-Horta espera que seja um encontro que possa começar a fazer nascer alguns projetos cruciais para a ilha.

“Tem que haver mais investimento na água potável, um porto pequeno de atracagem, incluindo para iates. Depois uma clínica mais profissional e até com uma câmara hiperbárica, para os mergulhadores”, refere, entre outros projetos essenciais.

Taur Matan Ruak concorda com essas questões, avança ainda aspetos como a eletricidade e nota que a transformação da região em município e a criação de um fundo especial de investimento demonstra a aposta nas melhorias.

“A comissão do fundo está agora a analisar o que há para fazer. Só o orçamento para Ataúro em 2022 são cerca de 15 milhões, ultrapassa duas vezes os orçamentos de Díli, Baucau e Ermera”, notou. “A questão da água é um problema sério. E na eletricidade estamos a pensar avançar para energias renováveis. Temos que melhorar as estradas também”, referiu.

Entre várias questões, disse, é importante também enquadrar o desenvolvimento que algum setor privado tem feito, especialmente no turismo, no plano de ordenamento para Ataúro. Temas complicados para resolver que as gentes de Ataúro esperam não fiquem esquecidos nas ‘espumas’ de uma maré de líderes timorenses que estão esta semana na ilha.

23 Nov 2022

Macau vai trocar informação com Malta para prevenir branqueamento de capitais

Macau vai começar a trocar informação financeira com Malta para prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo, anunciaram hoje as autoridades. Segundo o Boletim Oficial da região administrativa especial chinesa, o Gabinete de Informação Financeira (GIF) vai assinar um acordo com a Unidade de Análise de Inteligência Financeira de Malta.

Num despacho datado de 16 de novembro, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, autoriza a coordenadora do GIF, Chu Un I, a assinar o memorando de entendimento. Macau e Malta assinaram em 2013 um acordo para a troca de informações em matéria fiscal.

O GIF recebeu este ano, até ao final de setembro, 1.677 relatórios sobre transações suspeitas, menos 13,4% do que em igual período de 2021. Mais de metade dos relatórios vieram das operadoras de casinos.

Ao contrário de Macau, os jogos de fortuna e azar através da Internet são legais em Malta, de acordo com a Autoridade do Jogo do arquipélago europeu.

Em outubro, o Parlamento Europeu criticou a falta de progresso em Malta “na repressão de atos de corrupção e de branqueamento de capitais”, questões que a jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia estava a investigar quando foi assassinada, há cinco anos.

Em junho, o Grupo de Ação Financeira, um órgão de vigilância internacional contra atividades ilegais e criminosas, retirou Malta da “lista cinzenta” de vigilância reforçada no combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.

Segundo o relatório anual do GIF, divulgado no final de agosto, Macau era o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais “que logrou obter a aprovação em todos os 40 padrões internacionais” sobre a prevenção da lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça.

No entanto, o relatório anual do Departamento de Estado dos EUA, divulgado em março, designou Macau como um dos principais pontos de branqueamento de capitais a nível mundial.

Ainda assim, o documento admite que a detenção, em novembro de 2021, do antigo diretor executivo do maior angariador de apostas VIP do mundo, a Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, “põe em dúvida o futuro do negócio dos ‘junkets’ e das atividade ilícitas que eles muitas vezes facilitam”.

Alvin Chau e mais 20 arguidos estão a ser julgados em Macau por associação criminosa e branqueamento de capitais, com o início das alegações finais marcado para 29 de novembro. O GIF de Macau assinou memorandos sobre a troca de informação para prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo com 29 países e territórios.

A lista de acordos inclui a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária de Portugal, em 2008, a Unidade de Informação Financeira do Banco Central de Timor-Leste, em 2018, e, em 2019, o Conselho de Controlo de Atividades Financeiras do Brasil e a Unidade de Informação Financeira de Cabo Verde.

23 Nov 2022

Festival das Luzes | Portugal representado com grupo “Ocubo Criativo”

A nova edição do Festival de Luz de Macau acontece entre os dias 3 de Dezembro e 1 de Janeiro e promete trazer muitos espectáculos de vídeo mapping à cidade. Este ano, Portugal faz-se representar com o grupo “Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias”

 

Uma equipa de Portugal vai participar na oitava edição do Festival de Luz de Macau, que irá decorrer entre 3 de Dezembro e 1 de Janeiro, anunciou ontem o Governo. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o grupo português Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias criou uma das quatro obras de ‘vídeo mapping’ em três dimensões que farão parte do festival.

Numa apresentação à imprensa, a DST disse que a obra da equipa portuguesa, chamada “Ponto de partida da integração”, irá ser exibida na fachada da Igreja de São Francisco, na ilha de Coloane, e “irá apresentar a história de Macau”.

A Ocubo Criativo já participou em outras edições do festival e foi convidada a desenhar uma obra alinhada com o tema principal deste ano, “Inverno Deslumbrante”, disse à Lusa a directora da DST. A empresa, com sede em Agualva-Cacém, “tem experiência em eventos em Portugal e não só” e “sempre que participa trazem ideias muito inovadoras”, disse Maria Helena de Senna Fernandes.

A Ocubo Criativo já apresentou trabalhos em França e na Finlândia e foi responsável pela cerimónia de inauguração em 2019 do Al Janoub, o primeiro estádio construído de raiz para o Mundial de futebol de 2022, a decorrer no Qatar.

O grupo português não estará presente em Macau “por causa da situação epidémica”, pelo que a obra será entregue pela Internet, com a DST a fornecer “equipamento e pessoal técnico para ajudar na projecção”. “Esperemos que no futuro possamos convidá-los a vir presencialmente em Macau”, disse Senna Fernandes.

