Hoje Macau PolíticaDSPA | Concluída expansão de central de incineração O Governo anunciou que a 3.ª fase de expansão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau está pronta para entrar em funcionamento, depois de recentemente terem sido realizados os testes de funcionamento. A informação foi divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), que reconhece que o projecto enfrentou vários problemas. “A execução da obra foi afectada por vários factores adversos, tais como a pandemia do novo tipo de coronavírus e as condições climáticas adversas, o que impediu, de certo modo, a fabricação, o transporte e a instalação de alguns principais equipamentos de processamento de grande porte no âmbito do projecto”, foi comunicado. “No entanto, com os esforços da equipa de execução e de outras partes envolvidas, a obra foi finalmente concluída em Agosto de 2024”, foi acrescentado. Com a entrada em funcionamento da 3.ª fase, a “capacidade total de tratamento diário da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau aumentará 1.300 toneladas”. Os dados oficiais apontam que a nova expansão da central tem capacidade para converter a energia térmica gerada durante o processo de incineração em electricidade, e deverá produzir mais de 200 milhões de quilowatts-hora (kwh) de electricidade por ano, se operar na capacidade total. O Governo espera ainda que a expansão da central de incineração em conjunto com “as várias medidas de redução de produção de resíduos” e a “futura conclusão do Centro de Recuperação de Resíduos Orgânicos” respondam “às necessidades de tratamento de resíduos” durante “um longo período de tempo”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCovid-19 | Morte duas vezes mais provável em não vacinados Um estudo de académicos da Universidade de Macau e de pessoal médico do Hospital Kiang Wu conclui que a vacinação foi eficaz na prevenção da morte por covid-19 em idosos. Entre 426 idosos vacinados internados com sintomas graves ou que morreram, 375 tinham sido inoculados com a vacina Sinopharm Após o fim da política de zero caso de covid-19, em Dezembro de 2022, os idosos não vacinados tinham duas vezes mais probabilidades de morrer na sequência de complicações surgidas por infecções do novo coronavírus do que os vacinados. A conclusão faz parte de um estudo com base nos dados do Hospital Kiang Wu, elaborado por académicos e médicos da Universidade de Macau e da instituição médica, com o título “Eficácia da Vacinação Contra a Covid-19 na Prevenção de Sintomas Graves e Morte entre Pacientes Geriátricos”. Para chegarem aos resultados publicados na revista Vaccines, os académicos tiveram em conta uma amostra de 848 idosos diagnosticados com covid-19, com mais de 60 anos que foram internados na instituição mais de 24 horas. Entre a amostra de 848 doentes, 426 estavam vacinados com pelo menos uma dose de qualquer umas das vacinadas disponíveis e 422 não tinham sido vacinados. Entre 12 de Dezembro de 2022 e 12 de Março de 2023, a instituição registou um total de 171 mortes por covid-19, e entre estes, 107 eram idosos não vacinados, uma proporção de 62,6 por cento, enquanto 64 mortes (37,4 por cento) ocorreram com pessoas vacinadas. “Os dados mostram que entre os não vacinados as probabilidades de morrer eram quase duas vezes mais elevadas, em comparação com o grupo de vacinados”, indicou os académicos. Durante a pandemia, Macau disponibilizou dois tipos de vacinas, a chinesa Sinopharm, que recorre à tecnologia tradicional de vírus inactivado, e a germano-americana Pfizer-BioNTech, com recurso à tecnologia mais moderna mRNA. Segundo os autores, feitas as contas aos pacientes do Kiang Wu, as duas vacinas não apresentaram diferenças. Também foi considerado que o número de doses não terá tido impacto na protecção dos pacientes. “Não houve diferenças estatisticamente relevantes nos resultados, tanto na redução dos sintomas ou das hipóteses de morte, quando se tem em conta o tipo de vacina ou o número de doses recebida”, foi indicado. Popularidade da Sinopharm Entre a amostra recolhida, a grande maioria dos hospitalizados recorreu à vacina da Sinopharm, num total de 375 pessoas entre os 426 vacinados. As mortes de pessoas vacinadas com a Sinopharm foram 57, uma proporção de 15,2 por cento. Os vacinados com a Pfizer-BioNTech eram 39, tendo sido registadas 7 mortes, uma proporção de 17,9 por cento. Houve ainda 12 pessoas a recorrerem às duas vacinas, não tendo ocorrido qualquer óbito entre estes. Mais relevante, indicam os investigadores, foi o facto de o programa de vacinação ter sido completo antes do fim da política de zero casos de covid-19. As pessoas que levaram duas doses de qualquer uma das vacinas mostraram maior resistência. “Quando se comparou o estado da vacinação, foi observada uma diferença significativa nos resultados […] As chances de ocorrência de morte no grupo de pessoas com a vacinação incompleta foram duas vezes maiores do que no grupo de pessoas com a vacinação completa”, foi indicado. Entre as 64 mortes em vacinados, 52 (81,3 por cento) aconteceram em pessoas com a vacinação incompleta, enquanto 12 (18,8 por cento) ocorreram em infectados que tinham sido vacinados com pelo menos duas doses. O estudo tem como autores Xiao Zhan Zhang, Phyllis Wong Hio Hong, Yang Bo, Song Menghuan, Li Junjun e Carolina Ung Oi Lam, que pertencem a instituições como a Universidade de Macau, Hospital Kiang Wu e o Laboratório de Referência de Investigação de Medicina Chinesa.
Hoje Macau PolíticaAperfeiçoamento Contínuo | Pedido mais dinheiro para programa Ma Io Fong questionou o Governo sobre a possibilidade de o montante distribuído no Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo ser aumentado no futuro. A questão faz parte de uma interpelação escrita pelo deputado ligado à Associação das Mulheres de Macau divulgada ontem. “Será que as autoridades vão considerar aumentar o montante do financiamento do Programa de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento Contínuo, ou considerar aumentar o financiamento quando os cursos tiverem como objectivo a obtenção de certificados profissionais ou formações profissionais?”, questiona Ma. A fase actual do programa começou em 2023 e prolonga-se até 2026, prevendo a distribuição de até 6 mil patacas para pagar os custos de inscrição dos residentes nos cursos e formações que aderiram ao programa. Ma pergunta também se existe possibilidade de as autoridades começarem a imitar as opções tomadas no programa de vales de saúde, em que o montante não utilizado pode ser transmitido aos familiares. “Será que as autoridades vão considerar imitar o subsídio dos vales de saúde, para que os residentes possam transmitir o apoio para os familiares directos que precisam de se inscrever em cursos mais avançados e mais caros?”, pergunta. O deputado das Mulheres questiona ainda a possibilidade de o Governo começar a financiar cursos realizados em formatos online, quando estiverem ligados a instituições de prestigio. Para defender esta possibilidade, Ma argumenta que depois da pandemia o ensino online se tornou cada vez mais uma tendência que deve ser aproveitada.
João Luz Manchete PolíticaChefe do Executivo | Sam Hou Fai apresenta demissão do TUI O presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, pediu a exoneração do cargo, abrindo caminho para uma possível candidatura a líder do Governo. A ordem executiva que oficializou a saída do magistrado do mais elevado cargo judicial da RAEM foi assinada por Ho Iat Seng Com Lusa “É exonerado, a seu pedido, o juiz Sam Hou Fai dos cargos de presidente e de juiz do Tribunal de Última Instância (TUI) e do cargo de membro da Comissão Independente responsável pela indigitação dos candidatos ao cargo de juiz da Região Administrativa Especial de Macau, a partir do dia 28 de Agosto de 2024.” Foi desta forma que Sam Hou Fai deu o primeiro passo oficial antes de apresentar a sua candidatura ao cargo de Chefe do Executivo, através de uma ordem executiva publicada ontem no Boletim Oficial assinada por Ho Iat Seng, culminando quase um quarto de século na presidência do TUI. À medida que se aproxima o início do período para a apresentação de candidaturas ao mais elevado cargo político da região, a exoneração de Sam Hou Fai à frente do TUI liberta-o de impedimentos de legais no caminho para liderar o próximo Governo. De acordo com a lei eleitoral, juízes ou funcionários judiciais só se podem candidatar a Chefe do Executivo após apresentarem a demissão ou caso já se tenham reformado. Entre os impedimentos à candidatura, a lei eleitoral inclui ainda titulares dos principais cargos, membros do Conselho Executivo e membros das comissões eleitorais. Passo rápido Sam Hou Fai admitiu na quinta-feira a possibilidade de se candidatar ao cargo de Chefe do Executivo, à margem de um evento para o qual apenas foram chamados órgãos de comunicação social chineses mais próximos do Governo. “Sempre tive o desejo de servir Macau e alguns amigos encorajaram-me a continuar a dar o meu contributo para o desenvolvimento da RAEM”, afirmou. Sam Hou Fai expressou também gratidão por quem se tem preocupado com a eleição para líder do Governo e afirmou que “o cargo de Chefe do Executivo é uma posição nobre para servir Macau e os residentes”. Um dia antes de Sam Hou Fai admitir a possibilidade de concorrer a Chefe do Executivo, Ho Iat Seng anunciou que não se vai candidatar a um novo mandato no cargo, marcando um momento histórico e inédito na vida política da RAEM por ser a primeira vez que um Chefe do Executivo não cumpre dois mandatos. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo”, afirmou, em comunicado divulgado pelo Gabinete de Comunicação Social. A eleição do Chefe do Executivo está marcada para 13 de Outubro e os candidatos a líder do Governo de Macau vão ser conhecidos entre a próxima quinta-feira e 12 de Setembro. O líder da região é eleito para um mandato de cinco anos pela Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo – que integra 400 membros provenientes dos quatro sectores da sociedade, sendo depois nomeado pelo Governo Central chinês, de acordo com a Lei Básica, e a respectiva lei eleitoral.
