Juana Ng Cen SociedadePME | Índice de confiança e volume de negócios em queda Segundo um estudo da Associação Comercial de Macau o índice de confiança das pequenas e médias empresas locais desceu no terceiro trimestre do ano, apesar de se manter em terreno positivo. Por outro lado, metade das PME tiveram uma quebra no volume de negócios durante o Verão [dropcap]A[/dropcap] Associação Comercial de Macau (ACM), divulgou esta terça-feira o resultado do “índice de confiança das pequenas e médias empresas de Macau” referente ao terceiro trimestre de 2019, que revela uma quebra de confiança. Os parâmetros vão de 0 a 100 com, naturalmente, o ponto neutro nos 50 e o estudo avalia quatro itens: factores externos, estado de negócios, empregados e confiança no investimento. O resultado do inquérito teve a pontuação final de 60,2, ou seja, positivo apesar de se verificar uma descida de 0,8 em comparação com o resultado de 61 no mesmo período do ano passado. Os quatro elementos mostram, respectivamente, que a confiança no factor externo é de 70,7, estado de negócio é de 58,8, e trabalhadores 55,9. A confiança no investimento atingiu 55,6, e foi o capítulo onde se registou a maior queda, 43 pontos, em relação ao ano passado, segundo informação do jornal do Cidadão. Ma Chi Ngai, director da comissão de pesquisa estratégica da ACM, considera que o índice reflecte uma diminuição ligeira em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, algo que faz com que esteja optimista, mas cauteloso. O dirigente associativo aponta a guerra comercial, a turbulência política em Hong Kong e o decréscimo das receitas do jogo como os principais factores de impacto negativo para as PME locais. Pouca pataca Entretanto, Ma Chi Ngai elencou uma série de elementos que podem restaurar a confiança das empresas, como a eleição do novo Chefe do Executivo. Portanto, apesar de haver influências por causa da situação económica circundante, as PME mostram uma tendência positiva e estável, frisou. Quanto ao interesse no investimento na Grande Baía, e em “Uma Faixa, Uma Rota”, é, respectivamente, de 65,7 e 57,7 pontos, registando uma ligeira subida face ao mesmo período do ano anterior. Ma Chi Ngai referiu que este resultado indica que o interesse no investimento e cooperação das PME no Continente permanece positivo, mostrando que as empresas locais têm a vontade de “sair de Macau”. Por outro lado, perto de 50 por cento das PME tiveram quebras nos volumes de negócios durante o Verão. A revelação foi feita ontem por Tai Kin Ip, director dos Serviços de Economia, no programa Fórum Macau da Ou Mun Tin Toi e citado pela TDM – Rádio Macau. As quebras nos volumes de negócios situam-se entre os 7 e 10 por cento e são um reflexo da conjuntura económica mundial e do novo perfil de turistas que visitam Macau. Ainda assim, Tai Kin Ip referiu que as PME com negócios localizados nos centros históricos têm beneficiado da actual conjuntura, ao contrário dos negócios em grandes centros comerciais. Muitos Mpagam Em relação à situação de pagamento electrónico, o director dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip, afirmou ontem no programa “Fórum de Macau” que, actualmente, 70 por cento das PME aceitam pagamento electrónico, e que há um total de 33 mil instrumentos e código QR para o efeito. Acrescentou ainda que o número de transacções apenas em Agosto ultrapassou o total registado no ano passado.
João Luz PolíticaPonte HKZM | Coutinho reitera apelo a livre circulação de pessoas e bens [dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho pretende que a Ponte HKZM ou “Ponte Fantasma”, como lhe chama, sirva melhor a população. Este é o mote de uma interpelação escrita que assina, reiterando o apelo para que sejam “levantados os entraves e eliminadas as burocracias para a livre circulação de pessoas, bens e mercadorias na ‘Ponte Fantasma’”. Não é a primeira vez que o deputado solicita o Executivo a agir neste sentido, mas como não obteve qualquer resposta voltou à carga dando o exemplo europeu como referência. “Na União Europeia composta por 28 países soberanos foi há longos anos adoptada uma política de comunicabilidade de circulação e de facilitação da vida de 28 povos”, escreve antes de perguntar porque não se consegue a livre circulação de pessoas, bens e mercadorias na Ponte HKZM. Pereira Coutinho acusa ainda a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego de “enriquecimento sem justa causa” devido às licenças para circular na ponte. “Vai o Governo devolver as 29 mil patacas cobradas anteriormente aos proprietários dos veículos autorizados pela primeira vez a circular na referida ponte por neste momento serem somente cobradas mil patacas?”, questiona. Outro assunto abordado por Pereira Coutinho na interpelação escrita é um “déjà vu” de outra interpelação assinada em 22 de Julho: a utilização dos parques de estacionamento junto ao Posto Fronteiriço da Ponte, construídas “a custo do erário público”. O deputado refere o “contínuo desperdício na utilização dos 6089 parques de estacionamento” e o “abandono e desuso do megaparque”, apelando a que seja destinado aos residentes da zona norte de Macau, “incluindo os que pretendem estacionar os seus veículos para deslocarem a Zhuhai”.
João Luz PolíticaPonte HKZM | Coutinho reitera apelo a livre circulação de pessoas e bens [dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho pretende que a Ponte HKZM ou “Ponte Fantasma”, como lhe chama, sirva melhor a população. Este é o mote de uma interpelação escrita que assina, reiterando o apelo para que sejam “levantados os entraves e eliminadas as burocracias para a livre circulação de pessoas, bens e mercadorias na ‘Ponte Fantasma’”. Não é a primeira vez que o deputado solicita o Executivo a agir neste sentido, mas como não obteve qualquer resposta voltou à carga dando o exemplo europeu como referência. “Na União Europeia composta por 28 países soberanos foi há longos anos adoptada uma política de comunicabilidade de circulação e de facilitação da vida de 28 povos”, escreve antes de perguntar porque não se consegue a livre circulação de pessoas, bens e mercadorias na Ponte HKZM. Pereira Coutinho acusa ainda a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego de “enriquecimento sem justa causa” devido às licenças para circular na ponte. “Vai o Governo devolver as 29 mil patacas cobradas anteriormente aos proprietários dos veículos autorizados pela primeira vez a circular na referida ponte por neste momento serem somente cobradas mil patacas?”, questiona. Outro assunto abordado por Pereira Coutinho na interpelação escrita é um “déjà vu” de outra interpelação assinada em 22 de Julho: a utilização dos parques de estacionamento junto ao Posto Fronteiriço da Ponte, construídas “a custo do erário público”. O deputado refere o “contínuo desperdício na utilização dos 6089 parques de estacionamento” e o “abandono e desuso do megaparque”, apelando a que seja destinado aos residentes da zona norte de Macau, “incluindo os que pretendem estacionar os seus veículos para deslocarem a Zhuhai”.
Hoje Macau PolíticaAmbiente | Mak Soi Kun apoia Greta Thunberg [dropcap]M[/dropcap]uito bem dito, menina! A protecção ambiente é mesmo urgente”, foi desta forma que o deputado Mak Soi Kun, através de um post do Facebook, reagiu ao discurso da activista Greta Thunberg, que discursou na 74.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas. Durante a sua intervenção, a jovem sueca de 16 acusou os políticos de colocarem os lucros à frente do meio ambiente e de terem colocado em perigo o futuro das gerações mais novas. Greta Thunberg afirmou ainda que teve de abdicar da sua infância e que em vez de estar a discursar devia estar na escola.
Hoje Macau PolíticaAmbiente | Mak Soi Kun apoia Greta Thunberg [dropcap]M[/dropcap]uito bem dito, menina! A protecção ambiente é mesmo urgente”, foi desta forma que o deputado Mak Soi Kun, através de um post do Facebook, reagiu ao discurso da activista Greta Thunberg, que discursou na 74.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas. Durante a sua intervenção, a jovem sueca de 16 acusou os políticos de colocarem os lucros à frente do meio ambiente e de terem colocado em perigo o futuro das gerações mais novas. Greta Thunberg afirmou ainda que teve de abdicar da sua infância e que em vez de estar a discursar devia estar na escola.
Juana Ng Cen PolíticaJubileu de Prata | Recusada ocupação temporária pelos SAFP As obras no edifício no antigo Campus da Universidade de Macau devem arrancar brevemente e por isso este não vai ser alvo de uma ocupação temporária por parte dos SAFP [dropcap]O[/dropcap] director da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), Iong Kong Leong, recusou a possibilidade do Edifício do Jubileu de Prata – situado no antigo Campus da Universidade de Macau – ser utilizado de forma temporária. A questão tinha sido levantada pela deputada Song Pek Kei, ligada ao empresário e ex-legislador Chan Meng Kam, na sequência de um plano dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), que acabou por ser abandonado. Numa interpelação escrita, Song defendeu a utilização de forma provisória do edifício, devido à falta de espaços em Macau. Porém, a possibilidade foi rejeitada e o director da DSF apontou que os trabalhos de remodelação de todo o edifício estão “prestes a começar” pelo que não faz sentido gastar recursos para uma solução com uma vida útil tão curta. Ainda de acordo com Iong Kong Leong, os SAFP equacionaram a hipótese de ocupar temporariamente o espaço, mas “após a inspecção ao edifício” chegaram à conclusão de que “muitos dos equipamentos precisavam de ser reparados ou substituídos”. Assim, segundo Iong, “o plano de aproveitamento temporário não se justifica à luz do investimento económico necessário” para uma solução que teria sempre uma vida curta. Renovação a arrancar No que diz respeito aos trabalhos de renovação, os SAFP começaram a elaborar os planos para o futuro do edifício logo depois de receberem de “forma oficial” o edifício da DSF. Os trabalhos estão actualmente em curso e após a conclusão da do projecto será lançado o concurso público para escolher a construtora responsável pela realização das obras. Segundo a DSF, existe a expectativa de que as obras possam começar tão depressa quanto possível, embora ainda não haja uma data concreta. Após a conclusão destes trabalhos, o Edifício do Jubileu de Prata vai servir como local para a “formação e selecção de funcionários públicos”. Entre as questões levantadas pela deputada Song Pek Kei na interpelação escrita, estava o critério da DSF para a distribuição pelos serviços públicos dos edifícios que lhes são devolvidos. Iong Kong Leong explicou que o número de edifícios devolvidos é muito limitado, mas que são sempre adoptados critérios como a finalidade, a localização ou a área disponível. Já sobre a manutenção e reparação dos espaços do Governo, o director da DSF apontou que compete aos diferentes serviços que ocupam os edifícios procederem aos trabalhos e conservação dos espaços.
