Hoje Macau EventosUM | Português deve aproveitar fenómeno do multilinguismo para crescer Gilvan Müller de Oliveira esteve na Universidade de Macau, para participar no II Seminário da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo. O linguista defende que a língua portuguesa deve aproveitar a oportunidade do multilinguismo do século XXI para se expandir e afirmar-se definitivamente como uma língua internacional [dropcap]O[/dropcap] linguista brasileiro Gilvan Müller de Oliveira defendeu esta quarta-feira que a língua portuguesa deve saber aproveitar as oportunidades decorrentes do multilinguismo, um forte instrumento económico, histórico e de humanização, e que é “a verdadeira língua do século XXI”. Fenómeno atribuído à globalização e um elemento no radar da UNESCO, o multilinguismo é “uma oportunidade para o português”, mas também “para todas as línguas”, destacou o antigo director executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), instituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com sede em Cabo Verde, em entrevista à Lusa em Macau. “O que nós temos hoje é um contexto em que não só uma língua cresce em detrimento de outras, mas todo um conjunto de línguas cresce”, afirmou o académico, à margem do arranque do II Seminário da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, que decorre até quinta-feira na Universidade de Macau. Gilvan Oliveira coordena esta Cátedra a partir de Florianópolis, no estado brasileiro de Santa Catarina. O “projecto jovem”, mas “em fase de expansão” envolve 22 universidades em 13 países, dando destaque aos blocos lusófono e dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), estes últimos “países altamente multilingues, com modelos de gestão civilizacional e linguística muito diferentes entre si”. Sucesso africano Sobre o uso do português nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), o linguista considerou estar “a avançar rapidamente”, dando como exemplo de sucesso o caso de Moçambique, onde existe hoje um sistema de escolas bilingues “que fazem com que o aluno compartilhe o português e uma outra língua moçambicana”. “O caso de Moçambique é um caso notório. Havia em Moçambique pouco mais de 11 por cento de falantes de português no momento da independência, e agora já são mais de 55% por cento de falantes, quer dizer que o Estado nacional moçambicano, tomando para si a tarefa de ensinar português e de criar um sistema educacional e um sistema de transmissão radiofónica e televisiva, contribuiu para uma rápida expansão da língua”, referiu. Neste sentido, frisou, “a responsabilidade do Estado no ensino do português e da organização dos espaços e da circulação da língua é uma peça fundamental para o crescimento da língua”. Além disso, a língua portuguesa beneficia de uma característica especial: “Não há dois países de língua portuguesa que fazem fronteira, cada país é uma ‘ilha’, cercada por vizinhos que falam outras línguas, e isso é extremamente positivo para a expansão da língua”, salientou. Olhar para a frente Na África do Sul, por exemplo, o português é hoje uma das línguas opcionais para os exames secundários e “onde se tem expandido de forma muito firme, graças e sobretudo ao papel que Moçambique desempenha na vizinhança, e crescentemente Angola desempenha na vizinhança da Namíbia, como o Brasil desempenha nos seus vizinhos falantes de espanhol, e mesmo Portugal, com todos os projectos do português na Extremadura [espanhola]”, disse. “Esses países provocam o crescimento do uso da língua internamente, mas também para fora, crescentemente expandido as fronteiras de circulação, para fora e para dentro, na recepção à migração”, apontou. O académico considera que a língua de Camões tem aproveitado oportunidades decorrentes do contexto global do multilinguismo, expandindo-se “em vários contextos”, mas que é preciso abandonar a “mentalidade de uma época passada” e pensar no português como uma língua internacional. “Ainda pensamos muito no português como uma língua nacional, há dificuldades de ver o português como uma língua internacional. Há dificuldades de considerar, por exemplo, uma responsabilidade crescente para o IILP [Instituto Internacional da Língua Portuguesa] na construção desta comunidade internacional que compartilha uma língua, que ao mesmo tempo é compartilhada com outras línguas”, apontou. Assim, e sublinhando que o multilinguismo é, a par da tradução electrónica, “a verdadeira língua do século XXI”, o professor defende que a língua portuguesa tem muito a ganhar com a participação neste fenómeno. “Quanto mais o português puder participar neste multilinguismo, e puder ser uma opção para falantes de vários países, e ao mesmo tempo se nós pudermos também falar outras línguas, só temos a ganhar economicamente”, considerou. “Evidentemente, cresce o valor económico do português à medida que a língua está conectada com outras línguas e quando o número de bilingues e trilingues cresce, porque é isso que faz a incorporação de ideias, projectos, narrativas históricas e literárias, ou a tradução”, acrescentou. No entanto, não é só o valor económico que cresce, vincou, como também o valor humano e histórico. Partindo do exemplo de um instrumento desenvolvido pelas universidades que integram a Cátedra, e a partir do qual uma tese de doutoramento em indonésio foi sumarizada e traduzida para português, Oliveira sublinhou a vantagem das produções intelectuais não passarem por uma só língua. “À medida que podemos usar as ideias deles e eles as nossas, aumenta o valor económico, o valor humano, o valor histórico, como ponte entre línguas, e nesse sentido a Cátedra tem sido uma oportunidade para a recuperação dessas memórias”, disse. As Cátedras UNESCO são projectos de quatro anos sujeitos a avaliação, que podem ser renovadas indefinidamente “se produzirem informação relevante para que os estados membros atuem”, explicou. A Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (2018-2022) foi estabelecida em Fevereiro do ano passado e tem como instituição responsável a Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil.
João Luz Manchete SociedadeEstudo alerta para aperto à liberdade académica em Macau O espaço para as ideias está a encolher no meio académico de Macau e Hong Kong, de acordo com um estudo de uma rede internacional de instituições de ensino superior. Os resultados foram apurados a partir de uma série de entrevistas a professores e alunos, apesar das recusas de participação de algumas fontes devido a receios de represálias [dropcap]O[/dropcap]bstáculos à excelência” é o título do estudo que analisou a liberdade académica na China e nas regiões administrativas especiais. Elaborado por uma rede internacional de instituições de ensino superior, “Scholars at risk” (SAR), o estudo aponta para erosão da liberdade académica e em Macau e Hong Kong, devido à influência do Governo Central, e fala, inclusive “do aperto ao espaço para ideias”. O estudo foi conduzido através de uma série de entrevistas a alunos e docentes. Mais de uma dezena de fontes recusaram participar por recearem represálias. São realçadas as diferenças em termos de autonomia e liberdade nas regiões administrativas especiais, em comparação com o Continente, ainda assim é referido que, tanto em Macau como Hong Kong, se verificaram pressões nas comunidades académicas. O estudo aponta para crescentes preocupações de académicos quanto à autonomia que dizem ameaçada através de interferências de pessoas ou instituições pró-Pequim. Estas acções colocam em perigo “a liberdade de expressão e liberdade de investigação”. Um dos exemplos dados pelo estudo foi o, muito falado, afastamento do académico Eric Sautedé da Universidade de São José em Junho de 2014. O relatório refere que os comentários políticos do académico, em especial em relação ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, levaram ao seu afastamento, num crescendo de tensão que culminou no convite a Frank Dikötter, historiador holandês que se foca na China moderna. Pronúncia do norte O caso de Bill Chou Kwok-ping também foi destacado pelo estudo. O académico que sempre foi uma voz activa a favor de reformas democráticas na região e um crítico em relação à forma como o Governo da RAEM encarava os meios de comunicação social. Em Agosto de 2014 seria informado de que o seu contrato com a Universidade de Macau (UM) não seria renovado. Entrevistado para o estudo, Chou salientou não estar a par de qualquer regulação que o proibisse de activismo político. A razão oficial da UM foi vaga, cingindo-se a assegurar que o afastamento do académico foi uma acção “consistente com os procedimentos e regulamentos relevantes”. O relatório elenca ainda a proibição de entrada em Macau de jornalistas, académicos e activistas de Hong Kong, a sugestão para que os jornais locais produzissem artigos “positivos” e o caso Rota das Letras de 2018. O estudo destaca também a aparente inversão do investimento chinês no ensino superior. “Ao longo de décadas, o Governo chinês investiu imenso em instituições académicas e programas de forma a poder competir com as melhores do mundo”, refere director do SAR, Robert Quinn, também citado pelo Macau Daily Times. A ambição positiva de aposta na educação foi, contudo, posta em causa por políticas que restringem a liberdade académica. Esta situação, para Robert Quinn, representa enormes riscos pessoais e profissionais para os académicos e estudantes chineses, além de manchar a reputação, assim como a capacidade de financiamento, de instituições chinesas em parceiras com entidades estrangeiras.
