Economia | Estimativa da UM traça cenário de recessão até 2020

As estimativas macroeconómicas da Universidade de Macau para os anos 2019/2020 foram revistas em baixa. A previsão aponta para uma contracção de 0,8 por cento este ano e 0,9 por cento em 2020. As justificações apontadas para estes resultados são a turbulência económica provada pela guerra comercial entre Pequim e Washington e a depreciação do yuan

 

[dropcap]O[/dropcap] impacto negativo das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e a depreciação do yuan enquanto a economia chinesa abranda são as razões para a contracção da economia de Macau na casa dos 0,8 por cento este ano e 0,9 por cento em 2020. O panorama é traçado pela estimativa macroeconómica da Universidade de Macau (UM), divulgada ontem.

No fundo, tudo vai estar dependente de factores externos, com os académicos a escreverem mesmo que “as consequências para a economia de Macau superaram as nossas expectativas”.

Se o braço-de-ferro entre Washington e Pequim terminar com resultados favoráveis e a economia chinesa estabilizar, as perspectivas locais tornam-se mais optimistas, mas o cenário inverso está também em aberto para os investigadores da UM. “Se a procura doméstica e os investimentos continuarem a retrair, o modesto consumo privado e público não serão suficientes para equilibrar o Produto Interno Bruto (PIB)”. No geral, segundo as estimativas mais pessimistas, prevê-se que o PIB de Macau caia este ano 4,1 por cento. Na visão mais optimista, 2019 pode fechar com um saldo positivo de crescimento na ordem dos 2,5 por cento.

Quanto a 2020, a UM prevê que no pior dos cenários o PIB de Macau caia 10,6 por cento, enquanto na visão mais positiva se preveja um crescimento de 8,8 por cento.

A deputada Agnes Lam acha que “está na hora de o Governo apressar o investimento público”, a medida que “poderá ter o maior impacto” na economia local.

Apanhar por tabela

Apesar do cenário, tanto a taxa de inflação como a de desemprego vão manter-se estáveis. A inflação prevista para este ano deverá rondar os 2,7 por cento, enquanto em 2020 se deverá ficar pelos 2,4 por cento. Quanto à taxa de desemprego, o estudo da UM aponta para 1,8 por cento este ano e 1,9 por cento para 2020. No que diz respeito ao salário médio, estima-se que aumente 80 patacas entre este ano e 2020, para um total de 16.655 patacas.

Ainda em relação ao PIB, depois de no ano passado ter atingido os 429,9 mil milhões de patacas, a estimativa da UM prevê que no final de 2019 possa cair para 421,6 mil milhões de patacas. Valor que os académicos estimam que diminua para 417,9 mil milhões em 2020.

19 Set 2019

Economia | Estimativa da UM traça cenário de recessão até 2020

As estimativas macroeconómicas da Universidade de Macau para os anos 2019/2020 foram revistas em baixa. A previsão aponta para uma contracção de 0,8 por cento este ano e 0,9 por cento em 2020. As justificações apontadas para estes resultados são a turbulência económica provada pela guerra comercial entre Pequim e Washington e a depreciação do yuan

 
[dropcap]O[/dropcap] impacto negativo das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e a depreciação do yuan enquanto a economia chinesa abranda são as razões para a contracção da economia de Macau na casa dos 0,8 por cento este ano e 0,9 por cento em 2020. O panorama é traçado pela estimativa macroeconómica da Universidade de Macau (UM), divulgada ontem.
No fundo, tudo vai estar dependente de factores externos, com os académicos a escreverem mesmo que “as consequências para a economia de Macau superaram as nossas expectativas”.
Se o braço-de-ferro entre Washington e Pequim terminar com resultados favoráveis e a economia chinesa estabilizar, as perspectivas locais tornam-se mais optimistas, mas o cenário inverso está também em aberto para os investigadores da UM. “Se a procura doméstica e os investimentos continuarem a retrair, o modesto consumo privado e público não serão suficientes para equilibrar o Produto Interno Bruto (PIB)”. No geral, segundo as estimativas mais pessimistas, prevê-se que o PIB de Macau caia este ano 4,1 por cento. Na visão mais optimista, 2019 pode fechar com um saldo positivo de crescimento na ordem dos 2,5 por cento.
Quanto a 2020, a UM prevê que no pior dos cenários o PIB de Macau caia 10,6 por cento, enquanto na visão mais positiva se preveja um crescimento de 8,8 por cento.
A deputada Agnes Lam acha que “está na hora de o Governo apressar o investimento público”, a medida que “poderá ter o maior impacto” na economia local.

Apanhar por tabela

Apesar do cenário, tanto a taxa de inflação como a de desemprego vão manter-se estáveis. A inflação prevista para este ano deverá rondar os 2,7 por cento, enquanto em 2020 se deverá ficar pelos 2,4 por cento. Quanto à taxa de desemprego, o estudo da UM aponta para 1,8 por cento este ano e 1,9 por cento para 2020. No que diz respeito ao salário médio, estima-se que aumente 80 patacas entre este ano e 2020, para um total de 16.655 patacas.
Ainda em relação ao PIB, depois de no ano passado ter atingido os 429,9 mil milhões de patacas, a estimativa da UM prevê que no final de 2019 possa cair para 421,6 mil milhões de patacas. Valor que os académicos estimam que diminua para 417,9 mil milhões em 2020.

19 Set 2019

Crime | Detido por burla de 2 milhões de yuan

[dropcap]U[/dropcap]m gerente de uma empresa de engenharia de Macau, de apelido Kou e com 58 anos, foi detido na passada quinta-feira por alegadamente ter burlado um comerciante do Continente no valor de 2,248 milhões de renminbis. Em causa está uma transacção de mil toneladas de aço em Julho de 2015.

Segundo a versão das autoridades, o detido alegou que queria comprar mil toneladas em aço para as obras de construção de um hotel no Cotai no valor de 2,248 milhões yuan. Logo no início pagou 300 mil patacas como caução e fechou um acordo para enviar o material para um lugar de Zhuhai, entre Julho e Agosto, que depois ser transferido para Macau. No entanto, após o envio, a vítima não recebeu o resto do dinheiro, e perdeu o contacto com o suspeito. Após ter apresentado queixa junto das entidades do Interior, apurou-se que Kou não só não tinha pago o que faltava, como também não tinha enviado os materiais para Macau. Em vez disso, vendeu os materiais por 1,7 milhões de renminbis.

No âmbito da investigação foi pedido auxílio às autoridades da RAEM que apuraram que o homem tinha recebido o dinheiro da venda e assim o caso foi reencaminhado para o Ministério Público. Kou enfrenta a acusação da prática do crime de valor consideravelmente elevado.

19 Set 2019

Crime | Detido por burla de 2 milhões de yuan

[dropcap]U[/dropcap]m gerente de uma empresa de engenharia de Macau, de apelido Kou e com 58 anos, foi detido na passada quinta-feira por alegadamente ter burlado um comerciante do Continente no valor de 2,248 milhões de renminbis. Em causa está uma transacção de mil toneladas de aço em Julho de 2015.
Segundo a versão das autoridades, o detido alegou que queria comprar mil toneladas em aço para as obras de construção de um hotel no Cotai no valor de 2,248 milhões yuan. Logo no início pagou 300 mil patacas como caução e fechou um acordo para enviar o material para um lugar de Zhuhai, entre Julho e Agosto, que depois ser transferido para Macau. No entanto, após o envio, a vítima não recebeu o resto do dinheiro, e perdeu o contacto com o suspeito. Após ter apresentado queixa junto das entidades do Interior, apurou-se que Kou não só não tinha pago o que faltava, como também não tinha enviado os materiais para Macau. Em vez disso, vendeu os materiais por 1,7 milhões de renminbis.
No âmbito da investigação foi pedido auxílio às autoridades da RAEM que apuraram que o homem tinha recebido o dinheiro da venda e assim o caso foi reencaminhado para o Ministério Público. Kou enfrenta a acusação da prática do crime de valor consideravelmente elevado.

19 Set 2019

Casas para compradores do Pearl Horizon só daqui a três anos

[dropcap]A[/dropcap] empresa Macau Renovação Urbana estima que o edifício que vai ser construído no terreno do Pearl Horizon esteja concluído dentro de três anos, depois do início das obras. Segundo a estimativa de Peter Lam, presidente da empresa, neste momento ainda é necessário obter a aprovação do projecto de construção e só depois deverão arrancar os trabalhos , que poderão ficar concluídos em 2023.

