Hoje Macau Via do MeioConfúcio e a cultura portuguesa 2 Por António Aresta (continuação do número anterior) Em 1762 Confúcio é um dos temas principais no “Diálogo entre um Teólogo, um Filósofo, um Ermitão e um Soldado”1, que discorrem cordata e pedagogicamente sobre a moral, a geografia política e as ideias religiosas. O que se poderia aprender sem um rasgo de polémica , sem qualquer ousadia interrogativa ou afrontamento ideológico ? Um livro popular, reconfortante para uma vida reflexiva simples e benevolente, era justamente a Vida y Pensamientos Morales de Confucio2 que desde 1802 conhecerá larga difusão nos meios cultos e esclarecidos portugueses, encontrando-se nas livrarias conventuais e nas bibliotecas dos Seminários. O estudo filosófico e pedagógico da moral3, da formação moral, foi uma preocupação constante nas escolas e no ensino particular e doméstico. José Ignacio de Andrade é um importante orientalista português do século XIX, hoje injustamente esquecido, e um grande divulgador das ideias de Confúcio. O seu livro, publicado em dois volumes, Cartas Escriptas da Índia e da China nos Annos de 1815 a 1835 por José Ignacio de Andrade a sua Mulher D. Maria Gertrudes de Andrade4, abre justamente com uma epístola de Francisco Martins Barros, professor de língua latina no Colégio de Nossa Senhora da Conceição : “……………….. De CONFÚCIO, philosopho sublime Mostras os dogmas, e a doutrina mostras, Que tantos evos tem regido a China. O vício não desculpas, se elle surge, Qual entre o flavo trigo e o joio inútil, Lá mesmo n’esse Império, que elogias.”5 Outro amigo de José Ignacio de Andrade, P. F. O. Figueiredo, insere este soneto : “ Confúcio douto, que a moral ensina A reis, e a povos com saber profundo, Se hoje surgisse do sepulchro fundo, E lesse o que has escripto sobre a China ; Se visse como o genio teu combina, Em philosopho, quanto abrange o mundo ; Em ti notara com prazer jucundo Um discípulo da sua alta doutrina !”6 As ideias e os princípios morais e políticos de Confúcio estão omnipresentes e na “Carta L” José Ignacio de Andrade faz a difusão extensiva de umas dezenas de máximas, sem esquecer o pensamento de Mêncio. E a reflexão que faz é premonitória : “A nação chinesa, para suprir as instituições liberais, hoje em voga na Europa, tem os livros sagrados, respeitados como lei fundamental do estado : acham-se neles artigos mais vigorosos contra o despotismo, do que nas instituições mais democráticas da Europa e América ; todavia, sucede na China o mesmo, que em outra qualquer parte : se o que empunha o ceptro do poder é do temperamento de Nero, só resta a opção dolorosa de morrer, ou matá-lo”7. Até onde terão chegado estas ideias de José Ignacio de Andrade ? Folheando “O Panorama. Jornal Litterario e Instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis”, de 12 de Maio de 1838, podemos observar uma gravura, ‘A Criminosa Perante o Mandarim’, a encimar um artigo sobre a administração da justiça no Celeste Império. Aí , o façanhudo mandarim prelecionava sob a égide de Confúcio. Nessa mesma publicação8 foi publicada a novela “O Feitor de Cantão”, cuja leitura é muito agradável e informativa. E, abrindo a popular “Encyclopedia das Famílias. Revista de Educação e Recreio”, no Nº 999, de 1895, deparamos com uma sintética definição do confucionismo enquanto religião : “ é um naturalismo, adoração de forças physicas, de caracter moral, tendo por base a benevolência ; como regra, modelar o presente e o futuro no pretérito e a veneração pelos antepassados. Confúcio foi o seu fundador e teve por principal apóstolo o philosopho Mêncio. Domina entre os chineses”. Detectamos também a presença dos ensinamentos de Confúcio nas áreas mais díspares, desde a história de A Mulher Através dos Séculos, de Marques Gomes, publicada em 1878, até à dissertação inaugural apresentada , em 1901, à Escola Médico-Cirúrgica do Porto, sob o título, O Suicídio Livre em Face da Religião, da Moral e da Sociedade, assinada por José Ferreira Viegas. Júlio Verne, com o popular romance As Atribulações de um Chinês na China10, publicado em 1879, contribuiu para o adensar do fascínio pela milenar civilização chinesa. No ano seguinte, em 1880, aparece O Mandarim , de Eça de Queiroz, cujo personagem reflecte em voz alta, “eu não compreendia a língua, nem os costumes, nem os ritos, nem as leis, nem os sábios daquela raça”11, sintetizando assim grotescamente a ignorância nacional, não obstante a nota de fina ironia, “sou bacharel formado ; portanto na China, como em Coimbra, sou um letrado !”12. O antigo cônsul de Espanha em Macau, Enrique Gaspar y Rimbau, publica em 1887 o pioneiro romance de ficção científica El Anacronópete. Viaje a China – Metempsicosis13 , revestindo-se de especial interesse uma carta14 enviada de Macau, em 30 de Abril de 1879, onde discorre sobre o pensamento de Confúcio e de Mêncio, no contexto dos exames imperiais que conferiam a dignidade mandarínica. Confúcio é, ainda, um nome popular e prestigiado, nas escolas e nos meios mais cultos da sociedade, tido como uma fonte de sabedoria e um símbolo da virtude. Por exemplo, Duarte Leite (1864-1950), professor, diplomata e político, iniciou-se na Maçonaria em 1892, na loja maçónica ‘União Latina’, no Porto, sob o nome simbólico de ‘Confúcio’15. Historicamente tem sido recorrente a tentação de conciliar ou acentuar as convergências entre o cristianismo e o confucionismo, no quadro geral dos sistemas religiosos. Oliveira Martins na sua esforçada erudição16 também se debruçou sobre a moral confuciana : “Na China a reforma de Confúcio, fazendo abortar a evolução ulterior dessa mitologia pela pregação de uma moral extraída prematuramente do animismo primitivo, condenou a religião a um estado de precocidade caduca e à esterilidade consequente. Uma moral frequentemente digna do aplauso da sabedoria mais pura, veio assentar sobre uma concepção realisticamente selvagem do mundo ulterior. Dotado, pois, com uma moral prática civilizada, o chinês manteve uma mitologia primitiva, mostrando assim na esfera religiosa esse aspecto duplo de velhice e de infância, visível por tantos outros lados nas civilizações do extremo Oriente”. Em 1887, o reverendo John Ross17 lançou de novo uma vigorosa e sedutora campanha de harmonização de ideias e de princípios entre o cristianismo e o confucionismo, que parece ter sido muito bem sucedida. No Ocidente, o cristianismo parece ter absorvido e melhorado algumas ideias axiomáticas caras ao confucionismo, tais como a bondade, a amizade, a caridade, a hospitalidade ou a piedade, esvaziando e apagando o contexto ontológico original que poderia estar mais focado no refinamento, na conduta, na lealdade e na confiança. Sampaio Bruno publica O Brasil Mental em 1898 advertindo para um pormenor que parecia escapar aos mais atentos : “A religião positivista é, pois, exactamente como, na China, a doutrina religiosa de Kong-fu-tse (mestre Kong, Confúcio). É um naturalismo ético enxertado na religião política de Saint-Simon ; como ali se funda na dos Tchow, entendendo por isto, com Tièle, a ordem de coisas estabelecida, verosimilmente, pelo príncipe Tchow-Kong, assaz diferenciada do culto popular antigo. Consoante aqui, diversa da metafísica cristã (idealista, do tipo alexandrino) e só aceitando, não a dogmática, porém a disciplina católica”18. Tem passado completamente despercebido o romance O Lobo da Madragoa19 publicado por Alberto Pimentel em 1904, onde se dá conta das venturas e desventuras de uma chinesa de Cantão em Portugal, cujo comportamento divergia dos padrões traçados pela moral confuciana. Em 1909 José da Costa Nunes, futuro Bispo de Macau, Arcebispo de Goa e Cardeal, publicará 24 Cartas da China20, onde entre outros assuntos, disseca com profundidade os pressupostos teóricos do confucionismo. Essa designação ‘Cartas da China’ estava em voga. José Gomes da Silva, médico e naturalista que deixou obra em Macau, também escreveu as suas Cartas da China no jornal ‘O Comércio do Porto’21, contemporâneas das Cartas do Japão assinadas por Wenceslau de Moraes. E é numa das suas Cartas do Japão que Wenceslau de Moraes analisa com invulgar argúcia o legado de Confúcio : “A moral de Confúcio, toda ela bonomia e singeleza, incompatível com a guerra, com a luta, poderia talvez ter feito a felicidade de toda a China em peso ; mas, para tanto, seria forçoso admitir o absurdo ou o impossível, isto é, ou que a China fosse o Mundo inteiro, ou que ela pudesse manter-se eternamente isolada dos outros povos. Confúcio não considerou os outros países, julgou-os insignificantes, acreditou no eterno isolamento da sua enorme pátria. E não teve o pressentimento, vago embora (mas quem há vinte e quatro séculos o tivera ?…), das estupendas energias de certas forças naturais – o vapor, a electricidade, a resistência do metal … – e da capacidade inventiva e irrequieta dos cérebros do Ocidente. Dormia a China ; ou pelo menos, deliciava-se na contemplação da Natureza ; nas artes e nas letras ; enquanto que as outras nações progrediam em ciência, armavam-se e mais tarde viriam afronta-la”22. (continua) Joaquim de Santa Rita, Academia dos Humildes e Ignorantes, Conferência XXVII, Tomo IV, Lisboa, 1762, Na Officina de Ignacio Nogueira Xistro, p. 212. Traducidos del francês al castellano por D. Enrique Ataide y Portugal, Oficina de Aznar, Madrid, 1802. Coleção e Escolha de Bons Ditos e Pensamentos Moraes, Politicos e Graciozos. Escriptos por *** . Lisboa, Na Officina de Francisco Borges de Souza, Anno MDCCLXXIX, 471 pp. ; Lições de Boa Moral, de Virtude e de Urbanidade. Compostas no idioma hespanhol por D. José de Urcullu e traduzidas para o portuguez da 3ª edição de Londres de 1828 por Francisco Freire de Carvalho, Lisboa, 3ª edição, Typographia Rollandiana, 1854, 246 pp. Com especial interesse para a moral confuciana, pp. 45-48 ; Outra obra importante : Pensées Morales de Confucius, recueillies et traduites du latin par M. Levesque, Paris, MDCCLXXXIII. Para além da introdução (pp. 7-62) são apresentados 230 pensamentos morais (pp. 63-175). Lisboa, Imprensa Nacional, 1843. Conhecerá uma segunda edição em 1847. Esta obra foi reeditada sob o título Cartas Escriptas da Índia e da China, 2 volumes, introdução de Artur Teodoro de Matos, Livros do Oriente, Macau, 1998. Idem, p. 25. Idem, p. 29. Idem, p. 280. O Panorama, Vol. IX, 1852, pp. 75-76, 86-88, 91-93, 98-100, 106-107, 119-120, 125-126 e 131-132. A novela não está assinada. Página 213. A revista, era dirigida por João Romano Torres, abre com uma “Homenagem ao Genial Poeta João de Deus” e toda a colaboração não está assinada. Contudo, grande parte dessa colaboração poderá ser associada a Lucas Evangelista Torres e aos seus filhos João Romano, Manuel Lucas e Fernando Augusto. A edição portuguesa sob a chancela da Livraria Bertrand, Lisboa, s\d, tradução de Manuel Maria de Mendonça Balsemão O Mandarim, 3ª edição, Porto, Livraria Internacional de Ernesto Chardron, 1889, p. 152. Idem, p. 90. Biblioteca Arte y Letras, Barcelona, 1887. Escreve 11 ‘Cartas al Director de Las Provincias’, todas datadas de Macau, a primeira de 26 de Setembro de 1878 e a última de 8 de Dezembro de 1882. Idem, pp. 269-282. Pedro Magalhães, Duarte Leite (1864-1950), Edição do Município de Lousada, 2014, p. 22. O Systema dos Mythos Religiosos, Lisboa, Livraria Bertrand, 1882, p. 71. The Chinese Recorder and Missionary Journal, Nº 1, Vol. XVIII, January, 1887. No ensaio, “Our Attitude towards Confucianism”, (pp. 1-11), esforça-se por explicar “… to show that Confucianism from un enemy can be converted into a friend helpful to Christian teaching”, p. 10. Na contemporaneidade, será Henrique Rios dos Santos SJ, a trilhar esse caminho com O Rosário Com a Igreja da China, edição da Fundação AIS\Apostolado da Oração, 2008, 127 pp. Seleccionou 35 Pensamentos de Confúcio, dizendo : “Oferecemos um pensamento de Confúcio (Kong Fu Zi) para cada mistério também, como um modo de dar a conhecer as pontes que se podem estabelecer entre a tradicional cultura chinesa e o cristianismo”, p. 6. O Brasil Mental, prefácio de António Telmo, Lello Editores, 1997, p. 155. Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1904. Publicadas por Tomás Bettencourt Cardoso sob o título Cartas da China, edição da Fundação Macau, 1999. Este diário matutino da cidade do Porto publicava nas primeiras páginas, por exemplo em 1905, as Cartas : de África, da Alemanha, do Paraguai, da Índia, do Japão, da Andaluzia, do Brasil, da Inglaterra, de Itália, dos Açores, de França, de Cabo Verde, de Espanha, etc. Sempre assinadas por correspondentes portugueses locais. Wenceslau de Moraes, Antologia, Selecção de Textos e Introdução de Armando Martins Janeira, Prefácio de Daniel Pires, Veja, 2ª edição, 1993, p. 401.
