AL | Agnes Lam abre gabinete para receber cidadãos

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]e acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a deputada Agnes Lam realizou uma cerimónia de abertura do seu gabinete na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida para receber os cidadãos.

A deputada disse que, desde a tomada de posse e até finais de Abril, além de fiscalizar a acção governativa e demais propostas do Governo, deu acompanhamento aos pedidos de ajuda apresentados por cerca de 300 residentes e famílias.

A maioria das queixas recebidas envolveram questão de conflitos jurídicos no âmbito de construção predial, serviços médicos, protecção ambiental e acreditação.

10 Mai 2018

Tailândia | Macau quer cooperar nas áreas do turismo e cultura

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, teve ontem um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Don Pramudwinai, na capital do país, Banguecoque. Citado por um comunicado oficial, o Chefe do Executivo frisou que “Macau e a Tailândia têm grande potencialidade para cooperar na área do turismo e cultura, podendo alargar, gradualmente, o intercâmbio ao sector da economia, comércio, educação e da medicina tradicional.”

Além disso, “ambas as partes podem aproveitar a oportunidade do desenvolvimento da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, e alargar, em conjunto, ainda mais a cooperação pragmática com benefícios mútuos”. Foi também assinado um memorando de entendimento para a geminação de Macau e Phuket.

“De acordo com o memorando, Macau e Phuket vão cooperar sob o princípio de igualdade e reciprocidade, com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento próspero dos dois territórios, e desenvolver, de forma abrangente, o intercâmbio e a cooperação em várias áreas, como também impulsionar os contactos directos e colaboração estreita entre os respectivos departamentos dos dois lados, incentivando o intercâmbio e visitas mútuas.”

10 Mai 2018

Trabalho | DSAL recebeu nove queixas sobre listas negras de casinos

A Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais recebeu nove queixas de funcionários do sector do jogo sobre listas negras de emprego nos casinos, mas ainda não há provas concretas de que existam. O deputado Leong Sun Iok afirmou que tal é do conhecimento público e que constitui um ataque à igualdade e liberdade na procura de emprego

 

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram nove as queixas recebidas pela Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), entre 2009 e 2015, de funcionários do sector do jogo. Em causa está a existência de uma lista negra partilhada entre as concessionárias onde constam os nomes dos trabalhadores que foram despedidos. Desta forma, estas pessoas ficam impossibilitadas de voltar a trabalhar na indústria do jogo.

De acordo com o deputado Leong Sun Iok, trata-se de uma situação que vai contra o princípio de liberdade de oportunidades na procura de emprego, referiu em interpelação ontem, na Assembleia Legislativa (AL).

Em resposta a Leong, a DSAL não admite a existência da referida lista negra, apesar das queixas que recebeu. No entender da subdirectora do organismo, Ng Wai Han, após investigação, não foram encontradas evidências da existência da lista.

A resposta não agradou aos deputados. “Toda a gente sabe da existência destas listas”, argumentou Leong Sun Iok.

Au Kam San foi mais longe. “A lista negra existe há muito tempo e há mesmo concessionárias que quando pretendem despedir um trabalhador lhe pedem para pedir a demissão de modo a que esteja protegido e possa voltar a trabalhar no sector”, disse.

Por outro lado, o pró-democrata quis ainda obter informações sobre os procedimentos de investigação que o Governo levou a cabo quando recebeu as queixas, até porque “se se tratou de perguntar apenas ao empregador, é claro que este negou”, afirmou.

Investigação oral

Ng Wai Han avançou que foram ouvidas as partes envolvidas e tidos em conta os depoimentos de testemunhas. “Na nossa investigação não só ouvimos as duas partes envolvidas como também testemunhas, para que pudéssemos tomar uma decisão”, apontou a subdirectora. No entanto, admitiu que “durante a investigação se houvesse provas documentais seria melhor do que apenas testemunhos” .

Confrontada com a obrigatoriedade de assinatura de uma procuração para o acesso aos dados pessoais dos que procuram emprego no jogo, de forma a averiguar os seus antecedentes, a representante do Governo revelou que o processo é feito de acordo com as políticas relativas aos dados pessoais. No entender de Ng Wai Han, dos dados pedidos pelas operadoras não constam, os motivos do despedimento do trabalho anterior. “A transferência dos dados depende do interessado e os documentos do trabalhador só mostram onde trabalhou e não mostram em que circunstâncias saiu”, disse.

Por outro lado, adiantou a responsável, caso sejam registadas irregularidades nos processos de recrutamento, as entidades empregadoras são obrigadas a pagar uma multa que vai das 20 000 às 50 000 patacas.

Não conformado, Au Kam San fez um apelo aos trabalhadores que se queixaram à DSAL para que o voltem a fazer na medida em que considera a existência desta lista “inadmissível”.

10 Mai 2018

Novo Macau | ID terá resolvido falta de pagamento de horas extraordinárias

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau (ANM) recebeu uma resposta do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) onde é garantido que o Instituto do Desporto (ID) começou a regularizar a situação de falta de pagamento de horas extraordinárias a um grupo de trabalhadores.

O caso remonta a Abril do ano passado, quando foi divulgada uma carta, assinada por 30 funcionários do ID, que revelava a falta de pagamento de horas extraordinárias relativas a um período de três anos. Os funcionários seriam chamados pelo ID para cumprirem serviço nas folgas, fins-de-semana e feriados, não tendo recebido a devida compensação.

O ID explicou ao CCAC que as horas extra funcionaram apenas como reforço da sua capacidade de trabalho. Contudo, Sulu Sou, adiantou que todas as horas cumpridas por trabalhadores sob decisão de uma chefia, devem ser consideradas horas de trabalho. O ID prometeu também que, no futuro, irá cumprir a lei quando decretar a realização de horas extraordinárias aos seus funcionários. O CCAC decidiu arquivar o caso.

10 Mai 2018

Irão | China continua a apoiar acordo nuclear, mesmo com a saída dos EUA

O mundo ficou chocado com a decisão de Donald Trump de abandonar um acordo que visa controlar e observar o progresso do programa nuclear iraniano, apesar do presidente norte-americano ter várias vezes manifestado essa intenção. Para já, a China, tal como os parceiros europeus, defende a continuação do acordo. O Irão promete cumprir, desde que sejam respeitados os seus direitos. A Coreia do Norte está atenta, com vista à cimeira bilateral com os EUA

 

Com agências

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m dos feitos da Era Obama acaba de ser quebrado pelo actual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que decidiu abandonar o acordo nuclear assinado em 2015 entre o Irão e países parceiros como a China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha.

Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, Ernest Moniz, secretário da Energia dos Estados Unidos quando Barack Obama era presidente, e uma das personalidades que trabalhou no estabelecimento do acordo nuclear, falou da sua importância.

“O acordo nuclear com o Irão foi certamente um grande feito (…). O que tem de ser relembrado é que quando, em Fevereiro de 2015, a negociação entrou em velocidade de cruzeiro entre mim e a minha contraparte, o Dr. [Ali Akbar] Salehi, naquele momento o Irão tinha acumulado 20 mil centrifugadoras, dez toneladas de urânio enriquecido e o mundo tinha muito pouco conhecimento sobre o programa nuclear iraniano. E isso era perturbador, porque sabíamos que o Irão tinha tido um programa de armamento nuclear até 2004. Não construíram nenhuma arma nuclear, mas tinham aquilo que os inspectores internacionais da Agência de Energia Atómica chamam um programa de armamento nuclear estruturado.”

Moniz considerou o acordo fez “recuar o programa [nuclear do Irão] uns 15 anos” e acredita que o anúncio da saída dos Estados Unidos pelo seu presidente, Donald Trump, é “um grande erro estratégico porque, entre outras coisas, põe de parte as medidas de verificação para cuja aplicação trabalhámos tanto. Sempre no espírito de ‘não confies e fiscaliza, fiscaliza, fiscaliza’”.

Todos os parceiros europeus neste acordo já condenaram a atitude de Donald Trump, e, da parte do Irão, os comentários até foram mais longe: “Trump não tem capacidade mental para lidar com estas questões”, disse o porta-voz do parlamento iraniano Ali Larijani, citado pela Reuters.

