Plano Quinquenal | Economista destaca foco na resolução de problemas internos

A economista Maria Fernanda Ilhéu entende que o 15º Plano Quinquenal do Governo Central visa consolidar aspectos económicos regionais e resolver “aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos”, como a “fraca procura interna”. A posição foi assumida num seminário promovido pela Embaixada da China em Lisboa

Quais os objectivos propostos no 15º Plano Quinquenal da China, cuja consulta pública terminou no passado dia 14 de Novembro? Para a economista Maria Fernanda Ilhéu, ex-residente de Macau e presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS), o plano poderá dar resposta “a alguns aspectos da economia chinesa que ainda são problemáticos, como uma procura interna fraca”.

A posição foi assumida num seminário, decorrido recentemente em Lisboa e promovido pela Embaixada da China em Portugal, intitulado “Interpretação do 15°Plano Quinquenal de Desenvolvimento Económico e Social Nacional da China. Perspectivas para a Futura Cooperação China-Portugal”. O discurso de Maria Fernanda Ilhéu, consultado pelo HM, foi divulgado pela própria nas redes sociais.

Para Maria Fernanda Ilhéu, “apesar dos estímulos governamentais, o consumo interno continua baixo na sua contribuição para o PIB [Produto Interno Bruto]”, sendo que “alguns estrangulamentos e obstáculos estão a impedir os fluxos económicos, como o atraso na modernização agrícola e rural e a pressão sobre o emprego”.

Neste ponto, a economista destacou os “licenciados que não encontram empregos à altura das qualificações”, além de que o país espera ainda concretizar “o crescimento do rendimento per capita, que se pretende mais acelerado e equilibrado em regiões ainda muito pobres”. Por sua vez, verificam-se ainda “algumas dificuldades nos serviços públicos e apoios sociais”, enquanto “o envelhecimento da população apresenta desafios ao desenvolvimento económico e à oferta de serviços próprios para o bem-estar da população com mais de 65 anos”.

Maria Fernanda Ilhéu citou dados quanto a este aspecto, relativos a 2024, quando os idosos representavam 14,1 por cento da população, mais 4,7 por cento face a 2014.

Com base no documento apresentado por Pequim, a economista referiu que o 15º Plano Quinquenal pretende também “projectar a economia chinesa para a autossustentabilidade e a competição global”, sendo que, na sua visão, o país enfrenta “três desafios”.

São eles a “grande volubilidade” que é descrita pelas autoridades chinesas como “oportunidades estratégicas que existem ao lado de riscos e desafios, enquanto as incertezas e fatores imprevisíveis estão a crescer”.

Um modelo em mudança

Maria Fernanda Ilhéu destaca também que “o modelo de crescimento da China está a mudar, com mudanças populacionais, correções no sector imobiliário e a diminuição de retornos no investimento em infra-estruturas, sendo necessários novos factores para manter o ritmo de crescimento”. Além disso, “a tecnologia tornou-se fundamental no palco da competição global”, algo que “requer e pressiona a China para uma inovação autossuficiente e para a resiliência industrial”.

A economista não esquece as questões regionais, onde Macau se integra, nomeadamente quanto ao “objectivo para algumas cidades e super regiões” e o “papel dinamizador do delta do rio Yangtze e a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong – Macau”.

Pretende-se, neste contexto, “conseguir progressos na industrialização, informatização, urbanização e modernização agrícola através de novas formas produtivas, e fomentando novos padrões de desenvolvimento”. A ideia é que haja uma “modernização da indústria”, em que os “sectores da linha da frente” serão a “inteligência artificial (IA), robótica avançada, computação quântica, semicondutores, biotecnologias e nova geração de tecnologia de informação e aeroespacial”.

Para Maria Fernanda Ilhéu, estas áreas são “fundacionais numa estratégia de competitividade internacional, resiliência e efeitos multiplicadores de crescimento”.

A importância da lusofonia

A economista defendeu também que as linhas traçadas no 15º Plano Quinquenal aponta para o fomento do delta do rio Yangtze, incluindo-se a província de Zhejiang, “terra natal da maioria dos chineses ultramarinos que escolheram Portugal para viver e trabalhar”, ou ainda, na Grande Baía, que inclui Macau, “um dos vértices centrais, onde a presença centenária portuguesa é um activo estratégico na cooperação entre Portugal e China”.

Para a responsável, as áreas “prioritárias de cooperação” devem centrar-se na energia verde, nomeadamente com a produção de baterias, hidrogénio verde e mobilidade, “sectores onde a China lidera”. A digitalização e IA, nomeadamente na construção de ferramentas de “saúde digital” e “cidades inteligentes”, ao nível da logística e portos. Outros pontos estratégicos são ainda infra-estruturas, saúde, biotecnologia e cooperação na investigação científica e produção industrial em IA, apontou.

Aposta no consumo

Segundo a análise do portal China Briefing, ligado à consultora Dezan Shira & Associates, a China está hoje em “condições muito diferentes” face ao último Plano Quinquenal. Hoje a pior fase e consequentes impactos da covid-19 parecem ter passado, existindo, porém, “pressão sobre indústrias domésticas” que vai continuar “a moldar a política económica nos próximos anos”. Além disso, é destacado o facto de Donald Trump estar novamente na Casa Branca, referindo-se os Estados Unidos como “o maior parceiro comercial individual e principal rival económico”.

Desta forma, o Plano Quinquenal pensado para os anos de 2026 a 2030 “será elaborado com essas questões em mente”, sendo que “as prioridades provavelmente irão concentrar-se na melhoria da resiliência económica, incluindo a diversificação de parceiros comerciais e a redução da dependência das importações” de produtos e materiais considerados “críticos”.

Pretende-se ainda “estimular o consumo doméstico e melhorar as capacidades internas em tecnologias-chave”.

A mesma análise dá conta de um discurso proferido pelo Presidente Xi Jinping, em Abril deste ano, em que aponta que o 15º Plano Quinquenal deve “avaliar de forma practiva como as mudanças no cenário internacional afectam a China”, devendo ser feito um ajuste, “optimizando a estrutura económica do país”.

A propósito do fomento do consumo interno, destaque para o anúncio, a 26 de Novembro, de um plano de acção apresentado pelo Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China, e que visa, segundo a agência estatal Xinhua, “a formação de sectores de consumo multimilionários nos próximos anos”.

O recurso à inteligência artificial (IA) parece ser a norma, como frigoríficos inteligentes “que podem recomendar uma lista de compras e óculos que podem responder a vários comandos dos utilizadores”.

Escreve a Xinhua sobre o referido plano que “a China pretende formar três sectores de consumo massivo, nomeadamente produtos para cuidados a idosos, veículos inteligentes conectados e electrónica de consumo, com uma escala de mercado que atingirá triliões de yuans até 2027”. Além disso, “serão promovidas dez categorias de bens de consumo de grande procura, no valor de 100 mil milhões de yuans (cerca de 14 mil milhões de dólares americanos), incluindo produtos para crianças e bebés, dispositivos vestíveis inteligentes, cosméticos, equipamentos de fitness e alimentos e produtos para animais de estimação”.

Duplas novidades

A quarta sessão plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista Chinês, realizada em Outubro, adoptou recomendações para o Plano Quinquenal, que incidiram na manutenção da “estratégia de expansão da procura interna” com esforços “para garantir que a nova procura impulsione a nova oferta”, promovendo também “interacções positivas entre consumo e investimento e entre oferta e procura”.

Nem de propósito, o portal China Briefing acrescenta que o 15º Plano Quinquenal “deverá dedicar um espaço significativo ao desenvolvimento da iniciativa ‘AI Plus’ e de sectores de suporte, com políticas voltadas para a promoção de investimentos, apoio fiscal, formação de talentos e colaborações público-privadas”.

O 15º Plano Quinquenal deverá ainda “definir metas de emissão de carbono e realinhamento da estratégia de descarbonização”, sendo que o país “está a mudar a estratégia principal de descarbonização”, saindo “do foco na redução do consumo total de energia para concentrar-se na redução das emissões totais de carbono”.

Destaque para o facto de a versão final do 15º Plano Quinquenal só ser apresentada durante as chamadas Duas Sessões de Março do próximo ano, da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, quando será adoptada e implementada pelas autoridades, em Pequim.

3 Dez 2025

Governo destaca calendário com actividades nocturnas este mês

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) destaca que este mês será marcado pela realização de diversos programas nocturnos, muitos deles já com espírito natalício, e integrados no programa de subsídios a associações com vista à diversificação da actividade turística.

Um desses eventos arrancou ontem e decorre até este domingo, dia 7, intitulando-se “The Cities of Gastronomy (China) in Macao 2025”, contando “com a participação de chefs de renome e líderes do sector culinário de Chengdu, Shunde, Yangzhou, Huai’an, Chaozhou e Macau, para promover o intercâmbio cultural entre as seis Cidades Criativas de Gastronomia”.

Trata-se de um evento que inclui a realização de mesas-redondas, sessões de degustação de especialidades, um fórum sobre o desenvolvimento da gastronomia chinesa, uma noite de culinária e intercâmbio de cozinheiros famosos da China, destaca uma nota da DST.

Entre sábado e 5 de Março do próximo ano, acontece o evento “Luminescent Night at Travessa do Armazém Velho 2025”, com a “transformação de ruas e ruelas num teatro de luz imersiva”. Nesta actividade, recorre-se a “equipamentos interactivos, jogos online e workshops presenciais, entre outras experiências, para promover o fluxo de pessoas e estimular o consumo nocturno nesta zona”. Tudo para que a “área da Travessa do Armazém Velho mostre o seu encanto único à noite”.

Outras culturas

Destaque ainda para a realização, já habitual, do “Thailand Cultural Festival 2025”, este fim-de-semana, dias 6 e 7, na Rua de Abreu Nunes. No local, serão instalados 20 stands de comida tailandesa, ocorrendo também espectáculos como a entrega de arroz e actividades de bênção e boa fortuna, massagem tailandesa, dança tradicional étnica, canções e danças tailandesas, entre outros.

Para os dias 20 a 28 de Dezembro está agendado o “Northern Winter Market”, na Praça Flor de Lótus do Bairro da Ilha Verdecontando este evento com tendinhas de feira e jogos temáticos, a fim de “aumentar a atractividade turística da zona norte.

A DST diz ter aprovado 54 actividades no âmbito do plano de apoio para este ano, sendo que, de Janeiro a Outubro, foram concluídos 39 destes projectos que atraíram mais de 650 mil participantes. Estes contaram ainda com a participação directa de cerca de 1.500 estabelecimentos comerciais, “atraindo, de forma eficaz, residentes e visitantes para os bairros comunitários”.

