António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasO Homem Novo [dropcap]O[/dropcap] Papa esteve em Moçambique. No seu discurso evocou Eusébio e Lourdes Mutola como dois resilientes e apontou-os como exemplo a ser seguido pelos jovens. Há uma ironia que verruma aqui, embora involuntária, pois o Papa não o saberia: o poder moçambicano gostaria muito de rasurar a memória desses dois “heróis evocados”, na leitura instrumentalista que faz da história, a Eusébio por ser um “traidor-não declarado”, ao preferir continuar a ser português, a Lourdes Mutola porque, de olhos abertos, lhes chamou ingratos e foi viver para a África do Sul com a sua “esposa”. Embora de grande notoriedade, e são uma história de sucesso popular, politicamente são bastardos. Dois anos depois de ter chegado a Maputo, mudei de casa e no outro lado da rua havia um bar que passei a frequentar. Eu e o Mário Coluna, o mítico médio do Benfica no tempo do Eusébio, que fez a escolha contrária à do atacante e voltou para Moçambique depois da carreira, abraçando o país novo. E foi treinador de clubes, e da selecção. Após o que, pela surra, foi colocado na prateleira e passou a ser um reformado de luxo. Quando o conheci, invariavelmente pelas cinco da tarde, estacionava o seu Mercedes diante do bar e aí se sentava emborcando uns sobre os outros, uísques, em conversas que não me pareciam defensivas nem ofensivas. Um dia recebo a encomenda para fazer uma sinopse para um possível filme sobre o Coluna, que teria, diziam-me, um empurrão para a produção do Carlos Queirós, e para apoio deram-me um álbum sobre o futebolista, em que se contava a história da sua vida, e que se chamava O Colosso. Soube então que era assim que ele era chamado em Moçambique: O Colosso. Entreguei o trabalhinho sobre o qual não obtive nem uma palavrinha nem a prebenda, como se nada me tivesse sido encomendado – experiência que, aliás se repetiu. E continuei a ver O Colosso por ali, eu no meu canto com os livrinhos e um uísquinho para duas horas, ele na sua sede escancarada. Um dia sentei-me na mesa ao lado da dele e ao cabo de uma hora de me ver concentrado em letras miúdas não resistiu a meter conversa comigo. E diz-me O Colosso: “Estes pobres, se não fossem os portugueses ainda estavam nas árvores!”, e ao mesmo tempo metia o cartão dele num canto da mesa. Era um ataque forte e pedia contenção na defesa. “Como?”. “…deram cabo de tudo e esqueceram que se não fossem os portugueses ainda viviam nas árvores! O Salazar é que…etc.” Vi-me no papel de fazer a defesa do diabo, “Olhe que os portugueses deixaram noventa por cento de analfabetos…”, ripostei, tentando amenizar-lhe o tom azedo, mesmo que sussurrado. Quando viu que defendia o seu objecto de desgosto, retirou o cartão da mesa, devolvendo-o ao seu bolso, e remeteu-se ao calado de mais um duplo. Eu fiquei desconcertado, por desconhecimento. O Colosso, afinal, sentira-se usado, descartado e de expectativas desiludidas, e até apesar da excelente reforma que lhe dava o estado moçambicano, de ter visto o seu nome atribuído a uma rua e da Fifa ter apoiado financeiramente a sua Academia de Futebol na vila da Namaacha, a sessenta km de Maputo. Não sei o que se teria passado para que ele – que fora um colaborador das forças que lutavam pela independência do país, antes do 25 de Abril, dando cobertura e tecto a clandestinos que passavam por Portugal no desforço da luta -, trinta anos depois da independência, à primeira oportunidade denunciasse uma tão entranhada nostalgia. A dignidade de O Colosso, que agiu correctamente no seu devido tempo, não fica beliscada, da situação só ressalta a tremenda contradição entre as expectativas individuais e aquilo que o omnívoro processo dos Estados arma – é inevitável que o Estado se sirva das “suas” figuras; depois ou corrompe-as (não terá sido o caso de nenhum deles) ou as desilude porque rapidamente as faz sentir que foram úteis no “seu” momento mas não providenciais. Pode a “frustração narcísica” – para mais num país que pugnava pelo “Homem Novo” – ser acompanhada de uma declarada rejeição moral sobre os processos políticos, mas, até pela desproporção de forças, é mais raro, sendo mais comum uma conversão religiosa ou a defesa do álcool. O Colosso, nos derradeiros anos da sua vida, passara de médio atacante a defesa central. Recentemente, assisti a alguns filmes realizados por moçambicanos que foram alunos da Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV), entre os quais um ironicamente chamado El Hombre Nuevo, de Lara de Sousa. O “Homem Novo” foi um conceito doutrinário comum aos países socialistas, para significar o “segundo nascimento” dos que são membros e co-criadores da nova sociedade socialista. Nesse filme que se passa numa barbearia cubana, el “hombre nuevo” aplica-se a um novo tipo de penteado que apraz muito aos jovens, que nas conversas argumentavam pela “naturalidade” do machismo e do papel viril do homem – apesar do penteado, aquilo pareceu-me muito velho, para lá de idoso, e consterna pensar que depois de 60 anos de revolução cubana e de uma “nueva educacion” tudo está apenas mais “castiço”, tal como constrange constatar que, trinta anos depois da independência, o Papa não teve outros valores moçambicanos para referenciar que o de dois desportistas – um impulsionado pelo Estado Novo e outro fruto da carolice individual. São demasiadas gerações desbaratadas para tão pouco. Fazia parte das premissas das sociedades que promoviam o “Homem Novo” um “Esquecimento Consecutivo”, o que justificará o rol de omissões e o esforço para abafamento dos meritórios que continua a vingar nos países que abraçaram o “socialismo”, onde só o colectivo importa e as personalidades, num momento ou noutro, se tornam incómodas, personas non gratas. Neste sentido, a visita do Papa acabou por ser salutar, mesmo que involuntariamente.