Hoje Macau Grande Plano MancheteTimor-Leste/25 anos | Guterres condecorado com Grande Colar da Ordem António Guterres vai ser condecorado com a mais alta distinção de Timor-Leste pela intervenção que teve em 1999, após a realização do referendo que levou à independência, anunciou José Ramos-Horta. O chefe de Estado sugere que empresas lusas usem o país como ‘armazém’ para o sudeste asiático, mas alerta para a necessidade de condições e vontade dos governos “O secretário-geral António Guterres como primeiro-ministro de Portugal, em 1999, no ano crítico, teve uma intervenção que na altura chamou a atenção do Presidente Bill Clinton [antigo Presidente dos Estados Unidos]”, explicou José Ramos-Horta, em entrevista à agência Lusa por ocasião dos 25 anos de realização do referendo em Timor-Leste. “Quando estive com o Presidente Bill Clinton em Setembro de 1999 na cidade de Auckland, Nova Zelândia, onde ia se reunir-se a Cimeira da APEC [Fórum Económico dos Países da Ásia e do Pacífico], Bill Clinton disse-me: Quem mais me sensibilizou na questão de Timor-Leste foi António Guterres”, lembrou o prémio Nobel da Paz. Após o anúncio dos resultados do referendo de 30 de Agosto de 1999, em 4 de Setembro do mesmo ano, em que a grande maioria dos timorenses votou a favor da independência de Timor-Leste, uma onda de violência assolou o território perpetrada pelas milícias integracionistas, apoiadas pela Indonésia. Milhares de timorenses foram obrigados a fugir perante a onda de assassínios, deslocação forçada de pessoas para Timor Ocidental, ataques à igreja católica e outras organizações. “A intervenção de António Guterres foi uma intervenção que sensibilizou emocionalmente Bill Clinton e António Guterres deixou bem clara a mensagem de Portugal”, salientou o Presidente timorense. Segundo José Ramos-Horta, na altura havia a questão do Kosovo e da Bósnia, que obrigou a uma intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e Portugal foi um dos países que contribuiu para aquela missão. “Não vou citar textualmente o que António Guterres disse ao telefone com Bill Clinton, isso reservo para o meu livro, mas a mensagem foi clara. Não pode haver dois pesos e duas medidas e que Portugal podia repensar a sua participação nas forças da NATO nos Balcãs”, salientou. No livro “Por Timor – Memórias de dez Anos de Independência”, da antiga assessora de José Ramos-Horta, Sónia Neto, o antigo Presidente dos Estados Unidos recorda que, perante a “brutal campanha de violência”, decidiu suspender a cooperação militar com a Indonésia. Uma semana mais tarde, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, por unanimidade, uma resolução que autorizava a força multinacional Interfet, liderada pela Austrália a entrar em Timor-Leste. Reconhecimento da ordem Face ao exposto, é com naturalidade que António Guterres vai ser condecorado com o Grande Colar da Ordem de Timor-Leste. A Ordem de Timor-Leste, com quatro graus, foi criada em 2009 e visa reconhecer e agradecer a nacionais e estrangeiros que contribuíram para o benefício do país, dos timorenses e da humanidade. Além de António Guterres, os jornalistas portugueses Paulo Nogueira, Pedro Sousa Pereira e Fernando Peixeiro, da agência Lusa, Pedro Miguel Duarte Costa e Silvestre Bento Rodrigues, da SIC, António Valador, da RTP, e Pedro Manuel Mesquita e José Luís Ramos Pinheiro, da Rádio Renascença, também vão se condecorados com a Ordem de Timor-Leste. “Muitos outros foram condecorados num grande evento em 2015, mas há tantas pessoas, tantos amigos espalhados pelo mundo”, disse José Ramos-Horta, explicando que são jornalistas que estiveram em Timor-Leste em 1999, mas que também fizeram a cobertura do país durante muitos anos. Ponto de encontro O Presidente timorense, José Ramos-Horta defendeu também que as empresas portuguesas podem usar Timor-Leste como ‘armazém’ para reexportarem para o sudeste asiático em áreas como as conservas, o calçado ou têxteis. O chefe de Estado timorense defendeu que o sudeste asiático é o melhor mercado para as empresas portuguesas que têm interesse em expandir-se. “O mercado é este, do sudeste asiático, com quase 700 milhões de pessoas, dos quais cerca de 200 milhões são já de classe média, com [rendimento] ‘per capita’ mais elevado, com gostos mais refinados”, disse. “Se eu fosse um empresário timorense ou português, fazia de Timor-Leste um armazém de conservas portuguesas porque o asiático gosta muito de conservas” e “a conserva portuguesa é a melhor do mundo”. Para José Ramos-Horta, há ainda outras áreas em que os empresários portugueses podem fazer a diferença, como o calçado ou confeção têxtil. “Há quase 30 anos conheci um senhor guineense, casado com uma timorense, ele vendia sapatos portugueses em casa. Hoje já tem lojas em toda a Austrália a vender calçado português”, exemplificou. O Presidente defendeu que Timor-Leste “pode ser um armazém como Singapura” que “reexporta tudo o que vem da Europa, do resto do mundo para a Ásia e vice-versa”. Ramos-Horta deu ainda outro exemplo de sucesso dos produtos portugueses na região referindo que os vizinhos de Timor ocidental, a parte indonésia da ilha, atravessam muitas vezes a fronteira “para virem comprar vinho português a Timor-Leste”. O país asiático lusófono podia ainda ser “um ‘hub’ para indústria farmacêutica portuguesa”, defendeu. Criar bases No entanto, para promover este tipo de investimento, o chefe de Estado considerou que os governos timorense e português devem fazer “acordos mais concretos, comerciais, mas com fortes apoios dos bancos portugueses, do banco central português e timorense”. É preciso que a nível político haja “incentivos a esses empresários para se estabelecerem em Timor”, em vez de andarem “a fazer juras de amor eterno”, como é comum na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Segundo o relatório semestral das perspectivas económicas do Banco Mundial, divulgado esta semana, a economia de Timor-Leste deverá acelerar para uma média de 3,7 por cento no período 2024-2026. Este ano, manteve a trajectória de crescimento próximo dos 3 por cento, mas a um ritmo mais lento devido à baixa execução orçamental, que foi de apenas 25 por cento do Orçamento do Estado e 6 por cento do orçamento de Capital e Desenvolvimento até Maio. “São necessárias taxas de execução substancialmente mais elevadas para alcançar níveis mais elevados de crescimento económico”, alertou o Banco Mundial. Desafios a ultrapassar Apesar das projecções económicas optimistas, Timor-Leste ainda enfrenta muitas dificuldades. O problema da má nutrição está relacionado com a “pobreza, mas também com a questão cultural e educacional”, explicou o chefe de Estado timorense. Dados do Programa Alimentar Mundial (PAM) indicam que cerca de 360.000 pessoas em Timor-Leste, com 1,3 milhões de habitantes, enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar. O Banco Mundial recomendou recentemente a Timor-Leste que aumente o investimento para reduzir a fome, a subnutrição e o atraso no crescimento infantil para melhorar o capital humano do país e consequente desenvolvimento económico. “Há muitas famílias com muitos animais domésticos, gado bovino, centenas de búfalos, de cabritos, porcos. Uma família mais educada, mais sensível planearia para dar de comer às crianças, à casa, regularmente com o que tem, mas muitos não o fazem”, disse José Ramos-Horta. Por outro lado, segundo o prémio Nobel da Paz, “matam cinco ou 10 búfalos num casamento ou num funeral e depois passam meses sem comer um bocado de carne”. José Ramos-Horta explicou que também há desconhecimento sobre nutrição e que no tempo da ocupação indonésia criaram o hábito de comer arroz, que é menos nutritivo que o milho, e as massas de 0,25 dólares que é só misturar água. O Presidente lamentou também a falta de água potável para a população e de condições de higiene. “Tudo isso leva a problemas de infecções nos intestinos e estômago”, disse. Lições externas Segundo o PAM, 47 por cento das crianças menores de cinco anos sofrem de atraso no crescimento. “É a minha campanha principal, porque é uma questão humana, ética e moral, mas não só, é o futuro do país, essas crianças são o futuro do país e têm de ser crianças sãs e bem-educadas”, salientou o chefe de Estado. Questionado sobre quais as maiores conquistas do país nos últimos 25 anos, José Ramos-Horta destacou a liberdade de imprensa e a democracia. “Estas são as melhores conquistas”, disse, mas enumerou também a electrificação do país, a construção de estradas, a formação de médicos e enfermeiros, a formação de quadros, bem como o aumento da esperança média de vida. Sobre a emigração dos jovens timorenses, o chefe de Estado disse que foi quem defendeu a saída daqueles jovens do país, numa primeira fase para a Coreia do Sul e para a Austrália. “Primeiro eu dizia, por favor ajudem-nos, não temos emprego, não temos economia, muita pobreza. Levou anos, mas lá consegui”, disse. Actualmente, os timorenses emigrados na Austrália, Coreia do Sul e Inglaterra enviaram 110 milhões de dólares para os seus familiares em Timor-Leste. “Mas não é só o dinheiro, estão a ganhar algo, novas experiências, novos hábitos de trabalho”, sublinhou o chefe de Estado. José Ramos-Horta considerou que “não há nada de negativo” na emigração e que o positivo é que os jovens que vão para fora mandam muito dinheiro para os seus familiares, afastando a possibilidade de défice de quadros. “Daqui a uns anos eles voltam, quando o nosso país está em construção e vamos precisar deles e alguns já voltaram”, salientou.
