Hold On To Hope | Fotografias de Francisco Ricarte para ver até dia 28

O arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte protagoniza a nova exposição da galeria Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. “Unnoticeable Objects +” é o nome da mostra de fotografias que revelam pedaços de Macau e de Coloane que podem escapar ao olhar comum, mas que contam histórias do ambiente em estamos inseridos

 

“Unnoticeable Objects +” [Objectos Imperceptíveis +] é o nome da nova exposição patente, desde sábado e até ao dia 28 deste mês, na galeria H2H [Hold On To Hope], um espaço sociocultural na vila de Ka-Hó, em Coloane, gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM).

O protagonista da mostra é o arquitecto e fotógrafo Francisco Ricarte que, com este projecto, tem a oportunidade de mostrar imagens de pequenos elementos naturais, ou não, que escapam ao olhar mais comum, mas não ao seu.

Segundo uma nota da galeria H2H, esta exposição de fotografia “explora elementos aparentemente simples e sem qualquer tipo de destaque, sejam eles naturais ou feitos pelo homem, encontrados ao longo dos trilhos naturais de Macau em Coloane”. Trata-se da segunda parte de um projecto fotográfico, de menor dimensão, apresentado em 2020, e que teve “visibilidade limitada devido às restrições da pandemia”.

Assim, esta colecção de imagens vem agora destacar, ainda mais, “a perspectiva pessoal sobre estes objectos peculiares e a sua presença no ambiente natural circundante”. “Unnoticeable Objects +” realça também “a presença singular [desses elementos captados pelo fotógrafo] na natureza circundante e no cenário paisagístico”.

Múltiplas percepções

Numa nota enviada ao HM, Francico Ricarte contou que as fotografias patentes em Ka-Hó foram captadas nos primeiros meses de 2020, “um período muito peculiar de restrição de circulação na cidade devido à situação pandémica”, e “aquando da recuperação do acesso aos trilhos de Coloane”.

Ao mesmo tempo que as imagens constituem “um elogio à natureza de Macau e à importância de a valorizar”, Francisco Ricarte considera que salta à vista uma questão quando se visita a exposição.

“Será que estes ‘objectos imperceptíveis’ moldam os trilhos, ou a sua percepção é moldada pela presença da natureza circundante? Será que estas fotografias também realçam o significado destes objectos na formação da nossa visão e percepção das áreas ajardinadas de Macau?”, questionou.

Por coincidência, as imagens de Francisco Ricarte foram tiradas no ano de inauguração da galeria H2H, a 19 de Dezembro de 2020. O objectivo deste espaço, inserido na antiga Leprosaria de Ka-Hó, é assegurar formação e treino vocacional aos utentes da ARTM, com o funcionamento de uma cafeteria e da galeria, além de ser um espaço de partilha e difusão de projectos culturais.

16 Abr 2024

Virgínia Trigo, académica e ex-presidente do IFT: “Não se pode hostilizar a China”

A académica do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa Virgínia Trigo estuda há anos a internacionalização de empresas chinesas desde que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” se apresentou ao mundo. A também presidente do antigo IFT de Macau destaca a aposta actual na área das energias, em contraste com a “dispersão” das empresas portuguesas ao entrar na China

 

Como olha hoje para o processo de internacionalização das empresas chinesas, tendo em conta os diversos estudos que tem desenvolvido nos últimos anos?

Nos últimos 20 anos, o processo de internacionalização das empresas chinesas tem passado por várias fases. Tenho estudado esta questão há cerca de 15 anos graças ao trabalho de orientação de teses de doutoramento de alunos chineses, muitas delas ligadas a processos de internacionalização de empresas. Relativamente à iniciativa “Faixa e Rota”, houve uma primeira vaga de estímulos conduzida por empresas estatais chinesas na área das infra-estruturas. Uma vez terminada a enorme tarefa de construção dessas infra-estruturas na China, a capacidade instalada gerou um excesso de oferta, sendo a internacionalização o caminho natural para a absorver. A iniciativa Faixa e Rota ofereceu uma oportunidade para a absorção desse excesso. Nessa fase, o processo de internacionalização foi feito sobretudo pelas grandes empresas de construção, mas em fases posteriores já outro tipo de empresas, e também as pequenas e médias, aproveitaram o caminho aberto para se internacionalizar. Actualmente, assistimos a uma continuidade do interesse na Faixa e Rota, bem como um interesse cada vez maior em investimentos em economias desenvolvidas nas áreas da tecnologia e inovação. Tal acontece graças a fusões e aquisições, com destaque para as áreas da inteligência artificial, energias renováveis e biotecnologia.

Relativamente a Portugal, como descreve hoje a internacionalização e os investimentos das empresas chinesas? Mudaram-se os ramos de actuação, com maior aposta nas energias renováveis e telecomunicações, por exemplo?

O interesse por Portugal acontece já nesta última fase e sim, recai sobretudo nas energias renováveis, como a produção de baterias ou automóveis eléctricos, e outros sectores que, em determinado momento, representaram grandes oportunidades para as empresas chinesas. Uma das razões para as empresas chinesas terem investido em Portugal foi porque, em determinada altura, a compra constituiu uma grande oportunidade: Portugal tinha necessidade de vender e a China tinha disponibilidade financeira para comprar. Essas aquisições por oportunidade, porque na altura foram um bom negócio, podem ser vendidas em qualquer altura, como já está a acontecer com alguns investimentos que a Fosun fez em Portugal.

Que análise faz à internacionalização das empresas portuguesas na China? Continua a haver desigualdade e grandes dificuldades no acesso a este mercado?

Essa internacionalização é dispersa, pouco consistente e as empresas não se ajudam umas às outras. Em regra, ficamos muito entusiasmados com um sucesso e muito desanimados quando este se transforma em insucesso. A China é um mercado difícil que parece fácil. O que quero dizer é que nos podemos deixar encantar muito facilmente com a simpatia, com a grandeza dos números, com as recepções e por promessas que nos fazem e apostar no curto prazo. Na China não se faz nada sem uma rede de relações e a construção de confiança é o mais inestimável dos valores. Não há “negócios da China” e o retorno só acontece no longo prazo. Uma área que me diz particularmente respeito é a internacionalização da educação e o ISCTE tem dois doutoramentos na China oficialmente reconhecidos pelo Ministério da Educação do país e que funcionam com muito êxito já há 15 anos. Mas esses programas baseiam-se em redes de relações muito antigas construídas ao longo de mais de 30 anos e que jamais foram descuradas. Posso dizer-lhe que durante o período da covid-19 alguns programas sino-estrangeiros terminaram, mas foi uma excelente oportunidade para nos afirmarmos. Nos três anos em que a crise durou estive de quarentena 126 dias, é óbvio que me custou, mas os nossos alunos tiveram sempre um apoio presencial do ISCTE. Isso foi muito valorizado e não será esquecido.

Como encara a posição da Comissão Europeia em termos de fiscalização do investimento estrangeiro, onde se incluem os investimentos chineses?

A Comissão Europeia pretende uma maior reciprocidade, isto é, um acesso mais fácil ao mercado chinês por parte das empresas europeias, advogando a necessidade de maior equilíbrio nas relações. É uma posição razoável. Durante a covid-19 a Europa confrontou-se com a quebra das cadeias de abastecimento e com excessiva dependência de mercados terceiros. Bens essenciais como os ventiladores eram disputados pelos países ocidentais nos aeroportos chineses, mas não se pode, nem se deve, ignorar nem hostilizar a China. Um país que reocupa o seu lugar (central) na história é demasiado importante para ser hostilizado e é fundamental aprender a lidar com ele aceitando esta nova realidade através do diálogo e da cooperação activa, para se conseguir um ambiente de investimento mais estável e previsível.

“As armadilhas” da internacionalização

Um dos últimos estudos desenvolvidos por Virgínia Trigo sobre o posicionamento das empresas chinesas nos mercados intitula-se “State and private-led Clusters of Innovation in China” [Clusters de inovação liderados pelo Estado e pelo sector privado de Inovação na China], e foi desenvolvido em parceria com Chen Peng. O estudo foi publicado em livro com o nome “Clusters of Innovation in the Age of Disruption” em 2022.

Nesta obra, destaca-se o facto de, em 40 anos reforma e abertura do país, se ter acumulado “uma grande quantidade de tecnologia, capacidade, experiência, fundos e toda uma cadeia industrial que inclui a construção de infra-estruturas completas e avançadas”, sem esquecer outras “realizações em comunicações, portos, pontes, estradas, caminhos-de-ferro e túneis”. Contudo, e à semelhança do que Virgínia Trigo destacou nesta entrevista, este cenário gerou um “excesso de capacidade e uma enorme procura de recursos”. Estavam, assim, criadas condições para “uma forte necessidade de internacionalização”, das empresas, que levou “não só à ascensão das empresas multinacionais emergentes da China (das quais a Huawei e a China Communications Construction Company são apenas dois exemplos), mas também à construção do ambicioso projecto” da iniciativa Faixa e Rota.

Este capítulo fala ainda da cidade de Shenzhen como “um lugar para novas fontes de inovação e crescimento empresarial”, por ter “uma abordagem de baixo para cima, orgânica e não por projecto”. Tal faz com que se reúnam na cidade “muitos talentos vindos de todas as partes da China e do estrangeiro, atraídos pelo sucesso de grandes gigantes nacionais como a Tencent e a Huawei”. Shenzhen apresenta ainda como atractivo “políticas favoráveis às empresas e uma forte cadeia industrial local”.