2 Dez 2025

Táxis | Governo promete mais licenças e não responde sobre TVDE

Raymond Tam disse ontem que Macau vai ter mais táxis, passando dos actuais 1.400 para 2.000 graças a um novo concurso público. No debate sobre as Linhas de Acção Governativa para 2026, ficou ainda a garantia da reorganização gradual das carreiras de autocarros

São mais 100 táxis a curto prazo e depois 700 com licença temporária. Foram estes os números apresentados pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, para o sector dos táxis, a propósito do debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a 2026.

O secretário declarou que dos actuais 1.400 táxis, Macau vai passar a contar com 2.000, sendo que, no caso dos táxis para pessoas com mobilidade reduzida, Raymond Tam disse que vai passar dos actuais sete para 28, a entrar em serviço no próximo ano. O secretário garantiu também que o Governo vai lançar uma consulta pública sobre a revisão do regulamento dos táxis. “Quanto ao serviço de chamadas de táxis, estamos a fazer a revisão do regime jurídico, permitindo ao serviço de chamadas melhores condições para a actividade”, indicou.

De lado ficou uma resposta concreta quanto ao serviço de táxis disponíveis plataformas móveis, conhecido em Portugal como TVDE. “Temos de ter uma atitude de cautela ao rever o regulamento dos táxis face à possibilidade de introduzir a TVDE”, disse.

Coube à deputada Ella Lei colocar esta questão. “Esperamos que no próximo ano seja revisto o regime de TVDE, mas temos de saber como o regime de empresas de táxi consegue satisfazer em número de veículos e na qualidade dos serviços.”

Já Leong Sun Iok pediu mais licenças de táxis transfronteiriços que consigam viajar até ao Aeroporto Internacional de Hong Kong, dizendo que “não há nada de científico no planeamento” do sector. “Ao longo dos anos verificamos que há falta de táxis. Quantas licenças vamos emitir?”, questionou. Raymond Tam prometeu falar com as autoridades vizinhas.

Melhorar gradualmente

Outro assunto debatido foi a necessidade de ajuste das carreiras de autocarros. O secretário disse que o Governo vai “assumir uma postura prudente”, sendo que as carreiras 21A e 26A são “as que merecem prioridade no ajustamento”.

No passado percebeu-se que havia muitas carreiras sobrepostas e, agora, “o próximo passo será seleccionar as carreiras viáveis, para que o impacto do ajuste seja menor. Trata-se de um trabalho que não pode ser feito de forma apressada, pois afecta a deslocação das pessoas”, rematou.

2 Dez 2025

Ponte Nobre de Carvalho | Deputado sugere circulação a pé

Leong Sun Iok sugeriu ontem que a ponte Nobre de Carvalho passe a ser pedonal, criando-se ao lado outra via para viaturas. “A ponte tem mais de 50 anos e, com o passar dos anos, não será que podemos construir mais uma ponte igual, para que a antiga seja apenas para peões e ciclovias? Podemos separar [a circulação] entre passagens para peões e viaturas, e melhorar a imagem de Macau como centro mundial de turismo e lazer. Não sei se o Governo vai pensar nisso.” Raymond Tam disse que é necessário fiscalizar e realizar obras de reparação na travessia, “sendo fácil fazer uma ponte paralela à antiga”.

Porém, lembrou que é necessário “atender ao consenso da população, porque a construção [de mais uma ponte] vai afectar a paisagem”. “Deixo esta temática para a opinião pública, pois o Governo está aberto a fazer este trabalho com o consenso social”, disse.

2 Dez 2025

Governo quer proibir importação de mais produtos de plástico

O secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raymond Tam, assegurou ontem, no debate sobre o relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, que a intenção do Executivo é proibir a importação de mais produtos de plástico nos próximos anos.

“No próximo ano vamos continuar a promover medidas de redução do plástico, proibindo a importação de alguns produtos. Esse trabalho vai ser desenvolvido ao longo dos anos.”

Já o director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam, falou em apenas 14 infracções no que diz respeito ao uso do plástico, destacando o sucesso das campanhas de sensibilização. “Em supermercados houve uma redução do uso de sacos de plástico em dez por cento”, disse.

E os resíduos?

Ho Ion Sang questionou o Executivo sobre a possibilidade de proibir mais artigos de plástico e quantas infracções foram detectadas desde que o Executivo proibiu a importação de alguns produtos.

“Além dos utensílios de plástico em hotéis, como pentes ou embalagens, podemos definir prazos e um leque maior de proibições de produtos de plástico. Vai considerar a introdução de produtos substitutos do plástico, para conhecimento da população?”, questionou.

Ho Ion Sang quis também saber quais as instruções e medidas para reduzir as emissões de carbono por parte dos serviços públicos ou em eventos de grande dimensão.

O director da DSPA destacou que no próximo ano serão criadas instruções para escritórios e restauração, pois são “sectores que produzem muitas emissões de dióxido de carbono”. Estas instruções incluem-se “nas seis estratégias para a redução de carbono” adoptadas pela DSPA.

Sobre reciclagem, Ho Ion Sang pediu informações sobre a criação de centros de construção e resíduos biodegradáveis, com capacidade para cerca de 150 toneladas. “Com os restaurantes e os resíduos alimentares e domésticos, como está o ponto de situação [do tratamento de resíduos] até à construção desses centros?”.

Raymond Tam assegurou que “o plano quanto à reciclagem de materiais orgânicos está a funcionar bem”, e que, até à construção dos referidos centros, diversos resíduos são enviados “para a cidade de Taishan, no Interior da China, levados por embarcações”.

2 Dez 2025

Governo continua sem solução para aproveitar terreno do Jockey Club

O tempo continua a passar desde que terminou a concessão, no ano passado, para explorar corridas de cavalos no Macau Jockey Club, sem que o Governo apresente uma decisão sobre o tipo de projecto que ali vai nascer.

Uma das deputadas que fez questões sobre esta matéria foi Angela Leong, precisamente a presidente da Companhia de Corridas de Cavalos de Macau, entidade com que o Executivo rescindiu o contrato de concessão. “Disseram que vão definir planos para o desenvolvimento do terreno, mas foram concluídos o estudo e os respectivos trabalhos? Há alguma ideia, tendo em conta as necessidades dos cidadãos?”, questionou.

Também Ella Lei levantou questões semelhantes. “Não há nenhum desenvolvimento no antigo Jockey Club. Faltam de lugares de estacionamento, sobretudo quando há eventos desportivos, e no Jockey Club há um terreno desaproveitado. Temos de ter um bom aproveitamento tendo em conta o nosso desenvolvimento”, alertou.

Da parte de Raymond Tam as respostas foram vagas. “Quanto ao Jockey Club, tem de ser discutido [o seu aproveitamento] não apenas do ponto de vista do terreno, mas também económico, porque envolve vários edifícios”, começou por dizer.

Mais tarde, em resposta a Angela Leong, o governante declarou que vai comunicar com a Direcção dos Serviços de Economia e Finanças “para os respectivos trabalhos de aproveitamento”.

Junções e análises

No debate de ontem foi também discutido o aproveitamento de um terreno vazio junto à Rua do Cunha, na Taipa, com Raymond Tam a explicar que há questões pendentes ligadas a esgotos e arruamentos. “O trabalho interserviços está a analisar a fusão de dois lotes, mas temos o factor dos arruamentos e esgotos, cujos trabalhos vão ser entregues à Direção dos Serviços de Solos e Construção Urbana. Teremos de alargar a capacidade de esgotos até à Rua Ponte Negra, e precisamos de algum tempo para o planeamento”, disse.

Lam Lon Wai foi um dos deputados que colocou questões sobre esta matéria. “Na Rua do Cunha há um grande lote de terreno do Estado, vedado, e foi referido que vai servir de centro modal. Qual é a situação dos trabalhos? Pode-se usar este terreno como exemplo para quando, no futuro, houver aproveitamento de terrenos e definição da finalidade.”

2 Dez 2025

Tai Po | Angela Leong alerta para ruas estreitas de Macau

Angela Leong questionou ontem o Executivo sobre o facto de Macau ter ruas estreitas, o que pode dificultar a passagem de veículos de emergência em caso de incêndio, situação que a deputada entende ter dificultado o trabalho dos bombeiros no trágico incêndio de Tai Po.

“Espero que a sua tutela consiga que haja um bom ambiente de residência. Fizeram-se muitas inspecções tendo em conta a ocorrência de um grande incêndio num bairro de Hong Kong. Devido às vias estreitas houve o impedimento da circulação de veículos, e Macau também tem vias estreitas. Vai ser feita uma avaliação das vias, para se possa desentupir [acessos] e facilitar o combate a incêndios?”, questionou.

O secretário Raymond Tam garantiu que quando é discutida uma planta de condições urbanísticas há “um estudo minucioso para a sua aprovação”, ficando a garantia de que o Governo vai fazer “uma boa separação de tarefas com as Obras Públicas para a fiscalização e inspecção contra incêndios”.

O governante declarou que, quanto às construções ilegais, será reforçada a fiscalização, sendo também pedida à Companhia de Electricidade de Macau “o incentivo à modernização de instalações eléctricas em casas e edifícios antigos”.

2 Dez 2025

Vendilhões | Galeria do IAM acolhe mostra sobre espaços comerciais

Chama-se “Nostalgia de Macau – Exposição sobre a História dos Vendilhões em Macau ‘Marcas nas Esquinas'” e é inaugurada na próxima semana, na Galeria do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. A ideia é desvendar pequenos segredos e detalhes de espaços comerciais com muita história, tratando-se da primeira mostra “de grande escala” sobre o tema

A Galeria do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) prepara-se para acolher uma nova exposição dedicada à história do comércio de Macau. Trata-se de “Nostalgia de Macau – Exposição sobre a História dos Vendilhões em Macau ‘Marcas nas Esquinas'”, cuja inauguração acontece esta sexta-feira, dia 5, a partir das 18h. Trata-se de uma iniciativa realizada em parceria com a Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau.

Trata-se, segundo um comunicado, da “primeira exposição de grande escala dedicada à história dos vendilhões de Macau”, recorrendo-se a um conteúdo pautado por “textos, fotografias antigas, objectos antigos, bem como licenças antigas de vendilhão e utensílios, em combinação com vídeos com entrevistas”. Apresenta-se, desta forma, “diferentes percursos de desenvolvimento da actividade”.

A temática “Nostalgia de Macau” tem dado azo a diferentes projectos culturais e exposições promovidas pelo IAM em colaboração com as associações cívicas. Este ano, os vendilhões são tema central, sendo que esta mostra se foca em três partes temporais, “apresentando os anos 40 e 50 do século passado, em que as tendas dos vendilhões se encontravam em grande número”, indo até à actualidade, “em que a sua gestão tem vindo a ser regulamentado de forma ordenada, demonstrando gradualmente o ritmo de desenvolvimento da actividade”.