Gisela Casimiro Estendais h | Artes, Letras e IdeiasUm lugar à mesa [dropcap]S[/dropcap]ão muitos, para todos os gostos, viciantes, uma pequena escola de culinária. Vão criando versões e reinventando-se uns aos outros. Contam-nos episódios ilustrados ao pormenor por fotografias em que os humanos são secundários e as refeições, o que importa. Fazem-nos companhia. Inspiram-nos. Vêem nascer amizades. A Ana Luísa Amaral tem muitos poemas que são, na verdade, receitas, e os seus poemas estão para a realidade como os blogs gastronómicos estão, bem, para o resto. Já desconfiava da doença, porém nunca poderia adivinhar o resto. O que sabemos, realmente, senão o que as pessoas demonstram? Nas redes, pelo menos. A inevitabilidade de um ocasional revirar de olhos e uma crítica silenciosa quando surgem os moralismos que no fundo só são bons para os outros, sob a forma de posts partilhados. Share it until you make it, talvez. Partilhar para acreditar. Somos da velha escola, do blogspot e do livejournal, mas os flagelos que nos acometem são muito, muito mais antigos ainda e não parecem querer ir a lado algum. Há cinco anos que este blog incontornável não era actualizado. Era como alguém cujo regresso desejamos secretamente mas não acreditamos que aconteça. Alguém com uma presença, um legado tão vincado que é impossível não nos entretermos mesmo na sua aparente ausência. Contar quantas vezes me alimentei e aos meus amigos com as suas receitas revelar-se-ia tarefa impossível. “Deixa-a lá dentro, cortada, na cozinha, e traz-me só café. Pousa a bandeja ali, e depois vai. Não quero o seu olhar: Recorda-me a prisão que ele habitou (sem ser por mim) e a outra em que eu morei, e onde fiquei, Lembrando o seu olhar.” Estava no supermercado, outro dia, a planear o que iria cozinhar esta semana, não fosse eu viciada em meal prep, mas algo me faltava. Algo que, tantas vezes, encontro no Ponto Espadana, na Smitten Kitchen, no Para Cozinhar, no The Kitchn, no Two Fat Ladies (saudades das originais) onde nem uma receita de caldo mancarra falta, na lista memorável de saladas do Mark Bittman no New York Times. Não desta vez. Abri um blog antigo, fiável, cujos links de receitas partilhei infindáveis vezes, e que, repito, não via posts novos há anos. Mas a verdade é que a última actualização aconteceu há precisamente um ano. “E agora mostras a toda a gente o cesto, e não há sombra.” A minha busca por inspiração foi abruptamente colocada em pausa. Fiquei ali, parada no corredor, a estorvar a multidão que se abastecia de mantimentos como se o fim de semana fosse uma catástrofe e o supermercado o bunker. Li um testemunho sincero, vulnerável, revelador: “assunto delicado e importante.” “Tão brilhante e tão quente. Como sabe a vermelho este café – ” Uma despedida muito após o desaparecimento, com explicações para nós, os leitores. “Deixo um bilhete à porta, junto ao Hades, na esperança de que o cão o não destrua – ” Acontece que me habituara há muito a googlar o nome do ingrediente principal e o do blog, abrindo directamente as páginas que me interessavam, certa de que encontraria ali inúmeras receitas, dicas, dicionários de termos portugueses e brasileiros, curiosidades e histórias de familiares e amigos desta mulher que viveu em França, em Timor, na Terceira. Depois, espreitava as sugestões no fim de cada post. A Elvira (mãe dos blogs portugueses de culinária) lembrava-me a Filipa Vacondeus e o Chefe Silva (mãe e pai da tv e das revistas) por ter-se tornado um clássico. Por ensinar-nos os clássicos. Por ter sempre um nome carinhoso, de alguém que amava, para dar a uma receita em vez do original. “Deve ser isso o que a mantém, A faz vestir-se todos os dias, tomar o cesto das compras, Escolher legumes naquela mercearia: Os minúsculos gestos de que a vida é feita Quando a guerra é ausente” Um mês após esse último post, ela deixou-nos. Semanas passaram, no entanto, entre a minha primeira descoberta e a segunda, que me horrorizou ainda mais, quando procurei o seu nome no Google e surgiu o verbo morrer como sugestão complementar de busca. Agora, um ano após a sua partida, queria poder inventar uma receita que a honrasse, confortasse, fizesse dançar e cantar durante a preparação, ver o fuminho a sair delicado e seguro do que quer que estivesse no prato, talvez não um prato mas um tabuleiro de grão-de-bico com chouriço e ovos. Ou uma carne espiritual. Ou a delicadíssima lista que forneceu durante uma entrevista quando lhe perguntaram qual seria a sua última refeição. Não sei se a teve. Não sei se foi exactamente como ela queria. Não sei porque é que nunca lhe escrevi. Não sei se a Ana Luísa Amaral e a Elvira do Elvira’s Bistrot sabiam uma da outra, mas imagino-as a discutir receitas na cozinha e na vida, como nesta conversa imaginada. Não sei porque é que os cancros e as violências domésticas andam de mãos dadas. Mas sei que tudo aquilo foi real. Tudo: a sua dedicação e a nossa admiração. “Vou apagar a luz. Sair da mesa. Ela aguarda. E eu vou – ” Sinto-me como se tivesse chegado tarde, demasiado tarde, a casa. Mas sei que a Elvira terá sempre um lugar à mesa.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo. “Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters. Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou. Washington na agenda O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres. Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou. Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHong Kong | Joshua Wong expressa continuação dos protestos em Berlim [dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong, fundador do partido de Hong Kong Demosisto, deu ontem uma conferência de imprensa em Berlim onde garantiu que a luta em prol de uma reforma do sistema político na região vizinha deverá continuar, apesar de Carrie Lam ter retirado a proposta de lei da extradição do Conselho Legislativo. “Há 30 anos ninguém conseguia prever que a URSS iria cair. Ninguém iria prever que o Muro de Berlim iria cair. Com a nossa paixão e determinação, apenas queremos que o mundo saiba que a população de Hong Kong merece a democracia. Culpam-me de ser um separatista, mas para ser claro, a população de Hong Kong deseja uma reforma do sistema político. Apenas queremos eleger o nosso Governo e o Chefe do Executivo”, declarou, numa conferência reproduzida pela agência Reuters. Joshua Wong recordou que o sufrágio universal “foi uma promessa feita na mini-constituição de Hong Kong e também na Declaração Conjunta” assinada com o Reino Unido. “Vamos continuar a nossa luta até ao dia em que possamos desfrutar de um sistema”, frisou. Washington na agenda O activista pede que sejam canceladas as exportações de gás pimenta e material semelhante para Hong Kong, sobretudo depois dos actos da polícia durante os protestos, apelidados de “terror branco”. “Gostaria de expressar aqui as nossas preocupações relativamente ao abuso de poder levado a cabo pela polícia”, disse Joshua Wong, que relatou ainda casos de assédio sexual alegadamente perpetrados por agentes aquando das detenções de mulheres. Apesar disso, o activista assumiu também a violência levada a cabo por muitos dos manifestantes. “(O Governo) recusou levar a cabo qualquer reforma do sistema político. Admito que a força foi usada pelos manifestantes, mas todos sabemos que as crises políticas devem ser resolvidas com uma reforma do sistema político”, rematou. Depois da viagem a Taiwan e à Alemanha, Joshua Wong desloca-se na próxima semana a Washington. Os manifestantes têm apelado ao Congresso norte-americano que aprove uma lei que exige ao país a certificação anual de que Hong Kong permanece com um alto grau de autonomia em relação à China continental. Se Washington concluir que o grau de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais com os Estados Unidos. Além disso, o diploma pode levar à possibilidade da perda de activos nos EUA e à proibição de entrada no país dos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Hoje Macau EventosMagalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa [dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa. “As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha. A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”. “Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou. Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque. Preocupação ambiental “Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou. Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos. “A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva. Mostras em movimento Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”. As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas. A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães. Interesses comerciais “Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou. “Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.
Hoje Macau EventosMagalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa [dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa. “As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha. A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”. “Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou. Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque. Preocupação ambiental “Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou. Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos. “A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva. Mostras em movimento Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”. As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas. A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães. Interesses comerciais “Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou. “Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.
