Hoje Macau SociedadeHelicópteros | Retomadas viagens com HK e Shenzhen A East Asia Arlines, em colaboração com as empresas Sky Shuttle e TurboJet, vai retomar as viagens de helicóptero entre Macau, Hong Kong e Shenzhen a partir de sexta-feira, sendo que já é possível a compra antecipada de bilhetes. Segundo um comunicado oficial, serão realizados dois voos de ida e volta entre Hong Kong e Macau e um voo de ida e volta entre Macau e Shenzhen, entre quinta e segunda-feira. Cada viagem deverá durar cerca de 15 minutos. Na rota Macau-Hong Kong, os voos realizam-se às 10h e 16h30, enquanto o regresso, de Hong Kong para Macau, se faz às 10h30 e 17h. No caso da rota de Macau para Shenzhen haverá um voo às 13h e às 13h30 de Shenzhen para Macau. A East Asia Arlines diz pretender este ano “expandir ainda mais a sua rede de negócios, fornecendo serviços de helicóptero entre Macau, Hong Kong, Shenzhen e toda a província de Guangdong”. Na visão da empresa, esta expansão “irá solidificar a sua posição como um elemento único e integral no sector de transporte de alta qualidade do mercado da Grande Baía”. Com a parceria com a TurboJet e Sky Shuttle, a empresa diz pretender “alavancar a vantagem da rede e a experiência de ambas as partes, elevando a experiência de viagem na zona da Grande Baía a novos patamares”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEmpregadas domésticas | Cônsul filipino quer por garantir salário mínimo Após mais de 20 anos sem actualização, o cônsul-geral das Filipinas em Macau deixou o desejo de que o valor do subsídio de alojamento, de 500 patacas, seja actualizado. Em Novembro, havia 28.547 trabalhadores não-residentes filipinos no território O cônsul-geral das Filipinas em Macau afirma que continua a trabalhar para que Macau siga o exemplo de Hong Kong e as empregadas domésticas sejam abrangidas pelo salário mínimo. O ponto de situação foi feito por Porfirio Mayo Jr., em declarações ao Canal Macau. “É um objectivo [conseguir a implementação do salário mínimo]. Nós ainda não temos definido um salário base para as empregadas domésticas, ao contrário do que acontece em Hong Kong”, afirmou Porfirio Mayo Jr.. “Vamos continuar a perseguir esse objectivo junto do Governo de Macau”, prometeu. Actualmente, quando fixado mensalmente, o salário mínimo é de 7.072 patacas, o que significa um montante de 235,7 patacas por dia. Se o salário for fixado por dia o valor é de 272 patacas, o que significa 8.160 por mês, se forem considerados 30 dias. Quando foi criada a lei do salário mínimo, os deputados aprovaram uma proposta em que quando o valor é fixado mensalmente aparenta deixa de fora o pagamento os dias de descanso mensal. Contudo, no caso das empregadas domésticas, o montante recebido é inferior, porque estas foram deixadas de fora do salário mínimo. No passado, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) defendia que não aprova autorizações para trabalhadores não-residentes cujo salário ficasse abaixo de 3.500 patacas por mês. No entanto, ao Canal Macau, Porfirio Mayo Jr. indicou que os contratos que têm passado pelo Consulado das Filipinas têm apresentado um valor de 4.770 patacas, incluindo o subsídio de alojamento. Maior subsídio Por outro lado, Porfirio Mayo Jr. deixou o desejo que possa haver uma actualização do subsídio do alojamento para os trabalhadores não-residentes. Segundo a lei de contratação destes trabalhadores, os empregadores ou as agências responsáveis pela contratação têm de assegurar o alojamento, através de um espaço ou o pagamento de um subsídio. Contudo, há vários anos que o subsídio está fixado nas 500 patacas, um valor desajustado do mercado. O cônsul espera assim que esta situação seja revista. “Especialmente para os trabalhadores domésticos, porque sentimos que o subsídio de alojamento é demasiado baixo. Não sofreu qualquer mudança há mais de duas décadas, por isso estamos a trabalhar nisso”, reconheceu. Segundo os dados da DSAL referentes a Novembro de 2023, os mais recentes, entre os 25.714 empregados domésticos não residentes, 14.176 (55 por cento) eram naturais das Filipinas. Também entre o total de 175.675 não residentes, 28.547 são das Filipinas, uma proporção de 16,2 por cento.
João Santos Filipe PolíticaMedia | Ho Iat Seng apela à “vitalidade infinita” dos dois sistemas O Chefe do Executivo espera que os órgãos de comunicação social mostrem “ao mundo a vitalidade infinita e a perspectiva brilhante da implementação bem-sucedida do princípio de um país, dois sistemas em Macau”. O apelo foi deixada por Ho Iat Seng durante o almoço do Ano Novo Lunar de 2024 oferecido aos Órgãos de Comunicação Social de Língua Chinesa. O representante do Governo deixou também o desejo de que os órgãos de comunicação social “façam a cobertura noticiosa e reportem, de forma activa e abrangente, os diversos grandes eventos e actividades do 25.º aniversário do Regresso de Macau à Pátria, dêem a conhecer profundamente, aos leitores, as novas tendências, desenvolvimentos e êxitos da RAEM e da Zona de Cooperação Aprofundada, e, através de diferentes formas e plataformas, destaquem plenamente as vantagens e características das condições ideais de residência, de turismo e de trabalho de Macau”. No discurso antes do jantar, Ho pediu igualmente aos jornalistas que se integrem no Interior, ao mesmo tempo que prometeu manter a liberdade de imprensa. “O Governo da RAEM irá, em cumprimento da Constituição e da Lei Básica de Macau, tal como sempre, garantir a liberdade de imprensa […]”, prometeu. “Espero que todos os profissionais da comunicação social de língua chinesa herdem a tradição do amor pela Pátria e por Macau, e atraiam mais leitores através de reportagens de excelência, bem como exerçam maior poder de influência, sirvam a RAEM, integrem-se no País e virados para o mundo!”, acrescentou.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEspectáculos | Secretária promete rever medidas de trânsito e ruído A realização de grandes eventos no Estádio de Macau não está, por agora, totalmente afastada. Porém, Elsie Ao Ieong U defende que é necessário um consenso sobre a entrada de um grande volume de visitantes nos bairros residenciais Face às queixas sobre o impacto para o trânsito e o ruído criado pelos dois concertos da banda Seventeen, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura prometeu criar “uma equipa interdepartamental” para rever as medidas de organização dos grandes eventos. As declarações de Elsie Ao Ieong U foram prestadas ontem, à margem do almoço do Chefe do Executivo com os órgãos de comunicação social em língua chinesa, e a realização de novos eventos no estádio, para já, não está afastada. “Há espaço de manobra para melhorar aspectos como o trânsito, o fluxo de visitantes, o controlo do ruídos, o horário do espectáculo, a duração de construção de palco, entre outros”, afirmou Elsie Ao Ieong. “No entanto, também precisamos de chegar a um consenso se queremos atrair estes volumes tão significativos de visitantes para os bairros residenciais”, acrescentou. A secretária indicou também que este tipo de eventos e a entrada de visitantes nos bairros residenciais pode ser benéfica para as Pequenas e Médias Empresas (PME), uma vez que leva os visitantes para outros lugares que não os grandes hotéis. “Se optarmos que sejam os grandes hotéis a realizarem todos os concertos, é mais simples para o Governo e para algumas empresas. Mas se for assim, as Pequenas e Médias Empresas vão poder ser beneficiar destes eventos?”, questionou. “É um aspecto que temos de estudar para decidir se vamos realizar os concertos”, justificou. Sobre os concertos do fim-de-semana dos Seventeen, a secretária reconheceu que perturbaram a vida dos residentes, mas destacou que tiveram um efeito positivo para a economia, com a entrada de mais visitantes nos bairros residenciais e com várias PME a beneficiarem com mais vendas. Neste sentido, Elsie Ao Ieong U afirmou a necessidade de se melhorar ao máximo as medidas de organização, para reduzir o impacto junto dos residentes. Antecedentes históricos A secretária recusou ainda a ideia de que o Governo tenha autorizado os concertos de forma imprudente. A governante considerou que as medidas para o trânsito e circulação de pessoas foram bem implementadas e que as pessoas saíram do local sem problemas de maior. Segundo Elsie Ao Ieong, as autoridades têm experiência na realização de eventos no local, embora desta vez o público-alvo tenha sido diferente. “Antes da pandemia realizávamos concertos no Estádio de Macau todos os anos. Temos experiência. Só que desta vez os destinatários principais dos concertos foram turistas em vez dos residentes locais”, destacou. A governante prometeu igualmente que no futuro, caso sejam planeados eventos semelhantes, o Governo vai pensar em como melhorar as medidas para reduzir o impacto para a comunidade. No entanto, afastou o cenário de consultar a população sempre que é planeado um espectáculo para o estádio, porque considera que não seria uma medida prática. Ainda sobre os grandes eventos, Elsie Ao Ieong U considerou que podem ser realizados em outros bairros residenciais, como no espaço do Jockey Club, ou fora destas áreas, dando o exemplo da Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental de Macau no Cotai. 25 burlas com bilhetes A Polícia Judiciária (PJ) recebeu 27 denúncias de burla associada à venda de bilhetes para concertos, sendo que 25 relacionam-se com o concerto da banda de K-Pop sul-coreana Seventeen que decorreu este fim de semana. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, as vítimas perderam cerca de 90 mil patacas, tendo a PJ revelado ainda que a maioria diz respeito a jovens e quatro são residentes de Macau. Os casos de burla ocorreram com a compra de bilhetes online.