Grande variedade

Segundo uma nota do IAM, o “conteúdo da exposição é bem ilustrado e tridimensional”, tendo sido produzidos vídeos com entrevistas e instalados vários pontos que simulam as tendas dos vendilhões antigos, “de modo a aumentar a sensação de estar no local e permitir aos visitantes entrarem no túnel do tempo”.

Para o IAM, “as mudanças na actividade de vendilhão assemelham-se a um espelho da ecologia social, reflectindo não só a cultura e vivência social, e o modelo de consumo, mas também as mudanças sociais, o desenvolvimento económico e a vida da população”. Desta forma, “através dos objectos antigos expostos, tanto residentes como turistas podem conhecer melhor a fisionomia da Macau antiga”.

A mostra fica patente até ao dia 1 de Março do próximo ano. Durante o período da exposição, serão disponibilizadas várias visitas guiadas.

1 Dez 2025

Museu Nacional | Projecto de arquitectura no próximo ano

No debate de sexta-feira sobre a área dos Assuntos Sociais e Cultura, O Lam assegurou estar “previsto iniciar em 2026 os trabalhos de concepção arquitectónica do Museu Nacional da Cultura de Macau”.

O projecto está integrado no plano de edificar, no território, “três instalações culturais de grande dimensão”, incluindo o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau e o Museu Internacional de Arte Contemporânea.

No discurso inaugural do debate, O Lam destacou que o Executivo vai fazer o esforço de tornar estes futuros espaços em “instalações culturais com influência internacional, emblemáticas e de alto padrão”, além de criar um “novo motor para a diversificação adequada da economia, novas oportunidades de emprego para os residentes e um novo marco cultural para as actividades culturais”.

Foi também criado, explicou a secretária, um grupo de trabalho interdepartamental para coordenar uma série de projectos culturais e do ensino superior, nomeadamente a “preparação e construção da Zona Internacional de Turismo e Cultura Integrados de Macau da Cidade (Universitária) de Educação Internacional de Macau e Hengqin” e também do Centro de Transferência e Transformação de Tecnologia das Instituições de Ensino Superior do Estado.

O Executivo pretende ainda sediar, no terreno marginal a leste da Torre de Macau e na Zona C dos Novos Aterros, a Zona Internacional de Turismo e Cultura Integrados de Macau.

1 Dez 2025

Tabaco | Prometidas mais proibições de consumo ao ar livre

O director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, assegurou no debate de sexta-feira, no hemiciclo, que vêm aí mais proibições para quem fuma ao ar livre, nomeadamente em zonas de grande circulação de pessoas.

“Já temos o controlo do tabaco em áreas fechadas e proibimos [o consumo] junto a escolas e infantários. No que diz respeito às pessoas que fumam enquanto caminham, pensámos em zonas de proibição de fumo, mas nas zonas em que haja muitas pessoas a circular vamos proibir [o consumo de tabaco]”, disse, sem adiantar mais pormenores sobre uma eventual data de revisão da lei.

O director dos SS falou também no controlo dos cigarros electrónicos. “Em princípio não há mais cigarros electrónicos em Macau” tendo em conta a proibição de importação já decretada. “Mas em colaboração com os Serviços de Alfândega e a Polícia Judiciária vamos melhorar o trabalho e proibir o tabaco ilegal, mesmo em zonas públicas”, disse.

O tema do tabagismo surgiu logo nas primeiras intervenções dos deputados, nomeadamente por Leong Pou I. “Nos últimos anos o Governo reforçou o combate e controlo ao tabagismo e os trabalhos surtiram efeitos. Foi alargado o âmbito da proibição em redor de creches e escolas, e as autoridades disseram que iriam fazer a demarcação de uma zona para consumo de tabaco em postos fronteiriços e aduaneiros. Que tipo de zonas vão ser incluídas na proibição?”, questionou.

Leong Pou I levantou também a questão dos cigarros electrónicos. “Não sei se os turistas conhecem a lei de controlo do tabagismo e verificamos que eles usam os cigarros electrónicos em espaços e recintos fechados.” Também Leong Hong Sai levantou questões semelhantes. “No futuro vamos proibir o uso de cigarros electrónicos? Como podemos fazer com que as pessoas não fumem nas ruas, sobretudo em zonas mais movimentadas?”.

1 Dez 2025

Poesia | Escritor Jorge Arrimar conduz palestra no Albergue SCM

“Fonte do Lilau: Um mergulho na poesia em português e em Dóci Papiaçam de Macau” é o nome da palestra que José Arrimar irá apresentar no Albergue SCM na próxima terça-feira. O autor desafia o público para uma conversa sobre a literatura de Macau

Jorge Arrimar, ex-residente de Macau, poeta e autor premiado, estará no território na próxima semana para conversar sobre a literatura de Macau e o trabalho dos Dóci Papiaçam Di Macau, grupo de teatro e coro que dinamiza o patuá, o dialecto tipicamente macaense praticamente em vias de extinção.

“Fonte do Lilau: Um mergulho na poesia em português e em Dóci Papiaçam Di Macau” é o nome da palestra marcada para o Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) na terça-feira, das 19h às 21h. O evento desafia o público para uma discussão sobre a “complexa definição” do que é a literatura de Macau e a análise “das várias perspectivas académicas e culturais sobre o tema”.

No seminário, apoiado pela Fundação Macau, será destacada “a dualidade entre a ‘literatura macaense’, escrita por autores locais em português ou na língua crioula local, e a ‘literatura de Macau’, produzida tanto por autores residentes, como por escritores transitórios”.

Jorge Arrimar irá apresentar “a trajectória histórica” da literatura trilhada por figuras como Camões, Fernão Mendes Pinto e Bocage, e escritores mais contemporâneos e nascidos em Macau, como Deolinda da Conceição, Henrique de Senna Fernandes e o poeta José dos Santos Ferreira, mais conhecido como Adé.

Promete enfatizar-se “a natureza híbrida e multicultural da produção literária, reflectindo o encontro entre o Oriente e o Ocidente”, assim como “o papel do patuá como um marcador de identidade”. A organização do evento, a cargo do Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, aponta que o seminário irá incidir sobre a literatura de Macau “como expressão única de uma memória mista, e de uma identidade em contínua formação”.

Uma carreira nas letras

Jorge Manuel de Abreu Arrimar nasceu em Angola. Iniciou estudos superiores na Faculdade de Letras da Universidade de Luanda, concluindo o doutoramento em História Moderna em Portugal (2007) e o doutoramento em Ciências Documentais na Universidade de Alcalá (Madrid, 2013).

A sua ligação a Macau vem dos anos 80 e 90, quando foi director da Biblioteca Central de Macau entre os anos de 1985 e 1998. É autor de vários livros de poesia inspirados em Macau, incluindo “Fonte do Lilau” (1990), “Secretos Sinais” (1992) e “Confluências”, escrito em co-autoria com Yao Jingming e editado em 1997.

Foi membro da Comissão Organizadora do Primeiro Encontro de Poetas de Macau (1994) e vice-presidente da Comissão Organizadora do Primeiro Encontro Internacional de Bibliotecários em Macau (1995). Recebeu a Medalha de Mérito Cultural em 1997.

Jorge Arrimar vive em Portugal, mas continua a publicar obras relacionadas com Macau, incluindo “Antologia de poetas de Macau”, editada também com Yao Jingming em 1999. Na área da história, Arrimar editou, em 2014, “Macau no Primeiro Quartel de Oitocentos”.

Além de Macau, Jorge Arrimar tem escrito também sobre o universo africano, com ligação ao período da colonização, nomeadamente o romance “Cuéle – O Pássaro Troçador”, com que venceu, no ano passado, o VI Prémio de Literatura dstangola/Camões. O júri considerou que a obra é “um fresco grandioso e muito bem documentado sobre uma região de Angola raramente presente na literatura”.

29 Nov 2025

TUI | Reduzida pena a homem que tentou matar ex-mulher

O Tribunal de Última Instância (TUI) decidiu reduzir a pena de prisão de 11 anos e seis meses para oito anos a um homem condenado por tentativa de homicídio da ex-mulher, por não ter sido “provada circunstância agravante”. O homem passou, assim, a estar condenado pelo crime tentado de homicídio simples, na sua forma tentada, e decretado em primeira instância pelo Tribunal Judicial de Base (TJB), e não o crime de homicídio qualificado, também na forma tentada.

O TUI entendeu que o homem “só resolveu atacar B [a ex-mulher] depois de a ter inquirido e percebido que não pagaria a indemnização” exigida por este. “Apesar de se verificar que lhe veio a ideia de matar B [a mulher] desde 2017, trata-se apenas de um pensamento que tinha mente, e no período de 2017 a Abril de 2023 não ocorreu, de facto algum, a tomada de acções para concretizar a ideia de matar”, lê-se ainda.

Os juízes consideraram também, segundo o acórdão ontem divulgado, que “não se verifica que A [o homem acusado] agiu com frieza de ânimo ao agredir B [a mulher]”, pelo que se deu provimento ao recurso apresentado pelo homem, considerando-se a “severidade excessiva da pena determinada” na segunda instância.

O caso remonta a 2017, sendo que a mulher já era vítima de violência doméstica durante a relação. O homem “guardava rancor” à mulher “por esta ter denunciado os actos de violência doméstica dele e outras disputas familiares, surgindo-lhe a ideia de a matar”.

Após o divórcio, o homem entendeu que a ex-mulher só tinha obtido o Bilhete de Identidade de Residente (BIR) graças ao casamento, pelo que “deveria pagar-lhe uma quantia a título de indemnização”.

A hora do crime

O crime começava então a entrar nos planos deste homem, que desde Abril de 2023 “guardava um martelo metálico na caixa do seu motociclo”. A 26 de Junho desse ano, parou a mota perto da residência da ex-mulher e “vagueou à sua espera nas proximidades”, depois, aproximou-se dela e “exigiu o pagamento da referida indemnização”.

A mulher ignorou o homem e afastou-se, e foi aí que o homem “retirou o martelo metálico da caixa do seu motociclo, correu atrás [dela] e desferiu-lhe um golpe com o martelo na cabeça”, tendo esta “consequentemente caído no chão”. Descreve o acórdão que, “apesar da queda dela, [o homem] continuou a golpear a vítima com o martelo na cabeça por cinco vezes no total, só parando quando notou que [a mulher] estava deitada no chão com diminuição de consciência”.

