Coreia do Norte | Cimeira com EUA só avança se não for “unilateral”

A Coreia do Norte afirmou ontem não estar interessada numa cimeira com os Estados Unidos, caso esta se reduza à “exigência unilateral” do desarmamento nuclear, horas depois de ter cancelado uma reunião com a vizinha do Sul

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] encontro marcado entre as Coreias foi cancelado ontem pela Coreia do Norte, que justificou a decisão com as manobras militares conjuntas de Seul e Washington. Entretanto, o Ministério da Defesa sul-coreano garantiu que os exercícios militares vão continuar apesar da “reacção irada” do Norte, uma vez que se destinam a melhorar as habilidades dos pilotos e “não são exercícios de ataque”.

A irritação norte-coreana ameaça agora pôr em causa a histórica cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 12 Junho em Singapura.

Em declarações oficiais, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano afirmou que a Coreia não tem qualquer interesse numa cimeira de “negociações unilaterais”. Kim Kye-gwan criticou os recentes comentários do conselheiro da Segurança Nacional de Trump, John Bolton, e de outras autoridades norte-americanas, sobre como o Norte devia seguir o “modelo líbio” de desarmamento nuclear e fornecer um “desmantelamento completo, verificável e irreversível”.

O responsável também criticou outros comentários dos EUA, relativos ao abandono não apenas das armas nucleares e mísseis, mas também das armas biológicas e químicas. “Não estamos interessados numa negociação que se reduza a levar-nos para uma esquina com a exigência unilateral de desistirmos das nossas armas nucleares, o que nos força a reconsiderar se avançamos mesmo com a cimeira entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”, concluiu.

Kim Jong-un chegou ao poder semanas após a morte do ex-líder líbio Muammar Khadafi, pelas forças rebeldes aquando de uma revolta popular em Outubro de 2011. Pyongyang usa frequentemente a morte de Khadafi como argumento para justificar o desenvolvimento nuclear diante das ameaças dos Estados Unidos.

Do outro lado

Em contrapartida, a Coreia do Sul afirmou ser lamentável a decisão da Coreia do Norte de cancelar uma reunião bilateral, devido às manobras militares conjuntas com os Estados Unidos, e exigiu um rápido regresso às negociações. Esta reviravolta diplomática pode comprometer o clima de apaziguamento internacional e a histórica cimeira entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, marcada para 12 de Junho próximo, em Singapura.

Entretanto, Washington indicou não ter sido notificado sobre qualquer posição norte-coreana e, por isso, continua a preparar a cimeira entre Trump e Kim, indicou o Departamento de Estado norte-americano.

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