Agente guineense em Macau quer apoiar futebolistas locais

O advogado guineense Taylor Gomes, primeiro agente em Macau certificado ao abrigo de novas regras da Federação Internacional de Futebol (FIFA), quer apoiar jogadores locais na “transição difícil” do futebol de formação para o profissional.

O novo Regulamento de Agentes de Futebol da FIFA (FFAR, na sigla inglesa), aprovado no final de 2022, foi para Taylor Gomes, advogado em Macau, uma oportunidade de regressar ao futebol.

Ligado à modalidade desde pequeno, o guineense, que vestiu a camisola de vários clubes de Macau, chegou mesmo a sonhar tornar-se profissional, mas o Direito acabou por levar a melhor.

Tornou-se recentemente no primeiro agente de futebol em Macau ao abrigo das novas regras da FIFA, que vieram regulamentar a actividade “de forma mais estrita e centralizar o licenciamento”, conta o advogado em entrevista à Lusa.

No passado, explica Taylor Gomes, os agentes registavam-se junto de associações ou federações e, de acordo com os requisitos dos países onde quisessem atuar, exercendo a profissão livremente. Agora, a FIFA é quem tem essa responsabilidade, sendo a certificação atribuída através de um exame ‘online’, que o advogado realizou em Maio.

“Anteriormente, eu teria de estar num mercado em que o futebol fosse mais desenvolvido, que não é a realidade de Macau (..). Não estando na Europa, não estando em nenhum desses países onde se faz mais transações, teria dificuldade de estar aí registado”, conta.

Mas se a ideia deste advogado era apoiar numa primeira fase os jovens de Macau a fazerem a transição para o universo profissional, a notícia sobre o licenciamento de Taylor, avançada esta semana pelo jornal de Macau Ponto Final e partilhada nas redes sociais, veio abrir outras portas.

O guineense diz que recebeu “contactos quase do mundo inteiro por força daquela notícia” e salienta solicitações de “jogadores a actuar em Portugal e Turquia, de origem africana”.

A Guiné-Bissau é um mercado a “explorar, com certeza”. Além dos contactos “mais avançados” terem partido de profissionais guineenses, Taylor Gomes já foi abordado por um projecto com academias daquele país africano “que quer ajudar jovens a dar o salto, normalmente para Portugal, a porta de entrada da maior parte dos guineenses na Europa”.

No que diz respeito a Macau, o agente nota que há formação “de alguma qualidade” no território, mas que o processo de transição é difícil. Ao contrário da Europa ou da América Latina, onde jogadores “de 14, 15 ou 16 anos já têm uma maturidade física e competitiva muito grande”, em Macau a evolução dos jovens “fica atrofiada” devido ao défice de nível competitivo.

“Quando vão estudar para fora com 18 anos, que já é tarde para o futebol na Europa, têm dificuldade em acompanhar o ritmo dos jogadores ou de colegas que já estão a competir há muito tempo e com um nível bastante elevado”, considera.

Mais-valias

Tendo como um dos objectivos locais apoiar jogadores “a darem o salto para a Europa”, a detenção do passaporte português pode ser “muito importante”. É que, por exemplo, a transição de um jogador de Macau para Portugal tem “limitações e entraves”.

“Um jogador que tenha passaporte chinês e que seja menor de idade pode ter dificuldades em ser inscrito em Portugal para campeonatos de camadas jovens. Isso é um aspecto primordial, porque os jogadores que saem de Macau nunca vão ser produtos acabados, são jogadores que vão para Portugal, que se quer que possam ir ainda em idade para integrarem as camadas de formação e aí evoluírem. E há limitações no que diz respeito à inscrição de estrangeiros, principalmente quando não acompanhados pelos pais”, indica.

Neste sentido, os detentores de passaporte português em Macau são um dos grupos prioritários do novo agente.

No entanto, para agenciar menores de idade, Taylor Gomes tem de completar uma formação adicional, estando ainda a aguardar que esta esteja disponível ‘online’.

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