“Prevemos que depois do início da construção que as obras fiquem terminadas no período de três anos. Mas, antes temos de entregar a planta de concepção, que depois tem de ser aprovada pelas Obras Públicas”, afirmou Peter Lam. “Espero que possamos começar a construção dentro de meio ano”, acrescentou.

Segundo os números apresentados ontem, o edifício vai ter pelo menos cerca de 2.100 fracções de habitação só para trocar com os lesados do projecto residencial Pearl Horizon. Porém, além destas fracções a construção no chamado Lote P dos Novos Aterros da Areia Preta inclui igualmente fracções de alojamento temporário, que no futuro vão ser utilizadas para as pessoas que optarem por recorrer ao plano de renovação urbana. “O projecto engloba todas instalações necessárias para um edifício, como um clube, parques de estacionamento, entre outras”, apontou Peter Lam.

Ontem, o presidente da Macau Renovação Urbana não avançou com uma estimativa para o custo das obras, mas recordou que a empresa “não tem fins lucrativos”, o que pode deixar antever perdas financeiras.

Candidaturas suspensas

Em relação ao número de candidaturas para alojamento neste projecto por parte de promitentes-compradores do Pearl Horizon, a Macau Renovação Urbana recebeu 1944 candidaturas. Entre estas cerca de 90,8 por cento foram aceites, ou seja 1932, e 12 foram recusadas.

Contudo, mesmo entre as candidaturas aceites, 216 estão suspensas, uma vez que esses promitentes-compradores colocaram acções em tribunal contra o Governo. Caso vençam as acções perdem direito à aquisição da fracção. Porém, se forrem derrotados podem optar por comprar a fracção construída pela empresa que pertence ao Governo da RAEM.

Segundo as explicações avançadas na conferência de imprensa de ontem, as candidaturas recusadas devem-se ao facto dos promitentes-compradores não terem registo de propriedade.

19 Set 2019

CCAC | Kou Meng Pok atira farpas a André Cheong por ter sido director da DSAJ

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) arquivou a queixa apresentada pelos lesados do Pearl Horizon face à actuação do Governo, dando razão ao Executivo em todos os pontos contestados. Kou Meng Pok, porta-voz dos lesados, diz que André Cheong, comissário, jamais poderia ter contestado o Governo, por ter acompanhado o processo da Lei de Terras

 

[dropcap]K[/dropcap]ou Meng Pok, presidente da Associação dos Compradores de Pearl Horizon, disse ontem ao HM que não concorda com as conclusões do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) relativamente a uma queixa apresentada pelos lesados contra o Governo. De frisar que o CCAC deu razão ao Executivo em todos os pontos, desde a forma como o terreno foi recuperado como relativamente ao regime de habitação para troca, contestado por impor limites à aquisição de casas e por exigir o registo predial para a candidatura.

Kou Meng Pok disse que o CCAC prometeu analisar o caso de forma objectiva e detalhada, pelo que esperava que o organismo liderado por André Cheong pudesse tratar do assunto de forma mais justa.

“Como o CCAC também pertence ao Governo não iria criticar nem investigar outros serviços públicos. O comissário, André Cheong, era director dos Serviços para os Assuntos de Justiça quando foi implementada a Lei de Terras, pelo que não iria apontar as falhas que cometeu no seu anterior trabalho”, acusou o porta-voz.

Sobre o facto dos lesados não poderem adquirir mais do que uma habitação no regime de habitação para troca, com os mesmos valores, Kou Meng Pok disse que a base central do capitalismo é a existência de um mercado livre, sendo possível comprar o que se quer. Portanto, não deveria haver nenhum problema, alegando que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, também têm mais de uma residência no território.

Que alternativas?

Com todos os processos judiciais concluídos e sem mais alternativas, Kou Meng Pok confessou que, “sem outra proposta, podemos apenas solicitar a habitação para troca”. Ainda assim, o ideal seria que “o terreno antes concessionado à Polytex possa ser aproveitado para permitir que os três mil proprietários do Pearl Horizon escolham a sua habitação, para que esta proposta permita poupar tempo e o caso fique finalmente resolvido”, disse.

Mesmo com mais uma derrota no CCAC, a associação a que preside pretende continuar com a luta, tendo entregue recentemente uma carta ao Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. Há ainda planos para um encontro com o Chefe do Executivo eleito, Ho Iat Seng, para que se discuta uma nova solução para o caso. O recurso à Organização das Nações Unidas é outra hipótese, explicou Kou Meng Pok.

19 Set 2019

CCAC | Kou Meng Pok atira farpas a André Cheong por ter sido director da DSAJ

O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) arquivou a queixa apresentada pelos lesados do Pearl Horizon face à actuação do Governo, dando razão ao Executivo em todos os pontos contestados. Kou Meng Pok, porta-voz dos lesados, diz que André Cheong, comissário, jamais poderia ter contestado o Governo, por ter acompanhado o processo da Lei de Terras

 
[dropcap]K[/dropcap]ou Meng Pok, presidente da Associação dos Compradores de Pearl Horizon, disse ontem ao HM que não concorda com as conclusões do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) relativamente a uma queixa apresentada pelos lesados contra o Governo. De frisar que o CCAC deu razão ao Executivo em todos os pontos, desde a forma como o terreno foi recuperado como relativamente ao regime de habitação para troca, contestado por impor limites à aquisição de casas e por exigir o registo predial para a candidatura.
Kou Meng Pok disse que o CCAC prometeu analisar o caso de forma objectiva e detalhada, pelo que esperava que o organismo liderado por André Cheong pudesse tratar do assunto de forma mais justa.
“Como o CCAC também pertence ao Governo não iria criticar nem investigar outros serviços públicos. O comissário, André Cheong, era director dos Serviços para os Assuntos de Justiça quando foi implementada a Lei de Terras, pelo que não iria apontar as falhas que cometeu no seu anterior trabalho”, acusou o porta-voz.
Sobre o facto dos lesados não poderem adquirir mais do que uma habitação no regime de habitação para troca, com os mesmos valores, Kou Meng Pok disse que a base central do capitalismo é a existência de um mercado livre, sendo possível comprar o que se quer. Portanto, não deveria haver nenhum problema, alegando que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, também têm mais de uma residência no território.

Que alternativas?

Com todos os processos judiciais concluídos e sem mais alternativas, Kou Meng Pok confessou que, “sem outra proposta, podemos apenas solicitar a habitação para troca”. Ainda assim, o ideal seria que “o terreno antes concessionado à Polytex possa ser aproveitado para permitir que os três mil proprietários do Pearl Horizon escolham a sua habitação, para que esta proposta permita poupar tempo e o caso fique finalmente resolvido”, disse.
Mesmo com mais uma derrota no CCAC, a associação a que preside pretende continuar com a luta, tendo entregue recentemente uma carta ao Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado. Há ainda planos para um encontro com o Chefe do Executivo eleito, Ho Iat Seng, para que se discuta uma nova solução para o caso. O recurso à Organização das Nações Unidas é outra hipótese, explicou Kou Meng Pok.

19 Set 2019

Legislativas em Portugal | Santos Silva destaca cumprimento da Lei Básica

[dropcap]A[/dropcap]ugusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato às eleições legislativas pelo Partido Socialista, pelo Círculo Fora da Europa, defende que a Lei Básica de Macau tem sido plenamente cumprida. A mensagem foi deixada num vídeo oficial de campanha destinado aos portugueses que residem em Macau.

“Temos relações diplomáticas com a China há centenas de anos e temos em particular esta ligação com Macau. Macau, cujo processo de transição tem corrido muito bem, subordinado a uma Lei Básica que é clara e um compromisso que respeita integralmente o princípio “Um País, Dois Sistemas”, apontou.

Santos Silva destacou ainda a presença da advogada Ana Soares, residente no território há muitos anos, na lista do PS por este círculo eleitoral. “São muitas dezenas de milhares de compatriotas que vivem hoje na República Popular da China (RPC). A grande maioria deles vive em Macau, naturalmente. Tenho muita honra em contar entre os candidatos que me acompanham na lista com a doutora Ana Soares, uma personalidade bem conhecida dos macaenses.”

Num território que tem conhecido uma elevada abstenção nos últimos actos eleitorais, Augusto Santos Silva apelou ao voto de portugueses e macaenses. “Os macaenses são nossos compatriotas, os portugueses que vivem em Macau são nossos compatriotas. E, portanto, nós temos uma ligação muito especial com esses compatriotas porque são eles que, na prática, no dia-a-dia, realizam esta ligação entre Portugal e a China e também a ligação que através de Macau, China e Portugal e os demais países de língua portuguesa foram construindo.”

