Turismo | Apoios alargados a visitantes de Hong Kong

O subdirector dos Serviços de Turismo (DST), Hoi Io Meng, indicou que o programa governamental que oferece descontos em estadias e bilhete de avião a turistas do Interior vai ser alargado a visitantes de Hong Kong.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Hoi Io Meng indicou que a DST está a preparar a promoção de Macau como mercado de turismo em Hong Kong e no resto do mundo, a pensar na reabertura pós covid-19.

Além disso, de forma a perceber os hábitos de consumo vão ser feitos estudos de mercado. Em relação ao alívio das medidas de circulação entre Macau e o Interior, Hoi Io Meng defendeu que tem havido um trabalho intenso de promoção, pelo que é esperado que os turistas do Interior conheçam o suficiente do território na hora de escolher Macau como destino de férias.

13 Dez 2022

BNU | Regresso à normalidade é “muito bem-vindo”

O presidente do Banco Nacional Ultramarino, Carlos Cid Álvares, acredita que com o alívio das medidas de controlo da pandemia e o aumento do fluxo de turistas as pequenas e médias empresas podem recuperar um pouco do que perderam nos últimos anos

 

O presidente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) afirmou que o regresso à normalidade em Macau, na sequência do alívio das medidas de combate à pandemia, “é muito bem-vindo”, podendo reflectir-se na actividade bancária do território.

“Pode significar um maior fluxo de turistas, pode significar a recuperação dos negócios das pequenas e médias empresas, pode significar muita coisa para Macau, a recuperação da actividade económica e obviamente isso depois reflecte na actividade dos bancos. É muito bem-vindo esse regresso à normalidade”, referiu Carlos Cid Álvares, à Lusa.

Apesar de o BNU ter completado 120 anos de presença em Macau a 20 de Setembro, as restrições de prevenção e controlo da pandemia no território, que tem seguido a política ‘zero covid’ de Pequim, acabaram por adiar as celebrações para esta sexta-feira.

Num balanço à presença da instituição em Macau, o responsável salientou o serviço prestado à comunidade e o apoio à actividade económica local, admitindo “bons e maus momentos”, embora “sempre presente e a apoiar o desenvolvimento” do território.

“De certeza que quem pensou esta operação se calhar não pensou que ia cá estar durante tanto tempo, ou se calhar pensou”, reagiu.

O também CEO do BNU, do grupo Caixa Geral de Depósitos, disse ser “um grande orgulho” e “uma grande responsabilidade” para a instituição ser um dos bancos emissores de moeda em Macau, a par do Banco da China, com contrato renovado em 2020 e válido até 15 de Outubro de 2030.

Aposta certeira

Sobre a actividade dos últimos anos, Carlos Cid Álvares considerou ter havido “um salto enorme” depois de 1999, no período que se seguiu à transferência da administração do território de Portugal para a China, com uma “grande proximidade dos resorts integrados”.

“Na altura, o BNU talvez tenha sido dos poucos bancos a apoiar o arranque dos casinos. Eu não estava cá, mas a ideia que tenho é que o banco esteve muito próximo, o CEO da altura [esteve] muito próximo dos diferentes casinos e o BNU teve um papel muito relevante no arranque do negócio dos resorts integrados aqui em Macau”, explicou.

Com a liberalização do jogo em Macau, em 2002, e o início da actividade das várias concessionárias no território “era necessária a emissão de umas garantias bancárias”, sendo que o BNU emitiu quatro das seis garantias, explicou.

Quanto a planos para o futuro, o presidente realçou o desenvolvimento do banco em Hengqin, onde foi estabelecida uma sucursal há cinco anos e que conta com 17 funcionários.

“Temos acompanhado quem de Macau investe naquela ilha e é essa [sucursal] que no fundo vai estar completamente ligada ao futuro e ao crescimento de Macau e, portanto, o BNU vai com certeza apoiar empresários, empresas particulares que queiram desenvolver os seus negócios na China continental, utilizando a ilha da Montanha para esse efeito”, sublinhou. “Está já a entregar resultados todos os anos e, portanto, isso é importante”, completou.

Carlos Cid Álvares referiu ainda que o BNU, “integrado no grupo Caixa Geral de Depósitos poderá ter um papel bastante importante” no papel de Macau enquanto plataforma de negócios entre a China e os países de língua portuguesa.

13 Dez 2022

Segurança | Número de imigrantes ilegais cai mais de 50%

Na primeira metade do ano, o número de imigrantes ilegais detectados em Macau registou uma quebra de 51,2 por cento face ao período homólogo do ano anterior. O número foi assim de 80 imigrantes ilegais na primeira metade de 2022, de acordo com dados revelados pelo Gabinete do Secretário para a Segurança em resposta a uma interpelação da deputada Wong Kit Cheng.

Desde 2020 até agora, com a pandemia, o Governo entrou em contacto com os consulados dos países destes imigrantes, para encontrar formas de apoiar as pessoas a regressaram aos seus respectivos países.

Foi desta forma que se lidou com a situação, nas alturas mais intensas da covid-19, quando a RAEM estava praticamente isolada e não havia voos para deixar o território. Porém, segundo a mesma fonte, com a reabertura das linhas aéreas por Singapura foi possível resolver várias das situações pendentes.

13 Dez 2022

Covid-19 | Hong Kong decreta fim das restrições de viagem

A partir de hoje será permitido entrar em Hong Kong sem cumprir qualquer tipo de quarentena ou auto-gestão de saúde. Para isso, basta apresentar um teste negativo à covid-19. Só quem testa positivo ficará com o código de saúde vermelho e terá de cumprir isolamento

 

Hong Kong levanta, a partir de hoje, todas as restrições de viagem a quem chega à cidade e com teste negativo à covid-19, noticiou ontem o jornal local South China Morning Post (SCMP). O Chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, anunciou as novas medidas antes do encontro semanal com o Conselho Executivo, de acordo com a publicação diária em língua inglesa.

Até agora, quem chegava à região administrativa chinesa tinha de cumprir o regime ‘0+3’, sem necessidade de cumprir quarentena em hotel, mas com três dias de auto-gestão médica domiciliária, mantendo-se durante esse período o código de saúde amarelo, que proibia, por exemplo, a entrada em restaurantes.

Com a nova medida, Hong Kong adopta o regime ‘0+0’ e todas as pessoas chegadas ao território com teste negativo à covid terão código de saúde azul, o que significa poder andar livremente pela cidade, destacou o SCMP.

De acordo com as novas regras, quem testar positivo, mantém o código de saúde vermelho e é obrigado a respeitar o actual protocolo de isolamento. John Lee disse ainda que, a partir de hoje, os residentes já não terão de fazer a leitura do código QR para registar a entrada em locais da cidade, embora os clientes de restaurantes e pessoas que visitem determinadas instalações ainda precisem de apresentar o registo da vacinação.

“As decisões têm como base dados e riscos. O risco de infecção dos casos importados é menor que o risco de infecções locais. Acreditamos que o levantamento [das medidas] não vai aumentar o risco de surtos locais”, salientou Lee, citado pelo SCMP.

Sobre uma possível abertura da fronteira entre Hong Kong e o interior da China, Lee disse que o Governo tem estado a negociar activamente com as autoridades centrais. “As autoridades do interior também dão muita importância a isto”, acrescentou.

Medidas graduais

Na semana passada, Hong Kong aliviou as medidas de quarentena e isolamento, depois de uma alteração à política ‘zero covid’ por parte de Pequim. Um aumento de infecções diárias tinha impedido a cidade de levantar as regras de distanciamento social, lembrou o jornal. As autoridades de saúde de Hong Kong registaram um total de 14.717 casos na segunda-feira, cinco por cento dos quais importados. De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins dos Estados Unidos, Hong Kong ultrapassou as 2,2 milhões de infecções e registou 10,959 mortes desde o início da pandemia da covid-19.

Macau mantém a fórmula de quarentena “5+3”, que implica o cumprimento de cinco dias em isolamento num hotel e três dias de auto-gestão de saúde, mas desta vez com código de saúde amarelo. No entanto, as autoridades locais também se mostram abertas a mudar gradualmente as restritivas regras de combate à covid-19, nomeadamente com a entrada em vigor, também a partir de hoje, da medida de isolamento em casa para contactos próximos de doentes com covid-19.

Loja de comida portuguesa espera reabertura da China

O fim anunciado da estratégia ‘zero covid’ na China continental dá esperança ao restaurante e loja em Hong Kong onde Michael Franco, bisneto do primeiro Presidente português, partilha a paixão pelos sabores de Portugal.

Pequim anunciou na segunda-feira o fim do uso de uma aplicação que rastreia as deslocações do utilizador. O país mantém, no entanto, a quarentena obrigatória para quem chega de Hong Kong e do estrangeiro.

“O Governo disse que as restrições iriam ser levantadas muito em breve. Esperemos que o negócio volte ao normal até ao Ano Novo Chinês [22 de Janeiro], uma época alta, sobretudo para a alimentação”, disse à Lusa o director de marketing da loja ‘Bairro à Portuguesa’.