A decisão de Trump pode pôr em causa a continuação do acordo, sobretudo se o Irão também decidir abandonar o pacto frisado, o que levaria a uma expansão do seu programa nuclear, com consequências imprevisíveis para a comunidade internacional. Hassan Rohani, presidente iraniano, anunciou que, para já, o país “vai manter-se” no acordo nuclear caso os seus interesses sejam garantidos, e tomará decisões posteriores em caso contrário. “Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani num discurso, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses. Além disso, considerou as palavras de Donald Trump como “desadequadas”, tendo prometido trabalhar com os países signatários em prol da paz global.

A China, que sempre deu o seu parecer favorável a este memorando de entendimento, declarou publicamente estar contra a postura de Trump, que deverá avançar com sanções ao Irão de forma unilateral.

O enviado especial da China para o Médio Oriente apelou ontem a todas as partes envolvidas no acordo nuclear com o Irão que resolvam as disputas através do diálogo, informou a agência oficial Xinhua. Gong Xiaosheng disse numa conferência de imprensa no Irão, após reunir-se com funcionários do país, que o acordo multilateral “é muito sério e importante”.

O enviado chinês afirmou que o documento ajuda a preservar o sistema internacional de não-proliferação nuclear e promove a paz e estabilidade no Médio Oriente, e que a sua integridade deve ser respeitada. “Ter um acordo é melhor do que não ter. O diálogo é melhor do que a confrontação”, disse.

A China sempre apoiou este acordo, face às críticas de Donald Trump, que sempre o considerou incompleto e “uma vergonha”. O presidente norte-americano considerou que o documento não evita o desenvolvimento de mísseis balísticos e não promove o respeito pelos direitos humanos.

Em Janeiro deste ano, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lu Kang, citado pela Xinhua, defendeu que as partes envolvidas deviam gerir as diferenças e continuar a implementar o acordo de forma “exaustiva” e “efectiva”.

E reiterou o apoio ao acordo nuclear, ao qual se referiu não só como uma conquista multilateral importante, como também um exemplo para resolver os problemas internacionais através da via política e diplomática.

Kim à espreita

Depois de ter sido anunciada uma cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, o país liderado por Kim Jong-un estará atento aos acontecimentos depois do anúncio feito por Trump, disse Liu Xiaoming, antigo embaixador chinês na Coreia do Norte entre os anos de 2006 e 2009, citado pela Bloomberg.

“A República Democrática da Coreia do Norte está a observar. Se te afastas de um acordo feito pela tua anterior administração, isso acarreta um mau exemplo”, disse Liu, referindo-se ao período Obama.

O diplomata disse esperar que se chegue a um consenso para que o acordo possa sobreviver a este impacto, uma vez que o seu fim iria corresponder a um “retrocesso”.

“No que diz respeito à Coreia do Norte, e tendo em conta a minha experiência, haverá sempre dois passos em frente e um atrás. Às vezes é um passo à frente, e dois atrás.”

Entretanto, esta semana Kim Jong-un voltou a fazer a segunda visita surpresa à China no espaço de poucos meses, tendo viajado de avião até Dalian, onde se reuniu com Xi Jinping. De acordo com o South China Morning Post, alguns analistas consideram que poderá de facto haver uma tentativa de compromisso em prol da desnuclearização na Coreia do Norte.

Obama fala de “erro grave”

O acordo assinado em 2015 visava estabelecer uma redução e congelamento temporário, até 25 anos, de vários segmentos do programa nuclear iraniano, em troca do fim das sanções internacionais aplicadas a Teerão.

Na última sexta-feira, Donald Trump assinou pela “última vez” a suspensão das sanções ao Irão que estão na base do acordo e disse que era preciso, com os aliados europeus, corrigir os defeitos do acordo. A Rússia também já assegurou que pretende preservar o acordo com o Irão e advertiu que se os Estados Unidos abandonarem o pacto cometem “um erro muito grave”. “Faremos tudo o que depender de nós para preservar o acordo”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, à agência Interfax.

Quem também se pronunciou sobre esta matéria foi Barack Obama, que qualificou de “erro grave” a decisão de Donald Trump. “Penso que a decisão de colocar [o acordo] em risco, sem qualquer violação do acordo pelos iranianos, é um erro grave”, indicou o ex-Presidente dos EUA, numa declaração feita num tom particularmente firme.

Sem este acordo, assinado em 2015 após quase dois anos de negociações, “os Estados Unidos poderão no final encontrar-se perante uma escolha perdedora entre um Irão com a arma nuclear ou uma outra guerra no Médio Oriente”, alertou.

“A realidade é clara”, insistiu, o acordo, que é “um modelo do que a diplomacia pode conseguir”, funciona e “é no interesse da América”, disse, lamentando uma decisão que significa virar as costas aos “mais próximos aliados da América”.

“Numa democracia, haverá sempre mudanças de políticas e de prioridades de uma administração para outra (…) Mas desrespeitar de modo sistemático os acordos do qual o nosso país é parte pode corroer a credibilidade da América”, adiantou Obama.

 

Portugal | Marcelo e Governo lamentam saída americana

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, subscreveu a tomada de posição do Governo português, que lamentou a saída dos EUA do acordo nuclear do Irão e defendeu que os restantes signatários devem manter a sua posição.

“O Presidente da República subscreve plenamente a posição do Governo, tornada pública esta tarde, sobre a decisão do Presidente dos Estados Unidos da América de retirada unilateral do acordo nuclear com o Irão”, refere uma breve nota divulgada no sítio oficial da Presidência da República.

O Governo português “lamenta bastante” a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, mas espera que esta seja “compensada” pela determinação dos restantes signatários de manterem a sua posição, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros. “Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos. Nós, Portugal, e a União Europeia tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo”, afirmou Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.

O Governo português vê o acordo como “um instrumento positivo”, com o objetivo de “impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias”, referiu o governante.

O chefe da diplomacia portuguesa advertiu que a decisão dos EUA, ontem anunciada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, pode ter consequências negativas, nomeadamente o “isolamento iraniano e o enquistamento ainda mais intenso do regime iraniano”, bem como uma “escalada da conflitualidade que hoje já é evidente no Médio Oriente”. Consequências que, para o Governo português, podem ser mitigadas se os restantes signatários do acordo nuclear “mantiverem a sua posição”.

“Esperamos que esta saída dos Estados Unidos seja compensada pela determinação das restantes partes signatárias do acordo no seu cumprimento”, sublinhou Santos Silva.

 

Principais pontos do acordo nuclear com o Irão

Urânio – O Irão só pode manter reservas de 300 quilos de urânio pouco enriquecido, quando anteriormente mantinha reservas de 100.000 quilos de urânio altamente enriquecido. Por outro lado, o Irão apenas pode enriquecer urânio a 3,67 por cento, que pode ser utilizado como combustível de um reactor para fins civis, mas fica muito aquém dos 90 por cento necessários para produzir uma arma.

Centrifugadoras – Antes da aplicação do acordo, o Irão tinha cerca de 20.000 centrifugadoras, usadas para enriquecer o urânio. Actualmente, está autorizado a ter apenas 6.104, de modelos antigos, em duas instalações nucleares.

Instalações nucleares – Teerão, a capital do Irão, aceitou suspender a construção de um reactor de água pesada, que permite produzir plutónio, e converter a central de Fordo de enriquecimento de urânio numa central de investigação nuclear.

Inspecções – O acordo prevê inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a qualquer instalação em qualquer momento. Os peritos da agência podem também pedir para inspeccionar um local que considerem suspeito. Teerão tem 24 dias para permitir as inspecções. Se recusar, uma comissão arbitral avalia a situação e pode determinar a reactivação imediata das sanções.

Prazos – O acordo estipula que os limites ao enriquecimento de urânio e armazenamento de urânico enriquecido expiram ao fim de 15 anos. O prazo definido visa criar condições para um diálogo e a negociação de uma extensão do pacto ou de um novo acordo.

Mísseis balísticos – O acordo não inclui provisões em relação aos mísseis balísticos.

