Hoje Macau China / ÁsiaColapso de mina no norte da China faz pelo menos dois mortos e 50 desaparecidos Pelo menos duas pessoas morreram e mais de 50 estão dadas como desaparecidas na sequência do colapso de uma mina a céu aberto na região da Mongólia Interior, no norte da China, informou hoje a imprensa estatal. A agência noticiosa oficial Xinhua afirmou que as pessoas ficaram enterradas sob os escombros. As equipas de resgate conseguiram retirar três pessoas, mas duas delas já não apresentavam sinais de vida. Informação vinculada por outros órgãos estatais aponta para um total de 57 desaparecidos, bem como refere que vários veículos também ficaram soterrados. A Mongólia Interior é uma região chave para a mineração de carvão e outros minerais na China, o que, segundo os críticos, devastou a paisagem original de montanhas, estepes verdejantes e desertos. O país asiático depende predominantemente do carvão para gerar energia, mas tem-se esforçado para reduzir o número de acidentes em minas, colocando maior ênfase na segurança e no encerramento de explorações de menores dimensões, que careciam do equipamento necessário. A maioria das mortes na mineração é atribuída a explosões causadas pela acumulação de metano e pó de carvão. A China registou diversos acidentes industriais e no setor da construção mortais nos últimos meses como resultado de falta de formação e regulamentos de segurança deficientes, corrupção e uma tendência de redução dos custos por empresas que procuram maximizar lucros. Em 2015, duas explosões nas instalações químicas da zona portuária da cidade de Tianjin, nordeste da China, provocaram pelo menos 165 mortos e causaram prejuízos de mais de mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Putin ansioso por receber Presidente da China em Moscovo O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu hoje estar ansioso por se encontrar com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e defendeu que a cooperação entre os dois países contribui para estabilizar a situação internacional. “Claro que estamos ansiosos pela visita de Xi à Rússia, já concordámos com antecedência”, disse Putin ao receber em Moscovo o principal diplomata chinês Wang Yi, segundo a agência noticiosa russa Interfax. O encontro ocorre um dia depois de notícias sobre uma possível visita de Xi à Rússia em abril ou maio, e do anúncio de Wang, na semana passada, de que a China vai apresentar um plano para resolver a guerra contra a Ucrânia, desencadeada pela Rússia em 24 de fevereiro do ano passado. “Daremos um impulso ao desenvolvimento das nossas relações bilaterais”, disse Putin, citado pela agência espanhola Europa Press. “As relações internacionais são hoje complicadas (…) Neste contexto, a cooperação (…) entre a China e a Rússia é de grande importância para a estabilização da situação internacional”, disse Putin, ao dar as boas-vindas a Wang no Kremlin, sede da presidência russa. Putin raramente recebe funcionários estrangeiros que não sejam chefes de Estado, e este encontro sublinhou os laços especiais entre Moscovo Pequim, segundo a agência francesa AFP. “Estamos a alcançar novos horizontes”, acrescentou Putin. Wang Yi expressou o desejo de Pequim de “reforçar a parceria estratégica (…) e a cooperação global” com Moscovo, de acordo com a tradução citada pela AFP. As relações russo-chinesas “não são dirigidas contra países terceiros e resistem à sua pressão”, disse Wang. Antes de ser recebido por Puti, Wang reuniu-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que lhe disse que as relações entre os dois países se desenvolvem “de forma segura e dinâmica”. “E apesar da forte turbulência na cena internacional, estamos a mostrar unidade, uma vontade de defender os interesses de ambas as partes de acordo com o direito internacional e o papel central das Nações Unidas”, disse. Segundo Lavrov, a Rússia e a China “continuam a coordenar as questões de política externa, a fim de alcançar um sistema mais justo, aberto e democrático”. “A maioria dos países está interessada nisto”, acrescentou. “Meu caro amigo, estou pronto a trocar opiniões sobre assuntos de interesse mútuo e a procurar novos pactos”, disse Wang a Lavrov, citado pela Europa Press. Wang assinalou que, graças à “liderança estratégica” de Xi e Putin, “surgiu um momento propício ao desenvolvimento”. “Apesar da volatilidade da situação internacional, a China e a Rússia manterão sempre a sua determinação e avançarão com firmeza e confiança”, afirmou. A visita ocorre depois de Wang ter anunciado na conferência de segurança de Munique, na semana passada, que Pequim vai apresentar um plano de paz para solucionar o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. A China prometeu publicar esta semana a sua proposta para uma “solução política”, a tempo do primeiro aniversário do início da ofensiva russa na Ucrânia. Aliado próximo da Rússia, a China nunca apoiou ou criticou publicamente a invasão russa da Ucrânia, ao mesmo tempo que expressou repetidamente o seu apoio a Moscovo face às sanções ocidentais. Mas também apelou para o respeito da integridade territorial da Ucrânia, enquanto Moscovo reclama a anexação de cinco regiões ucranianas. Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra contra a Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
Hoje Macau China / ÁsiaPyongyang acusa António Guterres de atitude injusta ao condenar teste de mísseis A Coreia do Norte acusou hoje o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, de ter “atitude extremamente injusta e desequilibrada” ao condenar o recente teste com mísseis, “ignorando a hostilidade norte-americana” contra Pyongyang. Após o teste de mísseis balísticos (ICBM) da Coreia do Norte, no sábado, Guterres condenou “veementemente” o ensaio e reiterou o apelou para que Pyongyang desistisse imediatamente de fazer mais provocações. Na mesma declaração, o secretário-geral da ONU instou a Coreia do Norte a retomar as conversações sobre a desnuclearização da Península da Coreia. “Sendo mais deplorável, o secretário-geral das Nações Unidas faz uma série de observações que não são lógicas e que são parecidas às dos funcionários do Departamento de Estado norte-americano”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Kim Son Gyong, em depoimentos publicados na imprensa oficial norte-coreana. Kim Son Gyong disse que o ensaio foi uma resposta “à ameaça” representada pelos Estados Unidos por terem sido destacados bombardeiros de longo alcance usados nos exercícios conjuntos com a Coreia do Sul, no início do ano. O teste foi também um “aviso” face à convocação do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Coreia do Norte. A Coreia do Norte encarou os exercícios conjuntos como treinos para uma invasão, demonstrando “preocupação” pelo uso dos bombardeiros norte-americanos B-1B. “O secretário-geral da ONU deveria entender de forma clara, assim como deveria compreender que a posição que tomou é preconceituosa em relação à situação da Península da Crimeia assim como está a agir de forma a incitar atos hostis dos Estados Unidos”, contra a Coreia do Norte. afirmou. Em novembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son Hui, disse que Guterres “é um fantoche dos Estados Unidos” por ter condenado testes com mísseis de Pyongyang.