Para todos os gostos

O festival, que este ano tem um novo nome, “Iluminar Macau 2022”, irá estender-se a oito zonas do território, incluindo a hotéis-casinos na península de Macau e no Cotai, uma vez que as seis operadoras de jogo foram “convidadas, pela primeira vez, para colaborarem”, disse a DST. A cooperação com as empresas permite ao governo “controlar o orçamento” do festival, que este ano é de 17,4 milhões de patacas, menos 8,4 por cento do que em 2021, disse a directora da DST. “Temos que ver a realidade”, sublinhou Senna Fernandes.

Na conferência de imprensa a directora da DST disse, citada por um comunicado, que o festival tem, nos últimos anos, mostrado “empenho na inovação e no aumento da eficácia do evento”. Este ano, e pela primeira vez, foram convidadas seis empresas de Macau ligadas às áreas do turismo e do lazer, tendo sido seleccionados “novos pontos nas zonas comunitárias”, a fim de expandir ainda mais o festival pela cidade.

Desta forma, o evento cobre este ano oito zonas do território, nomeadamente a zona Norte, zona Centro, zona da Praia do Manduco, zona de Nam Van, zona Nova dos Aterros do Porto Exterior (NAPE), Taipa, Cotai e Coloane, num total de 28 locais. “Percorrendo ruas e ruelas da cidade, o evento adiciona um programa de entretenimento nocturno, com o objectivo de atrair os residentes e visitantes a visitarem e consumirem nos diferentes bairros comunitários, beneficiando as pequenas e médias empresas, promovendo a economia nocturna e dinamizando a economia comunitária”, aponta o mesmo comunicado.

O evento integra exposições de vídeo mapping com temas como “Imersão · Metaverso”, “Património Mundial · Estética” ou “Percorrer · Natureza”, entre outras, além de que o público poderá ver de perto diversas instalações de luz e participar em jogos interactivos. Destaque para a exibição de “A Porta dos Píxeis” e “Universo dos Píxeis” nas zonas históricas como a Calçada do Amparo, o Pátio de Chôn Sau ou a Rua dos Ervanário, entre outros bairros antigos.

23 Nov 2022

Zhejiang | Multado empreiteiro com presença lusófona

O governo da província de Zhejiang, no leste da China, multou a China Railway Construction Corporation (CRCC), um empreiteiro estatal com presença em Angola, Brasil e Timor-Leste, por usar material e equipamento de fraca qualidade.

Num comunicado, o Gabinete Municipal de Transportes de Hangzhou, capital de Zhejiang, anunciou uma multa de 338.800 yuan ligada à reabilitação de uma autoestrada.

Segundo o gabinete, uma subsidiaria da CRCC “usou material, componentes e equipamento de construção não adequado e levou a cabo trabalhos que não seguiram os planos de engenharia ou os padrões técnicos de construção”.

A autoestrada G235 liga as províncias de Jiangsu, no leste do país, e de Guangdong, no sul, sendo que o contrato atribuído à CRRC, no valor de 105 milhões de yuan, envolveu um troço de 11,3 quilómetros.

A CRCC está a construir o novo Porto de Beaço, que se vai inserir na nova unidade de processamento de gás natural vindo do projeto do Greater Sunrise, no sul de Timor-Leste, e avaliado em 943 milhões de dólares.

O empreiteiro faz também parte de um consórcio, formado por empresas estatais chinesas, que venceu em 2019 um leilão para construir e operar aquela que será a segunda maior ponte do Brasil, no estado da Bahia.

A CRCC está ainda presente em Angola onde, entre outros projectos, concluiu em Julho um sistema de abastecimento de água potável a cerca de 600 mil habitantes de Cabinda, a província mais a norte do país.

23 Nov 2022

Incêndio | Fogo que fez 38 mortos causado por mau manuseio de equipamento

O incêndio que destruiu as instalações de uma empresa que lida com produtos químicos, no centro da China, matando 38 pessoas, foi causado pelo manuseio inadequado de equipamento por um funcionário, informou ontem a imprensa estatal.

“Segundo as conclusões iniciais da investigação, o acidente foi desencadeado pelo manuseio contrário aos regulamentos por parte de um funcionário da empresa”, informou a televisão estatal CCTV, sobre o incêndio, ocorrido na segunda-feira, na cidade de Anyang, província de Henan. “[Uma operação de] soldadura eléctrica provocou o incêndio”, detalhou a mesma fonte.

Os bombeiros levaram cerca de três horas e meia para controlar o fogo, que começou na segunda-feira por volta das 16:30. Imagens difundidas pela televisão estatal CCTV mostram chamas e fumo a sair do que parece ser um edifício de dois andares tomado pelo fogo. Fotos nocturnas mostram os bombeiros a examinar o que restou da estrutura, com uma escada de extensão e luzes.

As informações disponíveis ‘online’ sobre a empresa proprietária do edifício, a Kaixinda, revelam que se trata de um grossista que lida com uma ampla gama de produtos industriais, incluindo produtos químicos especializados.
Uma grande explosão, em 2015, num depósito de produtos químicos na cidade portuária de Tianjin, no norte da China, resultou na morte de 173 pessoas.

23 Nov 2022

Taiwan | China considera a ilha “linha vermelha intransponível” na relação com EUA

Num encontro do Camboja, que reuniu ministros da Defesa de vários países do Sudeste Asiático, Pequim reiterou a sua posição inabalável sobre a soberania da antiga Formosa, alertando os Estados Unidos para que nenhuma força exterior deve interferir na matéria que apenas diz respeito ao povo chinês

 

O ministro da Defesa chinês, Wei Fenghe, alertou ontem que a “questão de Taiwan é uma linha vermelha intransponível nas relações entre China e Estados Unidos” durante uma reunião no Camboja com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin.