João Luz SociedadeRestauração | Novo serviço de renovação de licenças online em Outubro [dropcap]O[/dropcap]s proprietários de estabelecimentos de restauração e bebidas podem renovar as licenças de forma mais célere e cómoda através da Internet, sem necessidade de deslocação a um serviço público. Este método permite também outras operações, como fazer a alteração do proprietário por via electrónica. A partir do próximo mês, o processo pode ser feito totalmente através de uma plataforma online, de acordo com a informação revelada ontem pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). O processo vai dividir-se em três fases. Formulação do pedido, com o preenchimento de um formulário online, que após o envio carece de autorização do IAM. Depois de autorizado, o proprietário recebe uma mensagem de texto dos serviços. Em seguida é feito o pagamento online, através de cartão de crédito, ficando a licença acessível para download. O documento terá um formato ligeiramente diferente, com um código QR no canto superior direito que prova a autenticidade da licença. Aliás, a leitura do código dá acesso a todos os pormenores do estabelecimento. O IAM revelou ainda que entre 2017 e 2019 foram apresentados 288 pedidos online, enquanto que mais de 3500 pessoas optaram por fazer a renovação da licença presencialmente num balcão de serviços do IAM. O organismo dirigido por José Tavares pretende promover a via electrónica através de acções de sensibilização.
João Luz SociedadeRestauração | Novo serviço de renovação de licenças online em Outubro [dropcap]O[/dropcap]s proprietários de estabelecimentos de restauração e bebidas podem renovar as licenças de forma mais célere e cómoda através da Internet, sem necessidade de deslocação a um serviço público. Este método permite também outras operações, como fazer a alteração do proprietário por via electrónica. A partir do próximo mês, o processo pode ser feito totalmente através de uma plataforma online, de acordo com a informação revelada ontem pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). O processo vai dividir-se em três fases. Formulação do pedido, com o preenchimento de um formulário online, que após o envio carece de autorização do IAM. Depois de autorizado, o proprietário recebe uma mensagem de texto dos serviços. Em seguida é feito o pagamento online, através de cartão de crédito, ficando a licença acessível para download. O documento terá um formato ligeiramente diferente, com um código QR no canto superior direito que prova a autenticidade da licença. Aliás, a leitura do código dá acesso a todos os pormenores do estabelecimento. O IAM revelou ainda que entre 2017 e 2019 foram apresentados 288 pedidos online, enquanto que mais de 3500 pessoas optaram por fazer a renovação da licença presencialmente num balcão de serviços do IAM. O organismo dirigido por José Tavares pretende promover a via electrónica através de acções de sensibilização.
Andreia Sofia Silva SociedadeTSI | Governo condenado a pagar 400 mil patacas a ex-funcionário do aeroporto [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) condenou o Governo a pagar 400 mil patacas a um ex-funcionário da empresa de serviços aeroportuários Menzies Macau Airport Services, ligada ao Aeroporto Internacional de Macau, relativo a um caso de indemnização por danos não patrimoniais. Quando levou o caso a tribunal, o ex-funcionário pedia à RAEM uma indemnização global de cerca de 11 milhões de patacas a título de danos patrimoniais e não patrimoniais, mas o Tribunal Administrativo apenas condenou o Executivo a pagar cerca de 23 mil patacas de indemnização por danos patrimoniais, e cerca de 150 mil patacas por danos não patrimoniais. De acordo com o acórdão ontem divulgado, o caso começou em 2013, quando o ex-funcionário, que começou a trabalhar para a empresa em 1996, pediu a renovação do seu cartão de acesso às áreas restritas e reservadas do aeroporto. A empresa pediu um parecer ao Grupo de Trabalho para a Verificação de Antecedentes Criminais (GTVA) da Polícia Judiciária (PJ), que emitiu um parecer desfavorável ao pedido do funcionário, que foi despedido após esse processo. O TSI considerou que o referido parecer foi fundamentado “no facto de A (ex-funcionário) ter sido investigado em dois processos de inquérito criminal, de 2001 e 2002, por suspeita de posse de droga e de consumo de droga”. No entanto, considera o tribunal, “os eventuais factos ilícitos aconteceram há muito tempo”, pois “volvidos onze ou doze anos, nada mais se registou contra A, em termos de ilicitude ou de comportamento anómalo, anti-ético ou anti-social, e nunca foi posta em causa, pelo mesmo, a segurança do aeroporto”. Por essa razão, “seria manifestamente injusto que aquela factualidade, alegadamente ilícita, pudesse ser valorada em 2013”. Neste sentido, a PJ, ao emitir o parecer, “agiu em desconsideração dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e da boa-fé, a que se pode adicionar a violação do princípio da presunção de inocência”, aponta o TSI.
Andreia Sofia Silva SociedadeTSI | Governo condenado a pagar 400 mil patacas a ex-funcionário do aeroporto [dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) condenou o Governo a pagar 400 mil patacas a um ex-funcionário da empresa de serviços aeroportuários Menzies Macau Airport Services, ligada ao Aeroporto Internacional de Macau, relativo a um caso de indemnização por danos não patrimoniais. Quando levou o caso a tribunal, o ex-funcionário pedia à RAEM uma indemnização global de cerca de 11 milhões de patacas a título de danos patrimoniais e não patrimoniais, mas o Tribunal Administrativo apenas condenou o Executivo a pagar cerca de 23 mil patacas de indemnização por danos patrimoniais, e cerca de 150 mil patacas por danos não patrimoniais. De acordo com o acórdão ontem divulgado, o caso começou em 2013, quando o ex-funcionário, que começou a trabalhar para a empresa em 1996, pediu a renovação do seu cartão de acesso às áreas restritas e reservadas do aeroporto. A empresa pediu um parecer ao Grupo de Trabalho para a Verificação de Antecedentes Criminais (GTVA) da Polícia Judiciária (PJ), que emitiu um parecer desfavorável ao pedido do funcionário, que foi despedido após esse processo. O TSI considerou que o referido parecer foi fundamentado “no facto de A (ex-funcionário) ter sido investigado em dois processos de inquérito criminal, de 2001 e 2002, por suspeita de posse de droga e de consumo de droga”. No entanto, considera o tribunal, “os eventuais factos ilícitos aconteceram há muito tempo”, pois “volvidos onze ou doze anos, nada mais se registou contra A, em termos de ilicitude ou de comportamento anómalo, anti-ético ou anti-social, e nunca foi posta em causa, pelo mesmo, a segurança do aeroporto”. Por essa razão, “seria manifestamente injusto que aquela factualidade, alegadamente ilícita, pudesse ser valorada em 2013”. Neste sentido, a PJ, ao emitir o parecer, “agiu em desconsideração dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e da boa-fé, a que se pode adicionar a violação do princípio da presunção de inocência”, aponta o TSI.