Hoje Macau Desporto MancheteFIFA exclui jogadores portugueses da selecção de Macau A FIFA confirmou a exclusão de cinco jogadores portugueses da equipa masculina de Macau por não possuírem o passaporte da RAEM, disse sexta-feira à Lusa o seleccionador Lázaro Oliveira. O luso-angolano disse que a Federação Internacional de Futebol (FIFA, na sigla em francês) já informou a Associação de Futebol de Macau da decisão de ratificar uma exclusão imposta pela Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês). A decisão irá, no imediato, afectar o capitão, o luso-sul-africano Nicholas Torrão, Filipe Duarte, formado no Benfica e antigo internacional jovem por Portugal, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo, lamentou Lázaro Oliveira. O seleccionador disse que contava com os quatro jogadores para as duas mãos do ‘play-off’ de qualificação para a Taça Asiática 2027, contra o Brunei, que estão marcadas para 05 e 10 de Setembro. Apesar de admitir que a situação fica “mais difícil”, Oliveira garantiu que Macau não desiste de sonhar: “Agora é pôr o foco nos jogadores que estão presentes e tentar rentabilizá-los ao máximo para que possam fazer dois bons jogos e tentar passar”. A médio prazo, acrescentou o seleccionador, a exclusão afecta também David Kong Cardoso, jogador do Fabril do Barreiro, que disputa o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol português, mas que actualmente está lesionado. Vítor Almeida, de 33 anos e radicado em Macau há quase nove anos, disse à Lusa que a decisão “não faz sentido”. “Há sensivelmente oito meses, jogámos o apuramento para o Mundial, em que não houve problema nenhum”, recordou o defesa. Em Outubro, Macau foi eliminada por Myanmar (antiga Birmânia) da corrida ao Mundial2026 após uma derrota por 5-1 fora e um empate a zero em casa, partidas em que participaram Vítor Almeida, Nicholas Torrão, Filipe Duarte e o médio Nuno Pereira, que então jogava no Imortal, do Campeonato de Portugal. Vítor Almeida descreveu esta exclusão como injusta para jogadores nascidos no exterior como Nicholas Torrão, que “já representa a selecção há mais de 20 anos e representou nas camadas jovens”, mas sobretudo para Iuri Capelo. Capelo, que nasceu em Macau há 31 anos, disse à Lusa estar “desiludido e um bocado frustrado”. “Nós todos trabalhamos, não vivemos do futebol. Então requer algum esforço da nossa parte ir aos treinos e é sempre um orgulho para todas as pessoas poderem representar o local onde nasceram”, sublinhou. Sem excepções Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território. Filho de mãe tailandesa e pai português, Capelo disse que, de acordo com as autoridades de Macau, teria de renunciar ao passaporte português. “Como é uma decisão pessoal minha, não quero renunciar à minha nacionalidade”, explicou. O jogador do Benfica de Macau, actual campeão, disse que a decisão da FIFA “pode desmotivar os mais jovens”, mas alertou que actualmente já há poucos não chineses “a jogar pelas camadas mais jovens da seleção de Macau”. Vítor Almeida, que também lidera uma escola de futebol, sublinhou a importância de não “ficar resignado e desistir”, para que os jovens da região “tenham essa possibilidade de poder representar a selecção de Macau mesmo não sendo chineses”. Uma porta-voz da Associação de Futebol de Macau confirmou à Lusa a exclusão, de acordo com regulamentos da AFC aprovados já em 2021, e lamentou que não haja qualquer excepção para “jogadores que já representam Macau há muitos, muitos anos”.
André Namora Ai Portugal VozesFogo na Madeira, Albuquerque a banhos Escrevo estas linhas no passado sábado quando já arderam mais de cinco mil hectares de floresta na ilha da Madeira ao longo de 10 dias. A Madeira não é um bailinho. A Madeira não é fogo de artifício. A Madeira não é uma offshore. A Madeira não é um porto de cruzeiros internacionais. A Madeira não é o reinado de um partido político há cinquenta anos. A Madeira não é um cortejo carnavalesco, no qual se gastam milhões de euros. A Madeira é um território nacional com uma cordilheira florestal considerada património mundial. A Madeira é uma região autónoma que recebe milhões de euros do continente. A Madeira está a arder e o vento tem premiado as populações não virando as chamas para cima de dezenas de casas e da Central Hidroeléctrica. Quando o incêndio teve início o seu presidente do Governo Regional estava a banhos no Porto Santo, a gozar férias imerecidas e afirmou: “Está tudo tranquilo e debaixo de controlo”. Miguel Albuquerque não tem seriedade política para governar a Madeira nem competência. Há décadas que os especialistas afirmam que é necessária uma organização e gestão da floresta e nada tem sido feito. O fogo continua a consumir o património natural e a assustar as populações que não dormem há uma semana. Miguel Albuquerque só quando lhe disseram que a situação era muito grave é que despiu o fato de banho e deslocou-se até junto dos incompetentes responsáveis pela Proteção Civil da região. Miguel Albuquerque desde que governa nunca se apercebeu que tinha de exigir ao governo central, pelo menos, que a Madeira tivesse cinco helicópteros e um avião Canadair. O crime natural está à vista e um dos melhores especialistas em ciência de florestas afirmou na televisão que “Miguel Albuquerque é um inculto sobre a defesa do ambiente e das suas populações. O maior problema não é o que ele diz ao sublinhar que o fogo não provocou mortos, feridos nem destruiu casas. O presidente do Governo da Madeira não faz a mínima ideia do que pode vir a acontecer às populações da ilha porque com as serras sem vegetação, quando chegar o Inverno, as grandes chuvadas não serão contidas e vão provocar grandes e possíveis inundações catastróficas”. Esta, é a grande verdade relativamente a um homem que preferiu as praias de Porto Santo em vez de se sentar no seu gabinete a solicitar ao Governo do continente, logo no início do fogo, dois aviões Canadair e mais helicópteros. E não pode vir com a desculpa de que esses meios aéreos faziam falta ao continente em caso da existência de fogos florestais. E porquê? Porque no caso de o continente vir a ser alvo de algum incêndio florestal grave requisitavam-se de imediato a Espanha dois Canadair, tal como aconteceu agora que o fogo na Madeira começou a transmitir preocupações trágicas. O fogo na Madeira está há 10 dias sem controlo e a situação tem agora melhorado devido à acção dos Canadair espanhóis. Contudo, nenhum responsável madeirense apresenta quaisquer perspectivas de quando o fogo estará extinto. Até a nível europeu o incêndio na Madeira já foi abordado e a presidente da Comissão Europeia mostrou a sua perplexidade e preocupação com um incêndio de tão grandes proporções. Os moradores não cessam de indicar os culpados e a irresponsabilidade do Governo Regional ao longo dos anos no que concerne à gestão da floresta com algumas árvores classificadas e únicas, que nem daqui a duas décadas voltarão a existir nas cordilheiras madeirenses. No continente são vários os políticos que já manifestaram muitas críticas à ministra da Administração Interna e aos governantes madeirenses, propondo mesmo uma audição parlamentar para a obtenção de responsabilidades na ineficácia do combate a tragédia tão grave. Um outro facto, que tem chocado os portugueses, é o comportamento do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa que se desloca a todo o lado para as mais díspares ninharias eventuais, também preferiu estar no Algarve como peixe a gozar a água quentinha da praia, em vez de se deslocar de imediato à Madeira e demonstrar a sua solidariedade ao povo madeirense e observar in loco que o fogo já podia ter ceifado dezenas de vidas. Como diz o povo, Marcelo fala, fala, mas não convence… Para que a sua imagem fique ainda mais degradada acabou por dizer aos jornalistas que irá à Madeira quando o fogo terminar. Isto, quando ninguém sabe quando terminará o incêndio. Ai, Portugal, Portugal… P.S. – No momento em que terminámos de escrever esta crónica, o fogo piorou no local Ponta do Sol, deixando os moradores em pânico porque as residências estavam em perigo de ser atingidas.