Traficante de Hong Kong recrutou pessoas para vender droga em Macau 

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve esta terça-feira cinco suspeitos, com idades compreendidas entre os 23 e os 33 anos, por venderem droga em Macau no âmbito de uma acção de recrutamento por parte de um traficante de Hong Kong. O caso foi ontem entregue ao Ministério Público para mais investigação.

De acordo com um comunicado, o grupo operava em Macau há cerca de um mês. Os suspeitos, de apelido Lau e Chu, foram os primeiros a serem detidos depois das autoridades policiais os terem interceptado quando saíam de um hotel na zona do ZAPE e entravam num carro alugado, conduzido por Chu, por volta das 23h30 desta terça-feira. No carro, a PJ confirmou a existência de “várias embalagens” de cocaína e ketamina.

No quarto de hotel onde os indivíduos estavam alojados foram descobertas mais embalagens de cocaína, ketamina e LSD, bem como materiais para o consumo de droga. “Num outro quarto estava o suspeito Law, que era o responsável por embalar a droga”, descreve a PJ no comunicado.

Pela noite dentro

As acções da PJ relativamente a este caso não se ficariam por aqui. Às 2h00 seria interceptado outro suspeito, de apelido Liu e cidadão chinês, que estava a transaccionar droga com uma mulher, de apelido Sio e residente de Macau, junto a um bar na zona do NAPE. Liu foi revistado pelas autoridades, tendo sido detectadas embalagens de cocaína e “ice” em ambos. Sio admitiu no local ter comprado a Liu cocaína por um valor de três mil patacas. A PJ descobriu, num quarto de hotel onde ambos estavam hospedados, um total de 53.72 kg de cocaína, 5.41 gramas de ketamina, 12,12 gramas de “ice” e 0.13 gramas de LSD, que valiam, no total, 220 mil patacas.

Lau, Chu, Law e Liu declararam ter problemas financeiros o que os levou a aceitar o recrutamento de um traficante de Hong Kong para a venda de estupefacientes, recebendo entre 1500 a 1700 dólares de Hong Kong por dia para realizar o serviço. Liu, Chu e Law admitiram que também consomem drogas, enquanto que Lau era responsável pelo tráfico da droga entre Hong Kong e Macau.

12 Mar 2020

Covid-19 | Recusa de regresso dá direito a faltas justificadas

As escolas têm carta verde para justificar as faltas dos alunos que não queiram regressar às aulas por receio de novos contágios ou por estarem em regime de quarentena, uma vez que muitos alunos regressam do Interior da China. A DSEJ assegura total flexibilidade no regresso às aulas e decretou regras para almoços nas cantinas

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) disse ontem que o dia do regresso às aulas será anunciado no último dia do mês, estando previsto que esse recomeço seja uma realidade até 20 de Abril. No entanto, existe a possibilidade de atribuir faltas justificadas aos alunos que, por motivos de receio da epidemia Covid-19, queiram continuar em casa ou para aqueles que, vindos de Zhuhai ou Zhongshan, tenham de fazer quarentena.

A garantia foi dada ontem na habitual conferência de imprensa sobre as medidas de combate ao coronavírus por Wong Kin Mou, representante da DSEJ. “Se os pais não quiserem que os filhos voltem às aulas podem pedir às escolas para atribuir faltas justificadas. Discutimos um tratamento flexível com os directores das escolas”, explicou.

Há ainda casos “em que os alunos precisam de se submeter a quarentena por terem estado noutros locais”. “Há alunos que não podem regressar às aulas e esta flexibilidade também se aplica a estes casos”, acrescentou Wong Kin Mou.

Dados ainda relativos a Janeiro, e que não foram actualizados, mostram que há cerca de três mil alunos que estudam em Macau e que estão no Interior da China, bem como 300 professores e trabalhadores das escolas.

Hora de almoço

No regresso às aulas, as escolas devem também cumprir regras de convivência diária, decididas entre a DSEJ e os Serviços de Saúde de Macau. “As escolas têm a sua própria forma de organização das refeições.

Se tiverem uma cantina com mais espaço podem ter melhores condições. Tendo em conta o desenvolvimento da epidemia, temos uma instrução de que, durante as refeições, um estudante não deve ser colocado em frente ao outro. Apelamos a que não haja concentração de grupos, e, numa cantina com 100 pessoas, devem ser feitos diferentes horários para refeições”, adiantou Wong Kin Mou.

O responsável da DSEJ tranquilizou ainda os encarregados de educação que possam ter dúvidas, uma vez que “na província de Guangdong poderá haver casos importados de outros países, mas são esporádicos”. “A situação em geral está melhor e não teremos condições para esperar até termos zero casos para recomeçar as aulas. É necessário fazer uma avaliação do risco, pois há um impacto para milhares de alunos na sua aprendizagem”, disse.

12 Mar 2020

Covid-19 | Recusa de regresso dá direito a faltas justificadas

As escolas têm carta verde para justificar as faltas dos alunos que não queiram regressar às aulas por receio de novos contágios ou por estarem em regime de quarentena, uma vez que muitos alunos regressam do Interior da China. A DSEJ assegura total flexibilidade no regresso às aulas e decretou regras para almoços nas cantinas

 
[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) disse ontem que o dia do regresso às aulas será anunciado no último dia do mês, estando previsto que esse recomeço seja uma realidade até 20 de Abril. No entanto, existe a possibilidade de atribuir faltas justificadas aos alunos que, por motivos de receio da epidemia Covid-19, queiram continuar em casa ou para aqueles que, vindos de Zhuhai ou Zhongshan, tenham de fazer quarentena.
A garantia foi dada ontem na habitual conferência de imprensa sobre as medidas de combate ao coronavírus por Wong Kin Mou, representante da DSEJ. “Se os pais não quiserem que os filhos voltem às aulas podem pedir às escolas para atribuir faltas justificadas. Discutimos um tratamento flexível com os directores das escolas”, explicou.
Há ainda casos “em que os alunos precisam de se submeter a quarentena por terem estado noutros locais”. “Há alunos que não podem regressar às aulas e esta flexibilidade também se aplica a estes casos”, acrescentou Wong Kin Mou.
Dados ainda relativos a Janeiro, e que não foram actualizados, mostram que há cerca de três mil alunos que estudam em Macau e que estão no Interior da China, bem como 300 professores e trabalhadores das escolas.

Hora de almoço

No regresso às aulas, as escolas devem também cumprir regras de convivência diária, decididas entre a DSEJ e os Serviços de Saúde de Macau. “As escolas têm a sua própria forma de organização das refeições.
Se tiverem uma cantina com mais espaço podem ter melhores condições. Tendo em conta o desenvolvimento da epidemia, temos uma instrução de que, durante as refeições, um estudante não deve ser colocado em frente ao outro. Apelamos a que não haja concentração de grupos, e, numa cantina com 100 pessoas, devem ser feitos diferentes horários para refeições”, adiantou Wong Kin Mou.
O responsável da DSEJ tranquilizou ainda os encarregados de educação que possam ter dúvidas, uma vez que “na província de Guangdong poderá haver casos importados de outros países, mas são esporádicos”. “A situação em geral está melhor e não teremos condições para esperar até termos zero casos para recomeçar as aulas. É necessário fazer uma avaliação do risco, pois há um impacto para milhares de alunos na sua aprendizagem”, disse.

12 Mar 2020

Covid-19 | Actuação das autoridades portuguesas provoca receios em Macau 

Vários portugueses a residir em Macau estão preocupados com a forma como as autoridades portuguesas estão a combater a Covid-19 e há quem esteja a planear levar familiares para o território, que está sem novos casos de infecção há 35 dias. Nas redes sociais, espalham-se os avisos para que em Portugal se comece a usar máscara, à semelhança do que acontece em Macau

[dropcap]S[/dropcap]em novos casos de infecção há 35 dias e sem doentes internados, Macau tornou-se no bom exemplo a nível mundial de como se deve combater o surto causado pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19. No entanto, vários portugueses a residir no território mostram-se muito preocupados com a forma como as autoridades portuguesas estão a levar a cabo os trabalhos de combate ao surto. Com 61 casos diagnosticados no país, o uso de máscara em locais públicos continua a estar longe de ser generalizado, apesar de este material ter esgotado nas farmácias. Além disso, dias antes de serem diagnosticados os primeiros casos, não havia qualquer rastreio de passageiros vindos de Itália, país que actualmente é considerado de alto risco. Nesta fase, já com 61 casos de infecção confirmados, continua a não existir rastreio de pessoas no aeroporto, uma vez que, segundo relatos feitos ao HM, não é obrigatório o preenchimento de qualquer documento sobre a origem do visitante nem é verificada a temperatura corporal à chegada. Também não é efectuado qualquer outro tipo de rastreio.

O receio em Macau é tanto que há quem esteja a ponderar levar familiares para o território. É o caso de Vera Varela, cujo pai viaja para o território a 18 de Março para escapar ao coronavírus em Portugal.

“Decidi pedir ao meu Pai que venha para Macau, agora que a crise epidémica chegou a Portugal, pois não vejo que o Governo português esteja a tomar as devidas precauções contra esta epidemia, o que me gera preocupação e receio”, contou ao HM.

Para Vera, as medidas adoptadas pelas autoridades portuguesas não só estão atrasadas como não existe “um plano conjunto de prevenção”. “Vão sendo lançadas, escassas e atabalhoadas medidas, que serão insuficientes e tardias para evitar o colapso, especialmente, da já debilitada ‘saúde’. O meu principal receio é a ‘saúde’ dos hospitais em Portugal, que não estão preparados, há falta de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e de condições necessárias, nomeadamente camas e zonas de isolamento. Tenho dúvidas que haja máscaras de protecção, hazmats, monitores, ventiladores, e medicamentos suficientes, vai ser caótico e triste.”

Quem também está a ponderar trazer os pais para Macau é Cristina Ferreira, jurista. “Os meus pais estão no grupo de risco e a minha irmã tem um bebé com um ano. Naturalmente que estou preocupada e sei que estariam mais seguros em Macau do que em Portugal”, disse ao HM.

Para Cristina Ferreira, a sociedade portuguesa ainda não tem verdadeira consciência do perigo que acarreta o novo coronavírus. Em Macau, pelo contrário, “há consciência do perigo de contágio e um sentimento de solidariedade e de cumprimento com as medidas de prevenção”.

“O respeito pelo colectivo não está a ser bem gerido devido à leviandade e à irresponsabilidade da Europa. O facto de não ter sintomas não significa que não seja portadora do vírus e não contamine o Ti Manel quando vou tomar a bica vinda do carnaval de Veneza! Não pode ser. As pessoas têm de ficar em casa durante 14 dias e aguardar sintomas reduzindo ao máximo os contactos e usando máscara ou outra protecção até passarem os 14 dias da incubação. Isto é básico e o Governo português não assume esta condição”, acrescenta a jurista.

Esta terça-feira, Graças Freitas, directora-geral de Saúde, disse na Assembleia da República que “havia uma grande pressão para publicar um plano específico” para o surto de Covid-19, mas que existia um plano genérico que permitia acção imediata e a acção era a prioridade. “Não podíamos deixar de agir. Não era que não quiséssemos publicar o plano, era porque já tínhamos um que nos permitia acção. Isso foi extremamente importante para a DGS.” O primeiro esboço formal do plano de contingência da DGS foi feito a 21 de Janeiro.

Negócios em crise

Vanessa Amaro, empresária, não só está preocupada com a sua família em Portugal como está também preocupada com os efeitos que esta epidemia vai causar no projecto de abertura de um segundo spa em Lisboa.

“Além dos receios do impacto que isso poderá ter nos meus familiares – tenho família em Guimarães e em Lisboa – também sinto que uma eventual epidemia terá efeitos catastróficos nos negócios que tenho em Portugal. Temos responsabilidades perante trabalhadores que dependem de nós para sustentar as suas famílias, e por isso caso o nosso spa venha a ser impactado, prevejo que não poderei contar com nenhum tipo de apoio financeiro para fazer face às despesas.”

Também Vanessa Amaro está preocupada com a forma “leviana” como o Governo português tem levado a cabo medidas preventivas. “Tenho bastante receio de como a ameaça de epidemia tem sido gerida pelas autoridades portuguesas, principalmente depois de termos passado por esta crise de maneira tão serena em Macau. Parece-me que as decisões são tomadas de forma muito leviana e as autoridades apenas vão tendo acções relativas, mostrando muito pouca pró-actividade.”

Já Sara Augusto, académica, confessa que avisou amigos em Portugal do verdadeiro impacto da epidemia que teve origem na cidade de Wuhan, China. “Dá-me a impressão que, não só as pessoas que conhecemos, mas também o Governo, não fizeram absolutamente nada. Deixou que as coisas chegassem à porta.”

Com alguns amigos “cépticos” em relação a medidas preventivas como o uso de máscara e desinfectante no dia-a-dia, Sara Augusto diz ter uma “família imensa” pelo facto de os pais “terem uma vida social muito forte” numa pequena cidade perto de Viseu.

“Depois de falar com uma das minhas irmãs, que é enfermeira, percebi que as pessoas, mesmo sem o Governo dizer nada, vão tomando as suas decisões. Há mais de duas semanas, a Universidade Sénior foi encerrada e não foi preciso o Governo dizer nada. Foi apenas porque alguns alunos da universidade foram a Itália e fizeram quarentena, ficaram em casa, mas a Universidade Sénior fechou por eles, não estiveram à espera”, apontou.

Sara Augusto confessa estar preocupada com a saúde da população idosa, um dos grupos de risco do novo coronavírus. “Será que em Portugal as medidas estão a ser eficazes? Não sei até que ponto podem estar a ser levadas a sério. Preocupa-me também as consequências económicas, em especial o aumento da clivagem entre o interior e as grandes cidades. Achava que os meus pais estavam sossegados na aldeia, mas não tenho tanta certeza. Basta um”, confessou.

Nas redes sociais, os alertas têm sido muitos. É o caso de Rita Gonçalves, professora de yoga, que decidiu chamar a atenção dos amigos que tem em Portugal. “Junto-me aos portugueses residentes em Macau/China que têm andado a partilhar este género de informação na tentativa de alertar amigos de Portugal. Bem sei que em Portugal nunca será possível montar tamanho dispositivo de ‘assepticidade’ e obediência civil [por comparação a Macau]. Mas vocês não são incapazes de tomar iniciativa e pensarem pela vossa cabeça.”

Usar máscara, lavar as mãos sempre que necessário e evitar espaços congestionados são os avisos principais. “A sério pessoal. Deixem-se de piadas e posts tontos e de queixumes sobre a incompetência dos governantes. Vão à farmácia comprar máscaras por favor”, rematou.

Medidas preventivas em Portugal

Lavar as mãos com frequência com sabão e água e esfregar as mãos com gel alcoólico se não for possível lavar as mãos

Cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel descartável sempre que for necessário. O lenço de papel deverá ser deixado no caixote do lixo. Na ausência de lenços de papel poder-se-á tossir ou espirrar para a dobra do cotovelo

As pessoas que sintam tosse, febre ou dificuldades respiratórias devem permanecer em casa e não devem deslocar-se para o seu local de trabalho

Evitar contacto próximo com pessoas com tosse, febre ou dificuldades respiratórias

Limpar e desinfectar frequentemente objectos e superfícies de utilização comum

Em caso de sintomas ou dúvidas ligar para a linha SNS 24

O uso de máscara de protecção na população em geral não está recomendado, uma vez que não há qualquer evidência de benefício do seu uso fora de estabelecimentos de saúde.

