Crime | Ganância e excesso de confiança abrem caminho a burlas

O secretário para a Segurança considera que, apesar de ter “feito o seu melhor” para prevenir burlas, os residentes continuam a cair nos esquemas devido a “ganância” ou demasiada confiança. Wong Sio Chak destacou o aumento significativo de burlas através de vendas de bilhetes online e de falsos contactos de autoridades governamentais

 

Nos primeiros três meses do ano, foram identificados 656 casos de burla, o que traduz um aumento anual de 221 casos e de 50,8 por cento, e mais do dobro do registo face ao período homólogo de 2019 (131,8 por cento). Durante a apresentação das estatísticas da criminalidade referentes ao primeiro trimestre de 2024, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, “culpa” em parte este tipo de crime pelo aumento da criminalidade geral.

A secretaria de Wong Sio Chak emitiu um comunicado no sábado a indicar que nos primeiros três meses do ano foram registados 288 casos de burla com recurso às telecomunicações (96) e de burla cibernética (192). Apesar de serem menos casos dos verificados no terceiro e quarto trimestre de 2023, “a Polícia não abrandará a sua actuação e continuará a prestar elevada atenção às novas tendências dos crimes relevantes e o público deve também manter-se alerta”.

O Governo vai mais longe e culpa a população, “embora as autoridades da segurança tenham feito o seu melhor na prevenção e controlo de crimes relevantes e tenham feito imenso trabalho de sensibilização”. “Parte dos cidadãos ainda cai em burlas, por ganância ou negligência, e alguns deles porque estão confiantes demais e rejeitam todos os tipos de sensibilização anti-burla, apenas se arrependendo quando são realmente burlados”, refere o gabinete de Wong Sio Chak.

Os truques

Entre os métodos usados pelos criminosos para defraudar os residentes de Macau, o gabinete do secretário destaca os esquemas que envolveram vendas de bilhetes online que “foi o mais significativo, com um total de 218 casos registados em 2023, quando o número de casos foi de 8 e de 25 em 2022 e 2019, respectivamente”. Também as burlas em que alguém finge ser oficial de uma autoridade governamental aumentaram significativamente, atingindo 290 casos. Neste tipo de crimes, “os burlões aproveitam principalmente o medo da vítima e fingem ser funcionários de uma entidade de segurança pública ou de justiça do Interior da China para alegar, falsamente, que a vítima está envolvida em crimes como lavagem de dinheiro”.

Quanto às burlas de venda de bilhetes através da internet, os métodos mais frequentes passam pela oferta de venda de ingressos para concertos em que é “dificílimo comprar bilhetes”, sendo requerido às vítimas pagamento prévio. “Mesmo sabendo que podem ser burladas muitas das vítimas continuam a escolher este meio de compra de bilhetes”, acrescentam as autoridades.

17 Jun 2024

Jogo | Associação de Sinergia defende controlo flexível sobre operadoras

Johnson Ian, presidente da Associação de Sinergia de Macau, ligada ao deputado Ron Lam U Tou, defendeu, num artigo de opinião publicado no jornal Son Pou, que o Governo não deve controlar demasiado as concessionárias de jogo. “A não ser que se tratem de acções ilegais, o Governo não deve controlar os pequenos detalhes, sobretudo no que diz respeito à área operativa”, descreveu.

De frisar que recentemente surgiu a informação de que o Governo iria proibir as operadoras de jogo de fornecerem comida e bebidas gratuitas aos visitantes. Entretanto, foi divulgado, nas redes sociais, que essas ofertas já não se encontram disponíveis.

“Talvez o Governo já tenha proibido as ofertas, mas as empresas de jogo vão sempre pensar em outras formas de atrair clientes tendo em conta a concorrência comercial e também por questões de sobrevivência da própria empresa. Podem lançar sorteios, promover descontos em comidas e bebidas ou criar campanhas com quartos gratuitos. Quantas actividades irá o Governo conseguir proibir e controlar?”, questionou.

17 Jun 2024

IPOR | PSD em Macau ataca presidente e pede auditoria

A secção do Partido Social Democrata em Macau exige uma auditoria do Governo português ao funcionamento do Instituto Português do Oriente, com destaque para a escolha de Patrícia Ribeiro como presidente. Enumerando uma série de factores e alegando proximidade ao Partido Socialista, é exigida a exoneração da responsável

 

A secção do Partido Social Democrata (PSD) em Macau exige uma auditoria ao Instituto Português do Oriente (IPOR), sobre o seu funcionamento e a nomeação de Patrícia Ribeiro para a presidência.

No comunicado da secção, assinado pelo porta-voz, António Bessa Almeida, é referido que na auditoria ao IPOR deve “ser público e transparente o escrutínio” se houve alguma influência do anterior presidente do IPOR, João Laurentino Neves, na nomeação de Patrícia Ribeiro, que à data trabalhava como sua assistente.

O factor “vizinhança”

Para a secção do PSD em Macau, a subida de Patrícia Ribeiro à presidência da instituição está relacionada com eventuais ligações ao Partido Socialista (PS) em Portugal. Assim, a auditoria deve responder “se a proximidade da Figueira da Foz, terra natal de Patrícia Ribeiro, a Coimbra coincide com o berço de origem das autoridades em posto e ou do lobby do PS de Coimbra em Macau”. Deve ainda ser explicado se “Patrícia Ribeiro sempre trabalhou em Portugal na região de Coimbra, ao serviço de autarquias na maioria do Partido Socialista à época”.

Pedida exoneração

O comunicado da secção do PSD questiona também as razões para Patrícia Ribeiro estar na Fundação da EPM (FEPM), pois “é inédito em 25 anos da história da FEPM, ou da própria escola em si, qualquer tipo de presença de representantes afectos ao Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong”.

Assim, “o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo da República Portuguesa, na titularidade da pasta do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Senhor Professor Doutor Nuno Sampaio, deve preventivamente realizar uma auditoria ao IPOR desde o momento que o PPD/PSD deixou o Governo em 2015”, indica a nota.

É ainda referido que o “Governo da República Portuguesa não tem condições políticas para manter Patrícia Ribeiro enquanto representante do Governo Português na FEPM”, sendo que esta deve, segundo a secção do PSD em Macau, “ser exonerada do IPOR”. Contactada pelo HM, Patrícia Ribeiro não quis fazer qualquer comentário ao conteúdo do comunicado.

17 Jun 2024

Governo repudia relatório anual da UE sobre direitos fundamentais

O Governo de Macau repudiou na madrugada de sexta-feira o relatório anual da UE sobre o território, cujas conclusões alertam que “o aumento do enfoque contínuo na segurança nacional pode colocar em risco os direitos fundamentais” no território.

“O Governo da RAEM manifesta o seu profundo desagrado e a firme oposição por tal ocorrência”, de acordo com um comunicado.

“A revisão da Lei relativa à defesa da segurança do Estado teve como referência as experiências de várias regiões, ponderando suficientemente a tradição do sistema jurídico de Macau e a situação real da sociedade, cumprindo rigorosamente as convenções internacionais dos direitos humanos”, sublinhou, na mesma nota.

O Executivo, liderado por Ho Iat Seng, considerou que a “revisão da Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo e da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa e de outras leis pela RAEM, não só é essencial para a implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas’, a defesa da segurança nacional, e o aperfeiçoamento dos relativos regimes eleitorais, mas também para salvaguardar de melhor forma o exercício do direito de voto dos residentes”.

Focar o positivo

Cerca de 25 anos depois da transferência de administração do território de Portugal para a China, “a implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’ e da Lei Básica de Macau foi bem-sucedida, factos estes que a União Europeia não pode negar e sobre os quais se espera que a mesma possa ver de forma objectiva e justa”, indicou.

“Os assuntos de Macau são assuntos internos da China, portanto, a União Europeia não tem direito de interferir. A publicação do referido relatório anual carece de uma base legítima no direito internacional. A União Europeia manifestou, em diversas ocasiões, que valoriza a relação de cooperação com Macau, deste modo esperamos que a União Europeia introduza mais elementos positivos e úteis, promovendo o desenvolvimento das relações bilaterais com acções práticas”, concluiu.

Na quinta-feira, a Comissão Europeia e o Alto-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, alertaram que “o aumento do enfoque contínuo na segurança nacional pode colocar em risco os direitos fundamentais em Macau, erodindo o princípio ‘um país, dois sistemas’ e o grau de autonomia habitualmente elevado” na região.

