Andreia Sofia Silva SociedadeTáxis | Cerca de 70% não pagou taxas do sistema inteligente A empresa gestora do sistema inteligente que funciona no interior dos táxis, a New Leader Tecnologia Informática (Macau), disse que cerca de 70 por cento dos motoristas ainda não pagou as tarifas relativas à plataforma, num total de 1241 veículos, incluindo cinco táxis que nem pagaram o depósito para a instalação. Segundo o jornal Ou Mun, Ngai Chi Kit, responsável pela empresa, disse que quem não saldar dívidas de Dezembro até Janeiro poderá ter o sistema suspenso. Ngai Chi Kit frisou ainda que cerca de 40 a 50 por cento dos taxistas apenas pagam tarifas quando o sistema é suspenso, com a situação das dívidas a piorar desde que foi adoptada a plataforma, que mistura funções de taxímetro, gravação, entre outras. Por sua vez, Kam Chi Wa, presidente da Associação dos Arrendatários de Táxis de Macau, questionou se a empresa tem o poder para suspender o serviço, uma vez que a plataforma é propriedade do Governo, que já paga taxa mensal. O dirigente defende que a empresa deve cobrar as dívidas de uma outra forma, ao invés de suspender o serviço, tendo em conta que o sector dos táxis enfrenta uma crise. Os taxistas queixaram-se à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) sobre este assunto, mas ainda não obtiveram resposta.
Andreia Sofia Silva EventosOchre Space | João Miguel Barros aposta numa galeria de fotografia em Lisboa Ainda sem data oficial de abertura, a Ochre Space, nome da galeria de fotografia fundada por João Miguel Barros na zona da Ajuda em Lisboa, começa a receber os primeiros eventos no próximo ano. A Ochre Space é composta por dois pisos cheios de imagens e livros e um lugar destinado à interacção entre fotógrafos de várias gerações Radicado em Macau desde 1987, o advogado João Miguel Barros tem investido cada vez mais na fotografia com inúmeros projectos pessoais e curadorias de exposições. O seu mais recente projecto, que vai abrir portas na zona da Ajuda, em Lisboa, é a Ochre Space, uma galeria de fotografia contemporânea que quer estabelecer uma ponte com a Ásia, mas, acima de tudo, tornar-se num ponto de interacção entre novos e experientes fotógrafos e com todos os amantes da imagem. O HM visitou este espaço composto por dois pisos que deverá ter uma livraria, um café e uma agenda de actividades com exposições e workshops. No entanto, nada está ainda definido. “Não vou abrir portas para já, talvez no Verão do ano que vem. Na parte de cima, que será pública, quero ter um ciclo de exposições regular, de conversas, de workshops. Quero criar uma dinâmica em torno da fotografia e da vídeo arte”, confessou João Miguel Barros ao HM. Abrir uma nova galeria em Lisboa era uma tarefa primordial, por ser a terra natal do advogado e fotógrafo. A capital portuguesa “tem uma grande ligação a todos os centros europeus, está perto de uma vida cultural muito intensa”. “Por outro lado, não vou ficar em Macau para sempre. Com a idade que tenho, gostava de ter um sítio que fosse mais acessível, e Lisboa é a minha terra. Macau foi uma terra que me acolheu”, disse. A Ochre Space não será apenas “uma delegação de Macau ou da China”, apostando “numa relação identitária com a Ásia em termos de projectos”. O trabalho do fotógrafo chinês Lu Nan, que já expôs em Portugal e que tem um intenso projecto fotográfico sobre doença mental na China, poderá ser a primeira mostra da Ochre Space. “Ele é uma pessoa pela qual eu tenho um enorme respeito”, confessou João Miguel Barros, que mantém uma amizade próxima com Lu Nan. Um projecto pessoal Há muito que João Miguel Barros queria fazer um projecto ligado à fotografia contemporânea chinesa. A juntar a esta vontade, começou a coleccionar, nos últimos cinco anos, centenas de livros de fotografia, essencialmente de fotógrafos asiáticos, mas não só. Nas grandes estantes, no andar de baixo, também cabem nomes como Sebastião Salgado, Josef Koudelka ou Cartier-Bresson. “Tinha este sonho de ter os livros todos juntos, porque acho que uma biblioteca não pode estar desmembrada, é como um corpo humano. Este espaço dá-me uma alegria infinita. Nesta biblioteca há uma componente asiática muito forte.” Assumindo já ter uma lista de nomes para exporem na Ochre Space, João Miguel Barros revela ter, neste ponto, uma enorme liberdade. “Vou trazer pessoas com as quais tenho uma identificação pessoal ou artística, porque este é um projecto pessoal. Não tenho interferências.” A estadia de longos anos em Macau tem permitido a João Miguel Barros vários contactos com fotógrafos e galerias chinesas. A Ochre Space pode ser, neste sentido, mais um centro de ligação entre Portugal e a Ásia, a par das instituições que, em Lisboa, desempenham esse papel numa acepção mais institucional. “Pode ser esse centro pelos livros que vamos ter à venda e pelas exposições. Queria muito fazer um intercâmbio de pessoas para trazer aqui. No futuro teremos uma videowall [parede com projecção de vídeo], pelo que a ideia é apresentar trabalhos em papel e fazer projecções de obras mais completas”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadeAMCM | Instaurado processo contra intermediários ilegais em investimentos A Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) instaurou um processo contra a empresa Bluemount Internacional Limitada e os seus administradores Chan Wai Yuk e Chan Lan. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial, existem “fortes indícios” de que estes residentes exerceram, de forma ilegal, funções de intermediários financeiros em operações de investimento em valores imobiliários, tal como obrigações, acções e fundos. As actividades que levantaram suspeitas do regulador foram realizadas entre Dezembro de 2019 e Novembro do ano passado, quando os dois residentes angariaram clientes em Macau, que resultaram na assinatura de contratos com a Bluemount Internacional Limitada no valor total de 119,18 milhões de dólares de Hong Kong. A AMCM aponta que este acto constitui uma violação do regime jurídico do sistema financeiro relativamente a práticas financeiras não autorizadas. Os visados têm agora 20 dias para deduzir, por escrito, defesa no processo. Caso não o façam, terão de pagar multa que pode chegar a dez milhões de patacas. No entanto, caso o benefício económico da empresa tenha sido superior a 2,5 milhões de patacas, o limite máximo da multa a aplicar pode ser o dobro desse valor.