Regressados de países como norte de Itália (regiões de Emigilia-Romana, Lombardia, Piemonte Veneto), China, Japão, Irão ou Singapura devem respeitar um período de isolamento de 14 dias após o seu regresso, estar atentos ao surgimento de sintomas

À hora do fecho desta edição, Governo pondera encerrar todas as escolas do país, numa altura em que algumas universidades e espaços de uso comunitário, sobretudo no norte do país, fecharam portas


DGS diz que está a comprar “tudo o que o mercado consegue produzir”

Esta terça-feira, Graça Freitas, directora-geral de Saúde, disse na Assembleia da República que Portugal está a comprar “tudo o que o mercado consegue produzir” de equipamentos individuais de protecção para constituir uma reserva para enfrentar o surto de Covid-19.

“Neste momento tudo o que o mercado consegue produzir nós temos tentado adquirir para constituir uma reserva. Essa reserva será activada de acordo com as necessidades. Há um controlo muito restrito sobre esta reserva. É o Infarmed, que é parceiro da Direcção-geral de Saúde (DGS), que está a gerir, com excelência diria eu, esta reserva, mas quando é para activar é a DGS, com cada região e com o país, todo que vê como é que pode alocar parte da reserva”, disse Graça Freitas.

Sobre a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente no que diz respeito a cuidados intensivos e camas de isolamento, Graça Freitas garantiu que há margem para expansão, caso se revele necessário.

“Obviamente em Portugal [os cuidados intensivos] também são um ponto de risco. Isso também não há como dizer que não são, mas há capacidade para os expandir e os hospitais estão a fazer não só levantamentos como a ver a sua capacidade de expansão em função do que estamos a aprender com os doentes e com os outros países. Neste momento a indicação que há é não só actualizar a informação da capacidade instalada, mas arranjar mecanismos para expandir essa capacidade instalada para minimizar o impacto”, disse.

“Infecções ligeiras” são 80%

Não quis precisar quantos quartos existem para isolamento, referindo que são “x”, mas esse número “pode ser aumentado para muito mais do que ‘x’” se necessário, uma vez que a qualquer momento “qualquer enfermaria pode passar a quarto de isolamento”.

Referiu, no entanto, que cerca de 80% dos casos de Covid-19 são infecções ligeiras, que podem ser tratadas em casa. Questionada sobre se conta com o sector privado e social para a resposta ao surto, Graça Freitas garantiu que conta com todos.

Questionada sobre se entende que a DGS tem na lei todos os poderes que necessita para fazer face ao surto, Graça Freitas respondeu afirmativamente. Esta sublinhou que o nível de tranquilidade da população em relação à epidemia, mesmo reconhecendo que circula muita informação que não é verdadeira, disse que não se deve chegar a um ponto em que as pessoas tenham que fazer stocks de bens e mantimentos e pediu aos portugueses que “não açambarquem”, referindo que em situações de crise é possível encontrar redes de solidariedade.

12 Mar 2020

Covid-19 | Actuação das autoridades portuguesas provoca receios em Macau 

Vários portugueses a residir em Macau estão preocupados com a forma como as autoridades portuguesas estão a combater a Covid-19 e há quem esteja a planear levar familiares para o território, que está sem novos casos de infecção há 35 dias. Nas redes sociais, espalham-se os avisos para que em Portugal se comece a usar máscara, à semelhança do que acontece em Macau

[dropcap]S[/dropcap]em novos casos de infecção há 35 dias e sem doentes internados, Macau tornou-se no bom exemplo a nível mundial de como se deve combater o surto causado pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a Covid-19. No entanto, vários portugueses a residir no território mostram-se muito preocupados com a forma como as autoridades portuguesas estão a levar a cabo os trabalhos de combate ao surto. Com 61 casos diagnosticados no país, o uso de máscara em locais públicos continua a estar longe de ser generalizado, apesar de este material ter esgotado nas farmácias. Além disso, dias antes de serem diagnosticados os primeiros casos, não havia qualquer rastreio de passageiros vindos de Itália, país que actualmente é considerado de alto risco. Nesta fase, já com 61 casos de infecção confirmados, continua a não existir rastreio de pessoas no aeroporto, uma vez que, segundo relatos feitos ao HM, não é obrigatório o preenchimento de qualquer documento sobre a origem do visitante nem é verificada a temperatura corporal à chegada. Também não é efectuado qualquer outro tipo de rastreio.
O receio em Macau é tanto que há quem esteja a ponderar levar familiares para o território. É o caso de Vera Varela, cujo pai viaja para o território a 18 de Março para escapar ao coronavírus em Portugal.
“Decidi pedir ao meu Pai que venha para Macau, agora que a crise epidémica chegou a Portugal, pois não vejo que o Governo português esteja a tomar as devidas precauções contra esta epidemia, o que me gera preocupação e receio”, contou ao HM.
Para Vera, as medidas adoptadas pelas autoridades portuguesas não só estão atrasadas como não existe “um plano conjunto de prevenção”. “Vão sendo lançadas, escassas e atabalhoadas medidas, que serão insuficientes e tardias para evitar o colapso, especialmente, da já debilitada ‘saúde’. O meu principal receio é a ‘saúde’ dos hospitais em Portugal, que não estão preparados, há falta de médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e de condições necessárias, nomeadamente camas e zonas de isolamento. Tenho dúvidas que haja máscaras de protecção, hazmats, monitores, ventiladores, e medicamentos suficientes, vai ser caótico e triste.”
Quem também está a ponderar trazer os pais para Macau é Cristina Ferreira, jurista. “Os meus pais estão no grupo de risco e a minha irmã tem um bebé com um ano. Naturalmente que estou preocupada e sei que estariam mais seguros em Macau do que em Portugal”, disse ao HM.
Para Cristina Ferreira, a sociedade portuguesa ainda não tem verdadeira consciência do perigo que acarreta o novo coronavírus. Em Macau, pelo contrário, “há consciência do perigo de contágio e um sentimento de solidariedade e de cumprimento com as medidas de prevenção”.
“O respeito pelo colectivo não está a ser bem gerido devido à leviandade e à irresponsabilidade da Europa. O facto de não ter sintomas não significa que não seja portadora do vírus e não contamine o Ti Manel quando vou tomar a bica vinda do carnaval de Veneza! Não pode ser. As pessoas têm de ficar em casa durante 14 dias e aguardar sintomas reduzindo ao máximo os contactos e usando máscara ou outra protecção até passarem os 14 dias da incubação. Isto é básico e o Governo português não assume esta condição”, acrescenta a jurista.
Esta terça-feira, Graças Freitas, directora-geral de Saúde, disse na Assembleia da República que “havia uma grande pressão para publicar um plano específico” para o surto de Covid-19, mas que existia um plano genérico que permitia acção imediata e a acção era a prioridade. “Não podíamos deixar de agir. Não era que não quiséssemos publicar o plano, era porque já tínhamos um que nos permitia acção. Isso foi extremamente importante para a DGS.” O primeiro esboço formal do plano de contingência da DGS foi feito a 21 de Janeiro.

Negócios em crise

Vanessa Amaro, empresária, não só está preocupada com a sua família em Portugal como está também preocupada com os efeitos que esta epidemia vai causar no projecto de abertura de um segundo spa em Lisboa.
“Além dos receios do impacto que isso poderá ter nos meus familiares – tenho família em Guimarães e em Lisboa – também sinto que uma eventual epidemia terá efeitos catastróficos nos negócios que tenho em Portugal. Temos responsabilidades perante trabalhadores que dependem de nós para sustentar as suas famílias, e por isso caso o nosso spa venha a ser impactado, prevejo que não poderei contar com nenhum tipo de apoio financeiro para fazer face às despesas.”
Também Vanessa Amaro está preocupada com a forma “leviana” como o Governo português tem levado a cabo medidas preventivas. “Tenho bastante receio de como a ameaça de epidemia tem sido gerida pelas autoridades portuguesas, principalmente depois de termos passado por esta crise de maneira tão serena em Macau. Parece-me que as decisões são tomadas de forma muito leviana e as autoridades apenas vão tendo acções relativas, mostrando muito pouca pró-actividade.”
Já Sara Augusto, académica, confessa que avisou amigos em Portugal do verdadeiro impacto da epidemia que teve origem na cidade de Wuhan, China. “Dá-me a impressão que, não só as pessoas que conhecemos, mas também o Governo, não fizeram absolutamente nada. Deixou que as coisas chegassem à porta.”
Com alguns amigos “cépticos” em relação a medidas preventivas como o uso de máscara e desinfectante no dia-a-dia, Sara Augusto diz ter uma “família imensa” pelo facto de os pais “terem uma vida social muito forte” numa pequena cidade perto de Viseu.
“Depois de falar com uma das minhas irmãs, que é enfermeira, percebi que as pessoas, mesmo sem o Governo dizer nada, vão tomando as suas decisões. Há mais de duas semanas, a Universidade Sénior foi encerrada e não foi preciso o Governo dizer nada. Foi apenas porque alguns alunos da universidade foram a Itália e fizeram quarentena, ficaram em casa, mas a Universidade Sénior fechou por eles, não estiveram à espera”, apontou.
Sara Augusto confessa estar preocupada com a saúde da população idosa, um dos grupos de risco do novo coronavírus. “Será que em Portugal as medidas estão a ser eficazes? Não sei até que ponto podem estar a ser levadas a sério. Preocupa-me também as consequências económicas, em especial o aumento da clivagem entre o interior e as grandes cidades. Achava que os meus pais estavam sossegados na aldeia, mas não tenho tanta certeza. Basta um”, confessou.
Nas redes sociais, os alertas têm sido muitos. É o caso de Rita Gonçalves, professora de yoga, que decidiu chamar a atenção dos amigos que tem em Portugal. “Junto-me aos portugueses residentes em Macau/China que têm andado a partilhar este género de informação na tentativa de alertar amigos de Portugal. Bem sei que em Portugal nunca será possível montar tamanho dispositivo de ‘assepticidade’ e obediência civil [por comparação a Macau]. Mas vocês não são incapazes de tomar iniciativa e pensarem pela vossa cabeça.”
Usar máscara, lavar as mãos sempre que necessário e evitar espaços congestionados são os avisos principais. “A sério pessoal. Deixem-se de piadas e posts tontos e de queixumes sobre a incompetência dos governantes. Vão à farmácia comprar máscaras por favor”, rematou.

Medidas preventivas em Portugal

Lavar as mãos com frequência com sabão e água e esfregar as mãos com gel alcoólico se não for possível lavar as mãos
Cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel descartável sempre que for necessário. O lenço de papel deverá ser deixado no caixote do lixo. Na ausência de lenços de papel poder-se-á tossir ou espirrar para a dobra do cotovelo
As pessoas que sintam tosse, febre ou dificuldades respiratórias devem permanecer em casa e não devem deslocar-se para o seu local de trabalho
Evitar contacto próximo com pessoas com tosse, febre ou dificuldades respiratórias
Limpar e desinfectar frequentemente objectos e superfícies de utilização comum
Em caso de sintomas ou dúvidas ligar para a linha SNS 24
O uso de máscara de protecção na população em geral não está recomendado, uma vez que não há qualquer evidência de benefício do seu uso fora de estabelecimentos de saúde.
Regressados de países como norte de Itália (regiões de Emigilia-Romana, Lombardia, Piemonte Veneto), China, Japão, Irão ou Singapura devem respeitar um período de isolamento de 14 dias após o seu regresso, estar atentos ao surgimento de sintomas
À hora do fecho desta edição, Governo pondera encerrar todas as escolas do país, numa altura em que algumas universidades e espaços de uso comunitário, sobretudo no norte do país, fecharam portas


DGS diz que está a comprar “tudo o que o mercado consegue produzir”

Esta terça-feira, Graça Freitas, directora-geral de Saúde, disse na Assembleia da República que Portugal está a comprar “tudo o que o mercado consegue produzir” de equipamentos individuais de protecção para constituir uma reserva para enfrentar o surto de Covid-19.
“Neste momento tudo o que o mercado consegue produzir nós temos tentado adquirir para constituir uma reserva. Essa reserva será activada de acordo com as necessidades. Há um controlo muito restrito sobre esta reserva. É o Infarmed, que é parceiro da Direcção-geral de Saúde (DGS), que está a gerir, com excelência diria eu, esta reserva, mas quando é para activar é a DGS, com cada região e com o país, todo que vê como é que pode alocar parte da reserva”, disse Graça Freitas.
Sobre a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente no que diz respeito a cuidados intensivos e camas de isolamento, Graça Freitas garantiu que há margem para expansão, caso se revele necessário.
“Obviamente em Portugal [os cuidados intensivos] também são um ponto de risco. Isso também não há como dizer que não são, mas há capacidade para os expandir e os hospitais estão a fazer não só levantamentos como a ver a sua capacidade de expansão em função do que estamos a aprender com os doentes e com os outros países. Neste momento a indicação que há é não só actualizar a informação da capacidade instalada, mas arranjar mecanismos para expandir essa capacidade instalada para minimizar o impacto”, disse.

“Infecções ligeiras” são 80%

Não quis precisar quantos quartos existem para isolamento, referindo que são “x”, mas esse número “pode ser aumentado para muito mais do que ‘x’” se necessário, uma vez que a qualquer momento “qualquer enfermaria pode passar a quarto de isolamento”.
Referiu, no entanto, que cerca de 80% dos casos de Covid-19 são infecções ligeiras, que podem ser tratadas em casa. Questionada sobre se conta com o sector privado e social para a resposta ao surto, Graça Freitas garantiu que conta com todos.
Questionada sobre se entende que a DGS tem na lei todos os poderes que necessita para fazer face ao surto, Graça Freitas respondeu afirmativamente. Esta sublinhou que o nível de tranquilidade da população em relação à epidemia, mesmo reconhecendo que circula muita informação que não é verdadeira, disse que não se deve chegar a um ponto em que as pessoas tenham que fazer stocks de bens e mantimentos e pediu aos portugueses que “não açambarquem”, referindo que em situações de crise é possível encontrar redes de solidariedade.

12 Mar 2020

Fronteira | Cidadão chinês mentiu sobre estadia na Coreia do Sul

Um homem com passaporte chinês prestou falsas declarações à chegada ao território, não tendo declarado a sua recente passagem pela Coreia do Sul, país considerado de alto risco no que à epidemia do Covid-19 diz respeito. O caso já foi entregue ao Ministério Público para mais investigação

 

[dropcap]U[/dropcap]m cidadão chinês prestou falsas declarações à chegada a Macau e corre o risco de ver ser-lhe aplicada uma pena de prisão de seis meses ou aplicação de uma multa de 120 dias. O caso, o primeiro a registar-se no território desde que a epidemia do Covid-19 teve início, está agora a ser investigado pelo Ministério Público (MP).

“No dia 9 de Março uma pessoa do Interior da China visitou a Coreia do Sul e nesse dia entrou em Macau através de Zhuhai. Essa pessoa já foi obrigada a fazer quarentena, e a prestação de falsas declarações constitui um crime”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM).