Tony Cheung lembrou os “dias difíceis” do pior surto de covid-19 em Hong Kong, em Fevereiro: “O impacto foi enorme para todos os negócios ligados à comida. Ninguém saía de casa, ninguém vinha aos centros comerciais, não havia turistas”.

Para manter a porta aberta, a loja recorreu à entrega ao domicílio, “sobretudo para pratos especiais, como o leitão”, ou fazia promoções para escoar os produtos, explicou Cheung, sobrinho de Michael Franco.

A redução drástica no número de voos para Hong Kong não ajudou, fazendo disparar o custo do transporte de produtos como o presunto português, que “não pode vir de navio porque tem um período de validade muito curto”, sublinhou o gestor.

Mais tarde, a guerra na Ucrânia fez subir o preço dos combustíveis, tornando também mais caro o transporte pela via marítima de produtos como o vinho português, lamentou Cheung. “Simplesmente sobrevivemos durante a pandemia. Tivemos prejuízo com a renda e os salários do pessoal”, disse o director de marketing do ‘Bairro à Portuguesa’.

A situação tem melhorado desde o Verão, referiu Cheung. “O tráfego está a regressar, mas ainda não de volta aos níveis de 2018. Já conseguimos ver turistas chineses, mas ainda é raro”, acrescentou.

Ironicamente, disse o gestor, o fim da quarentena para quem chega a Hong Kong vindo do estrangeiro, a partir de Setembro, acabou por não ajudar. “Nos últimos dois meses, o número de pessoas a jantar no restaurante diminuiu. Talvez os residentes de Hong Kong prefiram passar os fins de semana ou as férias na Tailândia ou em Taiwan”, explicou Cheung.

“Reavivar memórias”

O director de marketing da loja disse que, ainda assim, a loja continua a servir para “reavivar memórias”. “Antes da pandemia, as pessoas podiam ir regularmente a Macau comer comida portuguesa. Agora vêm aqui”, afirmou.

Com a época festiva a aproximar-se, tornam-se mais populares os cabazes de Natal, indicou Cheung, onde o Bairro à Portuguesa junta alguns dos produtos mais populares, como vinho do Porto, presunto e sardinhas congeladas.

“As pessoas provam as sardinhas assadas no restaurante e depois querem experimentar em casa”, disse o gestor. Sardinhas assadas é um dos pratos que Michael Franco aprendeu a fazer com a avó, filha de um general português que, após ter sido destacado em Macau, se mudou para Hong Kong. Franco é bisneto de Manuel de Arriaga, o primeiro Presidente português (1911-1915).

Fronteira | Quarentena para entrar na China termina em Janeiro

A quarentena obrigatória para quem quer entrar na China oriundo de Hong Kong deve chegar ao fim a partir do dia 9 de Janeiro, deixando de existir assim a fórmula “0+3”. A informação foi ontem veiculada pelos media de Hong Kong, sendo que, segundo o portal Macau News Agency, o portal HK01 foi o primeiro a dar a notícia citando uma fonte próxima da Comissão de Saúde da província de Guangdong.

Com o fim da quarentena, restam apenas três dias de monitorização do estado de saúde em casa. Segundo a Bloomberg, que também cita os media de Hong Kong, as novas medidas serão postas em prática mediante um “programa piloto” a entrar em funcionamento antes da chegada do Ano Novo Chinês. De frisar que já em Novembro a Comissão Nacional de Saúde da China anunciou uma redução da quarentena obrigatória para os estrangeiros para cinco dias, ao invés dos anteriores sete.

13 Dez 2022

António Miguel de Campos: “No pensamento chinês tradicional, não existe o conceito de verdade absoluta”

Depois de ter traduzido em 2010 o Dao De Jing, de Laozi, a que chamou “Livro do Caminho e do Bom Caminhar”, António Miguel Campos publicou este ano uma tradução comentada dos escritos de Mestre Zhuang (Zhuang Zi), que romaniza, “de modo a ser mais correctamente lido por um leitor lusófono”, como “Chuang Tse”. Sobre o livro, o filósofo e a filosofia, respondeu a umas perguntas de Via do Meio

 

 

VM: Depois de ter traduzido o Tao Te King (Dao De Jing), de Lao Tse (Lao Zi), apresenta-nos agora uma tradução, também plena de comentários, dos escritos de Chuang Tse (Zhuang Zi). Como vê os dois autores, na sua relação com o taoismo?

AMC: São, sem dúvida, os dois mais importantes pensadores do taoismo filosófico. As suas obras formam a base textual e filosófica da escola de pensamento taoista (道家, dàojiā). Na sua obra, Lao Tse enuncia aforismos breves, em linguagem muito concisa e poética, que apresentam os conceitos básicos do taoismo e do monismo dialéctico, expresso no conceito de yin-yang, que caracteriza o pensamento taoista e que continua hoje a ser um substrato fundamental do modo de pensar chinês.
Chuang Tse é o primeiro pensador chinês que constrói uma filosofia dirigida ao homem individual, incitando cada pessoa a encontrar por si própria a felicidade interior, libertando-se das amarras mentais do pensamento convencional e da sujeição a uma moralidade social rígida, como a defendida pelo confucionismo, e procurando viver de um modo mais espontâneo, em harmonia com o que é natural.

VM: Distante do confucionismo, mas também de outras correntes do pensamento chinês?

AMC: É um pensador fora do comum, profundo, humorístico e irreverente, e um escritor extremamente inovador na cultura chinesa, e cuja filosofia, expressa numa linguagem muito menos concisa, tende a suscitar a auto-interrogação no leitor, por criar um vazio no que é dito que evoca algo que está para além dos limites da linguagem. Este tipo de discurso foi mais tarde adoptado pelos budistas Chan e Zen, que o usaram nos seus koans (公案, gōng’àn).

VM: Será que o fascínio exercido pelo taoismo junto das mentalidades ocidentais, por oposição a algum desinteresse pelo confucionismo, está relacionado com o “individualismo”, por vezes reconhecido como existente nos pensadores ditos taoistas?

AMC: No século XVII, a Europa ficou fascinada com o confucionismo e com o modo como ele se reflectia na estrutura social e administrativa da China. E essa admiração acabou por influenciar alguns aspectos da organização social e administrativa europeia. No entanto, desde que a defesa das liberdades e direitos individuais ganhou força na Europa, a sua exagerada ênfase nos deveres para com a comunidade em detrimento dos direitos individuais, começou a ser no Ocidente considerada algo «anacrónica» e menos interessante. Para isso contribui hoje uma sua associação à noção defendida pela escola legalista de que os seres humanos são naturalmente egoístas e que, por isso, o que é necessário é a definição de um conjunto de leis e punições rigorosas e um firme controle político e militar do Estado.

O maior fascínio pelas ideias taoistas surgiu no Ocidente sobretudo através do interesse que se começou a manifestar na segunda metade do século XX, e sobretudo por parte dos mais jovens, pelo budismo Zen e pelas artes marciais e medicinas orientais, que têm por base conceitos taoistas e sugerem para os ocidentais um modo de pensar alternativo. Esse modo de pensar o mundo parece ter um efeito terapêutico para um ocidental, como um antídoto contra algumas «maleitas» do pensamento convencional ocidental, o que explica, por exemplo, que haja médicos que sugerem a leitura do Tao Te King a pessoas deprimidas e professores de piano que aconselham a sua leitura aos seus pupilos.

VM: Então ler o taoismo como um “individualismo” estará errado?

AMC: Embora os taoistas incitem cada pessoa a encontrar por si própria a felicidade interior, não se pode considerar que a sua filosofia defenda o «individualismo», na medida em que nela se encara o Homem apenas como uma entre «as dez mil coisas» que existem na Natureza e se defende que o mais importante é ele se inserir harmonicamente nela. E essa visão agrada ao modo de pensar ocidental actual, em que é dada uma grande importância à Natureza e à sua preservação. Note-se que a razão pela qual os taoistas criticam as normas de comportamento confucianas é sobretudo o facto de elas tornarem o funcionamento da sociedade demasiado rígido, contrariando o que é natural. Acrescente-se ainda que o interesse pelos conceitos taoistas é também resultante da compreensão de que eles são um substrato muito importante da cultura chinesa e por isso indispensáveis para se entender a alteridade do modo de pensar chinês.

VM: Chuang Tse recusa admitir que existe uma só verdade. Não é este “perspectivismo” no seu pensamento, algo que o aproxima de vários pensadores contemporâneos, nomeadamente ocidentais?

