Sérgio Fonseca DesportoMotores já roncam para a nova época [dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]uma altura em que a maior parte dos agentes do automobilismo local ainda preparam a temporada desportiva que aí vem, em 2019 já houve pilotos de Macau envolvidos em actividades em pista e outros que agora vão anunciando as suas participações em provas internacionais. O primeiro a entrar em acção foi Kevin Tse que ainda antes do Ano Novo Lunar, no segundo fim-de-semana de Janeiro, participou pela segunda vez consecutiva nas 24 Horas do Dubai. O piloto residente em Hong Kong fez parte da equipa do Centro Porsche Hong Kong e Macau. O Porsche 911 GT3-R que Tse partilhou com Frank Yu, Jonathan Hui e Antares Au terminou a corrida árabe de resistência na 10ª posição da geral e quarto entre os concorrentes amadores. No mesmo fim-de-semana, mas na Tailândia, realizou-se a terceira prova do campeonato Asian Le Mans Series. Representando a equipa chinesa Tianshi Racing Team, Billy Lo Kai Fung conduziu um Audi R8 LMS GT3 com Max Wiser e Dennis Zhang, terminando a corrida de quatro horas no circuito de Buriram no quarto e último lugar da categoria GT. O ex-vencedor da corrida Road Sport do Grande Prémio de Macau viajou depois para a Malásia para, agora num Audi R8 LMS ultra e na companhia de David Chen, vencer o título 2018/2019 do campeonato chinês GT Masters Asia. A pensar em 2019 Enquanto não vê clarificada a sua temporada de 2019, Charles Leong Hon Chio aceitou um convite de última hora e alinhou no pretérito fim-de-semana na última prova da Asian Winter Series, a competição de Inverno que usa os monolugares da Fórmula 3 asiática e que nas duas jornadas iniciais contou mesmo com a presença de Dan Ticktum, o vencedor das últimas duas edições do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3. Após uma qualificação modesta, o jovem de 17 anos fez um nono, um décimo segundo e um oitavo lugar, respectivamente, nas três corridas disputadas no Circuito Internacional de Sepang, na Malásia. Se uns ainda fazem planos, outros já os têm firmados, como Alex Liu Lic Ka. O habitual piloto de carros de turismo vai mudar de ares e vai competir na temporada completa do Blancpain GT World Challenge Asia. Depois de aparições esporádicas na Taça Porsche Carrera Ásia e no TCR Asia Series, Liu Lic Ka alinhará a tempo-inteiro no mais forte campeonato de GT do sudeste asiático. O piloto-empresário da RAEM fará equipa com o banqueiro e experiente piloto de Hong Kong, Philip Ma. O duo irá tripular um Honda NSX GT3, que pertence a Ma, num campeonato que conta com prestigiadas marcas como Audi, Ferrari, Lamborghini, Mercedes-AMG e Porsche. Subsídio sem mexidas A atribuição de subsídios aos pilotos locais que participem em corridas no exterior tem sido um tópico sensível nos últimos anos, mas para a temporada de 2019 não haverá alterações quanto aos critérios para a concessão da verba disponibilizada pela Fundação Macau. Apesar de se manter a obrigatoriedade de participação na edição anterior do Grande Prémio de Macau, o Instituto do Desporto (ID) retirou o ano passado a polémica cláusula que obrigava os pilotos locais a terminarem as suas corridas no evento do Circuito da Guia, aliviando consideravelmente a contestação por parte dos pilotos do território.
João Santos Filipe SociedadeJogo | Wynn Resorts multada por ignorar queixas contra Steve Wynn A Comissão de Jogos do Nevada, nos Estados Unidos, multou na terça-feira a antiga empresa de Steve Wynn em 20 milhões de dólares por falhar nas investigações de queixas de má conduta sexual contra o magnata [dropcap]A[/dropcap] penalização anunciada contra a Wynn Resorts Ltd. encerra uma investigação que começou após informações de que o fundador da empresa, Steve Wynn, que renunciou ao cargo há cerca de um ano, assediou ou atacou várias mulheres. Como tal, a empresa foi multada pela Comissão de Jogos do Nevada a pagar 20 milhões de dólares por ter, sistematicamente, ignorado queixas de empregadas contra a má conduta sexual de Steve Wynn. Ainda assim, e apesar da penalização, o acordo com a Comissão de Jogos do Nevada permite que a Wynn Resorts mantenha a licença de jogo. No acordo, firmado no passado mês entre a Wynn Resorts e a Comissão de Jogos do Nevada, a empresa assume como verídicas as alegações de que alguns executivos de topo e membros do conselho de administração tinham conhecimento das queixas feitas contra Steve Wynn. A multa que a Wynn Resorts Ltd. terá de pagar supera o anterior máximo na história do Estado do Nevada, que era de 5,5 milhões de dólares e que foi aplicada em 2014 contra a empresa de apostas desportivas agora conhecida como CG Technology. Virar de página Apesar de se multiplicarem os casos de escândalos sexuais perpetuados por homens de poder, poucas empresas têm sido penalizadas com multas pela forma como agiram perante queixas. Em causa estão queixas como a acusação de uma antiga empregada que alega que Steve Wynn a terá violado e engravidado. Na sequência deste caso, foi interposto um processo judicial contra o magnata norte-americano foi julgado, em 2005, que resultou num acordo extrajudicial com a ex-funcionária no valor de 7,5 milhões de dólares. Um outro caso que chegou à comunicação social foi o de uma empregada de bar que Wynn terá pressionado a actos sexuais, entre 2005 e 2006, e que resultou num acordo que chegou aos 975 mil dólares. De acordo com a Comissão de Jogos do Nevada, nenhum destes casos foi investigado pela empresa. Aliás, o próprio Steve Wynn, que não faz parte do acordo do Wynn Resorts, negou todas as acusações. O acordo entre a Wynn Resorts Ltd. e o regulador do jogo do Estado do Nevada foi a última tentativa de a empresa reabilitar a reputação depois da divulgação dos escândalos sexuais alegadamente cometidos pelo seu fundador. Desde então, as acções da empresa caíram cerca de 35 por cento. A Wynn Resorts Ltd. respondeu em comunicado à aplicação da multa argumentando que no último ano fomentou “uma mudança de paradigma” e “refrescou a sua cultura”. É também salientado que, actualmente, quase metade dos membros do conselho de administração são mulheres e que todos os empregados que não agiram perante o conhecimento das queixas contra Steve Wynn foram afastados da empresa. “O fim do processo movido pelo regulador do Nevada é um importante passo em frente. Estamos profundamente agradecidos pela confiança que depositam na nova liderança da Wynn Resorts”, lê no comunicado da empresa.
Luís Carmelo h | Artes, Letras e IdeiasManuela Ribeiro e a medula do tempo [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]xistem liturgias: são escritas que irrompem do gelo do quotidiano, suspendendo-o. Por vezes, detêm a locomoção do ramerrame mais trivial, refreiam o trânsito das palavras e disfarçam-se daqueles fossos de orquestra onde se imaginam melopeias ainda por compor. São instantes movidos pela intensidade, podem durar anos, mas passam-se apenas em horas. O jogo dos dias esfuma-se nos raros momentos em que essas florestas compactas se estendem na palma da mão e nos brindam. E nos surpreendem. Na passada sexta-feira, Hélia Correia afirmava, nas Correntes d´Escritas, que o entusiasmo é um dom que nos é dado pelo deus. A frase (e os seus constituintes, um a um) deverá ser entendida como um ser vivo que se move num território de encantamento e que habitará apenas no ‘passado do passado’: a vorverganggenheit, tal como Blumenberg soletraria. Esse território, que é a ‘Grécia da Hélia’, consiste num mundo líquido que precede o lajeado do pensamento organizado, mesmo aquele que, na etimologia de Platão (no diálogo ‘Íon’), faz equivaler a palavra a “ser tomado pelo deus” (“En+theos” – com a devida assessoria do meu mano António de Castro Caeiro). De lá se resgata a água dos rios perdidos, de lá afloram novos rostos e cumplicidades, de lá se conserta até a complacência da perda. Em vinte anos de Correntes d´Escritas, passei pelo doce labirinto apenas quatro vezes, mas três nos últimos três anos. Em 2017, foi lá que me imaginei a fechar a porta à morte do meu pai (sim, a morte tem portas: condutas que arrastam a imortalidade para aquele tipo de máscaras que se evaporam na face, achincalhando-a). O ano passado, percebi que os amigos de infância se podem engendrar de um âmago para outro. Este ano, confesso que o portento foi mais terreno, mas fez-me confundir a precisão dos teodolitos com a vaga ideia de que o mundo é um guindaste invisível que nos capta, que nos murmura e que nos captura em segredo (João, o Baptista, pregava no deserto, mas era ouvido e era essa a pujança da coisa). Não me passa pela cabeça sacralizar a literatura e até creio que a sua força, hoje em dia, decorre do estado de nicho (meio exilado e meio desterrado) a que chegou. E concordo, há muitos muitos anos, com a verdade de que a poesia é mesmo a linha da frente. Vou ainda mais longe: estou em crer que o ‘produto livro’ é cada vez mais um lodo cheio de bacilos nefastos. A única coisa que a poesia e a literatura têm em comum com esse lodo é que encarnam num corpo em forma de livro. Por uma questão de nitidez, adoraria que a poesia e a literatura encarnassem noutra configuração e noutros formatos. E que se vendessem, não em livrarias, mas em poerias e em literarias. Mas isso só seria possível numa espécie de ‘Grécia da Hélia’. Ser contemporâneo (mesmo dos mais íntimos) é desafiar as vagas do poente num mesmo arco do tempo. É essa a inevitabilidade da nossa vida, mesmo para os adoradores da pureza que se imaginam no ar, lançados por catapultas. Após uma semana de Correntes d´Escritas, voltei a perceber que o entusiasmo é realmente um dom. Eu explico: sabemos que a ciência dos dias tem atrelados de todo o tipo e que a maior parte das carruagens se perde pelo caminho. Esta operação, que é a operação de existir, torna-se ainda mais vincada nestas calendas digitais em que o presente insiste em ser uma ‘black box’ que apaga todos os vestígios à sua volta. Pouco sobra. De qualquer modo, é nestas paisagens de quase desolação que, inesperadamente, se erguem as liturgias. São arquipélagos sem oceano à volta: traços salientes no meio da brancura que permitem decifrar tudo o que afinal é branco. Eu