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Apreensão de 15 milhões em ninhos de andorinha e material electrónico Os Serviços de Alfândega interceptaram uma embarcação com 102 quilos de ninhos de andorinha, que seriam depois vendidos no Interior da China. O condutor do barco foi interceptado em actividades relacionadas com contrabando pela quarta vez [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega (SA) apreenderam 15 milhões de patacas em ninhos de andorinha e materiais electrónicos, na passada segunda-feira. Os resultados da operação foram apresentados ontem e levaram à detenção de dois homens, que pretendiam fazer entrar o material no Interior da China, onde seria depois contrabandeado. De acordo com Cheang Kok Hong, subinspector alfandegário, na base da operação esteve uma denúncia de um cidadão a informar as autoridades sobre uma embarcação que iria transportar material contrabandeado para o Continente na madrugada de dia 23. O percurso envolvia a travessia da zona do Porto Interior. “Quando os dois indivíduos foram interceptados não conseguiram avançar uma explicação razoável para o transporte do material. Por isso procedemos à detenção dos dois, assim como do material e da embarcação, devido à existência de fortes indícios da actividade de contrabando”, afirmou Cheang. Além da embarcação, o material apreendido totaliza 7.193 discos rígidos, 2.402 pen drives, 1.450 unidades de memória RAM, 4.000 cartões de memória, 544.00 peças de relógios, 681.500 pilhas, 67 peças electrónicos e 102 quilos de ninho de andorinha. O material para confeccionar está avaliado em 150 mil patacas. Apesar dos dois indivíduos não terem colaborado com as autoridades, este serviço teria um pagamento a dividir pelos infractores de 4 mil yuan. Com a prática desta alegada ilegalidade os detidos arriscam-se a ser castigados com uma pena de multa que vai das mil às 50 mil patacas. Além disso, as mercadorias e a embarcação são perdidas para a RAEM, que pode depois optar por vendê-las em hasta pública ou destrui-las. Detido fez “Póquer” Segundo os SA, o condutor e dono da embarcação tem 43 anos, é natural do Interior, e é suspeito de violar a Lei do Comércio Externo pela quarta vez desde 2005. A primeira vez em que foi apanhado numa infracção deste género aconteceu no início de 2005, quando foi interceptado a transportar sucata para o Interior. Também nesse ano, em Maio, foi novamente interceptado, desta vez a contrabandear lubrificantes pare veículos. Os anos passaram e o homem que agora tem 43 anos foi novamente interceptado, já em Maio de 2013. Nessa altura tentava contrabandear carne de vaca e ninho de andorinha. O outro indivíduo tem 39 anos, alegadamente é cunhado do condutor, e não tinha qualquer documento de identificação quando foi interceptado. Por este motivo foi reencaminhado para o Corpo de Polícia de Segurança Pública. Os dois também não conseguiram mostrar documentos que provassem a entrada legal em Macau.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCrime | Apreensão de 15 milhões em ninhos de andorinha e material electrónico Os Serviços de Alfândega interceptaram uma embarcação com 102 quilos de ninhos de andorinha, que seriam depois vendidos no Interior da China. O condutor do barco foi interceptado em actividades relacionadas com contrabando pela quarta vez [dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Alfândega (SA) apreenderam 15 milhões de patacas em ninhos de andorinha e materiais electrónicos, na passada segunda-feira. Os resultados da operação foram apresentados ontem e levaram à detenção de dois homens, que pretendiam fazer entrar o material no Interior da China, onde seria depois contrabandeado. De acordo com Cheang Kok Hong, subinspector alfandegário, na base da operação esteve uma denúncia de um cidadão a informar as autoridades sobre uma embarcação que iria transportar material contrabandeado para o Continente na madrugada de dia 23. O percurso envolvia a travessia da zona do Porto Interior. “Quando os dois indivíduos foram interceptados não conseguiram avançar uma explicação razoável para o transporte do material. Por isso procedemos à detenção dos dois, assim como do material e da embarcação, devido à existência de fortes indícios da actividade de contrabando”, afirmou Cheang. Além da embarcação, o material apreendido totaliza 7.193 discos rígidos, 2.402 pen drives, 1.450 unidades de memória RAM, 4.000 cartões de memória, 544.00 peças de relógios, 681.500 pilhas, 67 peças electrónicos e 102 quilos de ninho de andorinha. O material para confeccionar está avaliado em 150 mil patacas. Apesar dos dois indivíduos não terem colaborado com as autoridades, este serviço teria um pagamento a dividir pelos infractores de 4 mil yuan. Com a prática desta alegada ilegalidade os detidos arriscam-se a ser castigados com uma pena de multa que vai das mil às 50 mil patacas. Além disso, as mercadorias e a embarcação são perdidas para a RAEM, que pode depois optar por vendê-las em hasta pública ou destrui-las. Detido fez “Póquer” Segundo os SA, o condutor e dono da embarcação tem 43 anos, é natural do Interior, e é suspeito de violar a Lei do Comércio Externo pela quarta vez desde 2005. A primeira vez em que foi apanhado numa infracção deste género aconteceu no início de 2005, quando foi interceptado a transportar sucata para o Interior. Também nesse ano, em Maio, foi novamente interceptado, desta vez a contrabandear lubrificantes pare veículos. Os anos passaram e o homem que agora tem 43 anos foi novamente interceptado, já em Maio de 2013. Nessa altura tentava contrabandear carne de vaca e ninho de andorinha. O outro indivíduo tem 39 anos, alegadamente é cunhado do condutor, e não tinha qualquer documento de identificação quando foi interceptado. Por este motivo foi reencaminhado para o Corpo de Polícia de Segurança Pública. Os dois também não conseguiram mostrar documentos que provassem a entrada legal em Macau.
Hoje Macau PolíticaPraça Ferreira do Amaral | DSAT sem calendário ou orçamento para obras [dropcap]L[/dropcap]am Hin San, responsável máximo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Ella Lei não ter um orçamento ou calendário para as obras de reordenamento da praça Ferreira do Amaral. “De momento o projecto de reordenamento da praça Ferreira do Amaral está em fase preliminar de concepção pelo que, após a determinação de mais detalhes, esta direcção de serviços irá proceder à divulgação de novas informações ao público. Uma vez que é uma proposta preliminar, não é possível, para já, disponibilizar informações relevantes aos respectivos custos e ao prazo de execução da obra”, frisou o director da DSAT.
Hoje Macau PolíticaPraça Ferreira do Amaral | DSAT sem calendário ou orçamento para obras [dropcap]L[/dropcap]am Hin San, responsável máximo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu à deputada Ella Lei não ter um orçamento ou calendário para as obras de reordenamento da praça Ferreira do Amaral. “De momento o projecto de reordenamento da praça Ferreira do Amaral está em fase preliminar de concepção pelo que, após a determinação de mais detalhes, esta direcção de serviços irá proceder à divulgação de novas informações ao público. Uma vez que é uma proposta preliminar, não é possível, para já, disponibilizar informações relevantes aos respectivos custos e ao prazo de execução da obra”, frisou o director da DSAT.
Hoje Macau PolíticaMetro Ligeiro | Secretário anuncia circulação até Novembro [dropcap]O[/dropcap] secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou ontem que o Metro Ligeiro vai entrar em funcionamento até Novembro. “Vamos por o metro a funcionar seguramente em Outubro ou Novembro, na Linha da Taipa”, afirmou Rosário, em declarações às Rádio Macau. Contudo, Rosário disse desconhecer neste momento outros pormenores, como o preço dos bilhetes. Ainda ontem o Executivo anunciou que hoje vai ser assinado o contrato com a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau para a concessão da operação, exploração e manutenção desta estrutura. O contrato tem um prazo de 10 anos.
Hoje Macau PolíticaMetro Ligeiro | Secretário anuncia circulação até Novembro [dropcap]O[/dropcap] secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou ontem que o Metro Ligeiro vai entrar em funcionamento até Novembro. “Vamos por o metro a funcionar seguramente em Outubro ou Novembro, na Linha da Taipa”, afirmou Rosário, em declarações às Rádio Macau. Contudo, Rosário disse desconhecer neste momento outros pormenores, como o preço dos bilhetes. Ainda ontem o Executivo anunciou que hoje vai ser assinado o contrato com a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau para a concessão da operação, exploração e manutenção desta estrutura. O contrato tem um prazo de 10 anos.