10 Mai 2018

Pedofilia | Funcionário do Costa Nunes suspeito de abusos sexuais

Um auxiliar do jardim-de-infância D. José Costa Nunes terá alegadamente abusado de crianças. O caso já está a ser investigado pela Polícia Judiciária, após queixas da escola e dos pais, tendo o funcionário sido imediatamente suspenso

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m funcionário do jardim de infância Costa Nunes está a ser investigado por alegadamente ter cometido abusos sexuais a várias crianças. A situação foi reportada à Polícia Judiciária, ontem, depois do surgimento de várias queixas por parte de pais de crianças do género feminino e o funcionário foi suspenso com efeitos imediatos. As crianças são todas da mesma turma.

“Estamos todos em estado de choque. A educadora da turma em causa está em estado de choque, os pais estão em estado de choque. Era um funcionário com vários anos de escola, que tinha a total confiança de todos e aconteceu isto”, contou, ontem, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), responsável pela escola. “Se calhar, é nestas situações em que menos se espera que as coisas acontecem”, acrescentou.

O número de crianças afectadas ainda não é totalmente conhecido. O perpetuador dos alegados abusos é um servente da turma afectada, tem cerca de 30 anos e é de nacionalidade filipina. De acordo com o presidente da APIM, o funcionário trabalhava no jardim-de-infância há mais de dois anos.

O caso foi descoberto depois de várias crianças terem relatado aos pais os abusos. O primeiro caso terá sido comunicado em Outubro, altura em que a escola ficou em alerta para a possível existência de outros casos.

“Ao que parece o primeiro alerta tinha sido dado em Outubro, mas também não ficou muito claro, nessa primeira conversa, entre a educadora e o pai, que houvesse motivos para uma suspeita total”, comentou Miguel de Senna Fernandes. “Quando se identificou mais do que um caso, a escola agiu logo. Mas é uma acusação grave e uma coisa é dizer: ‘falta-me uma coisa’, outra é: ‘Aquela pessoa roubo-me’. São situações diferentes”, acrescentou.

Reunião Aberta

Em relação à reunião de ontem, Miguel de Senna Fernandes explicou que a direcção se disponibilizou para responder a qualquer pergunta dos pais. A situação foi igualmente comunicada à Direcção de Serviços para a Educação e Juventude, que prestou apoio com um serviço de psicólogos. Também a psicóloga da instituição se mostrou imediatamente disponível para prestar o apoio necessário.

“Ao fim da tarde, houve uma reunião com os pais das crianças da sala. Foi uma reunião em que as partes se mostrarem abertas ao diálogo e em que respondemos às dúvidas que conseguimos”, revelou o presidente da APIM.

Ainda sobre a situação, o também advogado reconheceu que este é um caso que coloca em causa o trabalho da instituição e a confiança dos pais: “Está em causa a confiança na escola. Sabemos que qualquer pai que procura uma escola, o aspecto mais básico é a segurança das crianças e um episódio destes coloca tudo em causa”, reconheceu.

O Jardim-de-infância foi inaugurado em Janeiro de 1999 e recebe crianças com idades entre os dois e seis anos.

Por sua vez, o funcionário suspeito, se for condenado pela prática de crimes de abuso sexual de crianças, pode incorrer numa pena de prisão de 1 a 8 anos.

10 Mai 2018

Antigo político favorito à liderança chinesa condenado a prisão perpétua

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m tribunal chinês condenou esta terça-feira a prisão perpétua Sun Zhengcai, antigo alto quadro do Partido Comunista que era considerado um dos favoritos à liderança nacional, por aceitar subornos no valor de 22 milhões de euros.

Segundo o veredito do Tribunal Popular Intermédio de Tianjin, Sun será privado dos seus direitos políticos para toda a vida e as suas propriedades e ativos serão confiscados.

A televisão estatal CCTV difundiu imagens do antigo político em tribunal a afirmar que não vai recorrer da sentença.

Sun ocupou o cargo de secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) no município de Chongqing até julho passado, quando foi anunciado que estava a ser investigado pela Comissão de Inspeção e Disciplina do partido.

Com 54 anos, era um dos membros mais novos do Politburo do PCC, que reúne os 25 mais poderosos da China, pelo que constava entre os favoritos para suceder ao atual secretário-geral do PCC e Presidente da China, Xi Jinping.

Sun “admitiu a sua culpa, mostrou-se arrependido e assinalou que aceita a sentença”, informou o tribunal.

Em troca de subornos, Sun terá beneficiado empresas e individuais com contratos para projetos públicos e negócios, precisa o veredito. A liderança e a imprensa da China, no entanto, tornaram claro que as falhas de Sun foram também de natureza política.

Durante o Congresso do PCC, em outubro passado, um alto quadro do regime admitiu que Sun e outras figuras do partido atingidas pela campanha anticorrupção de Xi Jinping, “conspiraram abertamente para usurpar a liderança do partido”.

Sun foi substituído como secretário-geral em Chongqing por Chen Miner, ex-chefe de propaganda de Xi.

A campanha anticorrução lançada há cinco anos pelo Presidente chinês puniu já mais de um milhão e meio de membros do PCC e investigou 440 altos quadros do regime. Entre os altos funcionários investigados, 43 faziam parte do Comité Central do PCC – os 200 membros mais poderosos da China.

Sun é visto como próximo da Liga da Juventude Comunista, fação associada ao antecessor de Xi, Hu Jintao, e que o atual Presidente chinês afastou durante o seu processo de consolidação do poder.

Em Março passado, Xi conseguiu abolir da Constituição do país o limite de mandatos para o exercício do seu cargo.

9 Mai 2018

Tianjin Quanjian, de Paulo Sousa, empata nos ‘oitavos’ da ‘Champions’ da Ásia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tianjin Quanjian, orientado pelo português Paulo Sousa, empatou sem golos, na receção ao Guangzhou Evergrande, em jogo da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões Asiática de futebol.

A formação orientada por Paulo Sousa ocupa a 11.ª posição da liga chinesa de futebol, competição na qual o Guangzhou Evergrande, treinado pelo ex-futebolista italiano Fabio Cannavaro, é quarto.

A superliga chinesa é liderada pelo Shangai SIPG, que é treinado pelo português Vítor Pereira, em igualdade de pontos com o Shandong Luneng.

O Shangai SIPG também ainda está em competição na Liga dos Campeões Asiática, defrontando fora na quarta-feira os japoneses do Kashima, em jogo da primeira mão dos ‘oitavos’.

O encontro da segunda mão entre o Tianjin Quanjian e Guangzhou Evergrande está agendado para terça-feira, 15 de maio.

9 Mai 2018

Nuclear/Irão: Presidente do Irão diz que país mantém-se no acordo se os seus interesses forem respeitados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou ontem que o Irão “vai manter-se” no acordo nuclear de 2015 após a retirada dos Estados Unidos, caso os seus interesses sejam garantidos, e tomará decisões posteriores em caso contrário.

“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani num discurso, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses.

O Presidente Donald Trump anunciou hoje que os Estados Unidos abandonam o acordo nuclear assinado entre o Irão e o grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.

O acordo foi concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha) e visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.

Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama.

9 Mai 2018

Homem detido no sudoeste da China por “tráfico de esposas” vietnamitas

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m homem foi detido no sudoeste da China por trazer ilegalmente três vietnamitas para o país, uma para casar consigo e mais duas para os amigos, ilustrando o “tráfico de esposas” do Vietname para a China.

Segundo a imprensa chinesa, que cita a polícia, o homem, identificado como Hu, atravessou a fronteira com as mulheres e os seus familiares, depois de uma das vietnamitas ter acordado casar com ele por 140.000 yuan (18,5 mil dólares).

As outras duas mulheres iriam negociar o ‘dote’ com os amigos de Hu, mas o grupo acabou por ser detido em Nanchang, capital da província de Jiangxi, quando viajavam de comboio sem documentos legais.

O dote de casamento, pré-requisito essencial para selar o matrimónio na China rural, tem-se tornado um encargo demasiado grande para as famílias, face ao défice de noivas.

Fruto da tradição feudal que dá preferência a filhos do sexo masculino, a política de filho único, que vigorou entre 1980 e 2016, gerou um excedente de 33 milhões de homens na China.

A dificuldade em ‘seduzir’ noivas chinesas leva homens do interior da China a procurar mulher no sudeste asiático, sobretudo no Vietname, alimentando uma rede de tráfico humano entre os dois países vizinhos.