AMC: Há muitas semelhanças entre o perspectivismo de Chuang Tse e de Nietzsche. Mas enquanto Nietzsche pretende, pela exploração de uma multiplicidade de perspectivas, aceder a um conhecimento superior, que ultrapasse as limitações de cada uma delas, Chuang Tse não está interessado na busca de conhecimento enquanto tal. O seu objectivo é prático: o que temos de fazer para que as nossas acções sejam bem-sucedidas. E o perspectivismo que propõe, a que poderíamos chamar um «perspectivismo prático», consiste em ir optando por verdades parciais, de modo que elas sejam ajustadas às situações, sem ficarmos mentalmente amarrados a nenhuma delas. Para Chuang Tse, o «estado de espírito privilegiado» é ser capaz de ajustar a nossa perspectiva às circunstâncias, em vez de, à maneira dos moralistas e lógicos, dissipar esforços inúteis na tentativa de «ajustar as circunstâncias» à nossa perspectiva.

VM: Uma outra posição face ao conceito de “verdade”?

AMC: Note-se que no pensamento chinês tradicional, não existe o conceito de verdade absoluta, no sentido ocidental. Fala-se do certo-errado (是非, shìfēi), um termo que sugere a dinâmica de procurar o certo, ou seja, o que é admissível ou adequado, sabendo que pode estar errado, ou seja, uma dinâmica certo-errado do tipo yin-yang.

Há que referir que Kierkgaard dizia que perguntar o que está certo ou errado, em termos absolutos, é um erro, porque as verdades que nos movem são apenas «miragens» ou «representações» em que decidimos acreditar, e geralmente apenas temporariamente, com base nas nossas fortes intuições do momento. Também Wittgenstein dizia que o que torna correcto dizer que uma afirmação é «verdadeira» não é a sua correspondência com a realidade, mas apenas o critério usado para determinar a verdade.

VM: No caso de Chuang Tse, que interpretação elabora da sua relação com o conceito de Vazio, que o mestre refere, entre outros, a propósito de um talhante? Poderia distinguir, para os nossos leitores, a diferença entre Nada e Vazio? Além deste, que ideias, que conceitos, presentes em Chuang Tse, lhe causaram maior interesse?

AMC: Na história do talhante Ting, Chuang Tse não fala no vazio (虛, xū) mas nos veios naturais (天理, tiānlǐ) da carne, o espaço entre as articulações. É uma história apresentada para expor como se deve «nutrir a vida» (養生, yǎngshēng), tanto fisiológica como psicologicamente, minimizando os conflitos nas interacções com as coisas e com as outras pessoas. Se estivermos atentos à textura natural das coisas e das situações, podemos agir como o artífice exímio e, assim, esperar «esgotar os anos que nos cabem de vida» sem encontrar adversidades de maior. O modo taoista de resolver os problemas, o «agir sem agir» (為無為, wéi wúwéi), segue esta prática.

No entanto, na Arte da Guerra de Sun Tse (孫子兵法, Sūnzi bīngfǎ), um texto incluído no «Cânon Taoista» (道藏, dàozàng), diz-se que «quem avança sem que lhe possam resistir, segue em frente no que está vazio (虛, xū)», o que lembra a mestria de Ting, que talhava no «espaço vazio» entre as articulações. No caso de Sun Tse, o vazio pode significar o que está fraco ou desprotegido, mas também os «veios naturais» da cada situação, que nos permitem avançar sem resistência, continuando sempre intactos e afiados como a lâmina da faca de Ting.

O Nada (無, wú) é o que ainda não se manifestou, ou seja, o que ainda não existe e de onde emerge o que existe (有, yǒu). No Tao Te King, ele é identificado com o Tao e sugere-se que ele é a fonte original de tudo e o Princípio Supremo que gera tudo o que existe e está na origem do seu devir. No Chuang Tse, ele é descrito como sendo a Unidade indiferenciada de todas as coisas que, em si, não é uma coisa, é «Nada», mas onde é como nela existissem coisas sem fim, embora sem delimitações entre elas. Chuang Tse apresenta o Tao essencialmente como um processo de transformações contínuas, sem fim nem início, que «faz com que as coisas sejam coisas».

Segundo os taoistas, quem busca a harmonia com o Tao deve esvaziar a mente para atingir o estado de vacuidade mental que se designa por «clareza» (明, míng) em que as respostas adequadas surgem tão natural e espontaneamente como uma imagem num espelho e não como resultado do encadeamento contínuo de pensamentos conscientes. É um regresso ao «vazio» indiferenciado do «antes de tudo», que liberta espaço para garantir que nada do que nesse vazio pode espontaneamente emergir seja impedido de o fazer.

VM: E, no entanto, no seio da certeza de não existirem certezas, surge sempre a dúvida e as suas manigâncias?

AMC: Um conceito introduzido por Chuang Tse que achei muito interessante foi o de «deslizar para o deslumbramento da dúvida» (滑疑之耀, huá yí zhī yào). Ele diz-nos que, quem é sábio, não vê utilidade em afirmar categoricamente o que está certo e prefere manter-se deslumbrado com a dúvida e ficar-se apenas pelo que é óbvio e intuitivo.

Outro conceito que achei muito interessante é o do uso de «palavras do jarro» (卮言, zhī yán), uma forma de linguagem fluida e «despreocupada», caracterizada por uma transformação constante, que não busca nenhum objectivo final para além da sua própria continuação. É possível que Chuang Tse, ao escolher um jarro para caracterizar as suas palavras, tenha também querido associá-las às palavras que se dizem depois de se beber vinho, quando o inconsciente é menos controlado pela consciência e podemos ser mais espontâneos, livres e criativos, deixando-nos transformar pelas coisas. Cabe aqui recordar a frase «Há mais filosofia numa garrafa de vinho do que em todos os livros», de Louis Pasteur. Chuang Tse diz-nos que usar «palavras do jarro» é um modo de «falar não-falando», por ser um discurso que não está preso a nenhuma perspectiva rígida e que discorre sobre ideias de um modo que supera os limites da lógica e da própria linguagem, sendo ele próprio uma manifestação do processo sempre renovador que é a transformação natural das coisas.

VM: Poderemos falar na felicidade de um peixe?

AMC: Chuang Tse parece apontar para a possibilidade de existir um conhecimento intuitivo que não é o resultado de análises e raciocínios lógicos, mas é apreendido directamente pela observação do mundo, com a mente esvaziada de todo o conhecimento conceptual. Os peixes «vagueavam livremente e sem amarras» e era evidente que eles estavam felizes. É interessante referir que o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti defendia que «a capacidade de observar sem analisar é a mais alta forma de inteligência».

VM: Somos Chuang Tse ou a borboleta?

AMC: A história em que Chuang Tse se pergunta se é mesmo ele ou uma borboleta que sentiu que era durante um sonho é uma alegoria que põe em causa a distinção entre a ilusão e a realidade, encorajando-nos a encarar todos os estados mentais como tendo a mesma natureza efémera dos sonhos. Devemos acreditar sinceramente em qualquer coisa em cada momento, mas deixar que aquilo em que acreditamos vá mudando, sentindo-nos unos com o Universo, fluindo nele e com ele, perdendo-nos de nós próprios, participando totalmente nas transformações do fluxo universal da vida.

O sonho é algo de natural e por isso deve ser equiparado ao estado acordado. E, nos sonhos, podemos libertar-nos com facilidade das nossas perspectivas rígidas e deixar-nos transformar livremente e sem amarras e isso pode-nos fazer ficar mentalmente mais flexíveis e ajudar-nos a saber aproveitar melhor todas as oportunidades que surgirem no nosso caminho. O romano Séneca (65 a.C.) dizia que «não é por as coisas serem difíceis que não as ousamos fazer. É por não as ousarmos fazer que elas são difíceis». Como diz António Gedeão, na Pedra Filosofal, «o sonho é uma constante da vida, tão concreta e definida como outra coisa qualquer. E sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança».

O que Chuang Tse nos propõe é que nos deixemos «vaguear livremente e sem amarras» numa espécie de «sonho acordado» em que vamos sendo quem nos parece que somos, mas em que o vamos também deixando para trás, esquecendo-nos de quem fomos antes. O objectivo desse vaguear é sentirmo-nos livres e felizes. Não interessa se esse vaguear é considerado moralmente virtuoso ou útil para o bem-geral. O vaguear é um fim em si mesmo.

A este propósito, é interessante reler o que Fernando Pessoa dizia numa carta dirigida a Casais Monteiro: “Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, de várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida real …”

VM: Ou somos, finalmente, seres como aqueles macacos, facilmente manipuláveis, como também acreditava Maquiavel?

AMC: Quanto à relação destes textos com o pensamento de Maquiavel, há que frisar que ele dizia que, quando as circunstâncias mudam, as pessoas são mais facilmente manipuláveis se estiverem amarradas a perspectivas rígidas. Ora o modo de encarar o mundo aconselhado por Chuang Tse destina-se exactamente a libertar-nos das amarras de concepções e perspectivas rígidas e faz com que sejamos mais dificilmente manipuláveis, por ele nos permitir ajustar as nossas perspectivas às circunstâncias.