explico melhor ainda: descobri um poeta nas Correntes, chama-se José Rui Teixeira e acaba de ser publicado na colecção ‘Elogio da Sombra’, dirigida pelo Valter Hugo Mãe (‘Autópsia’ – poesia reunida). Trata-se de uma poesia que já se domiciliava no ‘passado do passado’, naquele mundo de liquidez que felizmente subsiste para nos tramar as modas e as vogas… e eu é que lhe cheguei já tarde (ora leia-se e releia-se: “O inferno é uma colecção de borboletas,/ onde domestico cruelmente a beleza/ e exercito pacientemente o escrúpulo”). Descobrir um poeta é também uma metáfora de muitas outras circum-navegações, é claro. Poderia falar, durante horas, de muitos outros que me tocaram especialmente, mas permitam-me a ênfase para o João Rios (‘Reter o amor do gancho do talho’) e para o José Anjos (‘Uma fotografia apontada à cabeça’), ambos editados pela Abysmo. No restante do vasto descobrimento, testemunhei muitas outras vozes e tentações, ao longo da longa semana em que contracenei com as (vigésimas) Correntes d´Escritas. Uma polifonia de fundo para sacudir os dias: foi um prazer ter trabalhado com dezenas de professores bibliotecários ao lado de um equipa de luxo (Ana Margarida de Carvaho, Filipa Melo, Henrique Correia, Isabel Bezelga, Margarida Fonseca Santos e Paulo Faria); foi um prazer ter levado as Sessões Ícone da EC.ON – Escola de Escritas às Correntes d´Escritas e foi ainda um grande prazer ter apresentado um livro (‘Primeira Linha de Fogo’ de Ana Margarida Carvalho) e ter visto um outro meu (‘Ficcionalidades de Prata’) – ambos com a chancela da Nova Mymosa – ser tão bem apresentado por essa alma antiga que é a Marta Bernardes. As atmosferas perduram bem mais do que os factos, diz-se. Mas não serão elas que conservam a medula do tempo. Quem o faz é, provavelmente, o tal dom de que nos possuímos através do deus que se desoculta, quando menos esperamos. Mas há uma pessoa, por trás dos cenários mais ínvios, que, há anos e anos, mantém um jeito de ligação directa com esta ventura. O seu nome é Manuela Ribeiro.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCiência | Fundo de Desenvolvimento deu mais de 260 milhões em apoios Em 2018, o FDCT aprovou o financiamento de 510 projectos, que representou um montante total de 261,4 milhões de patacas. No balanço do ano, o presidente do fundo, Frederico Ma, recordou o incentivo do Presidente Xi Jinping à ciência local [dropcap]O[/dropcap] Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) apoiou com 261,4 milhões de patacas mais de meio milhar de projectos. Os dados foram apresentados, ontem, numa conferência de imprensa conduzida pelo presidente do Conselho de Administração, Frederico Ma. “O número de candidatura aprovadas para financiamento ao longo de todo o ano foi de 510 e o montante aprovado foi superior a 260 milhões de patacas”, anunciou o também filho do empresário Ma Iao Lai. Ainda de acordo com a informação apresentada, no ano passado registaram-se, no total, 639 candidaturas, que envolviam 619,4 milhões de patacas, o que significa que 129 foram recusadas. Além disso, os montantes aprovados como forma de financiamento ficaram quase em 360 milhões aquém do pedido. O FDCT, financiado e cuja composição é seleccionada pelo Governo, atribui subsídios com o objectivo de apoiar “a investigação científica” e massificar as ciências, com o objectivo de melhorar a “investigação científica de qualidade em Macau”. Além disso, concede prémios de incentivo a estabelecimentos de ensino. No que diz respeito à investigação científica, foram submetidas 196 candidaturas que pediam apoios no valor de 350,9 milhões de patacas, em 2018. Porém, o número de pedidos apreciados foi superior, uma vez que o FDCT transitou alguns processos de 2017 para o ano passado. Assim, o fundo apreciou 232 pedidos e 148 foram aprovados, o que representa uma percentagem de 63,79 por cento, o equivalente a 170,9 milhões. Ao mesmo tempo, foram recusados 82 projectos, no valor de 187,1 milhões. Finalmente, dois projectos foram retirados pelos autores, as propostas pretendiam obter financiamento total de 515 mil patacas. Em relação aos resultados financeiros do FDCT, a instituição teve um saldo positivo de aproximadamente 6 milhões de patacas. As receitas foram de cerca de 340 milhões de patacas, enquanto as despesas totalizaram 334 milhões de patacas. Incentivo de Xi Na apresentação do balanço das actividades e resultados do FDCT, Frederico Ma recordou ainda uma mensagem deixada pelo Presidente Xi Jinping, no ano passado, a incentivar o desenvolvimento da ciência local. “Em meados de Julho, o presidente Xi Jinping respondeu […] aos professores e estudantes dos institutos de ensino superior de Macau e afirmou que o novo progresso alcançado na inovação tecnológica de Macau constituiu um grande incentivo para a aquisição de mais resultados científico-tecnológicos”, recordou o presidente do FDCT. Cooperação com Portugal vai arrancar Apesar de no ano passado ter sido anunciado a assinatura do memorando de cooperação científica entre o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) de Macau e a Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, apenas este ano a iniciativa deverá arrancar. O ponto de situação foi feito, ontem, por Cheang Kun Wai, membro do conselho de administração do FDCT, que explicou que a instituição portuguesa precisou de mais um ano para se preparar: “… as coisas não estavam preparadas, talvez porque não tivesse sido orçamentado o montante necessário para aquele trabalho. Também foi necessário pedir mais documentação”, explicou. No entanto, Cheang mostrou-se confiante que a partir de Abril a cooperação arranque. “Poderá acontecer ainda durante o primeiro semestre”, indicou. Segundo os moldes da cooperação, Macau e Portugal vão subsidiar projectos científicos nas áreas da medicina tradicional chinesa, informática e investigação marítima. Portugal vai apoiar programas com um valor até aos 100 mil euros, já Macau vai financiar até 1 milhão de patacas. Convenções e exposições | Último trimestre de 2018 com mais eventos No quarto trimestre de 2018, realizaram-se 461 reuniões, conferências, exposições e eventos de incentivo, mais 83 do que durante o mesmo período no ano de 2017. Deste total, 429 foram reuniões e conferências, 22 exposições e 10 eventos de incentivo. O número de participantes e visitantes atingiu os 736 mil, mais 5,8 por cento do que no mesmo período do ano anterior, de acordo com a Direcção de Estatísticas e Sensos. As receitas apuradas pelas 22 exposições fixaram-se em 82,33 milhões de patacas, enquanto as despesas atingiram os 124 milhões de patacas. No total do ano de 2018, as receitas e despesas situaram-se em 189 milhões e 248 milhões de patacas, respectivamente.
Gisela Casimiro Estendais h | Artes, Letras e IdeiasA menina gosta de ler? [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] menina gosta de ler?” Era sempre assim que, na pequena cidade onde os meus pais vivem desde sempre, as Testemunhas de Jeová se me dirigiam. E não podia dizer que não. Era como se soubessem, na verdade. Como se eu trouxesse um sinal no rosto (bem, na verdade eu tenho mesmo um sinal no rosto), emitisse uma frequência que os fizesse abordar-me constantemente, todos os dias, mais do que uma vez por dia. Ou talvez o fizessem com toda a gente, talvez encarassem todos os transeuntes como se vendo-os pela primeira vez. Sempre aos pares, para ser mais difícil dizer não, ou talvez apenas para fazerem companhia uns aos outros, quem sabe. Nunca perguntei. E nunca perguntei de volta: “O senhor, gosta? E a senhora, lê muito?” Talvez devesse tê-lo feito. Na esquina do muro do jardim público, algures no passeio de caminho para algum lugar, esta pergunta, e a mão estendida com uma ou duas revistas, que por vezes aceitava e, outras vezes, não. Quando aceitava, lia sempre, por inteiro ou pelo menos a maior parte, com o filtro necessário. Porque a menina gosta muito, muito de ler. Mas se às vezes fazia o gesto de rejeição com a mão, outras vezes parava e ouvia. Outras vezes fugia para o outro lado da estrada. Lembrei-me disto no outro dia quando (estava a menina cheia, cheia de pressa) saltei do autocarro 728 em Santa Apolónia, em passada larga e decidida rumo a casa quando algo me chamou a atenção. Alguém, na verdade. Um homem, faixa dos quarenta anos, sem-abrigo, deitado relaxadamente debaixo da larga ombreira da porta, manta até à cintura, pernas levantadas, cigarro fumegante, paz no rosto, paz no corpo. Voltei atrás. “Olá, posso saber o que está a ler?” Por curiosidade, porque para mim as capas de livros são um empecilho às relações humanas, porque afinal o que quer que fosse que eu ia fazer podia esperar, encontrei alguém como eu, alguém que gosta de ler. “Claro”, responde. Uma autora de que eu nunca ouvira falar, nem do seu livro. Para ele também era novidade. Contou-me a história: uma mulher que acordava todos os dias julgando que era criança ainda, com a memória de criança, quando na verdade já era casada, e as dificuldades que isso lhe causava, e ao marido, e ao médico e demais pessoas da sua vida. Se quiseres, passa aí daqui a dois ou três dias e eu empresto-te. Perguntei como arranjava os livros, disse que lhe davam, ou comprava, mas que também já lhe tinham roubado muitos. O amor aos livros, aquele sorriso leve que nem a barba por fazer escondia, o ar de quem poderia estar em casa, no quentinho, sem poluição, sem o passar de pessoas estranhas, apressadas ou indiferentes, sem barulho, o estar num mundo só seu a que mais ninguém tem acesso a menos que traga um livro ao colo, ou ao peito, a familiaridade com que me tratou por tu, e a disponibilidade para me emprestar livros, fizeram com que me esquecesse do resto durante aqueles momentos. Há muito tempo, na paragem, fotografei a sua casa, a mala de viagem feita e arrumada e o cartão ao lado, bem dobrado. Tudo no sítio. Como quem faz a cama. Mas sem cama e casa e sem tudo. Talvez ainda com muito. Quem tem um livro tem tudo. Talvez até tenha muito. E talvez, agora que mudei de casa, e já vivo menos de malas de viagens e sacos, e consegui finalmente arrumar os livros, seja tempo de pegar nuns quantos, apanhar o 728 após o trabalho, e ir visitá-lo.
