Três ensaios de prosa chinesa

Tradução de André Bueno

 

Nota sobre o Pavilhão Yueyang

Considero que a beleza de um lugar consiste por completo no lago Dongting. Este lago, bordeado ao longe pelas montanhas que envolvem o rio azul, estende suas águas sem limite nem obstáculo. Refulgente pela manhã, sombrio a noite, mil são suas facetas mutáveis. Assim é a paisagem do Pavilhão Yueyang, tal como descreveram os antigos. Viajantes e poetas, que se reúnem aqui com freqüência, podem permanecer indiferentes ao encanto da natureza?

Quando chove sem cessar e o céu leva meses sem despejar-se, quando um vento lúgubre uiva furioso, criando ondas turbulentas, quando o sol e as estrelas têm seu brilho velado, quando as colinas e montanhas se desvanecem, quando viajantes e comerciantes deixam de circular, quando os mastros se rompem e os remos se quebram, quando está escuro já ao entardecer, quando os tigres rugem e os macacos urram, os que estão longe de sua terra natal e a levam no coração, os que sofrem calúnias e injustiças, ao subir neste pavilhão e testemunharem tal espetáculo de desolação, sentem exacerbar-se suas emoções e dores.

Mas, quando a primavera é aprazível e a paisagem luminosa, quando a água esta límpida e não se distingue do céu, quando o lago é uma imensa turquesa, quando as gaivotas voam soltamente e se reúnem em bando, quando os peixes saltam, quando nas margens as íris e as orquídeas exalam seu perfume; ou quando um véu negro oculta o céu, quando brilha a lua a mil léguas, quando seu brilho se derrama como ouro liquido através de seu reflexo imóvel semelhante a um disco de jade a flor d’água, quando o canto dos pescadores se responde por todas as partes, o gozo que se sente então é imenso, o coração fica despojado e a alma exultante. Se esquecem as honras e os ultrajes, e com um copo de vinho na mão, respira-se a brisa. A felicidade então não tem limites.

Se a reação dos sábios de outros tempos não foi essa como acabei de descrevê-la, qual seria a razão? Esses homens não tomavam o externo como motivo de alegria e nem o pessoal ou o interno como motivo de pena. Se ocupavam altos cargos na corte, sua preocupação era o povo; se estavam exilados, entre rios e lagos, o objeto de sua solicitude era o príncipe.

Esses homens viviam na inquietude tanto quando serviam como quando caiam em desgraça. Quando desfrutavam, então? Para isso só há uma resposta: se preocupavam antes com o que se preocupava o mundo, e se alegravam depois que o mundo tivesse se alegrado. Se não forem estes homens, quem eu tomarei por guia?

Fan Zhongyan (989-1052)

O Pavilhão do Velho Bêbado

Uma multidão de montanhas rodeia Chu. No sudoeste se encontram os picos, os bosques e os vales mais belos. O que se vê, ao longe, imponente, verde e exuberante é o monte Iangya. Caminhando seis ou sete léguas para o monte, se começa a ouvir o rumor de uma torrente que flui borbotando por um desfiladeiro; é a cascata quente. E no lugar em que o desfiladeiro forma um reentrância, o pavilhão do velho bêbado se alça nas alturas junto a cascata. Quem o construiu? Foi o ermitão budista Zhixian. Quem deu esse nome? Foi o governador.

O governador vem com seus amigos para beber no pavilhão. Apenas começa a beber e se embriaga. Com sua idade avançada, se fez chamar de velho bêbado.

A embriaguez do velho bêbado não vem do vinho, senão de sua estada entre os montes e os rios. O gozo da paisagem penetra em seu coração e se manifesta por meio do vinho. Quando sai o sol, as névoas do bosque se dissipam; quando as nuvens regressam para a montanha, as rocas se escurecem. Essa sucessão de luz e sombra são o que dão o amanhecer e o anoitecer ao monte.

Os campos florescem, exalando suaves aromas; as arvores, em seu esplendor, estendem suas frondosas sombras. O vento sopra lúgubre, trazendo o sereno; o céu é alto e límpido, o caudal dos rios baixa, e afloram as pedras do leito. Assim são as estações na montanha. Se alguém sobe à alba e regressa ao acaso, ao longo das quatro estações, os aspectos da paisagem vão mudando, proporcionando ao caminhante um prazer infinito.

Cantam os trabalhadores do vale; os passantes descansam debaixo das árvores; os que encabeçam as marchas gritam com os que estão mais para trás; homens curvados pelo peso de suas cargas vão e vem e cessar. Era uma excursão das gentes de Chu.

Vão pescar na cascata: as águas são profundas, os peixes são grandes. Adicionam água da torrente ao vinho, a água é deliciosa e deixa o vinho picante.

Os manjares do monte, as verduras do campo dispostas em abundancia são o festim do governador. O deleite do festim não procede da música que o acompanha. Alguns desfrutam do tiro com arco, outros jogando xadrez, cartas ou go. Sentados ou em pé, os convidados cantam e conversam em grande algazarra; o homem de rosto violáceo e cabelo calvo e enevoado no meio de todos os outros é o governador bêbado.

Pouco a pouco, o sol do entardecer se põe atrás das montanhas, as silhuetas das pessoas se dispersam e se agitam: o governador e seu séqüito começam a voltar. O bosque escurece, o canto dos pássaros se espalha para quem quiser ouvir; os passantes se vão, e as aves se alegram.

As aves sabem desfrutar os montes e rios, mas não entendem o gozo que estes produzem nos homens. Os homens sabem desfrutar dos passeios, mas não entendem o gozo que este produzem no governador.

O bêbado que pode experimentar este gozo e, uma vez desanuviado, contá-lo por escrito, é o governador. E quem é o governador? Ouyang Xiu, de Liuling.

Ouyang Xiu (1007-1072)

Discurso de amor sobre os Lotos

Das flores que crescem entre as ervas e as árvores, no solo ou na água, muitas são as que podem agradar.

Tao Yuanming, o grande escritor, adorava os crisântemos. A partir da dinastia Tang, as pessoas começaram a gostar das peônias. Somente eu, porém, gosto dos lotos. Brota sem mácula do lodo, se banha em água turva. Não é sofisticado nem chamativo; seu talo é oco e erguido, não tem ramos nem galhos. Seu perfume é puro a distância, distinto, sem máculas. Pode ser visto de longe, mas podemos chegar perto dele e ficar brincando com sua flor por puro divertimento.

Enquanto isso, o crisântemo é, entre as flores, a que mais se oculta deste mundo. A peônia vermelha é, entre as flores, a que mais representa a riqueza e a nobreza. O lótus, no entanto, representa o sábio.

Desgraçadamente, desde Tao Yuanming, poucos são os que apreciam o crisântemo; quanto ao lótus, acho que sou o único, e mais ninguém além de mim. No entanto, todos os outros parecem apreciar as peônias…

Zhou Dunyi (1017-1073)

In Dez Ensaios de Prosa Chinesa, tradução de André Bueno, Agbook, 2011

André Bueno escreve em português do Brasil.

3 Mai 2023

Metro Ligeiro | Recorde de passageiros batido no mês passado

Perto de 6.500 passageiros usaram diariamente o Metro Ligeiro durante o mês de Abril. A média diária traduz-se no recorde absoluto dos últimos três anos, desde que o transporte deixou de ser gratuito

 

O Metro Ligeiro de Macau registou, em média, cerca de 6.500 passageiros por dia em Abril, o número mais elevado desde que o meio de transporte começou a cobrar tarifas, em Fevereiro de 2020.

De acordo com dados oficiais divulgados pela operadora, a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, a média de passageiros aumentou mais de um terço, em comparação com Março, e quase quadruplicou em relação ao mesmo mês de 2022.

O Metro Ligeiro foi inaugurado a 10 de Dezembro de 2019 e esse mês continua a deter o recorde, com uma média diária de 33 mil passageiros, seguido de Janeiro de 2020, com uma média de 16 mil, sendo que em ambos os meses as viagens eram gratuitas.