Entre a cultura e a economia

O estudo de Virgínia Trigo e Chen Peng diz ainda que o actual caminho traçado pela iniciativa “Faixa e Rota” está “cheio de armadilhas”, pois a China tem de “abrir a procura a novos motores de crescimento, uma vez que precisa de transferir os seus excedentes de alta qualidade para o mundo”. Contudo, “ao fazê-lo, as empresas multinacionais têm de ultrapassar incertezas políticas, culturais, económicas e de outro tipo que caracterizam a maioria dos países ao longo das rotas” integrantes da iniciativa de Xi Jinping.

Nesse processo, “empresas multinacionais dos países desenvolvidos ainda detêm a posição dominante no sistema global de redes empresariais”, pois “as suas capacidades de integração de recursos globais e de controlar o sistema de rede global continuam a afectar todos os padrões de negócio”.

Os autores consideram que, anos depois do início de “Uma Faixa, Uma Rota”, “temos ainda de avaliar qual o balanço entre o Estado e as empresas privadas presente na economia chinesa”.

16 Abr 2024

Quadros qualificados | Mais de mil candidaturas até ao dia 8

Foram registadas 1.137 candidaturas aos programas de captação de quadros qualificados criados pelo Governo até ao dia 8 de Abril deste ano, partindo de “líderes de indústrias de topo, membros das academias de ciências e engenharia das principais economias do mundo, gestores e fundadores de grandes empresas nacionais e estrangeiras, bem como profissionais de instituições do ensino superior e das principais indústrias de Macau”.

Coordenados pela Comissão de Desenvolvimento de Quadros Qualificados e tendo por objectivo captar profissionais para alguns sectores económicos do território com escassez de recursos humanos, estes programas foram lançados no segundo semestre do ano passado.

Destes candidatos, de vários países e regiões do mundo, 282 já estão incluídos na lista de quadros qualificados propostos para a captação, sendo que 21 desses quadros qualificados são considerados de “elevada qualidade”. Por sua vez, 61 são apenas “altamente qualificados” e 196 são “profissionais de nível avançado”.

A referida comissão, que na sexta-feira realizou a sua primeira reunião plenária deste ano, espera “um aumento gradual no número de pessoas a serem captadas no plano anual de 2023”. É ainda referido que a nova fase dos programas de captação de quadros para trabalharem na RAEM “será lançada oportunamente no segundo trimestre de 2024”.

15 Abr 2024

Aterro-lixeira | Apenas oito pessoas contra em consulta pública

A grande parte dos participantes na consulta pública sobre a futura definição das zonas marítimas da RAEM concorda com a construção do aterro-lixeira a sul de Coloane, apesar de oito posições contra e inúmeras questões levantadas sobre o impacto ambiental que poderá causar. Os dois relatórios foram apresentados na sexta-feira

 

Apenas oito pessoas se mostram frontalmente contra a construção de um aterro para resíduos a sul de Coloane, a que o Governo chama de “ilha ecológica”. O projecto, desenvolvido no âmbito da definição das zonas marítimas do território, obteve a concordância de grande parte dos participantes na consulta pública. Contudo, e apesar das poucas posições contra, muitas vozes pedem alterações de fundo no projecto.

Segundo o relatório da consulta pública sobre o futuro “Zoneamento Marítimo Funcional”, 233 pessoas opinaram apenas sobre a “ilha ecológica”, com 161 a demonstrarem-se favoráveis à sua construção. Apenas oito opiniões foram completamente contra o projecto, sendo que 64 “sugere a melhoria da sua localização”.

O grupo dos que questionam o projecto exige a “apresentação completa da concepção da construção” da infra-estrutura e a “alteração da localização e área de projecto”. Pede-se ainda que o aterro seja feito na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin e não em Coloane.

Foi defendida também “a necessidade de aperfeiçoar os requisitos de gestão e controlo da ‘zona para depósito de material dragado'”, além de se realizar uma “avaliação científica das actividades de depósito”, bem como o cumprimento rigoroso “dos requisitos de gestão e controlo”.

Em resposta, o Executivo apenas referiu ser “necessário criar um novo aterro para resíduos de materiais de construção” tendo em conta que “o limite de capacidade do único aterro já se encontra atingido”. No relatório afirma-se apenas que as informações sobre o projecto já estão online no website da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSAMA).

Em relação aos golfinhos chineses brancos, que se encontram nas águas adjacentes a Macau, foram apresentadas 76 opiniões, 38 pedindo a criação de uma zona de protecção para esta espécie em vias de extinção. O Executivo disse apenas que “já existe uma reserva natural nacional de golfinhos nas áreas marítimas próximas de Macau”.

Turismo também preocupa

Apesar de 85,2 por cento dos participantes na consulta concordar com os princípios gerais propostos pelo Governo para definir os 85 quilómetros quadrados de zonas marítimas concedidos por Pequim à RAEM, a verdade é que se defende a garantia da “abertura e transparência” do processo e da realização de uma “revisão periódica” da área.

O público participante defendeu que o Governo não deverá “explorar excessivamente as áreas marítimas”, devendo utilizar “materiais respeitadores do ambiente na exploração”.

Revelaram-se ainda preocupações com a protecção da “zona para paisagens turísticas”, bem como o controlo do número de pessoas e da poluição sonora. Ainda assim, 83,7 por cento das opiniões são favoráveis ao “desenvolvimento do turismo marítimo”.

Em termos gerais, a taxa de apoio dos participantes na consulta pública sobre “Zoneamento Marítimo Funcional”, o “Plano das Áreas Marítimas e a “Lei de Uso das Áreas Marítimas” ronda os 80 por cento. Os dois relatórios apresentados na sexta-feira, relativos a estes três projectos, nascem de uma consulta pública que durou 50 dias e que contou com um total de 515 opiniões.

15 Abr 2024

Concerto em Lisboa evoca o dia em que o 25 de Abril se soube em Macau

Decorre hoje, em Lisboa, na Fundação Oriente (FO), o espectáculo “Macau no dia 25 de Abril de 1974”, concebido pelo maestro Jorge Salgueiro e produzido pela Associação Setúbal Voz. O concerto mistura música com teatro e recorda o dia em que o cantor Rui Mascarenhas anunciou em Macau que a ditadura do Estado Novo tinha caído em Portugal.

À época, o território vivia sob censura e as notícias demoravam a chegar, pelo que só no final do dia 25 de Abril a rádio passou as declarações de Rui Mascarenhas sobre a revolução.

Ao HM, Jorge Salgueiro conta como foi elaborar este espectáculo. “Achei curioso o facto de ter sido um cantor a levar a notícia do 25 de Abril de 1974 a Macau. Certamente que as autoridades já conheciam os acontecimentos, mas estariam à espera de ter a certeza para falar com a população. Com base nesta recolha de informação a que tive acesso, achei interessante criar o espectáculo a partir deste episódio.”

À época, Rui Mascarenhas, nascido em Moçambique, era “um cantor de música popular portuguesa muito famoso” que levava a sua música não só à metrópole portuguesa, mas também às antigas colónias. Macau, território ultramarino administrado pelos portugueses, não era excepção.

Poesia e música chinesa

Jorge Salgueiro considera o espectáculo um “concerto encenado”, que inclui música chinesa, que funciona “como a paisagem sonora do território”. Há depois canções do próprio Rui Mascarenhas, outras ligadas ao 25 de Abril, o Oriente e ao facto de Mascarenhas ter sido também cantor de ópera.

“Este tipo de trabalho é muito comum na Associação Setúbal Voz, que produz este concerto. Damos sempre um cunho dramatúrgico aos concertos que fazemos, contam uma história e têm personagens, e é também o caso deste concerto”, destacou o maestro. O repertório de hoje será composto por termas como “Flor de Jasmim”, um clássico chinês, “Acordai”, poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes Graça, ou ainda “Encontro às Dez”, com letra de Jerónimo Bragança.

Não faltam também canções de intervenção portuguesas como “E Depois do Adeus” e “Traz Outro Amigo Também”. O espectáculo conta com a presença de Diogo Oliveira como barítono e Tiago Mileu ao piano.

12 Abr 2024

Macaenses | “Amochâi”, documentário de Albert Chu, exibido amanhã

É exibido amanhã na Associação dos Macaenses o documentário “Amochâi”, da autoria de Albert Chu. O filme tem como protagonista “Bela”, ou Elisabela Larrea, que se torna peça chave para revelar os elementos identitários da cultura macaense, incluindo o patuá e os Dóci Papiaçám di Macau

 

“Amochâi” é o nome do documentário da autoria de Albert Chu, ligado à Associação Audiovisual Cut, que revela as especificidades da comunidade macaense e que pode ser visto amanhã às 17h na sede da Associação dos Macaenses.

“Bela”, ou seja, Elisabela Larrea, macaense e estudiosa do teatro em patuá, é a protagonista deste documentário de 80 minutos. A partir da sua história revelam-se tantas outras de macaenses, os chamados “filhos da terra”, e das suas especificidades culturais.

Segundo a sinopse do documentário, “Bela” foi aluna de Albert Chu nos anos seguintes à transferência da administração portuguesa de Macau para a China. Mais tarde, o realizador do filme soube que ela tinha terminado um mestrado e doutoramento e sentiu uma “grande admiração por aquilo que conseguiu atingir, tendo-se tornado genuinamente interessado em conhecer a sua tese de doutoramento sobre o teatro em Patuá”.

