Quarta ponte | Montagem da estrutura até fim de Março

Lam Wai Hou, director da Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP), adiantou, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Ron Lam U Tou, que a montagem completa da quarta ponte entre a península de Macau e a ilha da Taipa deverá estar concluída no primeiro trimestre deste ano, enquanto toda a empreitada de construção deverá estar concluída no primeiro semestre.

Quanto ao incidente que gerou a inclinação da peça durante a elevação e montagem no vão principal da ponte, ocorrido em Julho, e que impossibilitou a conclusão desta montagem, deveu-se “à concepção dos equipamentos para este trabalho”, tendo sido “aperfeiçoados e optimizados o procedimento e o projecto dos trabalhos de elevação e montagem”.

O responsável máximo da DSOP esclareceu ainda que foram montadas quatro vigas na futura quarta ponte nos dias 27 de Outubro e ainda 8, 13 e 21 de Novembro. Na mesma resposta, foi ainda esclarecido que as obras da primeira fase do eixo leste da Zona A e a obra de ligação ao Posto Fronteiriço na Ilha Artificial serão concluídas no primeiro trimestre deste ano “devido à obra de construção das galerias técnicas”.

8 Jan 2024

Sands China | Aumentos salariais a partir de Março

A Sands China anunciou ontem que vai aumentar os salários de 99 por cento dos 26 mil funcionários da operadora de jogo a partir do dia 1 de Março, sendo que os trabalhadores a tempo inteiro com salários até um limite máximo de 13 mil patacas passam a ganhar mais 600 patacas, o que representa um aumento salarial de 4,7 a 5,4 por cento. Por sua vez, quem ganha mais de 13 mil patacas terá um aumento salarial de 2,5 por cento.

Além disso, a empresa irá pagar um bónus a todos os trabalhadores que não pertencem às equipas de gestão e que estão na empresa há um ano ou mais. Este bónus corresponde a um mês de salário e será pago pelo “reconhecimento das suas contribuições em 2023”. Para os trabalhadores com funções de gestão, o bónus será pago no âmbito do Plano de Incentivos à Gestão da Sands China.

Por sua vez, todos os funcionários que trabalharam na empresa durante menos de um ano vão também ser contemplados com um bónus caso tenham sido contratados antes do dia 1 de Outubro e estiverem ainda desempregados à data do pagamento do bónus.

Citado pelo mesmo comunicado, Wilfred Wong, presidente da Sands China, destacou o trabalho dos funcionários no período da pandemia. “No coração da nossa empresa está uma equipa notável. Quando o turismo de Macau retomou após a pandemia, foi o seu esforço concertado que fez com que a nossa empresa voltasse a funcionar em pleno.”

5 Jan 2024

Português | Chineses em Macau adoptam diversos modos de aprendizagem

Os estudantes chineses de português em Macau adoptam diversas estratégias de aprendizagem da língua, não existindo um método uniforme. Além disso, o ambiente multilingue do território beneficia os estudantes que vêm da China. As conclusões são de um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau

Um estudo de Hao Ian Chen, da Universidade Politécnica de Macau (UPM), conclui que não existe, da parte dos estudantes chineses de português em Macau, um método de aprendizagem uniformizado, sendo que cada um escolhe técnicas que passam pela memorização, uso de materiais didácticos diversos, linguagem usada no dia-a-dia ou ferramentas que ajudam na compreensão oral do idioma, tendo como base, muitas das vezes, estratégias de aprendizagem já usadas com o inglês.

Em “Um Estudo de Caso das Estratégias de Aprendizagem de Estudantes Universitários Chineses no Ambiente Multicultural de Macau”, recentemente publicado no International Journal of Education and Humanities, conclui-se que existe, no ensino superior de Macau, “um carácter dinâmico das estratégias de aprendizagem da língua, bem como a sua variabilidade individual”.

Hao Ian Chen desenvolveu este estudo com base nas experiências de quatro alunos de diferentes universidades locais, vindos da China. Dois deles estiveram em Macau no contexto de um intercâmbio de um ano.

O artigo conclui que “cada um deles implementou ajustamentos estratégicos para ultrapassar as dificuldades de aprendizagem do português com que se deparou face às mudanças no ambiente de aprendizagem e às mudanças cognitivas que daí resultaram”.

O trabalho académico destaca ainda que essas estratégias de aprendizagem eram semelhantes, apresentando, contudo, “trajectórias de desenvolvimento diferentes, reflectindo a natureza dinâmica das estratégias de aprendizagem de línguas, a sua certeza e incerteza”.

Apresenta-se o exemplo da aluna D, que através da leitura e da memorização “de um grande número de artigos em português” conseguiu “a acumulação de vocabulário e aplicações gramaticais”. A estudante usou ainda o vocabulário e estruturas gramaticais na vida real a fim de melhor as memorizar.

Desafios do multilinguismo

O estudo em questão fala ainda dos “desafios colocados pelo ambiente multilingue à aprendizagem e utilização da língua pelos participantes”, sendo que, no caso dos estudantes vindos do continente, esse multilinguismo tão presente em Macau os ajudou no ensino.

“O ambiente multilingue de Macau teve um impacto positivo nos dois participantes do continente que estudaram em Macau, principalmente em termos de ensino multilingue na sala de aula e de comunicação com falantes nativos de português”, lê-se.

O relatório fala ainda de um “certo grau de correlação” entre os métodos de aprendizagem de uma primeira língua estrangeira e de aprendizagem de um segundo idioma, pois “os quatro participantes seguiram as estratégias eficazes de aprendizagem do inglês no passado, combinando-as depois com as suas próprias situações para formar um novo modo de aprendizagem”.

O artigo destaca ainda a necessidade de compreensão por parte dos professores e educadores quanto “à diversidade das estratégias de aprendizagem e diferenças individuais, não para mudar à força as estratégias de aprendizagem dos alunos, mas para os ajudar a compreender o impacto complexo do ambiente de aprendizagem e as características dos seus próprios factores individuais na sua aprendizagem”.

5 Jan 2024

Seguros transfronteiriços | Governo dialoga com interior da China

A Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) encontra-se em conversações “com ministérios e comissões na área financeira do Interior da China, no sentido de permitir, no futuro, o câmbio de prémios de seguro, através da ‘cerca electrónica’ de fundos constituída na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, desde que cumpridos os requisitos de supervisão”.

Esta informação consta numa resposta dos Serviços de Saúde de Macau a uma interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang que versa sobre as burocracias e impedimentos inerentes aos seguros de saúde transfronteiriços.

Estas conversações decorrem devido ao facto de as seguradoras de Macau disponibilizarem seguros de saúde transfronteiriços, mas terem dificuldades na renovação de apólices, a regularização de sinistros e o resgate de apólices de seguros devido à “política vigente de gestão cambial do Interior da China”.

Um dos exemplos dessas dificuldades prende-se com o facto de as seguradoras de Macau “não poderem transferir as indemnizações relativas a sinistros directamente para contas no Interior da China”, explicou o director dos SSM, Alvis Lo.

5 Jan 2024

Mulheres | Associação recebeu mais de 150 pedidos de aconselhamento

Os deputados Wong Kit Cheng e Ma Io Fong, que representam a Associação Geral das Mulheres, dizem ter recebido, no ano passado, 156 pedidos de aconselhamento jurídico, de ajuda ou esclarecimento nos 22 dias de recepção a residentes promovidos pela entidade.

Segundo um comunicado, grande parte dos residentes que procuraram ajuda revelaram estar preocupados com a situação económica e com a habitação, sobretudo no que diz respeito às políticas de habitação para idosos, atribuição de casas económicas ou a habitação intermédia, pensada para a classe média. Além disso, muitos representantes de pequenas e médias empresas queixaram-se de que, no ano passado, o panorama de negócios foi ainda pior do que no período da pandemia devido à quebra do consumo, o que levou ao encerramento de muitos espaços comerciais.

Desta forma, os deputados sugerem que o Governo crie medidas de estímulo ao consumo interno, encorajando os residentes a comprarem no território, além de defenderem mais políticas de apoio às PME. No que diz respeito à habitação, Ma Io Fong e Wong Kit Cheng pedem que o Governo tenha em conta a situação real da população na hora de definir políticas habitacionais, bem como o ambiente económico e os factores inerentes ao mercado imobiliário, defendendo a realização de um novo estudo sobre a procura de habitação.

Destaque ainda, no âmbito dos pedidos de ajuda, para a predominância de casos relacionados com o casamento e família, nomeadamente processos de divórcio, direitos parentais, divisão de bens ou casos em que é necessária mediação familiar.

5 Jan 2024

História | Jornalista João Botas descobre diário inédito com cerca de 200 anos

O jornalista João Botas, autor de diversas obras sobre a história de Macau, diz ter descoberto um diário de uma norte-americana, esposa de um comerciante que vinha a Macau e à China com frequência. O acesso a uma versão dactilografada, com muitos anos, permite descobrir relatos de uma época em que o comércio fervilhava no sul da China

 

Chamava-se Sarah, acompanhou o marido, comerciante, nas inúmeras viagens que realizou para fazer negócios em Cantão e deixou um diário que hoje tem cerca de 200 anos. O jornalista João Botas, autor de diversos livros sobre a história de Macau, diz ter descoberto uma versão muito antiga, dactilografada, do documento, graças às constantes pesquisas que realiza para o blogue Macau Antigo. Trata-se, no relato que fez ao HM, de “um diário inédito”, sendo que, até à data, “se desconhece o paradeiro do documento original”.