Hoje Macau SociedadeMUST | Jornal Apple Daily só pode ser lido sob consulta [dropcap]A[/dropcap] Rádio Macau noticiou ontem que o jornal Apple Daily deixou de estar disponível para leitura livre na biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). Quem quiser ler o jornal terá de fazer um pedido aos funcionários da biblioteca, sendo que esta medida vigora desde Agosto. Antes disso, o jornal estava disponível junto a outros jornais de língua chinesa e podia ser consultado livremente, sem o auxílio de funcionários da MUST. O jornal fundado por Jimmy Lai tem mostrado uma postura de apoio ao movimento pró-democracia do território vizinho. À Rádio Macau, a MUST nega ter feito alterações neste sentido. Já o jornal Apple Daily diz não ter conhecimento do caso, mas admite uma ligação aos recentes protestos de Hong Kong. “Não sei exactamente as razões, mas penso que será por causa do movimento em Hong Kong. O jornal tem dado muitas notícias sobre a proposta de lei da extradição. Pode ser esse o caso, mas na verdade não sei a razão que estará por detrás”, disse Cheung Kim-hung, administrador do jornal, que já se deparou com outras práticas semelhantes. “Tenho-me deparado com muitas organizações e clubes privados que só mostram jornais pró-Governo. Não é novo para mim, mas como é uma universidade, acho que os alunos e o pessoal da biblioteca devem protestar contra esta nova medida, se realmente assim for”. Cheung Kim-hung considera estar em causa “uma restrição à liberdade de imprensa”. De frisar que o jornal é censurado na China, país de onde é oriunda grande parte dos alunos da MUST.
Hoje Macau SociedadeMUST | Jornal Apple Daily só pode ser lido sob consulta [dropcap]A[/dropcap] Rádio Macau noticiou ontem que o jornal Apple Daily deixou de estar disponível para leitura livre na biblioteca da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). Quem quiser ler o jornal terá de fazer um pedido aos funcionários da biblioteca, sendo que esta medida vigora desde Agosto. Antes disso, o jornal estava disponível junto a outros jornais de língua chinesa e podia ser consultado livremente, sem o auxílio de funcionários da MUST. O jornal fundado por Jimmy Lai tem mostrado uma postura de apoio ao movimento pró-democracia do território vizinho. À Rádio Macau, a MUST nega ter feito alterações neste sentido. Já o jornal Apple Daily diz não ter conhecimento do caso, mas admite uma ligação aos recentes protestos de Hong Kong. “Não sei exactamente as razões, mas penso que será por causa do movimento em Hong Kong. O jornal tem dado muitas notícias sobre a proposta de lei da extradição. Pode ser esse o caso, mas na verdade não sei a razão que estará por detrás”, disse Cheung Kim-hung, administrador do jornal, que já se deparou com outras práticas semelhantes. “Tenho-me deparado com muitas organizações e clubes privados que só mostram jornais pró-Governo. Não é novo para mim, mas como é uma universidade, acho que os alunos e o pessoal da biblioteca devem protestar contra esta nova medida, se realmente assim for”. Cheung Kim-hung considera estar em causa “uma restrição à liberdade de imprensa”. De frisar que o jornal é censurado na China, país de onde é oriunda grande parte dos alunos da MUST.
João Luz SociedadeMGM | Grant Bowie esperançado que 2020 traga melhores resultados O director executivo da MGM China Holdings espera que as receitas da operadora voltem a cair no segundo semestre de 2019, situação complicada que compara ao que aconteceu em 2014. Ainda assim, Grant Bowie mostra-se confiante quanto aos resultados do próximo ano [dropcap]E[/dropcap]stamos dependentes dos mercados. Acho que há muitos desafios globais por ultrapassar e Macau não está imune a essas dificuldades”, referiu o CEO da MGM China Holdings Ltd, Grant Bowie, citado pela TDM. O director da operadora referiu que depois de ultrapassados os “desafios” que se devem estender até ao final do ano, é expectável que os resultados da indústria do jogo melhorem em 2020. Apesar dos alertas, Bowie não esclareceu quais os desafios a que se referiu. “É preciso cuidado, temos de ser diligentes e trabalhar muito para mostrar aos nossos clientes que vale a pena virem a Macau”, acrescentou o CEO da MGM. Apesar do panorama negro deste ano, Grant Bowie está confiante no futuro. “Mantenho o optimismo em relação a 2020. Acho que quando superarmos todos estes desafios, quando tivermos alguma clarividência e os negócios retomarem a dinâmica, as receitas do jogo de Macau vão voltar a crescer”, projectou o homem forte da MGM. A descida do número de visitantes até ao final do ano é uma possibilidade que Grant Bowie não afasta, no contexto dos inúmeros eventos oficiais programadas para a segunda metade do ano, como o 20º aniversário da RAEM. “Vão acontecer muitas actividades, mas, ao mesmo tempo, a proliferação de eventos oficiais, numa altura histórica tão importante para Macau, pode resultar na quebra de visitantes”, comentou. Há cinco anos Nos primeiros sete meses do ano, entraram no território mais de 23,8 milhões de visitantes, o que representou um crescimento de 20 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Apesar deste contexto, Bowie traçou uma comparação com o que se passou em 2014, ressalvando que este ano o impacto foi menos severo porque as seis operadoras se precaveram a tempo para a quebra do crescimento das receitas. Em relação ao impacto da turbulência política vivida em Hong Kong no número de visitantes que chegam a Macau, Grant Bowie entende que é “melhor esperar para ver”. De acordo com dados oficiais, as receitas da indústria do jogo caíram 1,9 por cento nos primeiros oito meses do ano, em relação ao mesmo período de 2018, para 198,2 mil milhões de patacas. Números que contrastam com o aumento de 20 por cento de visitantes nos primeiros sete meses do ano para 23,8 milhões de pessoas.