Na primeira instância, a 31 de Julho de 2024, o TJB condenou o homem pela prática de um crime de homicídio na forma tentada e um crime de detenção e uso de arma proibida, o que, em cúmulo jurídico, deu a pena de oito anos. Tanto o homem como o Ministério Público recorreram para a segunda instância, que aumentou a pena para 11 anos e seis meses pela prática de um crime de homicídio qualificado tentado, crime de detenção e uso de arma proibida. A 14 de Fevereiro deste ano, o TUI aceitou o recurso do condenado e enviou de novo o processo para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), que repetiu o julgamento e manteve a sentença dos 11 anos e seis meses de prisão, mas o homem não aceitou a decisão e pediu novo recurso, alegando que o TSI “não cumpriu a obrigação de realização de novo julgamento, incorrendo no erro de interpretação e aplicação da lei”, determinando-se “uma pena excessivamente severa”. O agressor conseguiu agora conseguiu ver a sua pena reduzida.

27 Nov 2025

Literatura | José Cordeiro, ex-docente em Macau, lança livro de crónicas

É com a chancela da Oficina da Escrita que José Cordeiro, que foi professor de educação física em Macau durante vários anos, se estreia nas lides literárias. Depois de muitas crónicas escritas na rede social Facebook, o incentivo de amigos e leitores levaram-no a editar “Ao Invés, Pois Claro”, onde nem falta um texto sobre o que é ser macaense

“Ao Invés, Pois Claro” é o título do primeiro livro de José Cordeiro, ex-residente de Macau e antigo professor de educação física no território. Com a chancela da Oficina da Escrita, o livro acaba de ser editado em Portugal e nasce de uma série de publicações, sobre diversos temas, publicados na rede social Facebook.

Conforme a descrição da obra, trata-se não apenas de uma “colectânea de crónicas”, mas também “um convite à liberdade de pensamento, a exploração da dúvida e do conhecimento”, a “celebração de diversidade de opiniões” que é feita com uma “abordagem descontraída”.

“Não tenho nenhuma orientação específica para fazer uma crónica, depende da disposição do momento. Não é algo doutrinário, não pretende influenciar nada. É um prazer pessoal que tenho, brincar com as palavras”, disse ao HM. Apesar de José Cordeiro sempre ter feito da actividade física a sua profissão, a verdade é que a ligação às letras sempre existiu.

“Sempre gostei de brincar com as palavras. Só comecei a escrever de forma mais sistemática recentemente. Seleccionei algumas crónicas, como uma cozinha literária, em que se faz uma sopa e muita dela acaba por ir para o lixo”, exemplificou. Os temas são diversos e “batem em religião, política, amizade, em tudo e nada”.

Uma das crónicas refere-se a Macau e ao ser macaense, uma questão da comunidade que José Cordeiro conhece bem. Em “Estado de sítio ou estado de espírito”, Cordeiro fala da existência da comunidade e diz que hoje, 25 anos depois, os macaenses vivem “as duas coisas”. “Pode ser um estado de sítio, por estarem circunscritos a uma comunidade, que é portuguesa em território chinês, e um estado de espírito, porque muita gente não vive em Macau, mas sente-se macaense vivendo fora”, frisou.

“Ao Invés, Pois Claro” é um nome que nasce da vontade do autor ser “um pouco do contra”. “Dizem que sou teimoso, e, pois, parece-me [que sim]. Não comento os comentários que fazem às minhas crónicas, e quando lanço uma crónica ela deixou de ser minha naquele momento, passa a ser de quem a interpreta”, disse.

O poder das redes sociais

José Cordeiro acredita que “uma boa maneira de a pessoa disciplinar o raciocínio é escrever” e escrever “é uma maneira de disciplinar a minha intervenção nos contactos que faço com as pessoas”. É “ter uma ideia clara e, num primeiro princípio, expô-la. Foi numa onda de brincadeira que fui fazendo as coisas, escrevendo. Houve pessoas que gostaram dos textos e sugeriram que os publicasse”.

“Digo que é um álbum porque, para mim, é outra coisa. É quando se toma um tema e ele é levado até ao fim”, frisou ainda José Cordeiro, que confessa que as redes sociais “vieram permitir tudo”, até dar a voz a novos autores.

“Às vezes sinto-me incomodado com aquilo que se faz [nas redes sociais], mas eu sou responsável por mim e por aquilo que faço. Não tenho pretensões de doutrinar ou de querer levar alguém onde quer que seja. Sou um simples cidadão que gosta de brincar na minha cozinha literária, como costumo chamar”, disse. José Cordeiro está ainda a preparar uma sessão de lançamento da obra, mas a mesma já se encontra à venda em diversas plataformas online.

27 Nov 2025

Consulta pública sobre nova lei de branqueamento de capitais em 2026

O secretário para a Segurança, Chan Tsz King, garantiu que será lançada, nos próximos meses, a consulta pública para a revisão da lei de combate ao terrorismo e branqueamento de capitais. “Vamos aperfeiçoar os diplomas relacionados com a lavagem de dinheiro, e no próximo ano lançar a respectiva legislação e fazer a consulta pública, para que a futura proposta de lei conte com o consentimento de todos”, frisou o secretário.

De frisar que a medida consta no relatório das LAG, lançado na última semana. Lê-se no documento que as alterações à lei de 2006, relativa à prevenção e repressão do crime de branqueamento de capitais, e ao regulamento administrativo, também desse ano, que legisla as medidas de natureza preventiva dos crimes de branqueamento de capitais e de financiamento ao terrorismo, visam “responder às últimas alterações introduzidas aos padrões internacionais de combate ao branqueamento de capitais e às tendências desta criminalidade”.

Facilitar as contas

Um dos deputados que falou da necessidade de aperfeiçoar esta legislação foi Ip Sio Kai. “Muitas vezes os titulares de cargos nas empresas deparam-se com problemas na constituição de sociedades tendo em conta os diplomas em vigor, e isso tem sido um impedimento e factor dissuasor. Quando uma conta é aberta tem de ser verificada várias vezes. Singapura é um centro financeiro e também tem sector do jogo, porque é que lá é tão fácil abrir contas e constituir sociedades em relação a Macau? No que diz respeito à segurança financeira não há um limite claro sobre as exigências, não se pode exigir em excesso em termos de requisitos, e as pessoas não sabem como proceder”, defendeu.

Ainda assim, o deputado, ligado à área financeira, deixou elogios à actividade do Gabinete de Informação Financeira. “Os resultados têm sido bons e até recebemos elogios. Mas será que as autoridades podem definir e apresentar diferentes exigências em relação a riscos de diferentes níveis? Concordo que se faça uma revisão legislativa para aumentar as exigências.”

27 Nov 2025

Orçamento 2026 | Secretário não se compromete com previsão do PIB

O deputado Lao Chi Ngai bem insistiu, mas o secretário Tai Kin Ip não quis avançar uma previsão do Produto Interno Bruto da região para o próximo ano. A proposta de lei do Orçamento para 2026 foi ontem aprovada na generalidade com pedidos de prudência e de aumentos para funcionários públicos

Os deputados da Assembleia Legislativa (AL) aprovaram ontem, na generalidade, a proposta de lei do Orçamento para o próximo ano que apresenta receitas brutas do jogo na ordem das 236 mil milhões de patacas, um aumento de 3,5 por cento face a este ano.

As palavras de ordem no debate foram de prudência face a um cenário económico ainda algo instável no que diz respeito ao consumo interno e à manutenção de negócios locais. Um dos pontos altos foi o pedido, algo insistente, de uma previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2026 por parte do deputado Lao Chi Ngai.

“Vemos que temos, para 2026, um orçamento que é muito prudente em termos de previsões. O Governo prevê um crescimento estável e antecipa uma trajectória de crescimento no sector do turismo e indústria de lazer. Como é que o Governo chegou ao valor de 236 mil milhões [de receitas brutas do jogo]? Se dividirmos pelos 12 meses, são 19,6 mil milhões por mês, e, portanto, qual será o valor do PIB? Se fixarmos as receitas brutas do jogo em 236 mil milhões de patacas, isso traduz-se num crescimento negativo do nosso PIB e não corresponde a uma tendência de crescimento estável referida pelo Governo.”

O deputado disse ainda concordar com “a situação de incerteza”. “Quando vejo essa evolução estável, não é assim tão certa”, salientou.

Da parte do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, não houve um comprometimento com o valor. “No que diz respeito à estimativa para as receitas brutas feita no ano passado, vimos que nos primeiros cinco de dez meses não atingimos as nossas expectativas, e olhando para a incerteza inerente à economia, poderá haver impactos significativos. Honestamente, é difícil fazer uma previsão acertada e correcta [do PIB].”

O secretário explicou ainda que “no ano anterior também não fizemos uma previsão tão optimista, e no fim viemos a saber que [os números] eram melhores do que prevíamos”.

Na proposta de orçamento lê-se que “a indústria turística de Macau possa continuar a trajectória de crescimento, sustentada por diversos factores favoráveis”, esperando-se a subida de 3,5 por cento nas receitas dos casinos, muito inferior ao ritmo de crescimento (8 por cento) registado até agora este ano. O Governo justifica isso com um “princípio de gestão financeira prudente”.

Aumento “proporcional”

Ainda durante o debate, ficou a garantia de que o dinheiro retirado dos cheques pecuniários que deixaram de ser atribuídos a uma parcela de residentes anteriormente elegíveis irá para apoios sociais. “Aumentámos em 3,8 por cento as verbas para medidas destinadas ao bem-estar da população, e com alteração do programa de comparticipação pecuniária o montante será revertido para o bem-estar da população, sendo usado para diferentes prestações e assistência.”

Segundo a proposta, as medidas relacionadas com o bem-estar da população acarretam uma despesa de 26 mil milhões de patacas, o tal aumento de 3,8 por cento face a 2025 que é considerado pelo secretário “adequado e proporcional”.

Não faltaram pedidos para novos programas de incentivo ao consumo, nomeadamente da parte do deputado Chan Hao Weng. “O saldo orçamental terá resultados satisfatórios no próximo ano. O mercado de consumo é fraco e as pequenas e médias empresas, e a população, debatem-se com dificuldades. Será atribuído o cartão de consumo em épocas baixas?”, questionou.

Também a ausência de aumentos salariais na Função Pública foi questionada. “É lamentável que não tenham sido aumentados os salários dos funcionários públicos. Depois da transição, e olhando a taxa de inflação, os salários teriam de ser aumentados várias vezes.”

Já a deputada Song Pek Kei lembrou as “despesas enormes no próximo ano”, tendo em conta os 50 mil milhões destinados às despesas com 30 mil funcionários públicos, entre outros gastos. “Trata-se de um aumento significativo face ao período de retorno [da transição]. Temos de poupar dinheiro internamente, mas é com a melhoria da equipa dos funcionários públicos, a reforma administrativa? Temos de libertar mais recursos, investindo na sociedade e na sua revitalização”.