“Depois de múltiplas verificações posso garantir que se trata de um relato verídico”, conta João Botas, que chegou ao contacto com descendentes de Sarah e do marido que não querem dar o nome. O jornalista espera vir a poder publicar este diário que se revela muito semelhante a tantos outros escritos deixados por estrangeiros, incluindo esposas de comerciantes franceses, ingleses ou americanos que passaram por Macau, graças ao comércio que se praticava na altura com a China.

João Botas diz mesmo que o diário de Sarah se revela semelhante aos escritos já divulgados e estudados de Rebecca Kinsman e Harriet Low, datados das primeiras décadas do século XIX, “mas com informação mais rica a vários níveis”.

Segundo o autor do blogue, este diário “foi escrito com o objectivo de ocupar os tempos livres”, pois o marido de Sarah “passava muito tempo em Cantão”. “Esta não era a primeira vez que viajava até Macau, mas foi a primeira vez que decidiu escrever um diário. Ao todo a viagem, ida e volta, durou 317 dias! Quase um ano. Só em navegação passaram cerca de 200 dias, ida e volta.”

“A estadia em Macau é de cerca de um mês, período em que, além dos passeios diários, eram frequentes as visitas às residências de outros estrangeiros, para beber chá, conversar, ouvir alguém tocar piano ou para participar em jantares mais formais.”

Sarah gostava ainda de ler, referindo, nas páginas do diário, “inúmeros livros, obras históricas de referência sobre a Ásia, o Japão ou a Índia”.

Negócios florescentes

A época a que se remete o diário passa pelos anos em que a Companhia Britânica das Índias Orientais deixou de ter o exclusivo do comércio com a China e outras nações começaram a ter negócios no país, usando Macau como ponto de ligação. Era também a época dos cules, trabalhadores pouco qualificados da China que eram transportados quase como escravos para trabalhar na agricultura em diversos pontos do globo.

“A linguagem utilizada [no diário] é simples, mas o elevado número de pessoas mencionado obriga a muita pesquisa de contextualização, nomeadamente, sobre quem eram e o que faziam naquela época. É o que estou a fazer nesta altura, e está quase pronto”, relata João Botas, que diz estar em conversações com entidades públicas de Macau para a edição do livro.

Os escritos de Sarah permitem-nos “viajar até à Macau de meados do século XIX, com muitas descrições de espaços, ruas e edifícios, permitindo fazer o retrato da comunidade de estrangeiros ocidentais que viviam no território, que eram poucas dezenas” numa população que, à data, não tinha mais do que 35 mil pessoas, a maioria chineses, e com apenas 4.500 portugueses e macaenses.

“Como os estrangeiros ocidentais não podiam comprar propriedades no território, arrendavam casas aos portugueses e macaenses mais abastados. Esta era uma importante fonte de rendimentos numa altura em que já se fazia sentir algum declínio na actividade comercial fruto do surgimento de Hong Kong em 1842”, explica o jornalista.

Passear na rua

Sarah escreveu sobre os passeios que realizou em Macau, um deles bem perto da fortaleza do Bom Parto, no sopé da Colina da Penha. “Desde que aqui cheguei tenho-me divertido muito. Todos os dias, às cinco e meia, saímos para passear. (…). À tarde fomos todos para a baía do Bispo*, um lugar lindo, com praia para caminhar e muitas conchas. (…) No domingo fui com eles à igreja. Confundimos a hora e só chegamos lá mais de meia hora depois do início do culto. O regresso da igreja para casa foi encantador já passava um pouco das seis da tarde. Esta cidade de Macau é um local encantador, repleto de cenários pitorescos. (…)”, lê-se, segundo tradução feita pelo próprio João Botas de um excerto do diário.
Sarah descreve ainda um outro passeio, feito numa segunda-feira, quando jantaram e tomaram chá “na casa da Sra. Nye”.

“(…) Levei a minha cadeira até à Praia porque as ruas são estreitas demais para uma carruagem. Fizemos um passeio bastante longo e agradável, conhecemos vários grupos que andavam a cavalo e duas ou três outras carruagens. (…)”, escreveu ainda a americana.

Não falta ainda um relato da Casa Garden, onde hoje funciona a sede da Fundação Oriente (FO), e a Gruta de Camões. “À tarde visitamos a Casa Garden. É de facto um local encantador – abundância de belas árvores que sombreiam os belos passeios sinuosos e é constante o encontro com imensas rochas, por vezes isoladas, outras vezes empilhadas umas sobre as outras. A gruta de Camões, poeta português, é um local de grande atracção. É um sítio curioso, composto por três rochas imensas – duas em pé, a vários metros de distância uma da outra, a terceira repousando imediatamente sobre a abertura, formando uma divisão fresca e protegida, aberta em cada extremidade. (…)” À data, a Casa Garden pertencia ao comendador Lourenço Marques que a arrendava aos comerciantes estrangeiros.

A americana descreve ainda no diário o ambiente de Cantão, cidade do sul da China. “Chegamos a Cantão por volta das cinco da manhã. (…) Depressa desembarcamos e fomos até à residência dos Parker. (…) Passamos três dias e três noites muito agradáveis na casa do médico. Saí para fazer compras em Cantão, mas apenas uma vez e fui com a Sra. Parker. Estas compras perderam para mim muito da novidade. Este ano foi muito desagradável por causa das multidões nas ruas que se preparavam para duas das suas festas religiosas – o ‘Festival das Lanternas’ e uma outra, de que não me lembro o nome, embora a tenha testemunhado no ano passado, quando estive em Cantão. (…)”

Segundo João Botas, a referência feita a Parker remete para Peter Parker, nascido em 1804 e falecido em 1888, médico e missionário dos EUA. Este chegou à China em 1834 onde deu a conhecer pela primeira vez as técnicas da medicina ocidental, incluindo a anestesia. Em 1838 criou um hospital ligado à oftamologia em Macau, onde viveu durante algum tempo.

Por sua vez, Harriet Colby Webster Parker era esposa de Peter Parker, tendo sido a primeira mulher ocidental a viver na China.

4 Jan 2024

Diáspora portuguesa | Macau presente em núcleo regional de Conselho

Macau está representado no recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa através de António Menano, secretário-geral da MGM China, e do CEO do BNU, Carlos Cid Álvares. Este espera efeitos ao nível do crescimento económico português e aumento de exportações e importações

 

São 13 os conselheiros ligados ao recém-criado Núcleo Regional da Ásia e Oceânia do Conselho da Diáspora Portuguesa, uma entidade fundada em 2012 com o objectivo de potenciar negócios e a presença portuguesa em todo o mundo. Macau está representado neste grupo de conselheiros com António Menano, secretário-geral da MGM China Holdings, e Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU).

Ao HM, o responsável adiantou apenas ter “todo o interesse” que “Portugal veja o seu nome enaltecido no estrangeiro e que o trabalho dos elementos do Núcleo tenha efeitos práticos ao nível do crescimento económico, aumento das exportações e importações”.

Carlos Cid Álvares acrescentou também que Macau desempenha um papel importante para se desenvolver enquanto “plataforma de negócios entre os países de língua portuguesa e a China”. “Tudo o que podermos fazer para aumentar esse papel [de Macau] será francamente positivo para as empresas portuguesas e dos países de língua portuguesa que queiram aumentar o volume de negócios na China”, frisou.

Segundo um comunicado do Conselho da Diáspora Portuguesa, um dos principais objectivos da criação do Núcleo Regional é “fortalecer as conexões entre os actores económicos da região”, bem como “estabelecer uma extensa rede de parceiros dentro da comunidade portuguesa em toda a Ásia e Oceânia”. Pretende-se ainda “estimular uma compreensão mais profunda da região para promover os interesses de Portugal de modo eficaz”.

Eventos e documentos

Constituído em 2012, o Conselho da Diáspora Portuguesa foi criado com o apoio da Presidência da República portuguesa e do Ministério dos Negócios Estrangeiros. João Graça Gomes, coordenador do Núcleo Regional, considera que o objectivo da criação de três núcleos regionais foi o de “descentralizar” e agilizar o trabalho que vinha sendo feito na organização de eventos e outras actividades promocionais de Portugal.

“A Ásia é uma região muito dinâmica, temos grandes economias como a China, Índia ou Japão, e o Núcleo Regional pretende reflectir sobre o que está a ser feito na Ásia e pode ser aplicado em Portugal. Estamos a planear a realização de vários seminários online para este ano e a produzir uma espécie de ‘documento branco’ sobre [o panorama de desenvolvimento] da região nos próximos cinco ou dez anos, identificando as grandes áreas económicas nos países. A China, por exemplo, destaca-se nas energias renováveis, e em Portugal o país é um dos maiores investidores no sector energético.”

Relativamente à ligação com Macau, João Graça Gomes entende ser “o centro” na Ásia dada a histórica presença portuguesa de quase 500 anos. “A comunidade portuguesa em Macau é numerosa. Portugal tem muitas parcerias com universidades locais e persiste o Direito de Macau de inspiração portuguesa. Queremos envolver-nos na área da investigação científica, podendo construir pontes entre universidades de Macau e com zonas onde haja diáspora portuguesa.”

Em termos de actividades, os conselheiros de Macau podem potenciar “reflexões mais teóricas ou actividades mais práticas na área da investigação científica e parcerias com universidades”.