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Nova exposição colectiva inaugurada amanhã Vários modos de expressão artística estarão patentes, a partir de amanhã, na galeria da Creative Macau. Na exposição “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21.º Aniversário” cabem 29 participantes, onde se inclui o fotógrafo e arquitecto Francisco Ricarte, o cartunista Rodrigo de Matos ou o designer João Jorge Magalhães Chama-se “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21º Aniversário” e é a nova exposição apresentada amanhã na Creative Macau. O público terá a oportunidade de conhecer as obras de 29 artistas locais nas mais diversas modalidades artísticas, incluindo a fotografia de Francisco Ricarte, os cartoons de Rodrigo de Matos, que habitualmente desenha para os jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal; e ainda o design do macaense João Jorge Magalhães. Podem também ser vistas obras do pintor Denis Murrell, radicado em Macau há muitos anos, ou de Elisa Vilaça, especialista no trabalho com marionetas e ligada à Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Segundo uma nota da Creative Macau, a ideia aqui é revelar vários tipos de estilos artísticos. “Ao longo dos últimos séculos, a arte tem sido classificada em diferentes períodos, estilos e doutrinas, como o Renascimento, o estilo Barroco, a Pop Art, a Arte Contemporânea, entre outros. Estes movimentos artísticos distintos surgiram em resposta aos fenómenos sociais das suas respectivas épocas.” A Creative Macau recorda que “as origens da arte remontam à Idade Paleolítica”, sendo que ao longo dos séculos têm sido vários os movimentos, expressões e meios para desenvolver essa mesma arte. Uma delas foi a era digital e da Internet, influenciando “significativamente a produção criativa dos artistas” e permitindo “que os artistas se ligassem e comunicassem uns com os outros, integrassem diferentes culturas na sua arte e chegassem a um público global”. Arte em rede Com o tema “Rede Criativa no Século XXI”, a exposição da Creative Macau é um reflexo de como “a Internet tem desempenhado um papel vital na indústria cultural enquanto meio de ligação entre as pessoas”. No caso da Creative Macau – Centro das Indústrias Criativas, em particular, em 21 anos de existência “tem estado na vanguarda desta tendência [da ligação em rede da arte], reunindo artistas de várias áreas para partilharem as suas criações com o público e comunicarem entre si”. Uma vez que os 21 anos da entidade se celebram este ano, pretende-se, com esta mostra, “proporcionar uma plataforma para os seus membros partilharem livremente a sua criatividade com o público, através de exposições e outras actividades que organiza todos os anos como um meio de mostrar obras de arte”. Outros artistas que colaboram com esta exposição, e que já expuseram os seus trabalhos na Creative Macau, em mostras individuais ou colectivas, são Ada Mok, Alan Chang, Alice Costa, Angel Chan, Carmen Lei, Christopher Lei, Coco Cheong e David Chio. Destaque também para o nome de Maria João Das, designer de moda que tem vários anos de experiência na área da indústria têxtil e do designer, tendo sido docente nos cursos de moda da Universidade de São José.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | Reino Unido e China esperam mais diálogo entre os dois países O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou na sexta-feirfa esperar “discussões abertas, francas e honestas” com a China, durante a primeira conversa telefónica com o Presidente chinês Xi Jinping, que pediu o “fortalecimento do diálogo e cooperação”. O chefe do governo trabalhista afirmou “esperar que os líderes possam ter discussões abertas, francas e honestas para abordar e compreender as áreas de desacordo, quando necessário, como Hong Kong, a guerra da Rússia na Ucrânia e os direitos humanos”, segundo um comunicado divulgado. Por seu lado, Xi Jinping afirmou que a China continua “empenhada” no “desenvolvimento pacífico”, manifestando-se esperançado numa “perspectiva estratégica e de longo prazo” e com “objectividade e racionalidade”, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O líder chinês afirmou que a industrialização da China abrirá “novas oportunidades de cooperação” com o Reino Unido e outros países do mundo, apelando ainda a um “maior alinhamento” das estratégias de desenvolvimento dos dois países e à expansão da cooperação em áreas como as finanças, a economia verde e a inteligência artificial. Citado pela mesma fonte, o primeiro-ministro britânico reafirmou que o seu governo continua a aderir à política de “uma só China” e garantiu que Londres está disposta a “manter a comunicação com a China sobre as principais questões internacionais e regionais e contribuir para a manutenção da segurança e estabilidade globais”.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA | Representante da Casa Branca vai a Pequim O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, desloca-se a Pequim esta semana para se reunir com altos funcionários, levando uma mensagem conciliatória, mas também preocupação com o aumento da pressão sobre Taiwan. Um alto funcionário da Casa Branca afirmou à imprensa que, nas conversações da próxima semana, serão manifestadas “preocupações” sobre o “aumento da pressão militar, diplomática e económica sobre Taiwan”. Essas são actividades “desestabilizadoras” e coloca-se o “risco de uma escalada”, pelo que os norte-americanos vão continuar a instar Pequim a “encetar um diálogo significativo com Taipé”, afirmou a mesma fonte, reiterando que Washington continua a seguir a “política de uma só China”. “Opomo-nos a alterações unilaterais do ‘status quo’ por qualquer das partes. Não apoiamos a independência de Taiwan e esperamos que as diferenças entre as duas margens do Estreito sejam resolvidas facilmente”, acrescentou. A viagem de Sullivan a Pequim decorre entre 27 e 29 de Agosto e deverá incluir uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, naquele que será o quinto encontro entre os dois. Além de Taiwan, outros pontos da reunião passam por “questões-chave” como o tráfico de droga, a segurança e a inteligência artificial. Sullivan irá também abordar o apoio da China à base industrial de defesa da Rússia, as tensões no Mar do Sul da China, o Irão e a crise no Médio Oriente.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Pequim tomou “medidas de controlo” contra navio filipino A China afirma que a sua guarda costeira tomou “medidas de controlo” contra um navio filipino que entrou em águas próximas de um atol que é disputado no Mar do Sul da China, segundo a imprensa estatal de Pequim. “O navio filipino 3002 entrou ilegalmente em águas próximas do recife de Xianbin, nas ilhas Nansha, sem permissão do governo chinês”, disse o canal de televisão estatal CCTV. O barco “continuou a aproximar-se perigosamente de um navio da guarda costeira chinesa que realizava operações de rotina”, indicou a mesma fonte, precisando que aquela autoridade chinesa havia “tomado medidas de controlo contra o navio filipino, de acordo com as leis e os regulamentos”. As tensões entre Pequim e Manila têm aumentado nos últimos meses e marcadas por uma série de confrontos no Mar do Sul da China. As Filipinas acusaram no sábado a China de disparar duas vezes foguetes de aviso contra um dos seus aviões de patrulha civil sobre ilhotas disputadas no Mar do Sul da China. Na sexta-feira, Pequim tinha anunciado que tinha tomado “contramedidas” contra aviões militares filipinos acusados de terem entrado no seu espaço aéreo nas proximidades do recife de Subi a 22 de Agosto, também reivindicado por Manila.