Andreia Sofia Silva PolíticaFarmácia | Governo nomeia membros de instituto de supervisão Choi Peng Cheong foi escolhido pelo Executivo para presidir ao Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica pelo período de um ano. Segundo o despacho publicado ontem em Boletim Oficial, o responsável começa a exercer funções a partir do dia 1 de Janeiro. Licenciado em Farmácia e doutorado em Farmacologia, Choi Peng Cheong desempenha, desde Dezembro de 2005, o cargo de chefe de departamento dos assuntos farmacêuticos dos Serviços de Saúde de Macau, além de presidir à comissão técnica do registo de medicamentos, entre outras funções públicas ligadas ao licenciamento de fármacos e da actividade farmacêutica. Entre Dezembro de 2017 e Março de 2019, Choi Peng Cheong foi director do Centro de Cooperação de Medicina Tradicional da Organização Mundial de Saúde em Macau. A secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura nomeou também, para o cargo de vice-presidente, Ng Kuok Leong e Lei Sai Ian. O Instituto para a Supervisão e Administração Farmacêutica é responsável por estudar e implementar políticas relativas à supervisão e administração dos medicamentos disponíveis no território, incluindo o registo de fármacos e licenciamento da actividade profissional.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Reabertura de fronteiras entre China e HK poderá demorar A reabertura de fronteiras entre a China e Hong Kong pode demorar devido ao receio das autoridades chinesas relativo ao aumento de casos de covid-19 graças à variante Ómicron, escreve o SCMP. Isto apesar de os preparativos para o levantamento de restrições estarão praticamente concluídos A variante Ómicron do novo coronavírus, mais facilmente transmissível do que as anteriores, estará a atrasar a reabertura de fronteiras sem obrigatoriedade de quarentena entre a China e Hong Kong. A notícia foi avançada ontem pelo South China Morning Post, que cita uma fonte não identificada. “O Governo Central vai tomar a decisão final sobre o processo de abertura de fronteiras. Mas, pessoalmente, acredito que [a decisão] só chegará depois de a Comissão Nacional de Saúde baixar o nível de algumas regiões de Guangdong de médio para baixo risco”. A mesma fonte diz que as autoridades do país receiam a ocorrência mais casos de infecção com a variante Ómicron com a saída dos cidadãos do país. A maior parte dos preparativos para a reabertura das fronteiras já está concluída, disse a mesma fonte, tal como a reactivação de postos de controlo e a correcção dos detalhes do sistema de código de saúde para os viajantes de Hong Kong. Porém, a decisão de levantamento de restrições terá de vir de Pequim, algo que a mesma fonte disse ser improvável ocorrer nas actuais circunstâncias. No entanto, o jornal avança que muitos residentes de Hong Kong vão optar por fazer quarentena obrigatória para visitarem familiares a viver na China. Recorde-se que já tinha sido avançada a possibilidade de reabertura de fronteiras a partir do dia 19 de Dezembro, mas tal não aconteceu. Centenas de casos no país Entretanto, as autoridades de Macau decidiram cancelar a obrigatoriedade de quarentena para quem viaja de algumas zonas do país, como é o caso do distrito de Zhenhai, em Ningbo, na província de Zhejiang, ou da Vila Daying, no distrito de Yongqiao, cidade de Suzhou, pertencente à província de Anhui. Além disso, foram também canceladas as medidas para visitantes oriundos do complexo residencial n.º 12 da Vila de Nanxiu, no distrito de Gulou, em Nanjing, província de Jiangsu, ou da zona de prevenção antiepidémica da Aldeia de Tiansheng do Distrito de Yuexiu, em Guangdong. Estas medidas entraram em vigor às 15h de ontem. Também ontem foram detectados, na China, um total de 197 novos casos de covid-19, 152 dos quais por contágio local. Os casos locais foram diagnosticados nas províncias de Shaanxi (151) em Jiangsu (um), indicou a Comissão de Saúde chinesa. A maioria dos casos detectados em Shaanxi foi diagnosticada na capital, Xian, com 13 milhões de habitantes, em confinamento desde quinta-feira. Os restantes 45 casos foram diagnosticados em viajantes provenientes do estrangeiro em Xangai, Tianjin, Guangxi, Sichuan e Zhejiang, entre outras zonas do país.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDeputados questionam orçamento e calendário para aterro de materiais de construção Os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas questionaram o orçamento de 15,59 mil milhões de patacas para construir um aterro para resíduos de materiais de construção, projecto sob alçada da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). “O prazo de execução é entre Janeiro deste ano e Dezembro de 2045, ou seja, 24 anos. Foi-nos explicado que o objectivo é garantir que todos os materiais de construção possam ser tratados, mas os colegas da comissão entendem que o prazo de execução da obra é bastante longo”, explicou a presidente da comissão, Wong Kit Cheng. A reunião de ontem serviu para analisar a execução do Plano de Investimento e Despesas da Administração (PIDDA) do segundo trimestre deste ano. Um total de 264 projectos públicos estão integrados neste orçamento, mais 19 face ao primeiro trimestre do ano. Estão também inseridos no plano do segundo trimestre 21 projectos novos, orçamentados em mais de 95 milhões de patacas, 15 deles começaram a ser desenvolvidos no segundo trimestre do ano. Três, a conta que Deus fez A deputada relatou que os colegas da comissão levantaram dúvidas sobre três projectos específicos: a aquisição do edifício Ritz, no largo do Senado, a construção de infra-estruturas de acesso à passagem superior na Rua Sul do Patane e a futura biblioteca central, na praça do Tap Seac. No segundo trimestre foram gastos 5,58 mil milhões do orçamento do PIDDA para este ano, que tem um total de 18,57 mil milhões de patacas, que representa uma execução orçamental de 30 por cento. Foi ainda revelado que relativamente a oito projectos não foi gasta nenhuma fatia do orçamento. “Vamos pedir uma análise para ver se estes projectos vão continuar sem execução orçamental no terceiro trimestre”, adiantou. Os projectos em causa incluem a obra de melhoramento do Parque Municipal Dr. Sun Yat Sem, a construção das casas de habitação públicas nos lotes B14 e B15 na zona A dos novos aterros e a obra do centro de saúde no lote CN6D, no complexo de habitação pública em Seac Pai Van. Wong Kit Cheng mencionou ainda cinco projectos no PIDDA com taxa de execução “bastante baixa”, que mereceram pedidos de explicação ao Governo. Um dos exemplos é o plano de apoio às pequenas e médias empresas, que gerou uma despesa de 1,66 mil milhões de patacas no ano passado, mas de apenas 77 milhões este ano, o que representa taxa de execução de 17,8 por cento.
Andreia Sofia Silva EventosLisboeta | Humarish Club, uma nova galeria de arte, já abriu portas Acaba de ser inaugurada uma nova galeria de arte no território, intitulada Humarish Club. O espaço situado no resort Lisboeta no Cotai pretende atrair para Macau grandes nomes da arte contemporânea chinesa A exposição “The Journey Begins: From H853 to Contemporary Art” deu o pontapé de saída de uma nova galeria de arte no território integrada no resort Lisboeta, da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O conceito por detrás do Humarish Club vai além do que normalmente se espera de uma galeria de arte internacional, procurando revelar aos amantes da arte de Macau “os trabalhos dos mais influentes artistas chineses”, com o intuito de estabelecer partilhas de experiências com o mundo da arte local. A galeria de arte pretende também contribuir para o objectivo de tornar Macau “num importante centro artístico” a nível mundial. O projecto Humarish Club nasceu da iniciativa da empresa cultural e artística Chiu Yeng Culture, de Sabrina Ho, e da galeria HWAS Art, fundada em Xangai em 1997 e que é hoje uma das mais reputadas no meio em toda a China. Com a abertura do novo espaço procura-se não apenas internacionalizar o panorama artístico de Macau como ainda promover um ambiente cultural marcado pelo classicismo e, ao mesmo tempo, pela modernidade. A ideia é “combinar a experiência do mercado na China com o mercado internacional de Macau”, sendo que a Humarish Club se propõe também a “acelerar a diversificação e o desenvolvimento do panorama cultural e artístico de Macau”. Em relação à escolha dos artistas, o foco não incidirá apenas naqueles que já são conhecidos no mercado, mas também nos artistas emergentes. Outra das metas almejadas passa por “estabelecer uma boa relação com coleccionadores de arte, a fim de estabelecer uma plataforma de serviços para os coleccionadores de arte em todo o mundo”. Os artistas e as obras Em “The Journey Begins: From H853 to Contemporary Art” o público poderá conhecer trabalhos de alguns dos mais influentes artistas chineses da actualidade. É o caso de Zhou Chunya, que explora muito a vertente expressionista nos seus trabalhos, inserindo elementos artísticos tradicionais, tanto orientais como ocidentais. O abastracionismo pode também ser visto nos trabalhos assinados por Ding Yi, que conta com uma carreira de cerca de 30 anos. Com a série de quadros intitulada “Shishi”, mostra-se o desenvolvimento urbano e industrial do país nas últimas décadas. Ding Yi participou, em 1993, na 45ª edição da Bienal de Veneza, e foi o primeiro artista chinês a desenhar lenços para a marca Hermes. A arte pop chinesa pode ser vislumbrada nas obras de Xue Song, que trabalha sobretudo a construção e sua subsequente desconstrução de imagens e textos, criando depois novas peças. Um dos traços criativos de Xue Song é a mistura de elementos tradicionais e modernos no seu trabalho, criando novos significados. Zheng Zaidong é outro dos artistas que contribuiu para a exposição inaugural na galeria do Lisboeta. Nascido em Taipé, Zheng Zaidong explora sobretudo a paisagem chinesa, sendo também um apaixonado pela temática da religião. A mostra completa-se com os trabalhos de Li Qiang, onde as flores têm sido as protagonistas desde 1990. “Ao pintar repetidamente as suas favoritas magnólias e os seus ramos que têm várias direcções, Li Qiang explora o estado e a relação natural entre as flores, ramos, relva e todo o seu ambiente vivo, aponta um comunicado da galeria. A exposição foi inaugurada na sexta-feira, estando patente até ao dia 20 de Fevereiro no centro comercial do resort Lisboeta. A entrada é livre.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJogo | Governo pode criar alternativas sobre distribuição de lucros, defende advogado O advogado Pedro Cortés acredita que o Governo poderá abandonar a ideia de criar meios legais de controlo da distribuição de dividendos pelos accionistas das concessionárias de jogo. Ao invés disso, o Executivo “poderá encontrar outras medidas para atingir o mesmo objectivo” Um dia depois da divulgação do relatório de consulta pública sobre a revisão da lei do jogo, o advogado Pedro Cortés elaborou um documento de análise sobre as propostas em causa. No documento, divulgado nas redes sociais, consta a ideia de que o Executivo poderá deixar de lado a medida de controlar legalmente a distribuição de dividendos aos accionistas das concessionárias de jogo. Medida que originou vários alertas de analistas devido à possibilidade de desestabilização dos princípios da economia de mercado. “O Governo vai encontrar outras medidas para atingir o mesmo objectivo mas poderá abandonar a ideia de criar requisitos legais para a distribuição de dividendos por parte das concessionárias para os seus accionistas”, pode ler-se. Outra ideia deixada pelo advogado é a criação de “mecanismos adicionais para reforçar a supervisão” dos casinos “que não passem pelos delegados do Governo”. Isto porque, na proposta apresentada pelo Executivo, está prevista a introdução desta figura na empresa gestora dos casinos, o que iria permitir “um acesso directo a informação relevante na área de gestão ou operações das concessionárias”. Para o causídico, a medida “poderá interferir no funcionamento das actividades [das concessionárias] e na sua independência”, e não é de descartar a possibilidade de o Governo “ter como referência sistemas de supervisão adoptados por outras jurisdições ou países onde são operados casinos”. A tal meia dúzia O relatório da consulta pública avança para o número de seis concessões, e essa é também a visão de Pedro Cortés, “uma vez que o risco de alterar o status quo, nesta fase, é alto”. Relativamente ao prazo limite das concessões, o analista acredita que será sempre inferior a 20 anos, que é o prazo máximo da lei em vigor, “muito provavelmente entre os 10 e os 15 anos”. Neste sentido, “na altura de estabelecer o prazo limite de concessões, o Governo vai considerar o equilíbrio entre vários aspectos, tais como a estabilidade do mercado laboral, o retorno do investimento e as necessidades do Governo para garantir a continuidade do desenvolvimento da indústria”, apontou. Ainda sobre o funcionamento dos junkets e mercado VIP, Pedro Cortés diz que, aquando da revisão da lei do jogo, se pode esperar “uma análise sustentada adicional e mecanismos de supervisão”. Sobre a recepção ilegal de depósitos, o advogado prevê que o Governo reforce a moldura penal, “que pode eventualmente incluir um crime tipificado para a aceitação ilegal de depósitos”. É também importante legislar “sobre sanções administrativas”, uma vez que esta matéria “está prevista na lei do jogo, mas nunca foi regulada”. No documento de análise, é previsto também que os novos contratos de concessão tenham cláusulas mais específicas sobre a responsabilidade social corporativa das empresas e sobre os elementos não jogo.