13 Dez 2022

Inflação agrava crise na importação de produtos portugueses

A subida da inflação em Portugal está a dificultar a importação de produtos portugueses para Macau, negócio que já estava em apuros com a pandemia e a guerra na Ucrânia. Transporte, mão-de-obra e distribuição são factores que pesam na factura

 

Empresários contactados pela Lusa alertam para o agravamento da crise no negócio da importação de produtos portugueses para Macau devido ao aumento da inflação. Os efeitos da pandemia de covid-19, primeiro, e os da guerra na Ucrânia, depois, já tinham atingido seriamente o sector, mas o crescimento da inflação piorou o cenário, que se traduz numa escalada de preços que não poupa o aluguer de contentores, pagamento de mão-de-obra e matérias-primas, explicam os importadores.

Em Macau, a crise no sector agudizou-se muito por causa das medidas de prevenção pandémica que fizeram desaparecer turistas e, com eles, boa parte do mercado de consumo do qual dependiam os empresários ligados à importação de produtos portugueses.

“O preço dos contentores, com a pandemia, e o facto de muitas vezes não cumprirem os prazos previstos, sobretudo para quem trabalha com produtos portugueses não congelados, era já um problema. A falta de turistas era outro, mais ainda para um sector como, por exemplo, de importação de vinho. Agora, com o aumento dos preços, tudo está pior”, lamenta António Alves, da Eurovinhos.

O empresário da firma de Macau que importa para o território e para o sul da China continental queixa-se ainda do aumento do custo de matérias-primas como papelão e vidro, essenciais para a embalagem dos produtos, com significativo impacto no preço final.

Pequenas latas

Carlos Rodrigues, da F. Rodrigues (Sucessores) Limitada, também na área de importação de vinho e produtores alimentares, sublinha isso mesmo, mas acrescenta ao vidro e papelão, uma outra carência, a de alumínio, que afecta o sector das conservas.

“Com tudo isto, temos de contar com o aumento dos custos de mão-de-obra, do combustível, que tem efeitos na distribuição, do preço dos contentores, embora esse esteja agora com uma tendência para diminuir. Mas a verdade é que há produtos que já foram aumentados duas vezes este ano. E alguns dos produtos praticamente aumentaram 40 por cento, como por exemplo o azeite”, pormenoriza.

No momento em que a agência de notação financeira Fitch reviu em baixa as previsões para o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] mundial para 1,4 por cento em 2023, tendo em conta a luta dos bancos centrais contra a inflação e as condições do mercado imobiliário chinês, as perspectivas de que o cenário melhore nos próximos tempos é visto com cautela pelos empresários.

O mercado de Macau, muito dependente do mercado turístico da China continental, foi atingido por uma crise que não poupou os casinos, o grande motor da economia. Mas, garantem os empresários, a restauração e a compra de vinhos e de produtos portugueses vivia sobretudo dos turistas de Hong Kong. Só que há praticamente três anos que as viagens entre as duas cidades vizinhas passaram a ser uma ‘miragem’, com Macau ainda a manter a obrigatoriedade de uma quarentena à chegada ao território.

“Este é um mercado muito dependente dos turistas de Hong Kong, porque não são os turistas da China continental que compram estes produtos”, assinala Carlos Rodrigues, ao mesmo tempo que lamenta a subida do desemprego e as muitas lojas e negócios fechados em Macau.

13 Dez 2022

China pode repor normalidade pré-pandemia a partir de Março, diz especialista

O epidemiologista chinês Zhong Nanshan prevê que a China possa repor a normalidade do quotidiano pré-pandemia por volta do segundo trimestre de 2023, de acordo com declarações à imprensa.

Face à crescente propagação do novo coronavírus, após as autoridades terem posto fim à estratégia ‘zero covid’, Zhong usou como exemplo o atual surto em Cantão, no sudeste do país, adiantando que o pico no número de casos diários na cidade vai ser atingido entre o final de janeiro e meados de fevereiro.

Aquele período coincide com o Ano Novo Lunar. A principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais, regista, tradicionalmente, a maior migração interna do planeta, com centenas de milhões de chineses a regressarem à terra natal.

O epidemiologista recomendou aos cidadãos que recebam doses de reforço das vacinas contra a covid-19, para aumentar o nível de proteção antes daquele período.

Zhong também pediu às pessoas que continuem a usar máscaras e que não comprem quantidades excessivas de remédios para combater a febre, como ocorreu recentemente em várias cidades do país, resultando numa escassez de suprimentos nas farmácias e hospitais.

Nos últimos dias, a imprensa oficial começou a minimizar o risco da variante Ómicron através de artigos e entrevistas com especialistas, numa súbita mudança de narrativa que acompanha o relaxamento de algumas das medidas mais rígidas da política de ‘zero casos’ de covid-19, que vigorou no país ao longo de quase três anos.

As autoridades afirmaram que estão reunidas as “condições” para que o país “ajuste” as suas medidas nesta “nova situação”, em que o vírus causa menos mortes, e anunciaram um plano para acelerar a vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas ao mesmo tempo mais relutante em ser inoculado.

O país aboliu, na semana passada, testes em massa, quarentena em instalações designadas, para casos positivos e contactos diretos, e a utilização de aplicações de rastreamento de contactos.

Isto ocorreu depois de protestos em várias cidades da China contra a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19. Alguns dos manifestantes proclamaram palavras de ordem contra o líder chinês, Xi Jinping, e o Partido Comunista, algo inédito no país em várias décadas.

Embora tenha sido recebido com alívio, o fim da estratégia ‘zero covid’ suscita também preocupações.

Com 1.400 milhões de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo. A estratégia de ‘zero casos’ significa que a esmagadora maioria da população chinesa carece de imunidade natural. Pequim recusou também importar vacinas de RNA mensageiro, consideradas mais eficazes do que as inoculações desenvolvidas pelas farmacêuticas locais Sinopharm e Sinovac.

A remoção das restrições poderá desencadear uma ‘onda’ de casos sem paralelo este inverno, sobrecarregando rapidamente o sistema de saúde do país, de acordo com as projeções elaboradas pela consultora Wigram Capital Advisors, que forneceu modelos de projeção a vários governos da região, durante a pandemia.

Um milhão de chineses poderá morrer com covid-19 durante os próximos meses de inverno, de acordo com a mesma projeção. Especialistas advertiram, no entanto, que ainda há possibilidades de o Partido Comunista reverter o curso e reimpor restrições, caso ocorra um surto em grande escala.

12 Dez 2022

Museu de História de Hong Kong prepara exposição sobre lusodescendentes

O Museu de História de Hong Kong está a preparar uma exposição sobre a centenária presença dos lusodescendentes na região chinesa, cuja inauguração está prevista para meados de 2023, disse hoje o coordenador do projeto.

A comunidade será a primeira a merecer destaque entre várias exposições temáticas rotativas que o museu está a preparar, desde 2017, no âmbito de uma renovação que originalmente estava prevista abrir ao público ainda este ano.

“O lançamento da exposição foi adiado por causa da covid-19”, afirmou à Lusa, em Hong Kong, o investigador Francisco da Roza. “Estamos a trabalhar para um lançamento previsto, de forma provisória, para meados do próximo ano”, acrescentou.

Num folheto sobre uma campanha de recolha de artefactos, documentos e fotografias para a exposição, o museu diz querer “trazer para a ribalta a excecional história da comunidade portuguesa em Hong Kong”.

O museu destaca ainda “a pitoresca diversidade” dos lusodescendentes, incluindo as tradições religiosas católicas, a gastronomia de fusão e o patuá, uma língua crioula de base portuguesa, em risco de extinção.

Os macaenses e membros da então numerosa comunidade portuguesa em Xangai, no leste da China, começaram a chegar logo depois da fundação da colónia britânica, em 1841, sublinha o museu. José Maria d’Almada e Castro foi um dos primeiros não chineses a mudar-se para a cidade, logo no ano seguinte.

Durante os primeiros anos do território, a comunidade eurasiática “aproveitou o talento para as línguas e o estatuto único de ‘nem chinês nem ocidental’ para servir de ponte entre os mercadores e funcionários do governo britânico e os chineses”, indica.

Os lusodescendentes “prosperaram em várias indústrias”, lembra o museu, como a impressão, a farmacêutica e a advocacia. Ainda hoje a presença da comunidade na justiça é visível através de Roberto Alexandre Vieira Ribeiro, um dos três juízes permanentes do Tribunal Superior de Hong Kong.

A comunidade deu também “o seu contributo ao desenvolvimento urbano de Hong Kong”. O empresário Francisco Soares foi o principal promotor, na década de 1920, do desenvolvimento da zona de Ho Man Tin, onde ainda existe a Avenida Soares.

O declínio da comunidade começou em 1967, quando a então colónia britânica sentia, inclusive através de atentados bombistas, o impacto da Revolução Cultural na China. A imigração dos lusodescendentes continuou depois da crise mundial do petróleo em 1973.

Para recolher artefactos, documentos e fotografias para a exposição, Francisco da Roza foi à Califórnia, nos Estados Unidos, e a Toronto e a Vancouver, no Canadá, entre a diáspora da comunidade eurasiática.