João Luz SociedadeMGM | Grant Bowie esperançado que 2020 traga melhores resultados O director executivo da MGM China Holdings espera que as receitas da operadora voltem a cair no segundo semestre de 2019, situação complicada que compara ao que aconteceu em 2014. Ainda assim, Grant Bowie mostra-se confiante quanto aos resultados do próximo ano [dropcap]E[/dropcap]stamos dependentes dos mercados. Acho que há muitos desafios globais por ultrapassar e Macau não está imune a essas dificuldades”, referiu o CEO da MGM China Holdings Ltd, Grant Bowie, citado pela TDM. O director da operadora referiu que depois de ultrapassados os “desafios” que se devem estender até ao final do ano, é expectável que os resultados da indústria do jogo melhorem em 2020. Apesar dos alertas, Bowie não esclareceu quais os desafios a que se referiu. “É preciso cuidado, temos de ser diligentes e trabalhar muito para mostrar aos nossos clientes que vale a pena virem a Macau”, acrescentou o CEO da MGM. Apesar do panorama negro deste ano, Grant Bowie está confiante no futuro. “Mantenho o optimismo em relação a 2020. Acho que quando superarmos todos estes desafios, quando tivermos alguma clarividência e os negócios retomarem a dinâmica, as receitas do jogo de Macau vão voltar a crescer”, projectou o homem forte da MGM. A descida do número de visitantes até ao final do ano é uma possibilidade que Grant Bowie não afasta, no contexto dos inúmeros eventos oficiais programadas para a segunda metade do ano, como o 20º aniversário da RAEM. “Vão acontecer muitas actividades, mas, ao mesmo tempo, a proliferação de eventos oficiais, numa altura histórica tão importante para Macau, pode resultar na quebra de visitantes”, comentou. Há cinco anos Nos primeiros sete meses do ano, entraram no território mais de 23,8 milhões de visitantes, o que representou um crescimento de 20 por cento em relação ao período homólogo do ano passado. Apesar deste contexto, Bowie traçou uma comparação com o que se passou em 2014, ressalvando que este ano o impacto foi menos severo porque as seis operadoras se precaveram a tempo para a quebra do crescimento das receitas. Em relação ao impacto da turbulência política vivida em Hong Kong no número de visitantes que chegam a Macau, Grant Bowie entende que é “melhor esperar para ver”. De acordo com dados oficiais, as receitas da indústria do jogo caíram 1,9 por cento nos primeiros oito meses do ano, em relação ao mesmo período de 2018, para 198,2 mil milhões de patacas. Números que contrastam com o aumento de 20 por cento de visitantes nos primeiros sete meses do ano para 23,8 milhões de pessoas.
Andreia Sofia Silva SociedadeSubsídios a cuidadores | IAS quer plano experimental em 2020 Celeste Vong, presidente do Instituto de Acção Social, disse ontem no programa de rádio Fórum Macau que até finais de Dezembro deverá existir um plano de apoios financeiros a conceder a quem cuida de pessoas dependentes, para ser posto em prática em 2020. Hetzer Siu e Fátima dos Santos Ferreira felicitam a medida [dropcap]O[/dropcap] Governo promete avançar mais cedo do que o previsto com um plano financeiro de apoio aos que não podem trabalhar para cuidar de dependentes. Celeste Vong, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), disse ontem que até final do ano deverá existir um plano inicial para a concessão de apoio, de acordo com a Rádio Macau. O IAS quer, assim, desenvolver um plano sobre o subsídio para cuidadores de deficientes e doentes crónicos até Dezembro, para depois consultar opiniões no início do próximo ano. A medida deve entrar em fase de testes na segunda metade de 2020. As declarações de Celeste Vong foram feitas no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, e pretende-se que o subsídio seja implementado sem que seja necessário esperar por uma lei. Recorde-se que, em Maio, o Executivo defendeu que ainda não estavam reunidas as condições para implementar esta medida, e que seriam necessários três anos para estudar a matéria. Celeste Vong adiantou, contudo, que o IAS precisa de tempo para estudar a forma como este subsídio vai ser aplicado, uma vez que este terá “carácter permanente”, sendo necessário adoptar alguma “prudência”. Definir critérios Contactado pelo HM, Hetzer Siu, presidente da associação Macau Special Olympics, disse que é necessário avaliar quais os tipos de cuidadores que estarão abrangidos por este apoio. “Apoio qualquer proposta que possa ajudar os cuidadores, mas o Governo deve dar mais detalhes sobre que tipo de cuidador pode ser incluído na proposta”, começou por dizer. “Vão também incluir os cuidadores que são menos necessários? Gostaríamos de saber quais são os critérios. Penso que vão escolher um ou dois tipos de cuidadores para dar apoio”, adiantou. Fátima Santos Ferreira, presidente da Associação de Reabilitação Fu Hong, defendeu que este apoio é muito necessário, sobretudo “para os pais de portadores de deficiência mental”, uma vez que “muitos deles deixaram de trabalhar para poder cuidar dos seus filhos, e isso vai ajudar muito à economia doméstica”. Outro ponto destacado pela responsável é o facto do IAS ter encurtado o tempo de estudo sobre esta medida. “Inicialmente disseram que tinham de esperar três anos para estudar melhor a questão. É bom que tenham decidido, a título experimental, pôr em prática a medida que é boa para melhorar a situação de quem cuida de deficientes e idosos. Depois, ao longo do ano, podem analisar melhor (a sua implementação)”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadeSubsídios a cuidadores | IAS quer plano experimental em 2020 Celeste Vong, presidente do Instituto de Acção Social, disse ontem no programa de rádio Fórum Macau que até finais de Dezembro deverá existir um plano de apoios financeiros a conceder a quem cuida de pessoas dependentes, para ser posto em prática em 2020. Hetzer Siu e Fátima dos Santos Ferreira felicitam a medida [dropcap]O[/dropcap] Governo promete avançar mais cedo do que o previsto com um plano financeiro de apoio aos que não podem trabalhar para cuidar de dependentes. Celeste Vong, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), disse ontem que até final do ano deverá existir um plano inicial para a concessão de apoio, de acordo com a Rádio Macau. O IAS quer, assim, desenvolver um plano sobre o subsídio para cuidadores de deficientes e doentes crónicos até Dezembro, para depois consultar opiniões no início do próximo ano. A medida deve entrar em fase de testes na segunda metade de 2020. As declarações de Celeste Vong foram feitas no programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, e pretende-se que o subsídio seja implementado sem que seja necessário esperar por uma lei. Recorde-se que, em Maio, o Executivo defendeu que ainda não estavam reunidas as condições para implementar esta medida, e que seriam necessários três anos para estudar a matéria. Celeste Vong adiantou, contudo, que o IAS precisa de tempo para estudar a forma como este subsídio vai ser aplicado, uma vez que este terá “carácter permanente”, sendo necessário adoptar alguma “prudência”. Definir critérios Contactado pelo HM, Hetzer Siu, presidente da associação Macau Special Olympics, disse que é necessário avaliar quais os tipos de cuidadores que estarão abrangidos por este apoio. “Apoio qualquer proposta que possa ajudar os cuidadores, mas o Governo deve dar mais detalhes sobre que tipo de cuidador pode ser incluído na proposta”, começou por dizer. “Vão também incluir os cuidadores que são menos necessários? Gostaríamos de saber quais são os critérios. Penso que vão escolher um ou dois tipos de cuidadores para dar apoio”, adiantou. Fátima Santos Ferreira, presidente da Associação de Reabilitação Fu Hong, defendeu que este apoio é muito necessário, sobretudo “para os pais de portadores de deficiência mental”, uma vez que “muitos deles deixaram de trabalhar para poder cuidar dos seus filhos, e isso vai ajudar muito à economia doméstica”. Outro ponto destacado pela responsável é o facto do IAS ter encurtado o tempo de estudo sobre esta medida. “Inicialmente disseram que tinham de esperar três anos para estudar melhor a questão. É bom que tenham decidido, a título experimental, pôr em prática a medida que é boa para melhorar a situação de quem cuida de deficientes e idosos. Depois, ao longo do ano, podem analisar melhor (a sua implementação)”, rematou.