Hoje Macau China / Ásia“Black Myth – Wukong” | Sucesso ilustra importância dos videojogos no “soft power” do país, diz especialista Um especialista português radicado na China afirmou à Lusa que a indústria de videojogos pode servir como instrumento para Pequim projectar influência cultural, numa altura em que o título chinês “Black Myth: Wukong” bate recordes no sector. “Os videojogos, mais que o cinema ou a música, são de facto a grande potência actual do ‘soft power’ [poder de influência] chinês”, explicou Daniel Camilo, radicado desde 2012 em Shenzhen, no sudeste da China. “Da mesma forma que o público se familiarizou com o Japão devido às suas exportações culturais nos anos 1980 e 1990, a China está a seguir o mesmo caminho, com ênfase nos videojogos”, descreveu. “Black Myth: Wukong” tornou-se na terça-feira, dia do seu lançamento, o título com o maior número de sempre de jogadores simultâneos na plataforma Steam, líder mundial na distribuição de videojogos. Produzido pela empresa chinesa Game Science, com um custo de 400 milhões de yuan, o jogo inspirou-se na “Viagem ao Oeste”, obra clássica da mitologia chinesa. Na sexta-feira, na rede social X, foi avançado que o jogo tinha vendido 10 milhões de cópias em todo o mundo desde o seu lançamento. A popularidade do jogo de acção teve impacto imediato no mercado bolsista: as acções do grupo Huayi Brothers, ligada ao desenvolvimento do jogo, subiram 20 por cento. O sucesso pode incentivar a indústria dos videojogos na China a criar mais títulos AAA, que são produções de alto orçamento e alta qualidade, comparáveis às grandes produções cinematográficas, segundo explicou à Lusa Daniel Camilo. “É um enorme marco e mudança de paradigma até para a forma como o resto da indústria vê a China daqui para a frente”, apontou o português, que acompanhou o desenvolvimento do sector na China na última década. Pequim, que há muito se queixa que a imprensa ocidental domina o discurso global e alimenta preconceitos contra a China, tem investido milhares de milhões de dólares para elevar a imagem do país à altura do seu poder económico e militar. Mas, ao contrário do Japão e da Coreia do Sul, cujas obras cinematográficas, desenhos animados e a música conquistaram milhões de fãs em todo o mundo, o gigante asiático carecia de uma indústria de entretenimento com sucesso além-fronteiras. “Acho que o motivo é bastante óbvio: a censura proíbe que na China se toque em vários temas”, observou o português. Na indústria dos jogos, os reguladores chineses têm, no entanto, uma postura “mais relaxada” sobre o conteúdo, que é também menos susceptível de tocar em temas que incomodem Pequim. “O cinema toca em questões realistas da sociedade. Os jogos são mais fantasiosos”, sublinhou Daniel Camilo. Equilíbrio a encontrar Grandes grupos chineses, como a Tencent, Netease ou Bytedance são já líderes num sector que facturou 184 mil milhões de dólares a nível mundial, em 2023, segundo a consultora especializada Newzoo. Em 2021, as autoridades chinesas restringiram o acesso dos menores de idade aos jogos de computador a três horas por semana – de sexta a domingo, entre as 20:00 e as 21:00 -, com o objectivo declarado de “proteger eficazmente a saúde mental e física” e o “crescimento saudável” dos jovens. A regulação fez de 2022 o ano mais difícil para a indústria na China, com uma contracção das receitas, obrigando os produtores locais a focarem-se no mercado externo. “O mercado chinês é o maior do mundo, mas é simultaneamente um dos mais limitados e restritos”, observou o especialista. Licenciado em Estudos Orientais pela Universidade do Minho, Daniel Camilo visitou a China pela primeira vez em 2008, para realizar um ano de intercâmbio na cidade portuária de Tianjin, no nordeste do país. Entusiasta de videojogos e comentador frequente na rede social X, o português passou a ser frequentemente citado na imprensa internacional, incluindo BBC, Voice of America, Newsweek ou The Guardian, sobre os desenvolvimentos da indústria na China. “Há um vazio informativo, sobretudo em inglês, sobre a actualidade na China fora do âmbito político ou macroeconómico”, justificou.
João Luz Manchete SociedadeElevadores | Moradores queixam-se de preço de reparações Até 2026, a lei obriga a que todos os 10 mil elevadores da cidade sejam alvo de inspecção de segurança. A obrigação de substituir peças que custam centenas de milhares de patacas poderá gerar situações de falta de segurança, alerta o deputado Nick Lei que pede ao Governo que subsidie reparações e admita mais empresas de inspecção A nova lei de segurança dos ascensores, que entrou em vigor no dia 1 de Abril deste ano, estabelece que dentro de um período de três anos todos os 10 mil elevadores instalados em Macau sejam registados, inspeccionados e reparados, caso sejam encontradas falhas de segurança. Porém, as exigências legais podem esbarrar em problemas práticos, indicou Nick Lei, numa interpelação escrita divulgada no sábado. O deputado, ligado à comunidade de Fujian, começou por mencionar as recorrentes dificuldades de gerar consensos em administrações de condomínio, principalmente em relação a despesas avultadas, como a substituição de peças que podem custar centenas de milhares de patacas. Nick Lei indica ter ouvido administradores de condomínios que se queixaram da discórdia provocada pela necessidade legal de cobrir despesas avultadas, incapazes de atingir o consenso dos proprietários. Os responsáveis temem que esta inacção impeça o cumprimento do prazo legal para reparar os ascensores, e garantir a segurança dos moradores. “Que medidas serão adoptadas para garantir a segurança dos elevadores quando os condóminos não quiserem pagar reparações ou a instalação de peças caras? Será que o Governo irá lançar um plano de subsídio específico para acelerar o melhoramento dos elevadores”, questiona. Mãos a medir O deputado recorda que caso os elevadores inspeccionados não cumpram as regras de segurança e obriguem a reparações, estes devem ser supervisionados de oito em oito meses até os melhoramentos serem realizados. Esta situação obriga as administrações dos condomínios a encarregarem uma entidade supervisora para fazer a inspecção anual, mesmo que não se verifiquem problemas. Nick Lei considera haver aqui outro desfasamento entre a letra da lei e a realidade, uma vez que para os cerca de 10 mil elevadores instalados em Macau apenas existem quatro entidades supervisoras disponíveis até ao momento. Como tal, Nick Lei pergunta ao Governo como irá gerir os períodos de maior procura dos serviços de supervisão, em especial quando o prazo para as inspecções estiver a terminar, face à reduzida quantidade de empresas e tendo em conta que um técnico supervisor só pode inspeccionar, no máximo, seis elevadores por dia. O deputado afirmou ainda ter ouvido responsáveis de empresas que se queixaram do tempo excessivo que as autoridades demoram a aprovar inscrições de entidades supervisoras.
Hoje Macau SociedadeIAM | Vegetação “melhorada” em 200 mil metros quadrados O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) afirma ter melhorado a vegetação numa área de 200 mil metros quadrados, entre 2021 e 2023, o que equivale a cerca de 28 campos de futebol. A informação consta da resposta a uma interpelação do deputado Ron Lam, assinada por José Tavares. “Perante o envelhecimento e degradação das plantas, a ocorrência frequente de insectos nocivos e os danos causados pela intervenção humana, o Instituto efectua, de forma activa, a substituição e replantação, bem como a nova concepção e criação de zonas verdes paisagísticas nos locais com condições”, foi explicado sobre os trabalhos realizados. Na área anunciada, é explicado pelas autoridades, não foi tida em conta a reflorestação em zonas consideradas de floresta. “Essas acções, que incluem a introdução de espécies de plantas adequadas ao crescimento no local e recorrem a combinação de diferentes plantas, tais como floridas, com folhas ornamentais, formas e aromas distintos, destinam-se a intensificar o efeito de coloração e os níveis de plantação, de modo a elevar incessantemente o nível de arborização urbana de Macau”, foi adicionado.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Aceleração em Julho após quatro meses lentos As refeições compradas fora de casa foram um dos factores que mais contribuiu para o aumento do ritmo de crescimento dos preços. Também o aumento das propinas fez com que a vida se tornasse mais cara no mês passado O Índice de Preços no Consumidor (IPC) subiu 0,82 por cento em Julho, em termos anuais, após quatro meses consecutivos de abrandamento, sobretudo devido às refeições adquiridas fora de casa, foi anunciado na sexta-feira. Em Junho, o IPC tinha aumentado 0,64 por cento em termos anuais. De acordo com dados oficiais divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a principal razão para a aceleração foi um aumento de 2,1 por cento no custo das refeições adquiridas fora de casa. Num comunicado, a DSEC justificou a aceleração com uma subida de 5 por cento nos custos da educação, com os dados a mostrarem que as propinas do ensino superior cresceram 8,5 por cento. Além disso, o preço da gasolina e gasóleo para automóveis aumentou 5,9 por cento e os gastos com gás natural e electricidade subiram 4,4 por cento e 0,7 por cento, respectivamente. Por outro lado, as despesas com hipotecas de apartamentos subiram 0,4 por cento. Isto depois da Assembleia Legislativa de Macau ter aprovado, a 18 de Abril, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O grande parceiro Com o aumento do número de visitantes, a região registou um acréscimo de 16,6 por cento no preço das joias, relógios e produtos feitos de ouro. Pelo contrário, os dados oficiais mostram uma queda de 15,6 por cento no preço da carne de porco, a mais popular entre os consumidores chineses. Com a progressiva retoma das ligações aéreas, Macau registou uma diminuição de 20,2 por cento no preço dos bilhetes de avião. Os voos directos regulares entre Macau e Xi’an, capital da província de Shaanxi, no noroeste da China, recomeçaram em 20 de Agosto, pela primeira vez desde o fim da pandemia da covid-19. O IPC da China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, subiu 0,5 por cento em Julho. Foi o sexto mês consecutivo em que a China registou inflação em termos anuais, depois de, entre o final de 2023 e o início deste ano, ter registado uma tendência deflacionária, durante quatro meses. A deflação reflecte debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravosa, já que uma queda no preço dos activos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias. Macau registou deflação durante 10 meses consecutivos, entre Setembro de 2020 e Junho de 2021, no pico da crise económica causada pela pandemia.
