Trump a favor da solução de dois Estados, israelita e palestiniano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou-se ontem pela primeira vez favorável a uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano, prometendo apresentar um plano de paz para a região “dentro de dois, três ou quatro meses”.

“Penso realmente que alguma coisa vai acontecer. É o meu sonho conseguir alcançá-la antes do final do meu primeiro mandato”, em Janeiro de 2021, disse à imprensa no início de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

Falando à margem da Assembleia-Geral anual da ONU, em Nova Iorque, Trump disse-se convicto “a 100%” de que os palestinianos, que suspenderam todos os contactos com a Administração norte-americana desde que esta reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, no fim de 2017, “regressarão à mesa das negociações”.

“Gosto da solução de dois Estados [para Israel e a Palestina], penso que é o que resulta melhor, é o meu sentimento”, afirmou Trump, sem precisar se é isso que vai propor o plano de paz conjecturado há vários meses no maior segredo por uma pequena equipa liderada pelo seu genro e conselheiro, Jared Kushner.

O anúncio desta proposta dos Estados Unidos, destinada a permitir alcançar “o acordo final” entre israelitas e palestinianos, de acordo com a formulação de Donald Trump, foi diversas vezes adiado.

Até agora, o Presidente republicano absteve-se de apoiar claramente a solução dos dois Estados, ao contrário dos seus antecessores dos dois lados do espectro político e da comunidade internacional.

A linha oficial da Administração Trump consistiu até agora em defender uma solução que obtivesse a aprovação de israelitas e palestinianos, sem apoiar ou rejeitar a solução da coexistência pacífica de dois Estados lado a lado.

27 Set 2018

Os benefícios do tufão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] modo como os homens interpretam os fenómenos naturais nem sempre lhes faz justiça. Pelo contrário, porque a nossa tendência é ler tudo à nossa medida, parece que os tufões, por exemplo, são desenhados para nos afligir.

Não são. Como disse um astrónomo, o universo não é bom nem é mau: é indiferente. E os tufões não são excepção. Não nascem no mar quente com o propósito de destruir o que construímos junto à costa, provocar desabamentos de terras em colinas onde foram construídas casas, nem derrubar postes eléctricos. Simplesmente se formam e vêem por aí fora, fazendo girar, rodopiar, saltitar a atmosfera, de uma forma muito bela de se ver de cima, instalado no conforto de um satélite. As construções costeiras, as casas e os postes acontecem estar no seu caminho.

Para as plantas é, na maior parte dos casos, uma festa. As mais velhas sucumbem para dar lugar às mais novas e, muito importante, dá-se um espargir de sementes capaz de atingir mares nunca dantes navegados. Graças aos tufões milhões de sementes são espalhadas até inimagináveis distâncias, permitindo a uma determinada espécie vegetal migrar para territórios insuspeitos.

Por outro lado, as árvores importadas não resistem à força contínua das rajadas, enquanto as locais dão mostra de resiliência e de uma milenar sabedoria vegetal. No fim, feitas as contas, o tufão afastou ramos mortos, derrubou árvores doentes ou inapropriadas, criou espaço para as plantas novas e deu a essas espécies a possibilidade de se espalharem como bárbaros por esse continente fora. Onde é que aqui se encontra algo de negativo?

Já para a humana gente, é diferente. É diferente mas não muito diferente. Seria fastidioso para mim e para o leitor lançar aqui mão de estatísticas, cálculos de probabilidades, algoritmos e outras ferramentas deste e do outro mundo, para apresentar uma análise profunda do papel dos tufões no planeta e uma avaliação da sua “bondade”. Assim, ao invés de uma ponto de vista global, em que se tornaria necessário comparar milhares de dados, avaliar centenas de tabelas e espreitar em dezenas de locais, optámos pela análise de um caso, no caso vertente o caso da passagem do tufão Hato por Macau, em 2017.

Antes de mais, precisamos de esclarecer um ponto geral. Se os humanos gostam de viver junto à costa (coisa que fazem há dezenas de milhares de anos), é provável que tenham dado pela aparição regular de tufões. Bem sabemos que o homo sapiens sapiens é um pouco distraído e limitado, mas é de crer que algum iluminado é capaz de ter um dia dito aos outros: “É pá, todos os anos, mais ou menos nesta altura, levanta-se cá um vento…” Provavelmente, terá sido julgado como intelectual e iluminado pelo fogo brando de uma fogueira. Ou talvez não.

Certo é que acontecem e têm acontecido, com regularidade suíça, ao longo dos séculos e tal não levou os homens a abandonarem a costa e irem lá mais para o interior. É o vais…

Partindo deste princípio constatável e verificável, seria de esperar que no decorrer das gerações fosse sendo acumulado um saber qualquer sobre o modo como lidar com o tufão. E assim aconteceu, embora às vezes não pareça. E agora repare-se: a presença do tufão obrigou o bicho humano a inventar protecções que nenhuma outra força na Natureza implicaria. Ao criar uma situação radical, totalmente fora dos parâmetros quotidianos, o tufão instilou nos humanos a necessidade de invenção e criação muito além do esperado. Ou assim devia ter acontecido.

O caso do Hato fala por si. Quando passou a fronteira para se esvair no continente, deixou atrás de si uma cidade sem água e sem luz, com lixo pelos joelhos, 12 mortos, incontáveis árvores derrubadas, e a necessidade de recorrer aos santos do Exército de Salvação, perdão, de Libertação. Talvez os homens andassem distraídos ou esta geração tivesse esquecido, ofuscada pelas luzes excessivas dos casinos, os ensinamentos das gerações anteriores. Acontece. E não há como um tufão para nos fazer lembrar, para nos remeter a um securizante cantinho.

Veja-se o estado da cidade este ano, após a passagem do Mangkhut, também ele um supertufão: uma normalidade quase estarrecedora, tudo a funcionar, à parte as cheias do costume que, aliás, visto que não se conseguem dominar, havia que aproveitar de forma turística, implementando passeios de gôndolas e gaivotas pelas ruelas do Porto Interior e pensar mesmo na hipótese de um Mercado Flutuante. Se não podes as podes vencer (às águas), junta-te a elas. Com os devidos subsídios e apoios.

Cá está. O Hato foi uma excelente lição, talvez a única lição de excelência, ao nível da sociedade de excelência que nos foi prometida. É que um tufão é uma verdadeira revolução: limpa a paisagem, dá um ar novo à coisa, faz cair uns e subir outros, para depois ficar tudo na mesma. Exactamente como nas revoluções.

Neste caso, a passagem do tufão Hato por Macau em 2017 foi algo de muito proveitoso para os seres humanos pois graças a ele tiveram uma oportunidade para relembrar o que os avós não tiveram ensejo de lhes ensinar e proteger a cidade decentemente para resistir ao embate dos tufões. Sendo mais ou menos claro que não se pensa deslocar a cidade para o continente, por enquanto.

Mas, claramente, a grande vantagem do tufão é que torna o ar mais respirável. Ainda que seja por uma breve partícula de tempo.

27 Set 2018

TCR China  | Filipe Souza compete em duas provas

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m contagem decrescente para a 65ª edição do Grande Prémio de Macau, Filipe Clemente Souza vai participar nas duas próximas jornadas do campeonato de carros de turismo TCR China para melhor preparar o seu regresso à Corrida Guia.

O piloto macaense confirmou ao HM que vai estar à partida das provas pontuáveis para o campeonato chinês em Ningbo, no próximo fim-de-semana, e em Xangai, no fim-de-semana seguinte, uma prova que será realizada em concomitância com o TCR Ásia.

“Vou correr nestas duas corridas para preparar Macau”, explicou Souza ao HM. “Vou usar um Audi RS 3 LMS da Champ Motorsport que usei em Zhuhai para vencer na prova do campeonato de carros de turismo organizado pelo circuito.”

Acreditando que poderá lutar pelos lugares do pódio, o traçado de Ningbo não é estranho ao piloto da RAEM, pois “o ano passado conduzi o Lada na prova do WTCC. É uma pista muito técnica, mas não é muito difícil. Tem estratégica lá.”

Contudo, Souza reconhece que o desafio poderá ser maior caso as condições meteorológicas não lhe sejam favoráveis, “porque nunca andei com seco nesta pista. Se chover, como aconteceu no ano passado, acho que vou ter vantagem sobre os meus adversários.”

Audi na calha

A um mês e meio do evento automobilístico mais importante do ano para qualquer piloto do território, Souza diz que ainda não decidiu qual o carro que utilizará na prova pontuável para a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR). Todavia, o ex-campeão de carros de Turismo de Macau está fortemente inclinado a escolher o Audi para a grande corrida do mês de Novembro.

“Os membros da Audi Sport na Ásia estão contentes comigo. Apoiam-me e gostariam que eu participasse em Macau com um Audi. Já guiei outros carros da categoria TCR e gosto muito do Audi. Na minha opinião é um carro que é muito competitivo e que me dá condições para obter bons resultados”, esclarece o experiente piloto.

Souza será um dos dois pilotos da casa que receberá um “wildcard” para participar na Corrida da Guia. O interesse dos pilotos locais por esta prova é grande, tendo o HM conhecimento de pelo menos mais seis pilotos interessado em acompanhar Souza na mais prestigiada corrida de carros de turismo do sudeste asiático.