A responsável explicou que o turista em causa tinha previsto ficar em Macau até esta sexta-feira, 13, mas tem agora de ficar de quarentena “no hotel indicado”, com todas as despesas suportadas por si.

Além deste homem, há mais duas pessoas que chegaram ontem a Macau vindas da Coreia do Sul. No total, são 74 as pessoas no território que estiveram em zonas de alto risco de infecção do Covid-19, sendo que apenas 25 cumprem o regime de quarentena na Pousada Marina Infante.

Leong Iek Hou garantiu que há uma rede de comunicação a funcionar que permite descobrir viajantes que prestem falsas declarações médicas. “Desde 2003 que Macau e as regiões vizinhas, através da Organização Mundial de Saúde, têm um mecanismo de comunicação e controlo. Não podemos saber se as pessoas que entram em Macau prestam declarações falsas, mas temos este mecanismo conjunto de controlo, pois podemos saber de onde veio a pessoa, qual o voo que apanhou e a partir daí prevenir as situações.”

TNR a regressar

Leong Iek Hou adiantou ontem, na conferência de imprensa diária sobre as medidas de combate ao Covid-19, que há 200 trabalhadores não residentes (TNR) que regressaram entretanto a Macau, existindo ainda 1171 TNR no local de isolamento em Zhuhai, destinado a controlar possíveis contágios.

“Apelámos várias vezes às Pequenas e Médias Empresas (PME) para prepararem alojamentos para os seus TNR de modo a evitar o seu cruzamento nas fronteiras. Vamos ajustar as medidas de acordo com a evolução da situação epidémica”, frisou.

A responsável declarou que o Governo continua a ser “exigente” com as medidas de combate ao surto pelo facto da propagação do Covid-19 no Ocidente estar longe de terminar.

“O número de casos no Interior da China está a abrandar, e estamos muito exigentes com as medidas [de combate] porque se registam cada vez mais casos no estrangeiro. Temos de garantir um equilíbrio entre todos os aspectos”, concluiu.

DST | Conselhos de viagem

Tendo em conta a implementação de medidas de quarentena por parte de vários países a viajantes oriundos de Macau, Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo, aconselhou ontem a quem queira viajar que se informe previamente junto dos canais oficiais. “Aviso a todos que as medidas e restrições adoptadas por outros países podem sofrer alterações. Se pretenderem viajar é sugerido que prestem atenção às informações e que se informem junto de consulados ou embaixadas de regiões vizinhas”, apontou.

Hubei | Ainda 121 residentes na região

Depois da primeira retirada de um grupo de 60 residentes de Macau que se encontravam na província de Hubei, permanecem ainda na região 121 residentes, mas ontem não foi avançada qualquer data para um possível segundo voo fretado. Em Macau permanecem 257 pessoas em quarentena na Pousada Marina Infante, das quais 232 são trabalhadores não residentes, 18 residentes e sete são turistas.

11 Mar 2020

Fronteira | Cidadão chinês mentiu sobre estadia na Coreia do Sul

Um homem com passaporte chinês prestou falsas declarações à chegada ao território, não tendo declarado a sua recente passagem pela Coreia do Sul, país considerado de alto risco no que à epidemia do Covid-19 diz respeito. O caso já foi entregue ao Ministério Público para mais investigação

 
[dropcap]U[/dropcap]m cidadão chinês prestou falsas declarações à chegada a Macau e corre o risco de ver ser-lhe aplicada uma pena de prisão de seis meses ou aplicação de uma multa de 120 dias. O caso, o primeiro a registar-se no território desde que a epidemia do Covid-19 teve início, está agora a ser investigado pelo Ministério Público (MP).
“No dia 9 de Março uma pessoa do Interior da China visitou a Coreia do Sul e nesse dia entrou em Macau através de Zhuhai. Essa pessoa já foi obrigada a fazer quarentena, e a prestação de falsas declarações constitui um crime”, disse Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM).
A responsável explicou que o turista em causa tinha previsto ficar em Macau até esta sexta-feira, 13, mas tem agora de ficar de quarentena “no hotel indicado”, com todas as despesas suportadas por si.
Além deste homem, há mais duas pessoas que chegaram ontem a Macau vindas da Coreia do Sul. No total, são 74 as pessoas no território que estiveram em zonas de alto risco de infecção do Covid-19, sendo que apenas 25 cumprem o regime de quarentena na Pousada Marina Infante.
Leong Iek Hou garantiu que há uma rede de comunicação a funcionar que permite descobrir viajantes que prestem falsas declarações médicas. “Desde 2003 que Macau e as regiões vizinhas, através da Organização Mundial de Saúde, têm um mecanismo de comunicação e controlo. Não podemos saber se as pessoas que entram em Macau prestam declarações falsas, mas temos este mecanismo conjunto de controlo, pois podemos saber de onde veio a pessoa, qual o voo que apanhou e a partir daí prevenir as situações.”

TNR a regressar

Leong Iek Hou adiantou ontem, na conferência de imprensa diária sobre as medidas de combate ao Covid-19, que há 200 trabalhadores não residentes (TNR) que regressaram entretanto a Macau, existindo ainda 1171 TNR no local de isolamento em Zhuhai, destinado a controlar possíveis contágios.
“Apelámos várias vezes às Pequenas e Médias Empresas (PME) para prepararem alojamentos para os seus TNR de modo a evitar o seu cruzamento nas fronteiras. Vamos ajustar as medidas de acordo com a evolução da situação epidémica”, frisou.
A responsável declarou que o Governo continua a ser “exigente” com as medidas de combate ao surto pelo facto da propagação do Covid-19 no Ocidente estar longe de terminar.
“O número de casos no Interior da China está a abrandar, e estamos muito exigentes com as medidas [de combate] porque se registam cada vez mais casos no estrangeiro. Temos de garantir um equilíbrio entre todos os aspectos”, concluiu.

DST | Conselhos de viagem

Tendo em conta a implementação de medidas de quarentena por parte de vários países a viajantes oriundos de Macau, Inês Chan, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo, aconselhou ontem a quem queira viajar que se informe previamente junto dos canais oficiais. “Aviso a todos que as medidas e restrições adoptadas por outros países podem sofrer alterações. Se pretenderem viajar é sugerido que prestem atenção às informações e que se informem junto de consulados ou embaixadas de regiões vizinhas”, apontou.

Hubei | Ainda 121 residentes na região

Depois da primeira retirada de um grupo de 60 residentes de Macau que se encontravam na província de Hubei, permanecem ainda na região 121 residentes, mas ontem não foi avançada qualquer data para um possível segundo voo fretado. Em Macau permanecem 257 pessoas em quarentena na Pousada Marina Infante, das quais 232 são trabalhadores não residentes, 18 residentes e sete são turistas.

11 Mar 2020

Ambiente | Defendidas multas pesadas para quem deixa máscaras nos trilhos 

O Instituto para os Assuntos Municipais declarou, na sexta-feira, que várias máscaras foram deixadas nos trilhos da Taipa e Coloane, alertando para a necessidade de preservar a saúde pública. A activista Annie Lao considera que a lei que decreta multas sobre o lixo ilegal não está a ser devidamente posta em prática e pede o reforço de medidas

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando o surto do Covid-19 disparou, a activista ambiental Annie Lao considerou que a disposição de máscaras nos caixotes do lixo constituía um risco para a saúde pública. Semanas depois, e numa altura em que Macau está há 34 dias sem novas infecções, as máscaras cirúrgicas continuam a ser descartadas, mas desta vez nos trilhos da Taipa e Coloane.

O alerta foi dado por um comunicado emitido pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) na última sexta-feita, e citado pelo portal Macau News. O IAM, além de alertar para os riscos deste comportamento, explicou ainda que este acto viola o regulamento dos espaços públicos, estando sujeito a uma multa que varia entre 300 a 600 patacas.

No entanto, a activista ambiental Annie Lao defende que a lei existe, mas não está a ser devidamente posta em prática. “O Governo deveria multar as pessoas por criarem lixo de forma irresponsável, incluindo aquelas que deitam fora máscaras descartáveis que podem transmitir doenças infecciosas ao público. Além disso, deve providenciar mais caixotes do lixo para a recolha dos resíduos nos trilhos”, defendeu.

Igualar penalizações

Para Annie Lao, é necessário equiparar as multas por lixo ilegal aos valores cobrados para quem estaciona em locais proibidos. “Para dizer a verdade nunca vi o Governo a emitir multas para quem faz disposição ilegal de lixo. Sugiro que se crie uma multa para esses casos que seja tão eficiente como aquela que é aplicada a quem estaciona em sítios proibidos nas ruas.”

Contudo, adiantou a activista, “não há estatísticas sobre quantas vezes o Governo penalizou pessoas por deitarem lixo fora indevidamente. A lei já existe, mas o Governo não faz o devido reforço, comparando com as medidas face ao estacionamento ilegal, por exemplo”.

No comunicado emitido na sexta-feira, o IAM adiantou que “as pessoas devem ser responsáveis e proteger as zonas de trilhos”, sendo sugerido aos ciclistas e amantes de caminhadas que optem pela zona de lazer à entrada da Taipa ou pelo percurso na Estrada do Dique Oeste, em Coloane.

10 Mar 2020

Ambiente | Defendidas multas pesadas para quem deixa máscaras nos trilhos 

O Instituto para os Assuntos Municipais declarou, na sexta-feira, que várias máscaras foram deixadas nos trilhos da Taipa e Coloane, alertando para a necessidade de preservar a saúde pública. A activista Annie Lao considera que a lei que decreta multas sobre o lixo ilegal não está a ser devidamente posta em prática e pede o reforço de medidas

 
[dropcap]Q[/dropcap]uando o surto do Covid-19 disparou, a activista ambiental Annie Lao considerou que a disposição de máscaras nos caixotes do lixo constituía um risco para a saúde pública. Semanas depois, e numa altura em que Macau está há 34 dias sem novas infecções, as máscaras cirúrgicas continuam a ser descartadas, mas desta vez nos trilhos da Taipa e Coloane.
O alerta foi dado por um comunicado emitido pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) na última sexta-feita, e citado pelo portal Macau News. O IAM, além de alertar para os riscos deste comportamento, explicou ainda que este acto viola o regulamento dos espaços públicos, estando sujeito a uma multa que varia entre 300 a 600 patacas.
No entanto, a activista ambiental Annie Lao defende que a lei existe, mas não está a ser devidamente posta em prática. “O Governo deveria multar as pessoas por criarem lixo de forma irresponsável, incluindo aquelas que deitam fora máscaras descartáveis que podem transmitir doenças infecciosas ao público. Além disso, deve providenciar mais caixotes do lixo para a recolha dos resíduos nos trilhos”, defendeu.

Igualar penalizações

Para Annie Lao, é necessário equiparar as multas por lixo ilegal aos valores cobrados para quem estaciona em locais proibidos. “Para dizer a verdade nunca vi o Governo a emitir multas para quem faz disposição ilegal de lixo. Sugiro que se crie uma multa para esses casos que seja tão eficiente como aquela que é aplicada a quem estaciona em sítios proibidos nas ruas.”
Contudo, adiantou a activista, “não há estatísticas sobre quantas vezes o Governo penalizou pessoas por deitarem lixo fora indevidamente. A lei já existe, mas o Governo não faz o devido reforço, comparando com as medidas face ao estacionamento ilegal, por exemplo”.
No comunicado emitido na sexta-feira, o IAM adiantou que “as pessoas devem ser responsáveis e proteger as zonas de trilhos”, sendo sugerido aos ciclistas e amantes de caminhadas que optem pela zona de lazer à entrada da Taipa ou pelo percurso na Estrada do Dique Oeste, em Coloane.

10 Mar 2020

Covid-19 | Governo mantém plano de fornecimento de máscaras apesar de não existirem novos infectados

Apesar de Macau estar há 34 dias sem novos casos de infecção com o Covid-19, o Governo continua a exigir o uso de máscara tendo em conta a rápida propagação da epidemia fora da Ásia. Numa altura em que começam a faltar máscaras na Europa, as autoridades asseguram a continuação da importação e do fornecimento

 

[dropcap]P[/dropcap]restes a terminar a quinta ronda de fornecimento de máscaras à população, o Governo promete uma sexta ronda e exige a continuação do uso deste tipo de material, mesmo que o território esteja sem novos casos de infecção há 34 dias. A informação foi avançada ontem por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Leong Iek Hou, em conferência de imprensa.

“De acordo com o nosso plano vamos lançar a sexta ronda de máscaras, mas só vamos anunciar os detalhes no último dia da quinta ronda. Neste momento continuamos a comprar máscaras e todos os dias há novas máscaras a chegar”, frisou. Os novos detalhes da sexta ronda serão, assim, avançados esta quinta-feira, dia 12.

Questionada sobre o facto deste tipo de material começar a escassear na Europa, onde o número de novos casos de infecção não pára de aumentar, Leong Iek Hou afastou qualquer tipo de preocupação.

“É cada vez mais difícil adquirir máscaras e no exterior é proibido a exportação, mas vamos continuar a procurar fontes para adquirir máscaras”, disse a responsável, que deixou claro que a situação em Macau está controlada devido, precisamente, ao uso de protecção facial por parte das pessoas.

“Podemos acompanhar a evolução da epidemia a nível mundial e achamos que não estamos no momento oportuno para retirar as máscaras. Os cidadãos devem persistir com as medidas anunciadas. Há 34 dias que não há novos casos de infecção, mas isso deve-se à persistência de toda a população e às medidas tomadas”, acrescentou Leong Iek Hou.

Ao sabor do tempo

A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos SSM não conseguiu dar uma previsão sobre se o fornecimento de máscaras deverá manter-se até ao final do ano ou se será cancelado antes.

“Esta doença é imprevisível e há diversas opiniões. No exterior a situação continua muito grave e, além disso, continuam a existir alterações e mudanças e ninguém consegue assegurar quando é que a epidemia vai terminar.”

Alvis Lo, médico infecciologista dos SSM, declarou que as autoridades estão agora focadas no controlo da doença vinda do exterior. “Estamos sempre a preparar-nos para o pior cenário e não sabemos o que vamos encontrar amanhã. Estamos a prevenir a importação de casos não apenas de Hubei mas a nível mundial. Estamos bem preparados e o sistema médico também está preparado.”

Além das máscaras fornecidas a quem vive no território, o Governo prepara-se para distribuir máscaras aos alunos que se encontram a frequentar cursos do ensino superior no exterior. Até às 17h00 do dia 12 de Março, estes podem inscrever-se online junto da Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES). Chan Iok Wai, representante deste organismo público, adiantou que os Correios criaram um balcão especial para a distribuição de máscaras aos familiares destes estudantes junto ao Instituto Politécnico de Macau. Até ao dia de ontem, 1200 estudantes estavam inscritos.

Relativamente aos residentes de Macau que regressaram este sábado de Hubei num voo fretado estão em situação estável. Serão realizados testes pela segunda vez esta sexta-feira, sendo ainda feito um terceiro teste no 13º dia depois da viagem.

Tailândia | Voos cancelados

Inês Chan, representa da Direcção dos Serviços de Turismo, adiantou ontem na habitual conferência de imprensa diária sobre o novo coronavírus de que não há voos ou excursões para a Tailândia, tendo em conta que as autoridades do país decidiram impor quarentena a todos os turistas oriundos de Macau. “Só verificamos algumas informações nos media, neste momento não há excursões para a Tailândia e não vão haver nos próximos dias. Há alguns voos para Banguecoque, mas para outras cidades da Tailândia já foram cancelados todos os voos”, frisou.