Hoje Macau PolíticaNovos aterros | Exigidos avanços nas obras da zona B O deputado Si Ka Lon interpelou o Governo quanto à necessidade de se avançar com maior celeridade na construção de infra-estruturas na zona B dos novos aterros, tendo em conta que o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) do corrente ano não contempla uma fatia orçamental para a realização de obras no local. O deputado que, em Macau, representa a comunidade da província de Fujian, descreveu que o estudo da zona B abrange mais serviços públicos, o que exige mais tempo. Além disso, depois da realização de diversos estudos quanto às alterações exigidas para a parte leste da zona B, e após a publicação das directivas para o planeamento urbanístico lançadas em 2022, não há ainda uma calendarização da construção dos projectos de infra-estruturas. Desta forma, e tendo em conta a maior necessidade de diálogo entre departamentos públicos, Si Ka Lon defende maior celeridade nos processos de comunicação e construção de infra-estruturas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEmpresas Públicas | Nomeados pelo CE levam quase 24 milhões A Comissão Executiva da Sociedade do Aeroporto de Macau (CAM) tem quatro dirigentes que recebem os salários mais elevados, todos acima de 1,5 milhões de patacas. Fora da CAM, Lo Song Man tem o salário mais elevado, entre os nomeados por Ho Iat Seng Os responsáveis nomeados pelo Chefe do Executivo para diversas posições em empresas com capitais públicos em que a RAEM é a accionista maioritária custam quase 24 milhões de patacas por ano. As contas foram feitas pelo HM, com base nos dados disponibilizados pelo Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos (GPSAP). De acordo com os dados públicos, a pessoa mais bem remunerada nomeada pelo Chefe do Executivo é Simon Chan Weng Hong, actualmente presidente da Comissão Executiva da Sociedade do Aeroporto de Macau (CAM), que, por ano, recebe quase 2,8 milhões de patacas. Quando este valor é dividido por 14 meses representa um salário de praticamente 200 mil patacas mensais. Se a divisão for feita por 12 meses, o valor dispara para praticamente 233 mil patacas por mês. É também na comissão executiva da CAM que se encontram os terceiros mais bem pagos das empresas dominadas pela RAEM. Chu Tan Neng, Kan Cheok Kuan e Lei Sei Tai levam para casa um salário anual de 1,71 milhões de patacas, o que representa quase 122 mil patacas por 14 meses ou 142 mil patacas por 12 meses. Fora do conselho de administração da CAM, o salário mais alto é pago a Lo Song Man, vice-presidente do Conselho de Administração da Teledifusão de Macau (TDM). A nomeada por Ho Iat Seng recebe mais de 1,56 milhões de patacas, o que significa quase 112 mil patacas, quando se divide o montante por 14 meses, ou 130 mil patacas, quando a divisão é feita por 12 meses. Entre os mais bem pagos, está igualmente a agora presidente do Conselho de Administração do Centro de Ciência de Macau, Mok Ian Ian. A ex-presidente do Instituto Cultural recebe quase 1,56 milhões por ano, o que significa um montante de 111 mil patacas quando a divisão é feita por 14 meses e de 129 mil patacas se forem considerados 12 meses. A receber uma remuneração anual superior a 1,5 milhões de patacas encontra-se ainda o presidente do Conselho de Administração da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, Ho Cheong Kei. O responsável pelo meio de transporte mais recente da RAEM recebe 1,52 milhões, o que se for dividido por 14 meses representa 109 mil patacas e se dividido por 12 meses equivale a 127 mil patacas. Os notáveis Quando são tidos em conta os salários anuais superiores a um milhão, juntam-se aos nomes já mencionados vários administradores da TDM. O administrador da Ma Kam Keong recebe por ano 1,32 milhões de patacas por ano, enquanto Un Weng Kuai e Cheang Kou Pou ficam-se pelos 1,23 milhões de patacas. Ainda no conselho de administração da emissora da RAEM encontra-se Vong Vai Hung, com uma remuneração ligeiramente inferior face aos outros membros, ainda assim de 1,22 milhões de patacas. Na lista dos nomeados pelo Chefe do Executivo encontram-se ainda deputados e também membros das famílias de elite do território. Em relação ao caso de membros da assembleia legislativa, Vong Hin Fai foi nomeado para desempenhar as funções de membro do conselho de administração da TDM, em parte-time, e recebe por ano quase 103 mil patacas, um valor de 7.357 patacas por 14 meses ou 8.580 por 12 meses. Quanto ao deputado Chui Sai Cheong, e membro do clã Chui, como presidente do Conselho de Administração recebe anualmente 172.284 patacas, o que dividido por 14 meses representa 12.306 patacas ou 14.357 patacas quando a divisão é feita por 12 meses. Na folha de pagamento das empresas com capitais públicas, está ainda Ma Iao Hang, ligado ao clã Ma, que consegue receber dois salários desta forma. Como presidente do Conselho de Administração, Ma recebe 241.530 patacas por ano, o que significa 17.252 patacas por mês quando dividido por 14 meses e 20.128 patacas por 12 meses. Como presidente da mesa da Assembleia Geral, Ma é pago 140.400 patacas por ano, o que significa 10.029 patacas por mês (14 meses) ou 11.700 patacas por mês (12 meses). Top 10 dos mais bem pagos Posição Nome Cargo Companhia Remuneração Anual 1 Simon Chan Weng Hong Presidente da Comissão Executiva CAM 2.795.200 2 Chu Tan Neng Membro da Comissão Executiva CAM 1.705.860 Kan Cheok Kuan Membro da Comissão Executiva CAM 1.705.860 Lei Si Tai Membro da Comissão Executiva CAM 1.705.860 5 Lo Song Man Vice-presidente do Conselho de Administração TDM 1.563.152 6 Mok Ian Ian Presidente Centro de Ciência 1.556.640 7 Ho Cheong Kei Presidente Sociedade do Metro Ligeiro 1.519.700 8 Ma Kam Keong Administrador TDM 1.322.352 9 Un Weng Kuai Administrador TDM 1.227.096 Cheang Kong Pou Administrador TDM 1.227.096
Hoje Macau SociedadeTurismo | Macau recebeu 28,2 milhões de visitantes em 2023 Macau recebeu em 2023 mais de 28,2 milhões de visitantes, cinco vezes mais do que no ano anterior e um valor que representa 71,6 por cento do registado antes do início da pandemia de covid-19, foi ontem anunciado. Quase metade dos visitantes (perto de 14 milhões) chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na região chinesa, de acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Os dados oficiais mostram ainda que 93 por cento dos turistas que entraram em Macau vieram da China ou Hong Kong, enquanto o território recebeu 1,5 milhões de visitantes internacionais – categoria que não inclui Taiwan –, menos de metade do registado em 2019. Macau recebeu só em Dezembro 2,9 milhões de visitantes, sete vezes mais do que em igual mês de 2022 e 4,5 por cento menos do que em Dezembro de 2019. O território recebeu quase 679.600 turistas na época de Natal, entre o aniversário da transição, a 20 de Dezembro, e 26 de Dezembro, dez vezes mais do que em igual período de 2022, de acordo com a Polícia de Segurança Pública (PSP). No dia 31 de Dezembro o território recebeu quase 175 mil visitantes, o valor diário mais elevado desde que há registos, também segundo dados oficiais da PSP. O anterior recorde diário, quase 161.200 visitantes, tinha sido fixado antes do início da pandemia, em 2 de Outubro de 2019, durante a chamada ‘semana dourada’ do Dia Nacional da China.