27 Set 2018

Todos os nomes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] minha mãe foi perdendo nomes. Há cerca de vinte anos, quando teve que renovar o bilhete de identidade – agora cartão de cidadão –, perdeu um apelido: Pereira. De Maria José Pereira Romão, passou para Maria José Romão. Nem se deu conta. A minha irmã, no entanto, ao pedir-lhe o bilhete de identidade para tratar de uma burocracia qualquer é que notou: mãe, como é que perdeste um nome?, perguntou-lhe. A minha mãe não foi capaz de responder. Até hoje não sabe.

Quanto mais velhos somos, mais vezes temos de renovar os documentos que atestam a nossa identidade ou nos permitem conduzir. Como se, em se aproximando a hora que o estado calcula ser o limite do nosso fôlego, tivéssemos de prestar provas de que ainda respiramos muito mais frequentemente para aplacar a desconfiança de quem vê na morte apenas mais uma possibilidade de fraude.

A minha mãe, que já leva no alforje umas respeitáveis décadas, teve de renovar o cartão de cidadão há meia dúzia de anos. Maria José, ficou. Perdeu o apelido que recebera do meu pai no casamento de ambos. Como é que é possível, perguntei quando soube, isto não devia ser um processo automático? Tenho a ideia de que renovar o cartão de cidadão não consiste em soletrar os nomes que fazem um nome perante um burocrata meio surdo ou meio tolo, cabendo-lhe em desatenção ou dureza de ouvido a culpa da míngua onomástica. Não será igualmente uma questão de transporte ou de logística: os nomes que fazem um nome não estão depositados num armazém de onde são retirados quando um cidadão precisa de renovar um documento. “Ó Zé, foste tu que deixaste cair um Alves?”. “Nepia, eu hoje só me tem calhado Silvas e Pachecos. Vê se terá sido o Rogério”. ”Seja quem for, tem que vir buscar isto rápido, antes que apodreça”. Podia ser assim, explicava muita coisa e até seria divertido. Mas não é.

Perder um apelido tem o seu quê de insólito, e é uma história perfeita para desbloquear uma conversa num jantar ou numa reunião, mas acarreta algumas consequências práticas sem qualquer piada. A minha mãe tem de fazer uma prova de vida anual perante o estado francês para continuar a receber uma pensão de reforma que lhe cabe pelos anos que o meu pai trabalhou em França (sempre me pareceu maravilhosa esta coisa da prova de vida, imagino uma fila de velhotes a respirar, à vez, para um espelhinho, sendo que aquele que não lograsse embaciá-lo seria declarado “tecnicamente morto” e inapto para os benefícios dependentes da prova). Já foi difícil explicar-lhes(?) da primeira vez que a minha mãe tinha perdido um nome. Inventámos um problema informático, uma certidão equívoca, uma funcionária desatenta. Os franceses, a contragosto, aceitaram. Desta feita, e com estatuto de infractores repetentes, a coisa complicou-se muito e precisámos de reunir um número considerável de depoimentos a atestar a vida da minha mãe e a nossa boa-fé. O estado – qualquer estado – desconfia da morte quando há descendentes envolvidos.

Às vezes divirto-me a pensar que este processo pelo qual a minha mãe tem passado, involuntariamente, devia ser obrigatório. Um tipo nasceria com uma série de nomes que, à medida dos anos pesando sobre os ossos, iriam sendo retirados até ficarmos só com a primeira letra do primeiro nome. Depois era só esperar que a ceifeira reparasse em nós e saímos daqui tão limpinhos como quando entrámos.

27 Set 2018

Modesta proposta política

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap] chega de bordados metafísicos, vamos à política.

O senador Bernie Sanders, dos EUA, publicou um manifesto, no The Guardian. O objectivo é barrar a ascensão do eixo autoritário no planeta. Diz Sanders que os novos populistas compartilham ideais comuns como “a hostilidade às normas democráticas, antagonismo em relação à liberdade de imprensa, intolerância em relação às minorias étnicas e religiosas e a crença de que o governo deve beneficiar a si próprio e a interesses financeiros egoístas.” E contrapõe: “É hora de os democratas de todo o mundo, diz o Manifesto, formarem uma Internacional Progressista”.

Então, terá de meter-se em questão a orgânica do sistema que permitiu a “profissionalização da política” e tornou a corrupção endémica.

Há duas ideias fulcrais nos ensaios de Vladimir Safatle. A primeira: “O líder democrático é aquele que nos ensina como a contingência pode habitar o cerne do poder.” A segunda: “(…) devemos insistir em que a esquerda não pode permitir que desapareça do horizonte da acção uma exigência profunda de modernização política que vise à reforma, não apenas de instituições, mas do processo decisório e de partilha do poder. Ela não pode ser indiferente àqueles que exigem a criatividade política em direcção a uma democracia real”.

A Esquerda tem sido indiferente, e isto não é inocente: é por compromisso.

Hoje confundimos solicitações do mercado com informação e progresso com poder de consumo. Tudo nos fascina no consumo, sobretudo o aparato tecnológico. Até o Derrida acreditava na transformação tecnológica como um dos factores de aceleração política.

Talvez, mas há um lado de sombra, inescamoteável, na tecnologia e antes que os algoritmos contornem a confiabilidade no eixo da política democrática, urge repensar o sistema democrático.

É esta a modesta proposta, que reedito, porque não foi lida nem discutida.

Talvez não seja digna de Swift, mas de criados e mordomos da política estamos fartos:

1. A detenção do poder será sempre contingente e rotativa. Cada movimento político ou instituição partidária terá direito a dois mandatos (três anos x dois) seguidos, embora de três em três anos haja eleições e um referendo;

2. Pelo referendo afere-se a confiança no governo e se o executivo necessita de mudança. Não é vinculativo mas corresponde a um cartão verde, amarelo ou vermelho.

3. Nas eleições, mediante a apresentação e discussão de programas (mais importantes neste caso do que quem personifica as ideias) apura-se quem terá o direito a ser oposição na legislatura seguinte;

4. Cada Partido deverá apresentar nas suas listas 30 % de independentes;

5. Quem ganhe o direito a ser oposição (o que implicaria um reforço qualitativo do trabalho dos partidos) subirá automaticamente ao poder daí a três anos, após o fim do mandato do poder cessante.

6. O parlamento nacional deve ser reduzido e funcionar, na prática, como um Conselho do Estado alargado.

7. Cada país organiza-se em regiões com os respectivos parlamentos. Este parlamento regional é composto por elementos dos partidos, mas reserva-se um terço dos lugares do hemiciclo a elementos espontâneos, ou representantes de outros movimentos e sensibilidades sociais, que queiram participar directamente na identificação dos problemas e na defesa dos interesses das suas regiões (- de modo a reflectir-se a ideia de que há questões que são indelegáveis);

8. O voto é obrigatório.

9. Emanará dos Parlamentos regionais a maioria dos pacotes legislativos, que serão regulamentados no Parlamento Nacional, tendo o Governo meras tarefas executivas, ou de regulação, dado poderem surgir conflitos de interesse entre regiões;

11. Cabe inteiramente ao Governo a orientação das políticas de caráter político-internacionais; estando, no entanto, as decisões mais graves sujeitas a referendo;

12. Sem burguesia não há democracia. Fala-se de uma burguesia ilustrada e produtiva. Pelo que, de força a garantir-se que o empenho sobre a qualidade técnica da educação seja maior do que a sua feição ideológica, cabe, por inerência ao partido da oposição a administração de duas pastas: o sector de Educação (será obrigatória desde a Primária a disciplina de Filosofia para Crianças) e o Ministério do Património Intangível. O que deve ser acompanhado de um pacto de regime que assegure um orçamento confortável para esses dois ministérios.

12. Não são permitidas as organizações de Juventude dos Partidos;

13. Será interdita a entrada na política activa aos cidadãos com menos de trinta anos e tal só poderá acontecer depois de dez anos de vida profissional activa e de se demonstrar que se atingiu certos patamares de competência ou o pleno da autonomia sócio-profissional;

14. Ninguém poderá estar no palanque da política activa mais do que um período de dez anos; podendo, a partir de então pode unicamente participar no concerto das opiniões, ou fazer parte de movimentos cívicos, mas sem ocupar lugares públicos;

15. Quem quiser entrar para a política activa terá de cumprir um ano em regime de voluntariado em qualquer parte do mundo;

16. O regime das tabelas salariais não pode, em todas as empresas, apresentar mais do que uma disparidade de um para cinco;

17. Dado que vivemos num mundo de recursos finitos e pós-mitos-do-progresso, onde até por ecologia política se deverá impor uma redistribuição as riquezas, a riqueza individual será permitida mas dentro do quadro de uma espécie de «economia-bonsai»; a partir de determinado nível a riqueza reverterá para a comunidade.

Restaurará este modelo um equilíbrio entre Democracia e Participação Cívica, fazendo da dignidade da política um exercício menos dúbio e amortecendo as atracções pelos engodos do Poder?  Talvez pelo menos iniba as profissionalizações na política.

Muito para além da “arte do possível”, creio antes que só o impossível é desejável e acontece. Só o impossível tempera a dignidade do homem. É preciso desejar o impossível para que algo aconteça e a política passe a ser um exercício laico e não uma actividade dependente de uma predatória lógica religiosa.