O encontro decorreu na cidade de Siem Reap, à margem da cimeira dos ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), para a qual ambos foram convidados.

Wei indicou a Austin que a “resolução da questão [de Taiwan] é um assunto do povo chinês”, alertando que “nenhuma força externa tem o direito de interferir” em algo que Pequim considera fazer parte dos seus “interesses fundamentais”, de acordo com um comunicado emitido pelo ministério da Defesa da China.

O ministro assegurou que a responsabilidade pelo deteriorar das relações sino-americanas recai sobre os Estados Unidos e exortou Washington a “cumprir as suas promessas” e a “adoptar uma política racional e pragmática em relação” a Pequim.

“Os militares chineses têm a confiança e a capacidade de proteger resolutamente a unidade da pátria”, advertiu.
O porta-voz do ministério da Defesa do país asiático, Tan Kefei, declarou ontem também que as conversações realizadas no Camboja têm “importância significativa” para colocar as relações entre as duas potências “no caminho de um desenvolvimento saudável e estável”. Citado pela imprensa local, Tan descreveu as negociações como “sinceras e construtivas”.

Diálogo retomado

Tratou-se do primeiro encontro entre as autoridades de Defesa das duas potências desde o encontro no Diálogo de Shangri La, que se realizou em Singapura, em Junho passado.

Desde então, a deslocação da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan – a visita de mais alto nível realizada pelos Estados Unidos à ilha em 25 anos – renovou as tensões entre os dois países.

Em retaliação, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, que incluíram o lançamento de mísseis e o uso de fogo real. A China suspendeu também o diálogo de alto nível com os EUA em várias matérias, incluindo as de defesa e alterações climáticas.

Mais recentemente, os líderes de ambos os países, Joe Biden e Xi Jinping, reuniram-se na semana passada, à margem da cimeira do G20, na ilha indonésia de Bali, para retomar o diálogo, visando evitar que as tensões levem a um confronto bélico.

23 Nov 2022

Catar2022 | Associação Sheng Kung Hui alerta para vício de apostas

A Associação Sheng Kung Hui apelou aos residentes para que tenham cuidado durante o Campeonato do Mundo, principalmente os mais jovens, e evitem o vício das apostas.

Segundo o jornal Ou Mun, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau, Ip Kam Po, defendeu que como desta vez os horários são mais acessíveis, há um risco maior de que as pessoas se deixem levar pela vontade de apostar nos resultados dos jogos.

Além disso, o responsável destacou “o efeito das redes sociais”, que disponibilizam várias plataformas para análise, publicidade e previsões dos diferentes encontros. Na perspectiva de Ip, estas novas tecnologias são muito viradas para os mais jovens e podem fazer com que estes não consigam controlar os montantes que apostam.

No mesmo sentido, o chefe do Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais da Associação Sheng Kung Hui Macau vincou que a associação está disponível para ajudar todos os necessitem de fazer face ao vício e que pode ser contactada a qualquer altura. Ainda assim, durante o Campeonato do Mundo de 2018, Ip Kam Po reconheceu que não houve um aumento dos pedidos de ajuda.

Sobre os pedidos relacionados com o vício do jogo, ao longo deste ano, até Setembro, Ip Kam Po revelou que houve uma quebra de 20 por cento em termos anuais.

23 Nov 2022

Easy Transfer | Lei Chan U quer saber taxa de utilização

O deputado Lei Chan U quer os dados da utilização do serviço Easy Transfer, a plataforma de transacções bancárias entre a Autoridade Monetária de Macau e os bancos locais.

O pedido de informações sobre a plataforma foi feito através de interpelação escrita, na qual foi questionado o futuro da aplicação, que foi lançada no ano passado, como um projecto-piloto. Assim sendo, o deputado pretende saber se o Governo se informou junto da banca para perceber se o projecto vai continuar em funcionamento e em que moldes. Actualmente, o serviço é grátis.

Além disso, Lei Chan U perguntou ao Governo se pondera disponibilizar o serviço na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin e na Grande Baía.

23 Nov 2022

Comboios de alta velocidade vão ligar China e Tailândia

O projecto ferroviário China-Tailândia, que foi assinado e lançado em 2021, é uma construção conjunta e um projecto emblemático da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, entre a China e a Tailândia. O caminho-de-ferro é o primeiro de alta velocidade da Tailândia e um dos primeiros projectos ferroviários de alta velocidade fora da China que utiliza normas chinesas de con-cepção de caminhos-de-ferro de alta velocidade, sendo financiado pelo próprio país anfitrião.
Segundo o plano de construção, o projecto ferroviário está dividido em duas fases. A primeira fase do projecto liga Bangkok e Nakhon Ratchasima, uma porta de entrada para o nordeste da Tailândia, com cerca de 252,3 quilómetros. A segunda fase, com cerca de 356 quilómetros, estender-se-á até Nong Khai, uma importante cidade de comércio fronteiriço no nordeste da Tailândia, do outro lado do rio a partir de Vientiane, a capital do Laos, para realizar a ligação com a linha férrea China-Laos.
A empresa que gere os caminhos-de-ferro estatais da Tailândia disse recentemente aos me-dia que a primeira fase deste projecto ferroviário China-Tailândia está a progredir rapidamente, e cerca de 12% já foi concluído e espera-se que complete 20% este ano.
O Ministério dos Transportes tailandês atribui grande importância ao projecto ferroviário, porque o projecto pode trazer vários benefícios, tais como o turismo e o desenvolvimento económico, diz o relatório.