Juana Ng Cen PolíticaJubileu de Prata | Recusada ocupação temporária pelos SAFP As obras no edifício no antigo Campus da Universidade de Macau devem arrancar brevemente e por isso este não vai ser alvo de uma ocupação temporária por parte dos SAFP [dropcap]O[/dropcap] director da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), Iong Kong Leong, recusou a possibilidade do Edifício do Jubileu de Prata – situado no antigo Campus da Universidade de Macau – ser utilizado de forma temporária. A questão tinha sido levantada pela deputada Song Pek Kei, ligada ao empresário e ex-legislador Chan Meng Kam, na sequência de um plano dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), que acabou por ser abandonado. Numa interpelação escrita, Song defendeu a utilização de forma provisória do edifício, devido à falta de espaços em Macau. Porém, a possibilidade foi rejeitada e o director da DSF apontou que os trabalhos de remodelação de todo o edifício estão “prestes a começar” pelo que não faz sentido gastar recursos para uma solução com uma vida útil tão curta. Ainda de acordo com Iong Kong Leong, os SAFP equacionaram a hipótese de ocupar temporariamente o espaço, mas “após a inspecção ao edifício” chegaram à conclusão de que “muitos dos equipamentos precisavam de ser reparados ou substituídos”. Assim, segundo Iong, “o plano de aproveitamento temporário não se justifica à luz do investimento económico necessário” para uma solução que teria sempre uma vida curta. Renovação a arrancar No que diz respeito aos trabalhos de renovação, os SAFP começaram a elaborar os planos para o futuro do edifício logo depois de receberem de “forma oficial” o edifício da DSF. Os trabalhos estão actualmente em curso e após a conclusão da do projecto será lançado o concurso público para escolher a construtora responsável pela realização das obras. Segundo a DSF, existe a expectativa de que as obras possam começar tão depressa quanto possível, embora ainda não haja uma data concreta. Após a conclusão destes trabalhos, o Edifício do Jubileu de Prata vai servir como local para a “formação e selecção de funcionários públicos”. Entre as questões levantadas pela deputada Song Pek Kei na interpelação escrita, estava o critério da DSF para a distribuição pelos serviços públicos dos edifícios que lhes são devolvidos. Iong Kong Leong explicou que o número de edifícios devolvidos é muito limitado, mas que são sempre adoptados critérios como a finalidade, a localização ou a área disponível. Já sobre a manutenção e reparação dos espaços do Governo, o director da DSF apontou que compete aos diferentes serviços que ocupam os edifícios procederem aos trabalhos e conservação dos espaços.
Andreia Sofia Silva EntrevistaEmpreendedorismo | CEO da Fábrica de Startups destaca maiores relações com DSE Meia centena de empresas de Macau já passaram pelos corredores da Fábrica de Startups, em Portugal, onde têm acesso privilegiado ao modelo de negócios português. Mas da parceria com a Direcção dos Serviços de Economia deverão nascer novos projectos, disse ao HM o CEO da Fábrica de Startups, António Lucena de Faria. Quanto ao projecto da Grande Baía, faltam informações concretas fora da China, defende [dropcap]A[/dropcap] Fábrica de Startups, localizada em Portugal, esteve recentemente no território no âmbito da participação na Macau International Start-up Week, que decorreu no início do mês. Mas a plataforma portuguesa ligada ao empreendedorismo, e que ajuda empresas a potenciarem os seus negócios, esteve também em quatro cidades que fazem parte do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Das três empresas portuguesas que acompanharam a Fábrica de Startups nesta viagem, duas tiveram especial sucesso. Uma é a Citycheck, que desenvolveu uma aplicação de viagens destinada a crianças que viajam com os seus pais, e que lhes permite saber tudo, de forma lúdica, sobre o local que estão a visitar. Outra, a SEAentia, projecto na área da aquacultura, que também despertou a atenção de investidores chineses, conforme disse ao HM António Lucena de Faria. “Começámos com apresentações em Macau, e penso que esse evento foi muito interessante e um excelente esforço, com excelentes resultados. Esta iniciativa começou pequenina mas está a crescer, sendo algo muito importante para Macau e os seus empreendedores”, apontou. Nas quatro cidades chinesas, houve um contacto mais directo e diário com centros de inovação. “Estou convencido de que os empreendedores de Portugal terão muitos benefícios no âmbito destas relações e no desenvolvimento dos seus projectos nessa zona, e vice-versa. Os empreendedores da região também podem conhecer melhor a Europa através de Portugal ou a América Latina através da Fábrica de Startups no Brasil”, apontou. Apesar de reconhecer que as empresas de Macau são mais privilegiadas face às startups portuguesas e europeias, por dominarem a língua e por estarem próximas do mercado chinês, António Lucena de Faria acredita que é necessário apostar nas parcerias exteriores. “Não há muitas startups em Macau e é preciso continuar a desenvolver (esse aspecto). Uma das formas para acelerar esse processo seria através de parcerias entre startups de Macau e empreendedores vindos de outras partes do mundo. Isto para que não sejam apenas os empreendedores de Macau, que não são muitos, a explorar as oportunidades neste grande mercado que é a China, mas sim também outros empreendedores”, frisou o CEO da Fábrica de Startups. Parceria com a DSE A visita realizada a Macau este mês parte de uma parceria entre a Fábrica de Startups e a Direcção dos Serviços de Economia (DSE), que já promoveu a ida de 50 empresas do território a Portugal para terem acesso a novos modelos de negócio, a fim de expandirem as suas ideias. “Temos sempre empreendedores para estar aqui connosco e fazemos uma explicação de como os modelos de negócio se podem adaptar a esta realidade. Em Portugal temos mecanismos de financiamento que estão abertos a empresas de Macau, estas apenas têm de ter alguma actividade significativa em Portugal, nem precisam de ter cá a sede”, exemplificou. Em Maio, no âmbito da visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, a Portugal, a Fábrica de Startups recebeu a visita da secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e de membros do Conselho Executivo. Para António Lucena de Faria, esta visita serviu para reforçar a cooperação. “O programa com a DSE está a avançar e temos tido até um incremento da actividade. Isso foi o que de mais significativo aconteceu com a visita, pois temos mais pessoas connosco e fomos a Macau duas vezes nos últimos meses. Temos outros planos, outras ideias, e a breve trecho vão aparecer outras iniciativas, porque há uma oportunidade enorme.” Esta segunda-feira chegaram à Fábrica de Startups quatro empreendedores de Macau. “Temos tido projectos surpreendentes ao nível da tecnologia. Temos aqui dois jovens de Macau que nos trouxeram um projecto na área da realidade virtual aumentada, projectos na área dos têxteis que deram origem a parcerias com fábricas do norte para fazer depois o lançamento na China. Temos trabalhado muito na área do turismo”, adiantou António Lucena de Faria. Os projectos que vão de Macau para Portugal neste âmbito apresentam uma enorme diversidade, aponta a directora de marketing da Fábrica de Startups, Marta Silva. “Temos recebido um pouco de tudo, de diversas indústrias e em diferentes fases de desenvolvimento. Recebemos projectos numa fase inicial onde o objectivo é perceber como dar os primeiros passos na criação de um negócio. Mas também já temos recebido projectos mais avançados com a clara estratégia de internacionalização e crescimento.” Empresas como a Zlogyo apresentam um “carácter inovador” e uma “tecnologia que se destacava da concorrência que encontrou em Portugal”. “As empresas destacam-se ainda pelo potencial de crescimento, como a DianDian, que pretende garantir a gestão de clientes de pequenas e médias empresas. Quanto ao potencial de internacionalização destacamos a Le Maison de Marriage, cujo destino de Portugal é muito aliciante ou a goddessArmour, que explorar a possibilidade de aproveitar a qualidade das matérias primas portuguesas.” A responsável pela área do marketing da Fábrica de Startups destaca também “o sector das artes, que tem vindo a receber muita atenção de empreendedores”, sem esquecer áreas como a dança, realização de filmes ou música electrónica. Em busca do desconhecido Apesar de destacar o enorme potencial que a zona da Grande Baía possui para empresas ocidentais, António Lucena de Faria assume que há ainda uma grande falta de informação sobre a essência deste projecto de Pequim, que muitos consideram vir a ser semelhante à zona de Silicon Valley, nos Estados Unidos. “Esse é um grande desafio, de dar a conhecer e partilhar o que está a acontecer. Nós, que andamos neste ecossistema do empreendedorismo já há alguns anos, e que conhecemos bem o que são os grandes ecossistemas que existem no mundo inteiro, e não apenas nos EUA, a verdade é que ficamos surpreendidos com o que vimos aí. Mas a informação é muito pouca fora da China e de Macau. A maior parte das pessoas aqui não tem consciência do que se passa na Grande Baía”, apontou. Para António Lucena de Faria, trata-se de um “projecto embrionário com uma grande ambição, que é a de ter as condições que já existem na zona de Silicon Valley. Para mim faz todo o sentido que isso se continue a desenvolver e nós aqui em Portugal começamos a olhar com mais atenção para esse plano. Vejo (o projecto da Grande Baía), com muito interesse, há ideias extraordinárias, grandes investimentos, mas ficamos com essa ideia de que é ainda um plano recente.” “O tempo vai consolidando estas iniciativas e transformar a Grande Baía numa zona atractiva, não só para as empresas portuguesas mas outras que queiram aproveitar essas condições únicas e desenvolver os seus negócios”, rematou António Lucena de Faria.