Porém, o secretário garantiu que, no essencial, a estrutura de gastos se mantém em 2026. “Temos 30 por cento das nossas despesas que se destinam ao pessoal, e essa verba mantém-se. Quanto a despesas correntes operacionais, são taxativas e têm de ser feitas. Não há uma alteração significativa da estrutura de despesas”, rematou.

26 Nov 2025

25 de Novembro | Manuel Geraldes recorda “momento de traição”

Portugal assinalou ontem os 50 anos do 25 de Novembro de 1975 com uma parada militar e uma sessão solene na Assembleia da República, entre polémicas e leituras políticas da direita à esquerda. Manuel Geraldes, ex-militar radicado em Macau, recorda o momento em que esteve preso na RTP

Para Manuel Geraldes, se a felicidade tivesse uma data seria 25 de Abril de 1974, juntamento com o dia do nascimento da sua filha. Mas foi a propósito da passagem dos 50 anos do 25 de Novembro de 1975, tentativa de golpe de Estado e uma das etapas do processo revolucionário iniciado com o derrube da ditadura em Portugal a 25 de Abril de 1974, que conversámos com o ex-militar.

Radicado em Macau desde os anos 80, Manuel Geraldes esteve preso na RTP no dia 25 de Novembro de 1975, mas, na qualidade de um dos mais jovens capitães de Abril, esteve envolvido na revolução desde o seu início, iniciado com o chamado movimento dos capitães, em 1973.

Ao HM, recorda o dia 25 de Novembro como “um momento tristíssimo, de traição dos camaradas, revolta, um momento horrível, sobretudo comparando com um dos dias mais alegres da minha vida, juntamente com o nascimento da minha filha, que foi o 25 de Abril”, tendo em conta os planos militares planeados para esse dia, que tomaram outro rumo. Manuel Geraldes trabalhava na RTP quando a estação foi controlada por uma das facções militares que fizeram o 25 de Novembro. O controlo da RTP, nos estúdios do Lumiar em Lisboa, contou com intervenção de figuras como Manuel Duran Clemente, então ligado à extrema-esquerda militar da 5ª Divisão.

“Quando falamos do dia 25 de Novembro temos de falar de um dia de traição. Quem foram traídos foram os militares que se mantiveram fiéis ao seu ideário do 25 de Abril e que juraram cumprir por ele, e que estávamos a cumprir. Houve um grupo de militares que, esquecendo a sua condição, e falo mais de oficiais do quadro permanente, tornaram esse dia de vergonha para qualquer oficial que se preze.”

Manuel Geraldes estava há cerca de um ano na RTP e foi “apanhado naquela armadilha”. Fui ter com os meus camaradas ao gabinete da direcção do telejornal e foi aí que fomos apanhados pelo capitão Duran Clemente”, conta ao HM.

“Posso falar daqueles que estiveram mais próximos de mim, e que estiveram na RTP nesse dia”, começou por dizer. “Os que estiveram no 25 de Abril e me prenderam, como prenderam mais seis oficiais, todos eles ‘perigosos fascistas, reaccionários’. Esteve preso nesse dia também um homem que foi um grande revolucionário, e que ainda como aluno da academia militar, a estudar no Técnico, cometeu o gesto nobre de deixar as forças armadas do regime fascista para emigrar para o norte da Europa. O ‘poderoso’ Marques, que tinha estado no golpe de Beja, e que esteve preso, e conseguiu exilar-se no Brasil. O capitão Canavilhas, um ‘perigoso’ que tinha estado no 25 de Abril e que estava ali a prestar um serviço à República na RTP como engenheiro electrotécnico.”

Duran Clemente apareceu nas instalações da RTP para controlar as emissões, proibir a divulgação de informação da Presidência da República, sendo que, à época, era Costa Gomes Presidente, e deixar passar as mensagens dos revoltosos ligados a uma facção do movimento. O conselho de administração da estação esteve retido durante várias horas. São conhecidas as suas imagens em directo na RTP, a ler um comunicado, quando foi subitamente interrompido e substituído na emissão pelo filme “O Homem do Diner’s Club”. Isto porque a facção vencedora do movimento do 25 de Novembro tinha assumido o controlo dos acontecimentos a partir dos estúdios da RTP do Porto.

Em declarações ao jornal Público, Duran Clemente também fala do dia 25 de Novembro como “uma traição do 25 de Abril, na maneira como ele tem sido interpretado e foi interpretado, na medida em que interrompeu o percurso natural de uma revolução que nunca é um percurso natural”.

Duran Clemente fala ainda, na mesma entrevista, da “história da fantasia de uma guerra civil” que muitos acreditam que esteve prestes a acontecer em Portugal nessa data. Diz ainda “não ter cometido crime nenhum”.

Para Manuel Geraldes, esses momentos de detenção “foram indescritíveis, inacreditáveis, para esquecer”. Quando saiu dos estúdios da RTP, Manuel Geraldes foi para casa ter com a esposa, “tentar descansar e tentar esquecer aquela tristeza enorme que foi aquela cena”, com “os soldados que tinha comandado no 25 de Abril de 1974 a observarem aquela prisão absurda que o Duran Clemente fez de nós”.

O culminar de tensões

O 25 de Novembro foi uma tentativa de golpe de Estado em que militares ligados à extrema esquerda tomaram vários pontos estratégicos, sobretudo em Lisboa, que levou o país a entrar em estado de sítio. Mas os moderados venceram e o país entrou numa fase mais tranquila, sobretudo a partir da nova Constituição de 1976. Tratou-se de um culminar do chamado “Verão quente”, ou os meses do PREC – Período Revolucionário em Curso, marcado por nacionalizações de bancos e empresas, o processo de Reforma Agrária, organização de comissões de trabalhadores, ataques a sedes do Partido Comunista Português e diversas acções conotadas tanto com a extrema-esquerda como com a extrema-direita.

Manuel Geraldes recorda que “a situação era complexa e não era propriamente o que tínhamos imaginado” com o 25 de Abril. “Tínhamos desenhado outros cenários que não aquele, mas sim de uma grande camaradagem.” Ainda assim, o antigo militar realça a “estabilidade e credibilidade” que Portugal ganhou após o 25 de Novembro de 1975. Contudo, não concorda com o facto de as autoridades portuguesas estarem, actualmente, a celebrar esta data.

“Há com certeza uma componente política e, para mim, não tem absolutamente nenhum sentido. Não devemos esquecer o passado para corrigir qualquer erro que tenha sido cometido, mas celebrar um dia triste não faz sentido nenhum. Devemos lembrar.”

Sobre as figuras importantes e decisivas para resolver o 25 de Novembro, Manuel Geraldes destaca “o general Costa Gomes, que viveu tão vasta violência, Sousa e Castro e outros que tiveram consenso e conseguiram trazer para a razão a grande maioria das forças armadas”. Mário Soares, como líder do Partido Socialista, “também teve [importância]” para estancar o movimento, sobretudo porque “tinha posições próximas do chamado ‘Grupo dos Nove’, os membros moderados da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas”.

Manuel Geraldes recorda ainda um dia em que as facções eram pautadas por “militares contra militares”, e quando se pôs “em risco a pátria”, num cenário “muito, muito perto da guerra civil”. Ontem decorreu, de manhã, uma cerimónia militar promovida pelas Forças Armadas, na Praça do Comércio, em Lisboa, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Houve ainda uma sessão solene na Assembleia da República.

Vasco Lourenço: “Não estava em terreno um golpe de Estado”

Além das cerimónias oficiais do 25 de Novembro de 1975, têm decorrido diversas exposições, palestras e conferências que celebram todas as etapas da revolução do 25 de Abril de 1974. Uma delas decorreu na terça-feira, o seminário “25 de Novembro – 50 anos depois”, na Fundação Calouste Gulbenkian, onde uma das figuras centrais do 25 de Novembro e toda a revolução de Abril, Vasco Lourenço, recordou o dia.

“É evidente que, passado todo este tempo, não podemos dizer que estava no terreno um golpe de Estado. Mas desafio alguém que seja capaz de dizer que, naquela altura, face ao que estava a acontecer, que não olhássemos para aquilo como se estivesse, efectivamente, a acontecer um golpe de Estado.”

Depois de várias movimentações militares, em que se dá um recuo das forças paraquedistas, os episódios do 25 de Novembro geraram três mortos, todos militares, “no início do dia 27 de Novembro”, lembrou Vasco Lourenço.

O papel das mulheres

Outra figura que participou no debate foi a médica Isabel do Carmo, que na altura do 25 de Novembro estava ligada ao grupo do COPCON – Comando Operacional do Continente, liderado pelo já falecido Otelo Saraiva de Carvalho.

Isabel do Carmo defendeu que “o que se passou depois do 25 de Abril foi a existência de um espaço das pessoas, organizações e protagonistas políticos, em que havia claramente duas tendências”, marcadas por “aqueles que queriam levar um movimento revolucionário ao socialismo de facto, e aqueles que queriam uma democracia liberal com uma economia regulada por um mercado”.

“O 25 de Abril foi, e para muitas pessoas da minha geração, os melhores tempos da minha vida. Oiço muitas pessoas dizerem isto, particularmente as mulheres, que até aí eram discretas. O que se passou a seguir [ao 25 de Abril] foram as sessões públicas, a liberdade de imprensa, a modificação total do ambiente nas escolas, houve uma grande transformação no país”, rematou Isabel do Carmo.

26 Nov 2025

Plano para seis zonas históricas terá colaboração de associações

O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, garantiu ontem que será reavaliado, no próximo ano, o plano de investimento para as seis zonas históricas do território que está a ser levado a cabo entre o Governo e as operadoras de jogo.

“Ao nível do planeamento, o Governo vai supervisionar os trabalhos a realizar pelas concessionárias. No futuro, as associações vão planear e organizar as actividades, e vamos reunir esforços com elas porque estas têm conhecimento e ideias sobre o desenvolvimento dessas zonas. Vamos ter um centro de desenvolvimento para essas zonas, reunindo esforços de todas as partes para melhorar a imagem dessas zonas históricas”, explicou.

No contexto deste debate, e tendo em conta o encerramento dos casinos-satélite e a necessidade de reconversão de algumas zonas no Porto Exterior, o deputado Ip Sio Kai defendeu a criação de novas zonas com atracções turísticas, nomeadamente uma “rua portuguesa”.