Despoletar novo potencial

Após a abertura da nova linha férrea, serão necessários apenas 90 minutos de Banguecoque a Nakhon Ratchasima, em comparação com as actuais 4,5 horas e meia. Contudo, como quaisquer outros grandes projectos de infra-estruturas, existem desafios.
Os contratos de construção ferroviária podem exigir renegociação, informou o Bangkok Post, citando uma fonte dentro do Ministério dos Transportes tailandês, uma vez que a construção da primeira fase do projecto entre Bangkok e Nakhon Ratchasima está atrasada em relação ao previsto.
O atraso relatado foi largamente atribuído a restrições pandémicas da COVID-19, a atrasos significativos no processo de expropriação de terras, e à relocalização de linhas de serviços públicos em redor do estaleiro de construção, segundo o relatório.
Apesar de certas dificuldades, os peritos acreditam que as questões são controláveis e que o projecto será concluído como amplamente esperado. “Qualquer projecto de infra-estruturas de grande escala exige um aperfeiçoamento contínuo quando for tentado no estrangeiro, para não mencionar que a construção do caminho-de-ferro é a primeira do seu género na área lo-cal… acredito que as questões são controláveis, e com os esforços conjuntos de ambas as partes, o projecto global será concluído com sucesso”, disse Zhao Gancheng, um investiga-dor do Instituto de Estudos Internacionais de Xangai.
O caminho-de-ferro também chamou a atenção de alguns dos meios de comunicação ociden-tais que olham para o projecto com parcialidade, afirmando que a linha ferroviária poderia suscitar “alguma forma de preocupação por parte de certos governos da região, mas tam-bém o QUAD, do ponto de vista da segurança”, informou o VOA News.
“Como um projecto de investimento em grande escala, o custo do caminho-de-ferro não pode ser recuperado a curto prazo, e deve ser considerado que desempenha um papel de apoio em áreas como a indústria, comércio e emprego ao longo da linha… de facto, a cooperação em projectos de infra-estruturas entre a China e os membros da ASEAN não conduzirá a uma chamada “armadilha da dívida”, mas pode efectivamente promover o desenvolvimento das economias e da sociedade locais”, disse Gu Xiaosong.
As obras civis actualmente em curso incluem pontes, leitos de estradas, túneis, e edifícios de estações, e a primeira fase do projecto ferroviário China-Tailândia deverá estar concluída em 2027, disse Ma Shengshuang, director-geral do China Railway Design Group Co’s Thailand Branch.

Ao mesmo tempo, tendo já passado uma avaliação de impacto ambiental, espera-se que a segunda fase esteja concluída cerca de 3-4 anos após a primeira fase, ou entre 2029 e 2030, de acordo com outro relatório publicado pelo Bangkok Post.

China e Laos já estão ligadas por alta velocidade

O caminho-de-ferro China-Tailândia fornecerá conectividade entre os países do sudeste asiático e a China, e trará benefícios tangíveis a toda a região, ao mesmo tempo que injectará um novo ímpeto no desenvolvimento regional, afirmaram peritos e representantes empresar-iais.
A Yunnan Easy Trans International Freight Forwarder Co, a empresa de logística e comércio com negócios relacionados com a China-Laos Railway, está entusiasmada com o futuro lan-çamento da actualização da ligação ferroviária na região.
Yang Yuepeng, director-geral da empresa, disse que após a conclusão do caminho-de-ferro China-Tailândia, o transporte será mais conveniente e o custo do transporte será grandemen-te reduzido. “Até lá, mais empresas irão expandir os seus projectos na Tailândia, e mais tailandeses irão acreditar no ‘Made in China'”, disse Yang.
Desde a abertura do caminho-de-ferro China-Laos, que vai de Kunming a Vientiane, a inte-gração do transporte e comércio tem acelerado grandemente o crescimento do comércio fronteiriço, com cada vez mais projectos de intercâmbio e categorias comerciais, disse Yang. Nos 11 meses desde a abertura do caminho-de-ferro China-Laos, os dados financeiros da empresa de Yang para 2022 aumentaram 15,8% numa base anual em comparação com os dados financeiros para 2021.
“Embora o caminho-de-ferro China-Tailândia ainda esteja em construção, a Tailândia, a China e o Laos estão ligados por caminho-de-ferro, o que reflecte o conceito do caminho-de-ferro Trans-Asiático”, disse Zhao.
Após a conclusão do caminho-de-ferro, pode melhorar consideravelmente a construção do moderno sistema ferroviário da Tailândia, e se puder ser efectivamente ligado ao caminho-de-ferro China-Laos no futuro, irá definitivamente ajudar o desenvolvimento económico de toda a região, disse Zhao.
“O nosso objectivo final é construir o caminho-de-ferro Trans-Asiático, um caminho-de-ferro que atravessa a Península da Indochina e liga o Laos, Tailândia, Malásia e Singapura… Quando este caminho-de-ferro estiver concluído, ligará estreitamente as áreas interiores da ASEAN e da China, e será benéfico para toda a região terrestre sob a comunidade de um futuro co-mum”, disse o perito.

22 Nov 2022

Qatar assina contrato para fornecer gás à China por 27 anos

O Qatar anunciou hoje a assinatura de um acordo de compra e venda de quatro milhões de toneladas por ano de gás natural liquefeito (GNL) com a China por um período de 27 anos, informou a agência estatal QNA.