Hoje Macau SociedadeAeroporto | Número de passageiros com 66% dos níveis pré-covid Mais de 116.300 passageiros passaram pelo Aeroporto Internacional de Macau entre 30 de Setembro e 6 de Outubro, período da Semana Dourada, números que representam 66 por cento dos níveis pré-pandemia. O aeroporto processou um total de 975 voos no espaço de sete dias, equivalente a 63 por cento do registado em igual período de 2019, de acordo com um comunicado da companhia gestora. O aeroporto registou uma média de cerca de 139 voos e 16.620 passageiros por dia durante a semana dourada, referiu na quarta-feira a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau. Os passageiros vindos ou tendo como destino a China representaram cerca de metade (51 por cento) do total, seguidos do Sudeste Asiático (36 por cento) e de Taiwan (13 por cento), acrescentou. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) tinha previsto uma média diária de 100 mil visitantes durante a Semana Dourada, que este ano se prolongou por oito dias graças à inclusão do Festival do Bolo Lunar. No primeiro dia da Semana Dourada, Macau recebeu quase 159 mil visitantes o segundo valor mais elevado desde que há registos, de acordo com dados oficiais divulgados pela Polícia de Segurança Pública. A região terminou este período com um total de 932.365 visitantes, aproximando-se dos valores pré-pandemia, e com uma média diária de mais de 116.500 turistas, indicou a DST. A CAM disse que a Air Macau vai lançar voos regulares para a Indonésia no final deste mês, tendo prometido novas rotas “à medida que o quarto trimestre e as férias de Natal se aproximam”. A empresa garantiu estar a apoiar “a retoma de voos para vários destinos na China continental e a expandir-se para o Sudeste Asiático e outros mercados internacionais”. O aeroporto “trabalhará em linha com a direcção de desenvolvimento do turismo do Governo” de Macau para “promover a vinda de mais turistas internacionais”, prometeu a CAM.
Hoje Macau SociedadeSnooker | Escolha por evento de Macau leva a acção disciplinar Vários jogadores de snooker reconhecidos mundialmente enfrentam acções disciplinares por parte da World Snooker Tour (WST) por terem trocado o Open da Irlanda do Norte pelo torneio Macau Snooker Masters, que decorre no dia 27 de Outubro e que será organizado pela Melco. Segundo o portal Macau News Agency (MNA), o actual campeão mundial da modalidade, Luca Brecel, e os tetracampeões mundiais John Higgins e Mark Selby, correm o risco de ficar de fora do torneio de classificação cuja organização está prevista para Belfast entre os dias 22 e 29 de Outubro. O comunicado da WST que determina a acção disciplinar diz que a participação dos cinco jogadores na competição de Macau é uma “violação dos termos do contrato”. “A WST está desapontada por saber que vários jogadores, com contrato com a WST, optaram por não jogar num evento da WST, preferindo jogar num evento não sancionado em Macau, violando assim os termos do seu contrato de jogador”, lê-se no comunicado. A WST acrescenta ainda que apesar de ter comunicado com os jogadores, estes acabaram por decidir jogar em Macau e não em Belfast.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Fitch estima que Macau recupere 65% este ano A Fitch Ratings prevê que a economia de Macau “recupere fortemente”, até 65 por cento este ano, ultrapassando em 19 pontos percentuais a estimativa de recuperação para 2023 que a agência fez em Dezembro de 2022 para a RAEM, antes do relaxamento das restrições de viagens relacionadas com a pandemia de covid-19. A instituição indica que os resultados deste ano serão suportados pela recuperação “sustentada” do turismo e jogo durante o último trimestre do ano. O crescimento de 65 por cento previsto para este ano contrasta com a contração económica de 26,8 por cento registada em 2022, segundo o portal GGR Asia. A Fitch indica que a retoma de Macau ocorrerá “apesar de uma recuperação económica mais fraca na China continental, uma vez que o território continua a ser o único destino legal de turismo de jogo na Grande China”. De acordo com dados oficiais, as receitas brutas do jogo dos casinos de Macau atingiram 128,95 mil milhões de patacas nos primeiros nove meses deste ano, ou seja, 58,5 por cento do nível anterior à pandemia. Apesar de o território estar “prestes a registar um défice orçamental pelo quarto ano consecutivo, Macau continua a ser a única entidade na carteira global da Fitch sem qualquer dívida pública pendente, o que coloca o território bem abaixo da mediana ‘AA’ de 44,7 por cento do PIB [produto interno bruto] e da mediana ‘A’ de 54,0 por cento projectada para 2023”, afirmou a instituição. As notações de Macau foram sustentadas pelo facto de o território ter “finanças públicas e externas excepcionalmente fortes, e uma gestão fiscal prudente mesmo durante períodos de choques negativos nas receitas”.
Hoje Macau SociedadeAgente de segurança detida por roubo a casa de conhecido Uma agente das Forças de Segurança Pública de Macau e uma outra funcionária pública foram detidas e estão indiciadas da prática do crime de furto qualificado, depois de terem entrado em casa de “um amigo” várias vezes, para roubar bens avaliados em, pelo menos, 600 mil patacas. O caso foi revelado ontem pela Polícia Judiciária, e as suspeitas conseguiram entrar em casa com ajuda da filha da vítima, de cinco anos, que abriu a porta às mulheres, por serem suas conhecidas. As duas detidas têm 32 e 34 anos, são funcionárias públicas, e depois de terem sido detidas admitiram a prática dos factos, confirmando ter estado na habitação do alegado amigo múltiplas vezes. A investigação começou no dia 8 de Outubro, quando a vítima decidiu apresentar queixa depois de se aperceber que os seus bens, que indicou estarem avaliados em 600 mil patacas, tinham sido roubados. A Polícia Judiciária interveio, e com acesso às imagens de CCTV que a vítima tinha instalada em casa conseguiu identificar as duas suspeitas. Carreira em Coloane Após o caso ter sido tornado público, as Forças de Segurança Pública de Macau confirmaram que uma das detidas pertencia aos seus quadros e que estava integrada, desde 2009, no departamento de migração. A agente está a ser alvo de um processo disciplinar, e as autoridades apontaram que foram tomadas medidas temporárias, sem especificar quais. As autoridades também afirmaram estarem “muito preocupadas” com os factos relatados e indicaram cooperar activamente com a Polícia Judiciária na investigação. Por outro lado, foi frisado que as exigências de disciplina e conduta dos agentes “são rigorosas” e que qualquer violação às leis vai ser “tratada de forma séria, de acordo com a lei” com o apuramento de eventuais “responsabilidades”.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Cuba e China eleitos para o Conselho de Direitos Humanos China e Cuba estão entre os 15 países ontem eleitos para o mandato 2024-2026 do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), numa votação em que a Rússia não conseguiu recuperar o seu assento. Albânia, Brasil, Bulgária, Burundi, China, Costa do Marfim, Cuba, República Dominicana, França, Gana, Indonésia, Japão, Kuwait, Malawi e Países Baixos foram os Estados-membros da ONU ontem eleitos para o mandato pela Assembleia Geral (AG) das Nações Unidas. Em Abril do ano passado, a AG da ONU já havia aprovado uma resolução em que suspendia a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Ucrânia. A resolução, apresentada na ocasião pelos Estados Unidos e apoiada pela Ucrânia e outros aliados, obteve 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções entre os 193 Estados-membros das Nações Unidas. Na eleição de hoje, a Rússia competia com a Albânia e com a Bulgária por dois assentos no Conselho dos Direitos Humanos, com sede em Genebra, representando o grupo regional do leste da Europa. Numa votação secreta, a Bulgária conseguiu 160 votos, Albânia 123 e a Rússia 83, assim falhando por larga margem a eleição. A única outra disputa nas eleições de ontem ocorreu no grupo da América Latina e Caraíbas, em que Cuba, Brasil, República Dominicana e Peru disputavam três lugares, com Lima a sair derrotada. As eleições nos restantes grupos e regiões decorreram sem competição, com a China, Japão, Kuwait e Indonésia a ocuparem os quatro assentos disponíveis no grupo asiático. Burundi, Malawi, Gana e Costa do Marfim foram eleitos para ocupar os quatro assentos africanos; e França e os Países Baixos ocuparão os dois assentos destinados à Europa Ocidental. Os Estados Unidos e outros países enviaram cartas a muitos dos 193 Estados-membros da AG da ONU a pedir um voto contra a Rússia, segundo diplomatas. O Embaixador da Albânia na ONU, Ferit Hoxha, também apelou àqueles que se preocupam com os direitos humanos e com “a credibilidade do Conselho de Direitos Humanos e do seu trabalho” a que se opusessem a um país que “mata pessoas inocentes, destrói infraestruturas civis, portos e silos de cereais “e depois se orgulha de fazer isso”. O Conselho de Direitos Humanos, criado em 2006, é o principal fórum das Nações Unidas responsável por promover e monitorizar esta área, sendo composto por 47 Estados-membros, eleitos pela AG das Nações Unidas.