Em 2014, cem vietnamitas fugiram depois de se casarem com chineses da cidade de Quzhou, na província de Hebei, incluindo a mulher que tinha arranjado os casamentos, arrecadando assim centenas de milhares de yuan.

9 Mai 2018

Coreia do Norte: Kim Jon-un visita novamente a China a semanas de cimeira inédita com Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] líder norte-coreano, Kim Jon-un, deslocou-se esta semana novamente à China e reencontrou-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, a semanas da aguardada cimeira com o seu homólogo norte-americano Donald Trump, divulgaram hoje os ‘media’ estatais chineses.

A comunicação social chinesa referiu-se a esta deslocação como uma “visita surpresa” e, por exemplo, a televisão pública chinesa CCTV mostrou Kim Jon-un e Xi Jinping a caminharem lado a lado num parque à beira mar na cidade de Dalian, na região nordeste da China, e a conversarem posteriormente à mesa.

Segundo a agência noticiosa Xinhua (Nova China), os líderes reuniram-se hoje e segunda-feira.

É a segunda deslocação de Kim Jon-un à China em pouco mais de um mês. O líder norte-coreano esteve em Pequim em finais de março e encontrou-se nessa ocasião com Xi Jinping. Tratou-se da sua primeira visita a um país estrangeiro desde que assumiu a liderança do regime de Pyongyang em finais de 2011.

Esta nova visita demonstra os esforços de Pequim e de Pyongyang em dar um novo impulso às suas relações bilaterais, de acordo com as agências internacionais. O apoio da China às sanções económicas aprovadas no seio da ONU para tentar travar o programa nuclear norte-coreano abalou as relações entre os dois países.

Segundo vários especialistas, a China, um aliado histórico da Coreia do Norte, não deseja ficar marginalizada perante as recentes aproximações diplomáticas de Pyongyang com outros países.

Kim Jon-un encontrou-se com o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em finais de abril numa cimeira qualificada como histórica e prepara-se para reunir dentro de semanas, num encontro inédito, com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Após a minha primeira reunião com o camarada Presidente [Kim], as relações entre a China e a República Popular Democrática da Coreia (RPDC, Coreia do Norte) registaram progressos positivos, assim como a situação na península coreana. Estou feliz por isso”, declarou Xi Jinping, citado pela Nova China.

“São positivos os resultados da minha reunião histórica com o camarada secretário-geral (Xi)”, disse o líder norte-coreano, segundo a mesma fonte.

Na segunda-feira, o diário sul-coreano Chosun Ilbo noticiou que a tão aguardada cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un vai realizar-se em meados de junho em Singapura.

Trump disse na sexta-feira que a data e o local do encontro já tinham sido definidos e que seriam anunciados em breve.

9 Mai 2018

Torre de Macau ilumina-se de azul para celebrar ponte simbólica com UE

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Torre de Macau foi ontem iluminada em tons de azul para celebrar uma “ponte simbólica de luz” entre a China e a União Europeia, potências que reforçam este ano a cooperação no turismo.

Na quarta-feira, dia da Europa, vários locais de referência na China juntam-se à celebração: a Muralha da China, em Pequim, a Torre Pérola do Oriente, em Shanghai, a Torre do Relógio, em Hong Kong, e muitos outros vão também projetar a cor da União Europeia.

A iniciativa faz parte do “ambicioso” programa de atividades preparado para o Ano do Turismo União Europeia-China (ECTY, na sigla em inglês), lançado em Veneza no início do ano.

A embaixadora Carmen Cano, chefe do gabinete da União Europeia para Hong Kong e Macau, enfatizou no discurso de cerimónia o simbolismo desta iluminação.

“É uma lembrança dos fortes laços que unem o povo da União Europeia e de Macau. Esperamos que promova o turismo e encoraje o povo de Macau a aprender mais sobre a União Europeia”, afirmou.

Por sua vez, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, lembrou as adversidades e as incertezas que a União Europeia tem conseguido enfrentar, nomeadamente o ‘Brexit’.

Na opinião do responsável, “a recuperação da Europa é um poderoso catalisador para o desenvolvimento global”.

Wong Sio Chak também sublinhou o desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong Macau, que “reforçará a cooperação bilateral de longa data no intercâmbio económico e cultural”.

De acordo com o Fórum de Economia de Turismo Global (GTEF, na sigla em inglês), um dos parceiros oficiais do Ano do Turismo, estas iniciativas visam promover a União Europeia como um destino de viagem na China, mas também aumentar a cooperação bilateral, a compreensão mútua e os progressos na abertura do mercado e na facilitação de vistos.

Em outubro, nos dias 22 e 23, o GTEF realiza-se na estância de lazer MGM Cotai, em Macau.

A China é o maior emissor mundial de turistas. No ano passado, 129 milhões de chineses viajaram para o estrangeiro – mais 5,7% do que no ano anterior.

Em Portugal, entre 2013 e 2016, o número de turistas chineses quase duplicou, tendo em julho passado sido inaugurado o primeiro voo direito entre Pequim e Lisboa.

Instituído em 1985, o Dia da Europa celebra a proposta do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros francês Robert Schuman, que, a 09 de maio de 1950 – cinco anos após o final da II Guerra Mundial -, sugeriu à então República Federal da Alemanha, e a outros países que se quisessem associar, a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que viria a tornar-se a primeira de uma série de instituições europeias supranacionais que deram origem à atual União Europeia.

9 Mai 2018

Crime | 280 identificados em cinco dias de operações policiais

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o decurso de uma série de operações policiais levadas a cabo entre sexta-feira e ontem, as autoridades de Macau identificaram 280 indivíduos, a maioria dos quais (226) suspeitos de envolvimento na prática de câmbio ilegal.

Foram ainda identificados três homens por entrada ilegal, com um a ser encaminhado para o Ministério Público pela suspeita da prática do crime de usura, indicaram os Serviços de Polícia Unitários (SPU), que conduziram as acções levadas a cabo pela Polícia de Segurança Pública e pela Polícia Judiciária. No total, foram mobilizados 282 agentes.

9 Mai 2018

Dados pessoais | Aplicadas oito sanções em 2017, incluindo ao GIT

O Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) aplicou no ano passado oito sanções por infracções à lei contra cinco indivíduos, duas empresas e um serviço público. As multas oscilaram entre 8.000 e 16.000 patacas. De acordo com o coordenador da entidade, a falta de recursos humanos explica que menos de trinta por cento das investigações abertas do ano passado tenham sido concluídas

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) foi multado em 10 mil patacas por divulgar dados pessoais (como endereço, número de telemóvel ou do bilhete de identidade) de cidadãos que expressaram as suas opiniões durante uma consulta pública. O GPDP considerou que a infracção decorreu de um “lapso técnico” e não foi praticada com dolo, tratando-se apenas de um caso de “deficiente fiscalização”. A informação foi revelada ontem em conferência de imprensa pelo coordenador do GPDP, Yang Chongwei, que fez um balanço dos trabalhos realizados em 2017.

Este foi um dos raros casos que o GPDP acompanhou por iniciativa própria. Segundo estatísticas facultadas ontem, no ano passado, por exemplo, o gabinete abriu 217 investigações (contra 224 em 2016), das quais apenas sete foram por iniciativa própria, com a esmagadora maioria a ser desencadeada por queixas ou denúncias.

Mais de metade dizia respeito à falta de legitimidade do tratamento dos dados, seguindo-se a não observância dos princípios de tratamento de dados e protecção inadequada dos direitos do titular. A maioria das investigações versou sobre entidades privadas (175 casos), com os particulares a surgirem em segundo lugar (70) e os serviços públicos em terceiro (12).

Recursos humanos precisam-se

Dos 217 processos, o GPDP apenas deu por concluídos 64, ou seja, 29,5 por cento do total. Yang Chongwei reconheceu que para tal pode ter contribuído o facto de o GPDP ter “falta de recursos humanos” – um problema que diz ser transversal à Administração Pública – e “um grande volume de trabalho”. “É difícil responder a todas essas diferentes situações de tratamento de dados pessoais”, afirmou, destacando as dificuldades que o GPDP enfrenta também no plano da investigação, particularmente no que toca à recolha de provas.