Nesse sentido, “é por isso muito importante para nós que os macaenses votem, os compatriotas portugueses que vivem na RPC votem, e esse é também o sentido da lista que apresentamos”, frisou Santos Silva.

19 Set 2019

Legislativas em Portugal | Santos Silva destaca cumprimento da Lei Básica

[dropcap]A[/dropcap]ugusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros e candidato às eleições legislativas pelo Partido Socialista, pelo Círculo Fora da Europa, defende que a Lei Básica de Macau tem sido plenamente cumprida. A mensagem foi deixada num vídeo oficial de campanha destinado aos portugueses que residem em Macau.
“Temos relações diplomáticas com a China há centenas de anos e temos em particular esta ligação com Macau. Macau, cujo processo de transição tem corrido muito bem, subordinado a uma Lei Básica que é clara e um compromisso que respeita integralmente o princípio “Um País, Dois Sistemas”, apontou.
Santos Silva destacou ainda a presença da advogada Ana Soares, residente no território há muitos anos, na lista do PS por este círculo eleitoral. “São muitas dezenas de milhares de compatriotas que vivem hoje na República Popular da China (RPC). A grande maioria deles vive em Macau, naturalmente. Tenho muita honra em contar entre os candidatos que me acompanham na lista com a doutora Ana Soares, uma personalidade bem conhecida dos macaenses.”
Num território que tem conhecido uma elevada abstenção nos últimos actos eleitorais, Augusto Santos Silva apelou ao voto de portugueses e macaenses. “Os macaenses são nossos compatriotas, os portugueses que vivem em Macau são nossos compatriotas. E, portanto, nós temos uma ligação muito especial com esses compatriotas porque são eles que, na prática, no dia-a-dia, realizam esta ligação entre Portugal e a China e também a ligação que através de Macau, China e Portugal e os demais países de língua portuguesa foram construindo.”
Nesse sentido, “é por isso muito importante para nós que os macaenses votem, os compatriotas portugueses que vivem na RPC votem, e esse é também o sentido da lista que apresentamos”, frisou Santos Silva.

19 Set 2019

EUA | Marco Rubio acusa Pequim de intervir “à vontade” nos assuntos de Macau

O membro do Partido Republicano acusou o Governo Central de querer transformar Hong Kong em algo semelhante a Macau, onde tem todo o poder para intervir nos assuntos legais

 

[dropcap]O[/dropcap] senador norte-americano Marco Rubio apontou Macau como um sistema em que não existe elevado grau de autonomia face ao Governo Central e que é susceptível de ser manipulado “à vontade” pelas autoridades de Pequim. A acusação foi feita ontem, durante uma audição do Congresso norte-americano em que foi analisada a situação de Hong Kong e a resposta do Governo de Carrie Lam às manifestações dos últimos três meses.

“Vou deixar um último aviso, o Governo Central está a fazer tudo em Hong Kong para transformar o sistema em algo semelhante a Macau, que lhes permite intervir à vontade no sistema legal”, afirmou Marco Rubio, que é vice-presidente da Comissão Executiva do Congresso sobre a China, e que ontem esteve reunida durante cerca de duas horas e quarenta minutos.

De acordo com o segundo artigo da Lei Básica, Macau tem um “alto grau de autonomia”: “A Assembleia Popular Nacional da República Popular da China autoriza a Região Administrativa Especial de Macau a exercer um alto grau de autonomia e a gozar de poderes executivo, legislativo e judicial independente”, pode ler-se no artigo em questão.

Porém, o senador republicano e ex-candidato a presidente dos Estados Unidos colocou em causa a autonomia da RAEM e afirmou que o mesmo futuro é desejado pelo Governo de Xi Jinping para Hong Kong.

Durante a sessão de ontem do Comissão Executiva do Congresso sobre a China esteve a ser debatida a situação dos protestos deste Verão em Hong Kong, os mais graves desde a transição da soberania da ex-colónia britânica em 1997.No debate estiverem presentes os activistas de Hong Kong, Joshua Wong, que esteve detido por participar nas manifestações que ficaram conhecidas como Movimento dos Chapéus de Chuva e que enfrenta novas acusações por manifestação ilegal, e Denise Ho, que é igualmente cantora e uma das grandes defensoras na RAEHK dos direitos da comunidade homossexual.

A voz do dono

Também o discurso de Pansy Ho nas Nações Unidos foi mencionado e alvo de críticas por ser apenas um exemplo da retórica de sentido único de Pequim. O ataque à filha da segunda mulher de Stanley Ho foi desferido por Sharon Hom, directora-executiva da associação sem fins lucrativos Direitos Humanos da China. Hom colocou em causa as declarações de Pansy, que disse serem apenas uma forma de propaganda política de Pequim e sublinhou as ligações da empresária à indústria do jogo em Macau e ao Partido Comunista, através do Comité Municipal de Pequim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

“A intervenção, na semana passada, de Pansy Ho, a representante da Federação das Mulheres, é ilustrativa [da retórica de sentido único de Pequim]. Não só ela defendeu a forma como o Governo da RAEHK está a responder ao protestos, mas também acusou os manifestantes de explorarem as crianças e de outras coisas”, começou por recordar. “Pansy Ho é co-presidente e directora de uma operadora de casinos em Macau e é um membro permanente do Comité Municipal de Pequim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

Pansy Ho é uma das principais accionistas e líder em duas das seis concessionárias do jogo de Macau, nomeadamente a MGM Macau e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM).

19 Set 2019

EUA | Marco Rubio acusa Pequim de intervir “à vontade” nos assuntos de Macau

O membro do Partido Republicano acusou o Governo Central de querer transformar Hong Kong em algo semelhante a Macau, onde tem todo o poder para intervir nos assuntos legais

 
[dropcap]O[/dropcap] senador norte-americano Marco Rubio apontou Macau como um sistema em que não existe elevado grau de autonomia face ao Governo Central e que é susceptível de ser manipulado “à vontade” pelas autoridades de Pequim. A acusação foi feita ontem, durante uma audição do Congresso norte-americano em que foi analisada a situação de Hong Kong e a resposta do Governo de Carrie Lam às manifestações dos últimos três meses.
“Vou deixar um último aviso, o Governo Central está a fazer tudo em Hong Kong para transformar o sistema em algo semelhante a Macau, que lhes permite intervir à vontade no sistema legal”, afirmou Marco Rubio, que é vice-presidente da Comissão Executiva do Congresso sobre a China, e que ontem esteve reunida durante cerca de duas horas e quarenta minutos.
De acordo com o segundo artigo da Lei Básica, Macau tem um “alto grau de autonomia”: “A Assembleia Popular Nacional da República Popular da China autoriza a Região Administrativa Especial de Macau a exercer um alto grau de autonomia e a gozar de poderes executivo, legislativo e judicial independente”, pode ler-se no artigo em questão.
Porém, o senador republicano e ex-candidato a presidente dos Estados Unidos colocou em causa a autonomia da RAEM e afirmou que o mesmo futuro é desejado pelo Governo de Xi Jinping para Hong Kong.
Durante a sessão de ontem do Comissão Executiva do Congresso sobre a China esteve a ser debatida a situação dos protestos deste Verão em Hong Kong, os mais graves desde a transição da soberania da ex-colónia britânica em 1997.No debate estiverem presentes os activistas de Hong Kong, Joshua Wong, que esteve detido por participar nas manifestações que ficaram conhecidas como Movimento dos Chapéus de Chuva e que enfrenta novas acusações por manifestação ilegal, e Denise Ho, que é igualmente cantora e uma das grandes defensoras na RAEHK dos direitos da comunidade homossexual.

A voz do dono

Também o discurso de Pansy Ho nas Nações Unidos foi mencionado e alvo de críticas por ser apenas um exemplo da retórica de sentido único de Pequim. O ataque à filha da segunda mulher de Stanley Ho foi desferido por Sharon Hom, directora-executiva da associação sem fins lucrativos Direitos Humanos da China. Hom colocou em causa as declarações de Pansy, que disse serem apenas uma forma de propaganda política de Pequim e sublinhou as ligações da empresária à indústria do jogo em Macau e ao Partido Comunista, através do Comité Municipal de Pequim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
“A intervenção, na semana passada, de Pansy Ho, a representante da Federação das Mulheres, é ilustrativa [da retórica de sentido único de Pequim]. Não só ela defendeu a forma como o Governo da RAEHK está a responder ao protestos, mas também acusou os manifestantes de explorarem as crianças e de outras coisas”, começou por recordar. “Pansy Ho é co-presidente e directora de uma operadora de casinos em Macau e é um membro permanente do Comité Municipal de Pequim da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Pansy Ho é uma das principais accionistas e líder em duas das seis concessionárias do jogo de Macau, nomeadamente a MGM Macau e a Sociedade de Jogos de Macau (SJM).