Hoje Macau China / ÁsiaChina protesta contra “desenvolvimentos negativos” do Japão na questão de Taiwan A China transmitiu hoje ao Japão preocupação pelo que considera serem “desenvolvimentos negativos” por parte de Tóquio na questão de Taiwan “em conluio com potências de fora da região”, durante um diálogo sobre segurança, realizado em Tóquio. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Sun Weidong, transmitiu este protesto ao homólogo japonês, Shigeo Yamada, que manifestou também a preocupação do executivo japonês com as incursões de alegados balões chineses usados para fins de espionagem no espaço aéreo japonês e as crescentes manobras navais chinesas em torno do arquipélago japonês. Yamada destacou, especificamente, a intensificação dos exercícios militares chineses em torno das ilhas Senkaku, administradas por Tóquio, mas reivindicadas por Pequim (que as designa Diaoyu), e nas proximidades do arquipélago de Okinawa, e também enfatizou que algumas dessas manobras ocorreram em cooperação com a Rússia. O vice-chanceler japonês enfatizou a importância de continuar o diálogo bilateral sobre questões de segurança, observando que os líderes de ambos os países “partilham um entendimento comum da necessidade de construir relações construtivas e estáveis”. Sun disse que os líderes do Japão e da China “chegaram ao importante consenso de que não representam uma ameaça um ao outro”. No entanto, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês pediu a Tóquio “uma explicação responsável” para os “desenvolvimentos negativos na questão de Taiwan”, face à recente estratégia japonesa de fortalecer as suas capacidades militares e reforçar a cooperação com os Estados Unidos. O vice-ministro japonês pediu à China “que aja com responsabilidade pela paz e estabilidade no mundo”, especificamente no que diz respeito à guerra na Ucrânia, segundo revelou o porta-voz do executivo japonês, Hirokazu Matsuno. “Vamos continuar a discutir sobre as nossas diferenças, visando ter um relacionamento o mais construtivo e estável possível”, acrescentou o porta-voz. Ambas as partes concordaram com a criação de uma linha de emergência de segurança entre as respetivas autoridades de defesa, uma iniciativa que deve ser lançada na próxima primavera e que visa melhorar a comunicação nesta área. Entre terça e quarta-feira, Japão e China mantiveram o primeiro diálogo bilateral de segurança desde 2019. Durante o interregno, causado pela pandemia da covid-19, as relações deterioraram-se, face às disputas territoriais e históricas entre os dois países. Tóquio revelou, em meados deste mês, que, entre 2019 e 2021, detetou três objetos voadores não identificados sobre o seu território, que suspeita serem balões usados pela China para fins de espionagem, como aquele que foi abatido pelos Estados Unidos no início de fevereiro.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Rússia e China querem aprofundar relações apesar da “forte turbulência” A Rússia e a China mostraram hoje a vontade de aprofundar as suas relações, enquanto Pequim procura mediar o conflito ucraniano com um plano de paz a ser revelado esta semana. “As nossas relações estão a desenvolver-se de uma forma segura e dinâmica”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma reunião em Moscovo com o principal diplomata chinês, Wang Yi. Lavrov disse que, “apesar da forte turbulência na cena internacional”, os dois países estão a mostrar unidade e “vontade de defender os interesses uns dos outros de acordo com o direito internacional e o papel central das Nações Unidas”. Wang prometeu continuar os esforços para “reforçar e aprofundar as relações russo-chinesas”, de acordo com observações traduzidas para russo na reunião citadas pela agência francesa AFP. O diplomata chinês deverá ser recebido ainda hoje pelo Presidente Vladimir Putin no Kremlin, sede da presidência russa, em Moscovo, segundo o porta-voz presidencial Dmitri Peskov. A visita ocorre depois de Wang ter anunciado na conferência de segurança de Munique, na semana passada, que a China vai apresentar um plano de paz para encontrar uma solução política para a guerra contra a Ucrânia, desencadeada pela Rússia há um ano. Wang chegou a Moscovo na terça-feira, após um encontro com o chefe da diplomacia ucraniano, Dmytro Kuleba, à margem conferência na cidade alemã, durante o qual apresentou “elementos-chave do plano de paz chinês” para a Ucrânia, segundo Kiev. A China prometeu publicar esta semana a sua proposta para uma “solução política”, a tempo do primeiro aniversário do início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022. Aliado próximo da Rússia, a China nunca apoiou ou criticou publicamente a campanha militar russa na Ucrânia, ao mesmo tempo que expressou repetidamente o seu apoio a Moscovo face às sanções ocidentais. O Presidente norte-americano, Joe Biden, realizou uma visita surpresa a Kiev na segunda-feira, para demonstrar o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra contra a Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
João Santos Filipe PolíticaMáscaras | Pereira Coutinho pede fim de uso O deputado José Pereira Coutinho alerta que a utilização frequente de máscaras por crianças pode resultar em “insuficiências respiratórias”. Após três anos de pandemia, a utilização deste equipamento de protecção pessoal continua a ser uma constante em Macau, mesmo quando mais de 80 por cento da população esteve infectada com covid-19. Apesar de reconhecer que a máscara desempenhou um papel durante a pandemia, o legislador mostra-se agora preocupado com o que considera ser “uma das sequelas mais graves da epidemia”. “Durante três anos, o uso de máscaras tem tido um efeito insidioso na vida quotidiana das pessoas, e embora tenha ajudado a proteger contra a covid-19 e outros vírus, tem tido muitos efeitos negativos”, considera Pereira Coutinho. “O aspecto mais negativo é que a máscara se tornou uma barreira à comunicação e ao psicológico entre as pessoas, dificultando gravemente a sua interacção interpessoal”, acrescenta. A principal preocupação do deputado é mesmo com os mais novos: “O uso obrigatório de máscaras em algumas ocasiões levantou preocupações sobre a saúde das crianças, o uso de máscaras pode dificultar o desenvolvimento do seu sistema respiratório quando as crianças estão a crescer, em casos graves, pode levar a uma insuficiência respiratória”, explicou. Neste sentido, o deputado da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) pede ao Governo ponderação. “As crianças podem ser mais gravemente prejudicadas pelo uso de máscaras do que pelo vírus, e é importante que os departamentos governamentais analisem, sob uma perspectiva científica, a necessidade de as crianças usarem máscaras”, apelou. Ninguém se entende Por outro lado, o deputado criticou também a confusão que existe actualmente em relação à obrigatoriedade da utilização de máscara. “Como os regulamentos do Governo da RAEM sobre o uso de máscaras são vagos e confusos, actualmente, tanto nos eventos públicos como nos privados são tiradas duas fotografias de grupo, uma com máscara e outra sem máscara”, indicou. “A razão para isto é que não existem directrizes claras e unificadas sobre o uso de máscaras, o que é deixado à discrição dos diferentes departamentos”, argumentou. Coutinho alerta igualmente para os perigos de higiene das máscaras. Ao contrário do que acontece nos serviços de saúde, em que o profissional médico muda de máscara constantemente, no quotidiano a máscara é utilizada todo o dia. “Embora as máscaras não sejam necessárias no interior de restaurantes, são usadas obrigatoriamente quando se recolhem alimentos nos refeitórios. As máscaras atraem um grande número de germes ambientais e a sua remoção repetida só irá aumentar os riscos de higiene”, aponta o deputado. “O departamento responsável pela política de saúde deve clarificar as directrizes de higiene para evitar riscos desnecessários para a saúde”, vincou.
Hoje Macau EventosBairro da Horta da Mitra | Preces ao deus da terra voltam três anos depois A festa do deus da terra regressou ontem, pela primeira vez em três anos, a um dos templos mais representativos da divindade, no bairro da Horta da Mitra, em Macau. “Geralmente, os cidadãos que veneram o deus da terra não estão a pedir muito, estão a pedir uma entrada e saída seguras, bem-estar familiar e crianças para crescerem bem e depressa. As orações são todas muito comuns e esta crença une o bairro”, disse à Lusa o presidente da associação de beneficência Foc Tac Chi Tou Tei Mio de Macau. “A crença e os costumes do Tou Tei tiveram origem em Macau há algumas centenas de anos. Durante séculos, as pessoas adoraram Tou Tei e lentamente se tornou um costume estabelecido”, considerou Lo Seng Zung, que esteve presente na inauguração das festividades no bairro Horta da Mitra, no centro da cidade, onde fica o mais representativo templo da divindade. Tou Tei Kung é uma das divindades chinesas mais populares e é considerada pelos crentes como protetora da vida, da saúde e da riqueza dos residentes, entre outros aspetos. É no segundo dia do segundo mês do ano lunar chinês, que hoje ocorre, que os crentes costumam celebrar o nascimento deste deus com os vizinhos, mas a pandemia da covid-19 obrigou à suspensão das celebrações nos últimos três anos. Durante as festividades, entre orações e a queima constante de incenso, decorrem danças do leão, representações de ópera cantonesa de Foshan e também banquetes, que “trazem um ambiente animado às comunidades chinesas locais, para as quais esta é também uma importante festa religiosa”, indicou Lo. A ópera apresenta-se num palco improvisado junto ao templo, com músicos a tocar ao vivo, e atrai a atenção de moradores e de quem passa pela zona. O orçamento das celebrações neste templo na Horta da Mitra, ou Cheok Chai Un (em cantonês), é de mais de um milhão de patacas, num evento que se prolonga por cinco dias, de acordo com a organização. No último dia, realiza-se um banquete para os idosos, em que as mesas se espalham pelas ruas em redor do templo. Com cerca de 85 lugares, esta é “uma tradição chinesa de respeito filial pelos idosos”, explicou o presidente da associação. O mais popular A crença e os costumes de Tou Tei têm uma longa história em Macau, representada por cerca de 10 templos e mais de 140 altares dedicados a este deus, além de estar presente à entrada de numerosas residências, prédios e lojas. “Quantas pessoas em Macau acreditam no Tou Tei? É uma ‘quantidade astronómica’. Cada entrada de residências e lojas tem um pequeno altar [dedicado a] Tou Tei. Estimo que cerca de um quarto da população de Macau acredita no Tou Tei”, sublinhou Lo. Em 2017, a crença e os costumes dedicados a esta divindade foram inscritos na lista do Património Cultural Imaterial de Macau. Quatro anos depois, em 2021, a China incluiu este culto a um dos deuses chineses mais populares, nas mais diversas formas, refletindo uma tradição popular transmitida de geração em geração, na lista do Património Cultural Imaterial do país. Além desta, o Conselho de Estado chinês incluiu ainda mais duas manifestações de Macau: a Gastronomia Macaense, baseada no método de preparação dos alimentos da culinária portuguesa, integrando ingredientes e métodos culinários da Europa, Ásia e África, e o Teatro em Patuá, arte performativa apresentada pela comunidade macaense em patuá, sistema linguístico criado pelos imigrantes portugueses em Macau ao longo dos últimos quatrocentos anos.
