Telecomunicações | Browser da Xiaomi bloqueia sites em Macau

O programa do fabricante impede o acesso a portais informativos, apesar da ligação ser feita em Macau. Um artigo do jornal Strait Times é completamente boqueado. A empresa reconhece que o problema está relacionado com o facto de existirem em Macau telemóveis que foram feitos para o mercado do Interior da China

 

[dropcap]A[/dropcap] empresa fabricante de telemóveis Xiaomi está a bloquear o acesso dos internautas de Macau a determinados portais noticiosos. O bloqueio é feito através do programa browser da empresa, denominado Mi Browser, que tem como logótipo um globo branco num fundo azul.

O programa vem incorporado nos telemóveis disponibilizados e faz parte da escolha pré-definida, para navegar nos diferentes websites. No domingo, o HM tentou aceder ao portal online do jornal Strait Times, em particular a uma notícia sobre o alegado surto de gripe das aves na província de Hunan, e deparou-se com a seguinte mensagem: “De acordo com as leis deste país, o acesso a este portal está banido”. O texto surge escrito em chinês simplificado.

Além deste texto, com letras pretas em fundo branco, não há mais nenhuma indicação sobre se o bloqueio é feito a pedido do Governo Central ou do Executivo da RAEM. A mensagem também não explica a lei que está em vigor que permite bloquear o acesso em Macau.

Quando contactada pelo HM, um fonte da empresa explicou que tal prende-se com o facto de haver em Macau dispositivos desenvolvidos a pensar no mercado do Interior, nomeadamente no que diz respeito ao sistema operativo. “A Xiaomi cumpre sempre as leis e os regulamentos dos mercados em que opera. Para os equipamentos destinados ao mercado do Interior são-nos exigidas definições que aplicamos para cumprir com os regulamentos”, foi explicado. “Por isso, sugerimos aos nossos utilizadores fora do Interior que escolham equipamentos com a versão global do MIUI [sistema operativo], para garantir uma melhor experiência com os aparelhos”, foi acrescentado.

O facto do Mi Browser bloquear o acesso a determinados portais não impede que um utilizador instale um outro browser e consiga navegar nesses portais. No mesmo dispositivo, com recurso, por exemplo aos browsers Firefox ou Google Chrome, o acesso ao site em causa foi concretizado sem qualquer restrição.

Também o Governo reconhece que esta situação se verifica e aconselha as pessoas a utilizarem outro programa em vez do browser Xiaomi. “Depois de se ter testado, verificou-se que o website não é mostrado apropriadamente devido a um problema de funcionamento do browser do Xiaomi. É recomendado que instale outro browser da rede (tal como o Chrome) para aceder ao website”, respondeu a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (CTT).

Queixas lá fora

Esta não será uma situação exclusiva de Macau e em vários fóruns online há utilizadores que afirmam estar em países da União Europeia, e se deparam com a mesma situação.

Além de haver portais bloqueados, o Browser Xiao apresenta ainda mensagem a desaconselhar a visita a determinados portais de informação.

É o que acontece quando o utilizador tenta aceder aos portais do Hoje Macau ou do South China Morning Post. A entrada é garantida, mas só depois de o utilizador assumir a responsabilidade do acesso. Em comum os portais mencionados têm o facto de serem bloqueados pela “Grande Muralha” do Interior da China, ou seja o sistema de censura e controlo da Internet que vigora ao abrigo do Primeiro Sistema.

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