João Santos Filipe PolíticaLago de Sai Van | Projecto para construção de trilho de madeira foi suspenso Mok Ian Ian revelou numa resposta ao deputado Sulu Sou que o trilho está suspenso e que o corredor visual da Penha ao Lago Sai Van vai ser alargado até à Ponte Governador Nobre de Carvalho [dropcap]O[/dropcap] projecto para a construção de um trilho de madeira ao longo do Lago de Sai pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) foi suspenso, de acordo com a resposta do Instituto Cultural (IC) a uma interpelação do deputado Sulu Sou. Segundo a explicação da presidente do IC, Mok Ian Ian, esta foi uma medida tomada devido à falta de um consenso entre os diferentes sectores da sociedade. “Atendendo ao facto de que existem divergências de opiniões por parte da população quanto à construção de um caminho pedonal em madeira no aludido lago, este instituto [IAM] decidiu suspender a concepção em causa, a par de não descurar a atenção ao desenvolvimento social”, clarificou Mok Ian Ian. Segundo a responsável, a decisão do IAM foi tomada não só com base nas opiniões do IC, mas também do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, Conselho Consultivo de Serviços Comunitário das três zonas, e após a realização de colóquios sobre os assuntos da comunidade. Mas, se por um lado, o trilho de madeira vai ficar de fora do projecto, para já, o mesmo não acontece com a instalação de equipamentos sociais no Lago de Sai Van. Segundo a presidente do IC está a ser equacionada a possibilidade de instalar um parque infantil e equipamentos de manutenção física, assim como mais espaços verdes. Corredor alargado Outra das novidades avançadas por Mok Ian Ian prende-se com o futuro Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, cuja consulta pública já terminou e se encontra em fase de elaboração. Porém, a presidente do IC revela que o corredor visual entre a Capela da Nossa Senhora da Penha e o Lago de Sai Van vai ser alargado até à Ponte Governador Nobre de Carvalho. “Após a conclusão da consulta pública, o IC teve em conta e aceitou as opiniões dos vários sectores da sociedade sobre os corredores da Colina da Penha, como, por exemplo, ampliar a área envolvente do corredor em causa até à Ponte Governador Nobre de Carvalho, definir medidas para o controlo da altura das construções do âmbito do mesmo, entre outras”, escreveu a presidente do IC. Por outro lado, Mok compromete o organismo a apressar os trabalhos: “O IC concluirá, quanto antes, a elaboração do Plano, no sentido de proteger a paisagem cultural da Colina da Penha de uma forma efectiva com medidas de gestão e controlo”, é explicado. Apesar do compromisso não foi avançada uma data para a conclusão do plano.
João Santos Filipe PolíticaLago de Sai Van | Projecto para construção de trilho de madeira foi suspenso Mok Ian Ian revelou numa resposta ao deputado Sulu Sou que o trilho está suspenso e que o corredor visual da Penha ao Lago Sai Van vai ser alargado até à Ponte Governador Nobre de Carvalho [dropcap]O[/dropcap] projecto para a construção de um trilho de madeira ao longo do Lago de Sai pelo Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) foi suspenso, de acordo com a resposta do Instituto Cultural (IC) a uma interpelação do deputado Sulu Sou. Segundo a explicação da presidente do IC, Mok Ian Ian, esta foi uma medida tomada devido à falta de um consenso entre os diferentes sectores da sociedade. “Atendendo ao facto de que existem divergências de opiniões por parte da população quanto à construção de um caminho pedonal em madeira no aludido lago, este instituto [IAM] decidiu suspender a concepção em causa, a par de não descurar a atenção ao desenvolvimento social”, clarificou Mok Ian Ian. Segundo a responsável, a decisão do IAM foi tomada não só com base nas opiniões do IC, mas também do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais, Conselho Consultivo de Serviços Comunitário das três zonas, e após a realização de colóquios sobre os assuntos da comunidade. Mas, se por um lado, o trilho de madeira vai ficar de fora do projecto, para já, o mesmo não acontece com a instalação de equipamentos sociais no Lago de Sai Van. Segundo a presidente do IC está a ser equacionada a possibilidade de instalar um parque infantil e equipamentos de manutenção física, assim como mais espaços verdes. Corredor alargado Outra das novidades avançadas por Mok Ian Ian prende-se com o futuro Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, cuja consulta pública já terminou e se encontra em fase de elaboração. Porém, a presidente do IC revela que o corredor visual entre a Capela da Nossa Senhora da Penha e o Lago de Sai Van vai ser alargado até à Ponte Governador Nobre de Carvalho. “Após a conclusão da consulta pública, o IC teve em conta e aceitou as opiniões dos vários sectores da sociedade sobre os corredores da Colina da Penha, como, por exemplo, ampliar a área envolvente do corredor em causa até à Ponte Governador Nobre de Carvalho, definir medidas para o controlo da altura das construções do âmbito do mesmo, entre outras”, escreveu a presidente do IC. Por outro lado, Mok compromete o organismo a apressar os trabalhos: “O IC concluirá, quanto antes, a elaboração do Plano, no sentido de proteger a paisagem cultural da Colina da Penha de uma forma efectiva com medidas de gestão e controlo”, é explicado. Apesar do compromisso não foi avançada uma data para a conclusão do plano.
Juana Ng Cen PolíticaCCPPC | Frederico Ma quer “erguer bem alto” a bandeira do patriotismo [dropcap]N[/dropcap]a passada quarta-feira, o Jornal Ou Mun, acolheu uma palestra para comemorar o 70º aniversário da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e para fomentar a compreensão e aplicação do espírito da última reunião de trabalho do órgão consultivo. Um dos oradores do evento foi Frederico Ma, presidente da Associação de Amizade de Membros da Conferência, que destacou três pontos essenciais do discurso de Xi Jinping e que entende devem ser estudados aprofundadamente. Assim sendo, o empresário referiu que os membros de Macau no comité nacional devem aproveitar bem as vantagens da plataforma da CCPPC e apoiar a integração de Macau no desenvolvimento nacional. Outro ponto fulcral é erguer bem alto a bandeira do patriotismo, apoiar veemente o Governo e o Chefe do Executivo e desenvolver as forças patrióticas e de amor a Macau e à pátria. Por último, Frederico Ma destacou a necessidade de os membros conhecerem profundamente as novas incumbências do CCPPC de forma a saberem aproveitar as novas valências do órgão em prol da prosperidade e estabilidade permanentes de Macau. Importa referir que Xi Jinping instou a CCPPC a aprofundar a sua capacidade consultiva e de participação no poder decisório. Durante a palestra, outro membro da direcção da associação, Ng Si Fong, disse que os membros de Macau da CCPPC têm de desempenhar activamente o seu papel, defendendo o princípio “Um País, Dois Sistemas” e a Lei Básica. Ng apelou ainda ao papel da escola para orientar os jovens na compreensão da história e cultura da Pátria.
Juana Ng Cen PolíticaCCPPC | Frederico Ma quer “erguer bem alto” a bandeira do patriotismo [dropcap]N[/dropcap]a passada quarta-feira, o Jornal Ou Mun, acolheu uma palestra para comemorar o 70º aniversário da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) e para fomentar a compreensão e aplicação do espírito da última reunião de trabalho do órgão consultivo. Um dos oradores do evento foi Frederico Ma, presidente da Associação de Amizade de Membros da Conferência, que destacou três pontos essenciais do discurso de Xi Jinping e que entende devem ser estudados aprofundadamente. Assim sendo, o empresário referiu que os membros de Macau no comité nacional devem aproveitar bem as vantagens da plataforma da CCPPC e apoiar a integração de Macau no desenvolvimento nacional. Outro ponto fulcral é erguer bem alto a bandeira do patriotismo, apoiar veemente o Governo e o Chefe do Executivo e desenvolver as forças patrióticas e de amor a Macau e à pátria. Por último, Frederico Ma destacou a necessidade de os membros conhecerem profundamente as novas incumbências do CCPPC de forma a saberem aproveitar as novas valências do órgão em prol da prosperidade e estabilidade permanentes de Macau. Importa referir que Xi Jinping instou a CCPPC a aprofundar a sua capacidade consultiva e de participação no poder decisório. Durante a palestra, outro membro da direcção da associação, Ng Si Fong, disse que os membros de Macau da CCPPC têm de desempenhar activamente o seu papel, defendendo o princípio “Um País, Dois Sistemas” e a Lei Básica. Ng apelou ainda ao papel da escola para orientar os jovens na compreensão da história e cultura da Pátria.