Em Fevereiro de 2020, com o início da cobrança de tarifas e a detecção dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus em Macau, a média diária de passageiros caiu para 1.100.

O Metro Ligeiro voltaria a registar este valor mínimo em Julho de 2022, mês em que a cidade esteve em confinamento durante duas semanas devido a um surto de covid-19.

Este meio de transporte opera actualmente apenas uma linha, na ilha da Taipa, com uma extensão de 9,3 quilómetros e 11 estações, com uma frequência de 10 a 15 minutos, durante quase 17 horas diárias.

Durante os feriados do 1.º de Maio, um dos picos turísticos da China continental, o operador do Metro Ligeiro aumentou a frequência de circulação das carruagens para intervalos de entre nove e 12 minutos.

Com a extensão do Metro Ligeiro, as autoridades preveem que o volume de passageiros atinja 137 mil pessoas por dia, em 2030.

A ligação do metro até à Barra, no sul da península de Macau, através do piso inferior da Ponte Sai Van, já começou a ser testada, anunciou no início de Março a Direcção dos Serviços de Obras Públicas.

Em Março de 2021, arrancou a construção da linha de Metro Ligeiro entre o território e Hengqin, que vai custar 3,5 mil milhões de patacas, e deverá estar concluída até 2025.

Projecções e derrapagens

O Governo lançou no final de Outubro os concursos para a concepção e construção da Linha Leste do Metro Ligeiro, que fará a ligação ao norte da península de Macau. As Linhas da Acção Governativa para 2023 prevêem que a construção da Linha Leste do Metro Ligeiro arranque na primeira metade do ano e esteja concluída até ao final de 2028.

O Metro Ligeiro, uma das principais obras públicas de Macau desde a transferência da administração de Portugal para a China, em 20 de Dezembro de 1999, sofreu significativas derrapagens financeiras, bem como nos prazos de execução. A primeira linha, prometida durante mais de uma década, custou 10,2 mil milhões de patacas.

3 Mai 2023

IPOR perdeu mais de meio milhar de alunos no ano passado

O Instituto Português do Oriente (IPOR) perdeu mais de meio milhar de alunos no ano passado embora o ensino do português esteja a ganhar um novo fôlego pós-pandémico, disse à Lusa o director da instituição. “A redução de alunos em 2022 aconteceu, estou convencido, devido à pandemia [de covid-19]. São sobretudo alunos do interior da China, das zonas fronteiriças com Macau, que estavam constantemente a enfrentar as restrições de mobilidade e acabaram por suspender ou anular as inscrições”, explicou Joaquim Ramos Coelho.

Em 2021, o IPOR contava com 4.140 formandos, mas no final de 2022 o número desceu para os 3.458, precisou. Isto apesar da aposta no ensino ‘online’ e em cursos para fins específicos em áreas como turismo, economia, hotelaria.

“Agora retomámos com bastante força” e “a retomar, reforçando, muitas coisas ao mesmo tempo”, através do “aprofundamento de vários projectos planeados em 2019”, afirmou o director do IPOR. Joaquim Ramos Coelho destacou, tanto na formação de professores como de alunos, o reforço de ações na Austrália e na ligação com universidades na Indonésia, Vietname e na China, onde se continua a apostar na presença em Pequim, mas também no centro de línguas na cidade chinesa de Chengdu, onde se está “a colaborar na formação na língua portuguesa de médicos e pessoal de saúde que saem depois em ações de cooperação para os países lusófonos”.

Esta é a forma, salientou, de se responder ao compromisso estabelecido pelos presidentes português e chinês de se aprofundar o conhecimento da língua entre os dois povos, que se traduz nas ações do IPOR, com o apoio do Instituto Camões, e, de forma recíproca no estabelecimento de vários Instituto Confúcio em Portugal.

3 Mai 2023

Taiwan | Critérios de residência podem ser alterados

O Conselho dos Assuntos do Interior em Taiwan está a ponderar alterar os critérios de atribuição de residência na Ilha Formosa para pessoas nascidas em Macau. A informação foi avançada no início desta semana pelo jornal Taipei Times, de Taiwan, e afecta igualmente os nascidos em Hong Kong.

Actualmente, as pessoas nascidas em Macau ou Hong Kong que não tenham familiares no Interior podem candidatar-se para obter o estatuto de residente permanente, depois de um ano a viver na Ilha Formosa.

No entanto, segundo a informação avançada por uma fonte anónima ligada ao Governo de Taiwan, com as novas alterações, os residentes de Macau sem familiares no Interior vão ter de esperar quatro anos para se poderem candidatar a residente permanente.

A medida, avançou a fonte anónima, tem como objectivo tornar o processo de residência permanente mais rigoroso para os residentes das RAEs, de forma a evitar potenciais riscos à segurança.

Também à luz das alterações, os residentes permanentes de Macau nascidos no Interior vão precisar de passar seis anos em Taiwan, antes de terem acesso ao estatuto do residente permanente. Este regime será equiparado ao aplicado aos cônjuges do Interior casados com pessoas com passaporte de Taiwan.

3 Mai 2023

Patuá | Miguel de Senna Fernandes pede investimento de Portugal

Há muito que se observa o risco de extinção do patuá, crioulo de Macau, e Miguel de Senna Fernandes, responsável pelos Doci Papiaçam de Macau, faz agora um apelo para que em Portugal se aposte mais no seu estudo, em prol da preservação de um modo de comunicação muito próprio de uma comunidade

 

O encenador do “único teatro activo” em patuá, que este ano celebra 30 anos de existência, considera que Portugal deve “investir mais no estudo” deste crioulo de Macau, de base portuguesa e em risco de extinção.

“Portugal pode até dar-nos respostas a muitas questões que muitas vezes nós não conhecemos. Como é que linguisticamente determinada forma de expressão apareceu, por exemplo”, disse à Lusa Miguel de Senna Fernandes, responsável pela companhia de teatro Dóci Papiaçám di Macau (Doce falar de Macau).

A língua crioula de Macau, preservada sobretudo através deste grupo de actores amadores, que levam a palco uma peça por ano, sofreu forte influência da língua portuguesa. “Se não chega a 80%, é 70% do português”, notou o também presidente da Associação dos Macaenses.

“Há muita coisa que vem naturalmente de outras influências, do malaio, do concanim, mas o grosso, por exemplo, na formação de verbos, é muito de português (…). Do cantonês, existe uma grande influência também, não na grafia, mas no aspecto semântico”, explicou.

Considerado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como “gravemente ameaçado”, o nível antes da extinção, o patuá foi criado por imigrantes portugueses em Macau ao longo dos últimos 400 anos, e foi desaparecendo devido à obrigação de aprendizagem do português nas escolas, imposta pela administração portuguesa.

Miguel de Senna Fernandes não sabe quantas pessoas dominam o crioulo, no pequeno território chinês ou na diáspora, mas admite serem “muito poucos”. Sustenta que o patuá “tem o seu valor”, conferindo à comunidade macaense uma “dimensão de tradição, uma dimensão de profundidade em termos históricos e em termos de vivência”.

“Há que saber o que somos nós, que passado temos. (…) Não nos podemos esquecer de onde viemos. E o patuá está numa situação de alguma contradição. Quando falamos de língua, é necessário que a língua tenha dignidade quando é utilizada. E a contradição está em que ninguém fala patuá”, notou.

“Bom trabalho” do CCCM

Portugal “pode sempre fazer mais”, seja através da Casa de Macau, do Centro Científico e Cultural de Macau – “que está a fazer um bom trabalho” – ou “de uma comunidade macaense falante de patuá” a residir no território: “E por que não a partir daí reconstruir ou pelo menos preservá-lo?”.

“Seria ridículo falar num museu de línguas, mas é quase como isto, uma espécie de um salão, um engenho museológico”, apontou.