“A empresa de petróleo e gás, Qatar Energy, assinou um acordo de compra e venda com a China Petroleum and Chemical Corporation (Sinopec) para fornecer quatro milhões de toneladas de gás natural liquefeito por ano”, disse o ministro de Assuntos Energéticos, Saad Al Kaabi, numa conferência de imprensa citada pela agência.

Este é considerado o contrato mais longo da história da indústria de gás liquefeito, afirmou o ministro, indicando que “o acordo abre um novo capítulo na relação com a Sinopec Corporation”.

O acordo vai entrar em vigor em 2026, mas em março de 2021 a Qatar Energy já tinha alcançado um acordo similar com a Sinopec para fornecer dois milhões de toneladas de GNL por ano à China por um período de 10 anos, o que na época era o contrato mais longo. O Qatar é um dos países com maiores reservas de gás natural do mundo.

22 Nov 2022

Coreia do Norte responde com lançamento de mísseis a exercícios fronteiriços dos EUA

Os EUA organizaram vários exercícios militares de grande escala com os seus aliados Coreia do Sul e Japão, e com mais novas armas e porta-aviões envolvidos, junto à fronteira com a Coreia do Norte, o que levou este país a responder com testes que incluiram o lançamento de mísseis. No final de Outubro, os EUA e a Coreia do Sul realizaram um dos seus maiores exercícios aéreos militares conjuntos, com centenas de aviões de guerra de ambos os lados a encenar ataques simulados 24 horas por dia durante uma semana, informou a Reuters. Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte emitiu uma declaração sobre o KCNA exigindo a suspensão dos exercícios, e afirmou: “A situação na Península Coreana e nas suas proximidades entrou novamente numa grave fase de confronto pelo poder, devido aos incessantes e imprudentes movimentos militares dos EUA e da Coreia do Sul”.

De acordo com informações divulgadas pela Coreia do Norte, o lançamento do teste na sexta-feira foi bem sucedido, e a Coreia do Norte também quis “aumentar a sua confiança interna e mostrar aos EUA que tem a capacidade de atingir o seu território”. Observadores chineses advertiram todas as partes para que tivessem contenção para evitar uma nova escalada e resolver a questão da Península Coreana através de negociações políticas.

“Uma Península pacífica e estável e evitar a deterioração e a escalada da situação é do interesse comum de toda a comunidade internacional. Esperamos que todas as partes permaneçam empenhadas em procurar uma solução política, e abordem as preocupações umas das outras de forma equilibrada através de um diálogo significativo”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Mao Ning numa conferência de imprensa na sexta-feira, observando que a China está a acompanhar os desenvolvimentos na Península Coreana.
Entretanto, os Estados Unidos da América (EUA) pediram hoje uma reforma urgente do Conselho de Segurança da ONU para que este órgão possa responder de forma “unida” aos lançamentos de mísseis balísticos “desestabilizadores” por parte da Coreia do Norte. Numa reunião do Conselho de Segurança, a embaixadora dos EUA junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que por “63 vezes este ano a Coreia do Norte violou de forma flagrante as resoluções” daquele órgão e “demonstrou total desrespeito pela segurança da região”.
“Quantos mísseis mais devem ser lançados antes de respondermos como um Conselho unificado?”, questionou a representante diplomática, acusando o regime de Pyongyang de agir com impunidade e sem medo de uma resposta ou represália do Conselho de Segurança, órgão máximo da ONU devido à sua capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.
“Esta é a décima vez que nos reunimos sem ações significativas. A razão é simples: dois membros do Conselho com poder de veto estão a capacitar e a encorajar a Coreia do Norte”, frisou Thomas-Greenfield.
A diplomata norte-americana referia-se assim ao poder de veto da Rússia e da China – dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e aliados da Coreia do Norte -, que impediu várias resoluções condenatórias nos últimos tempos. A Rússia e a China, de acordo com a embaixadora norte-americana, permitiram que o regime norte-coreano realizasse, na passada sexta-feira, um teste de um míssil balístico de alcance intercontinental. Para Linda Thomas-Greenfield, tal ação colocou em risco a vida de civis japoneses e aumentou desnecessariamente as tensões na região.
“Tenho mantido reuniões com os Estados-membros da ONU para ouvir as suas ideias sobre a reforma do Conselho de Segurança. E deixem-me dizer, quando eles falam sobre abuso do veto, eles estão a falar de casos exatamente como este”, referiu. Na passada sexta-feira, a Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental, que caiu no mar, em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão. O míssil lançado pelo regime de Pyongyang tinha alcance suficiente para chegar ao território continental dos EUA.

22 Nov 2022

Taiwan | Tsai criticada por indiferença à morte de panda

Cidadãos de ambos os lados do Estreito de Taiwan criticaram o líder de Taiwan Tsai Ing-wen pela sua indiferença, porque ela nada disse sobre a morte do panda Tuan Tuan, em contraste com as condolências oferecidas a Joe Biden pela perda do seu cão Champ em 2021. Pequim enviou Tuan Tuan e o seu parceiro Yuan Yuan para Taiwan após uma visita do então presidente do partido Kuomintang (KMT) Lien Chan ao continente em 2005, e os pandas finalmente chegaram em 2008.

Os dois pandas inauguraram “um período de próspero intercâmbio e uma comunicação sincera entre as pessoas dos dois lados”, disse o gabinete do antigo líder de Taiwan Ma Ying-jeou num comunicado divulgado no sábado.