Contando com os 191 processos transferidos de 2016, o GPDP tratou, ao longo do ano passado, 408 casos, dos quais 187 foram concluídos. Com efeito, 60 (ou 32,1 por cento do total) chegaram ao fim por falta de provas.

Olhando ainda para o desfecho dos casos concluídos, houve 33 casos em que o GPDP apresentou sugestões às entidades alvo de investigação e 16 processos classificados como ficando fora das suas competências. Já entre as oito sanções, a mais elevada – 16.000 patacas – foi aplicada a uma empresa. Segundo o GPDP, a sociedade em causa reuniu números de telefone publicados em anúncios imobiliários de jornais e enviou-os a uma outra, sediada na China, encarregando-a de enviar mensagens publicitárias para os referidos contactos, incorrendo na prática de duas infracções administrativas, com cada uma a valer-lhe uma multa de 8.000 patacas.

Fenómeno social

Outro dos casos descritos pelo GPDP que resultou na aplicação de sanção prendeu-se com a publicação numa rede social de dados pessoais. Em concreto foram publicadas imagens de um casal, sem o seu consentimento, na sequência de uma disputa com uma terceira pessoa que acabou por ser multada em 10.000 patacas. “Nos últimos anos, temos reparado nessa tendência, em que algumas pessoas aproveitam as redes sociais para publicitar dados pessoais de outrem por motivos de vingança ou ‘bullying’”, observou Yang Chongwei.

 

GPDP sem calendário para ser entidade permanente

Existe uma proposta de revisão da lei orgânica do GPDP com vista a torná-lo numa entidade permanente, mas não há um calendário para a sua apresentação. “Vamos tentar concluir o mais rapidamente possível”, afirmou Yang Chongwei. O GPDP, instituído em 2007, tem estatuto de equipa de projecto, pelo que o seu funcionamento depende de renovação. A mais recente prorrogação, em Janeiro, estendeu a sua duração até 12 de Março de 2020. A ideia de tornar o GPDP numa entidade de cariz permanente tem-se arrastado no tempo. O anterior coordenador do GPDP, Vasco Fong, afirmou em 2016 que estava optimista quanto à restruturação do organismo e que esperava poder ter uma proposta para elevar o GPDP a um Comissariado para a Privacidade concluída nesse ano.

 

Palestra sobre novas regras na UE

O GPDP vai realizar várias actividades no âmbito da “Semana da Privacidade”, a decorrer até domingo, incluindo uma palestra sobre a influência do Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados da União Europeia. Com a entrada em vigor do diploma, no próximo dia 25, vai passar a existir um conjunto único de regras de protecção de dados para todas as empresas activas na UE, independentemente da sua localização. Neste sentido, a iniciativa tem como objectivo esclarecer os empresários de Macau relativamente às mudanças e às novas tendências.

9 Mai 2018

Concursos públicos | Lei Chan U pede melhoria nas adjudicações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Lei Chan U entregou uma interpelação escrita ao Governo onde exige que seja melhorado o sistema de adjudicações no sector da construção civil, uma vez que, no seu entender, as lacunas legislativas trouxeram desigualdades salariais e prejuízos aos interesses dos trabalhadores, tal como a ausência de pagamentos.

O deputado recorda que, em 2015, o Governo falou na implementação do regulamento administrativo das regras de gestão do pessoal nas obras de empreitada em estaleiros de construção civil, mas até ao presente momento não houve mais novidades sobre esse assunto.

Lei Chan U pretende, por isso, saber, qual o ponto de situação da implementação do diploma e quais as medidas para combater a desigualdade salarial e a questão dos pagamentos em atraso.

9 Mai 2018

Branqueamento | Transacções suspeitas aumentaram 14,5 por cento até Março

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Gabinete de Informação Financeira (GIF) recebeu, entre Janeiro e Março, 909 participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de terrorismo. Trata-se de uma subida de 14,5 por cento face aos primeiros três meses do ano passado.

Segundo dados constantes no portal do GIF, tal ficou dever-se principalmente ao “aumento significativo” no número de transacções suspeitas reportadas por outras instituições. A indústria do jogo manteve-se como a actividade que deu origem ao maior número de transacções suspeitas reportadas (541 ou 59,5 por cento), seguindo-se o sector financeiro, que inclui a banca e as seguradoras, (235 ou 25,9 por cento). Já as participações de transacções suspeitas por parte de outras instituições ascenderam a 133 (14,6 por cento do total), contra as 27 reportadas no primeiro trimestre do ano passado.

Macau registou, em 2017, o mais elevado número de participações de transacções suspeitas de branqueamento de capitais e/ou financiamento de terrorismo da década. Segundo dados divulgados anteriormente pelo GIF, aumentaram um terço em termos anuais para 3.085. O GIF atribuiu o “crescimento significativo” de transacções suspeitas aos “contínuos e crescentes programas de divulgação” que têm realizado no âmbito do combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo que, a seu ver, aumentaram a consciencialização e o sentido de alerta dos operadores de diferentes sectores.

Os sectores referenciados, como as operadoras de jogo, são obrigados a comunicar às autoridades transacções financeiras que considerem suspeitas e todas as que incluem montantes de valor igual ou superior a 500 mil patacas.

9 Mai 2018

Pedro Cardoso sai do BNU em Junho com “balanço seguramente positivo”

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] presidente do BNU de Macau confirmou à Lusa que vai sair do grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) no primeiro semestre, fazendo um balanço dos sete anos à frente desta filial da banco português. “Faço um balanço seguramente positivo”, disse Pedro Cardoso, que confirmou a decisão de “mudar em termos de percurso profissional” e sair do grupo CGD.
“Quando cheguei a Macau, em 2011, o banco tinha 240 mil clientes, agora tem mais 50 mil, com os clientes mais fidelizados, tínhamos 2,4 produtos por cliente em 2011 e agora temos 3,6 produtos, o que pode parecer pouco, mas é um aumento de 40% de produtos por cliente”, sublinhou Pedro Cardoso.
Em termos de dimensão do balanço, o responsável disse que em 2011 contribuíam com 30 milhões de euros para os resultados líquidos da CGD, e em 2017 contribuíam com 70 milhões de euros. “Portanto, durante seis anos consecutivos tivemos aumento de resultados, o que não é um desempenho fácil de igualar, seja por aqueles lados, seja por aqui em Portugal”, acrescentou Pedro Cardoso.
Questionado sobre a possibilidade de a operação em Macau ser reduzida ou terminada face à política externa da CGD, Pedro Cardoso disse que “o BNU é considerado um activo estratégico do Grupo CGD e não está no grupo das operações para venda ou encerramento no âmbito do processo de reestruturação associado à capitalização efetuada em 2017”.
Pedro Cardoso acompanhou à distância a intervenção financeira externa sobre Portugal no âmbito do programa de ajustamento financeiro e passou por várias administrações da CGD, acompanhando de perto o aumento das relações entre a China e Portugal.
“Portugal tem evoluído, do ponto de vista económico, de forma bastante favorável nos últimos anos, com melhorias significativas nos indicadores do PIB [Produto Interno Bruto], da taxa de desemprego e das contas externas e orçamentais, e isso não deixa de ser reconhecido pelos chineses como factor adicional de confiança para investir em Portugal”, disse. O banqueiro nota ainda a “visão bastante positiva da China relativamente a Portugal” e o facto de o país se ter “destacado como um dos principais destinos de investimento chinês na Europa”.
Pedro Cardoso deixou ainda um conselho às empresas portuguesas que procuram expandir a sua actividade para o gigante asiático: “É um mercado bastante atractivo para as empresas portuguesas, mas a minha experiência aponta no sentido de as empresas pensarem que por ser tão grande é fácil entrar, bastando exporem os produtos e serviços e garantindo mercado”.
Isso, apontou, “é um erro bastante grande, porque o mercado é bastante competitivo, é preciso uma boa base de fundamentação estratégica e uma execução exemplar” do plano de negócios.
O ideal, defende, “é olhar para o mercado chinês estudando bem os pormenores, a cultura, a língua e os hábitos, e apelava a essas empresas que se associassem entre si dentro do mundo e do espaço português, como fazem as empresas espanholas e francesas”. Isso, concluiu, “seria muito útil em termos de partilha de experiência e conhecimento para actuar naquele mercado”.