Referindo que “começam agora a existir muitas iniciativas” em Macau para “fomentar o patuá fora dos Doçi”, nomeadamente através da Associação de Jovens Macaenses e da recém-criada Associação de Estudos da Cultura Macaense, Senna Fernandes declarou que tem ainda um projecto pessoal: “Há 30 anos que ando para escrever e não publiquei nada, mas eu vou fazê-lo”, frisou, observando que “até este momento o único patuá que se vê [publicado] é do Adé”, como era conhecido o poeta macaense José dos Santos Ferreira (1919-1993).

“Eu vou fazê-lo porque é uma outra interpretação do patuá”, disse. A China incluiu em 2021 na lista de património cultural imaterial nacional o Teatro em Patuá.

Uma peça sobre a pandemia

O grupo Dóci Papiaçám di Macau nasceu a 30 de Outubro de 1993, ano da morte de Adé e por ocasião da visita do então Presidente português Mário Soares a Macau e da reabertura, após obras de recuperação, do D. Pedro V, primeiro teatro de estilo ocidental na China.

Miguel de Senna Fernandes integrou o projecto desde esse primeiro momento, levando à cena a peça “Olâ Pisidénte” (Ver o Presidente), apresentando “ao Presidente da República as preocupações” da comunidade macaense: a integração nos quadros de Portugal, após a transferência de administração do território para a China, em 1999, e questões relacionadas com a nacionalidade.

“O grupo tem sido um bom divulgador da própria língua”, sublinhou o encenador ao fazer um balanço de três décadas de trabalho. “O teatro é uma maneira fantástica de aprender qualquer língua”.

Este ano, o dramaturgo traz ao palco do Centro Cultural de Macau, entre 26 e 28 deste mês, o retrato de uma cidade livre da pandemia. Macau livrou-se das restrições anti-pandémicas, mas não da sátira dos Doçi. Com “Chachau-Lalau di Carnaval” (Oh, que arraial), é criado um novo programa de revitalização dos bairros no território e um quarteirão é selecionado como experiência piloto. Aí terá lugar um arraial. Ou melhor, um carnaval.

“Macau quer ser um sítio alegre e arranja sempre esse subterfúgio do arraial ou do carnaval, como queiram chamar. É carnaval para aqui, carnaval para acolá. A palavra carnaval entra até nos pedidos dos subsídios, é a coisa mais louca que pode haver”, comenta.

A peça, que volta a contar este ano com vários números musicais e trabalhos em vídeo, é interpretada em patuá, com momentos em português e cantonês. Pela primeira vez, vai escutar-se mandarim, pela voz de uma personagem que chega do interior da China, “mas que rapidamente começa a falar cantonês”.

Senna Fernandes chama a atenção para “uma nova realidade” em Macau. “Fala-se tanto da Grande Baía e eu continuo sem saber o que é isto, há que integrar este elemento numa outra forma numa peça em patuá”, complementou.

“Independentemente do que as pessoas possam pensar, o mandarim é uma língua que não é de Macau (…), mas, claro, por razões oficiais, por razões de Estado, e tudo mais, é óbvio e é legítimo que se espere que a comunidade também fale a língua nacional”, disse.

3 Mai 2023

Número de alunos e docentes cresceu durante a pandemia

O número de cursos de português, de estudantes e docentes em Macau cresceu desde 2020, apesar das restrições e impacto causado pela pandemia de covid-19, segundo dados das autoridades enviados à Lusa. “Nos últimos anos, o número de unidades escolares das escolas do ensino não superior que ministram cursos de língua portuguesa, de cursos, de estudantes e de docentes, em geral, tem aumentado de forma estável”, assinalou a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ).

Por um lado, “o número de turmas dos cursos de língua portuguesa, nos currículos regulares, actividades extracurriculares ou actividades de complemento curricular, ministrados pelas escolas, aumentou de 445 no ano lectivo de 2020/2021, para 467 no ano letivo de 2022/2023”, destacou.

Os serviços indicaram ainda que o número de estudantes que frequentam cursos de português subiu, no mesmo período, de cerca de 9.300 para 10.200. Um crescimento que se verificou também no número de professores, passando de 100 para mais de 120.

Ainda no ensino não superior, “as unidades escolares que ministram cursos de língua portuguesa mantiveram-se basicamente inalteradas”, já que “36 escolas ministram cursos de língua portuguesa, com o apoio e o destacamento de pessoal da DSEDJ e das escolas oficiais”. No ensino superior verifica-se “uma situação estável”: cinco instituições ministraram mais de 20 cursos de língua portuguesa, com o número de estudantes a passar de 1.500 para mais de 1.600.

“Além disso, de acordo com as estatísticas resultantes da atribuição do ‘Subsídio para Aquisição de Material Escolar a Estudantes do Ensino Superior’ da DSEDJ, dos anos letivos de 2020/2021 a 2021/2022, em cada ano lectivo, cerca de 200 estudantes deslocaram-se, em média, a Portugal, para frequentarem cursos do ensino superior”, salientaram os mesmos serviços. Os números, que coincidem com os anos de pandemia, traduzem uma tendência de crescimento verificada desde 1999, ano da transição.

3 Mai 2023

Livro em português e tétum de Gonçalo M. Tavares lançado em Timor

O lançamento de uma edição bilingue em português e tétum do livro “Os velhos também querem viver”, de Gonçalo M. Tavares, é uma das várias iniciativas que esta semana assinalam em Timor-Leste o Dia da Mundial da Língua Portuguesa.

O livro, produzido numa iniciativa do Centro de Língua Portuguesa (CLP) – Projecto FOCO.UNTL (Universidade Nacional Timor Lorosa’e), tem como objectivo “contribuir para um maior protagonismo da língua portuguesa e da língua tétum, enquanto línguas oficiais num cenário multilingue e multicultural como é o caso de Timor-Leste”.

A edição resulta de uma candidatura submetida à Linha de Apoio de Tradução e Edição (LATE), “com o objectivo central de promover a tradução e a edição no estrangeiro de obras escritas em língua portuguesa”.

A LATE é organizada, financiada e promovida conjuntamente pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e pelo Camões, I.P.

Ter FOCO

Um dos projectos da cooperação portuguesa no sector da educação e da língua portuguesa, o projecto FOCO.UNTL (Formar, Orientar, Certificar e Otimizar com a UNTL) tem colaborado com o CLP em várias dimensões, como a leccionação na UNTL e de cursos de língua portuguesa, investigação, produção de materiais didático-pedagógicos e publicações.

Além do livro, o CLP e o FOCO.UNTL têm previsto divulgar durante a semana vários testemunhos em vídeo recolhidos na comunidade timorense, bem como organizar diversas oficinas de escrita criativa, de linguística e ensino de língua e de poesia.

A iniciativa “Português no Bairro”, também apoiada pelo CLP, apresenta no sábado uma leitura dramatizada da obra “O Lafaek e a Manu-liin”, com a estreia de um teatro fantoches, criado a partir da adaptação intercultural da obra infantojuvenil “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, do autor brasileiro Jorge Amado.

Outras iniciativas estão igualmente previstas para esta semana, incluindo um debate realizado hoje sobre a língua portuguesa na comunicação social timorense, organizado pelo Consultório da Língua para Jornalistas e pelo Centro Cultural Português.

Prémios e apoios

Amanhã, serão divulgados os vencedores do IX Prémio de Língua Portuguesa, galardão anual instituído pela Fundação Oriente para reconhecer o melhor trabalho de língua portuguesa de jovens estudantes timorenses.

A iniciativa conta com o apoio do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura, do Centro Cultural Português – Díli, do Centro de Língua Portuguesa da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), do BNU Timor e do Leitorado Guimarães Rosa da UNTL. As comemorações oficiais estão a ser organizadas este ano pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros timorense, em colaboração com o Ministério da Educação. O palco será o maior centro comercial do país, o Timor Plaza, durante todo o dia de sábado, com vários momentos musicais, poesia, um espetáculo de circo de um artista brasileiro, danças tradicionais e discursos.