Essencialmente, o Conselho pretende “atrair novos investimentos para Portugal contribuindo para o que já existe”. “Temos uma visão de abertura e colaboração [com outras entidades]. Estamos dispostos a criar um polo agregador com as comunidades portuguesas, órgãos governamentais, a rede consular e até a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], fazendo uma ponte sem nos substituirmos a ninguém”, rematou.

João Graça Gomes afirmou ainda que o Conselho pretende “auxiliar Portugal a aumentar a sua imagem no estrangeiro e a alargar o softpower”.

4 Jan 2024

Ambiente | Ron Lam diz ser difícil atingir metas de descarbonização antes de 2050

O deputado Ron Lam U Tou considera ser difícil alcançar o objectivo traçado pelo Governo de atingir a meta da descarbonização antes de 2050 e a fasquia de quase zero emissões de carbono, objectivos definidos na “Estratégia de Descarbonização a Longo Prazo de Macau” publicada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

Segundo o jornal Ou Mun, o deputado concorda com este plano, mas exige que sejam criadas mais políticas concretas para que se cumpram estes objectivos, entendendo que não existe um calendário para a concretização desta estratégia.

O deputado destacou que o maior problema para o aumento da circulação de veículos eléctricos, um dos meios para a descarbonização, é a falta de postos de carregamento nas zonas residenciais, pois actualmente mais de 100 mil habitações privadas não possuem estes postos de carregamento.

Apesar de se tratar de um processo de instalação simples, Ron Lam U Tou entende que há muita burocracia da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), sendo que esta diz estar limitada pelo Código Civil. O deputado considera que o Governo deve resolver esta matéria a fim de fomentar o uso generalizado de carros eléctricos.

4 Jan 2024

DSAMA | Incentivada promoção de negócios de cruzeiros

Dirigentes da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e da Água sugeriram ontem no programa matinal do canal chinês da Rádio Macau que empresas e concessionárias de jogo devem desenvolver mais negócios relacionados com passeios temáticos em cruzeiros para o desenvolvimento das zonas costeiras do território

 

Kuok Kin, subdirector da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), disse ontem no Fórum Macau, programa matinal do canal chinês da Rádio Macau, que existe um incentivo para que empresas e concessionárias de jogo desenvolvam mais passeios temáticos com cruzeiros em torno das zonas costeiras de Macau, no contexto da consulta pública sobre a gestão das áreas marítimas em curso.

A informação foi avançada depois de um ouvinte sugerir a realização de mais passeios de cruzeiro no programa que debatia os conteúdos sobre as propostas do Governo relativas ao Zoneamento Marítimo Funcional, o Plano das Áreas Marítimas e a Lei de Uso das Áreas Marítimas.

“Estimulamos a que haja uma maior cooperação com empresas ligadas à área da navegação, bem como empresas de jogo. Os passeios de cruzeiro em Macau podem ter características próprias, e temos, por exemplo, a zona histórica do Porto Interior com a ligação à pesca como actividade tradicional. Temos também zonas de turismo e lazer modernas na parte traseira do Canal de Macau”, disse. Esta zona, situada entre os canais da Taipa e do Porto Exterior, é também conhecida como o canal de acesso ao Porto Interior, estando perto de vários resorts.

Saber aproveitar

Kuok Kin apontou ainda que as paisagens situadas entre a Zona de Cooperação Aprofundada e Macau podem ser aproveitadas, com as empresas a terem “várias oportunidades” de exploração dos negócios ligados aos cruzeiros. Estas podem “apostar na diversificação dos sectores da restauração e entretenimento” através dos cruzeiros, apontou o dirigente da DSAMA.

Uma vez que a presença de cruzeiros ou a realização de regatas acontecem a curto prazo, não envolvendo uma utilização permanente das zonas marítimas, Kuok Kin assegura que há uma maior facilidade de utilização desses locais pois não é necessário pedir uma licença.

“O Zoneamento Marítimo Funcional e o Plano das Áreas Marítimas [são propostas] que pensam nestas questões, delimitando as zonas para fins turísticos, culturais e desportivos para projectos de turismo e lazer”, explicou ainda.

Recorde-se que a consulta pública em curso diz respeito à gestão dos 85 quilómetros de área marítima atribuídos pelo Governo Central a Macau. Kuok Kin aponta que as propostas do Executivo neste âmbito visam o bem-estar da população e o futuro desenvolvimento do território. A consulta pública termina dia 16 de Fevereiro.

Ilha ecológica só em 2040

Kuok Kin, subdirector da DSAMA, adiantou também, no contexto da sua ida ao programa radiofónico Fórum Macau, que a ilha ecológica pensada para servir de aterro a resíduos de construção urbana só deverá ser uma realidade em 2040. Segundo a TDM Rádio Macau, o dirigente frisou que o objectivo da ilha artificial é solucionar o problema do actual aterro em Coloane que praticamente já não tem capacidade para acolher mais resíduos.

4 Jan 2024

DSPA apresenta estratégia de descarbonização para Macau

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) divulgou no sábado a “Estratégia de Descarbonização a Longo Prazo de Macau”, que está em consonância com o plano da “Dupla Meta de Carbono” adoptada pelas autoridades na China. O objectivo desta Estratégia é “impulsionar os diversos sectores sociais de Macau a implementarem acções de descarbonização”, considerando o Executivo que “os trabalhos de combate às alterações climáticas são inadiáveis”.

Esta Estratégia visa “implementar medidas de descarbonização em diferentes áreas e fases”, além de “atingir o pico de emissões de carbono antes de 2030”. O Governo quer ainda “promover as áreas de electricidade e transportes terrestres para alcançar uma profunda descarbonização antes de 2050 e atingir quase zero emissões” de carbono.

O plano estabelece seis abordagens principais, nomeadamente a “construção de um sistema de energia de baixo carbono”, “transformação verde dos transportes terrestres”, “conservação de energia e substituição por energia limpa”, “redução de resíduos a partir da fonte, transformação de resíduos em energia”, “o público pratica, em conjunto, a vida de baixo carbono” e “inovação tecnológica e cooperação regional”.

Em busca de eléctricos

A DSPA elaborou ainda o “Plano de Promoção de Veículos Eléctricos em Macau”, que visa atingir, em 2035, a meta do uso, a 100 por cento, de veículos ligeiros e motociclos novos movidos a energia eléctrica, com emissões de carbono zero.

O objectivo com esta iniciativa é que a sociedade “possa conhecer, o mais cedo possível, o rumo e os objectivos da futura promoção dos veículos eléctricos”.

O Governo destaca também medidas de protecção ambiental adoptadas até à data, apontando que, em 2020, a taxa de emissão de carbono atingiu a meta definida em 2011, com a redução de 40 a 45 por cento em relação ao ano de 2005.

Em 2021, o Governo voltou a fixar uma meta de redução da taxa de emissão de carbono de mais de 55 por cento para 2025, relativamente ao ano de 2005, tendo ainda proposto “fazer um bom trabalho em relação ao pico de carbono e à neutralidade carbónica”.

3 Jan 2024

Concerto | Lia Sophia traz sons da Amazónia na passagem de ano

Pela primeira vez em Macau e na China, a cantora brasileira Lia Sophia traz ao território um “show especial” na noite de passagem de ano junto à Torre de Macau. Conhecida por cantar o carimbó, género musical típico da região da Amazónia, povoado por influências africanas, Lia Sophia promete apresentar um concerto que homenageia essa região brasileira em risco de deflorestação

Tudo começou por acaso, porque, na verdade, Lia Sophia queria ser psicóloga. Mas o facto de estar ligada à música desde cedo e a necessidade de ganhar dinheiro fê-la começar a tocar em bares, e daí até construir uma carreira musical foi um passo. A artista brasileira, conhecida por cantar géneros musicais brasileiros tão diversos, assume-se como a mensageira das sonoridades do Carimbó, um estilo nascido na floresta da Amazónia, zona em risco de extinção pela intensa desflorestação de que tem sido vítima nos últimos anos.

Desta forma, o concerto de Lia Sophia em Macau, agendado para a noite de passagem de ano entre as 22h e as 00h10, junto à Torre de Macau, na praça do Lago Sai Van, promete chamar a atenção para a musicalidade tão própria dos povos indígenas que habitam este lugar.

“Esta é a primeira vez que actuo em Macau e fico muito feliz. Estou muito empolgada por poder levar um pouco da música que fazemos na Amazónia, com todas as referências afro, sobretudo neste momento em que se fala tanto da Amazónia e da preservação da floresta, e também dos povos indígenas que vivem neste lugar”, contou ao HM.

Lia Sophia diz ter preparado um “show especial” para Macau. “Vai ser um momento muito especial e levo comigo uma história, referências importantíssimas destes povos na música. Levo referências ao nível da repercussão, tendo escolhido músicas do meu repertório para que o povo de Macau entenda de onde eu venho.”

A cantora brasileira, que ficou surpreendida ao saber que no território persiste uma pequena comunidade brasileira, disse ainda que “Macau vai ser um momento especial” na sua carreira.

“Fico feliz em saber que existe essa semelhança, pois parte da população fala português. Vai ser bom demais encontrar compatriotas.”

Mescla de ritmos

Lia Sophia lançou o primeiro disco em 2005, “Livre”, seguindo-se “Castelo de Luz”, em 2009 e, mais recentemente, “Não Me Provoca”, com participações especiais de Ney Matogrosso, Paulinho Moska e Sebastião Tapajós. O single “Ai Menina”, de um outro álbum, fez parte da banda sonora da telenovela da Rede Globo “Amor, Eterno Amor”, catapultando a artista ainda mais para a fama.