A pandemia impediu, no entanto, o coordenador do projeto de ir à Biblioteca Nacional da Austrália, em Melbourne, para investigar os documentos pessoais do jornalista, escritor e historiador lusodescendente José Maria Braga (1898-1988), que viveu em Macau e Hong Kong.

Entre as instituições da comunidade que ainda sobrevivem na região administrativa especial chinesa, contam-se o Clube de Recreio e o Clube Lusitano.

12 Dez 2022

Ronaldo: “Ganhar um Mundial por Portugal era o maior e mais ambicioso sonho da minha carreira”

O capitão da seleção portuguesa quebrou o silêncio com uma publicação nas redes sociais onde refere que ganhar um Mundial por Portugal era “o maior e o mais ambicioso sonho” da sua carreira. “ Felizmente ganhei muitos títulos de dimensão internacional, inclusive por Portugal, mas colocar o nome do nosso país no patamar mais alto do Mundo era o meu maior sonho”, escreveu.

“Infelizmente, ontem o sonho acabou. Não vale a pena reagir a quente. Quero apenas que todos saibam que muito se disse, muito se escreveu, muito se especulou, mas a minha dedicação a Portugal não mudou nem por instante. Fui sempre mais um a lutar pelo objectivo de todos e jamais viraria as costas aos meus companheiros e ao meu país”.

CR7 agradeceu ainda a todos os portugueses pelo apoio, “agora, é esperar que o tempo seja bom conselheiro e permita que cada um tire as suas conclusões.”.

A importância de aprender

Cerca de meio milhar de adeptos aguardava a chegada da equipa a Lisboa, embora apenas 14 jogadores tenham regressado com a comitiva – Rui Patrício, Raphaël Guerreiro, Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Bruno Fernandes, Matheus Nunes, Rúben Neves, Bernardo Silva, João Cancelo e Diogo Dalot permaneceram no Qatar.

“Estamos tristes por não poder dar mais a esta gente, porque se calhar não merecíamos sair da maneira que saímos, mas é o futebol. O futebol tem dessas coisas, há que aprender com o jogo de ontem [sábado] para que o futuro possa ser bem melhor para nós”, afirmou Pepe.

Único dos 14 jogadores que prestou declarações à comunicação social presente no aeroporto, Pepe comentou ainda a situação de Cristiano Ronaldo.

“O Cristiano Ronaldo ficou bem, é a nossa bandeira portuguesa, chega a todos os lados do mundo. Deu o seu contributo quando foi chamado e há que agradecer-lhe, a ele e a todos os companheiros também que tentaram dar o seu melhor, dar o máximo e trabalhar ao máximo para poderem estar disponíveis para o treinador. Quando assim é, as coisas são muito mais fáceis,” completou.

Sobre a continuidade de Fernando Santos como selecionador, o defesa, de 39 anos, não quis falar muito.

“Eu sou jogador, não tenho nada que falar sobre isso [eventual saída de Fernando Santos], não vou entrar por esse caminho. É o que falei antes: agradecer às pessoas e o carinho, nós sentimo-lo”, afirmou.

A comitiva lusa aterrou no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, pelas 17h40 de domingo, e cerca de vinte minutos depois passou a saída VIP do aeroporto, onde os aguardavam algumas centenas de adetos, junto dos quais se acercaram elementos como o selecionador nacional, Fernando Santos, e jogadores como William Carvalho, Rúben Dias, Diogo Costa, Gonçalo Ramos e Pepe para algumas fotografias e autógrafos.

Portugal foi afastado do Mundial2022 no sábado, ao perder nos quartos de final com Marrocos, por 1-0, com um golo de Youssef El-Nesyri. Nas meias-finais, Marrocos vai defrontar, na quarta-feira, a campeão mundial em título, França, que eliminou a Inglaterra também no sábado, enquanto a Croácia vai medir forças com a Argentina, na terça-feira.

12 Dez 2022

Covid-19 está a propagar-se na China depois de alívio de restrições, diz epidemiologista

A vaga de covid-19 está a “propagar-se rapidamente” na China, alertou hoje um epidemiologista conselheiro do Governo, na sequência da decisão da tutela de abandonar a estratégia de “covid zero”.

Na quarta-feira, as autoridades chinesas anunciaram o abrandamento geral das restrições sanitárias, depois dos protestos da população, e na esperança de revitalizar a segunda maior economia do mundo, que tem sido asfixiada pelas restrições.

As lojas e restaurantes de Pequim estavam hoje desertos, enquanto o país aguarda um pico de infeções com o fim dos testes PCR de rotina em grande escala, a possibilidade de isolamento em casos ligeiros e assintomáticos, e o recurso mais limitado de confinamentos.

“Atualmente, a epidemia na China (…) está a alastrar rapidamente e, nestas circunstâncias, por mais forte que sejam a prevenção e o controlo, será difícil cortar completamente a cadeia de transmissão”, afirmou, em entrevista aos meios de comunicação estatais chineses, um dos principais conselheiros do Governo desde o inicio da pandemia.

“As atuais sub variantes da Omicron … são altamente contagiosas … uma pessoa pode transmitir a 22 pessoas”, acrescentou Zhong. O país enfrenta uma onda de casos que está mal preparado para gerar, com milhões de idosos ainda não totalmente vacinados e hospitais sem capacidade para acomodar um elevado número de pacientes.

A China tem uma cama em unidades de cuidados intensivos para cada 10.000 habitantes, alertou, na sexta-feira, o diretor do departamento de assuntos médicos da comissão nacional de saúde.

Jiao Yahui anunciou que 106 mil médicos e 177.700 enfermeiros seriam redirecionados para unidades de cuidados intensivos para lidar com a nova vaga de casos, não adiantando, no entanto, como é que outros setores hospitalares se iam organizar.

Hoje, longas filas de pessoas formaram-se à porta das farmácias de Pequim, enquanto os residentes se apressavam a abastecer de medicamentos para a febre e de ‘kits’ de testes contra a covid-19.

Em declarações à AFP, algumas pessoas disseram que estavam a encomendar medicamentos em farmácias de cidades próximas. “Tenho medo de sair”, afirmou Liu Cheng, residente no centro de Pequim, acrescentando que “muitos” dos seus amigos com sintomas ou que deram positivo no teste contra a covid-19 não tinham reportado.

12 Dez 2022

Três organizações e dois cidadãos recebem Prémio Sérgio Vieira de Mello em Timor-Leste

Três organizações não-governamentais e dois cidadãos são hoje agraciados na edição de 2022 do Prémio de Direitos Humanos Sérgio Vieira de Mello, atribuído pela Presidência de Timor-Leste.

Na 15.ª edição, os prémios, no valor de 10 mil dólares cada, reconhecem cidadãos timorenses e estrangeiros, organizações governamentais e não-governamentais que se destaquem na promoção, na defesa e na divulgação dos direitos humanos no país.

Entre os agraciados este ano, contam-se o timorense Gil Horácio Boavida, fundador da organização HASATIL, que reúne organizações envolvidas nos setores do turismo e da agricultura e responsável por vários projetos, de acordo com o decreto assinado pelo Presidente, José Ramos-Horta.

A outra agraciada é a brasileira Simone Assis, diretora executiva do projeto Pro-Ema, criado em 2018 para apoiar jovens mulheres sobreviventes de abusos sexuais.

A edição deste ano reconhece ainda a associação ATKOMA, da ilha de Ataúro, a trabalhar desde 2005 para desenvolver o turismo sustentável na região.

Serão ainda agraciados o Leeuwin Care Centro Santa Bakhita, em Díli, e a organização Masine Neo, do enclave de Oecusse-Ambeno.

Criados a 18 de março de 2009, por José Ramos-Horta, durante o primeiro mandato como chefe de Estado timorense, os prémios visam igualmente assinalar, anualmente, o Dia dos Direitos Humanos.

A iniciativa tem ainda como objetivo reconhecer o trabalho realizado pelo brasileiro Sérgio Vieira de Mello enquanto chefe da Missão da ONU de Administração Transitória de Timor-Leste, entre novembro de 1999 e maio de 2002.

O diplomata brasileiro morreu em 19 de agosto de 2003, vítima de um atentado no Iraque.

Normalmente os prémios são atribuídos em duas categorias, Direitos Civis e Políticos e Direitos Económicos, Sociais e Culturais, sendo que na edição deste ano apenas serão entregues galardões correspondentes à segunda categoria.

A cerimónia de entrega do prémio vai decorrer no Palácio Presidencial, em Díli, pelo Presidente interino e presidente do Parlamento timorense, Aniceto Guterres Lopes, na ausência de José Ramos-Horta, que se encontra em visitas no estrangeiro.

12 Dez 2022

Tailândia | Previsão de 10 milhões de turistas atingida

A Tailândia alcançou no sábado a previsão de 10 milhões de turistas em 2022, números inferiores aos registados antes da pandemia da covid-19, mas que sustentam a recuperação deste sector-chave da economia do país.