Hoje Macau China / ÁsiaJornalista detida durante três anos regressa à Austrália A jornalista sino-australiana Cheng Lei, que foi condenada e detida na China por acusações de espionagem durante três anos, regressou recentemente à Austrália, informou ontem o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Cheng Lei, de 48 anos, trabalhava para o departamento internacional da emissora estatal chinesa CCTV. A jornalista já se reuniu com os seus dois filhos em Melbourne, revelou Albanese. O regresso ocorre numa altura em que Albanese se prepara para visitar Pequim, apesar de a data exacta não ter sido ainda anunciada. O governo de Albanese tem feito pressões com vista à libertação de Cheng e de outro cidadão com dupla nacionalidade chinês – australiano, detido na China desde 2019, Yang Hengjun. As relações bilaterais melhoraram desde que o Partido Trabalhista de centro-esquerda de Albanese foi eleito após nove anos de um governo conservador. Pequim levantou várias barreiras comerciais oficiais e não oficiais impostas às exportações australianas. Albanese sugeriu que Cheng foi recentemente condenada num julgamento à porta fechada no ano passado por acusações de prejudicar a segurança nacional da China. “O seu regresso põe fim a anos muito difíceis para Cheng e a sua família. O governo tem estado a tentar conseguir a sua libertação há muito tempo e o seu regresso foi muito bem recebido não só pela sua família e amigos, mas também por todos os australianos”, acrescentou. Albanese disse que falou com Cheng em Melbourne, onde os seus filhos têm vivido com a mãe. Ambos discutiram uma carta que ela escreveu ao público australiano em agosto para assinalar o terceiro ano desde a sua detenção. Na carta, a jornalista nascida na China fala do amor que sente pelo seu país de adopção. Também descreveu as condições em que se encontrava detida na China, afirmando que só lhe era permitido estar ao sol durante 10 horas por ano. “Ela é uma pessoa muito forte e resistente e quando falei com ela, estava encantada por estar de volta a Melbourne”, disse Albanese. O primeiro-ministro australiano não revelou se Yang também poderá ser libertado. “Continuamos a defender os interesses, os direitos e o bem-estar de Yang junto das autoridades chinesas a todos os níveis”, disse Albanese. Yang, um escritor de 58 anos, disse à sua família em agosto que temia morrer num centro de detenção de Pequim, depois de lhe ter sido diagnosticado um quisto renal, o que levou os seus apoiantes a exigir a sua libertação para receber tratamento médico. Está detido na China desde janeiro de 2019, quando chegou a Cantão vindo de Nova Iorque com a mulher e a enteada adolescente. Yang foi julgado à porta fechada por uma acusação de espionagem em Pequim, em maio de 2021, e continua a aguardar o veredicto.
Hoje Macau EventosCinema | Coproduções portuguesas e documentário brasileiro estreiam na China A 7.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Pingyao (PYIFF, na sigla em inglês) arrancou ontem na China, com uma programação que inclui as estreias chinesas de duas coproduções portuguesas e um documentário brasileiro. A secção “Crouching Tigers”, baptizada com o nome de um filme de Ang Lee, “Crouching Tiger, Hidden Dragon” (“O Tigre e o Dragão”), de 2000, vai exibir “City of Wind”, da realizadora mongol Lkhagvadulam Purev-Ochir. O filme, que conta com coprodução minoritária portuguesa, com direção de fotografia de Vasco Viana e música de Vasco Mendonça, fez também parte da programação da 48.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Toronto, em agosto. Na secção “Premiere” (“Estreia”, na tradução do inglês) consta “Eureka”, do realizador argentino Lisandro Alonso, coproduzido pela Rosa Filmes e rodado parcialmente em Portugal, com a participação da actriz portuguesa Luísa Cruz. Esta secção inclui ainda “Retratos Fantasmas”, um documentário do realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho, que encerrou em julho o festival Curtas de Vila do Conde. A edição deste ano do PYIFF vai decorrer até 18 de outubro e a programação é composta por 53 filmes de 34 países e territórios, com destaque para uma retrospectiva com 11 obras do ator e realizador norte-americano Charlie Chaplin (1889-1977). O festival foi criado em 2017 pelo realizador chinês Jia Zhangke e pelo programador italiano Marco Muller e decorre no Palácio do Cinema da antiga cidade de Pingyao, em Jinzhong, na província de Shanxi, no nordeste da China. A segunda edição do PYIFF, em 2018, incluiu a estreia mundial do filme “Hotel Império”, do realizador português Ivo M. Ferreira, rodado em Macau e cuja personagem principal é interpretada pela actriz Margarida Vila-Nova.
Hoje Macau China / ÁsiaVenda de petróleo saudita em renmimbi “poderá prejudicar Angola”, diz dirigente Com a Arábia Saudita a ponderar vender petróleo à China usando a moeda chinesa, Angola poderá sair prejudicada, alertou ontem o presidente da Fundação para a Paz e Desenvolvimento das Nações Unidas. Num seminário a assinalar o 10.º aniversário da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, em Hong Kong, Daniel Fung Wah-kin disse que, no passado, a China foi “obrigada a comprar petróleo de Angola porque a Arábia Saudita era praticamente um monopólio dos Estados Unidos”. Angola tornou-se, em 2010, o principal fornecedor de petróleo da China e, de acordo com uma base de dados da ONU, o pico das exportações de crude angolano para o mercado chinês foi atingido em 2012: 33,6 mil milhões de dólares. No entanto, na primeira metade de 2023, Angola foi apenas o nono principal fornecedor de petróleo da China, numa lista liderada pela Rússia, Arábia Saudita e Brasil, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa. Daniel Fung disse que o papel da Arábia Saudita como exportador de petróleo para a China poderá sair reforçado, caso decida vender crude para o mercado chinês usando o renmimbi. No ano passado, o ministro das Finanças saudita, Mohammed al-Jadaan, disse que o reino estava a ponderar vender parte do petróleo para a China em renmimbi, apesar da sua moeda – o rial – estar ligada ao dólar norte-americano. Em dezembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, disse numa cimeira com líderes do Golfo Pérsico, na Arábia Saudita, que a China ia procurar adquirir petróleo e gás natural da região usando o renmimbi. Para Daniel Fung, a aquisição de petróleo da Arábia Saudita daria “um enorme impulso à internacionalização” da moeda chinesa, dando como outros exemplos os Emirados Árabes Unidos e o Brasil. Em março, a China concluiu a primeira compra de combustíveis fósseis aos Emirados Árabes Unidos com renmimbis, tendo adquirido 65 mil toneladas de gás natural liquefeito. Em abril, a sucursal no Brasil do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) processou a primeira transação transfronteiriça em moeda chinesa, dois meses depois dos bancos centrais dos dois países terem assinado um acordo de compensação do renmimbi. As exportações brasileiras de petróleo para a China cresceram 49% na primeira metade de 2023, em comparação com a média do ano passado, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas chinesa. Em abril, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, atacou, em Xangai, o domínio do dólar como moeda de reserva mundial e apelou para o uso de outras divisas na relação comercial entre Brasil e China. A China realizou em março, pela primeira vez, mais transações transfronteiriças com a sua moeda do que com o dólar.
Hoje Macau China / ÁsiaChefe da diplomacia europeia chega hoje a Pequim, num momento quente das relações China-UE O chefe da política externa da União Europeia, Joseph Borrell, vai visitar a China ainda esta semana, numa altura em que Bruxelas tenta reduzir dependências comerciais e influenciar a posição chinesa sobre a guerra na Ucrânia. Fontes da delegação da União Europeia em Pequim disseram que a visita vai decorrer entre quinta-feira e sábado e inclui um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e um discurso na Universidade de Pequim. A deslocação foi adiada por duas vezes este ano. Em abril, quando Borrell testou positivo para a covid-19, e em julho, quando Pequim cancelou subitamente a visita, numa altura em que o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, deixou de ser visto em público. A visita surge numa altura de crescentes fricções comerciais entre a União Europeia e a China, apesar de o comércio bilateral ter ascendido a 856,3 mil milhões de euros, em 2022. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, delineou uma estratégia para reduzir riscos no comércio com a China. As empresas ocidentais podem fazer negócios com o país asiático, mas com algumas salvaguardas: vetar a venda de tecnologias críticas com potenciais utilizações militares e reduzir dependências nas cadeias de abastecimento. Bruxelas iniciou também uma investigação sobre subsídios atribuídos pelo Governo chinês aos fabricantes de veículos elétricos. O ministério do Comércio chinês manifestou, na semana passada, firme oposição, acusando a investigação de ter como base “suposições subjectivas, carecer de provas suficientes e ser contrária às regras da Organização Mundial do Comércio”. Outro assunto que deve ser abordado por Borrell é a guerra na Ucrânia. A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação “sem limites” com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas” ao fornecer à Ucrânia armas defensivas. Os líderes europeus têm instado repetidamente Pequim a usar a sua influência junto da Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia. Citado pelo Global Times, Li Haidong, professor na Universidade de Relações Externas da China, disse que a visita de Borrell deve abrir caminho à cooperação em vários domínios, incluindo economia, setor energético e intercâmbio entre pessoas. “Apesar de almejar maior autonomia em questões económicas, a UE foi raptada pelos Estados Unidos em questões de segurança”, observou. Pequim “deseja que a Europa se torne mais preponderante e influente no cenário mundial”, acrescentou. A China quer que o “padrão estratégico global seja mais equilibrado, em vez de ter a Europa como refém dos EUA”, disse. “Esse é um objectivo partilhado por Pequim e Bruxelas”. Também citado pela imprensa oficial, Cui Hongjian, professor da Academia de Governação Regional e Global da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, disse que a China espera que Borrell esclareça o conceito de “redução dos riscos” no comércio bilateral. “Considerar a China como um risco não é a forma correcta de tratar um parceiro estratégico”, realçou. A resolução da questão dos subsídios pode servir como teste decisivo, disse Cui. “Se as duas partes conseguirem resolver a questão através de consultas tecnológicas e políticas, não só resolvem as fricções económicas, como também reforçam a confiança política mútua”, apontou. “Mas, se alguns políticos europeus quiserem mudar as tradições da política da UE em relação à China ou simplesmente mostrarem força, os laços entre a China e a UE poderão permanecer instáveis durante algum tempo”.