Andreia Sofia Silva EntrevistaEmpreendedorismo | CEO da Fábrica de Startups destaca maiores relações com DSE Meia centena de empresas de Macau já passaram pelos corredores da Fábrica de Startups, em Portugal, onde têm acesso privilegiado ao modelo de negócios português. Mas da parceria com a Direcção dos Serviços de Economia deverão nascer novos projectos, disse ao HM o CEO da Fábrica de Startups, António Lucena de Faria. Quanto ao projecto da Grande Baía, faltam informações concretas fora da China, defende [dropcap]A[/dropcap] Fábrica de Startups, localizada em Portugal, esteve recentemente no território no âmbito da participação na Macau International Start-up Week, que decorreu no início do mês. Mas a plataforma portuguesa ligada ao empreendedorismo, e que ajuda empresas a potenciarem os seus negócios, esteve também em quatro cidades que fazem parte do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Das três empresas portuguesas que acompanharam a Fábrica de Startups nesta viagem, duas tiveram especial sucesso. Uma é a Citycheck, que desenvolveu uma aplicação de viagens destinada a crianças que viajam com os seus pais, e que lhes permite saber tudo, de forma lúdica, sobre o local que estão a visitar. Outra, a SEAentia, projecto na área da aquacultura, que também despertou a atenção de investidores chineses, conforme disse ao HM António Lucena de Faria. “Começámos com apresentações em Macau, e penso que esse evento foi muito interessante e um excelente esforço, com excelentes resultados. Esta iniciativa começou pequenina mas está a crescer, sendo algo muito importante para Macau e os seus empreendedores”, apontou. Nas quatro cidades chinesas, houve um contacto mais directo e diário com centros de inovação. “Estou convencido de que os empreendedores de Portugal terão muitos benefícios no âmbito destas relações e no desenvolvimento dos seus projectos nessa zona, e vice-versa. Os empreendedores da região também podem conhecer melhor a Europa através de Portugal ou a América Latina através da Fábrica de Startups no Brasil”, apontou. Apesar de reconhecer que as empresas de Macau são mais privilegiadas face às startups portuguesas e europeias, por dominarem a língua e por estarem próximas do mercado chinês, António Lucena de Faria acredita que é necessário apostar nas parcerias exteriores. “Não há muitas startups em Macau e é preciso continuar a desenvolver (esse aspecto). Uma das formas para acelerar esse processo seria através de parcerias entre startups de Macau e empreendedores vindos de outras partes do mundo. Isto para que não sejam apenas os empreendedores de Macau, que não são muitos, a explorar as oportunidades neste grande mercado que é a China, mas sim também outros empreendedores”, frisou o CEO da Fábrica de Startups. Parceria com a DSE A visita realizada a Macau este mês parte de uma parceria entre a Fábrica de Startups e a Direcção dos Serviços de Economia (DSE), que já promoveu a ida de 50 empresas do território a Portugal para terem acesso a novos modelos de negócio, a fim de expandirem as suas ideias. “Temos sempre empreendedores para estar aqui connosco e fazemos uma explicação de como os modelos de negócio se podem adaptar a esta realidade. Em Portugal temos mecanismos de financiamento que estão abertos a empresas de Macau, estas apenas têm de ter alguma actividade significativa em Portugal, nem precisam de ter cá a sede”, exemplificou. Em Maio, no âmbito da visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, a Portugal, a Fábrica de Startups recebeu a visita da secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, e de membros do Conselho Executivo. Para António Lucena de Faria, esta visita serviu para reforçar a cooperação. “O programa com a DSE está a avançar e temos tido até um incremento da actividade. Isso foi o que de mais significativo aconteceu com a visita, pois temos mais pessoas connosco e fomos a Macau duas vezes nos últimos meses. Temos outros planos, outras ideias, e a breve trecho vão aparecer outras iniciativas, porque há uma oportunidade enorme.” Esta segunda-feira chegaram à Fábrica de Startups quatro empreendedores de Macau. “Temos tido projectos surpreendentes ao nível da tecnologia. Temos aqui dois jovens de Macau que nos trouxeram um projecto na área da realidade virtual aumentada, projectos na área dos têxteis que deram origem a parcerias com fábricas do norte para fazer depois o lançamento na China. Temos trabalhado muito na área do turismo”, adiantou António Lucena de Faria. Os projectos que vão de Macau para Portugal neste âmbito apresentam uma enorme diversidade, aponta a directora de marketing da Fábrica de Startups, Marta Silva. “Temos recebido um pouco de tudo, de diversas indústrias e em diferentes fases de desenvolvimento. Recebemos projectos numa fase inicial onde o objectivo é perceber como dar os primeiros passos na criação de um negócio. Mas também já temos recebido projectos mais avançados com a clara estratégia de internacionalização e crescimento.” Empresas como a Zlogyo apresentam um “carácter inovador” e uma “tecnologia que se destacava da concorrência que encontrou em Portugal”. “As empresas destacam-se ainda pelo potencial de crescimento, como a DianDian, que pretende garantir a gestão de clientes de pequenas e médias empresas. Quanto ao potencial de internacionalização destacamos a Le Maison de Marriage, cujo destino de Portugal é muito aliciante ou a goddessArmour, que explorar a possibilidade de aproveitar a qualidade das matérias primas portuguesas.” A responsável pela área do marketing da Fábrica de Startups destaca também “o sector das artes, que tem vindo a receber muita atenção de empreendedores”, sem esquecer áreas como a dança, realização de filmes ou música electrónica. Em busca do desconhecido Apesar de destacar o enorme potencial que a zona da Grande Baía possui para empresas ocidentais, António Lucena de Faria assume que há ainda uma grande falta de informação sobre a essência deste projecto de Pequim, que muitos consideram vir a ser semelhante à zona de Silicon Valley, nos Estados Unidos. “Esse é um grande desafio, de dar a conhecer e partilhar o que está a acontecer. Nós, que andamos neste ecossistema do empreendedorismo já há alguns anos, e que conhecemos bem o que são os grandes ecossistemas que existem no mundo inteiro, e não apenas nos EUA, a verdade é que ficamos surpreendidos com o que vimos aí. Mas a informação é muito pouca fora da China e de Macau. A maior parte das pessoas aqui não tem consciência do que se passa na Grande Baía”, apontou. Para António Lucena de Faria, trata-se de um “projecto embrionário com uma grande ambição, que é a de ter as condições que já existem na zona de Silicon Valley. Para mim faz todo o sentido que isso se continue a desenvolver e nós aqui em Portugal começamos a olhar com mais atenção para esse plano. Vejo (o projecto da Grande Baía), com muito interesse, há ideias extraordinárias, grandes investimentos, mas ficamos com essa ideia de que é ainda um plano recente.” “O tempo vai consolidando estas iniciativas e transformar a Grande Baía numa zona atractiva, não só para as empresas portuguesas mas outras que queiram aproveitar essas condições únicas e desenvolver os seus negócios”, rematou António Lucena de Faria.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Cecilia Malmström diz que guerra comercial China/EUA é lamentável [dropcap]A[/dropcap] Comissão Europeia considera que a actual guerra comercial entre a China e os Estados Unidos “é lamentável” para todo o mundo, apontando que existem empresas da União Europeia (UE) a adiar investimentos nestes países devido às tensões. “As guerras comerciais são más porque significam a imposição de tarifas. E quem é afectado pelas tarifas? Não é o Presidente chinês directamente, é quem compra nos Estados Unidos e na China porque as coisas ficam mais caras e isso afecta as empresas europeias”, afirmou em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström. Por essa razão, “muitas empresas europeias estão à espera para poder investir na China e nos Estados Unidos”, apontou. “O que as empresas odeiam é incerteza e isto é tudo uma grande incerteza, pelo que [as companhias europeias] estão a reformular planos de investimento, que criam empregos”, reforçou. Para Cecilia Malmström, “a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos é lamentável para todo o mundo”, tendo consequências também para a UE por estes serem os principais parceiros comerciais da região. Ainda assim, a responsável notou que a União apoia algumas das reivindicações feitas pelos Estados Unidos. “A China está a fazer ‘dumping’ [venda de produtos a preços abaixo de seu valor justo] em mercados de todo o mundo, está a subsidiar sectores na China – o que dificulta a existência de um terreno igual para todos -, forçaram a transferência de tecnologia estrangeira e temos problemas com ameaças cibernéticas e com a discriminação de empresas europeias e norte-americanas na China, que não conseguem desenvolver os seus negócios das mesmas formas”, elencou. Assim, “partilhamos muitas queixas, mas a actuação europeia não passa por começar uma guerra comercial para o tentar mudar”, notou Cecilia Malmström. Passa, antes, por “adaptar as políticas” e criar “instrumentos de defesa mais fortes”, referiu a comissária, defendendo a criação de “oportunidades iguais” para o investimento europeu na China, que caiu pelo terceiro ano consecutivo. “Eles têm de fazer mudanças se querem ser um parceiro no sistema multilateral e eles sabem-no”, indicou, numa alusão também à presença do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), estrutura na qual assumiu um estatuto de país em desenvolvimento, sem que tenha aberto o seu mercado, como prometeu fazer quando aderiu, em 2001. Por outro lado Também “um pouco difíceis” estão as relações comerciais entre a UE e os Estados Unidos, admitiu Cecilia Malmström. “A actual administração