Andreia Sofia Silva PolíticaHabitação económica | Au Kam San pede preços mais baixos A associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário entregou uma carta ao Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, a pedir a redução dos preços das habitações económicas. Segundo um comunicado publicado pelo ex-deputado e fundador da associação Au Kam San, a lei de habitação económica estipula que cabe ao Chefe do Executivo a definição dos montantes a cobrar pelos apartamentos. A associação alerta para a necessidade de baixar os preços em prol do desenvolvimento habitacional, exigindo explicações para o valor de 5 mil patacas por pé quadrado. “O maior impacto no preço das casas é o custo de construção. No entanto, ainda não foi feita consulta pública para a concepção do projecto e construção [para as casas do último concurso], e o custo de construção é desconhecido, então como é que as autoridades definiram esse valor?”, questiona Au Kam San.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaJogo | Sem surtos, Ho Iat Seng mantém estimativa de receitas brutas Ho Iat Seng mantém a estimativa para as receitas brutas do jogo de 2022, 130 mil milhões de patacas, se não forem detectados novos casos de covid-19 no território. Quanto ao fecho das salas VIP, o governante diz que o impacto ainda não foi avaliado De regresso a Macau depois de uma visita oficial a Pequim, o Chefe do Executivo assegurou que o Governo continua a estimar que as receitas brutas da indústria do jogo se fixe em 130 mil milhões de patacas em 2022, panorama que pode ser afectado caso surjam novos surtos de covid-19 no território. Em declarações à comunicação social no Aeroporto Internacional de Macau, Ho Iat Seng explicou que se não tivessem surgido “as três vagas da epidemia, em Agosto, Setembro e Outubro, a receita do jogo estaria próxima da previsão inicial”. Como “não sabe a situação da pandemia para 2022, o Governo mantém a sua estimativa em 130 mil milhões de patacas, mas se surgir qualquer surto pandémico, esta meta não será atingida”, adiantou. Sobre o fecho das salas VIP dos casinos, na sequência da detenção de Alvin Chau, CEO do grupo Suncity, Ho Iat Seng adiantou que “não foi avaliado o impacto do encerramento” e sublinhou que, “nos últimos cinco anos, houve uma redução nos negócios deste sector”. O governante frisou que “as relações contratuais entre as concessionárias e as salas VIP não estão relacionadas com o Governo” e acrescentou que “as autoridades não exigem que as concessionárias explorem salas VIP”. O Chefe do Executivo comentou ainda o apoio que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais tem dado aos desempregados na busca por um novo emprego e formação profissional. Sobre a possível isenção de quarentena nas viagens entre Hong Kong e Macau, não foi adiantada qualquer novidade. O responsável disse que “será necessário esperar a concordância do Governo Central para as disposições da reabertura das fronteiras com Hong Kong”, e que “Macau será sincronizado com o Interior da China”. “Caso haja qualquer novidade será divulgada de imediato”, referiu apenas. Alerta relatório Ho Iat Seng foi ainda convidado a comentar o relatório divulgado nos últimos dias pelo Comissariado de Auditoria (CA) relativo à gestão da empresa de capitais públicos Macau Investimento e Desenvolvimento SA. O Chefe do Executivo afirmou estar “atento” aos problemas denunciados no documento, lembrando que foi criado o Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos, liderado por Sónia Chan, com objectivos de reorganização e fiscalização dessas empresas. Além disso, Ho Iat Seng adiantou que foram extintas ou fundidas algumas instituições públicas e fundações e que “no futuro, serão geridas de forma unificada”. Sobre o “Relatório de sindicância sobre a concessão de subsídios do Plano de Desenvolvimento das Escolas pelo Fundo de Desenvolvimento Educativo”, divulgado pelo Comissariado contra a Corrupção, apenas referiu que irá aguardar que o Ministério Público termine a investigação, garantindo que o Executivo “efectivará as eventuais responsabilidades nos âmbitos administrativos”. Sobre a visita oficial a Pequim, Ho Iat Seng adiantou que serviu para reportar a Xi Jinping e Li Keqiang “a actualidade e desenvolvimento social e económico” do território. Nas reuniões, foi destacado “o problema do ‘predomínio de um único sector’ em Macau”. Mais uma vez os dirigentes mostraram todo o apoio às políticas de diversificação económica e “concordado com as acções governativas da RAEM”. A agenda de Ho Iat Seng em Pequim incluiu ainda a visita a vários ministérios e comissões ligadas ao projecto da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteCarlos Piteira, antropólogo: “Macau sempre foi uma terra de pecados” Carlos Piteira lançou um novo artigo académico a defender que a identidade chinesa das regiões do sul da China vai sofrer mudanças com a modernização progressiva, graças a projectos como a Grande Baía. No momento em que se celebra o 22.º aniversário da implementação da RAEM, o académico lamenta que se olhe para os portugueses de Macau como emigrantes e defende que a comunidade é fundamental para que os macaenses mantenham a sua singularidade O seu novo artigo traz a ideia de que a identidade chinesa nesta região está em mudança. Em que aspecto? Há uns anos fiz uma apresentação sobre os efeitos da modernização na questão da identidade. Depois reformulei e tentei generalizar mais essa questão do impacto na própria reformulação da identidade chinesa. Este é um problema com o qual a China vai ter de se defrontar, e que ainda não percebeu não se tratar de uma questão política, mas social. Que é a integração destas identidades no sul da China. Exactamente. Macau e Hong Kong são laboratórios, e temos Zhuhai e Shenzhen, em termos de modernização, e depois a Grande Baía. Há um núcleo económico que vai trazer modernização ao movimento social. Falamos de duas coisas paralelas e que podem ser coincidentes ou não. A dinâmica social poderá sobrepor-se às vontades políticas, porque a modernização vai trazer bem-estar e estilos de vida. Mas problemas também. Claro, mas sem carga ideológica. Macau é um exemplo disso, porque teve um processo de modernização mais cedo, assim como Hong Kong, o que levou a um modo de vida diferenciado que se traduz na identidade regional ou local. Independentemente do regime, as pessoas querem é sentir-se bem, esse é um direito que as populações têm. Terem emprego… Bem-estar, habitação. É o que Macau e Hong Kong oferecia, bem como Cantão e Shenzhen. Esse bloco do sul da China vai ser a garantia de que o país vai ser uma potência económica. O foco está ali e a modernização terá os seus efeitos. Daí que defenda, neste artigo, que esse efeito acarreta a reformulação da identidade dos chineses. E não só dos macaenses. Porque essa já está a sofrer alterações. Hong Kong e Macau são laboratórios sociais interessantes para quem analisa o efeito de uma dinâmica social, independentemente do modelo político. A China já se apercebeu disto, mas ainda não sabe como vai analisar. O país paralisou no tempo, esteve fechado ao mundo, e não há mais experiências deste tipo. Há uma dinâmica social que é alheia às vontades. Têm sido feitos estudos que concluem que a maioria dos chineses locais têm ligação identitária à nação. Isso será mais evidente, o sentir-se menos chinês de Macau e mais chinês da China? Diria que o reforço vai ser nas duas vertentes. Uma coisa é a identidade nacional, o patriotismo, e essa é a tradição histórica. Em paralelo, surgiram identidades regionais em Macau e Hong Kong e que se vão alastrar a zonas como Cantão. As pessoas vão reclamar uma identidade paralela à nacional, e isso vai assentar nos efeitos da modernização. Não é algo ideológico. Será muito suportada na qualidade de vida, e é isso que a China promete com o projecto da