2 Mai 2023

Jazz | “The Bridge” e “Chak Seng Latin Group” actuam este sábado

A fim de celebrar o Dia Internacional do Jazz, que se assinalou no último domingo, o Clube de Jazz de Macau promove, este sábado, um concerto com dois grupos musicais locais, “The Bridge” e “Chak Seng Latin Group”. O evento acontece no Grand Lisboa Palace a partir das 19h

 

Os eventos musicais promovidos pelo Clube de Jazz de Macau estão de regresso e, desta vez, o concerto serve para celebrar o Dia Internacional do Jazz que se celebrou este domingo. O Clube, que teve o apoio da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), leva ao palco do “Grand Pavillion”, no Grand Lisboa Palace, no Cotai, o espectáculo com duas bandas de jazz locais, os “The Bridge” e o colectivo “Chak Seng Latin Group”. O cartaz apresenta não apenas sonoridades de jazz, mas faz também uma fusão com outros estilos musicais.

A banda “The Bridge” já é bem conhecido do público local, pois há cerca de 30 anos que actua em inúmeros locais e salas de espectáculos do território. O grupo é composto por sete músicos, nomeadamente Phil Reavis, Humphrey Cheong, Wilson Chan, Ramon Joaquin, Andrew Cheong, José Chan e Ray Elma.

Por sua vez, o “Chak Seng Latin Group” é liderado pelo pianista de jazz e saxofonista Lam Chak Seng, residente de Macau e formado pelo Conservatório Real de Haia, na Holanda. O músico actua ainda com o guitarrista Chen Hanchong, o vocalista Chen Xiaoman, o saxofonista Zhang Yichen, o trompetista Tong Xiaoshu, o baterista de Guangdong Chen Qing Xiang e ainda o baixista Zhu Nan.

Todos são músicos experientes que já actuaram em diversos festivais de música não apenas na Ásia, mas por todo o mundo. O grupo é conhecido do grande público pelas actuações versáteis que passam por sonoridades diversas que vão além do jazz e que incluem a música latina, pop e raras adaptações do jazz chinês tocado e composto no sudeste do país. No ano passado o grupo recebeu o convite para actuar na competição China Blackpool Latin Dance na província de Guangdong.

Lembrar Herbie Hancock

O concerto tem um custo de 300 patacas e termina por volta das 23h. Esta iniciativa, além do apoio da SJM, teve o suporte do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. A edição deste ano do Dia Internacional do Jazz teve como objectivo lembrar o enorme percurso musical de Herbie Hancock, pianista americano nascido em Chicago, com 83 anos.

A efeméride, promovida pela UNESCO, incluiu uma série de concertos realizados em todo o mundo, de Pequim a Washington, com vista a reduzir as diferenças culturais entre povos com recurso ao jazz, para que, através da música, se promova um mundo com um maior diálogo entre os povos. Macau adere, assim, com o concerto de sábado, a esta iniciativa de cariz global.

De frisar que desde 2021 que o Clube de Jazz de Macau não promovia espectáculos no território. A última iniciativa, intitulada “Jazz on the Rocks”, contou com músicos locais e as cantoras Annie e Winnie. Também em 2021 o Dia Internacional do Jazz foi celebrado com os “The Bridge” e “Tomos Griffiths Big Band”.

2 Mai 2023

CPSP | Detectadas 14 infracções de taxistas

Durante o período da Semana Dourada dos feriados de Maio, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) detectou 14 infracções cometidas por taxistas, de acordo com os dados citados pelo canal chinês da Rádio Macau.

Entre as 14 infracções, 10 estavam relacionadas a falta de respeito pelas filas de espera para recolher passageiros, e as restantes quatro com cobrança excessiva, recuso do transporte de clientes, escolha de percurso mais longo e ainda por negociação do preço. Os quatro casos que não estão relacionados com filas de espera foram encaminhados para o Ministério Público.

2 Mai 2023

Ambiente | Lei Chan U questiona metas de lixo

O deputado Lei Chan U quer saber se o Governo acredita que o objectivo de reduzir o volume médio de resíduos urbanos produzidos diariamente per capita para 1,48 quilogramas até 2026 pode ser atingido.

A pergunta faz parte de uma interpelação escrita, em que o legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau pede ao Governo que apresente o relatório intercalar de avaliação sobre a implementação do Planeamento de Gestão de Resíduos Sólidos de Macau (2017 – 2026).

Quando este plano foi formulado, em 2016, o volume médio de resíduos urbanos produzidos diariamente per capita era de 2,11 quilogramas. No sentido de proteger o ambiente, Lei Chan U defende ainda que nos últimos anos houve vários desenvolvimentos sociais e económicos, pelo que é necessário rever a Lei de Bases do Ambiente, que entrou em vigor em 1991.

2 Mai 2023

Deutsche Bank | Sands lidera mercado de jogo

De acordo com as estimativas do Deutsche Bank, a concessionária Sands China lidera o mercado do jogo em Macau, com uma quota de mercado de 25,8 por cento. A estimativa tem por base dados disponibilizados até ao final de Fevereiro, e foi revelada ontem.

De acordo com a mesma fonte, a Galaxy encontra-se no segundo lugar, a nível das receitas do jogo, com uma quota de mercado de 19 por cento, seguida pela MGM, que chegou aos 16,3 por cento. Wynn Macau, com 14,2 por cento, Melco, 13,1 por cento, e SJM, 11,6 por cento, ocupam os últimos lugares da “tabela”, de acordo com as estimativas do banco de investimento.

2 Mai 2023

IAS | Publicada lista de admissão em creches

As listas de admissão em creches subsidiadas para o próximo ano podem ser consultadas desde ontem no portal www.childcare.ias.gov.mo, que faz parte da Rede de Informação de Serviços de Cuidados à Criança na RAEM. A informação foi revelada ontem em comunicado pelo Instituto de Acção Social (IAS).

Em caso de confirmação da admissão segue-se o processo de inscrição nas respectivas creches, que vai decorrer entre 9 e 11 de Maio. “A maioria das creches subsidiadas irão organizar, entre o dia 9 e 11 de Maio, a inscrição para as crianças da lista efectiva. As creches irão comunicar, de imediato, com os pais das crianças da lista suplente para efectuar as formalidades de inscrição, quando ocorrerem desistências”, acrescenta ainda o IAS. Segundo as regras em vigor, cada criança apenas pode ser inscrita numa creche subsidiada pelo Governo.

2 Mai 2023

Construção | Salários desceram no primeiro trimestre

No primeiro trimestre deste ano, o salário diário médio dos trabalhadores da construção foi de 792 patacas, uma redução de 0,8 por cento em termos trimestrais, revelaram dados publicados ontem pela Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

No período em análise, o salário diário médio dos trabalhadores residentes cresceu 1,5 por cento, para a média de 989 patacas. No pólo oposto, os salários dos trabalhadores não-residentes teve uma quebra de três por cento, para 700 patacas.

Entre Janeiro e Março, os salários diários médios do assentador de tijolo e estucador (700 patacas) e o salário do operário de máquina electromecânica (840 patacas) desceram 8,4 por cento e 2,1 por cento, respectivamente, face ao quarto trimestre do ano passado.

No entanto, os salários diários médios de um canalizador/montador de tubagens de gás (831 patacas), soldador (923 patacas) e instalador de alumínio/vidro (857 patacas) aumentaram 5,7 por cento, 4,6 por cento e 3,9 por cento, respectivamente.

Quanto aos materiais de construção, no primeiro trimestre do corrente ano o preço médio do varão de aço com estrias de secção redonda subiu 0,8 por cento para 6.173 patacas por tonelada, enquanto o preço do betão pronto caiu 0,1 por cento, para 1.100 patacas por metro cúbico.

No trimestre o índice de preços dos materiais de construção dos edifícios de habitação foi de 125,9, mais 0,6 por cento, em termos trimestrais. O índice de preços da pedra britada, o do mármore e o do cimento subiram 5,4 por cento, 4,1 por cento e 2,2 por cento, respectivamente.