19 Set 2019

IPIM | Cessada comissão de serviço de ex-dirigente do Fundo de Pensões

[dropcap]M[/dropcap]iguel Ian Iat Chun, ex-chefe de departamento de aposentação e sobrevivência do Fundo de Pensões, viu ser terminada a sua comissão de serviço através de um despacho assinado pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, publicado em Boletim Oficial. O responsável encontrava-se suspenso de funções por suspeitas de ligações ao caso de atribuição de falsos BIR por investimento por parte do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM).

Em Novembro do ano passado o Fundo de Pensões recebeu um ofício do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que dava conta que Miguel Ian Iat Chun teria “praticado uma infracção disciplinar no exercício das suas funções”, algo que levou Sónia Chan a nomear um instrutor independente para proceder à instrução do relativo processo disciplinar. Antes de trabalhar no Fundo de Pensões, Miguel Ian Iat Chun exerceu funções de director-adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência do IPIM. Jackson Chang, presidente do IPIM, e Glória Batalha Ung, vogal executiva do mesmo organismo, também estão a ser investigados no âmbito do mesmo processo, sendo que Jackson Chang se encontra detido preventivamente.

19 Set 2019

IPIM | Cessada comissão de serviço de ex-dirigente do Fundo de Pensões

[dropcap]M[/dropcap]iguel Ian Iat Chun, ex-chefe de departamento de aposentação e sobrevivência do Fundo de Pensões, viu ser terminada a sua comissão de serviço através de um despacho assinado pela secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, publicado em Boletim Oficial. O responsável encontrava-se suspenso de funções por suspeitas de ligações ao caso de atribuição de falsos BIR por investimento por parte do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM).
Em Novembro do ano passado o Fundo de Pensões recebeu um ofício do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que dava conta que Miguel Ian Iat Chun teria “praticado uma infracção disciplinar no exercício das suas funções”, algo que levou Sónia Chan a nomear um instrutor independente para proceder à instrução do relativo processo disciplinar. Antes de trabalhar no Fundo de Pensões, Miguel Ian Iat Chun exerceu funções de director-adjunto do Gabinete Jurídico e de Fixação de Residência do IPIM. Jackson Chang, presidente do IPIM, e Glória Batalha Ung, vogal executiva do mesmo organismo, também estão a ser investigados no âmbito do mesmo processo, sendo que Jackson Chang se encontra detido preventivamente.

19 Set 2019

Acidente na Austrália | Chui Sai On em contacto com famílias de vítimas

Um acidente que foi seguido com a “mais detida atenção” pelo Chefe do Executivo. Foi desta forma que o gabinete do porta-voz do líder do Executivo se referiu ao desastre que vitimou duas residentes de Macau na Austrália

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de ter conhecimento da morte de duas residentes de Macau e do grave estado de saúde, embora fora de perigo de vida, de uma terceira cidadã local no acidente de sábado, em Perth, na Austrália, Chui Sai On entrou em contacto com as famílias e tem-se dedicado a acompanhar de perto a situação. O envolvimento foi revelado pelo gabinete do porta-voz do Chefe do Executivo ao HM.

“O Chefe do Executivo dedica a sua mais detida atenção ao grave acidente, ocorrido na Austrália, que vitimou moradores de Macau. Nesse sentido, tomou ciência de suas circunstâncias por intermédio do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo e ofereceu suas condolências às famílias das vítimas”, consta numa resposta enviada, na terça-feira, ao final da noite. “O Governo da RAEM está a tratar do assunto mediante seus departamentos, tais como o Gabinete de Gestão de Crises e o Corpo de Polícia de Segurança Pública, que continuarão a oferecer o apoio e assistência necessários”, foi ainda esclarecido.

Na terça-feira ficou a saber-se que as vítimas mortais no acidente de sábado eram uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com 24 anos, que tinha entrado para esta instituição no ano passado, e uma estudante na Universidade de Melbourne, com 23 anos.

Vítimas da estrada

A tragédia ocorreu no sábado quando as três residentes de Macau, que circulavam num SUV na estrada Indian Ocean Drive, vinda do Parque de Nambug, chocaram com um autocarro de turistas. Segundo o relato do canal televisivo 9 News, que entrevistou alguns dos 34 passageiros que iam no autocarro, o impacto terá ficado a dever-se ao facto de a viatura com as residentes ter entrado na faixa errada, quando estava a atravessar um cruzamento e a entrar na estrada principal.

Terá sido num momento de hesitação da condutora, que tentava perceber o sentido em que devia circular, que houve uma colisão lateral com o autocarro, o que terá feito o carro capotar por três vezes. Na altura do impacto, uma testemunha afirmou que o autocarro devia circular a cerca de 100 km/h.

Já outra pessoa ouvida, descreveu um cenário catastrófico e afirmou que após o impacto, o carro onde seguiam as residentes ficou cheio de sangue. A condutora acabaria por ter morte imediata.

O acidente voltou a lançar o debate na Austrália sobre a segurança da via Indian Ocean Drive, uma vez que nos últimos cinco anos 54 pessoas morreram ou ficaram gravemente feridas devido a colisões nesta estrada.

Ao mesmo tempo, o infortúnio lançou o debate sobre o reconhecimento de cartas estrangeiras na Austrália. Segundo as regras actuais, uma pessoa apenas precisa de apresentar uma carta com fotografia que tenha os campos de identificação também em inglês e fica automaticamente habilitada para conduzir.

19 Set 2019

Acidente na Austrália | Chui Sai On em contacto com famílias de vítimas

Um acidente que foi seguido com a “mais detida atenção” pelo Chefe do Executivo. Foi desta forma que o gabinete do porta-voz do líder do Executivo se referiu ao desastre que vitimou duas residentes de Macau na Austrália

 
[dropcap]D[/dropcap]epois de ter conhecimento da morte de duas residentes de Macau e do grave estado de saúde, embora fora de perigo de vida, de uma terceira cidadã local no acidente de sábado, em Perth, na Austrália, Chui Sai On entrou em contacto com as famílias e tem-se dedicado a acompanhar de perto a situação. O envolvimento foi revelado pelo gabinete do porta-voz do Chefe do Executivo ao HM.
“O Chefe do Executivo dedica a sua mais detida atenção ao grave acidente, ocorrido na Austrália, que vitimou moradores de Macau. Nesse sentido, tomou ciência de suas circunstâncias por intermédio do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo e ofereceu suas condolências às famílias das vítimas”, consta numa resposta enviada, na terça-feira, ao final da noite. “O Governo da RAEM está a tratar do assunto mediante seus departamentos, tais como o Gabinete de Gestão de Crises e o Corpo de Polícia de Segurança Pública, que continuarão a oferecer o apoio e assistência necessários”, foi ainda esclarecido.
Na terça-feira ficou a saber-se que as vítimas mortais no acidente de sábado eram uma agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com 24 anos, que tinha entrado para esta instituição no ano passado, e uma estudante na Universidade de Melbourne, com 23 anos.

Vítimas da estrada

A tragédia ocorreu no sábado quando as três residentes de Macau, que circulavam num SUV na estrada Indian Ocean Drive, vinda do Parque de Nambug, chocaram com um autocarro de turistas. Segundo o relato do canal televisivo 9 News, que entrevistou alguns dos 34 passageiros que iam no autocarro, o impacto terá ficado a dever-se ao facto de a viatura com as residentes ter entrado na faixa errada, quando estava a atravessar um cruzamento e a entrar na estrada principal.
Terá sido num momento de hesitação da condutora, que tentava perceber o sentido em que devia circular, que houve uma colisão lateral com o autocarro, o que terá feito o carro capotar por três vezes. Na altura do impacto, uma testemunha afirmou que o autocarro devia circular a cerca de 100 km/h.
Já outra pessoa ouvida, descreveu um cenário catastrófico e afirmou que após o impacto, o carro onde seguiam as residentes ficou cheio de sangue. A condutora acabaria por ter morte imediata.
O acidente voltou a lançar o debate na Austrália sobre a segurança da via Indian Ocean Drive, uma vez que nos últimos cinco anos 54 pessoas morreram ou ficaram gravemente feridas devido a colisões nesta estrada.
Ao mesmo tempo, o infortúnio lançou o debate sobre o reconhecimento de cartas estrangeiras na Austrália. Segundo as regras actuais, uma pessoa apenas precisa de apresentar uma carta com fotografia que tenha os campos de identificação também em inglês e fica automaticamente habilitada para conduzir.