“Esperamos que mais animais como Tuan Tuan apareçam no futuro para promover a integração e o intercâmbio interpessoal dos dois lados. Esperamos também que Tsai Ing-wen possa promover o intercâmbio civil e esclarecer as contradições entre os dois lados”, disse o gabinete. O gabinete de Lien também expressou o seu pesar pela morte de Tuan Tuan, dizendo que mais pandas deviam vir para a ilha para viver e multiplicar-se, e que os laços entre as duas partes pudessem também acolher uma Primavera florescente e uma comunicação pacífica.

As redes sociais de ambos os lados foram inundadas com condolências sobre Tuan Tuan e criticaram Tsai pela sua indiferença, ao contrário das suas condolências a Biden pela perda do seu cão.

Tuan Tuan lutou contra convulsões desde Agosto e os recentes exames médicos confirmaram que sofria de necrose no cérebro. A doença progrediu rapidamente, de acordo com os resultados dos exames de ressonância magnética que o panda efectuou em 18 de Setembro e novamente em 22 de Outubro. Sofreu três convulsões no sábado e foi fortemente medicado, mas sem resultado. Os veterinários do zoológico decidiram finalmente deixar o animal morrer, de acordo com a Xinhua.

22 Nov 2022

Vice-presidente dos EUA promete compromisso ‘inabalável’ com as Filipinas

A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, disse ontem ao Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., durante uma visita a Manila, que os Estados Unidos têm um compromisso “inabalável” com as Filipinas. A visita de Kamala Harris é um sinal de reaproximação entre os dois países aliados após anos de relações tensas sob a presidência de Rodrigo Duterte, mais favorável a Pequim.

A vice-presidente dos Estados Unidos também se encontrou com a sua homóloga filipina Sara Duterte, filha do ex-líder. “Estamos convosco para defender as regras e padrões internacionais relacionados com o Mar da China Meridional”, disse Harris a Ferdinand Marcos Jr, que assumiu o poder em Junho, no início de um encontro no palácio presidencial em Manila.

“Um ataque às forças armadas filipinas, navios ou aviões do governo no Mar da China Meridional desencadearia o compromisso de defesa mútua… é o nosso compromisso inabalável com as Filipinas”, disse.

Ferdinand Marcos Jr., por sua vez, afirmou que não vislumbra “um futuro para as Filipinas sem os Estados Unidos”. Os Estados Unidos têm uma longa e complicada relação com a família de Marcos. O ditador Ferdinand Marcos, pai do actual presidente, comandou a ex-colónia americana por duas décadas com o apoio de Washington, que viu nele um aliado contra o bloco comunista durante a Guerra Fria.

Desde a chegada ao poder do novo chefe de Estado, Washington tem procurado reforçar a sua aliança com Manila, num contexto de crescentes tensões regionais. Essa aliança inclui um tratado e pacto de defesa de 2014, conhecido pela sigla EDCA, que permite que os militares dos EUA armazenarem equipamentos e material de defesa em várias bases filipinas.

A vice-presidente dos EUA vai também encontrar-se com a Guarda Costeira filipina e viajará para a ilha de Palawan na terça-feira, águas muito disputadas do Mar da China Meridional. A China reivindica a soberania sobre quase todo esse mar, do qual as Filipinas, mas também o Vietname, a Malásia e o Brunei reivindicam partes dele.
Pequim está a ignorar uma decisão do tribunal internacional de 2016 de que as suas reivindicações não têm base legal.

A viagem ocorre depois de Kamala Harris e o presidente dos EUA, Joe Biden, se terem reunido separadamente com o presidente chinês, Xi Jinping, na semana passada.

Entre as iniciativas previstas nesta visita estão as negociações de um pacto nuclear civil entre os dois países, que pode levar à venda de reactores nucleares americanos para as Filipinas, mas que deve ser precedida de um tratado de não proliferação de armas atómicas.

22 Nov 2022

Covid-19 | Cantão coloca o maior distrito sob confinamento

Cantão, uma das maiores cidades da China, impôs ontem um bloqueio no principal distrito, que inclui a suspensão dos transportes públicos e a exigência de teste negativo à covid-19 aos residentes que quiserem sair de casa.
O surto em Cantão é um teste à tentativa da China de adoptar uma abordagem mais “direcionada”, enquanto mantém a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19. A capital da província de Guangdong registou quase 9.000 casos nas últimas 24 horas, de longe o maior surto activo no país.
A China é o único grande país do mundo que continua a impor medidas altamente restritivas de prevenção epidémica, incluindo o bloqueio de distritos e cidades inteiras, a realização de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos.
O distrito de Baiyun, em Cantão, também suspendeu as aulas presenciais nas escolas e bloqueou os espaços universitários. As medidas devem durar até sexta-feira, anunciou a cidade. “Está tudo em suspenso”, descreveu Alexandre Castro, treinador português de futebol radicado há três anos na cidade chinesa. “Já armazenamos comida para pelo menos duas semanas”, disse à agência Lusa.

Duas mortes

No domingo, Pequim registou duas mortes. Foram os primeiros óbitos em todo o país, em mais de seis meses, provocados pelo novo coronavírus.
Directrizes nacionais publicadas no início deste mês pediram aos governos locais que sigam uma abordagem científica e direcionada, e que evitem medidas desnecessárias.
As autoridades querem evitar bloqueios de cidades inteiras, para tentar minimizar o impacto na atividade económica, mas sem abdicar da estratégia que visa eliminar surtos do novo coronavírus, tendo anunciado uma redução do período de quarentena para viajantes oriundos do exterior e contactos diretos de casos positivos, e o fim da interrupção dos voos com casos a bordo, entre outras medidas.
O relaxamento de algumas medidas é uma tentativa de tornar as políticas mais “científicas e precisas”, disse o vice-director da Comissão Nacional de Saúde, Lei Haichao.