Hoje Macau China / ÁsiaUma Faixa, Uma Rota | Livro Branco celebra 10 anos e antecipa Fórum das Novas Rotas da Seda A China anunciou ontem que vai organizar na próxima semana, em Pequim, o terceiro fórum das Novas Rotas da Seda, no qual vários líderes estrangeiros vão debater o vasto projeto de infraestruturas do gigante asiático. As Novas Rotas da Seda, oficialmente conhecida como iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (IFR), é um projecto lançado por Xi Jinping, em 2013. Um Livro Branco sobre a IFR foi, entretanto, lançado em Pequim. O terceiro fórum das Novas Rotas da Seda decorre nos próximos dias 17 e 18, com Xi Jinping a participar na cerimónia de abertura, onde “vai proferir um discurso e organizar um banquete de boas-vindas para os dirigentes estrangeiros e chefes de organizações internacionais” participantes, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado. Espera-se a presença de representantes de mais de 130 países. Livro Branco fala de realizações Entretanto, a China publicou um livro branco sobre a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” (IFR) na terça-feira, destacando o papel que o icónico “projecto do século” desempenhou no desenvolvimento global durante a última década, bem como as suas realizações na prossecução do seu objectivo final de construir uma comunidade global de futuro partilhado. O Livro Branco surge quando se celebra o lançamento da iniciativa pelo Presidente chinês Xi Jinping há 10 anos. Foi também publicado antes do terceiro Fórum Faixa e Rota para a Cooperação Internacional e que, segundo os comentadores chineses, “servirá de testemunho para desmentir as calúnias ocidentais, ao mesmo tempo que reunirá mais consensos sobre o futuro projecto de desenvolvimento da iniciativa”. Segundo o Livro Branco, “a dinâmica de desenvolvimento da IFR abriu um capítulo sem precedentes de crescimento global, ilustrando um caminho para a conectividade global, a paz e a prosperidade que leva a iniciativa proposta pela China a tornar-se a maior plataforma mundial de cooperação internacional com a mais ampla cobertura nos últimos 10 anos”. Uma nova paisagem global O livro branco, intitulado “Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota: Um pilar fundamental da Comunidade Global de Futuro Partilhado”, expõe o contexto em que a IFR foi lançada: uma resposta “a uma situação global em mudança e às expectativas da comunidade internacional”. “Já não é aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento económico mundial, controlem as regras económicas e usufruam dos frutos do desenvolvimento”, afirma o Livro Branco. A IFR “contribuiu com novas ideias e novas abordagens para os intercâmbios internacionais e produziu um sistema de governação global mais justo e equitativo que leva a humanidade a um futuro melhor”. “Desde que a IFR foi lançada, a construção de uma comunidade com um futuro partilhado passou de um conceito a uma acção e de uma visão a uma realidade. Cada vez mais países compreendem o que a China diz, que o desenvolvimento é um direito inalienável de todos os países, e não um privilégio de apenas alguns países ocidentais”, disse Maya Majueran, directora da a Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” Sri Lanka, uma organização sediada no Sri Lanka. “O mundo actual é injusto e desproporcionado (…) uma vez que os EUA e os seus aliados ocidentais frequentemente coagem ou abusam do seu poder para manter as suas posições hegemónicas”, disse Majueran, acrescentando que os países, especialmente os do Sul Global, queriam ver que o futuro da humanidade deveria estar nas mãos de todos os países, as regras internacionais deveriam ser escritas em conjunto por todos e os benefícios do desenvolvimento deveriam ser partilhados por todos. Levente Horvath, ex-cônsul-geral da Hungria em Xangai, disse que “a UE e os EUA parecem ver a cooperação da IFR, que leva a resultados vantajosos para todos, de forma diferente, porque muitas vezes abordam tudo como um jogo de soma zero. Mas a colaboração entre a IFR e a China parece oferecer perspectivas mais promissoras, uma vez que a China está “aberta a estabelecer relações com outros países sem procurar dominar ou controlar as suas políticas internas, ao contrário de algumas nações ocidentais”. “É importante esclarecer as origens e o desenvolvimento do IFR, os seus princípios de implementação e a forma como serve a humanidade e conduz à construção de uma comunidade com um futuro partilhado. A nova campanha de difamação ocidental será em vão”, disse He Weiwen, membro sénior e membro do conselho executivo da Associação Chinesa de Comércio Internacional, na terça-feira. Em resposta a uma pergunta sobre a concorrência de iniciativas de infra-estruturas semelhantes de outros países, Li Kexin, Diretor-Geral do Departamento de Assuntos Económicos Internacionais do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, afirmou que “a China dá as boas-vindas a todas as partes para aumentarem os contributos para as infra-estruturas básicas nos países em desenvolvimento e está disposta a cooperar com todas as partes com base na abertura, inclusão, igualdade de condições e benefícios mútuos, para fornecer mais bens públicos internacionais de alta qualidade”. A sabedoria chinesa “Espera-se também que, com base no quadro abrangente fornecido pelo Livro Branco, os participantes do próximo BRF – que se situa no 10º aniversário da BRI – possam discutir e traçar um novo rumo para o seu desenvolvimento na próxima década. Representantes de 130 países e 30 organizações internacionais participarão no fórum deste ano”, revelou Li. “Os últimos 10 anos marcaram apenas o início da cooperação da IFR. O futuro será ainda mais brilhante na próxima década e além”, disse Liang Haiming, reitor do Instituto de Pesquisa da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” da Universidade de Hainan. “Como um país grande e em desenvolvimento, que cumpre suas responsabilidades, a China continuará a promover a IFR como seu plano abrangente e o seu projecto para a abertura e a cooperação internacional de benefício comum”, diz o livro branco, explica Liang. “Isto significa que a China ajudará mais países em desenvolvimento a acelerar a integração regional e a integrarem-se na cadeia de abastecimento global, de modo a partilharem os dividendos do crescimento económico global”. O que foi feito O livro branco oferece uma panorâmica detalhada de uma década de realizações da IFR. Uma delas é a promoção da conectividade global em vários domínios, incluindo a coordenação de políticas, a conectividade de infra-estruturas, o comércio livre, a integração financeira e o estreitamento dos laços entre as pessoas. De 2013 a 2022, o comércio da China com os países participantes na BRI atingiu 19,1 biliões de dólares, com uma taxa média de crescimento anual de 6,4 por cento. O investimento bidirecional acumulado entre a China e os países parceiros atingiu 380 mil milhões de dólares, incluindo 240 mil milhões de dólares da China, segundo o livro branco. Durante a conferência de imprensa de terça-feira, o vice-ministro do Comércio, Guo Tingting, referiu também uma série de projectos emblemáticos do BRI, incluindo o caminho de ferro China-Laos, o caminho de ferro de alta velocidade Jacarta-Bundung e o caminho de ferro Mombaça-Nairobi. Estes projectos fazem parte de uma vasta rede de transportes que está a ser construída no âmbito da iniciativa BRI, sendo considerados como um “factor de mudança” para os diferentes continentes. “Pela primeira vez na história, foi apresentado um plano sem precedentes para a formação e o desenvolvimento de uma infraestrutura de transportes interligada em todo o continente euro-asiático. A sua implementação abriu verdadeiramente amplas perspectivas para a criação de uma configuração de transportes fundamentalmente nova em toda a vasta extensão do nosso planeta”, disse Saidmukhtar Saidkasimov, antigo vice-primeiro-ministro uzbeque e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Uzbequistão. “A iniciativa IFR liga o passado, o presente e o futuro. Esta iniciativa foi lançada pela China, mas pertence ao mundo e beneficia toda a humanidade”, conclui o livro branco.
Hoje Macau Via do MeioConfúcio na cultura portuguesa – Subsídios para o seu estudo Por António Aresta Estudar sem reflectir é inútil, reflectir sem estudar é perigoso – Confúcio [“Ditos de Confúcio”, tradução de Daniel Carlier, edição Jornal Tribuna de Macau, 2008] I A sabedoria e a ética prática de Confúcio, considerado como o sábio dos sábios, estão presentes na cultura portuguesa, com uma insuspeitada transversalidade, sobretudo desde os alvores do século XVII, entradas pela mão dos jesuítas. A sinologia portuguesa e a sinologia de língua portuguesa , enquanto alargado corpus de conhecimento, não dispõem de um roteiro bibliográfico e historiográfico minimamente actualizado, o que não é muito compreensível se tivermos em conta a sua secular antiguidade. O caso de Confúcio é paradigmático, como se observará nesta breve introdução. Mas é apenas no século XIX que a imprensa periódica, os almanaques, as enciclopédias, os dicionários, os livros escolares ou outras obras de cultura geral espalham urbi et orbi concisos aforismos, um sugestivo cerimonial parenético ou suculentas máximas do pensador chinês, sobre quase todos os assuntos que tocavam a vida humana ou a governança da sociedade e os seus inimigos. Suspeita-se, por vezes, que tudo quanto é atribuído a Confúcio não seja realmente da sua lavra. A analogia com Sócrates , sobretudo com o Sócrates platónico estará sempre presente. Julgo que valeria a pena seguir o rasto da influência das suas ideias e dos seus ensinamentos, isto é, a recepção de Confúcio em Portugal, que continua por fazer, incluindo o inventário da multiplicidade das edições das obras9 firmadas pela multidão dos seus discípulos. Pela literatura de viagens, mas não só, ecoa uma ressonância dos seus pensamentos, de permeio com o fascínio pelo mistério sobre tudo quanto seja oriundo da grande China, que vamos encontrar, por exemplo, em “Algumas Coisas Sabidas da China”, provavelmente de 1562, da autoria de Galiote Pereira, no “Tratado em que se contam muito por extenso as Cousas da China” de Frei Gaspar da Cruz, de 1569 ou na “Relação da Grande Monarquia da China” do jesuíta Álvaro Semedo, escrita em 1637. Sem esquecer Tomé Pires ou Fernão Mendes Pinto. Mas, serão mesmo outras narrativas a terem o monopólio da atenção do público generalista11, sempre atento ao pormenor e às grandes sínteses culturais sobre o extremo oriente e em particular sobre a China. Para as elites, Confúcio chegava em latim mas as polémicas eram servidas na língua francesa. Não é piedoso esconder a fragilidade do pensamento português nesta área particular. Nas querelas entre as ordens religiosas, evidenciam-se conhecimentos e informações muito interessantes e actualizadas : “Os Letrados da China, que são das suas pessoas mais nobres e estimadas, se ajuntam todos os anos nos Equinócios da Primavera e Outono, em uma Aula, que chamam Miao, dedicada ao mesmo Confúcio…”. Até os textos doutrinários faziam questão de evocar os feitos findos, no oriente longínquo, como se pode ler no comunicado aos portugueses, de 24 de Agosto de 1820, difundido pela Junta Provisional do Governo Supremo do Reino : “…espalhando pela Europa, espantada e invejosa, as preciosidades do Oriente e as riquezas de ambos os mundos”. Quarenta anos depois, em 1860, na Apreciação Philosophica dos Descobrimentos Portugueses18, João Félix Pereira traça um severo juízo de valor associando “a mais torpe imoralidade” e a “sede do ouro” como as causas directas para a queda do “império oriental”. (continua) Referências bibliográficas e notas António Aresta, “Confúcio”, Jornal Tribuna de Macau, 22.11.2017. Em diferentes momentos, tenho procurado fazer uma sistematização da história da sinologia portuguesa : António Aresta, “Os Estudos Sínicos no Panorama da História da Educação em Portugal”, Revista Administração,Nº 38, Vol. X, 1997, pp. 1045-1069 .Como esta publicação é bilingue, a tradução chinesa está nas páginas 1177-1192 ; António Aresta, “A Sinologia Portuguesa, um esboço breve”, RC-Revista de Cultura [Instituto Cultural de Macau], Nº 32, II Série, 1997, pp. 9-18. Este estudo foi traduzido para chinês e para inglês, nas respectivas versões da RC-Revista de Cultura ; António Aresta, “A Sinologia”, in Adalberto Dias de Carvalho (coord.), Dicionário de Filosofia da Educação, Porto Editora, 2006, pp. 347-348 ; António Aresta, “Sinologia Portuguesa : Caminhos e Veredas”, in Miguel Castelo-Branco (coord.), Portugal-China . 