“Nunca foi um projecto ou influência embarcar na música como profissão”, confessa. O violão começou a ser tocado aos nove anos de idade, mas depois foi tudo fruto do acaso. “Sou formada em psicologia na Universidade Federal do Pará, mas precisei de trabalhar, pois venho de uma família humilde e pobre, e comecei a tocar em bares, algo comum no Brasil. De repente, em 2005, lancei o meu primeiro álbum, que foi um sucesso. A minha vida seguiu esse rumo e sou muito feliz.”

A cantora descreve o Carimbó como “um ritmo tradicional com raiz no Belém do Pará, onde me situo”, e que mistura música africana com indígena. “Na dança desta música os pés arrastam-se como nas coreografias indígenas, usa-se um tambor enorme onde se senta em cima para tocar, batem-se palmas, mistura-se a dança, estilos de roupa e de vida. É uma cultura muito presente na Amazónia profunda”, descreveu.

O carimbó é ainda “uma dança em que as mulheres usam saias festivas, e quando se toca é irresistível em qualquer lugar”. “Estou levando um pouco do carimbó para Macau, tal como outros ritmos, como o brega, muito típico da região norte [do Brasil], ou a guitarrada. É importante que o povo de Macau conheça um pouco sobre estes géneros musicais e que eu possa projectar imagens da Amazónia, da sua exuberância e riquezas natural e humana.”

Lia Sophia diz esperar que, com este concerto, internacionalize mais a sua carreira, que já contou com espectáculos em Londres ou Nova Iorque. “É fantástico ter a chance de poder levar a nossa cultura para um lugar tão diferente de onde você vive”, rematou.

29 Dez 2023

Casa de Macau | Carlos Piteira fala em “nova fase histórica”

Recentemente eleito presidente da Casa de Macau em Lisboa, o antropólogo Carlos Piteira defende que a entidade “entrou numa nova fase histórica e não se encontrou”, mantendo uma “continuidade do pós-25 de Abril”. O novo presidente fala ainda do património oral dos sócios da Casa que pode ser aproveitado por investigadores

 

Foi no passado dia 16 que Carlos Piteira, macaense e antropólogo, venceu as eleições para a presidência da Casa de Macau em Lisboa, tendo formado a única lista candidata que trouxe alguns novos rostos aos órgãos dirigentes. Em declarações ao HM, o também académico considera que a Casa deve repensar bem o seu papel e adaptá-lo aos novos tempos.

“Não percebemos ainda que a Casa de Macau entrou numa nova fase histórica e não se encontrou. A Casa teve um papel importante no período do Estado Novo e na representação do império colonial [português], e fechou esse ciclo entre 1974 e 1975, tendo sobrevivido porque a China não quis a entrega de Macau [no pós-25 de Abril]. Aí renasceu a Casa que fez a ponte entre o Governo português de Macau e a pertença à China.”

Carlos Piteira lamenta que a Casa “continue a trabalhar como se fosse uma continuidade do pós-25 de Abril”, sendo que o “paradigma da RAEM não foi intercruzado” nas actividades da entidade.

“Formalmente é uma casa da RAEM em Portugal (…). Temos de reavaliar qual o nosso papel neste processo histórico e até que ponto esta continuidade exige adaptações, no sentido em que lidamos com uma Macau que está a integrar-se na China”, explicou ainda.

O novo presidente acredita que, numa lógica de crescente diluição dos macaenses na comunidade chinesa, caberá às diversas Casas de Macau espalhadas pelo mundo “fazer a ponte com os macaenses de Macau”, preservando uma cultura e história muito próprias, bem como “a lógica das tradições e do processo histórico”.

Chamar a academia

Com 260 sócios activos, Carlos Piteira considera que o número é baixo e pretende congregar mais pessoas, não apenas macaenses, mas todos os que se sintam ligados a Macau, nomeadamente ex-residentes portugueses.

O novo presidente chama ainda a atenção para o património oral constituído pelos sócios mais antigos da Casa que têm muitas histórias para contar, fundamentais para investigações na área da história ou antropologia, por exemplo.

“A Casa tem um espólio muito interessante para quem estuda Macau ou os macaenses e essa vertente não está muito explorada. Temos gente com histórias de vida interessantíssimas. Quero sensibilizar mais os centros de investigação para que incluam esta componente [das histórias orais].”

Um dos projectos prementes da nova direcção prende-se com a necessidade de renovação da sede, que fica numa moradia a precisar de pinturas e obras. Tal faz com que a Casa “não tenha a dignidade suficiente para ser um espaço para os sócios e para a sociedade civil”.

“Há necessidade de uma restauração de fundo para que a imagem da Casa mude e para que se possam preparar mais uns bons anos de actividade com uma dinâmica mais intensa. Essa é a questão estrutural que leva ao financiamento.”

Actualmente financiada pela Fundação Casa de Macau, Carlos Piteira defende que devem ser procuradas novas formas de obtenção de fundos. “Devemos avaliar com parceiros e com a Fundação quais as hipóteses que existem, e até que ponto não haverá empresas ou associações, ou sócios beneméritos, que queiram associar o seu nome à Casa, dando-lhe prestígio. Essa é uma matéria a explorar.”

Debate necessário

Tendo em conta que 2024 é o ano da realização de um novo Encontro das Comunidades Macaenses, Carlos Piteira pede uma intervenção mais assertiva.

“Gostaria que o Encontro fosse mais pró-activo no sentido da tomada de posições, o que não tem acontecido muito. O Encontro tem sido mais festivo do que interventivo, e se calhar o modelo é esse, mas por parte dos presidentes das Casas de Macau poderia haver algum diálogo sobre o nosso papel no futuro.”

Para o responsável, trata-se de uma “questão central”, pois “os macaenses estão em Macau e ainda bebemos da representação da comunidade no território, mas desconhece-se qual a tendência, se os filhos dos actuais macaenses terão a perspectiva da comunidade e representação da identidade dos seus pais e avós. Não sei como vai ser a preservação se não houver macaenses a fazê-lo, ou se estes tiverem numa matriz diferenciada. Este seria um debate interessante”, rematou.

29 Dez 2023

Metro | Relatório aponta “omissões evidentes” na gestão do GIT

Foi ontem divulgado um relatório do Comissariado de Auditoria que aponta “omissões evidentes” na gestão do antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes. Em causa, estão as avarias num cabo eléctrico que levaram à paragem de cinco meses da linha da Taipa e que se deveram a falhas na verificação de padrões técnicos

 

O Comissariado de Auditoria (CA) entende que o antigo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT), extinto em Outubro de 2019, praticou “omissões evidentes de gestão” na aquisição do cabo eléctrico para a linha da Taipa do metro ligeiro. Esta foi feita “sem correspondente verificação” relativamente a padrões técnicos de funcionamento, o que levou a 18 avarias em menos de dois anos, a partir de 13 de Janeiro de 2020, e à suspensão do metro ligeiro por cinco meses, em 2021, para a substituição do cabo.

O relatório do CA aponta que “a causa directa da falha no cabo se deveu a um enrugamento na blindagem de fita de cobre, defeito este que vem de origem, levando à danificação da blindagem ao fim de um certo tempo, originando a ruptura da camada de isolamento e, consequentemente, falhas no cabo eléctrico”.

O CA entende ainda que as “especificações técnicas da camada de blindagem da fita de cobre foram pouco exigentes, fazendo com que esta camada não fosse capaz de resistir ou reduzir o problema dos danos causados pelo seu enrugamento que, consequentemente, levou à ruptura da camada de isolamento”.

Pouca fiscalização

O CA alerta também para falhas cometidas pelo antigo GIT na hora de adoptar padrões e especificações técnicas, pois o concurso público determinava que os cabos deveriam estar em conformidade com a norma IEC, que estabelece os requisitos técnicos mínimos para a estrutura dos cabos eléctricos.

Contudo, quanto à blindagem dos cabos, a norma em questão não “estabelece quaisquer requisitos, deixando, assim, à legislação nacional a regulação do tipo de material a usar, o tamanho e método de enrolamento da blindagem”. Desta forma, “as especificações técnicas podiam ser definidas pelo fornecedor”.

Assim sendo, quanto à blindagem da fita de cobre, “o fornecedor apenas propôs especificações técnicas quanto ao método de enrolamento e à sua espessura, que o GIT aceitou”, além de que “as especificações adoptadas pelo fornecedor não são tão exigentes como as do padrão nacional”.

O CA conclui, neste contexto, que o GIT, relativamente à escolha das normas técnicas, “devia ter tido em consideração o contexto concreto em que Macau se encontra inserido”, pois “o cabo efectivamente utilizado no sistema de metro ligeiro foi instalado sem ser sujeito aos ensaios conforme previsto na norma IEC e no contrato de fornecimento”, bem como “sem a correspondente certificação, o que reflecte a existência de omissões evidentes na gestão do GIT”.

De destacar que tanto o consultor do projecto como o GIT alertou o fornecedor para a questão do cabo, mas depois “não se insistiu junto do fornecedor o envio do relatório” sobre esse material, não sendo possível avaliar “se o fornecedor fez ou não os ensaios requeridos ao tipo de cabo que foi utilizado no sistema do metro ligeiro, e se estavam em conformidade com a norma IEC”.