Consciente de que atirei o barro a uma parede que prefere o silêncio, passemos agora à sala e falemos de literatura.

27 Set 2018

Pedido dia de férias para funcionários públicos que trabalharam durante Mangkhut

[dropcap style≠‘circle’]N[/dropcap]elson Kot, ex-candidato às eleições legislativas defende que os funcionários públicos da linha da frente que trabalharam durante a passagem do tufão Mangkhut deveriam ter mais um dia de férias de compensação.

O responsável referiu ao Jornal do Cidadção que a medida deve ser implementada até ao próximo ano, com o objectivo de equilibrar o estado psicológico de todos os funcionários. É de referir que Chui Sai On autorizou o encerramento de todos os serviços públicos um dia depois da tempestade à excepção dos que estavam integrados na estrutura da protecção civil.

Para o responsável, que foi funcionário público na Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, a decisão do Chefe do Executivo permitiu que a maioria dos funcionários resolvesse os problemas das suas casas.

Contudo, trabalhadores da área da Segurança e do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) deveriam, na visão de Nelson Kot, merecer um tratamento igual e ter também direito a um dia de férias. Segundo o ex-candidato, muitos trabalhadores da linha da frente queixaram-se de falta de valorização devido a este assunto.

27 Set 2018

Papa diz que acordo feito com a China tem precedentes e aponta Portugal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Papa afirmou ontem que o histórico acordo com a China, que concede ao Partido Comunista Chinês (PCC) uma palavra na nomeação dos bispos, tem já precedentes, e apontou os casos de Portugal e Espanha.

“Não podemos esquecer que (…) durante 350 anos foram os reis de Portugal e Espanha a nomear os bispos, e que o Papa abdicou da sua jurisdição”, disse.

Numa conferência de imprensa a bordo do avião papal, Francisco falou pela primeira vez de um acordo que põe fim a mais de 70 anos de antagonismo entre Pequim e o Vaticano, e assumiu que este vai causar sofrimento entre os fiéis da Igreja católica clandestina, que é independente do PCC.

Francisco afirmou que assume inteira responsabilidade e que ele, e não Pequim, terá a última palavra na nomeação de novos bispos.

A China e o Vaticano romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo Governo chinês. Os católicos chineses dividiram-se então entre duas igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa, aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano.

A maior divergência continua a residir na nomeação dos bispos.

O Vaticano considera que é um direito seu nomear os bispos, visando preservar a sucessão apostólica que remonta aos apóstolos de Jesus Cristo. A China considera a exigência do Vaticano uma violação da sua soberania.

Devido à disputa, o regime chinês nomeou, ao longo das últimas décadas, vários bispos sem o consentimento do Papa, alguns dos quais foram depois excomungados pelo Vaticano.

Os padres que se mantiveram fiéis ao Vaticano são frequentemente detidos ou perseguidos.

Francisco, e antes dele o papa Bento XVI, tentaram unir as duas igrejas, e anos de negociações culminaram agora num acordo.

Dores de pacto

O Papa reconheceu que ambos os lados tiveram que abdicar de algo nas negociações, e admitiu que membros da igreja clandestina chinesa “vão sofrer” como resultado.

“É verdade, eles vão sofrer. Existe sempre a dor num acordo”, disse.

O Papa garantiu já ter recebido mensagens que comprovam a “fé de mártir” dos católicos chineses e a sua disponibilidade para aceitar o que foi decidido.

Ele apelou aos crentes para que rezem “por aqueles que não entendem ou que têm muitos anos a viver clandestinamente”.

Francisco afirmou que o acordo apela para um processo de diálogo sobre possíveis candidatos a bispo, mas que a decisão final cabe ao Papa.

“Não se trata de serem eles a nomear. É um diálogo entre possíveis candidatos”, afirmou Francisco. “O processo é feito em diálogo, mas Roma nomeia. O Papa nomeia. Isso ficou claro”, disse.

O acordo, cujo texto detalhado não foi ainda publicado, inclui o reconhecimento pelo Vaticano de sete bispos nomeados por Pequim, enquanto dois bispos da igreja clandestina terão que se afastar.

Francisco afirmou que assume responsabilidade pessoal pelo acordo e que assinou o decreto de reconciliação com os sete bispos.

O acordo foi anunciado no sábado, com o Vaticano a afirmar que, a partir de agora, todos os bispos na China estão em comunhão com Roma.

27 Set 2018

Cônsul de Moçambique defende aposta dos países lusófonos

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] cônsul de Moçambique em Macau defendeu ontem que os países lusófonos devem apostar na certificação e formação de quadros qualificados na área da medicina tradicional chinesa para complementar a medicina convencional.

“Moçambique tem vindo a apostar na área da medicina tradicional, tendo já criado um centro (…) em Moçambique e pensamos que é importante para complementar a medicina convencional”, defendeu Rafael Custódio Marques à margem do encerramento do colóquio sobre a cooperação no domínio de medicina tradicional para os países de língua portuguesa, em Macau.

O cônsul reforçou que o país está a desenvolver esforços para a certificação desta área, aproveitando o facto de o centro de medicina tradicional estar no Ministério da Saúde, o que “facilita de certa maneira os aspectos legais, os aspectos técnicos em termos de certificação”.

Nos dias 13 e 26 de Setembro 23 funcionários técnicos provenientes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste participaram na acção de formação organizada pelo Fórum Macau.

A secretária-geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, ambiciona que a “cooperação com a medicina tradicional venha a desempenhar um papel relevante na vertente cultural entre a China e os países de língua portuguesa”.

Durante o discurso de encerramento do colóquio, Xu Yingzhen reiterou esperar que Pequim e os lusófonos “possam vir a aproveitar plenamente a plataforma de Macau, reforçando a tecnologia médica, estudos científicos, formação de quadros qualificados” e protecção da legislação.

27 Set 2018

Morreu a artista plástica Helena Almeida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] artista plástica Helena Almeida, de 84 anos, morreu ontem, em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da galeria que a representava, a Galeria Filomena Soares.

Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada, sobretudo na área da fotografia, tornando-se uma figura destacada no panorama artístico português contemporâneo.

A exposição “O Outro Casal. Helena Almeida e Artur Rosa”, sobre a obra de Helena Almeida, centrada nos registos em que aparece com o marido, também artista, Artur Rosa, esteve patente desde junho ao passado dia 09, na Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, em Lisboa.

Em Madrid foi inaugurada a mostra “Dentro de mim”, de Helena Almeida, no passado dia 20, na galeria madrilena Helga de Alvear.

27 Set 2018

Primeiro carro voador começa a ser vendido em Outubro

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] período de pré-venda do primeiro carro voador do mundo, desenvolvido pela empresa Terrafugia, que foi adquirida pelo grupo chinês Geely, arranca em Outubro, com a chegada ao mercado prevista para 2019, avançou a imprensa chinesa.

O veículo, chamado Transition e com capacidade para dois passageiros, necessita de pista de descolagem e aterragem, como os aviões convencionais, mas pode converter-se num automóvel terrestre em apenas um minuto, segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua.

Numa fase inicial, o carro voador estará apenas disponível no mercado norte-americano. A agência não detalha o custo de produção ou preço de venda.

Responsáveis da Geely revelaram que o objectivo é competir com o uso de aviões por parte de empresas, governos e firmas de transporte.

O conselheiro delegado da Terrafugia, Chris Jaran, anunciou já que apresentará, em Outubro, o próximo projecto da empresa, o veículo voador TF-2, que será capaz de descolar e aterrar na vertical, algo a que o Transition não está apto.

A Terrafugia foi fundada em 2006, por cinco antigos alunos do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

A Geely emprega mais de 60.000 trabalhadores, a nível mundial, e vendeu em 2016 mais de 1,3 milhão de veículos. A empresa detém a marca automóvel sueca Volvo.

27 Set 2018

Apontada má atitude e fraco controlo emocional a alunos locais

As facilidades no acesso ao emprego fazem com que os estudantes locais não desenvolvam capacidades essenciais no mundo do trabalho globalizado. O aviso vem de um académico da Universidade Cidade de Macau, que alerta para possíveis problemas na eventualidade de uma mudança no ambiente económico ou de políticas laborais do Governo

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] protecção laboral em Macau faz com que os alunos do ensino superior apresentem uma má atitude no emprego, pouco controlo emocional e uma fraca capacidade de trabalho em equipa. Esta é a principal conclusão de um artigo publicado por Chen Wei-Nien, professor na Universidade Cidade de Macau, na revista académica Journal of Research in Business Economics and Management.

De acordo com as conclusões do trabalho de Chen, o facto de Macau ter um ambiente muito protector do emprego para os residentes locais, faz com que estes não tenham de se preocupar tanto com as saídas profissionais e os desafios para encontrar emprego, num ambiente altamente competitivo, depois de terminarem os estudos.

“Neste tipo de ambiente, os estudantes locais do ensino superior têm tendência para se preocuparem menos com o emprego, o que lhes retira características naturais de alerta para eventuais crises. Por isto, os alunos tendem a demonstrar um pior desempenho no trabalho ao nível da atitude, controlo das emoções e da capacidade de trabalho de equipa”, escreve o académico.

O académico defende que esta realidade tem um impacto directo na cultura de contratação de empregados locais, que faz com que estas características, tidas como pontos fracos, sejam mais valorizadas.