19 Set 2019

IPOR | ‘Vistos gold’ e investimento chinês fazem disparar tutorias de português

O director do IPOR disse à agência Lusa que o número de tutorias de português quase duplicou este ano, muito devido aos ‘vistos gold’ e ao investimento chinês nos países lusófonos. Joaquim Coelho Ramos revelou ainda que o instituto, que completa hoje 30 anos, irá abrir uma delegação em Pequim até Novembro e um centro de línguas em Chengdu ainda este ano

 

[dropcap]A[/dropcap]inda faltam mais de três meses para terminar o ano e o número de horas de tutorias de aprendizagem da língua portuguesa, em relação a 2018, já cresceu quase para o dobro, ultrapassando o meio milhar de horas, salientou, em entrevista, o director do Instituto Português do Oriente (IPOR), Joaquim Coelho Ramos. “Só nos primeiros dois meses deste ano económico ultrapassámos o número de tutorias do ano passado todo”, reforçou o responsável pela instituição que assinala hoje 30 anos de vida em Macau e de actividade na Ásia.

Se em 2015 foram apenas contabilizadas 23 horas de tutorias, em 2018 registaram-se 289, contra as 520 deste ano. “Quando perguntamos nas fichas de inscrição as ‘razões’ reparamos que muitos dos interessados são, por exemplo, empresários com vontade de investir ou em Portugal ou num país de língua portuguesa”, assinalou o director, em funções desde Agosto de 2018. “Estão com investimentos em Portugal ou de alguma maneira inseridos na dinâmica dos ‘vistos gold’”, acrescentou.

O ‘visto gold’ é uma autorização de residência para actividade de investimento em Portugal concedida a estrangeiros fora da UE.

As aulas ministradas à distância, por videoconferência, são cada vez mais populares. “Aqueles que não têm disponibilidade para assistir a uma aula, sempre na mesma hora e no mesmo dia, pretendem algo flexível, mas que produza resultados”, frisou. Tal acontece seja a partir de Hong Kong ou de Shenzhen, onde muitos residem, ou a partir do Dubai, se se encontrarem em viagem: “Para isso basta combinar com o professor”, explicou Joaquim Coelho Ramos.

Tendo em conta a expansão da procura dos serviços do IPOR não é de estranhar que o mesmo se passe em termos territoriais e representações. Assim sendo, em Novembro abre uma delegação do IPOR em Pequim e um centro de línguas em Chengdu até final do ano.

Em relação à delegação na capital chinesa, a ideia é “começar já dentro de um mês, mês e meio, (…) em produção já em finais de Outubro”, ainda que o cenário “mais realista” aponte para “início de Novembro”, esclareceu Joaquim Coelho Ramos. O projecto começou a ser trabalhado no início do ano e neste momento “ir trabalhar para a China depende apenas de questões administrativas”, adiantou.

Outono em Pequim

Em Maio, aquando da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um protocolo assinado entre o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua e a Sociedade de Jogos de Macau definiu a constituição de um fundo para apoiar a difusão e promoção da língua portuguesa na República Popular da China.

A abertura de uma delegação em Pequim é justificada “pelos pedidos constantes para formação em língua portuguesa não conferente de grau académico”, mas sim “para efeitos pragmáticos”, casos do “português económico e de introdução à língua portuguesa comunicacional”, indicou o responsável do IPOR.

“Há muita gente a fazer cursos de português à distância através de videoconferência” e existem “muitos pedidos de regiões da China continental”, afirmou o director do IPOR. Razão pela qual, após análise do mercado, se entendeu que era importante ter uma presença física em Pequim.

A mais-valia da delegação em Pequim, que não só garante um ensino personalizado e uma aprendizagem certificada, é também explicada por se poder assegurar localmente a formação de professores.

“Há uma vantagem em ter sempre um canal aberto” em todas as situações em que instituições como as universidades solicitem ajuda directamente ao IPOR em Pequim, com a possibilidade ainda de se garantir algum reforço a partir de Macau, sublinhou Joaquim Coelho Ramos. “O interesse está a crescer e era importante operacionalizar a resposta, e é isso que esta delegação vai fazer”, acrescentou.

Por outro lado, até final do ano, o IPOR quer abrir um centro de língua portuguesa em Chengdu, cidade chinesa da província de Sichuan, onde o instituto tem ministrado o ensino de português a médicos, enfermeiros e técnicos do Centro Internacional de Formação na área da Saúde e do Planeamento Familiar.

De resto, a província de Sichuan tem mantido uma relação estreita com os países de língua portuguesa, para onde a respectiva autoridade da saúde começou a enviar, desde 1976, equipas médicas. “É um desafio” com dados “muito sólidos” que justificam a decisão, argumentou, lembrando o envolvimento destes profissionais de saúde nesses projectos de cooperação nos países lusófonos.

Três desafios

O director IPOR disse ainda que o crescimento “muito significativo” da procura pelo ensino do português a um público infantojuvenil já obrigou a instituição a criar uma lista de espera.

“Outra área que temos notado um crescimento muito significativo (…) é nas oficinas para o público infantojuvenil. (…) Estamos a falar do ensino de língua portuguesa entre os 6 e os 14 anos, é a franja em que temos sentido um crescimento maior, essencialmente para crianças e jovens de famílias chinesas”, destacou Joaquim Coelho Ramos.

O número mais que triplicou em relação a 2018, passando de 30 a 40 inscrições para mais de 120. “Não estávamos à espera deste crescimento (…), um tipo de ‘boom’” que coloca “um problema”, explicou o responsável. A instituição foi obrigada a criar uma lista de espera e para ajustar a oferta está a proceder à contratação de professores a tempo parcial.

A estratégia do IPOR tem várias frentes e tem como base “uma equipa e profissionais dedicados que trabalham em conjunto”, assente ainda em várias parcerias, frisou.

“Houve uma tentativa de aproximação do IPOR com as instituições locais. Acreditamos que o segredo do sucesso é não estar sozinho. Este tipo de colaboração tem tido resultados por exemplo, ao nível científico e pedagógico com o Instituto Politécnico de Macau, com cursos intensivos de Verão, na produção de materiais didácticos, e também com a Universidade de Macau, num trabalho voltado para o português como língua para fins específicos”, assinalou.

O responsável enumerou três desafios que se colocam actualmente à instituição. Um deles passa pela formação interna. “Neste momento, por exemplo, temos de pensar em dar formação complementar de pedagogia didáctica da língua portuguesa para crianças e jovens. Até agora tínhamos um paradigma muito forte no ensino de adultos, esse paradigma continua, mas há um novo desafio”, frisou.

Outra área fundamental que constitui o desafio estratégico do IPOR passa pela actualização dos recursos tecnológicos, com uma atenção à estatística e análise de dados: “um instituto deste tipo que consegue antecipar uma tendência de procura é um instituto que vai dar uma melhor resposta”, defendeu.

Materiais à medida

Por fim, Joaquim Coelho Ramos definiu como prioridade “a organização daquilo que já é a memória do IPOR”, de forma a promover “a preservação, divulgação e disponibilização do acervo da instituição”, e anunciou que depois do guia lexical (um ‘dicionário’ altamente especializado dedicado a uma área específica) de conversação português-vietnamita, o IPOR está prestes a lançar outros. “Temos trabalhado em guias lexicais para a área da saúde, contabilidade e auditoria (…) e agora está para breve a apresentação pública do guia lexical para o jornalismo e para a administração”, avançou Joaquim Coelho Ramos. “A muito breve prazo, estamos a falar de uma semana, semana e meia, [será divulgado] um para o sector do turismo”, indicou.

Joaquim Coelho Ramos esclareceu que os guias “já estão produzidos, falta a data da apresentação pública”. O investimento na produção destes guias, com termos contextualizados, mas também expressões e por vezes frases focadas em temas e áreas de trabalho específicas, são importantes no âmbito da “aplicação no terreno” da língua portuguesa e no “desenvolvimento pessoal entre os professores e os alunos”, acrescentou. A atenção ao produto final, de uma forma muito pragmática, está ilustrada num detalhe, assinalou: “o guia lexical para a saúde foi impresso num tamanho que permite ser guardado no bolso da bata de um médico”.

Outra área de trabalho na qual o IPOR se tem focado “é na produção de materiais didácticos, na bibliografia e no digital”, assegurou. A justificação destas apostas é simples, concluiu: “As pessoas estão a olhar para a língua portuguesa como um instrumento pragmático, de acção directa no mercado”.

O IPOR conta com 27 funcionários a tempo inteiro que, com o apoio de algumas colaborações, procuram assegurar a vocação prioritária de promover o ensino da língua portuguesa, com uma vertente complementar focada na acção cultural.