2 Mai 2023

Ilhas | Leong Chon Kit quer IA na caça aos mosquitos

Leong Chon Kit, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, defendeu a utilização de tecnologia com recurso à inteligência artificial para lidar com os mosquitos e roedores no território. A posição foi tomada antes da ordem do dia da reunião de ontem, que decorreu no Salão do Complexo Comunitário de Seac Pai Van.

Segundo Leong, os principais pontos da cidade em que existem ratos deviam ter instalado um sistema térmico para registar os movimentos dos animais, de forma a compreender como melhor “atacar” o problema. Para o conselheiro, com a inteligência artificial seria igualmente possível estudar o fenómeno das pragas de roedores e conseguir tomar as medidas de prevenção adequadas.

Quanto ao problema dos mosquitos, Leong Chon Kit apontou a necessidade de se instalar um sistema de monitorização da reprodução deste tipo de insectos, de forma controlar as pragas nas alturas críticas do ano.

Por sua vez, Wong Leong Kuan, coordenador-adjunto, considerou que actualmente o Mercado Municipal de Coloane tem poucos vendedores frequentes, o que contrasta com o que se passa na vila, cada vez com mais turistas.

Neste sentido, Wong Leong Kuan sugeriu que além de vender comida e vegetais, o mercado possa abrir algumas bancas para a venda de produtos mais atractivos para os turistas, de forma a aproveitar melhor o espaço.

2 Mai 2023

Timor-Leste | Legislativas a 21 de Maio. Partidos com expectativas elevadas

CNRT e Fretilin, os dois partidos timorenses com maior expressão política, têm elevadas expectativas para as eleições legislativas que decorrem no país no próximo dia 21. O KHUNTO confia na possibilidade de vir a duplicar o número de deputados

 

A campanha para as eleições legislativas de Timor-Leste, marcadas para o próximo dia 21, já corre a todo o gás e os partidos candidatos mostram confiança na obtenção de bons resultados. No caso do partido timorense KHUNTO, a previsão é de que possa vir a duplicar os lugares no parlamento, passando de cinco para 11, com vitórias em vários municípios do país, o que ajudará a dar o triunfo à plataforma que sustenta o actual Executivo.

Marito Magno, conselheiro nacional do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) disse, em entrevista à Lusa, que a “plataforma continuará a ter maioria no parlamento” e “vai até aumentar esse poder”. Magno refere-se ao acordo entre o KHUNTO, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido Libertação Popular (PLP), do actual Governo, de que continuarão a formar uma plataforma para governar depois das eleições.

“Vamos aumentar. A Fretilin está muito sólida no terreno, nós vamos aumentar para 11 cadeiras, no mínimo, e o PLP vai manter ou aumentar também”, referiu.

“No nosso caso temos a referência do apoio de 56 mil votos à nossa candidata presidencial. Mas agora os nossos números são ainda maiores. No mínimo 80 mil. Esperamos ganhar em Ainaro, Manufahi e Manatuto. Apesar de Manatuto ser a terra de Xanana Gusmão, o KHUNTO vai ganhar”, afirmou.

Garante que o CNRT não vai ser o mais votado e que se for, está “excluída hipótese de apoiar um Governo CNRT”, vincando que o partido continua na plataforma que governa actualmente.

De frisar que, na última quinta-feira, o vice-presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), tido como a maior força da oposição no país, disse, também à Lusa, estar confiante numa maioria absoluta, argumentando ter consolidado a sua estrutura e ter visto grande apoio antes e durante a campanha

“Estamos 100% confiantes na maioria absoluta. Estamos a trabalhar no terreno. E a maioria em que estamos a pensar não é mais que a resposta do povo, o povo que sofreu durante o período da covid-19 e nos últimos anos”, disse Tomás Cabral.

“O CNRT começou em 2007 e tem-se vindo a transformar em todo o território, com uma evolução grande, mais estruturas a nível das 2.225 aldeias, estruturas mais bem preparadas a todos os níveis”, vincou ainda.

Essa evolução, explica, assenta também na criação e crescimento de três estruturas — mulheres, jovens e profissionais do partido — que envolveu formação técnica dos quadros e “formação especial a quadros políticos”.

“Estamos a trabalhar para maioria absoluta. O presidente do partido e o partido estão a trabalhar forte para podermos ter uma maioria. E população em si está a perceber qual o caminho que quer seguir”, afirmou.

Apesar de ter estado, desde a sua criação, como primeira ou segunda força política no país, o CNRT acaba por ser necessariamente conectado ao seu líder, Xanana Gusmão, o que leva alguns a questionar que futuro terá o partido, sem a cara mais conhecida da política nacional. “Quem diz que não vai haver CNRT depois de Xanana só está a tentar fazer propaganda política. Se fosse assim, quando as nossas bases de apoio à resistência foram destruídas em 1979, a luta contra a indonésia teria acabado. E não ocorreu isso”, explica.

“O CNRT está a trabalhar, a organizar-se, tem uma estrutura própria, já. Com Xanana ou sem Xanana estamos a construir, a fortalecer as estruturas”, insiste.

Sinal mais

Marito Magno, conselheiro do KHUNTO, avalia positivamente a convivência no atual Governo – rejeita acusações de que os três partidos actuavam quase de forma separada no Executivo – e dá como exemplo da solidez as reuniões regulares dos líderes máximos dos três partidos. “Não é verdade que cada partido puxe para si. Todas as decisões são tomadas em conselhos de ministros e as grandes medidas, cesta básica, apoio a trabalhadores e subsídio do fim do ano, por exemplo, são apoiadas por todos”, disse.

“A oposição sempre gosta de criticar. Mas o oitavo Governo é diferente. Fez um orçamento virado para o povo, para a comunidade. E por isso a comunidade sente grande satisfação com a política do Governo”, sublinhou.

Magno, que é um dos responsáveis pela elaboração do programa e da campanha eleitoral, vincou que o partido tem estado nos últimos anos a consolidar toda a sua estrutura, que vai “desde o conselheiro máximo até às aldeias” do país.

“A situação é muito diferente relativamente ao passado, porque então não tínhamos essa estrutura de bases. Agora chegamos a todo o território. Em cada aldeia temos no mínimo 42 pessoas”, referiu. “Houve muitas mudanças, inclusive na estratégia. Cada membro tem competência para recrutar e mobilizar novos militantes, no quadro do sistema do juramento”, disse.

Bases sólidas

Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, afirmou, há seis dias, à Lusa, que o partido está “muito sólido”, mais coeso e com a estrutura ainda mais consolidada até à base, o que dá confiança de vitória nas legislativas. “Está muito sólido. Tenho descido até às bases e notamos essa força desde as aldeias até ao nível nacional. Não é apenas o Comité Central que está muito sólido, mas são todas as estruturas”, disse.

Alkatiri explica que “pela primeira vez na vida”, durante a pré-campanha e a campanha, desceu até às aldeias e ainda mais “até às knuas” — as estruturas bases tradicionais da organização do país. Uma oportunidade “para perceber melhor o porquê de o povo estar ainda a sofrer, com uma taxa de subnutrição e de pobreza tão elevada, depois de termos gastos 16 mil milhões de dólares nos últimos anos, sem contar os apoios internacionais”.

Um processo que permitiu avaliar melhor as necessidades no terreno e, ao mesmo tempo, fortalecer a própria estrutura do partido, com unidades nas aldeias e células nas knuas (tribos). “Temos que identificar líderes naturais no seio do povo. Isso é muito importante porque eles e elas é que vivem com a comunidade, que melhor a conhecem”, refere.

“Mobilização sem organização é só festa. A mobilização com organização é a realidade e isto é a diferença entre o que fazemos agora e o que os outros fazem, especialmente o CNRT”, considerou.

Apesar de a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) se apresentar sozinha – como o tem feito, aliás, desde as primeiras eleições para Assembleia Constituinte -, o partido assinou um acordo de plataforma política com os seus actuais parceiros no Governo, o Partido Libertação Popular (PLP) e o KHUNTO. PLP e KHUNTO estão no Governo por terem feito parte de uma coligação pré-eleitoral Aliança de Mudança para o Progresso, AMP) com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) que venceu as antecipadas de 2018 com maioria absoluta.