“Estas características tornaram-se assim as mais importantes ao nível da empregabilidades dos alunos locais no ensino superior de Macau, que relegam para segundo plano outros aspectos, como o conhecimento ou a capacidade de inovação”, explica.

Segundo os dados mais recentes da Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entre Maio e Julho a taxa de desemprego total cifrou-se nos 1,8 por cento, entre residentes a percentagem era de 2,4 por cento.

Preparar o futuro

Traçado o estado do ensino e a necessidade de dotar os alunos com maior capacidade para lidarem com eventuais problemas no trabalho, Chen Wei-Nien sugere que as universidades tenham em conta este problema.

“Primeiro, é necessário promover junto dos alunos que as crises no mercado do trabalho acontecem. A globalização e a competição entre talentos globais tornou-se uma tendência que tomou o mundo de rompante. No futuro, quando houver mudanças no ambiente económico, ou houver uma alteração nas políticas governamentais, vai haver impactos muito sérios nas oportunidades de emprego e no espaço em que vivemos”, justificou o académico.

“É preciso ir mais longe, devemos mudar a nossa formação mental e o mentalidade herdada e trabalhar de forma continuada para melhorar todos os dias, cultivar uma melhor cultura de trabalho, aperfeiçoar o controlo emocional, reforçar a capacidade de fazer trabalho em equipa e elevar a capacidade de resposta perante problemas”, conclui.

O estudo foi publicado na edição de Setembro da revista com o título Pesquisa sobre a Empregabilidade dos Estudantes Locais do Ensino Superior em Macau [Research on the Employability of Local College Students in Macau, em inglês]”.

27 Set 2018

EUA | Chinês radicado em Chicago acusado de espionagem

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m cidadão chinês radicado em Chicago, nos Estados Unidos, foi detido na terça-feira, por suspeitas de espionagem, incluindo apoiar no recrutamento de engenheiros norte-americanos, contratados da Defesa e cientistas, para os serviços secretos chineses.

Ji Chaoqun, de 27 anos, é acusado de actuar nos EUA, de forma consciente, como agente de um governo estrangeiro.

O suspeito trabalhava alegadamente sob ordens de altos funcionários dos serviços secretos da República Popular da China, e tinha como tarefa fornecer informação sobre oito pessoas para possível recrutamento.

Ji compareceu num tribunal federal de Chicago, perante o juiz Michael T. Mason.

Durante a audiência, de 15 minutos, Ji recorreu a um intérprete, mas quando questionado pelo juiz se tinha percebido os seus direitos, levantou a cabeça e disse que sim, em inglês, descreveu a agência de notícias Associated Press.

Na audiência, a Procuradora-Geral Assistente Shoba Pillay afirmou que Ji incorre, caso seja condenado, numa pena de prisão de até 10 anos, em estabelecimento prisional federal.

O juiz Madson ordenou que o cidadão chinês seja mantido em custódia por agora.

A queixa-crime, de 17 páginas, indica que Ji chegou aos EUA, em 2013, com visto de estudante, para frequentar uma licenciatura em engenharia, no Instituto de Tecnologia de Illinois, em Chicago.

Em 2016, Ji alistou-se nas reservas do exército norte-americano, num programa que permite a imigrantes que vivem legalmente no país servir nas forças armadas, caso as suas competências sejam consideradas vitais para os interesses nacionais.

27 Set 2018

UM prevê crescimento de 8,3 por cento este ano e de 7,1 por cento em 2019

A guerra comercial e os efeitos da Administração Trump podem influenciar de forma negativa o crescimento da economia de Macau no próximo ano. No pior cenário, a UM coloca em cima da mesa a possibilidade de haver uma quebra no PIB de 2,6 por cento

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] economia do território vai crescer 8,3 por cento durante este ano e 7,1 por cento no próximo. São estas as previsões apresentadas ontem pelo Departamento de Economia e pelo Centro de Estudos da Universidade de Macau. Contudo, os académicos da UM deixam um alerta: durante o próximo ano existe o perigo real da economia sentir as consequências da guerra comercial, assim como do abrandamento do crescimento da economia chinesa. O Interior da China é o principal mercado de jogadores nos casinos.

“No horizonte está um clima de incerteza económica. A Reserva Federal Norte-Americana deve continuar a aumentar a taxa de juros de forma conteinua. A Administração de Donald Trump tem criado fricções no comércio entre os EUA e os outros países”, é apontado no documento. “A zona euro continua a enfrentar a crise das dívidas públicas e a economia do Interior da China vai abrandar, ao mesmo tempo que o Governo Central vai tentar implementar políticas monetárias e fiscais para estabilizar o crescimento económico. Estes são factores que podem afectar o crescimento da economia de Macau em 2019”, é acrescentado.

Em relação ao próximo ano, os economistas da UM acreditam que no pior cenário o Produto Interno Bruto (PIB) de Macau vai sofrer uma quebra de 2,6 por cento, já nas previsões mais optimistas terá um aceleramento de 16,6 por cento. Porém, o mais provável é que o crescimento fique na ordem dos 7,1 por cento. Na base desta previsão está a expectativa que a exportação de serviços seja de 8,7 por cento, enquanto a exportação de bens crescerá 5,7 por cento.

No que diz respeito à inflação ao longo de 2019, esta deverá situar-se pelos 3,9 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar nos 1,9 por cento. Se forem tidos apenas em consideração os residentes, a taxa de desemprego será de 2,5 por cento. Por sua vez, a mediana dos salários subirá para 16.638 patacas por mês e o consumo interno deverá crescer ao ritmo de 5 por cento.

 

Meta mais elevada em 2018

No que diz respeito às previsões de 2018, os economistas da UM dizem que no pior cenário, o crescimento vai cifrar-se nos 5,1 por cento, no melhor, o Produto Interno Bruto (PIB) vai saltar 11,6 por cento. No entanto, a maior probabilidade é que a taxa de crescimento se fique por um valor próximo dos 8,3 por cento.

Ainda no que diz respeito a este ano, a taxa de inflação deverá atingir 3,3 por cento, enquanto que a taxa de desemprego deverá ficar pelos 2 por cento. Finalmente o consumo interno deverá crescer 5 por cento, enquanto a exportação de serviços vai saltar 13,6 por cento e a de produtos 18,1 por cento.

Em relação à mediana dos salários, o ano deverá terminar com um valor de 16.077 patacas por mês.

27 Set 2018

Comércio | MNE pede aos EUA fim da “mentalidade da guerra fria”

[dropcap style≠’circle’]W[/dropcap]ang Yi deixa o aviso: o desenvolvimento das relações bilaterais dos últimos 40 anos pode ser complemente destruído se o comportamento norte-americano não mudar. As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês foram feitas após um encontro com o antigo secretário de Estado americano Henry Kissinger.   

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, exigiu ontem a Washington que pare de olhar para a China com “mentalidade da guerra fria”, numa altura de crescente tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Citado pela imprensa chinesa, Wang Yi apelou aos Estados Unidos, numa reunião com o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que mantenham um rumo saudável nas relações com Pequim.

As relações entre EUA e China atravessam um período de renovada tensão, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, lançar uma guerra comercial contra o país asiático, visando conter as ambições chinesas para o sector tecnológico.

Esta semana, Wang disse a representantes comerciais norte-americanos que a Casa Branca arrisca “destruir totalmente” quatro décadas de avanços nas relações bilaterais.

“A China e os EUA podem competir entre si, mas não se devem olhar com uma mentalidade da guerra fria”, afirmou.

“Existem certas forças nos EUA que, recentemente, difamam a China e criam um sentimento antagónico, que causou graves danos às relações”, acrescentou.

As relações entre os dois países “entrarão em declínio”, caso esta tendência se mantenha, advertiu o ministro chinês.

Donald ataca

Trump anunciou já taxas sobre um total de 250 mil milhões de dólares de importações oriundas da China e, na semana passada, impôs sanções contra uma unidade chave do ministério chinês da Defesa, o Departamento de Desenvolvimento de Equipamentos, por compra de armamento à Rússia.

Na terça-feira, Washington anunciou ainda a venda de 330 milhões de dólares em equipamento militar a Taiwan, que Pequim considera território seu e ameaça com o uso da força, caso declare independência.

No encontro com Kissinger, Wang Yi agradeceu a contribuição do antigo secretário de Estado norte-americano para as relações entre os dois países.

Este mês, Kissinger disse ver a China como um “potencial parceiro na construção da ordem mundial”.

“Claro, caso [a parceria] não seja bem-sucedida, estaremos numa posição de conflito, mas o meu pensamento é baseado na necessidade de evitar essa situação, para que o nosso problema não seja encontrar aliados para um confronto com a China”, disse.

Durante a intervenção na Assembleia Geral da ONU, Donald Trump voltou a acusar Pequim de “implacável prática de dumping” e outras práticas comerciais injustas, incluindo forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia para potenciais rivais chinesas, em troca de acesso ao mercado.

Em causa está a política da China para o sector tecnológico, nomeadamente o plano “Made in China 2025”, que visa transformar os grupos estatais chineses em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Numa entrevista recente à agência Lusa, Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, lembrou que para “um país como a China”, ceder às exigências de Trump “não é uma opção”.

“A China não está para receber lições dos EUA”, disse. “Se a Casa Branca está à espera que a China sucumba, se ajoelhe, está a ser totalmente irrealista”.