João Santos Filipe PolíticaChui Sai On assinou despacho para preparar transição de Governo [dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo em funções, Chui Sai On, emitiu ontem um comunicado a elogiar Ho Iat Seng e a desejar-lhe os parabéns por ter sido nomeado pelo Conselho de Estado como próximo Chefe do Executivo. “Desde o retorno de Macau à Pátria, Ho Iat Seng ocupou importantes cargos públicos para benefício do País e de Macau. Serviu-os sempre sob o espírito de ‘amar a Pátria e amar Macau’. Os seus esforços e contributos estão bem visíveis”, recordou Chui. “O facto de Ho Iat Seng ter sido eleito com um elevado número de votos demonstra a aceitação geral e amplo apoio de que goza junto dos diversos sectores da população”, foi acrescentado. Na mesma mensagem foi igualmente deixado um voto de confiança ao futuro líder do Executivo: “O Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o Governo da RAEM acreditam que, após a sua tomada de posse, Ho Iat Seng certamente conseguirá liderar a nova administração unida com toda a sociedade”, foi dito. “Caminhando firmemente sobre os alicerces construídos durante os vinte anos desde o estabelecimento da RAEM, o responsável será ainda capaz de criar um novo quadro para o desenvolvimento local, acrescentando mais um capítulo à implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, foi acrescentado. Mudança em curso Além dos elogios, a mensagem do Gabinete de Chui Sai On revelou ainda que hoje vai ser publicado um despacho que instrui todos os “gabinetes dos secretários, bem como todos os serviços e entidades públicas” a disponibilizarem imediatamente os meios necessários a Ho. “No sentido de oferecer o seu forte apoio a Ho Iat Seng para a organização da nova equipa governativa, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, emitiu o despacho que orienta os gabinetes dos secretários, bem como todos os serviços e entidades públicas a, no âmbito das suas competências, suprirem as necessidades do Chefe do Executivo do V Governo da RAEM, particularmente no que respeita à disponibilização e dotação temporária de recursos humanos, materiais e logística”, é apontado. “Os encargos que não corresponderem às competências dos gabinetes dos secretários, serviços e entidades públicas serão assegurados pelo orçamento do Gabinete do Chefe do Executivo ou por quaisquer outras verbas destinadas pela Divisão de Serviços de Finanças para tais efeitos”, foi ainda clarificado. Ho Iat Seng toma posse a 20 de Dezembro e Chui Sai On deixa o cargo a 19 do mesmo mês, depois de ter cumprido dois mandatos.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPequim | Xi Jinping recebe e elogia Ho Iat Seng Xi Jinping recebeu ontem o futuro Chefe do Executivo e deixou rasgados elogios ao contributo de Ho para o País e para Macau. No encontro, pediu a Ho que reforme a estratégia da economia e mantenha a estabilidade da RAEM [dropcap]U[/dropcap]m homem que sempre foi patriota e que serviu dedicadamente a sociedade de Macau. Foi desta forma, segundo o jornal Ou Mun, que o Presidente Xi Jinping definiu ontem Ho Iat Seng, durante um encontro com o futuro líder do Governo da RAEM. Depois de um cumprimento público, Xi Jinping endereçou os parabéns a Ho Iat Seng por ter sido eleito o Chefe do Executivo e recordou um passado ligado ao País. Segundo Xi, Ho serviu dedicadamente a RAEM durante vários anos e sempre com um sentimento de Amor pelo País e por Macau, trabalhando arduamente nos vários cargos públicos que ocupou, como membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional e presidente da Assembleia Legislativa. O supremo líder chinês elogiou ainda os grandes esforços de Ho para a reforma do País, para a abertura económica e para a prosperidade e estabilidade de Macau. Depois, garantiu que Ho tem toda a confiança do Governo Central e o reconhecimento do seu contributo positivo para o país. Em relação à eleição de Ho para Chefe do Executivo, Xi sublinhou a elevada votação, com 392 votos entre os 400 membros do Colégio Eleitoral, o que no seu entender demonstra o grande reconhecimento dos esforços de Ho por parte da sociedade de Macau. Já em relação às expectativas para a governação de Ho, o presidente apontou o caminho: o futuro Chefe do Executivo vai ter de cuidar da situação da RAEM, sempre com olhos no futuro, e saber responder às necessidades do desenvolvimento da economia. Finalmente, Xi pediu a Ho Iat Seng que lidere o Governo de Macau e a população num esforço conjunto para reformar e inovar a economia local, fazer um planeamento para uma estratégia de futuro e que continue a por em prática de forma bem-sucedida o princípio Um País, Dois Sistemas. Encontro com Li Também ontem, Ho Iat Seng recebeu das mãos do Primeiro-Ministro Li Keqiang o decreto de nomeação do Conselho de Estado que confirma que vai ser o próximo Chefe do Executivo. Segundo o jornal Ou Mun, na cerimónia o futuro líder do Governo afirmou estar honrado e comprometeu-se a fazer tudo para justificar a confiança do Governo Central. Após a entrega do decreto, Li Keqiang tomou a palavra e revelou acreditar que Ho Iat Seng vai conduzir o Governo da RAEM e todos os residentes num esforço de união com o objectivo de promover novos feitos dentro do princípio Um País, Dois Sistemas. O primeiro-ministro fez ainda um balanço do que tem sido a acção do Governo de Macau, sublinhado que desde o retorno à pátria houve um grande progresso a nível económico, que permite melhorar as condições de vida da população. Por outro lado, Li destacou a harmonia social, a estabilidade e o sentimento de confiança e cooperação profunda com o Interior da China. O membro do Governo Central prometeu igualmente que as pessoas de Macau e o Governo vão continuar a ter todo o apoio das autoridades centrais e do País. Durante a cerimónia, que decorreu ontem de manhã em Pequim, na Torre da Luz Púrpura de Zhongnanhai, Ho agradeceu a recepção a Li Keqiang e a nomeação ao Governo Central. O futuro Chefe do Executivo disse ainda sentir-se “profundamente honrado” e afirmou que vai trabalhar com um sentido de missão, para cumprir as expectativas e a confiança depositada pelo Governo do País. Ainda durante a mesma cerimónia, Ho Iat Seng referiu ir implementar de forma inabalável o princípio “Um País, Dois Sistemas” e seguindo a liderança do Presidente Xi Jinping e do Governo Central. O respeito pela Constituição da República Popular Chinesa e pela Lei Básica foi igualmente referido com um elemento basilar para o desempenho das futuras funções. Já em relação à governação da RAEM, Ho comprometeu-se a unir e liderar todos os residentes de Macau e a focá-los através de um trabalho árduo na manutenção da estabilidade social e no desenvolvimento económico. O líder do Governo prometeu ainda continuar a melhorar as condições de vida da população e criar uma fase no desenvolvimento da RAEM. O exemplo de Macau Durante o discurso na recepção da Ho Iat Seng, Xi Jinping não se esqueceu de mencionar o contributo dos primeiros Chefes do Executivo da RAEM, Edmundo Ho e Chui Sai On. De acordo com as palavras do Presidente, citadas pelo jornal Ou Mun, foi referido que o Governo da RAEM, com Ho e Chui ao leme, conseguiu compreender e implementar correctamente o princípio Um País, Dois Sistemas. Além disso, os anteriores governantes conseguiram igualmente respeitar os direitos consagrados na Constituição e na Lei Básica, ao mesmo tempo que transmitiram os valor do Amor pela Pátria e por Macau. Xi afirmou ainda que Macau tem mostrado o sucesso do princípio Um País, Dois Sistemas, que este é exequível, pode ser implementado com sucesso e é popular junto da sociedade.
