A respeito da preservação dos avistamentos da Colina da Penha

A respeito da preservação dos avistamentos da Colina da Penha que as construções no Aterro do Fecho da Baía da Praia Grande devem assegurar

 

Por Mário Duarte Duque, arquitecto 

Em verdade, a preservação dos avistamento urbanos não se fazem a partir dos locais de avistamento, mas antes dos locais avistados.

Para efeito de planeamento urbanístico, é em torno dos locais avistados que é possível registar os pontos que daí se avistam e seleccionar aquelas onde importa manter esse avistamento.

E isso porque, em caso limite, não é possível, ou não importa, proporcionar o mesmo objecto de avistamento em todo o lado, e sobre isso há necessariamente decisões a tomar .

A título de exemplo, é a partir do Farol da Guia que importa definir onde a Luz deve chegar, para fixar os corredores, ou os planos, que devem ser mantidos para a passagem dessa Luz.

Como para a localização de uma fortaleza, o ponto e partida era o que dela se avistava, mais do que de onde ela era avistada, se bem que uma situação verificava a outra, que já era importante se de uma rede de sinalização se tratasse.

E porque em causa estão avistamentos urbanos, a mesma consideração tem-se aqui, sobre aquilo que aqui é importante, mas também se tem necessariamente ali, quando a questão ali se colocar, em relação ao mesmo objecto.

De outra forma não estamos a planear, estamos apenas a acudir ao momento, i.e. continuamos a aviar avulsamente plantas de condições urbanísticas, para lotes individuais, mesmo depois da entrada em vigor de um Plano Director.

Os avistamentos da Colina da Penha de manutenção prioritária, nas actuais condições, afiguram-se ser os percursos marginais dos lagos e os trajectos das pontes.

Em verdade, plantas cadastrais já com reserva de avistamentos foi o que já constou da cartografia de Macau antes da era do GPS, e logo que a cidade começou a crescer em altura, mesmo sem Plano Director.

Era por esses corredores visuais que se obtinha a informação topográfica da rede de estações geodésicas do território.

Azar daqueles que tinham os seus terrenos nesses corredores e sorte daqueles que os tinham, por uma unha negra, logo ao lado.

Mutatis mutandis, ocorre que agora, por via do mesmo desenvolvimento da arte e do engenho, só pode ser igualmente possível, por uma aplicação móvel, apontar uma lente a um edifício e obter num ecrã a imagem do que se avistaria, se esse edifício não estivesse lá.

Se fazemos isso para avistar estrelas quando estamos dentro de casa, o mesmo só pode ser igualmente possível para avistar o património da RAEM quando estamos na rua e temos um edifício pela frente. Mas desejavelmente uma solução de reserva, só no caso de as coisas não correrem bem.

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