Grande Baía. As casas para idosos… E a riqueza. Não faz sentido desligar isto do projecto nacional. Por isso digo que Macau, ao ser sugado pela Grande Baía, algo que acontece por imperativos da própria China, coloca-se a questão regional na nacional. Mas como vamos, no meio disto tudo, manter a presença singular da lusofonia? Esta é a questão central, porque está determinada na forma de integração de Macau. E como é que isso pode ser feito? Aí o trabalho é do Governo português, e não de Macau. O trabalho que está em aberto é o das autoridades portuguesas, e ainda temos 30 anos. Tenho esperança que as coisas possam acontecer. Tenho uma certa simpatia pela capacidade que os portugueses que estão em Macau têm de resistir, porque é uma resistência absurda. Estão completamente sozinhos. É algo muito individual e em alguns casos até se põe a vida em jogo nessa capacidade de resistir. Porque Macau não perdeu qualidade, a vida das pessoas não se alterou muito. Mas temos a questão dos valores. Nunca podemos ver a presença portuguesa em Macau como se fossem emigrantes. Este foi um erro de base. Isso foi visto pelas autoridades portuguesas desde a transição. Foi sempre. A lógica, depois da transição, foi ver a comunidade como emigrantes. Isso nunca deveria ter sido feito, porque é uma presença portuguesa numa tentativa de manter um legado que, provavelmente, até poderia ir além dos 50 anos. Falamos de pessoas que ficaram, permaneceram, e que voltaram após 1999. E há alguns que apostam já na vida dos seus filhos, numa lógica de legado. Esta é a grande lacuna 22 anos depois. Os macaenses sobrevivem devido à presença da comunidade portuguesa. E por resistência também? Sim. O macaense não tem a necessidade de sair de Macau, mas a comunidade portuguesa tem sempre um plano B para regressar a Portugal. O macaense tem ligações com o poder chinês para se manter e para ele não há essa questão de Macau se transformar na China, porque sempre foi inevitável. Mas como é que essa pequena etnia e comunidade se consegue diferenciar. Vai ter de fazer estratégias, e já se nota. Como por exemplo? Alguns macaenses já se deslocam para a matriz chinesa. A mudança de identidade chinesa também acontece aí. Há essa simbiose. A comunidade chinesa modifica-se, porque quer ser de Macau. Temos chineses que já se auto-denominam como macaenses e temos macaenses que já se ligam a essa identidade mais de matriz chinesa, mas querendo manter uma diferenciação dentro desse grupo. Até à transição, os macaenses eram portugueses, mas eram diferentes. Agora podem ser chineses, mas também diferentes. A gastronomia e o patuá estavam esquecidos na história, e de repente saíram das casas das pessoas. Há elementos identitários da comunidade macaense que necessitam de ser explorados? A religião é um desses elementos, com raízes portuguesas e filipinas também, as procissões e o carnaval. O festejar o carnaval é algo macaense, bem como o Chá Gordo. Há aqui coisas que podem ser ressuscitadas como um traço singular dos macaenses. A comunidade vai muito por aí, mas tem um instinto de sobrevivência. Sempre teve… Sempre teve. Este instinto é que vai levar a reformulações na identidade macaense. Na geração pós-transição as coisas têm sido diferentes, porque esta vive num mundo global e tem ligações não apenas com Portugal. Mas se desaparece a comunidade portuguesa é um problema para os macaenses, porque é isso que reforça a lógica de ligação, mesmo não tendo essa matriz tão garantida. Se a comunidade portuguesa desaparecer… [A comunidade macaense] fica monolítica. Neste momento, há um equilíbrio, porque esta inverteu as relações de poder com os chineses, mas os portugueses, a sua alma, estão lá. Se os portugueses saírem, os macaenses viram-se para a comunidade chinesa. Mas, 22 anos depois da transição, a comunidade portuguesa está em profunda transição. Há muitos quadros qualificados a deixarem o território, por exemplo. O processo está a ser acelerado e não era para ser assim. Era para ser um processo mais gradual, quase sem darmos por isso. Poderíamos chegar ao fim dos 50 anos e Macau ser um espaço singular capaz de ser culturalmente diverso. Falando da educação. Disse-me que uma das grandes transformações será neste sector. Há dias saiu uma notícia sobre a vontade de Pequim de aumentar o domínio do mandarim no ensino. O que vai acontecer? Os programas escolares vão ter de ser alterados, e também ao nível da história de Macau. Mas essa já está feita por investigadores chineses. A consequência natural seria sempre reformular os valores através da educação. A Escola Portuguesa de Macau [EPM] vai ser apanhada por isto, e vão ter de introduzir programas. O ensino do mandarim tem ainda pouca expressão. Mas vai ser forte. Aqui, o Ministério da Educação em Portugal tem de se pronunciar. A particularidade de uma escola portuguesa em Macau é a possibilidade de os chineses estudarem essa estrutura curricular. Se lhe tiram isto, tiram tudo, passa a ser uma escola normal. A estrutura curricular poderia ter disciplinas obrigatórias e opcionais, por exemplo, fora do programa oficial. Não tenhamos ilusões: o programa oficial é para entrar. Na rua pode ser o cantonês, mas quem vai para a escola tem de aprender mandarim. Macau vai ser um sítio onde os futuros dirigentes chineses vão ser formados e há a questão tecnológica e das universidades. Afirma, no artigo, que as autoridades de Macau estão a dar novas directrizes à população para que esta tenha novas referências identitárias. Estas mudanças não acontecem espontaneamente? Diria que poucas coisas são espontâneas nos chineses. Mas é uma imposição numa lógica de reposição de valores nacionais. Não falamos de uma identidade espontânea. O que está na agenda é que temos de ser chineses, mas isso sempre esteve. O seu artigo deixa também a ideia de que a mudança de identidade passa também por alterar a ideia de que já não se pertence a um lugar dominado pelo jogo. O jogo vai mudar, e há sinais disso. Veja-se o paralelismo entre a brecha que se abriu no jogo e a construção da tecnologia na Ilha da Montanha, com a criação de novos empregos. A aposta será na tecnologia e nas PME, mas não sei se isso resulta. Para quem está atento, o desenho está feito. Mas Macau tem a tradição do jogo desde os primórdios, que não tem nada a ver com o pensamento político. Sempre foi uma terra de pecados.
Andreia Sofia Silva SociedadeIAM | Oficinas geram maior parte das queixas O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) recebeu, nos últimos dez anos, um total de 2.471 queixas relacionadas com os trabalhos de oficinas, sendo que 61 por cento diz respeito à ocupação de espaços públicos. Em segundo lugar, surgem as queixas relacionadas com o ruído gerado pelo funcionamento das oficinas em zonas habitacionais. Os dados constam na resposta do IAM, assinada por O Lam, presidente substituta do conselho de administração, a uma interpelação escrita do deputado Lam U Tou. O IAM acrescenta ainda que “existem em Macau mais de 200 mil veículos motorizados, sendo que a procura pela sua reparação é elevada”, não existindo um local específico que possa albergar estas oficinas. O IAM adianta também que “devem procurar-se, em outros espaços adequados, a reparação de veículos de alta poluição ou que representam um perigo elevado, para proporcionar condições de exploração dessa actividade”. No entanto, o IAM não apresenta, nesta resposta, uma solução concreta, afirmando apenas que “vai impulsionar os trabalhos com os serviços para os assuntos de obras, protecção ambiental, bombeiros e saúde”. Em Novembro, vários moradores do edifício Sek I, na Travessa do Armazém Velho, fizeram queixas sobre o funcionamento de uma oficina no prédio, que liberta maus cheiros e já causou problemas de saúde aos moradores. No mesmo local, ocorreu também um incêndio, sem vítimas, provocado pelos trabalhos da oficina.