Fundado a 19 de Setembro de 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, o IPOR exerce a sua actividade, além de Macau, em países como o Vietname, Tailândia e Austrália, estando para breve a concretização também de projectos em Pequim, Chengdu e Nova Deli.

19 Set 2019

IPOR | ‘Vistos gold’ e investimento chinês fazem disparar tutorias de português

O director do IPOR disse à agência Lusa que o número de tutorias de português quase duplicou este ano, muito devido aos ‘vistos gold’ e ao investimento chinês nos países lusófonos. Joaquim Coelho Ramos revelou ainda que o instituto, que completa hoje 30 anos, irá abrir uma delegação em Pequim até Novembro e um centro de línguas em Chengdu ainda este ano

 
[dropcap]A[/dropcap]inda faltam mais de três meses para terminar o ano e o número de horas de tutorias de aprendizagem da língua portuguesa, em relação a 2018, já cresceu quase para o dobro, ultrapassando o meio milhar de horas, salientou, em entrevista, o director do Instituto Português do Oriente (IPOR), Joaquim Coelho Ramos. “Só nos primeiros dois meses deste ano económico ultrapassámos o número de tutorias do ano passado todo”, reforçou o responsável pela instituição que assinala hoje 30 anos de vida em Macau e de actividade na Ásia.
Se em 2015 foram apenas contabilizadas 23 horas de tutorias, em 2018 registaram-se 289, contra as 520 deste ano. “Quando perguntamos nas fichas de inscrição as ‘razões’ reparamos que muitos dos interessados são, por exemplo, empresários com vontade de investir ou em Portugal ou num país de língua portuguesa”, assinalou o director, em funções desde Agosto de 2018. “Estão com investimentos em Portugal ou de alguma maneira inseridos na dinâmica dos ‘vistos gold’”, acrescentou.
O ‘visto gold’ é uma autorização de residência para actividade de investimento em Portugal concedida a estrangeiros fora da UE.
As aulas ministradas à distância, por videoconferência, são cada vez mais populares. “Aqueles que não têm disponibilidade para assistir a uma aula, sempre na mesma hora e no mesmo dia, pretendem algo flexível, mas que produza resultados”, frisou. Tal acontece seja a partir de Hong Kong ou de Shenzhen, onde muitos residem, ou a partir do Dubai, se se encontrarem em viagem: “Para isso basta combinar com o professor”, explicou Joaquim Coelho Ramos.
Tendo em conta a expansão da procura dos serviços do IPOR não é de estranhar que o mesmo se passe em termos territoriais e representações. Assim sendo, em Novembro abre uma delegação do IPOR em Pequim e um centro de línguas em Chengdu até final do ano.
Em relação à delegação na capital chinesa, a ideia é “começar já dentro de um mês, mês e meio, (…) em produção já em finais de Outubro”, ainda que o cenário “mais realista” aponte para “início de Novembro”, esclareceu Joaquim Coelho Ramos. O projecto começou a ser trabalhado no início do ano e neste momento “ir trabalhar para a China depende apenas de questões administrativas”, adiantou.

Outono em Pequim

Em Maio, aquando da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um protocolo assinado entre o Camões-Instituto da Cooperação e da Língua e a Sociedade de Jogos de Macau definiu a constituição de um fundo para apoiar a difusão e promoção da língua portuguesa na República Popular da China.
A abertura de uma delegação em Pequim é justificada “pelos pedidos constantes para formação em língua portuguesa não conferente de grau académico”, mas sim “para efeitos pragmáticos”, casos do “português económico e de introdução à língua portuguesa comunicacional”, indicou o responsável do IPOR.
“Há muita gente a fazer cursos de português à distância através de videoconferência” e existem “muitos pedidos de regiões da China continental”, afirmou o director do IPOR. Razão pela qual, após análise do mercado, se entendeu que era importante ter uma presença física em Pequim.
A mais-valia da delegação em Pequim, que não só garante um ensino personalizado e uma aprendizagem certificada, é também explicada por se poder assegurar localmente a formação de professores.
“Há uma vantagem em ter sempre um canal aberto” em todas as situações em que instituições como as universidades solicitem ajuda directamente ao IPOR em Pequim, com a possibilidade ainda de se garantir algum reforço a partir de Macau, sublinhou Joaquim Coelho Ramos. “O interesse está a crescer e era importante operacionalizar a resposta, e é isso que esta delegação vai fazer”, acrescentou.
Por outro lado, até final do ano, o IPOR quer abrir um centro de língua portuguesa em Chengdu, cidade chinesa da província de Sichuan, onde o instituto tem ministrado o ensino de português a médicos, enfermeiros e técnicos do Centro Internacional de Formação na área da Saúde e do Planeamento Familiar.
De resto, a província de Sichuan tem mantido uma relação estreita com os países de língua portuguesa, para onde a respectiva autoridade da saúde começou a enviar, desde 1976, equipas médicas. “É um desafio” com dados “muito sólidos” que justificam a decisão, argumentou, lembrando o envolvimento destes profissionais de saúde nesses projectos de cooperação nos países lusófonos.

Três desafios

O director IPOR disse ainda que o crescimento “muito significativo” da procura pelo ensino do português a um público infantojuvenil já obrigou a instituição a criar uma lista de espera.
“Outra área que temos notado um crescimento muito significativo (…) é nas oficinas para o público infantojuvenil. (…) Estamos a falar do ensino de língua portuguesa entre os 6 e os 14 anos, é a franja em que temos sentido um crescimento maior, essencialmente para crianças e jovens de famílias chinesas”, destacou Joaquim Coelho Ramos.
O número mais que triplicou em relação a 2018, passando de 30 a 40 inscrições para mais de 120. “Não estávamos à espera deste crescimento (…), um tipo de ‘boom’” que coloca “um problema”, explicou o responsável. A instituição foi obrigada a criar uma lista de espera e para ajustar a oferta está a proceder à contratação de professores a tempo parcial.
A estratégia do IPOR tem várias frentes e tem como base “uma equipa e profissionais dedicados que trabalham em conjunto”, assente ainda em várias parcerias, frisou.
“Houve uma tentativa de aproximação do IPOR com as instituições locais. Acreditamos que o segredo do sucesso é não estar sozinho. Este tipo de colaboração tem tido resultados por exemplo, ao nível científico e pedagógico com o Instituto Politécnico de Macau, com cursos intensivos de Verão, na produção de materiais didácticos, e também com a Universidade de Macau, num trabalho voltado para o português como língua para fins específicos”, assinalou.
O responsável enumerou três desafios que se colocam actualmente à instituição. Um deles passa pela formação interna. “Neste momento, por exemplo, temos de pensar em dar formação complementar de pedagogia didáctica da língua portuguesa para crianças e jovens. Até agora tínhamos um paradigma muito forte no ensino de adultos, esse paradigma continua, mas há um novo desafio”, frisou.
Outra área fundamental que constitui o desafio estratégico do IPOR passa pela actualização dos recursos tecnológicos, com uma atenção à estatística e análise de dados: “um instituto deste tipo que consegue antecipar uma tendência de procura é um instituto que vai dar uma melhor resposta”, defendeu.

Materiais à medida

Por fim, Joaquim Coelho Ramos definiu como prioridade “a organização daquilo que já é a memória do IPOR”, de forma a promover “a preservação, divulgação e disponibilização do acervo da instituição”, e anunciou que depois do guia lexical (um ‘dicionário’ altamente especializado dedicado a uma área específica) de conversação português-vietnamita, o IPOR está prestes a lançar outros. “Temos trabalhado em guias lexicais para a área da saúde, contabilidade e auditoria (…) e agora está para breve a apresentação pública do guia lexical para o jornalismo e para a administração”, avançou Joaquim Coelho Ramos. “A muito breve prazo, estamos a falar de uma semana, semana e meia, [será divulgado] um para o sector do turismo”, indicou.
Joaquim Coelho Ramos esclareceu que os guias “já estão produzidos, falta a data da apresentação pública”. O investimento na produção destes guias, com termos contextualizados, mas também expressões e por vezes frases focadas em temas e áreas de trabalho específicas, são importantes no âmbito da “aplicação no terreno” da língua portuguesa e no “desenvolvimento pessoal entre os professores e os alunos”, acrescentou. A atenção ao produto final, de uma forma muito pragmática, está ilustrada num detalhe, assinalou: “o guia lexical para a saúde foi impresso num tamanho que permite ser guardado no bolso da bata de um médico”.
Outra área de trabalho na qual o IPOR se tem focado “é na produção de materiais didácticos, na bibliografia e no digital”, assegurou. A justificação destas apostas é simples, concluiu: “As pessoas estão a olhar para a língua portuguesa como um instrumento pragmático, de acção directa no mercado”.
O IPOR conta com 27 funcionários a tempo inteiro que, com o apoio de algumas colaborações, procuram assegurar a vocação prioritária de promover o ensino da língua portuguesa, com uma vertente complementar focada na acção cultural.
Fundado a 19 de Setembro de 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, o IPOR exerce a sua actividade, além de Macau, em países como o Vietname, Tailândia e Austrália, estando para breve a concretização também de projectos em Pequim, Chengdu e Nova Deli.