Hoje Macau EventosFadista portuguesa Carminho perspectiva “um ano rico” no cinema, em estúdio e na estrada A fadista Carminho entra em 2024 a planear uma nova digressão internacional, a pensar já num novo álbum e a colher os frutos de experiências imprevistas, como entrar no filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos. Carminho tem uma breve participação neste filme, a interpretar à guitarra portuguesa o fado “O quarto”, numa cena com a actriz Emma Stone, num cenário de uma Lisboa imaginária, de tempo indefinido, mas onde não faltam azulejos, ruelas antigas e muitos pastéis de nata. Nas vésperas da estreia portuguesa de “Pobres Criaturas”, marcada para quinta-feira, Carminho recordou à agência Lusa que participou na rodagem em 2021, num estúdio em Budapeste, numa altura em que estava a preparar o álbum “Portuguesa”. Carminho conta que o realizador, bem informado sobre fado, queria para o filme uma certa “ligação entre o tradicional e a imagem contemporânea” e pediu-lhe ainda que tocasse guitarra portuguesa, o que para a fadista foi uma estreia e é uma experiência ainda rara entre as mulheres. “O filme fala muito sobre feminismo e desconstrói posições mais ortodoxas entre homens e mulheres e o fado foi moldado durante muitos anos por posições muito definidas: a mulher canta, os homens gerem a casa de fados, tocam, fazem os poemas. Ele [o realizador] quer desconstruir essas construções mais calcificadas. Eu também sinto que esse é o meu papel”, explicou a cantora. Para Carminho, que cresceu neste meio, que se estreou em palco com 12 anos e editou o primeiro disco há 15 anos, precisamente intitulado “Fado” (2009), o fado é uma linguagem. “O fado é a minha tradição, foi no fado que aprendi a ler música, a interpretar. O fado é a linguagem, mas o discurso não tem de ser o de há cem anos, nem de há cinco anos, tem de ser um discurso que me represente, que fala comigo”, sublinhou. O álbum “Portuguesa”, que abre com o fado “O quarto”, foi publicado em março de 2023, enquanto o filme “Pobres Criaturas” teve uma estreia mundial, premiada, em setembro de 2023 no festival de Veneza. Carminho teve um ano intenso, com quase 80 concertos em Portugal, noutros palcos europeus, no Brasil, em Moçambique e nos Estados Unidos, onde em dezembro participou ainda na antestreia comercial ao lado do realizador e do elenco e teve direito a uma interpretação surpresa do fado que canta no filme. “Pobres Criaturas” tem somado vários prémios e é dada como certa a presença entre os nomeados para os Óscares, incluindo na categoria de Banda Sonora Original, assinada pelo músico inglês Jerskin Fendrix, e da qual faz parte também o fado interpretado por Carminho. Tudo isto acontece num momento em que Carminho vai continuar este ano na estrada a mostrar o álbum “Portuguesa”, mas está já em pré-produção de músicas novas, “a gravar, a ouvir, a experimentar”. “Para mim é sempre o momento mais apaixonante de todos, ver as coisas a acontecer, mas também é o que faz sofrer mais”, admitiu. Para a cantora, 2024 “adivinha-se um ano rico” e a participação em “Pobres Criaturas” surge na sequência de uma aposta, nos últimos anos, em chegar a mais territórios, seja na Europa, seja no universo da língua portuguesa, seja na América do Norte, “o grande mercado que decide o que é que existe no mundo de forma “mainstream”. Essa é a estratégia, “entusiasmante, mas dura”, de “trabalhar território, de ir, de insistir”. “Podia ser mais confortável ficar [só por Portugal]? Podia, mas os frutos são incríveis e talvez nunca estivesse neste filme do Yorgos se eu não tivesse chegado até ele por alguma via e isso tem a ver com a internacionalização”, defendeu. E rematou: “É um privilégio estar presente neste momento deste filme, mas depois este filme vai sair de cartaz e nós continuamos”.
Hoje Macau China / ÁsiaIémen | Huthis garantem “passagem segura” a navios russos e chineses Os rebeldes Huthis do Iémen, que têm atacado transportes comerciais no golfo de Aden e no mar Vermelho, garantiram “passagem segura” aos navios da China e da Rússia, disse um jornal russo na sexta-feira. O grupo atacou dezenas de navios mercantes, que considerou “ligados a Israel”, nesta rota estratégica, em solidariedade com o movimento islamita palestiniano Hamas, que desde 7 de Outubro está em guerra com Israel na Faixa de Gaza. Em resposta, os Estados Unidos e o Reino Unido têm vindo a bombardear, desde 12 de Janeiro, posições dos rebeldes Huthis no Iémen, algo que levou o grupo a declarar que “todos os interesses norte-americanos e britânicos se tornaram alvos legítimos”. “A loucura e a idiotice dos Estados Unidos e do Reino Unido jogaram contra eles: a partir de agora nenhum dos seus navios poderá cruzar uma das principais rotas comerciais do mundo”, disse um membro da liderança política dos Huthis. “As perdas para os países agressores são maiores do que as perdas para o Iémen”, acrescentou Mohammed al-Bukhaiti, citado pelo diário russo Izvestia. Os ataques a navios mercantes obrigaram muitos armadores a suspender a passagem das frotas pelo mar Vermelho, por onde, de acordo com a Câmara Internacional de Navegação, passa 12 por cento do comércio global. “Para outros países, incluindo a China e a Rússia, o transporte marítimo na região não está ameaçado. Além disso, estamos até prontos para garantir a passagem segura dos seus navios no mar Vermelho”, acrescentou Al-Bukhaiti. “Mas os navios israelitas, ou aqueles com uma ligação mesmo que ténue com Israel, não terão a menor hipótese de cruzar o mar Vermelho”, sublinhou o responsável dos Huthis. Al-Bukhaiti sublinhou que o “objectivo é aumentar o custo económico para o Estado judeu, a fim de parar a carnificina em Gaza”. Mundo repartido Entre mais de 25 ataques contra a marinha mercante, os rebeldes do Iémen sequestraram em Novembro o Galaxy Leader, um navio propriedade de uma empresa britânica controlada por um empresário israelita, e fizeram reféns os 25 tripulantes. Os reféns “estão bem”, garantiu Al-Bukhaiti, especificando que o grupo está a preparar-se para diferentes cenários, incluindo até uma operação terrestre norte-americana no Iémen, avançou o Izvestia. Na quarta-feira, os Estados Unidos voltaram a colocar os Huthis numa lista de “organizações terroristas”. O Presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu que os ataques contra os rebeldes vão continuar, enquanto os Huthis perturbarem o comércio marítimo internacional ao largo do Iémen.
André Namora Ai Portugal VozesO congresso dos desiludidos Na semana passada realizou-se o 5.º Congresso dos Jornalistas. Como tenho o hábito de escrever num blogue sobre jornalismo fui convidado como observador para o congresso. Foi-me totalmente impossível estar presente porque resido longe de Lisboa. No entanto, acompanhei pela comunicação social o discurso do Presidente da República na abertura dos trabalhos e fiquei profundamente chocado com as verdades proferidas pelo professor Marcelo Rebelo de Sousa, de quem me lembro bem dos tempos em que foi jornalista no Expresso. O Presidente Marcelo meteu o dedo na ferida quando afirmou que acima de tudo é necessária muita transparência sobre a propriedade dos jornais, rádios ou televisões. Nada mais certo. Os jornalistas que trabalham para o Global Media Group vivem momentos de angústia porque não receberam os salários de Dezembro e muito menos o subsídio de Natal. Alegadamente ninguém consegue divulgar quem são os accionistas do Grupo e qual a razão de o Ministério Público não levar a efeito uma investigação sobre o assunto. O Congresso dos Jornalistas tentou debater e abordar os problemas da classe. Não conseguiu porque a lista é infindável. Antes do 25 de Abril os jornalistas como Cáceres Monteiro, Baptista-Bastos, Joaquim Letria, José Carlos Vasconcelos, Carlos Albino, Augusto Vilela, Ruella Ramos, Herculano Carreira, Raul Rego ou Assis Pacheco enfrentavam a censura sem receio de serem presos pela PIDE. Escreviam o que conseguiam que o lápis azul não riscasse e lutavam por um dia existir liberdade de informação em Portugal. No Congresso, a maioria dos presentes era composta por jovens sonhadores para quem o jornalismo é a melhor forma de servir o povo em termos de notícias, investigação ou reportagem. São jovens que sentem que se não existe censura oficial existe a censura de quem serve os patrões nos cargos de direcção ou são obrigados a autocensurar os temas que obtêm, antes que sejam despedidos. São jovens que recebem um salário mínimo, muitos a recibos verdes e impossibilitados, tais como outros jovens, de contrair família e comprar uma casa. O jornalismo de hoje, seja nos jornais, rádio ou televisão é tão desinteressante que os potenciais leitores, ouvintes ou espectadores optam pelas redes sociais ou pela informação que obtêm nos telemóveis. A venda de jornais está em decadência e uma vendedora de jornais de um quiosque na cidade do Porto transmitiu-me que nunca devolveu tantas sobras de jornais como agora. Neste sentido, qual o futuro que os actuais jornalistas podem esperar? Nem sequer têm ao seu lado, nas redacções, jornalistas seniores que lhes ajudem a fundamentar um artigo com dados históricos de há 40, 50 ou 60 anos. Os donos de jornais só querem contratar jornalistas cuja