22 Nov 2022

COP27 | Ainda há “longo caminho a percorrer”, diz China

O Governo chinês saudou ontem o acordo alcançado na conferência do clima das Nações Unidas, no Egipto, mas alertou que “há ainda um longo caminho a percorrer”, em termos de cooperação global contra as alterações climáticas. “A governação global em assuntos do clima ainda tem um longo caminho a percorrer”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros Mao Ning, em conferência de imprensa.

A porta-voz apontou, em particular, a “ausência de um roteiro claro” na prestação de apoio financeiro aos países em desenvolvimento, pelos países desenvolvidos, como factor que “não permite o estabelecimento de confiança mútua entre os [hemisférios] Norte e Sul”. “Os países desenvolvidos ainda não estão a cumprir com o seu compromisso de fornecer 100 mil milhões de dólares anualmente em apoio financeiro aos países em desenvolvimento, para combater o aquecimento global”, disse a porta-voz.

A China atribui, no entanto, “grande importância a esta cimeira e apoia totalmente o Egipto, que cumpriu com sucesso o seu papel como país anfitrião”.

O país rejeitou nesta cimeira deixar de ser considerado uma nação em desenvolvimento, apesar de ser há vários anos a segunda maior economia mundial. Depois de negociações difíceis, que ultrapassaram o cronograma original, a COP27 terminou no domingo com um texto muito contestado sobre ajuda aos países pobres afectados pelas alterações climáticas, mas também com o fracasso em estabelecer novas ambições para a redução de emissão de gases com efeito estufa.

22 Nov 2022

Comboios de alta velocidade vão ligar China e Tailândia

A importância comercial destes projectos é inegável e vai trazer um desenvolvimento único a estas regiões

 

O projecto ferroviário China-Tailândia, que foi assinado e lançado em 2021, é uma construção conjunta e um projecto emblemático da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, entre a China e a Tailândia. O caminho-de-ferro é o primeiro de alta velocidade da Tailândia e um dos primeiros projectos ferroviários de alta velocidade fora da China que utiliza normas chinesas de concepção de caminhos-de-ferro de alta velocidade, sendo financiado pelo próprio país anfitrião.

Segundo o plano de construção, o projecto ferroviário está dividido em duas fases. A primeira fase do projecto liga Bangkok e Nakhon Ratchasima, uma porta de entrada para o nordeste da Tailândia, com cerca de 252,3 quilómetros.

A segunda fase, com cerca de 356 quilómetros, estender-se-á até Nong Khai, uma importante cidade de comércio fronteiriço no nordeste da Tailândia, do outro lado do rio a partir de Vientiane, a capital do Laos, para realizar a ligação com a linha férrea China-Laos.

A empresa que gere os caminhos-de-ferro estatais da Tailândia disse recentemente aos media que a primeira fase deste projecto ferroviário China-Tailândia está a progredir rapidamente, e cerca de 12% já foi concluído e espera-se que complete 20% este ano.

O Ministério dos Transportes tailandês atribui grande importância ao projecto ferroviário, porque o projecto pode trazer vários benefícios, tais como o turismo e o desenvolvimento económico, diz o relatório.

Despoletar novo potencial

Após a abertura da nova linha férrea, serão necessários apenas 90 minutos de Banguecoque a Nakhon Ratchasima, em comparação com as actuais 4,5 horas e meia. Contudo, como quaisquer outros grandes projectos de infra-estruturas, existem desafios.

Os contratos de construção ferroviária podem exigir renegociação, informou o Bangkok Post, citando uma fonte dentro do Ministério dos Transportes tailandês, uma vez que a construção da primeira fase do projecto entre Bangkok e Nakhon Ratchasima está atrasada em relação ao previsto.

O atraso relatado foi largamente atribuído a restrições pandémicas da COVID-19, a atrasos significativos no processo de expropriação de terras, e à relocalização de linhas de serviços públicos em redor do estaleiro de construção, segundo o relatório.

Apesar de certas dificuldades, os peritos acreditam que as questões são controláveis e que o projecto será concluído como amplamente esperado. “Qualquer projecto de infra-estruturas de grande escala exige um aperfeiçoamento contínuo quando for tentado no estrangeiro, para não mencionar que a construção do caminho-de-ferro é a primeira do seu género na área local… acredito que as questões são controláveis, e com os esforços conjuntos de ambas as partes, o projecto global será concluído com sucesso”, disse Zhao Gancheng, um investigador do Instituto de Estudos Internacionais de Xangai.

O caminho-de-ferro também chamou a atenção de alguns dos meios de comunicação ocidentais que olham para o projecto com parcialidade, afirmando que a linha ferroviária poderia suscitar “alguma forma de preocupação por parte de certos governos da região, mas também o QUAD, do ponto de vista da segurança”, informou o VOA News.

“Como um projecto de investimento em grande escala, o custo do caminho-de-ferro não pode ser recuperado a curto prazo, e deve ser considerado que desempenha um papel de apoio em áreas como a indústria, comércio e emprego ao longo da linha… de facto, a cooperação em projectos de infra-estruturas entre a China e os membros da ASEAN não conduzirá a uma chamada “armadilha da dívida”, mas pode efectivamente promover o desenvolvimento das economias e da sociedade locais”, disse Gu Xiaosong.

As obras civis actualmente em curso incluem pontes, leitos de estradas, túneis, e edifícios de estações, e a primeira fase do projecto ferroviário China-Tailândia deverá estar concluída em 2027, disse Ma Shengshuang, director-geral do China Railway Design Group Co’s Thailand Branch.