Inicialmente, o realizador pensava que a peça de teatro em patuá não passava de uma actividade cultural que todos os anos se apresenta no Festival de Artes de Macau, mas depressa percebeu o contexto histórico que estava por detrás, “a relevância cultural e o impacto nas comunidades macaenses”.

“Juntamente com entrevistas com macaenses realizadas nas fases iniciais da transição de Macau, [Albert Chu] teve a oportunidade de revelar um conjunto de retratos dos aspectos únicos da existência macaense”, descreve-se na sinopse.

Contar a cidade

Ao HM, Albert Chu contou que o documentário está ligado a um projecto da Associação Audiovisual CUT intitulado “Tu Estás Aqui” [You Are Here], iniciado há cerca de dois anos. A ideia do projecto é “documentar um certo número de pessoas que consideramos dignas de serem recordadas a longo prazo, sobretudo pelo que fizeram à nossa cidade e pelo que insistem em fazer”. “Amochâi” é o primeiro filme dessa iniciativa.

“Bela”, antiga aluna universitária de Albert Chu e descrita por este como “entusiasta da promoção e da preservação da cultura macaense”, tornou-se protagonista, deixando de ser apenas “uma macaense bonita”, que não era “uma estudante trabalhadora”, para se tornar no elo central neste projecto fílmico. “Amochâi” conta ainda com contributos de Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM e autor das peças de teatro em patuá, e Sérgio Perez, realizador dos vídeos que habitualmente se apresentam nas peças.

“Todas as entrevistas de ‘Amochâi’ podem parecer desconexas, mas acabam por traçar um retrato da comunidade macaense. Sempre procurei perceber o sentimento de pertença que os residentes de Macau têm em relação à sua cidade”, aponta Albert Chu, que, como chinês de Macau, confessa ter tido sempre pouco contacto com macaenses.

“Quando era mais novo tive muito pouco contacto com macaenses, e os poucos contactos estiveram ligados a experiências desagradáveis na obtenção de documentos do Governo. Durante a administração portuguesa, como não entendíamos a língua, eram os macaenses que nos atendiam por serem bilingues, e na altura não me pareciam muito simpáticos. Mas, à medida que fui crescendo e comecei a fazer filmes independentes, compreendi que têm uma ligação emocional a Macau”, confessou.

Uma nova versão

Ao ver a comunidade macaense com outros olhos, Albert Chu acabou por percepcionar “o apego e sentimento de pertença” que os macaenses têm em relação a Macau e que se torna “num tesouro precioso para a cidade”. “Posso dizer que o sentimento de pertença é muito mais forte do que o nosso, dos residentes chineses de Macau. A sua existência transformou Macau em algo único na China e com significado histórico”, apontou.

Questionado sobre se haverá uma nova versão de “Amochâi”, Albert Chu diz precisar de mais tempo para observar. “Na verdade, estou interessado em documentar a tuna macaense e a banda, pois produzem boa música e as suas letras reflectem uma profunda ligação emocional a Macau, valendo a pena apresentar a um público mais vasto”, concluiu.

12 Abr 2024

Lisboa | Casa de Macau em risco de falência técnica

A nova direcção da Casa de Macau em Lisboa tomou posse oficialmente no dia 1 de Abril. O presidente, Carlos Piteira, declara que a situação financeira da entidade está “debilitada” e que existe o risco de “falência técnica”. Entretanto, persiste a degradação do edifício na Avenida Almirante Gago Coutinho

 

Há cerca de dez anos que a Casa de Macau em Lisboa vive uma difícil situação financeira sem sinais de melhoria, ao ponto de estar em risco de falência. A informação consta numa carta aberta dirigida aos sócios e assinada pelo novo presidente, Carlos Piteira, que lidera a direcção que entrou em funções a 1 de Abril.

“O ponto de partida não é de facto muito promissor, pois herdamos uma situação financeira debilitada que se arrasta ao longo do último decénio”, lê-se ainda. Carlos Piteira considera “urgente reverter a situação”, devido ao “risco de uma eventual falência técnica”.

Nesse sentido, o novo presidente irá iniciar diálogos para pedir apoios. “Iremos iniciar um ciclo de contactos alargados em várias dimensões, que transcendem o núcleo restrito dos actuais sócios, procurando integrar estas valias como referencial de beneméritos na consolidação e reforço do papel social que a Casa de Macau vem desempenhando desde 1966.”

Tendo em conta que a direcção ficará em funções até 2026, Carlos Piteira defende que uma das possibilidades é adoptar uma “atitude mais arrojada para inverter esta dinâmica que perspectiva um fim fatídico num futuro breve”, com novas opções de obtenção de fundos.

Responsabilidades esquecidas

Na carta aberta, Carlos Piteira lança o repto para que “outras instituições que têm Macau como referência central da sua razão de ser adiram a esta convergência de reestruturação e reinvenção”. “Não queremos deixar de mencionar as entidades oficias que têm a tutela e a responsabilidade, muitas vezes esquecida, de manter a existência de uma Casa de Macau como elemento integrante da sua diplomacia, seja em Portugal, seja na RAEM”, frisou.

Uma das questões prementes da Casa de Macau é a renovação da vivenda que serve de sede, e que neste momento precisa de pinturas e algumas obras.

“Deixou-se degradar o edifício sem que tenha havido intervenções de manutenção. Hoje as instalações carecem urgentemente de obras de reparação, reconstrução e reconversão dos espaços, assim como da necessidade de substituir os bens e equipamentos que estão degradados e obsoletos, isto entre muitas outras disfuncionalidades”, declarou o presidente.

A direcção promete ainda implementar uma “gestão criteriosa e transparente na procura de soluções de rentabilidade e de mais-valias do potencial, incorporando novas actividades com retorno financeiro”. As sugestões passam pelo “aluguer do espaço, aumento do número de sócios, controlo das despesas e procura de novas formas de financiamento”. É ainda lançado “o repto à solidariedade individual, empresarial e institucional, de todos aqueles que se revêem na perpetuação dos desígnios e importância da Casa de Macau como seu elemento identitário”.

12 Abr 2024

Habitação | Empréstimos caíram 42,5% em Fevereiro

Os empréstimos hipotecários à habitação e para fins comerciais registaram uma quebra mensal em Fevereiro face ao mês anterior. Os dados ontem divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) mostram que os empréstimos à habitação, aprovados pela banca em Fevereiro, registaram uma quebra de 42,5 por cento face a Janeiro, tendo sido de 686,29 milhões de patacas no total, enquanto os empréstimos para fins comerciais foram de 946,14 milhões, uma quebra mensal de 33,4 por cento.

Entre os meses de Dezembro de 2023 e Fevereiro deste ano, os empréstimos à habitação também baixaram, mas apenas 9,4 por cento, em relação ao período de Novembro de 2023 a Janeiro deste ano. Pelo contrário, entre Dezembro e Fevereiro, os empréstimos para fins comerciais registaram uma subida de 1,6 por cento, atingindo 1,08 mil milhões de patacas, em comparação com os meses de Novembro a Janeiro.

Relativamente aos empréstimos por pagar, no final de Fevereiro o rácio das dívidas não pagas nos empréstimos hipotecários à habitação manteve-se nos 1,1 por cento, igual percentagem registada em Janeiro, mas deu-se um ligeiro crescimento de 0,6 por cento em termos anuais. O rácio das dívidas não pagas nos empréstimos comerciais também se manteve inalterado nos 3,4 por cento em relação a Janeiro, mas aumentou 2,4 por cento em termos anuais face a Fevereiro de 2023.

12 Abr 2024

Habitação económica | Candidatos exigem investigação a preços

Um grupo de candidatos a casas económicas entregou ontem uma carta ao Comissariado contra a Corrupção a pedir uma investigação aos preços dos imóveis. Acompanhados pelo ex-deputado Au Kam San, os residentes alegam irregularidades na definição dos montantes

 

Foi ontem entregue no Comissariado contra a Corrupção (CCAC) uma carta de residentes candidatos a habitações económicas no concurso de 2019 por considerarem que houve irregularidades na definição dos preços das casas. A carta endereçada a Chan Tsz King, comissário do CCAC, pediu a abertura de uma investigação ao processo.

Os residentes descontentes foram acompanhados pelo ex-deputado Au Kam San, que afirmou no acto de entrega que as queixas se prendem com receios de ilegalidades ou irregularidades do ponto de vista administrativo. “Os candidatos querem que o CCAC investigue se o aumento dos preços das casas foi feito conforme a lei, porque têm dúvidas que tenham sido decididos tendo em conta a capacidade de compra dos potenciais beneficiários”, explicou.

Au Kam San disse que o aumento do preço das casas económicas, que ronda os 73,7 por centro face aos preços praticados em concursos anteriores, não é razoável e ultrapassa bastante o poder de compra dos candidatos. “É questionado um aumento dos valores superior a 70 por cento. A taxa de inflação acumulada registada entre os anos de 2013 e 2019 foi de cerca de 20 por cento, mas a subida do preço da habitação económica foi de 70 por cento”, exemplificou.

A carta endereçada ao CCAC descreve ainda que o preço médio da habitação económica, no concurso de 2013, foi de 1.900 patacas por pé quadrado, enquanto no concurso de 2019 passou para 3.300 patacas. “A mediana do rendimento mensal dos residentes com emprego manteve-se este ano nas 20 mil patacas, não houve aumento. No mesmo período, o índice de preços à habitação diminuiu, pelo que não entendemos a decisão da subida dos preços para as candidaturas à habitação económica de 2019”, pode ler-se.