despesa seja mínima e conheço alguns jornalistas que até usam o seu próprio computador. Os meus caros leitores não fazem ideia quantos dos presentes no Congresso já me escreveram, sabendo que tenho alguns amigos em Macau, da possibilidade de irem trabalhar para a RAEM. Obviamente que lhes respondo não conhecer directores de jornais em Macau que os possam contratar e limito-me a aconselhá-los que entrem em contacto com os jornais macaenses na perspectiva de terem uma resposta positiva. São jovens com o curso superior de jornalismo, são sonhadores de um dia poderem ter a liberdade de escrever o que lhes vem à mente. O debate sobre jornalismo é peculiar e imprevisível. Em nenhum órgão de comunicação social temos profissionais com a liberdade total que prometeram em 25 de Abril de 1974. E depois, acontece o que mais nos entristece. Muitos jornalistas são obrigados ao mercenarismo e a trocar o seu talento por algo pecuniário em troca de uma entrevista. Um crime no jornalismo. Recordo o jornalista do semanário ‘Tempo’, Nuno Rocha, que um dia me disse que no seu jornal começavam a trabalhar estagiários impreparados e com mentalidade mercenária que apenas estavam a visar obter um lugar em qualquer lado que lhes desse muito dinheiro por fora. Nuno Rocha tinha razão. Alguns deixaram o seu jornal e debandaram para a vida fácil de apenas escreverem sob a “ordem do dono”. As conclusões do Congresso dos Jornalistas não as consegui obter, mas tenho a certeza que o maior número dos presentes saiu da sala muito desiludido, porque não viram soluções para os seus problemas. A esses, dou-lhes um conselho: criem uma cooperativa de informação e sejam o director, o chefe de redacção, o editor de um jornal que prime essencialmente pela liberdade de informação e pela independência. Não podem ficar desiludidos. Não pode ter sido o Congresso dos desiludidos. Têm de lutar muito pela sua carreira contra ventos e tempestades. No essencial, têm de mostrar que o jornalismo é uma das profissões mais nobres que existem no mundo. A amargura reinante hoje no seio dos jornalistas portugueses tem de dar lugar à alegria de o seu nome ser honrado e louvado até ao fim da carreira.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça ordena que Governo da Tailândia tome medidas contra poluição Um tribunal da Tailândia deu na sexta-feira 90 dias ao Governo do país para elaborar um plano de emergência contra a poluição atmosférica, que deverá atingir níveis elevados nos próximos meses. O tribunal administrativo de Chiang Mai, no norte da Tailândia, exigiu ao órgão governamental responsável pelo ambiente que apresente “medidas preventivas para combater a poluição tanto a curto como a longo prazo”, de acordo com o veredicto. Os juízes consideraram também que o Governo anterior, liderado pelo antigo general Prayut Chan-O-Cha, que tomou o poder num golpe de Estado em 2014, “negligenciou o dever e agiu demasiado lentamente” face à deterioração da situação. Um grupo de residentes de Chiang Mai, que inclui académicos e activistas, apresentou uma queixa no ano passado, na sequência de um grave episódio de poluição atmosférica na Tailândia. Tanto Chiang Mai como Banguecoque estavam, na altura, entre as cidades mais poluídas do mundo, devido ao fumo causado por incêndios florestais e ao período de queima de restolho agrícola, proibida por lei, mas permitida pelas autoridades, bem como às emissões produzidas por veículos e pela indústria. A poluição atmosférica foi um dos temas recorrentes da actual campanha para as eleições gerais de maio, com diferentes propostas ambientais a serem apresentadas por quase todos os partidos. Isto depois do Ministério da Saúde Pública tailandês admitir que, só nos primeiros três meses do ano passado, quase dois milhões de pessoas necessitaram de tratamento hospitalar para doenças respiratórias causadas pela poluição do ar. O novo primeiro-ministro da Tailândia, Srettha Thavisin, que tomou posse em Agosto, prometeu colocar a luta contra a poluição atmosférica entre as prioridades. O Governo apresentou um projecto de lei, no início de Janeiro, que prevê o pagamento de multas por parte dos indivíduos, empresas ou instituições que sejam responsáveis por poluição acima de determinados limites. No top Na manhã de sexta-feira, Banguecoque era a 10.ª cidade mais poluída do mundo numa classificação liderada por Nova Deli, de acordo com uma lista divulgada pela empresa suíça de monitorização da qualidade do ar IQAir. Mas os picos de poluição devem continuar pelo menos até Abril, mês em que termina a estação seca na Tailândia. Em Abril de 2023, o governador da província de Chiang Mai pediu a funcionários e a empresas privadas para trabalharem a partir de casa para evitar o perigoso nível de poluição atmosférica na região. Na altura, os níveis de partículas PM 2.5 – as mais perigosas e tão pequenas que podem entrar directamente na corrente sanguínea – estavam mais de 69 vezes superiores às directrizes anuais da Organização Mundial de Saúde, de acordo com o portal Air Visual, que mede a poluição atmosférica em todo o mundo.
Hoje Macau China / ÁsiaEspaço | Japão pousa sonda na Lua, mas futuro da nave é incerto O país do sol nascente é o quinto a conseguir chegar à Lua, mas complicações nos painéis solares da sonda estão a pôr em causa o sucesso total da missão O Japão entrou no passado sábado no pequeno grupo de países que conseguiram pousar as suas naves espaciais na Lua, mas o futuro da sonda SLIM é incerto, devido a problemas identificados nos seus painéis solares. A agência aeroespacial japonesa (Jaxa) confirmou o seu pouso na Lua, mas o aparelho está a apresentar problemas com as suas células solares, que não estão a gerar electricidade. O CEO da Jaxa, Hitoshi Kuninaka, explicou, em conferência de imprensa, que no estado actual a bateria do aparelho vai durar várias horas. O SLIM (Smart Lander for Investigating Moon) pousou na superfície lunar às 00:20 de sábado no Japão, após uma descida de 20 minutos. Kuninaka detalhou ainda que os veículos LEV-1 e LEV-2 acoplados ao módulo foram devidamente separados do conjunto durante a descida, e as imagens que capturaram da superfície lunar estavam a ser transmitidas. O resultado tem um sabor agridoce para o Japão, que já tinha feito diversas tentativas fracassadas de pouso na Lua, e que procura ampliar a sua presença e competitividade no panorama aeroespacial global. Até agora, apenas Estados Unidos, Rússia, China e Índia conseguiram pousar com sucesso no satélite terrestre, embora apenas um país, os Estados Unidos, tenha conseguido levar astronautas à Lua. Maratona lunática Durante décadas tornou-se o principal objectivo da corrida espacial entre os Estados Unidos e a então União Soviética. Embora naves de outros países e agências espaciais (Israel, Japão, Emirados Árabes Unidos ou União Europeia) também tenham viajado para lá, estas não pousaram na Lua, quer porque não tinham esse objectivo, ou porque falharam. Embora a União Soviética tenha sido a primeira a chegar às suas proximidades com uma nave espacial, os primeiros astronautas a pisar na Lua foram os norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Eugene Aldring em 1969, e desde então outros dez, todos da NASA, regressaram ao satélite natural da Terra nas sucessivas missões “Apollo”, que duraram até 1972. Além disso, os EUA realizaram um total de 17 missões não tripuladas à Lua. Em 16 de Novembro de 2022, regressou com a missão não tripulada Artemis I para testar e medir as capacidades tecnológicas da NASA para retomar a exploração lunar e o posterior envio de astronautas. Desde que a União Soviética conseguiu orbitar o satélite com a sua sonda Luna-1 em 1959, este país (mais tarde a Rússia) enviou cerca de sessenta missões, algumas destas tripuladas (as do projecto Soyuz) e outras não tripuladas (as dos programas Luna e Zond). As sondas lunares russas chegaram em diversas ocasiões, a última em Janeiro de 1973 com a nave Luna-21, que conseguiu colocar o veículo Lunokhod em solo lunar. Em 1976, a nave Luna-24 encerrou a série de explorações lunares não tripuladas. Embora no ano passado o Presidente russo Vladimir Putin tenha anunciado a sua intenção de retomar o programa, a sua nave espacial Luna-25 falhou na missão de explorar o Pólo Sul lunar, quando se despenhou na superfície. A China juntou-se a esta corrida em 2007, quando lançou o “Chang’e I”, em homenagem à deusa chinesa da Lua. A 3 de Março de 2009, e após um ano em órbita lunar, a sua missão terminou ao atingir a superfície lunar. A 14 de Dezembro de 2013, a Chang’e-3 conseguiu um pouso controlado e foi a primeira missão chinesa a chegar à Lua. Em 2019, Chang’e-4 conseguiu pousar no outro lado do satélite. Essa missão, que foi um marco, também conseguiu fazer brotar pela primeira vez uma semente no satélite terrestre, numa das suas experiências. Em Janeiro de 2020 a China lançou com sucesso o Chang’e-5 com a missão de colectar amostras do lado visível do satélite e regressou à Terra a 17 de Dezembro de 2020 com rocha lunar tornando-se o terceiro país a conseguir isso, depois dos Estados Unidos e Rússia. No ano passado, a Índia foi o quarto país a chegar e o primeiro a fazê-lo ao inexplorado Polo Sul lunar, com o Chandrayaan-3.