Ao mesmo tempo, tendo já passado uma avaliação de impacto ambiental, espera-se que a segunda fase esteja concluída cerca de 3-4 anos após a primeira fase, ou entre 2029 e 2030, de acordo com outro relatório publicado pelo Bangkok Post.

China e Laos já estão ligadas por alta velocidade

O caminho-de-ferro China-Tailândia fornecerá conectividade entre os países do sudeste asiático e a China, e trará benefícios tangíveis a toda a região, ao mesmo tempo que injectará um novo ímpeto no desenvolvimento regional, afirmaram peritos e representantes empresariais.

A Yunnan Easy Trans International Freight Forwarder Co, a empresa de logística e comércio com negócios relacionados com a China-Laos Railway, está entusiasmada com o futuro lançamento da actualização da ligação ferroviária na região.

Yang Yuepeng, director-geral da empresa, disse que após a conclusão do caminho-de-ferro China-Tailândia, o transporte será mais conveniente e o custo do transporte será grandemente reduzido. “Até lá, mais empresas irão expandir os seus projectos na Tailândia, e mais tailandeses irão acreditar no ‘Made in China'”, disse Yang.

Desde a abertura do caminho-de-ferro China-Laos, que vai de Kunming a Vientiane, a integração do transporte e comércio tem acelerado grandemente o crescimento do comércio fronteiriço, com cada vez mais projectos de intercâmbio e categorias comerciais, disse Yang. Nos 11 meses desde a abertura do caminho-de-ferro China-Laos, os dados financeiros da empresa de Yang para 2022 aumentaram 15,8% numa base anual em comparação com os dados financeiros para 2021.

“Embora o caminho-de-ferro China-Tailândia ainda esteja em construção, a Tailândia, a China e o Laos estão ligados por caminho-de-ferro, o que reflecte o conceito do caminho-de-ferro Trans-Asiático”, disse Zhao.

Após a conclusão do caminho-de-ferro, pode melhorar consideravelmente a construção do moderno sistema ferroviário da Tailândia, e se puder ser efectivamente ligado ao caminho-de-ferro China-Laos no futuro, irá definitivamente ajudar o desenvolvimento económico de toda a região, disse Zhao.

“O nosso objectivo final é construir o caminho-de-ferro Trans-Asiático, um caminho-de-ferro que atravessa a Península da Indochina e liga o Laos, Tailândia, Malásia e Singapura… Quando este caminho-de-ferro estiver concluído, ligará estreitamente as áreas interiores da ASEAN e da China, e será benéfico para toda a região terrestre sob a comunidade de um futuro comum”, disse o perito.

22 Nov 2022

Primeiro-ministro do Japão demite terceiro ministro num mês

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, demitiu hoje o seu ministro dos Assuntos Internos por irregularidades financeiras, somando já a queda de três ministros num mês, anunciou a televisão japonesa NHK.

O ministro de Assuntos Internos, Minoru Terada, tem sido acusado de várias irregularidades contabilísticas e financeiras, tendo reconhecido, num dos casos, que um dos seus grupos de apoiantes apresentou registos contabilísticos com a assinatura de uma pessoa já morta. Segundo a NHK, Kishida convocou Terada e obrigou o ministro a apresentar uma renúncia ao cargo.

Questionado na semana passada sobre uma possível demissão de Terrada, o primeiro-ministro não defendeu o responsável pela pasta dos Assuntos Internos, adiantando que ele tomaria a sua própria decisão.

Nos últimos dias, Minoru Terada garantiu não ter infringido nenhuma lei, prometeu retificar as questões contabilísticas e mostrou determinação em permanecer no cargo, mas os deputados argumentaram que um ministro de Assuntos Internos – cujo trabalho é supervisionar os fundos políticos – ter problemas com financiamentos é uma questão demasiado séria e exigiram a sua renúncia. Também as sondagens realizadas pela imprensa mostraram que a maioria dos entrevistados defendia a renúncia de Terada.

A sua demissão é mais um golpe para o Governo de Kishida, já abalado por escândalos como o da estreita ligação do Partido Liberal Democrático à Igreja da Unificação, acusada de realizar “lavagens cerebrais” a seguidores para fazerem grandes doações, muitas vezes acabando por separar famílias que não estão de acordo com a situação.

O ministro da Revitalização Económica, Daishiro Yamagiwa, renunciou, em 24 de outubro, depois de enfrentar críticas pela sua falta de explicações sobre os laços à Igreja da Unificação, iniciando o que ficou conhecido como “um dominó de renúncias” do Governo de Kishida.

A saída de Terada acontece apenas 10 dias depois de o ministro da Justiça, Yasuhiro Hanashi, ter também sido forçado a renunciar devido a uma declaração na qual referia que o seu trabalho é pouco atraente e só se torna notícia quando assina uma pena de morte.

A demora de Kishida em demitir o ministro da Justiça também provocou críticas, já que obrigou a adiar a sua ida a três cimeiras asiáticas, sendo vista como uma atitude de indecisão e falta de liderança.

O primeiro-ministro, que regressou a Tóquio no sábado, depois de uma viagem de nove dias, foi recebido com a pressão dos restantes ministros do seu Governo para tomar uma decisão rápida sobre Terrada, antes da retoma da sessão legislativa na segunda-feira.

O partido de Kishida terá de conseguir a aprovação parlamentar de um segundo Orçamento suplementar até março, ao mesmo tempo que finaliza uma nova estratégia de segurança nacional e define, até ao final do ano, novas diretrizes de defesa para o médio e longo prazo.

21 Nov 2022