Amélia Vieira VozesA Bailarina A sua vida não saía agora de dentro das muralhas, o quarteirão era um país e a cidade fora há muito um local encantado onde se moveu por todos os seus recantos em passos de dança que pareciam não tocar o solo. Estava bem. Afinal era um belo sítio ainda não muito exposto ao êxodo dos seus moradores e com as formas intactas de um antigo feudo. A vida permanecia um dom que se dançava no estreito local, e mesmo assim caminhos do mundo se entrecruzavam nos seus passos, faltava um certo vapor, uma cantata, mas habituamo-nos ao som livre dos nossos passos quando se conhecem de cor os percursos. «Ela canta pobre ceifeira!» Só um homem podia ter escrito frase assim. Cantariam os navegadores? Não se sabe… mas alguma dança trémula alcançariam na monotonia que também atinge a aventura. Os passos titubeantes dos que visitam cidades tornam o rítmico processo, torpe, e ao nível do chão, causa de todo o desastre – rolam mecanismos insonoros, deslizamentos de velocidades várias – chegam carregamentos de malas, sacos, bagagens, e só não submergem porque a vontade impõe a resistência para as noites que hão de encontrar nas camas turísticas o conforto programado para populações exaustas. Que a labuta dos que se esforçam para a logística doméstica dos novos nómadas não é menos imperativa que a de estes navegáveis. Uma componente em que todos os recursos se concentram para tirar dividendos flutuantes das vagas de passageiros, fazendo ispersos como um chão de ossadas em velhos caminhos, uma impermanência que é lei e gere a cidade, que a deita e acorda num quase tristonho cenário de «Nau a Haver» onde a natureza dos seus habitantes se virou para outros soalhos, que os salões escureceram à passagem das massas. Dançar foi outrora uma função tão válida como hoje é andar, correr por aí contra o vento em festividade orgânica quase insolente, era uma proposta semanal, um estado de funcionalidade, que o corpo gosta da dança e lembra-se de como os seus passos ajudaram à árdua tarefa de se saber caminhar junto. Mas deixemos a dançarina entregue a seus cuidados! As pessoas que saem de pijama para o emaranhado das ruas deviam ter na chegada a casa um manto púrpura para se cobrirem e tentar olhar-se com alguma parcimónia, que isto de se ser tão casual, entorpeceu a natureza das funções e levou à subjugação através da moda desportiva. Andam os seres todos a treinar. Para quê? Não se sabe. Um treino é aprendizado para cumprimento de actividade que se deseja desempenhar contribuindo para o bem comum, ora, o bem comum, pode ser também um mal comum, que não se dá por isso, a menos que haja um evidente bom senso no meio desta estranha projeção. Se falarmos ainda nos ensandecidos hábitos alimentares que cortam as fontes do balanço para as bailias, vamos entendo o porquê do cansaço extremo e da má resolução dos problemas. A atmosfera não está para grandes carinhos, e sentimos que ela produz calafrios podendo estar a lançar madeixas de cabelos de uma cabeça decepada, que de forma lenta, tenaz e concreta, adoece a maleável natureza dos seres. – Não será então em mim louvada a conveniência da saúde ardente- que a saúde se saúda pela transformação constante desta luta até à inexorável falência orgânica. A Dançarina em nós nunca deixa de bradar, ela é mais lata que os movimentos estipulados, e agora amordaça-nos numa orquestração sem harmonia que julga os nossos passos apenas como capacidade muscular para se manter activa mas lhe retirou o tributo da função cósmica que é dançar: dançar em todas as direcções, com todas as formas, com todos os sentidos, um tributo ao Universo que não retém a conveniência de se ter um corpo apenas para se encarcerar, a Bailarina, tende a mostrar-nos a escassez de fluído que está em marcha nas nossas sociedades nazis reinventadas. « Anima Mundi» ou a alma do mundo, consistirá sempre a desencarcerar na “prima matéria” a natureza inconsciente. O Mundo gira na roda evolutiva, e com toda a nossa retenção de marcha, acena-nos para não destruirmos os tributos circulares da sua natureza ( a Dançarina é feminina) e ainda nos diz que o impulso criativo no seio de toda a vida não poderá jamais ser revelado. Podem os seres vestirem-se para uma mesma dança, despindo-se destas vestes tributáveis? Esperemos que sim. No ponto imóvel do mundo que gira. Nem carne nem sem carne; Nem de nem para; no ponto imóvel, lá está a dança, Mas nem parada nem em movimento. T.S. Elliot
Hoje Macau EventosWynn Palace | Excelência dos vinhos de Ningxia em prova na sexta e sábado O Wynn Palace vai dedicar dois dias às delícias vinícolas dos néctares de Ningxia na sexta-feira e sábado. Guiados pelo conhecimento de enólogos especialistas nos vinhos da região, serão organizadas uma masterclass, uma prova de vinhos na sexta-feira e um jantar de gala no sábado Ao longo das últimas três décadas a região autónoma de Ningxia Hui, na província de Gansu no noroeste da China, tem consubstanciado a expressão portuguesa do chão que deu e continuar a dar uvas. Ao contrário do sentido da expressão popular, a atractividade da indústria vinícola de Ningxia tem ganho visibilidade e prestígio a nível mundial, como uma região de excelência na produção de vinho. Os apreciadores e curiosos de Macau terão três oportunidades únicas para se familiarizarem com os néctares de Ningxia nos próximos dias 24 e 25 de Fevereiro, sexta-feira e sábado. Durante estes dois dias, estarão no menu mais de 50 vinhos de 17 das mais prestigiadas adegas da região. O primeiro evento, marcado para sexta-feira entre as 14h30 e as 15h30 no salão Wynn Palace Meeting Rooms, é uma masterclass intitulada “A prestigiada perfeição de Ningxia”, seguida por uma sessão de prova de vinhos guiada pelos enólogos Fongyee Walker e Li Demei. Fongyee Walker é uma das mais conceituadas “educadoras” e enólogas chinesas, enquanto Li Demei é professor de enologia na Universidade de Agricultura da China, em Pequim. Copo cheio O largo e fortemente irrigado vale entre o Rio Amarelo e a base da Montanha Helan transformou-se ao longo das últimas décadas numa das áreas vinícolas mais promissoras da China. A vasta gama de vinhos produzidos na região de Ningxia é feita a partir de castas como Cabernet Sauvignon, Cabernet Gernischt e Chardonnay. Apesar da região se estender por mais de 66 mil quilómetros quadrados, a maioria das vinhas estão situadas num vale com cerca de 150 quilómetros de comprimento no extremo norte da região, em que a paisagem árida é equilibrada pela irrigação natural fluvial e elevada altitude. Afastada dos tradicionais grandes palcos de apreciação enóloga, a produção do vale da Montanha Helan foi-se aprimorando até que em 2009 um cabernet da adega Helan Qingxue arrebatou um prémio os prestigiados Decanter World Wine Awards. A maioria dos vinhos feitos em Ningxia resulta de misturas de castas Bordeaux, Cabernet Sauvignon e Merlot. Entre estas, os Cabernet Sauvignon representam 70 por cento das uvas de vinho de tinto, enquanto os Merlot ocupam 15 por cento das vinhas. Além destas castas mais produzidas, encontram-se também na região vitivinícola de Ningxia vinhas de Syrah, Riesling e Chardonnay. Comes e bebes Para fechar em beleza os dias dedicados aos néctares de Ningxia, o Wynn Palace Grand Theater irá acolher um jantar de gala onde os vinhos da região serão a atracção principal, com as iguarias gastronómicas preparadas pelo chef Yun Peng Yu e o chef do restaurante Wing Lei, Tam Kwok Fung. Depois do cocktail, que será servido às 18h, às 19h começa o desfile de seis pratos que irão misturar pratos cantoneses e da região de Ningxia, acompanhados por vinhos, numa harmonização criteriosamente selecionada. Os bilhetes para o jantar de gala custam 1.288 patacas por pessoa. Em comunicado, a Wynn refere que o objectivo deste tipo de iniciativa é criar uma plataforma de intercâmbio entre indústrias, como a restauração e vinhos, “promovendo a rica cultura gastronómica da China e realçando o papel de Macau enquanto “Cidade Criativa de Gastronomia”.
Hoje Macau EventosNatália Correia homenageada em mostra de arte contemporânea portuguesa em Madrid A escritora e política Natália Correia vai ser homenageada numa exposição de arte contemporânea portuguesa em Madrid, numa iniciativa paralela à feira ARCOmadrid 2023, que decorre a partir de hoje e vai até 26 de Fevereiro na capital espanhola. A exposição tem como título “A Desordem Necessária” e curadoria de Ana Cristina Cachola, resultando de “um diálogo transfronteiriço entre duas colecções”, António Cachola (do Museu de Arte Contemporânea de Elvas) e Helga de Alvear (da galeria com o mesmo nome de Madrid), segundo a Embaixada de Portugal em Espanha, que organiza esta iniciativa. A mostra estará na residência oficial do embaixador de Portugal em Madrid e em exposição estarão 21 artistas contemporâneos portugueses e uma espanhola. A exposição insere-se na segunda edição da iniciativa “Artists Join the Embassy”, organizada pela Embaixada de Portugal em Madrid como evento paralelo à feira de arte contemporânea ARCOmadrid e pretende promover artistas portugueses. “À semelhança do que sucedeu em 2022, serão convidados programadores, curadores, coleccionadores e directores de instituições internacionais para descobrirem arte portuguesa ou concebida em Portugal por uma artista espanhola”, revelou a Embaixada de Portugal em Madrid. A edição do ano passado da iniciativa “Artists Join the Embassy” levou uma exposição de Ângela Ferreira à residência oficial do embaixador de Portugal em Madrid, “para a qual foram convidados, em parceria com a ARCOMadrid, coleccionadores e directores de museus internacionais que integram o programa VIP da feira” e “deste projecto resultou a aquisição de uma peça da artista pelo MACBA – Museu de Arte Contemporânea de Barcelona”, sublinhou a embaixada. Este ano, a propósito da ARCOmadrid, a embaixada de Portugal promove também o lançamento do “Mapa de Artistas Portugueses nas Galerias Espanholas”, um roteiro com 31 artistas nacionais que são representados por 26 galerias de dez cidades espanholas (A Coruña, Badajoz, Barcelona, Madrid, Palma de Maiorca, Santander, Santiago de Compostela, Saragoça, Sevilha e Valência). Arco redondo A Feira de Arte Contemporânea ARCOmadrid decorre este ano de 22 a 26 de Fevereiro, tem como tema “O Mediterrâneo: Um Mar Redondo” e regressa a níveis de participação pré-pandemia, com 211 galerias de 36 países, incluindo 17 portuguesas, segundo a organização. Há ainda 15 artistas nacionais expostos em galerias espanholas presentes na feira, segundo informação da Embaixada de Portugal em Madrid. Na 42.ª edição da ARCOmadrid são esperados cerca de 90 mil visitantes, um valor semelhante ao de 2020, a última edição sem impacto da pandemia de covid-19. Entre as 170 galerias do programa geral há 15 portuguesas: 3+1 Arte Contemporânea, Balcony, Bruno Múrias, Carlos Carvalho, Cristina Guerra Contemporary Art, Filomena Soares, Francisco Fino, Miguel Nabinho, Monitor, Uma Lulik, Pedro Cera e Vera Cortês, todas de Lisboa, e ainda a Kubikgallery, a Lehmann + Silva e a Quadrado Azul, do Porto. A Galeria Foco, de Lisboa, entrará na secção “Opening”, e a Madragoa, também da capital portuguesa, estará na secção “Nunca o mesmo. Arte latino-americana”, com curadoria de Mariano Mayer e Manuela Moscoso. Participa ainda no programa geral a Jahn und Jahn, que tem base em Munique, na Alemanha, e também um espaço em Lisboa. Mercado paralelo Com direcção de Maribel López Zambrana, a 42.ª ARCOmadrid tem também um programa paralelo aos expositores, incluindo um fórum de debate dedicado à região do Mediterrâneo. A ARCOmadrid, uma iniciativa com dupla natureza, sendo em simultâneo um espaço comercial e um espaço cultural, dedica os primeiros dois dias exclusivamente a profissionais e abre as portas ao público em geral a partir da tarde do dia 24, sexta-feira. O ministro português da Cultura, Pedro Adão Silva, estará em Madrid na próxima semana para visitar a feira, estar presente em iniciativas paralelas à ARCOmadrid organizadas pela embaixada de Portugal e para um encontro com o homólogo espanhol, Miguel Iceta. A Embaixada de Portugal participa ainda na Bienal de Cidadania e Ciência que decorre em Barcelona e Madrid de 21 a 26 de Fevereiro, com a instalação “Som palavras. Diálogos sonoros”, de João Ricardo Barros Oliveira, e o projecto Omiri “Inovação musical feita com memória”.