Hoje Macau China / ÁsiaRegulador financeiro de HK denuncia vídeo falso que promove investimento Hong Kong denunciou a circulação de um vídeo falso que usa tecnologia de inteligência artificial (IA) para colocar o regulador financeiro da região chinesa a promover um suposto investimento. A Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA, na sigla em inglês) instou o público “a permanecer vigilante” em relação a um vídeo, que “supostamente seria uma entrevista à imprensa” com o presidente da instituição, Eddie Yue Wai-man, de acordo com um comunicado divulgado na quinta-feira à noite. O regulador financeiro do território sublinhou que “o conteúdo e os comentários” do vídeo “são todos falsos”. A HKMA acrescentou que “o público deve ignorar qualquer informação divulgada em sites suspeitos ou páginas de redes sociais”. O comunicado referiu ainda que o caso foi comunicado à polícia de Hong Kong. Tempos modernos No final de Dezembro, também o chefe do Governo de Singapura denunciou a circulação de vídeos falsos que usam tecnologia de IA para colocar Lee Hsien Loong a promover supostas plataformas de investimento em criptomoedas. “Esta é a época dos embustes! Recentemente, têm surgido vários vídeos e áudios ultra-falsos ‘deepfake’ [de grande sofisticação] de mim a fingir que estou a promover esquemas de criptomoedas”, denunciou o primeiro-ministro, na rede social Facebook. “O vice-primeiro-ministro Lawrence Wong também tem sido alvo destas fraudes, que utilizam tecnologia de IA para replicar as nossas vozes e imagens, transformando conteúdos reais obtidos em eventos oficiais em vídeos totalmente falsos, mas muito convincentes, fingindo que dizemos coisas que nunca dissemos”, acrescentou Lee. O líder da cidade-Estado anexou ao comentário um dos vídeos, que usa como base uma entrevista dada em Março ao CGTN, o canal internacional da televisão estatal chinesa CCTV. O vídeo replica a voz de Lee, que parece dizer “os algoritmos que utilizam a tecnologia da mecânica quântica analisam as tendências do mercado, tomam decisões estratégicas de investimento (…). É essencialmente um comércio passivo de criptomoedas com uma taxa de sucesso impressionante”. De acordo com a televisão de Singapura Channel News Asia, o vídeo alega que a suposta plataforma de investimento é autorizada pelas autoridades do país e inclui uma ligação para os potenciais utilizadores. Lawrence Wong também tinha denunciado, a 11 de Dezembro, um vídeo falso em que alegadamente promovia produtos de investimento. “Há conteúdos ‘deepfake’ em que eu apoio produtos comerciais”, lamentou o vice-primeiro-ministro.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Brasil prometem fortalecer estratégias de desenvolvimento Wang Yi, e Mauro Vieira, co-presidiram na sexta-feira ao quarto Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros, prometendo fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento e expandir a cooperação em campos emergentes As relações China-Brasil resistiram ao teste de um cenário internacional em constante evolução, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, também membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da China, indicou o Diário do Povo. Desde que a China e o Brasil lançaram o diálogo estratégico abrangente, há 10 anos, a confiança mútua tornou-se mais forte, a comunicação entre os dois lados foi mais profunda e a cooperação bilateral em vários campos mostrou perspectivas mais amplas, disse Wang. Os dois lados entendem-se e apoiam-se em questões que envolvem os seus respectivos interesses centrais e as suas principais preocupações, o que fornece uma garantia para o crescimento sólido e constante das relações China-Brasil, disse o governante. A China sempre deu prioridade às suas relações com o Brasil na sua diplomacia geral e na sua diplomacia com a América Latina e apoia o Brasil na promoção do desenvolvimento e da revitalização nacionais, disse Wang. A China está pronta para trabalhar com o Brasil para aproveitar o 50.º aniversário das suas relações diplomáticas como uma oportunidade para fortalecer a sinergia das estratégias de desenvolvimento, abrir novas áreas e explorar novos potenciais de cooperação, de modo a injectar novo impulso e abrir novas perspectivas para a parceria estratégica abrangente China-Brasil, acrescentou. Em português Vieira, por sua vez, disse que as relações Brasil-China obtiveram grande progresso, graças à sólida confiança mútua e à orientação estratégica dos dois chefes de Estado. Descrevendo a cooperação bilateral como mutuamente benéfica, em grande escala, de alta qualidade, de rápido crescimento e abrangente, o responsável brasileiro disse que ela forneceu apoio vital para o desenvolvimento de ambos os países e trouxe benefícios tangíveis para os dois povos, indicou a publicação estatal. O Brasil preza as suas relações com a China, permanece comprometido com o princípio de Uma Só China e espera aprofundar a cooperação em vários campos, de modo a elevar as relações Brasil-China a novos patamares, disse Vieira. As duas partes tiveram uma comunicação aprofundada e chegaram a um amplo consenso sobre cooperação prática, situação internacional, coordenação multilateral e questões de pontos críticos, entre outros. Ambas as partes comprometeram-se a fortalecer os intercâmbios de alto nível, a desempenhar plenamente o papel da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, do Diálogo Estratégico Abrangente China-Brasil dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e de outros mecanismos e a retomar os mecanismos de consulta bilateral em vários campos em uma data breve. Os ministros prometeram ainda apoiar-se mutuamente na tomada de seu próprio caminho de modernização que se adapte às suas respectivas condições nacionais, explorar a sinergia estratégica entre a cooperação do programa Uma Faixa, Uma e Rota e reindustrialização e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento do Brasil, aprofundar a cooperação em áreas tradicionais como agricultura, minerais energéticos, infraestrutura e aeroespaço, e expandir a cooperação em campos emergentes, como interconectividade, saúde, desenvolvimento verde, economia digital, energias limpas e inteligência artificial. Ambos os lados se comprometeram a tornar um sucesso uma série de celebrações pelo 50.º aniversário das relações diplomáticas, a procurar a restauração total dos intercâmbios entre pessoas e a consolidar o apoio público à amizade China-Brasil. Pelos vistos Os governantes assinaram um acordo sobre a facilitação mútua de vistos para expandir ainda mais o intercâmbio de pessoal entre os dois países. Reconhecendo a crescente influência global da relação China-Brasil, que vai muito além do âmbito bilateral, ambos os lados expressaram sua disposição de fortalecer a coordenação estratégica nos âmbitos das Nações Unidas, do Grupo dos 20 (G20), do BRICS e da Organização Mundial do Comércio, melhorar a voz e a representação dos países em desenvolvimento e salvaguardar os interesses comuns dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento. A China expressou seu apoio ao Brasil para sediar a Cimeira de Líderes do G20 no Rio de Janeiro e expressou sua disposição de manter a direcção certa da governança global e trabalhar com o Brasil para um mundo multipolar igual e ordenado, bem como uma globalização económica inclusiva que beneficie a todos. Ambos os lados se comprometeram a procurar soluções políticas para questões de pontos críticos e contribuir para promover o desenvolvimento pacífico. Concordando que a cooperação China-América Latina serve os interesses comuns da China e da América Latina e abraça a tendência de desenvolvimento dos tempos, as duas partes expressaram a disposição de activar ainda mais a cooperação China-América Latina, de modo a ajudar os países regionais a fortalecerem-se através da unidade e acelerarem o desenvolvimento e a revitalização.
Hoje Macau EventosEscolas de português na Austrália estão a fechar Várias escolas certificadas de ensino da língua portuguesa na Austrália estão a fechar devido à diminuição de alunos inscritos, disse à agência Lusa Mónica Marques, uma explicadora de português na Austrália. “Uma das coisas que ultimamente tenho vindo a sentir, e que me deixa um bocadinho triste, é que não existem muitos apoios, nomeadamente aqui na Austrália”, referiu Mónica Marques. Segundo a explicadora, existem escolas portuguesas que só funcionam ao sábado de manhã e, por isso, os pais acabam por retirar as crianças de lá porque consideram que esse “é um dia para se estar em família e não querem estar a obrigar os filhos a ter aulas de português ao sábado de manhã”. Mónica Marques, que começou a dar explicações de língua portuguesa na Austrália em 2022, referiu que tem dado aulas, em formato ‘online’, precisamente também a crianças que saem destas escolas. “As escolas estão a começar a fechar, aliás, fechou uma agora muito recentemente em Camberra [a capital] e inclusive tenho alguns alunos que também vieram dessa escola”, declarou. De acordo com a explicadora, isto tem que ver com a falta de apoio e suporte do Governo português às escolas portuguesas na Austrália, e aos explicadores – que na Austrália se chamam tutores – da língua. “Deveria haver um suporte, não só para as escolas, mas também para nós que queremos promover a língua noutro país. Isso deveria ser um orgulho para o Governo em Portugal, mas infelizmente não temos o suporte de que precisávamos e temos que fazer as coisas um bocadinho por nós”, referiu. Camões ajuda Se bem que possam recorrer à Escola Virtual da Porto Editora e aos programas curriculares, na maioria das vezes são os próprios que têm de desenvolver os recursos. Ainda assim, apesar da distância e da falta de apoio governamental, não estão de todo esquecidos e vão surgindo iniciativas, tais como uma recente, em que se entregaram ‘tablets’, que têm acesso a recursos da escola virtual, em escolas portuguesas certificadas. “Penso que os apoios não se deveriam cingir apenas às escolas certificadas, que, se forem a ver, estão a fechar por falta de alunos. Portanto, isso deveria ser alargado a outro tipo de pessoas que também possam promover o ensino do português aqui”, salientou. Todavia, Mónica referiu que estão bem representados pelo Instituto Camões. Mónica Marques nasceu em Sydney, na Austrália, filha de emigrantes portugueses. Aos três anos foi viver para Setúbal, em Portugal. Em 2021, devido à conjuntura económica do país, decidiu, juntamente com o seu marido e filho, regressar à Austrália à procura de uma vida melhor. É licenciada em terapia ocupacional, mas é no ensino que se sente realizada. O Ministério dos Negócios Estrangeiros foi questionado pela agência Lusa, mas, até ao momento, não respondeu.