9 Mai 2018

Deficiência | Angela Leong pede mais apoios para empresas sociais

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Angela Leong emitiu um comunicado onde defende que o Governo deve dar mais apoio à formação e promover o desenvolvimento sustentável das empresas para que aumente a taxa de emprego dos portadores de deficiência.

Angela Leong, empresária ligada ao jogo, frisou que as empresas sociais são importantes porque acabam por ser dos poucos sítios onde os deficientes podem trabalhar a tempo inteiro, além de poderem receber formação.

A empresária lembrou, no entanto, que o funcionamento destas empresas sociais não é fácil, uma vez que enfrentam a pressão do mercado, a concorrência de outras empresas e disponibilizam serviços a grupos mais vulneráveis da sociedade.

9 Mai 2018

Imobiliário | Residentes alvo de fraude na Ilha da Montanha

Cerca de 50 pessoas manifestaram-se em Macau, no domingo, devido a uma fraude no Interior da China. Cerca de 15 residentes investiram em imobiliário do outro lado da fronteira e quando finalmente receberam as fracções, as dimensões não correspondiam ao prometido

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de 15 residentes locais comprou lojas com sete metros de alturas num projecto na Ilha da Montanha, mas quando tiveram acesso às fracções, a altura não ultrapassava os 4,5 metros, nuns casos, e os 3,5 metros, noutros. Por essa razão, segundo o jornal Ou Mun, cerca de 50 pessoas manifestaram-se, no domingo, à frente da agência local que vendeu as fracções, exigindo que lhes fosse devolvido o dinheiro gasto. A sede da agência imobiliária onde decorreram os protestos situa-se em Macau. Contudo, a agência não é a promotora do empreedimento, que está sedeado do outro lado da fronteira, pelo que o objectivo dos compradores era agendar um encontro com o promotor.

Ao jornal em língua chinesa, um comprador com o apelido Cheong explicou que o caso envolve um total de 30 compradores, dos quais 15 são residentes do território. Cheong clarificou também que o total das transacções ascendem a 100 milhões de dólares de Hong Kong e que o promotor agiu de forma intencional, com o propósito de enganar os compradores. Cheong sustentou esta posição com o facto das vendas terem sido feitas desde 2015 a partir de uma intermediária, que anunciou que a altura das lojas era de sete metros.

Por sua vez, a promotora explicou, a 15 de Março, aos proprietários que tinha havido um erro dos seus funcionários na informação divulgada e que as lojas deviam ter sido anunciados com uma altura entre 3,5 a 4,5 metros.

A justificação não convence os compradores, que defendem que o seu dinheiro deve ser devolvido na íntegra porque o que havia sido acordado não foi respeitado.

Casos repetidos

Este não é o primeiro caso de investidores de Macau que são vítimas de fraudes e promessas por cumprir por parte de promotores que estão no outro lado da fronteira. Também em Junho de 2016, cerca de 200 famílias locais foram enganadas com a compra de condomínios de luxo em Tau Mun, em Zhuhai. Este caso foi lidado, na altura, por José Pereira Coutinho, que levou uma petição ao Gabinete do Chefe do Executivo.

No caso de Tau Mun, os compradores tinham sido iludidos com a promessa de uma floresta privada e de um clube com ginásio. Porém, quando as pessoas se deslocaram ao local verificaram que afinal estes equipamentos se tratavam de instalações públicas.

José Pereira Coutinho não foi o único deputado a lidar com casos deste género. Quando era legislador, Chan Meng Kam também recebeu queixas semelhantes.

Também em Julho de 2016, 40 residentes de Macau e Hong Kong entregaram uma carta junto do Chefe do Executivo e Gabinete de Ligação do Governo da RAEM porque depois de terem comprado lojas no Centro Comercial Mo, em Zhuhai, arrendaram os espaços por 10 anos, a troco de uma renda. No entanto, a empresa que arrendou os espaços forçou uma redução unilateral de 50 por cento no valor da renda.

9 Mai 2018

Quando o sexo gosta dele próprio

[dropcap style=’circle’] N [/dropcap] o início dos anos 80, num enorme rancho no estado de Oregon (EUA), instalou-se ao que na altura se desconfiava ser uma ‘seita’ religiosa liderada por Bhagwan Shree Rajneesh. Esta é a premissa inicial de uma série-documentário lançada há pouco tempo ‘Wild Wild Country’ – que recomendo vivamente. Esta narrativa foca-se, particularmente, no desenvolvimento das tensões e hostilidades entre os moradores locais e a recém-criada cidade de devotos ao Bhagwan. As ideias deste guru eram… diferentes, sendo que das suas propostas filosóficas e espirituais mais marcantes eram as do sexo livre, e do amor livre – e isso, não caiu nada bem aos residentes da América rural, nem ao Hinduismo Ortodoxo do seu país de origem. Parece que nos seus tempos na Índia, Bhagwan era descrito nos média como o ‘guru do sexo’.
Quando o sexo gosta dele próprio, quando é tido como livre, descomprometido, aceitante das condições humanas. Quando simplesmente não é censurado pela nossa tendência (neste caso, ocidental) do legado judaico-cristão, parece que é natural haver uma espécie de representação maléfica acerca dele. Neste documentário era muito clara esta representação de que ‘a comunidade de tarados – que estão a fazê-lo a toda a hora’ era tida como demoníaca. E claro, estamos a pensar nos anos 80, uma altura particular em que a SIDA ainda era uma ameaça misteriosa de que se sabia pouco, quando a revolução sexual dos anos 60 já tinha poucos seguidores e quando o sexo ainda tinha uns passos de emancipação por caminhar. O Bhagwan, consciente da repressão sexual, bem tentava explicar que o sexo estava no estado em que estava porque tradições religiosas assim o trabalharam. O guru, que teve uma vida e influência discutíveis, considerava-se um ‘playboy espiritual’ que pregava a diversão do sexo, sem medos nem tabus – até dava umas dicas, se fosse preciso. E entre 99 Rolls Royce’s, declarar-se o líder espiritual dos ricos, e não dos pobres, detentor de relógios repletos de diamantes, ele até disse umas coisas acertadas, no que tocava ao sexo, pelo menos.
Mas o sexo não gosta de si próprio ainda hoje, e isso não é novidade. A procura espiritual contemporânea continua a ser relevante, dentro ou fora das estruturas e instituições religiosas. Mas como é que as reflexões do espírito e da mente transformam o sexo? Enquanto se julgar o sexo como uma necessidade ‘instintiva’, ‘básica’ ou simplesmente ‘biológica’, as micro-agressões ao sexo continuarão a ser diárias. Aquilo que não é dito, mas que é sentido nas expressões subtis de desaprovação informam-nos do estado da arte sexual – que digo-vos, não é fácil de avaliar. O sexo é constantemente manipulado na esfera pública para comercializar produtos, materiais ou imateriais. Por isso, parece que vendemos uma sociedade contemporânea com imenso sexo, mas que ainda se choca ao dar de caras com um guru que desapareceu desta vida terrena há quase 30 anos.
O sexo para começar a gostar dele próprio teria que assistir a uma revolução. Não é a revolução do sexo – não – essa seria simples de mais e pouco sustentável. Também não seria somente espiritual, o espírito vive demasiado em isolamento e pouco ou nada partilha com as vidas globais, ou com os movimentos globais. A revolução é de estruturas, de políticas, de economias, de espíritos e mentes. A revolução tem que ser a todos os níveis. A forma como nós chegámos a um sexo que produz desdém é algo que ainda me surpreende – eu entendo bem como é que aconteceu, só não percebo porque é que aconteceu – por isso não há nada como tentativas (nem que sejam somente teóricas) para retroceder este processo. A pergunta que merece 1 milhão de patacas é: como é que tiramos este peso terrível, do sexo como pecado, das nossas costas?

9 Mai 2018

Supreme, supermercado | A nova mercearia do bairro

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] supermercado Supreme, localizado na Taipa, tem desde Setembro uma nova gerência e um novo ambiente. De pequeno local de comércio, com pouca variedade de produtos, o Supreme passou a ser uma superfície comercial onde os clientes encontram tudo o que pretendem num só lugar.