Para celebrar o marco, que cumpre a previsão realizada em Agosto pelo Ministério do Turismo, os visitantes foram recebidos com uma série de presentes em vários aeroportos do país e em fronteiras terrestres, num evento baptizado de “Amazing Thailand 10 Million Celebrations”.

O primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, tem previsto dar as boas-vindas no aeroporto internacional Suvarnabhumi, no este de Banguecoque, aos passageiros de um voo da Arábia Saudita, que segundo as autoridades locais, completa a marca dos 10 milhões de visitantes.

A crise sanitária causou estragos no sector turístico da Tailândia, que em 2019 registou um recorde de 39,8 milhões de visitantes, um sector-chave para a segunda economia do sudeste asiático que antes da covid-19, representava entre 12 e 20 por cento do Produto Interno Bruto tailandês.

O Governo da Tailândia indicou em Setembro que estimava alcançar os 32 milhões de turistas em 2023, o equivalente a 80 por cento dos visitantes antes da pandemia, ainda que recentemente se tenha mostrado cauteloso face a uma possível desaceleração.

12 Dez 2022

Japão aprova lei para limitar pedidos de doações de grupos religiosos

O parlamento japonês aprovou uma lei para limitar os pedidos de doações de grupos religiosos, uma medida direccionada sobretudo para a Igreja da Unificação, que chamou a atenção pelas ligações ao assassino confesso do ex-primeiro-ministro, Shinzo Abe.

Segundo a Europa Press, a lei foi aprovada com o apoio do bloco no Governo e da maioria da oposição, cinco meses após o assassinato de Shinzo Abe pelas mãos do filho de um seguidor da Igreja da Unificação, que acusou a organização de arruinar a família, devido a doações.

A legislação proíbe as organizações de “enganar” o público para solicitar doações, recorrendo a tácticas coercivas pelo medo.

Assim, é proibido pedir aos doadores que obtenham dinheiro através da venda de imóveis e outros bens e a medida aprovada contempla penas de até um ano de prisão e multas de um milhão de ienes (cerca de 7.200 euros).

Adicionalmente, se as doações forem feitas por qualquer das formas proibidas pela nova lei, os cônjuges ou filhos dependentes dos doadores poderão cancelá-las em seu nome, através de procedimentos legais.

Lei do povo

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, destacou que se reuniu com as vítimas daquela organização religiosa e reconheceu que os seus problemas são “muito graves”, pelo que prometeu “adoptar as medidas necessárias” para aplicar a lei “ de forma eficiente”.

No entanto, vários parlamentares que apoiam as pessoas arruinadas por doações criticaram a legislação, considerando que foi elaborada rapidamente e que tem deficiências, segundo a agência de notícias japonesa Kiodo.

A legislação surgiu depois de familiares de ex-seguidores da Igreja da Unificação terem enviado queixas ao Governo, acusando o grupo religioso de levar as suas famílias à falência, ao pedir doações avultadas.

A Igreja da Unificação, fundada no país em 1954, é conhecida pelas suas “vendas espirituais” e por pressionar os seguidores a comprar produtos a preços exorbitantes.

O Governo japonês lançou uma investigação sobre a gestão da controversa Igreja da Unificação, em Novembro, para perceber se existem práticas de violações da Lei de Organizações Religiosas, no que diz respeito à angariação de seguidores e à gestão das doações recebidas.

12 Dez 2022

Cotai | Novo evento gastronómico esta sexta-feira

É já esta sexta-feira que tem lugar um novo evento gastronómico em Macau, o “Crunch and Munch Fair Macao – Fiesta for Five”, que se realiza no Cotai Strip Park até ao dia 26 de Dezembro.

Segundo uma nota de imprensa, esta iniciativa contará com a representação de estabelecimentos de restauração e bebidas locais, além de serem convidados operadores de restauração das quatro Cidades Criativas de Gastronomia do Interior da China, nomeadamente Chengdu, Shunde, Yangzhou e Huai’an. A ideia é que possam ser apresentadas em Macau “várias especialidades gastronómicas dos cinco locais a fim de aprofundar a integração dos elementos ‘turismo+gastronomia’, aumentando a atracção de Macau enquanto cidade turística”. Pretende-se também “alargar as fontes de visitantes”.

A organização do evento está a cargo da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) em parceria com a Associação Industrial e Comercial da Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) e seis grandes empresas de turismo e lazer do território.

As autoridades classificam este como sendo “o primeiro grande evento culinário realizado ao ar livre na zona do Cotai”, reunindo áreas como o turismo, a gastronomia, compras, a promoção da cultura sino-lusófona ou as indústrias culturais e criativas, entre outras. Haverá um total de 106 stands divididos em várias zonas temáticas. O evento apresenta ainda espectáculos recreativos e musicais.

12 Dez 2022

Festival Internacional de Curtas | “Fantasma Neon” premiado como melhor filme

Terminou na sexta-feira mais uma edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, promovido pela Creative Macau, que distinguiu o filme do brasileiro Leonardo Martinelli. Jose Pozo, de Espanha, foi considerado o melhor realizador. “Sea” do residente Jonhson Chon Sin Chan ganhou na categoria de melhor design de som

 

“Fantasma Neon”, do realizador brasileiro Leonardo Martinelli, conquistou na sexta-feira o prémio de melhor filme do 13.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau. O prémio de melhor realizador distinguiu Jose Pozo, de Espanha, com o filme “Plastic Killer”, enquanto a melhor edição foi para o espanhol Valentin Lopez, com “El Productor”, e a melhor cinematografia para Yorgos Giannelis.

A curta “Sea”, de Jonhson Chon Sin Chan, residente de Macau, arrecadou o prémio de melhor design de som e o de melhor música original foi para Juan Pablo e Villa Dan Zlonik, por “Hambre”, de Carlos Meléndez, do México.

“Maldita. A love song to Sarajevo”, de Amaia Remire e Raul de la Fuente Calle (Espanha/Bósnia-Herzegovia), venceu a categoria de melhor documentário, enquanto “The Rat”, de Zhantemir Baimukhamedov, do Cazaquistão, foi distinguido com o prémio melhor ficção.

O prémio de melhor filme local foi atribuído à obra de ficção “For-get”, de Jenny Wang, enquanto “Keep on rolling”, de Tainqi Zhao, conquistou o prémio “Identidade Cultural de Macau”. A ficção “Last day off”, de Mark Aguillon, de Macau, foi o melhor filme na categoria de escolha do público, indicou a organização.

Animação russa distinguida

A melhor curta de animação foi “The Encounter”, de Aleksandra Krivolutskaia, da Rússia, enquanto “Les larmes de la Seine”, realizado por Yannis Belaid, Eliott Benard, Nikolas Mayeur, Etienne Moulin, Hadrien Pinot, Lisa Vicente, Philippine Singer, Alice Letailleur, arrecadou o prémio melhor filme estudante.

Na competição “Volume”, os prémios de melhor vídeo do festival foi para “Can you hear me”, de Johnson Chon Sin Chan, com a banda FIDA e o de melhor canção foi “Remember me”, filmado por Bryan Chio, Macau, com Garcy Lam, cantora do território. Já “NPC” de Bruce Pun, de Macau, com a banda Experience, venceu na categoria de “Melhores efeitos visuais”.

Dos mais de quatro mil filmes e vídeos submetidos a concurso, de 123 países, foram escolhidos 111 para serem exibidos no Teatro Capitol, entre 1 de Dezembro e a passada quinta-feira, incluindo quatro filmes de Portugal.

“Carpinteiro de Papel”, realizado por Daniel Araújo Medina e Renata de Carvalho Pinto Bueno, competiu na categoria de documentários, enquanto “A Boneca de Kafka”, de Bruno Simões, “Polvo”, de Catarina Sobral, e “A Criação” de José-Manuel Xavier integraram a lista das curtas-metragens de animação.

O Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que assinala 13 anos de vida, apresenta produções independentes de reduzido orçamento. Lançado em 2010, pela Creative Macau e pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, como um pequeno concurso audiovisual, a iniciativa expandiu-se pelos cinco continentes e, em 2015, evoluiu para um festival de curtas-metragens, mantendo o objectivo de motivar a participação de produções fílmicas e vídeos musicais locais e internacionais, a competir em Macau.

12 Dez 2022

Pandemia | FMI saúda abrandamento da política “covid zero”

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, saudou na passada sexta-feira a decisão de Pequim de abrandar a política “covid zero”, sublinhando tratar-se de um “avanço decisivo”.

“Felicitamos as acções decisivas levadas a cabo pelas autoridades chinesas (…) no sentido de recalibrar a política sobre o covid (SARS CoV-2)”, disse Georgieva, após uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro Li Kegiang em Huangshan, na China.

Na quarta-feira passada, as autoridades sanitárias de Pequim anunciaram um desagravamento geral das restrições sanitárias relacionadas com a propagação do vírus Covid-19.