Hoje Macau PolíticaHotéis | 15 pedidos de licenciamento de baixo custo em curso [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) está actualmente a analisar um total de 15 pedidos de licenciamento para hotéis de baixo custo, que irão providenciar cerca de mil quartos. “Até 30 de Junho de 2019 existem 15 pedidos de licenciamento em tramitação, os quais providenciarão uma oferta de 1.092 quartos. Dentro desses processos, dois fizeram vistoria, estando a aguardar o acompanhamento das correcções por parte dos requerentes, e um outro processo concluiu a apreciação do projecto, aguardando o requerimento de vistoria pelo requerente”, lê-se na resposta ao deputado Lam Lon Wai. Actualmente encontra-se na Assembleia Legislativa uma proposta de revisão intitulada lei das actividades dos estabelecimentos hoteleiros que visa a criação de uma nova categoria que é o alojamento de baixo custo, com a sigla ABC. Apesar da maior oferta deste tipo de alojamento no território ser um objectivo político, a DST lembra que uma maior abertura de espaços depende sempre da iniciativa privada. “Importa referir que Macau é uma sociedade livre de mercado, portanto a abertura de estabelecimentos hoteleiros é uma decisão do investidor”, aponta o director substituto da DST, Cheng Wai Tong. Na resposta ao deputado, a DST explica ainda como se processa o licenciamento deste tipo de estabelecimentos hoteleiros. “Tanto antes do inicio como no decorrer do procedimento de licenciamento, sempre que se considere necessário, realizar-se-á uma reunião técnica com o requerente, por forma a ajudá-lo a conhecer bem e a resolver as dificuldades a encarar no processo de licenciamento. Além disso, é emitido auto in loco na realização da vistoria para que o requerente possa proceder de imediato ao acompanhamento que se julgue necessário, o que favorece a conclusão célere do processo.”
Hoje Macau PolíticaHotéis | 15 pedidos de licenciamento de baixo custo em curso [dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) está actualmente a analisar um total de 15 pedidos de licenciamento para hotéis de baixo custo, que irão providenciar cerca de mil quartos. “Até 30 de Junho de 2019 existem 15 pedidos de licenciamento em tramitação, os quais providenciarão uma oferta de 1.092 quartos. Dentro desses processos, dois fizeram vistoria, estando a aguardar o acompanhamento das correcções por parte dos requerentes, e um outro processo concluiu a apreciação do projecto, aguardando o requerimento de vistoria pelo requerente”, lê-se na resposta ao deputado Lam Lon Wai. Actualmente encontra-se na Assembleia Legislativa uma proposta de revisão intitulada lei das actividades dos estabelecimentos hoteleiros que visa a criação de uma nova categoria que é o alojamento de baixo custo, com a sigla ABC. Apesar da maior oferta deste tipo de alojamento no território ser um objectivo político, a DST lembra que uma maior abertura de espaços depende sempre da iniciativa privada. “Importa referir que Macau é uma sociedade livre de mercado, portanto a abertura de estabelecimentos hoteleiros é uma decisão do investidor”, aponta o director substituto da DST, Cheng Wai Tong. Na resposta ao deputado, a DST explica ainda como se processa o licenciamento deste tipo de estabelecimentos hoteleiros. “Tanto antes do inicio como no decorrer do procedimento de licenciamento, sempre que se considere necessário, realizar-se-á uma reunião técnica com o requerente, por forma a ajudá-lo a conhecer bem e a resolver as dificuldades a encarar no processo de licenciamento. Além disso, é emitido auto in loco na realização da vistoria para que o requerente possa proceder de imediato ao acompanhamento que se julgue necessário, o que favorece a conclusão célere do processo.”
Juana Ng Cen PolíticaHabitação para troca | Poder do Povo quer Governo a pagar obras de edifícios A Associação Poder do Povo entregou uma carta ao Governo onde pede que não sejam cobradas taxas aos proprietários de casas que serão alvo de renovação por estarem em bairros antigos. Para Si Tou Fai, cabe ao Executivo suportar essa despesa [dropcap]S[/dropcap]i Tou Fai, presidente da Associação Poder do Povo, entregou ontem uma carta ao Governo onde pede que sejam as autoridades a custear as despesas relacionadas com a reconstrução de edifícios antigos. Si Tou Fai defende que o Governo não deveria cobrar as taxas de reconstrução aos proprietários dos edifícios, além de que, nesse planeamento, deveria aumentar o número de habitações públicas a construir. O pedido feito pela Associação Poder do Povo vem no seguimento da entrada em vigor do regime de jurídico de habitação para alojamento temporário e de habitação para troca no âmbito da renovação urbana, que prevê não apenas a reabilitação dos bairros antigos como a construção de casas para os lesados do caso Pearl Horizon. Si Tou Fai recordou a prática do tempo da Administração portuguesa, quando o Governo, à época, fez o aproveitamento dos terrenos agrícolas situados na zona do Porto Exterior e construiu edifícios para as famílias que já viviam no local sem ter exigido cobranças adicionais. Nesse sentido, o dirigente associativo espera que o Governo não venha a exigir aos proprietários, 50 anos depois, o pagamento dessas despesas. Observações online Em declarações ao HM, Si Tou Fai disse que tem vindo a observar as reacções a esta política nas redes sociais e que as mesmas mostram que ninguém quer pagar as despesas relacionadas com os edifícios alvo de reconstrução. Além disso, a medida em causa irá tornar difícil a uniformização dos direitos de propriedade. No que diz respeito aos lesados do Pearl Horizon, o presidente da associação disse concordar com esta medida apresentada pelo Governo, dado que estas pessoas pagaram pelas fracções que nunca vão ser construídas. Si Tou Fai reiterou que a natureza deste processo é diferente do processo de renovação dos bairros antigos incluído no âmbito do regime de habitação para troca.
Juana Ng Cen PolíticaHabitação para troca | Poder do Povo quer Governo a pagar obras de edifícios A Associação Poder do Povo entregou uma carta ao Governo onde pede que não sejam cobradas taxas aos proprietários de casas que serão alvo de renovação por estarem em bairros antigos. Para Si Tou Fai, cabe ao Executivo suportar essa despesa [dropcap]S[/dropcap]i Tou Fai, presidente da Associação Poder do Povo, entregou ontem uma carta ao Governo onde pede que sejam as autoridades a custear as despesas relacionadas com a reconstrução de edifícios antigos. Si Tou Fai defende que o Governo não deveria cobrar as taxas de reconstrução aos proprietários dos edifícios, além de que, nesse planeamento, deveria aumentar o número de habitações públicas a construir. O pedido feito pela Associação Poder do Povo vem no seguimento da entrada em vigor do regime de jurídico de habitação para alojamento temporário e de habitação para troca no âmbito da renovação urbana, que prevê não apenas a reabilitação dos bairros antigos como a construção de casas para os lesados do caso Pearl Horizon. Si Tou Fai recordou a prática do tempo da Administração portuguesa, quando o Governo, à época, fez o aproveitamento dos terrenos agrícolas situados na zona do Porto Exterior e construiu edifícios para as famílias que já viviam no local sem ter exigido cobranças adicionais. Nesse sentido, o dirigente associativo espera que o Governo não venha a exigir aos proprietários, 50 anos depois, o pagamento dessas despesas. Observações online Em declarações ao HM, Si Tou Fai disse que tem vindo a observar as reacções a esta política nas redes sociais e que as mesmas mostram que ninguém quer pagar as despesas relacionadas com os edifícios alvo de reconstrução. Além disso, a medida em causa irá tornar difícil a uniformização dos direitos de propriedade. No que diz respeito aos lesados do Pearl Horizon, o presidente da associação disse concordar com esta medida apresentada pelo Governo, dado que estas pessoas pagaram pelas fracções que nunca vão ser construídas. Si Tou Fai reiterou que a natureza deste processo é diferente do processo de renovação dos bairros antigos incluído no âmbito do regime de habitação para troca.