Recorde-se que a 31 de Janeiro deste ano o Instituto da Habitação anunciou que o preço médio dos apartamentos de habitação económica do concurso de 2019 é de aproximadamente 35.600 patacas por metro quadrado, o que significa 3.300 patacas por pé quadrado.

Dilemas que se colocam

Um residente que participou na entrega da carta, de apelido Ho, confessou estar num dilema quanto à compra da casa. “Os novos preços são demasiado altos para mim. Preciso falar com a família para ver se compramos mesmo esta habitação ou não.”

Em Março deste ano um grupo de candidatos também se queixou do aumento dos preços, mas o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, respondeu que a fixação de preços foi feita segundo a lei.

Ontem, Raimundo do Rosário revelou que os projectos da habitação económica para a candidatura de 2019, que se situam na Zona A dos Novos Aterros, ficarão concluídos este ano. O Governo prevê que os moradores possam começar a viver nos novos apartamentos no próximo ano.

12 Abr 2024

Governo avança com plano pormenor da Taipa Central

O Governo vai avançar com o plano pormenor para a urbanização da zona da Taipa Central, projecto relacionado com o Plano Director da RAEM. Segundo um despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), determina-se a “elaboração do projecto” relativo ao “Plano de Pormenor da Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Taipa Central – 2”, pretendendo-se “estabelecer regras para uma intervenção integrada de planeamento na área abrangida”.

O Executivo tem como objectivo melhorar “as condições de habitabilidade do bairro comunitário, bem como dos equipamentos e instalações complementares de utilização colectiva e de transportes”. Segundo o Plano Director da RAEM, pensado para os anos de 2020 até 2040, e que entrou em vigor em 2022, a zona da Taipa Central tem uma área de 0,9 quilómetros quadrados, onde residem cerca de 68 mil pessoas.

Mais e melhores acessos

A maior parte dos terrenos são destinados a habitação e a área, segundo as previsões do Executivo, deverá permanecer inalterada, estando previsto apenas um ligeiro aumento da população devido ao desenvolvimento da povoação de Cheok Ká.

O relatório técnico adjacente ao Plano Director determina o reforço dos acessos ao Parque Central graças à implementação de mais equipamentos e infra-estruturas de utilização colectiva, sem esquecer a construção de um novo sistema de mobilidade ligado aos transportes públicos existentes, nomeadamente o metro ligeiro, autocarros e zonas pedonais.

De frisar que na zona da Taipa Central encontram-se ainda alguns espaços culturais classificados, como o Templo de Kuan Tai e Tin Hau, pelo que os projectos de planeamento urbanístico para estes imóveis necessitam da análise do Instituto Cultural.

Depois de muitos anos de planeamento e discussão, o Plano Director foi implementado em 2022, com o objectivo de planar o “ordenamento do espaço físico de todo o território da RAEM”, bem como a definição das “condições de uso e aproveitamento dos solos” e a “organização racional das infra-estruturas públicas e dos equipamentos de utilização colectiva”. O Plano Director dividiu a península de Macau e ilhas em “Unidades Operativas de Planeamento e Gestão”, sendo que a cada uma irá corresponder um plano pormenor de urbanização.

11 Abr 2024

RAEM, 25 anos | Académicos debatem passado e presente de Macau

Decorre hoje na Universidade de Lisboa uma conferência que recorda os 25 anos da transição da administração portuguesa de Macau para a China. Três académicos analisam o legado deixado pelos portugueses, o rumo da língua portuguesa no território e o futuro da comunidade macaense

 

O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa (UL) acolhe hoje uma conferência que celebra os 25 anos da transferência de administração portuguesa de Macau para a China e também os 45 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a China.

Francisco José Leandro, académico da Universidade de Macau (UM), que será um dos oradores, defendeu ao HM que “o legado mais importante deixado por Portugal foi o facto de ter negociado uma solução diplomática aceitável, progressiva e capaz de se adaptar à evolução dos tempos”.

Esse legado teve a capacidade de “aproximar Portugal e a China num processo de cooperação continuada e profícua para ambos os estados soberanos”. Para o académico, o processo de transição constituiu “um verdadeiro exemplo de diplomacia reconstrutiva de um legado histórico complexo, transformado num símbolo de futuro”.

Cátia Miriam Costa será outra das oradoras convidadas e, desafiada a fazer um balanço da implementação da Lei Básica da RAEM, apontou que “deve existir um acompanhamento de eventuais novas interpretações dos direitos civis assegurados” no período da transição, à luz da Declaração Conjunta assinada em 1987.

Sobre o que de mais importante os portugueses deixaram na RAEM de hoje, a académica, ligada ao ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, declarou que, do ponto de vista do território, o maior legado foi “encontro pacífico e prolongado de culturas que gerou um território atípico em qualquer parte do mundo”. Contudo, do lado da China, o mais importante é mesmo “a conexão de Macau às culturas lusófonas e a uma maior facilidade de conexão com os países de língua portuguesa, além da existência de um território chinês com características próprias que o diferencia de todos os outros e potencia o desenvolvimento de actividades diversas das existentes noutras partes do território chinês”.

Finalmente, a académica entende que, para Portugal ficou o impacto positivo da “conexão permanente com a China que Macau providenciou”. Trata-se de um legado “com uma função mais dinâmica, se pensarmos no que foi a presença portuguesa no mundo”.

Uma reflexão

Carlos Piteira, presidente da Casa de Macau em Portugal e antropólogo, também será orador na conferência do ISCSP. O responsável pensa que a interpretação do panorama de interpretação da Lei Básica “assume diferentes perspectivas”, pois “à luz da integração de Macau na China continua a haver uma realidade local que mantém o princípio de ‘um país, dois sistemas’, ou, no mínimo, um espaço social e político diferenciado”. O macaense entende ainda que o legado que os portugueses deixaram no território depois de 1999 assenta “na dimensão patrimonial e nas potencialidades de elevar Macau como espaço singular da lusofonia”.

Estudioso das questões da identidade macaense, Carlos Piteira está a desenvolver um estudo sobre esta matéria à luz dos novos tempos e tendo em conta o “conflito dos paradigmas identitários”, pois o mais provável é que haja, na comunidade macaense, “uma ramificação entre o passado e o futuro”, sendo este o “desafio colocado na [necessidade] de reinvenção do futuro”.

E o português?

Após 1999 continuou a ensinar-se a língua portuguesa em Macau, embora seja pouco falada no dia-a-dia. Nesse sentido, Carlos Piteira considera que o futuro do idioma depende da sua “componente económica”, sendo esta “reforçada pelos chineses que a queiram utilizar”.
Cátia Miriam Costa destaca o trabalho feito por muitas entidades privadas, como o Instituto Português do Oriente ou a Fundação Rui Cunha, para que se fale mais a língua de Camões no território. “A língua portuguesa aumentou o seu número de falantes na RAEM, se bem que como língua estrangeira. A sua preservação e manutenção está de boa saúde, o que é tributário de iniciativas públicas e privadas com origem em Portugal, China e Macau”.

Além dos oradores mencionados, a palestra de hoje inclui ainda a participação de Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau, e Heitor Romana, assessor do ex-Governador Rocha Vieira em Macau e actualmente professor catedrático no ISCSP. A moderação está a cargo do académico Nuno Canas Mendes, também ligado ao ISCSP. Incluem-se ainda na palestra os painéis “45 anos de Relações Diplomáticas Portugal-China” e “Futuro da Cooperação Portugal-China”.

11 Abr 2024

Aterro-lixeira | Joe Chan desapontado com o Governo de Ho Iat Seng

O activista ambiental Joe Chan entregou em Fevereiro uma petição ao Governo contra a construção do aterro-lixeira ao largo das praias de Coloane, mas até à data não recebeu resposta. O presidente da Macau Green Students Union está “desapontado” com o rumo da governação de Ho Iat Seng e a sua posição inflexível face a críticas

 

Joe Chan, activista ambiental e presidente da Macau Green Students Union, disse ao jornal online All About Macau estar “desapontado” com a forma como o Executivo de Ho Iat Seng está a gerir determinados dossiers e a governar. Em causa está o projecto de construção de um aterro a sul de Coloane destinado a resíduos de construção urbana, a que o Governo chama “ilha ecológica”, que levou a associação a apresentar uma petição contestatária. Até à data, o Governo ainda não deu uma resposta.

“Quando entregávamos petições aos anteriores Governos éramos contactados pelos serviços públicos, mas o actual Chefe do Executivo tem uma atitude firme e ignora as nossas opiniões. É algo que nos surpreende. A sua atitude também demonstra que não dá atenção às nossas posições, nem disponibiliza informações [sobre os projectos], o que nos assusta”, frisou.

Joe Chan teme que a postura assumida quanto à “ilha ecológica”, que na sua visão pode danificar o meio ambiente da zona, se possa verificar em políticas futuras do Executivo. “Esta forma de governar é horrível e estou muito desapontado”, disse.

Muitas dúvidas

A petição de Joe Chan foi entregue em Fevereiro e tinha 1600 assinaturas contra a construção do aterro-lixeira junto às praias em Coloane.
O activista destacou ainda a posição de Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, que explicou que o projecto do aterro foi desenvolvido por especialistas. Neste contexto, Joe Chan recordou ainda que Mak Hei Man, vice-presidente da Sociedade de Conservação dos Golfinhos de Hong Kong, defendeu que a posição assumida pelo secretário não significa a suspensão ou cancelamento do projecto do aterro-lixeira.

Joe Chan concorda com Mak Hei Man quanto à postura inflexível demonstrada pelo actual Executivo, apesar do descontentamento social face ao projecto. “Tínhamos [na petição] cerca de 2000 assinaturas da população e, no nosso website, também registámos mais de 2000 assinaturas.”