Andreia Sofia Silva EventosTeatro de sombras | CCM apresenta no domingo a peça “Na Rua”, apenas em chinês O Centro Cultural de Macau acolhe no domingo duas sessões da peça de teatro de sombras “Na Rua”, inspirado no livro bilingue, com o mesmo nome, editado pela Mandarina. Catarina Mesquita, fundadora da editora, refere que o facto de a apresentação da peça ser apenas em cantonense é um desafio, recompensado pela possibilidade de chegar a um público alargado “Na Rua – Teatro de Sombras” sobe aos palcos no domingo, em duas sessões, às 15h e 16h30, inserido na programação do Centro Cultural de Macau (CCM) que celebra o Natal. Apresentado ao público pela segunda vez, depois de um primeiro espectáculo em Abril deste ano, a peça resulta da adaptação do livro bilingue infantil “Na Rua”, editado pela Mandarina. Ao HM, Catarina Mesquita, autora do livro e fundadora da editora, refere que o facto de este espectáculo de teatro de sombras ser apresentado, pela primeira vez, apenas em chinês, constitui um desafio “positivo”. “Estamos a passar pelo desafio de nos apresentarmos apenas ao público chinês, o que para nós tem sido mais difícil de conquistar. Apesar de acharmos que o teatro de sombras é transversal a qualquer língua, por ser muito visual, desta vez estamos focados, através da narração, num mercado para o qual não trabalhamos, até agora.” Desta vez Catarina Mesquita está a trabalhar com uma equipa de sete pessoas, depois do desafio que uma amiga lhe lançou para adaptar o livro para teatro. “Uma outra pessoa que conhecia através da Mandarina disse-me que gostava de musicar a história. E pensei que, se duas pessoas me estavam a dizer, no mesmo dia, que queriam pegar na história, é porque tínhamos de fazer algo mais.” Transpor os livros para os palcos é algo que permite a Mandarina crescer, disse ainda Catarina Mesquita. “Gostamos de diversificar e estes desafios só nos fazem crescer.” Passeios por Macau A viver no território há oito anos, a ideia e inspiração que estiveram na génese de “Na Rua” nasceram que se mudou para Macau, apesar de o livro só ter sido publicado no ano passado. A obra infantil conta a história de uma menina portuguesa que passeia pelas ruas de Macau e vai descobrindo pedaços da cultura portuguesa, enquanto que, do outro lado do livro, há a história de um menino chinês que nos revela os mercados e aspectos tão característicos da cultura chinesa. “As duas histórias fundem-se num final comum. A mensagem transmitida é que o melhor de Macau não é lugar nenhum, mas sim as pessoas e essa feliz convivência que temos entre as duas culturas”, explicou Catarina Mesquita. Apesar de ter sido publicado há apenas um ano, o “Na Rua” vai na sua terceira edição. “Tem corrido muito bem e as vendas têm sido surpreendentes para o que é habitual em Macau”, confessou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTestes covid-19 | Governo diz não haver condições para reduzir o preço As autoridades dizem não haver condições para que os testes de ácido nucleico custem menos de 70 patacas, devido ao elevado custo cobrado pelas empresas que os realizam. Sobre o surto de Guangdong, o centro de contingência está a analisar a possibilidade de reajustar medidas nas fronteiras Ainda não há condições para reduzir o custo dos testes de ácido nucleico, que actualmente é 70 patacas, afirmou Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Controlo e Prevenção de Doença, ontem em conferência de imprensa. A posição foi tomada depois de ser interrogada com a possível redução do preço dos testes em Zhuhai para 40 renminbis. “Vamos coordenar com as empresas que fazem os testes para ver se é possível reduzir as despesas. As entidades falam da existência de dificuldades com os custos de operação e administrativos. Não há ainda condições para uma redução do preço.” Nesta fase, também não é cobrada taxa de utilização dos espaços públicos por parte destas empresas. “Se cobrássemos uma taxa isso poderia aumentar os custos da empresa [para a realização dos testes], o que levaria à subida do valor do teste.” Até à data, não há novos pedidos de empresas para análise de testes de ácido nucleico. No entanto, Leong Iek Hou frisou querer aumentar a capacidade de testagem para, quando for necessário, encurtar o tempo de espera pelo resultado. Código de saúde alargado A partir de segunda-feira o código de saúde de Macau poderá ser usado em instituições de serviço social. Em relação à nova variante do coronavírus e à ocorrência de vários surtos de covid-19 na China, nomeadamente na província vizinha de Guangdong, Leong Iek Hou disse que ainda é cedo para implementar novas medidas nas fronteiras. “Não sabemos o período de incubação [da variante Ómicron], ou se os sintomas são leves ou graves. Ainda não temos dados que permitam saber se podemos alargar o encurtar o período de quarentena”. Importa referir que desde a meia-noite de quinta-feira todas as pessoas que tenham estado no subdistrito de Xiaozhailu da cidade de Xian, na província de Shaanxi, serão sujeitos a quarentena nunca inferior a sete dias. Neste momento, explicou Leong Iek Hou, Macau tem uma “política dinâmica de zero casos”, o que significa que é aceite a ocorrência de novos casos, importados ou locais, mas limitando-os “num curto período de tempo”. “As restrições são importantes para limitar o aparecimento de novos casos ou detectá-los precocemente. Sem essa capacidade, bastam três ou quatro dias para muitas pessoas serem contaminadas”, rematou a coordenadora.
Andreia Sofia Silva EventosTeatro | D’As Entranhas Macau apresenta “A Boda” no fim-de-semana Vera Paz interpreta uma mulher que sofre o fim de uma relação amorosa em “A Boda”, que sobe ao palco da sala Black Box no edifício do Antigo Tribunal este sábado e domingo, a partir das 20h30. O texto nasce de obras como “A Voz Humana”, de Jean Cocteau, e outros autores contemporâneos O fim de uma relação traz muitas vezes o sentimento de vazio, ausência, pensamento sobre um amor que não perdurou. Esta é a ideia por detrás do novo espectáculo que a companhia teatral D’As Entranhas Macau leva ao palco da sala Black Box, do edifício do Antigo Tribunal, no sábado e domingo a partir das 20h30. Vera Paz, directora artística D’As Entranhas Macau e actriz que encarna a protagonista da peça, contou ao HM o processo de feitura de um espectáculo que, inicialmente, foi pensado para celebrar os 20 anos D’As Entranhas em Portugal, mas que devido à pandemia foi reestruturado, porque os actores não conseguiram viajar até Macau. “Transformámos ‘A Boda’ num monólogo com uma mulher sobre o fim do amor, e o que acontece depois disso. É um solo com uma mulher num espaço vazio, claustrofóbico, presa na memória do que foi aquela relação que acabou.” Este é um espectáculo em que a “acção não é linear”, uma vez que essa personagem principal “vive num espaço com lapsos [ligados] ao passado, ao que aconteceu e ao que vai acontecer”. Trata-se de uma “acção disruptiva”. Vera Paz, também autora do texto da peça, inspirou-se em obras de autores como Bertolt Brecht e Jean Cocteau. Com a “Voz Humana”, de Jean Cocteau, surge o telefone como um símbolo das tensões em que vive esta mulher. “É um catalisador da estrutura e tem um papel fundamental nessa ligação com o elemento ausente.” “A Boda” é um espectáculo “com uma componente plástica grande e sonora”, com imagens que explicam o texto e a história mesmo que o público não domine a língua portuguesa. Sem os actores vindos de Portugal, Vera Paz introduziu vozes no espectáculo como se fossem alucinações da personagem. Tudo “para criar ainda mais essa dimensão em que vive a cabeça dela”, pois “nunca se percebe o que é realidade e ficção”. Uma personagem difícil O nome “A Boda” surge como a representação do fim de um ritual. “É como se fosse uma promessa e um pacto que foi quebrado. Depois existe sempre na memória, no tempo. Fica sempre gravado, só não se percebe o que é real e o que ela perde, o que fica.” Vera Paz assume que esta foi uma personagem difícil de preparar, pois tem de garantir sempre um equilíbrio “para não cair no melodrama nem na tragédia”. “É quase uma coisa crua, não é fácil encontrar o tom. A perda é sempre um tema difícil, e lidar com esse vazio e ausência. Não é uma personagem fácil.” A directora artística D’As Entranhas espera que a peça chegue a todos, mesmo com um público multilingue. “O amor é uma coisa universal. A forma de o vivermos e de como reagimos a esta realidade pode ser diferente. Pessoas com 40 anos, independentemente da sua nacionalidade, já terão passado por situações destas. Não sei se haverá uma identificação ou uma espécie de confronto. Sempre que faço uma peça espero que chegue [a alguém], independentemente da língua. Tento criar sempre as imagens que ultrapassam essa barreira”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEngenharia | Empresa de Wu Chou Kit obtém certificação para operar em Guangzhou A Companhia de Consultadoria de Engenharia Kit & Parceiros Limitada, do deputado nomeado Wu Chou Kit, é a primeira de Macau e Hong Kong, nesta área, a obter o licenciamento para operar na região de Guangzhou Wu Chou Kit, deputado nomeado, engenheiro e administrador da Companhia de Consultadoria de Engenharia Kit & Parceiros, Limitada, recebeu na segunda-feira certificação para operar em Guangzhou, sendo esta a primeira empresa das regiões de Macau e Hong Kong a obter licenciamento nesta área. A informação é avançada pelo portal chinês YCWB, do Yangcheng Evening News, que cita declarações de Wu Chou Kit sobre a importância de exportar quadros qualificados na área de engenharia para a região do Interior da China. “Macau é um território pequeno, com pouco mais de 30 mil quilómetros quadrados e cerca de 700 mil residentes. Se as empresas apenas se desenvolverem em Macau ficam muito limitadas.” Wu Chou Kit frisou também que ficou satisfeito quando teve conhecimento da obtenção da certificação para operar no Interior da China. “Temos mais uma plataforma e espaço de desenvolvimento. Também impulsionamos os jovens para a integração na zona da Grande Baía, o que constitui uma boa oportunidade”, adiantou o responsável na cerimónia de entrega da certificação. Todos para Huangpu A certificação surge depois de as autoridades de Huangpu, na cidade de Guangzhou, província de Guangdong, terem criado um sistema de reconhecimento de empresas da área da construção e engenharia, a fim de captar mais quadros qualificados para o sector. Huang Rongqing, consultor do departamento de habitação e desenvolvimento urbano-rural do distrito de Huangpu, disse que o objectivo da medida é aumentar a ligação dos sectores da construção entre as regiões de Hong Kong, Macau e interior da China. Além disso, serão reconhecidas empresas entre as zonas de cooperação de Hengqin, de Qianhai, Shenzhen e Hong Kong e a ainda a zona de cooperação de Nansha, em Guangzhou. Serão também escolhidos projectos piloto desenvolvidos em Hong Kong e Macau que constituam um bom exemplo de cooperação nas áreas da construção e engenharia.