17 Jun 2024

Hong Kong | Jornalista impedida de entrar em Macau

Uma jornalista e professora da Universidade Chinesa de Hong Kong foi impedida de entrar em Macau, onde iria ministrar um workshop sobre técnicas de entrevista e escrita. As autoridades justificaram a recusa de entrada com preocupações de segurança. A Associação de Jornalistas de Macau acusou as autoridades de abuso de poder

 

Uma jornalista e académica de Hong Kong, Vivian Tam, foi impedida de entrar em Macau no sábado. As autoridades da RAEM negaram a entrada no território à jornalista, que vinha ministrar um workshop sobre escrita jornalística, devido a preocupações com segurança e ordem pública, de acordo com a Associação de Jornalistas de Macau (AJM), que organizara o evento.

Vivian Tam é professora na Universidade Chinesa de Hong Kong e foi repórter do jornal Ming Pao e da Cable News. Foi também autora de um livro sobre os protestos que abalaram a região vizinha em 2019.

A jornalista e académica vinha à RAEM apresentar um workshop intitulado “Escrever bem”, onde iria partilhar conhecimentos sobre técnicas de entrevista e escrita jornalística. O evento estava marcado para as 14h de sábado nas instalações do Centro de Cultura e Artes Performativas, e tinha o patrocínio da Fundação Macau.

Na manhã de sábado, às 11h40, quando se preparava para entrar em Macau vinda de Hong Kong, Vivian Tam foi travada pelas autoridades de imigração de Macau no posto fronteiriço do Terminal Marítimo do Porto Exterior. A jornalista acabaria por regressar a Hong Kong cerca de duas horas mais tarde.

Protesto veemente

O Corpo de Polícia de Segurança Pública recusou comentar a situação, por não endereçar casos individuais, limitando-se a afirmar que a sua actuação é feita de acordo com a lei e os procedimentos estabelecidos, indicou o South China Morning Post e o All About Macau.

Num comunicado publicado no Facebook, a direcção da AJM apresentou o “veemente protesto e profundo pesar” pela “irracional recusa de entrada” de Vivian Tam. A associação indicou ainda que a jornalista terá entrado em Macau no ano passado. Desta vez, convidada pela AJM para um evento de formação sobre técnicas de entrevista, as autoridades recusaram a entrada citando “sinais fortes de que a actividade poderia colocar em perigo a segurança e ordem pública”, declarou a associação.

A AJM acusa as autoridades de abusarem do poder que tem base em especulações preconceituosas. Como tal, a associação apelou às autoridades para explicarem a base legal da sua actuação e afirmou que as autoridades poderiam ter contactado a associação em caso de preocupações de segurança. A AJM considera que as autoridades estão “efectivamente a abusar da lei em nome da segurança pública, aumentando as preocupações dos residentes da RAEM devido à erosão das suas liberdades e direitos fundamentais”.

17 Jun 2024

Ensino | Apoios para quem estuda na China mantém-se

O Conselho Executivo apresentou, na sexta-feira, o resultado final da análise ao regulamento administrativo relativo aos “Apoios financeiros para a frequência escolar dos alunos nas escolas da província de Guangdong no ano escolar de 2024/2025”. Renova-se, assim, o plano de apoio para os alunos locais que estudem em escolas da província de Guangdong, sendo que os subsídios serão concedidos para o pagamento de propinas e aquisição de materiais escolares.

O regulamento administrativo inclui ainda a escola na Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqin. A ideia, segundo um comunicado, é que os alunos que frequentem esta escola fiquem isentos do pagamento de propinas “e respectivas despesas”, ficando definida a “admissão prioritária de residentes de Macau” nesta escola. A instituição de ensino fica ainda obrigada a apresentar a “contabilidade auditada e relatório de auditoria à DSEDJ, assim como a configuração curricular e a avaliação do desempenho dos alunos em conformidade com os requisitos regulamentares de Macau”.

Mantém-se os requisitos para a concessão de apoio e os montantes, sendo estes de oito mil patacas para as propinas do ensino pré-escolar e seis mil patacas para os ensinos primário, secundário geral e complementar. Relativamente ao subsídio para aquisição de material escolar, os montantes são de 1.150 patacas para o ensino pré-escolar, 1.450 patacas para o ensino primário e 1.700 patacas para os ensinos secundário geral e secundário complementar.

Além disso, para a atribuição do subsídio, os alunos do ensino secundário complementar devem frequentar, entre Junho e Agosto de 2025, um curso organizado pela Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), com uma taxa de assiduidade de 80 por cento.

17 Jun 2024

PME | Alargado prazo de reembolso de empréstimos

O Governo anunciou na sexta-feira o prolongamento do período de reembolso de empréstimos lançados ao abrigo de dois programas de apoio a pequenas e médias empresas (PME) e jovens empreendedores, devido a uma “recuperação económica desequilibrada” após a pandemia da covid-19.

As empresas “continuam a enfrentar dificuldades devido a uma recuperação económica desequilibrada” e, para “aliviar a pressão do reembolso dos empréstimos”, o Governo prorrogou “o prazo máximo” de “oito para dez anos”, disse em conferência de imprensa o porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong.

A medida diz respeito ao Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas (PME) e ao Plano de Apoio a Jovens Empreendedores, estabelecidos em 2003 e 2013, respectivamente.

Durante a pandemia, “foram lançadas medidas provisórias, ajustando o montante de cada prestação de reembolso no âmbito destes dois planos”, explicou Cheong. O prazo para as empresas beneficiárias que ainda se encontram no período de reembolso também vai ser prorrogado “automaticamente por mais dois anos”, disse.

Notando a “dificuldade de disponibilidade de capitais” por parte das PME e dos jovens empreendedores, o director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, Tai Kin Ip, referiu que “cerca de 12 mil PME são beneficiárias desta política”.

17 Jun 2024

Receitas públicas | Subida de dois terços nos primeiros cinco meses

A recuperação das receitas fiscais sobre a indústria do jogo impulsionou a receita corrente da RAEM, que subiu nos primeiros cinco meses deste ano 64,7 por cento em termos anuais. Também a despesa pública aumentou (9,2 por cento), em parte devido ao investimento em infra-estruturas

 

A receita corrente de Macau aumentou 64,7 por cento nos cinco primeiros meses de 2024, em termos anuais, graças à recuperação dos impostos sobre o jogo. A receita corrente entre Janeiro e Maio foi de 43,6 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde 2020, no início da pandemia da covid-19, de acordo com dados publicados ‘online’ pelos Serviços de Finanças do território.

Desta receita corrente, o Governo arrecadou 37 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo, indicou o mais recente relatório da execução orçamental, divulgado na sexta-feira.

Nos cinco primeiros meses de 2024, Macau recolheu 42,7 por cento da receita corrente projectada para 2024 no orçamento da RAEM, que é de 102 mil milhões de patacas.

No final de Dezembro de 2023, o Centro de Estudos e o Departamento de Economia da Universidade de Macau previu que as receitas do Governo podem atingir 109,6 mil milhões de patacas, mais 7,5 por cento do que o estimado pelas autoridades.

Por outro lado

Com a subida nas receitas, a despesa pública também aumentou 9,2 por cento para 31,3 mil milhões de patacas, em parte devido ao investimento em infra-estruturas, que cresceu 5 por cento para 7,16 mil milhões de patacas.

A despesa corrente também subiu 7,9 por cento, para 23,5 mil milhões de patacas, devido a um aumento de 10 por cento nos apoios sociais e subsídios dados à população e a um crescimento de 4,3 por cento nas despesas com funcionários públicos.

O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso dos excedentes nas contas públicas, “não havendo necessidade de recorrer à reserva financeira”, depois de três anos de crise económica devido à covid-19.

Desde 2020 que Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo – algo exigido pela Lei Básica – devido a transferências da reserva financeira, que em 2023 atingiram 10,5 mil milhões de patacas.

Entre Janeiro e Maio, a RAEM registou um excedente de 12,6 mil milhões de patacas nas contas públicas, mais do dobro do registado no mesmo período de 2023 e o valor mais elevado em quatro anos.

Desde final de Janeiro de 2020 e até ao início de 2023, a pandemia teve um impacto sem precedentes no jogo, motor da economia de Macau, com os impostos sobre as receitas desta indústria a financiarem a esmagadora maioria do orçamento governamental. Os orçamentos do Governo de Macau tinham sido desde então marcados por sucessivas alterações e por pacotes de estímulo dirigidos às pequenas e médias empresas, à população em geral e ao consumo.

17 Jun 2024

Homem perde dinheiro, mata e enterra corpo em Coloane

O Tribunal de Última Instância (TUI) entendeu não atenuar a pena de 28 anos e nove meses de prisão a um homem que roubou, matou e ocultou o cadáver da vítima depois de perder dinheiro ao jogo.

