Andreia Sofia Silva SociedadeGastroenterite | Autoridades alertam para aumento de casos Os Serviços de Saúde (SS) emitiram ontem um alerta sobre o “o aumento significativo de infecções por norovírus”, que causa gastroenterite aguda, doença que se tem tornado “mais activa”, levando a mais consultas médicas. Dados contabilizados a partir de 1 de Dezembro último mostram que o número médio de utentes, por semana, passou de 88 para 125 no final do mês, uma “subida significativa em relação aos 79 utentes registados em Novembro”. Além disso, e segundo os dados de vigilância sobre a declaração obrigatória de doenças transmissíveis, o número de casos começou a aumentar no dia 9 de Dezembro, com a média semanal de casos declarados a passar de 24 para 92 no final de Dezembro. Em Novembro registaram-se apenas 12 casos. Os SS explicam que os “casos provêm principalmente de incidentes recentes de gastroenterite colectiva de origem alimentar ou de transmissão entre humanos, envolvendo um grande número de pessoas”. No último mês ocorreram 12 casos de infecção colectiva de gastroenterite, incluindo gastroenterite colectiva de origem alimentar e infecção colectiva de gastroenterite em instituições educativas. Os dados mostram, assim, que “a infecção por gastroenterite aguda em Macau se encontra numa fase activa”, apelando-se “à população que preste atenção à higiene pessoal, ambiental e alimentar”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePME | Estudo diz que tecnologia foi essencial para sobreviver à pandemia Durante a pandemia, as pequenas e médias empresas de Macau foram obrigadas a procurar formas de sobrevivência e a aposta nas novas tecnologias e redes sociais ajudou a manter negócios. Uma dissertação de mestrado de Lai Ieng Chio, defendida no Instituto Superior de Economia e Gestão, apresenta quatro casos de resiliência e adaptação Chama-se “A adaptação das PME à covid-19 em Macau: O foco na Informação Tecnológica” e revela a forma como algumas pequenas e médias empresas de Macau se adaptaram às novas tecnologias, alterando modelos de negócio e inovando, para responder à crise económica que o território enfrentou durante os anos de combate à pandemia da covid-19. Este estudo constitui a dissertação de mestrado em Gestão de Sistemas de Informação defendida por Lai Ieng Chio no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa. Contendo entrevistas a quatro empresários locais, o estudo conclui que “as atitudes dos empresários e a adopção das tecnologias da informação foram essenciais para apoiar as pequenas e médias empresas (PME) de Macau a sobreviver à crise, melhorando a capacidade de resiliência e a eficiência das empresas”. Além disso, a aposta em formatos online ou nas vendas através das redes sociais, entre outras ferramentas digitais, trouxe a possibilidade de adaptação “às condições do negócio em constante mudança”. As quatro empresas versadas no estudo operam nas áreas da educação, propriedade intelectual; desporto e saúde, no caso concreto um estúdio de Yoga fundado em 2019; e uma empresa de marketing. A empresa mais antiga foi fundada em 2013 e, à data das entrevistas, empregava 20 pessoas a tempo inteiro, tendo 400 trabalhadores ocasionais e em regime freelancer. O responsável pela empresa de marketing lembrou que “antes de 2019, (as empresas locais em Macau) faziam principalmente marketing tradicional offline… A covid-19 obrigou-os a transformarem-se e a começarem a fazer marketing em linha… agora viram as vantagens disso e continuam a fazê-lo”. Desta forma, Lai Ieng Chio aponta que o empresário “enquanto profissional da indústria das tecnologias da informação, apresentou uma perspectiva mais ampla, salientando a mudança significativa nas estratégias de marketing no panorama empresarial local em Macau”. Neste contexto, a pandemia “funcionou como um catalisador, obrigando-as a fazer a transição para o marketing online”, sendo que “as empresas continuaram a fazer marketing online mesmo após a pandemia, reconhecendo as suas vantagens”. O empresário acrescentou que a pandemia trouxe lições e modos de trabalhar diferentes. “Foi uma grande oportunidade porque o nosso principal negócio era online. As restrições obrigaram as pessoas a mudar para o online pois viram que os resultados eram satisfatórios, existindo agora uma maior percepção quanto a isso. Cada vez há mais pessoas a pedirem-nos ajuda para a transformação [do seu negócio]”, apontou. No caso desta empresa, o estudo salienta que “o negócio beneficiou com a mudança” ocorrida com a passagem do marketing offline para online, tendo em conta que “mais empresas procuraram ajuda para a transformação digital”. Adaptações online No caso da empresa ligada à educação, em formato de franchising, foi fundada em 2020, tendo apenas dois funcionários a tempo inteiro. Aqui a transição para o online foi bastante desafiante, com o encerramento das escolas e demais instituições de ensino em diferentes fases e períodos. Porém, o entrevistado destacou que a empresa começou também a apostar no marketing online. “Utilizámos de forma oficial as redes sociais este ano [2023] e começámos a utilizar os sistemas de informação para encomendar e organizar materiais didácticos.” Desta forma, o estudo destaca que a maioria dos entrevistados adoptou “o marketing online e sistemas de informação” digitais, sendo que o caso da empresa ligada à educação demonstrou “uma abordagem proactiva à adopção de ferramentas digitais, tanto para marketing como para eficiência operacional”. O uso de ferramentas digitais foi também útil para manter o estúdio de Yoga operacional. “Fazemos algumas coisas online (…) utilizando o FaceBook, o Instagram, o Wechat (…) principalmente por ser conveniente para a promoção e o marketing (…) e começámos a utilizar sistemas de informação para o registo dos alunos”, foi dito na entrevista para o estudo. No que diz respeito à empresa da área da propriedade intelectual, houve também a necessidade de adaptação, sendo que os anos de pandemia até levaram o entrevistado a perceber onde estava a errar no negócio. “Graças à covid-19 consegui ver mais claramente os pontos fracos [da empresa], pelo que desenvolvemos uma nova forma de funcionamento e começámos a utilizar grandes volumes de dados e algoritmos para nos ajudar a navegar. Por exemplo, devido à pandemia, cada vez mais pessoas começaram a ter gatos como animais de estimação. Foi uma boa oportunidade para seguir esta tendência que os grandes dados me mostraram e lançar produtos relacionados”, foi referido. Digital foi a resposta Tendo em conta os quatro exemplos analisados, o estudo denota que “os empresários de Macau se depararam com uma miríade de dificuldades, que vão desde as dificuldades financeiras à exaustão emocional”. No caso do centro de explicações, a empresa do ramo da propriedade intelectual e do estúdio de Yoga houve “rendimentos nulos, despesas contínuas e um futuro incerto”, embora todos os empresários tenham demonstrado capacidade de “resiliência e adaptação”. Desta forma, o recurso às plataformas online e meios digitais “foram identificadas como estratégias-chave não só para sobreviver, mas também para prosperar no panorama empresarial transformado”, tendo-se verificado, nos anos de pandemia, “numa resposta dinâmica e adaptativa dos empresários de Macau na sequência das perturbações sem precedentes provocadas pela crise sanitária mundial”. O estudo denota ainda que “a capacidade de se adaptar e de adoptar novas tecnologias e abordagens revelou-se essencial para as PME de Macau sobreviverem e prosperarem num ambiente difícil”. Verificou-se ainda “a importância crescente das tecnologias da informação, particularmente do marketing online através de plataformas de redes sociais e da aplicação de sistemas de informação no panorama empresarial de Macau”. O estudo destaca também a continuidade do uso destas ferramentas por parte das PME locais. “Mesmo após a pandemia, as empresas continuaram a reconhecer as vantagens das tecnologias da informação para alcançar um público mais vasto, estabelecer contacto com potenciais clientes e melhorar a eficiência operacional. À medida que as PME continuam a navegar no ambiente empresarial em constante mudança, espera-se que a sua capacidade de adaptação e inovação continue a ser crucial para o sucesso a longo prazo.” Lai Ieng Chio denota que a actual situação empresarial “é dinâmica e que o impacto da covid-19 nas PME de Macau vai continuar a evoluir”, apelando à realização de estudos com maior abrangência e actualização de dados. Apesar destas conclusões, a verdade é que muitos deputados e analistas têm apontado as dificuldades que as PME continuam a enfrentar em Macau, não só porque estão ainda a recuperar dos anos da pandemia, como têm de se adaptar a novos formatos de consumo por parte dos residentes, que viajam mais para o Interior da China, e dos próprios turistas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAMCM | Crédito malparado é o mais elevado dos últimos 20 anos Os últimos dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau sobre a actividade bancária deixam sinais de alerta: o crédito malparado chegou a 5,5 por cento em Novembro, para um total de 55 mil milhões de patacas em dívida. É o valor mais elevado em 20 anos, depois de em 2001 ter atingindo 25,3 por cento O sistema bancário de Macau tem enfrentado, em quase dois anos, 21 aumentos mensais consecutivos do volume do crédito malparado, atingindo em Novembro o registo mais elevado das últimas duas décadas. De acordo com últimos dados divulgados pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), em Novembro os empréstimos por pagar representavam 5,5 por cento do total de créditos concedidos pelos bancos, uma subida de 0,1 por cento em relação a Outubro. No total, estavam em dívida 55 mil milhões de patacas. Estes dados mostram, assim, o maior valor desde 2001, quando o crédito malparado atingiu a fasquia dos 25,3 por cento, logo a seguir à transição. De resto, o cenário do crédito malparado tem vindo a piorar desde Agosto do ano passado, quando atingiu 5,1 por cento. Seguiu-se Setembro com 5,2 por cento de empréstimos por pagar. Os 5,5 por cento de crédito malparado de Novembro constituem, assim, o 21º aumento mensal consecutivo dos créditos que estão por pagar à banca com atrasos superiores a três meses. Nas estatísticas divulgadas na última sexta-feira, a AMCM divulgou ainda uma descida ligeira dos depósitos dos residentes em Novembro, em termos mensais, com uma manutenção dos empréstimos por parte dos portadores de BIR face a Outubro, no total de 518,6 mil milhões de patacas. Por sua vez, os empréstimos ao exterior decresceram três por cento para 487,7 mil milhões de patacas. Alertas de Verão Em Agosto, o economista António Félix Pontes disse estar preocupado com estes dados. O facto de o crédito malparado estar acima dos 50 mil milhões de patacas em relação a Agosto é sinal de preocupação para o economista, tendo em conta que “excede em 12,4 vezes [relativo aos 50 mil milhões de malparado de Agosto] o montante respeitante a Janeiro de 2022, ou seja, na pandemia, quando se ficava por apenas 3,7 mil milhões de patacas”. “Estamos, sem dúvida, perante uma situação que pode afectar, de forma adversa, o desenvolvimento da economia de Macau, sendo previsível que os bancos afectados passem a conceder menos empréstimos, com implicações negativas no investimento privado e no consumo dos particulares”, disse Félix Pontes, destacando que se pode mesmo verificar “uma contracção económica”. Félix Pontes considerou que tal cenário “deveria constituir motivo de preocupação para os nossos governantes” e frisou que “traduz a fragilidade dos sectores não relacionados com a indústria do jogo”. Em Outubro, numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Wong Kit Cheng, a AMCM desvalorizou eventuais perigos para o sistema económico, explicando que os créditos por pagar dizem respeito a empréstimos comerciais garantidos por imóveis residenciais ou comerciais na China ou no estrangeiro, e que têm “garantias suficientes”. Na mesma resposta, Chan Sau San, presidente do conselho de administração da AMCM, adiantou que “o rácio de crédito malparado dos empréstimos hipotecários, dos residentes, para aquisição de imóveis residenciais em Macau, foi de 0,9 por cento, o que se situava a um nível baixo e controlável”.