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaATFPM | Pedida fixação de serviços mínimos para algumas profissões A Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau defende que a proposta de lei sindical deve fixar a realização de serviços mínimos em situação de greve, em áreas como Saúde ou Administração. Esta é uma das sugestões apresentadas ontem ao Governo Fixar a realização de serviços mínimos em caso de greve nas áreas da Saúde ou Função Pública para que os seus trabalhadores tenham acesso a esse direito, tal como funcionários de outros sectores profissionais. Esta é uma das propostas que consta na carta que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) enviou ontem ao Governo. “Como em muitas outras jurisdições europeias, admite-se que, sem proibir o direito e a liberdade de os trabalhadores se organizarem e participarem em associações sindicais, se fixe a realização de serviços mínimos em caso de uma greve, para que os serviços não paralisem totalmente”, é sugerido. Neste sentido, a ATFPM entende ainda que alguns sectores profissionais devem ser alvo de regulamentação no que concerne ao direito à greve, tal como os funcionários públicos, pessoal médico e de enfermagem, trabalhadores de instituições de serviço público e trabalhadores de instituições de serviços públicos de transporte colectivo, incluindo as concessionárias de jogo. A ATFPM entende também que “é suficiente” o registo de sindicatos sem que tenham de se constituir “pelo mesmo ramo ou empresa sem limitações sectoriais, espaciais ou de número”, a fim de assegurar o “pluralismo sindical”. Sem controlo O documento de consulta relativo à proposta de lei sindical propunha ainda uma “fiscalização” em matéria de respeito dos sindicatos pela segurança do Estado. Mas a ATFPM questiona como vai ser feita esta fiscalização. “Tendo a constituição de sindicatos como fim defender os direitos dos trabalhadores, e sendo a respectiva legislação objecto de acordos internacionais, como é que o seu funcionamento pode criar ameaças como as que são referidas?”, questiona a carta. O Executivo propõe também a fiscalização da situação financeira dos sindicatos, mas a associação presidida por Pereira Coutinho está contra. “Discordamos que haja qualquer tipo de controlo directo e indirecto por parte das autoridades [em matéria financeira], para que os sindicatos se mantenham independentes e livres.” A proposta da ATFPM defende ainda ser “desnecessário o critério de conexão com empresas, sectores ou profissões relativas a associações sindicais”, uma vez que “já existem muitas associações cívicas que têm nas suas fileiras uma multiplicidade de dirigentes e associados provenientes de diferentes empresas e profissões, bem como sectores da sociedade amplamente capacitados para desenvolver as funções de sindicatos”. Para a ATFPM, a proposta de lei que chegar ao hemiciclo deve contemplar que os sindicatos têm “competência para participar na elaboração da legislação do trabalho, quer seja proveniente do Governo, quer da Assembleia Legislativa”, bem como “ter a competência para participar nos procedimentos relativos aos trabalhadores no âmbito de processos de reorganização de órgãos ou serviços da Administração pública”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHouse of Dancing Waters | Melco Resorts despede 50 trabalhadores A Melco Resorts, responsável pelo espectáculo House of Dancing Waters, despediu os restantes 50 trabalhadores que ainda estavam ligados a este projecto, e cujos contratos terminam no final deste mês. O HM sabe que neste momento os trabalhadores estão em processo de negociação com a empresa para o pagamento das indemnizações, e que deverá ficar concluído em Janeiro. O HM tentou chegar à fala com alguns dos trabalhadores despedidos, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto. Recorde-se que, no ano passado, a Melco Resorts despediu 60 trabalhadores não residentes (TNR) devido à suspensão do espectáculo, que sofreu uma quebra de espectadores devido à pandemia. Desde então que o House of Dancing Waters não subiu mais aos palcos.
Andreia Sofia Silva EventosCasa Garden | Exposição de fotografia contemporânea a partir de sexta-feira João Miguel Barros é o curador de “Narrativas a Oriente”, uma exposição inteiramente dedicada à fotografia contemporânea que é também um balão de ensaio sobre os projectos desenvolvidos por fotógrafos locais. A mostra está patente na Casa Garden, da Fundação Oriente, até finais de Janeiro Alguns dos nomes mais conhecidos do panorama local da fotografia, vão estar presentes na nova mostra que a Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) no território, acolhe a partir desta sexta-feira. João Miguel Barros faz a curadoria de “Narrativas a Oriente” e, segundo disse ao HM, a ideia é que, com esta mostra, se possa ver o que de mais importante se faz na área da fotografia em Macau. “O grande tema é a diversidade cultural dos projectos. Estabeleci um critério alargado, muito eclético, porque não podemos ser autoritários no gosto. Era importante dar liberdade às pessoas e isto funcionou também como um teste, para saber que tipo de projectos é que um conjunto de artistas de Macau estava a desenvolver.” António Mil-Homens é um dos fotógrafos que participa neste projecto, apresentando uma série de auto-retratos criados quando esteve internado. “São 12 imagens trabalhadas com photoshop para lhes retirar a crueza da realidade e do estado físico do trabalho. Essa é a essência do trabalho”, contou. Depois de muitos anos a trabalhar em fotografia, esta é a primeira vez que António Mil-Homens aposta no auto-retrato desta forma. “Fi-lo há cerca de 30 anos, para a apresentação de uma exposição em Lisboa. Mas digamos que esta é a primeira vez que me exponho, e logo com 12 retratos.” Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista, é outro dos nomes presentes em “Narrativas a Oriente”. “Participo com duas fotografias e uma prosa poética. Posso dizer que foi um grande desafio pois não sou artista, sou fotojornalista, e a minha visão da fotografia não é conceptual. Por isso tive de me abstrair um pouco do meu rumo normal para tentar fazer algo diferente”, apontou. Além disso, “Narrativas a Oriente” conta ainda com nomes de fotógrafos ou de pessoas que trabalham com fotografia, como Alice Kok, Jason Lei, José Drummond ou Chan Hin Io, entre outros. Estão também incluídas imagens do projecto YiiMa, de Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que estiveram expostas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em 2019. Aposta ganha Este projecto nasceu da iniciativa de João Miguel Barros após o encerramento súbito da mostra do World Press Photo, que todos os anos acontecia na Casa Garden. “Percebeu-se que esta exposição não tinha mais futuro em Macau e falei com a Ana Paula Cleto [delegada da FO] para se aproveitar o mês de Outubro para se fazer algo relacionado com a fotografia contemporânea.” A ideia inicial era apostar numa bienal de fotografia contemporânea em Macau na FO, em alternância com a bienal de mulheres artistas, com base em temáticas como “o problema da identidade e memória”, aproveitando também o “espaço político entre a China e os países de língua portuguesa”. A pandemia obrigou a ajustes no projecto, que levaram à criação desta exposição. Esta “tem o mérito de juntar as pessoas, mas não é propriamente igual em termos de qualidade”, assegura João Miguel Barros. “Nem isso seria expectável com 20 propostas de pessoas muito diferentes. Temos fotógrafos profissionais, há um caso ou outro em que é visível as raízes de trabalho mais comercial que se misturou com algumas divagações artísticas, mas foi algo que resultou muito bem.” Para o fotógrafo e advogado, que já fez diversos trabalhos de curadoria, a temática da fotografia contemporânea “está pouco explorada” no território. “Faltava uma exposição com esta dimensão, apenas de fotografia. Não tenho memória de ter visto uma em Macau. Este projecto é inovador no sentido em que apresenta apenas fotografia.” “Narrativas a Oriente” será também um livro, com design de Henrique Silva, também conhecido como Bibito. “A ideia deste livro é estruturante dos meus projectos, e que vem na lógica da fotografia japonesa, pois privilegio mais a edição do que a exposição. O que fica na memória é o registo”, disse o curador. Para João Miguel Barros, criar esta mostra é também uma forma de