Segundo o acórdão ontem divulgado, o caso remonta a 2021, quando o homem “perdeu a maior parte do dinheiro no jogo”, tendo “planeado roubar as mulheres” que trocavam dinheiro, “bem como aquelas que lhe resistissem”. O homem escolheu então uma mulher como alvo, dizendo-lhe que “pretendia converter renminbis em dólares de Hong Kong”, tendo, com essa desculpa, levado-a ao quarto de hotel onde estava hospedado.

Posteriormente, seguiu-se a prática do crime: o homem agarrou a mulher pelo pescoço com a mão esquerda e “pressionou-lhe o ombro esquerdo com a mão direita, exigindo-lhe a entrega dos dólares de Hong Kong”. Durante esse movimento, ambos se empurraram mutuamente, tendo o homem pegado num cinzeiro e batido “com força no rombencéfalo [cabeça]” da mulher, acto que lhe causou “sangramento persistente, fazendo-a entrar em coma”.

O homem não se ficou por aqui e, vendo que a mulher “estava inconsciente e incapaz de resistir, tentou violá-la”, mas acabou por “fracassar devido a problemas dele”, descreve o acórdão. A mulher, nessa fase, já não apresentava sinais de respiração nem batimentos cardíacos, tendo o homem “limpado as manchas de sangue deixadas no local” e colocado o corpo da vítima “na mala de viagem com vista a ocultar a morte”.

Além disso, ficou com 250 mil dólares de Hong Kong que estavam na posse da mulher e foi jogar várias vezes ao casino, tendo depois enterrado o corpo da vítima na praia de Hac-Sá, em Coloane.

Frieza extrema

O homem foi condenado em primeira instância a 29 anos, por cúmulo júridico, pela prática, “em autoria material e de forma consumada”, dos crimes de homicídio e roubo qualificado, além do crime de coacção sexual e de ofensa ao respeito devido aos mortos.

Contudo, o arguido recorreu da sentença para o Tribunal de Segunda Instância que julgou procedente, apenas em parte, o recurso, passando a condenar o homem a uma pena de 28 anos e nove meses de prisão pelos crimes de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência e por convolação do crime de coacção sexual.

O homem recorreu novamente para o TUI, que manteve a pena por considerar “o grau de intensidade do dolo do A [autor do crime] foi extremamente elevado e empregou violência contra B [vítima], causando-lhe dor e lesões e fazendo-a entrar em coma”, além de se apropriar do dinheiro que esta tinha consigo.

O tribunal não esqueceu o facto de o homem, além de matar, ter limpo “manchas sanguíneas deixadas no local, usado as impressões digitais da mulher para aceder ao telemóvel desta e enviar mensagens fraudulentas”, além de ter enterrado o corpo.

Na praia de Hac-Sá, o autor dos crimes “assinalou com pedras o lugar onde enterrou o corpo para, no futuro, saber se o corpo seria ou não descoberto”. O homem “apanhou o autocarro, abandonando Macau tranquilamente”, o que, para os juízes, é revelado que adoptou “um método extremamente cruel e insensível, o que mostra a extrema frieza e o desrespeito face à vida alheia”.

O TUI descreve que o homem cooperou sempre com as autoridades, mas “comportou-se com frieza na audiência de julgamento”, além de “não ter pedido desculpas aos familiares [da vítima], e de nunca os ter indemnizado”. A pena aplicada não é, assim, “excessiva”.

14 Jun 2024

Descortinando conceitos e definições

* Por Gonçalo Alvim, Arquitecto Paisagista

Neste espaço do Hoje Macau proponho-me desenvolver sobre dois conceitos abrangentes e que, de diferentes formas, se interligam entre si: Arquitectura Paisagista e Desenvolvimento Sustentável. Naturalmente, o meu ponto de partida, ou de chegada, irá ser sempre Macau.

É sabido que o Desenvolvimento Sustentável envolve diferentes abordagens, sendo as três principais a Ambiental, a Social e a Económica. Para serem equilibradas, estas abordagens devem ser consideradas em conjunto, de uma forma interdependente. São como um móvel de três pernas, em que fortalecer uma, ou duas, em detrimento da terceira, não é normalmente boa solução.

O conceito de “Desenvolvimento Sustentável”, que proponho interligar com a Arquitectura Paisagista, aponta para um caminho de futuro e de crescimento. Socorrendo-me do conceito original, relevado no Relatório de Brundtland “O Nosso Futuro Comum” (1987), trata-se de um tipo de “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Para o comum dos cidadãos este princípio tem virtudes, mas é de alguma forma abstracto e difícil de pôr em prática. Com efeito, não podemos saber em concreto quais vão ser as nossas necessidades no futuro, nem qual é o impacte em concreto que das nossas acções. Acresce a este desconhecimento duas realidades que se têm tornando evidentes: as nossas necessidades vão mudando ao longo do tempo, e de forma cada vez mais acentuada; e novas descobertas têm vindo a alargar os recursos que se consideravam finitos. Sabemos haver um grande desequilíbrio entre a exploração de recursos, que as nossas “necessidades” obriga a fazer de forma intensiva, e a capacidade do planeta de as suportar; e que esse desequilíbrio é maior em regiões desenvolvidas, onde o consumo é muito maior. Mas em que medida as nossas acções individuais podem mudar alguma coisa a tendência global que se verifica? E qual a capacidade dos Governos que nos regem de minimizar, contrariar, defletir, o seu impacte?

Outro conceito que complementa o anterior é aquele que nos encoraja a “pensar globalmente, actuar localmente”. É um conceito mais prático, que percebemos melhor: não podemos mudar o mundo, mas podemos dar o nosso contributo no dia-a-dia; talvez sem heroísmos, mas com sentido de responsabilidade. Estarei eu a cumprir esse desígnio ao escrever este artigo?

Introduzo agora o tema da Arquitectura Paisagista, começando pela definição que nos deixou o fundador do curso em Portugal, Francisco Caldeira Cabral: “A arte e a ciência de ordenar os espaços exteriores, de maneira a satisfazer as necessidades humanas e, ao mesmo tempo, proteger e valorizar os recursos naturais e culturais.”

Esta definição, que naturalmente estudei no meu curso, é mais profunda e complexa do que pode parecer à primeira vista e sintetiza bastante bem aquilo que é o âmbito desta actividade, tantas vezes desvalorizada. Vou tentar explicar o que quis transmitir o autor:

A definição começa por esclarecer tratar-se a Arquitectura Paisagista de uma arte e de uma ciência, uma vez que, para além da parte criativa do desenho, sustentada em princípios estéticos, mas também de preferências do autor, tem por bases um conjunto de conhecimentos científicos que importa conhecer com rigor para que as decisões e os planos respondam às necessidades;

Depois, refere a ordenação do espaço exterior, o que remete para a humanização do espaço exterior aos edifícios, com o propósito, esclarecido em seguida, de satisfazer as necessidades humanas. Este ponto é muito importante e distingue o seu propósito de alguns outros que excluem o Homem da equação, relevando o valor da Natureza por si mesma, independentemente da existência humana;

E a definição termina dizendo que, ao mesmo tempo que a Arquitectura Paisagista procura satisfazer as necessidades do Homem, deve proteger e valorizar os recursos naturais e culturais, apontando assim para uma evolução positiva no futuro.

Note-se que não são referidas plantas, nem jardins, nem repuxos, nem arranjos, nem decorações, e nem sequer paisagem ou espaços verdes, o que à primeira vista poderá surpreender. Não sei bem qual a ideia que o caro leitor terá sobre o que é a Arquitectura Paisagista, mas arrisco dizer que, se lhe fosse pedida uma definição breve sobre a matéria incluísse apenas alguns desses elementos que referi, eventualmente terminando com um apreço pela profissão e um lamento por não ser mais valorizada.

Olhemos novamente para a definição de Desenvolvimento Sustentável e reparemos nas semelhanças com os fundamentos da Arquitectura Paisagista. A definição refere a pretensão de satisfazer ‘as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades’, referindo-se naturalmente às necessidades do Homem, em torno de quem faz sentido a pretensão de sustentabilidade. Tem depois três vertentes interdependentes, como vimos – Ambiental, Social e Cultural – , que coincidem com o pretendido na Arquitectura Paisagista: satisfazer as necessidades humanas e, ao mesmo tempo, proteger e valorizar os recursos naturais e culturais.

Podemos ver que há, portanto, um alinhamento entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e de Arquitectura Paisagista, embora a Arquitectura Paisagista apresente uma perspectiva mais positiva, uma vez que não se contenta em não comprometer o que as próximas gerações vão receber, mas em valorizar a “herança” que lhes deixamos.