27 Set 2018

Rodrigo Leão | Novas datas de “O Aniversário” no Porto e em Lisboa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] músico Rodrigo Leão, a celebrar 25 anos de carreira, acrescentou duas datas extras às apresentações, em Novembro, nos coliseus do Porto e de Lisboa, do espectáculo “O Aniversário”, anunciou ontem a sua produtora.

No Coliseu do Porto, a nova data é 7 de Novembro, um dia antes da já anunciada, 8 de Novembro, e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, dá um concerto às 18h, no dia 10, para o qual já estava previsto um concerto às 21h30. A outra data de Lisboa é o dia 9 de Novembro.

Segundo a promotora, estas datas extras devem-se à “grande procura do público, que praticamente já esgotou as datas anunciadas”. “O Aniversário”, o concerto, é uma produção “dirigida ao grande público, que percorrerá todo o repertório”, tal como no álbum, “contando com uma formação alargada a dez músicos, que inclui baixo e bateria”, e apresentará, pela primeira vez juntas, em palco, as cantoras Ana Vieira e Selma Uamusse, que regularmente têm gravado com o compositor”, disse à agência Lusa Rodrigo Leão.

“Sinto-me como há 25 anos, a tentar procurar melodias, harmonias, às vezes com grande sofrimento, pois nem sempre aparece a inspiração”, afirmou o compositor, quando do anúncio dos espectáculos, referindo também o “importante trabalho” da equipa de produção e dos músicos com quem trabalha – os músicos de quem se sente mais perto -, e dos amigos, que “são muito importantes para o trabalho final”. O músico disse à Lusa que tudo o influencia, “as viagens, as idas à Ericeira ou ao Alentejo, mas não há a intencionalidade dessa busca” identitária. “Trabalho de uma forma intuitiva. Às vezes, melodias que me surgem, gravo-as no telemóvel, antes de as trabalhar, só porque me surgiram naquele momento”, disse.

27 Set 2018

Yat Yuen obrigada a instalar equipamentos de isolamento de som

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça revelou ontem que foi exigido à Yat Yuen a instalação de equipamentos de isolamento acústico no local de realojamento dos galgos, em Coloane.

Segundo um comunicado oficial, Sónia Chan afirmou que as autoridades vão avaliar o nível de ruído e de higiene ambiental passíveis de afectar o Asilo Vila Madalena, que fica paredes meias com o futuro abrigo dos cães. A secretária, que visitou o Asilo Vila Madalena na segunda-feira com o Chefe do Executivo, reiterou ainda que compreende as preocupações e expectativas dos idosos do lar, prometendo, em linha com as declarações de Fernando Chui Sai On, proteger os idosos de potenciais impactos.

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) também emitiu um comunicado ontem, dando conta de que foi realizada uma ronda de inspecção ao local onde serão realojados temporariamente os galgos, durante a qual constatou que, devido à passagem do tufão Mangkhut, há instalações ainda por concluir conforme os pareceres técnicos.

Recorde-se que, a pedido da Yat Yuen, o IACM autorizou a prorrogação do prazo de reclamação dos galgos por mais sete dias, o que significa que os animais têm de deixar o Canídromo até ao próximo dia 6.

27 Set 2018

Exposição | Macaense Lai Sio Kit pela primeira a solo em Portugal

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ete instalações com milhares de peças sobre momentos únicos no tempo compõem a primeira exposição a solo do artista macaense Lai Sio Kit, numa instituição em Portugal, e é inaugurada hoje, no Museu do Oriente, em Lisboa.

Intitulada “Momento Único”, a exposição de Lai Sio Kit vai ser inaugurada hoje, às 18h30, e ficará patente até 18 Novembro, segundo um comunicado do museu.

Adaptadas ao espaço da galeria do Museu do Oriente, as instalações combinam linguagens artísticas para traduzir a passagem do tempo e as suas marcas.

Formadas por milhares de rectângulos de tela pintada a óleo, cada instalação é concebida e montada como um enorme painel de azulejos, objectos que permitem ao artista “reflectir sobre a forma como o tempo existe nas cidades”. “Alguns partidos, alguns esbatidos e outros com vestígios de musgos, tudo isso acontece por causa do tempo. E o processo de pintar cada azulejo é também o processo em que eu experiencio o tempo. Mais tarde, juntando os momentos de tempo, eu crio um espaço de tempo próprio”, diz o artista, citado pelo texto de apresentação da mostra.

Formado pela Central Academy of Fine Arts de Pequim, Lai Sio Kit – nascido em Macau, em 1983 – já expôs em exposições locais e internacionais. Entre os prémios que conquistou, destaca-se o Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas, na edição de 2012.

Coincidindo com o início desta exposição, e tendo Macau como foco, realiza-se também “Memórias de Macau”, uma visita temática à exposição “Presença Portuguesa na Ásia”. Esta iniciativa, de entrada gratuita, está integrada nas comemorações das Jornadas Europeias do Património que, este ano, estão subordinadas ao tema “Partilhar Memórias”.

27 Set 2018

Chefe do Executivo realça apoio do MNE

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, destacou ontem que a RAEM “tem obtido bons resultados em vários domínios” devido à interacção com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau.

No discurso que assinalou o início de funções da nova comissária, Shen Beili, o líder do Governo afirmou que “graças ao forte apoio do Governo Central e do Comissariado, a RAEM alcançou progressos notáveis na cooperação internacional e nas relações externas”.

“A sua influência aumentou, o grau de participação internacional cresceu significativamente e as viagens para o exterior dos seus residentes foram facilitadas, o que veio aumentar a [sua] confiança no progresso e no desenvolvimento conjunto com a Pátria, contribuindo ainda mais para o sucesso do princípio ‘um país, dois sistemas’”, sustentou Fernando Chui Sai On. “A relação de cooperação tem vindo a melhorar cada vez mais”, enfatizou.

27 Set 2018

Wong Sio Chak leva alargamento de escutas às novas tecnologias a consulta pública

Foi lançada ontem a consulta pública sobre o Regime Jurídico da Intercepção e Protecção das Comunicações. A lei avulsa vem alargar o âmbito das escutas às novas tecnologias e o leque de crimes a que são aplicáveis

 

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] evolução dos tempos assim o ditou. As escutas vão deixar de estar circunscritas às tradicionais chamadas telefónicas, passando a incluir todos os símbolos, palavras, imagens, sons, desenhos ou comunicações e troca de informações de qualquer natureza emitidos, transmitidos ou recebidos com recursos às telecomunicações. É o que prevê o documento submetido a consulta pública, apresentado ontem pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.

O regime de escutas telefónicas encontra-se previsto no Código de Processo Penal (CPP), em vigor há mais de 20 anos, pelo que “as normas deixaram de se adequar à realidade da actual tecnologia de comunicações”. Aquando da revisão do CCP, em 2013, o Governo propôs alterações, concluindo que “a forma mais adequada” seria avançar antes com uma lei avulsa. À luz do Regime de Jurídico da Intercepção e Protecção das Comunicações, mantêm-se três pressupostos essenciais. A saber: a intercepção das comunicações só pode ser efectuada mediante ordem ou autorização prévia do juiz; se houver razões para crer que a diligência revelar-se-á de grande interesse para a descoberta da verdade ou para a prova; e tem de obedecer a todos os requisitos e condições sob pena de nulidade. Inalterada permanece também a moldura penal que permite o recurso às escutas. Ou seja, o recurso a este meio de obtenção de prova apenas pode ter lugar quando estejam em causa crimes puníveis com pena de prisão superior a três anos.

 

Mais crimes e mais meios

No entanto, como explicou o director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, o novo regime vem praticamente duplicar o tipo de crimes em que a intercepção ou gravação de conversações ou comunicações pode ser realizada, passando a contemplar os relativos à criminalidade organizada, ao branqueamento de capitais, ao terrorismo, ao tráfico de pessoas, à ameaça à segurança do Estado e crimes informáticos. Isto além dos crimes relativos ao tráfico de estupefacientes, a armas proibidas ou engenhos/matérias explosivos ou análogos, e de injúrias, de ameaças de coacção e de intromissão na vida privada, bem como de violação de domicílio quando cometidos através das telecomunicações. Já o contrabando cai, dado que deixou de existir na actual legislação.

Outra novidade do diploma são os meios de intercepção, que também aumentam. Hoje em dia encontram-se previstas apenas duas formas de escutas – intercepção ou gravação de voz. Ora, à luz do novo regime, à intercepção e gravação (não apenas de voz) junta-se a escuta, a transcrição, a cópia (de voz ou imagem), bem como “outros meios legais e necessários para a investigação criminal fixados no despacho pelo juiz”.

O novo regime também introduz ajustes no prazo de duração da intercepção de comunicações que, à luz da lei vigente, é fixado pelo juiz no despacho de autorização das escutas. Assim, propõe-se que a duração, a fixar pelo juiz, seja no máximo de três meses. Um prazo que pode ser renovado até ao mesmo período de tempo, mediante pedido submetido ao juiz desde que os requisitos para a intercepção persistam. Como confirmou o secretário para a Segurança, à semelhança de outras jurisdições, como Portugal, não há um limite para as renovações.