Entre as principais medidas, foi decretado o fim dos testes (PCR) sistemáticos e em larga escala, a possibilidade de isolamento doméstico para casos ligeiros e assintomáticos e limitações relacionadas com o confinamento.

Os esforços da República Popular da China para aumentar a taxa de vacinação são uma boa escolha para “o povo chinês, para a Ásia e para o resto do mundo”, acrescentou Georgieva.

“O desempenho da China é importante (não apenas) para a China, mas também para a economia mundial” que foi agravada pela guerra na Ucrânia e pelos efeitos da crise sanitária que fizeram aumentar os níveis do custo de vida em vários países.

O abandono progressivo da estratégia “covid zero” vai contribuir para “afastar incertezas”, disse Ngozi Okonjo-Iwela, directora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) presente na mesma conferência.
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Mathias Corman, acrescentou que “estes ajustamentos apoiam o vigor e a retoma (económica) na China e no mundo”.

12 Dez 2022

Hong Kong | Jimmy Lai condenado a mais de cinco anos de prisão por fraude

Um tribunal de Hong Kong condenou no sábado o magnata Jimmy Lai a cinco anos e nove meses de prisão, por fraude, ao permitir que uma consultora operasse sem permissão nas instalações do jornal de oposição que fundou.

Segundo avança a imprensa da ex-colónia britânica, citada pela EFE, o tribunal condenou Jimmy Lai a uma multa de cerca de 242.000 euros e proibiu-o de administrar empresas durante oito anos. O tribunal concluiu, em Outubro, que Lai, de 75 anos, ocultou “deliberadamente” as operações da empresa Dico Consultants nas instalações do extinto jornal Apple Daily.

Segundo o tribunal, o magnata, que já está preso por organizar e participar em protestos antigovernamentais não autorizados, violou o contrato de arrendamento dos escritórios do Apple Daily, que incluía uma cláusula que proibia o uso para actividades não relacionadas com a edição e impressão de jornais ou revistas.

O juiz decidiu que Jimmy Lai tinha a obrigação de garantir que todas as empresas subsidiárias que operavam naquelas instalações cumpriam os requisitos da empresa proprietária da instalação.

A consultora Dico começou a operar nos escritórios do Apple Daily em 1998, onde continuou em actividade até meados de 2020, informou o jornal de Hong Kong South China Morning Post.

12 Dez 2022

Foxconn | Maior fábrica de iPhone do mundo põe fim a 56 dias de confinamento

A maior fábrica de iPhone do mundo, situada no centro da China, acabou na sexta-feira com quase dois meses de um confinamento que resultou em confrontos entre operários e forças de segurança e na fuga de trabalhadores.

Em comunicado, o grupo Foxconn afirmou que o regime de trabalho em ‘circuito fechado’, que proíbe os funcionários de abandonarem as instalações da fábrica, chegou ao fim, após vigorar ao longo de 56 dias.

Aquele regime, usado por grandes fábricas na China desde 2020 em resposta a surtos de covid-19 em áreas próximas, foi instaurado na fábrica da Foxconn depois de vários trabalhadores terem fugido das instalações no final de Outubro devido ao aumento de casos na cidade de Zhengzhou, a capital da província chinesa de Henan. O complexo da Foxconn em Zhengzhou tem um efectivo fixo de até 200 mil funcionários.

Face à fuga de vários trabalhadores, a empresa ofereceu avultados bónus para atrair novos colaboradores, que acabaram por entrar em violentos confrontos com a polícia. Os operários afirmaram que a empresa não cumpriu com as quantias prometidas. A Foxconn alegou que se tratou de um “erro técnico”.

Estes incidentes fizeram com que a empresa de tecnologia anunciasse uma queda de 29 por cento na receita em Novembro, em relação ao mês anterior. Nos últimos dias, a imprensa oficial chinesa passou a minimizar o risco da variante Ómicron através de artigos e entrevistas com especialistas.

As autoridades já afirmaram que estão reunidas as condições para que o país ajuste as suas medidas nesta “nova situação” em que o vírus causa menos mortes, embora também tenham anunciado um plano para acelerar a vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas ao mesmo tempo mais relutante em ser inoculado.

12 Dez 2022

EUA | Altos representantes em Pequim para “descongelar” relações

Após o encontro de Xi e Biden na véspera da cimeira do G20, os dois países começam a dar passos em direcção à normalização das relações bilaterais. A deslocação da delegação norte-americana de alto nível ao país tem como objectivo preparar a anunciada visita do secretário de Estado Anthony Blinken a Pequim no início de 2023

 

Os EUA enviaram a primeira delegação de alto nível à China desde as promessas, feitas em Novembro, pelo líder chinês Xi Jinping e pelo seu homólogo norte-americano Joe Biden, de “descongelarem” as relações bilaterais.

O secretário de Estado adjunto para o Pacífico e Ásia Oriental norte-americano, Daniel Kritenbrink, acompanha a directora sénior do Conselho de Segurança Nacional para a China e Taiwan, Laura Rosenberger, de 11 a 14 de Dezembro, anunciou no sábado o Departamento de Defesa.
A delegação irá ainda visitar a Coreia do Sul e Japão.

Na China, Kritenbrink irá preparar a deslocação do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prevista para o início de 2023, naquela que será a primeira viagem do chefe da diplomacia norte-americana à China em quatro anos.

Ponto de viragem

A visita da delegação acontece menos de um mês depois de uma reunião entre Biden e Xi na cimeira do bloco G20 na Indonésia, num encontro que serviu para tentar reduzir as tensões entre as duas principais potências económicas.

Na ilha de Bali, Biden exortou Xi a procurar formas de “gerir as diferenças” para evitar que a competição entre os dois países degenere num conflito, e manifestou disponibilidade para colaborar em “assuntos globais urgentes”, incluindo alterações climáticas e insegurança alimentar.

Por sua vez, Xi manifestou a intenção de manter um “diálogo franco e profundo” com Biden sobre os temas de importância estratégica nas relações bilaterais, a nível regional e global.

Nessa reunião, Xi avisou o homólogo norte-americano para não “cruzar a linha vermelha” em Taiwan.
“A questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações sino-americanas, e é a primeira linha vermelha a não ser atravessada nas relações sino-americanas”, disse Xi a Biden, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

Esse foi o primeiro encontro presencial entre Biden e Xi desde a chegada do norte-americano à Casa Branca, em Janeiro de 2021.

12 Dez 2022

Justiça | Ho Iat Seng não autorizou testemunhos de Chui e Rosário

Ho Iat Seng não autorizou o seu antecessor, Chui Sai On, a comparecer em tribunal para testemunhar no caso que está a julgar os ex-directores das Obras Públicas Jaime Carion e Li Canfeng. O Chefe do Executivo impediu também os testemunhos dos secretários Raimundo do Rosário e do seu antecessor Lao Si Io

 

Depois de ter sido mencionado em tribunal pelos arguidos Li Canfeng, Sio Tak Hong e William Kuan, o antigo Chefe do Executivo, Chui Sai On, não foi autorizado a testemunhar perante o colectivo do juízo criminal do Tribunal Judicial de Base que está a julgar os ex-directores da Obras Públicas Li Canfeng, Jaime Carion, e os empresários Sio Tak Hong, William Kuan e Ng Lap Seng. De acordo com o Canal Macau da TDM, Chui Sai On foi chamado a depor, mas o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, não autorizou o depoimento do seu antecessor.

Também o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, e o seu antecessor Lao Si Io foram chamados a testemunhar em tribunal, mas Ho Iat Seng rejeitou igualmente os pedidos.

Esta prerrogativa que compete legalmente ao Chefe do Executivo incide sobre ex-titulares de altos cargos públicos, depois da cessação de funções, e diz respeito ao seu dever de sigilo em matérias de governação.

Os requerentes que tentaram arrolar como testemunhas Chui Sain On, Lao Sio Io e Raimundo do Rosário podem ainda contestar a decisão do Chefe do Executivo. Segundo depoimentos de arguidos em tribunal, os dois secretários para os Transportes e Obras Públicas terão alegadamente marcado presença nas reuniões onde Chui Sai On terá dado luz verde ao polémico projecto de construção no Alto de Coloane, um dos alvos da acusação.

Outras perspectivas

Na última sessão de julgamento, o colectivo de juízes ouvi o empresário Ng Lap Seng que o Ministério Público (MP) acusa de quatro crimes de lavagem de dinheiro e dos crimes de associação secreta e associação criminosa.

Recorde-se que o empresário foi libertado de uma prisão norte-americana no ano passado, depois de ter cumprido dois anos e dez meses, de uma pena de quatro anos de prisão. O caso remonta a 2017, quando um tribunal de Nova Iorque declarou Ng Lap Seng culpado de corromper dirigentes das Nações Unidas (ONU) para garantir apoios para a construção de um centro de convenções do organismo internacional em Macau.