Em próximos artigos vou procurar desenvolver sobre estes temas, relevando a sua importância para os cidadãos do território. E note-se que não referi aqui a sua importância para Macau, o que seria um propósito bastante abrangente e vago, mas na importância para os seus cidadãos, na importância para si em especial, caro leitor.

** Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), é tido como uma referência internacional e pioneiro no estudo e ensino da Arquitectura Paisagística e do movimento ambientalista em Portugal. Foi um dos fundadores da Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e seu segundo Presidente, e Presidente da Federação Internacional de Arquitectos Paisagistas entre 1962 e 1966.

14 Jun 2024

Festas populares | EPM acolhe arraial de Santo António

A Casa de Portugal em Macau (CPM) realiza, este fim-de-semana, o arraial de Santo António no pátio exterior da Escola Portuguesa de Macau (EPM), o tradicional arraial de Santo António, a partir das 18h30, com as comidas tipicamente presentes neste tipo de festa, como é o caso da sardinha assada, bifana, pão com chouriço, caldo verde, tripas de Aveiro – um doce tradicional recheado com doce de ovos ou chocolate oriundo da zona centro de Portugal – e sangria.

Segue-se um concerto de música tradicional portuguesa, com músicas de artistas como Marco Paulo, Marante, Ágata e José Cid, entre outros, interpretadas por músicos locais, como é o caso de Tomás Ramos de Deus, Miguel Andrade e Paulo Pereira, ligados à CPM, Ari Calangi e ainda João e David Rato.

No domingo prossegue o arraial, mas desta vez mais virado para as famílias, com actividades que decorrem entre as 14h30 e as 19h. O público poderá ouvir o coro da CPM, intitulado “Portugalitos” e ainda assistir ao “espectáculo de marionetas tradicionais portuguesas, os Robertos”, com a participação de Sérgio Rolo. Seguem-se actividades diversas como a realização de trabalhos manuais, jogos e um concerto de música portuguesa.

Os dois eventos, integrados no cartaz de celebração do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas, estão também interligados com a inauguração, ontem, da exposição em que a sardinha portuguesa é a personagem principal. A exposição colectiva, patente na Casa de Vidro, na praça do Tap Seac, “apresenta peças de diferentes formatos e técnicas, da autoria de vários artistas”, destaca a CPM, em comunicado.

14 Jun 2024

Festival | 6ª Mostra do Cinema Português traz filmes de João Canijo

Apresenta-se no final do mês, entre os dias 28 e 30 de Junho, a 6.ª Mostra do Cinema Português em Macau, no auditório do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. Destaque para a exibição dos mais recentes filmes do realizador português João Canijo, “Mal Viver” e “Viver Mal”. Margarida Moz, curadora do festival, destaca o interesse local pelo cinema português que não se cinge à comunidade lusa

 

Os amantes de cinema podem desfrutar, no final deste mês, de um cartaz que traz o que de melhor se tem feito nesta área em Portugal nos últimos tempos. A 6ª Mostra do Cinema Português apresenta-se no auditório Dr. Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, entre os dias 28 e 30 de Junho, sendo que no primeiro dia de exibições se apresenta, às 19h, “Mal Viver”, do realizador português João Canijo, que venceu, com este filme, o prémio “Urso de Prata” no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no ano passado, um dos mais importantes desta competição. Destaque ainda para a obtenção do prémio “Melhor Filme” nos Prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema.

No dia seguinte, 29 de Junho, apresenta-se “Viver Mal”, também de João Canijo. Os dois filmes resultam de um trabalho de 12 semanas de rodagem que aconteceu no Hotel Parque do Rio, em Ofir, no concelho de Esposende, no início de 2021, quando o país atravessava o segundo período de confinamento pandémico.

“Mal Viver” “é a história de uma família de várias mulheres de diferentes gerações, que arrastam uma vida dilacerada pelo ressentimento e o rancor, que a chegada inesperada de uma neta vem abalar, no tempo de um fim de semana”, lê-se na sinopse. Já “Viver Mal” segue em paralelo e foca-se nos hóspedes que passam pelo hotel gerido por aquelas mulheres.

O elenco conta com Rita Blanco, Anabela Moreira, Madalena Almeida, Cleia Almeida, Vera Barreto, Filipa Areosa, Leonor Silveira, Nuno Lopes, Rafael Morais, Lia Carvalho, Beatriz Batarda, Leonor Vasconcelos e Carolina Amaral.

Margarida Moz, curadora deste festival e directora da Portugal Film – Agência Internacional de Cinema Português, descreve ao HM que os filmes de Canijo “marcaram o último ano do cinema em Portugal”.

“Apesar do sucesso que o João Canijo já alcançou no nosso país, faltava ao seu currículo uma selecção que fizesse jus ao seu imenso talento. Com a selecção dos dois filmes no Festival de Berlim, em 2023, onde Mal Viver conquistou um Urso de Prata, foi feita finalmente justiça. A partir daqui o filme viajou por todo o mundo, tendo estreado comercialmente (ou seja, mas salas de cinema regulares, fora do circuito dos festivais) em vários países, entre os quais em França, onde foi exibido em 31 cidades.”

Assim, “trazer estes dois filmes a Macau é uma forma de provar a elevada fasquia desta mostra, demonstrando o que de melhor o cinema português tem para oferecer ao mundo”.

Margarida Moz destaca também que no território “existe um interesse pelo cinema português que não é exclusivo da comunidade portuguesa local, mas partilhado por uma comunidade cinéfila atenta à programação dos melhores festivais internacionais e que assim pode ver estes filmes em sala”.

Dois dias de curtas

No dia 29 de Junho, tem lugar a primeira sessão apenas dedicada à exibição de curtas-metragens, a partir das 17h. Incluem-se “The Shift”, de Laura Carreira, apresentado no Festival de Cinema de Veneza em 2020; “Azul”, de Ágata de Pinho, apresentado em 2022 no Festival de Cinema de Roterdão e “Tornar-se um Homem na Idade Média”, de Isadora Neves Marques, vencedor do prémio Tigre para Melhor Curta-Metragem no Festival Internacional de Cinema de Roterdão em 2022.

Incluem-se ainda “As Lágrimas de Adrian”, de Miguel Moraes Cabral, de 2023, apresentado no festival Indie Lisboa e ainda “À Tona da Água”, de Alexander David, apresentado este ano no Festival Internacional de Cinema de Roterdão.

No último dia do festival há ainda tempo e espaço para mais uma sessão de curtas, apresentando-se “Nocturno para uma floresta”, de Catarina Vasconcelos, exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Locarno, no ano passado.

O público pode ainda ver “Corte”, de Afonso e Bernardo Rapazote, exibido no Festival de Cannes em 2020; “Morning Shadows”, de Rita Cruchinho Neves; “Please Make it Work”, de Daniel Soares, apresentado no Festival Internacional de Cinema de Locarno em 2022.

Finalmente apresenta-se a curta ” Shorroms”, de Jorge Jácome, vencedor do prémio para melhor curta no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong este ano. Exibe-se ainda o filme “A Távola da Rocha”, de Samuel Barbosa, a partir das 19h, exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Locarno em 2021.

Síntese do bom

Margarida Moz referiu ao HM que o programa desta mostra de cinema pretende “fazer uma síntese dos filmes portugueses que mais se destacaram no circuito internacional”, apresentando-se “uma grande variedade de géneros e temáticas”.

Os pontos de ligação entre as películas são o facto de terem sido seleccionados “em festivais muito relevantes e terem com isso conseguido uma enorme visibilidade internacional”.

“Deixámos de fora tantos outros filmes, alguns porventura até com mais prémios, mas o essencial era que esta mostra apontasse diferentes caminhos para o cinema português e estando limitados a cinco sessões foi importante que o programa revelasse esses estilos diversos”, aponta a responsável.

Margarida Moz acrescenta que “não queremos fazer uma mostra porque sim, queremos mesmo trazer os nossos melhores trunfos e provar que o cinema ´indie’ só o é porque o mercado está muito direccionado para as grandes produções de Hollywood e dá pouco espaço à exibição de filmografias mais pequenas, mas que nem por isso são menos interessantes”.

A responsável recorda que “o cinema português tem fortes ligações a Macau”, frisando nomes de realizadores como Ivo Ferreira, João Rui Guerra da Mata e João Pedro Rodrigues, ou ainda Leonor Noivo e Jorge Jácome, “de um modo menos óbvio”. Estes realizadores, por exemplo, “viveram a sua infância em Macau e isso reflecte-se indirectamente nos seus filmes”.