António Cabrita Diários de Próspero h | Artes, Letras e IdeiasF de fake: a dobra [dropcap style≠‘circle’]E[/dropcap]sta semana trouxe-me vários sustos. Tinha acabado de ler um magnífico ensaio do filósofo Eugenio Trías que me havia reconciliado com o Duchamp – na leitura de Trías, o Le Grand Verre ou La Mariée mise à nu par ses célibataires-même, supera a aporia aberta pelos ready-made e a Fonte (a qual se tornou manancial legitimador para grande parte dos embustes que hoje se manifestam na arte) – e de repente sabe-se que afinal o “engenheiro dos ready-made” ludibriou toda a gente. O mais célebre mictório do mundo, assinado por um incógnito R. Mutt, em 1917, o qual, depois do seu desaparecimento, foi objecto de réplicas, autorizadas por Duchamp e vendidas por milhares de dólares a alguns dos museus mais proeminentes do mundo (o Centre Pompidou em Paris, o Tate Modern em Londres e o San Francisco MoMA, por exemplo); pois o urinol deve ser creditado à artista Dada alemã, a Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven, segundo os especialistas. Vários académicos, sobretudo na Holanda, tentam determinar quem é o criador real desde 1982, quando apareceu uma carta de Duchamp em que ele nega qualquer envolvimento. Em 2002, a académica Irene Gammel escreveu na biografia da Baronesa que esta foi pelo menos parcialmente responsável pelo trabalho, e, entretanto, numa carta de Duchamp para a irmã, o artista refere, preto no branco, que foi mesmo Elsa von Freitag quem enviou o urinol para a Exposição de Nova Iorque. E que importância isto tem? Em 2004, a Fonte foi descrita na imprensa britânica como a obra de arte moderna mais influente de sempre, já se escreveram centenas de livros sobre a revolução que a peça ocasionou nos rumos da arte e milhares de artigos corroboram desde então o bifurcamento das práticas artísticas, sobretudo desde que a Art Pop e a Arte Conceptual tornaram o autor de Nu Descendo as Escadas como seu profeta. E afinal tudo não passou de um golpe de marketing, de uma farsa neo-neo-conceptual de um mitómano. Não estou ainda reposto e leio que «Elmyr de Hory tinha mão para pintar mas não de todo a técnica nem a formação para falsificar um Gauguin, um Matisse ou um Modigliani». A tese é defendida por Diego Feliu (Madrid, 1959), autor de Desmontando a Elmyr (editorial Sloper), que acabou de sair em Espanha. Eis questionado, pela primeira vez, o maior falsificador de arte da história. Até agora, recorda Feliu, «todo o mundo escrevia o mesmo» sobre este personagem, usando como únicas fontes a película F for fake, de Orson Welles, e o livro Fake, de Clifford Irving. Na opinião do jornalista madrileno, o que narrou o novelista e biógrafo americano sobre a vida do pintor e falsificador húngaro é «pura invenção». E adianta, Elmyr de Hory só tinha um verdadeiro talento para forjar os documentos dos supostos especialistas que validavam as obras que ele apresentava aos tansos, e para reproduzir a assinatura dos pintores. Os quadros eram pintados por outros, cada um deles, esses sim, especializados na burla de um pintor famoso. Ele depois assinava, daí que parecesse ter dotes polimórficos. Sinto-me destroçado, de repente o “meu” falsificador, a quem invejei toda a vida, não passa de um vigarista de indubitável requinte, mas a quem falta absolutamente o talento. E deixa-me de cara à banda a vigarice (meto aspas, tiro?) do Duchamp, porque é muito diferente a provocação do urinol aparecer da parte de quem André Breton considerava o homem mais inteligente do século XX e que concebeu este projecto de “ready-made recíproco”: utilizar um Rembrandt como tábua de engomar”, do que da simpática baronesa. Simplesmente, porque Duchamp criou toda a vida objectos artísticos e uma reflexão congruentes com uma obra de que afinal não foi o autor; em relação à baronesa a Fonte seria a sua “melhor” obra, pois ela foi sobretudo poeta. Imagino a cena, dado haver indícios de que Duchamp e a baronesa foram amantes, ela tem a ideia e fartam-se de rir com o efeito que a peça terá junto do júri (de que Duchamp fazia parte). Imaginarem a cena foi o complemento erótico para a noite. Ele de manhã desvaloriza a ideia e diz-lhe que não vai em frente com o atrevimento. Ela fica meio perplexa e diz-lhe que vai enviar o urinol, e ele anui, Força. « Quando depois observou o efeito que a peça foi produzindo e que sobre a autoria da mesma se mantinha o anonimato, Duchamp, que apurou o engenho de especular teorias à sombra de novos ready-made, apropria-se, e é ela quem então recua, devido ao crescente prestígio dele.» E foi um dos grandes negócios da vida dele. A brasileira Valentina Corrêa Trigo, focou a questão: «Por que ninguém fala mais em Picasso e tanta gente ainda se inspira em Duchamp? A resposta é simples: a arte de Picasso exige talento, técnica, reflexão sobre a vida e a História, enquanto Duchamp, por genial que tenha sido em seu momento, traz uma mensagem muito mais fácil de ser assimilada e copiada: qualquer um pode ser artista.» Na sua conversa com Pierre Cabanne, a dado momento Duchamp refere: «Quando Rubens ou qualquer outro necessitava da cor azul, tinha de pedir tantos gramas à sua corporação e discutia-se a questão para se saber se lhe podiam dispensar 50, 60, ou mais. Eram verdadeiros artesãos…» Sim, eram cedidos os pigmentos consoante o grau de responsabilidade que fosse inerente ao artista. Duchamp, nesta perspectiva, portou-se como um verdadeiro sofista. No fundo, ele reconhece, apenas forçou a sorte, pelo que «(…) nunca trabalhei para viver. Considero que trabalhar para viver é algo ligeiramente estúpido, desde o ponto de vista económico». Smart, e pessoalmente defensável, mas com isso abriu a caixa de Pandora. Bom, fica-me o filme de Orson Welles que continua a ser magnífico. E Le Grand Verre, pelo menos na leitura que dele faz Trías.