“Os casinos-satélite estão a fechar e muitos comerciantes estão preocupados com isso. Se houver um investimento de 120 a 130 milhões para as zonas comunitárias, isso será muito benéfico para o comércio. Podemos ter uma rua típica portuguesa, ou algo parecido. Podemos criar zonas específicas, ou mesmo uma zona de escritórios, pois muitas empresas estatais gostam de se fixar fora das zonas de jogo”, sugeriu.

Para Ip Sio Kai, cabe às operadoras de jogo apostar no investimento nestas novas zonas, indo além dos planos já anunciados para seis zonas do território, incluindo a zona do Porto Interior e ilhas. “Não sei se além das seis zonas se pode investir noutras. Além destas seis zonas vamos ter de criar um novo local, um festival de consumo no Porto Exterior”, defendeu o deputado, tendo em conta o encerramento dos casinos-satélite.

Avaliação contínua

O secretário garantiu, em primeiro lugar, que Macau pode ter novas zonas de atracção, mas só depois de uma avaliação aos investimentos já anunciados pelas operadoras.

“Desde 2023 e até este ano que temos feito um trabalho de avaliação do cumprimento dos compromissos pelas concessionárias. Há 11 módulos de investimento que se estão a fazer, na revitalização das seis zonas, e no futuro vamos ver se há possibilidade de haver mais zonas de revitalização”, disse Tai Kin Ip.

Quanto à quebra do turismo no Porto Exterior devido ao fecho dos casinos-satélite, o secretário demonstrou estar mais optimista do que Ip Sio Kai. “Há um trabalho de recuperação que leva algum tempo e durante a reconversão temos de ver quais os resultados das iniciativas a realizar nessa zona. Nessa zona [Porto Exterior] temos uma oferta de mais de mil quartos de hotel, e depois do encerramento dos casinos-satélite temos outras fontes de visitantes que ocupam esses quartos, como famílias ou grupos de excursionistas. Temos de atender a essas diferentes características de visitantes na exploração dessas iniciativas”, disse.

25 Nov 2025

Entre residentes e TNR, deputados exigem medidas de estabilidade laboral

A situação do emprego em Macau voltou a dominar o debate em torno do relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a área da Economia e Finanças, com os deputados a demonstrarem diferentes posições quanto ao binómio residentes / trabalhadores não residentes (TNR).

Se a grande maioria pede medidas para que os locais tenham maior acesso ao emprego, o deputado Ip Sio Kai lembrou que há empresas desfalcadas neste âmbito, enquanto Chui Sai Peng pediu medidas para os que não querem trabalhar. “Algumas pequenas e médias empresas (PME) dizem que as quotas para TNR não são renovadas pelo Governo, e quando isso acontece não conseguem contratar locais a tempo. Como podemos dar prioridade aos locais, mas também ter em conta os interesses das PME?”, questionou.

Ip Sio Kai falou na importância de “proteger os postos de trabalho” dos residentes, as PME “têm de saber quantas vagas de trabalho conseguem ter para os seus negócios, e há que haver uma situação ‘win-win’”. Já Chui Sai Peng, questionou o tipo de medidas “para quem não está interessado em trabalhar, para estimular essas pessoas”, além de ter defendido acções de formação não apenas para trabalhadores, mas também para empresas.

“Deve-se exigir que as empresas tenham oportunidade de formação, organizando-se cursos para reforçar a sua capacidade de negócio. Chui Sai Peng pede também “prioridade aos residentes” no emprego tendo em conta os futuros investimentos e os concursos públicos a realizar.

Da parte do secretário, ficou a garantia de reavaliação do panorama de contratação pública de locais para postos de limpeza e segurança. “Estamos a recolher opiniões e a fazer o levantamento da situação dos trabalhos adjudicados pelos serviços públicos nessas duas áreas. Estamos a ver se há possibilidade de aumentar o número de trabalhadores locais”, frisou.

Desemprego baixo

Por entre críticas e opiniões, a deputada Song Pek Kei defendeu que o Executivo “está a manter a estabilidade de emprego”, citando dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) que apontam para uma taxa de desemprego de 1,8 por cento no terceiro trimestre, o valor mais baixo desde Fevereiro.

“O nível de desemprego é relativamente baixo. Uma empresa que quiser investir [em Macau] tem de ter recursos humanos, e qual é o ponto de situação para estas quatro indústrias? Até ao terceiro trimestre deste ano a população activa de Macau era 382 mil pessoas, existindo 284,2 mil residentes empregados, e 6.800 pessoas desempregadas. Será que podemos transferir essas pessoas para as quatro novas indústrias e dar-lhes emprego? Se for assim, poderíamos resolver o problema do desemprego”, salientou.

Outro tópico abordado no debate de ontem, tem a ver com a alegada pouca eficácia dos cursos de formação promovidos pelo Governo para a área laboral. “Após concluírem as acções de formação, muitas pessoas não conseguem aplicar os conhecimentos no trabalho. Não sei se é possível reforçar o regime de credenciação, e para que seja possível convencer as pessoas [empresas] a contratar. Assim é possível garantir que as pessoas, depois das formações, conseguem aplicar os conhecimentos”, disse o deputado Lam Lon Wai.

Também Leong Sun Iok referiu que “há várias situações em que as pessoas não conseguem emprego”, já que “as empresas não contratam locais ou os locais não têm capacidade para ingressar em determinadas empresas”. “Não sei se o Governo pode ponderar a existência de quotas, para que haja um rácio a fim de as empresas poderem ter locais e também dar formação”, acrescentou.

25 Nov 2025

Luís Bernardino, académico: “Precisamos definir uma estratégia de cooperação-defesa” para a CPLP

O livro “25 Anos de Cooperação de Defesa na CPLP” foi lançado em 2023 em formato digital e, dois anos depois, chegou à versão impressa. Luís Bernardino, co-autor ligado à Universidade Autónoma de Lisboa, realça evoluções positivas desde a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, não obstante inacções e polémicas com a Guiné Equatorial

“25 Anos de Cooperação de Defesa na CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]” foi lançado em e-book e agora chega à versão impressa. Porquê editar este livro?

Este livro fala sobre os 25 anos de cooperação na área da defesa da CPLP e é da minha autoria, juntamente com uma colega do Brasil, Camila Rizzi. Resulta de um projecto de investigação desenvolvido no Centro de Análises Estratégicas da CPLP, sediado em Moçambique. Tem a componente de defesa da CPLP e faz reflexão estratégica sobre esse tema. Pelo facto de terem passado 25 anos de cooperação nessa área quisemos fazer uma avaliação e o livro para que ficasse para a história da organização. Em 2023, não houve condições financeiras para editar o livro em papel como queríamos, e foi agora lançado a 18 de Novembro, em Maputo.

Há críticas quanto à efectiva acção da CPLP. Considera que este organismo tem crescido de forma sustentável?

A avaliação que faço é na área da defesa. Quando a CPLP foi criada, a cooperação na área da defesa não constava nas seis áreas iniciais. Essa área só surgiu em 1998. A CPLP nasceu com seis áreas principais – cultura, língua, concentração político-diplomática – e tem actualmente 26 áreas de cooperação, o que é a prova de que cresceu de forma sustentada. Obviamente que com altos e baixos, situações mais fáceis ao longo destes quase 30 anos. Mas o que se salienta neste livro, na área da defesa, é que houve um crescimento bastante consolidado e participado. Nestes 25 anos fez-se muita coisa interessante e a avaliação é positiva.

E o futuro?

Precisamos de definir uma estratégia de cooperação-defesa e aquilo que queremos para a CPLP nesta área nos próximos 25 anos. É esse o desafio que temos pela frente, de uma maior actividade e iniciativa, para que a cooperação e defesa possam ser estratégicas naquilo que é a cooperação dentro dos Estados. Para que possa ser algo mais visível e permitir, de forma efectiva, um crescimento, participação e desenvolvimento, ou até maior empenho, em contextos regionais.

Mas olhando para passado, presente e futuro, como tem sido a dinâmica na área da defesa?

O livro mostra uma certa dinâmica de crescimento constitucional substancial numa primeira fase. Depois houve desenvolvimentos muito interessantes, com alguns protocolos e cooperação ao nível das Forças Armadas, mas há ainda muita coisa a fazer, nomeadamente olhar para a área da cooperação-defesa como uma área estratégica.

O sistema geopolítico mundial parece estar a mudar muito rapidamente, seguindo um caminho multipolar. A CPLP deveria ter outro papel neste contexto, com actores como a China, Rússia ou Estados Unidos?

A CPLP não é um instrumento multilateral, não é uma organização desse nível. Temos de colocar a CPLP ao nível da Commonwealth, por exemplo, de organizações de nível cultural, linguístico, de parceria entre países, de preocupação com o desenvolvimento. O que costumo dizer é que a CPLP é um bom instrumento diplomático de comunicação, um soft power relativamente a áreas relacionadas com a gestão e prevenção de conflitos. Não estejamos à espera que haja forças armadas, ou um exército, da CPLP. Este organismo é de diálogo e cooperação. O que fazemos, em termos de defesa, é isso mesmo, criar parcerias para que haja mecanismos de resposta a catástrofes, para dar capacidade de treino às forças armadas. Há até quem faça a pergunta: porque é a CPLP não interveio em Cabo Delgado, em Moçambique, na questão do terrorismo?

E porquê?

Porque a CPLP não é esse mecanismo de hard power, não tem capacidade, nem doutrina, logística, mandato ou viabilidade para ser empregue em operações de combate. E os Estados-membros da CPLP estão muito conscientes de que somos um mecanismo muito bom de cooperação, parceria e desenvolvimento, com contributos para a cultura e língua. Portanto, a CPLP não vai intervir no conflito entre a Rússia e Ucrânia, porque não é essa a sua área, nem tem mecanismos para essa dinâmica.

Justifica-se a existência da CPLP?

Acho que sim, obviamente, porque, como disse, a CPLP é um instrumento muito bom em termos de cooperação, da divulgação da língua portuguesa, da história. O facto é que temos cerca de 350 milhões de pessoas que falam português. Temos 30 países que são observadores associados, como a Ucrânia, o Chile, e a cultura portuguesa está representada nesta organização. Cada país tem o que quer da CPLP e dá-lhe a importância que acha que deve dar, e isso depende da política externa de cada Estado. Mas acho que a CPLP faz muito sentido no mundo em que vivemos, e fá-lo como representante multilateral da língua, da cultura, da cooperação entre os estados que falam português, e aqueles que de fim ao cabo têm alguma afinidade [com o mundo lusófono]. A questão de Macau é muito específica nesta organização.

Macau tem o papel de plataforma comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, e a China tem uma agenda para a lusofonia.