responder a um desígnio que, na sua visão, o Fórum Macau deveria reforçar: o da dinamização cultural entre a China e os países de língua portuguesa. “Há muitos anos que penso que o facto de o Fórum [Macau] estar aqui, e de a China ter criado este espaço político, criou condições únicas para se desenvolverem projectos. Esse espaço político diminui um risco de instabilidade, é consolidado. Culturalmente era importante desenvolver projectos culturais que abrangessem os países todos à volta do Fórum. A FO podia ser um bom incubador”, sugeriu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGrande Baía | Estudo revela que metade dos residentes quer trabalhar em Macau Um estudo da Associação de Gestão de Macau (AGM), ontem apresentado, revela que cerca de 48 por cento dos residentes inquiridos não deseja sair de Macau e trabalhar nas outras áreas da Grande Baía, mesmo que as condições de trabalho no território não sejam as ideais. Em causa, estão diferenças culturais, de hábitos e de ambiente entre Macau e as nove cidades que integram esta iniciativa, bem como a necessidade de cuidar da família. De entre os que desejam trabalhar na Grande Baía, a maior parte pretende fazê-lo em Hengqin. Este estudo foi realizado entre Agosto e Setembro deste ano e contou com 1016 respostas válidas, com as reacções das mulheres a representarem 56,4 por cento. Mais de 65 por cento dos inquiridos tem entre 22 e 35 anos, enquanto que 82,68 por cento possui o ensino secundário completo ou uma licenciatura. Lau Veng Seng, ex-deputado e presidente da AGM, defendeu que o Governo deve criar mais atractivos para que os residentes considerem ter uma carreira na zona de Hengqin, sendo que a ligação a grandes empresas da China para a criação de mais empregos poderia ser uma das apostas. Sem promoções O estudo realizado pela AGM mostra ainda que 56,59 por cento dos entrevistados nunca teve uma promoção no emprego, sendo que menos de dez por cento dos inquiridos teve uma promoção nos últimos anos, à excepção do ano de 2016 ou anteriores. Além disso, menos de metade dos inquiridos tem um plano de carreira, enquanto mais de 7,69 por cento de mulheres revelam stress em contexto de trabalho face aos homens. Há também 6,38 por cento dos homens inquiridos que diz ter um plano de carreira implementado, o que revela que “mais homens têm um desenvolvimento de carreira a longo prazo, enquanto que as mulheres olham mais para o stress dos seus trabalhos”. Os dados deste estudo revelam ainda um aumento do desemprego em relação ao ano passado, devido à pandemia, sendo este um motivo de preocupação para os inquiridos. A maior parte não tenciona mudar de emprego devido à instabilidade causada pela pandemia.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGrupo Suncity | Despedimentos sem impacto no mercado de trabalho, diz Jeremy Lei A Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo não acredita que a saída de trabalhadores do grupo Suncity, em virtude de a empresa ter anunciado o encerramento das suas actividades de promoção de jogo, possa causar um grande impacto ao mercado laboral. “A pandemia dura há dois anos e a legislação para combater o jogo transfronteiriço entrou em vigor na China em Março deste ano. Quando as salas VIP começaram a ser alvo de reformas, grande parte dos trabalhadores já tinha saído”, adiantou. Jeremy Lei explicou também que, nos últimos dois anos, “as salas VIP não têm tido muitos clientes e quem tinha capacidade para mudar de carreira já o fez”. “Essencialmente o impacto [no mercado de trabalho] já foi digerido”, frisou. Pouca procura Recorde-se que ontem foi o primeiro dia de funcionamento do balcão de atendimento exclusivo para os funcionários do grupo Suncity por parte da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). Mas Jeremy Lei confessou que este apoio tem muitas limitações. “Claro que tem algum efeito, mas há uma grande discrepância face à realidade. Tendo em conta o actual cenário de pandemia, parece não ser realista a ideia de que os funcionários podem encontrar facilmente trabalho”, adiantou. Jeremy Lei diz que foram poucos os funcionários que, até ao momento, se dirigiram à associação a pedir ajuda. Muitos dos pedidos dizem respeito ao receio do não pagamento dos salários de Novembro ou das indemnizações por despedimento. Jeremy Lei falou ainda do exemplo de um funcionário que não receia o desemprego, por ter a oportunidade de ser contratado pela concessionária de jogo com a qual o grupo Suncity tinha ligações. “Era relações públicas e disse-nos que foi contactado pelo departamento de recursos humanos da empresa. Penso que essa intenção de contratação se deve ao facto de ele conhecer muitos clientes”, referiu. Suncity | DSAL recebeu 73 pedidos de ajuda até às 17h A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) recebeu ontem, até às 17h, 73 pedidos de ajuda de funcionários do grupo Suncity no balcão especial que abriu ontem para o efeito. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, 48 foram reclamações e 25 consultas, sendo que as principais reclamações dos funcionários foram relativas a pagamento de salários, indemnizações por despedimento e férias. A DSAL ajudou ainda 22 trabalhadores a registarem-se na busca de emprego e a pedir subsídio de desemprego.
Andreia Sofia Silva PolíticaFSS introduz índices para prestações e cria mecanismo de revisão regular Está em curso uma alteração no modelo de prestações ao Fundo de Segurança Social (FSS), através da criação de índices, os quais serão revistos anualmente em Setembro. Cada alteração dos montantes das prestações será analisada no seio do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), cabendo ao Chefe do Executivo a aprovação do ajustamento, que entrará em vigor em Janeiro do ano seguinte. Em paralelo, será feita uma revisão deste mecanismo a cada cinco anos. Esta medida foi ontem apresentada por Un Choi Cheng, ligada à comissão executiva do FSS, junto do CPCS. “O objectivo deste mecanismo é introduzir índices para que possa haver um ajustamento das prestações, [tendo em conta] a inflação acumulada, as receitas do FSS e a esperança média de vida das pessoas”, adiantou à saída da reunião. A ideia é criar “regras para um ajustamento” regular dos pagamentos à segurança social, para que o FSS funcione “de forma mais científica e sistemática, para que o desenvolvimento [do sistema] de segurança social possa ser sustentável”. Na prática, os montantes das pensões podem ficar como estão, mas pode também ocorrer um aumento. Como exemplo, no caso de a taxa de inflação acumulada ser igual ou superior a três por cento, o FSS irá manter o montante das prestações, com base na esperança média de vida dos últimos cinco anos e no montante das receitas globais médias do FSS. “Independentemente das duas situações acima descritas, o Governo vai rever o nível de protecção básica na velhice e efectuar um ajustamento” através da adopção de várias políticas. Tudo para que “a pensão para idosos, mais o subsídio para idosos, não sejam inferiores ao valor de risco social”, explica o FSS, em comunicado. Jogo de equilíbrios Este novo mecanismo foi desenvolvido com base num estudo elaborado pela Universidade de Macau. “Vamos lançar em breve este mecanismo e em Setembro do próximo ano iremos fazer uma revisão”, adiantou a responsável da comissão executiva do FSS. Dados relativos até Outubro revelam que o FSS possui receitas no valor de 3,51 mil milhões de patacas. “Com o lançamento deste mecanismo queremos garantir que a população tem uma protecção após a aposentação, para que haja um equilíbrio com o desenvolvimento da sociedade”, referiu Un Choi Cheng.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCírculo Fora da Europa | Maló de Abreu substitui José Cesário na lista do PSD José Cesário está de saída da Assembleia da República onde era deputado pelo Círculo Fora da Europa, sendo agora substituído por Maló de Abreu na liderança da lista para as eleições legislativas de 30 de Janeiro. Este, caso seja eleito, promete visitar Macau a curto prazo Antigo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário está de saída da Assembleia da República (AR), uma vez que não integra qualquer lista do Partido Social Democrata (PSD) para as próximas eleições legislativas do país, marcadas para 30 de Janeiro. Na sua página de Facebook, José Cesário anunciou o nome de Maló de Abreu como substituto na liderança da lista pelo Círculo Fora da Europa. Questionado se esta saída tem a ver com um eventual apoio a Paulo Rangel, que concorria à liderança do PSD contra Rui Rio, reeleito líder, José Cesário prefere não comentar. “Essa é a dedução possível, mas apenas o líder do partido poderá responder a isso. Estou de saída porque o partido escolheu outros nomes para candidatos. Estava disponível para continuar”, assumiu. Recorde-se que Rui Rio disse que não houve qualquer “limpeza étnica” por parte do PSD na hora de definir listas de deputados, mas que houve apenas “um esforço de renovação, particularmente em deputados que possam estar há muitos anos no Parlamento”. Por sua vez, Maló de Abreu, actual deputado, mostra-se expectante sobre este novo desafio político. “Temos uma campanha [eleitoral] pela frente. Sabemos que as comunidades portuguesas são muito importantes e que têm de ser valorizadas”, confessou. Na agenda, caso seja eleito, está a realização de uma viagem a Macau a curto prazo. “Terei oportunidade de visitar Macau mal haja condições objectivas para isso”, disse, apontando para os problemas existentes no funcionamento do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. “A eficiência e rapidez do consulado de Macau impõe-se na resposta às necessidades dos portugueses que vivem lá fora. É