Regressados de Itália em quarentena

Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos SSM, adiantou ontem que há, neste momento, quatro pessoas regressadas de Itália em regime de quarentena. No total, são 71 pessoas nesta situação, regressadas também de países onde o foco do vírus é elevado, como é o caso, além da Itália, da Coreia do Sul e Irão. Um total de 45 pessoas cumprem residência nas suas casas, enquanto que 24 se encontram na Pousada Marina Infante.

10 Mar 2020

Covid-19 | Governo mantém plano de fornecimento de máscaras apesar de não existirem novos infectados

Apesar de Macau estar há 34 dias sem novos casos de infecção com o Covid-19, o Governo continua a exigir o uso de máscara tendo em conta a rápida propagação da epidemia fora da Ásia. Numa altura em que começam a faltar máscaras na Europa, as autoridades asseguram a continuação da importação e do fornecimento

 
[dropcap]P[/dropcap]restes a terminar a quinta ronda de fornecimento de máscaras à população, o Governo promete uma sexta ronda e exige a continuação do uso deste tipo de material, mesmo que o território esteja sem novos casos de infecção há 34 dias. A informação foi avançada ontem por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Leong Iek Hou, em conferência de imprensa.
“De acordo com o nosso plano vamos lançar a sexta ronda de máscaras, mas só vamos anunciar os detalhes no último dia da quinta ronda. Neste momento continuamos a comprar máscaras e todos os dias há novas máscaras a chegar”, frisou. Os novos detalhes da sexta ronda serão, assim, avançados esta quinta-feira, dia 12.
Questionada sobre o facto deste tipo de material começar a escassear na Europa, onde o número de novos casos de infecção não pára de aumentar, Leong Iek Hou afastou qualquer tipo de preocupação.
“É cada vez mais difícil adquirir máscaras e no exterior é proibido a exportação, mas vamos continuar a procurar fontes para adquirir máscaras”, disse a responsável, que deixou claro que a situação em Macau está controlada devido, precisamente, ao uso de protecção facial por parte das pessoas.
“Podemos acompanhar a evolução da epidemia a nível mundial e achamos que não estamos no momento oportuno para retirar as máscaras. Os cidadãos devem persistir com as medidas anunciadas. Há 34 dias que não há novos casos de infecção, mas isso deve-se à persistência de toda a população e às medidas tomadas”, acrescentou Leong Iek Hou.

Ao sabor do tempo

A coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos SSM não conseguiu dar uma previsão sobre se o fornecimento de máscaras deverá manter-se até ao final do ano ou se será cancelado antes.
“Esta doença é imprevisível e há diversas opiniões. No exterior a situação continua muito grave e, além disso, continuam a existir alterações e mudanças e ninguém consegue assegurar quando é que a epidemia vai terminar.”
Alvis Lo, médico infecciologista dos SSM, declarou que as autoridades estão agora focadas no controlo da doença vinda do exterior. “Estamos sempre a preparar-nos para o pior cenário e não sabemos o que vamos encontrar amanhã. Estamos a prevenir a importação de casos não apenas de Hubei mas a nível mundial. Estamos bem preparados e o sistema médico também está preparado.”
Além das máscaras fornecidas a quem vive no território, o Governo prepara-se para distribuir máscaras aos alunos que se encontram a frequentar cursos do ensino superior no exterior. Até às 17h00 do dia 12 de Março, estes podem inscrever-se online junto da Direcção dos Serviços do Ensino Superior (DSES). Chan Iok Wai, representante deste organismo público, adiantou que os Correios criaram um balcão especial para a distribuição de máscaras aos familiares destes estudantes junto ao Instituto Politécnico de Macau. Até ao dia de ontem, 1200 estudantes estavam inscritos.
Relativamente aos residentes de Macau que regressaram este sábado de Hubei num voo fretado estão em situação estável. Serão realizados testes pela segunda vez esta sexta-feira, sendo ainda feito um terceiro teste no 13º dia depois da viagem.

Tailândia | Voos cancelados

Inês Chan, representa da Direcção dos Serviços de Turismo, adiantou ontem na habitual conferência de imprensa diária sobre o novo coronavírus de que não há voos ou excursões para a Tailândia, tendo em conta que as autoridades do país decidiram impor quarentena a todos os turistas oriundos de Macau. “Só verificamos algumas informações nos media, neste momento não há excursões para a Tailândia e não vão haver nos próximos dias. Há alguns voos para Banguecoque, mas para outras cidades da Tailândia já foram cancelados todos os voos”, frisou.

Regressados de Itália em quarentena

Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos SSM, adiantou ontem que há, neste momento, quatro pessoas regressadas de Itália em regime de quarentena. No total, são 71 pessoas nesta situação, regressadas também de países onde o foco do vírus é elevado, como é o caso, além da Itália, da Coreia do Sul e Irão. Um total de 45 pessoas cumprem residência nas suas casas, enquanto que 24 se encontram na Pousada Marina Infante.

10 Mar 2020

Os casos de quarentena em Portugal

Quando o Covid-19 começou a afectar a China, muitos cidadãos chineses a residir em Portugal optaram por fazer quarentena voluntária, mesmo sem sintomas. Mas com 28 casos confirmados em Portugal, esse cenário já se estende aos portugueses. Governo desaconselha viagens ao Norte do país e algumas escolas foram encerradas

 

[dropcap]O[/dropcap] alerta soou no passado dia 2 de Março. O escritor chileno Luís Sepúlveda foi diagnosticado com o novo coronavírus Covid-19 depois de ter passado pelo festival literário Correntes D’Escritas, na Póvoa do Varzim, o que obrigou várias personalidades do meio literário a ficarem de quarentena em casa por precaução. Iniciava-se, assim, um cenário que, no início da epidemia, se cingia quase exclusivamente aos cidadãos oriundos da China e a viver em Portugal, que se fechavam em casa mesmo sem sintomas.

Com cada vez mais casos de infecção por Covid-19 em Portugal, há cada vez mais portugueses em alerta e a optarem pelo isolamento social. Francisco José Viegas, escritor e ex-secretário de Estado da Cultura, foi uma das pessoas que se cruzou com Luís Sepúlveda. Ao HM, por e-mail, Francisco José Viegas confessa que está a viver em regime de quarentena com toda a tranquilidade.

“Percebi que havia necessidade de o fazer quando a empresa onde trabalho (no grupo Porto Editora) me lembrou, com inteira sensatez, que eu tinha estado em contacto com o Luís Sepúlveda. Depois, eu próprio falei com o serviço Saúde24, que foi extremamente simpático naquela hora, e desdramatizador. E decidimos que, por precaução, devia ficar em casa.”

Para o escritor, estar em casa não é uma novidade. “Trabalho de casa, que é uma coisa que eu gosto de fazer e que não é uma experiência nova. Mais uns dias e espero regressar sem qualquer tipo de suspeita. Confesso que, pessoalmente, nunca fiquei realmente preocupado e evito falar do assunto. Acho que há um alarme enorme, justificado, mas ampliado até ao exagero – só que nunca se sabe, claro”, disse ainda.

Com um novo romance nas bancas, intitulado “A Luz de Pequim”, Francisco José Viegas diz encontrar aqui uma ligação a tudo o que está a acontecer. “Quando publiquei o romance em Novembro nunca imaginei que os meses a seguir iriam estar tão ligados a isto tudo. Na verdade, estive em Pequim a passar o Natal. A minha mulher, que está em Portugal desde o início de Janeiro, trabalha em Pequim, onde é professora. Estamos os dois em casa.”

Quem também andou pelo festival Correntes D’Escritas foi o escritor Rui Zink, que também tem estado a fazer quarentena voluntária. Ainda assim, o autor fala de algum “exagero” em toda a situação. “Não tive efeitos alguns, deixei de ir a restaurantes e evitei contactar quem tivesse familiares pequenos ou idosos. Creio que foi uma notícia falsa, precipitada, e acho que o hospital asturiano devia rever o seu diagnóstico”, disse, numa referência ao diagnóstico feito a Sepúlveda num hospital espanhol.

À conversa com Sepúlveda

Sara Figueiredo Costa é jornalista freelancer e conversou pessoalmente com Luís Sepúlveda no festival literário da Póvoa do Varzim, onde esteve entre os dias 18 e 21 de Fevereiro. “Estávamos ao ar livre, sim, mas suficientemente perto um do outro para me fazer soar o alarme uns dias mais tarde, quando soube que ele estava doente”, contou ao HM.

Quando ligou para a linha Saúde 24, ligada ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), Sara não foi aconselhada, de imediato, a fazer quarentena em casa. “Disseram-me para lavar bem as mãos, evitar aproximar-me de outras pessoas (mantendo um metro de distância) e monitorizar os sintomas, medindo a temperatura duas vezes por dia. Perguntei se não devia isolar-me em casa e disseram-me que naquele momento não tinham indicações para a quarentena. Apesar do que me foi dito, pareceu-me lógico que tinha de ficar em casa até cumprir os quinze dias sobre a última vez que estive com o Luís Sepúlveda, no dia 20.”

Para a jornalista, habituada a trabalhar a partir de casa em regime freelancer, esta não é uma situação completamente desconhecida. “Trabalhar a partir de casa não é novo para mim, já que sou jornalista freelancer, portanto a rotina não é muito diferente da dos dias em que estou em casa a ler e a escrever. A diferença é que tive de cancelar reuniões e algumas entrevistas, por motivos óbvios, mas o trabalho decorre sem grandes abalos. A parte de não poder sair tem o seu efeito psicológico, claro, mas ir à varanda apanhar ar e ver o céu ajuda a mitigar essa parte. Pior é não saber se vai haver sintomas e, pior ainda, não saber se posso ter contaminado alguma das pessoas com quem estive nos dias em que não sabia que podia ser transmissora de um vírus.”

Sara Figueiredo Costa acredita que “seria bom encontrar um equilíbrio entre a histeria desinformada – e tantas vezes xenófoba – dos programas televisivos e de alguma imprensa, que clamam que vem aí o ‘vírus da China’ e que vamos todos morrer, e o modo desinteressado com que tanta gente olha para isto, assumindo que não é assim tão grave – apesar do que temos visto e lido nas últimas semanas sobre o que se passa na China.”

A jornalista destaca ainda uma reacção tardia das autoridades portuguesas. “Seria igualmente bom que as instituições portuguesas tivessem aproveitado a janela temporal das últimas semanas, quando já era óbvio que o vírus não ia ficar quietinho na Ásia, e tivessem feito um plano de prevenção e contenção em condições. Se calhar, fizeram – quero mesmo acreditar que sim – mas não está a chegar aos cidadãos, ou só estará a chegar a alguns, e isso não é nada apaziguador.”

Escolas em alerta

Pedro Silva, professor na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE) do Instituto Politécnico do Porto, foi um dos primeiros portugueses em território nacional a ser diagnosticado com o Covid-19, algo que aconteceu depois de uma viagem a Itália. Nas redes sociais, a esposa do docente escreveu que, até ao momento, a situação é estável.

“[O professor] encontra-se actualmente sob vigilância, de boa saúde e sem sintomas. A família está bem e todos os colegas que estiveram em contacto com ele estão em quarentena e serão testados caso comecem a demonstrar sintomas, o que ainda não aconteceu”, pode ler-se.

Pedro Silva deu uma aula na Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), na cidade da Covilhã, mas, até ao momento, apenas os alunos que participaram na sua aula estão de quarentena, conforme contou ao HM Tatiana Figueiredo, aluna da instituição de ensino superior, que optou por não ficar em casa.

“Não vamos deixar de ter aulas. Tivemos uma masterclass com dois professores de fora, e um deles foi o professor que está agora infectado. Os alunos que estiveram com ele na sala de aula estão de quarentena, e a escola continua aberta. Não tenho sintomas e a maior parte dos alunos não tem sintomas, e não sei se o director da escola nos vai justificar as faltas”, confessou.

Há ainda outras instituições do ensino superior em alerta relativamente ao Covid-19, como é o caso da Escola Superior de Música de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa, onde o professor infectado chegou a dar aulas. Numa nota enviada aos alunos, a que o HM teve acesso, lê-se que é recomendável a quarentena a potenciais casos de infecção.

“Por precaução, recomendamos a todos os professores, funcionários que estudantes que viajaram nas últimas duas semanas entre países europeus e não-europeus afectados pelo Covid-19 que não venham à escola por nenhum motivo, seja aulas, ensaios ou outros, devendo permanecer em casa durante os próximos dias.”

Também a Universidade do Minho, em Braga, resolveu encerrar um campus universitário depois de ser detectado um caso de infecção. No que diz respeito ao ensino não superior, há nesta altura seis turmas, professores e funcionários de quarentena em duas escolas da Amadora, perto de Lisboa, depois de uma professora ter sido diagnosticada com o novo coronavírus. Em comunicado, o Agrupamento de Escolas Pioneiras da Aviação Portuguesa, ao qual pertence a Escola Básica 2/3 Roque Gameiro e Escola Secundária da Amadora, refere que uma professora esteve de férias em Milão, Itália, na semana passada, e regressou à escola para dar aulas no fim da semana passada.

Com 21 casos diagnosticados, Portugal anunciou no sábado mais medidas preventivas, como a suspensão de visitas a hospitais, lares de idosos e prisões na zona Norte do país, além de se recomendar o adiamento de eventos sociais.

9 Mar 2020

ATFPM | Contra mudança de inspecções para edifício Fórum Macau 

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), enviou uma carta a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, onde fala dos “elevados riscos inerentes à transferência dos trabalhos de controlo e inspecção dos visitantes das Portas do Cerco para o Fórum de Macau”. Para Pereira Coutinho, as inspecções a quem chega a Macau devem continuar a ser feitas no Campo dos Operários.

“Solicitamos que seja reconsiderada esta proposta de deslocação para uma zona com alta densidade populacional, mantendo-se a anterior opção para resolver os casos suspeitos à entrada no território, tal como é feito a nível internacional, para diminuir os riscos de propagação e eventual perda de vidas.”

Na carta, é referido que “a permissão de aumento de número de turistas contradita as instruções das autoridades sanitárias de evitar uma concentração de pessoas em espaços públicos, mesmo nos restaurantes”.

Além disso, o presidente da ATFPM considera que “a deslocação das centenas, senão milhares, de pessoas [do Campo dos Operários] para o Fórum de Macau constitui um elevado risco para aquela zona habitacional com uma elevada densidade populacional, onde se destaca o Centro Habitacional Internacional e o dormitório dos estudantes do Instituto Politécnico de Macau, além de uma grande quantidade de empresas de restauração e PMES”.

A ATFPM chama também a atenção para “os elevados riscos de propagação do Covid-19 dentro dos autocarros durante o trajecto”, sendo necessária a “garantia de que não haja fuga dos suspeitos [de infecção] desde as Portas do Cerco até ao edifício Fórum Macau”.