19 Set 2019

Hong Kong | Activistas pró-democracia pedem a congressistas dos EUA pressão sobre Pequim

[dropcap]J[/dropcap]ovens líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong pediram ontem aos parlamentares norte-americanos para pressionarem Pequim, alegando que qualquer declínio no estatuto especial daquele território encorajaria a China a impor os seus “valores comunistas” noutras partes do mundo.

Joshua Wong, Denise Ho e outros activistas pró-democracia foram recebidos por membros republicanos e democratas numa audiência de um comité do Congresso em Washington.

“Se Hong Kong cair pode facilmente tornar-se num trampolim para o regime totalitário chinês empurrar as suas regras e prioridades para o exterior, usando o poder económico para converter outras pessoas aos valores comunistas”, afirmou a cantora ‘pop’ Denise Ho, cuja música foi censurada na China pelo seu envolvimento com o movimento.

“Este não é um apelo a uma ‘ingerência estrangeira’, nem à dependência de Hong Kong. É um apelo aos direitos humanos. Um apelo a favor da democracia”, acrescentou a artista de 42 anos.

A ex-colónia britânica enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas e denunciando a resposta policial, considerada brutal pelos manifestantes.

Os membros republicanos e democratas da comissão do Congresso norte-americano enfatizaram a rara união em torno da defesa dos direitos de Hong Kong.

Estes congressistas estão a estudar um projecto de lei sobre “os direitos humanos e a democracia em Hong Kong”, que prevê uma revisão anual do estatuto económico especial da região e sanções para qualquer responsável que suprima as “liberdades fundamentais” deste território.

“Pequim não deve vencer em todas as frentes, colhendo os benefícios económicos do prestígio de Hong Kong no mundo e erradicando a nossa identidade socio-política”, avisou Joshua Wong, de 22 anos, que se tornou um rosto do movimento pró-democracia.

“Enquanto eu falo, Hong Kong está numa encruzilhada crucial. A parada nunca esteve tão alta”, prosseguiu. O jovem alertou que o presidente chinês, Xi Jinping, pode decidir agir com mais força, antes do 70.º aniversário do regime comunista, em Outubro. “Enviarem tanques é irracional, mas não é impossível”, sublinhou o activista.

18 Set 2019

Hong Kong | Activistas pró-democracia pedem a congressistas dos EUA pressão sobre Pequim

[dropcap]J[/dropcap]ovens líderes do movimento pró-democracia de Hong Kong pediram ontem aos parlamentares norte-americanos para pressionarem Pequim, alegando que qualquer declínio no estatuto especial daquele território encorajaria a China a impor os seus “valores comunistas” noutras partes do mundo.
Joshua Wong, Denise Ho e outros activistas pró-democracia foram recebidos por membros republicanos e democratas numa audiência de um comité do Congresso em Washington.
“Se Hong Kong cair pode facilmente tornar-se num trampolim para o regime totalitário chinês empurrar as suas regras e prioridades para o exterior, usando o poder económico para converter outras pessoas aos valores comunistas”, afirmou a cantora ‘pop’ Denise Ho, cuja música foi censurada na China pelo seu envolvimento com o movimento.
“Este não é um apelo a uma ‘ingerência estrangeira’, nem à dependência de Hong Kong. É um apelo aos direitos humanos. Um apelo a favor da democracia”, acrescentou a artista de 42 anos.
A ex-colónia britânica enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas e denunciando a resposta policial, considerada brutal pelos manifestantes.
Os membros republicanos e democratas da comissão do Congresso norte-americano enfatizaram a rara união em torno da defesa dos direitos de Hong Kong.
Estes congressistas estão a estudar um projecto de lei sobre “os direitos humanos e a democracia em Hong Kong”, que prevê uma revisão anual do estatuto económico especial da região e sanções para qualquer responsável que suprima as “liberdades fundamentais” deste território.
“Pequim não deve vencer em todas as frentes, colhendo os benefícios económicos do prestígio de Hong Kong no mundo e erradicando a nossa identidade socio-política”, avisou Joshua Wong, de 22 anos, que se tornou um rosto do movimento pró-democracia.
“Enquanto eu falo, Hong Kong está numa encruzilhada crucial. A parada nunca esteve tão alta”, prosseguiu. O jovem alertou que o presidente chinês, Xi Jinping, pode decidir agir com mais força, antes do 70.º aniversário do regime comunista, em Outubro. “Enviarem tanques é irracional, mas não é impossível”, sublinhou o activista.

18 Set 2019

Ilhas Salomão | Pequim elogia corte de laços com Taipé

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês enalteceu ontem a decisão das autoridades das Ilhas Salomão de “reconhecer o princípio ‘uma só China'” e romper os laços diplomáticos com Taiwan como a confirmação “da irresistível tendência desta era”.

“Apoiamos esta importante decisão, que as Ilhas Salomão tomaram por si, como um Estado soberano independente”, lê-se no comunicado da porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

Segundo a agência noticiosa oficial de Taiwan CNA, 27 dos 33 deputados da coligação maioritária de quatro partidos no Parlamento de Salomão – que tem 50 cadeiras – votaram a favor de passar a reconhecer Pequim como o Governo legítimo de toda a China, em detrimento de Taipé, enquanto os restantes seis se abstiveram.

A decisão foi posteriormente aprovada pelo governo do primeiro-ministro, Manasseh Sogavare, que assumiu o cargo após eleições em Abril.

“A decisão do Governo das Ilhas Salomão de reconhecer o princípio ‘uma só China’ e estabelecer laços diplomáticos com a China atesta que este princípio atende ao desejo dos cidadãos e constitui uma tendência irresistível desta era”, defendeu o Governo chinês.

Hua enfatizou que “existe apenas uma China no mundo” e que “o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China”, sendo Taiwan “parte inalienável do território chinês”.

Desde que Tsai Ing-wen, do Partido Progressivo Democrático (PPD), pró-independência, foi eleita Presidente, em 2016, seis países, incluído São Tomé e Príncipe, cortaram relações diplomáticas com Taipé, que tem agora apenas 16 aliados diplomáticos.

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, acusou Pequim de “causar instabilidade na sociedade internacional” e praticar “diplomacia do dólar”, com “promessas de cheques chorudos”, que “muitas vezes não são cumpridas”.

18 Set 2019

Ilhas Salomão | Pequim elogia corte de laços com Taipé

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês enalteceu ontem a decisão das autoridades das Ilhas Salomão de “reconhecer o princípio ‘uma só China'” e romper os laços diplomáticos com Taiwan como a confirmação “da irresistível tendência desta era”.
“Apoiamos esta importante decisão, que as Ilhas Salomão tomaram por si, como um Estado soberano independente”, lê-se no comunicado da porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.
Segundo a agência noticiosa oficial de Taiwan CNA, 27 dos 33 deputados da coligação maioritária de quatro partidos no Parlamento de Salomão – que tem 50 cadeiras – votaram a favor de passar a reconhecer Pequim como o Governo legítimo de toda a China, em detrimento de Taipé, enquanto os restantes seis se abstiveram.
A decisão foi posteriormente aprovada pelo governo do primeiro-ministro, Manasseh Sogavare, que assumiu o cargo após eleições em Abril.
“A decisão do Governo das Ilhas Salomão de reconhecer o princípio ‘uma só China’ e estabelecer laços diplomáticos com a China atesta que este princípio atende ao desejo dos cidadãos e constitui uma tendência irresistível desta era”, defendeu o Governo chinês.
Hua enfatizou que “existe apenas uma China no mundo” e que “o governo da República Popular da China é o único governo legítimo que representa toda a China”, sendo Taiwan “parte inalienável do território chinês”.
Desde que Tsai Ing-wen, do Partido Progressivo Democrático (PPD), pró-independência, foi eleita Presidente, em 2016, seis países, incluído São Tomé e Príncipe, cortaram relações diplomáticas com Taipé, que tem agora apenas 16 aliados diplomáticos.
A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, acusou Pequim de “causar instabilidade na sociedade internacional” e praticar “diplomacia do dólar”, com “promessas de cheques chorudos”, que “muitas vezes não são cumpridas”.