500 anos, ed. Biblioteca Nacional de Portugal\Babel, Lisboa 2014, pp. 275-279 . Para o caso de Macau, veja-se, Padre Manuel Teixeira, A Imprensa Portuguesa no Extremo Oriente, ed. Notícias de Macau, 1965, 2ª edição, Instituto Cultural de Macau, 1999 ; Daniel Pires, Dicionário Cronológico da Imprensa Periódica de Macau do Século XIX (1822-1900), ed. Instituto Cultural do Governo da R.A.E.Macau, 2015. O Jornal de Bellas Artes ou Mnemósine Lusitana. Redacção Patriótica. O número XXIII, de 1816, contém abundante informação sobre Macau e a China. A Revista Popular. Semanário de Literatura, Sciencia e Industria, cuja Redacção era assegurada por Joaquim Fradesso da Silveira, José Maria Latino Coelho, Francisco Pereira de Almeida e Augusto Gonçalves Lima, publicou no Nº 12 \ 1849, o conto chinês “A Trança do Mandarim”, com evidentes ressonâncias confucianas. Na contemporaneidade, o jornal da Diocese de Macau, O Clarim, não perdia a oportunidade para marcar a sua posição doutrinária. Veja-se o interessante artigo de Tooshar Pandit, “Confúcio e Karl Marx frente a frente”, O Clarim , 14.02.1965. Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro para 1857. Com 410 artigos e 106 gravuras, Lisboa, Typographia Universal, 1856, 391 pp.. Na Encyclopedia Portugueza Illustrada, editada por Lemos & Cª, Successor, Porto, 1900-1909, publicada sob a direcção de Maximiano Lemos, III volume, surge uma informação abrangente sobre Confúcio e o confucionismo, destacando-se a seguinte ideia : “Todo o seu systema repouza sobre os deveres recíprocos dos homens, classificados por elle em relações entre principe e vassalo, pae e filhos, e entre concidadãos. O respeito aos pais, antepassados, ao nome, é o fundamento da família, e estes mesmos princípios aplica elle ao governo”. O Museu Literário, Útil e Divertido, Nº 5, Lisboa, na Impressão Régia, 1833, traz uma “Notícia do Império da China, segundo os mais modernos conhecimentos obtidos na Europa”, pp. 132-135. Os dicionários eram uma importante fonte difusora de cultura, em termos práticos, generalistas e simples. Mas, frequentemente, misturavam os conceitos. Sobre Confúcio e o confucionismo. No Novo Diccionario da Língua Portuguesa, de Eduardo de Faria, Typographia Lisbonense, Lisboa, 1851, 2ª edição, lemos que Confúcio “ensinou uma philosophia toda prática”. Mas no Diccionario Popular (histórico, geográfico, mythologico, biográfico, artístico, bibliográfico e litterario), dirigido por Manoel Pinheiro Chagas, Typographia do Diario Illustrado, 3º volume, Lisboa, 1878, encontramos uma informação com mais detalhe. Confúcio “fundou uma escola meio philosophica, meio política, à qual a China deve essa civilização estacionária que ainda hoje ali impera. Essa escola não tem metaphysica, ocupa-se exclusivamente de economia social e de moral. Muitos consideram Confúcio como legislador, não o foi, foi apenas um philosopho e um moralista, mas a legislação chinesa toda se deriva da escola e do ensino de Confúcio, e foi ele que lhe deu a sua originalidade e o seu caracter imóvel”. A título de exemplo, João Felix Pereira, Compendio de Geographia, para uso da instrucção secundária, edição do autor, 10ª edição, Lisboa, 1877 : “O grande philosopho Confucius foi contemporaneo de Salomão : seos escritos encerrão verdades mais sublimes do que as da philosophia de Pythagoras, Socrates e Platão”. E continua : “Debaixo do ponto de vista moral, diz-se, que os chins possuem as virtudes e os vícios do escravo, do fabricante e do negociante : reina um systema de tyrannia e de opressão, desde o soberano até ao rústico. As várias classes de mandarins não são melhores do que escravos de graduação superior, os quaes, por sua vez, oprimem, cruelmente o povo”, pp. 245 e 247. Ainda outro exemplo : Alberto Pimentel, Album de Ensino Universal. Livro de Instrução Popular, Lisboa, Officina Typographica de J. A. de Matos, 1879. Nas páginas 177\178, encontramos esta informação : “Religião de Confúcio : consiste num panteísmo filosófico e tem por chefe o imperador da China. É a religião dos homens letrados da China, de Annam e do Japão”. Historia Universal. Primeira Parte. História Antiga, escrita em Francez pelo Abbade Millot e traduzida em Vulgar por J. J. B., Professor no Real Collegio de Alcobaça, 2ª edição, correcta e aumentada, Tomo Primeiro, Lisboa, na Typographia Rollandiana, 1801, 383 pp.. Sobre a China, pp. 90-98. A Confúcio, para além de divulgar algumas máximas, apresenta esta síntese : “A sua Filosofia consistia menos na especulação, do que na prática ; razão porque deitou mais depressa Sábios, que Discursistas”, p. 97 ; Damião António de Lemos Faria e Castro, História Geral de Portugal e suas Conquistas, oferecida à Raínha Nossa Senhora D. Maria I, Lisboa, Na Typographia Rollandiana, Tomo XI, 1788. As informações sobre a China e sobre Confúcio, pp. 147-161. Algumas traduções : Os Analectos, tradução de Maria de Fátima Tomás, Publicações Europa-América, 1982, 127 pp. ; Quadras de Lu e Relação Auxiliar, tradução e notas de Joaquim Guerra SJ, Edição Jesuítas Portugueses, Macau, 1981\1983, 5 volumes ; Quadrivolume de Confúcio, tradução e notas de Joaquim Guerra SJ, Edição Jesuítas Portugueses, Macau, 1990, 615 pp. ; Conversações, M. Gonçalves de Azevedo, Ed. Estampa, 1991, 196 pp. ; Ditos de Confúcio, tradução de Daniel J.L. Carlier, edição Jornal Tribuna de Macau, 2008, 119 pp. ; As Quatro Obras : Discurso e Diálogo ; Suprema Educação ; Meio Constante, tradução do chinês , introdução e notas de Luís Gonzaga Gomes, Macau, Imprensa Nacional, 1945, 248 pp. Na edição contemporânea de 1994, anotada e traduzida do italiano por Luís Gonzaga Gomes, com prefácios de Maria Edith da Silva, António Rodrigues Júnior e António Aresta, coeditada pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude\Fundação Macau, esta referência a Confúcio é significativa: “Este homem caiu, a todos os respeitos, nos tempos subsequentes, em tanta graça e apreço dos chineses e tão grande crédito alcançaram os livros que compôs e os ditos e as sentenças por ele deixados, que não somente o tem por santo, mestre e doutor do reino com o que dele se cita é estimado como coisa sagrada, além de existir, em todas as cidades do reino, templos, públicos, onde é reverenciado, com muitas cerimónias em dias marcados e, nos anos dos exames, uma das principais cerimónias é irem os novos graduados todos juntos prestar-lhe reverência e reconhecê-lo por mestre”, p. 103. Eduardo Fernandes (Esculapio), Dois Anos de Troça. Gazetilhas publicadas em O Século (94-95). Revistas pelo autor e prefaciadas por António Campos Júnior, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1900, pp. 102 e 103. Fialho d’Almeida, Pasquinadas : Jornal d’um Vagabundo, Porto, Livraria Civilização, 1890, pp. 238-244 : “O sr. Coelho de Carvalho, que enviou da China a Cesário Verde o seu retrato de mandarim…”, com a explicação minuciosa das insígnias mandarínicas ; Alberto d’Oliveira, Pombos-Correios (Notas Quotidianas), Coimbra, França Amado Editor, 1913, p. 321 : “A nova China, ainda antes de nos mostrar que tem cabeça, anuncia-nos solenemente que já tem chapéu. Mudar de fato pareceu-lhe tão urgente como mudar de regímen”. Gomes Leal , A Morte do Rei Humberto e os Críticos do ‘Fim d’um Mundo’, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1900, p. 17 : “A China, a remota pátria dos mandarins e das sedas magníficas, dos xarões raros, e das pedrarias fabulosas, como visões de ópio, não quer ceder nenhuma das suas prerrogativas, nem ceder mais território algum à cobiça do comércio europeu ?…Salafrários, chatins, safardanas, sarrafacais !… Desprezam, pois, estes letrados mariolas sábios, com uma teimosia revoltante de povos inferiores, habituados a uma hedionda rotina, herdada de Confúcio, toda a luz benéfica e imaterial dos povos civilizados do Ocidente, que tanto benefício levaram à velha Índia, que ela está hoje morrendo de fome, de peste, de anemia….e da alegria espiritual e ferruginosa da civilização !…. Não se pode ser mais bárbaro !…. Há enfim só uma frase : – é chinês !”. Carlos José Caldeira, Apontamentos d’uma Viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa, Lisboa, Typographia de Castro & Irmão, 1852\3 ; Gregório Ribeiro, De Macau a Fuchau. Cartas a J.M. Pereira Rodrigues, Lisboa, Typographia Universal, 1866 ; Conde de Arnoso, Jornadas pelo Mundo : em caminho de Pekim, Porto, Magalhães & Moniz, 1895 ; Adolfo Loureiro, No Oriente. De Nápoles à China, Lisboa, Imprensa Nacional, 1896\7 ; José Morais Palha, Esboço Crítico da Civilização Chinesa, Macau, Typographia Mercantil, 1912 ; Alberto de Carvalho, Reminiscências do Oriente : apontamentos de viagem, Lisboa, Tipografia da Cooperativa Militar, 1914. CONFUCIUS sinarum Philosophus sive scientia sinensis latine exposita, Ludovici Magni, Pariis, MDCLXXXVII, 563 pp. ; Ad Virum Nobilem, de cultu CONFUCII Philosophi et Progenitorum apud Sinas, Antverpiae, MDCC, 57 pp. ; Vera Sinensium Sententia de tabela Confucio &progenitoribus inscripta, cum ulteriore expositione & informatione de factis sinensibus controversis secundum PP. Societatis Jesu adversus novam allegationem textum Sinicorum factam presertim extractatibus PP. FF. Dominici Navarrette & Francisci Varo Dominicanorum, Anno MDCC, 468 pp. Apologie des Dominicains Missionnaires de la Chine ou Reponse au livre du Père Le Tellier jesuite, intitulé, Défense des Nouveaux Chrétiens ; Et à L’éclaircissement Du P. Le Gobien de la même Compagnie, Sur des honneurs que les chinois rendent à Confucius et aux Morts. Par un Religieux Docteur et Professeur de Theologie de L’Ordre de S. Dominique. Tome Premier. À Cologne. Chez Les Heritiers de Corneille d’Egmond, MDCC, 392 pp. ; Relation du voyage fait à la Chine sur le vaisseau l’Amphitrite, en l’année 1698. Par le sieur Gio Ghirardini, peintre italien. A monseigneur le duc de Nevers, MDCC, 237 pp. Esta obra termina com uma “Lettre du Roy de Portugal au Cardinal Barberin Protecteur de cette Couronne”, datada de Lisboa, em 1699. Surpreendente é esta obra , L’Espion Chinois ou L’Envoyé Secret de la Cour de Pékin pour Examiner L’État Présent de L’Europe. Traduit du chinois, A Cologne, MDCCLXXXIII, em seis volumes. Obra sem menção de autor. O sexto volume contem abundantes referências a Portugal. Resposta Compulsória à Carta Exhortativa, para que se retrate o seu Author das Calumnias que proferio contra os Reverendissimos Padres da Companhia de Jesus da Provincia de Portugal. E lhe dedica Francisco de Pina e de Mello, Moço Fidalgo da Casa Real e Academico da Academia Real de Historia Portugueza, Monte mor o Velho, a 26 de Junho de 1755, p. 60. No ano seguinte, este mesmo autor publica o Triumpho da Religião. Poema Épico-Polémico que À Sua Santidade do Papa Benedicto XIV dedica Francisco de Pina e de Mello, Moço Fidalgo da Casa de Sua Magestade e Academico da Academia Real da Historia Portugueza, Coimbra, na Officina de Antonio Simoens Ferreyra, Impressor da Universidade, Anno de 1756, 426 pp. Collecção Geral e Curiosa de Todos os Documentos Officiais e Historicos Publicados por Ocasião da Regeneração de Portugal, desde 24 de Agosto, Lisboa, Typographia Rollandiana, 1820. Lisboa, 1860, Typ. de José da Costa, p. 60.
Hoje Macau EventosGastronomia | “Noites Macaenses” no Grand Lapa até dia 26 O empreendimento hoteleiro Artyzen Grand Lapa promove, no Café Bela Vista, até 26 de Outubro, um menu especial de comida macaense. As “Noites Macaenses” [Macanese Nights] acontecem todas as terças e quintas-feiras, servindo pratos como “Galinha Chau Chau Parida”, “Diabo”, “Caril de Nabo com Camarão”, “Minchi com Orelha de Rato” e “Baji”, entre outros. Os pratos serão preparados pela chefe de cozinha macaense Antonieta Manhão, mais conhecida como Neta, e o chefe residente do Café Bela Vista, Pedro Santos do Carmo. Segundo um comunicado do Grand Lapa, “Noites Macaenses” não se trata apenas de uma “experiência de jantar”, mas também de “uma celebração cultural cativante do rico património culinário da cidade – uma tradição que existe em Macau há mais de 400 anos”. Citado pelo mesmo comunicado, Rutger Verschuren, vice-presidente da área de operações de Macau do grupo Artyzen e director-geral do Artyzen Grand Lapa, disse que este evento “não só representa a nossa dedicação em proporcionar experiências únicas e culturalmente ricas aos nossos hóspedes, mas também reforça o nosso forte empenho na preservação do património culinário de Macau”. Antonieta Manhão frisou ser “uma honra” participar “neste projecto fantástico”. “Espero recordar ao público a verdadeira cozinha familiar macaense e mantê-la para as gerações mais jovens”, disse ainda. Um dos pratos incluídos neste menu especial, a “Galinha Chau Chau Parida”, é “um clássico macaense que combina uma suculenta galinha com uma mistura de especiarias perfumadas, criando uma sinfonia de sabores que encapsulam a herança culinária de Macau”. O prato nasceu de uma “antiga receita de família que tem origens nas crenças portuguesas”, pois acredita-se que “os ingredientes deste prato ajudam as novas mães a recuperar as suas forças após o parto, proporcionando uma recuperação mais rápida”, conta a chefe.
Hoje Macau SociedadeCrédito | Associação de Bancos prolonga suspensão de pagamento A Associação de Bancos de Macau revelou que irá prolongar por mais um ano a medida de suspensão de pagamento do crédito, limitando-se a cobrar o valor dos juros. A novidade foi avançada através de um comunicado. Inicialmente estava previsto que a medida expirasse no final deste ano, prazo a partir do qual os devedores tinham de pagar os juros dos empréstimos e também o montante principal. Contudo, com esta medida, podem continuar durante mais um ano a pagar apenas os juros. Segundo a associação, para esta decisão foram ponderados muitos factores como o impacto da pandemia junto dos comerciantes e dos residentes. Os destinatários da medida são essencialmente os residentes que pagam as prestações mensais da hipoteca da casa e os proprietários de empresas médias e pequenas.
Hoje Macau SociedadeDST | Visitantes internacionais são 5% do total de turistas Apesar do fim das medidas isolamento internacional e das campanhas para atrair visitantes estrangeiros, o número de turistas provenientes de destinos internacionais ainda não recuperou para os níveis pré-pandemia. O cenário foi reconhecido pela directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, que foi citada pelo canal chinês da Rádio Macau. Segundo a responsável pela pasta do turismo, desde Junho que o território recebe cerca de 120 mil turistas internacionais todos os meses, o que corresponde a cerca de cinco por cento de todas as entradas de visitantes. No entanto, o número é cerca de metade do que acontecia antes da pandemia, quando os visitantes eram cerca de 10 por cento de todos os turistas. Apesar da diferença, Maria Helena de Senna Fernandes mostrou-se confiante na recuperação e apontou que “a nível global” o tráfego de passageiros ainda está em recuperação e que as ligações áreas estão longe da disponibilidade pré-pandémica. A dirigente também concluiu que, até agora, a recuperação do turismo de Macau tem sido “boa” e que a DST está empenhada em desenvolver mais produtos turísticos, para que os estrangeiros visitem as cidades da Grande Baía, com a entrada através de Macau ou Hong Kong. Este é um produto para excursões vindas de fora ao abrigo de um programa que permite circular com um visto de seis dias nas cidades da Grande Baía.
Hoje Macau SociedadeDesporto | Morreu Charles Lo Keng Chio Charles Lo Keng Chio, presidente da Comissão Executiva do Comité Olímpico e Desportivo de Macau, morreu na tarde de terça-feira, de acordo com uma notícia publicada em língua chinesa na Macao Sports Weekly. As causas da morte não foram anunciadas. Além de presidente da comissão executiva no comité de Macau, Charles Lo tinha também lugar no Conselho Olímpico da Ásia, desde 2011, assumindo actualmente as funções de presidente do Comité dos Média. Descendente da família do empresário Lou Kau, responsável pela construção do Jardim de Lou Lim Ioc, Charles Lo Keng Chio fazia ainda parte da Mesa da Assembleia da CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau, cujo mandato se prolongava até 2026. Entre os cargos públicos que assumiu destaca-se também a passagem como membro do Conselho Fiscal do Centro de Ciência de Macau.
Hoje Macau EventosLisboa | Temporada Música em S. Roque abre sexta-feira e prevê estreia de peça de Samuel Gapp A Temporada Música em S. Roque começa na próxima sexta-feira, em Lisboa, estando prevista a estreia de uma peça de Samuel Gapp, e a primeira audição moderna das “Missas Românticas” de Francisco Xavier Migone e Santos Pinto. Os concertos desta 35.ª Temporada, sob a coordenação artística de Leonor Azêdo, realizam-se nas igrejas de S. Roque e do Convento de S. Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, em Lisboa. Até 10 de novembro, estão previstos dez concertos sob o mote “Um diálogo entre a história e a palavra”. O primeiro, na próxima sexta-feira, às 21:00, é protagonizado pelo Coro Gulbenkian, sob a direção da maestrina Inês Tavares Lopes. Realiza-se na igreja de S. Roque e evoca os 400 anos da morte do compositor renascentista inglês William Byrd. O programa, além de obras de Byrd, como “Laudibus in Sanctis”, inclui peças de Heinrich Schültz, Paul Smith e John Sheppard. O cartaz da Temporada inclui, entre outros, os ensembles Bonne Corde, MPMP, Ludovice e o ‘consort’ Sete Lágrimas que apresenta, no dia 04 de novembro, em S. Pedro de Alcântara, o projeto “Loa”, baseado na obra de André Dias de Escobar, nomeadamente as “Laudas e cantigas spirituaes, e orações contemplativas” (1493). Na próxima segunda-feira, às 16:30, no Convento de S. Pedro de Alcântara, o Ensemble Bonne Corde, dirigido por Diana Vinagre (violoncelo barroco) e constituído ainda por Ana Quintans (soprano), Marta Vicente (contrabaixo barroco) e Fernando Miguel Jalôto (órgão) apresenta “Tenebrae/Lamentações para a Semana Santa”, do flamengo Joseph-Hector Fiocco, resultado de uma investigação de Diana Vinagre na Biblioteca do Real Conservatório de Antuérpia, na Bélgica. A 20 de outubro, o concerto em S. Roque é protagonizado pelo Ensemble MPMP que estreia a obra “Tão fundo o íntimo rumor”, de Samuel Gapp, que venceu o Prémio Musa 2022. Esta edição do prémio foi promovida pelo Movimento Patrimonial da Música Portuguesa (MPMP), visou uma composição contemporânea de tradição erudita ocidental e estimular e promover a língua portuguesa como veículo expressivo. O programa assinala ainda a estreia moderna das “Missas Românticas”, de Francisco Xavier Migone e Santos Pinto. “Neste contexto, a obra funcionará como ponte entre as duas missas programadas e partirá da experiência das características acústicas e circunstanciais do espaço de São Roque”, explicou à agência Lusa a organização. O compositor Samuel Gapp iniciou aos oito anos a sua formação musical, na classe de piano. Prosseguiu os estudos na Escola Superior de Música de Lisboa, e na Hochschule für Musik und Tanz (escola superior de Música e Dança) de Colónia, na Alemanha. Dia 22, às 16:30, o Ensemble D. João V, na igreja do Convento de S. Pedro de Alcântara, apresenta o programa “Joias do Barroco”, composto por obras dos compositores portugueses Carlos Seixas, Pedro António Avondano e do italiano Antonio Vivaldi. O ensemble tem uma formação irregular, de acordo com o programa que interpreta. Neste concerto apresenta-se com os músicos Sandra Medeiros (soprano), Terra Shimizu e Miguel Simões (violino), Álvaro Pinto (viola d’arco), Duncan Fox (violone) e Cândida Matos (cravo). No dia 27 de outubro, às 21:00, em S. Roque, o concerto pelos Avres Serva, celebra os 700 anos sobre a primeira referência à cátedra de Música da Universidade de Coimbra, interpretando algumas das obras de José dos Santos Maurício e de Francisco de Paula e Azevedo. O concerto intitula-se “A música em Coimbra no início do século XIX”. No dia 29, às 16:30, em S. Pedro de Alcântara, o Grupo Vocal Olissipo apresenta “In Tenebris”, cujo programa inclui o Requiem, de Estêvão de Brito, e peças de outros compositores com actividade entre finais do século XVI e princípios do século XVII, como Duarte Lobo, João Gomes, Filipe de Magalhães e Francisco Martins. Os Olissipo são constituído pelo barítono Armando Possante, que também dirige, a soprano Cecília Rodrigues, a meio-soprano Lucinda Gerhardt, e o tenor Carlos Monteiro. O grupo foi criado em 1988, e o seu repertório abrange compositores desde a Idade Média à Contemporaneidade. A Temporada em S. Roque abre o mês de novembro com música sacra, no dia 03, em S. Roque. O programa inclui a Missa de Manuel Cardoso (1566-1650), os cantos compostos para a celebração de Quarta-Feira de Cinzas, do calendário católico, encontrados no Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e motetes de Filipe de Magalhães (1571-1652) e Vicente Lusitano (1520-1561), pelos Capella Durensis, sob a direção musical do maestro Jonathan Ayerst. O Ludovice Ensemble, no dia 05 de novembro, às 16:30, em S. Pedro de Alcântara, apresenta o programa “A Música na Igreja de Santo António dos Portugueses em Roma”, constituído por obras de Giovanni Pietro Franchi, um programa que resulta da investigação da musicóloga Cristina Fernandes e do músico Fernando Miguel Jalôto, que apresentam uma palestra antes do início do concerto. Os solistas da Orquestra Barroca da Casa da Música encerram a Temporada, no dia 10 de novembro, às 21:00, na igreja de S. Roque, com a interpretação de “As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz”, de Joseph Haydn. O programa inclui a leitura de excertos bíblicos e textos selecionados pelo encenador Nuno Carinhas e lidos pela atriz Sara Carinhas. Paralelamente à programação musical, realiza-se, de 17 de outubro a 7 de novembro, o ciclo de sessões de apreciação musical “Ouvidos Para a Música”, da responsabilidade do maestro Martim Sousa Tavares, que será “transmitido apenas em formato ‘online’ e pretende contribuir para uma melhor aproximação do público à música clássica”, afirma a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), que organiza a Temporada com o “objetivo de reforçar” a sua política “de apoiar a cultura musical de matriz portuguesa, divulgando, em simultâneo, o seu património histórico e artístico”. A 35.ª Temporada de Música em S. Roque é coordenada artisticamente por Leonor Azêdo, mestre em Ciências Musicais, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Leonor Azêdo iniciou o percurso profissional na Orquestra Chinesa de Macau, em 2013, no contexto da sua tese de mestrado “Nós somos o Estado e o Estado é o território”. Em 2016 regressou a Lisboa para trabalhar como arquivista e produtora da Orquestra Gulbenkian. De igual forma exerceu as funções de arquivo e de produção na Orquestra Estágio Gulbenkian, em 2018 e 2019, sob a direção artística da maestrina Joana Carneiro. A partir de 2019 desenvolveu a sua atividade profissional como produtora, diretora de cena e assistente de ‘manager’ de orquestra, tendo colaborado com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém. Nos últimos anos colaborou de forma regular com a Orquestra XXI e foi responsável pelo setor da Comunicação e Relações Externas da Orquestra Sem Fronteiras (2020-2022). Mais recentemente exerceu funções na área de produção, de arquivo musical e de ‘artistic management’ em Portugal. É arquivista musical do Verbier Festival. Atualmente trabalha como “tour manager” e coordenadora das audições na Orquestra Jovem Gustav Mahler. A Temporada Música em S. Roque estima que assistiram aos concertos, “quase sempre esgotados”, cerca de 2.000 pessoas, “excluindo as transmissões ‘online’”, disse à Lusa fonte oficial da SCML.