6 Mar 2020

ATFPM | Contra mudança de inspecções para edifício Fórum Macau 

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), enviou uma carta a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, onde fala dos “elevados riscos inerentes à transferência dos trabalhos de controlo e inspecção dos visitantes das Portas do Cerco para o Fórum de Macau”. Para Pereira Coutinho, as inspecções a quem chega a Macau devem continuar a ser feitas no Campo dos Operários.
“Solicitamos que seja reconsiderada esta proposta de deslocação para uma zona com alta densidade populacional, mantendo-se a anterior opção para resolver os casos suspeitos à entrada no território, tal como é feito a nível internacional, para diminuir os riscos de propagação e eventual perda de vidas.”
Na carta, é referido que “a permissão de aumento de número de turistas contradita as instruções das autoridades sanitárias de evitar uma concentração de pessoas em espaços públicos, mesmo nos restaurantes”.
Além disso, o presidente da ATFPM considera que “a deslocação das centenas, senão milhares, de pessoas [do Campo dos Operários] para o Fórum de Macau constitui um elevado risco para aquela zona habitacional com uma elevada densidade populacional, onde se destaca o Centro Habitacional Internacional e o dormitório dos estudantes do Instituto Politécnico de Macau, além de uma grande quantidade de empresas de restauração e PMES”.
A ATFPM chama também a atenção para “os elevados riscos de propagação do Covid-19 dentro dos autocarros durante o trajecto”, sendo necessária a “garantia de que não haja fuga dos suspeitos [de infecção] desde as Portas do Cerco até ao edifício Fórum Macau”.

6 Mar 2020

Wong Kit Cheng questiona prazos de edifício de Doenças Transmissíveis 

[dropcap]O[/dropcap] Governo vai ter de se deslocar à Assembleia Legislativa (AL) para dar explicações sobre a construção do novo Edifício de Doenças Transmissíveis, um projecto iniciado pelo anterior Executivo, quando Alexis Tam ainda era secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

A deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo sobre o assunto, tendo em conta a epidemia do Covid-19. “Segundo os Serviços de Saúde de Macau (SSM), o projecto do Edifício de Doenças Transmissíveis já está definido e as obras já foram iniciadas. Na realidade, ainda não foi aberto o concurso público para as obras da superestrutura. Qual a calendarização para a construção do edifício? Segundo as previsões, quando é que o mesmo vai entrar em funcionamento?”, questiona.

A deputada alerta ainda para o facto de não existirem datas concretas para a inauguração e entrada em funcionamento do novo hospital. “A data da conclusão do Complexo de Cuidados de Saúde nas Ilhas foi adiada várias vezes. Até ao momento, só se prevê a conclusão das obras da estrutura principal em Agosto de 2022, e que não se sabe quanto é que o Complexo vai funcionar.”

Nesse sentido, Wong Kit Cheng deseja saber qual é o planeamento geral em termos de infra-estruturas de saúde por parte dos SSM. “Atendendo à incerteza das doenças contagiosas e ao aumento constante da população habitual e de turistas, o Governo vai esclarecer a sociedade sobre o planeamento geral das instalações de doenças contagiosas? Na sequência desta epidemia, como é que o Governo vai continuar a aperfeiçoar os trabalhos de prevenção de doenças contagiosas?”

Falta de instalações

Com o aparecimento de dez casos em Macau de infecção por Covid-19, o Governo teve de recorrer à Pousada Marina Infante, no Cotai, para colocar turistas de risco. Para Wong Kit Cheng, esta é a prova de que não existem camas suficientes para dar resposta a este tipo de casos.

“Nesta epidemia o Governo aproveitou um hotel emprestado para a observação preliminar e isolamento e, na tarde de 4 de Fevereiro, foram lá acolhidas, ao mesmo tempo, 70 pessoas, o que demonstra que é premente construir o Edifício de Doenças Transmissíveis e aperfeiçoar as instalações. Há que ter uma visão prospectiva neste âmbito.”

Wong Kit Cheng acrescenta ainda que “olhando para as instalações de prevenção de doenças contagiosas, existem agora pouco mais de 100 camas (segundo as informações divulgadas, 44 no Hospital Conde de São Januário e 60 no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane), portanto essas instalações não são suficientes”, rematou.

6 Mar 2020

Filipinas | Cidadãos relatam dificuldades impostas com a proibição de voos para Macau e HK

A decisão do Governo das Filipinas de suspender voos para Macau e Hong Kong, devido à epidemia do Covid-19, causou enormes constrangimentos aos cidadãos do país, que se viram impossibilitados de viajar, sem ordenado e em risco de perder o emprego. O HM falou com três deles, um a trabalhar em Hong Kong, que assumem ser complicado regressar, mesmo que a suspensão de voar tenha sido cancelada, uma vez que é difícil comprar voos directos

 

[dropcap]R[/dropcap]oss Belle Santos constatou que nenhuma individualidade ou entidade estava a ajudar os seus co-cidadãos que trabalham em Macau, por oposição às acções de apoio a quem trabalha em Hong Kong, e decidiu agir. Com a ajuda de Jassy Santos, presidente da União Progressiva do Trabalho dos Trabalhadores Domésticos, Ross escreveu uma carta endereçada a Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas, enviada através do consulado-geral das Filipinas em Macau. A mesma carta foi endereçada também a Silvestre H.Bello, Secretário do Departamento do Trabalho e Emprego de Intramuros, em Manila.

Na missiva, pedia-se o cancelamento da suspensão repentina de voos para as duas regiões administrativas especiais da China, algo que foi efectivado no passado dia 19 de Fevereiro.

“Todos nós temos estado presos no nosso país depois de uma suspensão dos voos para Macau imposta a 2 de Fevereiro. Infelizmente, alguns de nós deixaram as suas famílias e patrões em Macau. Tendo em conta esta decisão, gostaríamos de requerer assistência junto do seu gabinete”, começa assim a carta a que o HM teve acesso. “Esperamos que, no nosso caso, a suspensão de voos seja encurtada e levantada o mais depressa possível”, lê-se ainda.

Para Ross Belle Santos, cujo marido ainda se encontra nas Filipinas sem conseguir viajar, esta carta foi o motor de arranque para alterar uma situação que deixou muitos co-cidadãos seus numa situação aflitiva.

“Fui para casa [nas Filipinas] no dia 31 de Janeiro e era suposto regressar [a Macau] a 2 de Fevereiro. De repente disseram-me, quando estava a fazer o check-in, que não podia embarcar. Não havia quaisquer directivas mas havia uma decisão do Governo de suspender os voos”, contou Ross Belle Santos ao HM.

Ross Belle, que trabalha na área dos cuidados de saúde, conseguiu entretanto voltar, mas espera ainda pelo marido e pelos filhos. “Tivemos de cancelar todos os nossos planos. Esta separação está a ser muito difícil e causa-me uma grande ansiedade. Além disso há a questão financeira, porque não temos dinheiro suficiente para nos sustentar. Tem sido difícil arranjar dinheiro para toda a família porque sabem que eu não tenho trabalho. Sentimos muitos constrangimentos.”

Ross Belle Santos diz ser uma “sortuda” por manter o seu emprego. Deveria ter regressado ontem ao trabalho, mas começou com sintomas de constipação e teve de adiar esse regresso. Para ela, a carta enviada às autoridades filipinas foi decisiva para alterar a situação de milhares de trabalhadores migrantes que se viram impedidos de voar para Macau, Hong Kong e Taiwan.

“Nos dias em que os voos estavam suspensos, todos os filipinos ficaram presos no país e havia uma petição para os trabalhadores em Hong Kong, mas ninguém deu apoio aos trabalhadores de Macau. Criámos um grupo [de apoio] mas foi difícil para mim, pois em Macau alguns líderes da comunidade filipina conhecem-me e podem compreender mal as minhas acções. Podem achar que estou contra eles, porque não estão a fazer a sua parte e eu estou a tentar fazer alguma coisa.”

Pesos insuficientes

Apesar de já conseguirem voar para os territórios onde trabalham, os filipinos que ainda se encontram no país continuam a não conseguir marcar voos e a passar por dificuldades económicas. “A suspensão de voos foi levantada, mas continuam a não estar disponíveis voos directos para Macau”, disse a mulher que recebeu 10 mil pesos [cerca de 1.600 patacas] como apoio cedido pelo Governo de Duterte para todos aqueles que não conseguiram viajar para Macau, Hong Kong e Taiwan.

A ajuda financeira está a ser operacionalizada pelo fundo da agência Overseas Workers Welfare Administration (OWWA), ligada ao Departamento do Trabalho e Emprego do Governo e que funciona não apenas como um sistema de segurança social, mas também como seguradora.

Contudo, esse dinheiro não chega para tudo, tendo em conta a ausência de salário, isto porque Ross Belle Santos está em regime de licença sem vencimento. “O dinheiro não é suficiente, porque gastámos quase esse montante [em transportes]. Essa assistência foi mesmo apenas para os transportes.”

Joe [nome fictício] estava ainda em Manila quando começou a conversar com o HM, mas, à hora do fecho desta edição, já se encontrava a viajar para a RAEM via Tailândia, uma vez que não conseguiu apanhar um voo directo.

Joe relata os constrangimentos no acesso a serviços públicos pelos quais passou ao ser cidadão do país e, ao mesmo tempo, um trabalhador estrangeiro. “Eles dão-nos 10 mil pesos como apoio financeiro, mas não é suficiente para suportar as necessidades da minha família. Para um mês obtive 3.000 pesos de uma outra seguradora e 10.000 da OWWA, no total foram 13.000 pesos de duas agências governamentais diferentes.

No entanto, a minha experiência [com os serviços públicos] foi má, porque paguei cerca de 200 pesos pelos documentos oficiais. Todas as minhas despesas relacionadas com este assunto chegaram aos 1000 pesos”, relata.

Medida não estudada

O que mais desagrada à comunidade filipina nesta situação é o facto de as autoridades do seu país terem tomado uma decisão sem avaliar as consequências. “O efeito da suspensão dos voos junto dos trabalhadores migrantes filipinos não foi estudado e há muitos trabalhadores e respectivas famílias que dependem do trabalho no estrangeiro”, disse ao HM Sheilla Grace Estrada, representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Hong Kong.

Johan, natural da região de Visayas e trabalhadora em Hong Kong, ainda se encontra nas Filipinas num impasse. “A suspensão de voos foi cancelada, mas o nosso grande problema é que não podemos regressar para os nossos postos de trabalho, uma vez que as companhias aéreas onde adquirimos os bilhetes de avião não estão a operar os voos”, contou ao HM.

“Para nós é difícil continuarmos aqui sem um salário, precisamos de um ordenado mensal para alimentar as bocas de quem depende de nós, os nossos familiares. Todos os dias rezo e espero que os serviços das nossas companhias aéreas locais, como a Cebu Pacific Air ou Phillippines Airlines, possam voltar a operar os voos para que possamos voltar”, acrescentou Johan.

Johan diz que, para já, espera manter o seu trabalho, uma vez que a família para a qual trabalha estendeu o seu período de férias no Japão. “Deveríamos estar felizes por estar mais tempo com as nossas famílias, mas em vez disso estamos extremamente preocupados com a possibilidade de perdermos o nosso emprego. Há muitos patrões que não percebem a nossa situação e porque é que ainda não voltámos”, frisou.

Johan também refere que os 10 mil pesos atribuídos por Duterte não chegam para as despesas. “Não temos dinheiro para comprar outro bilhete de avião numa companhia aérea diferente, uma vez que a companhia área que escolhemos não voa para Macau e Hong Kong. O Governo deveria ter uma opção alternativa, uma opção para os trabalhadores que estão parados e que não ganham dinheiro por estarem presos [no país].”

Johan não tem dúvidas de que o Governo de Rodrigo Duterte “tomou uma decisão abrupta de impor a suspensão dos voos com efeito imediato sem pensar ou estudar sequer os efeitos nos trabalhadores migrantes”. Esta trabalhadora conta que os patrões decidiram ajudá-la e comprar-lhe o bilhete de avião, algo que lhe poderia custar mais 3 mil pesos, só ida, mais do dobro do que lhe custou um bilhete normal directo.

Estima-se que cerca de 300 trabalhadores filipinos de Macau estejam a tentar voltar ao território. A 19 de Fevereiro foi anunciado, pelo subsecretário do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, Brigido Dulay, nas redes sociais, que os trabalhadores não residentes em Macau e Hong Kong teriam direito a regressar aos seus postos de trabalho.

“Hoje [ontem], a vontade do secretário dos Negócios Estrangeiros Sec Locsin tornou-se realidade. Os trabalhadores filipinos no estrangeiro que precisam de regressar ao trabalho em Hong Kong e Macau foram isentos da proibição de viajar pela IATF-EID [Inter-Agency Task Force on Emerging Infectious Diseases], e sujeitos a certas formalidades processuais”, escreveu Brigido Dulay no Twitter, citado pelo jornal Ponto Final.

6 Mar 2020

Filipinas | Cidadãos relatam dificuldades impostas com a proibição de voos para Macau e HK

A decisão do Governo das Filipinas de suspender voos para Macau e Hong Kong, devido à epidemia do Covid-19, causou enormes constrangimentos aos cidadãos do país, que se viram impossibilitados de viajar, sem ordenado e em risco de perder o emprego. O HM falou com três deles, um a trabalhar em Hong Kong, que assumem ser complicado regressar, mesmo que a suspensão de voar tenha sido cancelada, uma vez que é difícil comprar voos directos

 
[dropcap]R[/dropcap]oss Belle Santos constatou que nenhuma individualidade ou entidade estava a ajudar os seus co-cidadãos que trabalham em Macau, por oposição às acções de apoio a quem trabalha em Hong Kong, e decidiu agir. Com a ajuda de Jassy Santos, presidente da União Progressiva do Trabalho dos Trabalhadores Domésticos, Ross escreveu uma carta endereçada a Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas, enviada através do consulado-geral das Filipinas em Macau. A mesma carta foi endereçada também a Silvestre H.Bello, Secretário do Departamento do Trabalho e Emprego de Intramuros, em Manila.
Na missiva, pedia-se o cancelamento da suspensão repentina de voos para as duas regiões administrativas especiais da China, algo que foi efectivado no passado dia 19 de Fevereiro.
“Todos nós temos estado presos no nosso país depois de uma suspensão dos voos para Macau imposta a 2 de Fevereiro. Infelizmente, alguns de nós deixaram as suas famílias e patrões em Macau. Tendo em conta esta decisão, gostaríamos de requerer assistência junto do seu gabinete”, começa assim a carta a que o HM teve acesso. “Esperamos que, no nosso caso, a suspensão de voos seja encurtada e levantada o mais depressa possível”, lê-se ainda.
Para Ross Belle Santos, cujo marido ainda se encontra nas Filipinas sem conseguir viajar, esta carta foi o motor de arranque para alterar uma situação que deixou muitos co-cidadãos seus numa situação aflitiva.
“Fui para casa [nas Filipinas] no dia 31 de Janeiro e era suposto regressar [a Macau] a 2 de Fevereiro. De repente disseram-me, quando estava a fazer o check-in, que não podia embarcar. Não havia quaisquer directivas mas havia uma decisão do Governo de suspender os voos”, contou Ross Belle Santos ao HM.
Ross Belle, que trabalha na área dos cuidados de saúde, conseguiu entretanto voltar, mas espera ainda pelo marido e pelos filhos. “Tivemos de cancelar todos os nossos planos. Esta separação está a ser muito difícil e causa-me uma grande ansiedade. Além disso há a questão financeira, porque não temos dinheiro suficiente para nos sustentar. Tem sido difícil arranjar dinheiro para toda a família porque sabem que eu não tenho trabalho. Sentimos muitos constrangimentos.”
Ross Belle Santos diz ser uma “sortuda” por manter o seu emprego. Deveria ter regressado ontem ao trabalho, mas começou com sintomas de constipação e teve de adiar esse regresso. Para ela, a carta enviada às autoridades filipinas foi decisiva para alterar a situação de milhares de trabalhadores migrantes que se viram impedidos de voar para Macau, Hong Kong e Taiwan.
“Nos dias em que os voos estavam suspensos, todos os filipinos ficaram presos no país e havia uma petição para os trabalhadores em Hong Kong, mas ninguém deu apoio aos trabalhadores de Macau. Criámos um grupo [de apoio] mas foi difícil para mim, pois em Macau alguns líderes da comunidade filipina conhecem-me e podem compreender mal as minhas acções. Podem achar que estou contra eles, porque não estão a fazer a sua parte e eu estou a tentar fazer alguma coisa.”