Antes de 1999 Macau tinha um estatuto próprio na CPLP, por ter administração portuguesa. Havia uma Declaração Conjunta que permitia que Macau, não sendo um Estado-membro, tivesse, de certa forma, um protocolo [com a CPLP]. Quando passou a ser RAEM, as coisas mudaram e perdeu esse estatuto de ligação, e Macau não é membro da CPLP, e obviamente não pode ser. A China também não, e não pode ser. Portanto, há aqui um estatuto de observador associado que surge para os países, organizações internacionais e regionais, e ainda as entidades territoriais dotadas de administração própria, que também não é bem o caso de Macau. O território está num limbo, entre ter uma história muito forte ligada à Lusofonia, e ter uma administração muito ligada à China, o que lhe dá, na minha perspectiva, duas dinâmicas.

Em que sentido?

Macau é um elemento fundamental na ligação entre os países da CPLP e a China. Por todos os motivos, mas pela questão da língua, história, e da sua representatividade, é um actor fundamental nesta cooperação. Macau deve ser visto, efectivamente, como um parceiro e como uma porta de entrada da China para os países da lusofonia. É isso que, de certa forma, já está a acontecer, e é a isso que a CPLP vai estar atenta, nesta relação em que Macau tem um estatuto especial. Quer queiramos, quer não, isso tem impacto. Macau é um factor de atractividade de facilitação de relações entre a China e Angola, Portugal ou o Brasil.

A permanência da Guiné Equatorial na CPLP levanta questões de credibilidade?

Concordo consigo. Terá sido, nestes 30 anos, um dos principais momentos difíceis na criação de consensos. Recordo que a Guiné Equatorial foi admitida em 2014, mas já havia um processo em fase de análise anterior. Havia sempre um prolongamento, ano após ano, e foi difícil chegar a um consenso no quadro dos países da CPLP. Em 2014, houve uma cimeira em Timor-Leste e, por acção do Brasil e Angola, houve, de certa forma, uma pressão muito grande para a entrada da Guiné Equatorial. Mas há dois princípios, para o bem e para o mal, que justificam a presença da Guiné Equatorial na CPLP.

Que são…

O primeiro argumento é que, de facto, a Guiné Equatorial tem o português como língua oficial na sua Constituição, apesar de nós sabermos que a língua portuguesa, por exemplo, abrange quatro ou cinco por cento da sociedade num todo, e já estou a ser bastante generoso. Mas há um compromisso das autoridades da Guiné Equatorial para desenvolver o português como língua de trabalho e há uma ligação histórica à cultura portuguesa e à lusofonia. Outro critério é a promessa de que, numa próxima revisão constitucional, firmar o compromisso da abolição da pena de morte. Quanto ao português, é uma coisa que leva gerações, não se faz de um ano para o outro. Nem nos próximos 10 ou 15 anos nós teremos o português perfeitamente implementado. Há alguma timidez, um compromisso, de certa forma. Quanto à pena de morte, o que é facto é que se conseguiu, parece, alguma alteração. Nunca mais houve uma acção de pena de morte [desde a adesão]. E há a esperança que, numa próxima revisão constitucional, este facto seja abolido da Constituição e que possa, efectivamente, deixar de existir. Na qualidade de membro da CPLP, estas mudanças serão mais fáceis e mais visíveis e, no futuro, a Guiné Equatorial pode, efectivamente, assumir o estatuto da CPLP tendo em conta estas premissas. Não sei se vai acontecer, deixo aqui uma reticência, e este é um momento de desafio para a própria CPLP. Há que fazer um trabalho a partir de dentro, para que a Guiné Equatorial possa estar ao nível dos outros países, principalmente nestas duas áreas.

O que é certo é que permanece uma certa falta de transparência em relação ao que se passa no país.

Temos consciência de que a Guiné Equatorial tem grandes problemas com questões da legitimidade democrática, das eleições. Há uma série de situações que reconhecemos que não são perfeitamente adequadas face ao estatuto dos países da CPLP. Acho que há uma esperança de que as coisas possam mudar, a tentativa de criar espaço para que o português possa crescer dentro da Guiné Equatorial, e ainda o compromisso para uma maior abertura e participação. O que é facto é que a Guiné Equatorial tem participado nas reuniões da CPLP, e eu tenho participado em algumas. Nas situações internacionais temos de ser pragmáticos, e temos esperança de que, só porque a Guiné Equatorial está na CPLP, isso possa dar o contributo para que a própria Guiné possa desenvolver alguns gestos mecânicos.

25 Nov 2025

Barra Slow Festival | Café e cultura nas Oficinas Navais

Chama-se “Barra Slow Festival” e a primeira edição está marcada para o próximo fim-de-semana, entre os dias 28 e 30 de Novembro, pretendendo-se revitalizar a zona da Barra com actividades ligadas à cultura do café, design e artesanato. O público poderá desfrutar de eventos nas Oficinas Navais nº 1 e nº2, bem como na praça situada na zona

É já este fim-de-semana, nomeadamente entre sexta-feira e domingo, que decorre em Macau a primeira edição do “Barra Slow Festival 2025”, um evento que traz várias actividades ligadas ao café, cultura e arte e que visam atrair a atenção do público para a zona da Barra, conhecida por locais turísticos como o Templo de A-Má.

Segundo um comunicado oficial do evento, trata-se de uma estreia no território de eventos como o “To Play Market × Tokyo Coffee Festival · Macau 2025” e ainda a “Feira de Arte e Design Shanghai UNFOLD”, e ainda iniciativas como o “Coffee Rave”, “Macau Chill Collective” e uma exposição do conhecido designer gráfico Florian Lamm. Todos estes eventos estarão espalhados pela praça da zona da Barra e Oficinas Navais nº 1 e nº2, onde habitualmente decorrem eventos culturais.

Segundo a mesma nota, o “Barra Slow Festival” integra “elementos contemporâneos populares, como cultura do café, design criativo, exposições visuais, produtos artesanais limitados e música”, tratando-se de um “evento cultural com conceitos seleccionados”.

Defende-se a ideia de um evento em que haja “calor humano”, incentivando-se o público “a relaxar e viver intensamente, recuperando a tranquilidade inerente à vida”. Desta forma, “o bairro da Barra foi o escolhido [para esta iniciativa], com barracas montadas dentro e fora dos edifícios históricos das Oficinas Navais”.

Espera-se, assim, que o público em geral “possa desfrutar de uma chávena de café, passear pela área e experimentar a profundidade histórica do bairro da Barra”.

De fora para dentro

Acima de tudo, o “Barra Slow Festival” traz a Macau eventos já conhecidos na Ásia, como é o caso do “Tokyo Coffee Festival”, organizado pela “To Play Market” e que reúne quase 50 marcas famosas de café do Japão, da Grande Baía e de Macau.

“Há apenas alguns meses, o Tokyo Coffee Festival fez a sua estreia em Hong Kong, atraindo mais de 30.000 participantes, e tanto o seu café artesanal como os seus produtos de café foram muito elogiados”, destaca a organização. Nesta estreia em Macau haverá produtos especiais à venda e edições limitadas.

Outro destaque do cartaz, é a Feira de Arte e Design “UNFOLD”, organizada em Xangai pela Shanghai BANANAFISH. Trata-se de um evento com o conceito curatorial de “desdobrar, ler e apresentar”, sendo uma “plataforma de comunicação que reúne amantes da cultura e da arte, designers, trabalhadores criativos e profissionais da indústria criativa”.

O que se poderá ver na Barra, com o “UNFOLD”, é um mercado com 100 stands de marcas e produtos de design de todo o mundo, com “selecções criativas e produtos artesanais limitados”, sendo que os detentores dos bilhetes podem ainda visitar a exposição especial do designer Florian Lamm.

As obras de Florian foram seleccionadas para o Top 100 Posters na Alemanha, Áustria e Suíça, e ganharam o Prémio Artista na Bienal de Brno, a mais antiga exposição de design gráfico do mundo.

Já o “Macau Chill Collective” pretende “reunir a força das marcas locais”, convidando-se “dezenas de marcas, desde proprietários de cafés conhecidos, artesãos criativos e criadores”. Durante o festival, será ainda realizada a exposição “Memórias Antigas: Impressões do Estaleiro – Exposição Fotográfica Histórica do Distrito de Barra”, a fim de “aprofundar a compreensão dos participantes sobre a história do distrito”.

O “Barra Slow Festival” tem entrada gratuita e decorre entre as 12h e as 20h, sendo necessário adquirir bilhetes para a Feira de Arte e Design UNFOLD, com um custo de 55 patacas em regime de pré-venda e 78 patacas nos dias do evento. Há ainda bilhetes à venda para alguns eventos relacionados com a cultura do café. Os bilhetes têm estado à venda desde o dia 2 de Novembro nas plataformas MacauTicket, Damai e Ctrip. O evento é organizado pela Federação da Indústria e Comércio de Macau, Distrito Central e Sul, coorganizado pela BANANAFISH e TOPYS, e apoiado pelo Instituto de Desenvolvimento Económico e Tecnológico, pela Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, pela União Geral das Associações de Bairro de Macau e outras entidades patrocinadoras.

24 Nov 2025

Imobiliário | Aumento trimestral dos preços em 7,7 por cento

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) demonstram que os preços médios das casas, por metro quadrado de área útil, registaram um aumento de 7,7 por cento no terceiro trimestre deste ano em comparação com o anterior. Só na península de Macau esse aumento foi de 12,6 por cento, registando-se um preço médio de 74.590 patacas, “devido principalmente aos novos complexos habitacionais terem sido colocados à venda no trimestre de referência”, destaca a DSEC.

Nas ilhas, destaca-se a subida de 4 por cento em Coloane, com o preço médio das fracções autónomas habitacionais a situar-se nas 87.093 patacas, enquanto na Taipa os preços desceram 4,6 por cento, rondando as 70.110 patacas. O preço médio das fracções autónomas habitacionais de edifícios construídos situou-se em 65.897 Patacas, menos 3,2 por cento, em termos trimestrais.

A DSEC revela ainda que no terceiro trimestre deste ano transaccionaram-se, com base no imposto de selo cobrado, 1.411 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 6,26 mil milhões de patacas. O preço médio por metro quadrado de área útil das fracções autónomas habitacionais, em termos globais, fixou-se em 74.190 patacas.

24 Nov 2025

CCM | Temporada de espectáculos de ópera decorre até Março

É no dia 27 deste mês que arranca a primeira iniciativa cultural integrada na “1ª Temporada de Espectáculos de Cultura Chinesa”. Trata-se de “Um Encontro de Heróis, Invocando o Vento Leste e A Passagem de Huarong”, peças de ópera chinesa da responsabilidade da Companhia Nacional Chinesa de Ópera de Pequim. Mas há mais espectáculos para ver até Março do próximo ano

Foi apresentada esta semana, terça-feira, a programação relativa à “1ª Temporada de Espectáculos de Cultura Chinesa”, um “banquete artístico” onde se prometem “espectáculos de excelência com experiências diversificadas”.