Hoje Macau EventosAMAGAO | Pintura de Nissa Kauppila no Artyzen Grand Lapa É inaugurada esta sexta-feira uma nova exposição de pintura no Artyzen Grand Lapa Macau, na galeria AMAGAO. Trata-se da exposição individual de pintura da artista americana Nissa Kauppila, que pode ser visitada até Março A galeria AMAGAO apresenta esta semana, a partir de sexta-feira, 26, uma nova exposição de pintura, desta vez da artista americana, residente em Hong Kong, Nissa Kauppila. A mostra, patente até ao dia 24 de Março na galeria AMAGAO, no lobby do empreendimento hoteleiro Artyzen Grand Lapa Macau, revela o trabalho da artista que nasceu na pequena cidade rural de Monkton, Vermont, nos EUA, e que se formou em Belas Artes na Escola de Design Rhode Island. Nissa Kauppila é ainda mestre na mesma área pela Universidade de Vermont. Segundo um comunicado da galeria, a artista recorre à pintura para “expandir o seu senso de curiosidade”, além de “explorar o inquietante e o concreto”. Nissa Kauppila “descobriu que pintar a natureza do voo e da vida é um exercício gratificante de redescoberta”, recorrendo a técnicas e materiais usados na pintura tradicional chinesa. Esta ligação ao lado oriental das artes despertou na artista americana “uma sensação de detalhe e fragilidade”, pelo que o seu trabalho explora também “o uso de linhas e cores como gavinhas de tensão, incorporando um sentimento de admiração pelo mundo natural”. Segundo a AMAGAO, Kauppila “vai além da percepção e desintegra os seus temas de formas quase irreais em trabalhos executados em aguarela e tinta tradicional chinesa sobre papel de arroz tradicional”. Viagens e inspiração Esta exposição inclui pinturas inspiradas na primeira viagem de Kauppila a Portugal, tratando-se de “uma experiência festiva de cor, história, cor e vida selvagem”. Contudo, a artista também encontrou inspiração em lugares como Hong Kong, China Continental ou Sudeste Asiático. “Cada pintura é intitulada usando coordenadas geográficas do próprio local em que a vida selvagem foi observada ou onde Kauppila estava a pintar na altura. Este esforço consciente em intitular cada obra desta forma permite que a pintura fale em termos de localização e observação”, pelo que “o espectador pode criar sua própria relação emocional com o tema sem influência ou sugestão inicial”, descreve o mesmo comunicado. Nesta mostra, que tem apenas o nome da artista, todas as obras são originais sobre papel de arroz chinês, montadas no estilo tradicional chinês. O público interessado poderá encomendar impressões de edição limitada. As pinturas de Kauppila já foram exibidas internacionalmente em Hong Kong, Nova Iorque, Atlanta, Londres, Singapura, Xangai, Guangzhou, Shenzhen, Hamburgo, Taipei e Seul. A artista tem ainda exposições e representações actuais em Vermont, Hong Kong e Singapura.
Hoje Macau Manchete SociedadeMorreu Júlio Pereira, antigo alto-comissário adjunto do CCAC O ex-secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP) Júlio Pereira faleceu na última sexta-feira aos 71 anos, confirmaram à agência Lusa dois dos seus amigos e uma colega de trabalho. Júlio Pereira esteve 12 anos à frente do SIRP, entre 2005 e 2017, e chegou a integrar o Governo como secretário de Estado da Defesa Nacional do primeiro Governo socialista liderado por António Guterres. Magistrado do Ministério Público, Júlio Alberto Carneiro Pereira trabalhou também em Macau durante 10 anos, os primeiros seis no tribunal e os últimos quatro no Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), onde foi alto-comissário adjunto. O antigo chefe das “secretas” foi director operacional do Serviço de Informações de Segurança (SIS), entre 1997 e 2000, antes de ascender ao topo do SIRP. Domínio do mandarim Nascido em Montalegre, no distrito de Vila Real, Júlio Pereira licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra e estudou na capital chinesa, Pequim, onde frequentou um curso intensivo de Língua e Cultura. Tinha um mestrado em estudos chineses e falava mandarim. Quando deixou a chefia dos serviços de informações, Júlio Pereira regressou ao Supremo Tribunal de Justiça como procurador-geral adjunto. Foi também director do extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) entre 2001 e 2003. Júlio Pereira era um defensor do acesso das “secretas” aos metadados das comunicações e da capacidade para fazerem escutas no âmbito do combate ao terrorismo. Numa entrevista que deu ao Expresso em 2018, quando questionado se fazia parte da Maçonaria, respondeu que já o tinham tentado “levar em visita”, mas a organização não o mobilizava. O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Júlio Pereira, numa nota em que destaca a sua “dedicação à causa nacional”. Marcelo Rebelo de Sousa destacou a sua “longa e intensa carreira, assinalada pelo incansável labor, cuidadoso e empenhado sentido institucional e dedicação à causa nacional”. O chefe de Estado lembra que a carreira de Júlio Pereira “foi reconhecida pelo Presidente da República quando o condecorou, a 5 de Dezembro de 2017, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique” O Presidente da República recordou também o desempenho de funções no SIRP, de director adjunto do Serviço de Informações de Segurança e director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, mas também na política externa, durante o Governo de Macau, “onde se destacou enquanto assessor diplomático do Governador, mas também, durante toda a sua vida, pelas competências que lhe eram reconhecidas no domínio da língua e estudos chineses”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTeatro | Peça sobre suicídio cancelada em dia de caso concretizado e de tentativa A associação Artistry of Wind Box Community Development Association planeava apresentar este mês a peça de teatro “The Morning As Usual”, com foco na temática do suicídio. Contudo, o espectáculo acabou cancelado, num dia em que ocorreu um suicídio e houve também uma outra tentativa Foi cancelada a peça de teatro “The Morning As Usual”, um projecto da associação Artistry of Wind Box Community Development Association [Associação de Desenvolvimento das Artes Comunitárias Windy Box] que abordava o suicídio e que seria apresentada entre os dias 26 e 28 deste mês. O cancelamento aconteceu num dia em que ainda antes de ser anunciado o cancelamento houve uma tentativa de suicídio, e depois do cancelamento houve um caso concretizado. Segundo o jornal Ou Mun, uma mulher de 60 anos decidiu pôr termo à vida saltando de um edifício na Estrada do Governador Albano de Oliveira, na Taipa. Os bombeiros chegaram ao local e ainda colocaram uma rede protectora para amparar a queda, sem sucesso. A mulher, que estava bastante agitada psicologicamente, acabou por se desequilibrar e cair, tendo ainda chegado ao hospital com fracos batimentos cardíacos, acabando por falecer momentos depois, com o diagnóstico de múltiplas fraturas no corpo e insuficiência respiratória. Horas antes, tinha sido registado uma tentativa de suicídio na zona norte da península, junto à Avenida do Hipódromo, e envolveu um homem de 40 anos que acabou por desistir de se atirar de um prédio. O caso obrigou à suspensão temporária de uma paragem de autocarro e mudanças no trânsito. A divulgação do espectáculo já estava a gerar controvérsia antes das duas situações, o que obrigou a Windy Box a reagir com um comunicado logo na sexta-feira. “Recentemente apercebemo-nos que a nossa peça tem suscitado a preocupação do público. Em primeiro lugar, ninguém da equipa de produção conhece quaisquer pessoas envolvidas neste tipo de incidente e não são reveladas no espectáculo histórias pessoais concretas ou informações privadas.” A associação adianta também que a peça de teatro não fazia “a reconstituição de uma história ou caso específicos, não sendo esse o objectivo do espectáculo”. “O objectivo inicial do projecto é, simplesmente, demonstrar a nossa tristeza e preocupação sobre os casos ocorridos nos últimos anos. Esperamos que haja uma discussão e que, através do teatro, possamos abrir um campo comum [de debate] junto da sociedade e estabelecer uma comunicação positiva. Pedimos desculpa por qualquer perturbação ou ofensa que este espectáculo possa ter causado junto do público devido à falta de clareza no seu conteúdo e na publicidade feita ao mesmo”, lê-se ainda. Do cancelamento AA associação decidiu mesmo avançar para o cancelamento da peça, tendo divulgado no sábado, nas redes sociais, uma segunda nota. “O espectáculo ‘The Morning As Usual’, inicialmente previsto para as datas de 26 a 28 de Janeiro, foi cancelado. Após a sua divulgação, a atenção prestada ao espectáculo por parte do público ultrapassou a nossa capacidade e experiência, pelo que, após discussão no seio da equipa, decidimos cancelá-lo.” A associação agradece ainda “o encorajamento e conselhos profissionais” recebidos, afirmando também que o cancelamento da peça “não põe termo à preocupação sobre o fenómeno do suicídio em Macau”. “Temos reflectido sobre a situação. Esperamos que mais organizações colaborem connosco no futuro, para que possamos prestar mais atenção às almas escondidas na nossa sociedade que não são encontradas a tempo, permitindo que o público se solidarize com esta dor inexplicável. A Windy Box pede desculpas por todo o incómodo causado por este incidente”, remata o comunicado de sábado. Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEstádio de Macau | Concertos enchem ruas e geram queixas de residentes Uma euforia como há muito tempo não se via no território. Os dois concertos de “Seventeen” encheram as ruas de fãs, tanto na península como na Taipa, mas a construção do palco, o volume da música e os congestionamentos no trânsito motivaram queixas Os concertos de sábado e domingo do grupo coreano Seventeen foram um sucesso. O Estádio de Macau esgotou, e as ruas ficaram cheias de fãs, não só na Taipa, mas também um pouco por toda a cidade, com uma atmosfera de espectáculo, rara em Macau. Com os concertos a começarem pelas 18h, a concentração de pessoas junto do estádio começou a fazer-se sentir pela manhã, com os organizadores, a empresa Live Nation, a pedir que os fãs começassem a fazer fila às 10h. Ao mesmo tempo, as várias estradas cortadas levaram que a população se debatesse com vários obstáculos para circular. À confusão dos dias do espectáculo, juntou-se o som da montagem do palco e dos testes de som, nos dias anteriores que levaram os residentes da zona a queixarem-se do barulho. Todas estas medidas, levaram a que o deputado Leong Sun Iok viesse a público, em declarações ao Jornal do Cidadão, a alertar para o impacto dos concertos, depois de ter recebido várias queixas da população. Segundo Leon Sun Iok os moradores daquela zona foram muito afectados pelo barulho, que considerou normal neste tipo de eventos. Porém, o legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) realçou que Macau é uma cidade pequena com uma grande densidade populacional pelo que o impacto para a população deste tipo de eventos é muito maior. O deputado considerou ainda que devia ter havido mais comunicação entre o organizador, governo e a população, para que muitos não fossem apanhados desprevenidos. Por outro lado, Leong criticou o sistema dos transportes, por considerar que foram insuficientes, uma vez que a estação de metro mais próxima foi encerrada e os autocarros não circularam em número suficiente para responder às necessidades, o que gerou longas filas. Tudo em causa Por sua vez, Nelson Kot, ex-candidato à Assembleia Legislativa, criticou as autoridades por permitirem utilizar um estádio para concertos, quando este é um espaço para “desporto”. O ex-candidato também considerou inaceitável a opção por suspender paragens de autocarros e a estação de metro, numa altura em que considerou que estas eram mais necessárias do que nunca. José Pereira Coutinho, deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), afirmou ter recebido queixas semelhantes. O deputado indicou ainda que no sábado houve inclusive pais e filhos a ficarem retidos dentro da Piscina Olímpica, onde decorria a 47ª Competição Escolar de Natação, por terem de esperar pelo fim do concerto, até às 20h. Porém, nas redes sociais e em resposta à publicação de Coutinho, outros desmentiram este facto. Pedidos de compreensão Face às críticas, a multinacional Live Nation, responsável pela organização dos concertos, apelou à compreensão da população, através de uma publicidade divulgada através do Jornal Ou Mun. A empresa pediu apoio e compreensão face aos incómodos criados, e destacou que seguiu as leis da RAEM. “Os ensaios e os espectáculos foram realizados de acordo com as leis actuais de Macau, pelo que o ruído foi gerado durante os períodos legalmente permitidos”, foi defendido. “Aos residentes que vivem nas proximidades do estádio e que possam ter sido incomodados, pede-se compreensão e espera-se que todos os sectores sociais apoiem e entendam esta iniciativa”, foi apelado. No aviso, a empresa defendeu também que apesar de algum incómodo a iniciativa contribui para que Macau se possa transformar numa “Cidade de Espectáculo”, uma das políticas do Governo de Ho Iat Seng, para a diversificação do turismo. Força do turismo Os eventos deste fim-de-semana mostraram também que a organização de eventos com bandas de pop coreano são altamente populares em Macau e que contribuem para aumentar os números do turismo, principalmente junto das classes mais jovens do Interior. Entre os fãs que assistiram ao evento, uma grande parte veio do Interior, o que não é novidade e também acontece com outros concertos com este tipo de música. Apesar do pop coreano ser altamente popular no outro lado da fronteira, os concertos estão praticamente proibidos desde 2016, embora não haja uma confirmação oficial do Interior, que até recusa a existência da proibição. No entanto, em Junho do ano passado, Suga, membro do grupo BTS, reconheceu, através das redes sociais, que a razão que levava a que o grupo não fizesse uma tournée no Interior se prendia com o facto de as autoridades chinesas praticamente não autorizarem concertos de artistas coreanos no país.
Hoje Macau PolíticaPassaportes | Rita Santos revela queixas sobre renovações A presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades, Rita Santos, partilhou uma publicação nas redes sociais em que aponta ter recebido várias queixas dos “portadores de passaporte português” sobre o agendamento de uma hora para tratarem da renovação dos cartões de cidadão e bilhetes de identidade. “Nestes últimos meses, não temos mãos para medir na ajuda aos portadores de passaporte português residentes em Macau e Hong Kong que lutam com enormes dificuldades de toda natureza nomeadamente em fazer marcação electrónica no Consulado Geral de Portugal em Macau para efeitos de renovação dos cartões de cidadão e passaporte”, escreveu a conselheira. Rita Santos acusa também o consulado de se esquecer de que as pessoas precisam de trabalhar e que não podem ficar sempre à frente do computador à espera de uma oportunidade para fazerem uma marcação. “Os portugueses de Macau e Hong Kong têm de ficar colados 24 horas por dia para adivinhar quando é possível entrar nas marcações electrónicas. Este Consulado esqueceu-se de que as pessoas precisam de trabalhar para sustentar os familiares, muitos com idosos e crianças, e que não podem ficar ‘pregados’ ao computador o dia inteiro para fazer uma marcação”, atirou. Segundo Rita Santos, a “diminuição da qualidade de serviço do Consulado” está a “afectar os portugueses e os pensionistas” da Caixa Geral de Aposentações que “não conseguem receber logo as pensões devido ao atraso das marcações”. A conselheira pede assim aos “portadores de passaporte português” que entrem em contacto com ela para encontrar uma solução para os problemas.
João Santos Filipe Manchete PolíticaResidência | Autoridades portuguesas perplexas com mudanças na RAEM Segundo Alexandre Leitão, o número de portugueses afectado pelas novas políticas de atribuição de residência na RAEM é “residual”, mas o assunto não deixa de ser importante. O cônsul também admitiu que as eleições em Portugal afectam o desenrolar do processo de comunicação com as autoridades congéneres As autoridades portuguesas ficaram surpreendidas com a decisão das congéneres de Macau de acabar com o tratamento preferencial na atribuição de residência a cidadãos portugueses, que vigorava pelo menos desde 2003. Segundo Alexandre Leitão, cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong, decisão é tida como mais incompreensível, face à declarada política chinesa de afirmar Macau como uma plataforma para as ligações com os países de língua portuguesa. “As alterações que se fizeram são legais, mas também manifestámos a nossa surpresa e perplexidade porque temos dificuldade em percebê-las, no contexto da afirmação da plataforma de relação com os países de Língua Portuguesa, face à Lei Básica, e ao facto da língua portuguesa ser uma língua oficial”, afirmou o cônsul, ao Canal Macau. “Parece-nos existir um espaço naturalmente justificado, sem grande esforço, para pelo menos neste período de transição haver uma contemplação especial dos que têm o português como a língua maternal”, acrescentou. Actualmente, os portugueses que vierem para Macau apenas podem obter o estatuto de residente por motivos de junção familiar, ou com base no regime de atracção de quadros qualificados altamente especializados, feito a pensar na captação de pessoas distinguidas com prémio internacionais, como os prémios Nobel. A alternativa passa por obter o estatuto de trabalhador não-residente, que obriga à saída, após o fim da ligação contratual, ou em caso de despedimento. O cônsul admitiu também que a medida é vista em Portugal como “legal”, mas que as autoridades estão a tentar convencer a RAEM da mais-valia das comunidades portuguesas. “Não é contestar um direito à legalidade […] estamos apenas a tentar fazer valer junto dos nossos interlocutores a convicção de que vale a pena apostar nos quadros portugueses e lusófonos, pelo domínio da língua e porque verdadeiramente são pessoas, comunidades que nunca criam problemas e que trazem mais-valia para o território”, frisou. Impacto eleitoral Desde a alteração da política, que as autoridades portuguesas têm estado em contacto com as suas congéneres. Na sexta-feira, ao Canal Macau, Alexandre Leitão fez um ponto da situação e explicou que o calendário eleitoral em Portugal tem impacto no processo. “É um processo longo. […] Este ano, 2024, acaba por ser um ano especial, quer para a região, porque há uma mudança, ou não, porque há uma renovação do Executivo, e em Portugal também há uma mudança do Governo”, indicou. “São processos que a dada altura carecem de validações políticas, carecem, se calhar, de encontros ao nível político. O que estamos a fazer é um trabalho preparatório de exposição dos pontos de parte a parte, das questões que são importantes”, justificou. Alexandre Leitão apontou igualmente que o número de portugueses afectado é residual, mesmo que isso não diminua a importância do facto: “Deixamos sempre bem claro que afecta poucos portugueses. Isto é residual. Não quer dizer que seja menos importante”, indicou. Da reciprocidade Por outro lado, e sobre o facto de existirem pedidos de reunião familiar para portugueses que são recusados, assim como recusas de estender os vistos de turismo, o cônsul defendeu as autoridades de Macau, e justificou que são questões de “soberania”. “Eu oiço as pessoas falarem da prática chinesa, ou macaense, mas não sei se muitas vezes estão conscientes de que ela é muito parecida com a portuguesa”, advertiu. “A grande questão que se coloca nesses casos é: houve alguma ilegalidade? houve algum erro à luz da lei? É que se não houve estamos no domínio da soberania”, justificou.