Andreia Sofia Silva EntrevistaFundação Casa de Macau | Dirigente deseja juntar instituições ligadas à cultura macaense A Fundação Casa de Macau celebra 23 anos de existência, quase tantos como a RAEM. Mário Matos dos Santos, director-geral, fala dos novos projectos, da presença nas redes sociais e da vontade de unir as entidades que, por todo o mundo, lutam para preservar a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá”, aponta [dropcap]M[/dropcap]ário Matos dos Santos, director-geral da Fundação Casa de Macau (FCM), tem vindo a ceder às tentações do mercado imobiliário em Portugal. A entidade, que tem sede num andar na zona do Príncipe Real, em Lisboa, valeria milhares de euros caso fosse vendida. Mas as emoções geradas pela história do espaço falam mais alto. Noutra zona de Lisboa funciona a Casa de Macau em Lisboa, com mais anos de existência, cujo edifício é propriedade da fundação. “Aquele edifício é nosso, isto aqui é nosso, é a nossa alma mater”, contou ao HM Mário Matos dos Santos. “Foi aqui que isto começou, e tirar daqui a fundação seria aliciante, nem imagina. Porque isto teve um valor de aquisição, e se lhe disser o valor de venda, nem vale a pena falar. Aqui as coisas valem 11 mil euros por metro quadrado. Por uma questão afectiva (não quero vender).” Fundada há 23 anos, em Julho de 1996, para assegurar a continuidade da Casa de Macau em Portugal, a FCM existe hoje como um centro cultural que promove a apresentação de livros e conferências e tem disponível ao público uma biblioteca com cerca de sete mil livros, consultados, na sua maioria, por alunos de mestrado. Muitas das obras vieram de Macau, à boleia da transferência de soberania, e outras foram sendo doadas por macaenses. A FCM e a Casa de Macau de Portugal são, portanto, irmãs. A primeira quer ser um polo cultural, a segunda um polo de convívio, onde ainda hoje se realiza o tradicional chá gordo. “Gostaria muito que percebessem que a fundação trabalha para Macau. Nós temos esse empenho que é garantir que a Casa de Macau não passe dificuldades muito grandes. Custa-nos manter porque vivemos de aplicações financeiras e hoje em dia é muito difícil sobreviver, porque o universo da banca alterou-se na Europa. Temos de ir à procura de outras coisas.” A FCM assume trabalhar em rede, com entidades como o Turismo de Macau ou a Fundação Oriente. Dela fazem parte figuras históricas de Macau como os antigos governadores Vasco Rocha Vieira e o General Garcia Leandro, este último também presidente da Fundação Jorge Álvares. Apesar dos objectivos comuns, o director-geral da FCM assegura: “não recebemos um euro da Jorge Álvares”. É aqui que Mário Matos dos Santos assume um sonho antigo: fazer uma espécie de frente unida com todas as entidades que defendem e preservem a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá.” Na agenda está planeado, para Dezembro, um congresso com as Casas de Macau de todo o mundo, que teve até agora apenas uma edição. “Este congresso iria tentar juntar todas as instituições que lutam por Macau, poderíamos fazer uma frente comum e integrarmo-nos. Há uma propensão para que, no futuro, estas instituições se unam todas, e para isso queremos fazer um congresso para defender Macau.” Os chineses e o Encontro Da história da Casa de Macau em Portugal faz parte o célebre episódio em que alunos de Macau se barricaram nas suas instalações, no pós 25 de Abril. “Tivemos aí problemas, alguns desses alunos têm hoje posições importantes, mas é a vida. O que sucedeu aqui foi aquilo que sucedeu em Portugal na altura, foi (feito por) gente que estava ou se sentia deprimida, embora a Casa de Macau fosse financiada pelo Governo, mas sucedeu este incidente”, recordou. Dos anos de existência, o director-geral da FCM recorda uma enorme liberdade para criar coisas e um grande esforço. “Temos um autêntico museu aqui, porque temos de ter muita dignidade naquilo que mostramos. Achamos que a filosofia macaense deve ser continuada, as pessoas ainda não perceberam que estamos ali há séculos. É importante promover a ideia de que Macau é dinâmica, que está a mexer-se. A nossa presença tem de ser mantida, continuada e preservada.” Para o futuro, Mário Matos dos Santos deseja “alargar o espólio da Casa de Macau à sociedade civil portuguesa, ao meio universitário e apoiar ,mais iniciativas.” Além dos habituais eventos, a FCM lançou, há um ano, a revista “A Cabaia”, em formato digital, apostando nas redes sociais onde é visitada por inúmeros jovens descendentes de macaenses. Nas suas instalações funciona actualmente a Associação Novos Amigos da Rota da Seda (ANRS), presidida pela economista Maria Fernanda Ilhéu. Quando questionado se gostaria de receber mais apoio do Governo de Macau, Mário Matos dos Santos assegura: “gostaria muito que fosse assim”. “É por isso que estamos ligados à ANRS, que está ligada à Embaixada da China. Procuramos ter tentáculos em todo o lado, no bom sentido”, acrescentou. Sobre a nova edição do Encontro das Comunidades Macaenses, que acontece já em Outubro, o director-geral da FCM volta a desejar uma maior união das entidades ligadas à cultura macaense. “A comunidade deveria discutir o futuro e encontrar caminhos para que a diáspora prevaleça. As casas de Macau em todo o mundo, sobretudo nos EUA e Canadá, são absorvidas. Além da gastronomia, que é importante, e da afectividade, aquela gente vai perdendo (a identidade macaense). As pessoas estão preocupadas em manter a identidade, mas vão-se integrando cada vez mais. Era preciso entrar neste campo”, remata. Neste ponto, Mário Matos dos Santos considera que o Encontro se realiza porque as autoridades chinesas assim o proporcionam. “Se não fosse os chineses não havia Encontro das Comunidades. É esse contrapeso que existe lá e que os chineses querem cultivar porque têm interesse. Veja-se o que se passa em Hong Kong, e em Macau não houve nada pelos motivos que sabemos. Macau é um contraponto para a China e isso justifica o grande investimento chinês que existe em Portugal, selectivo, mas que é grande”, conclui.