O relatório alerta ainda que, na área das obras públicas, o trabalho não termina com a adjudicação e a contratação de entidades externas de fiscalização, tendo o Governo de ser “responsável pela salvaguarda dos interesses da RAEM”. Deve, por isso, “tomar as devidas medidas de correcção e regulação”.

29 Dez 2023

Exposição mutante da BABEL dá primeiro passo em Alcobaça

A BABEL – Associação Cultural desenvolveu uma nova exposição “Que Mar se Vê Afinal da Minha Língua”, inaugurada no passado dia 16 em Alcobaça, Portugal, no Armazém das Artes e na Central-Periférica, onde fica patente até ao dia 3 de Março.

Trata-se de uma mostra com curadoria de Margarida Saraiva, co-fundadora da BABEL, e que reúne cerca de 50 obras de 20 artistas de territórios onde se fala português, incluindo nomes de artistas ligados a Macau, nomeadamente Aline Motta, Ana Battaglia Abreu, Ana Jacinto Nunes e Carlos Morais José, Bianca Lei, Catarina Simão, Cecília Jorge, Eliana N’Zualo, Eric Fok, Filipa César e Sónia Vaz Borges, José Aurélio, José Drummond, José Maçãs de Carvalho, Konstantin Bessmertny, Luigi Acquisto e Bety Reis, Mónica de Miranda, Nuno Cera, Peng Yun, Rui Rasquinho, Sofia Yala, Subodh Kerkar, Thierry Ferreira, Tiago Sant’Ana e Wong Weng Io.

Pretende-se que esta exposição seja depois itinerante, passando por diversos lugares onde se fala português, nomeadamente nas cidades do Mindelo, Luanda, Maputo e Macau.

Numa publicação na rede social Linkedin, Margarida Saraiva descreveu este projecto como tendo nascido de “um processo de investigação ainda em curso”, da sua autoria, “sobre práticas artísticas contemporâneas dos mundos de expressão portuguesa”. Apresentam-se, nesta exposição “obras no domínio dos cruzamentos disciplinares”, nas áreas da fotografia, vídeo, cinema, poesia, pintura, escultura e novos media.

Memória e futuro

Segundo o Jornal de Leiria, Margarida Saraiva explicou que “esta é a primeira de uma série de exposições mutantes”. “A pergunta [que lhe dá título] manter-se-á em aberto, e a mostra renovar-se-á a cada apresentação através da participação de artistas e autores locais”, adiantou.

No texto de apresentação da exposição, citado pelo portal “Comunidade Cultura e Arte”, descreve-se que a investigação que dá origem a este projecto explora questões como a memória e a história, a colonização e a descolonização, as identidades e a globalização no período do pós-25 de Abril de 1974. Colocam-se, no entanto, questões a partir do estudo do passado recente de Portugal e das suas antigas colónias, nomeadamente quanto à evolução do universo de expressão portuguesa.

“No espaço desta galeria, a exposição desenha-se justapondo contrastes, tensões, divergências, permitindo-se transgressões disciplinares e a criação de uma constelação relativamente inesperada da qual emerge o caráter ensaístico de uma proposta que entrelaça geografias, temporalidades e diversas disciplinas artísticas, como quem desenha, apaga e redesenha, já sem medo de errar”, descreve a curadora no mesmo texto.

A BABEL nasceu em Macau em 2013, tendo-se estabelecido na cidade portuguesa de Alcobaça no ano passado, e tem também como missão o apoio a artistas em situação de risco.

28 Dez 2023

Talentos | Ma Io Fong acusa Governo de passividade

O deputado Ma Io Fong interpelou o Executivo sobre a política de atracção de talentos para o território, apontando alguma inacção da parte das autoridades em comparação com outras cidades.

“Vale a pena a Administração ponderar se a flexibilidade e a diversidade de financiamento são suficientes para apoiar as necessidades de desenvolvimento das indústrias emergentes no futuro, sobretudo as que estão ligadas à tecnologia”, apontou.

Para Ma Io Fong, além das medidas na área da prestação de serviços de consultadoria a empresas, “não se registaram, por enquanto, quaisquer progressos” em termos de apoios e serviços prestados a empresas que se queiram estabelecer no território e desenvolver.

Relativamente ao desenvolvimento do sector financeiro, o deputado entende que outras cidades conseguiram desenvolver fundos de investimento privados e outras plataformas com maior maturidade, enquanto em Macau “não se verificou qualquer melhoria ou actualização” das medidas já adoptadas para fomentar o sector financeiro.

Ma Io Fong critica ainda o facto de o Governo estar à espera “passivamente” que os recursos humanos qualificados decidam estabelecer-se em Macau, no âmbito do novo regime de captação de quadros qualificados da RAEM, devendo, pelo contrário, apoiar, de forma “pró-activa”, a admissão de novos talentos através da criação de incentivos e subsídios às empresas, adoptando modelos já estabelecidos em cidades do interior da China.

28 Dez 2023

DSEC | Restaurantes japoneses com quebra de 24,9 %

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) apontam para uma quebra do volume de negócios dos restaurantes japoneses em 24,9 por cento em Outubro deste ano, situação também verificada nos restaurantes coreanos. Pelo contrário, verificou-se um aumento do volume de negócios de 69,7 por cento nos restaurantes ocidentais e 52,1 por cento nos restaurantes chineses, sendo que, em termos globais, o sector da restauração cresceu 35,7 por cento em Outubro.

A DSEC aponta também que, em Outubro, o volume de negócios dos proprietários entrevistados da restauração registou um crescimento de 2,9 por cento face a Setembro, impulsionado pelas férias da Semana Dourada de Outubro. Destaque para o facto de o volume de negócios dos restaurantes ocidentais ter subido 12,3 por cento face a Setembro.

Ouvidos pela DSEC, 46 por cento dos proprietários de restaurantes previram ainda uma quebra do volume de negócios em Novembro, após a Semana Dourada, sendo que os restaurantes japoneses esperam que o negócio baixe em 56 por cento.

Relativamente ao comércio a retalho, observou-se que no mês em análise o volume de negócios dos retalhistas entrevistados cresceu 38,4 por cento em termos anuais.

21 Dez 2023

Conservatório | CCAC alerta para excesso de TNR em escola de dança

O Comissariado contra a Corrupção alerta para o excesso de professores não-residentes na Escola de Dança do Conservatório de Macau, que ocupam uma percentagem de 80 por cento. O Instituto Cultural promete estar atento às contratações feitas pelas suas subunidades

 

A Escola de Dança do Conservatório de Macau tem um excesso de professores não-residentes contratados no Interior da China, que representam 80 por cento de todo o corpo docente, o que levou o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) a alertar o Instituto Cultural (IC) sobre a questão, a fim de se salvaguardar o emprego de residentes.

Numa nota divulgada pelo CCAC na terça-feira, é referido que o caso foi investigado após uma queixa apresentada “por um indivíduo”, tendo o IC prometido analisar melhor as contratações feitas pelas entidades que dele dependem.

“O IC aceitou as opiniões do CCAC e comprometeu-se a rever a organização e programação dos cursos, no sentido de reduzir a dependência dos professores não-residentes, concretizar o mecanismo de saída de trabalhadores não-residentes, garantindo, assim, o emprego dos residentes locais”.

Na mesma nota é também referido que o IC promete “proceder à contratação de professores locais através da realização de concursos externos nos termos da lei”.

O CCAC descreve que o IC tem vindo a contratar, “ao longo dos anos, trabalhadores não-residentes, em regime de contrato individual de trabalho, para o exercício de funções de professor de dança na Escola de Dança do Conservatório de Macau, o que prejudica os direitos e interesses laborais dos residentes qualificados de Macau”. O organismo considera mesmo que foram colocadas em causa “a legalidade e a razoabilidade do respectivo acto”.

A presidente do IC, Deland Leong Wai Man, explicou que já foi feita uma revisão do sistema de contratação na escola de dança, respeitando as sugestões do CCAC. A responsável disse que já se foram afastados muitos docentes não-residentes, existindo actualmente apenas três na instituição.

Concursos foram feitos

O CCAC esclarece na mesma nota que o Conservatório de Macau contratou trabalhadores não-residentes (TNR) apesar de terem sido “realizados procedimentos de concurso público para a admissão de professores de dança locais”.

A entidade diz reconhecer que a escola “tem como missão importante a formação dos talentos locais na área da dança”, sendo que o curso de técnica de dança, em tempo integral, “já foi lançado há mais de dez anos desde a sua primeira edição em 2005, o que significa que os talentos que concluíram a formação já devem reunir condições para satisfazer as necessidades locais relativas à constituição do corpo docente”.

Assim, foi pedido ao IC “que faça seriamente uma revisão completa das suas subunidades, especialmente no que respeita à política e orientação aplicáveis no âmbito do recrutamento dos professores de dança do Conservatório de Macau”, a fim de ponderar “de forma equilibrada, as necessidades de funcionamento das subunidades e a imagem global do Governo da RAEM”.

Estacionamento e CSR-Macau geram queixas

Além do caso relativo à Escola de Dança do Conservatório de Macau, o CCAC investigou também, ao longo deste ano, três outros processos decorridos de queixas de residentes. Um deles diz respeito a uma multa de estacionamento na zona da Rua do Comandante Mata e Oliveira, tendo o queixoso questionado o sistema de monitorização do estacionamento por parte do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP). No fim de contas, o CCAC concluiu que a multa foi devidamente aplicada.