 

Novas regras e sanções

Para “uma maior eficácia na investigação e obtenção de prova”, o diploma consagra novas disposições relativamente à consulta e extracção do conteúdo de comunicações armazenado. À luz do diploma, “quando houver fundadas razões” para crer que o conteúdo das comunicações armazenado – em suporte físico apreendido (disco rígido móvel, por exemplo) ou virtual (em nuvem) – é “susceptível de se revelar de grande interesse para a descoberta da verdade”, o juiz pode “ordenar ao proprietário ou possuidor desse material ou suporte que proceda a abertura ou desbloqueio do mesmo e que preste auxílio na consulta e recolha dos dados nele guardado”.

Ora, quem recusar colaborar ou demorar, sem razão legítima, em fazê-lo incorre no crime de desobediência qualificada, punido com pena de prisão até dois anos ou de multa até 240 dias.

O diploma também estabelece deveres para os operadores de telecomunicações e para os prestadores de serviços de comunicações em rede. Os deveres são dois: o de colaboração e o de conservação. À luz do documento, têm de prestar “a colaboração e o apoio técnico necessários à entidade competente, não podendo recusar ou demorar, sem razão legítima”, sob pena de incorrerem também no crime de desobediência qualificada, e de conservar os registos das comunicações durante um ano e na RAEM, com o incumprimento a ser classificado como infracção administrativa. Se o infractor for uma pessoa singular será sancionado com uma multa de 20 mil a 200 mil patacas; enquanto se for uma pessoa colectiva arrisca uma multa de 150 mil a 500 mil patacas.

Os registos das comunicações conservados “não incluem qualquer conteúdo das comunicações”, indicando apenas, segundo o documento, “os dados produzidos pela utilização dos serviços de comunicação”.

 

Violação do sigilo

De modo a que “não haja abusos”, o diploma propõe que seja classificada como crime (público) a intercepção de comunicações sem ordem ou autorização do juiz, a violação do dever de sigilo e a utilização indevida das informações obtidas. Caso não haja pena mais pesada prevista noutras leis, sugere-se pena de prisão até três anos ou pena de multa. Se esses actos forem praticados por pessoas colectivas, prevê-se uma pena de multa de 100 a 1.000 dias, num valor diário entre 500 e 20 mil patacas, as quais podem ser acompanhadas de penas acessórias, como a privação do direito a subsídios ou subvenções.

À luz do proposto, o Regime Jurídico da Intercepção e Protecção das Comunicações – que vai estar em consulta pública até 9 de Novembro – entrará em vigor 90 dias após a publicação, estando previsto um período de transição de um ano para o dever de conservação por parte dos operadores de telecomunicações e prestadores de serviços de comunicações em rede.

 

“Símbolo de sociedade democrática”

O secretário para a Segurança afirmou ontem que a série de diplomas que têm sido apresentadas pela sua tutela ao longo dos últimos meses, como a da cibersegurança, da protecção civil ou agora a da intercepção e protecção das comunicações, constituem “um símbolo de uma sociedade de democrática, de Estado do Direito”. A afirmação surge na sequência da opinião do presidente da Associação dos Advogados, Jorge Neto Valente, de que a sociedade está a ser alvo de “uma onda securitária”. Wong Sio Chak argumentou ainda que esse trabalho não se encontra circunscrito à pasta que dirige. “Todo o Governo está [a trabalhar] para aperfeiçoar a legislação”, afirmou, defendendo que se trata de uma “responsabilidade”.

27 Set 2018

Lusofonia | Festival apresenta D.A.M.A e exposição de Vítor Marreiros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cartaz da 10ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, onde está incluído o Festival da Lusofonia, foi ontem apresentado e inclui os portugueses D.A.M.A. e uma exposição de Vítor Marreiros na residência consular. Haverá ainda espaço para o teatro e gastronomia.

A décima edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa arranca no próximo dia 9 de Outubro. À semelhança dos anos anteriores, tem um cartaz repleto de música, gastronomia, exposições e teatro, que vão passar por lugares como as Casas-Museu da Taipa, a Doca dos Pescadores e Largo do Senado.

De Portugal chegam os D.A.M.A., um projecto que mistura a música pop com o rap e que é composto pelos músicos Francisco “Kasha” Pereira, Miguel Coimbra e Miguel Cristovinho. O primeiro álbum da banda foi lançado em 2014 e intitula-se “Uma questão de princípio”. O cartaz tem também artistas oriundos de outros países de língua portuguesa, como é o caso de Black Jesus, de Timor-Leste, Moza Band Feast, de Moçambique, Rui Sangara, da Guiné-Bissau, Banda Circulô, do Brasil, e Grace Évora e Banda, de Cabo Verde. O angolano Paulo Flores, que tem já 28 anos de carreira e cerca de 15 discos gravados, é outro dos destaques. Da China foi convidado o Grupo Artístico Folclórico do Distrito de Songjiang, próximo de Xangai.

Estes artistas vão actuar no festival da lusofonia, que decorre no fim-de-semana de 12 a 14 de Outubro, estando também previstos concertos no Largo do Senado, entre os dias 15 e 17 de Outubro, e na Doca dos Pescadores, entre os dias 13 e 18 de Outubro.

Na área da gastronomia, quatro restaurantes vão acolher a iniciativa “Sabores do Mundo” dos Países de Língua Portuguesa, cujos dez chefes de cozinha foram propostos pelas associações lusófonas locais. Na Doca dos Pescadores estará aberto ao público o “Stand dos produtos alimentares dos países de língua portuguesa”, bem como o workshop entre pais e filhos da cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Por outro lado, vão estar patentes, nas Casas-Museu da Taipa exposições de arte contemporânea de artistas oriundos de Angola e Cabo Verde, nomeadamente Guilherme Manpuya e Tutu Sousa. Haverá também, na Doca dos Pescadores, uma feira de artesanato com dez artesãos vindos da província de Guizhou.

O Clube Militar acolhe a exposição de pintura lusófona, que decorre entre os dias 15 de Outubro e 4 de Novembro. Para celebrar os 15 anos de existência do Fórum Macau, estará patente na Doca dos Pescadores a exposição de fotografias “Ponto de Encontro, Pontes Intangíveis”, aberta ao público entre os dias 13 de Outubro e 4 de Novembro.

Residência artística

A exposição do designer gráfico Vítor Marreiros, na residência consular, será outro dos pontos altos do cartaz da semana cultural e pode ser visitada entre os dias 12 de Outubro e 8 de Novembro. Autor, há muitos anos, dos cartazes oficiais das comemorações do 10 de Junho, Vítor Marreiros não apresenta uma exposição em nome individual desde 2014.

Numa entrevista concedida o ano passado, explicou as razões dessa ausência. “Não exponho o meu trabalho numa galeria, ele está à vista. Já esteve mais, mas está à vista. Faço poucas exposições, nestes cerca de 30 anos devo ter feito umas quatro ou cinco, incluindo duas em parceria com o meu irmão [Carlos Marreiros] e com Ung Vai Meng, em Osaka. Não trabalho para fazer exposições.”

Com um programa à parte, decorre, este ano no edifício do antigo tribunal, o festival TEATRAU – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa, entre os dias 9 e 14 de Outubro.

A história dos estaleiros navais de Lai Chi Vun será contada pela companhia teatral Dream Theater Association, numa peça com o nome “O nosso estaleiro naval ‘Victory’”, localizado na povoação de Coloane. Vão também participar companhias de teatro vindas do Brasil, Angola, Cabo-Verde e Guiné-Bissau.

Todo o cartaz da semana cultural entre a China e os países de língua portuguesa tem a organização do Fórum Macau e do Instituto Cultural, entre outros e é coordenado pelo Instituto Português do Oriente.

Glória Batalha Ung, secretária-geral adjunta do Fórum Macau, referiu que o orçamento desta edição é de nove milhões de patacas, montante que não representa grande aumento face ao ano passado.

Rodrigo Brum, secretário-geral adjunto do Fórum Macau, explicou a importância crescente que a cultura tem tido nas relações entre a China e os países de língua portuguesa.

“O Fórum está a viver o seu 15º ano de existência e importa referir que o objectivo prioritário, tal como foi estabelecido na sua criação, era a dinamização da interacção económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, mas não constava a parte cultural. Mas na décima edição do evento já existe uma rotina estabelecida e tem sido dada importância à questão cultural, além dos assuntos económicos”, frisou.

Para Rodrigo Brum, “o maior envolvimento nas questões culturais é um ponto assente do Fórum Macau”, sendo a cultura “a instrumentalização dos objectivos prioritários” definidos na 5ª Conferência Ministerial, concluiu.

