EventosJovem timorense quer ser o melhor chef e expandir culinária do país Hoje Macau - 4 Mar 2025 O timorense Melquirudi da Cunha começou a cozinhar com a mãe e hoje tenta concretizar o sonho de ser o melhor chefe de cozinha de Timor-Leste e promover a gastronomia tradicional do seu país no mundo. O jovem, de 19 anos, estuda culinária no centro de formação da Agência de Desenvolvimento de Timor-Leste (ETDA), onde, disse à Lusa, “ganhou mais interesse e paixão pela gastronomia”. Foi através daquele centro de formação que Melqui, diminutivo pelo qual é conhecido, representou o país na competição internacional de jovem cozinheiro, que decorreu no início de Fevereiro na Índia, acompanhado do seu mentor, Marcelino Freitas. “Embora Timor-Leste não tenha alcançado uma classificação elevada, aprendemos muitas coisas. Como gerir melhor o tempo, utilizar ingredientes de forma adequada e a apresentar pratos corretamente”, explicou Melqui. “Aprendi também muito com a troca de experiências com chefes de outros países e destaquei os pratos tradicionais de Timor-Leste para promover os produtos do nosso país a nível internacional”, salientou o jovem. À Índia, Melqui levou um pudim de café de Timor-Leste, considerado um dos melhores do mundo, e “kulu bafa”, fruta pão cozinhada com óleo de coco, um prato tradicional do município de Baucau. “Ficaram impressionados com o sabor e o com o facto de nunca as terem experimentado antes”, disse. O jovem, que quer ser um dos “melhores chefes de cozinha de Timor-Leste”, pretende também promover a gastronomia do país e os seus pratos tradicionais como o “tukir”, cabrito cozinhado em tronco de bambu, e “saboko”, peixe picante. Problemas nutricionais Apesar de uma cozinha rica e nutritiva, dados do Programa Alimentar Mundial referem que 47 por cento das crianças no país com menos de 5 anos estão com o crescimento comprometido, 8,6 por cento sofrem de desnutrição aguda e 23 por cento das mulheres em idade reprodutiva (entre os 15 e 49 anos) têm anemia. Questionado sobre as razões para os timorenses não fazerem uma alimentação saudável, o mentor e chef de cozinha Marcelino Freitas disse que uma das razões é cada vez mais consumirem produtos importados, em vez dos locais. “Se olharmos para as condições e a situação de Timor-Leste vemos que o país está repleto de produtos locais. Falamos de má nutrição em Timor, mas consumimos, na maioria, alimentos importados de outros países, que muitas vezes contêm açúcar e gordura em excesso”, afirmou o cozinheiro e também formador ETDA. “Temos muitos alimentos saudáveis, mas ainda não sabemos utilizá-los correctamente. Por isso, daqui para a frente, é fundamental desenvolver um pensamento mais produtivo”, disse. Segundo Marcelino Freitas, os timorenses têm de comer mais batata-doce, mandioca, e inhame e outros alimentos tradicionais e também aprender a inovar e transformar a forma como se cozinham os alimentos. O formador sublinhou ainda que os produtos locais são ricos em proteínas de qualidade, essenciais para uma alimentação saudável. “O desafio agora é transformar esses alimentos para que sejam mais saudáveis e possam responder às necessidades individuais e comunitárias”, disse, apelando à valorização dos produtos locais para que as pessoas possam ter uma melhor condição física e uma saúde mais equilibrada.