Encher a despensa em Macau nem sempre é fácil e requer, sobretudo, uma logística e deslocação a vários locais de comércio, pois é difícil encontrar tudo o que se precisa num só espaço. Foi a pensar nesta lacuna que Lúcia Costa, juntamente com outros sócios, resolveu apostar na renovação do supermercado Supreme, localizado bem no coração da Taipa.
O que antes era um pequeno local de comércio passou a ser um supermercado de maior dimensão, que pretende oferecer aos clientes uma experiência completa ao nível de compras.
“Em Macau toda a gente sente que tem de ir a mais do que um supermercado comprar as coisas. Há uma competição dos outros supermercados, mas também acho que nos completamos uns aos outros. O que estamos a tentar fazer, mas isso leva tempo, porque só abrimos em Setembro, é que uma pessoa compre tudo o que precise ali, em vez de saltitar de supermercado em supermercado.”
Com uma experiência de sete anos neste sector, Lúcia Costa e parte dos sócios com que trabalha no supermercado já operavam alguns serviços num outro espaço na Taipa. Porém, investir neste negócio revelou-se uma oportunidade imperdível.
“Nós já tínhamos um talho e mais alguns serviços no supermercado Park n Shop, e soubemos que este espaço estava disponível para arrendamento. Vimos nisso uma oportunidade de expandir e ter uma loja só nossa.”
Lúcia Costa confessa que a maior parte dos clientes tem tido uma reacção positiva face ao novo supermercado. Ainda assim, há “alguns clientes que estavam habituados ao antigo Supreme, que tinha muitos poucos produtos e coisas muito específicas, que nós não temos”.
“No início foi difícil a adaptação dos nossos clientes à loja. Mas cada vez temos mais clientes, mais produtos e o negócio vai crescendo. Ainda estamos a estudar o mercado, mas o feedback tem sido positivo. Mantivemos o nome, mas mudamos a loja, que está completamente diferente, em termos de estética e de variedade de produtos”, acrescentou a sócia do supermercado.

Aposta no vegetarianismo
Uma das novidades introduzidas pelo supermercado Supreme prende-se com a oferta de produtos vegetarianos, incluindo substitutos de carnes, queijos e patés. “Há muita procura em Macau de produtos vegetarianos, mas há falta de oferta de produtos não só vegetarianos mas sem lactose e sem glúten, por exemplo. Acho que cada vez há mais procura e é muito difícil arranjá-los em Macau. Então fizemos essa aposta, para termos algo diferente dos outros.”
Lúcia Costa destaca ainda o talho e as suas carnes frescas. “Cerca de 90 por cento das carnes que temos são estrangeiras, principalmente da Austrália e EUA, e aí também apostamos na qualidade. Além disso, temos ofertas, em que se o cliente comprar determinados produtos fica a metade do preço. Há coisas que ficam mesmo em conta e isso não se consegue em mais nenhum outro sítio em Macau.”
Além da diversidade, os sócios do supermercado Supreme buscam a qualidade, através de um grande leque de fornecedores. “A maior parte dos nossos fornecedores são de Hong Kong. Costumamos ir lá a feiras, fazemos muita pesquisa através de contactos que já temos. É assim que vamos descobrindo cada vez mais produtos e expondo-os na loja.”
“Todos os produtos têm certificado. Para trazer produtos de fora tudo tem de ter um certificado que comprove de onde vêm e com que ingredientes são feitos. Apostamos em produtos de qualidade e temos muitos produtos portugueses, canadianos, australianos, americanos, e até franceses e italianos, por exemplo.”
Apesar de estar localizado na Taipa, o supermercado Supreme faz bastantes entregss a moradores da península de Macau e Coloane. Para Lúcia Costa, o facto do Supreme disponibilizar um serviço em várias línguas serve de factor diferenciador face a outros negócios semelhantes.
“Em primeiro lugar é difícil comunicar em inglês em todos os supermercados em Macau. Nós aqui temos serviço em português, inglês, tagalo e mandarim, temos pessoas que falam diversas línguas, o que ajuda no serviço.”
O recurso às redes sociais é também uma aposta para contactar o cliente. “Temos uma página de Facebook e tentamos sempre ter feedback dos clientes. Aí, sabemos o que podemos mudar e melhorar, e só aí haverá uma evolução. Nesse ponto, as redes sociais funcionam, sobretudo com clientes novos, quando querem saber se temos determinado produto”, concluiu Lúcia Costa.

9 Mai 2018

Quando a capa se faz lugar

[dropcap style=’circle’] M [/dropcap] useu José Malhoa, Caldas da Rainha, 14 Abril
A tarde abriu enorme e coube ainda assim aconchegada pela conversa no edifício, primeiro pensado de raiz entre nós para ser museu, não-lugar do novo sagrado destinado a acolher paisagens e figuras de um espaço e um tempo que parecem já só existir aqui. Ainda nos arredores de Imaginário, quase a desmentir esta ideia de ruralidade que se dissipa, ou, pelo contrário, a confirmar fantasmas e dores, trouxemos «A Festa dos Caçadores», do Henrique [Manuel Bento Fialho]. As razões para o meu entusiasmo são múltiplas, mas devo conter-me, contê-lo, ao entusiasmo, lê-lo e relê-lo, afastar-me dele, procurar gralhas e melhor desenho de página, capa ou contracapa, e continuo a falar do entusiasmo. Este livro apresenta-se-nos carregado de livros nas entrelinhas, ou melhor: pejado de leituras. Cheguei ao Henrique por via das suas excelentes leituras, a conferir em Antologia do Esquecimento (https://universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt/). O livro como objecto e entidade aparece aqui e ali, a evocar a sua condição de bom livreiro e portanto observador, olhando de esguelha certas relações com o bicho, e não tanto enchendo a prosa de citações, que também as há, embora na justa medida do bom tempero. Folheando, a Festa é uma colectânea de contos, uns morais, outros de prosa poética, parábolas aqui, anedotas além, relâmpagos luminosos de pensamento, frase ora despojada ora barroca, rica e variada, bem-humorada q.b., com música e várias infâncias a servir de fundo, além da omnipresente pitada de amargor, como agora se aplica à cerveja que abre caminhos. Será tudo isso, sem deixar de ser «retrato fragmentário da primeira geração de portugueses criada em democracia», diz o autor, que continua. «De um mundo rural em vias de extinção à deslocação urbana, acompanhada de sensações de exílio, solidão e desenraizamento, as personagens destes contos acabam por se fixar num lugar sem espaço nem tempo, nos “desastres de uma vida perdida algures pelo caminho como farrapos de roupa comidos pelo tempo”». Será a voz do narrador? Outro jogo, que aproveita com habilidade os farrapos narrativos que podem ou não agregar estes fragmentos, assenta nos saltos de lugar entre autor e narrador, entre a reflexão e o episódio, entre o íntimo e o disperso. Tanto estou na pele de Henrique como me vejo assistir à dissociação na mente das personagens, que duvidam em permanência do que lhes acontece. Além do amargor, a prosa perfuma-se muito de absurdo: talvez existamos apenas na cabeça de alguém, sonho de uma sombra. Parece-me, portanto, único este volume de 320 páginas de contos a acreditar que poderão ser outra coisa. E também por causa do tempo e outros detalhes maneiros: a areia, seu maior sinal. Ou o silêncio. Assim a própria, há por aqui torto e a direito grãos, suavizando ou incomodando, assinalando que mesmo a rocha maior se pode desfazer, que as mãos não conseguem segurar, que os rastros se apagam de um sopro, que o deserto cresce. Lá para o fim, reza assim o riso escondido nas vértebras das pedras: «Pedi desculpa por me estar a meter na conversa e reforcei que sabia do que ele precisava. Ele olhou-me com reprovação, as devotas olharam-me com desconfiança, olham-me sempre com desconfiança, e eu, agora metido num fosso do qual não teria saída, rematei: o senhor precisa de começar a beber e a fumar. E, já agora, precisa de uma mulher. Precisa de se divertir, O senhor precisa de esquecer que o mundo existe, precisa de esquecer-se de si próprio, precisa de criar na sua vida momentos de interrupção, precisa de ler e de escrever como se não houvesse nada mais importante sobre a terra, precisa de alimentar os seus medos e as suas frustrações com o veneno da indiferença, precisa de dizer adeus ao passado e, se lhe não for doloroso, ao próprio futuro. Precisa, desculpe-me a expressão, de cagar para o futuro e procurar no presente o riso escondido nas vértebras das pedras. Desculpe-me estar a fazer poesia, é defeito meu. Não dura muito. Já a seguir vem o silêncio, voltamos as costas uns aos outros e caminharemos, cada qual para a sua vida, como se arrastássemos o deserto inteiro atrás de nós. O senhor não precisa de mim, mas precisa ainda menos de si.»
O Henrique só conheceu agora, neste fim-de-semana prenhe de intensidades, anedotas e contos de moralidade difusa, o Sal [Nunkachov] que lhe encontrou o rosto exacto para o livro (algures nesta página), além de interstícios, galhos quebrados, rasgões, sinais que exigem atenção total ao objecto-livro. Quando ma mandou era contracapa tímida, mas a colagem dizia de tal modo caminho e corpo, natureza e espelho que me pareceu o lugar certo para dizer festa e silêncio. O tom sépia agrava a nostalgia.