Pesos insuficientes

Apesar de já conseguirem voar para os territórios onde trabalham, os filipinos que ainda se encontram no país continuam a não conseguir marcar voos e a passar por dificuldades económicas. “A suspensão de voos foi levantada, mas continuam a não estar disponíveis voos directos para Macau”, disse a mulher que recebeu 10 mil pesos [cerca de 1.600 patacas] como apoio cedido pelo Governo de Duterte para todos aqueles que não conseguiram viajar para Macau, Hong Kong e Taiwan.
A ajuda financeira está a ser operacionalizada pelo fundo da agência Overseas Workers Welfare Administration (OWWA), ligada ao Departamento do Trabalho e Emprego do Governo e que funciona não apenas como um sistema de segurança social, mas também como seguradora.
Contudo, esse dinheiro não chega para tudo, tendo em conta a ausência de salário, isto porque Ross Belle Santos está em regime de licença sem vencimento. “O dinheiro não é suficiente, porque gastámos quase esse montante [em transportes]. Essa assistência foi mesmo apenas para os transportes.”
Joe [nome fictício] estava ainda em Manila quando começou a conversar com o HM, mas, à hora do fecho desta edição, já se encontrava a viajar para a RAEM via Tailândia, uma vez que não conseguiu apanhar um voo directo.
Joe relata os constrangimentos no acesso a serviços públicos pelos quais passou ao ser cidadão do país e, ao mesmo tempo, um trabalhador estrangeiro. “Eles dão-nos 10 mil pesos como apoio financeiro, mas não é suficiente para suportar as necessidades da minha família. Para um mês obtive 3.000 pesos de uma outra seguradora e 10.000 da OWWA, no total foram 13.000 pesos de duas agências governamentais diferentes.
No entanto, a minha experiência [com os serviços públicos] foi má, porque paguei cerca de 200 pesos pelos documentos oficiais. Todas as minhas despesas relacionadas com este assunto chegaram aos 1000 pesos”, relata.

Medida não estudada

O que mais desagrada à comunidade filipina nesta situação é o facto de as autoridades do seu país terem tomado uma decisão sem avaliar as consequências. “O efeito da suspensão dos voos junto dos trabalhadores migrantes filipinos não foi estudado e há muitos trabalhadores e respectivas famílias que dependem do trabalho no estrangeiro”, disse ao HM Sheilla Grace Estrada, representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Hong Kong.
Johan, natural da região de Visayas e trabalhadora em Hong Kong, ainda se encontra nas Filipinas num impasse. “A suspensão de voos foi cancelada, mas o nosso grande problema é que não podemos regressar para os nossos postos de trabalho, uma vez que as companhias aéreas onde adquirimos os bilhetes de avião não estão a operar os voos”, contou ao HM.
“Para nós é difícil continuarmos aqui sem um salário, precisamos de um ordenado mensal para alimentar as bocas de quem depende de nós, os nossos familiares. Todos os dias rezo e espero que os serviços das nossas companhias aéreas locais, como a Cebu Pacific Air ou Phillippines Airlines, possam voltar a operar os voos para que possamos voltar”, acrescentou Johan.
Johan diz que, para já, espera manter o seu trabalho, uma vez que a família para a qual trabalha estendeu o seu período de férias no Japão. “Deveríamos estar felizes por estar mais tempo com as nossas famílias, mas em vez disso estamos extremamente preocupados com a possibilidade de perdermos o nosso emprego. Há muitos patrões que não percebem a nossa situação e porque é que ainda não voltámos”, frisou.
Johan também refere que os 10 mil pesos atribuídos por Duterte não chegam para as despesas. “Não temos dinheiro para comprar outro bilhete de avião numa companhia aérea diferente, uma vez que a companhia área que escolhemos não voa para Macau e Hong Kong. O Governo deveria ter uma opção alternativa, uma opção para os trabalhadores que estão parados e que não ganham dinheiro por estarem presos [no país].”
Johan não tem dúvidas de que o Governo de Rodrigo Duterte “tomou uma decisão abrupta de impor a suspensão dos voos com efeito imediato sem pensar ou estudar sequer os efeitos nos trabalhadores migrantes”. Esta trabalhadora conta que os patrões decidiram ajudá-la e comprar-lhe o bilhete de avião, algo que lhe poderia custar mais 3 mil pesos, só ida, mais do dobro do que lhe custou um bilhete normal directo.
Estima-se que cerca de 300 trabalhadores filipinos de Macau estejam a tentar voltar ao território. A 19 de Fevereiro foi anunciado, pelo subsecretário do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, Brigido Dulay, nas redes sociais, que os trabalhadores não residentes em Macau e Hong Kong teriam direito a regressar aos seus postos de trabalho.
“Hoje [ontem], a vontade do secretário dos Negócios Estrangeiros Sec Locsin tornou-se realidade. Os trabalhadores filipinos no estrangeiro que precisam de regressar ao trabalho em Hong Kong e Macau foram isentos da proibição de viajar pela IATF-EID [Inter-Agency Task Force on Emerging Infectious Diseases], e sujeitos a certas formalidades processuais”, escreveu Brigido Dulay no Twitter, citado pelo jornal Ponto Final.

6 Mar 2020

Covid-19 | Inspecções passam a ser feitas no edifício Fórum Macau 

Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau, disse ontem que os trabalhos de controlo e inspecção a visitantes vão deixar de ser feitos, a partir de hoje, no Campo dos Operários para serem feitos no edifício Fórum Macau, por permitir uma maior capacidade de acolhimento e de resposta

 

[dropcap]D[/dropcap]ado o aumento gradual do número de visitantes em Macau, as autoridades decidiram transferir as operações de inspecção e fiscalização de potenciais infectados com o Covid-19 dos dois pavilhões do Campo dos Operários para o edifício Fórum Macau, uma medida que entra hoje em vigor.

“Até este momento estão a ser submetidas a inspecção médica mais de três mil pessoas. O pavilhão A do Campo dos Operários acolhe, no máximo, 400 pessoas, o pavilhão B 100 e o terminal marítimo do Pac On acolhe até 500 pessoas”, começou por explicar Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM).

“Nas horas de pico temos vindo a acolher cada vez mais pessoas para serem submetidas a testes. Para assegurar a boa ordem e a segurança dos postos de inspecção, e para manter a duração de seis a oito horas de inspecção, o centro de contingência vai mudar os postos de inspecção do Campo dos Operários para o Fórum a partir das 8h00 do dia 5 de Março”, acrescentou a responsável.

Leong Iek Hou não afastou, no entanto, a hipótese de vir a ser escolhido um local maior para a realização destas inspecções. “Não vamos devolver ainda o Campo dos Operários, este vai ficar como reserva e não afastamos a possibilidade de encontrar um novo local, maior.”

“Vamos fazer a mudança no sentido de assegurar um melhor ritmo, porque no Campo dos Operários temos dois pavilhões e temos de ter duas equipas, o que pode dificultar a comunicação. Queríamos estar num espaço maior onde fosse assegurada uma maior distância entre as pessoas sujeitas aos testes”, acrescentou a responsável.

Dado o aumento do número de visitantes, oriundos sobretudo de Hong Kong e do Interior da China, o Governo não põe de parte um ajustamento nas acções preventivas. “Com o aumento de visitantes por motivos de viagem, trabalho ou comércio vamos continuar a avaliar se são necessárias mais medidas. Com a situação estável, veremos se é preciso fazer um ajustamento nos exames médicos, não temos uma atitude passiva”, referiu Leong Iek Hou.

Directamente da Tailândia

Os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foram ontem confrontados com a notícia de que as autoridades da Tailândia estariam a colocar restrições a viajantes de Macau e Hong Kong, mas Inês Chan, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), assegurou que o Governo não foi oficialmente informado sobre esse assunto.

“Cada país, tendo em conta o seu ponto de situação [sobre o surto do Covid-19], adopta diferentes medidas. Oficialmente não recebemos nenhuma informação, mas soubemos da notícia pela televisão. Apenas podemos colaborar e cooperar com as decisões desse país, e o que o Governo de Macau pode fazer é apelar à população para ter atenção às medidas dos países, que são ajustadas de forma contínua.”

Neste momento Macau continua com uma situação estável, com apenas uma pessoa infectada internada e sem novos casos há cerca de um mês. Foram excluídos 1881 casos suspeitos. No que diz respeito a visitantes oriundos de zonas com alta incidência do vírus Covid-19, surgiram duas pessoas recém-chegadas de Itália. Desde o dia 26 de Fevereiro que um total de 58 pessoas que estiveram em zonas de alta incidência do vírus foram sujeitas a observação médica. Duas dessas pessoas vieram da Coreia do Sul e três do Interior da China.

 

Zhuhai | TNR concluem quarentena

Na conferência de imprensa de ontem foi adiantada a informação de que cinco trabalhadores não residentes (TNR) já terão concluído os 14 dias de quarentena em Zhuhai. “Se os testes derem negativos entram em Macau com transporte. Mas não tenho mais dados sobre os exames médicos”, disse Leong Iek Hou.

Macau-HK | Travessia marítima sem data

Inês Chan, da Direcção dos Serviços de Turismo, não soube adiantar quando é que poderão ser retomadas as travessias marítimas entre Macau e Hong Kong. “Sabemos que tanto Macau como Hong Kong estão a combater a epidemia, e que Hong Kong está a avaliar a situação. Não temos ainda essa informação”, adiantou.

Hubei | Transporte para aeroporto assegurado

É já este sábado que parte para Hubei um voo fretado da Air Macau que irá transportar um grupo de 60 residentes que pretendem regressar ao território, a fim de escapar ao epicentro do Covid-19. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que 57 pessoas já encontraram transporte para o aeroporto, não existindo ainda informações relativas às restantes três pessoas.

5 Mar 2020

Covid-19 | Inspecções passam a ser feitas no edifício Fórum Macau 

Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau, disse ontem que os trabalhos de controlo e inspecção a visitantes vão deixar de ser feitos, a partir de hoje, no Campo dos Operários para serem feitos no edifício Fórum Macau, por permitir uma maior capacidade de acolhimento e de resposta

 
[dropcap]D[/dropcap]ado o aumento gradual do número de visitantes em Macau, as autoridades decidiram transferir as operações de inspecção e fiscalização de potenciais infectados com o Covid-19 dos dois pavilhões do Campo dos Operários para o edifício Fórum Macau, uma medida que entra hoje em vigor.
“Até este momento estão a ser submetidas a inspecção médica mais de três mil pessoas. O pavilhão A do Campo dos Operários acolhe, no máximo, 400 pessoas, o pavilhão B 100 e o terminal marítimo do Pac On acolhe até 500 pessoas”, começou por explicar Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença dos Serviços de Saúde de Macau (SSM).
“Nas horas de pico temos vindo a acolher cada vez mais pessoas para serem submetidas a testes. Para assegurar a boa ordem e a segurança dos postos de inspecção, e para manter a duração de seis a oito horas de inspecção, o centro de contingência vai mudar os postos de inspecção do Campo dos Operários para o Fórum a partir das 8h00 do dia 5 de Março”, acrescentou a responsável.
Leong Iek Hou não afastou, no entanto, a hipótese de vir a ser escolhido um local maior para a realização destas inspecções. “Não vamos devolver ainda o Campo dos Operários, este vai ficar como reserva e não afastamos a possibilidade de encontrar um novo local, maior.”
“Vamos fazer a mudança no sentido de assegurar um melhor ritmo, porque no Campo dos Operários temos dois pavilhões e temos de ter duas equipas, o que pode dificultar a comunicação. Queríamos estar num espaço maior onde fosse assegurada uma maior distância entre as pessoas sujeitas aos testes”, acrescentou a responsável.
Dado o aumento do número de visitantes, oriundos sobretudo de Hong Kong e do Interior da China, o Governo não põe de parte um ajustamento nas acções preventivas. “Com o aumento de visitantes por motivos de viagem, trabalho ou comércio vamos continuar a avaliar se são necessárias mais medidas. Com a situação estável, veremos se é preciso fazer um ajustamento nos exames médicos, não temos uma atitude passiva”, referiu Leong Iek Hou.

Directamente da Tailândia

Os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus foram ontem confrontados com a notícia de que as autoridades da Tailândia estariam a colocar restrições a viajantes de Macau e Hong Kong, mas Inês Chan, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), assegurou que o Governo não foi oficialmente informado sobre esse assunto.
“Cada país, tendo em conta o seu ponto de situação [sobre o surto do Covid-19], adopta diferentes medidas. Oficialmente não recebemos nenhuma informação, mas soubemos da notícia pela televisão. Apenas podemos colaborar e cooperar com as decisões desse país, e o que o Governo de Macau pode fazer é apelar à população para ter atenção às medidas dos países, que são ajustadas de forma contínua.”
Neste momento Macau continua com uma situação estável, com apenas uma pessoa infectada internada e sem novos casos há cerca de um mês. Foram excluídos 1881 casos suspeitos. No que diz respeito a visitantes oriundos de zonas com alta incidência do vírus Covid-19, surgiram duas pessoas recém-chegadas de Itália. Desde o dia 26 de Fevereiro que um total de 58 pessoas que estiveram em zonas de alta incidência do vírus foram sujeitas a observação médica. Duas dessas pessoas vieram da Coreia do Sul e três do Interior da China.
 

Zhuhai | TNR concluem quarentena

Na conferência de imprensa de ontem foi adiantada a informação de que cinco trabalhadores não residentes (TNR) já terão concluído os 14 dias de quarentena em Zhuhai. “Se os testes derem negativos entram em Macau com transporte. Mas não tenho mais dados sobre os exames médicos”, disse Leong Iek Hou.

Macau-HK | Travessia marítima sem data

Inês Chan, da Direcção dos Serviços de Turismo, não soube adiantar quando é que poderão ser retomadas as travessias marítimas entre Macau e Hong Kong. “Sabemos que tanto Macau como Hong Kong estão a combater a epidemia, e que Hong Kong está a avaliar a situação. Não temos ainda essa informação”, adiantou.

Hubei | Transporte para aeroporto assegurado

É já este sábado que parte para Hubei um voo fretado da Air Macau que irá transportar um grupo de 60 residentes que pretendem regressar ao território, a fim de escapar ao epicentro do Covid-19. Na conferência de imprensa de ontem foi dito que 57 pessoas já encontraram transporte para o aeroporto, não existindo ainda informações relativas às restantes três pessoas.