Hoje Macau China / ÁsiaRelatório | EUA acusados pela China de quererem manter “hegemonia mundial” Num documento publicado esta segunda-feira, Pequim analisa as acções dos sucessivos governos norte-americanos ao longo da História e a sua progressiva ingerência nos assuntos internos de outras nações O governo chinês acusou na segunda-feira os Estados Unidos de quererem manter a sua “hegemonia mundial”, que considerou um “risco global”, num relatório publicado num período de crescentes tensões entre os dois países. O documento, designado “A Hegemonia dos Estados Unidos e os Seus Perigos”, afirma que, desde a Segunda Guerra Mundial, Washington actuou com “mais audácia” para “interferir nos assuntos internos de outros países”. Pequim analisa a “hegemonia” política, militar, económica, tecnológica e cultural dos Estados Unidos ao longo da História – do ponto de vista de Pequim -, numa altura em que as relações bilaterais atravessam um período de renovadas tensões, suscitadas pela “crise dos balões” ou divisões face à guerra na Ucrânia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China culpa os EUA por organizarem “revoluções coloridas” ou lançarem guerras para “promover a democracia”, fomentando uma “política de blocos” que “alimenta conflitos e confrontos”. A China dá como exemplo as “interferências por conta da ‘Nova Doutrina Monroe’” na América Latina, utilizada para defender o princípio da “América para os americanos”, mas que, segundo as autoridades chinesas representa a “América para os Estados Unidos”. Cita-se ainda um livro do ex-secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, no qual o político revelou que o país norte-americano “tinha planeado intervir na Venezuela” para, entre outras coisas, “obrigar Maduro a chegar a um acordo com a oposição” ou “privar o país da sua capacidade de vender petróleo ou ouro em troca de moeda estrangeira”. O documentou destaca todos os conflitos em que os Estados Unidos estiveram envolvidos, desde a sua independência, em 1776, apontando que o país tem um orçamento militar anual de 700 mil milhões de dólares, que cobre “40 por cento do total a nível planetário” e é superior ao valor conjunto dos gastos com Defesa dos “15 países logo atrás na lista”. Os próximos na lista são China, Índia, Reino Unido e Rússia, de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI). Dedo apontado O relatório chinês destaca ainda que a “hegemonia dos EUA a nível económico” foi alcançada após a criação de diferentes organizações para “formar o sistema monetário internacional em torno do dólar norte-americano”, que é a “principal fonte de instabilidade e incerteza na economia mundial”. E argumenta que, durante a pandemia da covid-19, os EUA “injectaram milhares de milhões de dólares no mercado global”, o que causou a desvalorização de outras moedas e altos níveis de inflação em “vários países em desenvolvimento”. No campo tecnológico, a China enfatiza que os EUA “procuram desencorajar o desenvolvimento científico” de outros países, “exercendo monopólio e restrições nos sectores de alta tecnologia”. E considera que a “expansão global” da cultura norte-americana é parte essencial da sua “estratégia externa”. Os Estados Unidos devem “examinar criticamente” as suas acções e abandonar a “arrogância e preconceito” e “práticas de intimidação”, lê-se no mesmo relatório.
Hoje Macau SociedadeSands | Receitas caem mais de 50% em 2022 A operadora de jogo Sands China registou, no ano passado, perdas de 12,6 mil milhões de patacas, tendo as receitas caído 52,3 por cento. Os dados constam no mais recente relatório da empresa enviado à bolsa de valores de Hong Kong e noticiado pela TDM Rádio Macau. Por sua vez, as receitas líquidas da Sands caíram 44,2 por cento para 12,5 mil milhões de patacas, números que se explicam pela queda do número de turistas potenciada pelas restrições relacionadas com a pandemia. O relatório cita ainda as palavras de Robert Goldstein, presidente e CEO da Sands China, que diz ter confiança no desempenho do mercado nos próximos meses e “um optimismo inabalável no futuro”. Em relação ao novo contrato de concessão, a Sands China afirma ter um plano de investimento superior a 30 mil milhões de patacas para o território até 2032, sendo que mais de 27 mil milhões de patacas vão ser canalizados para a área não jogo, ou seja, de lazer e entretenimento, tal como a realização de eventos, um projecto com iates e turismo marítimo e a abertura de mais restaurantes internacionais.
João Luz Manchete SociedadeJogo | Terceira semana de Fevereiro mais rentável que Janeiro Sem contar com os períodos de feriados, a terceira semana de Fevereiro foi a melhor em mais de três anos, com receitas brutas diárias de cerca de 400 milhões de patacas. A JP Morgan Securities prevê que o segmento de massas consiga recuperar este mês para 70 por cento dos níveis e receitas antes da pandemia A galinha dos ovos de ouro de Macau parece estar de volta a um nível de produção que faz lembrar os tempos antes da covid-19 arrasar o “galinheiro”. Segundo os analistas da JP Morgan Securities (Asia Pacific) Ltd, a média diária de receitas brutas dos casinos de Macau continuou na terceira semana de Fevereiro a ultrapassar a média registada em Janeiro, apesar de este ano os feriados do Ano Novo Chinês terem calhado no mês passado. A corretora estima que indústria do jogo da RAEM tenha apurado na terceira semana de Fevereiro receitas brutas médias de cerca de 400 milhões de patacas por dia, valor que representa o melhor resultado numa semana sem feriados em mais de três anos Aliás, os números sugerem uma recuperação de mais de 45 por cento em relação a níveis anteriores à covid-19. Previsão que se torna mais optimista quando focada nas receitas correspondentes ao segmento de massas, que poderá recuperar para montantes entre 65 a 70 por cento das receitas registadas antes da pandemia, segundo os analistas da JP Morgan citados pelo portal GGR Asia. Feitas as contas Em termos de receitas agregadas, os analistas da corretora apontam para receitas brutas de 7,2 mil milhões de patacas apurados nos primeiros 19 dias de Fevereiro. O total agregado indica uma média diária entre 375 a 380 milhões de patacas em receitas brutas. “Este resultado está ligeiramente acima das fortes receitas brutas registadas em Janeiro”, quando os cofres dos casinos amealharam por dia 374 milhões de patacas, concluem os analistas DS Kim e Mufan Shi, citados pelo GGR Asia. Mas, mais do que o valor cru dos milhões, os analistas destacam “a sólida performance tendo em conta a fraca sazonalidade típica dos períodos posteriores a feriados”. Já as notícias sobre a morte do jogo VIP, parecem ter sido manifestamente exageradas, pelo menos de acordo com as projecções da JP Morgan. “Estimamos que o jogo VIP recupere para cerca de 15 por cento dos níveis antes da pandemia, um progresso sólido para um mercado que supostamente estará em vias de extinção”, é referido. Apesar do sinal de vitalidade, os analistas sublinham que as receitas apuradas pelo segmento VIP não serão o principal motor da indústria do jogo, mantendo-se em níveis residuais face ao mercado de massas.