João Luz EventosKraftwerk regressam a Hong Kong, em Abril, para concerto 3-D [dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]alvez se contem pelos dedos de uma mão bandas que abriram tantas portas para o futuro da música como os Kraftwerk. Goste-se deles ou não. Quase a celebrar meio século de carreira, a banda que nasceu em Dusseldorf, na Alemanha, volta a Hong Kong para apresentar o seu renovado espectáculo 3-D. O concerto está marcado para as 20h do dia 29 de Abril, no espaço KITEC em Kowloon Bay. Os fãs da banda podem esperar uma fusão de música com um exuberante show visual, que passou por alguns dos espaços artísticos mais prestigiados do mundo, como o MoMA em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, a Fundação Louis Vuitton em Paris e o Tate Modern em Londres. Desde a sua fundação, os Kraftwerk exerceram uma profunda influência em inúmeros e díspares géneros musicais, como o post-punk, o hip hop, techno, obviamente o synthpop e tudo o que é música electrónica. Ao longo do tempo, e sem surpresas, a banda tem sofrido baixas na formação, com a saída de muitos membros. No entanto, Ralf Hütter, um dos fundadores, mantém-se no activo nos sintentizadores, apesar de já ter 72 anos. Ao longo da carreira, a banda alemã recebeu várias distinções, onde se destacam o Grammy Lifetime Achievement Award, atribuído em 2014. Homens e máquinas Com uma dezena de discos em quase 50 anos, a banda alemã é responsável por alguns marcos musicais incontornáveis da segunda metade do século XX. “The Man-Machine” é um desses registos. O sétimo disco de estúdio dos Kraftwerk, editado em Maio de 1978 pela Capitol Records, atingiu um sucesso comercial até à altura não alcançado pela banda. O facto da sonoridade do disco apostar menos em arranjos minimalistas e incluir ritmos mais dançáveis pode ter contribuído para a visibilidade que obteve. O disco tem duas das músicas mais conhecidas da discografia da banda alemã: “The Model” e “The Robots”. Mas para chegarem a “The Man-Machine” primeiro tiveram de viajar pela “Autobahn”, o registo em que os Kraftwerk cimentaram a sonoridade electrónica construída em loops que se repetem, crescem e se multiplicam como vias sonoras. O disco, inspirado no sistema de autoestradas alemãs, tenta replicar musicalmente a experiência de guiar numa autoestrada, com paisagens a passar num flash pelas janelas, a velocidade e a serenidade concentrada essencial a uma viagem segura, assim como a quebra da monotonia quando se liga o rádio. “Autobahn” quebra um pouco com a tendência minimalista, aproximando a sonoridade da banda do electro-pop. Estes dois registos, além do último disco lançado pela banda, “Tour de France”, devem marcar o alinhamento do concerto em Hong Kong. Os bilhetes já estão à venda e custam entre 680 e 880 dólares de Hong Kong.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia anuncia que também abateu um avião paquistanês [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Índia anunciou ontem que derrubou um avião paquistanês durante um confronto aéreo em que um dos seus aviões foi abatido pelo Paquistão. No dia posterior a uma operação apresentada por Nova Deli como um “ataque preventivo” contra um campo de treino no Paquistão, a força aérea paquistanesa “visou instalações militares” na Caxemira indiana, declarou Raveesh Kumar, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia numa conferência de imprensa. Kumar referiu que as “tentativas do Paquistão fracassaram”. No confronto, segundo o porta-voz, “um avião de combate da força aérea do Paquistão foi abatido por um Mig-21 Bison da força aérea da Índia”. “O avião paquistanês foi visto por tropas de terra a cair no lado paquistanês. Neste confronto, infelizmente, perdemos um MiG-21. O piloto desse caça desapareceu em combate. O Paquistão afirma que o tem detido”, afirmou, acrescentando que esta última informação estava a ser verificada. O exército indiano assegurou, na terça-feira, ter liderado um ataque contra um campo de treino no Paquistão do grupo islâmico Jaish-e-Mohammed (JEM), muito activo na luta armada contra a Nova Deli, no Vale do Srinagar, dizendo ter matado “um grande número” de combatentes. Islamabad denunciou imediatamente essa “agressão prematura” e prometeu responder aos ataques. Ao ataque Na manhã de ontem, o Paquistão anunciou que havia realizado “ataques” à Caxemira contra alvos “não militares”. O exército paquistanês alegou ter derrubado dois aviões indianos no seu espaço aéreo e ter detido um piloto indiano. Um dos aviões teria caído na Caxemira indiana e o outro na Caxemira paquistanesa”, indicou o general Asif Ghafoor, na rede social twitter. Uma rebelião separatista mortífera destabiliza a Caxemira indiana desde 1989. A Índia acusa o Paquistão de apoiar de forma dissimulada as infiltrações na sua parte do território e a própria revolta armada, o que Islamabad sempre negou. Na terça-feira, pelo menos seis pessoas foram mortas durante confrontos entre militares indianos e paquistaneses, perto da linha de demarcação das partes da Caxemira sob controlo da Índia e do Paquistão, no setor controlado por este, em Nakyal, de acordo com as autoridades paquistanesas.
Hoje Macau China / ÁsiaTrump nega que esteja disposto a ceder perante Pyongyang O Presidente norte-americano promete ajudar Kim Jong-um a transformar a Coreia do Norte numa potência económica mundial e desmente ter feito cedências a Pyongyang antes de se dar início ao processo de desnuclearização [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem serem “falsas” as informações de que estaria disposto a fazer cedências ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, antes de este adoptar medidas concretas para a desnuclearização. “São tudo informações falsas sobre as minhas intenções em relação à Coreia do Norte. Kim Jong-un e eu vamos esforçar-nos para definir algo sobre a desnuclearização e, em seguida, transformar a Coreia do Norte numa potência económica”, disse. Trump tem seduzido o regime norte-coreano com boas perspectivas económicas caso aceite a desnuclearização e se insira na comunidade internacional. A organização da cimeira no Vietname, outrora devastado por bombas norte-americanas, mas que é agora um importante parceiro económico e aliado de Defesa dos EUA, visa precisamente encorajar Kim a replicar aquele processo. “Vamos ver o que acontece, mas ele quer fazer algo grandioso”, disse ontem o Presidente norte-americano ao primeiro-ministro do Vietname. “Olhando para o que vocês fizeram, em tão pouco tempo, ele poderá fazê-lo muito rapidamente – transformar a Coreia do Norte numa grande potência económica”, disse. No centro de imprensa em Hanói, o vice-ministro vietnamita dos Negócios Estrangeiros Le Hoai Trung disse aos jornalistas que Hanói “está disposto a trocar experiências com qualquer país que queira fazê-lo”. “O Vietname fez reformas profundas nos últimos trinta anos visando converter-se num Estado moderno”, lembrou. “Cada país tem as suas próprias circunstâncias e as decisões cabem aos seus líderes, mas o processo de integração na comunidade internacional é um processo de benefícios mútuos”, notou. Kim Jong-un permaneceu no hotel enquanto outros quadros de Pyongyang visitaram a pitoresca baía de Halong e uma zona industrial próxima. Uma televisão sul-coreana difundiu imagens de funcionários sul-coreanos, incluindo de Ri Su Yong, o vice-presidente do comité central do Partido dos Trabalhadores, num cruzeiro na baía e em visitas a fábricas, na cidade portuária de Hai Phong. O grupo incluiu O Su Yong, director dos Assuntos Económicos do Partido dos Trabalhadores. Especialistas consideram que a inclusão de O Su Yong na delegação indica que Kim espera voltar para casa com um alívio parcial das sanções, impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, devido ao programa nuclear do país. Troca de interesses A cimeira arrancou ontem com um encontro privado entre Trump e Kim e um jantar entre as duas delegações. O líder norte-americano é acompanhado pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, e pelo chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney. Kim estará com Kim Yong Chol, negociador-chave nas negociações com os EUA, e Ri Yong Ho, ministro dos Negócios Estrangeiros. Estarão ainda presentes intérpretes de ambas as delegações. Mas entre os especialistas há a crescente preocupação de que Trump faça cedências a Kim em troco de pouco. Uma declaração de paz na Guerra da Coreia (1950-1953), que terminou com um armistício, poderia implicar uma redução das tropas norte-americanas na Coreia do Sul, enquanto o alívio das sanções poderia permitir a Pyongyang reiniciar os lucrativos projetos económicos com a Coreia do Sul. Cépticos quanto às promessas do regime norte-coreano insistem que Trump deve primeiro obter progressos reais na questão da desnuclearização antes de fazer cedências. Os líderes reuniram-se pela primeira vez em Junho passado, em Singapura. A histórica cimeira terminou, no entanto, sem nenhum compromisso da Coreia do Norte no sentido de abandonar o seu arsenal nuclear. A Coreia do Norte sofreu já décadas de isolamento e pobreza extrema, incluindo períodos de fome que causaram milhões de mortos, mas não abdicou de desenvolver um programa nuclear como garantia de sobrevivência do regime. Um tratado de paz que pusesse fim à Guerra da Coreia permitiria a Trump fazer História e encaixaria na sua oposição a “guerras eternas” dispendiosas para os EUA. Mas isso poderá implicar a retirada dos 28.500 soldados norte-americanos estacionados na Coreia do Sul, antes de Pyongyang se comprometer com medidas concretas para a desnuclearização.
Diana do Mar PolíticaContabilistas | Deputados vão pedir dados sobre consulta feita pelo Governo ao sector [dropcap]O[/dropcap]s deputados da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) vão pedir ao informações sobre a auscultação que o Governo fez junto dos contabilistas e auditores de contas relativamente ao novo regime, não descartando mesmo a possibilidade de levarem a cabo a sua própria consulta. A garantida foi dada ontem, após a primeira reunião em sede de especialidade sobre o Regime de Registo e Exercício da Profissão de Contabilistas. “No plenário da apresentação da proposta de lei, o secretário [para a Economia e Finanças] afirmou que foi feita uma ampla auscultação [ao sector], por isso, a Comissão quer mais informações sobre essas consultas realizadas no passado”, depois de deputados terem feito eco das vozes do sector de que essas consultas excluíram profissionais, pois foram dirigidas a associações, não chegando, por conseguinte, “a todos”. Neste sentido, os deputados não fecham a porta à possibilidade de virem a recolher opiniões junto do sector. Uma decisão que, como ressalvou, ficará dependente dos esclarecimentos que o Governo irá prestar sobre a auscultação levada a cabo no passado. O principal ponto do diploma prende-se com a fusão dos auditores de contas e dos contabilistas, com os primeiros a passarem a ser designados de “contabilistas habilitados a exercer a profissão”. A alteração, segundo a nota justificativa, pretende resolver “o problema da inconsistência entre os títulos profissionais” utilizados em Macau e noutras partes do mundo. Actualmente, existem 120 auditores de contas e 177 contabilistas, de acordo com dados facultados pelo presidente da 3ª. Comissão Permanente. Fundo de Pensões | Ermelinda Xavier substitui Julieta Ieong na liderança Ermelinda Xavier foi nomeada, em comissão de serviço, para exercer o cargo de presidente do conselho de administração do Fundo de Pensões. A nomeação, pelo período de dois anos, a partir de 1 de Março, consta de um despacho do Chefe do Executivo, publicado ontem em Boletim Oficial. Ermelinda Xavier, que ingressou no Fundo de Pensões em Março de 1990 como técnica, exerce desde Dezembro de 1999 o cargo de vice-presidente. Ermelinda Xavier vai suceder a Julieta Ieong que cessou, por motivo de saúde, a comissão de serviço como presidente do conselho de administração do Fundo de Pensões, segundo um despacho do gabinete da secretária para a Administração e Justiça, também publicado ontem em Boletim Oficial.