O activista entende que há ainda muitas dúvidas em torno do projecto e que merecem ser esclarecidas publicamente, além de defender que todo o processo tem falta de transparência. Para Joe Chan, o Governo desenvolveu o projecto de forma selectiva, com uma consulta direccionada só para alguns especialistas, a fim de colher apoios ao invés de contestação.

A apresentação da “ilha ecológica” pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) também não convenceu Joe Chan. “A apresentação de muitos dados não explica o contexto. Por exemplo, porque é que a ilha ecológica terá aquela forma e tamanho? Isso não é devidamente explicado.”

Ho Iat Seng referiu que foi o Governo Central a decidir a localização do aterro, mas Joe Chan entende que é necessário que Pequim considere primeiro a avaliação do impacto ambiental elaborada por Macau antes de implementar o projecto.

Neste sentido, Mak Hei Man disse que a ordem vinda de Pequim já constitui um problema, pois o projecto da ilha ecológica foi anunciado e só depois é que foi desenvolvido um relatório de impacto ambiental para aquela localização específica.

Joe Chan queixou-se ainda do facto de o Executivo ter contratado a Universidade Sun Yat-sen para analisar a situação dos golfinhos brancos chineses nas águas de Macau, questionando por que não terá requisitado à mesma instituição um estudo sobre o aterro-lixeira nas águas ao largo de Coloane.

11 Abr 2024

Turismo | Lei das agências de viagem votada amanhã no hemiciclo

A nova lei das agências de viagem e da profissão de guia turístico foi admitida para votação e análise no hemiciclo e traz a possibilidade de não-residentes serem guias, além de simplificar o processo de licenciamento de agências. A proposta de lei é votada amanhã na generalidade

 

Os trabalhadores não-residentes (TNR) poderão exercer a profissão de guia turístico no território. É esta a vontade do Governo expressa na proposta de lei relativa ao regime jurídico das agências de viagem e da profissão de guia turístico que, após duas revisões, em 2004 e 2016, vai agora ser novamente revista. O diploma foi admitido na Assembleia Legislativa (AL) e será votado amanhã na generalidade.

Na nota justificativa da proposta, o Executivo expressa que, “em resposta às necessidades de mercado, a proposta de lei prevê que possa ser requerida a contratação de TNR que possuam qualificações adequadas para o exercício da profissão de guia turístico, ao abrigo da legislação da contratação de TNR”.

Tal deve acontecer “em situações de inexistência ou insuficiência de guias locais fluentes numa determinada língua estrangeira”.
Ainda no que diz respeito aos guias turísticos, o Governo decidiu ajustar “as disposições relativas à sua deontologia profissional, a fim de garantir uma melhor prestação de serviços”. Além disso, a proposta de lei fala na “obrigatoriedade de os serviços serem prestados pelas agências receptoras em todas as viagens por adesão realizadas na RAEM, sempre que estas sejam organizadas por outra agência ou por outra agência de viagens de fora da RAEM”. Esta medida surge para combater “os casos de grupos turísticos vindos do exterior sem o acompanhamento de um guia turístico local”.

O Governo decidiu também, devido “à pouca procura”, deixar de emitir ou renovar os cartões de transferista, ou seja, os profissionais que acompanham turistas entre transportes e alojamento. Assim, será criada uma disposição transitória para quem ainda tem o cartão válido, sendo que estes titulares terão de fazer o pedido à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) um ano depois da lei entrar em vigor e mediante a frequência de um curso de guia ministrado pela Universidade de Turismo de Macau.

Licenças mais rápidas

Na área do licenciamento das agências de viagens, passa a caber ao director da DST essa tarefa, sendo que se simplifica todo o processo, ao eliminar a vistoria ao espaço onde vai funcionar a agência antes da emissão da licença.

A proposta de lei faz ainda uma separação clara entre a regulação das excursões ou a prestação de serviços de recepção por parte das agências de viagens, “ficando detalhadas as disposições respeitantes às responsabilidades” de ambas. Destaca-se também a proibição de as agências receptoras “cobrarem preços inferiores ao custo dos serviços prestados”, ficando mais bem regulada “a promoção e fornecimento de actividades opcionais” a turistas, a fim de “melhor proteger os direitos e interesses dos clientes e participantes”.

10 Abr 2024

Pintura | Exposição de André Lui na Livraria Portuguesa

É inaugurada no sábado, na galeria da Livraria Portuguesa, uma nova exposição a solo da autoria do arquitecto André Lui. Até Maio será possível visitar as obras que fazem parte de “Contemplating Still Life”, um exercício de pintura de natureza morta

 

Um dos nomes mais conhecidos no debate em torno da preservação do património local, o arquitecto André Lui está de volta às exposições revelando ao público novamente a sua faceta de artista plástico. Pela mão da AFA – Art for All Society, apresenta-se este sábado, às 18h30, a mostra “Contemplating Still Life” [Contemplando a Natureza Morta], que até ao dia 11 de Maio pode ser vista na galeria da Livraria Portuguesa.

Esta exposição integra a fase final do programa anual da AFA relativo a 2023, intitulado “View-Non-View – Série de Exposições de Arte de Imagens Artísticas”. Em “Contemplating Still Life” o artista plástico e arquitecto resolveu apresentar os seus mais recentes trabalhos, centrados na pintura de objectos ou elementos que pertencem ao conceito de “natureza-morta”, que, segundo a AFA,tem sido “utilizada como tema em pinturas desde a antiguidade”.

Contudo, a história fez com que esta ideia florescesse como “género único da pintura europeia” na arte holandesa do século XVII,quando artistas começaram a retratar diversos objectos do dia-a-dia “numa variedade tão grande e num estilo tão detalhado que dificilmente se pode deixar de ficar maravilhado” com estas obras. Tratam-se de “objectos comuns do quotidiano, como pão e frutas, até grandes quantidades de marisco, ostras e ossos de crânio”. Enquanto estudioso do património cultural, André Lui “olha para a ‘natureza morta’ como perspectiva desta parte da história”, descreve a AFA.

Pedaços de Macau

André Lui, ao recorrer ao género “natureza morta” para pintar, acaba por contar pedaços da história de Macau, visível em tantos objectos que encontramos na rua e no nosso dia-a-dia.

Podem, assim, ver-se pinturas de uma escultura de um filósofo coberta por um saco de plástico, o quadro de um relógio dourado esculpido, de cartas de póquer, flores, borboletas, pratos de cerâmica ou azulejos portugueses azuis. Não faltam ainda um mapa antigo de Macau ou livros também antigos.

“Tal como as pintura holandesa de naturezas mortas de há algumas centenas de anos, as naturezas mortas, apesar de serem calmas e silenciosas, transmitem, no entanto, um certo grau de costumes locais. Ao longo dos séculos, Macau tem sido um lugar onde as culturas chinesa e ocidental se misturaram, e tanto a imaginação dos chineses como a dos ocidentais estão cheias de curiosidade”, aponta a AFA.

Desta forma, “um passeio casual por uma das ruas mais antigas de Macau, como a Travessa do Armazém Velho, pode revelar-se uma aventura e tanto, como um ‘gabinete de curiosidades’ do século XVI”, uma época em que o território “era uma concessão portuguesa e, ao mesmo tempo, um porto comercial asiático que os holandeses queriam conquistar”.

O pequeno território “foi transformado pela história”, com as “coisas a mudarem de forma irreconhecível ao longo dos séculos” e, esta exposição mostra isso mesmo e de como certos objectos deixam perdurar a memória do que foi e do que aconteceu.

Nascido em 1971 em Macau, André Lui é um reconhecido académico, arquitecto e artista de Macau. Licenciou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, em 1999 e completou um curso profissional de manutenção e restauro de edifícios históricos e áreas urbanas no “Centre des Hautes Etudes des Chaillot” em Paris, França, de 2003 a 2005. Foi o primeiro arquitecto chinês a obter o diploma francês e a qualificação profissional em arquitectura do património cultural.

9 Abr 2024

Instituto Cultural acusado de não responder a conselheiros

O Instituto Cultural (IC) ainda não respondeu às críticas apresentadas por dois conselheiros numa reunião em Fevereiro do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, relativamente aos impactos negativos das celebrações do Ano Novo Chinês na zona das Ruínas de São Paulo.

O jornal Cheng Pou analisou os documentos da reunião e verificou a ausência de respostas das autoridades cerca de dois meses depois da reunião. Um dos conselheiros que apresentou queixas foi Au Weng Hei, que, no encontro, acusou o IC de não avaliar bem o impacto destas actividades antes da sua aprovação. O conselheiro disse ainda que as autoridades devem evitar perturbar os moradores com espectáculos de rua, dando também o exemplo do concerto da banda “Seventeen” no Estádio de Macau, na Taipa.

O conselheiro frisou que a realização do concerto nas Ruínas de São Paulo e a instalação do palco reduziram o espaço de circulação, além de que foi deixado bastante material eléctrico na zona, o que poderia ter causado problemas de segurança.
Outro conselheiro que interveio na reunião de Fevereiro foi Chang Ka Wa, que alertou para a necessidade de revitalização da antiga casa de penhores na Rua Cinco de Outubro e do portão do antigo mercado na Rua do Tarrafeiro.

Só ID respondeu

O HM consultou a documentação das reuniões do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários da Zona Central, e verificou que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego não respondeu aos dois conselheiros quando estes sugeriram a melhoria das infra-estruturas de circulação pedonal e a elaboração de um plano rodoviário para melhorar o sistema de transportes durante grandes eventos e concertos.