Hoje Macau SociedadePatrimónio | Complexo de estaleiros de Lai Chi Vun abre no próximo trimestre O complexo turístico e patrimonial na vila de Lai Chi Vun, em Coloane, que inclui cinco antigos estaleiros navais completamente renovados, deverá abrir ao público no próximo trimestre. A ideia para o complexo, com 4,600 metros quadrados e que visa levar turistas a Coloane e contar um pedaço da história da construção naval de Macau, começou a ser traçada em Dezembro de 2021. O assunto foi discutido na reunião de ontem do Conselho do Património Cultural. O projecto de renovação, com um custo de cerca de 42 milhões de patacas, deverá incluir um mercado para produtos culturais e criativos e uma área com diversas funcionalidades, escreveu o jornal Ou Mun. A zona dos estaleiros de Lai Chi Vun está classificada como área de interesse cultural e histórico desde Dezembro de 2018. Recusado encerramento da Avenida Almeida Ribeiro O Instituto Cultural (IC) afasta a possibilidade, a curto prazo, de encerrar a Avenida Almeida Ribeiro ao trânsito, numa iniciativa que ficou conhecida como “Passeando pela Almeida Ribeiro – projecto-piloto para área pedonal”. A informação foi avançada ontem por Deland Leong, presidente do IC, após uma reunião do Conselho do Património Cultural. Apesar das opiniões “favoráveis”, Leong informou que, neste momento, não há condições para fechar ao trânsito a avenida do centro histórico da cidade, devido às obras em curso na península de Macau. Apesar da limitação, a presidente do IC afirmou que vão ser ponderadas outras ideias para no futuro revitalizar o património cultural e as zonas velhas da cidade.
Hoje Macau Manchete SociedadeInflação | Custo dos combustíveis subiu mais de 20% em 2022 2022 foi um ano difícil para os condutores. Segundo os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, os combustíveis subiram mais de 20 por cento no ano passado, o que se reflectiu no menor consumo O custo dos combustíveis para veículos subiu 20,8 por cento em 2022, indicam os últimos dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), seguindo o aumento verificado no mercado internacional, sobretudo devido à invasão russa da Ucrânia. O preço médio de venda da gasolina sem chumbo fixou-se em 13,96 patacas no ano passado, enquanto o preço do gasóleo atingiu 15,62 patacas. Num comunicado, a DSEC revelou ainda que o custo dos combustíveis terminou 2022 em alta, com o preço médio de venda durante o último trimestre nas 14,29 patacas para a gasolina e 16,21 patacas para o gasóleo. O comunicado não refere quaisquer motivos para os aumentos. Mas, no mercado internacional, o preço dos hidrocarbonetos, incluindo derivados do petróleo e gás natural, subiu em 2022 devido à corrida ao gás natural liquefeito na Europa. Isto após a comunidade internacional ter respondido à invasão da Ucrânia com a imposição de sanções políticas e económicas, incluindo o encerramento dos gasodutos russos, a principal fonte de combustíveis fósseis da Europa. Fornecidos pelo Interior De acordo com dados da DSEC, 90,9 por cento da gasolina e 86,1 por cento do gasóleo importados por Macau vieram da China, com o resto da gasolina a vir da Arábia Saudita e o resto do gasóleo de Singapura. Além do impacto da guerra, deputados como Leong Sun Iok e Nick Lei alertaram ao longo do ano passado para uma eventual “combinação de preços” entre os revendedores de combustíveis para veículos em Macau. Com o preço dos combustíveis a aumentar, o consumo de gasolina no território caiu 10,9 por cento para 90,8 milhões de litros em 2022 enquanto o consumo de gasóleo recuou 5,4 por cento para 88,8 milhões de litros. Pelo contrário, e ainda de acordo com dados da DSEC, o consumo de gás natural em Macau aumentou 40,1 por cento para 120,3 milhões de metros cúbicos no ano passado. O Governo de Macau anunciou na segunda-feira um aumento, entre 8 por cento e 14,3 por cento, no preço de venda do gás natural, apontando para a “subida rápida no mercado internacional”, causada pela invasão da Ucrânia. Num despacho publicado no Boletim Oficial e que entrou já em vigor, Ho Iat Seng aumentou em 8,2 por cento o preço do gás natural para habitações para 7,58 patacas por metro cúbico.
Andreia Sofia Silva SociedadeMacau recebe fórum sobre madeira sustentável em Novembro O Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) quer trazer para o território, em Novembro, o “Fórum e Exposição da Indústria Global da Madeira Sustentável”, em parceria com a Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO, na sigla inglesa). Segundo o IPIM, a organização visa o desenvolvimento sustentável dos recursos florestais em todo o mundo, tendo em conta as alterações climáticas e o risco de perda progressiva da flora em vários países e regiões. O IPIM entende que o evento pode ajudar a “promover o desenvolvimento da diversificação adequada da economia”, além de “expandir o espaço de cooperação internacional” do território e reforçar “o seu estatuto e influência internacionais”. O fórum pretende também fomentar o sector das exposições e convenções, “ajudar a enriquecer o papel de plataforma” de Macau e promover a investigação científica na área dos recursos naturais e da sustentabilidade, “através da participação da Universidade de Macau em trabalhos de investigação”. Índice conjunto Os contactos entre o Governo e o ITTO começaram em 2019, sendo que, no ano passado, foram iniciados projectos conjuntos “sobre a construção da Plataforma do Índice Global da Madeira” e a “investigação sobre a ligação de sistemas de rastreamento de origem de madeira com base na tecnologia de blockchain”. Em Dezembro do ano passado, foi apresentado em Macau o “Relatório GTI da Plataforma de Índice Global da Madeira”, e realizado um workshop sobre a “tendência do mercado global de madeira”. Assim, o IPIM e o ITTO lançaram o primeiro índice que mede a prosperidade da indústria de extracção de madeiras em todo o mundo, o “Índice Global da Madeira” (Global Timber Index, GTI), que abrange sete países, incluindo a China. Este é calculado com base na compilação de estatísticas de inquérito mensal às empresas de madeira importantes nos países produtores e consumidores de madeira a nível mundial.
Hoje Macau SociedadeIAS | Reforçadas equipas que prestam serviços a idosos As equipas de serviços de cuidados domiciliários e de apoio a idosos do Instituto de Acção Social (IAS) passaram a ser integradas por 16 membros. A informação foi revelada por Hon Wai, presidente do IAS, na resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei. “A equipa de serviços de cuidados domiciliários e de apoio composta por 14 trabalhadores nos anos passados, tem aumentado para 16 trabalhadores por equipa, composta pelo chefe de equipa, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas, diversos tipos de trabalhadores da linha da frente que prestam cuidados e logística, etc.”, foi revelado. Hon Wai explicou também que estes dois trabalhadores adicionais são “pessoal de cuidados da linha da frente”. Segundo o mesmo responsável, estas equipas permitem apoiar “cerca de 1.400 idosos com saúde débil e as pessoas com necessidade”. Além disso, para este ano, está ainda previsto o aumento do número de equipas disponíveis, numa unidade. “O IAS irá acrescentar uma equipa de serviços de cuidados domiciliário e de apoio na zona da Praia do Manduco em 2023, no sentido de não só, aumentar a oferta de serviço, mas também aliviar a pressão de serviços prestados pelas equipas já existentes”, foi justificado. Este reforço pretende responder à tendência de maior procura pelos serviços da Península de Macau, especialmente nas zonas centro e sul.
João Santos Filipe Manchete SociedadeSalário Mínimo | Governo aberto a criar comissão para revisão de valores O director dos Serviços para os Assuntos Laborais afirmou que o Governo está a trabalhar num relatório sobre o futuro do salário mínimo. Contudo, não avançou com qualquer data para a tomada de decisão sobre alterações aos valores em vigor Wong Chi Hong, mostrou abertura para ser criada uma comissão especializada para analisar a actualização do salário mínimo. A posição foi revelada na resposta a uma interpelação do deputado Lam Lon Wai sobre esta matéria. “Em relação à sugestão da interpelação escrita de estabelecer uma comissão especializada para a revisão do salário mínio, o Governo da RAEM está disposto a ouvir as sugestões de todos os sectores, que serão ponderadas em conjunto com o desenvolvimento económico e social da RAEM”, respondeu Wong. O director da DSAL adiantou também que está a ser realizado um relatório sobre a revisão do valor do salário mínimo. De acordo com a lei, a revisão deveria ser feita a cada dois anos. A lei entrou em vigor a 1 de Novembro de 2020, pelo que o período de dois anos terminou a 31 de Outubro de 2022, sem que houvesse qualquer posição do Governo sobre o assunto. Em relação a este silêncio, Wong Chi Hong admitiu ser necessário esperar, porque está a ser elaborado um relatório sobre a situação “do desenvolvimento económico e social” com base nos dados recolhidos até ao final de Outubro de 2022. No entanto, o director da DSAL não se comprometeu com uma data para a conclusão do relatório nem para a tomada de posição do Governo. Contudo, garantiu que, como determinado pela lei, o assunto vai ser discutido no Conselho Permanente de Concertação Social. Pedidos de aumento Nas últimas semanas, os sectores laborais têm defendido o aumento do salário das actuais 32 patacas por hora para 35 patacas por hora. Contudo, a proposta tem encontrado oposição por parte do patronato, que argumenta que os últimos três anos ficaram marcados pela maior crise económica desde a transferência de soberania, pelo que entendem que o valor deve manter-se congelado. O último aumento do salário mínimo aconteceu em 2019. No entanto, na interpelação escrita, Lam Lon Wai deixou críticas ao mecanismo interno para aumentar o ordenado mínimo, por considerar que os procedimentos não são conhecidos pela população nem pelos deputados. O legislador pediu também que se apresentasse uma estimativa sobre a duração do processo. Em relação a estes pedidos de esclarecimentos, Wong Chi Hong, deixou o deputado sem resposta e sem qualquer previsão de data. A única garantia deixada, foi que, no caso de o Governo decidir não aumentar o salário mínimo, não será realizada qualquer alteração à lei.