A saída do CNRT do Governo levou à entrada da Fretilin que o viabilizou e permitiu que terminasse o mandato. “Se a posição da plataforma que temos hoje se mantiver depois das eleições, quer queiram quer não, governamos em termos percentuais. Isso não vai acontecer, haverá quem suba, quem desça e quem se mantenha. Mas a Fretilin vai subir e compensará qualquer um deles, no caso de descerem”, disse.

Mais do que isso, porém, Alkatiri refere que a plataforma foi uma base que existe desde 2020, mas que ao longo da governação contou com o apoio de outros partidos, o que “mostra que há sensibilidade e uma real vontade de cooperar” na governação.

“Se houver mais partidos, menos votados, mas com representação no parlamento, temos que os saber incluir. E iria mais longe ainda, para dizer que o ideal seria um entendimento com o CNRT para se poderem corrigir algumas medidas tomadas até agora, incoerentes e inconsistentes”, disse.

Questionado sobre que avaliação faz do trabalho da plataforma na governação, Alkatiri recorda que a plataforma liderou o país em momentos “muito difíceis”, como a pandemia da covid-19 e desastres naturais.

“Não é fácil gerir um governo de três partidos, de tantos membros, numa situação dessas. Mas no essencial, para servir o povo, serviu-se bem e mesmo na pandemia. Timor-Leste foi dos países menos afectados em termos de óbitos e isso significa que houve um esforço para servir” a população, afirmou.

CNE | Comissão lamenta feridos e incidentes

O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense lamentou ontem os vários incidentes que ocorreram na parte leste do país durante a primeira metade da campanha eleitoral e que causaram vários feridos.

“Lamentamos profundamente os incidentes que têm ocorrido na campanha, especialmente na parte leste, na zona de Viqueque. O processo está em investigação pela polícia e pelo Ministério Público”, disse José Belo em conferência de imprensa. “Como órgão eleitoral lamentamos esta situação e voltamos a apelar a todos os cidadãos para que mantenham um bom comportamento, moderando a sua acção. Mesmo pequenos incidentes têm impacto na imagem do país dentro e fora”, vincou.

José Belo fez uma conferência de imprensa de balanço da primeira metade da campanha, que começou a 19 de Abril e decorre até 18 de Maio, destacando várias questões detectadas pelas equipas da CNE no acompanhamento dos partidos. Notando que a campanha, em geral, “tem corrido bem”, Belo voltou a relembrar os partidos políticos para que sejam disciplinados e evitem a participação de crianças em actos de campanha e, ao mesmo tempo que “evitem levar militantes de uns municípios para os outros”, o que pode causar “riscos adicionais”. José Belo referiu-se igualmente à participação de grupos de artes marciais (GAM) em actos de campanha, referindo que está em curso a campanha de partidos políticos e, como tal, não deve servir “representar a filiação de artes marciais a partidos”. Nesse sentido apelou a que não se usem símbolos de artes marciais na campanha e se evite referência à afiliação a GAM.

2 Mai 2023

Primeiro-ministro japonês anuncia visita a Seul e encontro com Presidente sul-coreano

O primeiro-ministro japonês anunciou hoje que planeia visitar Seul no domingo e segunda-feira, para conversações com o Presidente sul-coreano, num contexto de reaproximação entre os dois países aliados dos Estados Unidos.

A visita, a primeira de um primeiro-ministro japonês à Coreia do Sul desde 2018, segue-se a uma reunião entre o líder do Governo nipónico, Fumio Kishida, e o chefe de Estado sul-coreano, Yoon Suk Yeol, em Tóquio, em meados de março, quando os dois países concordaram em levantar as restrições comerciais mútuas.

As relações entre os dois vizinhos deterioraram-se nos últimos anos devido a disputas históricas que remontam à colonização japonesa da península coreana (1910-1945), como a questão das “mulheres de conforto” coreanas, escravas sexuais dos soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, e os trabalhadores forçados coreanos em empresas japonesas.

Mas os líderes dos dois países estão agora a tentar aproximar-se novamente, tendo como pano de fundo desafios regionais comuns, como a China e a Coreia do Norte.

“Estamos a coordenar [a minha] visita à Coreia do Sul a 07 e 08 de maio, se as circunstâncias o permitirem”, disse Kishida no Gana, a segunda etapa de uma viagem que o levará a quatro países africanos, incluindo a Moçambique, na quarta-feira, e a Singapura.

A visita a Seul, antes da cimeira dos líderes do G7, prevista entre 19 e 21 de maio em Hiroshima, no oeste do Japão, é “uma boa oportunidade para uma troca franca de pontos de vista sobre a aceleração das relações entre o Japão e a Coreia do Sul e sobre a rápida evolução da situação internacional”, disse aos jornalistas.

Kishida disse esperar que a visita dê um novo impulso à “diplomacia de vaivém” entre os dois países, um mecanismo de reuniões regulares entre os seus líderes, suspenso desde dezembro de 2011 e que Kishida e Yoon concordaram em retomar.

O Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão anunciou na semana passada que tinha iniciado o processo de reintegração da Coreia do Sul na chamada “lista branca” de parceiros comerciais de confiança, depois de a ter retirado em 2019.

2 Mai 2023

Banco HSBC mais do que triplica lucros no 1.º trimestre do ano

O banco HSBC, o maior da Europa, registou um lucro de 12.900 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano, um aumento de 212% relativamente ao mesmo período de exercício financeiro anterior.

Na demonstração de resultados que o grupo apresentou hoje à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotado, o presidente executivo, Noel Quinn, considerou que os bons resultados do trimestre provam que a estratégia do banco “está a funcionar” e destacou o comportamento dos três segmentos de negócios globais do HSBC.

Os lucros do banco ficaram acima das previsões dos analistas, que esperavam valores na ordem dos 8.600 milhões de dólares. Os resultados do primeiro trimestre também incluem o retorno de uma incompatibilidade de 2.100 milhões de dólares relacionada com a venda dos negócios bancários comerciais em França.

Refletem igualmente ganhos provisórios de 1.500 milhões pela compra da subsidiária britânica do Silicon Valley Bank (SVB), após o seu colapso, em março.

O banco anunciou também a distribuição de dividendos trimestrais – pela primeira vez desde 2019 -, que ascenderão a 0,10 dólares por ação. As ações do HSBC na bolsa de valores de Hong Kong subiram quase 1% antes do anúncio, para 56,65 dólares de Hong Kong.

De acordo com a informação divulgada hoje, a divisão de banca global e mercados do banco HSBC obteve lucros de 2.040 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano e a divisão de banca comercial facturou 4.810 milhões de dólares. Já os lucros da divisão de banca pessoal ascenderam a 5.270 milhões de dólares.

O conselho de administração da empresa também ratificou os seus planos de vender os negócios bancários no Canadá, mas adiantou que não prevê concluir a operação até 2024.

2 Mai 2023

Sudão | China retira 493 pessoas, incluindo uma família brasileira

A marinha chinesa anunciou ter retirado 493 pessoas do Sudão, incluindo 215 paquistaneses e uma família brasileira de seis pessoas, aproveitando os débeis cessar-fogos num país que entrou na terceira semana em guerra.

De acordo com um comunicado, citado pela televisão oficial CCTV na segunda-feira, a marinha retirou da cidade costeira de Port Sudan, no Mar Vermelho, 272 chineses e cidadãos de mais cinco países.

O navio militar Weishanhu chegou “sem incidentes” ao porto de Jeddah, na vizinha Arábia Saudita às 09.00 de sábado (07:00 em Lisboa), referiu a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A China fez o que era possível para retirar do Sudão os cidadãos de “países amigos”, disse o responsável pela Ásia do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Liu Jinsong, ao embaixador do Paquistão em Pequim. O ministério tinha anteriormente dito que mais países estavam a pedir ajuda à China para retirar os seus cidadãos do Sudão.