Sofia Margarida Mota PolíticaGrande Baía | Leong Sun Iok quer mais alternativas para circulação de veículos Com o projecto da Grande Baía é necessário promover a circulação de veículos entre as regiões envolvidas. De modo a evitar a concentração de tráfego nas Portas do Cerco ou mesmo na Ponte HKZM, é urgente preparar outros postos fronteiriços para o efeito, nomeadamente na Ilha da Montanha, considera Leong Sun Iok [dropcap]O[/dropcap] deputado Leong Sun Iok pede ao Governo que divulgue os planos que tem para permitir a circulação de automóveis com matrícula de Macau entre as regiões adjacentes tendo em conta o plano da Grande Baía recentemente divulgado. Em interpelação escrita, o tribuno sublinha que para atingir os objectivos definidos por esta política regional, nomeadamente no que toca à circulação de pessoas e de bens, é necessário, em primeiro lugar, “promover a rede de transportes dentro da Grande Baía bem como o seu alargamento a outras localizações dentro do Delta do Rio das Pérolas”. Por outro lado, o alargamento da circulação automóvel é condição para “fazer das cidades que integram Guangdong, Hong Kong e Macau, um grande aglomerado de cidades de classe mundial”, acrescenta. “É necessária a implementação de medidas políticas no sentido de alargar a circulação dos veículos automóveis com matrícula local no Continente”, aponta. É também urgente, “melhorar as políticas de circulação dos veículos de Guangdong, Hong Kong e Macau de modo a que estes possam circular livremente entre as regiões” podendo utilizar diferentes postos fronteiriços. Carros distribuídos O deputado recorre aos números para justificar a necessidade de abrir mais fronteiras à circulação de veículos. “Em 2018, havia 1 150 738 veículos ligeiros a circular através do posto das Portas do Cerco. Em comparação com 2014, os números indicam um aumentou de 91,3 por cento”, refere. O trânsito na Ponte HKZM também poderá vir a aumentar, até porque os “governos regionais estão a ponderar a implementação da quota única , medida que não impõe limite do número de veículos de cada região que podem utilizar a estrutura”. Macau deve assim optimizar “as instalações de apoio em vários postos fronteiriços o mais rapidamente possível, incluindo a conclusão do Posto de Qingmao e a deslocação da Flor de Lótus para a Ilha da Montanha”, lê-se. “Faremos um bom trabalho ao desviar passageiros e fornecer condições para aprofundar a cooperação regional no futuro”, aponta. Agora Leong apela ao Governo que divulgue o ponto da situação dos trabalhos que estão ser feitos para este efeito.
Hoje Macau PolíticaAdministração | Criado grupo de trabalho para celebrações dos 20 anos da RAEM [dropcap]O[/dropcap] Governo criou um grupo de trabalho interdepartamental para o acompanhamento e apoio à preparação e execução das acções relacionadas com as celebrações do 20.º aniversário da RAEM, de acordo com um despacho do Chefe do Executivo publicado ontem em Boletim Oficial. O objectivo é conseguir “uma melhor gestão e coordenação dos recursos humanos, técnicos e materiais necessários à organização e realização dos eventos relacionados com a comemoração do 20.º aniversário da RAEM”, aponta o despacho. As despesas deste grupo vão ser asseguradas pelos serviços e organismos públicos envolvidos e o apoio administrativo, técnico e logístico necessário ao seu funcionamento é assegurado pelo gabinete do Chefe do Executivo. Os restantes encargos financeiros decorrentes da actividade da entidade serão suportados pela Direcção dos Serviços de Finanças. O grupo de trabalho é coordenado pela chefe do gabinete do Chefe do Executivo, e terá um total de 11 membros, incluindo o director do Gabinete de Comunicação Social, Victor Chan, o presidente do Conselho de Administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, a coordenadora do Gabinete de Protocolo, Relações Públicas e Assuntos Externos, Lei Ut Mui, o presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Municipais, José Tavares, o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, o comandante do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Leong Man Cheong, a presidente do Instituto Cultural, Mok Ian Ian, o adjunto do comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Ng Kam Wa, a assessora do Gabinete do Chefe do Executivo, Sam I Kai, o assessor do gabinete do secretário para a Segurança, Adriano Marques Ho e o assessor do gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Lam Io Pak. Chefe do Executivo | Frederico Ma afasta candidatura “Não estava à espera dessa pergunta.” Foi desta forma que Frederico Ma, filho do empresário Ma Iao Lao, reagiu à possibilidade de abandonar a presidência do FDCT para concorrer à posição de Chefe do Executivo. “Acho que vou continuar além de 2019 e cumprir o mandato. Houve uma renovação do mandato em 2018, que se prolonga até 2020, e vou continuar”, acrescentou. Frederico Ma é membro da família Ma, ligada ao patriarca Ma Man Kei, tem 46 anos e é desde 2010 vice-presidente da Câmara do Comércio de Macau. Foi agraciado pelo Governo, em Dezembro de 2011, com a Medalha de Mérito, no sector da Indústria e Comércio.
Diana do Mar PolíticaEscolas particulares | Deputados colocam em causa “pesadas multas” Os deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa querem saber por que razão foram definidas “pesadas multas” no Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior, cujo máximo é 100 vezes superior ao do regime em vigor [dropcap]A[/dropcap]s “pesadas multas” previstas no Estatuto das Escolas Particulares do Ensino Não Superior preocupam os deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que analisa o diploma em sede de especialidade. A possibilidade de haver “uma grande discricionariedade” por parte das autoridades figura como outro dos receios. À luz do diploma, a entrada em funcionamento de uma escola sem emissão de alvará ou a admissão de alunos em nome da escola é sancionada com uma multa de 500 mil a 1,5 milhões de patacas, quando no actual regime, em vigor desde 1993, a multa varia entre 1.500 e 15 mil patacas. “Queremos perguntar [ao Governo] por que razão elevou as multas”, afirmou o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, no final da reunião de ontem, apontando que, na perspectiva dos deputados, as multas afiguram-se “pesadas”. “A moldura é bastante elevada, pode haver uma grande discricionariedade”, complementou. Além das dúvidas relativamente aos critérios da gradação das multas aplicável consoante a gravidade das infracções administrativas, os deputados também pretendem ver esclarecido o próprio teor de infracções e respectivas penalizações. Chan Chak Mo deu o exemplo da multa – de 10 mil a 400 mil patacas – que as entidades tutelares arriscam caso “não cumpram ou cumpram defeituosamente, por acção ou omissão, as suas competências ou deveres”. “Temos de perguntar do que trata o cumprimento defeituoso”, indicou o deputado. As sanções acessórias também geram dúvidas, com os deputados a manifestarem preocupação com o impacto que a suspensão dos apoios financeiros à escola ou a suspensão do funcionamento da escola podem ter nos alunos caso sejam aplicadas. “Não parece muito justo. Parece que quem vai sofrer [com a aplicação das sanções acessórias] são os alunos”, argumentou o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL. Isto porque, justificou, por um lado, os subsídios normalmente têm como destinatários os estudantes e, por outro, porque serão os principais afectados em caso de suspensão do funcionamento da escola. “A proposta de lei nada diz sobre o destino dos alunos em caso de suspensão da escola. Onde vão ficar? Em casa?”, perguntou. Fiscais em linha Nem o artigo que define que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) exerce o poder de fiscalização pedagógica, administrativa e financeira sobre as escolas passou incólume. “A DSEJ pode fiscalizar as escolas que não estão no regime de escolaridade gratuita? Foi outra questão que colocamos”, indicou Chan Chak Mo. Já sobre a divulgação das sanções que, ao abrigo o diploma, pode ser feita pela DSEJ “caso haja interesse público”, a 2.ª Comissão Permanente da AL tem uma posição mais clara a avaliar pelas palavras de Chan Chak Mo. “Se tem a ver com educação ou ensino tudo tem interesse público”, apontou, indicando que essa pergunta será igualmente endereçada ao Governo. “Como temos muitas dúvidas, vamos ter reuniões técnicas entre as assessorias para saber a intenção legislativa e esclarecer as nossas dúvidas e só depois vamos reunir” com o Governo, indicou Chan Chak Mo.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeViolência doméstica | IAS começou a ouvir opiniões para analisar a lei A lei de prevenção e combate à violência doméstica entrou em vigor em Outubro de 2016 e este ano vai ser analisada. Clarificação do que constitui o crime, maior apoio legal às vítimas, criação de um fundo financeiro e inclusão de casais do mesmo sexo são algumas das sugestões dadas por associações num encontro com o IAS [dropcap]A[/dropcap] lei de prevenção e combate da violência doméstica deverá ser analisada este ano, três anos após a entrada em vigor. Nesse sentido, o Instituto de Acção Social (IAS) já iniciou a recolha de opiniões para elaborar um relatório que vai dar a conhecer as sugestões das entidades ligadas a esta matéria. O objectivo é melhorar o diploma. Maior apoio legal à vítima, clareza no que constitui o crime, inclusão de casais do mesmo sexo e a criação de um fundo financeiro para responder às necessidades das vítimas são algumas das sugestões das associações. As opiniões vão ser entregues ao IAS em meados do próximo mês. A tipificação clara do crime de violência doméstica é uma das maiores preocupações das entidades ouvidas na recolha de opiniões. Segundo o diploma em vigor “considera-se violência doméstica quaisquer maus tratos físicos psíquicos ou sexuais que sejam cometidos no âmbito de uma relação familiar ou equiparada”. Esta definição implica, de acordo com o parecer emitido no final da análise na especialidade da proposta de lei, uma ocorrência que se repete ao longo do tempo, correspondendo ao conceito legal de maus tratos estatuídos no Código Penal. No entanto, segundo Cecília Ho, da Coligação Anti-Violência Doméstica, a definição deste crime não deve “ter em conta a sua frequência e seriedade, mas considerar apenas a relação entre as vítimas e a violência ocorrida”. A académica, que marcou presença na reunião com o IAS, entende que “se estes dois critérios estiverem preenchidos, o caso deverá ser julgado como crime de violência doméstica e não ‘ofensa simples à integridade física’, como está definido no Código Penal”. Cecília Ho realça que este tem sido o tratamento dado a casos destes pelos