Assim, “trazer a Macau os melhores filmes portugueses é divulgar a nossa cultura de um modo positivo num território com quem temos uma enorme afinidade cultural”, frisou. “Não queremos só mostrar este cinema à comunidade portuguesa local que sempre aderiu com tanto entusiasmo a esta mostra, mas estabelecer pontes com a comunidade local mais alargada, que pode assim contactar com a cinematografia portuguesa que tem inspirado jovens cineastas em todo o mundo”, rematou Margarida Moz.

O festival faz parte do cartaz das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. Com Lusa

14 Jun 2024

UE | França também quer tarifas sobre painéis solares e turbinas eólicas

A França vai envidar esforços para obter validação dos países da União Europeia sobre as tarifas de importação aos carros eléctricos chineses, pretendendo ainda medidas semelhantes para os países solares e turbinas eólicas importadas daquele pais asiático.

Esta posição foi assumida pelo ministro da Economia e Finanças francês, Bruno Le Maire, numa entrevista, ontem, à emissora Sud Radio.

“Cada Estado-membro tem de perceber que deve ser restabelecida esta relação de força” com a China, afirmou o governante, confirmando que a França vai votar a favor da proposta anunciada esta quarta-feira pela Comissão Europeia de aplicação de tarifas de importação de veículos eléctricos chineses em até 38,1 por cento, por considerar que os apoios dados distorcem a concorrência com os fabricantes europeus.

Bruno Le Maire disse ainda que o seu país vai tentar convencer os outros Estados-membros de que nesta questão faz falta uma maioria qualificada, em particular a Alemanha, que se tem manifestado contra, por recear retaliações por parte da China, que é o principal mercado de destino das exportações alemães, em particular da indústria automóvel.

O ministro francês – que está em campanha para as eleições legislativa antecipadas em França, nas quais a extrema-direita se posiciona como favorita propondo um programa proteccionista na vertente económica – disse ainda esperar que a Comissão Europeia faça o mesmo relativamente aos painéis solares e turbinas eólicas importadas da China.

14 Jun 2024

UE | ACAP acredita em acordo sobre subsídios a eléctricos

O secretário-geral da ACAP sublinhou ontem que a decisão da União Europeia (UE) em aumentar as tarifas para a importação de veículos eléctricos da China não é final e que permite às partes chegarem a um entendimento.

Em declarações à Lusa, Helder Pedro registou que vê “uma abertura da Comissão Europeia” para que esta e a China, junto da Organização Mundial do Comércio (OMC), possam “negociar e chegar a um entendimento” sobre os subsídios de Estado à produção de veículos eléctricos chineses.

“O ideal é haver, digamos, uma liberdade de circulação e que não haja, digamos, este tipo de situações que vão discriminar aquilo que são os vários construtores presentes no mercado”, disse.

Helder Pedro assinalou que esta medida pode ainda ser cancelada e tem cariz provisório, prolongando-se até Novembro.

“O que está em cima da mesa são medidas provisórias da Comissão Europeia, que vão ser aplicadas entre 4 de Julho e 4 de Novembro sobre alguns construtores. Até lá irão a Comissão Europeia – a Europa, no fundo –, e a China, o Governo chinês, no âmbito da Organização Mundial do Comércio, negociar, dialogar, no sentido de ultrapassar a situação e ver se no fim do período provisório, em Novembro, se continuarão ou não a aplicar estas tarifas”, explicou.

O responsável da associação está confiante que o bloco europeu e o gigante asiático vão alcançar um acordo para que possam “cessar estas medidas”.

Balança descaída

A ACAP entende que este é um assunto que diz respeito a subsídios de Estado e que “não se trata de ‘dumping’, que são processos mais graves”. Estes subsídios, de acordo com Helder Pedro, “não são iguais para todos os fabricantes chineses e também não se aplicam a todos”.

Para a decisão, segundo o secretário-geral da associação automóvel, também deve ter pesado a “grande disparidade” entre as importações e as exportações de veículos eléctricos de e para a China. “Em 2023, a União Europeia importou 438 mil veículos eléctricos e exportou 11.500”, referiu, apontando que “os números são muito desproporcionais para a União Europeia”.

Para Bruxelas, a cadeia de valor dos veículos eléctricos da China beneficia de subvenções injustas, o que está a causar uma ameaça de prejuízo económico aos construtores da UE.

A Comissão Europeia abriu no ano passado uma investigação a estas subvenções, uma investigação que o porta-voz governamental chinês Lin Jian considerou ontem ser “um caso típico de proteccionismo”.

“Isto vai contra os princípios da economia de mercado e as regras do comércio internacional, e prejudica a cooperação económica e comercial entre a China e a UE, bem como a estabilidade da produção automóvel global e das cadeias de abastecimento”, referiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, em conferência de imprensa.

Bruxelas contactou ainda as autoridades chinesas para discutir estas conclusões e possíveis formas de resolver a questão, mas caso as conversações com as autoridades chinesas não conduzam a uma solução eficaz, estes direitos de compensação provisórios serão introduzidos a partir de 4 de Julho através de uma garantia cuja forma será decidida pelas alfândegas de cada Estado-membro.

14 Jun 2024

Contrabando | Apreendidos milhões em barbatanas de tubarão

As autoridades alfandegárias de Hong Kong apreenderam um barco, com destino a Macau, que transportava material de contrabando, incluindo barbatanas de tubarão, ninhos de pássaro para sopas, relógios, malas e vestuário. Segundo um comunicado emitido pelas autoridades da região vizinha, o material teria um valor de 10 milhões de dólares de Hong Kong.

A embarcação de transporte de mercadorias entrou no radar das autoridades alfandegárias de Hong Kong no passado dia 6 de Junho. Nesse dia, os agentes interceptaram o barco nas águas ao largo de Black Point, com o intuito de investigar a carga transportada.

Em meados de Abril, foi identificado um caso semelhante, também com uma embarcação que teria Macau com destino transportando 360 quilos de barbatanas de tubarão, com um valor de mercado de cerca de 1,8 milhões de dólares de Hong Kong.

As autoridades da região vizinha acrescentaram na quarta-feira que a investigação ao caso irá continuar, reiterando que o contrabando é uma infracção grave.

Quem cometer os crimes de importar, exportar e transportar carga não declarada pode ser punido com multas até 2 milhões de dólares de Hong Kong e prisão até sete anos.

14 Jun 2024

Imobiliário | Associação alerta para redução de 45% de agentes

A crise do mercado imobiliário sentida desde a pandemia levou à redução em Macau de 1.196 agentes mobiliários licenciados. A Associação Comercial e Profissional de Desenvolvimento Predial de Macau alerta para potenciais impactos desta quebra

 

A presidente da Associação Comercial e Profissional de Desenvolvimento Predial de Macau, Sou Hao Chan, considera que a situação do mercado imobiliário é “muito preocupante”. As declarações foram prestadas durante o discurso do 20.º aniversário da associação, e citadas pelo Jornal do Cidadão.

Numa altura em que Macau e o Interior da China enfrentam as maiores crises no mercado de venda de habitação dos últimos anos, a dirigente reconheceu que desde 2019 houve uma redução de praticamente 40 por cento do número de agentes imobiliários, devido à redução da procura de habitação.

No último ano antes da pandemia, Sou Hao Chan apontou que o território tinha 2.616 agentes imobiliários com licença válida a trabalhar em Macau. No entanto, em Maio deste ano o número tinha caído para 1.420 agentes, o que significa uma redução de 45,7 por cento. “Os números mostram uma situação muito preocupante e reflectem não só as dificuldades que o nosso sector enfrenta, mas também a incerteza e a pressão de toda a economia”, reconheceu. “Se esta tendência continuar, de certeza que vai ter impacto a longo prazo no desenvolvimento saudável e estável do mercado imobiliário”, acrescentou.

A presidente da associação defendeu ainda que o mercado de imobiliário é “vital”, não só para os agentes da indústria, mas para toda a sociedade. “Como um importante pilar da economia de Macau, o mercado imobiliário tem características únicas de utilização e investimento, que assumem um papel fundamental no bem-estar da população, como no desenvolvimento económico. Por isso, a manutenção de um mercado imobiliário saudável e estável é do interesse de toda a sociedade, e não apenas da indústria”, realçou.

Preços ajustados

Em relação aos preços praticados, Sou Hao Chan afirmou que está em curso um ajustamento e que o mercado “procura oferecer preços mais razoáveis” face à situação actual. Segundo a responsável, os números mais recentes apontam para que o preço por metro quadrado da área útil da habitação tenha caído para 85.600 patacas, uma redução de dois por cento, face ao praticado no final do ano passado, de 87.300 patacas por metro quadrado de área útil.