Ainda sobre a actuação do CPSP, o CCAC recebeu várias queixas, a partir de Junho de 2022, sobre o estacionamento junto ao Mercado do Patane. O CCAC concluiu, no entanto, não existirem “ilegalidades ou irregularidades administrativas na actuação do CPSP”.

Outro caso diz ainda respeito aos recursos utilizados pela Companhia de Sistemas de Resíduos, Lda. (CSR-Macau) na “organização dos trabalhos das suas filiais”, alegadamente do Governo, sendo que a denúncia apontava para ausência de fiscalização por parte da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). O CCAC “verificou que a DSPA necessita de reforçar as medidas de supervisão, uma vez que a mera apresentação de fotografias e esclarecimentos relativos às reuniões por parte da CSR-Macau não é suficiente para conhecer a raiz dos problemas”.

Destaque ainda para uma queixa sobre a ausência de pagamento a formadores de uma escola que tinha sido financiada pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia.

21 Dez 2023

Biblioteca Nacional | Mostra “A China vista da Europa” patente até Março

Está patente até 2 de Março do próximo ano, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, a exposição “A China vista da Europa: Séculos XVI-XIX”, co-organizada pelo Observatório da China. Mapas antigos, peças de porcelana e livros ajudam a compreender um período fortemente marcado pelo comércio português com a China que revelou à Europa novas peças, ideias e modos de vida dos chineses

“A China vista da Europa: Séculos XVI-XIX” é o nome da nova exposição que desde o dia 29 de Novembro, e até 2 de Março, pode ser vista na Biblioteca Nacional, em Lisboa. Revelando as marcas da cultura chinesa deixadas na Europa graças ao contacto dos europeus com a China nesse período áureo de comércio, a exposição inclui mapas antigos, livros ou peças de porcelana, tendo como curadores Rui Lourido, historiador e presidente do Observatório da China, Ângelo Cattaneo, do Instituto de História da Europa Mediterrânea e Alexandra Curvelo, ligada ao Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa.

Participam ainda neste projecto inúmeras instituições que ajudaram a doar peças e materiais, nomeadamente o Museu Galileu, situado em Florença, Itália, a Câmara Municipal de Lisboa, a Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong, o Museu de Arte Antiga ou a Torre do Tombo, num total de 15 entidades.

Ao HM, Rui Lourido revela que nesta mostra se pretende mostrar como o comércio feito entre Portugal e a China à época, potenciado pela chegada dos portugueses à China, a partir de 1513, e pelo estabelecimento de Macau, em 1557, influenciou fortemente as sociedades portuguesa e europeia.

“Trouxemos da China a seda e a porcelana, além de que inúmeros desenvolvimentos tecnológicos chineses foram aproveitados pelos europeus. Queremos demonstrar que a interacção entre a sociedade portuguesa e a China, através de Macau, foi sempre muito vantajosa para Portugal e para a Europa.”

Um dos exemplos mais paradigmáticos desta relação é, segundo Rui Lourido, a cartografia, “um dos elementos extremamente apreciado pelos portugueses”, sendo que “o período da expansão é considerado em Portugal como um período benéfico para a sociedade”.

Segundo o catálogo da exposição, “a Europa foi conhecendo melhor a China sobretudo desde finais da Idade Média, por via das relações de alguns mercadores e missionários cristãos”. Contudo, no início do século XVI, “no quadro da expansão marítima portuguesa, uma presença mais constante dos europeus nos litorais chineses permitiu um conhecimento gradualmente mais completo sobre o reino da China”.

Desta forma, “a cartografia e a literatura de viagens portuguesas desempenharam um papel relevante para a difusão de uma nova imagem da China em diferentes partes da Europa”. O mesmo catálogo destaca ainda a importância de Macau para todo este comércio e fluxo de novos produtos e informações, tendo sido “um palco estratégico da presença luso-asiática na China” na qualidade de “centro de saber, de comércio e da religião cristã, que preparou a entrada dos europeus, particularmente dos jesuítas”, no vasto império chinês.

Um dos exemplos desta expansão é a chegada, a partir de 1570, de cartógrafos como Fernão Vaz Dourado, Michele Ruggieri ou Matteo Ricci que foram integrando nas suas obras “novas imagens, progressivamente mais completas, recolhidas das viagens portugueses e europeias integradas com fontes cartográficas e literárias chinesas, não apenas dos litorais, mas também do interior do império chinês”.

Quatro núcleos

A mostra, patente nos próximos meses na Biblioteca Nacional, divide-se em quatro núcleos, explorando a China marítima e interior, a chegada dos europeus à China e o papel importante da cartografia neste domínio e ainda as transferências tecnológicas e científicas do império chinês para a Europa. Existe ainda um espaço destinado a Macau e ao seu papel como “porta para a China”.

Rui Lourido destaca o empréstimo feito pela Universidade de Massachusetts na cedência de um mapa da China feito pelo jesuíta Mateus Ricci. Trata-se da primeira vez em que, na cartografia do país, “a China está no centro do planisfério, ao contrário da habitual visão eurocêntrica na cartografia europeia, em que, desde sempre, a Europa ficava no centro”.

Segundo o co-curador, este mapa, que tem legendas em chinês, apresenta, pela primeira vez, “a China no centro do mundo”, ideia ligada ao termo “País do Meio”, como se apresenta a própria China, no contexto de uma “visão sino-cêntrica, tal como [existiu] a visão eurocêntrica”. “Daí o interesse deste mapa que é extremamente perfeccionista, com muito detalhes”, frisou Rui Lourido.

O historiador destaca ainda a chamada “chinoiserie”, ou seja, objectos de arte chinesa e peças de porcelana, com relógios pintados e lacados à moda chinesa, ou ainda pinturas de Macau e da zona da Praia Grande do século XVIII. “É interessante ver a junção de objectos de arte ou tecnológicos como o astrolábio do século XVI, [cedido pelo] Museu da Marinha português”, disse o responsável.

Surpresa e admiração

Rui Lourido recorda ainda que Portugal “é o único país da Europa com um contacto de cinco séculos com a China”. “A percepção sobre a China foi evoluindo ao longo da história. A primeira visão foi de grande surpresa, admiração e até de entusiasmo pelo desenvolvimento científico, tecnológico e civilizacional dos chineses”, sendo que esse desenvolvimento era mais evidente “no desenvolvimento da porcelana, das sedas e a higiene do povo chinês”, pois estes comiam com pauzinhos e não comiam com as mãos, ao contrário dos europeus, que apenas usavam uma faca nas refeições.

“Os orientais achavam isso extremamente bizarro e bárbaro.”
“Do ponto de vista social, o sistema chinês era bastante mais desenvolvido [do que na Europa]”, pois “os chineses, para subirem aos postos públicos, tinham de fazer exames extremamente difíceis, tendo de ler cinco livros clássicos e dominar a cultura chinesa”.

“Só depois é que podiam aceder aos graus de mandarinato, enquanto na Europa qualquer ignorante e letrado, desde que fosse de uma família nobre, poderia aceder a qualquer cargo público”, acrescenta. Rui Lourido lembrou que “a imagem da China levada pelos portugueses para a Europa e para o mundo era extremamente positiva”, sendo de frisar a presença de sedas e peças de porcelana nas então colónias africanas e no Brasil.

“As casas aristocratas e burguesas tinham sempre peças de porcelana, tendo-se criado o hábito de ter uma sala chinesa nesses palácios com produtos chineses, mobílias e porcelanas.” Desenvolveu-se, com a ajuda de Portugal, “uma ideia estranhamente positiva da China na Europa”, de um país desenvolvido e letrado que teve influência nas correntes do Iluminismo, em autores como Rousseau, Voltaire e Montesquieu.

Estes “teceram grandes elogios à civilização chinesa por ser extremamente original e viam com muita admiração o facto de o império chinês promover as pessoas pelo mérito do conhecimento científico e literário e não por serem nobres ou por uma questão hereditária, o que se passava na Europa”, adiantou Rui Lourido.

Mudança de perspectiva

A mudança de perspectiva dos europeus em relação aos chineses dá-se a partir da Guerra do Ópio, em meados de 1850, sobretudo a partir do início do século XIX, quando se dá a Revolução Industrial em Inglaterra, financiada, segundo Rui Lourido, pelos ganhos obtidos com o comércio com a China.

“Os chineses deixam de ser considerados um povo desenvolvido para passarem a ser encarados como um povo que necessita de ser ensinado pelos pretensos desenvolvimentos dos europeus, com uma perspectiva colonial. É, portanto, a época em que se considera que a China passa a ser um país atrasado que necessita do ensinamento europeu, nomeadamente inglês, francês e depois americano. A mudança da perspectiva está relacionada com os sistemas económicos que se desenvolvem em cada momento, e neste caso é clara a transformação.”

Rui Lourido quer, com esta exposição, ajudar a combater a alegada existência de uma “campanha anti-China que se desenvolve na Europa sobre a batuta dos EUA”, onde se verifica “a pressão americana para considerar a China uma ameaça”.

O período a que se remete esta exposição, entre os séculos XVI e XIX, foi “extremamente galvanizador da opinião pública portuguesa” graças às relações e comércio com o Oriente. “Queremos que a China seja motivo de conversa e de notícia por boas causas e não por manipulação da informação devido a pressões políticas.”