Andreia Sofia Silva EntrevistaFundação Casa de Macau | Dirigente deseja juntar instituições ligadas à cultura macaense A Fundação Casa de Macau celebra 23 anos de existência, quase tantos como a RAEM. Mário Matos dos Santos, director-geral, fala dos novos projectos, da presença nas redes sociais e da vontade de unir as entidades que, por todo o mundo, lutam para preservar a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá”, aponta [dropcap]M[/dropcap]ário Matos dos Santos, director-geral da Fundação Casa de Macau (FCM), tem vindo a ceder às tentações do mercado imobiliário em Portugal. A entidade, que tem sede num andar na zona do Príncipe Real, em Lisboa, valeria milhares de euros caso fosse vendida. Mas as emoções geradas pela história do espaço falam mais alto. Noutra zona de Lisboa funciona a Casa de Macau em Lisboa, com mais anos de existência, cujo edifício é propriedade da fundação. “Aquele edifício é nosso, isto aqui é nosso, é a nossa alma mater”, contou ao HM Mário Matos dos Santos. “Foi aqui que isto começou, e tirar daqui a fundação seria aliciante, nem imagina. Porque isto teve um valor de aquisição, e se lhe disser o valor de venda, nem vale a pena falar. Aqui as coisas valem 11 mil euros por metro quadrado. Por uma questão afectiva (não quero vender).” Fundada há 23 anos, em Julho de 1996, para assegurar a continuidade da Casa de Macau em Portugal, a FCM existe hoje como um centro cultural que promove a apresentação de livros e conferências e tem disponível ao público uma biblioteca com cerca de sete mil livros, consultados, na sua maioria, por alunos de mestrado. Muitas das obras vieram de Macau, à boleia da transferência de soberania, e outras foram sendo doadas por macaenses. A FCM e a Casa de Macau de Portugal são, portanto, irmãs. A primeira quer ser um polo cultural, a segunda um polo de convívio, onde ainda hoje se realiza o tradicional chá gordo. “Gostaria muito que percebessem que a fundação trabalha para Macau. Nós temos esse empenho que é garantir que a Casa de Macau não passe dificuldades muito grandes. Custa-nos manter porque vivemos de aplicações financeiras e hoje em dia é muito difícil sobreviver, porque o universo da banca alterou-se na Europa. Temos de ir à procura de outras coisas.” A FCM assume trabalhar em rede, com entidades como o Turismo de Macau ou a Fundação Oriente. Dela fazem parte figuras históricas de Macau como os antigos governadores Vasco Rocha Vieira e o General Garcia Leandro, este último também presidente da Fundação Jorge Álvares. Apesar dos objectivos comuns, o director-geral da FCM assegura: “não recebemos um euro da Jorge Álvares”. É aqui que Mário Matos dos Santos assume um sonho antigo: fazer uma espécie de frente unida com todas as entidades que defendem e preservem a identidade macaense. “Esse é um sonho que sempre tive, porque amanhã não estamos cá.” Na agenda está planeado, para Dezembro, um congresso com as Casas de Macau de todo o mundo, que teve até agora apenas uma edição. “Este congresso iria tentar juntar todas as instituições que lutam por Macau, poderíamos fazer uma frente comum e integrarmo-nos. Há uma propensão para que, no futuro, estas instituições se unam todas, e para isso queremos fazer um congresso para defender Macau.” Os chineses e o Encontro Da história da Casa de Macau em Portugal faz parte o célebre episódio em que alunos de Macau se barricaram nas suas instalações, no pós 25 de Abril. “Tivemos aí problemas, alguns desses alunos têm hoje posições importantes, mas é a vida. O que sucedeu aqui foi aquilo que sucedeu em Portugal na altura, foi (feito por) gente que estava ou se sentia deprimida, embora a Casa de Macau fosse financiada pelo Governo, mas sucedeu este incidente”, recordou. Dos anos de existência, o director-geral da FCM recorda uma enorme liberdade para criar coisas e um grande esforço. “Temos um autêntico museu aqui, porque temos de ter muita dignidade naquilo que mostramos. Achamos que a filosofia macaense deve ser continuada, as pessoas ainda não perceberam que estamos ali há séculos. É importante promover a ideia de que Macau é dinâmica, que está a mexer-se. A nossa presença tem de ser mantida, continuada e preservada.” Para o futuro, Mário Matos dos Santos deseja “alargar o espólio da Casa de Macau à sociedade civil portuguesa, ao meio universitário e apoiar ,mais iniciativas.” Além dos habituais eventos, a FCM lançou, há um ano, a revista “A Cabaia”, em formato digital, apostando nas redes sociais onde é visitada por inúmeros jovens descendentes de macaenses. Nas suas instalações funciona actualmente a Associação Novos Amigos da Rota da Seda (ANRS), presidida pela economista Maria Fernanda Ilhéu. Quando questionado se gostaria de receber mais apoio do Governo de Macau, Mário Matos dos Santos assegura: “gostaria muito que fosse assim”. “É por isso que estamos ligados à ANRS, que está ligada à Embaixada da China. Procuramos ter tentáculos em todo o lado, no bom sentido”, acrescentou. Sobre a nova edição do Encontro das Comunidades Macaenses, que acontece já em Outubro, o director-geral da FCM volta a desejar uma maior união das entidades ligadas à cultura macaense. “A comunidade deveria discutir o futuro e encontrar caminhos para que a diáspora prevaleça. As casas de Macau em todo o mundo, sobretudo nos EUA e Canadá, são absorvidas. Além da gastronomia, que é importante, e da afectividade, aquela gente vai perdendo (a identidade macaense). As pessoas estão preocupadas em manter a identidade, mas vão-se integrando cada vez mais. Era preciso entrar neste campo”, remata. Neste ponto, Mário Matos dos Santos considera que o Encontro se realiza porque as autoridades chinesas assim o proporcionam. “Se não fosse os chineses não havia Encontro das Comunidades. É esse contrapeso que existe lá e que os chineses querem cultivar porque têm interesse. Veja-se o que se passa em Hong Kong, e em Macau não houve nada pelos motivos que sabemos. Macau é um contraponto para a China e isso justifica o grande investimento chinês que existe em Portugal, selectivo, mas que é grande”, conclui.
admin h | Artes, Letras e IdeiasA verdade superior [dropcap]Q[/dropcap]uando regressei ao jornal depois de umas semanas afastado, sem dar qualquer tipo de explicação aos leitores ou aos colegas, tinha bem visível na minha secretária uma indicação para ir falar com o chefe. Já sabia o que me esperava. Começou por dizer que apreciava muito o meu trabalho, que sempre acreditara em mim e no que era capaz de provocar, tanto na ira como na exaltação do público leitor. Mas não conseguia gerir as minhas ausências, desaparecia por semanas sem dizer água vai, e isso irritava-o sobremaneira, não podia controlar o exaspero que se assolava dele, por vezes, capaz de esmurrar alguém. Logo agora que ele tentava adoptar uma filosofia ancestral de bem-estar, incentivando a arte da quietude. Para além disso, dava erros, deixava frases incompletas, ideias difusas difíceis de compreender, uma engarrafamento com a pontuação, metia os pés pelas mãos e escrevia com as unhas ainda por cortar, como as garras de um animal faminto. E a seguir, o inevitável. O usual. Sim, já não era a primeira vez, mais cedo ou mais tarde acontecia: “Está despedido!” E eu: “Espere”, nestas alturas formais não havia a camaradagem do trato por tu, “isto é capaz de dar uma boa história”, e fui buscar um caderninho para tomar notas, na esperança de que ele dissesse algo surpreendente. Mas não disse. Notificou-me, apenas. “Arrume as suas coisas, pode ir embora, não precisamos mais de si.” Mas ainda assim, apontei o que lhe saiu da boca, palavra por palavra, sem deixar nada de fora. “O que está para aí a escrever, não disse para se ir embora?” E quando redigi o último ponto de exclamação passei-lhe o bloco para a mão. Quando o leu, olhou para mim de relance, já com qualquer coisa a querer sair-lhe do nariz. Mas antes que isso acontecesse a curiosidade levou-o de novo para o que tinha entre as mãos, e tomou a atenção nos seus dedos que começavam a dedilhar as folhas cosidas e encadernadas entre uma capa grossa e negra. Fez uma pausa para respirar, como se os ensinamentos que tinha vindo a aplicar o tivessem alertado de que era necessário estancar o veneno que se soltava dentro dele, levando-o à meditação e à perscrutação do seu eu a qualquer momento do dia. Indagava e seguia o âmago do seu lado primata, sem sensação exterior e só consciência. À minha frente, via-o cerrar os olhos suavemente, inspirando o ar congestionado que nos rodeava e exalando-o ainda mais devagar, refeito. Fez isto uma ou duas vezes, como se estivesse sozinho e rodeado de floresta densa, onde o pipilar de aves exóticas e o doce escorrer da chuva tropical fizessem parte do cenário. As pálpebras que caiam sem pressa e o levavam para a frondosa natureza que desabrochava dentro de si. Já nas nuvens espessas do seu ser, recitava naquele instante o título do Sutra do Lótus em sânscrito, a língua sagrada, fazia-o de modo continuado para eliminar as energias negativas acumuladas. Seguia os ensinamentos do monge budista Nichiren, que no 28.