uma das grandes preocupações neste momento. Para nós a comunidade de Macau é muito importante e merece uma atenção especial.” Maló de Abreu revela também estar atento a matérias ligadas ao ensino de língua portuguesa e à manutenção “da portugalidade junto dos nossos concidadãos e descendentes”. “Queremos aumentar a capacidade que Portugal tem do ensino do português junto das comunidades”, referiu o responsável, que também pretende reforçar o papel da secção do PSD em Macau. Tudo para que haja “uma troca de informações mais rápida em matéria interna do partido”. EPM além-fronteiras Convidado a fazer um balanço de todos estes anos na política, na qualidade de secretário de Estado e de deputado, José Cesário destaca a nova lei da nacionalidade e a luta para que os consulados portugueses fizessem um serviço itinerante. Relativamente a Macau, José Cesário destaca “o grave problema no consulado” ligado aos baixos salários dos funcionários, o que “reduz a capacidade de contratação por parte do consulado, o que afecta o serviço”. Sobre a Escola Portuguesa de Macau (EPM), Cesário adiantou que “as instalações poderiam ser maiores e melhores”, sendo também “desejável que se assuma mais como uma escola internacional, melhorando a componente do ensino em chinês e inglês, além do português.” Para José Cesário, a EPM “tem de ter uma lógica regional e que se articule mais com o IPOR [Instituto Português do Oriente]”. “O IPOR tem de reforçar a lógica regional e ultrapassar claramente as fronteiras de Macau”, rematou.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJoão Paulo Borges Coelho, escritor: “A principal doença é o esquecimento” O novo livro de João Paulo Borges Coelho, “O Museu da Revolução”, lança um olhar sobre algumas das problemáticas actuais de Moçambique. O escritor moçambicano diz não usar a literatura para transmitir mensagens e considera que, num país onde se nasce muito e se morre cedo, a população fez as pazes com a colonização portuguesa O seu novo livro chama-se “O Museu da Revolução”. Que obra é esta e que mensagem traz aos leitores? É um livro longo, que levou algum tempo a ser vivido. Não tem uma mensagem. Sou avesso a mensagens. É uma exploração de vários temas, acho que o leitor depois constrói a sua própria mensagem ou simplesmente diverte-se, ou fecha o livro a meio se não lhe agradar. Mas é sempre o mesmo tema. Moçambique. É Moçambique, as ligações… não concebo um livro como uma história que é contada. Uso esta imagem de abrir uma caixa e ir tirando de lá coisas e ver como é que elas se comportam umas com as outras. [O livro] tem alguns temas que parecem centrais, mas no fundo todos eles são centrais. Tem talvez um acontecimento de fundo, uma viagem, com diferentes pessoas, para eu poder experimentar o interior e as acções de cada uma delas. Através dessa viagem, levantam-se muitas outras questões, como a violência ou as guerras. As pessoas pensam as guerras como coisas arrumadas no tempo, mas elas, mesmo as que são diferentes, coexistem. Então há uma certa exploração da guerra colonial e da guerra civil, como se existissem as duas ao mesmo tempo. Elas existem dentro das pessoas e são elas que, de alguma maneira, nos informam do estado dos personagens. Que outros temas destaca neste livro? Um outro tema é o museu da Revolução [em Maputo], que dá o nome ao livro. O museu é sempre uma coisa complexa, uma tentativa de arrumar a história através de vestígios e testemunhos concretos. É um tema muito complexo, que passa pelas memórias, evidências, a questão da verdade e do poder. Os museus são a forma como se organiza o passado. No nosso caso, há mais elementos de complexidade, porque este museu foi privatizado, o que é, de alguma forma, espantoso. Era um museu da luta de libertação, de uma luta levada a cabo por uma frente que se transformou em partido, e o museu foi privatizado por esse partido, mas que depois encerrou. Há todo um questionamento da carga simbólica que isto tem. Foi alimento para a ficção. Digamos que o livro se situa mais ou menos em 2010. Tem outro tipo de questões, como a paisagem, a natureza. Há um personagem central que desenvolve as acções e, ao mesmo tempo, nos dá uma outra estruturação do passado recente, através do seu próprio percurso. Há também a questão da cidade e do campo. Portanto, cruzam-se muitas linhas. Há uma diferença muito grande entre ter uma história na cabeça, e não é isso que me interessa, porque depois tudo o resto é desinteressante, e o trabalho entediante de escrever. Interessa-lhe mais pensar as coisas? [Interessa-me] o embate, e ver as coisas que provocam outras. Por isso não gosta de partir para um novo livro com base numa história, prefere pensar problemáticas. Sim. Vou seguindo os problemas em que me apetece pensar nesse momento. As estátuas… todas as estátuas coloniais desapareceram, e hoje essa questão aparece por toda a parte. Há um caso enigmático a explorar de um monumento em Maputo, que resistiu, sobre a grande aventura dos sul-africanos, da grande migração para norte, e que à época terminou em Lourenço Marques. Esse monumento permanece até hoje e foi motivo para explorar o mistério de ele ter sobrevivido intacto, em paralelo com outras questões. Como por exemplo? A influência coreana dos monumentos novos. Ainda há dias na televisão vi a figura do Agostinho Neto, que é praticamente igual à do Samora Machel. Houve empreitadas de construção de monumentos como se tudo fosse planeado de cima para baixo, e não surgissem como produtos das vicissitudes da história, mas de um plano centralizado. Temos grandes monumentos das figuras públicas nas capitais [principais], médios nas capitais provinciais e pequenos nas capitais distritais. Pegando no desaparecimento de estátuas, e na privatização do museu, acha que a história do seu país está a ser mal contada ou reescrita pelos seus dirigentes? Não. Não concebo a história como algo que se escreve, mas sim como um campo de discussão. Existem sempre várias versões, o que aconteceu deixou de acontecer quando desapareceu. Há muita literatura sobre a memória colectiva. Reescrever a história era quase uma exundação do período socialista. Neste momento, não somos diferentes do resto do mundo, a principal doença é o esquecimento, não haver qualquer interesse na história. Não há debate? Não há. E de facto uma versão da história associada ao poder, e isto é um fenómeno mundial, vai deixar de ser fundamental. Hoje há uma espécie de hiperinflação do espaço do presente. Não há utopias nem passados, mas estas luzes que brilham, e nós vamos como que navegando à vista. Mas há futuro? Não há futuro. Quer dizer, há um grande algoritmo final, está tudo pensado, ou então a catástrofe. Eventualmente as duas coisas estão associadas. Não há o futuro enquanto ideia do caminho a seguir, o debate. Isso é preocupante. Moçambique já fez as pazes com a antiga metrópole? A questão das relações com Portugal não é importante para a geopolítica local. Existem outras forças e dinâmicas mais fundamentais para a existência do país, nomeadamente a África do Sul, que tem muito mais importância a nível geopolítica e das relações bilaterais. Há muito que as relações estão pacificadas com Portugal, o que não quer dizer que esse passado não exista fantasmagoricamente. Como uma sombra. Sim. A questão é complexa porque temos de distinguir a percepção dessas relações ao nível do Estado e comunitário ou da memória das pessoas. Referia-me à memória das pessoas. É também complexo de dizer, porque ali morre-se muito cedo e nasce-se muito. A esmagadora maioria da população não nasceu no fim do colonialismo, mas já depois da assinatura dos acordos de paz. A ideia de Portugal como entidade próxima é quase escolar. Essa ideia era trabalhada por pessoas que já não estão no poder. Há também a questão da afirmação, porque o fim do colonialismo foi visto de um ângulo diferente do meu e do seu, e foi muito mais importante se considerarmos que não se era pessoa, mas uma espécie de subalterno. O fim dessa relação colonial significou uma coisa muito mais profunda do que ousaríamos descrever. Surpreende-me que esse passado não tenha sido mais trabalhado. A nível académico estudei a questão da memória e do passado e, colocando de uma forma mais simples, a saga da libertação. Há também questões de humilhação, da escravatura, no servir do colono. O espírito de independência era de afirmação, mais vigoroso. Daí essas diferenças. O rancor foi perdendo força para uma coisa mais nublada. As nossas prioridades são outras. Tais como? A fome, a violência. São questões mais urgentes para resolver do que essa ideia que ficou do êxodo dos colonos. Foi importante, mas fez-se uma espécie de purga. A literatura serve para resolver essas questões, para pensá-las? Seria mais cauteloso. Mais modestamente, a literatura é o que me ocupa parte dos dias, é um ofício, e vale por si só. Não sei se esse será o papel. A literatura tem um papel de alegrar a leitura, e que já em si é um propósito nobre. Mas em relação ao papel da literatura na resolução desses problemas, não creio, até porque ela tem um impacto muito modesto e limitado. Literatura também pode ser alienação. Ali as pessoas leem pouco. Edita-se e escreve-se pouco. Deve-se falar da literatura moçambicana com alguma modéstia e comedimento, mas é importante levantar questões. Paulina Chiziane venceu o Prémio Camões deste ano. Ela tem uma voz. Tem, e até arriscaria dizer que tem uma voz mais forte fora de Moçambique. Fico contente que seja uma mulher [a vencer o prémio]. A literatura não é, de todo, uma profissão normal em Moçambique, e no feminino é ainda mais anormal. Nesse sentido, mexe com as coisas. As mulheres, naquelas zonas do mundo, têm um duplo fardo.