No discurso do 20.º aniversário da associação, a dirigente associativa elogiou ainda as recentes medidas do Governo, de remoção dos impostos que visavam controlar a procura. Sou Hao Chan deixou o desejo que seja o início da recuperação do sector, mas pediu mais medidas, principalmente para facilitar o investimento exterior.

As mensagens não foram apenas externas, a dirigente apelou também aos agentes imobiliários para se modernizarem e oferecerem um serviço cada vez melhor, promovendo uma boa imagem da indústria.

14 Jun 2024

Conselheira das Ilhas apela a abertura da Linha de Seac Pai Van

A coordenadora-adjunta do Conselho Consultivo de Serviço Comunitário das Ilhas, Wong Leong Kuan, apelou ao Governo para acelerar a abertura da Linha de Seac Pai Van do Metro Ligeiro. O apelo foi deixado através de um comunicado pela secretária geral da Associação das Mulheres.

Segundo Wong, a ligação é extremamente importante para as pessoas que vivem em Coloane, uma vez que vai facilitar das deslocações para a Península, através do terminal da Barra. Também no sentido inverso, a ligação vai tornar mais rápida a deslocação para o recém-aberto Hospital das Ilhas.

A conselheira considera assim que a abertura da nova linha do metro vai permitir melhorar significativamente a vida da população local, e que deve ser feita o mais depressa possível, respeitando sempre as exigências de segurança.

Por outro lado, Wong Leong Kuan não deixou de criticar o ambiente das estradas e passeios de Coloane, e indicou ser cada vez mais difícil percorrer a zona, devido às várias obras que ali estão a ser realizadas.

A membro da associação das Mulheres reconhece que as obras são necessárias devido ao aumento da população em Coloane, mas indicou que os mais velhos revelam especial dificuldade em adaptar-se às mudanças e a apanharem os autocarros, cada vez mais congestionados.

Novo posto fronteiriço

Em comunicado, Wong Leong Kuan abordou também os planos do Governo de construir um novo posto de migração na Marina de Coloane. A conselheira acredita que este desenvolvimento pode ser uma oportunidade para atrair mais turistas no futuro.

“Actualmente, faltam projectos de viagens marítimas que utilizem os cais de iates de Coloane. Por isso, os cais não estão a servir, ao contrário do pretendido, para atrair mais turistas ou residentes para aquela zona. Tanto os residentes como os turistas não conhecem os cais”, pode ler-se no comunicado.

A secretária-geral adjunta da Associação Geral das Mulheres lamentou também que desde 2015, altura em que Macau assumiu os 85 quilómetros quadrados de área marítima, que se mantenha a baixa taxa de utilização, apesar dos vários esforços do Governo.

14 Jun 2024

Restaurantes | Zhuhai deixa clientes mais satisfeitos

Em tempos de perda de clientes para o Interior, o Índice de Satisfação do Consumidor mostra que os residentes estão cada vez mais satisfeitos com os restaurantes em Zhuhai e menos satisfeitos com os de Macau. Porém, as lojas de roupa de Macau parecem aguentar a competição

 

Numa altura em que vários restaurantes da Zona Norte se queixam da perda de clientes, os residentes estão cada vez mais satisfeitos com os restaurantes em Zhuhai e menos satisfeitos com os restaurantes de Macau. As conclusões fazem parte do Índice de Satisfação do Consumidor, apresentado ontem pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) e citado pelo Jornal Ou Mun.

De acordo com os resultados de 919 inquéritos realizados a residentes locais, entre Março e Abril, numa escala de 1 a 100, pontos, os restaurantes de Zhuhai obtiveram uma média de satisfação de 75,4 pontos. Ao mesmo tempo, os restaurantes de Macau ficaram-se por uma pontuação média de 71,2 pontos.

Em Macau, os inquiridos deram uma nota de 71,5 pontos para a qualidade da comida, 72,3 pontos para o serviço e de 70 pontos para o custo-benefício das refeições. Em comparação com o índice de 2023, os restaurantes deixaram as pessoas menos satisfeitas, dado que nesse ano a pontuação média tinha sido de 72,5 pontos, superior em 1,3 pontos.

No que diz respeito à avaliação de Zhuhai, a qualidade da comida obteve 75,7 pontos, o serviço 75,7 pontos e o custo-benefício das refeições 76 pontos. Porém, também a avaliação foi mais negativa face ao ano passado, dado que em 2023 os restaurantes de Zhuhai tinham sido avaliados com uma pontuação de 76,1 pontos, mais 0,4 pontos.

Roupas resistem

Apesar das dificuldades no sector da restauração, o mesmo não se verifica a nível das lojas de roupa e calçado. Neste aspecto, os espaços de Macau conseguem superar a concorrência do outro lado da fronteira.

A satisfação dos residentes com as lojas de calçado e roupas em Macau foi de 75,4 pontos, um aumento face ao ano passado, quando a avaliação tinha resultado numa pontuação de 74,5 pontos. A qualidade do serviço é o melhor item das lojas, com 77,3 pontos, seguido pela qualidade dos produtos (75,6 pontos) e pelo custo-benefício das artigos comprados, que teve uma pontuação de 74,7 pontos. Todos os sub-indicadores registaram melhorias face a 2023.

No que diz respeito a Zhuhai, a satisfação com as lojas de roupa e calçado foi de 74,2 pontos, um valor idêntico ao do ano passado. Nas lojas do outro lado da fronteira a qualidade do serviço foi avaliada com 73,9 pontos, a qualidade dos produtos com 73,7 pontos e o custo-benefício com 73,6 pontos.

14 Jun 2024

Água | Susana Wong promete não aumentar preços

Susana Wong, directora da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), assegurou que as tarifas da água não deverão aumentar a curto prazo. As declarações, citadas pelo jornal Ou Mun, foram feitas à margem da reunião do Grupo de Ligação ao Cliente da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau – Macau Water.

Susana Wong lembrou que a última vez que as tarifas aumentaram foi em 2016, ainda que o preço da água oriunda do Interior da China tenha registado um aumento de preço em cerca de 20 por cento nos últimos anos. Contudo, a directora da DSAMA disse que importa olhar para o panorama da economia de Macau e as condições de vida dos residentes.

Actualmente, o Governo concede subsídios para consumo de água na ordem das 200 milhões de patacas anuais, enquanto no ano passado esse valor ascendeu às 240 milhões de patacas. Nacky Kuan Sio Peng, directora da Macau Water, declarou ainda que, nos primeiros cinco meses deste ano, o consumo de água registou, em Macau, um aumento aproximado de dez por cento, enquanto o consumo para fins comerciais aumentou 20 por cento.

Nacky Kuan justificou que a recuperação súbita do sector hoteleiro após a pandemia levou a este aumento de água para fins comerciais, prevendo-se que, na segunda metade do ano, o aumento não seja muito significativo. Este ano, em termos globais, a subida do consumo de água deverá centrar-se nos 5,5 por cento, disse a responsável.

14 Jun 2024

Turismo | Macau entre as 13 regiões do mundo com mais receitas

No ano passado, Macau foi a região da China que mais dinheiro gerou com a indústria do turismo. A nível mundial, a RAEM ficou em 13.º lugar, amealhando 32,6 mil milhões de dólares, superando receitas de países como México e Índia, segundo dados da Organização Mundial de Turismo

 

Em 2023, Macau registou receitas no sector do turismo de 32,6 mil milhões de dólares, e foi a 13.ª região do mundo que mais facturou no ano passado, de acordo com os dados da Organização Mundial de Turismo, uma agência que pertence ao universo institucional das Nações Unidas.

Segundo avançou ontem a TDM – Rádio Macau, as receitas turísticas da RAEM do ano passado fizeram que com que fosse a região da China mais lucrativa e onde os turistas gastaram mais dinheiro, ultrapassando o México e Índia no top 15 dos países e regiões com mais receitas turísticas.

O registo do ano passado contrasta, naturalmente, com o de 2022, quando Macau ainda estava isolada do mundo devido às restrições impostas pelo combate à covid-19. Portanto, não é de estranhar que em 2023, as receitas do turismo de Macau tenham aumentado 275 por cento face ao ano transacto.

Em primeiro lugar ficaram os Estados Unidos, com receitas de 175,9 mil milhões de dólares. O pódio foi completado com a Espanha, em segundo lugar (92 mil milhões de dólares), e o Reino Unido em terceiro (73,9 mil milhões de dólares). A França ficou em quarto lugar, com receitas de 68,6 mil milhões de dólares e Itália em quinto com 55,9 mil milhões de dólares.