A iniciativa foi criada a partir da anterior “Temporada de Espectáculos de Companhias de Arte Nacionais em Macau”, com a primeira apresentação a ter lugar no dia 27 de Novembro, com a ópera de Pequim “Um Encontro de Heróis. Invocando o Vento Leste. A Passagem de Huarong”, apresentados num espectáculo de três horas e meia pela Companhia Nacional Chinesa de Ópera de Pequim, no Centro Cultural de Macau (CCM).

Segundo a descrição oficial do espectáculo, sobem ao palco os artistas principais Yu Kuizhi e Li Shengsu, liderando o elenco que apresenta “a tradição lírica chinesa em toda a sua expressividade”.

Apresentam-se “três peças magnas” e “épicos retirados do clássico Romance dos Três Reinos”, fazendo-se a “mescla de canto e encenação teatral, que evidencia um equilíbrio perfeito entre personagens civis e militares, encarnados por uma série de figuras históricas”. No dia 28 deste mês, é a vez de se apresentar, também no CCM, “A Lenda da Cobra Branca”, escrita pelo célebre dramaturgo Tian Han e originalmente dirigida pelo prestigiado encenador Li Zigui.

“Esta reconhecida obra-prima tem sido meticulosamente refinada em palco ao longo de mais de 60 anos. Tida como obra fundamental do repertório operático, a peça foi representada por inúmeras gerações de intérpretes ‘dan’ (papéis femininos)”, lê-se na descrição do espectáculo.

Em palco, os artistas são Li Shengsu, uma distinta representante e defensora da escola Mei Lanfang, sendo também mentora da talentosa Zhu Fengyi, artista com a qual partilha o papel principal de Bai Suzhen (a Madame Cobra Branca). “Nesta reencenação, as intérpretes retratam de forma magnífica o inabalável amor proibido que a lendária personagem nutre por um mortal, transportando a plateia a um hipnotizante cenário onírico”, lê-se ainda.

Novas interpretações

Na programação desta iniciativa, contam-se ainda apresentações teatrais como “Adeus, Minha Concubina”, da responsabilidade do Teatro do Povo de Pequim. Trata-se de uma adaptação a partir da criação original do Prémio Nobel da Literatura Mo Yan, e que tem como pano de fundo o confronto histórico Chu–Han.

“A peça rompe com a estrutura narrativa tradicional do drama histórico e explora temas eternos como o poder, a sobrevivência e a responsabilidade através de múltiplos encontros e diálogos que entrecruzam o tempo e o espaço entre a consorte Yu e a Imperatriz Lü”, pode ler-se.

Está ainda programada a apresentação da peça de dança teatro “Mulan”, do Grupo de Artes e Espectáculos de Ningbo. Esta tem “como linha principal a piedade filial, a lealdade, a coragem e o amor, combinando a dança, as artes marciais, o drama e os elementos tecnológicos”.

Serão ainda convidados grupos como a Trupe Artística de Minas de Carvão da China e a Ópera Nacional da China para realizar actuações de intercâmbio em vários locais de Macau, nomeadamente em escolas e bairros comunitários. Destaque ainda para o facto de a Ópera Nacional da China regressar às actuações em Macau em Janeiro do próximo ano para apresentar “Flores de Lótus Douradas – Concerto de Obras Vocais da Ópera Nacional da China” em várias escolas.

“O concerto reúne obras-primas da música vocal, chinesa e estrangeira, com peças musicais ricas e artistas excepcionais, conduzindo os estudantes numa jornada musical que atravessa o Oriente e o Ocidente”, é referido. Ao todo, esta primeira temporada inclui oito apresentações de intercâmbio e 50 actividades comunitárias.

“Usando a cultura chinesa como elo de ligação, o evento visa criar um evento cultural que envolva toda a população, promover a ressonância emocional e a transmissão cultural, trabalhando em conjunto para construir um círculo de vida feliz, belo e harmonioso”, é descrito.

7 Nov 2025

Inaugurado ontem novo posto de saúde da Zona A

Decorreu ontem a cerimónia de inauguração do novo posto de saúde da Zona A dos Novos Aterros Urbanos, e que entra hoje oficialmente em funcionamento. Segundo uma nota dos Serviços de Saúde de Macau (SS), este posto de saúde tem uma área de cerca de 1.066 quilómetros quadrados e irá prestar serviços de segunda a sexta-feira, das 08h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00, encerrando aos sábados, domingos e feriados.

Trata-se de uma unidade de saúde familiar, que fornece “serviços médicos holísticos, abrangentes, coordenados e contínuos que cobrem todo o ciclo de vida, incluindo cuidados de saúde para crianças, mulheres e adultos em geral, consultas externas não marcadas, prevenção e tratamento de doenças crónicas, promoção da saúde, cuidados de enfermagem em geral, vacinação e disponibilização de medicamentos básicos”.

Os SS estimam que a população na Zona A venha a ser de 96 mil pessoas, pelo que, numa primeira fase de funcionamento, este posto de saúde estará equipado com “seis profissionais de saúde e pessoal administrativo para prestar serviços ao primeiro lote de habitantes daquela zona”, sendo que, “no futuro, será procedido ao ajustamento dinâmico [de profissionais] conforme a situação efectiva”. Estas explicações foram dadas por Alvis Lo, director dos SS, na cerimónia de inauguração do novo posto de saúde.

Serviços abrangentes

Alvis Lo declarou ainda que o Posto de Saúde da Zona A dos Novos Aterros Urbanos é a primeira instituição pública de saúde a ser inaugurada na UOPG [Unidade Operativa de Planeamento e Gestão] Este-2, proporcionado “serviços médicos comunitários convenientes e abrangentes aos moradores da referida Zona”.

O director dos SS lembrou também a existência, em todo o território, de nove centros de saúde e quatro postos, incluindo o espaço ontem inaugurado. Alvis Lo destacou também que “hoje em dia, mais de 80 por cento dos doentes com doenças crónicas em Macau optam pelos centros de saúde para receber tratamento, o que demonstra que o objectivo de cobertura global de saúde foi preliminarmente alcançado”.

7 Nov 2025

Grande Prémio | Os anos de 1967 a 1978 pela mão de Victor H. de Lemos

O Grande Prémio é o desporto automóvel de Macau por excelência, e há residentes que sempre se dedicaram a esta paixão. Victor H. de Lemos foi um deles, e a segunda parte do seu espólio será hoje lançada em livro na sede da APOMAC – Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau. O HM conversou com o seu filho sobre o lançamento do segundo volume de Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos (1967-1978)

“O meu pai tinha muito orgulho deste seu trabalho.” É desta forma que Carlos Lemos, filho de Victor H. Lemos, o grande coleccionador de imagens e materiais relacionados com a competição do Grande Prémio de Macau (GPM), conta ao HM o desfilar de memórias que agora se desfilam também nas páginas de um livro. Trata-se do segundo volume de “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos”, desta vez dedicado aos anos de 1967 a 1978. Em 2023, foi lançado o primeiro volume, focado nos anos de 1954 a 1966. Os dois projectos editoriais contam com o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC).

O evento de lançamento do segundo volume acontece hoje a partir das 15h, na sede da APOMAC. Esta obra contém, segundo descreveu Carlos Lemos, “jornais, fotos e os acontecimentos do GPM de 1967 a 1978”, e não faltam registos de episódios marcantes da competição no Circuito da Guia.

Incluem-se “artigos relacionados com o primeiro acidente fatal no circuito do popular corredor filipino Arsénio Dodgie Laurel, que foi duas vezes vencedor do GPM, ou artigos sobre a fracassada criação do Circuito da Associação de Corridas Automóveis do Extremo Oriente (FEMRAC)”. Há também, nestas páginas, registos “das primeiras provas da Corrida da Guia e de motociclos, e da primeira piloto feminina a vencer a corrida de ‘Carros de Produção Corrente'”.

O leitor poderá ainda encontrar “a corrida dos gigantes, com participação de famosos corredores do mundo como o Dan Gurney, Jacky Ickx, que foi seis vezes vencedor do 24 hours Le Mans, Sir Stirling Moss; Jack Brabham, o único piloto a vencer o campeonato de Fórmula 1 num carro que tem o seu nome (Brabham); Roy Salvadori”.

“Na última secção do livro fiz uma pequena introdução com cerca de 100 fotos de outra colecção do meu pai, intitulada ‘Mundo do Automobilismo’, que contém quase duas mil fotos autografadas pelos pilotos, proprietários de carros, designers e personalidades de renome do mundo relacionados com o automobilismo como ‘Il Commendatore’ Enzo Ferrari, Juan Manuel Fangio ou Sir Jackie Stewart “.

Vida de dedicação

Victor H. Lemos fez esta colecção de forma mais permanente enquanto viveu em Macau, sendo que a partir de 1975 o macaense, emigrado no Canadá, passou a ter dificuldades em ter a sua colecção actualizada. “Ele dependia dos amigos para o envio de fotos, jornais e programas para a sua colecção, e decidiu terminar o projecto em 1978, no 50.º aniversário [da competição]. O volume 2 completa uma significativa parte da colecção”, adiantou ao HM.

Carlos Lemos admite que teve de deixar material de fora desta edição e que o processo de escolha “foi difícil”. “Decidi incluir as partes mais importantes e que têm maior interesse para os fãs do GPM, caso contrário, seria um livro mais volumoso”, disse. Nos anos descritos visualmente nesta obra, deu-se “a transição dos carros do tipo ‘Sport’ e ‘GT’ para carros de tipo ‘Fórmula’ com motores mais potentes e velozes”.

“Também começou a participação de corredores de outras partes do mundo como a Austrália, a Inglaterra, a Alemanha e com carros particionados por fábricas como o BMW e Renault-Alpina, deixando de ser um evento de amadores. Foi ainda o período de melhoramento e modernização do circuito”, descreveu Carlos Lemos.

Victor H. Lemos “dedicou-se muito a essa colecção”. “Depois do trabalho ia colocar-se à espera, nos corredores e nos ‘lobbies’ dos hotéis para recolher as assinaturas” dos pilotos. “As pessoas faziam troça dele, mas essa colecção é, hoje, provavelmente, a mais completa do GPM e contém informações que são muito procuradas.”

Sobre a possibilidade de este espólio pessoal poder integrar a colecção do Museu do GPM, Carlos Lemos assegura que não há novidades. “Tocámos duas vezes neste assunto, há alguns anos, e também foi feita essa sugestão aquando do lançamento do primeiro volume, mas nada se concretizou.”

6 Nov 2025