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Festival “KINO” tem Sandra Hüller como estrela maior A edição deste ano do KINO, festival que celebra o cinema alemão na Cinemateca Paixão até 21 de Janeiro, dá destaque à actriz Sandra Hüller, uma das estrelas da sétima arte germânica. A actriz participa amanhã numa conversa com o público da Cinemateca Paixão Fez a “Zona de Interesse”, no papel da mulher de um oficial alemão das SS, e depois a “Anatomia de uma Queda”, interpretando uma mulher que fica viúva depois do marido cair da janela de um chalet no meio das montanhas. A actriz alemã Sandra Hüller é cada vez mais um nome presente no cinema internacional e é a actriz em destaque do KINO – Festival de Cinema Alemão, patente na Cinemateca Paixão até 21 de Janeiro. Um dos eventos em destaque é a conversa que o público poderá ter com a actriz amanhã, a partir das 15h, em “O outro mundo incrível de Sandra Hüller”, que terá Joyce Yang como oradora e moderadora. Nem de propósito, um dos filmes exibidos amanhã, integrado na programação do KINO, é, precisamente, “Anatomia de uma Queda”, a partir das 16h30. A “Zona de Interesse”, que remete para os horrores do Holocausto na Alemanha nazi, pode ser visto no dia 21 de Janeiro. Outro filme que conta com a participação da actriz é “Sissi e Eu”, que o público poderá ver no dia 19, e que conta a história de Irma Condessa von Sztáray. A protagonista começa a enfrentar desafios quando se torna dama de companhia da Imperatriz Elisabeth, que ficou conhecida como Imperatriz Sissi, que leva uma vida pautada por dietas rigorosas e exercício físico. As duras rotinas de Sissi, que sofre com problemas de depressão, acaba por unir as duas, cujo rumo de vida se altera por completo quando regressam a Viena. No dia 12, a Cinemateca Paixão exibe “In the Aisles”, também com a participação de Sandra Hüller, cuja história gira em torno das vidas de empregados de uma loja: Christian é novo no serviço, sendo apadrinhado por Bruno, que trabalha na secção das bebidas. É então que, por entre corredores da loja, Christian apaixona-se por Marion, uma mulher casada que é responsável pela secção dos doces. Tudo muda quando Marion fica de baixa, deixando o novo funcionário muito depressivo. Outros filmes Para quem se interessa por cinema alemão há ainda outras oportunidades na Cinemateca Paixão que vão além do trabalho da actriz em foco. É o caso de “O Divórcio de Andrea”, exibido amanhã a partir das 19h30, e que se exibe novamente a 17 de Janeiro. Neste filme, Andrea é uma polícia que quer divorciar-se, mas que subitamente se vê envolvida num atropelamento acidental do seu marido viciado em álcool. A polícia foge do local do acidente, mas no dia seguinte descobre que Franz, professor e também alcoólico, assumiu a culpa pelo acidente, o que faz iniciar um ciclo de comportamentos em que Andrea tenta eliminar os vestígios da sua participação no acidente. A 18 de Janeiro exibe-se “15 Anos”, que gira em torno da vida de Jenny, que foi condenada a uma pena de prisão de 15 anos por um crime que não cometeu e que, cumprida a pena, tenta recomeçar a vida numa casa de apoio cristã. Uma das valências de Jenny é o facto de tocar muito bem piano. Quando aceita actuar ao lado de Omar, cantor sírio, num programa de televisão, descobre que, por ironia do destino, o apresentador do programa é um antigo amante e o mesmo homem que a incriminou. É então que Jenny tenta vingar-se. No dia 14 apresenta-se “Além da Fronteira Azul”, uma película que remete ao tempo em que a Alemanha estava dividida em duas. No ano de 1989, na República Democrática da Alemanha, Hanna e Andreas tentam desafiar a autoridade e tornam-se alvos da polícia, o que os leva a abandonar os planos de vida por serem perseguidos pelo regime comunista. É então que ambos decidem fugir pelo Mar Báltico, estando separados da liberdade desejada por apenas 50 quilómetros. “Artur e Diana” é o filme escolhido para o dia 15, exibindo-se a partir das 19h30. Com realização de Sara Summa, o filme centra-se no casal de irmãos que dá nome ao filme. Diana tem um filho de dois anos, e estes decidem um dia sair de Berlim em direcção a Paris para renovar o registo do velho carro da marca Renault. Porém, a viagem revela-se atribulada, com os irmãos a lidar com discussões e memórias do passado. O cartaz do KINO inclui ainda títulos como “Exile”, “Every You, Every Me”, “Weekend Rebels”, “Oito Dias em Agosto” e “Terra Queimada”. Os bilhetes para as sessões custam 60 patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGovernação | Sam Hou Fai destaca “Um País, Dois Sistemas” Na mensagem de Ano Novo, Sam Hou Fai declarou que o princípio “Um País, Dois Sistemas” é fundamental para o desenvolvimento de Macau. O líder do Executivo apontou como objectivos de governação a salvaguarda da estabilidade social e a diversificação económica Sam Hou Fai proferiu uma mensagem cheia de esperança para o ano de 2025, mas também de alerta em relação ao que Macau precisa de fazer com um novo Executivo. O Chefe do Executivo, que tomou posse no passado dia 20 de Dezembro, defende que “a maior vantagem” de Macau é o princípio “Um País, Dois Sistemas”, cuja “base fundamental é a salvaguarda da soberania, da segurança e dos interesses de desenvolvimento” da China”. O governante da RAEM defendeu que é necessário “estabelecer firmemente a consciência comum de ‘um país’ e persistir nesse imperativo, de modo a garantir que a prática de ‘Um País, Dois Sistemas’ não seja alterada ou desvirtuada”, acrescentou. Em 2025, o sexto Governo da RAEM vai “aproveitar melhor” as vantagens de “Um País, Dois Sistemas” e tomar iniciativas “com espírito de reforma e inovação”, garantiu. Tendo em conta os próximos cinco anos de governação, Sam Hou Fai referiu que Macau “encontra-se numa nova fase de desenvolvimento”, pelo que o Governo deve “insistir na confiança institucional” no princípio “Um País, Dois Sistemas”. É também necessário “saber identificar” os problemas, “dar respostas” e “procurar alternativas, aproveitando as oportunidades e realizando reformas com determinação”. Assim, cabe a Macau “aplicar, de forma plena, precisa e inabalável, o princípio “Um País, Dois Sistemas” e salvaguardar a paz e a estabilidade sociais”, além de “dedicar maior empenho na promoção efectiva da diversificação adequada da economia”. Uma maior eficácia No discurso de Ano Novo, Sam Hou Fai realçou a importância de seguir uma “governação de acordo com a lei e as responsabilidades assumidas, tendo em vista o aumento da eficácia da governação da RAEM e a construção de um Governo eficiente e eficaz orientado para servir a população”. Foi também deixada a ideia de que deve ser criada “uma plataforma de abertura ao exterior de qualidade mais elevada” e uma maior integração “na conjuntura de desenvolvimento do país”. Neste contexto, a aceleração da “construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin” deve ser feita “com uma nova mentalidade, uma nova abordagem e um maior empenho”. Sam Hou Fai, ex-presidente do Tribunal de Última Instância, não esqueceu a referência à “concretização da desejada perspectiva de uma Macau alicerçada no Estado de Direito, dinâmica, cultural e feliz”. O governante mostrou-se confiante em relação ao ano que se inicia. “O desenvolvimento do nosso país está em constante transformação e é imparável. Macau encontra-se numa nova fase de desenvolvimento, em que a recuperação passa a ser o crescimento de alta qualidade, e tem um futuro promissor”, rematou.