Apesar das críticas e da reunião ter ocorrido há cerca de dois meses, os regulamentos permitem ainda às autoridades dar uma resposta aos conselheiros. Apenas o Instituto do Desporto deu respostas sobre a perturbação causada pelo concerto dos Seventeen.

9 Abr 2024

“Todos Fest!” | Comuna de Pedra apresenta festival inclusivo a partir de sexta-feira

A associação Comuna de Pedra volta a apresentar este mês o festival de arte, performance e cinema “Todos Fest!”, que procura ligar ao meio artístico portadores de deficiência e idosos. Entre os dias 12 e 21 de Abril o público poderá desfrutar de um extenso cartaz que se apresenta na Antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa Velha

 

Mostrar que os portadores de deficiência e idosos conseguem ser artistas, num relacionamento também pedagógico, é o mote da quarta edição do “Todos Fest!”, promovido pela associação cultural Comuna de Pedra, que este ano decorre entre os dias 12, a próxima sexta-feira, e 21 de Abril. A programação inclui espectáculos, exibições de filmes, workshops e projectos multimédia e apresenta-se na Antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na zona da Taipa Velha. Neste programa juntam-se artistas locais e de Hong Kong, bem como voluntários e diversas associações de cariz social que trabalham com idosos ou portadores de deficiências físicas ou intelectuais.

Citada por um comunicado da associação que organiza o evento, Jenny Mok, curadora do festival e directora da Comuna de Pedra, destaca que a associação se juntou a grupos da comunidade para “abrir o teatro a todos, incluindo a pessoas com deficiências físicas e mentais e idosos”. Algumas das entidades que participam neste festival são a Associação de Pais de Pessoas com Deficiência Intelectual de Macau, a Sociedade Fuhong de Macau ou a Richmond Fellowship.

Assim, “com base na experiência e observação, encorajamos as minorias locais a explorar as possibilidades do corpo, a olhar para o passado, a ouvir os corações e a expressarem-se através do teatro”.

Experiências de vida

Um dos destaque do cartaz deste ano é “Life is a Dream”, um espectáculo de dança contemporânea, protagonizado pelo projecto comunitário “The Journey of My Story”. O projecto baseia-se “numa abordagem mais suave de contar histórias”, apresentando-se uma narrativa pautada pelas experiências do elenco relacionadas com sentimentos de medo, depressão, sonhos, tristeza ou alegria, sem esquecer “as contemplações sobre a vida e morte”.

“Caretaker”, um projecto multimédia, apresenta gravações a partir das partituras originais da peça de teatro com o mesmo nome, narrando “histórias vividas por cuidadores [informais] a partir de diversas perspectivas e pontos de vista”.

Por sua vez, na área do cinema, destaque para a secção “Projecções com o Coração”, em que uma série de filmes exibidos nos dias 20 e 21 de Abril visa incluir os espectadores de todos os quadrantes da sociedade, a fim de aumentar a consciencialização da inclusão dos que são diferentes e minoritários.

O cartaz do “Todos Fest!” traz ainda para a agenda cultural da cidade o workshop “Forget Me Not”, destinado a profissionais de saúde e protagonizado por Kerry Cheung, de Hong Kong, que vai “levar os profissionais de saúde locais a descobrir como a dança pode dar vitalidade à vida das pessoas com demência”.

O programa encerra-se com um mercado de venda e exposição de produtos locais feitos pelos diversos grupos comunitários, a fim de mostrar o trabalho desenvolvido pelos mais velhos e portadores de deficiência na busca por uma vida mais activa.

Criada em 1996, a Comuna de Pedra tem na sua génese a apresentação de espectáculos com fortes mensagens sociais, muito ligada à dança contemporânea, ao teatro e à promoção da educação na arte, sempre procurando desenvolver “mais possibilidades artísticas” no território. Além disso, a Comuna de Pedra faz curadoria e produção de variados projectos artísticos como festivais, programas colaborativos ou exposições.

8 Abr 2024

São Januário | Curto-circuito originou incêndio na madrugada de sábado

Na madrugada de sábado, um incêndio no Centro Hospitalar Conde de São Januário obrigou à evacuação de uma enfermaria, sem que se tivessem registado consequências graves. A direcção do hospital exigiu um relatório sobre o sucedido à empresa que gere o sistema de reserva de energia

 

Deflagrou na madrugada de sábado, por volta das 05h, um incêndio numa das enfermarias do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ). O incidente não resultou em mortos ou feridos, mas obrigou à retirada de 26 pessoas, incluindo 24 pacientes que se encontravam internados e dois familiares, que foram transferidos para outra ala do hospital, segundo informação divulgada no sábado pelos Serviços de Saúde.

Um curto-circuito terá estado na origem do incidente, o que obrigou à actuação dos bombeiros que, rapidamente, conseguiram resolver a situação. Depois da limpeza do local, os pacientes e familiares voltaram à enfermaria, tendo o funcionamento do hospital regressado à normalidade. De frisar que esta ala de internamento é da especialidade de medicina interna.

Pedido relatório

As primeiras declarações sobre o ocorrido decorreram no sábado pouco tempo depois de ter sido reposta a normalidade do serviço. Ao canal chinês da Rádio Macau, Kuok Cheong U, director do hospital, disse que foi pedido um relatório detalhado à empresa responsável pela gestão do sistema de reserva de energia para obter respostas detalhadas sobre o ocorrido. Ainda assim, o responsável apontou que a causa para o curto-circuito poderá estar num dos componentes do referido sistema.

O também sub-director dos Serviços de Saúde destacou ainda a rapidez com que foi extinto o incêndio, resultado da “eficácia” dos simulacros que regularmente são organizados no hospital para garantir a segurança de todos.

Aos jornalistas o director do hospital falou ainda da afluência de pessoas ao serviço de urgência por causa da gripe ou covid-19, afirmando que não houve um aumento significativo.

8 Abr 2024

Trabalho | Ron Lam exige mudanças na lei que regula acidentes

O deputado Ron Lam U Tou defende, em interpelação escrita, que deve ser revisto o regime jurídico dos acidentes de trabalho e doenças profissionais por estarem em causa violações dos direitos dos trabalhadores.

Na interpelação, o deputado refere ter recebido muitas queixas de trabalhadores que, tendo direito a indemnização por acidentes de trabalho, acabaram por ficar meio ano em regime de licença sem vencimento ao invés de baixa médica por atrasos no aviso à seguradora, o que reduz o período de incapacidade e obriga o trabalhador a devolver parte do valor recebido de indemnização.

Para Ron Lam, a colocação de um trabalhador no regime de licença sem vencimento por mais de meio ano inflige “um duro golpe físico, mental e financeiro, fazendo-os sentir desamparados e com ansiedade”.

“A situação descrita é comum entre os trabalhadores que necessitam de gozar de uma baixa médica de longa duração por acidente de trabalho devido a lesões profissionais graves”, lê-se ainda. O deputado entende, assim, que a legislação deve ser revista a fim de assegurar que o trabalhador tem direito a “dois terços do salário durante o período de licença por acidente de trabalho e pagamento de despesas médicas”, não devendo “estar sujeito ao risco de ter de recorrer a tribunal para a recuperação de prejuízos”.

É referido também que as seguradoras “contestam quase sempre o período de licença por acidente de trabalho, optando por avançar com acções judiciais no prazo legal de dois anos a contar da data da cura do trabalho ou do óbito, caso o acidente resulte em morte”. Desta forma, “a licença por acidente de trabalho de um grande número de trabalhadores é drasticamente reduzida, o que reflecte a existência de problemas no funcionamento do sistema”.

8 Abr 2024

Taiwan | Residentes e estudantes da RAEM estão em segurança

O terramoto que abalou Taiwan na quarta-feira, o maior dos últimos 25 anos, foi sentido por residentes de Macau, que estão a salvo. As duas dezenas que estudantes locais que frequentam universidades de Taiwan também estão em segurança. O sismo causou, pelo menos, 10 mortos e 1.070 feridos

 

Taiwan foi atingida esta quarta-feira pelo maior sismo dos últimos 25 anos. Registando 7,4 na escala de Ritcher, foram contabilizados, até ao fecho desta edição, 10 mortos e 1.070 feridos, mas muitas pessoas continuam desaparecidas nas zonas mais montanhosas da ilha. O sismo foi registado a cerca de 838 quilómetros a leste-nordeste de Macau, e os Serviços Meteorológicos e Geofísicos afirmaram ter recebido o relato de um residente que sentiu o abalo sísmico.

Vários residentes de Macau encontravam-se na ilha e sentiram de perto a tragédia, mas não há registo de mortos ou ferimentos. Tanto a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) como a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) disseram, em comunicado, que contactaram os 20 estudantes de Macau que residem e estudam em Hualien, a zona de Taiwan onde mais se sentiu o sismo, mas que não foi recebido qualquer pedido de assistência. A DST promete “acompanhar de perto a situação e manter-se em contacto com os estudantes de Macau e organizações relacionadas para prestar assistência adequada”.

Relativamente a turistas locais, a DST indicou não ter recebido pedidos de ajuda e sugeriu aos residentes que estão na ilha para “estarem atentos aos últimos comunicados, prestarem atenção à sua segurança e permanecerem em local seguro”.

Relatos de residentes

Apesar do epicentro do sismo ter sido na região de Hualien, o terramoto foi sentido noutras zonas da ilha. Na rede social Facebook, o arquitecto Carlos Couto, residente de Macau, descreveu o abalo como “assustador, talvez o maior [sismo] que senti em toda a minha vida”.