João Santos Filipe Manchete PolíticaPequim | Xi Jinping recebe e elogia Ho Iat Seng Xi Jinping recebeu ontem o futuro Chefe do Executivo e deixou rasgados elogios ao contributo de Ho para o País e para Macau. No encontro, pediu a Ho que reforme a estratégia da economia e mantenha a estabilidade da RAEM [dropcap]U[/dropcap]m homem que sempre foi patriota e que serviu dedicadamente a sociedade de Macau. Foi desta forma, segundo o jornal Ou Mun, que o Presidente Xi Jinping definiu ontem Ho Iat Seng, durante um encontro com o futuro líder do Governo da RAEM. Depois de um cumprimento público, Xi Jinping endereçou os parabéns a Ho Iat Seng por ter sido eleito o Chefe do Executivo e recordou um passado ligado ao País. Segundo Xi, Ho serviu dedicadamente a RAEM durante vários anos e sempre com um sentimento de Amor pelo País e por Macau, trabalhando arduamente nos vários cargos públicos que ocupou, como membro do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional e presidente da Assembleia Legislativa. O supremo líder chinês elogiou ainda os grandes esforços de Ho para a reforma do País, para a abertura económica e para a prosperidade e estabilidade de Macau. Depois, garantiu que Ho tem toda a confiança do Governo Central e o reconhecimento do seu contributo positivo para o país. Em relação à eleição de Ho para Chefe do Executivo, Xi sublinhou a elevada votação, com 392 votos entre os 400 membros do Colégio Eleitoral, o que no seu entender demonstra o grande reconhecimento dos esforços de Ho por parte da sociedade de Macau. Já em relação às expectativas para a governação de Ho, o presidente apontou o caminho: o futuro Chefe do Executivo vai ter de cuidar da situação da RAEM, sempre com olhos no futuro, e saber responder às necessidades do desenvolvimento da economia. Finalmente, Xi pediu a Ho Iat Seng que lidere o Governo de Macau e a população num esforço conjunto para reformar e inovar a economia local, fazer um planeamento para uma estratégia de futuro e que continue a por em prática de forma bem-sucedida o princípio Um País, Dois Sistemas. Encontro com Li Também ontem, Ho Iat Seng recebeu das mãos do Primeiro-Ministro Li Keqiang o decreto de nomeação do Conselho de Estado que confirma que vai ser o próximo Chefe do Executivo. Segundo o jornal Ou Mun, na cerimónia o futuro líder do Governo afirmou estar honrado e comprometeu-se a fazer tudo para justificar a confiança do Governo Central. Após a entrega do decreto, Li Keqiang tomou a palavra e revelou acreditar que Ho Iat Seng vai conduzir o Governo da RAEM e todos os residentes num esforço de união com o objectivo de promover novos feitos dentro do princípio Um País, Dois Sistemas. O primeiro-ministro fez ainda um balanço do que tem sido a acção do Governo de Macau, sublinhado que desde o retorno à pátria houve um grande progresso a nível económico, que permite melhorar as condições de vida da população. Por outro lado, Li destacou a harmonia social, a estabilidade e o sentimento de confiança e cooperação profunda com o Interior da China. O membro do Governo Central prometeu igualmente que as pessoas de Macau e o Governo vão continuar a ter todo o apoio das autoridades centrais e do País. Durante a cerimónia, que decorreu ontem de manhã em Pequim, na Torre da Luz Púrpura de Zhongnanhai, Ho agradeceu a recepção a Li Keqiang e a nomeação ao Governo Central. O futuro Chefe do Executivo disse ainda sentir-se “profundamente honrado” e afirmou que vai trabalhar com um sentido de missão, para cumprir as expectativas e a confiança depositada pelo Governo do País. Ainda durante a mesma cerimónia, Ho Iat Seng referiu ir implementar de forma inabalável o princípio “Um País, Dois Sistemas” e seguindo a liderança do Presidente Xi Jinping e do Governo Central. O respeito pela Constituição da República Popular Chinesa e pela Lei Básica foi igualmente referido com um elemento basilar para o desempenho das futuras funções. Já em relação à governação da RAEM, Ho comprometeu-se a unir e liderar todos os residentes de Macau e a focá-los através de um trabalho árduo na manutenção da estabilidade social e no desenvolvimento económico. O líder do Governo prometeu ainda continuar a melhorar as condições de vida da população e criar uma fase no desenvolvimento da RAEM. O exemplo de Macau Durante o discurso na recepção da Ho Iat Seng, Xi Jinping não se esqueceu de mencionar o contributo dos primeiros Chefes do Executivo da RAEM, Edmundo Ho e Chui Sai On. De acordo com as palavras do Presidente, citadas pelo jornal Ou Mun, foi referido que o Governo da RAEM, com Ho e Chui ao leme, conseguiu compreender e implementar correctamente o princípio Um País, Dois Sistemas. Além disso, os anteriores governantes conseguiram igualmente respeitar os direitos consagrados na Constituição e na Lei Básica, ao mesmo tempo que transmitiram os valor do Amor pela Pátria e por Macau. Xi afirmou ainda que Macau tem mostrado o sucesso do princípio Um País, Dois Sistemas, que este é exequível, pode ser implementado com sucesso e é popular junto da sociedade.
Hoje Macau PolíticaDSSOPT atira a responsabilidade de “contradições” em terreno da Ilha Verde para o IC [dropcap]A[/dropcap]pós o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) ter repreendido a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) e o Instituto Cultural (IC) sobre a forma como lidaram com o terreno da Colina Ilha Verde, onde há um convento abandonado, a deputada Agnes Lam questionou as Obras Públicos sobre a existência de discrepância entre os diversos planos de urbanização em vigor e a Lei da Salvaguarda do Património Cultural. Porém, na resposta, o organismo sob a tutela do secretário Raimundo Rosário limitou-se a responder que apenas segue as instruções do IC. “Nos termos do quadro legal vigente, o Instituto Cultural é sempre ouvido, antes da DSSOPT iniciar a elaboração do projecto da Planta de Condições Urbanísticas relativas ao Centro Histórico de Macau, a bens imóveis classificados ou a zona de protecção, e neste contexto, é dado o pleno cumprimento do seu parecer”, foi respondido. O documento assinado pelo director substituto da DSSOPT, Shin Chung Low Kam Hong, não responde sobre se efectivamente foi feito um esforço para identificar e corrigir eventuais contradições entre o que consta nos planeamentos e a lei criada para salvaguardar o património cultural. Fora de prazo Sobre o facto de a DSSOPT continuar a utilizar o plano desactualizado de 2010 para a Zona da Ilha Verde, o director explicou que tal se deve à Lei de Salvaguarda do Património Cultural que define que “até à data de entrada em vigor do plano director e dos planos de pormenor” que os serviços públicos “continuam a aplicar as orientações e princípios previstos e nos planos urbanísticos e estudos sobre o planeamento urbanístico existentes”. Na interpelação enviada pela deputada em Julho, Agnes Lam pretendia igualmente saber qual é o andamento dos trabalhos para a implementação do Plano Director. O plano foi elaborado pela empresa de Ove Arup & Partners e está neste momento a ser alvo de análise interna. Depois dessa fase vai ser revelado publicamente e alvo de uma consulta pública. Este plano será depois utilizado como referência para os planos urbanísticos futuros.