Andreia Sofia Silva EventosPassagem de ano | “Mirror” e German Ku abrilhantam a noite Os fãs de cantopop podem desfrutar de muita música na noite de passagem de ano. Hoje à noite os “Mirror” sobem ao palco do Studio City para um concerto integrado na tournée “Mirror 2024 Grand Finale”. Destaque ainda para a actuação do macaense German Ku na praça do Lago Sai Van A chegada de um novo ano em Macau faz-se com muita música e estrelas bem conhecidas do universo artístico da região. Depois do concerto desta segunda-feira, os “Mirror”, a mais badalada boys band de Hong Kong, sobem hoje novamente ao palco do Centro de Eventos do Studio City, a partir das 22h30, para um segundo espectáculo de passagem de ano, integrado na “Mirror 2024 Grand Finale”, que já está esgotado. Esta constitui uma nova oportunidade para ver e ouvir quatro membros integrantes do grupo, nomeadamente Edan, Keung To, Anson Lo, Jeremy, tendo em conta que os “Mirror” trouxeram a Macau outros espectáculos em Maio, nomeadamente na Galaxy Arena, integrados na tour mundial “Mirror Feel the Passion Concert Tour 2024”. Recorde-se que antes deste ano repleto de espectáculos, os “Mirror” estiveram parados durante algum tempo devido a um acidente ocorrido em Julho de 2022, no Coliseu de Hong Kong, quando um ecrã de grandes dimensões caiu no palco, de uma altura de quatro metros, ferindo dois bailarinos. O incidente acabou por afastar os “Mirror” dos palcos durante algum tempo, tendo também deixado chocada a sua legião de fãs que, ao mesmo tempo, aguardava pelo seu regresso. Apesar da noite de passagem de ano se fazer no Studio City com apenas quatro membros do grupo, os “Mirror” são compostos por 12 cantores. Além desta pausa, a banda tem estado activa desde 2018, depois da formação no concurso televisivo de talentos “Good Night Show – King Maker”, tendo lançado o primeiro single a 3 de Novembro desse mesmo ano, “In a Second”. Desde então, a boys band tem ganho inúmeros prémios, sendo considerada uma das principais bandas do género cantopop de Hong Kong. Em 2020, foi lançado o single “Ignited”, que entrou para a lista dos “Top Ten Song of The Year” dos “Ultimate Song Chart Awards” e também dos “Chill Club Music Awards”. No ano seguinte, o single “Warrior” também registou os maiores sucessos, permanecendo no “Ultimate 903 Charts” durante duas semanas. Além de pertencerem ao projecto “Mirror”, alguns membros da banda mantém carreiras individuais no mundo da música e também na representação para televisão e cinema. Festa aberta Com organização do Instituto Cultural (IC), a festa de passagem de ano faz-se de forma gratuita em dois locais distintos, nomeadamente a praça do Lago Sai Van e nas Casas-museu da Taipa. Apesar do rol de convidados, o destaque vai novamente para o género cantopop e para German Ku, macaense vencedor este ano de um concurso de talentos da TVB, estação televisiva de Hong Kong, o “Meia-Idade, Canta e Brilha”. Com 36 anos de idade, o macaense canta desde jovem. Em 2009 participou no concurso de talentos “Asian Million Star”, da ATV, tentando sempre um lugar no mundo da música. A vitória no concurso da TVB catapultou-o para a fama, tendo em conta que o programa durou nove meses e teve enorme competição, com mais de 100 cantores a participar. Depois da consagração no programa da TVB, German Ku estreou-se a solo, na sua terra natal, no Venetian Theatre. Nem de propósito, o nome dado à série de espectáculos, ocorridos em Agosto, foi “German Ku – I’m Home”. German Ku vai ainda partilhar o palco, a partir das 22h, com outros artistas, nomeadamente os conceituados cantores de Hong Kong George Lam e Sally Yeh, e ainda bandas e cantores como Maria Cordero, Vivian Chan, Rico Long, Nick Ngai, FIDA, Daze in White, Ocean Walker, Ying May Supermarket, KC Ao Ieong e DAX One Dance Complex. Esta série de concertos será apresentada por Bobo Leong e Jeoffrey Wong. Por sua vez, nas Casas-museu da Taipa, o anfiteatro enche-se de música a partir das 20h30, com nomes bem conhecidos do público, como é o caso das bandas “Concrete/Lotus” e “Peony & Lon”, além do cantor pop de Hong Kong Johnny Yip. A festa nas Casas-museu complementa-se também com actuações de Victor Kumar e o seu Bollywood Dreams Group, destacando-se a cultura indiana, sendo que as danças tradicionais filipinas se apresentam com a actuação da Associação Bisdak de Macau. Destaque também para a apresentação das danças tradicionais da Indonésia, Myanmar e do Vietname interpretadas por grupos locais. Jason Fong irá protagonizar um “espectáculo de malabarismo com luzes e magia”, existindo no local expositores das diversas comunidades destes países. No Cotai não faltarão ainda opções para celebrar a entrada em 2025, nomeadamente no Le Jardin, junto ao The Parisian. A partir das 21h30 haverá festa com a actuação de “Tess Collins & The Party Animals”, sem esquecer a música de DJ Ryan que se prolongará pela noite dentro. Fica a promessa de um espectáculo de cores e luzes bem perto da meia-noite e nas primeiras horas de 2025.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNatalidade | Inquérito confirma pouca vontade de ter filhos Um inquérito da Associação Chinesa para a Promoção da Juventude revela que apenas 38 por cento dos inquiridos deseja ter filhos. Questões financeiras foram as principais razões apontadas para não constituir família. Pouco mais de metade dos jovens ouvidos deseja casar A Chinese Youth Advancement Association [Associação Chinesa para a Promoção da Juventude] realizou um inquérito que revela a baixa vontade dos jovens de constituir família, embora o casamento continua a ser opção para muitos. Os resultados mostram que apenas 38 por cento dos entrevistados desejam ter filhos, 35,91 por cento disseram não querer, enquanto 26,09 por cento ainda não tomou uma decisão. As razões para os jovens não desejarem ter filhos prendem-se com factores económicos: 46,63 por cento diz não conseguir suportar as despesas com cuidados infantis, 55,16 por cento não tem rendimentos suficientes e 37 por cento diz não conseguir suportar a renda da casa. Em relação ao casamento, há ainda vontade dos jovens de o realizar: 55,84 por cento dizem ter esperança em subir ao altar, enquanto 27,85 por cento dizem não querer casar por pressão económica, por já terem um determinado estilo de vida e aversão a responsabilidades conjugais. Mais de metade dos entrevistados defendem que, para escolher uma parceira ou parceiro de vida, olham para semelhantes posturas que possam ter perante a vida, as condições económicas ou a aparência. Além disso, 56,12 por cento dos entrevistados disseram que ainda estão solteiros por não terem encontrado um parceiro ou parceira adequados. Cerca de 46 por cento dos entrevistados dizem sentir nervosismo com a ideia de casar devido às pressões familiares e sociais, e a maioria só admite casar quando tiver capacidade económica e emprego estável. Enquanto isso, 46 por cento dos entrevistados dizem participar em actividades desportivas e competições para fazer amigos. Pedidas medidas O inquérito contou com um total de 1010 respostas válidas de entrevistados entre 18 e 35 anos de idade. Foram também colocadas questões sobre medidas de apoio do Governo para as áreas da família e natalidade. Cerca de 50 por cento dos entrevistados respondeu que não conhecem bem as medidas em vigor. Por outro lado, 37 por cento dos inquiridos entendem que o Executivo não dá apoios económicos suficientes, enquanto 38 por cento confessou que a melhoria dos serviços de cuidados a crianças poderia aumentar a sua vontade de ter filhos. A equipa responsável pelo inquérito considera que o Governo poderia melhorar as políticas nestas áreas e criar novos incentivos à natalidade, nomeadamente o prolongamento do prazo das faltas dadas por motivos de casamento no trabalho, de três dias para uma semana. Já a licença de maternidade poderia aumentar para seis meses, enquanto a licença de paternidade poderia passar a 15 dias. A equipa também sugeriu que o valor do subsídio de casamento aumente de cinco para dez mil patacas, e que o subsídio de nascimento também suba para 20 mil patacas por família. A associação sugeriu também que famílias com baixos rendimentos recebam um subsídio para filhos até aos três anos e que o Governo reduza impostos para famílias com mais filhos.
Andreia Sofia Silva SociedadeTurismo | Excursionistas coreanos mais que triplicam até Novembro Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram um aumento das excursões com turistas oriundos de fora da China até Novembro. Em 11 meses, Macau registou 79 mil visitantes em excursões da Coreia do Sul, um aumento significativo de 257,9 por cento em termos anuais, enquanto o número de excursionistas da Índia, 23 mil, subiu 426 por cento. Em termos globais, Macau recebeu, de Janeiro a Novembro, 1.908.000 turistas em excursões, mais 70,9 por cento face a igual período de 2023, sendo que 1.699.000 eram do Interior da China e 182.000 eram visitantes internacionais em excursões, um aumento de 63,4 por cento e 179,4 por cento, respectivamente. Relativamente ao mês de Novembro, os excursionistas foram 213 mil, mais 5,2 por cento em termos anuais. Nos primeiros 11 meses deste ano, um total de 524 mil residentes adquiriu viagens para fora, mais 43,3 por cento em termos anuais. A DSEC indica também a taxa média de ocupação dos quartos, que em 11 meses foi de 86,1 por cento, um aumento de cinco pontos percentuais face ao mesmo período de 2023. Nestes meses, os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 13.242.000 indivíduos, um aumento de 8,1 por cento face ao período homólogo de 2023. O período médio de permanência dos hóspedes manteve-se em 1,7 noites.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteZhuhai | Autor de atropelamento intencional condenado à morte Foi condenado à morte, na sexta-feira, o autor do atropelamento intencional que, em Novembro, causou 35 mortos e 43 feridos na cidade vizinha de Zhuhai. Segundo a agência noticiosa Xinhua, o Tribunal Popular Intermédio de Zhuhai condenou o homem a pena de morte por “colocar em risco a segurança pública através de métodos perigosos”, sendo ainda “privado de direitos políticos para o resto da vida”. Na sessão de julgamento, os juízes consideraram que o homem “decidiu descarregar a sua raiva por causa do fim do seu casamento, os resultados do divórcio e divisão de bens”, tendo atropelado intencionalmente, na noite de 11 de Novembro, pessoas que praticavam desporto junto ao Centro Desportivo do Distrito de Xiangzhou, em Zhuhai. O tribunal entendeu, segundo a mesma nota, “que os motivos criminosos do réu foram extremamente desprezíveis”, e que “a natureza do crime foi extremamente grave e métodos criminosos particularmente cruéis”. O crime praticado teve “consequências graves, com grandes danos sociais”. Ao julgamento assistiram familiares das vítimas e alguns sobreviventes do atropelamento, bem como membros da classe política do país, nomeadamente deputados da Assembleia Popular Nacional e delegados da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Andreia Sofia Silva SociedadeHengqin | Rui Martins reitera que UM terá curso de Medicina A Universidade de Lisboa vai ajudar a criar uma Faculdade de Medicina no novo campus da Universidade de Macau (UM), na vizinha Hengqin (ilha da Montanha), disse um vice-reitor da instituição. “A Faculdade de Medicina, que será a primeira faculdade de medicina pública aqui em Macau, será feita em parceria com a Universidade de Lisboa. Já temos um acordo nesse sentido”, disse Rui Martins. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, uma instituição privada, tem desde 2008 uma Faculdade de Ciências da Saúde, oficialmente rebaptizada como Faculdade de Medicina em 2019. A notícia de que a UM terá uma faculdade de medicina, já noticiada pelo HM, foi dada por Rui Martins por ocasião de um evento no Centro Científico e Cultural de Macau de celebração dos 25 anos da transição da administração portuguesa de Macau para a China. “O novo campus deverá aparecer na zona oeste da Ilha de Hengqin, tendo cerca de metade da superfície do actual campus. Terá quatro faculdades, nomeadamente a primeira faculdade de medicina pública de Macau, concretizada em associação com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Teremos ainda uma faculdade de ciências da informação, de engenharia e outra de design, que inclui o curso de arquitectura”, disse no evento. Numa entrevista ao canal em língua portuguesa da televisão pública TDM, Martins disse que a ideia para o campus é facultar ‘dual degrees’ [cursos em co-tutela] com universidades estrangeiras. “A medicina já está com Lisboa e agora estamos a definir para as outras faculdades”, acrescentou Martins. O novo campus em Hengqin, cuja primeira pedra foi lançada em 9 de Dezembro, deverá ser inaugurado em 2028 e permitir à UM passar dos actuais 15 mil para um máximo de 25 mil alunos. Com Lusa