Hoje Macau Manchete SociedadeMP | Procurador-adjunto acusado de mudar rumo de investigações O procurador-adjunto Kong Chi está acusado de arquivar casos, ignorar provas e desviar o rumo das investigações em dezenas de casos criminais, segundo apurou ontem o canal Macau da TDM, que teve acesso ao despacho de acusação produzido pelo Ministério Público (MP), organismo a que pertencia o principal arguido de um processo que volta a incidir sobre o aparelho judicial da RAEM. Segundo a mesma fonte, Kong Chi terá partilhado informações confidenciais com suspeitos mesmo em casos que não eram dele, usando outros funcionários para isso, através de informações obtidas informalmente. Em troca, o procurador-adjunto receberia subornos através de um grupo criminoso que alegadamente liderava. Kong Chi está formalmente acusado dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, violação de segredo de justiça e prevaricação. Na altura em que foi o MP divulgou o processo, cujo julgamento começa na próxima sexta-feira, foi revelado que “na associação criminosa” estariam alegadamente envolvidos “um advogado de apelido Kuan e dois arguidos de apelidos Choi e Ng”. Segundo o HM apurou na altura, “o advogado”, trata-se de uma advogada: Kuan Hoi Lon. A causídica ligada ao escritório K.N.L. está suspensa pela Associação dos Advogados desde o início de Agosto, tendo inclusive deixado de aparecer nas pesquisas no portal da associação. Foram emitidos também mandados de detenção para os quatro arguidos, e, de acordo com o Jornal Ou Mun, todos estão detidos preventivamente na Prisão de Coloane.
Hoje Macau China / ÁsiaBorrell convida MNE israelita e palestiniano para reunião extraordinária O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) convidou os seus homólogos israelita e palestiniano para participarem na reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) dos 27, convocada após o ataque do grupo islâmico palestiniano Hamas contra Israel. O anúncio foi feito pelo Alto Representante para a Política Externa da UE, Josep Borrell, que convocou uma reunião extraordinária e informal, que decorrerá num formato híbrido — presencial e virtual — em Mascate, Omã, com a participação dos MNE israelita, Eli Cohen, e palestiniano, Riyad al-Maliki. Também na rede social X (antigo Twitter), Borrell divulgou ter telefonado ao MNE iraniano, Hosein Amir Abdolahian, para reiterar “a mais forte condenação dos ataques brutais do Hamas contra Israel”. “Nada pode justificar actos de terror tão desprezíveis e nada pode justificar o apoio a estes”, escreveu ainda Borrell, que se encontra na capital de Omã para uma reunião entre a UE e o Conselho de Cooperação do Golfo. As autoridades israelitas confirmaram mais de 900 mortos e 2.700 feridos desde o início da ofensiva do Hamas, lançada no sábado e apoiada pelo grupo Jihad Islâmica, enquanto mais de 680 palestinianos morreram e 3.700 ficaram feridos na sequência de bombardeamentos e ataques de Israel contra a Faixa de Gaza, aos quais se somam mais de 15 em operações e confrontos com forças israelitas na Cisjordânia ocupada. Irão afasta rumores O ‘ayatollah’ Ali Khamenei, a autoridade máxima do Irão, negou ontem que o seu país tenha estado por trás do ataque lançado no sábado pelo Hamas contra Israel, mas reforçou o apoio iraniano aos palestinianos. “Apoiantes do regime sionista e outros têm espalhado rumores nos últimos dois, três dias, incluindo que o Irão estaria por trás desta acção. Estes rumores são falsos”, disse o ayatollah Khamenei num discurso numa academia militar. Outras autoridades iranianas já haviam rejeitado na segunda-feira as acusações de envolvimento iraniano na preparação do ataque do Hamas, um movimento que Teerão defende abertamente há muitos anos, mesmo que as suas relações tenham vivido altos e baixos. Khamenei declarou ainda que Israel “sofreu um fracasso irreparável nos campos militar e de informação” após esta ofensiva do movimento palestiniano. “Insisto no termo ‘irreparável’”, acrescentou o líder iraniano. “É evidente que defendemos a Palestina, defendemos as suas lutas. Beijamos os rostos e os braços dos promotores [do ataque] e dos corajosos jovens palestinianos. Mas aqueles que dizem que o trabalho foi realizado por não palestinianos, “não conhecem a nação palestiniana e estão a cometer um erro”, acrescentou. “É claro que todo o mundo muçulmano é obrigado a apoiar os palestinianos”, segundo o líder supremo do Irão.
Hoje Macau China / ÁsiaMyanmar | Pelo menos 29 mortos em ataque a campo de deslocados As vítimas do ataque no estado de Kachin incluem crianças, segundo os meios de comunicação social e activistas locais. O alegado ataque da junta militar resultou na morte de, pelo menos, 29 pessoas no estado de Kachin, junto à fronteira com a China Pelo menos 29 pessoas, incluindo crianças, foram mortas num ataque a um campo de deslocados no estado de Kachin, no Myanmar, segundo a imprensa e dois activistas locais. O ataque terá acontecido por volta das 23h30 de segunda-feira à em Kachin, o estado mais à norte. Imagens não verificadas nas redes sociais mostram homens a transportar vítimas, incluindo uma criança pequena, dos escombros na escuridão. A Organização Nacional Kachin (KIO), um grupo político que há muito procura uma maior autonomia para a minoria étnica de Kachin, afirmou que 29 pessoas foram mortas e 57 ficaram feridas. Entre elas, 11 crianças com menos de 16 anos. O ataque foi efectuado por artilharia pesada e não por um ataque aéreo, como alguns tinham sugerido anteriormente. As estimativas do número de mortos têm variado. Um activista Kachin baseado em Laiza, que falou sob anonimato, disse anteriormente ao jornal The Guardian que 33 pessoas tinham sido mortas, incluindo 13 crianças. Um bebé de três meses estava entre as vítimas, disse ela. Acrescentou que o número de mortos poderia aumentar ainda mais porque o campo cobria uma grande área e os voluntários ainda estavam a recuperar corpos. As casas dos campos foram construídas nas montanhas, acrescentou, e por isso ficaram enterradas debaixo do solo. “As casas do campo estão muito próximas umas das outras, pelo que a situação está totalmente desorganizada”, disse, acrescentando que o ataque foi apenas o último dos “actos desumanos” dos militares.”Há muitos casos como este. Este não é o único caso”, afirmou. O ataque teve lugar no campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet, a poucos quilómetros de uma base militar gerida pelo Exército da Independência de Kachin (KIA), a ala militar da KIO e um dos muitos grupos que lutam contra a junta militar de Myanmar, que tomou o poder em 2021 Impossível encarar A zona, perto da fronteira com a China, tem sido palco de frequentes confrontos armados nos últimos meses. A ONU alertou para o acesso limitado da ajuda humanitária no estado de Kachin e em muitas outras zonas do país, descrevendo um nível de necessidade terrível. Um segundo activista Kachin baseado em Laiza, que falou com o The Guardian a partir de um hospital que trata os feridos, disse: “Todo o quarteirão do campo desapareceu. É como se um grande buraco tivesse sido deixado na terra e as casas tivessem sido destruídas. A minha casa fica a cerca de seis quilómetros do campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet. Mas a minha casa também estava a tremer. Os tectos e as portas das casas em Laiza desabaram”. Na altura em que deu o seu testemunho, o activista estava no hospital a ajudar os médicos com a logística, mas disse que não conseguia olhar para as vítimas. “Não me posso emocionar porque tenho de continuar a trabalhar”, disse. “Vi três crianças pequenas que perderam as mães. Não me atrevo a olhar para as crianças”. Mistérios da vida O general Zaw Min Tun, porta-voz da junta, negou a responsabilidade dos militares. Disse à televisão controlada pelos militares que a junta tinha analisado o incidente e acreditava que a explosão tinha sido causada por bombas que tinham sido armazenadas pelo KIA. Os militares têm sido frequentemente acusados de atacar sítios civis, incluindo hospitais, escolas, locais religiosos e casas de civis. No ano passado, os militares mataram 60 pessoas, incluindo músicos e crianças, num ataque aéreo que teve como alvo um concerto em Kachin. O ataque ocorreu no mesmo dia em que o embaixador de Myanmar nas Nações Unidas, Kyaw Moe Tun, disse a uma comissão da ONU que, desde o golpe, os militares importaram mais de mil milhões de dólares em armas e matérias-primas para uma “política de terra queimada que assassinou mais de 4.000 civis, incluindo mulheres e crianças, deslocou à força cerca de 2 milhões de pessoas e destruiu ou queimou mais de 75.000 casas”. Kyaw Moe Tun – que se manteve leal ao governo civil e não representa a junta – citou dados de investigadores que indicam que houve uma média de 30 ataques aéreos por mês em Myanmar de Janeiro a Junho deste ano, e instou os Estados-Membros e o Conselho de Segurança a imporem embargos de armas abrangentes contra os militares. Desde que tomaram o poder em Fevereiro de 2021, os militares têm enfrentado a oposição determinada de uma resistência armada, que inclui tanto grupos armados que se formaram após o golpe, como grupos armados maiores e estabelecidos, como o KIA. O KIA ofereceu refúgio a manifestantes, políticos e outras pessoas que fugiam dos abusos militares e treinou combatentes de grupos mais recentes que se opõem ao golpe. O campo de deslocados internos de Mung Lai Hkyet foi criado em 2011, quando o acordo de cessar-fogo entre o KIA e os militares se desmoronou. No entanto, desde o golpe de Estado, o campo tem aumentado à medida que um número crescente de pessoas tem sido deslocado e alberga cerca de 850 pessoas. O conflito obrigou 2 milhões de pessoas a fugir das suas casas, um número sem precedentes no país, segundo a ONU, provocou o aumento da pobreza e o colapso dos serviços de educação e de saúde. Segundo um relatório da ONU publicado no início deste ano, a Rússia e a China são os principais fornecedores de sistemas de armamento avançados aos militares de Myanmar.