“Não foi muito longo. Estava a caminho do aeroporto, o meu prédio parecia um bambu a vibrar e o viaduto à minha frente saltava. A caminho de Taoyuan houve uma réplica do sismo e sentiu-se dentro do carro. Sei por outros portugueses que há prédios com estragos menores”, descreveu.

O jornalista Paulo Barbosa descreveu à TDM o que sentiu na zona de Taichung. “Por volta das 08h fomos acordados por um enorme abalo. Estávamos no sexto andar do hotel e todo o edifício abanou. Escondemo-nos debaixo de uma mesa. Durou cerca de 30 segundos.”

O último balanço oficial indica que o sismo provocou nove mortos, sendo que, pelo menos, quatro pessoas morreram no Parque Nacional de Taroko, uma atracção turística de Hualien. Segundo as autoridades, 690 pessoas ainda estão isoladas. Mais de 600 encontram-se retidas no hotel Silks Place Taroko. A ilha foi abalada por mais de 300 réplicas desde o primeiro sismo e as autoridades alertaram a população para o perigo de deslizamentos de terra e queda de rochas.

5 Abr 2024

IFT | Primeira presidente felicita passagem a universidade

Virgínia Trigo, primeira presidente do Instituto de Formação Turística, diz que a passagem da instituição a universidade é “uma decisão esperada e que se justifica”, potenciando “o reconhecimento que tem dentro e fora de Macau”

 

“Uma decisão esperada e que se justifica”. É desta forma que Virgínia Trigo, primeira presidente do Instituto de Formação Turística (IFT) entre 1995 e 2001, classifica a passagem da instituição de ensino superior a universidade, medida consagrada esta segunda-feira com a entrada em vigor do Regime Jurídico da Universidade de Turismo de Macau (UTM).

“O IFT é uma instituição importante no ambiente do ensino superior em Macau. Possui uma cultura organizacional muito forte centrada no valor da qualidade, de que nunca abdicou, e sempre construiu a sua identidade em torno do ensino da hospitalidade e turismo, que são as principais indústrias de Macau. É por isso uma instituição que está especialmente ao serviço do território desenvolvendo conhecimento, preparando alunos para carreiras profissionais e para a aprendizagem ao longo da vida”, afirmou ao HM.

Na visão da académica, actualmente ligada ao Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), o IFT “tem grande reconhecimento dentro e fora de Macau e o estatuto de universidade vai contribuir para potenciar ainda mais esse reconhecimento”.

Esta segunda-feira, e segundo um comunicado de imprensa emitido pela instituição, a UTM anunciou a criação de novos cursos a pensar na nova fase: uma licenciatura em Ciências de Negócios Internacionais e Comunicação, bem como um curso revisto de Licenciatura em Marketing e Gestão de Marca. Estão ainda planeados dois programas de mestrado em Ciências de Gestão de Convenções, Exposições e Eventos Internacionais, bem como um programa de doutoramento em Gestão de Empresas.

Relativamente às instalações, a UTM prevê terminar as obras de construção do edifício Jubileu de Prata e o novo Edifício Residencial no Campus da Taipa. Esses projectos “visam criar um novo edifício académico e um local para formação prática em hotelaria”.

Presente e futuro

Ao longo da sua história, o IFT tem apostado na cooperação com instituições de ensino de outros países, nomeadamente Portugal. Exemplo disso foi a parceria, assinada em Julho de 2019, com a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, para a criação da Academia Internacional de Turismo no Estoril. O projecto teve um orçamento de 24 milhões de euros.

Para os próximos tempos, a recém-criada UTM pretende apostar na entrada na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, por ser um local “que está a desenvolver-se rapidamente, trazendo também novas oportunidades para o desenvolvimento do ensino superior” na RAEM.

Desta forma, a UTM “planeia criar [em Hengqin] um ambiente mais amplo de investigação, ensino e actividades para docentes e estudantes”, envidando “todos os esforços para formar quadros qualificados para a Grande Baía e até para o país”.

3 Abr 2024

Festival de Curtas | “BUBBLE”, de Ellen Wong, ganha Prémio Macau

Chegou ao fim a primeira edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau, organizado pelo Instituto Cultural. Com direito a passadeira vermelha, as realizadoras Gunnur Martinsdóttir Schlüter e Ellen Wong, de Macau, levaram os prémios máximos para casa

 

A realizadora local Ellen Wong, que participou no primeiro Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau com o filme “BUBBLE”, sagrou-se a vencedora do Prémio Macau no festival que chegou ao fim na sexta-feira. Destaque ainda para a vitória de “FÁR”, realizado por Gunnur Martinsdóttir Schlüter, distinguido com o prémio de Melhor Curta-metragem.
Organizado pelo Instituto Cultural (IC) e patrocinado pela operadora de jogo Galaxy, a cerimónia de encerramento decorreu no recentemente inaugurado Centro Internacional de Convenções Galaxy.

“BUBBLE” integrava o grupo de dez curtas-metragens concorrentes ao Prémio Macau na categoria “Curtas de Macau”, com o objectivo de “reconhecer obras locais de curta-metragem excepcionais”. O filme foca-se na passagem para a vida adulta de Chi Ieng, uma menina que começa a namoriscar com o irmão de uma amiga. Chi Ieng estuda numa escola católica para meninas e, influenciada pela sua amiga Mei Ka, começa a tentar sair da sua zona de conforto da infância para a adolescência, mas acaba por se confrontar com situações que a levam ao desespero e constrangimento.

Ellen Wong é natural de Macau, mas estudou realização na Academia de Cinema de Pequim. Trabalhou em publicidade e esta não foi a sua estreia no mundo da curta-metragem, tendo já lançado para o mercado “Cards”, “One Day” e “Knock At The Door”, entre outros projectos.

Outro grande vencedor no festival foi “FÁR”, uma curta sobre pequenos momentos, como um pássaro bater na janela de um café e interromper o dia-a-dia dos clientes, momentos de descanso, ou uma mulher que se vê- obrigada a escolher entre ignorar a natureza ou reagir a ela.

Com nacionalidade islandesa e alemã, Gunnur Martinsdóttir Schlüter tem-se especializado, no seu trabalho como realizadora, em captar comportamentos e desejos humanos quotidianos. Nascida em Reykjavik, capital da Islândia, e com mais de dez anos de vida na Alemanha, formou-se em direcção teatral na Universidade de Música e Teatro de Hamburgo, continuando a estudar na Universidade de Artes da Islândia.

Filmes de todo o mundo

Um total de 26 curtas-metragens de todo o mundo competiram na secção de competição oficial “Novas Vozes do Horizonte” por quatro prémios. Destaque também para as vitórias de “Greylands”, de Charlotte Waltert e Alvaro Schoeck, que arrecadou o galardão da Melhor Contribuição Técnica. Este filme centra-se na vida difícil nas montanhas suíças, entre um dia de Outono e a primeira noite de Inverno, em que os caçadores se embrenham nas alturas para apanhar os melhores animais. Aí, os seus caminhos vão-se cruzando e também desvanecendo. “Manchas de névoa esbatem as fronteiras entre sonho, imaginação e realidade”, lê-se na sinopse do filme.

Na lista de trabalhos premiados incluem-se ainda “Bogotá Story”, de Esteban Pedrazza, premiado como Melhor Realizador. “The Miracle”, de Nienke Deutz, que ganhou o Prémio de Narrativa Inovadora, enquanto forma de reconhecimento “das contribuições dos jovens cineastas para a arte do cinema”.

O festival incluiu também uma variedade de eventos, além da exibição de filmes, como diversos workshops e conversas com realizadores. De Portugal viajou Bruno Carnide com a sua curta de 2023, “Memórias de uma Casa Vazia”.

O evento distinguiu ainda o trabalho do realizador japonês Shunji Iwai, tendo sido exibidas várias longas e curtas-metragens com a sua assinatura. Na sexta-feira, Iwai esteve em Macau para participar numa conversa com o público e partilhar o processo de produção de “Last Letter”, de 2018, que evoluiu de uma curta-metragem para uma longa-metragem.

Segundo o IC, a primeira edição deste festival “não só proporcionou uma plataforma para exibir o talento de novos cineastas internacionais, mas também fomentou mais oportunidades de troca e aprendizagem entre talentos locais do cinema”.

2 Abr 2024

CESL-Ásia apresenta na MIECF soluções ligadas à inteligência artificial

Em mais uma edição do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau 2024 (MIECF, na sigla inglesa), que começa hoje no Venetian e que termina no sábado, a CESL-Ásia prepara-se para apresentar as soluções com recurso à inteligência artificial que tem aplicado na gestão de infra-estruturas públicas e privadas, graças a acordos assinados com outras empresas.

Ao HM, António Trindade, CEO da empresa local, que recentemente celebrou 35 anos de existência, explicou que, tanto na Focus como na MPS, subsidiárias do grupo, têm sido pensadas “soluções para desenvolver o nível dos serviços que prestamos”, sendo que, com recurso à inteligência artificial, “há a oportunidade de alterar completamente aquilo que fazemos, no sentido de aumentar a eficiência e o nosso desempenho, bem como o das infra-estruturas que operamos”.

Este será o mote da presença da empresa em mais uma edição da MIECF, evento que se dedica a falar da protecção do meio ambiente, ecologia e soluções mais sustentáveis tanto para Macau como a nível mundial.