Caixa de Brinquedos, Paredes de Coura, 21 Abril
No meio dos legos, em evento não anunciado e contra-corrente, antes mesmo do concerto dos Mata Ratos, com a Joana Bagulho a lança-los de cravo em riste e o António [Caeiro] a gritar juvenis entusiasmos sem temo, o Vitor [Paulo Pereira] introduziu uma História que cada um tem por contar, mas que o João [Rios] começou já. De fato-macaco azulão disse da alegria bruta, comoveu com os afectos que vão definem o corpo vital que somos e disparou, como areia para os olhos, cantilenas, cançonetas e modinhas: «não é grave ser português/ jogar a lágrima no bagaço/ perder lança e verso raro/ e soltar um touro às cegas/ contra a nossa pequenez// nem é assaz fatal a doença/ nem será adulterada a raça/ por ter-se sumido no nevoeiro/ a fé num milagre bem maneiro/ que nos enrijeceria de uma vez».

Horta Seca, Lisboa, 7 Maio
Está sempre a acontecer-me, pelo que dará a ajuda na explicação da potência da canção, por mais tola. Mal me vejo soçobrar, meia dúzia de versos distendidos sobre a melodia logo me erguem pelos ombros. Raras são as vezes que consigo a leveza, donde momentos assim oferecem-me matéria de nuvem, raridade de sopro, rasgão mística. (Também podem advir em conversa, mas a música dá-lhes corpo distinto. Do mesmo modo, podem ser apenas som, mas algo se perde nos interstícios.) Willie Nelson navega por perto há muitas luas, por que raio haveria de duvidar da sua capacidade para me interpelar nesta sua idade? Last Man Standing veste o camuflado da banalidade competente, mas atira-nos à cara a simplicidade dos mais venenosos pensamentos sobre a morte, o quotidiano, a solidão. Não mais que uma pérola por tema, pronta a rodar nas nossas mãos algures em banco de jardim, em praça soalheira, no varandão, deixando que a tarde caia: «I been sittin’ around countin’ my blessings/ Thinkin’ of friends here and gone/ Recallin’ the smile across somebody’s face/ Whenever I’d sing her a song». Não cantei assim tantas canções, por mau jeito, mas chorei já a minha dose de amigos: o mundo sabe ser pouco mais que canção triste. «When you lose the one you love/ You think your world has ended/ You think your world will be a waste of life/ Without them in it// You feel there’s no way to go on/ Life is just a sad, sad song/ But love is bigger than us all/The end is not the end at all.» Até já, Jorge.

9 Mai 2018

Ilha Verde | Sinergia Macau pede investigação do CCAC

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] associação Sinergia Macau pediu ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) que faça uma investigação ao terreno na Ilha Verde onde está localizado um histórico convento jesuíta.

A associação suspeita que possa estar em causa a ocupação ilegal do terreno, à semelhança do que aconteceu com o caso do Alto de Coloane e da Fábrica de Panchões, na Taipa.

O caso do terreno da Ilha Verde ainda está em tribunal por não se conhecer o verdadeiro proprietário, mas a Sinergia Macau lembra que o imóvel é privado há mais de 130 anos, existindo dúvidas ao nível do seu registo e respectivas informações do pedaço de terra, algo semelhante a outros casos já denunciados pelo CCAC.

9 Mai 2018

Chuva | Inundações causaram prejuízos em lojas e encerraram escolas

As fortes chuvadas que ontem se abateram sob o território causaram inundações em vários sítios, as escolas foram encerradas e houve mesmo lojas em que a água dos esgotos e dejectos inundaram os espaços comerciais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] chuva que caiu ontem de manhã sob Macau causou uma situação de caos para alunos, com as escolas a encerrarem, e proprietários de lojas, que sofreram inundações. Na zona atrás do antigo Hotel Lisboa, os prejuízos declarados pelos funcionários de farmácias e lojas de venda de mariscos ao HM chegaram às 300 mil patacas, devido aos produtos que ficaram danificados.

Numa lojas de mariscos, a inundação teve origem na rede de esgotos, com a água a subir através da sanita, trazendo consigo dejectos humanos. Os prejuízos causados variam entre as 200 mil e 300 mil patacas, de acordo com uma funcionária da cadeia JBT, que preferiu não ser identificada.

“Fomos o espaço comercial mais afectado pelas inundações nesta área e com os maiores prejuízos. Nos últimos três anos, esta é a terceira vez que a situação se regista, com a água a vir dos esgotos”, contou, ao HM, a funcionária da loja. 

“Após os casos anteriores, vieram cá duas ou três pessoas para solucionar o problema e disseram que estava tudo bem e resolvido. Só que, no final, a situação voltou a repetir-se. Entre produtos e electrodomésticos danificados devido à água temos prejuízos num valor entre 200 mil e 300 mil patacas”, explicou.

A funcionária explicou ainda que tinha chegado ao espaço comercial por volta das 8h e que só terminou as operações de limpeza depois das 17h.

Situação recorrente

Na mesma toada, um funcionário de uma farmácia naquela zona, com apelido Wong, queixou-se que as inundações são recorrentes. “Há dez anos que esta farmácia abriu nesta parte da cidade e esta situação acontece sempre, principalmente nos últimos anos. Acho que se deve ao envelhecimento dos canos e dos esgotos”, disse Wong, ao HM.

“O IACM [Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais] esteve aqui de manhã, mas disse-nos que o problema não faz parte da sua tutela. Também a empresa que gere condomínio esteve a ver o problema e negou igualmente que tenham responsabilidade”, explicou.

Porém, a farmácia não teve danos tão avultados quando a loja de mariscos, fixando-se o prejuízo em cerca de duas mil patacas, devido a uma carpete que ficou inutilizável e aos matérias de limpeza. “Felizmente, trabalhamos 24 horas por dia e pudemos reagir a tempo. Se abríssemos só às 8h da manhã, como muitas outras lojas neste local, não íamos ter tempo de agir para reduzir os prejuízos”, reconheceu.

O HM também ouviu o empregado de outra farmácia na zona, que não quis ser identificado e que não teve quaisquer prejuízos. “As nossas mercadorias estão guardadas em caixas de papelão e em locais alto. Já sabemos o que costuma acontecer e por isso não tivemos prejuízos”, frisou.

Escolas encerradas

Além da zona atrás do Lisboa, houve outras áreas que acumularam mais água do que o normal, como o Tap Seac e a Biblioteca do Pavilhão Octogonal. Também por essa razão, as escolas encerraram para os alunos do secundários durante a manhã. Os alunos do ensino básico, infantil e pré-infantil ficaram dispensados o dia todo. No entanto, por falta de atenção, houve alunos que mesmo assim compareceram nas aulas.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, houve pais que se queixaram da situação, considerando que os avisos deviam ter sido anunciados mais cedo. Também houve situações de pais que admitiram não terem prestado atenção aos sinais do tempo, uma vez que vivem em Zhuhai e quando saíram para levar as crianças à escola não estava a chover.

9 Mai 2018