A restante lista de países com receitas superiores a Macau incluiu os Emirados Árabes Unidos, Turquia, Austrália, Canadá, Japão, Alemanha e Arábia Saudita.

Gastos e chegadas

Em relação aos países de origem de turistas, a Organização Mundial de Turismo coloca no topo da lista a República Popular da China, com gastos de 197,7 mil milhões de dólares no ano passado, superando os turistas norte-americanos (123,2 mil milhões de dólares).

Quanto aos países e regiões mais visitados, a França consolidou a sua posição enquanto destino mais popular em 2023, com a chegada de cerca de 100 milhões de turistas internacionais. A Espanha ficou em segundo lugar com 85 milhões, seguida dos Estados Unidos (66 milhões), a Itália (57 milhões) e Turquia (55 milhões). O top 10 da Organização Mundial de Turismo fica completo com México, Reino Unido, Alemanha, Grécia e Austrália.

A Organização Mundial de Turismo salienta ainda que o total de receitas de exportação do turismo internacional, incluindo receitas e transporte de passageiros, atingiu um valor estimado de 1,7 biliões de dólares em 2023, montante que quase duplicou o registo do ano anterior.

14 Jun 2024

Obras Públicas | Pedida fiscalização à qualidade de construções

Chuvadas, tufões e desastres naturais são “sérios desafios” para infra-estruturas urbanas e para a segurança da população. O deputado Che Sai Wang deu exemplos recentes de danos no terminal de autocarros das Portas do Cerco e no Auto-Silo do Edifício Mong Tak e túnel do Tap Seac, e apontou deficiências na fiscalização da construção civil em Macau

 

“As chuvas torrenciais que se fizeram sentir em Macau evidenciaram um leque de problemas relacionados com a qualidade das obras públicas, o que demonstra, por um lado, a discrepância na qualidade dessas obras e, por outro, a existência de muitas deficiências na fiscalização da construção civil em Macau”, realçou Che Sai Wang, numa interpelação escrita.

O deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) deu como exemplos as infiltrações de água no terminal de autocarros das Portas do Cerco e no Auto-Silo do Edifício Mong Tak, e a queda de reboco do tecto do túnel da Praça do Tap Seac. Este último exemplo, o deputado refere “que, felizmente, não causou danos graves, mas que também merece a nossa atenção”.

Em relação aos danos no terminal das Portas do Cerco, Che Sai Wang lembrou que “as recentes chuvas fortes causaram infiltrações de água no tecto”, resultando “em inundações graves no interior das instalações, pondo em risco a segurança dos passageiros”.

As últimas ocasiões em que os Serviços Meteorológicos e Geofísicos emitiram sinal preto devido a chuvas torrenciais, “suscitou preocupações da população em relação à qualidade das construções públicas” e colocou “à prova a capacidade de resistência ao risco dos edifícios e de outras construções de Macau”.

Separar as águas

Face à previsibilidade do aumento de fenómenos atmosféricos graves a afectar Macau, Che Sai Wang recomenda ao Governo o reforço da “inspecção às diversas obras públicas, no sentido de verificar se estas possuem capacidade suficiente para resistir às chuvas e aos ventos e de eliminar, deste modo, todos os riscos de infiltração de água”.

Tendo em conta que alguns locais são frequentemente afectados por infiltrações de água e pelo mau tempo, o deputado pediu às autoridades para verificar a capacidade de escoamento dos equipamentos de drenagem e o seu estado daquilo a que designou como “pontos negros”.

Além do túnel do Tap Seac, o deputado ligado à ATFPM pergunta se o Governo vai destacar pessoal para “inspeccionar todos os túneis, nomeadamente o seu tecto, e as construções que ficam nas proximidades das colinas”.

Por fim, Che Sai Wang pergunta se o Governo tem outras medidas para evitar inundações e erosão de edifícios nas zonas baixas devido a fenómenos meteorológicos extremos, além de estações elevatórias de águas e do sistema de drenagem.

14 Jun 2024

António Lucena de Faria, CEO da Fábrica de Startups | A inovação com o “Pier 25”

A Fábrica de Startups, entidade portuguesa ligada à área do empreendedorismo, acaba de se aliar à Melco para criar um programa destinado a jovens locais que queiram seguir a via empresarial. O CEO da Fábrica de Startups, António Lucena de Faria, revela que a iniciativa “Pier25” está também ligada à renovação das Pontes-Cais 23 e 25, no Porto Interior

 

Como surgiu a oportunidade de a Fábrica de Startups se aliar à operadora de jogo Melco na criação deste programa de empreendedorismo?

Tudo surgiu com base numa relação construída ao longo dos últimos anos com o ecossistema empreendedor da RAEM. Temos vindo a desenvolver programas de intercâmbio com empreendedores locais e a organizar programas de aceleração que fomentam a inovação e o crescimento das startups na região. Quando a Melco nos lançou o desafio de revitalizar as Pontes-cais nº23 e 25, no Porto Interior, reconhecemos de imediato o potencial desta iniciativa. O desafio visava enriquecer e diversificar o turismo comunitário, marítimo e sustentável em Macau. Foi com grande entusiasmo que concebemos um programa diferenciador que não só transformará estes edifícios em pólos de inovação tecnológica que também fortalecerá um dos sectores mais vitais para a região, o turismo. Esta parceria é, assim, um reflexo do compromisso da Melco e da Fábrica de Startups em revitalizar as zonas históricas de Macau e diversificar a oferta turística. A nossa experiência, acumulada ao longo de mais de 12 anos a dinamizar ecossistemas inovadores com um foco especial no turismo, posiciona-nos como o parceiro ideal para esta missão. Juntos, pretendemos impulsionar a economia local e transformar as startups em verdadeiros agentes de inovação.

O que o “Pier 25” traz de inovador ao nível do desenvolvimento de startups e empreendedorismo jovem?

O “Pier 25” distingue-se pelo seu carácter inovador no desenvolvimento de startups e empreendedorismo, oferecendo muito mais do que um simples programa de aceleração. Baseia-se no conceito de inovação aberta, que analisa os desafios específicos do sector e procura soluções concretas para os mesmos, com o apoio de grandes empresas, como é o caso da Melco Resorts & Entertainment. Inicialmente, organizámos um ciclo de “think tanks” internacionais para promover a reflexão e análise das questões fundamentais do sector. Reunimos especialistas de várias partes do mundo, incluindo Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola, Macau e diversas cidades da Grande Baía, com o objectivo de mapear conjuntamente os principais desafios.

Quais?

Refiro-me, por exemplo, à gestão do impacto ambiental decorrente do turismo massificado, a sobrecarga de infra-estruturas, a protecção e valorização do património cultural ou a gestão da capacidade para evitar a superlotação de atrações turísticas, entre outros. Com esta base, avançámos para a fase de candidaturas de startups capazes de endereçar estes desafios. Os projectos com maior potencial serão convidados a participar numa série de bootcamps (campos de treino), onde terão a oportunidade de validar os seus modelos de negócio e adaptar as suas soluções à realidade local. Desta forma, o “Pier 25” cumpre a nossa missão de ajudar pessoas a serem empreendedores de sucesso, reduzindo o risco associado ao lançamento de novos produtos ou serviços. As candidaturas terminam já no dia 14 de Junho.

Como encara o actual panorama empresarial de Macau à luz dos projectos de integração regional com Hengqin e a Grande Baía?

O panorama empresarial da RAEM está a ser significativamente moldado pelos projectos de integração regional com Hengqin e a Grande Baía. Esta integração oferece uma oportunidade única para Macau diversificar a sua economia, tradicionalmente dominada pelo sector do jogo, e abrir novos horizontes de desenvolvimento empresarial. Com a ligação a Hengqin, Macau beneficia de um acesso directo a uma zona que está a tornar-se um centro de inovação e desenvolvimento tecnológico, além de proporcionar acesso a recursos financeiros e humanos de excelência. Esta proximidade facilita a colaboração entre empresas, universidades e centros de pesquisa, potenciando a transferência de conhecimento.

A Fábrica de Startups, sediada em Portugal, proporciona também uma ponte para a lusofonia neste contexto empresarial?

A equipa da Fábrica de Startups tem tido o privilégio de poder integrar diversas delegações de países oficial de língua portuguesa e assistir de perto, ano após ano, ao crescimento e fortalecimento desta ligação. Este é um momento crucial para as empresas locais aproveitarem estas oportunidades e se prepararem para um futuro de crescimento económico. Além disso, Macau representa uma plataforma estratégica para empresas dos Países de Língua Portuguesa (PLP) que procuram expandir-se para os mercados asiáticos. A posição geográfica privilegiada de Macau, proporciona uma ponte eficaz para a entrada e crescimento nos mercados asiáticos.