Hoje Macau PolíticaCarros eléctricos | Ron Lam exige melhores políticas fiscais O deputado Ron Lam interpelou o Governo sobre a necessidade de melhorar as políticas fiscais. Isto porque a isenção fiscal para os carros eléctricos não favoreceu o controlo de viaturas, pois para Ron Lam U Tou tal transformou Macau num paraíso fiscal para a compra de carros eléctricos do segmento de luxo. O deputado defende, assim, que as autoridades devem elaborar normas para a classificação dos carros eléctricos, estabelecendo um valor máximo e limitando a isenção fiscal, como é feito em Hong Kong. Além disso, para Ron Lam o Governo deveria incentivar também a substituição por carros mais antigos por viaturas movidas a gasolina. Na mesma interpelação, o deputado destacou que, nos últimos dias, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego incluiu na lista de veículos com isenção de impostos os carros eléctricos com extensor de autonomia. Na visão de Ron Lam, tal não corresponde à legislação, faltando referências, pois estes carros têm emissões de escape. O deputado denunciou também a desactualização do regulamento do imposto de circulação, que não abrange os carros eléctricos. Assim, o legislador defende a revisão deste diploma, por entender que não faz sentido que os carros eléctricos estejam isentos do pagamento deste imposto, enquanto os veículos eléctricos de maior dimensão precisam de pagar o mesmo imposto com um valor elevado, pois a cobrança depende do peso do veículo.
Hoje Macau PolíticaEspectáculos | Pedida realização de mais eventos O presidente da Associação Económica de Macau, Lau Pun Lap, defende que Macau deve realizar mais espectáculos, para desenvolver a política de transformação de Macau numa Cidade do Espectáculo. A posição foi tomada em declarações ao jornal Ou Mun, onde Lau justifica o seu posicionamento com o facto de considerar que os dados oficiais mostram uma forte procura no território por concertos e espectáculos. O dirigente da associação acredita também que a área dos espectáculos vai permitir um maior crescimento e diversificação da economia do território. Ainda em relação à situação económica, o presidente da Associação Económica de Macau afirmou esperar que o crescimento do Produto Interno Bruto registe um abrandamento na segunda metade, em comparação com o período homólogo. Lau Pun Lap explicou que na segunda metade do ano passado registou-se uma grande aceleração da economia, pelo que o espaço de crescimento vai ser mais reduzido. Em relação ao turismo, Lau indica que o território está a sofrer uma transformação estrutural, dado que o número de visitantes de Hong Kong teve uma quebra de 11 por cento, em Julho, face ao período homólogo. Estas alterações, indicou o presidente da associação, têm impacto no comércio e estão a constituir-se como um desafio, uma vez que os turistas de Hong Kong têm um elevado poder de compra e são dos que mas consumem na RAEM.
Hoje Macau Manchete SociedadeEconomia | Crescimento de 15,7% no primeiro semestre com retoma do jogo A economia de Macau cresceu 15,7 por cento na primeira metade de 2024, em comparação com igual período do ano passado, graças à retoma do jogo. Por outro lado, o fim dos apoios económicos à população ajudou à quebra de 14 por cento nas despesas do Governo O Produto Interno Bruto (PIB) da região administrativa especial chinesa atingiu 204,3 mil milhões de patacas entre Janeiro e Junho, adiantou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o que representou um crescimento anual de 15,7 por cento. A economia de Macau tinha voltado a crescer em 2023, com o PIB a subir 80,5 por cento, graças ao fim da política ‘zero covid’ e à retoma do turismo, invertendo uma contração de 21,4 por cento em 2022. A China levantou em 6 de Fevereiro de 2023 todas as restrições devido à pandemia de covid-19 nas deslocações para Hong Kong e Macau, permitindo o reinício das excursões organizadas para as duas cidades. Em resultado, o benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos aumentou 39,9 por cento em termos anuais na primeira metade de 2024, enquanto dos outros serviços turísticos subiu 2,8 por cento, sublinhou a DSEC, em comunicado. Macau recebeu no primeiro semestre mais de 16,7 milhões de visitantes, mais 43,6 por cento do que no mesmo período do ano passado, enquanto as receitas do jogo cresceram 41,9 por cento, para 113,8 mil milhões de patacas. A DSEC destacou ainda um aumento de 2,8 por cento na procura interna, em parte devido a uma subida de 9,8 por cento no investimento privado, incluindo acréscimos de 29,8 por cento no investimento em equipamento e de 14,7 por cento do investimento em construção. O comunicado apontou para “o crescimento contínuo dos investimentos em construção de edifícios habitacionais, para além do reforço constante dos investimentos em empreendimentos de grande envergadura” por parte das operadoras de casinos. Queda de obras O consumo privado aumentou 7,8 por cento, “devido à subida das receitas dos residentes, a qual foi impulsionada pela recuperação contínua da economia local e do mercado de trabalho”, referiu a DSEC. Pelo contrário, as despesas do Governo caíram 14 por cento, após o fim das medidas de apoio económico, que incluíram dar oito mil patacas a cada residente, montante que podia ser usado para efectuar pagamentos, sobretudo no comércio local. Também o investimento público em construção diminuiu 10,8 por cento, devido à conclusão de parte das obras públicas de grande envergadura, acrescentou o comunicado. A DSEC destacou que a economia de Macau representou 86,2 por cento do PIB registado na primeira metade de 2019, antes do início da pandemia. Macau, com cerca de 687 mil habitantes, tinha no ano passado o décimo PIB per capita mais elevado do mundo, de acordo com dados compilados pelo Fundo Monetário Internacional. Em 8 de Março, a agência de notação financeira Fitch Ratings previu que a economia do território cresça 15 por cento este ano. Um dia antes, o Fundo Monetário Internacional tinha previsto um crescimento de 13,9 por cento este ano e um regresso, em 2025, aos níveis anteriores à pandemia.
Hoje Macau PolíticaPublicidade | Song Pek Kei exige retirada de placas em risco de queda A deputada Song Pek Kei alertou o Governo para a necessidade de remover com celeridade as placas antigas de publicidade em edifícios, a fim de assegurar a segurança pública. Numa interpelação escrita, a deputada ligada à comunidade de Fujian cita dados oficiais que revelam que, desde o ano passado e até Julho deste ano, foram informados e apoiados proprietários para a remoção de 463 placas de publicidade antigas, sendo que 140 destas estavam já bastante antigas e em risco de queda. As autoridades removeram 120 placas. Para Song Pek Kei, trata-se de um avanço lento, por estarem em causa riscos para peões, além de que, segundo a deputada, o Executivo deve reforçar as medidas de segurança durante a época de tufões e chuvas intensas. Uma vez que a legislação em vigor não obriga à manutenção regular das placas de publicidade, a deputada pede uma alteração dos diplomas, para que comerciantes sejam obrigados a removê-las aquando do encerramento dos negócios.