18 Set 2019

O gene gay não existe

[dropcap]A[/dropcap] comunidade científica chegou à conclusão que o gene gay não existe. Depois de décadas a ponderar se tal ligação genética existia – inspirados por um trabalho desenvolvido nos anos 90 – chegaram à conclusão contrária. De quem gostamos e quem nos atrai não é definido por um gene. A conclusão detalhada do estudo recentemente publicado na Science e que tem sido amplamente discutido pela imprensa internacional é que não há um único gene que preveja a homossexualidade – mas sim um conjunto de genes em combinação com factores ambientais, dos quais a nossa socialização e experiência fazem parte. Para os mais ignorantes, a ausência de um gene particular e o facto da homossexualidade não ser um fenómeno totalmente genético pode ser erradamente assumido que a homossexualidade é, então, uma escolha.

A ausência de uma explicação totalmente genética – e, especialmente, a forma como foi noticiada – não poderá servir de suporte para os que acreditam que direitos LGBTQ+ são meras ‘ideologias’ e não factos naturais. Principalmente para os que acreditam que a homossexualidade é uma opção de vida que pode ser arrancada à força com regimes de ‘conversão’ ou campos de ‘reabilitação’. Nestes casos um argumento exclusivamente genético teria dado muito jeito para calar os que julgam que o sexo e a vida são obras da imaginação e não factos da naturalidade da vida. Como se as coisas naturais nos fossem boas, e as ‘criadas’, más. Desta notícia ficou por enfatizar o papel de possíveis combinações de genes e do ambiente externo, que apesar de não existir o gene gay, existem predisposições genéticas fortes que fazem com que a homossexualidade exista, naturalmente (tal como a heterossexualidade existe, naturalmente).

Com as recentes tentativas de reduzir os fenómenos comportamentais a meros factos biológicos (neurológicos, genéticos, fisiológicos) é com alívio que também vemos desmistificar que o que somos possa ser determinado por aquelas moléculas que determinam algumas coisas, mas não todas. As etimologias da sexualidade não podem ser simplificadas. Mas os argumentos complexos levam a discussões difíceis. Em tempos onde vemos o crescer do conceito de ‘ideologia de género’ para falar de direitos humanos básicos sugere que temos que ter algum cuidado com a forma que escolhemos falar destes temas e como queremos divulgar os avanços científicos na área. As tensões e os problemas que existem assentam na visão de como nos tornamos pessoas.

Somos o resultado de genes ou somos o resultado de vivências? Nenhum dos dois consegue explicar o complexo processo de ser, mas os dois em conjunto oferecem uma visão mais completa, mais holística, se quiserem.

Com a salvaguarda que o estudo não é perfeito, nem a conclusão irrefutável. A amostra de 470.000 participantes – a maior utilizada para estudos deste género – só inclui ‘ocidentais’. Já para não falar que a orientação sexual não é medida como identidade, mas como atracção – que, na minha opinião, oferece uma visão demasiado simplista (a fisiológica) para perceber a orientação sexual. Há também quem tivesse referido que este estudo genético provavelmente mostra melhor os preditores genéticos para participar em estudos, do que comportamento homossexual, já que – das grandes bases de dados – somente uma pequena percentagem se mostrou interessada em participar.

A ciência não é perfeita e a comunicação de ciência muito menos. Por isso é preciso oferecer plataformas onde estes temas possam ser discutidos – nesta complexidade que foge de respostas simplistas para os factos do mundo.

18 Set 2019

Duo do Ouro Negro

[dropcap]E[/dropcap]sta crónica não é sobre Raul Indipwo, mas “Vou Levar-te Comigo”, meu irmão. Este fim-de-semana, uma série de ataques de drones à maior refinaria de petróleo do mundo, na Arábia Saudita, fez soar os tambores da guerra.

Quando a vítima de um atentado é o ouro negro, Washington responde com ira e prontidão para começar uma guerra. Este episódio traz ao de cima, mais uma vez, uma das mais perversas e bizarras alianças geopolíticas dos últimos tempos, o Duo do Ouro Negro. Chamemos os bois pelos nomes.

A Arábia Saudita é o Estado Islâmico que conseguiu os seus intentos. Um país que, além de exportar petróleo, exporta wahhabismo, semente do terrorismo sunita que, inclusive, foi a força “espiritual” da Al-Qaeda. Um dos exemplos do enorme poder relativista do petróleo é o facto de que 15 dos 19 terroristas que desviaram os aviões que embateram contra o World Trade Center eram sauditas, assim como Osama Bin Laden.

Mas nada importa, pelo menos enquanto o petróleo xiita tiver a Rússia e a China como clientes. Há anos que a Arábia Saudita bombardeia o Iémen com armas norte-americanas, causando uma das maiores crises humanitárias da actualidade que ameaça limpar da superfície terrestre o que resta do país.

Agora que houve uma centelha de retaliação, explode o mais podre e hipócrita dos ultrajes. Vá lá, o desdém pela vida e direito internacional não era suposto ser assim tão óbvio, nem demonstrar tão claramente que petróleo vale mais que pessoas. Ao menos o preço do barril de crude subiu. Os mercados vivem, enquanto as pessoas morrem. Viva o Duo do Ouro Negro!

18 Set 2019

Travessa do Fala-Só

[dropcap]E[/dropcap]ra inevitável. Um acidente à espera de acontecer, um crime à espera de ser testemunhado. Até agora a coisa tinha-me corrido bem, porque sempre estive consciente dos olhares e antes de perpetrar a infracção os alarmes interiores soavam e suspendia o que iria fazer.

Mas desta vez não. Estava demasiado distraído, defesas em baixo. Estava até, confesso, a precisar de fazer o que fiz. E não consegui evitá-lo. Sim, amigos: fui apanhado a falar alto e comigo mesmo no meio da rua.

Corrija-se, a bem do rigor jornalístico: não foi na rua, foi numa estação de metropolitano. Mas aconteceu. Não me lembro do assunto da conversa que me estava a ocupar; apenas de que falava alto, gesticulava e tinha reacções histriónicas ao que ia dizendo. Só parei quando uma simpática idosa, com o olhar a transbordar de compaixão, se aproximou de mim e perguntou se eu precisava de ajuda e se estava perdido.

Podia ter respondido filosoficamente que sim a ambas as perguntas mas percebi que não era a isso que a generosa anciã se referia. Ali estava um marmanjo, no meio de um cais de estação de metro, a ter uma acesa discussão com um amigo imaginário. Mesmo tendo um ar inofensivo e felizmente longe de parecer um sem-abrigo, acredito que a visão possa assustar quem a presencie. Mas eis a verdade: eu pratico estes diálogos desde pequeno. Talvez por ser filho único habituei-me a longas cavaqueiras comigo como interlocutor. Às vezes redundavam em acesas discussões e deixava de me falar por umas horas, zangado com os meus argumentos.

Continuei a praticar a modalidade em público e ainda o faço. Não tenho vergonha. Apenas não me esqueço da célebre frase do poeta Dylan Thomas, ele próprio um grande fazedor de enormes diatribes contra ele próprio: “Alguém me está a maçar. Acho que sou eu”. Nessa altura calo-me.

Ou então falo mais baixo, não me lembro. É normal para mim passear na rua imaginando-me um Demóstenes ou um Churchill discursando para a House of Commons. Só que neste caso o parlamento sou eu e nem sempre aplaudo o discurso.

Acredito que haja mais gente como eu, sem grandes perturbações psiquiátricas, que faça o que eu faço. Deveríamos formar um sindicato, um clube, uma agremiação, uma banda, qualquer coisa.

Reparem, meus irmãos do solilóquio: agora até temos os “estudos” que provam que falar sozinho é sinal de génio. Pela minha parte ainda não dei por nada mas a esperança mantém-se.

Há pouco tempo vi na rua o que me pareceu ser um destes companheiros. Falava sozinho sem complexos e até sorria, caminhando com uma segurança inaudita e digna da minha admiração.

Apeteceu-me abraçá-lo e aproximei-me: afinal estava a falar ao telemóvel, com um aparelho instalado no ouvido. Não nego que fiquei desiludido. Mas por outro lado e por um instante reconciliei-me com as novas tecnologias de comunicação que permitem que tipos como eu possam passar mais despercebidos na via pública.

Olhem, amigos: eu até contava mais episódios mas infelizmente não posso. Tenho de sair e há uma conversa longa que preciso de ter comigo mesmo.

18 Set 2019