º dia do quarto mês lunar de 1253 elaborara esse mantra, o Daimoku. Deixava entrar o místico da inimaginável profundidade da vida que transcende a compreensão humana. Idealizava a flor de lótus, a flor e a semente que germinam ao mesmo tempo. A causa e efeito em simultâneo, numa só vereda, a abreviarem-lhe o entendimento. Sem dar por mim ou pelo caderno. Ou pelo facto de me ter despedido segundos antes. Desde que entrara nesta completude de espírito, sentia um fascínio pleno pelo conceito de Dharma, um termo que encerra toda a compreensão do universo num grão de areia. Sentia-se glorificado por tê-lo descoberto. A Lei, era assim que o considerava quando a ele se referia. O fio por onde tudo se delineava e seguia de modo ajustado. Como se todos os remoinhos do cosmos se tivessem integrado numa plena gota de água e daí irrigassem toda a criação em redor, gerando rios, mares e a essência da vida. Tanto que escutava essa harmonia e tão grato estava por ter encontrado essa verdade superior. Sentia-se elevado. Em tudo isto, no ir e vir, consegui ainda abrir e fechar os olhos e acalmar-me também. Dando azo às sensações auditivas, não entrando dentro de mim, mas fora, encostando-me ao que poderia estar a passar-se do outro lado da parede quando pegasse nas minhas coisas e saísse dali. Para todo o sempre, estava em crer. Não que sentisse o desapego dos meus colegas ou a troça a afunilar-se. Embora não privasse muito com eles, eram cúmplices de instâncias e vontades comuns. Estávamos no mesmo comprimento de onda. Em suma, iríamos ficar tristes e, possivelmente, com saudades. Mas nada que o tempo não curasse. Não, apesar da sintonia, não existia ali grande afecto. Naquela altura só desejava ir-me embora. Já estava com os olhos lá fora, no futuro. Na mesa que ia abandonar, no computador que me feria a vista e deixaria de me apoquentar. O caderno estava cheio de rabiscos e ideias avulso. Pensamentos tresmalhados que me saltavam da tampa e que tinha de apontar, como fiz com o encanto daquela hora de despedida. Depois perguntou-me o que era aquilo. E eu disse-lhe: “Nada!” Sim, não era nada, eram apenas fantasmas soltos que me davam insónias e que passava para o papel durante as madrugadas. Mas era realmente mato denso e havia ali muita coisa que nem eu sabia e que nunca pegara com o intuito de ler com a atenção de um averiguador. Já não me lembrava o que lá estava, e estava agora a observar a primeira pessoa a entrar naquele pipilar de pássaros. As gotas a escorrer nas folhas densas de amazónia milenar. A torrente feita nascente. O desdito nexo. E o autoclismo do espírito a fazer-se soar. Página atrás de página. Estancou particularmente na personagem do irmão do Governador, que tinha sido inspirada no degredo que eu era, e que de tempos a tempos ia desenvolvendo. “Que é isto?”, e leu em voz alta: “Há medos, quase certezas do desfecho. O diário completa. O irmão que lhe veste a pele e prossegue.” E eu respondi que eram ideias para um romance que queria escrever sobre o território. “Agora que vou ficar sem trabalho talvez tenha tempo para o desenvolver”, como se aquilo fosse uma frase feita que me acompanhava a vida inteira, e o tempo perdido não fosse uma constante da minha existência, e fiz tensões de me levantar para me ir embora, esticando o braço para ele me devolver o caderno e um aperto de mão. Mas ele, pelo contrário, não correspondeu aos meus ensejos. “Espera”, disse finalmente, aquilo surgia quase como uma ordem e para quem tinha acabado de ser despedido não soava nada bem. Para além disso, voltáramos a tratar-nos por tu. “Tens aqui coisas muito boas.” Mas não queria saber, naquela altura só desejava ir-me embora. Já estava com os olhos lá fora, no futuro. Na mesa que ia abandonar, no computador que me feria a vista e deixaria de me apoquentar. Os calções de banho que já tinha por baixo, a pensar onde tinha ficado a toalha. O guarda-sol, os chinelos. O comboio a gasóleo que tinha de apanhar, que me daria muito tempo para pensar, e o encontro com o que tinha ficado à minha espera, estendido ao sol. O meu Dharma. “Fique com ele”, disse-lhe, já estava cansado de pensar na história do Governador e aquilo não ia dar em nada, “talvez tenha sido escrito por um monge budista.” E quando deu por isso, já os meus ex-colegas estavam com um aperto no coração.
Hoje Macau Internacional MancheteNovo relatório da ONU sobre oceanos é “um alerta”, diz Comissão Europeia [dropcap]T[/dropcap]rês comissários europeus ligados ao Ambiente e Investigação defendem que o relatório da ONU ontem divulgado sobre o impacto das alterações climáticas nos oceanos e na criosfera é “um alerta” para que o mundo combata rapidamente o aquecimento global. O comentário, congratulando-se com a divulgação do relatório, foi feito conjuntamente pelos comissários Carlos Moedas, o português responsável pela área da Investigação, Ciência e Inovação, Miguel Arrias Canete, para a Acção Climática e Energia, e Karmenu Vella, para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas. A posição conjunta ontem divulgada num comunicado na página oficial da União Europeia e diz respeito a um relatório lançado hoje no Mónaco pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), criado pelas Nações Unidas, dedicado ao impacto climático nos oceanos e na criosfera, as regiões cobertas por gelo e neve permanentes e que constituem 10% da superfície da terra. Sem acção urgente para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, os gelos permanentes vão derreter a um ritmo sem precedentes, elevando o nível dos oceanos com consequências para mais de mil milhões de pessoas, advertem peritos da ONU no relatório. Os peritos do IPCC dizem também que os efeitos das alterações climáticas nos oceanos são já irreversíveis, e alertam que adiar a redução de emissões só tornará pior um cenário de degelo e subida do nível do oceano global. “As conclusões deste novo relatório são claras: o aquecimento global induzido pelo Homem está a mudar drasticamente os nossos oceanos. Eles estão a aquecer, a ficar mais ácidos e ficar com menos oxigénio. Os níveis da água do mar estão a subir muito mais rápido do que se previa”, dizem os três comissários no comunicado. Os efeitos das mudanças ambientais “são devastadores” para ecossistemas marinhos frágeis, como os recifes de coral, as pradarias marinhas ou as florestas de algas, e a segurança alimentar de pessoas que dependem da pesca está em risco, salientam os três responsáveis europeus, alertando para eventos extremos e mais frequentes junto da costa. Se por um lado os oceanos saudáveis podem capturar parte do excesso de calor e de dióxido de carbono, por outro os mares só podem permanecer saudáveis se o aquecimento global for limitado a 1,5 graus celsius, dizem os comissários, concluindo que é preciso exigir uma implementação ambiciosa do Acordo de Paris, assinado há quase cinco anos e que faz essa referência de temperatura. Os responsáveis lembram no comunicado que a União Europeia já apresentou a estratégia para se tornar neutra em carbono (não produzir mais gases com efeito de estufa do que aqueles que consegue absorver) até 2050 e também está a tomar medidas para fazer face às alterações climáticas nos oceanos. “Este relatório do IPCC dá-nos factos inegáveis, evidências científicas, de como o nosso clima está a mudar e como isso afecta cada um de nós. Cabe a nós como políticos traduzir estes factos em acção”, dizem os comissários.