27 Set 2018

Carlos Botão Alves, autor do primeiro dicionário de chinês-português: “Ninguém se lança numa coisa destas”

No princípio era o verbo e depois o dicionário. O desafio era enorme, mas passada uma década de trabalho ficou pronto o primeiro dicionário de chinês – português, de autoria dos professores Carlos Botão Alves e Leong Cheok I. Além da tarefa hercúlea que une dois mundos linguísticos bem distintos, o professor tem na calha um projecto de tradução de contos de autores chineses obscuros

[dropcap]C[/dropcap]omo surgiu a ideia para fazer este dicionário?
Comecemos pelo princípio, porque eu gosto de estórias bem contadas. Em 1985, quando cheguei a Macau, comecei a trabalhar com vários professores chineses que ensinavam português e uma das professoras estava a acabar o seu mestrado em português, a professora Leong Cheok I. Ela enveredou pelo doutoramento em linguística portuguesa, fê-lo com o Professor Malaca Casteleiro sobre valência verbal, que abre a hipótese de se fazer, sobretudo nas línguas latinas, uma análise gramatical baseando o ponto fulcral no verbo. Essa professora contactou-me depois do doutoramento, tínhamos um grande arquivo de erros e dificuldades que os alunos iam tendo. Trabalhámos nesse sentido na Universidade de Macau e da recolha, reflexão e discussão de todos os materiais que tínhamos dos alunos, percebemos que havia uma grande dificuldade para os alunos do intermédio, intermédio avançado de domínio dos enunciados em que há mais do que uma oração, a frase complexa. Comparámos também com alunos de língua nativa inglesa e eles apresentavam e, obviamente que havia uma vizinhança maior do que com o chinês. Então, decidimos lançar um projecto de construção de um dicionário. Nunca tinha pensado fazer um dicionário, nunca ninguém se lança numa coisa destas. Mas com a orientação à distância do Professor Malaca, lançámos um projecto e apercebemo-nos que precisávamos de redução de horário, é preciso uma certa liberdade porque às vezes uma frase destas leva-nos horas a discutir para percebermos o que é que está ali. Tem de haver uma determinada paz mental, espaço mental para fazer isto. Começámos e o que poderia ter demorado um ou dois anos demorou dez. Foi editado em 2016, ela defendeu a tese no final de 2006, 2007 lançámos o projecto e demorou 10 anos.

Como pensaram organizar o dicionário?
Tem 2040 entradas. Vale a pena dizer que para fazer um dicionário, normalmente, as pessoas baseiam-se em dicionários existentes. O nosso problema era esse. Não há nenhum dicionário de verbos em português cruzando com o chinês, a única língua que cruza com o chinês é o inglês. Obviamente, pela força do mercado, qualquer dicionário cruzando com o inglês é um sucesso editorial e a editora investe imenso e põe os investigadores a trabalhar. Não é o caso das outras línguas, não há mais nenhuma, nem mesmo com o francês. Este é o segundo que partindo do chinês, cruza com o chinês. Isto é para alunos, investigadores ou tradutores de chinês que chegam ao português. O português – chinês será feito a seu tempo. Optámos pelos caracteres tradicionais. Foi uma opção nossa porque a edição é feita em Macau. Aparece pela ordem fonética da leitura dos caracteres em mandarim, aparece em pinyin ao lado, para fazer com que os alunos de língua materna cantonense possam aceder tem também o sistema de romanização em cantonense. Depois do verbo em caracteres, aparecem os vários sentidos que o verbo pode ter em português. Para cada um destes sentidos, que estão numerados, dão-se frases modelos, foram estas que demoraram 10 anos a fazer, para encontrar o paralelo entre o que está em chinês e o que está em português. Nunca a frase pode deixar de ser uma frase natural numa das línguas, mas aqui não nos interessa estar a ensinar vocabulário.

O que vai ter a segunda edição?
A parte da organização está lançada. Agora é necessário continuar a alimentar o bicho. Vai ter mais 203 verbos, que estão a ser tratados. Temos para aí 70 tratados, com as frases modelo, etc. Não encontrámos nenhum erro até agora, mas outros sentidos para os que foram dados. Os meus ex-alunos, os tradutores aí todos, do Tribunal Superior, do Tribunal de Base, na Assembleia Legislativa, no Gabinete do Chefe do Executivo, de juristas, dois juízes, polícia, serviços de turismo, serviços de educação, temos gente de todo o lado que está a traduzir e oferecemos o dicionário. Leve, use e dê-nos o feedback, queríamos testar a coisa. Foi por isso que deixámos que em 2016 fosse editado o dicionário, o período de testagem, porque não estavam criados condições aqui na escola para se editar um dicionário. Com a antiga direcção não era possível trabalhar muito. Agora, com a nova directora da Escola de Línguas, acho que estão criadas condições, tivemos o feedback desses todos, temos uma série de críticas muito interessantes para reformular alguns dos verbos que aqui estão incluídos. Tentámos pensar todas as possibilidades de sentido na utilização de um verbo mas, obviamente não acautelámos todas. Há sempre uma outra forma de utilizar a língua que nós não estávamos, à partida, a considerar e, portanto, é necessário completar. Esse feedback dos tradutores é precioso. O que está vai ficar mais afinado e vai-se completar.

FOTO: Sofia Mota

Este instrumento dá muito jeito a muitos países, como é óbvio todos os de língua portuguesa e aos estudantes de português da China continental e de Taiwan…
A edição foi feita aqui no Instituto Politécnico e há um problema grande nestas edições feitas em Macau que é não atravessar a fronteira. É muito difícil fazer com que uma edição feita fora da China entre dentro da China. Aos alunos que estão a estudar português, ou que estão a estudar chinês em Portugal ou no Brasil, a seu tempo vamos exportar para Cabo Verde e Moçambique para ver como é que aceite nesses países. Mas o dicionário caminha, sobretudo, do chinês para o português, foi mais pensado para os alunos de língua materna chinesa que acedem ao português. Os alunos de língua materna portuguesa só quando tiverem um domínio bastante razoável do chinês é que poderão entrar no dicionário pelo chinês. Quando for feito o irmão gémeo, do português – chinês, aí já é para os dois caminhos.

Não pensa no irmão gémeo para o carácter simplificado?
Pensámos numa solução e acho que é o que vai acontecer quando sair este dicionário em CD-ROM há um programa que altera automaticamente, com alguma banda de erro, os caracteres para simplificado. Queremos que a próxima edição seja também em CD-ROM, para além do livro, e que chegue a todos os sítios onde é ensinado o português a chineses. Mas para isso precisamos de uma logística grande. O material está todo feito, só precisamos de duas ou três pessoas com grande paciência.

No dia 9 e 10 de Novembro vou a uma conferência que faz ponte entre China e países de língua portuguesa, qualquer coisa assim, que este ano acontece em Pequim. Para o livro poder atravessar a fronteira, vou fazer a apresentação para mostrar-lhes as vantagens de um material destes e, sobretudo, conseguir contactos institucionais para que se possa fazer o correspondente. Se isto for feito em rede, com um conjunto enorme de pessoas, seria ouro sobre azul e a edição poderia ser feita entre Lisboa, Macau, Pequim e Rio de Janeiro. Colocávamos as pessoas a trabalhar em conjunto, sei que elas estão mais que abertas a isso. Já passaram aqui dois grupos de alunos que vieram da China no segundo semestre do ano passado, ofereci-lhes o dicionário e eles acharam interessante e perceberam a muralha, o controlo editorial que existe no país, mas penso que será uma maneira airosa e correcta de entrar no mercado. A lei do ensino superior acabou de sair em Macau, o IPM vai abrir cursos de mestrado e doutoramento. A direcção nova da Escola de Línguas é bilingue percebe o que é ensinar e aprender, o que não acontecia antes. Penso que estão criadas, finalmente, condições para lançar materiais que possam despoletar trabalhos de investigação no campo da linguística, e da linguística aplicada, que não existem e são muito necessários.

Quando sai a segunda edição?
Estamos a pensar mais um ano, ou um ano e meio. Entretanto, a Professora Leong Cheok I está sempre entre Lisboa e Macau e eu tenho outro projecto de tradução de contos contemporâneos chineses desde 1978, desde o lançamento da política de abertura de Deng Xiaoping, até 2008 que foram os Jogos de Pequim. Portanto, 40 anos. Para cobrir este período, há um conjunto enorme de escritores chineses que editaram determinados contos que manifestam não só a imagética do momento, a parte ficcional do momento, como as mensagens que são lançadas para percebermos a evolução da mentalidade de uma juventude que passou esta mudança ao longo da história. São 99 contos que cobrem 40 anos. As traduções estão feitas. O primeiro livro deve sair durante este semestre. São interessantíssimos, escritos por pessoas sem o treino nem intenção de ser editados. Têm uma enormíssima franqueza.

Onde foi buscar estes autores?
Em Xangai, uma edição pequena, muitos deles editados em jornais. Passou tudo muito despercebido. Interessantíssimo em termos de história da crítica literária, porque não são os escritores do partido, não são do sistema, não são os escritores sequer do mercado. São escritores espontâneos. Três destes escritores voltaram a editar qualquer coisa, muitos deles apareceram localmente, a nível de cidade ou provincial, em concursos de escrita e ganhavam uns premiozinhos.

Mas é interessante, porque a mensagem importante não está à luz. Como é que num sítio onde não se pode dizer se diz? É nesse momento que se diz muito mais. Veja-se o que aconteceu nos antigos países da Europa de Leste, as edições eram brilhantes antes da queda do muro. Prometeu muito e afinal os Kunderas, etc, vieram para o Ocidente, produziram imensamente e brilhantemente e agora onde estão? Se calhar, o muro tem as suas potencialidades. Como o antes e o depois da censura em Lisboa. Prometiam uma coisa que depois acabou por não dar.