De acordo com a imprensa brasileira, um grupo de 12 jogadores e treinadores brasileiros, que trabalhavam no clube de futebol Al-Merreikh, com sede na capital Cartum, conseguiu deixar o país pela fronteira com o Egito e regressar ao Brasil na semana passada.

Na altura a imprensa avançou, citando informações do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que pelo menos sete brasileiros ainda se encontravam no Sudão, em segurança, à espera de serem retirados.

O conflito já provocou cerca de 530 mortos e quase 4.600 feridos e levou à fuga de milhares de sudaneses para zonas do país mais seguras ou para nações vizinhas e à retirada de cidadãos estrangeiros, incluindo 20 portugueses.

Os combates opõem desde 15 de abril as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e o exército sudanês, na sequência de tensões sobre a reforma do exército e a integração dos paramilitares nas forças regulares, no âmbito de um processo político que visa repor o país na via democrática, após o golpe de Estado de 2021.

Tanto o Exército como as Forças de Apoio Rápido estiveram por detrás do golpe de Estado que derrubou o governo de transição do Sudão em outubro de 2021. Os dois lados acordaram o envio de representantes para negociações, em princípio na Arábia Saudita, afirmou na segunda-feira o representante das Nações Unidas no país.

Caso a negociações venham a ter lugar, incidirão inicialmente no estabelecimento de um cessar-fogo “estável e confiável”, disse à agência de notícias Associated Press Volker Perthes, deixando, contudo, o alerta sobre as dificuldades para que as negociações aconteçam.

Uma série de tréguas temporárias ocorridas na semana passada amenizou os combates apenas em algumas áreas, enquanto fortes batalhas continuaram noutras. Grupos humanitários têm tentado repor o auxílio num país em que quase um terço das 46 milhões de pessoas dependia da ajuda internacional antes do eclodir da violência.

2 Mai 2023

Manila | ‘Apagão’ no aeroporto causa atrasos e cancelamento de voos domésticos

Dezenas de voos domésticos foram ontem cancelados na capital das Filipinas devido a uma falha de energia no principal aeroporto de Manila, Ninoy Aquino, que no início do ano teve problemas que afectaram centenas de rotas.

A Autoridade do Aeroporto Internacional de Manila informou através das redes sociais que a falha de energia, que ocorreu no início da madrugada, afectou principalmente o terminal 3 do aeroporto, embora a electricidade tenha sido restaurada ao início da manhã com recurso a geradores externos.

Este problema provocou o cancelamento de 46 voos, de acordo com a última actualização, de e para a capital filipina, afetando as rotas para destinos turísticos como Cebu e Puerto Princesa, e grandes cidades como Davao.

A energia de reserva está a fornecer electricidade às principais instalações, permitindo que os sistemas informáticos das companhias aéreas e dos serviços de imigração funcionem parcialmente e processem os passageiros que entram e saem”, informaram as autoridades, referindo que também são “esperados atrasos”.

Ainda não foi determinada a causa da falha de energia.

A 1 de Janeiro, cerca de 300 voos foram afectados por outro ‘apagão’, num início de ano caótico que durou vários dias naquele que é considerado um dos piores aeroportos do mundo em termos de infraestruturas e serviços, de acordo com um inquérito da revista Forbes em 2022.

2 Mai 2023

Escritor e editor Luís Carmelo morre aos 68 anos

O escritor Luís Carmelo, vencedor do Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 1988 com “A tetralogia lusitana de Almeida Faria”, morreu domingo, em Lisboa, aos 68 anos, disse ontem à Lusa fonte próxima do escritor.

Sem precisar as causas da morte do editor e escritor, a mesma fonte adiantou que o velório de Luís Carmelo decorrerá na terça-feira, das 17:30 às 22:30 na Basílica da Estrela, em Lisboa. Na quarta-feira, o velório continuará entre as 09:30 e as 13:00, hora em que o funeral sairá para o cemitério do Alto de S. João, onde o corpo do escritor será cremado, pelas 14:00.

Autor de mais de 30 obras, Luís Carmelo nasceu em Évora em 25 de Agosto de 1954 e doutorou-se na Universidade de Utreque, Holanda. Cronista do Expresso e do jornal Hoje Macau, Luís Carmelo tem obra publicada na área do romance, poesia, ensaio.

O escritor foi ainda finalista do Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d´Escritas em 2019, com o livro de poesia “Tratado”. Autor de mais de 30 obras, Luís Carmelo nasceu em Évora e doutorou-se pela Universidade de Utreque, na Holanda.

“Entre o Eco do Espelho” (1986), “Cortejo do Litoral Esquecido” (1988), “No Princípio era Veneza” (1990), “Sempre Noiva” (1996), “A Falha” (1998), “As Saudades do Mundo” (1999), “O Trevo de Abel” (2001), “Máscaras de Amesterdão” (2002), “O Inventor de Lágrimas” (2004), “E Deus Pegou-me pela Cintura” (2007), “A Dobra do Crioulinho” (2013), “Gnaisse” (2015), “Por Mão Própria” (2016), “Sísifo” (2017) e “Cálice” (2020) são os romances publicados por Luís Carmelo.

Na tela

O romance “A falha” foi adaptado ao cinema por João Mário Grilo, em 2002, a partir de argumento escrito pelo realizador e por Luís Carmelo.

Na poesia, é autor das obras “Fio de prumo” , “Vão Interior do Rio”, “Ângulo Raso”, “Mymosidades”, editado pela sua própria editora, a Nova Mymosa, “As Mialgias de Agosto”, “Extintor de Achados”, “Tratado”, “Ofertório”, “Anatomia”, “O Pássaro Transparente”, “Lucílio”, “Biografia do Mundo” e “El Asombro Irrealizado”, uma antologia publicada em 2023 na Ciudad de México.

Na ensaística, entre as obras de Luís Carmelo contam-se “A Tetralogia Lusitana de Almeida Faria”, “La Représentation du Réel dans des Textes Prophétiques”, a sua tese de doutoramento, “Sob o Rosto da Europa”, “Anjos e Meteoros. Ensaio Sobre a Instantaneidade”, entre outros.

Luís Carmelo ensinava escrita e cultura na EC.ON Escrita Criativa Online, no Instituto Camões, na Universidade Aberta e no Âmbito Cultural El Corte Inglês.

Escrito na rede

“E agora pirou-se o Luís Carmelo (1954-2023), que fez questão de trabalhar até ao fim e por isso sairão ainda este ano uns tantos livros seus. Tínhamos algumas diferenças de opinião e gosto, mas sempre com algum afecto mútuo. Era um soldado da escrita: o seu exército, não sendo o meu, reconheci-o sempre como digno. Se houver um Valhalla para maníacos da coisa escrita, ele estará lá (merece) todos os dias a espadeirar com Odin, a morrer com Wittgenstein e a cear com Sísifo. Ou vice-versa”, escreveu Rui Zink, no Facebook.

2 Mai 2023

Conímbriga | Enterramentos infantis e muralha pré-romana descobertos

Sondagens que seriam só de suporte a um projecto de conservação da muralha de Conímbriga acabaram por revelar algumas surpresas, como parte de um muro que se supunha existir antes da ocupação romana e enterramentos infantis, uma raridade.

As quatro escavações junto à muralha romana que delimita Conímbriga, no concelho de Condeixa-a-Nova, avançaram no início de Março, cumprindo um desígnio muito específico – diagnóstico de locais onde se pretendia executar poços de drenagem numa empreitada de estabilização daquele património.

Num dos locais, os arqueólogos encontraram uma parte de uma muralha da Idade do Ferro, prévia à ocupação romana de Conímbriga, confirmando aquilo que já se supunha existir, mas que nunca tinha sido encontrado, notou Virgílio Correia, arqueólogo do Museu de Conímbriga que dirigiu as escavações, juntamente com o director do espaço, Vítor Dias.

O director do Museu de Conímbriga olha para as escavações e comenta: “Isto está melhor do que a encomenda”. Mas para o arqueólogo a “grande surpresa” centra-se nos seis enterramentos infantis encontrados, da altura da ocupação romana, “muito raros em todo o Império”. “Haverá duas ou três dezenas” de enterramentos infantis identificados em toda a zona de influência do Império Romano, sublinhou.