5 Mar 2020

Portugal | Farmácias sem máscaras e desinfectantes devido aos casos de Covid-19

Com cinco casos de infecção por Covid-19 confirmados no país, as farmácias portuguesas, de norte a sul, estão sem máscaras e produtos desinfectantes. Se ainda é fácil encomendar desinfectantes o mesmo não acontece com as máscaras, cujos valores estão inflaccionados. OMS alerta para escassez destes materiais

 

 

[dropcap]C[/dropcap]om a chegada do Covid-19 a Portugal, é cada vez mais difícil, se não impossível, adquirir máscaras de protecção e produtos desinfectantes nas farmácias das principais cidades do país. Quando o vírus atingiu o seu pico na China, os asiáticos eram os principais clientes e compravam dezenas de caixas, asseguram farmacêuticos com quem o HM falou. Mas com a chegada do vírus à Europa, são cada vez mais europeus a comprar, incluindo portugueses.

No Porto, onde surgiram os dois primeiros casos, não só não há máscaras como não há qualquer previsão por parte dos fornecedores de quando possam chegar. “Não temos nada em stock, está tudo encomendado.

Temos previsão de que chegará alguma da mercadoria até ao final desta semana, mas apenas de desinfectantes e não de máscaras. Fizemos o pedido, mas as únicas que poderão surgir novamente são as cirúrgicas. Mas também não temos qualquer previsão de quando é que ficarão disponíveis”, explicou uma farmacêutica que não quis ser identificada.

Os preços estão a ser inflaccionados desde o momento em que os produtos são fabricados até à sua venda ao público. “O que se está a passar é que o produto que hoje custa 2 euros daqui a dois dias custa 10 euros e depois custa 20. A ideia que temos, com base nos nossos fornecedores, é que os preços são mantidos. Sei que nas fábricas o produto está a escassear, e depois isto é uma cadeia entre o produtor e a farmácia que vende.”

Filipe Silva, farmacêutico numa outra farmácia no Porto, contou que ainda possuem máscaras, mas a sua venda está raccionada. “Temos algumas máscaras para venda ao balcão, mas limitámos a 10 unidades para que o maior número de pessoas tenha acesso, porque senão as pessoas compram em grande quantidade e só um pequeno grupo de pessoas é que tem acesso às máscaras. Temos previsão de ter em stock mais álcool gel entre esta semana e o início da próxima.”

Nesta farmácia, uma caixa com 10 máscaras custa três euros [cerca de 30 patacas], mas em Lisboa os preços podem atingir 1 euro [cerca de 10 patacas] por máscara. “Estamos a vender cada máscara por 0,30 cêntimos por máscara por uma questão de consciência social.”

Reservas no fim

Esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para o esgotamento rápido das reservas de equipamento de protecção individual contra o novo coronavírus que causa a doença Covid-19.

“A OMS enviou cerca de meio milhão de equipamentos de protecção individual para 27 países, mas os ‘stocks’ esgotam-se rapidamente”, disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, na Suíça.

Tedros Adhanom Ghebreyesus considerou que “a capacidade de resposta dos países está comprometida pela desorganização grave e crescente da oferta mundial de equipamentos de protecção individual, provocada pelo aumento da procura, a acumulação e o mau uso”.

A OMS estima que, por mês, sejam necessários no mundo mais de 89 milhões de máscaras cirúrgicas, 76 milhões de luvas e 1,6 milhões de óculos de protecção. A sua falta pode colocar em risco de contágio médicos e enfermeiros que cuidam de doentes infectados pelo novo coronavírus.

O director-geral da OMS assinalou que, apesar de numerosas pessoas terem desenvolvido ao longo de vários anos imunidade contra a gripe sazonal, ninguém “está imune” em relação ao coronavírus que causa a doença Covid-19. Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinhou que o novo coronavírus – família de vírus que pode causar infecções respiratórias como pneumonia – é mais perigoso do que os vírus da gripe, apresentando uma taxa de mortalidade de 3,4 por cento (para a gripe é menos de 1 por cento).

Filipe Silva, farmacêutico no Porto, também acredita que a situação vai ficar muito complicada. “Nós estamos precavidos, mas considero que a maior parte das farmácias não o esteja. Há uma preocupação generalizada em parte devido à imprensa que alarmou para esta situação e as pessoas estão bastante preocupadas, daí a correria às máscaras e ao álcool.”

Em Lisboa, a situação não é diferente. Muitas pessoas compram até produtos para reforçar as defesas do organismo, existindo casos em que até a vitamina C esgota. Na Farmácia Barral, na Rua Augusta, as máscaras e produtos desinfectantes estão esgotados desde a última quinta-feira, explicou a farmacêutica Carlota Matos ao HM.

“Todos os dias recebemos centenas de pessoas que pedem estes produtos. O stock já esgotou, encomendámos, mas estamos à espera. Neste momento não nos conseguem dar a previsão se os produtos chegam, e quando chegam. Os preços aumentam cada vez mais porque a procura é maior, o que leva as farmácias a venderem mais caro. Estamos habituados a comprar uma coisa que custa cêntimos e que agora compramos por alguns euros.”

No caso desta farmácia, uma máscara cirúrgica normal custa 1 euro, mas as mais avançadas custam 5 euros. “Vamos passar por uma situação complicada no acesso a materiais, já estava bastante complicado há meses e agora não temos recebido equipamento de todo.”

Carlota Matos nota que os portugueses são agora os principais compradores deste tipo de equipamentos. “No pico do vírus na China notava-se mais os asiáticos a comprarem. Depois com a descida dos casos e com o aumento dos casos em Itália, e como estamos numa zona super turística, temos tido procura por italianos, mas agora é exclusivo dos portugueses.”

Desaparecimento misterioso

A corrida às máscaras é tão evidente que foi reportado, esta terça-feira, um caso de desaparecimento deste material no hospital de Elvas. A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias do desaparecimento de máscaras de protecção no serviço de Medicina do Hospital de Santa Luzia.

“Não podemos qualificar se se trata de um furto ou não. Participámos às autoridades policiais esta circunstância e temos aberto um inquérito para apuramento do que aconteceu”, disse à agência Lusa Joaquim Araújo, vogal executivo do conselho de administração da ULSNA, de que faz parte o hospital de Elvas, no distrito de Portalegre.

O mesmo responsável admitiu que o desaparecimento de máscaras de protecção da unidade hospitalar poderá estar relacionado com o novo coronavírus (Covid-19). “Esta situação poderá ter a ver com esta problemática [surto de Covid-19] e as pessoas, especialmente os funcionários, numa atitude defensiva, julgamos nós, tomam esta medida, mas só o inquérito eventualmente poderá esclarecer”, disse.

Joaquim Araújo não quantificou o número de máscaras de protecção que desapareceram do serviço de Medicina do Hospital de Santa Luzia, uma vez que ainda está a ser feito o “apuramento de tudo”.
No entanto, garantiu que a situação “não põe em perigo qualquer fornecimento aos serviços” e afastou a possibilidade de ser feito comércio com as máscaras. “É grave, não nego a situação porque aconteceu, mas já foram tomadas medidas para salvaguardar tudo”, acrescentou.

Na farmácia Castro, na avenida Almirante Reis, perto de uma zona onde existem muitos comércios ligados à comunidade chinesa, as máscaras começaram a esgotar assim que surgiram as primeiras notícias do surto do Covid-19 na China.

“Isto não é só cá, já acontece em Espanha e Itália, e penso que são os chineses que compram as máscaras todas para levar para lá. A maioria dos clientes são chineses e tenho pessoas que todos os dias que me perguntam se temos máscaras. Todos querem, mas não já não há. Quando começaram a surgir os primeiros sinais do surto eram os chineses que essencialmente compravam”, explicou ao HM o farmacêutico Carlos Eusébio.

Há uma semana que esta farmácia já não tem quaisquer produtos deste género para venda. “Vendemos tudo o que tínhamos para vender. Fomos vendendo ao longo dos dias, depois lá nos enviavam uma caixa ou outra, mas num dia ou dois vendíamos logo tudo. Neste momento há mais de uma semana que não temos nada. Fizemos uma encomenda, mas já nos informaram de que não vem tão depressa”, concluiu.

Economia | Ministro diz não existirem preocupações sobre stocks

O ministro da Economia em Portugal, Pedro Siza Vieira, afirmou ontem não existirem “preocupações” ao nível do abastecimento e ‘stocks’ de produtos no sector farmacêutico e garantiu que o surgimento de novos casos de Covid-19 não vai “mudar de forma radical” estas circunstâncias. “Tive ainda anteontem [segunda-feira] uma reunião com um conjunto de sectores da economia portuguesa e do lado do sector farmacêutico e desta matéria, não há, neste momento, preocupações relativamente a abastecimento e stocks'”, garantiu Pedro Siza Vieira.

O ministro assegurou também que o Governo está “preparado para responder e apoiar as empresas” e que a situação vai continuar a ser “calmamente” gerida.

“Vamos continuar calmamente a gerir a situação, a tomar as decisões relevantes com base na melhor informação disponível e perceber que mais um caso hoje, dez amanhã, não vão mudar de forma radical, neste momento, as circunstâncias que estão presentes”, disse.

Questionado pelos jornalistas se havia algum protocolo de apoio, nomeadamente, às empresas, Pedro Siza Vieira realçou que, apesar de esta não ser uma doença “grave” é, no entanto, “muito contagiosa” e que o objectivo passa agora por “conter a sua propagação”.

“Quanto mais conseguirmos conter a propagação da doença, menos gente ficará doente ao mesmo tempo, menos gente estará a sobrecarregar os nossos serviços de saúde e menos impacto económico terá esta doença”, referiu, acrescentando que o novo caso de surto de Covid-19 em Portugal, à semelhança dos restantes, foi contraído fora do país. “Este caso é como todos os outros, o caso de uma pessoa que veio infectada de fora, aquilo que continuamos a tentar assegurar é que conseguimos conter a velocidade de propagação da doença”, concluiu.

5 Mar 2020

Portugal | Farmácias sem máscaras e desinfectantes devido aos casos de Covid-19

Com cinco casos de infecção por Covid-19 confirmados no país, as farmácias portuguesas, de norte a sul, estão sem máscaras e produtos desinfectantes. Se ainda é fácil encomendar desinfectantes o mesmo não acontece com as máscaras, cujos valores estão inflaccionados. OMS alerta para escassez destes materiais

 
 
[dropcap]C[/dropcap]om a chegada do Covid-19 a Portugal, é cada vez mais difícil, se não impossível, adquirir máscaras de protecção e produtos desinfectantes nas farmácias das principais cidades do país. Quando o vírus atingiu o seu pico na China, os asiáticos eram os principais clientes e compravam dezenas de caixas, asseguram farmacêuticos com quem o HM falou. Mas com a chegada do vírus à Europa, são cada vez mais europeus a comprar, incluindo portugueses.
No Porto, onde surgiram os dois primeiros casos, não só não há máscaras como não há qualquer previsão por parte dos fornecedores de quando possam chegar. “Não temos nada em stock, está tudo encomendado.
Temos previsão de que chegará alguma da mercadoria até ao final desta semana, mas apenas de desinfectantes e não de máscaras. Fizemos o pedido, mas as únicas que poderão surgir novamente são as cirúrgicas. Mas também não temos qualquer previsão de quando é que ficarão disponíveis”, explicou uma farmacêutica que não quis ser identificada.
Os preços estão a ser inflaccionados desde o momento em que os produtos são fabricados até à sua venda ao público. “O que se está a passar é que o produto que hoje custa 2 euros daqui a dois dias custa 10 euros e depois custa 20. A ideia que temos, com base nos nossos fornecedores, é que os preços são mantidos. Sei que nas fábricas o produto está a escassear, e depois isto é uma cadeia entre o produtor e a farmácia que vende.”
Filipe Silva, farmacêutico numa outra farmácia no Porto, contou que ainda possuem máscaras, mas a sua venda está raccionada. “Temos algumas máscaras para venda ao balcão, mas limitámos a 10 unidades para que o maior número de pessoas tenha acesso, porque senão as pessoas compram em grande quantidade e só um pequeno grupo de pessoas é que tem acesso às máscaras. Temos previsão de ter em stock mais álcool gel entre esta semana e o início da próxima.”
Nesta farmácia, uma caixa com 10 máscaras custa três euros [cerca de 30 patacas], mas em Lisboa os preços podem atingir 1 euro [cerca de 10 patacas] por máscara. “Estamos a vender cada máscara por 0,30 cêntimos por máscara por uma questão de consciência social.”

Reservas no fim

Esta terça-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para o esgotamento rápido das reservas de equipamento de protecção individual contra o novo coronavírus que causa a doença Covid-19.
“A OMS enviou cerca de meio milhão de equipamentos de protecção individual para 27 países, mas os ‘stocks’ esgotam-se rapidamente”, disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, na Suíça.
Tedros Adhanom Ghebreyesus considerou que “a capacidade de resposta dos países está comprometida pela desorganização grave e crescente da oferta mundial de equipamentos de protecção individual, provocada pelo aumento da procura, a acumulação e o mau uso”.
A OMS estima que, por mês, sejam necessários no mundo mais de 89 milhões de máscaras cirúrgicas, 76 milhões de luvas e 1,6 milhões de óculos de protecção. A sua falta pode colocar em risco de contágio médicos e enfermeiros que cuidam de doentes infectados pelo novo coronavírus.
O director-geral da OMS assinalou que, apesar de numerosas pessoas terem desenvolvido ao longo de vários anos imunidade contra a gripe sazonal, ninguém “está imune” em relação ao coronavírus que causa a doença Covid-19. Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinhou que o novo coronavírus – família de vírus que pode causar infecções respiratórias como pneumonia – é mais perigoso do que os vírus da gripe, apresentando uma taxa de mortalidade de 3,4 por cento (para a gripe é menos de 1 por cento).
Filipe Silva, farmacêutico no Porto, também acredita que a situação vai ficar muito complicada. “Nós estamos precavidos, mas considero que a maior parte das farmácias não o esteja. Há uma preocupação generalizada em parte devido à imprensa que alarmou para esta situação e as pessoas estão bastante preocupadas, daí a correria às máscaras e ao álcool.”
Em Lisboa, a situação não é diferente. Muitas pessoas compram até produtos para reforçar as defesas do organismo, existindo casos em que até a vitamina C esgota. Na Farmácia Barral, na Rua Augusta, as máscaras e produtos desinfectantes estão esgotados desde a última quinta-feira, explicou a farmacêutica Carlota Matos ao HM.
“Todos os dias recebemos centenas de pessoas que pedem estes produtos. O stock já esgotou, encomendámos, mas estamos à espera. Neste momento não nos conseguem dar a previsão se os produtos chegam, e quando chegam. Os preços aumentam cada vez mais porque a procura é maior, o que leva as farmácias a venderem mais caro. Estamos habituados a comprar uma coisa que custa cêntimos e que agora compramos por alguns euros.”
No caso desta farmácia, uma máscara cirúrgica normal custa 1 euro, mas as mais avançadas custam 5 euros. “Vamos passar por uma situação complicada no acesso a materiais, já estava bastante complicado há meses e agora não temos recebido equipamento de todo.”
Carlota Matos nota que os portugueses são agora os principais compradores deste tipo de equipamentos. “No pico do vírus na China notava-se mais os asiáticos a comprarem. Depois com a descida dos casos e com o aumento dos casos em Itália, e como estamos numa zona super turística, temos tido procura por italianos, mas agora é exclusivo dos portugueses.”