João Santos Filipe Manchete PolíticaDSF | Desmentido investimento de 40 mil milhões em empresa de Jason Ho Na semana passada voltou a circular o rumor que a empresa do filho de Ho Iat Seng teria recebido do Governo um investimento avultado para desenvolver plataformas no metaverso. As finanças vieram a público negar a informação A Direcção de Serviços de Finanças (DSF) negou o investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa do filho de Ho Iat Seng, sem nunca referir a empresa ou o nome do filho do Chefe do Executivo. O desmentido foi feito na sexta-feira, através de uma resposta enviada ao Canal Chinês da Rádio Macau. “Em resposta às perguntas dos média, a Direcção de Serviços de Finanças declara que o Governo da RAEM nunca realizou o chamado investimento público de 40 mil milhões de patacas no metaverso”, pode ler-se na resposta. A DSF defende ainda que este tipo de despesa, a ser realizado pelo Governo, teria de constar no orçamento da RAEM, o que não acontece. “Todos os orçamentos e despesas têm de cumprir rigorosamente as leis do orçamento e estão sujeitas à supervisão da Assembleia Legislativa”, foi acrescentado. O rumor sobre a realização de um investimento de 40 mil milhões de patacas na empresa de Jason Ho Kin Tong para investir num projecto de metaverso não é novo, e terá começado a circular em 2022. Em plena pandemia, o conceito de metaverso entrou no discurso político do Governo e deputados, a reboque das alterações na empresa proprietária da rede social Facebook, que em Fevereiro desse ano adoptou a denominação Meta. No entanto, o rumor voltou a ganhar predominância online na semana passada, com as notícias da não recandidatura de Ho Iat Seng a Chefe do Executivo, e também da saída de Jason Ho Kin Tong do Conselho de Curadores do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT). Nas caixas de comentários de diferentes jornais, inclusive nos meios mais próximos do Governo, e ainda nos grupos de Facebook mais populares do território eram vários os utilizadores que ligavam as saídas ao facto de os dois terem ficado satisfeitos com o “investimento” de 40 mil milhões de patacas. Origem do número Segundo o jornal Cheng Pou, o rumor terá começado com as declarações de Ho Iat Seng, quando em Agosto de 2022, se deslocou à AL e mencionou terem sido feitos investimentos estatais por parte das autoridades do Interior na Ilha da Montanha. Os investimentos de 40 mil milhões teriam sido feitos em áreas como saúde ou novas tecnologias, como a produção em grande escala de semicondutores. Também nessa ocasião, Ho terá mencionado que havia projectos de metaverso a serem desenvolvidos em Hengqin, tendo o Chefe do Executivo expressado o desejo que os jovens de Macau pudessem “participar no desenvolvimento do país, através do metaverso”. O Cheng Pou indica igualmente que a partir dessa ocasião começam a circular rumores de um investimento de 40 mil milhões de patacas da RAEM em Hengqin, que no início não surgem ligados à empresa do filho do Chefe do Executivo. Todavia, em Setembro do ano passado, a ligação com a empresa do filho de Ho Iat Seng começou a ser feita.
Andreia Sofia Silva Grande PlanoEnsino superior | Duas universidades locais constam no Ranking de Xangai Só a Universidade de Macau e Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau constam na edição deste ano do Ranking de Xangai, que a nível mundial é liderado pela Universidade de Harvard e na China pela Universidade de Tsinghua. Hong Kong surge representada na lista com sete universidades No “Academic Ranking of World Universities” do Ranking de Xangai constam apenas duas universidades locais, a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), em lugares bem mais abaixo das habituais instituições de ensino superior consagradas dos EUA ou Reino Unido. O ranking lista as melhores universidades de todo o mundo. Este ano, a UM ficou no grupo das “301-400” melhores universidades do mundo, posição semelhante à do ano passado. Em 2022, a UM estava uns graus mais abaixo, posicionando-se no grupo das “401-500” melhores do mundo. A UM destaca-se pelas áreas ligadas às ciências e tecnologias, estando no grupo das “201-300” melhores universidades no que diz respeito às áreas da Química e Engenharia Mecânica, enquanto na área da “Electrónica e Engenharia Electrotécnica” está uns lugares bem mais acima, constando no grupo das “51-75” melhores do mundo, tal como na área da “Automação e Controlo”. Na área da “Engenharia de Telecomunicações” a UM está numa melhor posição, em 44º lugar, tal como nas “Ciências Informáticas e Engenharia”, no grupo das “51-75” melhores. A MUST também está, desde o ano passado, numa posição melhor no ranking, ainda que abaixo da UM: está no grupo das “401-500” melhores, quando, em 2022, se situava no grupo das “501-600” melhores. Também nesta instituição de ensino superior privada se destacam as áreas da engenharia e ciências, com a disciplina de “Automação e Controlo” a constar no grupo das “51-75” melhores, enquanto a área da informática e engenharia está no grupo das “101-150”. No caso da área das “Ciências dos Transportes e Tecnologia” a MUST situa-se no grupo das “76-100” melhores, enquanto na área da “Hospitalidade e Gestão Hoteleira” ocupa o grupo das 40 melhores. Também na área do turismo a UM se destaca, mas numa melhor posição, ao constar no grupo das 14 melhores do mundo. Uma vez que a MUST se tem destacado pela aposta na medicina tradicional chinesa, o ranking de Xangai mostra que há ainda alguns passos a dar para um melhor posicionamento a nível internacional, pois na área “Farmácia e Ciências Farmacêuticas” está no grupo das “201-300” melhores do mundo. No caso da UM, que também tem apostado nesta área, está no grupo das “151-200”, enquanto na área de “Saúde Pública” a instituição de ensino superior público está no grupo das “201-300”. É descrito que a UM tem actualmente 12 mil alunos e 650 docentes, enquanto a MUST possui mais do que esse número de estudantes, onde se inclui 3,847 alunos de mestrado e doutoramento, bem como 8,272 alunos de licenciatura. Tsinghua é líder De frisar que as universidades de Macau constam no ranking de cariz global e não no ranking que apenas inclui as universidades chinesas, onde mais uma vez a Universidade Tsinghua lidera, seguindo-se a Universidade de Peking, de Zhejiang e ainda, em quarto lugar, a Universidade de Shanghai Jiao Tong. Em quinto lugar surge também uma outra instituição de ensino de Xangai, a Universidade de Fudan. Já a província de Guandgong é representada pela Universidade de Sun Yat-sen, em 11º lugar. No último lugar, o 594º, surge o Instituto de Ciências e Tecnologia de Shanxi. O Ranking de Xangai destaca também as melhores universidades chinesas por área de ensino. No caso das línguas, a Beijing Foreign Studies University lidera, seguindo-se a Communication University of China, também em Pequim, e em terceiro lugar a Shanghai International Studies University. Na área da saúde, a instituição que lidera é o Peking Union Medical College, situado em Pequim, e que está ligado à gestão do novo Hospital das Ilhas de Macau. Segue-se a Capital Medical University, também em Pequim, e a Southern Medical University, na província de Guangdong. Em quarto lugar surge a Nanjing Medical University, em Jiangsu, ou ainda a Harbin Medical University, no norte do país, na província de Heilongjiang. Para quem deseja estudar na área da economia e finanças, as instituições de ensino superior de topo são a Shanghai University of Finance and Economics, seguindo-se a Central University of Finance and Economics, na capital chinesa. No que respeita às universidades asiáticas no Ranking de Xangai a Universidade Tsinghua está em 22º lugar, seguindo-se, dois lugares à frente, a Universidade de Peking. Em 27º lugar consta a Universidade de Zhejiang, surgindo, logo a seguir, o Japão, com a Universidade de Tóquio. De destacar também a Universidade Nacional de Singapura, em 68º lugar, ou a Universidade de Hong Kong, em 69º lugar, que a nível do território lidera. No caso da região vizinha, constam sete instituições do ensino superior no Ranking de Xangai. Depois da reputada Universidade de Hong Kong surge, em segundo lugar, a Universidade Cidade de Hong Kong, a Universidade Chinesa de Hong Kong e ainda a Universidade Politécnica de Hong Kong em quarto lugar. Seguem-se a Universidade de Ciências e Tecnologia, a Universidade Baptista de Hong Kong e a Universidade de Educação de Hong Kong. A Universidade Chinesa de Hong Kong em Shenzhen também entra no ranking. Seis indicadores Publicado pela primeira vez em 2003, o Ranking de Xangai, com o nome original de “Academic Ranking of World Universities (ARWU), foi editado pelo Center for World-Class Universities da Graduate School of Education da Universidade Shanghai Jiao Tong. Desde 2009 que o ranking é publicado, e protegido em termos de direitos de autor, pela consultora Shanghai Ranking Consultancy. Segundo o portal do ranking, esta é uma “organização totalmente independente no domínio da informação sobre o ensino superior e não está legalmente subordinada a quaisquer universidades ou agências governamentais”. Em termos metodológicos, são usados seis indicadores para classificar as universidades, nomeadamente “o número de antigos alunos e funcionários que ganharam prémios Nobel e Medalhas Fields, o número de investigadores altamente citados selecionados pela Clarivate, o número de artigos publicados nas revistas ‘Nature’ e ‘Science’, o número de artigos indexados no ‘Science Citation Index Expanded’ e no ‘Social Sciences Citation Index'”, no portal académico “Web of Science”. É também analisado “o desempenho per capita de uma universidade”, sendo que “mais de 2500 universidades são efectivamente classificadas” pelo ranking todos os anos, sendo que “as 1000 melhores são publicadas”. Tal explica que, no caso de Macau, apenas a UM e a MUST se destaquem, embora a Universidade Cidade de Macau também tenha sido classificada. Esta apenas surge, relativamente a 2023, no grupo das “51-75” melhores universidades na área da “Hospitalidade e Gestão de Turismo”, sendo parca a informação adicional disponível. Não há mais instituições de ensino locais presentes no ranking. De referir que Portugal tem apenas seis universidades no Ranking de Xangai, com a Universidade de Lisboa a liderar, seguindo-se a Universidade do Porto, de Aveiro, da Coimbra, do Minho e ainda a Universidade Nova de Lisboa.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Pequim condena passagem de navio norte-americano O Exército chinês condenou ontem a passagem do contratorpedeiro norte-americano USS Ralph Johnson pelo Estreito de Taiwan, manobra que os Estados Unidos classificaram como uma demonstração do empenho de Washington em preservar a “liberdade de navegação”. “O USS Ralph Johnson navegou pelas águas do Estreito de Taiwan a 22 de Agosto, procurando notoriedade”, disse o porta-voz do Exército de Libertação Popular, Li Xi, numa declaração publicada na conta oficial do Teatro de Operações Oriental do Exército chinês na rede social Wechat. De acordo com o porta-voz, o Teatro de Operações Oriental organizou “tropas para seguir e monitorizar todos os movimentos” do navio, que foi afugentado “de acordo com a lei”. “As forças do Teatro de Operações Oriental estão sempre em alerta máximo, prontas para defender a soberania nacional, a segurança e a paz e estabilidade regionais”, acrescentou o representante. O contratorpedeiro USS Ralph Johnson efectuou um “trânsito de rotina” por aquelas águas “de acordo com o direito internacional”, segundo um comunicado divulgado pela Marinha dos Estados Unidos da América (EUA).