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaSam Hou Fai muda dirigentes do IAM devido ao caso das placas toponímicas O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, decidiu fazer mudanças na liderança e gestão do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) depois de se concluir que o organismo foi responsável pela fraude verificada na substituição das 362 placas toponímicas, dado que os funcionários não comunicaram atempadamente a existência de problemas com materiais de má qualidade. A informação consta no relatório interno de investigação ao caso divulgado ontem. Tendo em conta o “impacto negativo na sociedade”, e “após rigorosa ponderação”, o secretário da tutela “propôs ao Chefe do Executivo que procedesse ao ajustamento da direcção do IAM e conselho de administração”, que resultaram em “ajustamentos de algum do pessoal de chefia do IAM”. A decisão de “ajustar” a direcção foi divulgada depois do anúncio da substituição de José Tavares por Chao Wai Ieng na presidência do IAM. Recorde-se que José Tavares já havia anunciado a intenção de se reformar após o mandato actual. Segundo o relatório da secretaria para a Administração e Justiça, o IAM falhou na inspecção e não comunicou antecipadamente a existência de problemas. Assim, o Governo esclarece que o IAM “colaborou de forma activa” com a polícia, mas, ainda assim, o caso revelou “falta de rigor na vistoria e recepção da obra, falhas no mecanismo de comunicação interna e questões de acompanhamento posterior das obras”. Coloca-se ainda a questão de alguns trabalhadores terem cometido infracções disciplinares, implicando a instauração de “processos disciplinares para uma investigação mais aprofundada”. A mesma nota dá conta da necessidade de reformulação na forma de trabalhar do IAM, que tem “realizado vários trabalhos nas áreas da construção municipal, drenagem de esgotos, higiene ambiental ou segurança alimentar”, apesar de “diversos tipos de falhas”. “Isto não só exige uma organização e análise dos procedimentos e da gestão do trabalho e uma elaboração de normas e orientações internas expressas, mas também uma revisão geral das funções, da estrutura e do regime do pessoal do IAM”, é indicado Sem comunicação A investigação dá conta que, durante uma acção de inspecção, “o pessoal do IAM verificou que a superfície de algumas placas toponímicas estava amarelada e que o vidrado estava separado da superfície dos azulejos”. Aí já era possível ver que o material era de má qualidade, pois as placas “foram produzidas com a colagem de uma película de plástico com o nome da rua nos azulejos”, e não “com o método de baixo vidrado de acordo com o estipulado na proposta” do concurso público. Além disso, o pessoal de fiscalização do IAM “não comunicou ao superior hierárquico os problemas detectados com as placas toponímicas, nem adoptou, de imediato, medidas eficazes de acompanhamento”. Em Setembro, “o IAM verificou que a situação era grave e decidiu tomar medidas de resolução”, tal como a queixa junto da polícia, verificando-se fraude, e a devida substituição das placas. O caso gerou polémica, com a divulgação de imagens das placas em mau estado nas redes sociais. As 362 placas foram substituídas por uma empresa que apresentou o orçamento mais baixo a concurso público, 1,1 milhões de patacas, sendo que a substituição foi feita em Janeiro.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Noite de cantopop inaugura área de espectáculos ao ar livre O espectáculo que irá inaugurar o novo recinto para espectáculos ao ar livre no Cotai realiza-se amanhã. Um naipe de cerca de 30 cantores e artistas, na maioria de cantopop, irá estrear o palco do local construído para espectáculos de grande dimensão Acontece amanhã a “Festa de Abertura do Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”, que inaugura oficialmente a zona de espectáculos no Cotai, criada especialmente para eventos de grande dimensão com capacidade para cerca de 50 mil pessoas. O recinto foi pensada para afastar grandes multidões de zonas habitacionais. Recorde-se que a zona de espectáculos foi anunciada pelo Governo pouco tempo depois da realização dos concertos da banda de k-pop “Seventeen”, no Estádio da Taipa, que gerou queixas sobre o barulho por parte de residentes. Amanhã o público poderá assistir a vários artistas do mundo da música, mais de 30, sobretudo do género cantopop, onde se inclui o famoso cantor de Hong Kong Julian Cheung. À semelhança de muitos artistas de cantopop da região vizinha, também Julian Cheung se destaca há muitos anos como actor. Porém, tem feito sucesso na música, tendo lançado o seu primeiro single em 1991, “A Modern Love Story”, que lhe trouxe sucesso de imediato. No ano seguinte, Julian Cheung recebeu um prémio pelo seu primeiro álbum, o “TVB Jade Solid Gold”, pela estreia bem-sucedida no mundo da música. Nas artes dramáticas, Julian Cheung ainda hoje é lembrado pela interpretação do personagem Guo Jing na adaptação para televisão do romance “Wuxia”, em 1994. Além deste artista, o espectáculo de amanhã conta com outro artista de Hong Kong, Hins Cheung, que também tem feito projectos na área da interpretação e da música. Com a formação musical na China, de onde é natural, Hins Cheung mudou-se para Hong Kong depois do lançamento do seu primeiro álbum, em 2001, que lhe valeu um contrato com a produtora Universal Music. Nascido em 1981, Hins Cheung já lançou 17 álbuns e eps e venceu, por seis vezes, o prémio “Ultimate Song Chart Awards Best Male Singer Gold”, na cerimónia que destaca os melhores artistas de Hong Kong. Outra estrela da região vizinha que vem a Macau inaugurar a nova zona de espectáculos ao ar livre do Cotai é Pakho Chau. Nascido em Hong Kong em 1984, é um cantor e compositor que também faz uma perninha como actor. A sua entrada no mundo da música deu-se em 2007, quando assinou um contrato com o grupo Warner Music. Dez anos depois passaria a fazer parte do catálogo de artistas da Voice Entertainment. Além da música, Pakho Chau lançou ainda duas marcas de moda, a XPX e a CATXMAN. A menina Vidal Outro dos nomes que fará parte deste espectáculo é a cantora, e também actriz, de Hong Kong, Janice M. Vidal. Com raízes filipinas, mas nascida no território vizinho, Janice M. Vidal destaca-se como cantora de cantopop, tendo sido descoberta pelo produtor Mark Lui quando cantava em bares, com o nome artístico de Renee. Depois de ter cantado ao lado de Leong Lai, Janice M. Vidal lançou-se sozinha no mundo da música e lançou o primeiro trabalho discográfico em 2004. Assinou depois com a Warner Music. Janice M. Vidal é também conhecida pelo seu nome chinês, Wei Lan. O espectáculo de amanhã começa às 19h, prometendo prolongar-se pela noite dentro. A zona para concertos e outros eventos de grande dimensão localiza-se no cruzamento da Avenida do Aeroporto (a nordeste) com a Rua de Ténis (a norte), tendo uma área total de 94.000 metros quadrados. O palco tem uma largura extensível até 100 metros e capacidade para mais de 50 mil espectadores. Os residentes têm direito a descontos, com bilhetes a 50 patacas, mediante inscrição prévia, que abriu no dia 14 e encerrou dia 18. Desde o dia 14 que estão à venda bilhetes a preços de mercado, que variam entre as 480 e as 1.080 patacas, podendo os mesmos ser adquiridos através das plataformas de pagamento MPay, Damai e Neigbuy. Espera-se, neste dia, uma afluência de 15 mil pessoas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFai Chi Kei | Homem atira cutelo para a rua e é detido Um homem foi detido por ter atirado pela janela um cutelo para uma rua movimentada do Fai Chi Kei. Há quase um ano que o CPSP recebia queixas de moradores devido a objectos atirados para a via pública, mas nunca actuou. Tudo mudou depois de um programa da TVB Foi detido na quarta-feira um residente suspeito de atirar um cutelo do edifício onde mora para uma rua movimentada no Fai Chi Kei. Porém, a detenção, levada a cabo por agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), só ocorreu depois de o caso ter sido noticiado na TVB, canal de Hong Kong, no programa “Scoop”, com declarações de uma moradora do mesmo edifício onde reside o suspeito. Segundo um comunicado do CPSP, a investigação ao caso decorreu durante alguns dias e as autoridades apontam como possíveis causas para o comportamento do suspeito de 40 anos questões emocionais ou do foro psicológico. Tudo aconteceu na tarde da passada segunda-feira, no edifício Precious Jade Garden, no bairro do Fai Chi Kei. O homem já tinha atirado vários objectos potencialmente perigosos para a rua, comportamento que motivou a apresentação de queixa à polícia, que apenas deixou um alerta preventivo. Porém, à TVB, a moradora, de nome Eva, criticou o facto de a autoridade nada ter feito durante um ano, período em que decorreram os incidentes que não resultaram em feridos ou danos de maior. “O homem atirou para a rua objectos durante vários dias, a situação foi denunciada várias vezes à polícia, até porque ele chegou a atirar uma tesoura para a rua. A polícia sempre disse que não podia instaurar um processo porque não havia feridos”, queixou-se ao “Scoop”. Durante o programa foram exibidas imagens de videovigilância que mostram uma mulher a passar na rua e a ser quase atingida pelo cutelo atirado pelo suspeito. Queixa na rádio Também outra residente se queixou do comportamento do suspeito, na terça-feira, ao programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. A mulher lembrou que o agente do CPSP destacado para o local apenas disse que não lhe era possível tratar do caso porque não conseguia apurar de onde tinha sido atirado o cutelo. No testemunho prestado à rádio, a ouvinte disse acreditar que o indivíduo atirava objectos para a rua com a intenção de ferir alguém e que “precisa de ter aconselhamento psicológico”.
Andreia Sofia Silva SociedadeRendimento bruto | Crescimento de mais de 50% em 2023 O Rendimento Nacional Bruto (RNB) de 2023, que diz respeito ao rendimento total obtido por pessoas e empresas de Macau, com actividades económicas dentro e fora da RAEM, foi, no ano passado, de 359,81 mil milhões de patacas. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), trata-se de um aumento anual de 50,9 por cento face a 2022. O crescimento deve-se ao facto de o Produto Interno Bruto (PIB), no valor de 369,33 mil milhões de patacas, ter crescido, em termos reais, 75,1 por cento, graças “à recuperação gradual das actividades económicas locais”. O cálculo do RNB é feito mediante o valor do PIB mais o rendimento obtido pelos residentes que investiram no exterior, menos as saídas totais do rendimento obtido por não-residentes em Macau. No caso dos rendimentos obtidos pelos não-residentes em Macau foram de 117,53 mil milhões de patacas, um aumento “significativo” de 264,7 por cento, diz a DSEC. Já os rendimentos obtidos por residentes que investiram no exterior foram de 108,01 mil milhões de patacas, uma subida de 58,3 por cento. A nota da DSEC refere ainda que o RNB per capita, de 530.504 patacas, teve um aumento real de 50,8 por cento no ano de 2023, também em termos anuais, sendo que o PIB per capita, de 544.530 patacas, registou um crescimento real de 75 por cento. No que diz respeito à Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, os rendimentos obtidos por empresas e investidores de Macau foram de 157,2 milhões de patacas em 2023, dos quais 93,8 milhões pertenciam a rendimentos de investimento directo, 62,9 milhões às remunerações dos empregados e 0,5 milhões aos rendimentos de outros investimentos.
Andreia Sofia Silva PolíticaRAEM 25 anos | Vitalino Canas destaca figura de Sam Hou Fai como CE Vitalino Canas, advogado e figura ligada ao processo de transição de Macau, da parte portuguesa, destacou, esta quinta-feira, a tomada de posse do VI Governo da RAEM, liderado por Sam Hou Fai. “Sam Hou Fai é uma figura que, do ponto de vista português, nos interessa muito, por ser alguém que domina o português e exerceu altas funções no sistema judiciário de Macau. Estou seguro de que será uma figura a contribuir para o acentuar das relações entre Portugal e Macau”, disse. Vitalino Canas salientou também a presença de Xi Jinping em Macau para esta tomada de posse, o que “revela indícios da importância que a China continua a atribuir à RAEM”. Referindo-se ao actual sistema político da RAEM, Vitalino Canas declarou que Portugal deixou “um legado” nas instituições políticas existentes, à excepção da figura do governador que passou a Chefe do Executivo. “Conseguimos identificar as instituições políticas actuais e encontrar alguma similitude com as entidades e sistema de governo praticado em Macau antes da transferência da administração do território”, rematou. Vitalino Canas destacou também o Direito de Macau como “um dos legados portugueses”, falando da importância de atrair novos académicos e interessados para o seu estudo e divulgação. “Falamos que há dificuldades em garantir a sua continuidade, e isso de facto existe. Mas uma das primeiras condições para ultrapassar isso é olhar esse legado, dizer em que consiste e promovê-lo. Isso faz-se com as pessoas que conhecem Macau, mas é necessário fazer com que pessoas que não estiveram em Macau possam ser atraídos para esta área do conhecimento.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNovo campus da Universidade de Macau abre em Hengqin em 2028 Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau (UM), anunciou esta quinta-feira novos dados sobre o segundo campus da UM em Hengqin, na zona oeste, que é, portanto, território chinês. Na sessão sobre os 25 anos da transição de Macau no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, o responsável avançou que o novo campus terá a primeira faculdade de medicina pública do território. “O novo campus deverá aparecer na zona oeste da Ilha de Hengqin, tendo cerca de metade da superfície do actual campus. Terá quatro faculdades, nomeadamente a primeira faculdade de medicina pública de Macau, concretizada em associação com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Teremos ainda uma faculdade de ciências da informação, de engenharia e outra de design, que inclui o curso de arquitectura.” Segundo Rui Martins, estes cursos serão ministrados em parceria com outras universidades, sendo que os conteúdos programáticos serão aprovados pelas autoridades da RAEM, apesar do segundo campus estar já na China, o que suscitou a curiosidade de universidades de Hong Kong. “Apesar dos cursos serem oferecidos na China serão aprovados por Macau, e este é um aspecto importante, porque as universidades de Hong Kong que abriram pólos na Grande Baía têm cursos aprovados pelo Ministério da Educação chinês. Esse não será o caso da UM, que terá dois campus diferentes, em Macau e na China. Os dirigentes das universidades de HK ficaram muito admirados e, neste momento, estão a solicitar reuniões com o nosso reitor para perceber como é que isto foi feito.” A inauguração do segundo campus deverá acontecer em 2028 e reunir oito mil alunos, o que fará da UM uma entidade com um total de 25 mil alunos até ao final da década. “Neste momento estamos a fazer os preparativos para o lançamento dos programas”, declarou. Nova dinâmica Rui Martins espera que com o segundo campus da UM, construído numa zona de Hengqin ainda “deserta”, haverá uma nova dinâmica social. “Prevê-se que com o aparecimento da universidade haja uma dinâmica diferente em Hengqin, com a movimentação de alunos e professores, a fim de se dar um maior desenvolvimento à ilha.” Além disso, outras instituições do ensino superior poderão construir pólos nesta zona de Hengqin. “Há a previsão de que outras universidades de Macau poderão aí [zona oeste] construir pólos”, disse Rui Martins. Para Jorge Rangel, Macau tem a mais valia da educação na cooperação com a China e toda a zona da Grande Baía. “A questão é como é que Macau, com uma realidade tão exígua, vai enfrentar o desafio deste crescimento tão grande. Cabe às autoridades e às pessoas de Macau estarem preparadas para este grande desafio, que será o desafio do século para Macau, e penso que as universidades vão ter um papel essencial a desempenhar. Se quisermos liberdade de expressão ou académica, Macau pode usufruir de tudo isso.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEPM | Neto Valente diz que FEPM pode ficar sem dinheiro Jorge Neto Valente, presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau, disse esta quinta-feira que a entidade corre o risco de ficar sem dinheiro a “médio prazo” se o Estado português não contribuir mais para o seu financiamento. O advogado falou ainda da necessidade de flexibilizar a contratação de docentes. Neto Valente foi um dos convidados da sessão sobre os 25 anos da transição de Macau no CCCM O presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM), Jorge Neto Valente, disse esta quinta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, que a entidade corre o risco de ver esgotar os fundos a “médio prazo”. “Os défices [orçamentais] que se vêm verificando nos últimos anos têm sido cobertos pela FEPM, e se não forem estancados corre-se o risco de ver exauridos os seus capitais a médio prazo.” Neto Valente disse ainda que no ano lectivo anterior e no actual poderá não haver défice, sendo que os custos para este ano lectivo, de 2024/2025, serão de oito milhões de euros, com o Estado português a financiar apenas dez por cento. “A EPM é diferente das escolas portuguesas no estrangeiro, pois aí o Estado português sustenta as escolas integralmente. Seria bom que o Estado português pagasse mais [no caso da EPM], porque poderiam fazer-se muitas coisas que sem dinheiro não se fazem.” Jorge Neto Valente foi orador da sessão “O Legado Português em Macau – 25 Anos de Retrocessão”, que decorreu esta quinta-feira no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa. O presidente da FEPM disse que a EPM tem, actualmente, cerca de 780 alunos, 40 turmas e 80 docentes, referindo também que cabe ao Ministério da Educação de Portugal flexibilizar mais a contratação de professores. “A EPM precisa de um outro pilar, que é o apoio do Ministério da Educação no que respeita ao contributo financeiro que lhe cabe assegurar, e na facilitação e agilização do recrutamento de professores qualificados para prestar serviço em Macau. O Ministério da Educação tem o poder de enfraquecer a escola e lhe causar dificuldades, mas não consegue, por si só, manter a escola, que vive, sobretudo, dos apoios do Governo de Macau, sem quaisquer interferências.” É preciso mais Jorge Neto Valente falou ainda da necessidade de rever os estatutos da FEPM tendo em conta a nova legislação sobre as escolas privadas em Macau e ainda a realização de obras de um edifício dos anos 60. Quanto às obras de ampliação da escola, o processo ainda está a decorrer. “Falta regularizar a situação do imóvel para o que foi fixado um prazo de 18 meses para cumprimento das formalidades relativas à emissão de uma licença de obra para a ampliação do edifício realizado em 1999. Tal não andou e foi a nova administração que foi instar o Governo da RAEM a regularizar a situação.” Neto Valente destacou que hoje a EPM não recruta mais alunos de língua materna não portuguesa por falta de espaço e que o “Governo da RAEM tem mostrado disponibilidade para financiamentos, inclusivamente a ampliação da EPM”. Porém, deixo o repto: a EPM tem de se modernizar. “O quadro normativo não chega. A EPM foi criada para ser uma escola de referência na aprendizagem da cultura e língua portuguesas e para o ser tem de ter ao seu serviço profissionais de excelência com elevadas qualificações e experiências nas áreas de ensino. Com a concorrência que existe, a escola tem de se modernizar e superar vantagens que as novas escolas possam oferecer. A EPM tem de gerir melhor os recursos materiais e humanos e adoptar uma gestão rigorosa dos fundos postos à disposição. Há que fazer obras de renovação profundas.” No mesmo tom Também Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau e antigo secretário adjunto, afirmou que a “EPM é o instrumento mais importante para a afirmação dos portugueses em Macau” e sem ela “seria impossível os portugueses estarem em Macau”. “Continuo a defender que está ainda aberto caminho para que a EPM, não esteja apenas virada para o ensino curricular português, pois pode prestar à RAEM um grande serviço. A EPM deve ter um estatuto especial e precisa muito do apoio do Ministério da Educação. Não a podemos olhar apenas como a escola dos filhos dos portugueses ou das crianças que querem fazer a sua escolaridade em português. A EPM deve ser olhada pelo Estado português como sendo diferente de todas as outras portuguesas no estrangeiro”, rematou.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteRAEM 25 anos | Fotos de Rui Ochoa expostas em Lisboa no CCCM “Macau, os últimos dias da administração portuguesa” é o nome da mostra de Rui Ochoa, fotógrafo oficial da Presidência da República portuguesa, patente no Centro Científico e Cultural de Macau. A exposição, com curadoria da filha, Elisa Ochoa, mostra os últimos momentos da administração portuguesa e o recomeço de uma nova Macau que nasceu no dia 20 de Dezembro de 1999 Há 25 anos Rui Ochoa dedicou-se a eternizar sentimentos, emoções e vivências que estavam prestes a ser uma outra coisa a partir de 20 de Dezembro de 1999. Ao serviço do jornal Expresso, o fotógrafo captou o último mês da governação de Rocha Vieira em Macau, e acompanhou as visitas de diversos Presidentes da República à China e a Macau, na qualidade de fotógrafo oficial da Presidência. Rui Ochoa viu de perto a assinatura da Declaração Conjunta em Pequim, em 1987, e foi desbravando os segredos dos últimos momentos da administração portuguesa em Macau. Estes retratos podem agora ser vistos numa exposição patente no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e promovida pela Fundação Jorge Álvares (FJA). A mostra intitulada “Macau, os últimos dias da administração portuguesa” vai estar patente nas próximas semanas ao lado da recém-inaugurada Galeria dos Governadores. Ao HM, Rui Ochoa recordou o mês que passou ao lado de Rocha Vieira, de quem é amigo. “Acompanhei-o nos últimos eventos que foram ocorrendo quanto ao fim de um ciclo, fui a casa dele, em Santa Sancha, cobri todas as actividades no Palácio do Governador, todo o trabalho feito à noite. Foi uma reportagem muito sentimental, porque sou um grande fã do Oriente, mais do que do Ocidente.” Mas na exposição patente no CCCM há também imagens das Ruínas de São Paulo ainda sem as enchentes dos dias de hoje ou a visão do fotógrafo sobre uma população tão peculiar. “Já fui à China umas dez vezes, a primeira das quais foi para a assinatura da Declaração Conjunta, em 1987, quando trabalhava com o primeiro-ministro Cavaco Silva. Fizemos várias visitas e fiquei apaixonado pelo território desde essa altura. Fui a Macau cerca de cinco vezes. Faço esta exposição, portanto, com grande emoção.” Rui Ochoa, que acaba de lançar um livro sobre o centenário do nascimento de Mário Soares, mostra aqui parte do seu espólio sobre estes anos. “Espero que as pessoas gostem, porque é, tanto quanto possível, um conjunto de imagens que retratam a parte institucional, da cerimónia que decorreu no dia 19, como também o sentir da cidade nos últimos dias [da administração portuguesa]. Gostava que as novas gerações viessem cá porque acaba por ser uma boa lição de história, para compreenderem a importância que foi, e que é, Portugal no mundo.” Sobre o mês que passou perto de Rocha Vieira, Rui Ochoa acredita que este teria algum sentimento de orgulho pelos dossiers que foi concretizando relativamente a Macau. “Foram tempos de muita tensão, com inaugurações. Penso que ele [Rocha Vieira] também estava orgulhoso, não só na qualidade de executor de tudo aquilo, como na condição de português. Viemos embora conforme estava programado, sem precipitações, com tudo bem feito por parte de Portugal e da China, e todos nós, portugueses, saímos orgulhosos e de cara levantada.” “Obra feita” Tendo acompanhado o trabalho de Rocha Vieira e dos secretários-adjuntos naquele último mês de administração portuguesa, Rui Ochoa foi percepcionando “a obra feita” deixada pelos portugueses e o desenvolvimento que a zona norte foi tendo. “Quando fui a primeira vez a Macau, em 1987, através de Cantão, de carros, chegámos às Portas do Cerco e havia todo um terreno baldio completamente vazio, e a cidade lá ao fundo, com todos os prédios. Demorava-se algum tempo a chegar à cidade. Quando fui a segunda vez, em 1992, a cidade já estava a apanhar todo aquele terreno, estava mais perto da fronteira. Com o decorrer dos tempos, a cidade ficou junto às Portas do Cerco. A cidade era todo um núcleo, com um crescimento brutal.” Para Rui Ochoa, “os portugueses deixaram obra” num território que parecia “pobre e pouco desenvolvido”. “Os vários governadores que se seguiram foram fazendo obra, deixando um território a que valia a pena vir. Construíram-se pontes, o aeroporto. A própria viagem para Hong Kong, feita num cacilheiro, passou a ser feita em barcos mais rápidos e confortáveis. Ficou uma grande obra e tenho orgulho nisso.” Questionado sobre a sua percepção face à opinião pública no território sobre a transição, Rui Ochoa declarou que “os macaenses tinham um espírito muito português”, com os chineses a serem “muito reservados, sem uma opinião [propriamente formada], pois [a questão de Macau] era uma questão dos dois Estados”. “Havia muitos jornais portugueses em Macau, e restaurantes também. A ideia que tenho é que a maioria dos jornais e dos jornalistas não gostava do governador. Mas a comunicação social faz o seu trabalho e não tem de concordar com os agentes políticos, tem é de levar aos seus leitores aquilo que se faz bem e mal.” Segundo Rui Ochoa, Rocha Vieira “não tinha boa imprensa, como os políticos não têm”. “Nesse último mês, era um ambiente de fechar as malas. Uns ficaram porque assim decidiram, e outros vieram porque achavam que o futuro fosse complicado, mas não me consta que tenha sido assim. Penso que os chineses cumpriram a sua palavra.” 25 anos depois, Rui Ochoa confessa a sua enorme vontade de regressar a Macau, sabendo que hoje vai encontrar um território bastante diferente.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTurismo | Número de visitantes sobe 26,2% em 11 meses O número de visitantes nos primeiros 11 meses do ano foi de 31.888.313, o que representa um aumento de 26,2 por cento face ao mesmo período do ano passado. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) divulgados ontem, verifica-se, assim, “uma recuperação de 87,8 por cento em relação ao número de entradas de visitantes nos onze primeiros meses de 2019”. Além disso, nos últimos meses, incluindo Novembro, o número de entradas de visitantes internacionais fixou-se em 2.130.891, um aumento anual de 74,5 por cento, e ainda uma recuperação na ordem dos 75,8 por cento do número registado nos 11 meses de 2019. No que diz respeito apenas ao mês de Novembro, o número de entradas de visitantes em Macau atingiu 2.832.041, mais 9,6 por cento em termos anuais, registando-se uma recuperação de 97,3 por cento do número de entradas de visitantes no mesmo mês de 2019. Realça-se que o número de entradas de excursionistas (1.548.454) e o de turistas (1.283.587) subiram 14,1 e 4,6 por cento, respectivamente, face a Novembro de 2023. Em Novembro, os turistas oriundos do Interior da China foram 1.965.651, mais 11 por cento, sendo que deste grupo 927.890 eram de visitantes com visto individual, um aumento de 6 por cento. Ainda em Novembro, o número de entradas de visitantes internacionais totalizou 241.057, crescendo 20,9 por cento em termos anuais e sete por cento face ao mês homólogo de 2019. Destaque para a subida de 61,1 por cento dos turistas da Coreia do Sul, que foram 48.594.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteRAEM 25 anos | Xi satisfeito com resultados obtidos em Hengqin No segundo dia de visita a Macau, Xi Jinping deslocou-se a Hengqin para se inteirar do desenvolvimento dos últimos tempos, tanto ao nível do tecido empresarial como nas condições no Novo Bairro de Macau. O Presidente chinês desejou ainda que Macau ganhe mais visibilidade internacional, com maior abertura ao mundo Depois da chegada apoteótica a Macau e de uma reunião com o Chefe do Executivo ainda em funções, Xi Jinping prosseguiu ontem com a sua agenda marcada por uma visita à Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin. Segundo informações oficiais divulgadas pela Xinhua, a visita à Zona de Cooperação ficou marcada por um “intercâmbio caloroso com residentes de Macau” que vivem no Novo Bairro de Macau em Hengqin, ou ainda com comerciantes e empresários que operam na Zona de Cooperação. O Presidente chinês, que teve o objectivo de inspeccionar o andamento deste projecto de integração regional, reuniu ainda com responsáveis pelo planeamento, construção e gestão dos serviços desta zona. Segundo a Xinhua, Xi Jinping declarou em Hengqin que a cooperação com Macau está a tornar-se “numa nova demonstração do enriquecimento proporcionado pela prática de ‘Um País, Dois Sistemas'”, além de ser uma nova plataforma de promoção “da construção da Grande Baía Guangdon-Hong Kong-Macau e da concretização da abertura de alto nível do país ao exterior”. Nesse aspecto defendeu que Macau deve procurar ter um papel de maior relevância no mundo e ser mais aberto a pessoas vindas de fora. “Espero que Macau abrace diversidade e inclusividade”, disse Xi, num discurso proferido no território, em que mencionou também “maior abertura (…) e solidariedade”, assim como a importância de “atrair os melhores talentos”. O líder chinês disse que Macau teve “a projecção e visibilidade internacionais significativamente aumentadas” nos últimos cinco anos, nomeadamente através da cooperação com os países de língua portuguesa. Mas defendeu que a região “pode também buscar desempenhar um papel maior no palco internacional” e ter “uma visão mais ampla”. “Qualquer pessoa que apoie ‘Um País, Dois Sistemas’ e ame Macau como o seu lar, é um nativo que ‘tomou água do Lilau’ e uma força positiva que contribui para o desenvolvimento de Macau”, defendeu Xi. A referência diz respeito a um ditado, segundo o qual quem bebe da água da fonte no Lilau, um dos primeiros largos de estilo português da cidade, “cedo ou tarde volta a Macau”. Cumprir metas Para o Presidente chinês, a “intenção original do desenvolvimento de Hengqin é alcançar um desenvolvimento moderado e diversificado da economia de Macau”, com “o foco estratégico e persistência na obtenção de resultados a longo prazo”. Desta forma, o sucesso da Zona de Cooperação Aprofundada “depende da existência de medidas e resultados tangíveis”, declarou o Presidente, a fim de se prosseguir o objectivo de facilitar “a vida e emprego dos residentes de Macau”, bem como a diversificação da economia além do jogo. Xi Jinping referiu também que a província de Guangdong e as zonas de Zhuhai e Macau “contribuem e são beneficiárias da construção da Zona de Cooperação, devendo trabalhar em conjunto”. Durante a visita da Hengqin, Xi Jinping assistiu a uma apresentação sobre a construção de uma plataforma de apoio científico e tecnológico para o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa. Xi Jinping, na conversa com jovens empreendedores em Hengqin, disse que “as suas histórias de inovação e de empreendedorismo mostram como Macau tem um grupo de jovens com ideias, responsabilidade e coragem para explorar e inovar”. Desta forma, Xi Jinping entende que a Zona de Cooperação em Hengqin “tornou-se um amplo espaço de oportunidades para que os jovens iniciem o seu próprio negócio”, tendo dito que espera que “mais jovens de Macau possam viver uma vida maravilhosa em Hengqin”. Seguir as exigências A visita à Zona de Cooperação Aprofundada foi também marcada por uma passagem pelo Pavilhão de Exposições “Tianmu Qintai”, onde o Presidente chinês visitou a exposição “Harmonia de Qin e Macau – Exposição Temática sobre a Construção da Zona de Cooperação Profunda Hengqin Guangdong-Macau”. Xi Jinping destacou os “progressos positivos” obtidos desde que foi estabelecida a Zona de Cooperação Profunda Hengqin Guangdong-Macau. “O nível de integração entre Macau e Hengqin melhorou gradualmente, sendo que o apoio ao desenvolvimento da diversificação da economia de Macau tornou-se cada vez mais evidente. Esta iniciativa provou que a decisão do Governo Central de desenvolver Hengqin, bem como de construir uma Zona de Cooperação, foi completamente correcta”, acrescentou. No âmbito desta visita, o Presidente chinês adiantou também que devem ser seguidas “as exigências do Governo Central” e que todos devem participar no processo de reforma e “trabalhar juntos para enfrentar as dificuldades”. O líder destacou a necessidade de apostar numa “forte ligação” em matéria de infra-estruturas, uma “ligação mais suave” em termos de regras e mecanismos entre regiões e ainda uma “ligação entre os corações” de Guangdong e Macau. Neste contexto, “deve-se acelerar o estabelecimento de um sistema institucional com uma elevada coordenação económica” entre as regiões, “melhorar os serviços públicos e o sistema de segurança social”, além de se proporcionar a residentes e demais moradores “um estilo de vida de alta qualidade, com a concessão de comodidades aos compatriotas de Macau para viverem” em Hengqin. Visita à MUST Outro ponto na agenda de Xi Jinping no segundo dia de visita a Macau foi a ida à Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST), a fim de conhecer o sistema de ensino superior de Macau. Segundo o jornal Ou Mun, Kong Chi Meng, director dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDT), referiu que Xi Jinping está satisfeito com o desenvolvimento do ensino superior, tendo deixado o desejo de que mais disciplinas sejam criadas a fim de corresponder ao desenvolvimento que Macau precisa. Kong Chi Meng destacou que Xi Jinping louvou o bom trabalho educativo em matéria de patriotismo, esperando que continue a ser reforçado pelas autoridades locais. O director da DSEDT disse ainda que em Macau há cerca de 60 mil estudantes do ensino superior, número que representa cerca de um décimo da população local, o que mostra a generalidade de acesso às universidades. Na visita à instituição de ensino superior privada, que durou cerca de duas horas, o director da DSEDJ apresentou as mudanças e o desenvolvimento do ensino superior nos últimos 25 anos, e enumerou as políticas que serão desenvolvidas em Macau para corresponder às necessidades do país e diversificar a economia. Ainda na área do ensino, destaque para as declarações de Peng Liyuan, primeira-dama do país, que defendeu que os estudantes devem aprender bem a história e a cultura de Macau, no âmbito de uma visita ao Museu de Macau. No contacto com alunos do ensino primário, que durou cerca de uma hora, Peng Liyuan defendeu que esse estudo vai permitir às novas gerações “melhor servir Macau no futuro”, noticiou o canal chinês da Rádio Macau. Estas declarações foram avançadas à rádio por Deland Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural que falou com a imprensa. Peng Liyuan terá mostrado interesse pela vida da população de Macau e pelo intercâmbio cultural entre o Oriente e Ocidente. A primeira-dama também terá ficado interessada na evolução registada em Macau ao longo dos séculos, de uma pequena terra de pescadores até aos dias de hoje. Encontro com John Lee e cinco “extraordinários anos” de Macau A agenda do Presidente chinês de ontem encerrou com um sarau cultural depois do jantar comemorativo dos 25 anos do estabelecimento da RAEM, que contou com a presença de Ho Iat Seng, que deixa hoje o cargo de Chefe do Executivo. Segundo a Xinhua, Xi Jinping falou dos ganhos obtidos nos últimos cinco “extraordinários anos” de Macau em matéria de desenvolvimento, tendo referido que os órgãos Executivo, Legislativo e Judicial da RAEM “têm implementado de forma abrangente, exacta e inabalável a política de ‘um país, dois sistemas'”. “Ao reunir-se com os funcionários dos três órgãos, Xi Jinping disse que estes têm desempenhado as suas funções de forma pragmática e eficaz, liderados pelo Chefe do Executivo da RAEM, Ho Iat Seng, nos últimos cinco anos”, lê-se na mesma nota. Destaque para o encontro entre Xi Jinping e os anteriores chefes do Executivo da RAEM, Edmund Ho e Chui Sai On. Num discurso proferido ao jantar, Ho Iat Seng referiu-se à visita do Presidente chinês a Macau como um “grande acontecimento e um evento marcante”. Foi destacado por Ho que “nos últimos cinco anos o V Governo da RAEM implementou plenamente o espírito consagrado nos importantes discursos do Presidente Xi e o princípio ‘Macau governado por patriotas’, criando um novo cenário para os trabalhos da defesa da segurança do Estado”. Ho Iat Seng declarou também que foram unidos esforços “para enfrentar maiores desafios, impulsionando a diversificação adequada da economia e promovendo o desenvolvimento para alcançar novos resultados”. Outra conquista política realçada por Ho foi “a reforma da Administração Pública para elevar constantemente a eficiência governativa”. De resto, sobraram palavras optimistas sobre o novo Executivo que toma hoje posse. “O Sexto Chefe do Executivo certamente liderará o novo Governo da RAEM e os sectores sociais para escreverem em conjunto um novo capítulo da aplicação bem-sucedida do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ com características de Macau.” Nova fase Xi Jinping reuniu ainda com o Chefe do Executivo de Hong Kong Joh Lee que está em Macau para as celebrações do 25º aniversário da RAEM. A Xinhua escreveu que o Presidente chinês apelou a que as duas regiões administrativas especiais “se esforcem por alcançar maiores realizações e um melhor desenvolvimento”, tendo em conta que a política de “Um País, Dois Sistemas” “entrou numa nova fase”. O Presidente destacou que as duas regiões “devem aprender uma com a outra, reforçar o intercâmbio e cooperação”, bem como “criar um futuro mais brilhante”, foi dito pela agência nacional sobre o encontro com John Lee.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteRAEM 25 anos | Galeria dos Governadores inaugurada em Lisboa Durante 25 anos, 41 retratos de governadores portugueses de Macau estiveram fechados ao público. Vindos do Palácio da Praia Grande, foram alvo de restauro e vão agora integrar a Galeria dos Governadores. A mostra permanente, patente no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, é apoiada pela Fundação Jorge Álvares Ferreira do Amaral, Eduardo Augusto Marques, José Carlos da Maia, Garcia Leandro e Rocha Vieira, são alguns dos políticos que governaram Macau ao longo dos séculos de Administração portuguesa e que passam agora a integrar a “Galeria dos Governadores”. A exposição permanente reúne 41 retratos que vieram do Palácio da Praia Grande por altura da transição, em 1999, e que se mantiveram fechados ao público durante 25 anos. Agora, com o apoio da Fundação Jorge Álvares (FJA), os quadros foram restaurados e serão agora expostos ao público no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, com curadoria e pesquisa histórica de Alfredo Gomes Dias. Assim, o público poderá conhecer mais informações sobre os governadores portugueses que administraram Macau entre os anos de 1846 e 1999, reagrupados em cinco secções, nomeadamente “A refundação de Macau (1846-1886)”, de João Maria Ferreira do Amaral a Thomaz de Sousa Rosa; “O fim das monarquias imperiais (1886-1910), de Firmino José da Costa a Eduardo Augusto Marques; “Entre duas guerras no mundo (1914-1946), de José Carlos da Maia a Gabriel Maurício Teixeira”, “Os desafios do pós-guerra (1947-1974), de Albano Rodrigues da Fonseca a José Manuel Nobre de Carvalho; e, finalmente, “Os caminhos da Transição (1974-1999), de José Eduardo Garcia Leandro a Vasco Rocha Vieira. Ana Costa e José Ribeiro Tavares são os arquitectos responsáveis pelo novo espaço expositivo. Maria Celeste Hagatong, presidente da FJA, destaca que visitar esta galeria vai permitir ter “uma perspectiva da história de Macau”. “A galeria era um projecto que estava na mente de todos os nossos curadores, no sentido de termos um sítio para a exposição dos retratos dos governadores que vieram do Palácio da Praia Grande para Lisboa. Pretendemos ter uma história do que é Macau e percorrê-la através desses retratos. Achamos que vai ser uma coisa que vai prestigiar o CCCM”, declarou, lamentando o grande atraso na concretização da iniciativa. “Tenho pena que o investimento não tenha sido feito há mais anos, sobretudo aquando do começo da fundação, há 25 anos, quando estavam ainda vivos oito governadores. Hoje restam apenas dois. Mas tivemos o cuidado de convidar grande parte dos descendentes dos governadores para estarem presentes na abertura da galeria”, destacou ao HM. Bom ponto de partida Ao HM, o académico Alfredo Gomes Dias explica o processo de organização histórica destas imagens, que “dão conta dos traços que caracterizaram a actividade de cada um dos governadores, centrando-se em duas áreas fundamentais: as iniciativas direccionadas para a Administração do território e o contributo para a história das relações luso-chinesas”. “Trata-se de um período de cerca de um século e meio, a segunda metade do século XIX e o século XX, ao longo do qual a história de Macau conheceu diferentes conjunturas internas e externas. Com esta galeria é possível perceber de que modo evoluiu a presença portuguesa no sul da China, num pequeno território, e o contributo de cada Governador para que a presença portuguesa em Macau se mantivesse até 1999”, destacou ainda. Para Alfredo Gomes Dias, a galeria representa “um excelente ponto de partida e de chegada para quem a visita”, a fim de “motivar os visitantes a quererem saber mais sobre a actividade dos governadores”, além de oferecer “um retrato global da história de Macau, num período particularmente relevante para quem quer compreender a realidade actual de Macau, marcada por um quadro sociocultural muito singular”. No que diz respeito aos textos que acompanham os quadros, “tentou-se que tivessem, simultaneamente, uma leitura autónoma e uma leitura transversal, evolutiva, que desse unidade a cada uma das secções e à galeria no seu todo”. “Optou-se que todos os textos teriam sensivelmente a mesma dimensão, reconhecendo que cada governador, na sua época e independentemente do tempo que durou a sua governação, deu o seu contributo para preservar a presença da Administração Portuguesa em Macau”, acrescentou Alfredo Gomes Dias. O académico também lamenta que o projecto só agora veja a luz do dia. “Temos de reconhecer que 25 anos foi um longo tempo de espera. Sabemos que as organizações têm as suas dinâmicas, além de que os quadros tiveram de ser recuperados. É, sem dúvida, uma excelente forma de assinalar o 25º aniversário da cerimónia da transferência da Administração de Macau em 20 de Dezembro de 1999”, rematou.