Em Conímbriga, foram encontrados restos mortais de quatro bebés num dos locais de sondagens e outros dois noutro local de escavação.

“Os enterramentos infantis são sempre uma surpresa, porque a prática de enterramentos infantis, para os romanos, é uma coisa muito complexa. Do ponto de vista jurídico, uma criança não era uma pessoa e, então, há todo o tipo de práticas estranhas. Havia muitas que eram deitadas para um monte de entulho. Não estava nada à espera”, contextualizou Virgílio Correia.

As crianças deverão ter entre semanas a menos de um ano de idade e, face ao local onde foram encontradas, acredita-se que poderão ter sido enterradas quando aquela zona era uma espécie de estaleiro de obra, quando se avançava para a construção da muralha romana junto ao anfiteatro, que seria demolido.

“Relativamente aos poucos enterramentos infantis que se conhecem no mundo romano, conhecem-se em situações estranhas, como crianças enterradas nos jardins de casas de Pompeia, ou entre entulhos de material que se estragava de um centro de produção de cerâmicas no sul de França”, avançou Virgílio Correia.

No caso de Conímbriga, as crianças não estavam misturadas com entulho, mas terão sido enterradas com “poucos cuidados”.

Para exposição

Outra descoberta que entusiasmou a equipa é um pequeno tinteiro do tempo da ocupação romana que serviria para molhar a pena com que se escrevia.

“É uma coisa excepcional, que aqui parece que se perde algures e vai dar ao entulho do anfiteatro”, constatou Virgílio Correia, antevendo que a peça possa acabar exposta no museu.

As sondagens foram feitas junto à muralha romana, na zona que faria fronteira com o anfiteatro, que foi demolido para dar lugar àquela estrutura defensiva.

Nas quatro escavações, encontram-se vestígios do século III ou IV antes de Cristo até à época medieval (séculos IX ou X depois de Cristo). Até o carvão e sementes carbonizadas encontradas serão posteriormente estudados.

2 Mai 2023

Indústria | Actividade contrai pela primeira vez em 2023

A actividade da indústria transformadora da China sofreu uma contração em Abril, pela primeira vez em 2023, de acordo com dados oficiais divulgados ontem, ficando abaixo das previsões dos analistas. O índice de gestores de compras, elaborado pelo Gabinete de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês), passou de 51,9 pontos em Março para 49,2 pontos em Abril, longe do previsto pelos especialistas: 51,5 pontos.

Quando se encontra acima dos 50 pontos, este indicador sugere uma expansão do sector, enquanto abaixo dessa barreira pressupõe uma contracção da actividade. O índice é tido como um importante indicador da evolução da segunda maior economia do mundo.

Após ter registado em Fevereiro a maior expansão em mais de dez anos, em Abril a actividade da indústria transformadora da China caiu de novo na zona de contração, onde esteve durante a maioria de 2022.

O NBS publicou ainda o índice de gestores de compras para o sector não transformador, incluindo construção e serviços. Este último indicador caiu também, de 58,2 pontos em Março para 56,4 em Abril.

Num comunicado, um analista do NBS, Zhao Qinghe, culpou a ” insuficiente procura no mercado” e as “grandes oscilações dos preços de alguns produtos a granel” pela queda do índice no quarto mês do ano.

O índice de expectativa da actividade económica, que mede a confiança das empresas não transformadoras na evolução do mercado, situou-se em 54,7, valor que, apesar de relativamente alto, é o menor até agora em 2023.

O índice de produção integral, a radiografia combinada das indústrias transformadora e não transformadora, ficou em 54,4 pontos em Abril, 2,6 pontos abaixo do registado em Março.

A economia da China registou um crescimento homólogo de 4,5 por cento, no primeiro trimestre do ano, impulsionada pelo aumento do consumo interno, após as autoridades abandonarem a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

2 Mai 2023

Ciberespaço | Sancionadas redes sociais por difusão de “informação prejudicial”

As autoridades chinesas sancionaram diversas redes sociais do país por divulgação de “informação prejudicial” e incumprimento das “obrigações de gerir a informação publicada pelos utilizadores”, adiantou ontem a agência para a Administração do Ciberespaço da China.

Em causa estão conteúdos relacionados com “pornografia, jogos de azar, superstições e prostituição”, tendo as sanções sido aplicadas no primeiro trimestre de 2023 às redes sociais Weibo (o equivalente chinês do Twitter, que está bloqueado na China) e Douban, e ao motor de busca Baidu.

Os responsáveis por estas plataformas “foram intimados a apresentar os problemas existentes às autoridades do ciberespaço e a corrigi-los”, explicou a administração num comunicado citado pela EFE.

A instituição informou ainda que, durante os primeiros três meses do ano, as autoridades ordenaram o encerramento de 55 aplicações e a cessação de actividade de 4.208 ‘sites’ “ilegais”.

Em Março, a agência anunciou que, durante 2023, iria lançar uma série de campanhas especiais para “limpar” a Internet e “rectificar” problemas como a manipulação de informação através de contas falsas e ataques contra empresas privadas.

A China é o país com mais utilizadores de Internet no mundo (mais de mil milhões) e um dos que exerce maior controlo sobre os conteúdos ‘online’, visível através do bloqueio de algumas das maiores plataformas ‘online’ do mundo, como Google, Facebook, Twitter e YouTube.

2 Mai 2023

Hong Kong | Detidas mais de 200 pessoas em operação contra máfias

O Departamento de Crime Organizado e Tríades da polícia de Hong Kong prendeu mais de 200 pessoas numa operação contra as máfias na região administrativa especial chinesa, avançou domingo a imprensa local.

A acção policial, apelidada de “Flowing Shade” (em português, “sombra fluida”), ocorreu entre quinta-feira e sábado, para combater o crime e as actividades das máfias chinesas, conhecidas como tríades.

A operação incluiu raides em vários locais ligados ao crime organizado, o que resultou na apreensão de uma pequena quantidade de armas e drogas, assim como equipamento e material utilizado em jogo ilegal.

Ao contrário da região vizinha de Macau, onde os jogos de fortuna e azar em casinos são legais, em Hong Kong apenas são autorizadas apostas em corridas de cavalos e em lotarias.

A operação “Flowing Shade” terminou com a detenção de um total de 225 pessoas, entre as quais 141 homens e 84 mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 87 anos, das quais 71 são cidadãos não chineses.

Os detidos são suspeitos de agressões com ferimentos, posse ilegal de armas, venda de bebidas alcoólicas sem licença, exploração de casas de jogo, tráfico de drogas perigosas, branqueamento de capitais, organização de lutas ilegais em locais públicos e reuniões ilegais.

Alguns dos suspeitos já foram presentes a tribunal e acusados formalmente.

Para continuar

A polícia realizou também, na noite de sábado, uma operação conjunta chamada “Saara” na área de Tsim Sha Tsui, no centro de Hong Kong, para combater a contratação ilegal de trabalhadores vindos do exterior.

A polícia, citada pela imprensa local, sublinhou que uma das suas prioridades é o combate às tríades e prometeu continuar a recolher informação e a realizar operações tanto contra crimes violentos como contra as actividades e fontes de rendimento das máfias.

Em Fevereiro, numa outra operação contra as tríades, as forças de segurança de Hong Kong detiveram 234 pessoas e apreenderam drogas, armas, carros e contrabando.

As tríades surgiram entre 1842 e 1930, quando membros de sociedades secretas da China imigraram para Hong Kong e formaram organizações de ajuda mútua.

De acordo com especialistas, estas organizações estão envolvidas em actividades criminosas que vão desde o tráfico de drogas e prostituição até aos jogos de azar e extorsão.

A polícia de Hong Kong registou 2.554 casos de crimes relacionados com as tríades no ano passado, o que representou um aumento de 35,3 por cento em relação a 2021.

2 Mai 2023