Hoje Macau Manchete PolíticaEuropa | Durão Barroso em almoço com cônsul e Ho Iat Seng O ex-primeiro ministro português Durão Barroso visitou Macau e encontrou-se com o Chefe do Executivo e o cônsul-geral de Portugal. O ex-presidente da Comissão Europeia realçou a obrigação de preparação para novas pandemias e sublinhou a necessidade de Macau preservar a herança cultural portuguesa Sem aviso prévio, e fora da agenda mediática, José Durão Barroso visitou Macau e almoçou com Ho Iat Seng, Alexandre Leitão, Raimundo do Rosário e Ambrose So. O ex-primeiro ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia realçou a vontade do Governo de Macau em preservar e valorizar as especificidades do território devido à ligação a Portugal. “Macau não é mais uma cidade chinesa, isso há muitas. Macau é uma região administrativa especial. Além disso, diz-me o sr. Chefe do Executivo, é importante manter essa especificidade da herança cultural portuguesa aqui em Macau”, afirmou Durão Barroso, citado pelo Canal Macau da TDM. O ex-governante, que hoje em dia preside à Aliança Global para as Vacinas, destacou ainda o facto de a primeira viagem oficial de Ho Iat Seng enquanto Chefe do Executivo ser a Portugal, que encara como uma “tradição” que representa “um bom sinal”. De forma breve, Durão Barroso mencionou o período em que participou nas negociações da transição, enquanto ocupava o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros, e mostrou-se impressionado “pelo extraordinário progresso económico do território”, que continua a demonstrar grande dinamismo, mesmo depois do “período difícil” devido ao impacto da pandemia. Apenas a primeira Enquanto presidente da Aliança Global para as Vacinas, iniciativa da Fundação Bill e Melinda Gates, Durão Barroso alertou para a necessidade de o mundo se preparar para novos desafios pandémicos. “É evolucionariamente seguro que vamos ter mais pandemias. O covid-19 não é, infelizmente, a última pandemia da história. Temos de estar preparados. Espero que se tirem todas as lições desta pandemia”, apontou o ex-governante, citado pelo Canal Macau da TDM. Durão Barroso afirmou ainda a necessidade de preparação ao nível da capacidade científica e médica, com a produção de novas vacinas, mas também de armazenamento de equipamentos de protecção pessoal, deficiências de preparação demonstradas na pandemia da covid-19. No que diz respeito às relações entre a União Europeia e a China, o ex-presidente da Comissão Europeia defendeu que é preciso manter a “cooperação e diálogo entre todas as partes, apesar das diferenças que existem.
João Santos Filipe PolíticaAssociação aponta para 30 mil apólices com circulação de veículos em Cantão A Associação das Seguradoras de Macau prevê que a política de circulação de veículos de Macau no Interior vai aumentar em 30 mil o número de apólices seguros para o efeito. A estimativa foi apresentada por Ng Wai Peng, vice-presidente da Associação das Seguradoras de Macau, em declarações ao Jornal Ou Mun. A vice-presidente da associação, Ng Wai Peng, estimou que se atinjam as 30 mil apólices para a circulação de veículos de Macau na província de Guangdong, o que representa uma proporção de 40 por cento dos veículos que podem atravessar a fronteira. Quando à emissão deste tipo de seguros, a responsável garante que está tudo preparado, e que os clientes podem tratar de todo o processo online, além das vias tradicionais. Segundo Ng Wai Peng, em cerca de 10 minutos, quando o processo é feito online, os clientes podem receber o contrato do seguro. Em relação ao reconhecimento mútuo da carta de condução, a medida ainda não teve qualquer efeito a nível da emissão de seguros, uma vez que apenas foi anunciada na segunda-feira. A entrada em vigor está prevista para 16 de Maio. Contudo, existem muitas expectativas de que com a maior integração da RAEM no Interior o número de apólices vendidas cresça bom ritmo. Em defesa do Governo O reconhecimento mútuo da carta de condução surge numa altura em que o direito de manifestação foi fortemente restringido, com a proibição cada vez mais frequente de manifestações. Contudo, em 2019, centenas de pessoas saíram à rua em protesto contra esta medida, numa manifestação organizada pelos ex-deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong. A opinião da população não foi vista como impeditiva para que as associações tradicionais defendessem o reconhecimento mútuo da carta de condução. Leong Sun Iok, segundo o jornal Ou Mun, veio agora argumentar que a medida é positiva porque vai permitir a circulação das pessoas que vivem na Grande Baía, mas trabalham em Macau. Leong Sun Iok reconheceu ainda que a população teme a medida, pelo que o Governo deve fazer uma análise profunda aos dados, depois da implementação da medida, e responder a eventuais problemas que surjam. Por sua vez, Leong Hong Sai, deputado dos Moradores, considera que as autoridades do Interior e de Macau devem promover acções de formação sobre o trânsito nas regiões, para que os interessados em conduzir nas duas regiões estejam bem preparados para enfrentar as especificidades do trânsito de cada território.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Estudo enumera “problemas” e “contradições” no surto de Junho “Insuficiências” ou “contradição entre as medidas de prevenção adoptadas” são alguns dos problemas verificados no surto de covid-19 de Junho de 2022 enumerados num estudo publicado na última edição da revista Administração. A conclusão aponta para que na “fase inicial” do surto, de 19 de Junho a 3 de Julho, as medidas “não tiveram resultados satisfatórios” Foram muitos os “problemas” e “contradições” verificados no surto epidémico de Junho do ano passado. Pelo menos de acordo com um trabalho publicado na última edição de Dezembro da revista “Administração”, editada pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), intitulado “Estudo sobre as medidas de prevenção da epidemia causada pelo novo tipo de coronavírus em Macau: Análise dos dados com base na epidemia de 18 de Junho”. Os académicos propuseram-se analisar a eficácia das medidas adoptadas pelo Governo e a relação com o número de casos covid-19 registados. Da autoria dos académicos Tong Chi Man, Cheong Pui Man e Kou Seng Man, o estudo quantitativo recorre ainda a dados estatísticos oficiais para estabelecer uma correlação entre casos positivos registados, separando-os em sete categorias diferentes e dividindo o período de surto em diversas fases. Nesta parte, os dados fornecidos pelos Serviços de Saúde são analisados com recurso ao programa de dados estatísticos SPSS 27.0, tendo os académicos categorizado os casos covid-19 da seguinte forma: “Novos casos registados diariamente no sexo feminino; Novos casos registados diariamente no sexo masculino; Novos casos registados diariamente; Novos casos de infecção sintomática registados diariamente; Novos casos de infecção assintomática registados diariamente; Casos detectados diariamente na comunidade; Casos encontrados diariamente no âmbito da gestão e controlo.” O trabalho conclui que nem tudo correu bem na chamada “fase inicial” do surto, que durou entre 19 de Junho e 3 de Julho. “O estudo mostra que as medidas adoptadas na ‘fase intermédia’, na ‘fase relativamente estática’ e na ‘fase de consolidação’ atingiram relativamente bons resultados, enquanto as medidas adoptadas ‘na fase inicial’ não tiveram resultados satisfatórios”. Assim, conclui-se que diversos factores, “como as insuficiências verificadas nos hotéis de observação médica, as medidas de prevenção contraditórias, as insuficiências na realização dos testes em massa (…) poderão, possivelmente, ter conduzido aos problemas referidos, o que resultou nas sugestões da manutenção, com uma elevada uniformidade, [de medidas de acordo] com a política nacional de prevenção da epidemia”, lê-se no documento. Acima de tudo, o surto de Junho “foi controlado graças ao empenho do pessoal da linha da frente e à colaboração activa por parte dos residentes, em conjugação com a realização dos testes em massa e a implementação da medida de controlo e bloqueio na comunidade e, ainda, à organização eficaz da sujeição dos pacientes ao tratamento”. No entanto, “há quem entenda que existem ainda muitos aspectos insuficientes que merecem ser supridos e medidas implementadas susceptíveis de terem sido contraditórias, apesar de o Governo ter agido de imediato e tomado decisões imediatas como resposta à pandemia”. Ausência de “normalidade” Para este trabalho contou-se o período entre 19 de Junho, quando começam a registar-se os casos após a descoberta da primeira infecção no dia anterior, e 1 de Agosto. Os autores do trabalho nomearam várias fases para este período, nomeadamente a “fase inicial de prevenção epidémica”, que vai de 19 de Junho a 3 de Julho e a “fase intermédia, de 4 a 10 de Julho, quando se aumentou a frequência dos testes de ácido nucleico e rápidos realizados. Por sua vez, o dia 11 de Julho de 2022 integra-se na “fase relativamente estática”, quando passou a ser exigido aos residentes o uso da máscara KN95 e a realização de vários testes aos trabalhadores das áreas da segurança, administração de condomínios e limpeza. Por sua vez, os dias 11 a 22 de Julho correspondem à “fase relativamente estática”, com a suspensão de algumas actividades económicas e negócios, dando-se depois a “fase de consolidação”, entre os dias 23 de Julho e 1 de Agosto já com o alívio de algumas medidas, como a reabertura de alguns negócios e permissão para sair de casa. Os autores dizem “ser possível” que, no surto de Junho, o Governo “não tenha funcionado com normalidade e tenha