tribunais. Para a responsável, é necessário esclarecer e uniformizar a forma como o crime de violência doméstica é interpretado pelo IAS, a polícia e os tribunais. Aliás, as associações consideram que, actualmente, a definição deste crime leva a interpretações diversas e o resultado é o número reduzido de processos judiciais, aponta Ho. A opinião é partilhada pelos deputados Sulu Sou e Agnes Lam. “Desde que as relações familiares estejam definidas por lei, a violência que possa ocorrer dentro dessas relações tem de ser considerada violência doméstica”, diz Sou ao HM. O deputado pró-democrata e ex-presidente da Associação Novo Macau, também ouvida pelo IAS, apontou ainda que “na primeira metade do ano passado, o IAS tinha mais de 30 casos de violência doméstica e a polícia só identificou dois”, o que significa que a definição do crime não é a mesma nem é clara para as várias entidades envolvidas. “Os tribunais também entendem que o crime inclui actos repetidos e frequentes de violência”, o que, considera, vai contra a política de “tolerância zero” à violência doméstica. Agnes Lam manifesta a sua preocupação no mesmo sentido, argumentando que na lei vigente “os juízes e mesmo outros intervenientes no processo não estão familiarizados com os termos usados no diploma”, apontou ao HM. Uma lei normal Já o advogado Pedro Leal considera que se trata de “uma lei bem estruturada, define o que são as relações familiares, enquadra situações de protecção, situações de assistência e de prevenção e qualifica os factos que são crime aplicando uma pena”. Por outro lado, se destes maus tratos resultarem outros crimes, “nomeadamente o homicídio ou uma violação”, aplica-se o código penal, acrescenta. Entretanto, cabe a quem aplica a lei definir o que são maus tratos, até porque “se for uma coisa esporádica – um filho que se portou mal e levou uma palmada – não pode ser considerado mau trato, mas se for uma coisa que tem tendência a repetir-se não vejo que a lei esteja mal”, justifica Pedro Leal. Apoio adicional Outra das grandes preocupações manifestadas pelas entidades ouvidas pelo IAS é o apoio legal às vítimas que, consideram, deve ser prestado a partir do momento da queixa por um advogado especializado na matéria. “As vítimas devem ter um advogado que as acompanhe desde a denúncia, para isso o sistema tem de ser melhorado de modo a garantir este apoio”, aponta Cecília Ho. Já Sulu Sou lamenta que muitas vezes os casos denunciados acabem por não ter seguimento desejado porque as vítimas não conhecem os seus direitos e as ferramentas legais a que podem recorrer. Esta situação só pode ser ultrapassada com a disponibilização de advogados preparados pelo próprio sistema, defende. Pedro Leal reitera igualmente a necessidade de apoio judicial desde cedo. “Os advogados fazem sempre falta, ainda por cima num assunto que envolve crime. A vítima tem de ser acompanhada também por um advogado.” Apesar de entender que o auxílio de um assistente social também tem a sua importância, tal não basta em termos jurídicos. Fundo a longo prazo Na opinião de Agnes Lam, a criação de um fundo público para apoiar vítimas de violência doméstica também deveria estar previsto na legislação. “Para já, o hospital deve fornecer os serviços médicos e de tratamento que uma vítima possa precisar e depois pode pedir a retribuição do dinheiro ao agressor”, refere a deputada, acrescentando que a medida pode não ser suficiente. “A vítima pode ficar com deficiências devido aos maus tratos que sofreu e é necessário não só garantir que exista um acompanhamento médico, como garantir outras medidas de longo prazo que a ajudem a continuar com a sua vida”, sugere. Também no que respeita à autonomização destas pessoas, o Governo deveria garantir, através do fundo, a promoção de medidas que permitam ajudar a encontrar habitação, até porque “os abrigos podem acolher as vítimas durante um, dois ou três meses, no máximo durante um ano, e isso não é normal”. Desta forma, as vítimas não conseguem ser independentes e “os abrigos acabam por estar sobrelotados”, uma situação que dificulta a reintegração. “Neste sentido, é preciso apoio a longo prazo, quer financeiro, quer através da disponibilização de outros recursos capazes de promover o retorno a uma vida normal e nada disto está previsto na lei actual”, sublinha Agnes Lam. Cecília Ho salienta ainda que a opinião das associações aponta no sentido da criação de uma compensação para as vítimas de violência doméstica, por “uma questão de justiça social”. No que respeita à habitação, as associações vão aconselhar o IAS a disponibilizar abrigos intermédios, para acolhimento de longo prazo ou durante o tempo necessário até a vítima conseguir obter uma situação de habitação estável. Mais inclusão Os casais do mesmo sexo não são considerados pelo actual diploma, situação que “tem de mudar”. “Não existem casos, nem dados, acerca da violência entre casais do mesmo sexo nem podem ser recolhidos dados nesta matéria porque o sistema de denúncia não se aplica a esta situação”, refere Cecília Ho. De acordo com a docente, o relatório de sugestões que vai ser entregue ao IAS no próximo mês, vai sugerir “o alargamento do escopo de protecção a estes casais”, aponta. Recorde-se que este aspecto já tinha sido alvo de alerta por parte de Cecília Ho aquando da análise da proposta de lei em 2016. “Se a actual versão da lei não incluir os casais homossexuais então o que devemos fazer é, nos próximos três anos, recolher informação sobre esses casos que envolvem violência entre casais do mesmo sexo. Mas é preciso definir orientações. Se não houver informação como é que os assistentes sociais e a polícia vão estar sensibilizados para estas relações entre pessoas do mesmo sexo?”, questionava. Voz das vítimas No encontro com o IAS marcaram presença também três mulheres vítimas de violência doméstica que são agora “mães solteiras depois de deixarem relacionamentos abusivos”, revela Cecília Ho, acrescentando que “estão a começar uma nova vida com a responsabilidade de tomar conta das suas crianças de forma independente”. Uma das preocupações manifestadas pelas vítimas foi a possibilidade de se encontrarem com os agressores nos tribunais, nomeadamente em casos que sucedem aos episódios de abuso, como divórcio e reuniões sobre a custódia dos filhos. Este tipo de encontros é considerado “uma vitimização secundária”, tanto para elas como para os filhos, especialmente “quando as crianças são consideradas testemunhas”, avança Cecília Ho. A sugestão apontada é a utilização de salas com vidros de visibilidade unidireccional ou através de vídeo conferência. Por outro lado, as vítimas sentem que não são acompanhadas por profissionais especializados, em particular no que diz respeito ao apoio legal. Além dos pontos mencionados, o relatório vai ainda sugerir a divulgação de mais informação aos residentes e a profissionais que lidem com casos de violência doméstica. O objectivo da campanha de sensibilização é identificar situações de risco o mais cedo possível de modo a proceder ao encaminhamento, esclarece Cecília Ho.
Sofia Margarida Mota EventosMUST organiza festival de cinema dedicado a realizadores estreantes franceses Entre os dias 18 e 21 de Março, a MUST organiza e recebe o European First Film Festival. O evento resulta de uma mostra itinerante de películas que concorreram ao Festival “Premiers Plans” de Angers, na França, e é uma montra de realizadores franceses que se estreiam em longas-metragens “O festival pretende celebrar novos realizadores”, revela Sa Ng, director dos assuntos culturais da Alliance Française de Macau, um dos parceiros do European First Film Festival. Entre os dias 18 e 21 de Março, a MUST organiza e recebe o evento, que leva ao ecrã obras de realizadores que se aventuram pela primeira vez no formato de longa-metragem. A mostra em Macau resulta do Festival “Premiers Plans”, que decorreu em Angers, França, entre os dias 25 de Janeiro e 3 de Fevereiro. No final da competição e da entrega de prémios às melhores primeiras películas francesas, o evento parte em digressão pelo mundo, com particular ênfase na Ásia. “Este ano, vamos ter dois realizadores na tour asiática, acompanhados pelo director do festival, Xavier Masse. Antes de chegarem a Macau passaram pelo Vietname, Camboja e Sri Lanka”, conta Sa Ng. A edição local traz dois realizadores premiados em Angers para exibir as suas obras na MUST. Além disso, estão programadas sessões de perguntas e respostas, palestras e uma master-class sobre fotografia. Além disso, será realizada uma curta-metragem, com a colaboração dos alunos da MUST, para ser exibida em França. Vacas e cozinha A cerimónia de abertura tem como momento alto a exibição de “Petit Paysan”, um drama de 2017, realizado por Hubert Charuel, que foi apresentado em Festival de Cannes durante a Semana da Crítica Internacional. A sessão está marcada para as 19h no dia 18 de Março no Hall D do edifício da MUST. A narrativa tem como protagonista Pierre, um agricultor de 35 anos que passa a gerir a quinta dos pais, dedicando-se 24 horas por dia a tratar de vacas. A devoção que dedica aos animais é posta à prova quando a manada é afectada por uma epidemia, algo que deixa Pierre terrivelmente ansioso. Mesmo com as garantias da irmã, Pascale, que é veterinária, Pierre não sossega. Os receios do jovem agricultor revelam-se certeiros, quando uma vaca adoece o que implica a morte de toda a manada por razões de segurança alimentar por possível contágio. A partir desse momento, a vida de Pierre é dominada pela necessidade de salvar todos os animais. O outro dia aberto ao público, 23 de Março, tem como prato principal a exibição do filme “La cuisine des justes”, realizado por Emmanuel Morice e Nicola Thomä. No final do filme, os dois realizadores, na companhia do também cineasta Hubert Charuel, dirigem uma palestra com o tema “Como fazer o teu primeiro filme”. Macau em francês Apesar de ser organizado pela MUST, a Alliance Française, parceira do festival, tem experiência em promover e planear eventos que celebram a cultura francesa em Macau. O director dos assuntos culturais, Sa Ng, destaca o fenómeno surpreendente de proximidade. “Acho fascinante que a comunidade local, em particular a asiática, assuma um estereótipo muito positivo sobre o cinema francês, que tem uma abordagem, normalmente, muito “indie” e “artística”. Nesse aspecto, Ng salienta a boa adesão das sessões organizadas na Cinemateca Paixão, ainda para mais face ao facto de que “o cinema francês não é muito mainstream”. Ainda assim, Sa Ng entende que não existem por cá muitos eventos que proporcionem hipóteses de experimentar a sétima arte francesa. “A interacção entre o público de Macau e o cinema francês está mesmo no início”, comenta.