Hoje Macau China / ÁsiaImobiliário | Country Garden admite que pode entrar em incumprimento A Country Garden, uma das maiores construtoras da China, anunciou ontem que poderá não conseguir pagar todos os empréstimos que contraiu, numa altura em que o sector imobiliário chinês enfrenta uma grave crise de liquidez A construtora, até há pouco considerada financeiramente saudável, foi apanhada nos últimos meses pela crise no imobiliário na China, que ameaça agora a sobrevivência de várias empresas do sector. Uma entrada em incumprimento seria catastrófica para este sector-chave da economia chinesa, que representa um quarto do produto interno bruto (PIB) do país. A empresa, que já esteve formalmente em risco de incumprimento em Setembro, acabou por conseguir reembolsar 22,5 milhões de dólares referentes a duas obrigações emitidas nos mercados internacionais (‘offshore’), no limite de uma prorrogação de 30 dias. O grupo, que negociou então com os credores novos prazos para o pagamento de vários empréstimos, devia ter efectuado um reembolso referente a uma obrigação na segunda-feira, mas não conseguiu efectuar o pagamento, no valor de 470 milhões de dólares de Hong Kong. O grupo dispõe agora de um período de carência de 30 dias para evitar entrar em incumprimento. No entanto, a Country Garden admitiu “não poder honrar todos os reembolsos das suas obrigações junto dos investidores estrangeiros”. “Um incumprimento podia levar os credores em causa a exigir uma aceleração” dos reembolsos que lhes são devidos ou a iniciar um processo judicial, advertiu o grupo. A empresa pediu paciência aos investidores e disse que está a “avaliar as dificuldades actuais”. Do majongue ao dominó A Country Garden disse ter contratado consultores financeiros “para avaliar a estrutura de capital e a liquidez” das filiais. “A empresa pretende continuar a cooperar e a dialogar com todos os credores para chegar a uma solução realista o mais rapidamente possível”, referiu o comunicado. Um eventual incumprimento ia provocar ondas de choque nos mercados e agravar a crise no sector imobiliário chinês e o abrandamento da economia da China. No final de 2022, a Country Garden tinha uma dívida avaliada em 180 mil milhões de euros. No final de Junho, a empresa dispunha de 147,9 mil milhões de yuan em caixa, destinados sobretudo a concluir habitações já pagas pelos proprietários antes mesmo de serem construídas. A Country Garden “não dispõe de fontes de tesouraria suficientes” para fazer face aos pagamentos futuros, afirmou, no mês passado, a agência de notação financeira Moody’s. A agência baixou o ‘rating’ do grupo em três níveis, para “Ca”, sinónimo de “em incumprimento, com alguma esperança de recuperação”. Há muito que os grupos imobiliários chineses recorrem a pré-vendas como modelo de financiamento. Em 2021, no entanto, os reguladores chineses restringiram o acesso do sector ao crédito bancário, suscitando uma crise de liquidez. Uma das maiores construturas do país, o Grupo Evergrande, não resistiu. Dezenas de outros grupos estão a negociar a restruturação das dívidas. A Country Garden tem quatro vezes mais terrenos para construção do que o grupo Evergrande, cujo incumprimento em 2021 provocou protestos dos compradores, alguns dos quais se recusaram posteriormente a pagar as prestações mensais. Na terça-feira da semana passada, a Country Garden afirmou que a “prioridade operacional (…) é assegurar a entrega” de casas. Qualquer paragem na construção pode suscitar instabilidade social. A China tem já um grande número de construções inacabadas. Outro construtor chinês sobre-endividado, o grupo Kaisa, admitiu ontem numa audiência em Hong Kong que está “insolvente em termos de liquidez”, depois de não ter conseguido pagar as dívidas em 2021.
Hoje Macau China / ÁsiaFaixa e Rota | Iniciativa apontada como modelo alternativo de desenvolvimento O Governo chinês enalteceu ontem a Iniciativa Faixa e Rota, que celebra este mês dez anos, como um modelo alternativo de desenvolvimento económico que foge “à velha mentalidade dos jogos geopolíticos” “Nos últimos 10 anos, os resultados frutíferos e o crescente círculo de amigos que integram a Faixa e Rota provam plenamente que a iniciativa não se envolve num círculo fechado e estreito, transcende a velha mentalidade dos jogos geopolíticos e cria um novo paradigma de cooperação internacional”, disse Li Kexin, director do ministério dos Negócios Estrangeiros para os assuntos económicos internacionais, na apresentação de um relatório sobre o programa. Designado pelo líder chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa. Segundo dados da AidData, unidade de pesquisa sobre financiamento internacional, com sede nos Estados Unidos, nos primeiros cinco anos desde o seu lançamento (2013-2017), a China financiou, em média, 83,5 mil milhões de dólares (79,3 mil milhões de euros) por ano em projectos de desenvolvimento no estrangeiro, cimentando a liderança do país como principal financiador internacional. O aumento líquido, de 31,3 mil milhões de dólares (21,7 mil milhões de euros) por ano, em relação aos cinco anos anteriores (2008-2012), é equivalente ao financiamento anual médio dos Estados Unidos, que ocupam a segunda posição, no período 2013-2017. A Faixa e Rota foi acompanhada também pela fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional. Desde que foi lançada, a iniciativa apoiou projectos desenvolvidos principalmente por empresas de construção chinesas e financiados por empréstimos concedidos por bancos de desenvolvimento chineses. O objectivo oficial é impulsionar o comércio e o investimento e melhorar as ligações entre a China e o resto do mundo. Os analistas atribuem ao programa o mérito de ter canalizado fundos necessários para os países pobres, mas dizem que houve efeitos negativos. Estado líquido Um estudo divulgado na segunda-feira pelo Centro de Políticas de Desenvolvimento Global da Universidade de Boston observou que a China “adicionou um Banco Mundial ao mundo em desenvolvimento”. “Isso não é pouca coisa e é muito apreciado pelos países em desenvolvimento”, disse Kevin Gallagher, diretor do centro. Mas o mesmo estudo referiu que muitos beneficiários de empréstimos chineses estão agora a sofrer com excesso de endividamento e falta de liquidez. Além disso, centrais eléctricas financiadas pela China estão a emitir cerca de 245 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, aumentando as emissões de gases com efeito de estufa que alteram o clima. Gallagher notou que a iniciativa mudou para um novo paradigma, apelidado de “pequeno e belo”, que favorece projectos mais pequenos e energias renováveis. O volume dos empréstimos chineses para o desenvolvimento diminuiu nos últimos anos, em parte porque a China aprendeu com as crises de dívida em vários países e também porque tem menos dinheiro para emprestar à medida que a sua própria economia abranda. Cong Liang, um alto funcionário da principal agência de planeamento da China, disse durante a divulgação do relatório sobre a iniciativa que o país vai aderir ao “princípio da dívida sustentável” e trabalhar com os países endividados para criar um “sistema de financiamento e investimento sustentável e controlável pelo risco”. Outra via A iniciativa faz também parte dos esforços da China para elevar o seu estatuto internacional e contrapor-se às críticas dos Estados Unidos ao seu regime comunista e histórico de violações dos Direitos Humanos. Os líderes chineses acusam os EUA de tentar impor os seus princípios a todos os países e defendem que o seu sistema oferece uma abordagem diferente, que não interfere nos assuntos internos de outros Estados soberanos. “Já não é aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento económico mundial, controlem as regras económicas e usufruam dos frutos do desenvolvimento”, lê-se no documento. A terceira edição do fórum dedicado ao principal programa da política externa de Pequim realiza-se entre os dias 17 e 18 de Outubro. Cerca de 90 países confirmaram já a sua participação, segundo fontes do Governo chinês.
Hoje Macau EventosFogo Artifício | Últimos espectáculos acontecem hoje Os dois últimos espectáculos da 31ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, com as apresentações das equipas de Inglaterra e Alemanha, decorrem hoje às 21h e 21h40. Segundo um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo, estão marcados também para hoje dois eventos relacionados com os espectáculos, nomeadamente o Arraial do Fogo-de-Artifício e as duas Feiras do Festival de Fogo-de-Artifício. Serão conhecidos hoje os três primeiros classificados desta edição. A empresa pirotécnica oriunda de Inglaterra, “MLE Pyrotechnics Limited”, e a companhia vinda da Alemanha, “Feuerwerk Vertriebs GMbH”, irão apresentar exibições dedicadas aos temas “Sinfonia Harmónica: Acendendo o Poder da Música” e “Uma Jornada pela Música Clássica”, respectivamente.
Hoje Macau SociedadeZona A | Recebidas 12 propostas para habitação pública Foram apresentadas 12 propostas no âmbito do concurso público para a atribuição da empreitada de concepção e construção de habitação pública no lote B5 da Nova Zona de Aterro A. O objectivo é que os trabalhos de construção arranquem até ao final de Março do próximo ano. A habitação pública vai ser erigida num terreno com uma área de 9.682 metros quadrados, destinado a habitação, estacionamento público, instalações comerciais e sociais, bem como um centro modal de transportes públicos. Espera-se que após a construção dos respectivos edifícios, seja possível fornecer cerca de 1.003 fracções de habitação pública. O prazo máximo de concepção e construção era de 1.150 dias de trabalho. Como parte das exigências do concurso, foi pedido às interessadas que adoptem um “método de construção amigo do ambiente” e que sejam utilizados “elementos pré-fabricados e cofragens metálicas para a construção”.