João Santos Filipe PolíticaMetro Ligeiro | Coutinho aponta orçamento excessivo e falta de talentos Um projecto que foi planeado há mais de 20 anos e mesmo assim não tem talentos locais formados. Esta é uma das críticas do deputado José Pereira Coutinho que pede a construção de passadeiras aéreas nas estações como as que foram feitas em Banguecoque [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho lançou ontem várias críticas ao projecto Metro Ligeiro e quer que o Governo apresente respostas a problemas como o orçamento excessivo, a falta de talentos para o projecto e a questão das passadeiras. O ataque ao projecto do Governo faz parte de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). O primeiro aspecto está relacionado com a adjudicação do contrato de operação e manutenção da Linha da Taipa à MTR de Hong Kong, no valor 5,9 mil milhões de patacas. Segundo o deputado, para atribuir uma verba tão elevada, que dá uma média de 900 milhões de patacas por ano, deveria ter sido lançado um concurso público internacional. “Por que razão o Governo não recorreu ao concurso público internacional para a referida adjudicação? O Governo adjudicou o contrato de prestação dos serviços de operação da Linha da Taipa do Metro Ligeiro à MTR e não a outras empresas com experiência. Quais foram os fundamentos para esta adjudicação?”, questiona. Coutinho critica igualmente o facto de se terem gasto 1,4 mil milhões na constituição da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, mas depois o serviço ter sido adjudicado à MTR. Falta de talentos Outra critica prende-se com o facto de o serviço ter sido planeado “há quase 20 anos”, mas durante todo este tempo não ter havido capacidade para formar quadros locais qualificados para este meio de transporte. “Já se passaram quase 20 anos desde que o Governo apresentou o projecto de construção do Metro Ligeiro, e até ao momento, o Governo continua a afirmar que não dispõe de pessoa qualificado com experiência na operação do Metro Ligeiro”, aponta. “O Governo deve permitir que seja a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau a responsabilizar-se pela operação e manutenção do Metro Ligeiro, para evitar o contínuo abuso do erário público decorrente das adjudicação. Vai fazê-lo?”, pergunta. Por outro lado, o deputado compara o metro com o projecto de Banguecoque e questiona se o Governo vai seguir o exemplo tailandês, em que foram criadas passadeiras aéreas com o metro e que podem ser atravessadas, sem que se tenha de entrar na zona paga. “O Governo vai criar vias pedonais semelhantes debaixo dos viadutos do metro ligeiro, com vista a facilitar as deslocações dos residentes e dos turistas e aproveitar os espaços?”, pergunta.
João Santos Filipe PolíticaMetro Ligeiro | Coutinho aponta orçamento excessivo e falta de talentos Um projecto que foi planeado há mais de 20 anos e mesmo assim não tem talentos locais formados. Esta é uma das críticas do deputado José Pereira Coutinho que pede a construção de passadeiras aéreas nas estações como as que foram feitas em Banguecoque [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho lançou ontem várias críticas ao projecto Metro Ligeiro e quer que o Governo apresente respostas a problemas como o orçamento excessivo, a falta de talentos para o projecto e a questão das passadeiras. O ataque ao projecto do Governo faz parte de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). O primeiro aspecto está relacionado com a adjudicação do contrato de operação e manutenção da Linha da Taipa à MTR de Hong Kong, no valor 5,9 mil milhões de patacas. Segundo o deputado, para atribuir uma verba tão elevada, que dá uma média de 900 milhões de patacas por ano, deveria ter sido lançado um concurso público internacional. “Por que razão o Governo não recorreu ao concurso público internacional para a referida adjudicação? O Governo adjudicou o contrato de prestação dos serviços de operação da Linha da Taipa do Metro Ligeiro à MTR e não a outras empresas com experiência. Quais foram os fundamentos para esta adjudicação?”, questiona. Coutinho critica igualmente o facto de se terem gasto 1,4 mil milhões na constituição da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, mas depois o serviço ter sido adjudicado à MTR. Falta de talentos Outra critica prende-se com o facto de o serviço ter sido planeado “há quase 20 anos”, mas durante todo este tempo não ter havido capacidade para formar quadros locais qualificados para este meio de transporte. “Já se passaram quase 20 anos desde que o Governo apresentou o projecto de construção do Metro Ligeiro, e até ao momento, o Governo continua a afirmar que não dispõe de pessoa qualificado com experiência na operação do Metro Ligeiro”, aponta. “O Governo deve permitir que seja a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau a responsabilizar-se pela operação e manutenção do Metro Ligeiro, para evitar o contínuo abuso do erário público decorrente das adjudicação. Vai fazê-lo?”, pergunta. Por outro lado, o deputado compara o metro com o projecto de Banguecoque e questiona se o Governo vai seguir o exemplo tailandês, em que foram criadas passadeiras aéreas com o metro e que podem ser atravessadas, sem que se tenha de entrar na zona paga. “O Governo vai criar vias pedonais semelhantes debaixo dos viadutos do metro ligeiro, com vista a facilitar as deslocações dos residentes e dos turistas e aproveitar os espaços?”, pergunta.
João Luz China / ÁsiaEconomia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades [dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor. A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira. À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne. O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores. Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares. Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings. Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos. “O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”. Futuro sombrio Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude. Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte. Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país. Estancar a ferida De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis. Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína. Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia. Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio. Feriados à porta Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura. Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada. Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan. No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia. Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo. Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times. Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.
João Luz China / ÁsiaEconomia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades [dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor. A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira. À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne. O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores. Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares. Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings. Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos. “O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”. Futuro sombrio Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude. Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte. Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país. Estancar a ferida De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis. Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína. Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia. Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio. Feriados à porta Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura. Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada. Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan. No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia. Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo. Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times. Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.
Hoje Macau China / ÁsiaChina confirma que deteve taiwanês por partilhar fotos de polícia paramilitar [dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje que deteve um homem de Taiwan por alegadamente ter “prejudicado a segurança nacional” ao partilhar fotos da polícia paramilitar chinesa junto à fronteira com Hong Kong no mês passado. Lee Meng-chu está sob investigação por suspeita de envolvimento em actividades criminosas “prejudiciais à segurança nacional”, revelou Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, sem avançar mais detalhes. Lee desapareceu em 20 de Agosto, depois de enviar fotos da polícia paramilitar ao prefeito de Fangliao, uma pequena comunidade de pescadores no sul de Taiwan. O prefeito, Archer Chen, disse que tentou contactar Lee nesse mesmo dia, mas que não conseguiu. Lee costumava viajar para a China e era consultor voluntário do município para ajudar a promover os seus negócios, disse Chen. A agência noticiosa de Taiwan informou que Lee também partilhou as fotos com o seu irmão. Veículos do exército e da polícia paramilitar da China estão reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, que há mais de três meses é palco de protestos pró-democracia.