Hoje Macau DesportoParalímpicos | Presença de Macau pode encorajar mulheres a praticar desporto A presença da atleta de Macau Chio Hao Lei nos Jogos Paralímpicos Paris2024 pode encorajar mais mulheres com deficiência a praticar desporto no território, disse ontem o director da organização Macau Special Olympics. Chio, de 17 anos, viaja hoje para Paris, onde será a única atleta da região semiautónoma chinesa nos Paralímpicos, competindo na prova de salto em comprimento para atletas com deficiência intelectual. Esta é a quarta vez que um atleta de Macau recebe um convite especial da organização para os Paralímpicos, mas Chio foi a primeira mulher escolhida, sublinhou o director da Macau Special Olympics. Hetzer Siu Yu Hong disse acreditar que a escolha se deveu à política de paridade de género e recordou que os Jogos Olímpicos Paris2024 foram os primeiros a tentar ter um igual número de atletas femininos e masculinos. Graças à participação de Chio Hao Lei, “nestes Paralímpicos, as mulheres com deficiência podem ver que, se praticarem desporto, têm a oportunidade de chegar ao mais alto nível mundial”, defendeu o dirigente. Hetzer Siu admitiu que “a maioria dos atletas com deficiência são homens” e que é preciso “fazer mais esforços para encorajar as mulheres com deficiência a praticar desporto” no território. Apesar de sublinhar que este “é um desafio em toda a Ásia”, o director da Macau Special Olympics disse que a cultura chinesa tem factores culturais que ainda são obstáculos, incluindo a visão de “só é bonita a mulher que tem a pele branca, sem músculos”. A organização, com 37 anos de história, começou por promover o acesso de pessoas com deficiência intelectual à prática desportiva e actualmente aposta na educação e na formação de deficientes para acesso ao mercado de trabalho. Para as pessoas com deficiência, “a primeira preocupação é como viver na nossa sociedade e uma segunda prioridade são os estudos, algo que é muito importante na cultura chinesa”, disse Siu. Apesar de lamentar ser difícil atrair pessoas com deficiência para o desporto, o dirigente disse esperar que, depois dos Paralímpicos, também os Jogos Olímpicos Especiais da China possam ser “uma oportunidade para encorajar os cidadãos a praticar desporto”. Olhos no pódio Macau vai acolher duas provas de badminton, para pessoas com deficiência física ou auditiva e para pessoas com deficiência intelectual, no âmbito dos Jogos Olímpicos Especiais da China, que decorrem entre 8 e 15 de Dezembro de 2025. Siu disse que a Special Olympics tem todas as semanas treinos de 22 desportos, nos quais participam regularmente entre 100 e 120 utilizadores. Foi nestes treinos que o talento de Chio Hao Lei começou a despontar. Depois de conseguir o sexto lugar nos Jogos Asiáticos, realizados na cidade chinesa de Hangzhou, em Outubro passado, Chio assumiu à Lusa que não vai a Paris só para marcar presença. A jovem vai entrar em acção nos Paralímpicos a 6 de Setembro e tem três saltos para conseguir uma marca que lhe permita qualificar-se para os saltos finais. “O meu recorde pessoal é 4,25 metros, mas quero chegar aos 4,5 metros. Já o consegui nos treinos, mas nunca em competição”, referiu Chio. Como acontece desde os Jogos Seul1988, a competição paralímpica partilha as instalações com a olímpica e deverá juntar cerca de 4.400 atletas de 160 regiões e países, em 559 eventos, de 22 modalidades.
Carlos Coutinho VozesExtermínio em curso Desde o dia 7 de outubro de 2023, as tropas israelitas matam por dia, em média, 130 pessoas, na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados da Palestina, sendo já mais de 40 005 o número de mortos contabilizados, além de 107 mil feridos. Isto segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, que parecem muito restritivos, já que, na contabilidade publicada pela revista britânica “Lancet”, o número de mortes diretas e indiretas será da ordem dos 186 mil. Convém lembrar que o número de mortes na Faixa de Gaza se aproximava das 20 mil, em Dezembro último, segundo a ativista Sally Habed, cidadã israelita de origem palestiniana que, em declarações em Haifa, Israel, disse não querer “falar de números, de estatísticas”, porque recusava que as mortes, ou seja, que a “nossa humanidade apareça como “tópico para debate”, mas reconheceu que os palestinianos mortos nesta guerra já serão mais de 40 mil. Já a organização Airwars ligada à Goldsmiths (Universidade de Londres, que se dedica a documentar mortes de civis em guerras por drones dos EUA e do Reino Unido, identificou 3 000 palestinianos nos primeiros 17 dias de outubro de 2023, segundo declarou ao “The Guardian” e ao “The New Iork Times” acrescentou que a maioria dos nomes dos mortos coincide com a lista do Ministério da Saúde de Gaza. Por outro lado, na carta com o título “Couting the dead in Gaza: dificult but essential, assinada por Rasha Khatib, do Advocate Aurora Research Institute, em Milwaukee (EUA) e do Instituto de Saúde Pública e Comunitária da Universidade de Bizeit, Ramallah, MartinMckee, do Departamento de Saúde Pública da London School of Hygiene and Tropical Medicine, de Londres, e Salim Yusuf, do Instituto de Investigação de Saúde Populacional da McMmaster Univertcity, e Hamilton Health Sciences, em Ontário, Canadá, faz-se uma apreciação da tragédia que considera recuados os números expressos no diversos relatos, se se tiver em conta as vítimas dos bombardeamentos e as causadas pela deslocação forçada e pela falta de salubridade que podem causar doenças, bem como pela falta de tratamentos e por outras condições mórbidas. Acontece que Israel troça da “propaganda palestiniana”, mas os seus serviços secretos acham fiáveis os números do Ministério da Saúde de Gaza, segundo um artigo saído na “Vice” que cita o jornalista israelita Yuval Abraam, da revista “+972”. Para que conste. PRISÕES convertidas em campos de tortura são cada vez mais em Israel e nos colonatos sionistas da Palestina ocupada, onde já há mais de 2 milhões de deslocados errantes, 8 mil desaparecidos e, segundo as Nações Unidas, 163 trabalhadores humanitários foram mortos na Faixa de Gaza pelas forças armadas de Israel. Uma organização não governamental (ONG) israelita acusa as autoridades penitenciárias de Telavive de reduzirem a quantidade de alimentos aos presos palestinianos até ao ponto de levarem a fome a um extremo fatal. O Centro de Informação Israelita para os Direitos Humanos no Territórios Ocupados (B’Tslem) revelou que testemunhos de palestinianos libertados confirmam que mais de uma dezena de instalações prisionais foram convertidas numa rede de campos de tortura. Como parte da campanha, “foram reduzidas as rações de alimentos até ao ponto de provocar inanição”, alertou. A B’Tsalem informa também que o ministro da Segurança Nacional, Itamar Bem Gvir, está à frente da operação, indicando que este extremista de vezo nazi aproveitou os acontecimentos de 7 de outubro do ano passado para implementar o seu plano já muito avançado de esmagar “os direitos básicos e a dignidade de todos os prisioneiros palestinianos” A referida ONG publicou um relatório de 90 páginas que contém testemunhos de 55 ex-presos palestinianos logo após a respetiva libertação. Entre os vexames cometidos, o relatório inclui agressões sexuais, humilhações, fome deliberada, más condições sanitárias, tortura do sono (estátua), impedimento da prática de culto religioso e falta de atenção médica. De facto, ao longo dos anos, desde 1948, Israel encarcerou centenas de milhares de palestinianos nas suas masmorras que sempre foram utilizadas como ferramentas de opressão e do controlo da população árabe, aplicando raivosamente, à sua maneira, muito do que aprenderam na sua desgraçada passagem pelos campos de Hitler.