Em Macau não há nativos de língua portuguesa a fazer traduções, nem há nativos de língua portuguesa de Macau a ensinar quando todo o aparelho do Governo assenta, sobretudo, nesses nativos macaenses. Desapareceram como se não existissem. Tudo funciona por causa deles, a língua está aqui por causa deles. Nós não estamos aqui porque houve chineses que aprenderam português. Estamos aqui porque há uma comunidade pequenina, porque a cidade também não é muito grande, que garantiu a permanência da língua. Onde estão os professores dessa comunidade? Foram eles que fizeram avançar a administração durante largas décadas, séculos. A professora Leong é de uma família chinesa de Macau, apercebe imenso do imaginário português. É uma senhora que celebra o Natal, percebe o que é um folar, percebe coisas culturais de natureza diversa porque é de Macau e muito atenta. Aprendeu a língua. Uma pessoa qualquer que aprendeu a língua em Pequim, ou Xangai, não vai sequer aperceber-se das importâncias e do imaginário que rodeia a parte cultural da língua portuguesa.

27 Set 2018

Rita Santos defende que filho é inocente no caso da criptomoeda

Emocionada, Rita Santos, mãe do arguido Frederico do Rosário no caso de investimento em criptomoedas, assegura que não há consequências negativas para José Pereira Coutinho numa futura candidatura à Assembleia Legislativa e frisa que o filho está inocente

[dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi de lágrimas nos olhos que Rita Santos, presidente da mesa da assembleia-geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), falou ao HM das possíveis consequências do caso de investimento em criptomoedas para a carreira política de José Pereira Coutinho. Ao mesmo tempo, sublinhou a inocência do filho.

“Estou numa situação muito triste. Este caso não tem qualquer ligação com José Pereira Coutinho porque eu também sou lesada neste caso. Apresentei queixas à PJ e vou continuar a colaborar com a PJ para apurar a veracidade. Não tem a ver com nenhuma pessoa que esteja na presidência da ATFPM. Implicou prejuízos financeiros para mim, para a minha família e para os nossos amigos. Apresentei queixa contra Dennis Lau.”

Para Rita Santos, que nas eleições legislativas de Setembro foi mandatária da campanha da lista Nova Esperança, o eleitorado saberá distinguir o caso do investimento em criptomoedas da agenda política do deputado.

“José Pereira Coutinho tem trabalhado ao longo dos anos e ajudado muitas pessoas. Ele atende aos cidadãos e eles sabem o que ele faz, ele ajuda as pessoas. Não pode ser feita uma ligação a este caso, e acredito que os cidadãos de Macau estão cientes de que José Pereira Coutinho é um bom deputado e que está disposto a ajudar as pessoas que precisem. Se for necessário sair à rua para se manifestar, ele irá fazê-lo. Não há qualquer ligação com a sua candidatura.”

Recorde-se que Frederico do Rosário foi detido esta semana e constituído arguido no caso em que terá alegadamente levado dezenas de pessoas a investirem em moedas virtuais, depois de uma acção promocional decorrida na sede da ATFPM. A Polícia Judiciária (PJ) deteve-o por suspeita da prática de fraude, mas Frederico do Rosário saiu em liberdade mediante o pagamento de uma caução no valor de 50 mil patacas.

Frederico do Rosário é, para já, o único arguido de um caso que já fez 71 vítimas, incluindo familiares e amigos de Rosário e Rita Santos, além do próprio deputado José Pereira Coutinho, que investiu 700 mil dólares de Hong Kong.

As primeiras queixas chegaram à PJ no passado dia 1 de Agosto, quando as vítimas deixaram de receber os juros que lhe tinham sido prometidos aquando da assinatura dos contratos.

“Não aguento”

Depois de ter deixado a prisão, Frederico do Rosário tem continuado a trabalhar, frisou a mãe. “O meu filho continua a trabalhar, porque ele tem confiança de que não enganou ninguém, nem a família nem os amigos.”

“Vamos apurar a verdade. Não aguento. O meu filho está inocente, não enganou os amigos nem os membros da família. Não façam ligações a outras coisas”, pediu Rita Santos. Uma investigação semelhante está a decorrer em Hong Kong contra Dennis Lau, empresário da região vizinha.

Apesar de consternada com tudo o que tem acontecido, Rita Santos adiantou que têm recebido mais mensagens de apoio do que acusações. “Felizmente, temos recebido muitas mensagens de apoio e de solidariedade, tanto eu como o meu filho. Só fiquei triste como foi feita a reacção, como foi feita a conferência de imprensa. Vou deixar que o nosso advogado acompanhe o assunto e só fico contente com o apoio moral de todas as minhas pessoas, que nos têm acalmado.”

Quando a ATFPM acolheu o seminário sobre criptomoeda, em Janeiro deste ano, nada fazia prever que iria culminar em captação de investimento. O seminário foi feito com o nome da associação Growup eSports, mas esta já veio esclarecer que nada tem a ver com a acção de captação de investimento. Dennis Lau acusa Frederico do Rosário de ter alterado os contratos para que membros da sua família ganhassem mais juros do que os restantes investidores.

27 Set 2018

Actor Bill Cosby condenado a pena de entre três e 10 anos de prisão

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] actor norte-americano Bill Cosby foi ontem condenado a uma pena de entre três e dez anos de prisão por agressão sexual, por um juiz da Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos.
Na leitura da sentença, que será cumprida em isolamento, o ator cómico de 81 anos, considerado em abril, por um júri, culpado de drogar e violar uma mulher, não reagiu.

Bill Cosby poderá pedir a liberdade condicional após cumprir pelo menos três anos de prisão, e esse pedido será analisado por uma comissão especial.

O principal advogado do criador e herói do “Cosby Show” indicou já que vai apresentar um recurso e pediu que o seu cliente seja deixado em liberdade sob fiança enquanto aguarda a análise do recurso.

O juiz não se pronunciou de imediato sobre esse ponto, mas ficou atónito com o pedido e retirou-se para estudar o recurso.

Antes da leitura da sentença, a defesa já tinha apresentado um recurso pedindo que Bill Cosby pudesse cumprir a pena em prisão domiciliária, ao que o ministério público respondeu garantindo que o condenado não reúne os requisitos para tal.

Esta pena de entre três e dez anos de prisão é muito inferior aos 30 anos de reclusão em que o ator inicialmente incorria.

Com a carreira em Hollywood e a imagem de boa pessoa destruídas, Bill Cosby tornou-se, assim, a primeira celebridade da era #MeToo a ser enviada para a prisão.

26 Set 2018

Joana Espadinha em busca da canção pop para um álbum que sai na sexta-feira

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cantora Joana Espadinha edita na sexta-feira o álbum “O material tem sempre razão”, que deriva de uma pergunta sobre música pop: “O que é que faz uma canção ficar no ouvido de alguém?”, contou à agência Lusa.

Joana Espadinha, formada em jazz, explicou que para este segundo álbum de originais queria entrar na pop, nas canções mais universais, com refrões ‘orelhudos’ e convidou o músico Luís Nunes (Benjamim) para produzir e afinar a sonoridade que procurava.

Na pré-produção, foram experimentando ideias e instrumentos, ao mesmo tempo que ouviam a música de nomes como Feist, Fleetwood Mac, Lena d’Água ou Dirty Projectors. A primeira canção que ficou terminada e que acabou por orientar as restantes foi “Leva-me a dançar”.

“Eu queria encontrar canções, não digo mais comerciais, mas que fossem mais universais, aquelas canções que as pessoas ficam com o refrão no ouvido. E isso interessa-me muito: o que é que faz uma canção ficar no ouvido de alguém e ter essa universalidade?”, explicou.

Joana Espadinha lança este álbum quatro anos depois da estreia, com “Avesso”. Tem o nome mais ligado ao jazz, depois de ter passado pelo Hot Clube de Portugal e de ter feito estudos em jazz em Amesterdão, onde começou a escrever as primeiras canções.

“As minhas canções sempre foram assim um híbrido. Tinha algumas influências de jazz, mas tinha também influências da adolescência. Adorava as ‘cantautoras’ norte-americanas. (…) Às vezes, para a música, os rótulos são sempre perigosos. Era uma coisa que me chateava, o meu primeiro disco tinha um bocadinho de jazz, um bocadinho de pop, não tinha muita produção. Para quem não me conhece pode ser algo impeditivo. Eu só quero que as pessoas oiçam a música”, defendeu.

Joana Espadinha, 35 anos, chamou ao álbum “O material tem sempre razão”, uma frase que diz ser-lhe familiar e que dá nome também a um dos temas do alinhamento.

“É uma canção que fala da viagem que tem sido o meu percurso artístico, um bocadinho irónico em certos momentos, quase estou a gozar comigo própria nos momentos em que a pessoa quer ser algo que não é, a pressão para agradar a toda a gente. Quando alguém se trai há aqui um curto-circuito, algo que não funciona e o material [a voz] tem sempre razão”, argumentou.

Este segundo álbum é o resultado de dois anos de trabalho, entre composição e produção, e sai poucos meses depois de ter participado no Festival da Canção, ao qual concorreu com a música “Zero a Zero”, escrita por Luís Nunes.

A par do álbum a solo, que é apresentado em concerto na quarta-feira no Passos Manuel (Porto), e no dia seguinte no Teatro do Bairro (Lisboa), Joana Espadinha ainda dá aulas de música na escola do Hot Clube de Portugal e na Universidade de Évora, e integra os grupos Cassete Pirata e The Happy Mess.

26 Set 2018