Andreia Sofia Silva PolíticaComércio | Grande Prémio do Consumo gerou gastos de 940 milhões Criado para impulsionar o consumo do comércio local, o “Grande Prémio para o Consumo de Macau” gerou receitas de 940 milhões de patacas entre 30 de Setembro e o passado domingo. A iniciativa contou com a participação de 22 mil comerciantes O “Grande Prémio para o Consumo de Macau” arrancou no dia 30 de Setembro e, até ao último domingo, gerou quase cinco vezes mais consumo do que o habitual, no total de 940 milhões de patacas com o consumo impulsionado pelos cupões fornecidos pelo Governo através de aplicações de pagamento móvel. A informação foi revelada ontem pelo presidente da Associação Comercial de Macau, Frederico Ma, no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, que teve como tema os incentivos criados para impulsionar a economia local. O responsável acrescentou que cerca de 22 mil comerciantes participaram no “Grande Prémio”, e que o Governo distribuiu em cupões 190 milhões de patacas. Por esta razão, Frederico Ma entende que o programa atingiu os objectivos previstos, tendo encorajado os residentes a permanecerem em Macau aos fins-de-semana e a fazer compras em lojas locais ou a frequentar restaurantes no território. Questionado no Fórum Macau sobre a possibilidade de o “Grande Prémio” ser prolongado, Frederico Ma disse que é pouco provável. “Depois de terminar este programa, poderemos fazer um estudo sobre a economia de Macau no próximo ano e analisar outros modelos de incentivo ao consumo. Isto porque a tendência é maior para os estímulos à procura interna”, disse. Menos compras na China No mesmo programa, o presidente da Federação da Indústria e Comércio de Macau Centro e Sul Distritos, Lei Cheok Kuan, defendeu que é preciso incentivar a procura interna. “Quando discuto com colegas, todos concordam que o prolongamento do Carnaval de Consumo, ou a apresentação de outra forma, iria constituir um grande apoio às pequenas e médias empresas locais, além de constituir um grande estímulo à procura interna.” O presidente da Associação Industrial e Comercial da Zona Norte, Ma Kin Cheong, sublinhou que o “Grande Prémio” teve um impacto positivo no consumo em bairros comunitários, duplicando ou mesmo quadruplicado o volume de negócios em diferentes zonas do território. O responsável disse que o programa cumpriu as expectativas, aliviando o impacto negativo da tendência crescente de residentes saírem de Macau aos fins-de-semana, consumindo mais nas cidades do Interior da China. Ma Kin Cheong adiantou que durante o programa, os comerciantes criaram também promoções adicionais a fim de impulsionar as vendas. Por sua vez, o subchefe do conselho económico da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Chan Meng Kei, referiu que alguns idosos não participaram no programa porque não conseguem utilizar os meios de pagamento electrónico. Assim, sugeriu uma nova ronda de cartões de consumo a pensar nesta fatia da população. A iniciativa de apoio ao comércio e restauração termina no próximo dia 29 de Dezembro.
Andreia Sofia Silva EventosFundação Jorge Álvares gastou cinco milhões de euros em 20 anos de actividades Fundada a 14 de Dezembro de 1999, a Fundação Jorge Álvares (FJA) é fruto da transição e da vontade de “suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a RAEM, mantendo vivos os laços multisseculares entre Portugal e a República Popular da China, de que Macau foi a manifestação mais significativa”, lê-se na apresentação oficial da fundação. Apesar do 25º aniversário celebrado este ano, a FJA preparou um catálogo que assinala os 20 anos de existência, celebrados em 2019, e que será lançado no próximo ano. Nessas páginas desfilam as principais actividades da entidade que esteve envolta em alguma polémica devido ao financiamento, mas que, segundo a presidente da fundação, Celeste Hagatong, há muito que está ultrapassada. Há 25 anos, o capital inicial necessário foi assegurado “pelo empresário Stanley Ho e, no contexto dos seus fins estatutários, pela Fundação para a Cooperação e Desenvolvimento de Macau”, mais tarde transformada na Fundação Macau. Houve, assim, segundo se pode ler no catálogo, “a necessidade de criar um fundo ou uma instituição – que acabou por assumir a forma de fundação – com vista a estabelecer uma base sólida de sustentação para assegurar que o CCCM pudesse, no futuro, desenvolver com maior autonomia e meios o seu objectivo principal”. Celeste Hagatong nunca viveu em Macau, apesar de ser macaense, estando profundamente ligada ao território. Destaca, dos 25 anos da FJA, os “períodos muito difíceis do ponto de vista financeiro, que se reflectiram muito nos rendimentos”. “Tivemos algumas limitações, porque foi sempre o propósito da FJA geri-la com grande espírito de rigor e conservadorismo. É uma fundação que tem um fundo não reforçável ao longo do tempo, para que o património não seja delapidado”, destacou, referindo que, actualmente, todo o património da FJA está orçamentado em cerca de 20 milhões de euros, incluindo uma moradia em Mafra deixada em herança pelo compositor e pianista Filipe de Sousa. Só em patrocínios, bolsas de estudo e despesas com actividades, a FJA gastou nos últimos 20 anos cerca de cinco milhões de euros. “Penso que não é uma verba pequena”, rematou. Múltiplos destinos A presidente da Fundação Jorge Álvares considera que Portugal devia “agarrar” a oportunidade que Macau oferece de acesso a uma região com 75 milhões de habitantes, como é a Grande Baía, ávida de “novas tecnologias, ciência e universidades”. “A possibilidade de acesso a 75 milhões de habitantes, que é mais ou menos a população da Grande Baía, é um potencial enorme”, sublinhou Celeste Hagatong em declarações à Lusa. “Macau quer fazer mais coisas do que manter-se como o quarteirão do jogo na região – e nota-se que há hoje um grande interesse pelas novas tecnologias, pelos parques de ciência, pelas universidades – e é uma coisa que devíamos agarrar, entrarmos na China com conhecimento, ciência, voltar a ser esse o nosso passo”, afirmou a gestora. “E isso já está a acontecer, sei que o Instituto Superior Técnico e outras universidades no âmbito das tecnologias estão a desenvolver parcerias”, sublinhou. Não obstante, reconheceu também, hoje “é mais fácil as pessoas irem para a Europa, onde conhecem os regimes, conhecem tudo melhor, e não vão para Macau”. Macau perdeu muita gente qualificada por altura da transição, segundo Hagatong, “não por razões da transição, propriamente dita, mas porque as pessoas com escolaridade acharam que tinham outras oportunidades noutros lados do mundo”. “Saíram muitos macaenses naquela altura, o que foi pena. Os filhos já não ficaram lá, muitos tinham já feito cursos superiores em universidades fora de Macau, na Austrália ou em universidades norte-americanas ou do Canadá. Portanto, saíram para outros países e foi uma debandada muito grande”, descreveu. Em contrapartida, “também chegaram novos portugueses a Macau”, onde “tem havido uma renovação, sobretudo na área do direito”. Com Lusa
Andreia Sofia Silva EventosRAEM, 25 anos | Livro com testemunhos sobre transição lançado hoje Depois de um primeiro lançamento em Lisboa, “Macau entre Portugal e a China: 25 testemunhos” será lançado hoje na Livraria Portuguesa a partir das 18h30. O livro editado pela Âncora Editora reúne testemunhos de personalidades como Rocha Vieira, ou o jornalista António Caeiro A Livraria Portuguesa acolhe hoje o lançamento, a partir das 18h30, do livro “Macau entre Portugal e a China: 25 testemunhos”, com coordenação de Maria do Carmo Figueiredo, antiga jornalista da Teledifusão de Macau (TDM). Segundo a apresentação da Âncora Editora, a obra é um “dicionário de pessoas e factos com 25 testemunhos inéditos”. Na sessão de hoje estarão presentes alguns dos autores de testemunhos, nomeadamente Gilberto Lopes, jornalista; Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino; Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau; e ainda Jorge Silva, jornalista da TDM. Pretende-se, assim, dar-se a conhecer “o encontro entre o Ocidente e o Oriente, as conversações e as negociações para a transferência de poderes, a gestão de Macau após o 25 de Abril e no período de transição, o impacto na educação, na cultura, na vida económica, financeira e social, na comunicação social em língua portuguesa, na ponte com Portugal-China-Países de língua oficial portuguesa, na preservação do legado luso em Macau, quando se aproxima a celebração dos 450 anos da Diocese em Macau, em 2026”. Destaque para os testemunhos de algumas figuras-chave do processo de transição de Macau, nomeadamente dos antigos Presidentes da República portuguesa António Ramalho Eanes e Aníbal Cavaco Silva. A obra foi lançada no passado dia 10 de Dezembro, em Lisboa, tendo contado com apresentação de António Vitorino, figura histórica do Partido Socialista e antigo secretário-adjunto de Macau. Foi também uma figura ligada ao processo de transição. António Vitorino destacou, nessa sessão, que “não é possível congelar a história”, pelo que olha para o livro em questão com “nostalgia da Macau e da China que conheci”. Há 25 anos, “as tarefas que estavam à frente da Administração de Macau e de Portugal pareciam-me ciclópicas”, salientou, lembrando “uma história de sucesso com vicissitudes de ambos os lados”. A visão da China Um dos testemunhos do livro é de António Caeiro, jornalista que chegou a Pequim em 1991 para trabalhar na delegação da agência Lusa, e que por lá ficou muitos anos. Na obra é referida a visão da República Popular da China face a Macau, que na história ensinada no país é descrito desta forma: “Ao Men é o primeiro de muitos territórios chineses ocupados ilegalmente pelos colonialistas ocidentais”. No testemunho cedido ao HM por António Caeiro, lê-se ainda que, segundo o manual do ensino secundário na China, em 1553 “os portugueses usurparam o direito de residência em Macau” e quatro anos depois “começaram a sua longa ocupação” do território. “Através do suborno de funcionários locais – diz o compêndio de Bai Shouyi – os portugueses ocuparam parte de Macau alegando que tinham obtido um contrato de aluguer”, descreve Caeiro. Naquilo que descreve como “noite inesquecível”, o jornalista destaca que “nunca se falou tanto de Macau na China continental como nos dias que antecederam a transferência de poderes”. “Além de reportagens e documentários, a Televisão Central da China (CCTV) exibiu uma telenovela de 27 episódios intitulada ‘A História de Macau’, sobre a vida de uma ‘patriótica família chinesa’ do território. Os personagens portugueses da ficção pareciam simples figurantes, mais ou menos de passagem”, recorda.