Hoje Macau PolíticaHovione distinguida por práticas na gestão de pessoas A farmacêutica portuguesa Hovione anunciou na quinta-feira que se tornou a primeira empresa em Macau a ser reconhecida como ‘Top Employer’, uma certificação atribuída pela excelência das práticas de gestão de pessoas. O director de recursos humanos da Hovione Macau, Douglas Lau, disse que esta distinção “é uma verdadeira conquista” e que “demonstra que as empresas em Macau podem oferecer o mesmo ambiente de trabalho de alta qualidade que em qualquer outro lugar do mundo”. A certificação é “também mais uma demonstração de como a Hovione cria empregos que têm valor real tanto para os membros da nossa equipa como para a sociedade em geral”, acrescentou, em comunicado. A Hovione, que se estabeleceu em Macau em 1986, recebeu na sexta-feira a medalha de Mérito Industrial e Comercial, atribuída pelo Governo local, nos 24 anos da Região Administrativa Especial chinesa. Em Dezembro, o director-geral da empresa em Macau, Eddy Leong, disse à Lusa que a medalha concedida pelo Governo de Macau é “uma grande honra” e reflecte a “longa e bem-sucedida” história da Hovione no território. Força de grupo Ao destacar a “equipa forte” dedicada “à investigação e à qualidade”, com “diversos êxitos” obtidos, o chefe do Governo de Macau, Ho Iat Seng, referiu que a expansão do negócio da Hovione “no mercado asiático está já a aproveitar as oportunidades proporcionadas pelo desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau”, contribuindo para o desenvolvimento da indústria de ‘big health’ de Macau e a diversificação da economia, de acordo com uma nota oficial, divulgada em Dezembro. Fundada em 1959, a Hovione sublinhou ter recebido a certificação ‘Top Employer’ pelo segundo ano consecutivo, nas outras três fábricas e laboratórios que opera em Portugal, na Irlanda e nos Estados Unidos. A farmacêutica foi uma das 49 empresas em Portugal a obter esta certificação do Top Employers Institute, uma entidade internacional que distingue e certifica, a nível global, as condições que as empresas criam para os seus trabalhadores.
João Santos Filipe Manchete PolíticaMedalhas | Felizbina Carmelita Gomes quer maior promoção do português Já Ip Chi Leng, directora da casa Corcel da Cáritas, recebeu a Medalha de Serviços Comunitários e mostrou-se preocupada com o reduzido número de sem-abrigo, por acreditar que estes se estão a esconder, em vez de procurar ajuda Felizbina Carmelita Gomes considera que a comunidade macaense deve continuar a promover a língua portuguesa em Macau, como parte da sua cultura. As declarações foram prestadas pela directora do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, Felizbina Carmelita Gomes, à TDM, após ter sido distinguida com a Medalha de Mérito Educativo, por Ho Iat Seng. “Como comunidade macaense devemos mesmo desenvolver a língua portuguesa, a nossa cultura, aqui em Macau. Temos de continuar a desenvolver e divulgar o melhor possível a língua”, afirmou Felizbina Carmelita Gomes. “Estou muito contente de ter recebido a medalha, quer dizer que tenho de continuar e cumprir a minha missão educativa. Espero fazer o melhor possível para contribuir para a RAEM”, acrescentou. A cerimónia de Imposição de Medalhas e Títulos Honoríficos do Ano de 2023 decorreu na sexta-feira passada no Centro Cultural de Macau. Felizbina Carmelita Gomes considerou também que a comunidade macaense deve contribuir para que haja mais falantes de português. “Em relação ao nível da língua portuguesa temos de continuar a fazer o melhor possível para contribuir, para que as crianças que não falam a língua portuguesa possam dominá-la e ser fluentes”, acrescentou. Distinção maior Por sua vez, Ip Chi Leng, a directora da casa Corcel da Cáritas, recebeu a Medalha de Serviços Comunitários e deixou um apelo para que a sociedade esteja atenta aos casos de pobreza e de sem-abrigo. “Após a covid-19, o número de sem-abrigo diminuiu. Apesar de o número não ter aumentado, penso que não é estável, porque os sem-abrigo podem estar escondidos nos casinos ou em outros lugares, o que faz com que possamos não conseguir detectá-los. Estamos a intensificar os nossos esforços de investigação para encontrar estes casos e ajudá-los”, afirmou a assistente social. “O número total de casos é de apenas 10 por cento, mas como é que este número é possível? Talvez estejam a atravessar outros problemas, como vício do jogo, consumo de álcool e drogas, o que faz com que acabam por se esconder”, acrescentou. Este ano, entre os distinguidos, a distinção mais relevante foi a Li Yi, que recebeu a medalha de Honra Lótus de Prata. A atleta de Wushu conquistou no ano passado a primeira medalha de ouro de sempre para Macau em Jogos Asiáticos. O feito foi alcançado na vertente Chang Quan. Após a cerimónia, admitiu sentir-se feliz. “Sinto-me muito feliz (por ter recebido a medalha) e muitos dos meus amigos vieram aqui para me darem os parabéns”, afirmou Li Yi, em cantonês, aos microfones da emissora pública. “A medalha serve de estímulo para o nosso sector e também para a minha educação na área no ensino de Wushu. Vou cumprir as minhas responsabilidades para formar uma nova geração de Wushu”, prometeu. A atleta contou também que actualmente é professora na Escola Fong Chong e dá aulas de Wushu, além de desempenhar as funções orientada na escola de Wushu subsidiada pelo Governo.
Hoje Macau China / ÁsiaMinistro dos Transportes de Singapura demite-se após ser acusado de corrupção O ministro dos Transportes de Singapura demitiu-se ontem após ter sido acusado de 27 crimes ligados à organização do Grande Prémio de Fórmula 1, no primeiro escândalo de corrupção na ilha desde a década de 1980. Subramaniam Iswaran anunciou a demissão num tribunal de Singapura, onde foi acusado num caso que envolve o magnata imobiliário Ong Beng Seng, que trouxe a Fórmula 1 para a cidade-Estado em 2008. De acordo com documentos judiciais citados pelo jornal The Straits Times, o ministro é acusado de aceitar subornos e bens de luxo, incluindo bilhetes para o Grande Prémio, no valor de mais de 218 mil dólares norte-americanos, entre 2015 e 2021. O gabinete do primeiro-ministro, Lee Hsien Loong, comunicou a demissão de Iswaran, que também deixará de ser membro do partido no poder e abandonará o seu assento no parlamento de Singapura. Lee indicou que aceitou a demissão, depois de Iswaran o ter informado, por escrito, da decisão de devolver “todo o dinheiro recebido” em salário como ministro e subsídios como deputado desde o início das investigações, em Julho de 2023. Iswaran, o primeiro governante da ilha envolvido num caso de corrupção desde 1986, declarou-se inocente de todas as acusações e saiu em liberdade sob fiança de 800 mil dólares de Singapura (cerca de 547 mil euros). “A minha família e eu decidimos devolver o dinheiro porque não podemos beneficiar dele, uma vez que, devido às investigações, não pude cumprir as minhas funções como ministro e deputado”, disse o governante na carta enviada a Lee Hsien Loong. “Esta é também a coisa certa a fazer por Singapura e está em linha com os elevados padrões de integridade do Governo. Para evitar dúvidas, não procurarei a devolução deste dinheiro se, como acredito firmemente, for absolvido”, prometeu Iswaran. O ministro tinha sido inicialmente acusado de obstrução da justiça em Maio de 2023, apenas dois meses antes de ser detido por corrupção. Sem dúvidas Num comunicado, Lee Hsien Loong disse que “o Governo tratou este caso com rigor e de acordo com a lei, e continuará a fazê-lo”. “Estou determinado a defender a integridade do partido e do Governo, e a nossa reputação de honestidade e incorruptibilidade. Os singapurianos não esperam nada menos”, acrescentou o primeiro-ministro. Singapura tinha até agora tratado o escândalo com discrição, prosseguindo uma forte aposta na Fórmula 1. Em 2022, a ilha prolongou o contrato para receber a competição automobilística até 2028. De acordo com dados oficiais, o Grande Prémio permite à cidade-Estado arrecadar cerca de 130 milhões de dólares norte-americanos em receitas turísticas anualmente.