Na sua óptica, o que impede Macau de ter mais jovens empreendedores?

Macau tem enorme potencial para se tornar um centro de empreendedorismo, e estamos a ver progressos significativos na criação de um ambiente mais favorável para jovens empreendedores. Temos assistido a um interesse crescente entre os jovens em explorar caminhos inovadores e criativos. Programas nas universidades estão a surgir para promover esta mentalidade empreendedora, inspirando os jovens a pensar além das carreiras tradicionais, bem como as infra-estruturas de apoio ao empreendedorismo com novos espaços de incubação e aceleração a ser criados e a ligar Macau a Hengqin. Destacaria ainda a conectividade internacional, que está a evoluir de forma notável. As parcerias e colaborações com ecossistemas empreendedores na Grande Baía estão a tornar-se mais frequentes. O programa Pier 25 é um excelente exemplo desta evolução positiva. Estamos a trazer para Macau uma oportunidade única de acesso a novos mercados e de promoção da inovação. Este programa facilita a troca de conhecimentos entre startups locais e internacionais, reforçando a posição de Macau como um polo de inovação e empreendedorismo.

 

“Pitch” com melhores projectos em Setembro

Hoje termina o processo de candidaturas ao “Pier 25” e as próximas fases são o anúncio, em Setembro, dos projectos vencedores que, e depois a procura de investidores no momento do “pitch”, ou seja, a apresentação de uma ideia com o intuito de a vender. Segundo um comunicado divulgado pela Melco, o programa irá disponibilizar prémios para os projectos de startups vencedores no total de 300 mil patacas, bem como a possibilidade de desenvolver um projecto-piloto com a operadora de jogo.

Entre os dias 10 de Julho e 1 de Agosto decorrem as sessões do “Pier 25” com dez startups seleccionadas, com sessões remotas semanais, criadas para “capacitar os empreendedores na área do ‘go to market’ [adaptação às características do mercado], desenvolvimento de projectos-piloto e modelos de negócio, além de oferecer mentoria especializada e oportunidades de criar uma rede de contactos”. No final desta fase de “bootcamp”, ou trabalho de campo, serão escolhidas as cinco melhores startups que terão, assim, acesso ao chamado “Pitch Day”, quando o projecto será apresentado com o intuito de atrair potenciais investidores.

Os organizadores pretendem atrair startups tecnológicas de turismo do Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Portugal, Macau, Hong Kong e Shenzhen com foco em sustentabilidade, impacto social e mobilidade. “Valorizam-se projectos que incorporem tecnologias como Inteligência Artificial, Realidade Aumentada, Internet das Coisas, Blockchain”, destaca o mesmo comunicado.

14 Jun 2024

Alcântara vence edição das Marchas Populares de Lisboa de 2024

Alcântara venceu a edição deste ano do Concurso das Marchas Populares de Lisboa, anunciou ontem a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), responsável pela organização da iniciativa.

Em segundo lugar ficou a Marcha de Marvila e em terceiro a Marcha de Alfama. Outros 17 grupos estiveram este ano no concurso: Bica (4.º e o vencedor da edição de 2023), Carnide (5.º), Madragoa (6.º), Alto do Pina (7.º), Bairro da Boavista (8.º), São Vicente (9.º), Penha de França (10.º), Bairro Alto (11.º), Castelo (12.º), Olivais (13.º), Graça (14.º), Lumiar (15.º), Mouraria (16.º), Bela Flor-Campolide (17.º), Santa Engrácia (18.º), Baixa (19.º) e Belém (20.º).

Segundo a informação da EGEAC, Alcântara e Marvila ganharam nas categorias de Melhor Coreografia e Melhor Cenografia. O Melhor Figurino foi também atribuído às marchas de Alcântara e de Marvila e ainda Alfama. A distinção da Melhor Letra foi para Alfama e Alto do Pina, enquanto que a Melhor Musicalidade foi para a Madragoa.

Na categoria de Melhor Composição Original, as distinções foram para a Bica, com “Há festa na Bica” e para a Mouraria com “Welcome! Bem-vindos à Mouraria”.

O Melhor Desfile na Avenida foi para a marcha de Alcântara. A Marcha Infantil das Escolas de Lisboa abriu esta edição de 2024 do desfile na Avenida da Liberdade, seguindo-se as três marchas extraconcurso: “A Voz do Operário”, Mercados e Santa Casa.

O Tejo foi o tema central da edição deste ano da Grande Marcha de Lisboa, com letra de Flávio Gil e música de João Paulo Soares, interpretado por todos os grupos participantes (além das músicas próprias).
Este ano a abertura das marchas foi feita por dois ‘dragões’ especialmente concebidos para a ocasião, comemorativa do 25.º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau.

A Dança do Dragão contou com 30 participantes convidados, numa atuação do grupo da Associação Geral Desportiva de Macau Lo Leong, que conta com o apoio do Turismo de Macau.

As Marchas Populares de Lisboa são este ano candidatas a integrar a lista nacional de património cultural imaterial, com o objetivo de reconhecimento histórico e também de preservação desta tradição popular.

A candidatura das marchas é promovida pela Associação das Coletividades do Concelho de Lisboa (ACCL), com o apoio das 28 coletividades da cidade que anualmente preparam e apresentam as marchas e do município.

As Festas de Lisboa tiveram início no final de maio e vão decorrer até ao final do mês de junho, encerrando com dois espetáculos no Terreiro do Paço, o primeiro no dia 29, de Tony Carreira e convidados especiais, acompanhado por uma orquestra de 16 cordas.

13 Jun 2024

Acções da filial eléctrica do grupo Evergrande caiem 27% após alerta sobre confisco de activos

As acções da filial de veículos eléctricos da construtura chinesa Evergrande chegaram a cair 26,7 por cento em Hong Kong, após esta alertar para o possível confisco de activos por parte das autoridades devido a dívidas.

Num comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong na quarta-feira à noite, a Evergrande NEV admitiu que as autoridades da China exigiram, por escrito, o pagamento de cerca de 1,9 mil milhões de yuan no prazo de 15 dias, embora a empresa garanta que irá recorrer da decisão.

A 22 de Maio, a Evergrande NEV já tinha revelado que as autoridades chinesas exigiam a devolução deste valor, correspondente a subsídios, depois de não ter conseguido iniciar a prometida produção em massa dos seus veículos eléctricos.

No final de 2023, a empresa tinha fabricado 1.700 unidades do seu primeiro veículo, o Hengchi 5, e entregue quase 1.400.

Caso o recurso seja rejeitado, “o grupo ficaria exposto ao risco de ‘recuperação obrigatória’ de terrenos, edifícios e maquinaria que seriam utilizados para o reembolso de incentivos e subsídios”, o que teria um impacto significativo na situação financeira e operações da empresa.

No final de Maio, os administradores judiciais do grupo Evergrande alegaram ter encontrado um possível comprador para adquirir até 58,5 por cento da filial de veículos eléctricos.

A Evergrande NEV foi forçada a interromper a produção na sua fábrica em Tianjin, no norte da China, devido a uma “grave escassez de fundos”.

A empresa registou em 2023 prejuízos líquidos de 11,9 mil milhões de yuan, um valor elevado que, no entanto, foi 57 por cento inferior ao do ano anterior. Já em 2021 a Evergrande NEV tinha cancelado planos para uma segunda listagem, na bolsa de Xangai, por falta de liquidez para manter todas as operações.

Aquém das expectativas

Antes de ter sido detido e colocado em prisão domiciliária por “suspeitas de actividades ilegais”, no ano passado, o fundador do grupo, Xu Jiayin, tinha apontado a filial de veículos eléctricos como a grande esperança para salvar o conglomerado.

A Evergrande NEV deu a si própria “três a cinco anos”, quando foi fundada em 2019, para se tornar o fabricante “mais poderoso” de carros eléctricos do mundo. A sobrevivência da marca está agora em jogo, enfraquecida pelos problemas da empresa-mãe e pelas fracas vendas.

A justiça de Hong Kong ordenou no final de Janeiro a liquidação da Evergrande a favor dos credores estrangeiros, uma decisão que poderá não ser reconhecida na China continental, onde se encontra a maior parte dos activos do grupo.

A Evergrande, com um passivo de cerca de 330 mil milhões de dólares, entrou em incumprimento há mais de dois anos, depois de sofrer uma crise de liquidez devido às restrições impostas por Pequim ao financiamento de promotores imobiliários com elevado nível de dívida.

13 Jun 2024