20 Dez 2023

RAEM, 24 anos | “Cultura política” actual é herança portuguesa

Vitalino Canas, ex-chefe de gabinete de Rocha Vieira, defende que a actual cultura política existente na RAEM, de obtenção de consensos e consultas informais, é uma herança da administração portuguesa. O deputado José Pereira Coutinho destaca a estabilidade social. Ambos são oradores no “Seminário dos 30 Anos da Lei Básica da RAEM”, que decorre hoje no CCCM, em Lisboa

 

Vitalino Canas, deputado à Assembleia da República portuguesa e ex-chefe de gabinete e assessor jurídico de vários Governadores de Macau, defende que a actual cultura política na RAEM é uma herança deixada pelos portugueses.

“Saliento um certo estilo de cultura política [que ficou]. A administração portuguesa tinha muitos mecanismos [de governação], na relação entre os titulares dos principais cargos com a comunidade, e que não resultavam apenas do Estatuto Orgânico de Macau (EOM).”

Havia, assim, “uma forma de consensualização, com consultas informais a personalidades sem cargos políticos”, e que persistiu depois de 20 de Dezembro de 1999. “A ideia de obter um consenso mais alargado, que vai além do que está directamente consagrado na Lei Básica, e que estava antes no EOM, foi algo que ficou da Administração portuguesa”, frisou ao HM.

Vitalino Canas é um dos oradores da conferência que decorre hoje no Centro Científico e Cultural de Macau, intitulada “Seminário dos 30 Anos da Lei Básica da RAEM”, precisamente no dia em que a RAEM celebra 24 anos de existência, depois da administração portuguesa ter passado para a China a 20 de Dezembro de 1999.

Vitalino Canas destaca um cenário de “continuidade” por se ter mantido a figura do Chefe do Executivo, semelhante, em muitos aspectos, ao Governador, ou dos secretários, cargos similares aos dos antigos secretários-adjuntos.

Quanto à composição da Assembleia Legislativa (AL), manteve-se o sistema tripartido consagrado no EOM, com deputados nomeados e eleitos pela via directa e indirecta. Vitalino Canas aponta, contudo, que, na era RAEM, “o peso dos deputados nomeados é menor do que os deputados nomeados pelo Governador”.

“Não é um sistema democrático pleno, mas houve uma ligeira evolução”, além de que aumentou o número de deputados, o que, na prática, significa que há um deputado por cerca de 22 mil habitantes. “É uma percentagem relativamente adequada e que corresponde à que existe em Portugal actualmente”, disse o também advogado, ligado ao Partido Socialista.

Vinte e quatro anos depois, a RAEM “está na fase do reinício de uma reflexão” tendo em conta a crise gerada pela pandemia, tendo “questões económicas que estão a ser ultrapassadas e de inserção na região em que se encontra”.

A palestra de hoje no CCCM visa também, para Vitalino Canas, “encorajar os que têm responsabilidades, como as autoridades de Macau e da República Popular da China, para que se mantenha a manutenção do estilo de vida consagrado na Declaração Conjunta e demais procedimentos”.

Tudo em paz

O deputado José Pereira Coutinho será outro dos oradores, abordando o actual funcionamento da AL. “Até 2049 teremos em vigor a Lei Básica, tratando-se de um diploma fundamental para marcar a diferença entre o sistema capitalista de Macau e socialista do continente”, disse ao HM.

Coutinho destaca que, 24 anos depois, a RAEM é hoje das regiões mais seguras da Ásia. “A primeira grande conquista da RAEM, 24 anos após a sua fundação, é o facto de os habitantes poderem viver em paz e com estabilidade social. Trata-se de dois factores muito importantes num mundo cada vez mais conflituoso, com a guerra na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente. As pessoas hoje vivem em paz, não obstante a multiplicidade de culturas e etnias. Não há, de uma forma geral, pobreza radical, ou famílias que não têm casa para habitar”, frisou.

Uma vez que, no próximo ano, decorrem as eleições para o cargo de Chefe do Executivo, Pereira Coutinho diz haver “margem para melhoria da performance do Governo nas cinco tutelas”. “Seria bom refrescar algumas secretarias após três anos de pandemia e introduzir pessoas [na Administração] com mais vontade e capacidade de resposta aos desafios com os quais nos vamos deparar.”

Sobre o facto de os deputados da AL terem menos iniciativa legislativa, uma vez que a grande maioria das propostas de lei é apresentada pelo Executivo, Coutinho diz ser “o campeão na apresentação dos projectos de lei” embora saiba que, “à partida, são chumbados, não pela ausência de necessidade [da legislação], mas porque cria, junto dos outros deputados, alguma inveja por eles não apresentarem [projectos] e nós sim”.

“Desde que este Chefe do Executivo assumiu funções que não vejo necessidade de apresentar projectos de lei porque não falta trabalho”, adiantou. Todos os projectos de lei apresentados por Coutinho versaram sobre a lei sindical, entretanto apresentada pelo Governo e em discussão na 2.ª comissão permanente da AL. “Trata-se de uma legislação amputada porque não tem a negociação colectiva. Vamos ver no que pode resultar e esperamos que comece a dar efeitos, mas não sabemos de que forma”, concluiu.

Apesar das alterações à lei eleitoral e à ausência de candidatos que não sejam considerados patriotas, Pereira Coutinho diz que o hemiciclo “está no bom caminho”. “Continuo a fazer o meu trabalho e nunca houve nenhuma pressão. Vamos ter novas eleições e somos cada vez mais solicitados pela sociedade, o nosso gabinete não tem mãos a medir.”

O seminário de hoje conta ainda com participações de Fernando Loureiro Bastos, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que aborda o tema “Macau e o Direito do Mar”, ou Lai Kuan Ju, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, que vai falar da “Educação sistemática em matéria de Constituição e Lei Básica em Macau nos últimos 10 anos”. Luís Weng Kuok Wong, docente da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, fala ainda da “Região Administrativa Semi Especial: uma análise constitucional da Zona de Cooperação de Hengqin”.

20 Dez 2023

CCCM | Acolhidos espólios de antigos governadores de Macau

Parte dos espólios pessoais de Nobre de Carvalho, Garcia Leandro e Vasco Rocha Vieira vão poder ser consultados na biblioteca e arquivo do Centro Científico e Cultural de Macau. A apresentação do Fundo Documental dos Governadores de Macau, apoiado pela Fundação Jorge Álvares, bem como a assinatura dos protocolos relativos a esta iniciativa, decorre esta terça-feira em Lisboa

 

José Manuel de Sousa e Faro Nobre de Carvalho, Governador de Macau entre 1966 e 1974, ano da revolução do 25 de Abril em Portugal, que depôs o Estado Novo. General Garcia Leandro, Governador do território no pós-25 de Abril e grande responsável pela implementação do Estatuto Orgânico de Macau a partir de 1976. Vasco Rocha Vieira, último Governador português de Macau e aquele que, a 20 de Dezembro de 1999, abraçou a bandeira portuguesa e a entregou, como o culminar de séculos de história portuguesa no pequeno enclave chinês.

Todos eles foram fundamentais em diferentes períodos da história de Macau e parte do seu espólio pessoal vai passar a estar disponível para consulta de historiadores, demais académicos e interessados na biblioteca e arquivo do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM).

A cerimónia de apresentação do projecto, bem como a sessão de assinatura dos protocolos com os dois antigos Governadores e João Nobre de Carvalho, filho do já falecido Nobre de Carvalho, decorrem hoje em Lisboa.

O projecto conta com o apoio financeiro e logístico da Fundação Jorge Álvares. Ao HM, Celeste Hagatong, presidente da instituição, falou um pouco mais desta iniciativa. “A fundação suportou os custos das obras de adaptação de uma das salas do CCCM para acolher o Fundo Documental dos Governadores de Macau, bem como o necessário equipamento para garantir as condições exigidas para a guarda de tão valiosos espólios, assim como os custos com o transporte e classificação da documentação que aí vai ser depositada.”

A criação deste fundo documental é apenas um dos projectos que a fundação tem desenvolvido com o CCCM desde o ano passado, quando, mediante a assinatura de um protocolo, ficou determinado que seria dado o patrocínio a três iniciativas, nomeadamente as obras e instalação da Biblioteca Fundação Jorge Álvares no edifício do CCCM. Segundo Celeste Hagatong, esta biblioteca é hoje “uma referência para os estudantes e investigadores, nacionais e estrangeiros, que se debruçam sobre as relações entre Portugal e o Oriente”.

Tendo em conta as fases de grande desenvolvimento e mudança que Macau viveu nos anos em que estes Governadores administraram o território, nomeadamente o “1,2,3”, entre finais de 1966 e início de 1967, ou a transferência da administração portuguesa de Macau para a China, em 1999, os espólios podem conter informação valiosa para quem desejar aprofundar o estudo da história de Macau, conforme denota a presidente da Fundação Jorge Álvares.

“Estes são espólios pessoais dos Governadores e são, certamente, do interesse para os que se dedicam ao estudo da história Macau. Temos a obrigação de tentar preservar todo o património que possamos reunir sobre o passado de Macau e este é um nosso contributo para este desígnio.”

Cabe agora ao CCCM definir o calendário para disponibilizar estes espólios junto do público. De frisar que na sua obra “Macau nos anos da Revolução Portuguesa: 1974-1979”, que teve a sua primeira edição em 2011, o general Garcia Leandro fala da intenção de dar a sua documentação pessoal à consulta do público e estudiosos.

“Recentemente tem-se vindo a proceder à digitalização do meu arquivo pessoal, que havia estado guardado durante 25 anos na Presidência da República, e que ficará disponível no Centro Científico e Cultural de Macau”.