No caso em que está a ser julgado na RAEM, o empresário negou alguma vez ter corrompido os antigos directores das Obras Públicas e, acompanhando o depoimento de Li Canfeng, justificou a entrega de um apartamento no Windsor Arch ao antigo-ex director, no valor de mais de 20 milhões de patacas, como pagamento por serviços de consultadoria para o referido projecto do centro de conferências da ONU.

Perante as dúvidas manifestadas pelo MP sobre o valor da compensação para um projecto que nem chegou a sair do papel, Ng Lap Seng indicou que os trabalhos de preparação para o projecto exigiam muito esforço, de acordo com o Canal Macau da TDM.

O empresário apontou ainda que o projecto era um desígnio do Governo Central para tornar Macau num centro internacional.

12 Dez 2022

Jogo | Governo vai reduzir impostos para atrair estrangeiros

O Conselho Executivo apresentou na sexta-feira o regulamento administrativo “de redução ou isenção de contribuições provenientes das receitas brutas do jogo das concessionárias”.

Neste regulamento, que vai vigorar a partir de 1 de Janeiro, prevê-se que o Chefe do Executivo possa, no âmbito do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino, “conceder redução ou isenção às concessionárias no pagamento das contribuições, por razões de interesse público, nomeadamente por razões de expansão dos mercados de clientes de países estrangeiros”.

Antes de conceder os incentivos fiscais o líder do Governo terá de ouvir a Comissão Especializada do Sector dos Jogos de Fortuna ou Azar.

Durante a conferência de imprensa de apresentação do regulamento, o porta-voz do Conselho Executivo e secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, reconheceu a elevada carga fiscal que recai sobre o jogo. “Macau tem uma vantagem específica para o desenvolvimento da exploração do jogo, que outros sítios não têm. Também estamos cientes de que temos um imposto de jogo relativamente alto, o que pode representar menos atractividade para que estrangeiros venham a Macau jogar”, apontou o governante citado pela TDM – Rádio Macau.

André Cheong acrescentou ainda que o Governo irá trabalhar no sentido de criar condições para a internacionalização do sector, mas que também será exigido às concessionárias empenho em definir planos, projectos e investimentos que permitam atrair jogadores estrangeiros.

12 Dez 2022

Habitação | Novo modelo divide jovens sem capacidade de compra

Jovens adultos de Macau entrevistados pela Lusa disseram estar divididos quanto à criação da habitação intermédia, um novo modelo residencial destinado a pessoas com dificuldades em adquirir casa no mercado local

 

“Prefiro comprar um apartamento no Interior da China, porque não consigo comportar o preço [de uma casa] em Macau”, disse à Lusa Selena Lei, de 25 anos, que explora um negócio de família. “Até a habitação económica ou a habitação intermédia são mais caras do que no Interior da China”, completou.

Já Tina Si, professora de 25 anos que vive com a família num apartamento de cerca de 50 metros quadrados, admitiu comprar habitação económica ou intermédia “por ser a forma mais fácil de adquirir” uma residência.

A ‘habitação intermédia’ é um dos cinco tipos de habitação estabelecidos pelo Executivo de Macau – as outras são a habitação social, habitação económica, habitação para idosos e habitação privada – e, à semelhança de algumas destas tipologias, destina-se a pessoas com dificuldades em adquirir casa no mercado local.

A nova lei para a habitação intermédia, que foi submetida este mês para análise à Assembleia Legislativa, estabelece que o candidato seja residente de Macau, não podendo ser proprietário de imóveis no território nos dez anos anteriores à apresentação da candidatura.

O presidente do Instituto de Habitação, Arnaldo Santos, explicou que a residência intermédia está mais orientada para a população jovem e tem um carácter “mais de investimento”, quando comparada com a habitação económica, podendo ser vendida passados 16 anos e ao preço de mercado.

Pensar no futuro

Hidy Ho, vendedora numa loja de tecnologia, admitiu que a lista de espera para quem se candidata a habitação económica “é muito longa”, além da qualidade “não ser tão boa” e os “apartamentos serem muito pequenos”.

Entre 2009 e 2021, o preço dos imóveis de Macau subiu de 23.235 patacas por metro quadrado para 103.859 patacas, representando um aumento de cerca de 350 por cento. Por outro lado, durante este mesmo período, o rendimento médio mensal dos trabalhadores locais aumentou de 10 mil patacas para o dobro, 20 mil patacas, de acordo com um estudo sobre a política da habitação, divulgado em Janeiro deste ano pela Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional.

Abby Ku, funcionária numa escola do território, referiu à Lusa que adquirir habitação privada está fora de questão, porque com “o salário actual seria demais pagar as prestações mensais”. “Gostava de ter uma casa a um preço mais baixo do que o do mercado, para ter um espaço pessoal e comprar no futuro, quando puder pagar, uma casa privada”, concretizou.

Já a investigadora universitária Blair Chen não planeia comprar qualquer tipo de habitação para não “estar agarrada a uma hipoteca”.

Na sociedade chinesa, é comum os jovens viverem com a família até ao casamento, tendo de contribuir com parte do salário para ajudar os pais. “A mesada para os pais tem origem no confucionismo. Apoiar os pais é uma manifestação concreta de piedade filial, especialmente para os pais com baixos rendimentos”, disse o docente de história do pensamento chinês na Universidade de Macau Cho Kee Cheng. O professor considerou que este contributo dos jovens em casa deverá ainda “influenciar a nova geração de jovens em Macau”.

12 Dez 2022

Conselho Executivo | Concluído regime de controlo de armas

O Governo concluiu o regime jurídico relativo ao controlo de armas e no qual define os requisitos necessários para a posse de armas no território, foi anunciado na sexta-feira.

O novo diploma pretende responder “às necessidades concretas de segurança pública da sociedade” e prevenir “os riscos decorrentes da proliferação, posse indevida ou deficiente utilização de armas”, de acordo com um comunicado do Conselho Executivo.

Assim, o Governo reviu o regime de fiscalização e aprovação da posse e uso privado de armas, estabelecendo os requisitos em que o portador tem de provar capacidade física e psicológica, e de manejo.

A proposta de lei, que vai ser submetida à apreciação da Assembleia Legislativa, introduz também melhorias quanto às disposições penais, nomeadamente no que se refere ao tráfico de armas, bem como “à detenção de arma de fogo em situações sob influência de álcool, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas”, indicou.

Por outro lado, o diploma, que actualiza o regulamento em vigor há mais de 23 anos, define deveres e penalizações correspondentes em caso de violação, “por forma a intensificar a capacidade da supervisão”.

12 Dez 2022

MIECF encerra com o “Dia Verde do Público”, dedicado à sustentabilidade

Terminou ontem o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau 2022 (2022MIECF) com a celebração do “Dia Verde do Público” e o incentivo à população para adoptar um estilo de vida sustentável.

O evento organizado pelo Governo da RAEM guardou para o fim o dia aberto ao público para “visitas gratuitas à Mostra Verde e para dar a conhecer aos visitantes as novidades e as tecnologias de protecção ambiental mais recentes”. No local, foram organizadas múltiplas actividades educativas sobre a protecção ambiental para sensibilizar os visitantes.

Esta iniciativa já vem sendo uma tradição da MIECF, com a apresentação de workshops, “jogos no palco, postos para pedido dos Pontos “Verdes”, zona de exposição de produtos reciclados”, além de sorteios.

A entidade organizadora espera que, através destas actividades educativas, o público promova o conceito de uma vida mais sustentável e de baixo carbono e incentive a população a adoptar activamente comportamentos ecológicos na sua vida quotidiana.

Para incentivar a adesão dos residentes à mobilidade verde, no “Dia Verde do Público”, foram disponibilizados gratuitamente autocarros directos de quatro itinerários diferentes entre a Zona Central, a Zona Norte, a Taipa e o recinto do MIECF. Todos os autocarros utilizados nesta edição são eléctricos.

No arranque

No primeiro dia do evento, sexta-feira, realizou-se a Sessão 1 do Fórum Verde no âmbito do “Dia da Cooperação Empresarial Verde”, organizada, pela primeira vez, pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau em colaboração com a PricewaterhouseCoopers (PwC).

Tendo como tema de fundo o “Desenvolvimento Colaborativo das Indústrias Ecológicas para Formação de um Ecossistema de Inovação Sustentável”, o evento contou com a participação, online e presencial, de mais de dez especialistas e académicos de organizações internacionais e de instituições de investigação de relevância nacional, líderes de sectores relacionados provenientes do Interior da China e de Macau para debater e trocar ideias. O fórum contou com mais de 150 participantes presenciais.

Um dos participantes foi o director-geral adjunto do Departamento para Conservação e Aplicação Integrada de Energia junto do Ministério de Indústria e Tecnologia de Informação da República Popular da China, You Yong, que endereçou os problemas relacionados com recursos enquanto desafios comuns a toda a humanidade.

Nesse sentido, o responsável aponta a necessidade de reforçar a capacidade de fornecimento de tecnologias, produtos e serviços verdes e de redução de emissão de carbono.

12 Dez 2022