perdido o controlo da evolução da pandemia”, além de se ter verificado “um fenómeno de anomia na sociedade e de instabilidade social”. “As insuficiências” Os académicos apontam as “insuficiências” verificadas no trabalho diário dos hotéis designados para quarentena, nomeadamente o facto de “o pessoal do hotel onde foi aplicada a medida de circuito fechado não ter lidado de forma adequada com os trabalhos de prevenção”, que culminou na infecção de “uma parte dos trabalhadores e alguns hóspedes”. Além disso, verificaram-se ainda “deficiências” como os “trabalhadores responsáveis pelo registo [dos hóspedes] colocados no balcão de recepção do hotel terem apenas uma máscara e não disporem de mais equipamentos de protecção”. O estudo fala também da “contradição” verificada nas “medidas de prevenção adoptadas” pelo Executivo, onde se inclui o “alojamento de dois pacientes desconhecidos num mesmo quarto de hotel de isolamento”, ou “exigir aos residentes a redução das saídas, mas não dar ordens para suspender o exercício de trabalho nem de confinamento”. Incluem-se nesta lista as “orientações do Governo, destinadas às instituições civis e públicas, terem sido divergentes e com parâmetros diferentes” ou a exigência de testes com validade de 48 horas aos trabalhadores dos casinos e da construção civil para poderem trabalhar. Destaca-se ainda “a continuação do exercício de funções no posto de trabalho de indivíduos com código de saúde amarelo após a negociação com o patrão da empresa ou o responsável pelo serviço”. O estudo refere também “a cobertura não completa das medidas de assistência económica”, uma vez que “as camadas sociais mais vulneráveis não tiveram apoio”, nomeadamente os trabalhadores não-residentes, que não foram abrangidos, por exemplo, pelo programa dos cartões de consumo. Os académicos concluiram ainda que “os problemas higiénicos nos bairros antigos deverem ser melhorados”, e que estes ficaram mais expostos quando alguns edifícios da zona norte da península foram confinados. Um dos exemplos apontados é a “acumulação de lixos” ou a “proliferação de mosquitos”, bem como a necessidade de reparação dos edifícios. Seguir o país Desta forma, uma das conclusões aponta para a importância da “manutenção de um alto grau de coerência com as políticas nacionais de prevenção da pandemia”. Isto porque, com base nos dados analisados, conclui-se que “na ‘fase inicial’ deviam ter surgido diversos problemas reveladores de componentes insuficientes no nosso ‘plano de resposta de emergência’ que mereciam ser melhorados”. Uma vez que Macau já se encontra “numa fase posterior à epidemia, cheia de incertezas”, o estudo refere a necessidade “da importância emergente da implementação de medidas de prevenção e controlo idênticas às medidas nacionais”, além de se dever fazer “um balanço das experiências de Macau”. A análise dos dados relativos ao número de casos mostra ainda que as “insuficiências” verificadas nos hotéis de quarentena se deveram “possivelmente à falta de eficácia dos trabalhos de prevenção epidémica implementados na ‘fase inicial'”. Assim, é sugerido o aperfeiçoamento “do regime de responsabilidade e sistema de gestão” nos hotéis de quarentena em períodos de surto, assim como o reforço da formação dos funcionários. “Sugere-se que o Governo defina, o quanto antes, medidas científicas para a prevenção da pandemia”, como é o caso da “instalação de mais postos de testes de ácido nucleico, o prolongamento do seu horário de funcionamento” ou ainda “que seja apenas exigida a realização de testes rápidos aos trabalhadores dos casinos e do sector da construção civil”. Deve ainda “ser preparado um número suficiente de quartos de hotel de isolamento para satisfazer as necessidades”, além de ser importante “dar o apoio adequado aos indivíduos em quarentena e às pessoas em zonas de bloqueio”. Mais apoios Além de sugerir a melhoria do sistema de testes em massa, o estudo dá conta da importância de alargar o leque de apoios financeiros concedidos no futuro em contextos semelhantes. “Os estudiosos esperam que o Governo possa auscultar as opiniões de todos os sectores e optimizar ainda mais as medidas de apoio financeiro, para que a população em geral possa beneficiar desse apoio”, pode ler-se. É também proposta a realização de uma “ampla recolha de opiniões na sociedade” e que seja prestada “atenção aos sectores, empresas e profissionais liberais que eventualmente possam não ter beneficiado do apoio cedido, sendo-lhes atribuídos apoios adequados”. O estudo chama a atenção para a necessidade de reforçar “os apoios aos grupos especiais, tais como jovens, aposentados, desempregados, subempregados, indivíduos em licença sem vencimento e com baixos rendimentos, de modo a resolver as dificuldades dos cidadãos, bem como dos comerciantes”. Sobre os autores do estudo, todos eles são ligados ao Instituto Internacional de Investigações Académicas (Macau), sendo que Kou Seng Man preside à entidade e Tong Chi Man é também académico visitante da Faculdade de Ciências Sociais e Educação da Universidade de São José.
Hoje Macau China / ÁsiaCientista chinês que alterou genes de bebés diz que vai fazer pesquisa em Hong Kong O cientista chinês He Jiankui, que se tornou conhecido mundialmente em 2018, depois de ter criado bebés geneticamente alterados para resistir ao VIH, disse recentemente que vai desenvolver uma pesquisa sobre edição genética em Hong Kong. O investigador revelou que obteve visto através de um programa para talentos da região, apesar do seu antecedente criminal, informou hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post. Ele afirmou que pretende investigar “terapias genéticas para doenças raras”. “Planeamos usar ferramentas da inteligência artificial para desenvolver capsídeos de vírus adeno – associados (AAV), para melhorar a eficácia da terapia genética em doenças raras”, explicou He, sem dar mais detalhes. Segundo o jornal de Hong Kong The Standard, o secretário do Trabalho, Chris Sun Yuk-han, assegurou hoje, em conferência de imprensa, quando questionado sobre este caso, que os “candidatos a este concurso para talentos não têm de declarar os seus antecedentes criminais”. O secretário não quis comentar “casos individuais”, acrescentando que é o Departamento de Imigração que, em última instância, decide sobre os vistos de entrada em Hong Kong. He, que trabalhou como professor da Southern University of Science and Technology, na cidade de Shenzhen, no sudeste da China, até à sua demissão, em janeiro de 2019, foi condenado em dezembro daquele ano a 3 anos de prisão pelas suas experiências com alteração genética. Da experiência de He, realizada com recurso à técnica de edição genética CRISPR/Cas9, nasceram três bebés: em 2018, duas gémeas chamadas Lulu e Nana, e no ano seguinte, outra chamada Amy. Na sua última aparição pública, numa conferência na Universidade de Hong Kong, em novembro de 2018, o cientista mostrou-se “orgulhoso” do seu trabalho, sublinhando que o seu estudo não visava eliminar doenças genéticas, mas sim “dar às raparigas capacidade natural” de resistir a possível infeção futura pelo VIH, o vírus da imunodeficiência humana que causa a SIDA. O escândalo levou as autoridades chinesas a rever os seus regulamentos sobre alteração genética em seres humanos, passando a exigir aprovação a nível nacional para pesquisas clínicas nesse campo ou em outras “tecnologias biomédicas de alto risco”. O Governo chinês publicou também novas diretrizes para reformar os processos de revisão ética em áreas como ciências da vida, medicina ou inteligência artificial.
Hoje Macau China / ÁsiaLucros do HSBC sobem 17,6% para quase mais de 14 milhões de dólares em 2022 O HSBC, o maior banco da Europa, registou um lucro líquido de 14.822 milhões de dólares em 2022, mais 17,57% do que em 2021, foi hoje anunciado. Ao longo do ano, as receitas do grupo aumentaram 4,39% para 51.727 milhões de dólares graças ao aumento das receitas de juros (+23,11%) devido aos aumentos das taxas pelos principais bancos centrais, de acordo com o comunicado enviado hoje para a Bolsa de Hong Kong, onde está cotado. O CEO (Chief Executive Officer) do HSBC, Noel Quinn, disse que 2022 foi “um bom ano” para a empresa: “Completámos a primeira fase da nossa transformação e as nossas ligações internacionais são sustentadas por um bom e amplo poder de ganhos em todo o mundo”. O banco tinha reduzido os lucros em 5,7% até setembro devido, em parte, a deterioração de ativos decorrentes da venda da atividade bancária comercial em França, mas conseguiu inverter a situação com um último trimestre forte. Segundo o comunicado do banco, entre outubro e dezembro, os lucros depois de impostos subiram nada menos que 68,97% face a 2021, para cerca de 4.900 milhões de dólares graças a uma combinação de um aumento das receitas (+38%) e uma redução das despesas operacionais. O banco está a meio de um plano para reduzir custos e cortar milhares de empregos na Europa e nos EUA, a fim de reforçar a sua presença na Ásia, o seu principal mercado. No final de dezembro, o rácio de adequação de capital de nível 1 situava-se em 14,2%, 1,6 pontos abaixo do valor no final de 2021. Olhando para o futuro, a empresa espera aumentar as receitas com juros em pelo menos 10,4% para cerca de 36.000 milhões de dólares até 2023, quando também espera gastar cerca de 300 milhões de dólares no pagamento de indemnizações como parte da sua campanha de “disciplina de custos”. O conselho também disse que pretende pagar um dividendo especial de 0,21 dólares por ação se concluir a venda do negócio bancário no Canadá, que espera encerrar até ao final deste ano.