Diana do Mar SociedadeNúmero de visitantes subiu 24,9% para mais de 3,42 milhões em Janeiro [dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]acau foi o destino escolhido em Janeiro por mais de 3,42 milhões de visitantes, número que traduz um crescimento de 24,9 por cento em termos anuais homólogos, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Já face a Dezembro, ou seja, em termos mensais, houve um decréscimo de 4,1 por cento. Segundo a DSEC, o número de excursionistas (mais de 1,78 milhões) subiu 41,8 por cento, em termos anuais, com destaque para os que entraram por via terrestre, cujo universo deu um ‘pulo’ de 65,8 por cento. Já o número de turistas (mais de 1,64 milhões) aumentou 10,7 por cento, em termos anuais. Sete em cada dez visitantes eram oriundos da China (2,50 milhões), cujo número cresceu 29,9 por cento face a Janeiro do ano passado. Do total, 1,30 milhões viajaram para Macau com visto individual, ou seja, mais 45,2 por cento em termos anuais. O número de visitantes de Hong Kong (533.740) cresceu 21,7 por cento, enquanto o dos da Coreia do Sul (99.463) e de Taiwan aumentou, respectivamente, 1,6 e 3,9 por cento. Em alta esteve também o universo de visitantes dos Estados Unidos (16.509), da Austrália (11.020), do Canadá (6.572) e do Reino Unido (4.298). A maioria dos visitantes chegou por terra (2,52 milhões), sinalizando-se um acrescimento significativo de 60,3 por cento em termos anuais. A grande fatia entrou pela fronteira das Portas do Cerco (1,81 milhões), reflectindo uma subida de um terço face a igual período do ano passado. Já pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau vieram 443.908 visitantes, indicou a DSEC. O número dos que vieram de avião (312.938) aumentou 17,9 por cento, enquanto os que chegaram de barco (583.542) diminuiu 35,1 por cento face a Janeiro de 2018.
Diana do Mar SociedadeArguidos absolvidos no âmbito do caso de apostas ilegais durante o Mundial de 2014 O Tribunal Judicial de Base absolveu ontem os 15 arguidos que iam acusados do crime de exploração ilícita de jogo durante o Mundial de Futebol de 2014 [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]hegou ontem ao fim o julgamento do caso de apostas ilegais durante o Mundial de Futebol de 2014. Todos os 15 arguidos, acusados do crime de exploração ilícita de jogo, foram absolvidos, após o Tribunal Judicial de Base (TJB) ter concluído não haver provas de apostas ilegais. A defesa congratulou-se com a decisão, da qual o Ministério Público (MP) tem agora 20 dias para recorrer. Na leitura da sentença, o juiz, Lei Wai Seng, concluiu não haver provas que levem ao entendimento, “sem margem para dúvidas”, da existência de apostas ilegais, dado que não foram estabelecidas ligações entre os papéis de apostas apreendidos, os documentos encontrados nos computadores ou as mensagens nos telemóveis. Nem por via de provas documentais nem através dos depoimentos das testemunhas ouvidas em audiência de julgamento. Aliás, nem a propriedade dos computadores foi apurada. Os registos das apostas em jogos de futebol, por exemplo, elencavam países, mas não mencionavam nomes, tornando igualmente “difícil” perceber como era feito então o pagamento do prémio ao vencedor, apontou o juiz. “Na falta de outras provas, o tribunal não consegue dar como provada” a acusação, pois “há muitos factos que não se conseguem entender”, sublinhou Lei Wai Seng Ao contrário do que pediu a defesa, o juiz decidiu admitir as mensagens de telemóvel, por serem dados do apreendido, considerando que essa prova, em termos legais, pode ser colhida, não obstante a ausência de prévio consentimento, comparando o acesso às mensagens ao acesso a uma carta aberta encontrada numa busca a uma residência. A defesa tinha contestado a inquirição de um agente que examinou parte dos telemóveis apreendidos sob o argumento de que a prova a ser feita seria “nula”, isto é, “sem qualquer validade”, devido à ausência de autorização de juiz ou do consentimento da parte para o acesso ao conteúdo dos telemóveis. Da acusação Os 15 arguidos, entre os quais Paul Phua Wei Seng, empresário malaio apontado como cabecilha da alegada rede, estavam acusados de levar a cabo apostas ilegais durante o Mundial de Futebol de 2014, envolvendo milhares de milhões de patacas. Apostas que, segundo a acusação, teriam tido lugar em quartos de hotel do Wynn, onde a Polícia Judiciária lançou uma operação, após uma denúncia. A acção resultou na apreensão de computadores, telemóveis, papéis de apostas e dinheiro vivo, entre outros bens. Vinte e quatro pessoas, incluindo de Hong Kong, China e Malásia, foram detidas, das quais nove acabaram por não ser constituídas arguidas. Todos os 15 arguidos estiveram ausentes do julgamento, que arrancou a 12 de Fevereiro, durante o qual foram lidas as declarações de dois deles, com ambos a negarem a prática de qualquer crime. Já outros cinco foram julgados à revelia. Todos os objectos apreendidos no processo vão ser devolvidos, com o processo a terminar sem custas na sequência da absolvição. À saída da sala de audiência, Icília Berenguel, advogada de cinco dos 15 arguidos, congratulou-se com a sentença: “Entendo que foi feita justiça”. “Foi um julgamento muito justo e o resultado está à vista. Contra factos não há argumentos e, conforme repeti nas minhas alegações, foi efectivamente uma mão cheia de nada”, sustentou. O Ministério Público tem agora 20 dias para recorrer da decisão para o Tribunal de Segunda Instância.
Sofia Margarida Mota SociedadeSSM sugerem à vítima que se adapte a nova vida após caso de violência doméstica A solução apontada pelos Serviços de Saúde para a falta de visão que resultou das agressões sofridas por Lao Mong Ieng é a adaptação a uma nova forma de vida. A recolha de donativos para financiar a cirurgia necessária para recuperar a visão apurou 1,3 milhões de patacas [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SSM) admitem que não existe nenhuma alternativa de tratamento para recuperar a visão da vítima de violência doméstica, Lao Mong Ieng, além da osteo-odonto-queratoprótese. Ainda assim, os SS mantêm o parecer desfavorável quanto à intervenção cirúrgica, uma hipótese que deixa em aberto o restabelecimento parcial da visão. “Não podemos ser perfeccionistas. Se fizermos uma cirurgia de alto risco, isso pode fazer com que a paciente perca a sensibilidade à luz”, começou por comentar o director do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), Kuok Cheong U, ontem em conferência de imprensa. No entender dos SSM, a solução passa pela mudança de estilo de vida da paciente, que se deve conformar com o facto de não conseguir ver. “Recomendamos que a paciente se adapte a uma nova forma de vida. Também pode ajudar outras vítimas de violência doméstica e dar o seu contributo à sociedade”, acrescentou o responsável. Recorde-se que Lao Mong Ieng, de 31 anos, foi atacada pelo marido com óleo a ferver e líquido de limpeza de canos, a 12 de Julho do ano passado. Actualmente, Lao apresenta queimaduras em 40 por cento do corpo, incluindo na cara, desloca-se numa cadeira de rodas e não vê dos dois olhos, apenas distingue a luz da escuridão. Na sequência do ataque, a vítima foi encaminhada pelo CHCSJ para tratamento no Hospital Prince of Wales, em Hong Kong. Foi também neste hospital que a equipa médica aconselhou a deslocação ao Reino Unido para que Lao fosse submetida à osteo-odonto-queratoprótese, uma cirurgia que pode restabelecer parcialmente a visão. De acordo com o centro hospitalar de Hong Kong, este tipo de intervenção cirúrgica tem uma taxa de sucesso de 80 por cento. Singapura e Índia foram outros territórios sugeridos à paciente e onde é possível fazer esta operação. A vítima está decidida em avançar com o procedimento cirúrgico e pondera agora a opção Singapura. Caminhos abertos A recolha de fundos para apoiar a cirurgia de Lao resultou na angariação de 1,3 milhões de patacas. Com este montante, Lao pode optar por ser operada no Reino Unido, onde a operação tem um custo de 1,2 milhões de dólares de HK. Apesar de faltar dinheiro para as despesas de estadia e transporte, “há já pessoas locais que se disponibilizaram a pagá-las”, apontou ontem Agnes Lam numa conferência de imprensa, citada pela TDM, que assinalou o final da angariação de apoios. A vítima ainda não decidiu onde pretende submeter-se à cirurgia e os SSM aguardam a decisão para dar início ao apoio logístico, estabelecendo o contacto com os profissionais da instituição que a vier a operar. “Se precisarem do nosso apoio ou auxílio nos contactos, não iremos recusar”, afirmou o director do HCSJ. “Como temos uma instituição de caridade para financiar, podemos tratar da parte técnica”, acrescentou. Entretanto Lao, vai reunir em Hong Kong no início de Março com um médico do Reino Unido. A vítima vive agora num apartamento arrendado e continua a receber tratamento na região vizinha. As despesas mensais são de 17 mil patacas e o Governo está a contribuir com 5200
Hoje Macau SociedadeTaxa de inflação fixou-se em 3,11 por cento em Janeiro [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] taxa de inflação foi de 3,11 por cento nos 12 meses terminados em Janeiro, em relação a igual período do ano anterior, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). O Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou as maiores subidas nas secções do vestuário e calçado (+6,43 por cento) e dos transportes (+5,51 por cento). Face a Dezembro (+2,94 por cento), o IPC geral, que permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias, aumentou 0,10 pontos percentuais, segundo a DSEC. Macau fechou 2018 com uma taxa de inflação de 3,01 por cento, traduzindo uma subida de 1,78 pontos percentuais. Um aumento que inverteu a tendência de descida registada desde 2015, ano em que caiu para 4,56 por cento.