norte-americana parece estar muito focada nas tarifas de todos os tipos”, lamentou. Numa alusão às tarifas alfandegárias norte-americanas sobre o aço e o alumínio que provêm da UE e às ameaças sobre a imposição de tarifas nos automóveis importados da Europa, Cecilia Malmström classificou tais medidas como “ilegais no âmbito da OMC”. Sem fim à vista estão também as negociações sobre o futuro destas relações comerciais, que já duram há mais de um ano, desde que o presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, se reuniu com o Presidente norte-americano, Donald Trump, nos Estados Unidos. Em Janeiro deste ano, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para o fim das tarifas nos bens industriais e das barreiras regulatórias, mas as negociações só começaram nesta segunda parte, mais burocrática, sem que tenham sequer arrancado na parte das tarifas por os Estados Unidos insistirem na inclusão da área da agricultura. “Exactamente quando [é que estarão concluídas as negociações], não sei dizer”, respondeu Cecilia Malmström. Força de bloqueio Na OMC, os Estados Unidos estão ainda a bloquear a nomeação de juízes para o órgão de apelação, importante parte daquela organização e cujo actual mandato termina em Dezembro. Caso a administração norte-americana persista neste bloqueio, o tribunal responsável por resolver os conflitos comerciais de 164 países ficará inoperante. Sobre esta questão, Cecilia Malmström disse esperar um retrocesso norte-americano que evite uma situação “problemática” e “de anarquia” no comércio mundial. Sediada em Genebra, na Suíça, a OMC tem como função mediar as relações comerciais da quase totalidade dos países do mundo. A sueca Cecilia Malmström, que assumiu a pasta do Comércio em 2014, deixa o cargo no final de Outubro, sendo sucedida, na nova Comissão Europeia, por Phil Hogan.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Cecilia Malmström diz que guerra comercial China/EUA é lamentável [dropcap]A[/dropcap] Comissão Europeia considera que a actual guerra comercial entre a China e os Estados Unidos “é lamentável” para todo o mundo, apontando que existem empresas da União Europeia (UE) a adiar investimentos nestes países devido às tensões. “As guerras comerciais são más porque significam a imposição de tarifas. E quem é afectado pelas tarifas? Não é o Presidente chinês directamente, é quem compra nos Estados Unidos e na China porque as coisas ficam mais caras e isso afecta as empresas europeias”, afirmou em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström. Por essa razão, “muitas empresas europeias estão à espera para poder investir na China e nos Estados Unidos”, apontou. “O que as empresas odeiam é incerteza e isto é tudo uma grande incerteza, pelo que [as companhias europeias] estão a reformular planos de investimento, que criam empregos”, reforçou. Para Cecilia Malmström, “a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos é lamentável para todo o mundo”, tendo consequências também para a UE por estes serem os principais parceiros comerciais da região. Ainda assim, a responsável notou que a União apoia algumas das reivindicações feitas pelos Estados Unidos. “A China está a fazer ‘dumping’ [venda de produtos a preços abaixo de seu valor justo] em mercados de todo o mundo, está a subsidiar sectores na China – o que dificulta a existência de um terreno igual para todos -, forçaram a transferência de tecnologia estrangeira e temos problemas com ameaças cibernéticas e com a discriminação de empresas europeias e norte-americanas na China, que não conseguem desenvolver os seus negócios das mesmas formas”, elencou. Assim, “partilhamos muitas queixas, mas a actuação europeia não passa por começar uma guerra comercial para o tentar mudar”, notou Cecilia Malmström. Passa, antes, por “adaptar as políticas” e criar “instrumentos de defesa mais fortes”, referiu a comissária, defendendo a criação de “oportunidades iguais” para o investimento europeu na China, que caiu pelo terceiro ano consecutivo. “Eles têm de fazer mudanças se querem ser um parceiro no sistema multilateral e eles sabem-no”, indicou, numa alusão também à presença do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), estrutura na qual assumiu um estatuto de país em desenvolvimento, sem que tenha aberto o seu mercado, como prometeu fazer quando aderiu, em 2001. Por outro lado Também “um pouco difíceis” estão as relações comerciais entre a UE e os Estados Unidos, admitiu Cecilia Malmström. “A actual administração norte-americana parece estar muito focada nas tarifas de todos os tipos”, lamentou. Numa alusão às tarifas alfandegárias norte-americanas sobre o aço e o alumínio que provêm da UE e às ameaças sobre a imposição de tarifas nos automóveis importados da Europa, Cecilia Malmström classificou tais medidas como “ilegais no âmbito da OMC”. Sem fim à vista estão também as negociações sobre o futuro destas relações comerciais, que já duram há mais de um ano, desde que o presidente do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, se reuniu com o Presidente norte-americano, Donald Trump, nos Estados Unidos. Em Janeiro deste ano, a Comissão Europeia apresentou uma proposta para o fim das tarifas nos bens industriais e das barreiras regulatórias, mas as negociações só começaram nesta segunda parte, mais burocrática, sem que tenham sequer arrancado na parte das tarifas por os Estados Unidos insistirem na inclusão da área da agricultura. “Exactamente quando [é que estarão concluídas as negociações], não sei dizer”, respondeu Cecilia Malmström. Força de bloqueio Na OMC, os Estados Unidos estão ainda a bloquear a nomeação de juízes para o órgão de apelação, importante parte daquela organização e cujo actual mandato termina em Dezembro. Caso a administração norte-americana persista neste bloqueio, o tribunal responsável por resolver os conflitos comerciais de 164 países ficará inoperante. Sobre esta questão, Cecilia Malmström disse esperar um retrocesso norte-americano que evite uma situação “problemática” e “de anarquia” no comércio mundial. Sediada em Genebra, na Suíça, a OMC tem como função mediar as relações comerciais da quase totalidade dos países do mundo. A sueca Cecilia Malmström, que assumiu a pasta do Comércio em 2014, deixa o cargo no final de Outubro, sendo sucedida, na nova Comissão Europeia, por Phil Hogan.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesCoração Partido [dropcap]C[/dropcap]oração partido – uma sensação de vazio no corpo de uma qualquer somatização e metáfora. O corpo fisiológico reage quando o amor, aquele conceito de pura abstracção, não era o que esperávamos. Diz a investigação que a dor de um desgosto amoroso activa a mesma área do cérebro da dor sentida, por exemplo, na pele. Por isso há quem recorra a analgésicos para aliviar dor do desamor (e parece que até resulta). Mas por mais que queiramos ter disponível uma resolução fácil para esta dor que tememos tanto, não é a solução ideal: os traumas sociais continuarão e o fígado ressentir-se-á se abusarmos desta medicação. Terminar uma relação é difícil, mas acontece. O coração parte-se quando na nossa disponibilidade para a intimidade vemos que não há condições para (intimamente) nos relacionarmos. Quando a relação e a partilha deixam de fazer sentido (por tantas e variadas razões) teremos que passar por um processo de luto. O nosso ‘eu’ que era partilhado com aquela oxitocina e dopamina deixa de existir – há quem fale de abstinência, porque o amor é tão viciante como as drogas pesadas – e andamos a trepar paredes até que nos consigamos ‘refazer’. Esta redescoberta de nós próprios na ausência do amor e de quem gostamos é dolorosa. O resultado deste processo de dor (que no pior dos cenários pode ser a depressão) depende de muita coisa. O mais importante é nunca subestimar a dor de um coração partido como dispensável ou fácil de gerir. A dor é essencial para que possamos renascer das cinzas como uma fénix. Simplesmente não é um processo fácil. Não será com um dia de analgésicos (aparentemente), álcool, gelado e séries sem parar que o coração conseguirá remendar-se. Demora tempo e o tempo costuma ser sempre o nosso amigo quando precisamos de lidar com o desgosto. Temos que contar com a nossa capacidade reflexiva de nos permitirmos entristecer – para nos alegrarmos de novo. O segredo também passa por reaprender a gostar de nós próprios e dos outros. Muitos convencem-se que nunca mais amarão, para evitar a intensidade deste desgosto (como se a intensidade da paixão e do amor não valessem a pena). Esquecemo-nos de como os outros nos trazem tanta alegria e prazer apesar de não parecer, no momento em que tudo termina. Não é por acaso que algumas criações artísticas são feitas em estado de coração partido, porque há muita dor e muita escuridão por resolver. A arte é uma de muitas formas de preencher os vazios que nos deixam. Importante reforçar, que do ponto de vista psicológico, é melhor resolver do que esconder: o que não quer dizer que a solução seja ruminar no assunto dias sem fim. A distância é importante para se arranjar espaço físico e emocional para lidar com a ausência. Mas é preciso aceitar o desconforto de um coração partido, aceitá-lo como normal para melhor geri-lo. A internet está cheia de sugestões para ultrapassar a dor de um coração partido, umas mais sensatas do que outras. A maioria das sugestões reforça o olhar cuidado para nós próprios, mesmo que não nos apeteça nada. Claro que as sociedades não dão importância nenhuma à dor emocional, muito menos à amorosa. Parece que o amor é compreendido como uma característica dos fracos e os que se deixam sofrer pelo desconforto do desencontro amoroso mais fracos serão. Só que não. O amor não é a fragilidade da entrega, mas a coragem da entrega – e o desamor a coragem de nos reinventarmos quando o mundo parece não fazer sentido. O amor também não seria tão bom se não fosse, assim, arriscado.
Andreia Sofia Silva VozesTratem-nos da saúde [dropcap]H[/dropcap]á muito que se discute a questão da introdução de trabalhadores não residentes (TNR) em determinados sectores da economia. O Governo continua relutante em permitir uma contratação ponderada de pessoas ao exterior, não assumindo que, de facto, Macau não tem recursos humanos suficientes para que uma série de sectores fundamentais funcionem. Desta vez o debate surge em torno dos TNR na área da saúde. Houve uma ligeira abertura em relação à contratação de enfermeiros e terapeutas no sector privado, mas os Serviços de Saúde continuam a limitar o acesso de médicos estrangeiros a clínicas privadas. Questiono-me, com os projectos de integração regional que aí vêm, se Macau tem de facto capacidade para aguentar com as consequências que este fluxo de pessoas implica. Também haverá mais pessoas nos hospitais, e ainda estamos à espera que o novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas seja construído. Há ainda outro factor, que é o facto da primeira licenciatura em medicina ter aberto portas apenas este ano. Teremos de esperar bastante até que haja médicos locais formados em número suficiente para dar resposta à procura. O Governo não pode manter um sistema de financiamento público-privado na saúde e depois não garantir uma total flexibilização.
Sérgio Fonseca DesportoAudi mantém força para recuperar ceptro perdido [dropcap]S[/dropcap]eguindo as pisadas das rivais BMW e Porsche, a Audi revelou antecipadamente a sua formação de pilotos e equipas para Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA da 66ª edição do Grande Prémio de Macau. O construtor automóvel de Ingolstadt vai colocar em pista quatro Audi R8 LMS GT3 com apoio de fábrica para tentar recuperar um ceptro que conquistou de forma sui generis em 2016, quando Laurens Vanthoor foi dado como vencedor da corrida, mesmo tendo terminando a corrida sem ter visto a bandeira de xadrez e com as quatro rodas da sua viatura apontadas para o ar. Desde a primeira edição da Taça GT Macau, em 2008, a Audi venceu esta corrida por quatro ocasiões. Para a edição 2019 da mais prestigiada prova de sprint para carros GT3, a Audi vai confiar em quatro pilotos, colocados em quatro diferentes equipas. Apesar do ano passado os resultados terem ficado aquém das expectativas, a marca alemã volta a apostar na mesma estratégia: três carros vindos da Europa e um reforço de uma equipa da região. O jovem belga Dries Vanthoor, irmão de Laurens, oitavo classificado em 2018, vai conduzir o R8 LMS da Audi Sport Team WRT, a equipa privada favorita do departamento de competição da casa germânica, enquanto Christoper Haase, sexto classificado o ano transacto, regressará com um Audi inscrito pela Phoenix Racing. Por seu lado, o bi-campeão de carros de GT da Alemanha, o sul-africano Kelvin van der Linde, fará a sua estreia no Circuito da Guia com um exemplar entregue à estrutura germânica Audi Sport Team Rutronik. Por fim, o quarto Audi, inscrito pela abonada Audi Sport Asia Team TSRT, que tem base na cidade vizinha de Zhuhai, será conduzido por David Chen Weian, piloto chinês que fez equipa no início do ano com André Couto no Blancpain GT World Challenge Asia. Para Martin Kuehl, o director da Audi Sport customer racing Asia, “esta formação muito forte de pilotos da Audi Sport sublinha a importância deste evento no calendário global.” A primeira Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA foi realizada em 2015 e este ano assinala-se a quinta vez consecutiva que Macau acolhe esta importante corrida. A 66ª edição do Grande Prémio de Macau disputa-se de 14 a 17 de Novembro.
Nuno Miguel Guedes Divina Comédia h | Artes, Letras e IdeiasRequiem pelo Outono [dropcap]E[/dropcap]stes são os dias em que o outrora mais banal e malvisto tema de conversação ganhou subitamente urgência e manchetes de jornais. Estes são os dias em que falar do tempo – e aqui, o tempo climático – é pretexto de reuniões, manifestações e regatas transatlânticas feitas por adolescentes imbuídas de espírito messiânico. Eu percebo e preocupo-me dentro das minhas limitações. Mas o que mais lamento, ó leitor confidente, é o desaparecimento das estações. Hoje começam a ser uma vaga memória, vestígios de um tempo romântico que nunca mais irá voltar. E é pena, até porque eu sou feito de uma estação. Subestimámos as estações do ano. Habituámo-nos a enterrar os dias à pressa, schopenhauerianos involuntários que decidem sem querer ir matar o instante que se segue a outro instante e acreditar que a vida é algo nesse intermédio. Caímos no erro de nos acharmos superiores ao que nos vai sobreviver, por mais aquecimento global que aturemos. Tudo se tornou, por nossa vontade, cinzento. Já ninguém fala de pessoas primaveris, estivais, outonais, invernais. Misturar a nossa rica personalidade com uma mera estação do ano tornou-se ocioso e desacreditado. O que há resume-se às férias, ao trabalho, ao regresso às aulas, ao clima desagradável. Toda a gente se esquece das intempéries da alma, da força perfeita do Verão, da melancolia outonal, da tristeza de Dezembro, da inocência de Março – e como o gostarmos ou não gostarmos disso nos transforma naquilo que somos. Eu sou um tipo outonal e não tenho vergonha que a adjectivação possa parecer ridícula ou poética ou ambas. Talvez por ter nascido no inicio de Outubro renuncio à extrema alegria de Agosto. Apavoram-me esses dias que parecem, como escreveu Larkin, «emblems of perfect happiness». Prefiro, para não perder esta ajuda e arriscar o meu pretensiosismo, esperar por um «Autumn more appropriate». E rejubilo quando ele se prenuncia, como é o caso do mês de Setembro. Não se trata de uma questão meteorológica, note-se; trata-se de reencontrar o que andava perdido e me fazia falta. Tempo para pensar, um tempo de regeneração e recomeço. Mesmo que este mês oferecesse, para gáudio de muitos, temperaturas médias diárias de 30ºC, seria sempre o começo de Outono. A esperança em que não acredito reaparece ténue, com tudo o que pode significar: amor, paz, tempo. Setembro e o Outono são recomeços de mim. E sei que há muitos como eu, que o confessam em privado, quase a medo, vivendo na clandestinidade sob o entulho do quotidiano. De forma que ando perdido, procurando sinais que sempre me foram faróis. Não os encontro e como sempre recorro à literatura. Lembro-me de parte de um poema de Robert Frost, Nothing Gold Can Stay, que nos fala da efemeridade da nossa passagem: “Then leaf subsides to leaf./So Eden sank to grief,/So dawn goes down to day./Nothing gold can stay.” É muito provável que o Outono tenha emigrado para um verso.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasO cantar da cigarra Horta Seca, Lisboa, 17 Setembro [dropcap]E[/dropcap]m uma outra vida, mais por imposição do que gosto, dei-me por dono de vários grilos, de que recordo o contraste dos corpos negros com as várias cores de plástico berrante nas pequenas gaiolas, a que se acrescentava o verde da alface. O cativeiro mantinha e talvez agravasse aquele ralar minimal repetitivo do bicho. A prática era comum na grande cidade, talvez para manter próxima a ruralidade de que se fugia. Na dureza do quotidiano riscava-se um ponto de lirismo. Coisa de pobre, está bem de ver, suscitando noites de verão e, ao mesmo tempo, o reco-reco das engrenagens do fadário. Por acasos do dito, as minhas noites têm sido brancas mais por via da arte de perder o controlo do que pela sanha do trabalho e seu rebanho de linhas mortas. Deu-se um desvio na indisciplinada regra com desafio forma de homenagem à noite e ao lugar que a soube ampliar ao cubo, um coração que não apenas mudou a cidade tal a conhecemos, mas se fez ele próprio cidade, fábrica de cores na paisagem cinza. Assisti ao lavrar das imagens e atirei-lhes texto para fogueira. Tive por companheiro, hesito, um cigarro, um cigarra, enfim, uma cigarra-macho. A rua foi mais horta por estes dias e o canto iluminava o quase silêncio das horas mortas. Desliguei ventoinha e banda sonora de modo a aproveitar, comovido, a ajuda do baixo contínuo. Possuía uma qualidade de lamento atirado ao vazio, de irremediável desconsolo, temperado por brutal energia, quem sabe se não a alegria do dever cumprindo-se, e nisso se esgotando. Cabia aqui, coisa de pobre, a evocação de detalhes do processamento da vida nestas peles, a longa incubação no subsolo e a vida nas árvores ou abandono da carapaça por troca de exosqueleto, mas não me apetece mais tanger esta lira. Horta Seca, Lisboa, 18 Setembro Nada de novo, pelo que insisto em busca de ritmo. Não se pode excluir nenhum pormenor do objecto-livro. Exemplo breve: a impressão digital, que torna tudo mais ágil e barato, coloca um acetinado de barata no corpo da letra. Ninguém liga, bem sei, começando pelo autor, que se fica por certo detalhe da capa e outro da lombada. Irrita-me muito, para além da durabilidade. (Que interessa hoje o futuro? Matámo-lo logo a seguir a Deus, se nos relacionamos com as ideias em modo de fuzilamento?) Outro tanto se aplica às exposições, afilhadas mais queridas do padrinho espectáculo. A escolha e arrumação no espaço das peças a mostrar obedece a lógica nem sempre óbvia, nem sempre dita, mas que impõe leituras. Talvez o Simão [Palmeirim] saiba o título da exposição que acolheremos em breve, mas não o partilhou ainda. Depois de almoço conversado onde fomos a tantos lugares, por exemplo, à geometria de Almada, viemos ver como arrumar nas salas o seu trabalho de joalharia. Que caia aqui um raio se não me apercebo neste exacto instante que, além da multiplicação dos espaços, o artista tratou de apanhar, pela cor, a melodia do silêncio! Tratava-se portanto de escolher, não apenas o que entra, mas o modo como. Se nos dispomos ao convívio da inteligência, a criação brota que nem infestante na horta (seca) ou ruído no bairro. Descobrimos orientações oblíquas que farão da mostra uma floresta de subtilezas. Maldito acaso, sempre ele, mas voltou, pois seguiu-se a montagem da mais próxima. Não se perdeu o gozo, mais íntimo, esgotados que foram pouco mais de meia dúzia de anos a pendurar, a pendurar-me. Conheço estas paredes com as minhas mãos, sei onde me são fáceis ou resistem, em que ponto estão feridas ou particularidades, piscadelas de olho ou osso, onde tocou martelo ou acariciou pelo do pincel. Que pensará o prego invisível, chamado pela força, a segurar o que todos admirarão? Estúpido, o prego não pensa. Apesar de ter cabeça. Horta Seca, Lisboa, 19 Setembro O Cláudio [Garrudo] soprou-me a notícia ao telefone e não deu ainda para esmiuçar porquês, mas a estética iniciativa «Bairro das Artes», cuja equipa liderou com a Ana [Matos], finda-se ao cumprir a década. Em outras paisagens, uma vez o essencial feito, alguém continuaria, pelo menos, a mera articulação de começos. Temo o óbvio. Participamos atabalhoadamente há cinco anos, daí o testemunho, para dizer o mínimo, da simpatia, da eficiência, da generosidade, ferramentas simples mas raras, com que tudo foi sendo feito. A carência de intendência partilhada, sobretudo na dita sociedade civil, é tal que mais não digo: pela lição, bem-haja! Este ano, a reentrada na atmosfera faz-se com o hiperactivo Pedro [Proença], fonte torrencial de criação e pensamento. «Cartas, Orelhas, Postais e Outras Coisas Mais» (imagem algures na página) reúne prolongamentos das ilustrações, em torno de figuras da mitologia mais ou menos reinventadas, para ou a partir do novíssimo volume da Rita [Taborda Duarte], «As Orelhas de Karenin», no prelo. Além dos postais-colagem de Sandralexandra enviados do mundo inteiro e arredores à sua amante, de que publicaremos também as intrigantes «Cartas de Amor». Cada conversa com o Pedro, preparatória ou dilatória, dá-me tempo a ganhar contra calendários e agendas, atrasos e desatinos. Todo ele se agiganta agitação, pouco depois reflectida em desenhos que fazem do humano corrida apressada em busca de gozo e sentido. Horta Seca, Lisboa, 20 Setembro Duvido que alguma vez atinja o nirvana portátil de tocar livro por mim produzido no qual não encontre defeito. São nadas, que uma vez detectados se tornam permanentes assombrações. Espreito a prova do ensaio do Andrea [Ragusa], que começa belo logo no título, «Como Exilados de um Céu Distante – Antero de Quintal e Giacomo Leopardi», para encontrar redundâncias e erros, todos gráficos e de simpatia, motivados pelo desembestamento da fabricação. E sofro. Em nada belisca o conjunto, a pedir o absoluto essencial, e que tanto falha, afinal: a leitura. O Andrea deu-se ao raro trabalho de ajardinar a tese, com aparatos e bordejamentos, até dela fazer bomba capaz de travar as alterações climáticas. Ou tão só de mudar o mundo. Horta Seca, Lisboa, 21 Setembro Lamento se me repito, ignorando o ritmo. Em outra vida, em lugar chamado «Ler», tive crónica-tese onde procurava confirmar que alguns livros só nos tocam se lidos em coincidência. «Um Homem Sorri à Morte com Meia Cara», de José Rodrigues Miguéis (ed. Estúdios Cor), cai-me nas mãos por generosidade do mano Bernardo [Trindade] para me iluminar, qual lanterna, os longos dias passados, para atrás e para a frente, por entre doentes. Muito possui para sublinhar, esta tocante noveleta autobiográfica, mas interessa-me sobremaneira as partes da viagem ao que pensa o paciente, nem sempre com paciência. «[…] O próprio sofrimento, quando nos vemos a braços com ele, é uma questão pessoal que cada um procura resolver por si, a sós consigo, num tête-à-tête que pode parecer trágico a quem o vê de fora, mas é para o doente um jogo empolgante e decisivo. Esta solidão do homem consigo mesmo, com o seu combate e o seu destino, este ensimesmamento, este (ouso escrevê-lo?) egotismo, é uma das coisas mais pasmosas e, a um tempo, mais consoladoras que a doença nos oferece. Cortam-se as relações com o mundo, e todos os factores da vida que não digam respeito à salvação são desprezados. Como entramos na vida, na solidão e obstinação dum esforço pessoal, assim lutamos para mantê-la ou afrontar o fim.”
Rui Filipe Torres h | Artes, Letras e IdeiasHerdade [dropcap]C[/dropcap]om estreia em 62 salas, este é o filme a que se tecem os mais rasgados elogios por parte de comunicação social e dos actores do sector. É bom o conseguimento de um produtor, o Paulo Branco, e da equipa de comunicação do filme, desta vontade que exprime também a mudança significativa no acolhimento da produção cinematográfica portuguesa, que da indiferença e da crítica assente em pré-conceitos sobre a qualidade das obras, passou a um enaltecer, vendo pérolas cinematográficas nas obras que o cinema português vai conseguindo produzir. E isto é bom, mesmo que nem tudo seja pepita de ouro nos filmes que, por vezes após anos de insistência, vão conseguindo chegar ao grande ecrã. Um dos problemas com que o cinema português se tem confrontado nas últimas décadas, é o do acesso aos públicos, o que é o mesmo de dizer, enorme dificuldade no acesso à exibição e distribuição. Um filme português ter estreia em 70 salas, a par de outras produções recentes que também chegam ao primeiro contacto com os públicos em 50, 60 ecrãs, é um dado novo que indica uma mudança de enaltecer, e até festejar. Nas contas do primeiro fim de semana, de 19 a 22 de Setembro o filme foi visto por 19.424 pessoas, nos 62 ecrãs, o que representa uma receita bruta de 105.372,11€. Herdade, é um excelente filme para, uma vez mais, se colocar a pergunta “O que é o cinema?”, já tantas vezes formulada no seguimento da formulação primeira, por André Bazin, na segunda metade da década de 40 do séc. XX. Curiosamente é também nos anos 50 que se inicia a materialidade cinematográfica deste fresco cinematográfico assinado por Tiago Guedes. A resposta à pergunta é vasta e depende do modelo de abordagem; dispositivo estético, modelos de produção, recepção, linguagem, géneros cinematográficos, cinema mainstream ou cinema indie, cinema-cinemas, são alguns dos possíveis ângulos para a análise e circunscrição da questão. O espaço permitido à escrita de uma crónica de cinema não é o lugar para uma aproximação/resposta à pergunta tantas vezes formulada, mas talvez seja oportuno pensar sobre uma outra pergunta que, por razões várias, anda próxima; o que é escrever sobre filmes?, ou que é hoje, escrever crítica cinematográfica? Todos os filmes se confrontam com a memória cinematográfica, e o filme vive este aparente paradoxo de ser simultaneamente obra única e obra partilhada. Nunca é pouco o que se exige a cada filme. E ainda bem, esta exigência, esta expectativa de revelação, de emoção, racionalidade e maravilhamento perante cada nova obra cinematográfica que pela primeira vez chega ao grande ecrã é uma das condições para diferenciação cinematográfica na imensa produção audiovisual. Ao contrário do que muitos profissionais do marketing afirmam quando decidem antecipar o que os públicos querem, gostam, ou não gostam, um olhar atento mostra que os públicos de cinema, reconhecem e procuram a excelência cinematográfica, a qual raramente dispensa a história e o processo inteligível de a contar. Escrever sobre um filme é, obviamente, escrever sobre a fotografia, o argumento, a montagem, os actores, a produção, a realização, mas talvez que seja sempre o fora de campo, que a própria escrita sobre qualquer objecto cinematográfico já é, aliás, o aspecto mais revelador e de interesse na escrita sobre filmes. Afinal, é eco do filme em nós, o que nos apaixona ou distancia da obra cinematográfica. A primeira cena da Herdade começa com um plano geral no Alentejo, e uma situação narrativa de enorme força. Um sobreiro na paisagem de terra quente onde se adivinha o trigo e a determinação sem reservas nem complacência do confronto fenomenológico entre vida e morte. Alguém, um homem trabalhador da herdade, decidiu pôr fim à vida. O corpo permanece inerte alguns metros acima da terra, enlaçado e pendurado pelo pescoço na corda grossa atada ao ramo vigoroso do sobreiro. Um outro trabalhador prepara-se para descer o corpo, a acção é interrompida por mando do dono da herdade, é dada ordem para ir chamar o filho – João Fernandes (o personagem interpretado por Albano Jerónimo quando adulto – aqui ainda criança). O pai quer que o filho olhe a realidade, diz-lhe que vai aprender uma lição de vida, indica-lhe o olhar para o enforcado. A criança, perante a crueldade da imagem, após um primeiro momento de confronto com a materialidade da morte, afasta-se a correr, refugia-se no isolamento oferecido pela pequena ilha, a ermida de Stº António, uma pequena ruína, no lago da propriedade. O lugar tenente do pai corre para apanhar a criança mas à voz do patrão que lhe dá ordem para o não fazer, imobiliza-se, regressa ao trabalho de descer do ramo do sobreiro o corpo do companheiro enforcado. Estamos perto da década de 50. A sequência seguinte é já com João Fernandes no lugar do pai, é ele agora o dono da grande Herdade, estamos ainda no Estado Novo, a Guerra Colonial exige esforços e alianças. João Fernandes está no picadeiro com o seu puro sangue, o cavalo negro, é-lhe anunciada a visita sem convite de um ministro de Estado. Nesta sequência conhecemos a família, o lugar tenente do patrão, uma personagem magistralmente criada pelo Miguel Borges, que é sem grande discussão merecedora de um prémio de interpretação pela contenção e desenho do personagem. E claro o contexto da época. A importância, ou melhor o poder do senhor do latifúndio, e a forma do exercício do Poder do Estado, as necessárias visibilidades das alianças, os améns às decisões do Presidente do Conselho. O tema é tratado com exagero, é forçada a boçalidade e falta de cortesia por parte de altos funcionários do Estado, com comportamentos onde não há distinção nem as regras básicas da urbanidade. É um exagero mas foi a escolha. Se quando se trata de funcionários da polícia política o tom grosseiro e sem urbanidade é justo e adequado, é desajustado quando em ministro ou seus secretários. Ficamos a conhecer a Herdade, a família, o trabalho e a polícia política. Há um trabalhador ligado ao PCP que é preso, e o patrão vai a Lisboa libertá-lo. Afinal é casado com a filha do general que comanda a polícia política, e isto das relações de parentesco, antes do 25 de Abril como agora, continuam ser passaportes de grande validade nas mais diversas situações sociais. A progressão na narrativa vai tendo lugar na maioria das vezes no tom e de forma adivinhada, e o golpe de Estado do 25 de Abril acontece. Seguem-se os momentos de convulsão social conhecidos, a reforma agrária tentada na forma de ocupação da terra a que com pulso e sem vacilar João Fernandes faz frente, continuando a gerir a Herdade. Paulo Branco, de quem parte a ideia inicial do filme, não por acaso, convidou para montador do filme Roberto Perpignani, que foi quem montou o famoso documentário “Torre Bela”, onde é dado a ver a ocupação revolucionária da herdade com o mesmo nome. Roberto Perpignani, para além de ser uma vedeta dado ter montado filmes do Orson Welles e do Bertolucci, é um conhecedor do que foram os tempos da reforma agrária em Portugal no chamado verão quente da revolução. O tempo vai passando. O filho cresce. Uma nova linha de dramaturgia explorada, e neste grande fresco pelos perto de 60 anos da paisagem social e política deste país, surge uma estória de amor com contornos de Romeu e Julieta no contexto das barreiras da origem social de classe, a que o interdito do sangue vem acrescentar um toque queirosiano dos Maias, por razões de uma espécie de infidelidade consentida a quem é senhor de terras e patrão de gentes. A Democracia está instalada, e se antes o problema da permanência da terra da Herdade passou por fazer frente à mudança de propriedade em razão da vontade e legitimação revolucionária, a que João Fernandes conseguiu fazer oposição vitoriosa, agora o problema vem da banca, e a Herdade vai desaparecendo, em parcelas vendidas aos próprios bancos. Um extenso terreno de cultivo de arroz é entregue. Outros já foram. Se a reforma agrária não conseguiu ocupar a Herdade, consegue-o agora a banca, na realidade neo-liberal da democracia. O homem-tenente do patrão, dádiva irrepreensível do Miguel Borges, pai oficial, do jovem por quem a filha do patrão se apaixona e que é afilhado do patrão, morre num acidente que se adivinha propositado. O filme termina com a queda e morte do cavalo de raça, e o recolhimento à pequena ilha no lago na infância do personagem principal do filme, num tratamento de arco de personagem de grande fôlego e muito bem conseguido. Filme poderoso, que nos transporta nesta viagem pela história recente dos grandes territórios da agricultura em Portugal, com uma versão de série para televisão que terá bom acolhimento dos públicos com todo o merecimento. Escrever sobre cinema é também isto, falar um pouco do filme visto, apelar à vontade de descoberta do filme sabendo que cada espectador tem um filme único à sua espera, e essa é também uma das muitas maravilhas do cinema. Produzido por Paulo Branco, “A Herdade”, tem argumento de Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes, estreou no festival de Veneza e esteve presente no festival de cinema de Toronto. É o candidato de Portugal aos Óscares (EUA) e também aos Goya (Espanha). Diz o realizador, “A Herdade” é “um filme de personagens, de atores, de interpretações fortes, da grandeza das paisagens que os envolvem e das consequências dos segredos que transportam”. https://www.youtube.com/watch?v=NsMH22Lybyo Título original: A Herdade. Realizador: Tiago Guedes. Montador: Roberto Perpignani. Produtor: Paulo Branco. Com: Albano Jerónimo, Sandra Faleiro, Miguel Borges, João Pedro Mamede, Diogo Dória, Victória Guerra, Ana Bustorff, entre outros. Portugal, cores, 166 minutos
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Taxas de juro não vão ser reduzidas para estimular economia [dropcap]O[/dropcap] governador do banco central da China disse ontem que a política monetária do país permanecerá “estável e saudável”, sugerindo que Pequim não seguirá os Estados Unidos e a Europa, que reduziram as taxas de juro. Em conferência de imprensa, Yi Gang garantiu que o Banco do Povo Chinês vai evitar um “estímulo massivo”, apesar do impacto da guerra comercial entre Pequim e Washington. A China registou, nos últimos anos, um ‘boom’ na dívida corporativa e dos governos locais, reflectindo um modelo económico assente no investimento em grandes obras públicas, como forma de assegurar altas taxas de crescimento económico após a crise financeira global de 2008. Pequim tenta agora controlar o nível de endividamento, depois de várias agências de notação financeira terem reduzido a classificação de crédito da China. “Acreditamos que, para a nossa política monetária, devemos permanecer comprometidos com o nosso próprio curso e seguir uma direcção estável e saudável”, disse Yi. Tudo controlado Em 2018, a economia chinesa cresceu 6,6 por cento, o ritmo mais lento dos últimos trinta anos, colocando pressão em Pequim para adoptar novas medidas de estímulo. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do sector dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas. Mas a desaceleração tem sido mais acentuada do que o previsto, levando Pequim a reduzir as restrições no acesso ao crédito e a aumentar a despesa pública, visando evitar a destruição de empregos, o que poderia resultar em instabilidade social. Os reguladores consideram que controlar a dívida das empresas e das famílias é uma prioridade. “Não devemos adoptar pacotes grandes de estímulo”, disse Yi. “Precisamos de garantir que a taxa de endividamento permanece estável, para que o nível total de dívida permaneça sustentável”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Taxas de juro não vão ser reduzidas para estimular economia [dropcap]O[/dropcap] governador do banco central da China disse ontem que a política monetária do país permanecerá “estável e saudável”, sugerindo que Pequim não seguirá os Estados Unidos e a Europa, que reduziram as taxas de juro. Em conferência de imprensa, Yi Gang garantiu que o Banco do Povo Chinês vai evitar um “estímulo massivo”, apesar do impacto da guerra comercial entre Pequim e Washington. A China registou, nos últimos anos, um ‘boom’ na dívida corporativa e dos governos locais, reflectindo um modelo económico assente no investimento em grandes obras públicas, como forma de assegurar altas taxas de crescimento económico após a crise financeira global de 2008. Pequim tenta agora controlar o nível de endividamento, depois de várias agências de notação financeira terem reduzido a classificação de crédito da China. “Acreditamos que, para a nossa política monetária, devemos permanecer comprometidos com o nosso próprio curso e seguir uma direcção estável e saudável”, disse Yi. Tudo controlado Em 2018, a economia chinesa cresceu 6,6 por cento, o ritmo mais lento dos últimos trinta anos, colocando pressão em Pequim para adoptar novas medidas de estímulo. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do sector dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas. Mas a desaceleração tem sido mais acentuada do que o previsto, levando Pequim a reduzir as restrições no acesso ao crédito e a aumentar a despesa pública, visando evitar a destruição de empregos, o que poderia resultar em instabilidade social. Os reguladores consideram que controlar a dívida das empresas e das famílias é uma prioridade. “Não devemos adoptar pacotes grandes de estímulo”, disse Yi. “Precisamos de garantir que a taxa de endividamento permanece estável, para que o nível total de dívida permaneça sustentável”, disse.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Pequim pede a Washington que cancele reunião sobre Xinjiang [dropcap]A[/dropcap] China pediu ontem a Washington que cancele uma reunião planeada nas Nações Unidas para discutir a alegada repressão e detenções arbitrárias de membros de minorias étnicas de origem muçulmana no extremo noroeste do país. “Os Estados Unidos têm repetidamente difamado as políticas da China em Xinjiang e interferido nos assuntos internos da China sob as capas da religião e dos direitos humanos”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang. “E cometeram agora um erro ainda maior ao trazer a discussão sobre a questão de Xinjiang para a Assembleia Geral da ONU”, apontou. O secretário de Estado adjunto dos EUA, John Sullivan, deverá liderar um painel de discussão sobre a “crise dos direitos humanos em Xinjiang”, durante uma reunião marcada para esta semana na Assembleia-Geral da ONU. Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure e alguns cazaques, em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang. Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora tratar-se de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza no Xinjiang. “Pedimos aos Estados Unidos que cancelem a reunião em causa e que parem de fazer comentários irresponsáveis sobre a questão de Xinjiang e de interferir nos assuntos internos da China em nome dos direitos humanos”, afirmou Geng Shuang, em conferência de imprensa. A moral de Trump Na segunda-feira, Trump disse numa reunião sobre liberdade religiosa, durante uma sessão da ONU, que é um “dever moral urgente” que os líderes mundiais parem os crimes contra a fé. No domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Pequim de tentar eliminar culturas muçulmanas, e pediu aos governos da Ásia Central que rejeitem as exigências chinesas de extradição de uigures. Pompeo fez aqueles comentários numa reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão. O painel de Xinjiang apresentará “histórias profundamente pessoais de vítimas da brutal campanha de repressão da China” contra uigures e outras minorias muçulmanas, segundo a anúncio do departamento de Estado norte-americano.
Hoje Macau China / ÁsiaONU | Pequim pede a Washington que cancele reunião sobre Xinjiang [dropcap]A[/dropcap] China pediu ontem a Washington que cancele uma reunião planeada nas Nações Unidas para discutir a alegada repressão e detenções arbitrárias de membros de minorias étnicas de origem muçulmana no extremo noroeste do país. “Os Estados Unidos têm repetidamente difamado as políticas da China em Xinjiang e interferido nos assuntos internos da China sob as capas da religião e dos direitos humanos”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang. “E cometeram agora um erro ainda maior ao trazer a discussão sobre a questão de Xinjiang para a Assembleia Geral da ONU”, apontou. O secretário de Estado adjunto dos EUA, John Sullivan, deverá liderar um painel de discussão sobre a “crise dos direitos humanos em Xinjiang”, durante uma reunião marcada para esta semana na Assembleia-Geral da ONU. Organizações não-governamentais estimam que a China mantém detidos cerca de um milhão de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigure e alguns cazaques, em campos de doutrinação política, na região de Xinjiang. Depois de, inicialmente, negar a existência dos campos, Pequim diz agora tratar-se de centros de “formação vocacional”, destinados a treinar uigures, como parte de um plano para trazer a minoria étnica para o mundo “moderno e civilizado”, e eliminar a pobreza no Xinjiang. “Pedimos aos Estados Unidos que cancelem a reunião em causa e que parem de fazer comentários irresponsáveis sobre a questão de Xinjiang e de interferir nos assuntos internos da China em nome dos direitos humanos”, afirmou Geng Shuang, em conferência de imprensa. A moral de Trump Na segunda-feira, Trump disse numa reunião sobre liberdade religiosa, durante uma sessão da ONU, que é um “dever moral urgente” que os líderes mundiais parem os crimes contra a fé. No domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou Pequim de tentar eliminar culturas muçulmanas, e pediu aos governos da Ásia Central que rejeitem as exigências chinesas de extradição de uigures. Pompeo fez aqueles comentários numa reunião com os ministros dos Negócios Estrangeiros do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão. O painel de Xinjiang apresentará “histórias profundamente pessoais de vítimas da brutal campanha de repressão da China” contra uigures e outras minorias muçulmanas, segundo a anúncio do departamento de Estado norte-americano.
Hoje Macau EventosFundação Macau | 43 obras distinguidas no Concurso de Literatura [dropcap]O[/dropcap] “12.º Concurso de Literatura de Macau”, organizado pela Fundação Macau e a Associação dos Escritores de Macau, contou com a participação de um total de 239 obras, 43 das quais foram premiadas. A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se na segunda-feira no Centro de Ciência de Macau. O presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang, referiu que o concurso se dividiu em dois grupos de participação, um local e outro aberto a autores fora da RAEM. Os denominadores comuns das obras foram a escrita em chinês e ter Macau como tema central. Wu Zhiliang acrescentou que o objectivo da iniciativa é expandir a marca do evento, de forma a que escritores de todo o mundo prestem atenção a Macau, e escrevam sobre o território e a sua população, segundo o jornal do Cidadão. Durante a cerimónia de entrega dos prémios, o secretário da Associação de Escritores da China, Wu Yiqin, disse que o intercâmbio cultural e literário cada vez mais frequente entre Macau e o Continente permite que autores de ambas as origens melhorem mutuamente.
Hoje Macau EventosFundação Macau | 43 obras distinguidas no Concurso de Literatura [dropcap]O[/dropcap] “12.º Concurso de Literatura de Macau”, organizado pela Fundação Macau e a Associação dos Escritores de Macau, contou com a participação de um total de 239 obras, 43 das quais foram premiadas. A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se na segunda-feira no Centro de Ciência de Macau. O presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang, referiu que o concurso se dividiu em dois grupos de participação, um local e outro aberto a autores fora da RAEM. Os denominadores comuns das obras foram a escrita em chinês e ter Macau como tema central. Wu Zhiliang acrescentou que o objectivo da iniciativa é expandir a marca do evento, de forma a que escritores de todo o mundo prestem atenção a Macau, e escrevam sobre o território e a sua população, segundo o jornal do Cidadão. Durante a cerimónia de entrega dos prémios, o secretário da Associação de Escritores da China, Wu Yiqin, disse que o intercâmbio cultural e literário cada vez mais frequente entre Macau e o Continente permite que autores de ambas as origens melhorem mutuamente.
Andreia Sofia Silva Eventos“Macau – Aqui Cheira a Silencio” inaugurada na Universidade de Lisboa [dropcap]A[/dropcap] UNITYGATE – Plataforma de Intercâmbio Cultural entre Ocidente e Oriente uniu-se ao Instituto Confúcio da Universidade de Lisboa (UL) para apresentar uma mostra fotográfica da autoria de Ana Battaglia Abreu, resultado de um trabalho realizado entre os anos de 2015 e 2016, e que deu lugar a uma exposição no consulado-geral de Portugal em Macau em 2017, uma iniciativa inserida na programação da UNITYGATE. As imagens expostas retratam “os recantos, cores e silêncios de Macau”, sendo uma exposição “pensada especificamente para um ano de comemorações da transferência de soberania de Macau para a China”, que aconteceu em 1999. As fotografias pretendem convidar o público a depositar “um olhar diferente sobre a cidade, o seu passado e presente, e os seus recantos secretos de encantos, cores e silêncios interiores no meio da agitação e frenesim actual, e que preservam um passado cultural no presente”. A mesma nota oficial dá conta que a ideia é “esta exposição ser colocada de forma dinâmica através de uma instalação, permitindo ser vista e sentida pelo publico de uma maneira original e única”. Neste sentido, “a sua temática desenvolve-se à volta de um olhar sobre Macau e na sua procura do Silêncio (que nos remete à cultura antiga pelos sentidos) em oposição ao ruído e agitação que tanto caracteriza Macau hoje em dia”. Danças em festival Outro evento que também se insere na programação da plataforma UNITYGATE, é a quinta edição do Festival Palco do Mundo, que se realiza este fim-de-semana, nos dias 28 e 29, em Mafra, a poucos quilómetros de Lisboa. A ideia é juntar num só cartaz grupos de dança de todo o mundo, estando prevista a actuação, no domingo, da Associação de Arte de Dança Luso-Chinesa de Macau, em representação das danças tradicionais chinesas. Da China vem o grupo Escola Folha de Bambu, de Mafalda Costa. Este festival tem apenas cinco anos de existência e “é realizado por uma rede de pessoas e parcerias que investem nas suas premissas essências”. O objectivo é “unir pela arte, cruzando culturas, artes e saberes, do tradicional ao contemporâneo numa visão holística e eco sustentável”, revela a UNITYGATE em comunicado. No sábado, dia 28, está prevista a realização de inúmeros workshops que também estabelecem uma ligação ao Oriente, como o workshop de origamis japoneses, Tai Chi Chuan e danças orientais.