Galeria para o ano

Celeste Hagatong avançou ainda ao HM que, no próximo ano, será criada a Galeria dos Governadores, também no edifício do CCCM. Trata-se de um espaço onde serão expostos os retratos de todos os antigos Governadores portugueses de Macau, guardados nas instalações do CCCM desde 1999.

Estes retratos estavam expostos no Palácio da Praia Grande, tendo sido enviados para Lisboa aquando da transição. Segundo Celeste Hagatong, “a visita a esta galeria permitirá conhecer mais de perto a história de Macau e as relações entre Portugal, Macau e a China”.

De frisar que a abertura desta galeria acontece também no ano em que a Fundação Jorge Álvares, tal como a RAEM, celebra 25 anos de existência.

19 Dez 2023

Jogo | Poder do Povo pede aumentos salariais

A associação Poder do Povo entregou ontem uma carta a Ho Iat Seng, onde se apela para que as operadoras de jogo aumentem os salários dos funcionários. A mesma associação espera que os trabalhadores não residentes sejam substituídos por residentes, e que haja uma melhor supervisão dos preços, para controlo da inflação

 

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, recebeu ontem das mãos dos dirigentes da associação Poder do Povo uma carta onde se exigem aumentos salariais para os trabalhadores das operadoras de jogo que têm o salário congelado desde a pandemia. O aumento pedido é na ordem dos cinco por cento.

Além disso, a associação pede uma substituição dos trabalhadores não residentes (TNR) por residentes e um maior controlo dos preços dos bens essenciais e alimentares.

Lam Weng Ioi, presidente da Poder do Povo, entende que é fundamental que ocorra nos próximos meses um aumento salarial nas seis operadoras de jogo dado que o Governo decidiu aumentar os salários na Função Pública no próximo ano, pelo que o sector do jogo deve seguir o exemplo.

“O sector do jogo é o pilar económico predominante em Macau e já passamos o pior momento, a pandemia, mas a maioria dos funcionários continua a ter o salário congelado”, disse.

Assim, a proposta de aumento por parte da Poder do Povo incide em cerca de cinco por cento, tendo em conta a taxa de inflação registada nos últimos anos, em que “houve taxas de inflação entre um e dois por cento”. “Como o Governo anunciou um aumento salarial [para funcionários públicos] de 3,3 por cento no próximo ano, as empresas do sector do jogo devem ultrapassar esta taxa. O aumento salarial deve corresponder à inflação”, defendeu ainda.

Pela transparência

A carta da Poder do Povo incide também sobre a velha questão da substituição dos TNR por trabalhadores residentes, apelando-se a uma maior transparência na hora de aprovação dos pedidos de contratação de trabalhadores estrangeiros.

O presidente da associação citou dados do Governo que mostram já terem sido aprovados, só este ano, processos relativos a mais de 200 mil TNR, número que já atingiu os níveis de 2018 e 2019, quando o turismo em Macau estava no seu auge.

Por esta razão, Lam Weng Ioi defende que o Governo deve estabelecer um limite máximo para o número de TNR em Macau, além de regular a proporção de TNR e trabalhadores residentes nos diversos sectores de actividade.

A Poder do Povo foca ainda a necessidade de controlar os preços, nomeadamente dos combustíveis, transportes, telecomunicações, água e electricidade. Estes “têm de ser supervisionados pelo regime de concessão de licenças”, frisou o responsável. Lam Weng Ioi apontou também que o lucro destas concessionárias deve ser limitado, além de serem necessários mais pormenores públicos sobre a definição dos preços desses bens e serviços.

19 Dez 2023

Poluição | Carros a gasóleo aprovados em quase 100%

Os carros a gasóleo sujeitos a inspecção sobre o nível de emissão de gases de escape tiveram uma taxa de aprovação de 99 por cento até Outubro. Segundo Leong Weng Kun, director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), que assina a resposta a uma interpelação escrita do deputado Lei Chan U, esses dados, relativos aos meses de Janeiro a Outubro deste ano, mostram que “os proprietários dos veículos e os sectores relacionados procedem atempadamente à inspecção e reparação de veículos”.

Na interpelação, que chama a atenção para a poluição atmosférica em Macau, nomeadamente para o elevado nível de emissão de ozono, o Governo assume que, no ano passado, “as concentrações de ozono registadas nas estações ambientais da Taipa e de Coloane e na estação de berma da estrada de Ká-Hó foram relativamente altas, provavelmente devido à baixa concentração de óxidos de nitrogénio na zona de monitorização”.

A mesma resposta dá conta que, quanto a esta matéria, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) tem promovido “os trabalhos de gestão e controlo relativos ao ozono, nomeadamente o controlo de emissões de transportes terrestres, a regularização da recuperação de vapores em postos de abastecimentos de combustíveis e terminais de combustíveis, bem como o controlo da importação de tintas e vernizes utilizados na construção civil e tintas e vernizes a óleo para reparação de veículos, cujo teor de compostos orgânicos voláteis (COVs) exceda os valores-limites”. Promete-se que, no futuro, “será estudado o controlo de outros produtos que contêm elevados COVs”.

19 Dez 2023

Mulheres e crianças | Conselho prepara novos objectivos

O Conselho para os Assuntos das Mulheres e Crianças já começou com os “trabalhos preparatórios” para definir os próximos “Objectivos do Desenvolvimento para as Mulheres de Macau”.

Em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, o Instituto de Acção Social (IAS), na figura do presidente, Hon Wai, assegura que tais objectivos terão como base os objectivos definidos para os anos de 2019 e 2025 e a sua concretização. Na mesma resposta, é referido que, até este ano, foram implementadas 36 medidas a curto prazo, pensadas para os anos de 2019 a 2021, e 24 medidas de médio prazo, para os anos de 2021 e 2023, enquanto “quatro das 19 medidas de longo prazo (2023-2025) foram implementadas de forma ordenada, com uma taxa global de implementação de 81 por cento”, pode ler-se.

Hon Wai afirma também que a Função Pública tem apostado em formação para que haja uma maior igualdade de género, a fim de garantir que “as mulheres disponham de oportunidades de desenvolvimento adequadas”.

Sobre a necessidade de aumento dos dias de licença de maternidade e paternidade, um pedido da deputada, o IAS assegura que a legislação é suficiente, apelando a uma comunicação no sector privado. É dito que o Governo “tem vindo a encorajar os empregadores a seguir o princípio da boa vontade acordando com os trabalhadores as condições laborais e a resolver as dificuldades práticas encontradas por ambas as partes.”

O IAS frisa ainda que “na formulação de leis e planos de trabalho, os serviços públicos terão em conta as características e as necessidades dos diferentes géneros, de modo a permitir que tanto homens como mulheres recebem apoio social e oportunidades iguais”.

19 Dez 2023

Casa de Macau | Carlos Piteira eleito presidente com 43 votos

A única lista candidata à direcção da Casa de Macau em Lisboa, encabeçada por Carlos Piteira, venceu este sábado as eleições com 43 votos válidos e cinco votos nulos. Noel Cardoso, presidente da mesa da assembleia-geral cessante, espera uma maior “dinâmica” na representação da comunidade macaense

 

O antropólogo Carlos Piteira foi eleito este sábado presidente da Casa de Macau em Lisboa com 43 votos válidos e cinco nulos. Recorde-se que o académico liderava a única lista candidata nas eleições para a escolha dos novos corpos dirigentes da Casa, depois do então presidente, Rudolfo Faustino, ter decidido não se recandidatar a mais um mandato.

Os números foram confirmados ao HM por Noel Cardoso, presidente da mesa da assembleia-geral cessante, que diz esperar uma maior “dinâmica” ao projecto da Casa de Macau. “Esperamos que Carlos Piteira tenha um bom mandato e que revitalize a Casa de Macau e que também que consiga colocar, com mais vigor, Macau em Portugal. A Casa de Macau serve para dinamizar a presença de Macau em Lisboa e espero que ele consiga imprimir uma nova dinâmica e que isso leve a uma maior notoriedade de Macau junto dos demais portugueses.”

O advogado reconhece que “o sucesso de Carlos Piteira como presidente da direcção será o sucesso de todos os macaenses”. Contactado pelo HM, Carlos Piteira optou por não prestar declarações para já, optando por falar sobre o acto eleitoral e objectivos da nova direcção num futuro próximo.

Ideias e objectivos

No manifesto eleitoral divulgado no início do mês, a lista candidata propunha-se a vários objectivos, nomeadamente atrair mais jovens para o corpo de sócios da entidade, bem como modernizar alguns procedimentos.

Uma das ideias deixadas para o mandato de Carlos Piteira passa por tentar “renovar e adaptar os procedimentos e mecanismos de gestão, na perspectiva de desburocratização e desmaterialização”, sem esquecer uma maior “modernização das plataformas digitais” da associação.

A nova direcção propõe-se também “avaliar hipóteses de novas formas de financiamento”, bem como “agilizar e simplificar os procedimentos e as decisões”.

O mote da candidatura liderada por Carlos Piteira era “Perpetuar o Legado, Projectar o Futuro”, e outro dos objectivos da mesma passa por “respeitar o nosso passado, as tradições, sem deixar de antecipar os desafios do futuro”, relativamente à identidade macaense.

A nova direcção quer “salvaguardar o primado da identidade macaense como matriz de referência” da instituição, bem como “manter, desenvolver e fortalecer a articulação e as parcerias com as demais instituições e organizações ligadas directamente ou indirectamente a Macau e suas populações”.

18 Dez 2023