Hoje Macau EntrevistaBrasil vai implementar vários projetos de cooperação em Timor-Leste, diz embaixador Entrevista por António Sampaio, da agência Lusa O Governo brasileiro vai implementar este ano e em 2024 vários projetos de cooperação com Timor-Leste, nas áreas de educação, formação profissional e agroecologia, assinalando um renovar das iniciativas no país, disse o embaixador brasileiro em Díli. Maurício Medeiros de Assis disse em entrevista à Lusa que os projetos incluem apoios adicionais a iniciativas já levadas a cabo no país, como o centro de formação de Becora, e novas iniciativas nas áreas de cooperativas e de formação em língua portuguesa de quadros da função pública. “São cinco projetos que estão no pipeline e que serão aprovados ainda este ano, podendo começar a ser implementados ainda este ano. Alguns arrancam ainda este ano, outros arrancam em 2024”, afirmou. Maurício Medeiros de Assis disse que a eleição do Presidente, Lula da Silva, “mudou da água para o vinho o empenho na cooperação com Timor-Leste”, o que se evidencia com o envio este mês de uma missão para avaliar projetos a implementar este ano e em 2024. “O Presidente, Lula, é um apaixonado pela cooperação sul-sul e ele não esconde isso. Faz parte das metas do seu Governo resgatar a presença do Brasil no resto do mundo principalmente nesse filão da cooperação sul-sul, que nada mais é que a cooperação entre países em desenvolvimento, sem fins lucrativo, geoestratégicos, genuína, desprovida de interesses que normalmente caracterizam a cooperação norte-sul”, afirmou. “Apesar de não termos muito recursos, a cooperação brasileira no terceiro Governo Lula certamente voltará a Timor-Leste. Essa é a sinalização que o Presidente tem dado nos seus discursos, o da posse, e o discurso do meu novo ministro que vai priorizar, resgatar a cooperação sul-sul”, considerou. Um dos maiores projetos levados a cabo em Timor-Leste tem a ver com o apoio à criação do que é hoje conhecido como Centro Nacional de Formação Profissional de Becora, em Díli, projeto que é “carinhosamente” conhecido como o SENAI de Becora, por causa da assistência dada por essa agência brasileira. “Foi um projeto emblemático em Timor-Leste, que durou cerca de 14 anos, e que queremos resgatar”, explicou o diplomata. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) é atualmente o maior complexo de educação profissional da América Latina e um dos 5 maiores do mundo, tornando-se referência no apoio à tecnologia e inovação em empresas industriais de todos os portes e segmentos. Em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o SENAI implementou nove Centros de Formação Profissional em Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Guatemala, Jamaica, Peru, Timor-Leste e Paraguai. Uma missão da ABC esteve recentemente em Timor-Leste para avaliar o projeto do centro de Becora e funcionários da Organização das Cooperativas Brasileiras e da CRESOL, uma das maiores cooperativas de crédito, analisaram um outro projeto com a Secretaria de Estado das Cooperativas. “O Brasil também aprendeu sobre o cooperativismo com a cooperação internacional, com padres alemães a trazerem o conceito que deu resultados muito positivos nos últimos 20 anos. O cooperativismo, especialmente o cooperativismo de crédito, disparou. Hoje é tão grande que é regulamentado pelo Banco Central do Brasil, é um verdadeiro banco”, afirmou. “Tem um efeito multiplicador que se torna essencial para o agronegócio. São experiências positivas que pretendemos passar a Timor-Leste com este projeto”, afirmou. A visita recente da missão de avaliação brasileira surge depois de uma visita no ano passado de outra delegação da ABC, que analisou três outros projetos. Tratam-se, explicou, da “criação de um mestrado em Educação na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), que deve ser assinado proximamente”, um projeto de agroecologia e um projeto, com a Comissão de Função Pública e com o Instituto Nacional de Administração Pública (INAP) “para a formação continuada de língua portuguesa para funcionários públicos”. Estes novos projetos somam-se a outras iniciativas ainda em curso, como a cooperação na área militar, com dois oficiais, um do exército e outro da marinha, que são atualmente assessores do ministro da Defesa, “e que colaboram por exemplo na preparação da lei da programação militar”. Há ainda outro oficial envolvido na instrução da polícia militar das F-FDTL. Continua ainda em curso o projeto de apoio à Defensoria Pública timorense, que está “na sua oitava etapa e completou já 12 anos de formação de defensores públicos e fortalecimento institucional da DP” de Timor-Leste, “criada à imagem da DP brasileira”. Na área da língua, e nos primeiros anos, ainda antes da restauração da independência, o Brasil apoiou igualmente um grande projeto na área de formação, o Alfabetização Solidária, um outro relacionado com a formação de professores, o Pro-Formação, com a vinda de professores brasileiros e um terceiro, o Programa de Qualificação de Professores de Língua Portuguesa (PQPLP). Sim às convergências O Brasil quer encontrar convergências e sinergias com Portugal para projetos de apoio à promoção da língua portuguesa em Timor-Leste, complementando esforços e maximizando os recursos disponíveis, disse ainda o embaixador brasileiro em Díli. “O Brasil não quer criar uma competição com os projetos portugueses de formação nessa área, queremos complementar esforços. Que venham professores portugueses, brasileiros, cabo verdianos”. Entre as iniciativas onde essa colaboração com Portugal seria positiva, o diploma destacou uma proposta do Ministério da Educação relativamente à criação de uma Escola Superior de Educação, uma “escola de raiz, que envolveria professores do Brasil para formar alunos ao nível de graduação, que serão futuros professores”. “Atualmente temos muita formação continuada, dada a professores que já estão em funções. Este projeto é novo. Já tivemos uma reunião com o ministro da Educação e a minha sugestão foi que o projeto fosse aberto aos demais países da CPLP. Já falei sobre isso com a embaixadora portuguesa”, disse. “É um projeto embrionário. Será submetido ao Brasil para análise e envolveria recrutar professores nas universidades publicas e nos institutos públicos para que venham para Timor-Leste para esse projeto”, explicou. Medeiros de Assis disse ter já falado também com a embaixadora portuguesa em Díli, Manuela Bairos, sobre o principal projeto da cooperação portuguesa na área da língua, as escolas CAFE. “Tenho interesse em conhecer o projeto, pensar em convergências, evitar que essa cooperação que pretendemos estabelecer como Timor-Leste seja carimbada como cooperação brasileira. Não interessa dizer que este é um projeto de língua portuguesa do Brasil, é um projeto de apoio à língua portuguesa par trazer a língua portuguesa para a comunidade timorense”, disse. “Não vejo Portugal a resistir a esse tipo de iniciativa conjunta, mesmo porque ajudaria a aliviar as despesas de Portugal e maximizaria recursos”, considerou. O diplomata explicou que há uma questão geracional que pode condicionar o uso e promoção do português em Timor-Leste, com a geração dos fundadores do país a verem a língua portuguesa “como um facto consumado”, algo que não ocorre com alguns dos mais jovens. “Estamos a falar da próxima década ser crucial. É preciso ter em consideração que o envelhecimento da população acarreta necessariamente a perda da memória do sacrifício que foi a luta pela independência”, notou. “O português está associado diretamente com a afirmação da identidade timorense e quem tem isso na cabeça, presente, é a geração que lutou pela independência. Percebe a língua portuguesa como elemento diferenciador. Um jovem de 18 anos já não tem essa perceção. Daqui a 10 ou 15 anos a importância da LP será diluída”, se nada mudar, disse. Na administração pública, por exemplo, nota que muitos funcionários intermédios continuam sem conseguir usar a língua portuguesa, apesar dos avanços conseguidos nos últimos 20 anos. “Não vejo que nas instituições os funcionários intermédios tenham essa capacidade. Qual é a razão de ser? Talvez a falta de formação, de incentivos para as formações. Encontro diretores-gerais que não falam português, talvez porque não houve incentivo para promoção”, afirmou. “Não tenho conhecimento de que os sucessivos governos tenham investidos nisso. Tem a sua explicação também, a falta de recursos, de gente capaz no domínio da língua. Essa falta de domínio leva a uma dependência de consultores estrangeiros, às vezes apenas para a redação das próprias leis. O horizonte de 20 anos é muito curto, mas se essas pessoas não passam, vai-se perdendo”, considerou. Maurício Medeiros de Assis disse que, apesar de reconhecer os desafios com que as autoridades timorenses se deparam no que toca à promoção da língua, e de sublinhar os progressos conseguidos, é essencial ter, em todas as iniciativas, “um maior engajamento do lado timorense”. “O Governo tem que tomar uma decisão se realmente quer a língua portuguesa como realmente oficial, presente em todas as instituições públicas, na rede de ensino. São decisões políticas”, disse. “Com a entrada de Timor-Leste na ASEAN, haverá forças centrífugas em relação à língua portuguesa. O inglês é língua de trabalho da ASEAN, com centenas de reuniões por ano em todas as áreas possíveis. Os futuros recrutamentos da Função Pública, certamente exigirão fluência em inglês, ainda que não substitua o português”, alertou. O diploma deu como exemplo a comunicação do Governo com o público onde o português “é utilizado como bengala para a construção do tétum, que absorve da língua portuguesa o vocabulário de que não dispõe, científico, jurídico, e outro que é importado”. Muitas vezes, porém, a comunicação acaba por ser feita em tétum e inglês, eventualmente devido a alguns projetos terem a colaboração de outros países, das Nações Unidas ou da União Europeia, “que querem a presença do tétum com inglês”. “Duvido que um projeto da ONU na África francófona apareça em inglês. Diplomaticamente digo que não se trata de imposição, mas de um convencimento, de questionar porque não usar também o português para que os jovens possam fazer a correlação entre as duas línguas, tétum e português. Isso ajuda a reforçar”, disse. “Entendo todos os constrangimentos financeiros, de se tratar de projetos de outros países. Entendo a Austrália preparar um cartaz de um evento ou uma brochura em tétum e inglês. Mas no caso da ONU e da UE, não vejo tanta razão de ser. Como política de incentivo as duas lingas oficiais porque não fazer nas duas línguas oficiais?”, questionou.