Desaparecimento misterioso

A corrida às máscaras é tão evidente que foi reportado, esta terça-feira, um caso de desaparecimento deste material no hospital de Elvas. A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA) abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias do desaparecimento de máscaras de protecção no serviço de Medicina do Hospital de Santa Luzia.
“Não podemos qualificar se se trata de um furto ou não. Participámos às autoridades policiais esta circunstância e temos aberto um inquérito para apuramento do que aconteceu”, disse à agência Lusa Joaquim Araújo, vogal executivo do conselho de administração da ULSNA, de que faz parte o hospital de Elvas, no distrito de Portalegre.
O mesmo responsável admitiu que o desaparecimento de máscaras de protecção da unidade hospitalar poderá estar relacionado com o novo coronavírus (Covid-19). “Esta situação poderá ter a ver com esta problemática [surto de Covid-19] e as pessoas, especialmente os funcionários, numa atitude defensiva, julgamos nós, tomam esta medida, mas só o inquérito eventualmente poderá esclarecer”, disse.
Joaquim Araújo não quantificou o número de máscaras de protecção que desapareceram do serviço de Medicina do Hospital de Santa Luzia, uma vez que ainda está a ser feito o “apuramento de tudo”.
No entanto, garantiu que a situação “não põe em perigo qualquer fornecimento aos serviços” e afastou a possibilidade de ser feito comércio com as máscaras. “É grave, não nego a situação porque aconteceu, mas já foram tomadas medidas para salvaguardar tudo”, acrescentou.
Na farmácia Castro, na avenida Almirante Reis, perto de uma zona onde existem muitos comércios ligados à comunidade chinesa, as máscaras começaram a esgotar assim que surgiram as primeiras notícias do surto do Covid-19 na China.
“Isto não é só cá, já acontece em Espanha e Itália, e penso que são os chineses que compram as máscaras todas para levar para lá. A maioria dos clientes são chineses e tenho pessoas que todos os dias que me perguntam se temos máscaras. Todos querem, mas não já não há. Quando começaram a surgir os primeiros sinais do surto eram os chineses que essencialmente compravam”, explicou ao HM o farmacêutico Carlos Eusébio.
Há uma semana que esta farmácia já não tem quaisquer produtos deste género para venda. “Vendemos tudo o que tínhamos para vender. Fomos vendendo ao longo dos dias, depois lá nos enviavam uma caixa ou outra, mas num dia ou dois vendíamos logo tudo. Neste momento há mais de uma semana que não temos nada. Fizemos uma encomenda, mas já nos informaram de que não vem tão depressa”, concluiu.

Economia | Ministro diz não existirem preocupações sobre stocks

O ministro da Economia em Portugal, Pedro Siza Vieira, afirmou ontem não existirem “preocupações” ao nível do abastecimento e ‘stocks’ de produtos no sector farmacêutico e garantiu que o surgimento de novos casos de Covid-19 não vai “mudar de forma radical” estas circunstâncias. “Tive ainda anteontem [segunda-feira] uma reunião com um conjunto de sectores da economia portuguesa e do lado do sector farmacêutico e desta matéria, não há, neste momento, preocupações relativamente a abastecimento e stocks'”, garantiu Pedro Siza Vieira.
O ministro assegurou também que o Governo está “preparado para responder e apoiar as empresas” e que a situação vai continuar a ser “calmamente” gerida.
“Vamos continuar calmamente a gerir a situação, a tomar as decisões relevantes com base na melhor informação disponível e perceber que mais um caso hoje, dez amanhã, não vão mudar de forma radical, neste momento, as circunstâncias que estão presentes”, disse.
Questionado pelos jornalistas se havia algum protocolo de apoio, nomeadamente, às empresas, Pedro Siza Vieira realçou que, apesar de esta não ser uma doença “grave” é, no entanto, “muito contagiosa” e que o objectivo passa agora por “conter a sua propagação”.
“Quanto mais conseguirmos conter a propagação da doença, menos gente ficará doente ao mesmo tempo, menos gente estará a sobrecarregar os nossos serviços de saúde e menos impacto económico terá esta doença”, referiu, acrescentando que o novo caso de surto de Covid-19 em Portugal, à semelhança dos restantes, foi contraído fora do país. “Este caso é como todos os outros, o caso de uma pessoa que veio infectada de fora, aquilo que continuamos a tentar assegurar é que conseguimos conter a velocidade de propagação da doença”, concluiu.

5 Mar 2020

A efémera cultura 

[dropcap]É[/dropcap] oficial: temos dois casos confirmados de infecção com o Covid-19 em Portugal e, pelas ruas, não se fala de outra coisa. Muito antes de haver infectados já havia uma corrida às máscaras e desinfectantes e é muita a informação errada que corre de boca em boca. Mas esta pequena crónica pretende chamar a atenção não apenas para o Covid-19, mas para o contributo que este deu para a cultura.

Para a cultura? Perguntam vocês. É verdade. Foi graças ao Covid-19 que, provavelmente, muitos ficaram a saber quem é o escritor Luís Sepúlveda, um dos infectados que esteve na cidade de Póvoa do Varzim para participar no festival literário Correntes D’Escritas. O mesmo festival que, incrivelmente, fez abertura de telejornais.

E agora dizem: mas as pessoas estão a ler mais em Portugal? Não. O que há é uma histeria colectiva com o Covid-19 fomentada também pelas redes sociais e pelos próprios media.  Duvido, no entanto, que aqueles que partilharam notícias sobre a infecção de Sepúlveda tenham tido o interesse de ver que livros escreveu. Temo, também, que quem não conhece o festival do norte do país tenha ido pesquisar autores e respectivas obras. É a cultura efémera, um mero título de jornal, uma frase num rodapé de um televisor. É quanto basta.

4 Mar 2020

Filipinas | Dinheiro para trabalhadores impedidos de viajar, mas ONG pedem mais 

O Governo das Filipinas dá cerca de 1600 patacas [10 mil pesos] a cada cidadão que queira regressar aos seus postos de trabalho em Macau, Hong Kong e Taiwan, depois da proibição de viajar imposta pelo surto do Covid-19. Duas ONG dizem que o montante não é suficiente para cobrir despesas e temem que nem todos os TNR em Macau tenham direito ao apoio

 

[dropcap]C[/dropcap]omeçou a ser distribuída, no início de Fevereiro, a ajuda financeira por parte do Governo das Filipinas a cerca de 8.400 cidadãos filipinos que trabalham em Macau, Hong Kong e China e que estiveram impossibilitados de viajar para estes territórios devido à suspensão temporária de voos devido ao surto do Covid-19. No que diz respeito a Macau, há 300 trabalhadores que estão a tentar voltar ao território, uma vez que a proibição de voar foi suspensa no passado dia 19.

A notícia, avançada pela agência Philippine News Agency, diz ainda que esta medida acarreta uma despesa pública de 84 milhões de pesos [moeda local], sendo que cada cidadão nesta situação vai receber 10 mil pesos [cerca de 1.600 patacas].

A ajuda financeira está a ser operacionalizada pelo fundo da agência Overseas Workers Welfare Administration (OWWA), ligada ao Departamento do Trabalho e Emprego do Governo e que funciona não apenas como um sistema de segurança social, mas também como seguradora.

A ideia é que este apoio “ajude os trabalhadores a suportar as suas despesas e dar-lhes assistência no seu regresso às zonas de origem”, aponta a OWWA em comunicado.

Os trabalhadores que são membros da OWWA deixaram de poder candidatar-se a este apoio no passado dia 20, dado o fim da suspensão de voos das Filipinas para Macau e Hong Kong. O fim da suspensão de voos para Taiwan aconteceu dia 15 de Fevereiro. Além do apoio financeiro, a OWWA também providenciou meios de transporte.

Ajuda não chega

Contactada pelo HM, Jassy Santos, presidente da União Progressiva do Trabalho dos Trabalhadores Domésticos, a residir em Macau, disse que o montante concedido está longe de ser suficiente e que há o risco de alguns trabalhadores não receberem qualquer ajuda.

“[O montante de] 10 mil pesos é apenas para os que são membros da OWWA. Então e os trabalhadores que não são membros da OWWA? Não podem beneficiar de nenhum do apoio financeiro anunciado pelo Governo”, disse.

A decisão de suspensão dos voos é compreensível tendo em conta a gravidade da epidemia, mas Jassy Santos lamenta que não tenha existido da parte do Governo de Duterte um plano B.

“Concordamos com a medida, mas deveriam ter ouvido os alertas desde o início da epidemia e não avançar para uma decisão momentânea sem ter um plano B para os trabalhadores. Há diferentes reacções na comunidade filipina. Alguns estão zangados porque continuam a não existir voos disponíveis apesar do fim da suspensão dos voos.”

Jassy Santos não sabe especificar se os 300 trabalhadores filipinos em Macau são membros da OWWA, mas espera que sejam. “A maior parte dos trabalhadores filipinos são membros da OWWA porque no nosso país é obrigatório. Mas penso que nem metade [dos 300] sejammembros ainda. De acordo com os dados que nos foram fornecidos na nossa última visita de cortesia ao departamento laboral do Consulado-geral das Filipinas em Macau, há trabalhadores que começaram a adquirir o seguro da OWWA desde que começou esta epidemia”, rematou.

Sheila Estrada, representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Hong Kong, também referiu ao HM que 10 mil pesos não é um valor suficiente, “sobretudo para aqueles que estão nas zonas de Visayas e Mindanao, bem como nas zonas norte e sul de Luzon, uma vez que não cobre os custos das viagens”.
“Não nos podemos esquecer do período em que estiveram em casa sem salário à espera de poder viajar para o país onde trabalham. Como se pode sobreviver com 10 mil pesos dado o elevado custo de vida no país?”, questiona a responsável.

A 19 de Fevereiro foi anunciado, por parte do subsecretário do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, Brigido Dulay, nas redes sociais, que os trabalhadores não residentes em Macau e Hong Kong teriam direito a regressar aos seus postos de trabalho.

“Hoje [ontem], a vontade do secretário dos Negócios Estrangeiros Sec Locsin tornou-se realidade. Os trabalhadores filipinos no estrangeiro que precisam de regressar ao trabalho em Hong Kong e Macau foram isentos da proibição de viajar pela IATF-EID [Inter-Agency Task Force on Emerging Infectious Diseases], e sujeitos a certas formalidades processuais”, escreveu Brigido Dulay no Twitter, citado pelo jornal Ponto Final.

4 Mar 2020

Filipinas | Dinheiro para trabalhadores impedidos de viajar, mas ONG pedem mais 

O Governo das Filipinas dá cerca de 1600 patacas [10 mil pesos] a cada cidadão que queira regressar aos seus postos de trabalho em Macau, Hong Kong e Taiwan, depois da proibição de viajar imposta pelo surto do Covid-19. Duas ONG dizem que o montante não é suficiente para cobrir despesas e temem que nem todos os TNR em Macau tenham direito ao apoio

 
[dropcap]C[/dropcap]omeçou a ser distribuída, no início de Fevereiro, a ajuda financeira por parte do Governo das Filipinas a cerca de 8.400 cidadãos filipinos que trabalham em Macau, Hong Kong e China e que estiveram impossibilitados de viajar para estes territórios devido à suspensão temporária de voos devido ao surto do Covid-19. No que diz respeito a Macau, há 300 trabalhadores que estão a tentar voltar ao território, uma vez que a proibição de voar foi suspensa no passado dia 19.
A notícia, avançada pela agência Philippine News Agency, diz ainda que esta medida acarreta uma despesa pública de 84 milhões de pesos [moeda local], sendo que cada cidadão nesta situação vai receber 10 mil pesos [cerca de 1.600 patacas].
A ajuda financeira está a ser operacionalizada pelo fundo da agência Overseas Workers Welfare Administration (OWWA), ligada ao Departamento do Trabalho e Emprego do Governo e que funciona não apenas como um sistema de segurança social, mas também como seguradora.
A ideia é que este apoio “ajude os trabalhadores a suportar as suas despesas e dar-lhes assistência no seu regresso às zonas de origem”, aponta a OWWA em comunicado.
Os trabalhadores que são membros da OWWA deixaram de poder candidatar-se a este apoio no passado dia 20, dado o fim da suspensão de voos das Filipinas para Macau e Hong Kong. O fim da suspensão de voos para Taiwan aconteceu dia 15 de Fevereiro. Além do apoio financeiro, a OWWA também providenciou meios de transporte.

Ajuda não chega

Contactada pelo HM, Jassy Santos, presidente da União Progressiva do Trabalho dos Trabalhadores Domésticos, a residir em Macau, disse que o montante concedido está longe de ser suficiente e que há o risco de alguns trabalhadores não receberem qualquer ajuda.
“[O montante de] 10 mil pesos é apenas para os que são membros da OWWA. Então e os trabalhadores que não são membros da OWWA? Não podem beneficiar de nenhum do apoio financeiro anunciado pelo Governo”, disse.
A decisão de suspensão dos voos é compreensível tendo em conta a gravidade da epidemia, mas Jassy Santos lamenta que não tenha existido da parte do Governo de Duterte um plano B.
“Concordamos com a medida, mas deveriam ter ouvido os alertas desde o início da epidemia e não avançar para uma decisão momentânea sem ter um plano B para os trabalhadores. Há diferentes reacções na comunidade filipina. Alguns estão zangados porque continuam a não existir voos disponíveis apesar do fim da suspensão dos voos.”
Jassy Santos não sabe especificar se os 300 trabalhadores filipinos em Macau são membros da OWWA, mas espera que sejam. “A maior parte dos trabalhadores filipinos são membros da OWWA porque no nosso país é obrigatório. Mas penso que nem metade [dos 300] sejammembros ainda. De acordo com os dados que nos foram fornecidos na nossa última visita de cortesia ao departamento laboral do Consulado-geral das Filipinas em Macau, há trabalhadores que começaram a adquirir o seguro da OWWA desde que começou esta epidemia”, rematou.
Sheila Estrada, representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Hong Kong, também referiu ao HM que 10 mil pesos não é um valor suficiente, “sobretudo para aqueles que estão nas zonas de Visayas e Mindanao, bem como nas zonas norte e sul de Luzon, uma vez que não cobre os custos das viagens”.
“Não nos podemos esquecer do período em que estiveram em casa sem salário à espera de poder viajar para o país onde trabalham. Como se pode sobreviver com 10 mil pesos dado o elevado custo de vida no país?”, questiona a responsável.
A 19 de Fevereiro foi anunciado, por parte do subsecretário do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, Brigido Dulay, nas redes sociais, que os trabalhadores não residentes em Macau e Hong Kong teriam direito a regressar aos seus postos de trabalho.
“Hoje [ontem], a vontade do secretário dos Negócios Estrangeiros Sec Locsin tornou-se realidade. Os trabalhadores filipinos no estrangeiro que precisam de regressar ao trabalho em Hong Kong e Macau foram isentos da proibição de viajar pela IATF-EID [Inter-Agency Task Force on Emerging Infectious Diseases], e sujeitos a certas formalidades processuais”, escreveu Brigido Dulay no Twitter, citado pelo jornal Ponto Final.

4 Mar 2020