Trindade declarou também que a CESL-Ásia tem “procurado entidades que produzem esse tipo de tecnologia”, sendo que as parcerias já assinadas visam “estabelecer soluções para lidar com a maior complexidade das máquinas e da relação com o uso que se pode ter delas, e também nas áreas do ambiente e do clima, ou gestão e utilização de dados”.

“Vamos mostrar o que temos vindo a fazer e como nos propomos a fazê-lo, e como podemos agregar a nossa experiência na gestão e operacionalização de infra-estruturas críticas [em Macau], tanto públicas como privadas”, disse.

Um novo mercado

António Trindade apontou que, no contexto da MIECF, existe uma grande curiosidade sobre o que os seus clientes, incluindo as grandes operadoras, “[apresentam], num novo ambiente de mercado, com novos contratos, em que há exigências muito maiores em termos de performance e eficiência de operações”.

“Vê-se que a economia está a mudar muito com a abertura das fronteiras, com novas maneiras de operar, o que tem as suas consequências e o devido impacto ambiental [em termos de produção de resíduos e meio ambiente]. Vamos demorar dois ou três anos até ter alguma perspectiva sobre o que é normal e não é, e para onde caminhamos. Seria importante a MIECF manter a sua [presença] em termos de sustentabilidade”, rematou.

A MIECF 2024 tem mais 20 por cento de stands face ao ano passado, com mais de 560. Empresas e o grande público estão dispersos por cinco zonas, nomeadamente o “Pavilhão da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas”, “Zona de Exposição das Indústrias de Protecção Ambiental da Grande Baía”, “Zona de Projectos Verdes e com Baixo Teor de Carbono”, “Zona de Exposição das Indústrias Verdes e Inteligentes” e “Zona de Exposição de Mobilidade Verde”. O tema do evento é “Alcançar a Dupla Meta de Carbono através da Transformação Ecológica”.

28 Mar 2024

Cantopop | Banda “Mirror” actua em Maio na Galaxy Arena

Os “Mirror”, famosa boys band de Hong Kong, prepara-se para dar dois concertos em Macau nos dias 17 e 18 de Maio, na recém-inaugurada Galaxy Arena. Integrados na tour mundial “Mirror Feel the Passion Concert Tour 2024”, os concertos marcam o regresso dos 12 rapazes aos palcos depois de uma paragem forçada devido a um acidente que marcou profundamente a banda e os fãs

 

Os fãs locais de cantopop, género musical muito popular, e em particular da boys band “Mirror”, de Hong Kong, já podem celebrar a vinda do grupo a Macau para dois concertos. Esta terça-feira, a organização dos eventos anunciou que os “Mirror” sobem ao palco da Galaxy Arena nos dias 17 e 18 de Maio, espectáculos integrados na tour mundial “Mirror Feel the Passion Concert Tour 2024”.

Recorde-se que a banda está desde Janeiro de regresso aos palcos, tendo protagonizado 16 concertos na AsiaWorld Expo, seguindo-se, depois de Macau, actuações em países como Singapura, Malásia, Reino Unido, EUA e Canadá. De frisar que os espectáculos na região vizinha tiveram lotação esgotada.

Esta tour marca o regresso do grupo depois de uma longa ausência de dois meses dos palcos devido a um acidente ocorrido em Julho de 2022 no Coliseu de Hong Kong. A queda de um grande ecrã, de uma altura de quatro metros, feriu dois bailarinos, um deles gravemente. O incidente chocou os fãs. Nos meses seguintes, os 12 integrantes dos “Mirror” optaram por se manter discretos, com os críticos de música a questionar se teriam capacidade para se recompor do ocorrido e voltar aos palcos em forma.

Em Maio do ano passado, voltaram a falar sobre o assunto. Segundo o jornal “The Star”, o bailarino com mais ferimentos, nomeadamente na zona da coluna, Mo Lee Kai Yin, está ainda em recuperação.

“2022 foi, de facto, um ano difícil para nós… e também para os residentes de Hong Kong. Para ser honesto, é muito difícil imaginar que algo desse género poderia acontecer”, disse Edan Lui, um dos integrantes do grupo. “Levámos mesmo muito tempo, e precisámos de muita ajuda, para ultrapassar a situação. Felizmente temo-nos uns aos outros (em termos de confiança), os nossos fãs e famílias (que) também nos deram muito apoio.”

Single em inglês

Composta por jovens com pouco mais de 30 anos, os “Mirror” lançaram, em Março do ano passado, o single em inglês “Rumours”, a fim de chegar a um novo público que não domina o chinês. Tratou-se da primeira vez que a famosa boys band gravou numa língua que é também oficial em Hong Kong.

Também ao “The Star”, Edan Lui esclareceu que o objectivo principal não é chegar a um mercado internacional, assumindo que a banda está ainda a dar os primeiros passos no estrelato.

“O objectivo de lançar ‘Rumours’ não significa que queiramos entrar no mercado norte-americano, ou que pretendemos tornarmo-nos mais internacionais. Não estamos ainda nesse nível. A razão pela qual lançamos um single em inglês prende-se com o facto de, tendo em conta que é uma língua que todos compreendem, teremos a oportunidade de públicos de diferentes regiões possam ouvir as nossas canções.”

Para Edan Lui, lançar “Rumours” pode mesmo constituir uma oportunidade para que esse público “aprenda mais sobre os ‘Mirror’ por causa desta canção”.

Carreiras a solo

É muito provável que “Rumours” possa integrar o alinhamento dos dois concertos de Maio, tal como todas as canções que o grupo tem vindo a gravar desde 2018, ano em que se formou a partir do programa de televisão “Good Night Show – King Maker”. A boys band é composta por Frankie Chan, Alton Wong, Lokman Yueng, Stanley Au, Anson Kong, Jer Lau, Ian Chan, Anson Lo, Jeremy Lee, Edan Lui, Keung To e Tiger Yau. O single de estreia, lançado a 3 de Novembro de 2018, intitula-se “In a Second”.

Apesar do hiato causado pelo acidente, e de continuarem juntos nos “Mirror”, os membros da banda têm abraçado outros projectos musicais e artísticos, gravando músicas a solo, apresentando programas e espectáculos e até enveredado pela vida de actor, como foi o caso de Edan Lui e Anson Lo, escreveu o “The Star”.

Depois da queda do ecrã, o grupo lançou o single “We All Are” em Outubro de 2022, sendo que nesse mesmo ano venceu o prémio “Best Group Gold Award”, pela primeira vez, no concurso “Ultimate Song Chart Awards Presentation”. Os “Mirror” venceram também, pela segunda vez, o prémio “My Favourite Group”.

28 Mar 2024

Construção civil | Pequenas empresas continuam em luta

Harry Lai, CEO da Lai Si Construction Engineering, aponta que o sector da construção civil ainda não recuperou plenamente da crise gerada pela pandemia e que as empresas mais pequenas sofrem com falta de projectos na área das obras públicas e não conseguem competir com as de maior dimensão

 

A pandemia foi ultrapassada, mas para as pequenas empresas do sector da construção civil do território a crise persiste: no acesso aos projectos públicos não conseguem competir com as grandes empresas ou com as que estão sediadas no interior da China, sofrendo com falta de projectos.

A denúncia é feita pelo empresário Harry Lai, CEO da Lai Si Construction Engineering, que, ao jornal Ou Mun, declara que a recuperação económica registada no pós-pandemia não beneficiou muito as empresas locais, que têm pouca experiência em projectos e deixam os seus trabalhadores numa situação de subemprego.

Harry Lai explicou que os projectos do ano passado foram, sobretudo, virados para obras públicas e acabaram por ficar nas mãos de empresas de maior dimensão ou da China continental. Além disso, em plena pandemia, o sector continuou a trabalhar em projectos antigos, mas, no regresso à normalidade, não se registaram novas encomendas ou projectos, apesar da grande recuperação económica registada no território. Desta forma, o empresário denota que a área da construção civil tem registado um desempenho mais fraco face a outros sectores de actividade económica.

Relativamente ao sector privado, Harry Lai lembrou que, no ano passado, muitas concessionárias de jogo e empresas privadas estavam ainda na fase de planeamento de projectos, pelo que estes têm avançado muito lentamente. Uma vez que existem muitas burocracias associadas a um projecto privado, nomeadamente o licenciamento, concepção e investimento, o empresário apontou que a conclusão destes projectos é ainda mais demorada.

Poucos recursos humanos

Questionado sobre as principais dificuldades que o sector enfrenta actualmente, Harry Lai disse que o licenciamento das obras e a falta de recursos humanos são os problemas que se destacam. O processo complexo e moroso de licenciamento de uma obra faz com que o investidor fique indeciso na hora de avançar para um novo projecto. Desta forma, o CEO da Lai Si Construction Engineering espera que o Governo flexibilize os procedimentos, simplificando-os, para que o sistema seja mais eficaz.

O empresário sugeriu também que as autoridades cooperem mais com o sector, a fim de introduzir no sistema de ensino, desde cedo, noções de construção, a fim de motivar os estudantes a enveredarem pela área da engenharia civil. Este sugeriu ainda a organização de mais cursos de formação para quem deseje mudar de carreira, além de considerar fundamental a criação de um regime de credenciação das competências técnicas para o sector de construção civil.

A seu ver, o sector tem falta de “sangue novo”, sobretudo para os trabalhos mais duros e difíceis, o que faz com que a grande maioria dos trabalhadores já esteja perto da reforma. Tal faz com que a área da construção civil dependa bastante de trabalhadores não residentes, frisou.

28 Mar 2024