Hoje Macau China / ÁsiaMinistro japonês defende despejo de água radioactiva de Fukushima no Pacífico [dropcap]O[/dropcap] ministro do Meio Ambiente do Japão, Yoshiaki Harada, defendeu ontem que a única solução para eliminar a água radioactiva da central nuclear de Fukushima é despejá-la, depois de tratada, nas águas do Oceano Pacífico. Desde o acidente da centra nuclear de Fukushima, em 2011, a empresa proprietária da instalação, a Tokyo Electric Power Company (Tepco), acumulou mais de um milhão de toneladas de água altamente radioactiva, que foi usada para arrefecer os reactores danificados. “Penso que não há outra hipótese a não ser lançá-la ao mar”, disse Harada, quando questionado sobre o destino da água contaminada, durante uma conferência de imprensa de balanço sobre o seu mandato no ministério do Meio Ambiente. O gabinete do primeiro-ministro, Shinzo Abe reagiu de imediato a esta declaração de Harada, dizendo que o compromete apenas a ele, recordando que o ministro está de saída, no âmbito de uma remodelação governamental. Se o armazenamento da água radioactiva for mantido ao ritmo actual, a Tepco estima que ficará sem espaço para a preservar antes de 2022, o que levou a empresa e o Governo a procurar medidas para resolver o problema. A solução de despejar a água no Oceano Pacífico não é nova: já em 2016, uma comissão de especialistas mandatada pelo Ministério da Indústria japonês concluiu que essa opção era a “mais rápida e menos dispendiosa”, embora não se excluíssem outras possibilidades. Nessa altura, a comissão de especialistas calculou que demoraria sete anos e quatro meses o processo de libertação da água no oceano, após a sua diluição, com um custo estimado de cerca de 28 milhões de euros, enquanto as outras técnicas custariam 10 a 100 vezes mais e demorariam um período de oito a 13 anos. A Tepco já realizou várias descargas específicas de centenas de toneladas de água processada, desde 2015, mas em volume abaixo do que a lei japonesa determina como limite para descargas. Uma fonte ligada à comissão de especialistas referiu as dificuldades do processo de libertação da água no Oceano Pacífico, recordando que, para ser despejada, de acordo com os tratados ambientais internacionais, ela precisa de ser sujeita a um forte controlo de níveis de diluição. O Governo japonês tem estudado, desde 2016, várias soluções alternativas, mostrando-se preocupado com o impacto ambiental, mas também com os danos colaterais na imagem do Japão junto da comunidade internacional.
Hoje Macau SociedadeEscola Portuguesa de Macau acolhe corridas de carros-modelo a energia solar [dropcap]M[/dropcap]ais de 600 alunos vão participar no domingo na 7.ª edição das “Corridas de Carros-Modelo a Energia Solar e com Condensador” na Escola Portuguesa de Macau, anunciou ontem a Companhia de Electricidade de Macau (CEM), organizadora do evento. “Com esta iniciativa pretende-se promover o uso de energias renováveis junto dos estudantes locais, permitindo-lhes adquirir conhecimentos e reconhecer a importância da energia verde para um ambiente sustentável”, apontou a CEM em comunicado. Segundo a mesma nota, este ano o número de inscritos “atingiu um novo recorde com mais de 600 alunos provenientes de 27 escolas a formarem 123 equipas”. As actividades destinam-se aos alunos do 7.º ao 12.º ano. Os alunos foram “desafiados a construírem os seus próprios carros e a competirem entre si”, referiu a CEM.
Hoje Macau EventosConcertos da Orquestra de Macau em Évora, Coimbra, Portalegre e Lisboa [dropcap]A[/dropcap]s cidades de Évora, Coimbra, Portalegre e Lisboa vão receber este mês concertos da Orquestra de Macau, com a participação da violinista Clara-Jumi Kang e do maestro Lü Jia, anunciaram ontem os promotores da digressão. Os concertos são realizados no âmbito das comemorações do 20.º aniversário da transferência de poderes da Administração Portuguesa de Macau para a República Popular da China e do 40.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e aquela República, com apoio do Instituto Cultural de Macau, dos Serviços de Turismo do Território e da promotora Wu. Segundo um comunicado enviado à agência Lusa, os quatro concertos vão decorrer sob a batuta do director musical e maestro principal Lü Jia e terão como solista “a conceituada violinista alemã Clara-Jumi Kang, considerada prodígio na minuciosa técnica de tocar violino”. O primeiro concerto da Orquestra de Macau acontece no Teatro Garcia de Resende, em Évora, no domingo, às 17h00. Segue-se a cidade de Coimbra, no dia 18, uma quarta-feira, às 21:00, no Pavilhão Centro de Portugal. Este concerto conta com a parceria do Teatro Académico Gil Vicente e com a participação da Orquestra Clássica do Centro. No dia 20, uma sexta-feira, às 21:00, a Orquestra de Macau protagoniza o Concerto Especial de Poslúdio do 6.º Festival Internacional de Música de Marvão, que decorre no Centro de Artes e Espectáculos de Portalegre. O último concerto em Portugal da orquestra asiática realiza-se no âmbito do Festival TODOS, em Lisboa, no Panteão Nacional, pelas 18:30 do dia 22 de Setembro, um domingo. Segundo a nota de imprensa, o concerto de Lisboa “integrará a agenda comemorativa do Centenário de Sophia, pelo que contará com uma homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, sepultada no Panteão Nacional”, e a orquestra liderada pelo maestro Lü Jia vai interpretar a peça musical de Jorge Salgueiro (compositor do Teatro O Bando) “És tu a Primavera que eu esperava”. Fundada em 1983, a Orquestra de Macau é considerada “uma das mais prestigiadas orquestras asiáticas com um repertório que inclui clássicos chineses e ocidentais de todos os tempos”. “Desde o início das suas funções como director musical e maestro principal da Orquestra de Macau em 2008, o maestro Lü Jia tem impulsionado” a sua evolução “de forma notável, através do treino meticuloso, do arranjo refinado de repertórios e da selecção criteriosa dos artistas convidados”, é referido. Ainda de acordo com a fonte, a Orquestra de Macau tem realizado várias digressões, incluindo Áustria, Suíça, Portugal, Japão, Coreia e Taiwan, bem como concertos regulares nas principais capitais culturais da China, como Pequim e Xangai, “com vista a expandir a influência cultural de Macau, a potenciar a reputação da orquestra a nível mundial e a apostar no desenvolvimento de novos públicos para a música clássica”. A Orquestra de Macau colabora regularmente com artistas e instituições como o cantor Plácido Domingo, os pianistas Krystian Zimerman, Boris Berezovsky, Lang Lang, os violinistas Leonidas Kavakos e Sarah Chang, o English National Ballet, a Philadelphia Orchestra e a Korean Chamber Orchestra.