Hoje Macau SociedadeProibida queima de papéis votivos durante Tesouraria de Kun Iam [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] abertura da Tesouraria de Kun Iam levou o Instituto Cultural (IC) a retomar a proibição da queima de papéis votivos. A interdição tem início às 23h da noite de 1 de Março e estará em vigor todo o dia 2 de Março, quando se assinala o 26º dia do primeiro mês do calendário lunar. As oferendas de papéis votivos serão, durante o período de proibição, recolhidas pelos funcionários dos templos e queimadas posteriormente no Templo de Kun Iam Tong, Templo de Lin Fong, Templo de A-Má, Templo de Kun Iam (Kun Iam Tchai), Templo de Kun Iam (Estrada Nordeste da Taipa), Templo de Kun Iam (Taipa), Templo de Kun Iam (Coloane), e Templo de Kun Iam (Ká-Hó). Nos três templos com maior afluência do público será criado um posto de recolha de papéis votivos, respectivamente localizado do lado esquerdo do pátio principal do Templo de Kun Iam Tong, junto ao forno de queima de papéis votivos; do lado direito do pátio da frente do Templo de Lin Fong, junto ao Museu Memorial Lin Zexu; e no Templo de A-Má, junto ao Pavilhão de Kun Iam.
João Santos Filipe SociedadeJoão Tiago Martins quer cumprir pena em Portugal A cumprir uma pena de prisão de 5 anos e 6 meses, desde Maio de 2016, João Tiago Martins entregou um pedido para cumprir o resto da pena em Portugal. O processo está na fase inicial [dropcap style≠‘circle’]J[/dropcap]oão Tiago Martins, desde Maio de 2016 a cumprir uma pena de 5 anos e 6 meses de prisão, pediu transferência para Portugal. O cidadão de nacionalidade portuguesa foi condenado, em Setembro de 2017, pela prática de dois crimes de abuso sexual de criança. A informação foi avançada pelo advogado João Miguel Barros, que representou o português, ao longo do julgamento. “Preenchemos os formulários e entregámos os papéis recentemente para a transferência para Portugal. O processo ainda está numa fase inicial, mas da parte de Macau já foi estabelecida a comunicação com Portugal”, revelou o advogado. Em Setembro de 2017, foi proferida a primeira decisão do caso, cuja sentença, apesar do arguido ser português, assim como os advogados, apenas foi disponibilizada em chinês. No entanto, logo em Outubro, o próprio Ministério Público (MP) recorreu da sentença a pedir a absolvição do cidadão que vivia em Macau e que a primeira instância entendeu ter abusado dos filhos. Apesar do recurso, com o apoio da defesa e MP, o Tribunal de Segunda Instância acabou por validar a sentença da primeira instância e João Tiago Martins já cumpriu cerca de dois anos e nove meses da sentença. Cinco transferidos O pedido de transferência de João Tiago Martins não é inédito. Segundo os dados facultados ao HM pela secretaria para a Administração e Justiça, até Maio do ano passado, tinham sido cinco os portugueses condenados na RAEM que acabaram transferidos para prisões portuguesas. O último caso remete para Maio de 2011 e o primeiro para Setembro de 2002. Ainda de acordo com a informação facultada pelo Governo, até ao ano passado tinham sido avaliados um total de nove pedidos, dos quais três foram recusados. Entre as transferências negadas, dois casos foram justificados com o facto de as condições para transferir não estarem reunidas, porque a mudança implica a “efectiva ligação do condenado à jurisdição de execução, de modo a permitir uma melhor reintegração e readaptação ao seu meio familiar, social e profissional após o cumprimento da pena”. No outro caso de transferência recusada a portugueses a razão apontada foi que o condenado tinha vida profissional e familiar em Macau e Hong Kong. Houve também o caso de um português que teve autorização para se transferir para Portugal, mas que abdicou do processo, já depois de a transferência ter sido autorizada.
Hoje Macau China / Ásia InternacionalCimeira | China pede à Coreia do Norte e aos EUA que “se encontrem a meio do caminho” [dropcap]A[/dropcap] China pediu ontem à Coreia do Norte e aos Estados Unidos que “se encontrem a meio do caminho” na cimeira desta semana entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un e o Presidente dos EUA, Donald Trump. Segundo a agência de notícias Associated Press, o porta-voz da diplomacia chinesa, Lu Kang, indicou que a China espera que as conversações entre os dois líderes alcancem a desnuclearização e a paz e estabilidade duradouras na península coreana e no nordeste da Ásia. Lu Kang explicou que, para atingirem esses objetivos, a Coreia do Norte e os EUA devem compreender completamente as preocupações legítimas de cada um e “encontrarem-se a meio do caminho”. “Preocupações legítimas” é uma referência ao apelo da Coreia do Norte por garantias de segurança dos Estados Unidos. Em conferência de imprensa, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês referiu que a China acredita que a situação está a “desenvolver-se na direcção” esperada por Pequim, que incentivará ambos os lados a trabalhar em direcção a um acordo. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, reúnem-se esta quarta e quinta-feira, em Hanói, capital do Vietname. Donald Trump e Kim Jong-Un encontraram-se pela primeira vez em Junho de 2018, em Singapura, numa cimeira que serviu para os dois líderes anunciarem o início de uma nova fase de relações diplomáticas e para o Presidente norte-coreano se comprometer a suspender os programas nucleares.
Sofia Margarida Mota SociedadeMacao Water | Abastecimento de água aumentou três por cento em 2018 [dropcap]O[/dropcap] abastecimento de água no território ultrapassou os 100 milhões de metros cúbicos no ano passado, o que representa um aumento de três por cento relativamente ao ano de 2017. A informação foi avançada ontem pela directora executiva da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau, SA – Macao Water, Nacky Kuan, no discurso do almoço de Primavera com os órgãos de comunicação social. Este acréscimo, apontou, deve-se ao crescente número de turistas que visitaram o território. “No ano de 2018, a cidade de Macau conheceu em geral um desenvolvimento económico estável, com abertura de novos hotéis de grande dimensão e da ponte HKZM, o que levou à manutenção de um crescimento estável da indústria do turismo”, disse, sendo que o acréscimo de abastecimento de água acabou por estar “de acordo com as expectativas”. Amianto de fora Entretanto, a substituição das canalizações de amianto vai mesmo terminar este ano, ainda que seja necessário um esforço “extra”, neste sentido. “Estimamos que este plano esteja terminado no final deste ano, mas estamos a ter algumas complicações com os canos que se situam nas vias de comunicação, pelo que vamos tentar fazer um esforço maior para que se termine a substituição até ao final de 2019, como previsto”, referiu a responsável à margem do evento. Entretanto, “a maior parte das substituições já estão concluídas”, rematou. Segundo a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), encontram-se actualmente, por substituir, tubos de 1,56 quilómetros, que representam 0,3 por cento do comprimento total da rede de distribuição de água. Já para 2020, está agendado a conclusão das obras da estação de tratamento de água de Seac Pai Va. Para o mesmo ano, no segundo trimestre, a Macao Water conta ainda ter concluído as obras do quarto aqueduto que vai transportar água para Macau a partir do da Ilha da Montanha. A transbordar Quanto à capacidade de abastecimento de água, Nacky Kuan assegura que Macau está preparado para responder à demanda crescente. “A nossa capacidade de fornecimento de água está preparada para dar resposta às necessidades locais para os próximos cinco anos. Não há problema com isso”, referiu. Além de satisfazer as necessidades actuais , a responsável assegura que existe um excedente de cerca de 50 por cento que permite satisfazer as necessidades que podem ser provocadas pelo aumento de turistas, até porque “o consumo doméstico no território não é muito elevado”. Entretanto, a Macao Water continua a aplicar o plano e a recompensar os residentes que demonstrem ter poupado no consumo de água. Todos os anos são gastos entre três a quatro milhões de patacas em reembolsos, dentro do programa de promoção de poupança de água. De acordo com a responsável, e tendo em conta os resultados que este programa tem apresentado, “todos os anos há um ligeiro aumento nas poupanças no consumo de água”, afirmou. Nacky Kuan sublinhou ainda que não há qualquer intenção de aumentar as tarifas da água “nos próximos tempos”.
Hoje Macau PolíticaGoverno de Jiangmen envolve-se no projecto Guang Bo Hui [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Associação dos Conterrâneos de Kong Mun [Jiangmen, em mandarim] de Macau, ligada aos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, esteve na cidade e garante que o governo da metrópole do Interior da China está a fazer tudo para resolver a situação do empreendimento Guang Bo Hui. Este é um projecto que foi promovido com recurso indevido à imagem do Chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, e que envolve o investimento um mínimo de 70 pessoais locais, num total de 20 milhões de patacas. De acordo com uma conferência de imprensa realizada ontem, citada pelo canal chinês da Rádio Macau, o Governo da cidade de Jiangmen está a procurar uma solução com o promotor. Além da procura de uma solução, as autoridades da cidade do Interior da China estiveram também a reunir informação para responder a todas as dúvidas dos pequenos investidores, segundo a informação divulgada no evento que contou com a participação dos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting.